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RELATÓRIO DE ESTÁGIO PÓS DOUTORAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ-UFPR PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROGRAMA NACIONAL DE COOPERAÇÃO ACADÊMICA NA AMAZÔNIA- PROCAD/AMAZÔNIA PÓS DOUTORANDA: TÂNIA MARA REZENDE MACHADO SUPERVISOR: PROFESSOR DR. PAULO VINÍCIUS BAPTISTA DA SILVA RELATÓRIO GERAL DAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O ESTÁGIO PÓS DOUTORAL Curitiba 2021 APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................... 8 1 A ESCOLHA DA INSTITUIÇÃO, DO SUPERVISOR E DO OBJETO DE PESQUISA .... 9 2 A CHEGADA: CONHECER CURITIBA E (DES)CONHECER O CAMPUS REBOUÇAS ........................................................................................................................................................ 11 3 PARTICIPAÇÃO NO GRUPO DE PESQUISA DO SUPERVISOR ................................... 12 4 PARTICIPAÇÃO EM BANCAS DE QUALIFICAÇÃO E DEFESA .................................. 13 5 PARTICIPAÇÃO NO XI COPENE ......................................................................................... 14 6 PARTICIPAÇÃO NO GRUPO DE PÓS-DOUTORANDOS DA REGIÃO SUL ............... 17 7 PARTICIPAÇÃO NAS AULAS DO PROFESSOR PAULO VINÍCIUS BAPTISTA DA SILVA ............................................................................................................................................ 19 8 PARTICIPAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO DE OFICINA SOBRE A FERRAMENTA START ........................................................................................................................................... 22 9 PARTICIPAÇÃO NO SEMINÁRIO INTEGRADO DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO IFRO, UNIR E ANPUH-RO/AC...................................................................... 23 10 PARTICIPAÇÃO NO NUPECAMP ...................................................................................... 24 11 PARTICIPAÇÕES NA REDE MULHERAÇÕES ............................................................... 25 12 PARTICIPAÇÃO NO PROJETO PRÉ-PÓS DA UFPR ...................................................... 26 13 PARTICIPAÇÃO COMO PARECERISTA EM REVISTAS CIENTÍFICAS ................... 26 14 ESCRITOS DE DOMINGO ................................................................................................... 27 15 CONCLUSÕES........................................................................................................................ 29 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 30 APÊNDICES E ANEXOS..................................................................................................................................30 AGRADECIMENTOS Agradeço: À Capes pelo financiamento da pesquisa. Sem o pagamento das bolsas e passagens aéreas não teríamos realizado esse estudo; À Universidade Federal do Acre-UFAC representada por sua gestão: Reitora, professora Margarida Aquino, seu vice, professor Josimar Batista, e Pró-Reitoras de Pesquisa e de Graduação respectivamente, professoras Margarida Lima Carvalho e Ednaceli Abreu Damasceno; À Universidade Federal do Pará-UFPA e à Universidade Federal do Paraná- UFPR pela importante iniciativa de adesão ao Procad/Amazônia e a todos os Coordenadores dos PPGE, professores e secretários envolvidos nesse processo; Aos professores Ronaldo Marcos de Lima Araújo – UFPA e ás professoras, Mônica Ribeiro da Silva- UFPR e Ednaceli Abreu Damasceno-UFAC pela condução do Procad/Amazônia; Ao Frederico-Fred e ao Roney pelos apoios institucionais e orientações burocráticas constantes. À Direção do Centro de Educação Letras e Artes, professores Itamar Miranda e Selmo Pontes, à Coordenação do Mestrado em Educação, Professora Lúcia de Fátima Melo e ao Colegiado do PPGE/UFAC pela liberação e apoio dispensado para a realização do Estágio Pós-doutoral; Aos professores que compõem os Programas de Pós Graduação da UFPA, UFAC e UFPR pela iniciativa da elaboração e submissão à Capes do projeto Procad/ Amazônia do qual resulta essa pesquisa; Ao Professor Dr. Paulo Vinícius Baptista da Silva, pesquisador experiente, que aceitou supervisionar essa pesquisa e que, mesmo em meio as suas muitas atribuições acadêmicas e a pandemia da Covid-19, dispensou tempo e atenção a nossa supervisão. Muito obrigada Paulo! Aos colegas que compõem o Grupo de orientandos do Professor Paulo Vinícus pela acolhida e troca de conhecimentos; Às amigas conterrâneas Flavia Rocha e Bianca Albuquerque pelas parcerias e compreensão; Ao Professor Doutor Genylton Odilon pela viabilização dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura do Campo da UFPA; Às colegas Kelvy Kadge Oliveira Nogueira, Zuila Guimarães Cova dos Santos, Mariana Silva Souza e Flávia Renata Farias e Ferreira com as quais partilhamos a organização da Oficina: Revisão bibliográfica usando bases e ferramentas digitais com foco no uso da ferramenta StArt da UFSCar e que posteriormente, se constituíram importantes parceiras; Ao professor Salomão Hage por ter nos apresentado a professora Maria Antônia de Souza, líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Educação do Campo- NUPECAMP e a todos os membros desse importante grupo que nos acolheu e tem nos oportunizado ricas experiências relativas à educação do campo. À Karen Bortoloti