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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANDRÉ TSUYOSHI HIOKI BRUNO CARAMURU AMARANTE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E DESEMPENHO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS DE PEQUENO PORTE CONECTADOS À REDE ELÉTRICA CURITIBA 2017 ANDRÉ TSUYOSHI HIOKI BRUNO CARAMURU AMARANTE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E DESEMPENHO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS DE PEQUENO PORTE CONECTADOS À REDE ELÉTRICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Engenheiro Eletricista, Curso de Graduação em Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. M.Sc. Vilson Roiz Gonçalves Rebelo da Silva CURITIBA 2017 DEDICATÓRIA Ao único Deus, para toda Sua honra, glória e louvor. Aos meus pais, Daniel e Cecília, e irmãos, Raquel e Elias, por todo amor, apoio e incentivo durante cada momento da minha vida. André Tsuyoshi Hioki Aos meus pais, Luiz e Rosangela, pelo amparo e compreensão. Aos meus professores pelo incentivo e discussão de ideias. Bruno Caramuru Amarante AGRADECIMENTOS Aos nossos pais e familiares pelo total apoio, incentivo e carinho por nossas vidas. Ao professor orientador, M.Sc. Vilson Roiz Gonçalves Rebelo da Silva, pelo compromisso e disposição em nos orientar neste trabalho. Aos professores que contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho. Aos amigos pelo apoio e incentivo em momentos difíceis. Aos colegas do Departamento de Engenharia Elétrica que caminharam juntos nesses anos do curso de graduação. À Universidade Federal do Paraná por ter nos proporcionado um ensino de excelência. À empresa EGNEX por fornecer os dados referentes ao sistema fotovoltaico do Departamento de Engenharia Elétrica. À Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal do Paraná pelo fornecimento dos equipamentos e ferramentas. À Lisiane Amarante pelo revisão e correção ortográfica deste trabalho. “Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o que acontece com a maioria das pessoas”. Steve Jobs RESUMO A necessidade de geração de energia por meio de fontes sustentáveis é um consenso em toda a sociedade. Dentre as fontes sustentáveis e menos poluentes tem- se a energia solar fotovoltaica que angaria cada vez mais adeptos, especialmente no segmento da geração distribuída. Esse crescimento advém, principalmente, da elaboração de normas voltadas a fomentar seu uso e oferecer vantagens consideráveis ao consumidor que deseja gerar sua própria energia, um exemplo é a resolução normativa da Aneel nº 482 de 2012, tida como um marco no segmento da geração distribuída por meio de fontes incentivadas. O presente trabalho de pesquisa foi fundamentado, inicialmente, de revisão bibliográfica e estudo de resoluções, instrumentos regulatórios, normas regulamentadoras e normas técnicas nacionais/internacionais vigentes a respeito da utilização da energia solar como fonte alternativa de geração de energia elétrica interligada a rede de distribuição. O objetivo do estudo, a partir, desta fundamentação foi estabelecer um conjunto de recomendações de análise de qualidade e desempenho de sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica de pequeno porte até 10 kW. O conjunto de recomendações de análise foi elaborado pelos autores e desenvolvido para que não fosse necessário o uso de instrumentos caros e de operação complexa. Por fim, as recomendações julgadas como adequadas foram aplicadas em um estudo de caso que se encontra em operação desde 2014, com potencial de geração de 3,5 kWp, localizado no bloco de engenharia elétrica da Universidade Federal do Paraná. Palavras chaves: Geração Distribuída, Microgeração, Qualidade, Desempenho, Sistema Fotovoltaico. ABSTRACT The necessity for energy generation through sustainable sources is a consensus throughout society. Among the sustainable and less polluting sources, there is solar photovoltaic energy, establishing the increasing amounts in the number of adepts, especially in the segment of distributed generation. This growth comes mainly from the elaboration of regulations focused on fostering its use and offering considerable advantages to consumers who wish to generate their own energy, such as the ANEEL Normative Resolution No. 482 of 2012, considered as a milestone in the segment of Brazilian generation distributed through renewable energy sources. This work was based on a bibliographical review and study of resolutions, regulatory instruments, regulatory norms and current national / international technical standards, regarding the use of solar energy as an alternative source of electric power generation interconnected to the grid. distribution. The purpose of the study, based on this foundation, it was to establish a set of recommendations for quality and performance analysis of small photovoltaic systems up to 10 kW connected to the electric grid. The set of recommendations of analysis was elaborated by the authors and developed so that it was not necessary the use of expensive instruments and of complex operation. Finally, the recommendations considered as adequate were applied in a case study, which has been in operation since 2014, with a generation potential of 3.5 kWp, located in the electric engineering block of the Federal University of Paraná. Keywords: Distributed Generation, Microgeneration, Quality, Performance, Photovoltaic System. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – DIAGRAMA BÁSICO IDEF0 ................................................................. 15 FIGURA 2 – IDEF DA ATIVIDADE 1 E 2 .................................................................. 16 FIGURA 3 – IDEF DA ATIVIDADE 3 E 4 .................................................................. 17 FIGURA 4 – ESTAÇÕES DO ANO E MOVIMENTO DA TERRA .............................. 19 FIGURA 5 – TIPOS DE RADIAÇÃO ......................................................................... 20 FIGURA 6 – RADIAÇÃO SOLAR NO PLANO INCLINADO (MÉDIA ANUAL)........... 21 FIGURA 7 – RADIAÇÃO SOLAR NO PLANO INCLINADO (MÉDIA SAZONAL) ...... 23 FIGURA 8 – PIRANÔMETRO FOTOVOLTAICO ...................................................... 24 FIGURA 9 – PIRANÔMETRO TERMOELÉTRICO ................................................... 25 FIGURA 10 – PIROHELIÔMETRO ........................................................................... 25 FIGURA 11 – ESTRUTURA DE BANDAS DE ENERGIA NOS MATERIAIS ............ 26 FIGURA 12 – DOPANTES NA REDE CRISTALINA ................................................. 27 FIGURA 13 – EFEITO FOTOVOLTAICO NA JUNÇÃO PN ...................................... 28 FIGURA 14 – PARTICIPAÇÃO DAS TECNOLOGIAS NO MERCADO .................... 29 FIGURA 15 – CÉLULAS DE SILÍCIO ........................................................................ 30 FIGURA 16 – CÉLULA FOTOVOLTAICA DE FILMES FINOS.................................. 31 FIGURA 17 – ESTRUTURA CONVENCIONAL DE UM MÓDULO RÍGIDO ............. 33 FIGURA 18 – MÓDULO COMPOSTO POR CÉLULAS DE FILMES FINOS............. 34 FIGURA 19 – EFICIÊNCIA DOS INVERSORES ....................................................... 36 FIGURA 20 – TIPO DE INVERSORES DE CONEXÃO COM A REDE ..................... 38 FIGURA 21 – CONECTOR MC4 MACHO/FÊMEA ................................................... 39 FIGURA 22 – BLOCOS BÁSICOS DE UM SFVI ....................................................... 40 FIGURA 23 – BLOCOS BÁSICOS DE UM SFVCR .................................................. 41 FIGURA 24 – TÍPICO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADOÀ REDE ............ 42 FIGURA 25 – ESCADA EXTENSÍVEL ...................................................................... 53 FIGURA 26 – EPI DE RETENÇÃO DE QUEDA ........................................................ 53 FIGURA 27 – CAPACETE......................................................................................... 53 FIGURA 28 – TRANSFERIDOR ................................................................................ 54 FIGURA 29 – BÚSSOLA ........................................................................................... 54 FIGURA 30 – PIRANÔMETRO TERMOELÉTRICO ................................................. 55 FIGURA 31 – MEDIÇÃO DE INCLINAÇÃO (TRANSFERIDOR) ............................... 63 FIGURA 32 – MEDIÇÃO DE INCLINAÇÃO COM TRANSFERIDOR ........................ 63 GRÁFICO 1 – GRAFICO TÍPICO DE GERAÇÃO ENERGÉTICA ............................. 65 FIGURA 33 – SOMBREAMENTO NOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS ...................... 71 FIGURA 34 – SISTEMAS DE CONTROLE E CONDICIONAMENTO ....................... 78 FIGURA 35 – MÓDULOS FV INSTALADOS SOBRE O DELT UFPR ...................... 78 FIGURA 36 – LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DO INMET ........................................ 81 FIGURA 37 – DISPOSIÇÃO DOS SENSORES NA ESTAÇÃO ................................ 81 FIGURA 38 – DIAGRAMA UNIFILAR NA PORTA DO QUADRO ............................. 84 FIGURA 39 – CONFERÊNCIA DOS EQUIPAMENTOS ........................................... 85 FIGURA 40 – PROTEÇÃO DOS CABOS ................................................................. 86 FIGURA 41 – ETIQUETA DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS ............................... 88 FIGURA 42 – LOCALIZAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO ............................. 88 FIGURA 43 – PORTAL ONLINE SMA ...................................................................... 89 FIGURA 44 – ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA ........................................................... 90 FIGURA 45 – LOCALIZAÇÃO E REGIÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ............ 92 GRÁFICO 2 – CURVA DE GERAÇÃO EM 13 DE JANEIRO DE 2017 ..................... 93 FIGURA 46 – TELA INICIAL DO SOFTWARE RADIASOL 2 .................................... 95 GRÁFICO 3 – IRRADIAÇÃO DIÁRIA MÉDIA NO SOFTWARE RADIASOL 2 .......... 96 FIGURA 47 – CAPTOR DE RAIO NO DELT UFPR ................................................ 103 FIGURA 48 – ATERRAMENTO DA ESTRUTURA DE SUPORTE ......................... 104 FIGURA 49 – ACESSO AOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS .................................... 105 FIGURA 50 – LOCOMOÇÃO NO TELHADO METÁLICO ....................................... 105 FIGURA 51 – VEGETAÇÃO PRÓXIMO AOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS ........... 106 FIGURA 52 – PEÇAS E PARAFUSOS FIRMES E PRESOS ................................. 106 FIGURA 53 – CABOS, CONEXÕES E CONECTORES ......................................... 107 FIGURA 54 – CONEXÕES SENSORBOX E DIODOS BY-PASS ........................... 108 FIGURA 55 – INVERSOR SMA .............................................................................. 108 FIGURA 56 – PAINEL FOTOVOLTAICO ................................................................ 109 FIGURA 57 – CELULAS FOTOVOLTAICAS........................................................... 109 LISTA DE TABELAS E QUADROS TABELA 1 – EFICIÊNCIA DAS CÉLULAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICOS .......... 34 TABELA 2 – FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ............................ 47 TABELA 3 – AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS .................................................... 75 TABELA 4 – NÍVEL DE CONCORDÂNCIA ENTRE OS JULGADORES .................. 75 TABELA 5 – PARÂMETROS DOS MÓDULOS ......................................................... 79 TABELA 6 – INVERSOR MONOFÁSICO SMA SUNNY BOY 3600 TL-21 ............... 79 TABELA 7 – MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O CAMPO ................................... 80 QUADRO 1 – RESULTADO DA LISTA DE VERIFICAÇÕES ................................... 82 TABELA 8 – GERAÇÃO DE ENERGIA E O RESPECTIVO MÊS ............................. 94 TABELA 9 – PRODUTIVIDADE PARA UMA PLANTA DE 3,5 kWp .......................... 94 TABELA 10 – IRRADIAÇÃO MENSAL E DIÁRIA MÉDIA (PLANO HORIZONTAL) .. 94 TABELA 11 – IRRADIAÇÃO DIÁRIA MÉDIA NO SOFTWARE RADIASOL 2........... 96 TABELA 12 – TAXA DE DESEMPENHO OBTIDA NO ESTUDO DE CASO ............ 96 TABELA 13 – FATOR DE CAPACIDADE OBTIDO PARA O ESTUDO DE CASO ... 98 TABELA 14 – ENERGIA GERADA ENTRE 2015 E 2016 ......................................... 99 TABELA 15 – ENERGIA GERADA ENTRE 2015 E 2016 ....................................... 100 TABELA 16 – TARIFAS VIGENTES DA COPEL ENTRE 2015 E 2016 .................. 100 TABELA 16 – TARIFAS VIGENTES DA COPEL ENTRE 2015 E 2016 .................. 101 TABELA 17 – CRÉDITOS E ENERGIA INJETADA ................................................ 101 TABELA 17 – CRÉDITOS E ENERGIA INJETADA ................................................ 102 LISTA DE SIGLAS ABINEE – Associação Brasileira da Industria Elétrica e Eletrônica ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica C.A. – Corrente Alternada C.C. – Corrente Contínua CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COPEL – Companhia Paranaense de Energia CRESESB – Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito DELT – Departamento de Engenharia Elétrica DPS – Dispositivo de Proteção contra Surtos DR – Dispositivo de Proteção contra Correntes Residuais EPE – Empresa de Pesquisa Energética EPI – Equipamento de Proteção Individual EVA – Etil Vinil Acetato FV – Fotovoltaico ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços IDEF0 - Integration Definition for Function Modeling IEC – International Electrotechnical Commission IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers INMET – Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia IRR – Inter-Rater Reliability LABSOL – Laboratório de Energia Solar MME – Ministério de Minas e Energia MPPT – Maximum Power Point Tracker NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration NOCT – Nominal Operating Cell Temperature O&M – Operação e Manutenção ONU – Organização das Nações Unidas P&D – Pesquisa e Desenvolvimento PASEP – Patrimônio do Servidor Público PIS – Programa de Integração Social PRODIST – Procedimentos de Distribuição SFVCR – Sistemas fotovoltaicos conectados à rede SFVI – Sistema Fovoltaico Isolado SPDA – Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas STC – Standard Test Conditions SUINFRA – Superintendência de Infraestrutura UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UFPR – Universidade Federal do Paraná ZCIT – Zona de Convergência Intertropical SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11 1.1 TEMA .............................................................................................................. 12 1.1.1 Delimitação do tema ................................................................................... 12 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................... 12 1.3 OBJETIVOS ................................................................................................... 13 1.3.1 Objetivos específicos .................................................................................. 13 1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 14 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 14 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO .......................................................................17 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 19 2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 19 2.1.1 Recursos solares ........................................................................................ 19 2.1.2 Instrumentos de medição ............................................................................ 24 2.1.3 Piroheliômetro ............................................................................................. 25 2.1.4 Efeito fotovoltaico ........................................................................................ 26 2.1.5 Componentes de um sistema fotovoltaico .................................................. 29 2.1.6 Aplicações de sistema fotovoltaicos............................................................ 40 2.1.7 Problemas que afetam o desempenho do sistema ..................................... 43 2.1.8 Indicadores de desempenho ....................................................................... 43 2.1.9 Retorno financeiro do sistema fotovoltaico ................................................. 45 2.2 NORMAS E REGULAMENTOS PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS ........ 47 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 52 3.1 MATERIAIS .................................................................................................... 52 3.2 MÉTODOS ..................................................................................................... 55 3.2.1 Nível de aceitação dos requisitos por parte dos especialistas .................... 57 4 CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES ................................................................ 59 4.1 ITENS DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES ......................................... 59 4.1.1 PROJETO ................................................................................................... 59 4.1.2 INSTALAÇÃO ............................................................................................. 61 4.1.3 ELÉTRICA .................................................................................................. 65 4.1.4 SEGURANÇA E SAÚDE ............................................................................. 69 4.1.5 MANUTENÇÃO........................................................................................... 70 4.2 MODO DE UTILIZAÇÃO DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES ............. 74 4.3 VERIFICAÇÃO DA ACEITAÇÃO DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES PELOS ESPECIALISTAS.......................................................................................... 74 5 ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 77 5.1 LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – UFPR ............................. 77 5.2 CARACTERISTICAS DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO .......... 78 5.3 PROCEDIMENTOS DE CAMPO .................................................................... 80 5.4 ESTAÇÃO METEREOLÓGICA DO INMET .................................................... 80 5.5 RESULTADOS ............................................................................................... 82 6 CONCLUSÕES .................................................................................................. 111 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 114 APÊNDICE I – IDEF0 COMPLETO ........................................................................ 120 APÊNDICE II – CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES .......................................... 121 APÊNDICE III – LISTA DE VERIFICAÇÕES RESPONDIDA A PARTIR DO ESTUDO DE CASO ................................................................................................................ 137 ANEXO I – SIMULAÇÃO PVSYST ......................................................................... 143 ANEXO II – DIAGRAMA UNIFILAR DO SISTEMA FOTOVOLTAICO ................... 146 11 1 INTRODUÇÃO Uma das razões pela qual é possível haver vida no planeta Terra é a existência da grande estrela do sistema solar, o Sol. O recurso energético que essa estrela disponibiliza para os habitantes da Terra é inesgotável. Apesar disso, a humanidade caminhou para o uso massivo de recursos não renováveis e poluentes, como o carvão mineral utilizado nas máquinas a vapor do século XVIII; o petróleo e gás natural consumido nas usinas termoelétricas para geração de energia e o urânio usado nas usinas nucleares. Na metade do século XX, marcado pelo crescimento industrial e o consumismo, as consequências dos testes nucleares e a queima de combustíveis fósseis tornaram-se alvos das principais discussões dos cientistas e ambientalistas. O início histórico da internacionalização dos movimentos ambientalistas foi com a Conferência das Nações Unidas para a Conservação e Utilização de Recursos, em 1949, e com a Conferência sobre Biosfera, realizada pela UNESCO, em Paris, 1968. (BORGES; TACHIBANA, 2005). Porém, apenas com a crise do petróleo em 1973, ocorreu uma reconsideração política internacional em relação aos combustíveis fósseis, abrindo discussões e investimentos para busca de fontes alternativas de energia. (FARIAS; SELLITTO, 2011). Os sistemas fotovoltaicos foram uma das fontes alternativas de energia com intensas pesquisas e investimentos após a crise do petróleo. (VALLÊRA; BRITO, 2006). Alguns dos motivos para sua escolha são: a utilização de energia solar - que é renovável e abundante; não emissão de gases poluentes na atmosfera para geração de energia elétrica e o fato de poderem ser utilizados tanto em locais com alta densidade urbana como em locais remotos (por exemplo, regiões montanhosas). Assim, com a evolução da tecnologia dos sistemas fotovoltaicos, tornou-se possível a geração de energia elétrica nos pontos de consumo (ou centros de carga), sem a necessidade de a energia ser transportada pelos sistemas de transmissão. Dessa forma, os próprios consumidores podem gerar sua energia, e o excedente podem injetar na rede de distribuição. Entretanto, é necessário o cumprimento de uma série de requisitos para os sistemas FV estarem conectados à rede de distribuição. Em função disso, tornou-se indispensável a avaliação e análise do desempenho desses sistemas para garantir a qualidade, confiabilidade e continuidade no fornecimento de energia elétrica. 12 1.1 TEMA A temática estudada neste trabalho aborda a análise de qualidade e desempenho de sistemas fotovoltaicos, por meio de um conjunto de recomendações desenvolvido com base em técnicas de análise consolidadas para microgeração e que envolvem diversos aspectos do sistema. Na relação de apontamentos amparada por normas e protocolos nacionais e internacionais – sujeita a validação experimental- serão investigadas questões de projeto, local da instalação, elétrica, custo/benefício do projeto, proteção, segurança e manutenção. 