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- -1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FABIANE ZANETTE Introdução A conceituação básica e conhecimento da criação, evolução e andamento da administração pública direcionam os planejamentos dos gestores, uma vez que estão em constante evolução, adaptação e mudanças. Porém, esse futuro público possui limites. A distribuição do Estado, sua autonomia, suas gerencias são limitadas por uma Constituição. É de suma importância o conhecimento básico da administração pública, para saber até onde um gestor pode ir, legislar, criar, administrar, planejar, aplicar recursos, entre outros. Quem pode legislar, julgar, processar? É possível um estado legislar para outro estado ou município? A administração pública vem evoluindo ou foi criada sem uma direção definida? Ao final desta aula, você será capaz de: • compreender os principais conceitos de Gestão e Administração Pública; • identificar os diferentes Modelos de Administração Pública. Administração e gestão pública A administração pública, tem como função e objetivo garantir o bem-estar do cidadão, suprindo-o com condições básicas para que exerça seus direitos na saúde, educação, moradia, segurança e outros contidas na Constituição Federal 1988 (BRASIL, 1988). A Administração Pública se baseia em dois sentidos: · amplo - pode ser subjetivo, orgânico ou formal, que engloba órgãos governamentais e administrativos; e • • SAIBA MAIS Gerir e administrar são termos diferentes. Um foca numa organização mais eficiente e eficaz, por meio de pessoas, ignorando conhecimento e função. Foca em estimular pessoas e autonomia. O outro tem foco em processo administrativo. Seu princípio é organizar, comandar, controlar e coordenar, respectivamente. - -2 · amplo - pode ser subjetivo, orgânico ou formal, que engloba órgãos governamentais e administrativos; e objetivo, material ou funcional, que são funções políticas e administrativas. · restrito – pode ser subjetivo, orgânico ou formal, tratando apenas de órgãos administrativos; e objetivo, material ou funcional, referente às funções administrativas. Quadro 1 - Comparativos das funções Fonte: SÁ; BORGES, 2017, p.69 Existem diferenças entre funções administrativas e funções políticas:. As visam o atendimentoadministrativas concreto e imediato do interesse coletivo, realizadas de forma vinculada, complementares as leis. As políticas (de Governo) são realizadas pela alta cúpula da administração, tendo como marca coordenação, direção e planejamento. Origem da gestão e administração pública A administração pública teve origem nas preocupações de quais seriam os papéis do Estado, por diversos pensadores clássicos e modernos da história. Hoje, possuímos três funções principais: legislar, julgar e .administrar · Legislar: criar o Direito, criar normas e condutas. · Julgar: aplicar o direito criado ou, em caso de conflitos, solucioná-los com base legal. · Administrar: atender as demandas sociais, da coletividade, dentro da legislação. Nos conceitos antigos quem administra não julga, quem julga não legisla, quem legisla não administra. Como o Poder é uno do Estado, esse conceito na modernidade se tornou rígida, precisando ser mais branda, recebendo assim esses poderes apenas distribuição funcional. Em nossa Constituição, essa distribuição funcional é reconhecida como .tripartição de poderes No Brasil ocorreu a distribuição das funções típicas de cada poder, sendo o resto, atípicas. - -3 Quadro 2 - Funções típicas e atípicas dos poderes Fonte: Elaborado pela autora, 2020. No quadro Funções típicas e atípicas dos poderes, podemos verificar que quem julga, por exemplo, pode também administrar e legislar. Cada Poder possui sua função típica como principal e atípica como secundária. Essas funções atípicas existentes hoje nos poderes de alguns Estados que se organizaram dessa forma, é o abrandamento dos pensadores clássicos, uma vez que esses poderes possuem capacidade de se auto administrar e auto gerir seus próprios recursos. O Estado e as organizações A figura do Estado é constituída a partir da existência de um povo, que é o elemento humano, porém, de uma forma mais abrangente, são os cidadãos do Estado, a base demográfica:, de um , que são os limites doterritório Estado, base geográfica , sendo quem conduz o Estado, quem o organiza.e um governo soberano EXEMPLO O Senado Federal abriu um processo de crimes de responsabilidade contra o Presidente da República. Portanto, o Senado, que é Poder Legislativo, consequentemente tem a função típica de legislar e a função atípica, nesse exemplo, de processar e julgar o Presidente. - -4 Forma de Estado A organização política de um Estado pode ocorrer de três formas: Confederação (reunião de estado soberanos); (possui único poder central); (diversos poderes políticos, que são autônomosEstado Unitário Estado Federal entre si). No Brasil, possuímos a União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios que integram a Federação Brasileira, ou seja, é um Estado Federal, onde há .descentralização política A formação da Federação Brasileira ocorreu pela desagregação, que é um movimento centrífugo, quer dizer, do centro do Estado para a periferia, movimento de abertura, movimento de amplitude. Diferente dos Estados Unidos, que já havia estados soberanos em forma de Confederação, e se uniram em movimento centrípeto, se formaram por agregação, que é da periferia para o centro, de fora pra dentro, ou seja, reunião de vários estados para criaram uma capital federal. O Brasil com esse efeito segregador criou os Estados-membros, dando mera autonomia a eles, mantendo a soberania apenas na República Federativa. Esses Entes federados podem legislar (criar suas próprias normas), ou seja, possuem autonomia política (organizar, governar, administrar). Forma de Governo Existem duas formas de governo, ou seja, como se dá o poder entre governantes e governados, quem deve exercer esse poder e como. · República: o poder do governador perante a sociedade (governantes => governados) não é vitalícia, são temporários e transitórios. · Monarquia: governador tem cargo vitalício perante seus governados. FIQUE