colega do grupo de pós-doutorandos da região Sul que com sua sensibilidade aguçada se dispôs a tomar o primeiro café comigo em Curitiba. Café que teve gosto de acolhida e início de uma amizade; A cada membro de minha família: Pai Vivalde, sujeito chucro que está comigo enquanto legado de amor, mãe, professora rural, forte inspiração para a escolha do objeto desse estudo, meus irmãos e irmãs, Adriel, Daniel, Amélia, Queila e Itamara, esta última, representada na Sharinha por serem uma das mais significativas experiências de amor fraterno. Como é bom ter irmãos e irmãs, principalmente porque de quebra me deram os sobrinhos mais lindos do mundo: Rodrigo, Rose, Lucas, Thiago, Raquel, Adriely, Andreia, Bruno,Sharinha e Beatriz; À tia Maria, “uma mulher que merece viver e sonhar” e aos primos Ciro e Ceila, bem como, suas famílias pelo amor e incentivo; Às amigas de toda vida, Socorro, Tamara, Tavifa, Neivinha e suas respectivas famílias. Às colegas do Centro de Educação Letras e Artes-CELA, Cleyde, Elizabeth, Franciana, Grace, Lurdinha e Murilena, que me apoiaram em minha trajetória acadêmica. Obrigada! Sem vocês essas conquistas não teriam ocorrido; À amiga Viviani Hojas pela troca de ideias durante o esboço do projeto da pesquisa de Pós-Doutoramento; À amiga Adelândia, parceira de Endipe, Anped e risos. Presente que a vida nos devolveu. Às colegas desde a graduação Lenilda Rego Albuquerque de Faria pelas trocas de ideias sobre a vida e pesquisa e Rivanda Nogueira pela leitura atenta de boa parte desse trabalho e das importantes sugestões prestadas; À Brenda, Marli, Ana Paula e Débora pelo acolhimento em Curitiba que tornaram nossos dias bem melhores; Ao meu assessor em informática, mudanças e controle de gastos, Caio, primogênito amado e à Luiza, caçula intensa em tudo que faz, presente da maturidade, bolsa sênior, assessora de fantasias, gastronomias, sonhos e descontrole de gastos. E ao Getúlio, companheiro de boa parte de minha vida e “coautor dessas importantes obras” (Nossos filhos). “Se eu não os amasse tanto assim... talvez perdesse os sonhos dentro de mim.” Obrigada! E a Deus. pela minha criação e por me permitir criar e recriar a História. 8 APRESENTAÇÃO O presente relatório tem o objetivo de apresentar as atividades que desenvolvemos durante o EstágioPós-doutoral realizado junto ao Programa de Pós- graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (PPGE/UFPR), no âmbito do Projeto Educação Básica na Amazônia: pensamento educacional, políticas públicas e formação de professores - Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia n. 21/2018, regulamentado pelo edital de seleção PPGE/UFPR n. 70/2019. O relatório está organizado em duas partes: a primeira destina-se a descrever o conjunto geral de atividades realizadas no período proposto para o Estágio, tais como: participações em eventos acadêmicos, bancas de qualificação e defesa de mestrado e doutorado, participação no grupo de pesquisa coordenado Professor Dr. Paulo Vinícius Baptista da Silva e nas aulas abertas por ele ministradas, dentre outras que descreveremos no corpo desse relatório. A segunda parte é voltada à apresentação da pesquisa que realizamos como resultado do Projeto de Pesquisa submetido por ocasião da seleção ao Estágio. O Procad/Amazônia corresponde a uma ação para o fortalecimento da pós- graduação na Região Norte, com apoio a projetos de pesquisa conjuntos que construam redes de cooperação acadêmica permitindo a utilização de recursos humanos e de infraestrutura disponíveis nas diferentes instituições participantes, possibilitando a abordagem de novos temas e objetos de pesquisa e a criação de condições para o desenvolvimento da pesquisa na Amazônia brasileira, com vistas a contribuir para a elevação da qualidade dos cursos oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior (IES) na região. Além desses objetivos, o Procad/Amazônia visa ainda contribuir para o aprimoramento da formação pós-graduada dos professores que compõem os quadros docentes dos Programas de Pós Graduação da região Norte buscando melhorar as notas desses Programas e diminuir as assimetrias regionais observadas no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), conforme diretrizes do Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020. 9 1 A ESCOLHA DA INSTITUIÇÃO, DO SUPERVISOR E DO OBJETO DE PESQUISA O Procad/Amazônia a que nos vinculamos envolve três universidades: Universidade Federal do Acre (UFAC), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal do Paraná (UFPR). A escolha por fazer Estágio Pós-Doutoral na UFPR envolve elementos de ordem pessoal, acadêmica e política. Do ponto de vista acadêmico, esta é uma universidade com sólida produção acadêmica sobre a Educação do campo e temas correlacionados como: educação ambiental, educação indígena, diversidade e colonialidade/descolonialidade, com importantes pesquisadores sobre os temas citados. Além da produção teórica dos pesquisadores dessa instituição, especialmente dos professores do Programa de Pós Graduação em Educação, ao longo de mais de uma década esta universidade vem contribuído com a formação de quadros profissionais da UFAC por meio de dois Doutorados Interinstitucionais (Dinter) UFAC/UFPR que titulou mais de vinte professores e técnicos da UFAC, inclusive alguns que hoje compõem o quadro de professores do Mestrado em Educação