1.1.1 Delimitação do tema O trabalho desenvolvido tem como foco uma análise da qualidade e desempenho de sistemas fotovoltaicos de pequeno porte de até 10 kW de potência instalada e conectados à rede de distribuição, comumente encontrados em residências e centros de estudo. Por fim, o trabalho busca validação experimental com base em estudo de caso em um sistema fotovoltaico no Laboratório de Eficiência Energética, localizado no bloco de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná. 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA A procura por um protocolo padrão para avaliação da qualidade e desempenho de sistemas fotovoltaicos conectado à rede de distribuição pode ser extremamente difícil de ser encontrado no Brasil, assim como internacionalmente. Tal procedimento muitas vezes está limitado a potência instalada e energia gerada.Contudo, isso consiste apenas em uma avaliação superficial do sistema. Em uma avaliação puramente elétrica, outros fatores estão de certa maneira ocultos, e a identificação de falhas nas partes físicas do projeto se torna mais complexa. Uma forma robusta de avaliação da qualidade e desempenho muito utilizado atualmente consiste no cálculo de indicadores de desempenho - também conhecidos como índices de mérito em sistemas fotovoltaicos. Entretanto, este tipo de abordagem leva em consideração irradiação solar no plano dos módulos fotovoltaicos; potência 13 nominal do arranjo fotovoltaico e quantidade de energia gerada pelo sistema e injetada na rede de distribuição. Partes do projeto como mecanismos de proteção, segurança, localização do sistema, cabos e conexões são deixadas de lado durante o cálculo desses indicadores. A elaboração de um conjunto de recomendações de análise, abordando diversos aspectos do sistema em único documento, levanta algumas dúvidas referentes a sua acessibilidade e confiabilidade. Com o crescente número de adesões de consumidores à geração distribuída, um conjunto de determinações que avalie a parte funcional e estrutural de um sistema fotovoltaico em operação, de maneira simples e que apresentem resultados confiáveis, sem que grandes investimentos sejam realizados é um grande desafio. 1.3 OBJETIVOS Elaborar um conjunto de recomendações de avaliação de qualidade e desempenho de sistemas fotovoltaicos conectados à rede já em operação e de pequeno porte. Os métodos de abordagem para análise da qualidade e desempenho se fundamentam em técnicas práticas, aferição visual e cálculo de indicadores de desempenho. O produto final busca oferecer um método simples, porém robusto, de avaliação de desempenho do sistema, avaliando se projeto apresenta as condições ideais de funcionamento. Dentre os aspectos a serem avaliados no projeto, estão os elétricos e estruturais da instalação, assim como as influências climáticas no desempenho da unidade geradora. Além disso, as recomendações de avaliação da qualidade e desempenho serão colocadas à prova em um estudo de caso no Laboratório de Eficiência Energética do bloco de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná. O público alvo do trabalho é aquele que deseja verificar, a longo prazo, o desempenho de um sistema fotovoltaico em operação de pequenas unidades geradoras conectados à rede. 1.3.1 Objetivos específicos • Revisar a literatura e estudar as normas vigentes aplicáveis aos SFVCRs; 14 • Elaborar conjunto de recomendações para sistemas fotovoltaicos de até 10 kW conectados à rede; • Realizar um estudo de campo para aplicar e validar o conjunto de recomendações. 1.4 JUSTIFICATIVA O sistema de bandeiras tarifárias nas contas de energia dos consumidores, representando as condições favoráveis ou adversas de geração de energia em que o país se encontra, demonstra toda a fragilidade do Brasil no atendimento da demanda energética. A escassez de chuva, um argumento muito comum utilizado para justificar problemas energéticos, mascara uma falta de planejamento de anos. As fontes alternativas de geração de energia, como a solar, apresentam potencial comprovado, principalmente, no Brasil que conta com altas taxas de radiação solar em praticamente todo o território. Os recursos hídricos disponíveis estão sendo utilizados ao extremo, e na sua falta, os combustíveis fósseis são utilizados como matéria-prima na geração energética contribuindo para o aumento do efeito estufa. É o momento de elevar a capacidade de geração de uma fonte sustentável de enorme potencial como a solar, cuja matéria-prima é limpa e inesgotável. Os problemas enfrentados nesse tipo de geração energética - como custo dos equipamentos e baixa escala de produção mundial - não se comparam com a situação de anos atrás. A valorização desta fonte energética, principalmente na Europa, fez com que houvesse uma redução importante nos custos dos equipamentos e aumento da sua eficiência. No Brasil, a energia solar fotovoltaica não é popular como na Europa e pesquisas devem ser realizadas para fomentar a instalação de novos sistemas, um dos papéis da presente pesquisa. 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Os procedimentos metodológicos deste trabalho serão apresentados por meio de uma linguagem de modelagem conhecida como IDEF0. Essa linguagem é 15 composta de elementos gráficos e textuais, associados a regras e técnicas, com a finalidade de facilitar o entendimento de sistemas e suporte para análises. Na FIGURA 1, está representado um diagrama básico do IDEF0, no qual a Entrada será transformada pela atividade, e, desse modo, originando a saída. Entretanto, para produzir uma saída correta são necessárias certas condições e limites determinados pelos controles. Por fim, os mecanismos e ferramentas são os meios pelos quais a atividade é executada. (FIPS PUB 183, 1993). FIGURA 1 – DIAGRAMA BÁSICO IDEF0 FONTE: Adaptado de FIPS PUB 183 (1993). Com base no IDEF0, os procedimentos metodológicos deste trabalho foram divididos em quatro atividades: • Atividade 1: revisão da literatura quantitativa; • Atividade 2: revisão da literatura qualitativa; • Atividade 3: definição de conjunto de requisitos de desempenho; • Atividade 4: estudo de caso. Na FIGURA 2 e FIGURA 3 pode-se verificar o IDEF0 aplicado ao trabalho acadêmico (o IDEF0 completo encontra-se no APÊNDICE I). Inicialmente, tem-se as questões de pesquisa, os objetivos gerais e específicos do trabalho. Estas são as entradas base para realização de todo o trabalho, onde estão definidos o tema e suas delimitações; as metas; o problema a ser resolvido; os resultados esperados; público alvo e a relevância do estudo. A partir, dessas entradas foi realizada a Atividade 1 que consiste na revisão da literatura com uma análise quantitativa, gerando, então, duas saídas: os autores mais relevantes e citados no assunto e trabalhos acadêmicos. Dentre os mecanismos Entrada Controles Mecanismos e Ferramentas Saída 16 para que a revisão da literatura fosse possível, pode-se citar as bibliotecas digitais do IEEE, Elsevier e de universidades brasileiras, além do portal de periódicos CAPES. As ferramentas para esta atividade foram softwares como Mendeley para gerenciamento dos artigos e trabalhos, e Excel presente em todas as atividades. Já o controle foi realizado através de palavras-chave, como: análise de sistemas fotovoltaicos, desempenho de sistemas fotovoltaicos, avaliação de sistemas fotovoltaicos, medição de desempenho de sistemas fotovoltaicos, energia solar, energia renovável, sistema fotovoltaico e painéis fotovoltaicos. A Atividade 1 resultou em 50 artigos e trabalhos acadêmicos, a partir de uma análise quantitativa. FIGURA 2 – IDEF DA ATIVIDADE 1 E 2 FONTE: Os autores (2017). NOTA: IDEF0 Completo – APÊNDICE I. Na Atividade 2, utilizando as mesmas palavras-chave da atividade anterior e uma análise qualitativa, isto é, uma análise e leitura do conteúdo de cada artigo e trabalho, foram reduzidos e filtrados de 50 para 10. Para o critério de análise qualitativa dos artigos foram evidenciados conteúdos que estivessem diretamente ligados ao tema desse trabalho. Nessa etapa também foram definidos os possíveis recursos e ferramentas que seriam necessários para a execução deste trabalho, bem como as dificuldades, os elementos conceituais e o conteúdo que poderia ser desenvolvido, a partir, da revisão bibliográfica. Foram empregados na Atividade 2 os softwares Endnote para gerenciamento de bibliografias de artigos e trabalhos. Análise Quantitativa Questões de Pesquisa Objetivos Palavras- Chave Bibliotecas e Portais de Pesquisa Excel Revisão da Literatura Análise Qualitativa Autores Palavras- Chave Análise de Conteúdo SoftwareEndNote Excel Trabalhos Acadêmicos e Artigos (Análise Quantitativa) Elementos Conceituais Literatura Selecionada Barreiras Recursos Necessários Lacunas Softwares Mendeley Atividade 1 Atividade 2 17 FIGURA 3 – IDEF DA ATIVIDADE 3 E 4 FONTE: Os autores (2017). NOTA: IDEF0 Completo – APÊNDICE I. A Atividade 3 consistiu em desenvolver o conjunto de recomendações baseado na literatura selecionada; nas normas nacionais; internacionais e técnicas; e em regulamentos e protocolos de medição de desempenho. Nesta etapa também foram realizados surveys (ou pesquisas) para verificar a opinião de especialistas com relação ao correto uso e a seleção de procedimentos e recomendações para análise de qualidade e desempenho geral de sistemas fotovoltaicos. Por fim, a Atividade 4 foi a aplicação do conjunto de recomendações no sistema fotovoltaico do DELT UFPR. Foram utilizados alguns dos conceitos apresentados por Yin (2001) para conduzir o estudo de caso de forma adequada. Além disso, foi usado o software Radiasol para cálculo da radiação solar no plano inclinado, assim como contou-se com suporte e orientação de especialista da área. As saídas da Atividade 4 e deste trabalho foram: questões de pesquisas resolvidas, resultados quantitativos e qualitativos da aplicação do conjunto de recomendações no estudo de caso, validação do método e uma forma para avaliação de sistemas fotovoltaicos. 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO A partir deste capítulo, o presente trabalho foi estruturado da seguinte forma: revisão de literatura, materiais e métodos, conjunto de recomendações, estudo de caso e conclusões. Conjunto de Recomendações Elementos Conceituais Normas Protocolos de Medição de Desempenho Software Radiasol Excel Literatura Selecionada Barreiras Recursos Necessários Lacunas Normas Técnicas Especialistas da Área Estudo de Caso Planejamento e Métodos Estudo de Caso Robert K. Yin Surveys Excel Conjunto de Requisitos Especialistas da Área Questões de Pesquisa Resolvidas Validação do Método Resultados Qualitativos e Quantitativos Sistema Fotovoltaico Engenharia Elétrica UFPR Avaliação de Sistemas FV Atividade 3 Atividade 4 18 Na revisão de literatura, capítulo 2, é apresentado a revisão bibliográfica dos principais artigos encontrados a partir dos procedimentos definidos na seção 1.5 – procedimentos metodológicos, a fundamentação teórica com os conceitos essenciais para entendimento do trabalho e resumos das normas e regulamentos utilizados para elaboração do conjunto de recomendações. No capítulo seguinte, Materiais e Métodos, são definidos todos os materiais utilizados no trabalho, incluindo softwares, ferramentas e equipamentos. Além disso, são indicados os métodos necessários para a elaboração do conjunto de recomendações e sua aplicação no estudo de caso. Em Conjunto de Recomendação, no capítulo 4, são apresentados, classificados e esclarecidos cada item da lista de verificações. Posteriormente, são exibidos o modo de utilização do conjunto de recomendações e os resultados da pesquisa/surveys com os especialistas. No capítulo 5, Estudo de Caso, são apresentados todos os resultados, etapas e procedimentos da aplicação do conjunto de recomendações no sistema fotovoltaico do DELT UFPR. Finalmente, no capítulo 6, Conclusões, são feitas as conclusões e considerações finais de todo o trabalho, além de sugestões para trabalhos futuros. 19 2 REVISÃO DE LITERATURA Neste capítulo será apresentada uma fundamentação teórica necessária para o entendimento do trabalho. Também trará um breve resumo dos regulamentos e normas nacionais, internacionais e técnicas utilizadas para a elaboração do conjunto de recomendações de sistemas fotovoltaicos. 2.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A seguir, serão apresentados os elementos e conceitos essenciais para o entendimento do trabalho. 2.1.1 Recursos solares O nível de radiação solar a que a superfície terrestre fica submetida se altera durante o movimento natural da Terra em torno do sol, devido à trajetória elíptica anual, cujo resultado são os períodos de solstício e equinócio. (GTES, 2014). Desse modo, de acordo com a latitude e os períodos de solstício, a duração solar do dia varia. Assim, quanto maior a latitude, ou seja, mais próximo das regiões polares, maior a variação da duração solar. Do contrário, nas regiões equatoriais e períodos de equinócio, a duração solar do dia é igual à duração da noite. (ANEEL, 2005). FIGURA 4 – ESTAÇÕES DO ANO E MOVIMENTO DA TERRA FONTE: ANEEL (2005). 20 Segundo ANEEL (2005), além da trajetória elíptica e da latitude, a radiação solar depende das condições climáticas e atmosféricas. Como pode ser visto na FIGURA 5, parte da radiação solar é refletida e absorvida pelas nuvens e atmosfera. Apesar disso, cerca de 25% da radiação solar atinge diretamente a superfície terrestre, e outros 26% atinge por radiação difusa. Este último é relativo a dispersão da radiação solar pelas moléculas e partículas presentes na atmosfera. FIGURA 5 – TIPOS DE RADIAÇÃO FONTE: Adaptado de NASA (2014). A maior parte do território brasileiro concentra-se próximo da linha do Equador, onde não há grandes variações na duração solar do dia. Entretanto, observam-se grandes variações nas Regiões Sul e Sudeste, localizadas mais distantes do Equador. Nessas regiões, um maior aproveitamento da radiação solar pode ser obtido ajustando-se a posição da tecnologia solar conforme a latitude do local e período do ano. Para sistemas de captação solar fixos localizados no Hemisfério Sul, como o Brasil, devem ser orientados para o Norte. Contrariamente, no Hemisfério Norte devem ser orientados para o Sul. Em ambos os casos, uma boa média de inclinação dos sistemas para o plano horizontal corresponde a ângulos próximos a latitude do local. (ANEEL, 2005). Radiação Refletida na Superfície (Albedo) 6,7% Refletida nas nuvens 22,6% Refletida na atmosfera Absorvida nas nuvens e atmosfera 22,7% Radiação direta Radiação difusa Radiação solar absorvida na superfície 48% 21 FIGURA 6 – RADIAÇÃO SOLAR NO PLANO INCLINADO (MÉDIA ANUAL) FONTE: PEREIRA et al. (2006). Na FIGURA 6 e FIGURA 7, é apresentada a irradiação solar diária (no Brasil) incidente sobre um plano com inclinação igual à latitude do pixel em consideração, baseado em dados obtidos entre o período de julho de 1995 a dezembro de 2005. Como a irradiação solar sobre o plano inclinado não considera a topologia local, possibilita a observação da máxima captação da energia solar incidente, assim como também apresenta a forte influência da radiação refletida (albedo) pela superfície. (PEREIRA et al., 2006). 22 Na FIGURA 6, observa-se que: Os maiores índices de radiação são observados na Região Nordeste, com destaque para o Vale do São Francisco, onde a média anual é de aproximadamente 6 kWh/m².dia. Os menores índices são observados no Litoral Sul-Sudeste, incluindo a Serra do Mar, e na Amazônia Ocidental, respectivamente. No Amapá e Leste do Pará, onde também se observam índices inferiores à média nacional. (ANEEL, 2005). Na FIGURA 7, estão representadas as médias sazonais da irradiação solar diária (no Brasil) incidente sobre um plano inclinado. “Os meses do ano foram classificados em 4 estações de modo que o período de dezembro a fevereiro refere- se ao Verão, de março a maio ao Outono, de junho a agosto ao Inverno e de setembro a novembro refere-se à Primavera”. (PEREIRA et al., 2006). A partir da FIGURA 7, verifica-se que no verão, a região Norte, mesmo próxima à linha do Equador, possui uma menor incidência de radiação solar se comparado com a região Sul. Entretanto, no inverno, o fenômeno ocorre ao inverso. Isso acontece por causa das características climáticas da região amazônicae da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que, no verão, ocasiona um aumento de formação de nuvens e precipitações elevadas. (PEREIRA et al., 2006). Na região Norte também pode-se observar que a variação de radiação solar é menor se comparado com Sul e Sudeste entre o inverno e verão. Apesar da tendência natural da diminuição da radiação solar no inverno, na região amazônica tal redução é compensada por apresentar menor nebulosidade, devido ao deslocamento da ZCIT para o Hemisfério Norte. Esse deslocamento provocado pela incursão dos ventos alísios também resulta em altas taxas de precipitação, o que provoca baixos índices de irradiação no oeste do Amazonas durante todo o ano, e nas regiões costeiras e litorâneas do Nordeste. (PEREIRA et al., 2006). As regiões semiáridas (Oeste da região nordestina, parte do norte de Minas Gerais, nordeste de Goiás e sul de Tocantins) possuem altos índices de irradiação solar durante o ano todo, devido à baixa nebulosidade causada pela influência da Alta Tropical. De modo contrário, a região Sul possui os menores valores de irradiação e a maior variação de irradiação intersazonal do Brasil, proveniente das características do clima temperado e alta nebulosidade (influenciado pelos sistemas frontais 23 associados ao Anticiclone Polar Ártico), principalmente no inverno. (PEREIRA et al., 2006). FIGURA 7 – RADIAÇÃO SOLAR NO PLANO INCLINADO (MÉDIA SAZONAL) FONTE: PEREIRA et al. (2006). Com relação a região Central do Brasil, durante Outono e Inverno, a região recebe maior incidência de radiação solar, “particularmente entre os meses de julho e setembro, quando a precipitação é baixa e o número de dias com céu claro é maior”. (PEREIRA et al., 2006). 24 2.1.2 Instrumentos de medição O conhecimento dos índices de radiação solar é de fundamental importância na implementação, bem como na avaliação de desempenho de um sistema FV. A coleta de dados pode estimar a eficiência de um sistema com as variações de radiação solar em um determinado período de tempo. Os instrumentos de mediação de recursos solares ou, simplesmente, instrumentos solarimétricos, frequentemente, utilizados são dois: o piranômetro e o piroheliômetro. 2.1.2.1 Piranômetro São instrumentos que medem a irradiação solar global (composta das componentes direta e difusa) com um ângulo de aceitação de 180°. (PAULESCU et al., 2012). Com relação a construção do piranômetro existem os fotovoltaicos e os termoelétricos. Primeiramente, o piranômetro fotovoltaico (FIGURA 8) é constituído por uma célula fotovoltaica que transforma a luz em corrente elétrica. Na condição de curto- circuito, essa corrente é proporcional à intensidade da radiação incidente. Em virtude do seu baixo custo e praticidade é, particularmente, útil em instrumentos secundários, apesar de possuir críticas quando ao seu comportamento espectral, devido a sua seletividade. (TIBA et al., 2000). A sua utilização também é “recomendada para integrais diárias de radiação solar total sobre o plano horizontal ou para observar pequenas flutuações da radiação, devido a sua grande sensibilidade e resposta quase instantânea, cerca de 10 s”. (TIBA et al., 2000). FIGURA 8 – PIRANÔMETRO FOTOVOLTAICO FONTE: TIBA et al. (2000). 25 O piranômetro termoelétrico (FIGURA 9) é, essencialmente, uma pilha termoelétrica, contendo termopares em série que “geram uma tensão elétrica proporcional à diferença de temperatura entre suas juntas, as quais se encontram em contato térmico com placas metálicas que se aquecem de forma distinta, quando iluminadas. Portanto, a diferença de potencial medida na saída do instrumento pode ser relacionada com o nível de radiação incidente”. (TIBA et al., 2000). FIGURA 9 – PIRANÔMETRO TERMOELÉTRICO FONTE: TIBA et al. (2000). 2.1.3 Piroheliômetro Conhecido também como pireliômetro (FIGURA 10), é utilizado para medir a radiação solar direta. Devido a esse fato, deve ser permanentemente direcionado ao Sol, geralmente, através de um eixo. (PAULESCU et al., 2012). A radiação difusa é bloqueada instalando um sensor termoelétrico ao fundo do tubo de colimação (instrumento com a função de alinhar a trajetória dos feixes luminosos o mais paralelo possível ao tubo). As paredes deste mesmo tubo são enegrecidas. O instrumento caracteriza-se por apresentar uma pequena abertura de forma a "visualizar" apenas o disco solar e a região vizinha denominada circunsolar. (GTES, 2014). FIGURA 10 – PIROHELIÔMETRO FONTE: Adaptado de (PAULESCU et al., 2012). NOTAS: A esquerda tem-se um esquemático do piroheliômetro. A direita observa-se um piroheliômetro modelo Hukseflux DR01. 