ATENTO O Brasil não possui mais Territórios. Caso houvessem, não seriam considerados entes federados e seriam reconhecidos como autarquia da União. Seu governador seria nomeado pelo Presidente da República, conforme art.84 da CF/1988. O Acre era um exemplo de território que havia sido trocado com a Bolívia e virou Estado em 1962. - -5 A Monarquia possui um monarca, representado por reis ou rainhas, as vezes príncipes ou princesas. São dezenas ainda existentes no mundo, como Inglaterra, Reino Unido, Suécia, Noruega e outros. A República, possui um Presidente da República, ou só Presidente, que em relações internacionais é Chefe de Estado, que é diferente de Chefe de Governo, esse é assim chamado para comando interno. Estado de Direito O Estado de Direito é a imposição de limites, criando leis impostas a todos, inclusive a eles mesmos. Logo, o poder do Estado é contido pelas leis que eles mesmos criaram. Segundo a Constituição Federal de 1988 no art. 1º, parágrafo único, “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (BRASIL, 1988, p. 18). Dessa forma, , consequentemente, ao atenderem a lei,o Estado deve ser o primeiro a atender o ordenamento jurídico seus atos se tornam legítimos (atos legais), onde temos aqui a nos atos dapresunção de legitimidade administração pública. Sistema de Governo O sistema de governo é a forma de como o poder de um Estado é dividido e exercido entre legislativo e executivo, da qual temos: · Presidencialismo: o chefe de governo (do Executivo), presidente, é eleito pelo povo, por voto direto ou indireto. Chefe de estado e de governo é a mesma pessoa. · Parlamentarismo: o chefe é o primeiro-ministro (do Executivo), escolhido pelo poder legislativo federal; esse, por sua vez, escolhido pelo povo. Chefe de estado e de governo são pessoas diferentes.FIQUE ATENTO A União possui dupla personalidade. União (ou União Federal) é um ente federativo, pessoa jurídica de direito público interno, com autonomia própria separada dos outros entes federados que compõem a República Federativa do Brasil. A RFB, por sua vez, é pessoa jurídica de direito público internacional, que representa fora do Brasil os interesses do Estado Federal (compostas por todos os entes). - -6 Quadro 3 - Diagrama de RFB Fonte: Elaborado pela autora, 2020. O sistema de governo não pode ser confundido com forma de Governo ou forma de Estado. Esses são quem vai exercer o poder sobre os governados e como se dá a organização politica de um Estado, respectivamente. Já o sistema de governo trata de como será a atuação dos poderes legislativo e executivo. Modelos de administração pública A Administração Pública, em sua evolução, passou por .três diferentes formas de atuação Patrimonialista Na época do estado absoluto (monarquia), não havia interesse ou necessidade de separação do patrimônio público e o dos monarcas, já que tudo era deles. Passou a ser necessária essa mudança quando começou o estado liberal, com as conquistas políticas e sociais da população. O modelo patrimonialista foi marcado por servidores públicos com status de nobreza real, cargos de recompensas (nepotismos) e consequentemente corrupção. Burocrática Nasceu com foco no combate à corrupção e ao nepotismo. Controle rígido para cargos de servidores públicos. Porém, devido ao interesse de combate de corrupção do modelo Patrimonialista ser a prioridade, acabou se sobrepondo ao interesse da sociedade, tornando-se inadequada. Gerencial Serviços que antes eram fornecidos pelo Estado passaram para o setor privado, controlados pelo mercado. Descentralização de decisões com flexibilidade na gestão. Combate à corrupção e ao nepotismo por controles de resultado e não com regras rígidas. Foca na sociedade como cooperação, orientada para o cidadão e o consumidor. Foca em oferecer serviços e atender o cidadão, e não em gerir programas e atender necessidades da burocracia. - -7 Quadro 4 - Comparativo dos modelos Fonte: Elaborado pela autora, 2020. A Governança Pública ainda está em processo de implantação e discussão e autores da área já citam mudanças. Esse modelo tenta proporcionar pluralismo à gestão, ou seja, responder quem deve implementar as políticas públicas e como devem ser implementadas, pois diferentes pessoas físicas e jurídicas, públicas ou privadas possuem interesses diversos e têm direito de influenciar nessas implementações. Assim, se faz necessário menos hierarquia do Estado. Fechamento Nesta aula, vimos a evolução e origem da administração pública. Como ela é dividida, organizada e controlada. Para entender os limites da administração pública, é necessário conhecer como foi criada a instituição que ela administra, ou seja, o Estado. Com base nessa criação, nas suas formas e sistema, a autonomia política pode ser descentralizada na formação de estados e municípios, lhes incumbindo a autogestão e auto-organização, com autonomias próprias. Os modelos de administração antigos e que foram evoluindo como base em necessidade atuais das gestões, nos mostraram que muitos erros e acertos ocorreram em busca da melhoria, e continuam evoluindo em busca de excelência de gestão. Referências BRASIL. . Brasília, DF: Senado Federal. 1988. Disponível em: Constituição da República Federativa do Brasil www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 jan. 2020. LENZA, P. . 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.Direito Constitucional Esquematizado NASCIMENTO, E. R. Gestão Pública. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. OLIVEIRA, J. P.; CARVALHO, M. . 11. ed. Salvador: Armador, 2018Vade Mecum Administrativo SÁ, A.; BORGES, C. . 2. ed. Salvador: Juspodivm, 2017.Manual de Direito Administrativo Facilitado http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Introdução Administração e gestão pública Comparativos das funções Origem da gestão e administração pública Funções típicas e atípicas dos poderes O Estado e as organizações Forma de Estado Forma de Governo Estado de Direito Sistema de Governo Diagrama de RFB Modelos de administração pública Patrimonialista Burocrática Gerencial Comparativo dos modelos Fechamento Referências
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