em que trabalhamos e do Mestrado profissional em ensino de Ciências e Matemática. A segunda turma de doutorado oferecida em forma de Dinter entre UFPR/UFAC contou com a coordenação do professor Paulo Vinícius Baptista da Silva pelo período de um ano (2017-2018), profissional que indicamos como supervisor de nosso Estágio por seu compromisso com o fortalecimento da formação de profissionais da educação da região Norte, por seus estudos, pesquisa, orientações e militância sobre/com políticas de educação inclusivas, questões étnico-raciais, decolonização e consequentemente, por seu envolvimento com os esquecidos, excluídos, marginalizados, esfarrapados e negados de um modo geral. Do ponto de vista pessoal, escolher a UFPR foi uma tentativa de retorno. Nasci em Umuarama-PR e aos seis anos migrei com minha família para o Acre, excluídos pela mecanização da agricultura no Sul e iludidos com as terras férteis do Acre. No Acre, até aos treze anos moramos no campo, nas colônias de Sena Madureira, município localizado 144 quilômetros de Rio Branco, capital do Acre. Desse lugar e tempo, carrego com orgulho em meu corpo as marcas do sol e as cicatrizes da enxada, do terçado, da Llata que cortou meu dedo ao buscar água na vertente e do arrame farpado da cerca que feriu minha sobrancelha. 10 Na mente trago a boa lembrança do gosto da sopa da merenda escolar da escola rural em que aprendi a ler, calcular e brincar; o cheiro do maracujá do mato, o barulho da chuva no zinco da cobertura da casa, a cor das águas dos igarapés onde aprendi a nadar e pescar, as vozes dos locutores da Rádio Nacional de Brasília, Edelson Moura e Márcia Ferreira e também os tristes gritos de dor das pessoas doentes que chegavam a nossa casa carregadas em redes penduradas em varas de madeira roliças sobre os ombros de homens. Às vezes a dor e os gritos eram causados por mordidas por cobras ou então eram mulheres em trabalho de parto para serem atendidas por minha mãe. Morávamos em um fim de ramal, espécie de estrada vicinal, início da BR 364. Ali era ponto de acolhimento dos moradores daquela região para uma parada, descanso da caminhada na lama, beber água, tomar um leite, comer uma banana, alimentos que sempre oferecíamos aos que recebíamos, para que seguissem viagem por mais sete quilômetros para pegarem uma atraia(canoa) e atravessarem o rio Yaco e chegar à cidade. Nossa casa era também lugar de trabalhadores rurais trazerem as medidas de áreas de florestas derrubadas para o cultivo de pastos para engordar os bois dos fazendeiros para que minha mãe, professora rural daquela comunidade, fizesse o cálculo matemático da dimensão derrubada e de quanto ganhariam pelo serviço realizado. Ou o quanto estariam devendo ao latifundiário. Com essas anotações, alguns sujeitos iletrados, não só na matemática, vinham também, receitas de remédios, documentos e cartas a serem lidas pela professora e na cabeça daquela gente humilde, uma riqueza de saberes cotidianos para a partilha, tais como: a melhor lua para tocar fogo no roçado, para plantar, para castrar os animais; para definir como poderiam colher a plantação de todos os colonos em forma de mutirão para que nenhum perdesse a produção, para definir o melhor dia para realizar o torneio de futebol, as reuniões religiosas, os casamentos e batizados. As escrevivências citadas hoje formam “pororocas epistemológicas” com a condição de professora universitária. De 2006 a 2010 foi realizado o doutorado em Educação: Currículo pela PUC/SP. Ao término do doutorado foram retomadas as atribuições de ensino, pesquisa, extensão e orientação de trabalhos acadêmicos sempre voltados ao campo do Currículo, Formação de Professores e Ensino de História. O título foi obtido, mas o cotidiano descrito fez querer muito ver, ler e ajudar a conceber projetos currículos de formação inicial de professores do campo no Acre. Fato que fez com que fosse tomado como objeto de pesquisa de Pós-Doutorado “O currículo de 11 formação inicial de professores do campo nas universidades federais da região Norte”. Isso porque, segundo Severino: Para apreender o objeto como sendo significativo para nós, sujeitos, é preciso como que refazer a estrutura desse objeto, seja ele um objeto físico, simbólico ou imaginário. Esse é o modo humano de conhecer (SEVERINO, 2006, p. 71). Assim, reconstrói-se um objeto. Reconstrução aqui entendida não como “um processo de fazer existir o objeto, mas como atividade de se refazer a estrutura do objeto pesquisado” a partir da interseção de nossa história de vida com um objeto científico. A realização desta pesquisa, ao requerer um aprofundamento sobre o referido objeto, nos propicia uma instrumentalização teórica e prática sobre o tema que pode fomentar um movimentopela elaboração de Projetos Curriculares de Formação Inicial de professores dos campos, águas e florestas do Acre no interior da UFAC. Além dessa ação, o Estágio oportunizou conhecer melhor os modos como funcionam as universidades e a pós-graduação no Brasil, especialmente as potencialidades e desafios para seu acontecer na Amazônia. Despertou para importância dos grupos de pesquisa, para a devida articulação entre graduação e pós-graduação e para a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Do ponto de vista político, a escolha pela UFPR se dá por ser uma referência em termos de qualidade acadêmica na região Sul do país e por ser uma universidade, inclusiva e comprometida com a produção da ciência, mas também da justiça social. 