26 2.1.4 Efeito fotovoltaico Na natureza há materiais denominados semicondutores, com propriedades para conduzir de forma mais eficiente a eletricidade se comparado com os isolantes, porém, com menor capacidade se comparado com os condutores. É caracterizado pelo total preenchimento da banda de valência por elétrons, e na temperatura do zero absoluto, uma banda de condução “vazia” (sem elétrons). Dessa forma, no zero absoluto, um material semicondutor comporta-se como isolante. (GTES, 2014). FIGURA 11 – ESTRUTURA DE BANDAS DE ENERGIA NOS MATERIAIS FONTE: Adaptado de GTES (2014). Entre as duas bandas de energia, encontra-se a banda proibida (também chamada de bandgap ou, simplesmente, gap), representado por Eg. A largura desta banda determina se o material é um semicondutor. Enquanto os isolantes possuem uma banda proibida larga, na ordem de 6 eV (elétron-volt), os semicondutores podem atingir até 3 eV (como visto na FIGURA 11). Devido a estas bandas de energia nos semicondutores, é possível aumentar a sua condutividade com a temperatura, “proporcionado pela excitação térmica de elétrons da banda de valência para a banda de condução, deixando na banda de valência as lacunas, as quais constituem portadores de carga positiva”. (GTES, 2014). Assim, fótons com energia superior à Eg do gap podem excitar elétrons da banda de valência para a de condução. (GTES, 2014). De acordo com GTES (2014), entre os semicondutores, o silício (Si) é o mais utilizado na aplicação fotovoltaica. É caracterizado por ter átomos tetravalentes, ou seja, possuem quatro elétrons que formam uma ligação covalente com os átomos vizinhos, estabelecendo uma rede cristalina. Adicionando-se nesta rede, um átomo pentavalente, como o fósforo (P), resultará em um elétron em excesso que estará Banda de condução Banda proibida Banda de valência Condutor Semicondutor Isolante < 3 eV > 6 eV 27 fracamente ligado ao átomo de origem (FIGURA 12). Dessa forma, com pouca energia, o elétron é deslocado para banda de condução. Na temperatura ambiente, a energia térmica já é suficiente para esse deslocamento. No caso, o fósforo (P) é chamado de impureza doadora de elétrons e denomina-se dopante N ou impureza N. FIGURA 12 – DOPANTES NA REDE CRISTALINA FONTE: Adaptado de REUK.CO.UK. (2017). Em contrapartida, se for introduzido um átomo trivalente na rede cristalina, como é o caso do Boro, haverá a falta de um elétron para satisfazer as ligações com os átomos de silício (Si) da rede (FIGURA 12). A falta de elétron é chamada de buraco ou lacuna em que, na temperatura ambiente, a energia térmica de um elétron de um sítio vizinho é suficiente para fazê-lo passar para esta posição, ocorrendo o deslocamento da lacuna. Assim, o boro (B) é chamado de impureza aceitadora de elétrons e denomina-se dopante P ou impureza P. (GTES, 2014). Ao ter como base uma lâmina de silício (Si) e introduzir em uma de suas metades átomos de boro (B) e, na outra, átomos de fosforo (P), obtém-se a junção PN. Nesta junção, os elétrons livres da região N passam para região P, onde são capturados pelas lacunas. Isto resulta em um excessode elétrons na região P, tornando-a negativamente carregada. De modo contrário, na região N há uma redução de elétron, tornando-a positivamente carregada. Este excesso de cargas positivas e negativas, respectivamente, nas junções N e P, provoca um campo elétrico que impede a passagem de mais elétrons do lado N para o lado P, assim como a passagem de lacunas da região P para N. Desse modo, esse processo é equilibrado quando o campo elétrico (ou barreira de potencial) impede a passagem de qualquer elétron livre remanescente do lado N para o lado P. Após o equilíbrio, tem-se uma P P P P P P P P P Silício dopado com fósforo (P) B B B B B B B B B Silício dopado com boro (B) Elétron em excesso Falta de elétron (lacuna) 28 zona de cargas positivas e negativas gerando um campo elétrico, conhecida como zona de carga espacial ou zona de depleção. (GTES, 2014). Caso a junção PN for exposta a fótons com energia maior que a do gap (Ef > Eg), então, ocorrerá a fotogeração de pares elétron-lacuna. Se isto ocorrer na zona de depleção, haverá uma separação pelo campo elétrico e os elétrons serão acelerados para o lado N e as lacunas para o lado P, gerando uma corrente elétrica através da junção. Caso os portadores de carga forem fotogerados fora da zona de depleção, “então os portadores minoritários, isto é, lacunas em região tipo N e elétrons em região tipo P, deverão ter um tempo de vida ou comprimento de difusão mínimo para eventualmente alcançarem a junção PN e serem coletados, sem que ocorra recombinação”. (GTES, 2014). O deslocamento de cargas gera uma diferença de potencial. FIGURA 13 – EFEITO FOTOVOLTAICO NA JUNÇÃO PN FONTE: Adaptado de REUK.CO.UK. (2017). Portanto, “a separação dos portadores de carga pela junção PN dá origem ao efeito fotovoltaico, que é a conversão de energia luminosa em energia elétrica associada a uma corrente elétrica e uma diferença de potencial”. (GTES, 2014). Se a região N for conectada na traseira da região P através de um metal condutor haverá uma circulação de elétrons. Dessa forma, o efeito fotovoltaico é fundamental para o funcionamento das células fotovoltaicas. Zona de depleção Região P Região N Fóton Fóton Fóton 29 2.1.5 Componentes de um sistema fotovoltaico Os principais componentes de um sistema fotovoltaico convencional completo são: célula fotovoltaica, módulos fotovoltaicos, inversor, cabos, conexões e estrutura. Todos os itens serão apresentados detalhadamente a seguir. 2.1.5.1 Célula fotovoltaica A célula é unidade fundamental de geração do sistema fotovoltaico, fabricada, a partir, de materiais semicondutores fotossensíveis que possibilitam a conversão da energia luminosa proveniente do sol em energia elétrica, por meio do efeito fotovoltaico. Individualmente, uma célula em condições padronizadas de ensaio, ou Standard Test Conditions (STC), apresenta uma diferença de potencial de aproximadamente 0,6 V em seus terminais e potência na faixa de 1,0 a 1,5 W. (EPE, 2012). FIGURA 14 – PARTICIPAÇÃO DAS TECNOLOGIAS NO MERCADO FONTE: Adaptado de Ogbomo et. al (2016). As principais tecnologias aplicadas na produção de células fotovoltaicas são: silício monocristalino (m-Si) e policristalino (p-Si), telureto de cádmio (CdTe), silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre índio e gálio (CIGS), arsinieto de galio (GaAs). (GTES, 2014). A FIGURA 14 apresenta a parcela no mercado das tecnologias mais utilizadas na confecção de células fotovoltaicas - destaque para a tecnologia de Silício Silício monocristalino 30% Silício policristalino 54% Silício amorfo 5% Disseleneto de Cobre Índio e Gálio 4% Telureto de Cádmio 6% Arsinieto de Gálio 1% 30 Cristalin que domina o mercado com 84% da produção mundial. (OGOBOMO et. al, 2016). A tecnologia de silício cristalino, também conhecida como a primeira geração de células fotovoltaicas, pode ser dividida em dois tipos: sílicio monocristalino e policristalino. (GTES, 2014). No primeiro tipo, o silício deve possuir um grau de pureza de 99,9999% durante a etapa de fabricação. (EPE, 2012). O procedimento de fabricação das células monocristalinas também é mais complicado e caro, principalmente, se comparado a outros tipos de células, porém, apresenta o melhor desempenho nas condições padronizadas de ensaio. (OGBOMO et. al, 2016). As células de silício policristalino dominam o mercado e apresentam um processo mais simples de fabricação, em que menos silício é desperdiçado e o controle na etapa de fabricação é menos rigoroso quando comparado com o processo de produção das células monocristalinas. (EPE, 2012). As células policristalinas apresentam bom desempenho no geral, contudo, pelo maior número de imperfeições no processo de fabricação sua eficiência é prejudicada. Os dois tipos de células, podem ser visualizadas na FIGURA 15. FIGURA 15 – CÉLULAS DE SILÍCIO FONTE: Solar Energy (2017). NOTA: Célula de Silício monocristalino (esquerda) e policristalino (direita). A tecnologia que completa o mercado contempla as células de filme fino, que pode ser vista na FIGURA 16. Esse tipo de tecnologia é conhecido como a segunda geração de células fotovoltaicas e, atualmente, representa uma parcela modesta do mercado. (GTES, 2014). De acordo com Ogbomo et.al (2016), existem vários tipos de células de filmes finos disponíveis; confeccionadas, principalmente, a partir, de tecnologias de telureto de cádmio (CdTe), silício amorfo (a-Si), disseleneto de cobre índio e gálio (CIGS) e arsinieto de galio (GaAs). 31 FIGURA 16 – CÉLULA FOTOVOLTAICA DE FILMES FINOS FONTE: Itechworld (2016). As células de silício amorfo foram as primeiras de filmes finos a serem produzidas em larga escala, entretanto, não são populares atualmente, tendo representatividade de 5% do mercado. (OGBOMO et. al,2016). Segundo Peng, Lu e Yang (2013), o silício amorfo absorve a luz do sol de maneira mais eficiente que o silício cristalino, isso acarreta em uma redução na quantidade de silício no processo de fabricação, contudo, sua eficiência geral é inferior e sua aplicação fica limitada a aplicações de baixa potência. (GREEN et. al, 2015). De acordo com Ogbomo et. al (2016), o cadmio é um elemento abundante na natureza, mas é reconhecido como um dos materiais mais tóxicos conhecidos pelo homem. Do contrário, o composto telureto de cádmio é totalmente amigável ao meio ambiente, apesar de tornar a célula fotovoltaica que o utiliza mais cara. (OGBOMO et. al,2016). Esta célula de telureto de cádmio representa a maior parcela do mercado de células de filmes finos, com 6%, conta com um processo de fabricação simples e é mais barata do que células cristalinas e outras células de filmes finos. Também é visto como único tipo de células deste tipo a rivalizar com o silício cristalino. (SANGSTER, 2014). Sobre a eficiência na conversão das células fotovoltaicas empregada atualmente, houve um salto significativo, principalmente quando comparadas com as primeiras, contudo alguns fatores ainda limitam a eficiência de conversão. A parcela da luz que é refletida na superfície da célula, sombreamento, energia dos fótons insuficiente para excitação dos portadores, excedente de energia no fóton, recombinação dos portadores de carga em áreas defeituosas do material e perdas térmicas na condução elétrica são alguns exemplos de fatores impactantes na eficiência de uma célula fotovoltaica (GTES,2014). 32 De acordo com Polman et. al (2017), a eficiência obtida em células de diferentes materiais e tecnologias vem estabelecendo recordes e se aproximando cada vez mais do limite teórico. O limite teórico de eficiência na conversão por uma célula fotovoltaica, segundo o modelo de Shockley e Queisser (1961),para células de junção simples, é de 33,7% para um semicondutor ideal com bandgap de 1,34 eV. As células de silício monocristalinas e policristalinas já alcançam eficiência de 25,6% e 21,3%, respectivamente. As células com tecnologia de telureto de cádmio (CdTe), que apresentam excelente absorção de luz, alcançam 21,5% de eficiência. As células de disseleneto de cobre índio e gálio (CIGS) apresentam menor aproveitamento da luz, mas tem maior aplicabilidade no setor elétrico e alcança 21,7% de eficiência. (POLMAN et al., 2017). 2.1.5.2 Módulos fotovoltaicos Uma célula fotovoltaica apenas submetida às condições de ensaio padrão gera uma tensão muito pequena em seus terminais, na ordem de 0,6 V. (EPE, 2012). Para potências maiores, uma associação dessas unidades elementares é necessária. A integração das células, que devem ser dispostas de maneira a atender à necessidade e as características elétricas desejadas para a unidade geradora, formam a unidade básica do sistema, que é o módulo fotovoltaico. (GTES, 2014). A forma com que as células são interligadas depende dos parâmetros elétricos que se espera nos terminais de saída do módulo fotovoltaico. A interligação de células em série aumenta a tensão nos terminais do módulo e em paralelo aumenta a corrente. (GTES, 2014). O número de células no interior dos módulos fotovoltaicos varia muito de acordo com a aplicação. Em sistemas fotovoltaicos conectados à rede, por exemplo, na etapa de projeto, diferentes tensões são requeridas para um módulo fotovoltaico, muito em questão da área disponível para alocação dos módulos, o que justifica a variedade de módulos com características elétricas diversas, encontrados atualmente. Sobre a parte estrutural, a grande maioria dos módulos rígidos comercializados apresenta a mesma composição, que pode ser visualizada na FIGURA 17. 33 FIGURA 17 – ESTRUTURA CONVENCIONAL DE UM MÓDULO RÍGIDO FONTE: Energiatecsolar (2017). As células fotovoltaicas são o que há de mais importante em um módulo fotovoltaico. Praticamente todos os processos envolvidos na sua confecção, visam proteger o conjunto de células e elevar a funcionalidade do sistema. De acordo com Agroui et. al (2006), as células devem ser encapsuladas por material resistente a variações de temperaturas, que apresente boa aderência aos outros materiais que compõe o módulo, além de ser transparente para não afetar a captação luminosa incidente sobre o módulo. O material mais utilizado para o encapsulamento é o EVA (acetato-vinilo de etileno). A proteção inferior do módulo busca proteger as células de exposição a líquidos e umidade. Usualmente é feita por meio do uso de materiais como Tedlar que apresenta boa durabilidade sem perder suas propriedades ao longo de mais de duas décadas. (GAMBOGI et. al, 2014). A proteção superior do módulo evita que impactos de qualquer natureza provoquem avarias, geralmente, nesse processo é utilizado vidro temperado com baixo teor de ferro e de alta transparência. (GTES, 2014). A parte inferior do módulo ainda conta com a caixa de conexões, onde se tem acesso aos terminais de corrente contínua do módulo fotovoltaico. Por fim, o módulo é revestido por uma estrutura de alumínio, que associa leveza, durabilidade e resistência mecânica. Existem também módulos flexíveis, como o da FIGURA 18, cujas células são de filmes finos depositadas em substratos de baixo custo como plástico ou alguns metais. Por essa razão, são tratados como tecnologia de baixo custo. Contudo, esse tipo de módulo sofre com quedas acentuadas de eficiência logo nos primeiros meses de operação. (EPE, 2012). 34 FIGURA 18 – MÓDULO COMPOSTO POR CÉLULAS DE FILMES FINOS FONTE: Sustainia (2017). Os valores de eficiência que um módulo fotovoltaico pode alcançar atualmente estão expostos na TABELA 1. De acordo com Polman et. al (2017), o hiato entre eficiência máxima obtida para células fotovoltaicas e eficiência máxima nos módulos fotovoltaicos se deve a dois fatores importantes: o tamanho da célula analisada e o encapsulamento das células interligadas. O registro da eficiência de células fotovoltaicas nos laboratórios é obtido, muitas vezes, em uma porção reduzida da célula que será efetivamente utilizada por meio de métodos de análise de elevado custo. (POLMAN et al., 2017). TABELA 1 – EFICIÊNCIA DAS CÉLULAS E MÓDULOS FOTOVOLTAICOS Material Eficiência da célula (%) Eficiência do módulo (%) Silício monocristalino 25,6 22,4 Silício policristalino 21,3 18,5 CIGS 21,7 17,5 CdTe 21,5 18,6 FONTE: Adaptado de POLMAN et. al (2017). Deve se levar em conta também que o módulo fotovoltaico comercial conta com dezenas de células solares interligadas, o que acarreta em perdas na geração de corrente devido à resistência nas conexões e ao tamanho das células. (POLMAN et al., 2017). O desempenho dos módulos fotovoltaicos, assim como o das células que o compõe, é influenciado por dois fatores principais: nível de irradiação no plano dos módulos e a temperatura de operação das células. (GTES, 2014). Sobre o primeiro, a nebulosidade local e ângulo de inclinação dos módulos exercem maior influência. 35 Além disso, inevitavelmente ocorre uma queda na eficiência da conversão de energia de aproximadamente 1% ao ano. (EPE, 2012). Os módulos fotovoltaicos devem possuir etiqueta do INMETRO afixado no produto, para ser comercializado no Brasil (INMETRO, 2011). Os modelos que passaram pelos ensaios e receberam os certificados estão listados no endereço eletrônico do instituto. 2.1.5.3 Inversor O inversor é o equipamento responsável pela conversão da potência em corrente contínua oriunda dos painéis fotovoltaicos em corrente alternada adequada para as cargas ou para interligação com a rede de distribuição. A conversão é realizada por meio de dispositivos eletrônicos de chaveamento controlável. Os inversores fotovoltaicos ainda contam com uma ferramenta integrada de controle que extrai o máximo potencial dos módulos fotovoltaicos, responsável pelo rastreamento do ponto de máxima potência, conhecido por Maximum Power Point Tracking, ou simplesmente MPPT. (GTES, 2014). Em sistemas fotovoltaicos, o inversor pode ser utilizado em dois tipos de aplicações, apresentadas em maiores detalhes mais adiante, que são: sistemas isolados e conectados à rede. Embora o princípio de funcionamento do equipamento seja o mesmo em ambas as aplicações, possuem características diferentes. Em sistemas conectados à rede de distribuição, por exemplo, diversos fatores devem ser levados em consideração. Neste tipo de aplicação, é fundamental que o inversor gere um sinal senoidal nos terminais de saída com amplitude e frequência em níveis adequados para sincronização com a rede elétrica e forma senoidal com baixo conteúdo harmônico. (GTES,2014). Existem no mercado dois tipos de inversores para aplicação fotovoltaica, os monofásicos e os trifásicos. De acordo com o PRODIST, em sistemas com potência nominal de geração inferior a 10 kW, podem ser utilizados qualquer um dos dois. Em projetos com potencial superior é necessária utilização de equipamentos trifásicos. (ANEEL, 2016). No que se refere a eficiência de conversão de potência dos inversores, com a evolução constante de componentes eletrônicos, alguns modelos destinados a conexão com a rede alcançam em média 95% de eficiência, segundo os principais 36 fabricantes. Segundo GTES (2014), o que determina a eficiência dos inversores são as perdas em condução e na comutação e, sobretudo, a temperatura ambiente - como podemos visualizar na FIGURA 19, retirada das folhas de dados técnicos de um inversor da empresa alemã SMA. FIGURA 19 – EFICIÊNCIA DOS INVERSORES FONTE: Adaptado de SMA (2013). De acordo com Islam, Mekhilef e Hasan (2015), os inversores fotovoltaicosdestinados à geração distribuída podem ser classificados em quatro categorias: inversores centrais, inversores de string, inversores integrados ao módulo e inversores multi-string. • Inversores centrais: Os primeiros inversores fotovoltaicos ligados à rede elétrica. Eram utilizados em sistemas com potencias superiores a 10 kW, onde a tensão gerada pelos módulos tinha de ser alta o suficiente para atender as condições de funcionamento do inversor. Por ser a primeira tecnologia empregada em sistemas conectados, apresentava desvantagens consideráveis, como perdas nos diodos da série fotovoltaica, cabos de interligação módulo-inversor de dimensões exageradas, perdas de potência devido ao MPPT ultrapassado, energia gerada com nível de qualidade questionável e, principalmente, o seu valor elevado. (ISLAM; MEKHILEF; HASAN, 2015). • Inversores de string: Atualmente, o tipo de inversor fotovoltaico conectado à rede mais comum e que oferece as melhores vantagens. Trata-se de uma forma abreviada do inversor centralizado, onde uma única cadeia de módulos fotovoltaicos está ligada ao inversor. As vantagens dos inversores de string são Temperatura ambiente (°C) Po tê n ci a d e sa íd a p ad ro n iz ad a 37 muitas: perdas significativamente menores quando comparadas à tecnologia anterior, vantagem de oferecer MPPTs individuais para cada série fotovoltaica, baixo custo devido à larga produção e elevada eficiência de conversão. (ISLAM; MEKHILEF; HASAN, 2015). Ideal para microgeração até 10kWp. (GTES,2014). • Inversores de multi-string: Desenvolvido para aumentar nível de potência do sistema, aumentando a quantidade de cadeia de módulos conectados ao inversor, mantendo a confiabilidade e eficiência característica dos inversores string. As vantagens na utilização dos inversores multi-string são: custo reduzido e maior qualidade na energia injetada na rede elétrica devido ao controle individual da série fotovoltaica por meio dos MPPTs locais e sistemas de monitoramento otimizados. (ISLAM; MEKHILEF; HASAN, 2015). • Inversores integrados: Consiste em um micro inversor integrado aos módulos fotovoltaicos, que entregam em seus terminais potência c.a, sem acesso a parte c.c. A principal vantagem deste tipo de inversor é facilidade de implementação por se tratar de uma estrutura modular; e a principal desvantagem é a eficiência geral reduzida devido à necessidade de amplificação da tensão gerada no módulo individual, além do alto custo de instalação. (ISLAM; MEKHILEF; HASAN, 2015). A FIGURA 20 mostra a maneira com que cada tipo de inversor é implementado. Os inversores de conexão com a rede para serem comercializados no Brasil devem seguir uma série de requisitos mínimos. Segundo a ANEEL (2016), o inversor deve prover proteção anti-ilhamento, que impossibilita a geração de energia no sistema em caso de problemas na rede de distribuição. O equipamento, atendendo aos requisitos mínimos de proteção para ser ligado à rede de distribuição, deve atender também aos requisitos da NBR 16149 (ABNT, 2013), referente a faixas de variação de tensão e frequência, níveis de distorção harmônica, fator de potência, dentre outros. Por fim, o inversor deve apresentar a etiqueta do INMETRO exposta no próprio produto. A apresentação do número do registro da certificação do instituto é obrigatória no momento da solicitação de acesso à rede de distribuição, segundo a Portaria nº 17 (INMETRO, 2016). 38 FIGURA 20 – TIPO DE INVERSORES DE CONEXÃO COM A REDE FONTE: Adaptado de Jana et. al. (2016). 2.1.5.4 Cabos e conexões O sistema fotovoltaico conta com elementos secundários, que embora passem despercebidos, apresentam a mesma importância na qualidade e desempenho geral do sistema. Os cabos confeccionados com materiais de alta condutividade realizam o transporte da energia de todo o sistema, e, assim como todo condutor, sofre aquecimento e perdas de energia devido a esse efeito térmico. Além disso, devem atender a alguns critérios referentes à seção do cabo e o tipo de material; que a princípio devem ser selecionados para compensar as perdas entre o sistema de geração e carga, estabelecendo a melhor relação custos/perdas possível. (BENITO, 2010). O módulo fotovoltaico conta geralmente com cabos pré-instalados destinados a interligação com os demais. Esses cabos geralmente contam com sistemas de conexão padronizados e de encaixe simples, FIGURA 21, garantindo confiabilidade ao sistema. Os conectores dispostos nos módulos fotovoltaicos devem ser equivalentes e atender um grau de proteção estabelecido pela NBR IEC 60529 (ABNT, 2005). Tecnologia centralizada String de diodos Módulos FV Tecnologia de string Tecnologia de multi-string Tecnologia módulo c.a. 39 FIGURA 21 – CONECTOR MC4 MACHO/FÊMEA FONTE: Adaptado de NeoSolar (2016). Os módulos ainda contam, geralmente, com uma caixa de conexões na parte de baixo, onde se encontram os diodos de desvio (by-pass) e os pontos de conexão dos conjuntos de células em série protegidas por esses diodos. (GTES, 2014). O local é ideal para o acesso dessas conexões, uma vez que não sofrem irradiação direta do sol, ficando livres de sobreaquecimento. Contudo, por se encontrarem na parte do módulo mais próxima à uma superfície de sustentação, como o telhado, podem ficar expostos a locais de alta concentração de umidade ou propícios ao acúmulo de água, situação que deve ser evitada. 2.1.5.5 Estrutura Assim como os cabos, a estrutura de suporte dos módulos fotovoltaicos faz parte dos elementos secundários de uma instalação fotovoltaica. A estrutura é a base do sistema fotovoltaico e deve atender aos requisitos apresentados na NBR 16274, referente a instalação mecânica do arranjo fotovoltaico. (ABNT, 2014). A estrutura, geralmente, de alumínio ou aço inoxidável, garante a fixação necessária dos módulos, e impede que os módulos de desloquem sob tempestades. Existem vários tipos de estrutura de fixação; com características, custos e benefícios diferentes, e devem ainda levar em conta o tipo de cobertura ou local que irá acomodá-la. Cobertura com telhas de barro, fibrocimento, lajes, superfícies metálicas ou até mesmo o solo exigem uma estrutura de fixação desenvolvida para estes locais especificamente. 40 2.1.6 Aplicações de sistema fotovoltaicos Como comentado anteriormente, os sistemas fotovoltaicos podem ser implementados de duas maneiras distintas: isolados ou conectados à rede. O grande diferencial entre eles está na necessidade ou não de sistemas complementares de acumulação de energia e na forma de controle e condicionamento da potência gerada pelo sistema. 2.1.6.1 Sistemas fotovoltaicos isolados Os sistemas isolados, também conhecidos como autônomos, foram os primeiros a entrar em operação em grande escala mundial. Este tipo de sistema tem como característica a capacidade de geração e atendimento de uma demanda energética sem supervisão e controle da concessionária de energia local, respeitando sempre requisitos de proteção e segurança. Sua implementação ocorre, principalmente, em regiões onde o acesso ao sistema elétrico de potência é precário, embora, possam ser utilizados também no setor de iluminação, telecomunicação e aplicações espaciais. (VILLALVA; GAZOLI, 2012). O problema dos sistemas isolados é a necessidade de complementação no armazenamento, devido à impossibilidade de geração durante a noite ou em dias nublados - embora existam sistemas fotovoltaicos isolados desprovidos de sistema de armazenamento que atuam somente quando existe sol; um exemplo são os sistemas de bombeamento de água a partir de módulos fotovoltaicos. O uso de sistemas de armazenamento aumenta o custo do projeto, principalmente, pelos custos que envolvem manutenção. (PINHO, 2008). FIGURA 22 – BLOCOS BÁSICOS DEUM SFVI FONTE: GTES (2014). 41 Sistemas isolados podem ser desmembrados em três blocos: gerador, controle e condicionamento, e, por fim, o bloco armazenamento. Por meio de levantamento dos dados históricos de radiação solar e da estimativa da demanda a ser atendida pela planta é possível dimensionar os três blocos. (GTES, 2014). 2.1.6.2 Sistemas fotovoltaicos conectados à rede O sistema fotovoltaico conectado à rede elétrica difere dos isolados principalmente por não ser necessário atender uma demanda energética. Nessa configuração de sistema, a demanda energética da unidade consumidora pode ser atendida pela rede elétrica da concessionária, pelo sistema fotovoltaico na forma de autoconsumo ou por ambos. Sistemas interligados com a rede elétrica passaram a ser visados após a resolução normativa 482 da Aneel que estabeleceu as condições de acesso à rede de distribuição e estabeleceu as condições de compensação energética no Brasil. (ANEEL, 2012). Os sistemas conectados à rede elétrica são mais eficientes, apresentam durabilidade superior e são em média 40% mais baratos que os sistemas isolados. (PINHO, 2008). Como pode ser visto na FIGURA 23, sistemas conectados à rede, usualmente, são separados em bloco gerador e bloco de controle e condicionamento. O armazenamento de energia elétrica é completamente dispensável nesse tipo de sistema, uma vez que, em períodos sem incidência solar a demanda energética da unidade consumidora pode ser atendida diretamente pela concessionária. Contudo, por serem instalados geralmente em ambientes urbanos, as perdas por sombreamento são maiores se comparadas com os sistemas isolados. (GTES, 2014). FIGURA 23 – BLOCOS BÁSICOS DE UM SFVCR FONTE: GTES (2014). 42 O potencial do bloco gerador fica condicionado à parte financeira disponível para a escolha dos módulos fotovoltaicos e, principalmente, as dimensões disponíveis para alocação dos módulos. Assim, visando o melhor potencial possível, a tecnologia utilizada nos módulos em sistemas conectados é, geralmente, de silício monocristalino ou policristalino. O inversor, responsável pelo condicionamento da potência proveniente do bloco gerador, deve ser capaz de converter toda a potência gerada nos módulos fotovoltaicos, portanto, devem possuir potências equivalentes. Contudo, as características elétricas especificadas pelos fabricantes nos módulos fotovoltaicos representam o resultado de ensaios obtidos sob condições específicas, que dificilmente, são alcançadas em operações de práticas. Considerando esta situação, alguns estudos mostram que um inversor de conexão com a rede levemente subdimensionada, também apresenta bom desempenho em campo e proporciona melhora do binômio custo/eficiência. (FIORELLI; ZUERCHER-MARTINSON, 2013). FIGURA 24 – TÍPICO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO À REDE FONTE: Proengenergia (2016). De acordo com a norma técnica NTC 905200 da COPEL, o acesso à geração distribuída no estado do Paraná exige a troca do medidor convencional por medidor eletrônico (COPEL, 2016). Esse novo medidor tem a finalidade de medir a demanda de potência da unidade consumidora no chamado sentido direto de fluxo de potência e os níveis de energia no sentido contrário ao convencional (que mede a energia produzida na própria unidade consumidora e injetada na rede elétrica de distribuição). 43 A FIGURA 24, oferece uma visão geral de um típico sistema de geração distribuída. 2.1.7 Problemas que afetam o desempenho do sistema Diversos pontos da instalação estão sujeitos a apresentar falhas que diminuem a produção energética ou, até mesmo, impossibilita o funcionamento adequado do sistema. As partes mais susceptíveis a falhas e danos são: módulos, inversor, cabos e conexões. A natureza dos problemas pode ser intrínseca, referentes as características elétricas dos equipamentos que compõe o sistema, ou extrínsecas referente as condições climáticas e fenômenos destrutivos. (MENDES, 2016). Os módulos e as células fotovoltaicas podem apresentar diversas falhas quando estão em operação. As falhas típicas identificadas nos módulos, que afetam negativamente o desempenho geral do sistema, são decorrentes de sobretensão, sobreaquecimento ou por conta de falhas na etapa de construção dos módulos. Falhas no diodo by-pass pelo sobreaquecimento das células, pontos quentes (hot spot) pelo sombreamento, conexões deficientes e curto circuito com a terra são alguns exemplos. (MENDES, 2016). No inversor, avarias e falhas nas conexões são as principais razões para a redução do desempenho do sistema, sendo a maioria passível de identificação visual. (MENDES, 2016). O confinamento do inversor em ambiente desprovido de ventilação natural também afeta de maneira negativa o desempenho do equipamento. Os cabos por sua vez, sofrem com a degradação do revestimento de proteção devido ao envelhecimento natural, contudo, a ação de roedores e algumas aves podem acelerar o processo, causando danos permanentes na produtividade do sistema. 2.1.8 Indicadores de desempenho O sistema fotovoltaico se resume a três informações: irradiação solar incidente nos módulos fotovoltaicos, potência instalada na unidade geradora e energia gerada que é injetada na rede de distribuição. O conhecimento das três nos permite mensurar o desempenho geral de SFVCRs e compará-los com outros sistemas de potências diferentes e localizações distintas, por meio de três índices mérito calculados de maneira individual. Para avaliar o desempenho da planta fotovoltaica, a 44 produtividade (Yield), a taxa de desempenho (Performance Ratio) e o fator de capacidade devem ser calculados como é informado na norma internacional IEC Standard 61724. (IEC, 1998). 2.1.8.1 Produtividade A produtividade final pode ser calculada anual, mensal ou diariamente, e obtida pela razão entre a energia gerada pelo sistema e a potência do arranjo fotovoltaico sob as condições padrão de ensaio, com irradiância solar de 1000W/m² e temperatura na célula fotovoltaica igual a 25ºC, conforme a equação (1). A produtividade de referência é a relação entre a irradiação solar no plano dos módulos (kWh/m²) dividido pela irradiância de referência do arranjo fotovoltaico (1000 W/m²). A produtividade de referência pode ser calculada pela equação (2), e consiste no número de horas de sol a 1000W/m² incidentes no arranjo fotovoltaico. (MARION et al., 2005). 𝑌𝐹 = 𝐸(𝑘𝑊ℎ𝐴 ) 𝑃𝑛𝑜𝑚(𝑘𝑊𝐷 ) (1) 𝑌𝑅 = 𝐻(𝑘𝑊ℎ/𝑚²) 1𝑘𝑊/𝑚² (2) 2.1.8.2 Taxa de desempenho A taxa de desempenho do sistema fotovoltaico é a relação entre a produtividade final e produtividade de referência, e representa o desempenho do sistema descontando perdas devido a alguns fatores como: degradação dos painéis, temperatura ambiente, poluição e sombreamento, perdas no inversor e nas conexões. Este índice pode ser calculado pela equação (3), sendo expresso em porcentagem. (MARION et al., 2005). Um valor padronizado que possibilita comparação com diferentes regiões é 75%, que representa o desempenho mínimo visto na maioria dos sistemas conectados implantados na Europa. (TIEPOLO et. al, 2014). 𝑃𝑅 = 𝑌𝐹 𝑌𝑅 (3) 45 2.1.8.3 Fator de capacidade O terceiro e último índice expressa capacidade de geração do sistema em relação a quantidade de energia que o sistema poderia gerar se operasse nas condições nominais, geralmente após um ano de operação. (ABINEE, 2015). O índice em porcentagem para um ano de operação pode ser calculado pela equação (4). Para os níveis de irradiação solar do Brasil, é desejável um fator de capacidade entre 13% e 18%. (BENEDITO, 2009). 𝐶𝐹 = 𝑌𝐹 8760 = 𝐸 𝑃𝑛𝑜𝑚 ∗ 8760 (4) 2.1.9 Retorno financeiro do sistema fotovoltaico O retorno financeiro de um sistema de microgeraçãofotovoltaico está atrelado ao custo da energia solar fotovoltaica que, por sua vez, depende das tarifas de energia elétrica, dos níveis de irradiância solar e do desempenho do sistema fotovoltaico. (ABINEE, 2015). Quanto maior a geração de energia nos módulos, maior o retorno financeiro convertido em créditos de energia e descontos na fatura de energia, devido a demanda de energia elétrica convencional que foi evitada. A concessionária local estabelece os prazos de validade para utilização dos créditos energéticos. Segundo publicação da concessionaria COPEL (2017), os créditos energéticos, são validos por sessenta meses, e são oferecidos ao consumidor que instalou um gerador de pequeno porte e que atende aos requisitos estabelecidos na resolução 482 da ANEEL. Os créditos podem ser utilizados para abater o consumo energético da própria unidade consumidora ou qualquer outra previamente cadastrada, desde que o titular seja o mesmo e que a unidade seja atendida pela mesma distribuidora, conforme estabelecido pela ANEEL em sua resolução nº 687 de 2015. (ANEEL, 2015). O faturamento mensal da unidade é feito como base nas tarifas homologadas pela ANEEL, mais os percentuais referentes a tributos estaduais como ICMS, e federais como PIS/PASEP e COFINS. Contudo, deve-se levar em conta se existe ou 46 não energia injetada na rede de distribuição durante o mês de referência. Quando existe energia injetada, a geração de energia é superior à demanda da unidade consumidora. Em contrapartida, quando a energia gerada em sua totalidade é autoconsumida pela própria unidade que a gerou é sinal que não houve injeção de energia. Quando existe energia elétrica sendo injetada na rede, só é passível de abatimento a parcela de energia referente a total consumida na unidade, descontado o valor mínimo faturável, conforme estabelecido na resolução normativa da ANEEL nº 414 de 2010. (ANEEL, 2010). No caso da COPEL, esse valor é discriminado na conta de energia como “custo de disponibilidade do sistema elétrico” e representa uma demanda de consumo de 50 kWh em residências com sistema de ligação bifásica. Sobre a energia autoconsumida, desde que superior ao consumo mínimo faturável, não existe qualquer tipo de cobrança, tarifação ou impostos, como informado pelo serviço de atendimento ao cliente COPEL. A parcela complementar da demanda energética que é atendida pela concessionária é cobrada de maneira convencional, incluindo a parcela destinada aos tributos. Sobre o faturamento da energia consumida e os créditos da energia injetada (COPEL, 2017): Mensalmente, a energia consumida na unidade consumidora proveniente da rede da COPEL é faturada com base na tarifa homologada pela ANEEL, acrescida dos tributos. Complementarmente, é creditado na fatura de energia o valor referente a energia injetada na rede, nos termos da ReN ANEEL 482/2012, calculado com base no valor da tarifa homologada pela ANEEL sem tributos. (COPEL, 2017). De acordo com ABINEE (2015), o retorno financeiro sob o ponto vista do consumidor pode ser analisado em termos de fluxo de caixa, como o apresentado na TABELA 2. O investimento consiste nos gastos de aquisição e instalação do sistema; a receita seria o lucro obtido pelo abatimento energético na fatura de energia e os impostos representam os tributos ICMS, PIS/PASEP e COFINS, comentados anteriormente. O termo O&M é referente ao custo anual de operação e manutenção do sistema. Usualmente, considera-se 1% do investimento inicial do sistema fotovoltaico. (ABINEE, 2015). 47 TABELA 2 – FLUXO DE CAIXA DO SISTEMA FOTOVOLTAICO Ano 0 1 2 3 ... 25 Fluxo de caixa - Investimentos Receita Receita Receita ... Receita - Impostos - Impostos - Impostos ... -Impostos - O&M - O&M - O&M ... - O&M FONTE: Adaptado de ABINEE, (2015). De acordo com os preços internacionais dos equipamentos que compõem um sistema fotovoltaico (como inversores e módulos), acrescidos de taxas de transporte e impostos de importação, obtém-se um preço nacionalizado próximo 7,19 R$/Wp, para sistemas de pequeno porte até 10kW. (ABINEE, 2015). Neste contexto, pode-se dizer que a relação custo/benefício de um sistema fotovoltaico conectado à rede depende fundamentalmente do retorno financeiro que ele proporciona, avaliado com base nas tarifas vigentes no momento da análise. Esta estimativa de retorno, diretamente relacionada ao desempenho do sistema, é possível com o conhecimento das seguintes informações: • Investimento financeiro no projeto fotovoltaico; • Energia produzida pelo sistema; • Demanda energética da unidade geradora; • Tarifa de utilização da energia elétrica da concessionaria; • Custo de disponibilidade do sistema elétrico; • Energia injetada na rede; • Custo de operação e manutenção do sistema fotovoltaico. A partir dessas informações, pode-se avaliar o quanto o sistema gerou de lucro mensalmente - proveniente dos créditos energéticos obtidos e descontos proporcionados pela redução da demanda energética mensal na fatura de energia. Por fim, pode-se realizar um levantamento anual do desempenho do investimento, considerando os custos de manutenção e operação do sistema, e concluir se a parcela de retorno condiz com o que era esperado no início da implementação do projeto. 2.2 NORMAS E REGULAMENTOS PARA SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 48 O conjunto de recomendações para avaliação da qualidade e desempenho dos sistemas fotovoltaicos de pequeno porte conectados à rede foi elaborado com base, principalmente, em resoluções, instrumentos regulatórios, normas regulamentadoras e normas técnicas nacionais/internacionais vigentes. São esses documentos que estabelecem as condições mínimas que um sistema fotovoltaico deve apresentar. Nesta seção são apresentados os documentos utilizados na construção do trabalho e um breve resumo sobre cada um. • Resolução normativa nº 482 da ANEEL, de 17 de abril de 2012: O conhecimento da resolução nº482 da ANEEL é de fundamental importância para qualquer estudo envolvendo microgeração distribuída, pois, foi a partir dela que se estabeleceram as condições mínimas de acesso à rede de distribuição por meio de fontes sustentáveis incentivadas pelo governo (solar, eólica, biomassa e cogeração). Também foi a partir dela que surgiu o sistema de compensação da energia gerada na unidade consumidora injetada na rede elétrica da concessionária de energia, bem como a redução no valor da tarifa referente à utilização do sistema de transmissão e distribuição. • PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional da ANEEL A ANEEL separou o PRODIST em 8 módulos. Porém, quando o assunto é acesso ao sistema de distribuição, ter ciência do módulo 3 do PRODIST é indispensável. Tal instrumento regulatório padroniza as condições de acesso ao sistema de distribuição através de definições de critérios técnicos e operacionais aplicáveis às unidades de microgeração novas e em operação; envolvendo a parte de conexão e utilização da rede elétrica. Segundo a resolução 482 da ANEEL, sobre a manifestação de vontade de uma unidade consumidora em se tornar geradora energética, a distribuidora deve considerar prazos dispostos no módulo 3 do PRODIST para fornecer maiores informações ou parecer de acesso. • NR-10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade O bem-estar de quem interage, direta ou indiretamente, com instalações e serviços com eletricidade deve ser assegurado. A NR-10 tem por objetivo atender 49 essa finalidade; estabelecendo requisitos e condições mínimas visando implementação de medidas de controle e prevenção, garantindo a segurança e saúde para quem a utiliza. Se aplica no segmento de geração, transmissão, distribuição e consumo, assim como, trabalhos realizados nas suas proximidades. • NBR 5410:2004– Instalações elétricas de baixa tensão As instalações elétricas, mesmo que alimentadas em baixa tensão (igual ou inferior a 1000 V), são obrigadas a atender um conjunto de condições que garantam a segurança de pessoas e animais que interajam com ela. O objetivo da NBR 5410 é estabelecer essas condições, garantindo também bom desempenho do sistema e conservação de seus componentes. • NBR 5419:2015 – Proteção contra descargas atmosféricas O sistema fotovoltaico não está livre de apresentar problemas decorrentes de descargas atmosféricas, uma vez que, os módulos possuem estruturas metálicas susceptíveis a circulação de corrente elétrica em caso de queda de raio nas proximidades. A NBR 5419 atua nessa questão ao fixar as condições necessárias de instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). • ABNT NBR 16149:2013 – Características da interface de conexão com a rede elétrica de distribuição Sistemas fotovoltaicos operando em paralelo com a rede de distribuição devem seguir recomendações específicas referentes à interface de conexão. Assim, é necessária uma norma que estabeleça os requisitos de proteção e compatibilidade do projeto com o sistema elétrico, são apontamentos acerca desse assunto que compõem a NBR 16149. • ABNT NBR 16150:2013 – Procedimento de ensaio de conformidade Esta norma, assim como a NBR 16149, trata das características da interface de conexão, desta vez voltada às especificações de procedimentos de verificação dos equipamentos empregados na interface de conexão do sistema fotovoltaico com a 50 rede de distribuição. O objetivo da NBR 16150 e seus procedimentos é verificar se os equipamentos atendem aos requisitos estabelecidos na norma anterior NBR 16149. • NBR 16274:2014 – Sistemas fotovoltaicos conectados à rede O funcionamento a nível apreciável de geração de energia de um sistema fotovoltaico acontece durante um longo período de tempo, geralmente, superior a duas décadas. Durante esse período, mudanças estruturais e elétricas alteram o desempenho do sistema, principalmente, quando comparado ao apresentado nos primeiros meses de operação. Nesse contexto é baseada a NBR 16274 que assegura o desempenho a longo prazo e a segurança do sistema e de obras a ele relacionadas. As diretrizes da norma são: requisitos mínimos de documentação, inspeções, ensaios de comissionamento e avaliação de desempenho. • ABNT NBR 11876: 2010 – Módulos fotovoltaicos Os módulos fotovoltaicos para uso em projetos de microgeração devem atender algumas exigências e respeitar alguns critérios fundamentais. Cabe a NBR 11876 fixar as condições e os critérios de aceitação de módulos de construção plana, sem concentradores, que utilizem como componentes ativos dispositivos fotovoltaicos que convertem diretamente a energia radiante em elétrica. • NBR IEC 60529 – Graus de proteção para invólucros de equipamentos elétricos Os invólucros de qualquer equipamento voltado para aplicação elétrica devem apresentar grau de proteção adequado, protegendo quem interage com esses equipamentos de choque elétrico por contato direto ou acidental. A NBR IEC 60529 estabelece o sistema de classificação de proteção desses invólucros para a maioria dos equipamentos elétricos. Contudo, é importante que o fabricante do equipamento também seja contatado para verificação do grau de proteção disponível, conforme consta na mesma norma. • IEC Standard 61724 – Photovoltaic system Performance monitoring O monitoramento do desempenho elétrico dos sistemas fotovoltaicos deve seguir uma linha de análise que permita que os resultados obtidos possam ser 51 comparados com outros sistemas implementados em locais com situações climáticas diferentes, com potenciais de geração diferentes, bem como aplicações diferentes. A norma internacional IEC 61724 descreve os procedimentos adequados para análise do desempenho geral de sistemas fotovoltaicos configurados como isolados e conectados à rede de distribuição. • NTC 901100 – Fornecimento em tensão secundária de distribuição As concessionárias locais de energia elétrica também possuem normas que devem ser seguidas por todas as unidades consumidoras atendidas por ela. Um exemplo disso é a norma técnica da Companhia Paranaense de Energia (COPEL) NTC 901100 que estabelece as condições gerais de fornecimento de energia elétrica para as unidades atendidas em tensão secundária pela companhia. A norma se aplica a instalações novas, reformas e/ou ampliações que compõe as entradas de serviço das unidades consumidoras. Em caso de divergências entre essa norma e alguma norma brasileira prevalecerá sempre as condições estabelecidas em normas brasileiras (pois normas locais podem sofrer modificações a qualquer momento, no todo ou em parte). • NTC 905200 – Acesso de micro e minigeração distribuída ao sistema da COPEL Assim como a NTC 901100, a NTC 905200 trata-se de uma norma técnica local. Seu objetivo é fornecer as condições mínimas de acesso de fontes de geração de energia elétrica incentivadas, como a solar fotovoltaica, através de unidades consumidoras que pretendem participar do sistema de compensação de energia elétrica, conforme estabelecido na Resolução normativa nº 482 da ANEEL. A norma se aplica a unidades que possuem um sistema de geração autônomo que se enquadra na categoria de micro e minigeração. A elaboração desta norma levou em consideração critérios técnicos, de proteção e de segurança, bem como os procedimentos apresentados no PRODIST. 