2 A CHEGADA: CONHECER CURITIBA E (DES)CONHECER O CAMPUS REBOUÇAS A chegada em Curitiba, em 02 de setembro de 2020, ainda em processo de recuperação de uma fratura no tornozelo e em meio à pandemia causada pelo Covid 19 foi repleta de desafios e emoções. Conhecer Curitiba, cidade de lindos parques, de maior IDH do Brasil, de clima ameno em oposição a Rio Branco, cidade de onde eu vinha, de clima extremamente quente, foi um sonho. Nos primeiros 22 dias, eu e meus dois filhos, de 11 e 22 anos, ficamos em um Hotel no Centro da Cidade enquanto procurávamos imobiliárias para alugar um apartamento. Decidimos, então, que alugaríamos um apartamento no Bairro de Rebouças, onde está localizada a área de Educação da Universidade Federal do Paraná- UFPR. Trata-se de um prédio histórico, no qual funcionou a primeira Estação 12 Ferroviária de Curitiba. Naquele espaço, almejava vivenciar ricas trocas de experiências acadêmicas. Havia lido o artigo “Irmãos Rebouças no Paraná do século XIX e os intelectuais negros”, escrito por Barbosa, Anjos e Silva (2020) e nosso interesse por conhecer tal Campus era grande. Passados os dias conseguimos alugar um apartamento em uma esquina da Avenida Getúlio Vargas com a Rua 24 de Maio. Tal como desejado, estávamos em Rebouças! Dalí, ouvíamos o barulho do trem e nos deslumbrávamos com um corredor verde de árvores em meio a um emaranhado de edifícios entre os bairros Água Verde e Rebouças e, mais à frente, podíamos avistar as serras. Aquela paisagem nos parecia linda, embora contrastando com as sirenes das ambulâncias que traziam pacientes de Covid para o Hospital Pequeno Príncipe, a fome dos mendigos nas esquinas durante o dia e o frio dos travestis que ocupam as ruas às noites. No dia 23 de setembro, decidi que, como já estávamos instalados, era o momento de conhecer o Campus Rebouças. Contudo, só tive condições de avistá-lo do portão e torcer para que a pandemia acabasse e eu pudesse adentrar àquele espaço, aonde viria a conhecer os professores e alunos do PPGE/UFPR e vivenciar boas experiências. Isso, no entanto, não foi possível! Os meses que sucederam foram de isolamento no apartamento, trabalhando no modo home office. O viver naquele lugar me fez refletir que, às vezes, pode haver descompassos entre a geografia física e a geografia humana de uma grande cidade. E em meio a essas reflexões, enquanto limpava o apartamento, veio-me à mente, de modo desvairado, as ideias para o primeiro escrito de domingo. Nomeei-o “Geopolíticas indentitárias”, e o escrevi à mão, para que este não se perdesse até ser digitalizado. 3 PARTICIPAÇÃO NO GRUPO DE PESQUISA DO SUPERVISOR A participação no Grupo de pesquisa do professor Paulo Vinícius Baptista da Silva consistiu na mais significativa experiência que vivenciamos. Quer pelas temáticas nele tratadas, quer pela diversidade de sujeitos que o compõe. São professores, alunos da graduação, mestrandos, doutorandos e pesquisadores em processo de pós- doutoramento que compartilham suas pesquisas, exercitam o diálogo respeitoso e o crescimento coletivo. No início de minha estadia em Curitiba, os encontros estiveram suspensos por um tempo. Contudo, em março de 2021 voltaram a acontecer e foi uma grata satisfação poder participar daqueles encontros. Aguardávamos com ansiedade as quartas-feiras, 13 dia em que ocorriam as reuniões. Nelas, sob a condução do professor Paulo Vinícius aprendíamos importantes questões relacionadas aos processos de construção de nossas pesquisas, mas aprendíamos também valores como respeito, ética, solidariedade e justiça. Sua tranquilidade ao conduzir as reuniões, sempre acompanhado de um chimarrão ou um vinho, foi inspiradora. Tivemos um exemplo de que a vida acadêmica não precisa ser um peso. Mesmo em meio as suas muitas atribuições, ali estava um exemplo de ser humano leve e acolhedor. A ele minha gratidão sempre! 4 PARTICIPAÇÃO EM BANCAS DE QUALIFICAÇÃO E DEFESA Durante o Estágio Pós-doutoral houve participação em cinco bancas. Sendo quatro bancas de defesas de dissertações de mestrado e uma de qualificação de doutorado. As bancas as quais a participação foi como avaliadora externa envolviam as instituições conveniadas para a realização do Procad/Amazônia. De igual modo, nas Bancas presididas foram convidados professores vinculados à UFPR e UFPA, conforme quadro a seguir: Quadro de Bancas de Mestrado e Doutorado com a participação de Tânia Mara Rezende Machado Autor Tema Banca Nível Progra ma Rozana Teixeira A rememoração da negritude e da branquidade no livro didático, por alunas/os do Ensino Fundamental II no estado do Paraná Paulo Vinícius Baptista da Silva (UFPR); Ana Amélia de Paula Laborne (UFMG); Andrea Maila Voss Kominec (UTFP); Débora Cristina de Araujo (UFES); Tânia Mara Machado (UFAC) Qualificaçã o/ Doutorado PPGE/ UFPR 14 Ildenê Freitas da Silva Mota Currículo prescrito para a Língua Portuguesa: Uma análise a partir das três versões da Base Nacional Comum Curricular. Genylton Odilon Rêgo da Rocha (UFPA); Maria José Aviz do Rosário (UFPA); Eurize Caldas Pessanha (UFMS); Tânia Mara Rezende Machado (UFAC). Defesa/ mestrado PPGE/ UFPA Maria José Nascimento Correia Os conteúdos históricos do ensino fundamental ii na base nacional comum curricular: reflexões sobre