52 3 MATERIAIS E MÉTODOS Neste capitulo serão apresentados os materiais e métodos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho. 3.1 MATERIAIS Dentre os materiais utilizados para o trabalho estão os softwares e recursos online, instrumentos de medição e EPIs. Os softwares foram principalmente utilizados para cálculos, edição de texto e organização do trabalho. Apesar de alguns deles necessitarem da compra de uma licença, podem ser encontrados software similares e gratuitos. • Microsoft Excel: Foi utilizado o software Microsoft Excel, da Microsoft Office 365, para organização de dados e cálculos envolvidos no trabalho. • Radiasol: Foi utilizado o software Radiasol 2 desenvolvido pelo LABSOL da Escola de Engenharia da UFRGS para calcular a irradiação solar no plano inclinado. Está disponível no site <http://www.solar.ufrgs.br/>. • Mendeley: É um software da Elsevier para gerenciar referências e trabalhos acadêmicos, contribuindo para organização da pesquisa. Foi utilizado o software Mendeley Desktop, versão 1.17.9. • EndNote: O EndNote, versão X7.5 é um software para gerenciamento de bibliografias, citações e referências. Para verificar a aceitação dos especialistas da área com relação ao conjunto de recomendações, foi utilizado o recurso online da Google Inc., o Google Forms (ou Google Formulários). No estudo de caso, para realizar a inspeção e avaliação da qualidade e do desempenho do sistema fotovoltaico foram necessários os EPIs e ferramentas fornecidos pela Suinfra UFPR. 53 • Escada extensível 9 m: escada de fibra e extensível até 9 m com degraus de alumínio. FIGURA 25 – ESCADA EXTENSÍVEL FONTE: Os autores (2017). • EPI de retenção de queda: equipamento constituído de cinturão paraquedista e talabarte de segurança. FIGURA 26 – EPI DE RETENÇÃO DE QUEDA FONTE: Os autores (2017). • Capacete: capacete com aba frontal e casco de polietileno de alta densidade. FIGURA 27 – CAPACETE FONTE: Os autores (2017). 54 Dentre os instrumentos de medição, tem-se: • Transferidor: medição da inclinação dos painéis fotovoltaicos foi necessário o uso do transferidor. FIGURA 28 – TRANSFERIDOR FONTE: Os autores (2017). • Bússola: na verificação da orientação e desvioazimutal dos painéis fotovoltaicos foi utilizada uma bússola. FIGURA 29 – BÚSSOLA FONTE: Os autores (2017). • Piranômetro Para os cálculos dos índices de desempenho foram utilizados os dados fornecidos pelo INMET por meio do piranômetro termoelétrico, que mede a radiação solar global a cada hora em unidades de kJ/m² no plano horizontal. 55 FIGURA 30 – PIRANÔMETRO TERMOELÉTRICO FONTE: Os autores (2017). 3.2 MÉTODOS Com base nos regulamentos, normas nacionais e internacionais, normas técnicas das concessionárias de energia elétrica, bem como os artigos e trabalhos acadêmicos apresentados no capítulo anterior, foi possível elaborar cada item do conjunto de recomendações para avaliar o desempenho geral de sistemas fotovoltaicos de microgeração com potência de até 10 kW conectados à rede de distribuição – sem fazer uso de instrumentos de medição complexos e de alto custo. Primeiramente, foram elaborados os itens qualitativos e quantitativos com relação ao projeto do sistema fotovoltaico e, posteriormente, para os campos de instalação, elétrica, segurança e saúde e, por fim, de manutenção. Após a conclusão da elaboração dos itens foi realizada uma pesquisa com o intuito de verificar a opinião de especialistas com relação ao correto uso e seleção de procedimentos e recomendações para análise de qualidade e desempenho geral de sistemas fotovoltaicos de microgeração com potência até 10 kW conectados à rede de distribuição. Para verificar a aceitação dos itens foi utilizado o cálculo dos índices de concordância, também encontrados na literatura como Inter-Rater Reliability, ou, simplesmente, IRR. O material submetido à avaliação foi uma pesquisa que contou com várias sugestões de recomendações de análise, cada uma oferecendo cinco alternativas de escolha: concordo plenamente, concordo parcialmente, não concordo nem discordo, discordo parcialmente e discordo plenamente. 56 Se houver um consenso entre os professores e especialistas, o índice de concordância ou IRR é igual 100%, e se houver total discordância o índice de concordância é igual a zero. Se algum item for reprovado é necessário alterá-lo ou excluí-lo e realizar uma nova rodada de pesquisa com os mesmos especialistas. Se todos os itens forem aprovados, os itens poderão ser utilizados no trabalho. Existem vários métodos para calcular o IRR, de aplicações mais simples a mais complexas, selecionados de acordo com o tipo dos dados e número de especialistas que fazem parte do corpo de julgadores. O método selecionado para a presente pesquisa é caracterizado como simples e explicado na seção seguinte. Assim, a próxima etapa para o desenvolvimento do conjunto de recomendações foi transformá-lo em uma lista de verificações (checklist), sendo dividido em três partes: • Lista de verificações: composto de itens para marcar se o item é satisfatório, a partir, de opções como sim, não e não se aplica. • Lista de procedimentos: lista com o intuito de promover a escolha da alternativa mais adequada para cada item e para o sistema fotovoltaico em análise. • Lista de recomendações: constam as medidas preventivas e corretivas, ações fundamentais de um sistema conectado à rede e informações adicionais. Finalmente, o conjunto de requisitos em formato de lista de verificação foi aplicado ao estudo de caso do sistema fotovoltaico do DELT UFPR. O protocolo para o estudo de caso foi baseado no trabalho de Yin (2001). De acordo com Yin (2001), é preciso primeiramente ter uma visão geral do projeto de estudo de caso. Por isso, no decorrer do estudo de caso é necessário em todas as etapas rever o tema, o problema, hipóteses e objetivos, assim como o estudo do objeto em análise (que neste trabalho é o sistema fotovoltaico do DELT UFPR). Yin (2001) também recomenda a criação de um procedimento de campo que verifica três pontos importantes: verificar previamente se é necessário credenciais ou permissão de acesso para o local de estudo de caso; como serão aplicadas as questões de estudo de caso; quais são os EPIs e instrumentos para o estudo. Dessa forma, a utilização dos métodos e procedimentos elaborados por Yin (2001) torna científico a aplicação do estudo de caso. 57 3.2.1 Nível de aceitação dos requisitos por parte dos especialistas O método adotado para avaliação das recomendações foi semelhante ao apresentado por James, Demaree e Wolf (1984). As respostas dadas pelos especialistas formam o censo estatístico, e o julgamento de cada recomendação (com base em índices de concordância) são avaliados como uma função de duas variâncias: a observada na escolha das alternativas e a esperada na condição de um IRR igual a zero. O cálculo de índices de concordância é realizado com base em valores discretos. À vista disso, a variância observada seria aquela obtida a partir das escolhas dos indivíduos que responderam a pesquisa, ou seja, a variância convencional de um conjunto de valores. A variância esperada para um IRR igual a zero seria aquela, observada na situação de total discordância dos indivíduos, onde cada um escolhe uma alternativa diferente na avaliação da recomendação. Considerando que cada alternativa tem peso igualitário, tem-se um julgamento seguindo uma distribuição uniforme. A variância observada na escolha das alternativas pode ser calculada pela fórmula convencional de variância usada na estatística. A variância esperada para cada recomendação pode ser calculada usando a equação de variância para distribuição uniforme ou retangular: (Mood; Graybill; Boes, 1974). 𝑠2 = ∑(𝑥 �̅�)² (𝑛 1) (5) onde: 𝑠2 é variância observada; 𝑥 é o valor atribuído a alternativa selecionada na pesquisa; �̅� é a média de todas as alternativas selecionadas; 𝑛 é o número de avaliações. 𝜎2 = (𝐴2 1) 12 (6) onde: 𝜎2 é a variância esperada de uma distribuição uniforme; 𝐴 é número de alternativas para cada recomendação. 58 O critério de escolha das melhores recomendações é por meio do coeficiente de confiabilidade (IRR), que oferece a proporção da variância não variável, calculável por meio de equação (7), proposta por Finn (1970). 𝑟 = 1 (𝑠2/𝜎2) (7) Para que a recomendação de análise seja aceita, o coeficiente de confiabilidade deve ser superior a 0,70 ou 70%. 59 4 CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES 4.1 ITENS DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES A seguir, serão apresentados a explicação e os procedimentos de cada item do conjunto de recomendações classificados em: projeto, instalação, elétrica, segurança e saúde e manutenção. 4.1.1 PROJETO Na avaliação do desempenho de um sistema fotovoltaico é necessário verificar questões de projeto, de equipamentos, acessórios e cabos utilizados. Dessa forma, foram elaborados 6 itens: 1. O sistema fotovoltaico deve conter diagrama unifilar e memorial descritivo da instalação. O início de operação de um sistema fotovoltaico conectado à rede acontece quando a documentação mínima após a instalação é fornecida para o responsável do projeto. Para sistemas de microgeração, a documentação mínima que deve ser fornecida após instalação ser concluída são: diagrama unifilar (contemplando geração, proteção, inversor e medição) e memorial descritivo do projeto, segundo a ABNT NBR 16274 (ABNT, 2014), NTC 905200 (COPEL, 2017) e PRODIST módulo 3 (ANEEL, 2016). A inspeção dos documentos é a primeira etapa para a avaliação conjunta do sistema, uma vez que, se não for atendido, o sistema não se encontra regularizado com a concessionária de energia e não satisfaz as condições mínimas exigidas para o acesso à rede de distribuição. 2. Os equipamentos instalados conferem, em número e características, com os informados no projeto. Afim de analisar se o sistema fotovoltaico apresenta desempenho apreciávele que todos os elementos do sistema contribuem de maneira satisfatória, o ideal seria analisar se a instalação ainda apresenta a configuração especificada no projeto e se não sofreu alterações não declaradas ao longo do tempo, de forma que impactem no 60 desempenho geral do sistema, conforme consta na seção de inspeção da ABNT NBR 16274 (2014). Por meio de inspeções visuais e da consulta das folhas de projeto, é necessário a verificação, principalmente, das características e das quantidades dos equipamentos, como, por exemplo, do inversor e dos módulos fotovoltaicos. 3. Os cabos e suas conexões utilizados no projeto estão protegidos e resistem às influências externas, como vento, a temperatura e a radiação ultravioleta e apresentam resistência contra roedores. Apesar da boa prática de evitar a exposição dos cabos e conexões ao sol e chuvas, em determinados casos podem estar expostos a variações climáticas, a exposição à radiação ultravioleta e também podem estar sujeitos a comportamentos de natureza destrutiva de algumas espécies do mundo animal, como os roedores. (SPERTINO; CORONA, 2013). Conforme abordado na norma ABNT NBR 16274 (2014), é importante analisar se o fabricante das especificações técnicas dos cabos utilizados na instalação garante a proteção necessária contra esses fenômenos destrutivos. 4. O inversor utilizado possui certificação do INMETRO (sistema de energia fotovoltaico até 10 kW) Em sistemas fotovoltaicos, cuja potência nominal é inferior a 10 kW, apenas é autorizado a utilização de inversores certificados pelo INMETRO. Para verificar se o modelo está listado no INMETRO basta acessar o endereço eletrônico do instituto. A solicitação de acesso à rede de distribuição só é permitida mediante a apresentação do número de registro da certificação, segundo a Portaria do Inmetro nº 17 de 14 de janeiro de 2016. (INMETRO, 2016). 5. O projeto do sistema fotovoltaico foi desenvolvido em área segura, considerando localização e dimensionamento de seus componentes. De acordo com a NR-10 (2014), o projeto deve proporcionar uma localização adequada para todos os elementos que o compõe. Devem ser verificadas a que tipo de influências externas o sistema está exposto e que afetam o seu funcionamento adequado, no que se refere a operação, limpeza e manutenção do sistema. 61 Assim, recomenda-se as seguintes verificações: existência de locais propícios ao acúmulo de água, inclusive nos painéis fotovoltaicos; se partes do sistema responsável pelo controle e condicionamento de potência estão expostas a chuva e outras situações adversas, como umidade e poeira; se o local da instalação possibilita acesso seguro à limpeza e manutenção, com facilidade de locomoção sob o telhado e sem uso de equipamentos auxiliares, como: andaimes, plataformas elevatórias, dentre outros. 6. Os módulos instalados são do mesmo fabricante e mesma potência nominal. O arranjo fotovoltaico deve ser composto por módulos fotovoltaicos de mesma potência elétrica nominal, de mesmas características elétricas e mesmo fabricante. Caso a recomendação não seja cumprida, acarretará em limitações de tensão e corrente nos terminais de saída dos módulos, além de uma disparidade na qualidade e vida útil dos equipamentos que compõem o sistema, de acordo com o manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. (GTES, 2014). 4.1.2 INSTALAÇÃO É essencial a verificação da condição da instalação do sistema fotovoltaico, influenciando diretamente no desempenho do sistema e/ou a acessibilidade do indivíduo responsável pelo mesmo. 7. Existência de ventilação no arranjo fotovoltaico. Células fotovoltaicas operando sob temperatura elevada apresentam eficiência reduzida e esse é um dos principais problemas de sistemas fotovoltaicos instalados em países tropicais, o que torna indispensável um ambiente bem arejado no local onde se encontram os módulos. (SPERTINO; CORONA, 2013). Portanto, a forma com que os painéis e a estrutura fotovoltaica foram implementados devem favorecer a ventilação natural, assim como não devem haver a existência de obstáculos e elementos arquitetônicos que bloqueiem a circulação do ar ou a troca de calor com o arranjo. Esses pontos devem ser verificados em toda inspeção do sistema fotovoltaico, conforme apresentado na ABNT NBR 16274 (2014). 62 8. A estrutura metálica de suporte é a prova de corrosão. A estrutura do arranjo fotovoltaico deve apresentar resistência à corrosão devido às chuvas ácidas e a oxidação; um dos requisitos apresentados na ABNT NBR 16274 (2014). Caso contrário, resultará em uma perda de resistência mecânica para suportar o peso dos painéis fotovoltaicos. 9. Acessibilidade e conectividade ao datalogger do inversor. Todo sistema fotovoltaico conectado à rede deve conter um sistema robusto de armazenamento de informações referentes ao funcionamento do sistema. O acesso ao banco de dados (necessário para avaliação do desempenho elétrico do sistema) deve ser facilitado ao ponto de o responsável pelo sistema ser capaz de realizar a coleta das informações sem muitos problemas. O datalogger em si não prejudica o desempenho, mas a dificuldade de acessar as informações armazenadas no componente atrapalha, imensamente, uma análise qualitativa do sistema. Assim, o acesso aos dados de geração do sistema deve estar disponível de maneira simples e amigável para qualquer pessoa que tenha o desejo de realizar a coleta dessas informações; fisicamente por meio de uma interface USB ou por meio de acesso online. 10. A instalação correta do sistema fotovoltaico, levando em consideração: orientação, inclinação e desvio azimutal. Com base no GTES (2014), para o máximo aproveitamento do recurso solar disponibilizado no local da instalação, algumas premissas devem ser levadas em conta no momento da implementação do projeto. Uma avaliação dos critérios adotados pelo projetista no que se refere a configuração dos elementos primários é importante, uma vez que toda região tem um perfil ideal de instalação. Consequentemente, o ângulo de inclinação dos módulos fotovoltaicos deve ser adequado para a região (sendo que o ideal é que a inclinação seja igual a latitude do local), e a orientação dos módulos deve ser voltada para o Equador com desvio azimutal pequeno. 63 FIGURA 31 – MEDIÇÃO DE INCLINAÇÃO (TRANSFERIDOR) FONTE: Os autores (2017). Para o cálculo da inclinação, deve-se utilizar um inclinômetro ou um transferidor. No caso do transferidor, seguir o esquema da FIGURA 31. O ângulo de inclinação é determinado pela equação (8) na FIGURA 32. Esse ângulo pode variar 5° em relação ao determinado no projeto. Além disso, recomenda- se que para facilidade da limpeza natural com água da chuva, os painéis fotovoltaicos tenham inclinação igual ou maior que 10°. 𝐴𝑛𝑔 𝑖𝑛𝑐 = |90 𝛼| (8) FIGURA 32 – MEDIÇÃO DE INCLINAÇÃO COM TRANSFERIDOR FONTE: Os autores (2017). Para verificação da orientação e desvio azimutal, são necessários os seguintes passos: o Encontrar as coordenadas do sistema fotovoltaico (recomenda-se o uso Google Maps); 64 o Inserir coordenadas na webpage do NOAA <https://www.ngdc.noaa.gov/geomag-web/> para obter o valor da declinação magnética. o Utilizar uma bússola para descobrir o desvio em relação ao Norte magnético (ou Sul magnético). Nesta mesma etapa, é possível descobrir se a orientação dos painéis está para o Norte ou Sul. o Subtrair o desvio em relação ao Norte magnético (ou Sul magnético) com o valor da declinação magnética para Oeste. Se a declinação magnética estiver para o Leste, deve-se somar. o O resultado da operação anterior é o desvio azimutal. 11. Regiões em que são necessários maiores cuidados do sistema fotovoltaico. A região é um fator importante para verificação da qualidadee desempenho de um sistema fotovoltaico. Foram selecionadas duas principais regiões em que são necessários maiores cuidados do sistema fotovoltaico: o Região árida ou semiárida: Com um baixo índice pluviométrico, há um acúmulo de sujeira maior e mais rápido nos painéis fotovoltaicos, necessitando de limpezas frequentes (3 a 4 ao ano). Além disso, em razão das altas temperaturas da região, os equipamentos de condicionamento de potência devem estar em um local bem ventilado. o Região costeira ou litorânea: Se comparado com outras regiões, o processo de corrosão dos metais ocorre de forma mais rápida, devido ao fenômeno conhecido por maresia. Dessa maneira, deve-se verificar com maior frequência, as partes metálicas do sistema fotovoltaico. o Região industrial ou com altos níveis de poluição atmosférica: Cidades industriais ou regiões com altos níveis de poluição do ar possuem certos óxidos na atmosfera que dão origem às chuvas acidas. Isso provoca corrosão dos materiais em geral e, por isso, deve-se verificar, frequentemente, as partes do sistema fotovoltaico que ficam expostas à chuva (principalmente os painéis fotovoltaicos). 65 4.1.3 ELÉTRICA O desempenho elétrico é um dos itens fundamentais e mais estudados na avaliação de um sistema fotovoltaico. É diretamente relacionado com a eficiência, geração e índices de mérito. 12. A avaliação das condições de sombreamento. O sombreamento sobre os módulos fotovoltaicos, cuja origem pode ser diversa, necessita ser considerado e, periodicamente, inspecionado, pois se trata de um fator predominante na análise de desempenho elétrico de um sistema fotovoltaico. Contudo, se trata de um fenômeno complexo de ser analisado em toda sua extensão. Uma alternativa é a análise dos efeitos do sombreamento com base em focos de sombras em um instante específicos, com duração bem delimitada e que apresenta mesmo comportamento ao longo dos dias; situação enfrentada por Balafas et. al (2010). Dessa forma, por meio de sucessíveis análises comparativas entre os gráficos de geração energética em função das horas do dia e tendo conhecimento de um gráfico típico de geração energética em um dia limpo e sem sombreamento (GRÁFICO 1), deve-se procurar por semelhanças na queda de rendimento do sistema em um espaço de tempo bem delimitado, característico de sombreamento originado por algo fixo entre o sol e a superfície dos módulos. GRÁFICO 1 – GRAFICO TÍPICO DE GERAÇÃO ENERGÉTICA FONTE: Os autores (2017). En er gi a ge ra d a (k W h ) Tempo (h) Gráfico típico de geração energética para um dia limpo e sem sombreamento 66 13. Verificação da taxa de desempenho. A taxa de desempenho, tópico visto na seção 2.1.8.2, é um dos indicadores globais de sistemas fotovoltaicos vinculado a um período de tempo, que representa o desempenho do sistema descontando perdas. O cálculo da taxa de desempenho deve seguir uma série de etapas e, como visto na seção 2.1.8.2, o ideal é que o resultado seja 0,75 ou superior. O valor representa o desempenho mínimo visto na maioria dos sistemas conectados implantados internacionalmente. Abaixo estão apresentadas as etapas para o cálculo da taxa de desempenho, considerando uma análise de desempenho mensal: o Coleta dos dados de irradiação solar em unidade de kWh/m² no plano inclinado dos módulos fotovoltaicos durante o mês de referência por meio de sensores instalados no mesmo plano dos módulos ou via estação meteorológica mais próxima. Se os dados de irradiação solar forem obtidos por meio de estações meteorológicas, precisam ser convertidos do plano horizontal para o plano inclinado através de ferramentas computacionais de tratamentos de dados, como o Radiasol. o Calculo da produtividade final por meio da equação (9), adotando um período de análise de um mês. 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝐸 𝑃𝑛𝑜𝑚 (9) onde, 𝐸 é a energia gerada no mês de referência em [𝑘𝑊ℎ𝐴 ]; 𝑃 é a potência nominal do bloco gerador em [𝑘𝑊𝐷 ]. o Cálculo da produtividade de referência por meio da equação (10), representando a relação entre a irradiação solar no plano dos módulos ao longo do mês sob análise e a irradiância de referência do arranjo fotovoltaico, sendo esta 1000 W/m². 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 𝐻 1000 (10) onde 𝐻 é a irradiação solar no plano dos módulos ao longo do mês em [𝑘𝑊ℎ/𝑚²]. o Cálculo da taxa de desempenho do sistema fotovoltaico, equação (11), que é a relação entre a produtividade final e produtividade de referência. 67 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑝𝑒𝑛ℎ𝑜 = 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑓𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎 (11) 14. Verificação do fator de capacidade. O fator de capacidade é um outro indicador de desempenho de sistemas fotovoltaicos vinculado a um período de tempo. Representa a capacidade de geração do sistema em relação a quantidade de energia que o sistema poderia gerar se operasse nas condições nominais. Pode ser obtida a partir da produtividade final, calculada em uma das etapas da taxa de desempenho. Como visto anteriormente na seção 2.1.8.3, o fator calculado do sistema fotovoltaico deve estar entre 13% a 18%, considerando as taxas de insolação no Brasil. É calculado pela relação entre a produtividade final e a quantidade de horas do mês de referência, como visto na equação (12). Fator de capacidade = Prod. final 24 ∙ (dias do mês de referência) (12) 15. Análise do custo/benefício do sistema fotovoltaico, considerando o desempenho elétrico do sistema, o preço da energia e a economia obtida nos anos de operação. A partir do desempenho apresentado pelo sistema durante o período em que esteve em operação e do valor da tarifa energética durante esse período, é possível realizar um levantamento do retorno financeiro obtido com a economia na conta de energia e os créditos energéticos obtidos pela injeção de energia na rede de distribuição da concessionaria. Lembrando que só existe compensação energética e obtenção de créditos quando a demanda da unidade consumidora é superior ao valor mínimo mensal faturável, conforme apresentado na seção 2.1.9. Com isso, é possível concluir se o projeto apresentou um retorno financeiro considerável se comparado ao investimento inicial. A seguir, serão apresentadas as etapas para o levantamento do retorno financeiro, considerando uma análise mensal: 68 o Estimativa do custo do investimento inicial do sistema, com base nos valores nacionalizados do custo da energia fotovoltaica por Wp, apresentado na seção 2.1.9. o Cálculo do custo médio anual com operação e manutenção do sistema, considerando esse valor como 1% do investimento inicial, conforme apresentado na seção 2.1.9. o Levantamento mensal da energia elétrica gerada pelo sistema fotovoltaico. o Verificação do consumo energético durante o mês. (Importante que haja diferença positiva entre a energia consumida no mês e o custo de disponibilidade para haver compensação). o Cálculo da energia passível de compensação: diferença entre a energia consumida no mês e o custo de disponibilidade. o Obtenção das tarifas energéticas referente ao valor unitário do kWh dos meses sob análise, com tributos e sem os tributos. o No caso de a energia gerada ser inferior a energia passível de compensação (autoconsumo): Cálculo da economia na conta referente a energia gerada no mês sob análise, com base na tarifa com os tributos. o No caso de a energia gerada ser superior a energia passível de compensação (energia injetada na rede): Cálculo da economia na conta referente à energia passível de compensação no mês sob análise com base na tarifa com os tributos e cálculo dos créditos energéticos obtidos com energia injetada na rede, com base na tarifa sem os tributos. o Cálculoda economia líquida anual no período em que o sistema esteve em operação, obtido por meio da economia mensal na conta de energia ao longo do ano, acrescido dos créditos energéticos fornecidos pela concessionaria pela injeção de energia na rede, descontando os custos anuais de operação e manutenção do sistema. 69 4.1.4 SEGURANÇA E SAÚDE É necessário o estabelecimento de um conjunto de procedimentos e requisitos em instalações elétricas e serviços com eletricidade afim de garantir a segurança e saúde do indivíduo responsável pelo sistema fotovoltaico. Os itens aqui classificados foram baseados em normas NBR, normas técnicas de concessionárias de energia e na NR-10. 16. Inspeção das ligações elétricas e componentes do sistema de proteção, incluindo o SPDA (caso tenha), malha de aterramento, e aterramento de todo sistema fotovoltaico. O sistema de aterramento não apenas é fundamental para a segurança dos trabalhadores, evitando choques elétricos, como também para o próprio sistema fotovoltaico, evitando danos provenientes de curtos-circuitos ou descargas atmosféricas, ABNT NBR 5419 (2015). As normas ABNT NBR 5410 (2004) e NTC 901100 (COPEL, 2016) estabelecem que todas as massas da instalação situadas na mesma edificação devem estar vinculadas a mesma equipotencialização principal, isto é, o SPDA, o aterramento das cargas da edificação, das carcaças dos equipamentos, dos quadros e do sistema fotovoltaico (estrutura metálica de suporte dos painéis fotovoltaicos, sistema de controle e condicionamento de potência, DPS classe 1 ou 2 no lado c.c. e c.a., DR) devem estar conectados eletricamente por condutores (ou barramento) de proteção. Este último, deve estar ligado a uma única haste ou malha de aterramento. 17. O local físico onde estão instalados os controles, equipamentos de condicionamento de potência e instrumentos de medição não é utilizado como local de armazenamento de materiais e não permite o acesso de pessoal não autorizado. A NR-10 (2014) veta que o local físico onde estão instalados os controles, equipamentos de condicionamento de potência e instrumentos de medição, (considerado, portanto, como local de serviços e instalação elétrica), seja utilizado para armazenamento ou guarda de quaisquer objetos. 70 Além disso, é exigida a existência de placa de advertência na entrada do local com mensagens de restrição de acesso e risco de choque elétrico, bem como a presença de fechadura ou trava na entrada do local, permitindo apenas acesso de pessoas autorizadas. 18. Nas atividades e trabalhos no local da instalação, são adotadas medidas preventivas para eliminação de risco, como: altura, confinamento, umidade e poeira. De acordo com a NR-10 (2014), os painéis fotovoltaicos devem considerar espaço seguro, permitindo a realização de manutenções com segurança. É aconselhável que os painéis tenham fácil acessibilidade e sempre lembrando do uso dos EPIs adequados. Caso os painéis estejam localizados em uma estrutura alta, expondo o indivíduo ao risco de queda, como um telhado, devem ser instalados pontos de ancoragem para fixar o EPI de retenção de queda. Outra medida preventiva para segurança e saúde dos trabalhadores é a ventilação adequada (seja ela forçada ou natural) do local onde estão instalados os controles, equipamentos de condicionamento de potência e instrumentos de medição. Locais não ventilados podem ser prejudiciais à saúde, pois aumenta a probabilidade de acúmulo de poeira e de umidade causando a proliferação de fungos. 4.1.5 MANUTENÇÃO As manutenções no sistema fotovoltaico são importantes para manter ou melhorar o seu desempenho, assim como reduzir ao máximo o número de interrupções da geração de energia devido a problemas técnicos. Entretanto, caso a manutenção tenha contato direto com a eletricidade, recomenda-se que seja feita por um especialista da área. 19. Sombreamento sobre os painéis fotovoltaicos causado pelo crescimento de vegetação em torno da edificação. O sombreamento nos painéis influência diretamente no desempenho do sistema fotovoltaico, resultando em diminuição da geração de energia elétrica ou até aquecimento das células fotovoltaicas (em caso de sombreamento parcial). Por isso, 71 é necessário efetuar verificações periódicas das vegetações próximas dos painéis que possam provocar sombreamento nos mesmos, e então, realizar a sua poda. FIGURA 33 – SOMBREAMENTO NOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS FONTE: Os autores (2017). 20. Peças e parafusos soltos nas estruturas de suporte dos módulos e das fixações dos sensores. É importante verificar se as peças e parafusos não estão soltos ou afrouxados nas estruturas e fixações, resultado da aplicação de torque inadequado ou difícil acesso da ferramenta de aperto. A medida corretiva neste caso é identificar as peças e parafusos soltos, apertá-los com uma ferramenta adequada, e caso necessário, lubrificá-los. 21. Presença de cabos, conexões e conectores danificados. Cabos, conexões e conectores danificados podem causar falhas no sistema fotovoltaico, tais como: interrupções da geração de energia elétrica e risco de choque elétrico às pessoas. (SPERTINO; CORONA, 2013). Os roedores podem ser agentes responsáveis por danificar os cabos, caso não sejam projetados para resisti-los. Também pode existir a possibilidade de uma prensagem dos cabos, conexões ou conectores, originando o rompimento dos fios elétricos ou do isolamento do cabo, ou quebra das conexões/conectores. A ação corretiva para esses componentes danificados é substituí-los. 72 22. Os componentes metálicos de todo o sistema fotovoltaico não apresentam oxidação. A oxidação é prejudicial à maioria dos objetos ou estruturas metálicas. No caso dos sistemas fotovoltaicos, a oxidação pode ocorrer nas conexões ou barramentos elétricos, podendo resultar em mal contato elétrico e, assim, possíveis falhas no sistema de proteção ou geração. Também pode estar presente nas estruturas de suporte ou fixação. Se tal dano (ferrugem nos metais) for identificado após inspeção visual, uma lixa fina basta para remover o detrimento. Após a remoção da ferrugem, deve-se aplicar o líquido neutralizador de ferrugem, e posteriormente, realizar a pintura antioxidante do metal. Em casos extremos, realizar a substituição do elemento de metal. 23. As tampas de caixas, quadros de distribuição e entradas de cabos não possuem infiltração de água. A infiltração de água pelas tampas de caixas, nos quadros de distribuição e entradas de cabos podem provocar curtos-circuitos e, consequentemente, danos ao sistema, como também, maior suscetibilidade dos componentes metálicos a oxidarem. Assim, deve-se verificar se as borrachas de vedação estão hidratadas e se não há rachaduras na carcaça das caixas e quadros. 24. Com relação ao inversor: a carcaça não apresenta descoloração nem rachaduras, e o sistema de ventilação forçada está limpo. A descoloração da carcaça do inversor, geralmente de plástico, indica sua exposição aos raios solares, e dessa forma, o inversor pode estar operando em altas temperaturas, diminuindo a sua eficiência. Nestes casos, é recomendado que o reinstale em um espaço seguro sombreado, bem ventilado e seco. A ventilação forçada suja também pode ser um fator que contribui para o aumento da temperatura do inversor. Aconselha-se a limpeza das pás do ventilador e do dissipador de calor devido ao acúmulo de poeira. 25. Possui presença de poeira, fezes de pássaros e/ou detritos nos painéis fotovoltaicos. 73 Segundo GTES (2014), os painéis fotovoltaicos devem estar limpos sem presença de partículas que bloqueiem os raios solares até as células fotovoltaicas, pois quando sujos podem ter a geração de energia reduzida em até 25%. Assim, recomenda-se que os painéis sejam lavadosda seguinte forma: o Utilizar apenas água; o Em situações em que a sujeira no painel persiste, normalmente utiliza- se um pano, escova ou esponja macia, realizando movimentos circulares e sem aplicar pressão sob o vidro; o É aconselhável que a limpeza seja feita no início da manhã ou à noite, pois durante o dia com sol, os painéis podem estar quentes e sofrerem um choque térmico devido a água da limpeza; o Em relação a frequência de limpeza, pode ser realizada duas vezes ao ano, sendo uma delas na primavera ou verão. 26. Há evidências de rachaduras e descoloração das células fotovoltaicas. As rachaduras no vidro dos painéis fotovoltaicos podem ser causadas pelos choques térmicos (devido a limpeza dos painéis com água durante o dia com sol) ou impactos mecânicos (como chuva de granizo). Já, a descoloração é consequência do painel estar próximo da sua vida útil (geralmente de 25 anos). Em ambas as situações é necessário a substituição do painel. 27. As células fotovoltaicas estão bem vedadas, não havendo infiltração de ar ou água. Devido a um defeito de fábrica ou com o passar do tempo, as vedações das células fotovoltaicas podem estar comprometidas, havendo, então, uma infiltração de ar ou água. Isso pode provocar um bloqueio dos raios solares e também danos irreversíveis às células fotovoltaicas. Com base nisso, é preciso realizar a troca do painel. 28. Os motores em seguidores solares estão lubrificados. Quando os painéis possuem seguidores solares é necessário realizar as lubrificações dos motores e engrenagens pelo menos anualmente, pois reduz a fricção 74 e o desgaste das peças metálicas, além de proteger da oxidação. (SPERTINO; CORONA, 2013). 4.2 MODO DE UTILIZAÇÃO DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES O conjunto de recomendações foi desenvolvido no formato de uma lista de verificações (checklist) que consiste em três partes: lista de verificações, lista de procedimentos e lista de recomendações. Na lista de verificações, com base nos itens para avaliação e desempenho do sistema fotovoltaico, o indivíduo deve marcar apenas uma das alternativas, sendo elas: sim, não ou não se aplica. Para uma melhor orientação e explicação de cada item, foi desenvolvido a lista de procedimentos, auxiliando, portanto, o indivíduo na escolha da alternativa mais adequada para cada item e para o sistema fotovoltaico em análise. Ao responder e finalizar a lista de verificações, deve-se consultar a lista de recomendações, onde constam as medidas preventivas e corretivas, ações fundamentais de um SFVCR e informações adicionais. 4.3 VERIFICAÇÃO DA ACEITAÇÃO DO CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES PELOS ESPECIALISTAS O corpo de julgadores foi composto por 6 integrantes, dentre eles os professores e especialistas da área. As alternativas selecionadas por todos eles estão apresentados na TABELA 3. Como cada recomendação contou com 5 alternativas de avaliação, os valores presentes na TABELA 3 deverão estar na faixa de 1 a 5, como observado abaixo: 5. Concordo plenamente; 4. Concordo parcialmente; 3. Não concordo nem discordo; 2. Discordo parcialmente; 1. Discordo plenamente. 75 TABELA 3 – AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS Recomendações Especialistas 1 2 3 4 5 6 1 5 5 5 5 5 5 2 5 5 5 5 5 5 3 5 5 5 4 4 5 4 5 4 5 3 4 4 5 5 5 4 4 5 4 6 5 4 3 3 4 4 7 5 4 4 3 4 4 8 5 5 4 3 4 4 9 5 4 4 3 4 4 10 5 4 4 3 4 4 11 5 4 5 4 5 5 12 5 5 5 4 5 5 13 5 3 4 3 4 4 14 5 4 5 3 4 4 15 5 4 4 3 4 4 16 5 5 4 4 5 5 17 5 5 5 5 5 5 18 5 4 5 4 5 5 19 5 5 5 5 5 5 20 5 5 5 4 5 5 21 5 4 4 5 5 5 22 5 5 5 4 5 5 23 5 4 5 5 5 5 24 5 5 5 4 5 5 25 5 4 5 4 4 4 26 5 4 4 4 4 4 27 5 5 5 4 5 5 28 5 5 5 4 5 5 FONTE: Os autores (2017). TABELA 4 – NÍVEL DE CONCORDÂNCIA ENTRE OS JULGADORES (continua) Recomendações Variância observada (𝒔𝟐) Variância esperada (𝝈𝟐) IRR (𝒓) 1 0,00 2 1,00 2 0,00 2 1,00 3 0,27 2 0,87 4 0,57 2 0,72 5 0,30 2 0,85 6 0,57 2 0,72 7 0,40 2 0,80 8 0,57 2 0,72 9 0,40 2 0,80 10 0,40 2 0,80 11 0,27 2 0,87 12 0,17 2 0,92 13 0,57 2 0,72 14 0,57 2 0,72 15 0,40 2 0,80 16 0,27 2 0,87 17 0,00 2 1,00 76 TABELA 4 – NÍVEL DE CONCORDÂNCIA ENTRE OS JULGADORES (continuação) Recomendações Variância observada (𝒔𝟐) Variância esperada (𝝈𝟐) IRR (𝒓) 18 0,27 2 0,87 19 0,00 2 1,00 20 0,17 2 0,92 21 0,27 2 0,87 22 0,17 2 0,92 23 0,17 2 0,92 24 0,17 2 0,92 25 0,27 2 0,87 26 0,17 2 0,92 27 0,17 2 0,92 28 0,17 2 0,92 FONTE: Os autores (2017). Como mostrado na TABELA 4, todas as recomendações atingiram a condição mínima de aprovação, fixadas em 0,70 ou 70% de concordância entre os julgadores. Também se pode notar que nenhuma das recomendações recebeu avaliações negativas dos julgadores - discordo plenamente ou discordo parcialmente. Todas as sugestões receberam avaliações positivas de concordância parcial ou plena. Assim, não foram necessárias mudanças ou exclusões das recomendações levantadas durante o estudo. 77 5 ESTUDO DE CASO Neste capítulo será apresentado de forma detalhada o local de instalação do sistema fotovoltaico do DELT UFPR, procedimentos de campo e resultados do estudo de caso. 5.1 LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA – UFPR O bloco de engenharia elétrica da Universidade Federal do Paraná, localizado no campus politécnico, conta com o sistema fotovoltaico e de armazenamento (ou acumulação) de energia elétrica, ambos instalados no Laboratório de Eficiência Energética. Os sistemas instalados visam proporcionar uma experiência diferenciada e necessária no uso da energia elétrica. A instalação de ambos foi realizada pela empresa EGNEX (Egnex Eletrica Ltda - CNPJ. 19.114.316/0001-32) e foi concluída em julho de 2014. Segundo a EGNEX, o sistema fotovoltaico conta com uma capacidade de geração de 486 kWh/mês, considerando irradiação solar anual de 4,5 horas em Curitiba. Isso representa uma redução de emissão de 340,2 kg de CO2/mês. O sistema de acumulação de energia de 2,5 kW tem como função realizar a carga de um banco de baterias através da conversão pelo inversor da corrente alternada da rede elétrica em corrente contínua. Posteriormente, a energia em c.c. do banco de baterias pode ser convertida novamente pelo inversor em corrente alternada para alimentar cargas críticas em caso de falha da rede elétrica. O sistema fotovoltaico na configuração atual, realiza a injeção de toda a energia elétrica gerada nos módulos diretamente na rede de distribuição da concessionária. Os dois sistemas não estavam interligados até a conclusão deste trabalho, mas existe a possibilidade de integração do sistema de acumulação de energia com o sistema fotovoltaico, por meio de um controlador de carga. O banco de baterias possuiria duas fontes primarias de energia, a rede elétrica da concessionária e a energia elétrica gerada pelos módulos fotovoltaicos. Dessa forma, seria possível carregar as baterias a partir dos módulos fotovoltaicos e reduzir o consumo da energia elétrica da concessionária de energia. Além disso, na condição de plena carga no banco de baterias, o sistema poderia injetar o excedente de energia gerado pelos módulos fotovoltaicos diretamente na rede elétrica. 78 Na FIGURA 34 é possível visualizar a parte de controle e condicionamento de potências dos dois sistemas. FIGURA 34 – SISTEMAS DE CONTROLE E CONDICIONAMENTO FONTE: Os autores (2017). 5.2 CARACTERISTICAS DO SISTEMA FOTOVOLTAICO CONECTADO O sistema está em operação desde agosto de 2014, e foi instalado no telhado do DELT UFPR (FIGURA 35). O arranjo fotovoltaico possui 12 módulos em série da marca SunEdison e modelo MEMC SILVANTIS P290, cada um com potência de 290 W, totalizando uma potência nominal de 3,5 kWp. Segundo dados fornecidos pela EGNEX, os módulos apresentaminclinação de 10º, com orientação para o norte geográfico e desvio azimutal de 20º para Leste (a simulação realizada pela EGNEX pode ser visualizada em ANEXO I). A TABELA 5 apresenta os principais parâmetros do módulo utilizado. FIGURA 35 – MÓDULOS FV INSTALADOS SOBRE O DELT UFPR FONTE: Os autores (2017). 79 TABELA 5 – PARÂMETROS DOS MÓDULOS Parâmetros Módulo P290 Parâmetros físicos Dimensão do módulo (mm) 1,976 x 990x 50 Tipo de célula Policristalina Número de células 72 Coeficientes de temperatura NOCT (ºC) 47± 2 Coef. de temperatura de V0C (%/ºC) -0,33 Coef. de temperatura de Isc (%/ºC) +0,066 Características elétricas Potência máxima (W) 290 Tensão de circuito aberto V0C (V) 44,7 Corrente de curto circuito Isc (A) 8,71 Eficiência do módulo (%) 14,8 FONTE: MEMC (2012). Os módulos são ligados diretamente a um inversor monofásico SMA modelo Sunny Boy 3600 TL-21, com potência de 3600 W. A TABELA 6 apresenta os principais parâmetros do inversor utilizado. TABELA 6 – INVERSOR MONOFÁSICO SMA SUNNY BOY 3600 TL-21 Parâmetros SB 3600TL-21 Entrada CC Tensão máxima de entrada 750V Tensão mínima de entrada 125V Corrente máxima de entrada 30A Saída CA Potência aparente CA máxima 3680VA Tensão nominal CA 220V/230V/240V Corrente máxima de saída 16A Rendimento Rendimento máximo 97,0% FONTE: SMA (2013). O monitoramento do sistema é feito pelo dispositivo SUNNY WEBBOX com BLUETOOTH da SMA. Dados e relatórios diários referentes a geração energética do sistema são disponibilizados em uma plataforma online por meio do SUNNY WEBBOX. O sistema ainda conta com um sensor instalado junto a um dos módulos, o SMA SUNNY SENSORBOX, que registra a temperatura do módulo e radiação solar sobre o plano do módulo. 