a democratização da educação. Tânia Mara Machado (UFAC); Genylton Odilon Rocha (UFPA); Lenilda Rêgo de Faria (UFAC). Defesa/ mestrado PPGE/ UFAC Carlos Eduardo da Silva Currículo de ensino de arte no acre: entre a formação, conformação ou deformação de humanidades. Tânia Mara Machado (UFAC); Renata Andrade (URGS); Elizabeth Miranda de Lima (UFAC); Paulo Vinícius Baptista da silva (UFPR). Defesa/ mestrado PPGE/ UFAC Heleno Szerwinsk de Mendonça Rocha A apropriação do celular por licenciandos da Universidade Federal do Acre: Considerando a cultura escolar e a formação inicial de professores. Tânia Mara Rezende Machado-(UFAC); Rafael Gonçalves (UFAC); Gláucia Brito (UFPR). Defesa/ mestrado PPGE/ UFAC Fonte: Elaborado pela autora com base em dados do Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/9921782830215348 5 PARTICIPAÇÃO NO XI COPENE Durante os dias 9 e 12 de novembro de 2020 participei das atividades remotas do XI Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (XI COPENE) na Universidade Federal do Paraná (UFPR). O XI COPENE teve três atores históricos fundamentais para sua implementação e execução: Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), o Consórcio Nacional dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros, representado pelo Neab/UFPR, como promotores do evento e a Universidade Federal de Paraná (UFPR) na condição de instituição que sediou o evento com seus respectivos núcleos de pesquisas relacionados à temática. Essas instituições têm reconhecida relevância acadêmica no cenário 15 brasileiro e até mesmo no exterior no que tange as questões ligadas à discussão étnico-racial no Brasil. Tivemos a oportunidade de participar desse importante evento assistindo a três conferências: 1- Conferência de abertura com Conceição Evaristo com o título; “Negras escrevivências”; 2- Conferência de Jaqueline de Jesus sobre “interseccionalidades”; 3- Conferência de Rosa Margarida de Carvalho Rocha, sobre “Saberes e fazeres no chão da escola: educação antirracista e formação de professores”. A conferência de Conceição Evaristo sobre “escrevivências” foi muito rica do ponto de vista de nossa formação. A autora, que até então não conhecíamos, trouxe o conceito de “escrevivências” tomando o corpo negro como central. Enfatizou que sem o corpo não há subserviência, não há engenhosidade, não há tática, não há escrevivências, pois estas são feitas de experiência e vivências, e sem esses elementos não há história. O corpo é o espaço de negociação. Recorrendo a Certeau (1998), tratou-se da diferença ente estratégia e tática. A estratégia envolve um tempo apropriado para a organização da ação pretendida. A tática, diferentemente, constitui-se na “arma do fraco”, naquele que não tem todos os aparatos ofensivos para empreender ações emergenciais, aquelas que requerem o agir na hora do “jogo”. Outra importante conferência foi a de Rosa Margarida de Carvalho Rocha, que deixou marcas profundas, dado nosso objeto de estudo ser o currículo. A autora destacou que no tocante ao trato pedagógico com questões étnico-raciais é importante que nos Projetos Políticos Curriculares de formação de professores se defina uma formação que reposicione o papel dos professores para além de fontes de pesquisa. Destacou que é preciso incentivo para que se tornarem educadores, militantes e pesquisadores da temática. Indicou que para que isso ocorra a escola de Educação Básica terá que ser apresentada como espaço formativo para as temáticas étnicas e raciais, não apenas de modo esporádico em componentes curriculares específicos e em dados simbólicos. Em suas palavras, é necessário torná-las parte estruturante dos currículos. Será necessário que as universidades e escolas sejam vistas como instituições formadoras, que tracem protocolos que especifiquem o modo como as questões étnico-raciais serão tratadas e que nesse protocolo se defina as atribuições de 16 cada membro dessas instituições, pois todos podem assumir responsabilidades e tornarem-se partícipes corresponsáveis. Conforme Rosa Margarida um primeiro passo para essas ações, passa pela identificação do racismo institucional e de seus desdobramentos que sejam feitas mudanças antirracistas no currículo para além da inclusão de um ou outro componente curricular. Outra ação importante no enfrentamento ao racismo é o fortalecimento de redes antirracistas no interior da universidade por meio do fomento a políticas institucionais como a abertura de vagas para professores e alunos negros a fim de tornar esse não- lugar em lugar de diferentes raças e etnias. Professores negros tendem a deixar marcados seus lugares de fala, suas opções teóricas e seus projetos de educação e sociedade. Estes, com frequência, aliados aos estudos descolonizadores podem produzir transformações em projetos educacionais racistas e antidemocráticos e forjar projetos pautados no antirracismo e na justiça social. É preciso ainda frisar nos PPC a necessidade do cumprimento da Lei n. 10.639 de 9 de janeiro de 2003 (BRASIL, 2003) não só nos cursos de Licenciatura do Campo, mas em todos. Em linhas gerais, na conferência, a autora: discutiu a importância do reposicionamento dos professores da Educação Básica, de fonte de pesquisa a pesquisadores, apresentou a necessidade de que as escolas parem de trabalhar as temáticas étnicas e raciais de modo esporádico e as torne