80 5.3 PROCEDIMENTOS DE CAMPO Inicialmente foi verificada a necessidade de credenciais ou permissão de acesso para o laboratório de eficiência energética. Foi necessário a autorização do professor orientador e dos técnicos responsáveis pelo laboratório. Para o acesso aos painéis fotovoltaicos foi necessário a autorização do professor orientador, principalmente, pelo fato de estar localizado no telhado, havendo, então, um risco de queda. Dessa forma, foi preciso realizar uma ordem de serviço da Suinfra UFPR para o fornecimento dos EPIs e da escada extensível. Durante todo o trabalho em altura, teve-se o acompanhamento do professor orientador. A aplicação do conjunto de requisitos no sistema fotovoltaico foi realizada com base nas listas de verificações e procedimentos impressos em folha tamanho A4, além do auxílio de um notebook e um smartphone (para fotografar a situação do sistema fotovoltaico). Assim, os instrumentos, ferramentas e EPIs utilizados em campo foram listados na tabela abaixo. TABELA 7 – MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O CAMPO Fornecedor Material Suinfra UFPR Escada extensível 9 m EPI de retenção de queda Capacete DELT UFPR Chave de acesso do laboratório Pertencente aos autores do trabalho Transferidor Bússola Listas de verificações e procedimentos Notebook Smartphone/Câmera FONTE: Os autores (2017). 5.4 ESTAÇÃO METEREOLÓGICA DO INMET O sensor SMA SUNNY SENSORBOX apresentou problema durante todo o período de análise. Assim, foi necessário recorrer à estação meteorológica mais próxima para obtenção dos níveis de radiação solar na região da instalação. O campus politécnico da UFPR, conta com uma estação do Instituto Nacional de Meteorologia 81 (INMET) composta de vários sensores responsáveis pelo contínuo registro dos dados meteorológicos da região. A localização do sistema fotovoltaico e da estação meteorológica pode ser visualizada na FIGURA 36. FIGURA 36 – LOCALIZAÇÃO DA ESTAÇÃO DO INMET FONTE: Adaptado de GOOGLE MAPS (2017). NOTA: A estação do INMET está localizada mais acima. A disposição dos sensores na estação pode ser visualizada na FIGURA 37. Os dados registrados (referentes a radiação solar, temperatura, umidade relativa do ar, entre outros), são disponibilizados de forma gratuita e em tempo real no endereço eletrônico do INMET. FIGURA 37 – DISPOSIÇÃO DOS SENSORES NA ESTAÇÃO 82 FONTE: Os autores (2017). O sensor responsável pelo registro dos valores de radiação solar no plano horizontal durante os anos de 2015 e 2016 foi o piranômetro termoelétrico presente na estação (para detalhes, ver seção 3.1 - Materiais). 5.5 RESULTADOS Abaixo é possível verificar um quadro com as respostas a partir da aplicação do conjunto de recomendações (lista de verificações e procedimentos) no sistema fotovoltaico do DELT UFPR. QUADRO 1 – RESULTADO DA LISTA DE VERIFICAÇÕES (continua) Item Descrição Resultado 1 O sistema fotovoltaico contém diagrama unifilar e memorial descritivo da instalação Não 2 Os equipamentos instalados conferem, em número e características, com os informados no projeto Não 3 Os cabos e suas conexões utilizados no projeto estão protegidos e resistem as influências externas, como vento, a temperatura e a radiação ultravioleta, e apresentam resistência contra roedores Sim 4 O inversor utilizado possui certificação do INMETRO Não 5 O projeto do sistema fotovoltaico foi desenvolvido em área segura, considerando localização e dimensionamento de seus componentes Não 6 Os módulos instalados são do mesmo fabricante e mesma potência nominal Sim 7 Existência de ventilação no arranjo fotovoltaico Sim 8 A estrutura metálica de suporte é a prova de corrosão Sim 9 Há boa acessibilidade e conectividade ao datalogger do inversor Sim 83 10 O arranjo fotovoltaico está corretamente instalado, levando em consideração: orientação, inclinação e desvio azimutal Sim 11 O sistema fotovoltaico está não localizado numa região árida, semiárida, costeira, litorânea, industrial ou com altos níveis de poluição atmosférica Sim 12 A partir de análises dos gráficos de geração de energia em função das horas do dia não foi identificado padrões do efeito de sombreamento nos painéis fotovoltaicos Sim 13 A taxa de desempenho é um indicador de desempenho em sistemas fotovoltaicos que avalia o desempenho do sistema fotovoltaico considerando as perdas, em que um valor percentual de 75% pode ser adotado como referência. Para o sistema fotovoltaico sob análise, esta taxa é superior ao valor de referência Sim 14 O fator de capacidade, outro indicador de desempenho de sistemas fotovoltaicos, expressa a capacidade de geração do sistema em relação a quantidade de energia que o sistema poderia gerar se operasse nas condições nominais. Assim sendo, o fator calculado do sistema fotovoltaico está entre 13% a 18% Sim QUADRO 1 – RESULTADO DA LISTA DE VERIFICAÇÕES (continuação) Item Descrição Resultado 15 O sistema fotovoltaico apresenta boa relação custo/benefício, considerando o desempenho elétrico do sistema, o preço da energia e a economia obtida nos anos de operação Sim 16 Após a inspeção das ligações elétricas e componentes do sistema de proteção, incluindo o SPDA (caso tenha), malha de aterramento, e aterramento de todo sistema fotovoltaico, conclui-se que todas estão equipotencializadas Não 17 O local físico onde estão instalados os controles, equipamentos de condicionamento de potência e instrumentos de medição não é utilizado como local de armazenamento de materiais e não permite o acesso de pessoal não autorizado Não 18 Nas atividades e trabalhos no local da instalação, são adotadas medidas preventivas para eliminação de risco, como: altura, confinamento, umidade e poeira Não 19 Inexistência de sombreamento sob os painéis fotovoltaicos causado pelo crescimento de vegetação em torno da edificação Sim 20 Não há peças e parafusos soltos nas estruturas de suporte dos módulos e das fixações dos sensores Sim21 Os cabos, conexões e conectores não estão danificados Sim 22 Os componentes metálicos de todo o sistema fotovoltaico não apresentam oxidação Sim 23 As tampas de caixas, quadros de distribuição e entradas de cabos não possuem infiltração de água Sim 24 Com relação ao inversor: a carcaça não apresenta descoloração nem rachaduras, e o sistema de ventilação forçada está limpo Sim 25 Não possui presença de poeira, fezes de pássaros e/ou detritos nos painéis fotovoltaicos Sim 26 Não há evidências de rachaduras e descoloração das células fotovoltaicas Sim 27 As células fotovoltaicas estão bem vedadas, não havendo infiltração de ar ou água Sim 28 Os motores em seguidores solares estão lubrificados Não se aplica FONTE: Os autores (2017). 84 Os itens 1, 2, 4, 5, 16, 17 e 18 são itens essenciais e exigidos pelas normas e regulamentos para o acesso de um sistema fotovoltaico à rede de distribuição. A seguir, serão apresentados comentários e a situação de cada item da lista de verificações aplicado ao sistema fotovoltaico do DELT UFPR. • PROJETO 1. O sistema fotovoltaico contém diagrama unifilar e memorial descritivo da instalação. Resposta: Não. O sistema não possui memorial descritivo, mas possui o diagrama unifilar colocado na porta do quadro de distribuição geral. O diagrama contém as informações mínimas exigidas, referentes a geração, dispositivo de proteção, inversor, bem como, o ponto de acesso da unidade consumidora com distribuidora de energia elétrica. Contudo, isso não é suficiente para caracterizá-lo como um sistema fotovoltaico de microgeração conectado à rede regularizado junto à concessionária de energia elétrica. Conforme a recomendação designada para este item, foi contatado o projetista (EGNEX) para envio do documento. Segundo o projetista, o processo de regulamentação foi iniciado, porém o sistema não atendeu as exigências instituídas na resolução nº 482 da ANEEL. O projeto foi concluído, encontra-se em operação, contudo não participa do sistema de compensação energética estabelecido pela ANEEL. FIGURA 38 – DIAGRAMA UNIFILAR NA PORTA DO QUADRO 85 FONTE: Os autores (2017). Nesse quesito, o sistema não atende a todas as condições necessárias. 2. Os equipamentos instalados conferem, em número e características, com os informados no projeto. Resposta: Não. Sem o memorial descritivo da instalação não é possível verificar inconsistências entre os equipamentos utilizados no sistema fotovoltaico instalado e os equipamentos apresentados no memorial. Conforme visto no diagrama, o número de módulos deve ser 12 e a potência nominal de cada um deve ser de 290 W. Os módulos instalados satisfazem as duas condições, conforme a FIGURA 39. Os mecanismos de proteção são adequados e apresentam características elétricas semelhantes as apresentadas no diagrama unifilar. O inversor SMA utilizado apresenta potência nominal equivalente ao bloco gerador, conforme consta no diagrama. FIGURA 39 – CONFERÊNCIA DOS EQUIPAMENTOS 86 FONTE: Os autores (2017). NOTA: a) Etiqueta do módulo b) Quadro de distribuição geral c) Etiqueta do Inversor 3. Os cabos e suas conexões utilizados no projeto estão protegidos e resistem as influências externas, como vento, a temperatura e a radiação ultravioleta, e apresentam resistência contra roedores. Resposta: Sim. Os cabos da parte de controle e condicionamento contam com canaletas que protegem contra influências externas e ação de roedores, FIGURA 40. A confecção dos cabos é em cobre com isolação de composto termoplástico, com características antichama. A temperatura máxima suportada pelo condutor é 70ºC em temperatura permanente, 100ºC em sobrecarga e 160ºC diante de um curto-circuito, conforme informado pelo fabricante. FIGURA 40 – PROTEÇÃO DOS CABOS (a) (b) (c) 87 FONTE: Os autores (2017). 4. O inversor utilizado possui certificação do INMETRO. Resposta: Não. O inversor não apresenta etiqueta do INMETRO, entretanto está em processo de certificação. 5. O projeto do sistema fotovoltaico foi desenvolvido em área segura, considerando localização e dimensionamento de seus componentes. Resposta: Não. O local demonstra um descumprimento da NR-10, uma vez que, existe projetos acadêmicos realizados próximo do inversor fotovoltaico e das baterias do sistema de acumulação de energia. Claramente isso oferece risco para os sistemas e para as pessoas. Além disso, a localização do arranjo fotovoltaico é de difícil acesso, e uma escada de dimensões elevadas é necessária para a limpeza e manutenção dos módulos. 6. – Os módulos instalados são do mesmo fabricante e mesma potência nominal. Resposta: Sim. Todos os módulos conectados em série têm afixado na parte traseira a etiqueta apresentada na FIGURA 41, onde são dispostas as principais características elétricas e o nome do fabricante. 88 FIGURA 41 – ETIQUETA DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICOS FONTE: Os autores (2017). • INSTALAÇÃO 7. Existência de ventilação no arranjo fotovoltaico. Resposta: Sim. O ambiente em que o arranjo fotovoltaico se encontra instalado atualmente está apresentado na FIGURA 42. O local está próximo das condições ideais de operação, no que se refere ao favorecimento de ventilação natural: sem obstáculos e sem elementos arquitetônicos que bloqueiem a circulação de ar. FIGURA 42 – LOCALIZAÇÃO DO ARRANJO FOTOVOLTAICO FONTE: Os autores (2017). 8. A estrutura metálica de suporte é a prova de corrosão. Resposta: Sim. 89 Como a instalação é recente, a estrutura metálica não apresenta sinais de corrosão ou outro sinal de deterioração do material. Toda a estrutura apresenta bom estado de conservação e sinais significativos de degradação não foram observados. 9. Há boa acessibilidade e conectividade ao datalogger do inversor. Resposta: Sim. Os dados de funcionamento do sistema são facilmente acessados por um portal de armazenamento online disponível a todos que manifestem interesse. Com uma interface amigável (FIGURA 43) tem-se acesso ao perfil do sistema, responsáveis pelo projeto e o responsável pela instalação. O portal oferece uma descrição detalhada da energia e potência gerada, relatórios diários do sistema, dados climáticos do local da instalação e uma visão alternativa do desempenho do sistema sob ponto de vista de redução das emissões de CO2. O campo SENSOR SENSORBOX contém as informações climáticas no plano dos módulos fotovoltaicos, captados pelo sensor que compõe o projeto. Durante o período de análise esse sensor não funcionou, contudo, as informações disponibilizadas nos outros campos acessíveis do portal apresentaram uma ininterrupção apreciável. FIGURA 43 – PORTAL ONLINE SMA FONTE: Os autores (2017). 10. O arranjo fotovoltaico está corretamente instalado, levando em consideração: orientação, inclinação e desvio azimutal. 90 Resposta: Sim. Para o local onde se encontra instalado o sistema fotovoltaico, o ideal é que a inclinação dos módulos seja compatível com a latitude da região, que no caso é pouco mais de 25º ao Sul e que o desvio azimutal seja o mais próximo possível de zero, em relação ao norte geográfico. Diante da situação atual do sistema, que não conta com um memorial descritivo, não há possiblidade de realizar uma análise comparativa entre o ideal e empregado na instalação. A única informação referente a estes parâmetros está nos dados de simulação do sistema cedidos pela EGNEX (ANEXO I). Por conseguinte, verifica-se que o ângulo de inclinação e desvio azimutal dos módulos são de 10º e 20º, respectivamente. O desvio azimutal foi obtido com auxílio de uma bússola. O instrumento de orientação geográfica quando colocado sobre uma estrutura que está alinhada com osmódulos, mostrou que o norte magnético estava a pouco menos de 45º a oeste da orientação real dos módulos fotovoltaicos. Entretanto, o ângulo obtido pela bússola não representa o norte verdadeiro. Este, segundo a webpage do NOAA está localizado cerca de 20º a leste. Portanto, o norte verdadeiro está cerca de 25º a oeste da orientação real dos módulos. FIGURA 44 – ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA FONTE: Os autores (2017). Nota: Norte magnético em vermelho e dos módulos em amarelo. Considerando fatores de imprecisão, pode se verificar que o desvio azimutal empregado na instalação foi próximo ao informado no documento de simulação, igual a 20º na direção Leste. A suposição é aceitável, considerando que uma empresa 91 especializada em instalações de projetos fotovoltaicos conta com instrumentos de elevada precisão. A inclinação dos módulos foi obtida por meio do procedimento apresentado na seção 4.1.2, item 10. Com auxílio de um transferidor e um barbante com um peso amarrado em uma das suas extremidades, foi obtida uma inclinação de aproximadamente 7º. Considerando uma variação de até 5º do ângulo medido em relação ao que consta no documento de simulação, pode-se concluir que o ângulo de inclinação também está correto. Em uma situação ideal, onde seria extraído o máximo do recurso solar disponibilizado, o ângulo de inclinação dos módulos deveria ser igual a latitude e o desvio azimutal igual a 0º em relação ao norte verdadeiro. Contudo, diante das limitações impostas durante a instalação de um projeto real e não diante de uma situação ideal, não foi constado erros inaceitáveis que impactassem de maneira significativa no desempenho do sistema. A única consideração a ser feita é sobre a inclinação dos módulos, que está no limite do aceitável em relação a limpeza natural com água da chuva. Os módulos estão orientados para o Norte, o desvio azimutal é relativamente pequeno e a inclinação dos módulos favorece a limpeza natural do equipamento. Portanto, conclui-se que a instalação está adequada. 11. O sistema fotovoltaico está não localizado numa região árida, semiárida, costeira, litorânea, industrial ou com altos níveis de poluição atmosférica. Resposta: Sim. O sistema fotovoltaico do DELT UFPR não se encontra em nenhuma das regiões determinadas no item. Apesar da Cidade Industrial estar nos arredores de Curitiba, a polução ali gerada não é levada pelo vento à região onde o sistema fotovoltaico está instalado. Segundo os dados do INMET, a direção do vento é de 32° ou ENE (lés-nordeste). 92 FIGURA 45 – LOCALIZAÇÃO E REGIÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO FONTE: Adaptado de GOOGLE MAPS (2017). • ELÉTRICA 12. A partir de análises dos gráficos de geração de energia em função das horas do dia não foi identificado padrões do efeito de sombreamento nos painéis fotovoltaicos. Resposta: Sim. O mês de maior geração energética, segundo os dados da plataforma online SMA, durante os anos de operação do sistema é sempre em janeiro. O dia com maior geração no ano da realização do trabalho foi 13 de janeiro, cuja curva de geração energética em função das horas do dia é mostrada no GRÁFICO 2. O gráfico demonstra um bom nível de geração, e comportamento esperado para um dia limpo sem indícios de sombreamento. Pode-se notar um aumento gradativo da geração, alcançando seu pico por volta de uma hora da tarde, momento em que o sol atinge o ponto mais alto. Consequentemente, após esse pico ocorre uma redução da geração. Problemas relacionados à presença de grandes obstáculos entre os módulos fotovoltaicos e o sol seriam facilmente percebidos em uma curva de geração para um dia limpo como a apresentada no GRÁFICO 2. 93 GRÁFICO 2 – CURVA DE GERAÇÃO EM 13 DE JANEIRO DE 2017 FONTE: Os autores (2017). Uma redução de eficiência do sistema fotovoltaico devido a sombreamento no bloco gerador, reflete diretamente na curva de geração. Assim, a queda brusca em determinado horário do dia, e que se sucede ao longo do ano, nos permite localizar o obstáculo responsável pelo fenômeno. Se houvesse uma redução brusca na geração a esquerda indica obstáculos ao leste, e uma redução no lado direito, obstáculos ao oeste (em ambos os casos, considerando uma orientação voltada para o norte geográfico do bloco gerador). 13. A taxa de desempenho é um indicador em sistemas fotovoltaicos que avalia o desempenho do sistema fotovoltaico considerando as perdas, em que um valor percentual de 75% pode ser adotado como referência. Para o sistema fotovoltaico sob análise, esta taxa é superior ao valor de referência. Resposta: Sim. O cálculo da produtividade final é realizado pela energia gerada (kWh) e a potência nominal do arranjo fotovoltaico, por meio da equação (9). A plataforma de armazenamento online SMA disponibiliza a geração energética de cada mês de operação. Com a potência nominal da série fotovoltaica pode-se calcular primeiramente o indicador de desempenho. Os dados referentes à energia gerada e a produtividade final de cada mês são apresentados na TABELA 8 e TABELA 9, respectivamente. 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 En er gi a ge ra d a (k W h ) Tempo (h) Geração energética em 13/01/2017 94 TABELA 8 – GERAÇÃO DE ENERGIA E O RESPECTIVO MÊS Mês Energia Gerada (kWh) 2015 2016 Janeiro 498,14 453,40 Fevereiro 375,79 378,54 Março 363,34 399,20 Abril 331,05 336,18 Maio 268,94 253,34 Junho 272,86 266,24 Julho 256,66 314,63 Agosto 377,88 328,13 Setembro 348,21 419,08 Outubro 343,38 356,15 Novembro 249,17 411,11 Dezembro 387,23 405,07 FONTE: Os autores (2017). A produtividade de referência foi calculada a partir da irradiação solar (kWh/m²) no mês sob análise, em relação à irradiância de 1000 W/m² de referência por meio da equação (10). Os dados de irradiância solar no plano horizontal foram coletados da estação meteorológica (INMET) localizada nas proximidades. TABELA 9 – PRODUTIVIDADE PARA UMA PLANTA DE 3,5 kWp Mês Produtividade Final 2015 2016 Janeiro 142,33 129,54 Fevereiro 107,37 108,15 Março 103,81 114,06 Abril 94,59 96,05 Maio 76,84 72,38 Junho 77,96 76,07 Julho 73,33 89,90 Agosto 107,97 93,75 Setembro 99,49 119,74 Outubro 98,11 101,76 Novembro 71,19 117,46 Dezembro 110,64 115,73 FONTE: Os autores (2017). Os dados de irradiância fornecidos pela estação meteorológica INMET, estão em unidade kJ/m² para cada hora do dia, todos os dias do mês e todos os meses do ano. Convertendo essa irradiância para kW/m² foi possível calcular a irradiação solar mensal e irradiação diária média no plano horizontal, cujo os resultados são apresentados na TABELA 10. TABELA 10 – IRRADIAÇÃO MENSAL E DIÁRIA MÉDIA (PLANO HORIZONTAL) 95 Mês Irradiação Mensal (kWh/m²) Irradiação diária média (kWh/m².dia) 2015 2016 2015 2016 Janeiro 185,21 167,53 5,97 5,40 Fevereiro 133,55 133,07 4,77 4,59 Março 124,11 135,70 4,00 4,38 Abril 111,22 137,59 3,71 4,59 Maio 86,42 81,03 2,79 2,61 Junho 88,14 77,70 2,94 2,59 Julho 86,11 101,07 2,78 3,26 Agosto 132,63 109,81 4,28 3,54 Setembro 122,35 149,93 4,08 5,00 Outubro 114,88 127,67 3,71 4,12 Novembro 107,27 152,47 3,58 5,08 Dezembro 140,35 149,18 4,53 4,81 FONTE: INMET (2017). Com o software Radiasol 2 foi possível estimar o nível de irradiação solar no plano dos módulos. Para realizar a estimativa basta informar a localização do sistema fotovoltaico e os dados de irradiação diária média no plano horizontal obtido anteriormente para cada mês, no campo “Entrada manual de dados”. É muito importante informar o ângulo de inclinação dos módulos fotovoltaicos e seu respectivo desvio azimutal nesta etapa, conforme mostrado na FIGURA 46. No sistema fotovoltaico sob análise, que está localizado em Curitiba, a orientação dos módulos é para o norte geográfico,com 10º graus de inclinação e o desvio azimutal de 20º graus para leste. FIGURA 46 – TELA INICIAL DO SOFTWARE RADIASOL 2 FONTE: Radiasol 2 (2017). O software calcula o nível de irradiação no plano inclinado dos módulos e mostra também a parcela de radiação direta e difusa, que a compõe. A irradiação diária média no plano global horizontal e no plano inclinado é mostrada no GRÁFICO 96 3 e na forma de tabela de dados. Os resultados da última foram transcritos na TABELA 11, juntamente com a respectiva estimativa mensal. GRÁFICO 3 – IRRADIAÇÃO DIÁRIA MÉDIA NO SOFTWARE RADIASOL 2 FONTE: Radiasol 2 (2017). TABELA 11 – IRRADIAÇÃO DIÁRIA MÉDIA NO SOFTWARE RADIASOL 2 Mês Irradiação diária média (kWh/m². dia) Irradiação mensal (kWh/m²) 2015 2016 2015 2016 Janeiro 5,9 5,33 129,58 165,23 Fevereiro 4,82 4,64 119,10 134,56 Março 4,18 4,57 95,17 141,67 Abril 3,97 4,96 99,90 148,80 Maio 3,07 2,87 96,72 88,97 Junho 3,33 2,93 145,70 87,90 Julho 3,12 3,69 129,60 114,39 Agosto 4,7 3,86 118,11 119,66 Setembro 4,32 5,32 107,10 159,60 Outubro 3,81 4,21 138,88 130,51 Novembro 3,57 5,06 129,58 151,80 Dezembro 4,48 4,75 119,10 147,25 FONTE: Radiasol 2 (2017). Com base na equação (10), o valor da produtividade de referência é igual aos valores de irradiação mensal no plano inclinado, apresentados na TABELA 11, agora em Wh/m². O conhecimento da produtividade final e de referência do sistema fotovoltaico permite o cálculo da taxa de desempenho por meio da equação (11). A taxa de desempenho obtida para o estudo de caso está apresentada na TABELA 12. TABELA 12 – TAXA DE DESEMPENHO OBTIDA NO ESTUDO DE CASO 97 Mês Taxa de desempenho (%) 2015 2016 Janeiro 77,82 78,40 Fevereiro 79,56 80,38 Março 80,11 80,51 Abril 79,42 64,55 Maio 80,74 81,36 Junho 78,04 86,54 Julho 75,82 78,59 Agosto 74,10 78,35 Setembro 76,77 75,02 Outubro 83,06 77,97 Novembro 66,47 77,38 Dezembro 79,66 78,60 FONTE: Os autores (2017). No mês de novembro do ano de 2015 e no mês de abril de 2016, o sistema fotovoltaico esteve desligado nos dias 14, 15, 16 e 17, o que justifica o baixo desempenho do sistema durante os dois meses. Uma possível explicação para esses desligamentos pode ser a entrada de pessoas não autorizadas no local do sistema de condicionamento que podem, ocasionalmente, ter desativado o sistema. Desconsiderando este inconveniente, todos os meses do ano de 2015 e 2016, exceto agosto de 2015, apresentaram taxa de desempenho superior a 75%. 