partes constitutivas dos currículos, apontou que as escolas tracem protocolos especificando o modo como essas questões serão tratadas e que nesse protocolo se definam as atribuições de cada membro da escola, pois todos podem assumir responsabilidades e tornarem-se partícipes. Frisou a necessidade do cumprimento da Lei n. 10.639 não só nos cursos de licenciatura, mas em todos. Citou como exemplo o médico que em sua formação deverá saber das doenças negras, o arquiteto que deverá conceber casas para negros e assim sucessivamente. Por fim apresentou suas obras: 1- Bino: o menino africano da dor do algodão; 2- Educação das relações étnico-raciais: pensando referências para a organização da prática pedagógica; 3- Os Comedores de Palavras; 4- Almanaque pedagógico afro-brasileiro; https://www.amazon.com.br/Bino-menino-africano-dor-algod%C3%A3o/dp/857160651X/ref=sr_1_1?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-1 https://www.amazon.com.br/Educa%C3%A7%C3%A3o-das-rela%C3%A7%C3%B5es-%C3%A9tnico-raciais-referencias/dp/8571604207/ref=sr_1_2?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-2 https://www.amazon.com.br/Educa%C3%A7%C3%A3o-das-rela%C3%A7%C3%B5es-%C3%A9tnico-raciais-referencias/dp/8571604207/ref=sr_1_2?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-2 https://www.amazon.com.br/Comedores-Palavras-Edimilson-Almeida-Pereira/dp/857160262X/ref=sr_1_3?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-3 https://www.amazon.com.br/Almanaque-pedag%C3%B3gico-afro-brasileiro-Margarida-Carvalho/dp/8571605580/ref=sr_1_4?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-4 17 5- Alfabeto negro: manual do professor; 6- Pedagogia da diferença. Assistir a conferência de Jaqueline de Jesus sobre “interseccionalidades” foi outra importante atividade realizada durante o Copene. Trouxe-nos importantes reflexões sobre os modos como elementos de exclusão social se alinham para potencializar ainda mais a exclusão. 6 PARTICIPAÇÃO NO GRUPO DE PÓS-DOUTORANDOS DA REGIÃO SUL Participamos também do Grupo de pós-doutorandos da região Sul que envolveu Aline Chalus Vernick Carissimi, Anderson Luiz Tedesco, Caio Floriano, Carmen Regina Gonçalves, Célia Ratusniak, Diego Orgel, Edna Liz Prigol, Fabiane da Silva Prestes, Fabiane Lopes de Oliveira, Gilson Luís Voloski, Gislene Miotto, Umberto Costa, José Bonifácio Alves da Silva, Karen Fernanda Bortoloti, Paulo Fioravante Giareta, Renata Maraschin, Simone Albuquerque, Ronaldo Aurélio Gimenes Garcia, Suyan Ferreira e eu, Tânia Mara Rezende Machado. No dia 3 de novembro de 2020, esse grupo de pós-doutorandos da região Sul se reuniu pela plataforma virtual Google Meet e definiu uma pauta de discussões concernentes à categoria que passou a ser discutida nos próximos encontros do Fórum dos Pós-Doutorandos no âmbito da XIII Reunião Científica Regional da ANPEd Sul. Foi discutido que os pesquisadores exercem suas atividades nos programas em diferentes condições (com bolsa, pesquisadores experientes, recém-doutores/as, pesquisadores/as sem vínculo institucionais efetivos ou já vinculados a outras instituições com ou sem bolsa). Naquela reunião foi defendida a importância de se pensar o lugar do pós-doutorado e sua relação com as universidades. Foi também discutida a necessidade do debate a respeito da portaria da CAPES número 86, de 3 de julho de 2013, que regula o exercício do pós-doutorado, no caso dos bolsistas PNPD. Contudo, ainda foi debatida a necessidade de se considerar aquilo que também é estabelecido pelo CNPq, entre outras agências e programas de fomento, acerca do pós-doutorado e analisar o seu papel institucional para a educação. De acordo com os participantes, a caracterização do pós-doutorado no Brasil é uma questão importante que deve considerar a situação de crise na educação do país, com retrocessos no sentido da mercantilização, e a inserção efetiva dos/as jovens doutores/as em seus respectivoscampos de pesquisa. O pós-doutorado poderia ser https://www.amazon.com.br/Alfabeto-negro-Margarida-Carvalho-Rocha/dp/8571605599/ref=sr_1_5?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-5 https://www.amazon.com.br/Pedagogia-Diferenca-Margarida-Carvalho-Rocha/dp/8561191082/ref=sr_1_7?dchild=1&qid=1605101966&refinements=p_27%3ARosa+Margarida+de+Carvalho+Rocha&s=books&sr=1-7 18 concebido como um programa para atuação de pesquisadores doutores, estabelecendo parcerias de trabalho no ensino, na pesquisa e na extensão, em instituições educacionais públicas ou privadas que atendam demandas de interesse público. Alguns pós-doutorandos, como foi o nosso caso, sentem esse processo de estágio pós-doutoral como um momento muito solitário (sobretudo em tempo de pandemia). Torna-se imprescindível relatar a trajetória do pós-doutorado em meio à pandemia de Covid-19. Parte dos objetivos de contribuir com o desenvolvimento de pesquisas da área da educação ficou comprometida em função da pandemia, que modificou as condições de vida, trabalho e estudo dos professores-pesquisadores. Algumas das atividades planejadas, durante a realização do estágio pós-doutoral, estão inviabilizadas pelo novo formato que as atividades universitárias passaram a assumir em função da pandemia. Apesar de promover facilidades, o excesso de relações em ambientes virtuais tornou o trabalho quase ininterrupto para os professores-pesquisadores, pois ocorrem conexões simultâneas em espaço e tempo contínuo do trabalho em casa, causando superatarefamento constante. Além disso, é perceptível pelos participantes a experiência de docentes menos habituados/as à cultura digital que se sentem expropriados/as de meus saberes e fazeres, carentes do diálogo presencial que possui outras características. Embora a atuação do pesquisador esteja bastante restrita às plataformas digitais, tal fato não é impedimento para a defesa da área da educação, da universidade que cumpre sua função pública, da produção do conhecimento científico e da democratização das instituições acadêmicas. Para os próximos encontros virtuais, conforme deliberação coletiva seguiu-se discutindo as seguintes questões: normas e tipos de pós-doutorado no Brasil; situação dos estagiários pós-doutorais em programas de pós-graduação em educação; caracterização da pesquisa de pós-doutorado; fomento à pesquisa de pós-doutorado; apoio mútuo entre pesquisadores de pós-doutorado; continuidade do fórum. Com a mudança do trabalho para o ambiente virtual, ressignificaram-se fazeres, mas não desviaremos do objetivo de colaborar com o desenvolvimento educacional por meio da construção e difusão de conhecimentos científicos de modo dialógico, intercultural e transformador. Os participantes constituintes do fórum reforçam o compromisso com a educação pública e opõem-se veementemente ao descrédito às ciências. Nesse Fórum houve fortalecimento como pesquisadora, pois foi oportunizada a compreensão do que é um pós-doutorado e como ele funciona. Colocamos em questão 19 qual a identidade do pós-doutorando e busca-se construir um estudo comparativo do que é o Estágio pós-doutoral no Brasil e em outros países. Os debates produzidos no grupo indicam diferenças substanciais e mostram que o pós-doutorado no Brasil se constitui em uma espécie de exploração de “mão de obra barata” para pesquisadores que não possuem vínculo profissional com instituições de ensino superior. (Declaração de participação-Anexo 1) 7 PARTICIPAÇÃO NAS AULAS DO PROFESSOR PAULO VINÍCIUS BAPTISTA DA SILVA Através da participação nas aulas abertas da disciplina Tópicos Especiais em Diversidade, Diferença e Desigualdade Social, Relações raciais, Movimentos sociais e Estudos Decoloniais ministradas virtualmente pelo professor Paulo Vinícius e convidados, tivemos acesso a uma ementa que contempla aspectos da Sociologia das relações raciais no Brasil. Intelectuais Negros e pesquisa em educação. Colonialidade do ser, do saber e da natureza na Educação, Interculturalidade e Conhecimento e Pedagogias Insubmissas. Foi objeto de estudo na disciplina um conjunto de conceitos e teorias como: Teoria Racial Crítica, pedagogias insubmissas, racismo epistêmico, branquitude, contranarrativas, identidade racial branca e identidade racial negra. Em umas das aulas abertas conhecemos as Políticas Inclusivas da UFPR. Políticas essas dignas de orgulho. Dados trazidos e principalmente a informação de que alunos negros, por ocasião de seus ingressos na universidade podem apresentar desvantagens em termos de conhecimentos, marcaram este momento. Contudo, ao concluírem seus cursos, a formação alcançada os coloca em pé de igualdade cognitiva. Fenômeno educacional o qual Saviani (1980) classifica como uma atividade que supõe uma heterogeneidade real e uma homogeneidade possível; uma desigualdade no ponto de partida e uma igualdade no ponto de chegada (SAVIANI, 1980). Compreendendo o potencial transformador da educação, especialmente para as camadas populares, durante aquela aula aberta, fizemos uso do chat para perguntar se o mesmo ocorreria com a inclusão tecnológica. Ou seja, foi questionado se alunos que ingressavam sem letramento digital, ou sem as habilidades necessárias ao acompanhamento de aulas remotas, no decorrer das aulas iam ganhando autonomia com as tecnologias digitais e apropriando-se do uso das ferramentas digitais e dos conteúdos por elas mediados. 20 Nossa pergunta, talvez por ter sido mal formulada, foi respondida em termos muito abrangentes, vinculando a inclusão digital mais à rede e aos instrumentos tecnológicos do que ao domínio de seus usos e aos conhecimentos por eles veiculados mediante tratamento pedagógico. Além de conhecer as políticas de inclusão da UFPR tivemos acesso a um conjunto de obras como: Pedagogías insumisas: movimientos político-pedagógicos y me-morias colectivas de educaciones otras en América Latina organizada por Patricia Medina Melgarejo nos trouxe uma diversidade de temáticas muito potentes do ponto de vista teórico sem sonegar dados empíricos. Dentre os artigos que compõem a obra, das páginas 129 a 163 consta um de autoria de Mônica Castagna Molina e Laís Mourão Sá sob o título: “A educação como lugar de disputa e resistência: registros e reflexões sobre uma experiência de formação de educadores do campo no Brasil”. Esse artigo trouxe contribuições às análises relativas ao Currículo de Formação Inicial de Professores do Campo na Região Norte, objeto específico de nossa pesquisa de Pós-doutoramento. Molina e Mourão (2015) tratam da relação da educação do campo com a luta campesina por terra e trabalho, destacando a experiência de professores do campo no Brasil e sua articulação com o movimento dos sem-terra: El camino de la lucha campesina se encuentra representado por , quienes plantean la ne-cesidad de vincularse