14. O fator de capacidade, outro indicador de desempenho de sistemas fotovoltaicos, expressa a capacidade de geração do sistema em relação a quantidade de energia que o sistema poderia gerar se operasse nas condições nominais. Assim sendo, o fator calculado do sistema fotovoltaico está entre 13% a 18%. Resposta: Não. O cálculo do fator de capacidade foi semelhante ao apresentado na equação (12), porém considerando uma análise mensal. Os resultados estão apresentados na TABELA 13. 98 TABELA 13 – FATOR DE CAPACIDADE OBTIDO PARA O ESTUDO DE CASO Mês Fator de Capacidade (%) 2015 2016 Janeiro 19,13 17,41 Fevereiro 15,98 15,54 Março 13,95 15,33 Abril 13,14 13,34 Maio 10,33 9,73 Junho 10,83 10,57 Julho 9,86 12,08 Agosto 14,51 12,60 Setembro 13,82 16,63 Outubro 13,19 13,68 Novembro 9,89 16,31 Dezembro 14,87 15,56 FONTE: Os autores (2017). Curitiba, a cidade onde se encontra instalado o sistema fotovoltaico, possui como característica índices elevados de nebulosidade, principalmente durante os meses mais frios como maio, junho, julho e agosto. Levando em consideração que o fator de capacidade está diretamente relacionado a produtividade do sistema, bastante prejudicada quando o céu está coberto por nuvens, é comum haver uma queda do fator de capacidade nesses três meses. Pode-se perceber que o indicador durante o restante do ano apresentou resultados apreciáveis, acima dos 13% definido como adequado para os níveis de insolação em território brasileiro. 15. O sistema fotovoltaico apresenta boa relação custo/benefício, considerando o desempenho elétrico do sistema, o preço da energia e a economia obtida nos anos de operação. Resposta: Sim. O Laboratório de Eficiência Energética da UFPR conta com um sistema fotovoltaico com potência nominal de 3,5 kWp. Sistemas que apresentam esse potencial exigem um investimento inicial próximo de R$25.168 reais, considerando o valor nacionalizado da energia fotovoltaica. Com esse projeto, tem-se um custo anual com operação e manutenção de aproximadamente R$251,68. Como mostrado anteriormente, o sistema fotovoltaico embora conectado à rede de distribuição, não foi regularizado junto a concessionária de energia, a COPEL. O sistema, por não atender os requisitos mínimos estabelecidos pelas normas 99 vigentes, não pode ter compensação ou créditos energéticos. Contudo, adotando algumas alternativas para prosseguir com a análise, foi suposto que o sistema estivesse corretamente regularizado. Como o sistema do estudo de caso é universitário e seu funcionamento é voltado para fins didáticos foi preciso realizar algumas adaptações para que ele seja equivalente aos vistos em residências e corretamente regularizados. A TABELA 14, mostra a energia elétrica gerada mensalmente durante os anos de 2015 e 2016, uma sugestão de demanda para uma residência, e a energia mínima faturável para um sistema bifásico estabelecida pela concessionária local. A demanda residencial média considerada foi de 200 kWh, um pouco superior ao consumo médio residencial de 161 kWh/mês no ano 2016 (EPE, 2017). Considerando os ajustes e as suposições impostas, para esse caso específico existiria todo mês uma energia de 150 kWh passível de compensação. Verifica-se que a energia gerada é sempre superior a este valor, o que tornaria a unidade consumidora um pequeno gerador injetando energia na rede elétrica todos os meses. TABELA 14 – ENERGIA GERADA ENTRE 2015 E 2016 Ano Mês Energia Gerada (kWh) Demanda média (kWh) Energia Mínima faturável (kWh) Janeiro 2015 498,14 200 50 Fevereiro 2015 375,79 200 50 Março 2015 363,34 200 50 Abril 2015 331,05 200 50 Maio 2015 268,94 200 50 Junho 2015 272,86 200 50 Julho 2015 256,66 200 50 Agosto 2015 377,88 200 50 Setembro 2015 348,21 200 50 Outubro 2015 343,38 200 50 Novembro 2015 249,17 200 50 Dezembro 2015 387,23 200 50 Janeiro 2016 453,40 200 50 Fevereiro 2016 378,54 200 50 Março 2016 399,20 200 50 Abril 2016 336,18 200 50 Maio 2016 253,34 200 50 Junho 2016 266,24 200 50 Julho 2016 314,63 200 50 Agosto 2016 328,13 200 50 Setembro 2016 419,08 200 50 Outubro 2016 356,15 200 50 Novembro 2016 411,11 200 50 Dezembro 2016 405,07 200 50 FONTE: Os autores (2017). 100 Como a energia gerada é superior a 150 kWh, todo valor referente a esta demanda é revertido em desconto na conta de energia, com base na tarifa com tributos inclusos. O excedente que é injetado na rede (TABELA 15) pode ser revertido em créditos energéticos validos por 60 meses, com base na tarifa estabelecida pela ANEEL sem a inclusão dos tributos. TABELA 15 – ENERGIA GERADA ENTRE 2015 E 2016 Mês Ano Energia injetada (kWh) Janeiro 2015 348,14 Fevereiro 2015 225,79 Março 2015 213,34 Abril 2015 181,05 Maio 2015 118,94 Junho 2015 122,86 Julho 2015 106,66 Agosto 2015 227,88 Setembro 2015 198,21 Outubro 2015 193,38 Novembro 2015 99,17 Dezembro 2015 237,23 Janeiro 2016 303,40 Fevereiro 2016 228,54 Março 2016 249,20 Abril 2016 186,18 Maio 2016 103,34 Junho 2016 116,24 Julho 2016 164,63 Agosto 2016 178,13 Setembro 2016 269,08 Outubro 2016 206,15 Novembro 2016 261,11 Dezembro 2016 255,07 FONTE: Os autores (2017). TABELA 16 – TARIFAS VIGENTES DA COPEL ENTRE 2015 E2016 (continua) Mês Ano Tarifa com impostos: ICMS e PIS/COFINS (R$/kWh) Tarifa estabelecida pela Aneel sem tributos (R$/kWh) Janeiro 2015 0,49070 0,31895 Fevereiro 2015 0,56530 0,36744 Março 2015 0,49830 0,32389 Abril 2015 0,61560 0,40014 Maio 2015 0,66205 0,43033 Junho 2015 0,66200 0,43030 Julho 2015 0,66205 0,43033 Agosto 2015 0,75414 0,49773 101 TABELA 16 – TARIFAS VIGENTES DA COPEL ENTRE 2015 E 2016 (continuação) Mês Ano Tarifa com impostos: ICMS e PIS/COFINS (R$/kWh) Tarifa estabelecida pela Aneel sem tributos (R$/kWh) Setembro 2015 0,74924 0,49450 Outubro 2015 0,74581 0,49224 Novembro 2015 0,74587 0,47587 Dezembro 2015 0,76332 0,48700 Janeiro 2016 0,77159 0,49073 Fevereiro 2016 0,77738 0,49441 Março 2016 0,78013 0,49616 Abril 2016 0,77547 0,49785 Maio 2016 0,76920 0,49383 Junho 2016 0,76680 0,49688 Julho 2016 0,76210 0,49765 Agosto 2016 0,65407 0,42972 Setembro 2016 0,64265 0,42222 Outubro 2016 0,64139 0,42396 Novembro 2016 0,63877 0,42478 Dezembro 2016 0,63497 0,42480 FONTE: Copel (2017). A TABELA 16 apresenta a tarifa vigente nos meses sob análise, com tributos e sem tributos. A TABELA 17 apresenta os descontos na conta que seriam proporcionados a partir do sistema de microgeração, se estivesse corretamente regularizado. Também é apresentado os créditos obtidos pela suposta energia injetada todo mês na rede elétrica da concessionária. TABELA 17 – CRÉDITOS E ENERGIA INJETADA (continua) Mês Ano Redução na conta de energia elétrica (R$) Créditos energéticos obtidos (R$) Janeiro 2015 73,60 111,04 Fevereiro 2015 84,79 82,96 Março 2015 74,74 69,10 Abril 2015 92,34 72,45 Maio 2015 99,31 51,18 Junho 2015 99,30 52,87 Julho 2015 99,31 45,90 Agosto 2015 113,12 113,42 Setembro 2015 112,39 98,01 102 TABELA 17 – CRÉDITOS E ENERGIA INJETADA (continuação) Mês Ano Redução na conta de energia elétrica (R$) Créditos energéticos obtidos (R$) Outubro 2015 111,87 95,19 Novembro 2015 111,88 47,19 Dezembro 2015 114,50 115,53 Janeiro 2016 115,74 148,89 Fevereiro 2016 116,61 112,99 Março 2016 117,02 123,64 Abril 2016 116,32 92,69 Maio 2016 115,38 51,03 Junho 2016 115,02 57,76 Julho 2016 114,32 81,93 Agosto 2016 98,11 76,55 Setembro 2016 96,40 113,61 Outubro 2016 96,21 87,40 Novembro 2016 95,82 110,91 Dezembro 2016 95,25 108,35 TOTAL 2479,33 2120,60 FONTE: Os autores (2017). Para o correto funcionamento do sistema, durante os dois anos de análise, foram necessários gastos com operação e manutenção do sistema, fixados anteriormente em R$251,68 reais ao ano. Portanto, retorno financeiro durante esses dois anos de operação seria os R$ 4599,93 reais, da economia na conta de energia e os créditos obtidos pela geração, menos o valor de R$ 503,36 do custo de operação e manutenção durante os dois anos. Com isso tem-se um suposto retorno de R$ 4096,57, que representa 16,27% do investimento inicial. O retorno financeiro depende da tarifa praticada pela concessionária. Considerando isso, um retorno de R$ 4096,57 em dois anos é satisfatório. • SEGURANÇA E SAÚDE 16. Após a inspeção das ligações elétricas e componentes do sistema de proteção, incluindo o SPDA (caso tenha), malha de aterramento, e aterramento de todo sistema fotovoltaico, conclui-se que todas estão equipotencializadas. Resposta: Não. 103 O sistema fotovoltaico não possui SPDA conforme a figura abaixo. Apesar da presença de captores de raio no bloco do DELT (FIGURA 47), nenhum deles possui aterramento. Sabendo que a estrutura é classificada como nível de proteção classe I, “Interrupção inaceitável de serviços públicos por breve ou longo período de tempo”, segundo a NBR 5419:2015, o sistema fotovoltaico deveria possui um SPDA. FIGURA 47 – CAPTOR DE RAIO NO DELT UFPR FONTE: Os autores (2017). O aterramento da estrutura de suporte dos painéis FV foi realizado da seguinte forma (FIGURA 48), considerando a continuidade elétrica na seguinte ordem: 1. Estrutura de suporte; 2. Fixação metálica (parafusos); 3.Telhado metálico; 4. Continuação do telhado metálico; 5. Grade metálica; 6. Ponto de conexão; 7. Cabo de aterramento. Observa-se que no ponto de conexão entre a grade metálica e o cabo de aterramento há duas irregularidades. A primeira é que os pontos para continuidade elétrica foram pintados. A segunda é que no ponto de conexão deve ser utilizado um terminal e conector adequado, garantindo a continuidade elétrica. Dessa forma, verifica-se que não há aterramento da estrutura de suporte. Captor de raio 104 FIGURA 48 – ATERRAMENTO DA ESTRUTURA DE SUPORTE FONTE: Os autores (2017). 17. O local físico onde estão instalados os controles, equipamentos de condicionamento de potência e instrumentos de medição não é utilizado como local de armazenamento de materiais e não permite o acesso de pessoal não autorizado. Resposta: Não. O local é utilizado como armazenamento de materiais, algo proibido pela NR- 10. Também não há placa de advertência com mensagens de restrição de acesso e risco de choque elétrico. 18. Nas atividades e trabalhos no local da instalação, são adotadas medidas preventivas para eliminação de risco, como: altura, confinamento, umidade e poeira. Resposta: Não. Painéis FV Fixação metálica Estrutura de suporte Telhado metálico Continuação do telhado metálico Grade metálica Cabo de aterramento Ponto de conexão 105 Pelo fato de o sistema fotovoltaico estar localizado em um telhado alto (aproximadamente 6 m do solo), o local deve contar com pontos de ancoragem para fixação do EPI de retenção de queda. Porém, não foram encontrados. FIGURA 49 – ACESSO AOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS FONTE: Os autores (2017). No telhado metálico existe facilidade para locomoção, pois há espaços de 12 cm (FIGURA 50) entre as partes elevadas do telhado, facilitando que o pé se acomode nesses espaços. FIGURA 50 – LOCOMOÇÃO NO TELHADO METÁLICO FONTE: Os autores (2017). • MANUTENÇÃO 19. Inexistência de sombreamento sob os painéis fotovoltaicos causado pelo crescimento de vegetação em torno da edificação. Resposta: Sim. Colocado Escada para acesso aos painéis FV 12 cm. 106 Na imagem abaixo observa-se que não há vegetações próximas aos painéis fotovoltaicos. FIGURA 51 – VEGETAÇÃO PRÓXIMO AOS PAINÉIS FOTOVOLTAICOS FONTE: Os autores (2017). 20. Não há peças e parafusos soltos nas estruturas de suporte dos módulos e das fixações dos sensores. Resposta: Sim. Foram inspecionados as peças e parafusos do sistema fotovoltaico, e todas estavam firmes e presas. FIGURA 52 – PEÇAS E PARAFUSOS FIRMES E PRESOS FONTE: Os autores (2017). 21. Os cabos, conexões e conectores não estão danificados. Resposta: Sim. 107 FIGURA 53 – CABOS, CONEXÕES E CONECTORES FONTE: Os autores (2017). NOTA: (a) SENSORBOX e cabos c.c. (b) Cabos inversor (c) conexões no quadro de distribuição (d) conector MC4 Foi constatado que no sistema FV não possui cabos, conexões e conectores danificados. 22. Os componentes metálicos de todo o sistema fotovoltaico não apresentam oxidação. Resposta: Sim. Todos os componentes metálicos de todo o sistema fotovoltaico não apresentam oxidação, como pode ser visto na FIGURA 52 e FIGURA 53. 23. As tampas de caixas, quadros de distribuição e entradas de cabos não possuem infiltração de água. Resposta: Sim. Nenhuma parte do sistema fotovoltaico possui infiltração de água. Todos os equipamentos de condicionamento de potência estão em uma área coberta sem o risco de infiltração de água. As conexões do SENSORBOX estão bem vedadas e as caixas dos diodos by-pass além de vedadas estão em nível abaixo dos painéis fotovoltaicos, e, portanto, protegidos da chuva.(a) (b) (c) (d) 108 FIGURA 54 – CONEXÕES SENSORBOX E DIODOS BY-PASS FONTE: Os autores (2017). NOTA: (a) SENSORBOX (b) Caixa diodo by-pass 24. Com relação ao inversor: a carcaça não apresenta descoloração nem rachaduras, e o sistema de ventilação forçada está limpo. Resposta: Sim. A carcaça do inversor SMA não apresenta descoloração nem rachaduras, e o sistema de ventilação forçada está limpo. FIGURA 55 – INVERSOR SMA FONTE: Os autores (2017). 25. Não possui presença de poeira, fezes de pássaros e/ou detritos nos painéis fotovoltaicos. Resposta: Sim. (a) (b) 109 Os painéis fotovoltaicos estão consideravelmente limpos, apesar de uma fina camada de poeira. FIGURA 56 – PAINEL FOTOVOLTAICO FONTE: Os autores (2017). NOTA: (a) Painel fotovoltaico (b) Imagem ampliada do painel 26. Não há evidências de rachaduras e descoloração das células fotovoltaicas. Resposta: Sim. Como observado na FIGURA 57, as células fotovoltaicas estão intactas, não apresentando descoloração ou rachaduras. FIGURA 57 – CELULAS FOTOVOLTAICAS FONTE: Os autores (2017). Observando a FIGURA 57, também se verifica que as células não apresentam infiltração de ar ou água. (a) (b) 110 27. Os motores em seguidores solares estão lubrificados. Resposta: Não se aplica. O sistema fotovoltaico do DELT UFPR é fixo e sem seguidor solar. Portanto, este item não se aplica ao estudo de caso. 111 6 CONCLUSÕES O conjunto de recomendações levantado pelos autores, e julgado como adequado por especialistas, possibilitou uma análise completa do sistema fotovoltaico instalado no Departamento de Engenharia Elétrica da UFPR - adotado como estudo de caso. Sua aplicabilidade não apresenta qualquer tipo de restrição para outros sistemas equivalentes cujo nível de qualidade e desempenho deseja se verificar. Contudo, por meio da ferramenta desenvolvida, uma resposta definitiva acerca do adequado funcionamento de um sistema fotovoltaico ainda é complexa, sendo adequado desmembrá-lo em subtópicos como: projeto, instalação, elétrica, segurança e saúde e manutenção. Com base nas recomendações dessa sistemática de abordagem é importante, primeiramente, admitir que o sistema fotovoltaico conectado à rede (adotado como estudo de caso) não demostra a realidade de um microgerador regularizado e não recebe descontos na conta de energia, nem créditos energéticos da concessionária - fatores relevantes do presente estudo. Contudo, os procedimentos de avaliação continuam validos, embora em algumas das recomendações foram necessários algumas adaptações ou sugestões, afim de não prejudicar o entendimento, bem como sua aplicação. A partir do conjunto de recomendações elaborado no trabalho, o projeto do sistema colocado sob estudo não apresenta a documentação mínima necessária para acesso à rede de distribuição. A partir desse fato pôde se observar claramente que o sistema apresentava alguns impasses referentes às condições mínimas exigidas pela concessionaria para o acesso à rede de distribuição. Assim, com auxílio do material desenvolvido, algumas razões que levaram a esse impasse foram levantadas, a exemplo do inversor que não apresenta a etiquetagem do Inmetro, obrigatória no momento da solicitação de acesso. Ainda com base no material desenvolvido, foi possível concluir que os elementos primários e secundários do sistema avaliado se mostraram preparados a quaisquer ações prejudiciais de origem intrínseca ou extrínseca, a julgar pelo seu nível de proteção, com canaletas e cabeamento de especificações adequadas para um sistema desse porte. Em contrapartida, a área onde foi desenvolvida o projeto demostra total descuido, onde há outras aplicações no local sem qualquer tipo de 112 correlação com o sistema fotovoltaico, algo proibido nas normas e regulamentos. Tal situação também permitiu que pessoal não autorizado adentrasse no local onde se encontravam as partes de controle do sistema, desligando-o de maneira acidental em algumas situações, o que refletiu diretamente no desempenho do mesmo. A simples inspeção do sistema, bastante presente nas recomendações levantadas, ajudou a entender se algumas premissas foram consideradas no momento da implementação do projeto por parte do responsável pela instalação, como: características elétricas dos componentes, suas interligações, condições ideais de funcionamento, acessibilidade dos dados de funcionamento, e configurações físicas e geográficas do sistema. Estas, de acordo com os procedimentos de avaliação, caracterizaram o sistema sob avaliação como adequado. Na parte elétrica, destaque para os indicadores de desempenho, muito explorados no material desenvolvido, que aplicado ao estudo de caso comprovou que seu desempenho é satisfatório, considerando as condições brasileiras de geração de energia referente ao recurso solar disponibilizado. Durante quase todo o período em que o sistema esteve sob análise, os indicadores apresentaram resultados dentro da faixa esperada. Os momentos em que os indicadores não atingiram tais valores, foram devido a situações atípicas, como desligamento do sistema ou condições climáticas adversas. Questões relacionadas ao aterramento também foram colocadas em pauta. O sistema, embora com desempenho apreciável, foi falho em relação ao sistema de proteção, pois os captores de raio instalados no telhado estavam inoperantes devido a falta de interligação com a malha de aterramento. Estudos anteriores já comprovaram a necessidade de instalação de um SPDA no local, porém, o que se observa atualmente no local é uma sistemática irregular de aterramento. Destaque negativo para os pontos de continuidade que foram pintados, oferecendo riscos a instalação, uma vez que não proporcionam o contato elétrico aquedado. O último tópico abordado no material desenvolvido foi referente às condições de manutenção. A partir desse tópico foi possível concluir que o sistema apresenta as condições ideais de operação, como: estrutura; cabos e conectores íntegros; componentes elétricos não expostos a situações perigosas, como infiltração de água; e nível de limpeza adequado. Por meio dos procedimentos de avaliação, referentes a estes tópicos, também não foram observados problemas nas partes fundamentais do sistema, como módulo e célula, que por sua vez estavam intactos. 113 Diante do exposto, a ferramenta desenvolvida mostrou-se muito eficiente no que tange seu objetivo principal, auxiliando pessoas sem conhecimento técnico na área de sistemas fotovoltaicos. Essa ferramenta não exige equipamentos caros e de operação complexa, apenas cuidado e respeito à uma série de etapas, cujo propósito é chegar a conclusão se todas as partes do sistema estão em plenas condições de funcionamento e em sintonia. 114 REFERÊNCIAS ABINEE. Microgeração fotovoltaica no Brasil: Viabilidade econômica. Instituto de Energia e Ambiente da USP. São Paulo, 2015. Disponível em: <http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/mifoto.pdf>. Acesso em: mai. 2017. ABNT NBR 16149. Sistemas Fotovoltaicos (FV) – Características da interface de conexão com a rede elétrica de distribuição. 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Porto Alegre: Bookman, 2001. 120 APÊNDICE I – IDEF0 COMPLETO A n á lis e Q u a n ti ta ti v a Q u e st õ e s d e P e sq u is a O b je tiv o s P a la vr a s- C h a ve B ib lio te ca s e P o rt a is d e P e sq u is a E xc e l R e v is ã o d a L it e ra tu ra A n á lis e Q u a lit a ti v a A u to re s P a la vr a s- C h a ve A n á lis e d e C o n te ú d o S o ft w a re E n d N o te E xc e l T ra b a lh o s A ca d ê m ic o s e A rt ig o s (A n á lis e Q u a n tit a tiv a ) D e s e n v o lv im e n to d e C o n ju n to d e R e c o m e n d a ç õ e s E le m e n to s C o n ce itu a is N o rm a s P ro to co lo s d e M e d iç ã o d e D e se m p e n h o S o ft w a re R a d ia so l E xc e l L ite ra tu ra S e le ci o n a d a B a rr e ir a s R e cu rs o s N e ce ss á ri o s L a cu n a s N o rm a s T é cn ic a s E sp e ci a lis ta s d a Á re a E s tu d o d e C a s o P la n e ja m e n to e M é to d o s E st u d o d e C a so R o b e rt K . Y in S u rv e ys E xc e l C o n ju n to d e R e q u is ito s E sp e ci a lis ta s d a Á re a Q u e st õ e s d e P e sq u is a R e so lv id a s V a lid a çã o d o M é to d o R e su lta d o s Q u a lit a tiv o s e Q u a n tit a tiv o s S o ft w a re s M e n d e le y S is te m a F o to vo lta ic o E n g e n h a ri a E lé tr ic a U F P R A va lia çã o d e S is te m a s F V A ti v id a d e 1 A ti v id a d e 2 A ti v id a d e 3 A ti v id a d e 4 121 APÊNDICE II – CONJUNTO DE RECOMENDAÇÕES 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 APÊNDICE III – LISTA DE VERIFICAÇÕES RESPONDIDA A PARTIR DO ESTUDO DE CASO 138 139 140 141 142 143 ANEXO I – SIMULAÇÃO PVSYST 144 145 146 ANEXO II – DIAGRAMA UNIFILAR DO SISTEMA FOTOVOLTAICO