con la madre tierra, resignificar el trabajo yhacer comunidad desde otras ciudadanías y otra perspectiva de vida; a partir de una educación por y desde la tierra, las autoras nos enseñan la comprensión de la educación como un espacio de lucha y resistencia para garantizar los derechos de los trabajadores rurales, en la articulación de las reflexiones sobre la trayectoria y ex-periencia de la formación de profesores en Brasil, proyecto articu-lado en los últimos años al Movimiento Sin Tierra reconocido como educación del campo (MOLINA; MOURÃO, 2015, p. 140). O tempo de qualidade reservado para a leitura de outras obras como: “Colonialidade do poder, eurocentrismo e América latina” de Quijano (2010); “Os condenados da terra” de Fanon (2005); “O movimento Negro educador” de Gomes (2018); “Epistemologias do Sul”, organizado por Santos e Menezes (2010) e “Brasil: lugares de negros e brancos na mídia: discursos racistas e práticas de resistência”organizado por Silva e Rosemberg (2008) foram fundamentais para reforçar nossas 21 opções teóricas e o projeto de educação que defendemos desde o mestrado, momento em que produzimos uma dissertação sobre migrantes do centro-sul no Acre. Naquela época, 2002, tínhamos acesso a pouquíssimas referências teóricas sobre colonialidade, identidade e interculturalidade. Mesmo assim, tentamos ressignificar o conceito de “paulistas” no Acre por meio da problematização da necessidade de se reverter a homogeneização dos sujeitos que migraram para o Acre por volta dos anos de 1970, especialmente trabalhadores rurais e que lá constituíram modos de vida que não nos permite tal homogeneização. Mais tarde, em 2013, houve o credenciamento como professora permanente do Mestrado Acadêmico em Letras da UFAC e nele houve oportunidade de dialogar com um conjunto de professores de perspectivas interdisciplinares como: Valda Inês Fontenele Pessoa, Elder Andrade de Paula, Gerson Albuquerque, Francisco Bento da Silva, Maria de Jesus Moraes, Marcello Messina dentre outros mais jovens com os quais igualmente houve a alegria da partilha epistêmica de referências que no Estágio Pós- doutoral volta de maneira mais potente. No Programa referido, houve permanência até o ano de 2018 quando foi solicitado desligamento por questões de saúde que não permitiram mais conciliar a participação em dois programas, uma vez que a partir de 2014, deu-se início à colaboração na criação do Mestrado em Educação da UFAC, sendo este último Programa mais novo que o Mestrado em Letras, carecendo de quadro docente. Optou-se então pelo desligamento do Mestrado em Letras. Contudo, naquele espaço acadêmico, foi obtido o contato com uma literatura de perspectiva insubmissa e descolonizadora. Já no Mestrado em Educação, por meio do trabalho colaborativo, especialmente com as professoras Elizabeth Miranda de Lima e Lenilda Rego Albuquerque de Faria, passa-se a dialogar com um referencial teórico frankfurtiano e marxiano. O acesso às referências teóricas trazidas na disciplina nos fez revisitar duas de nossas produções: Hojas e Machado (2019) e Costa, Machado e Dantas (2020) e perceber o quanto esses estudos ficariam melhor fundamentados se dialogassem com as referências trabalhadas pelo professor Paulo Vinícius. Contudo, o que pensamos e fazemos resultam de nossos tempos, espaços e oportunidades experienciais. Narrar as “escrevivências” se faz importante para a compreensão dos modos como nos constituímos como profissional e com se dá nossa relação com as referências teóricas e epistemológicas trazidas na disciplina ofertada pelo professor Paulo Vinícius Baptista da Silva que com suas muitas qualidades profissionais e humanas nos tem http://lattes.cnpq.br/3182016462906419 http://lattes.cnpq.br/3182016462906419 http://lattes.cnpq.br/3845501264534592 22 permitido refletir que: “O apolínio e o dionisíaco não são duas forças antagônicas, eles se condensam para aceitar o real da vida em todas as suas circunstâncias. Assim, não caberiam perspectivas binárias do tipo ‘isto ou aquilo’. Caberia sim, isto e aquilo” (HOJAS; MACHADO, 2019, p. 645). Ciente de que não cabe ao bem pensar o modo binário de ver o conhecimento, o reencontro com a literatura de perspectiva decolonial foi muito potente durante o Estágio Pós-doutoral; o que não nos parece se tratar de ecletismo teórico, mas de coerência epistemológica com os objetos de estudos a que nos dedicamos em diferentes produções. Como nos dizeres de Thompson: A economia política tem termos para o valor de uso, valor de troca, o valor monetário e a mais-valia, mas não para o valor normativo. Não tem termos para outras áreas da consciência: como ver em termos de valor, preço e lucro os rituais simbólicos de Tirburm ou do mausoléu de Lênin (ou, agora, de Mao?). (...) O que descobrimos (em minha opinião) está num termo que falta: ‘experiência humana’. É esse exatamente, o termo que Althusser e seus seguidores desejam expulsar, sob injúrias, do clube do pensamento, como o nome de ‘empirismo (THOMPSON, 1981, p. 82). Se não é possível ver em termos de valor, preço e lucro os rituais simbólicos de Tirburm ou do mausoléu de Lênin, também não é possível analisar as relações de produção da borracha na Amazônia do século XX e a exploração dos seringueiros sem esses conceitos. Logo, a cada objeto, o seu tratamento teórico-metodológico. 8 PARTICIPAÇÃO NA ORGANIZAÇÃO DE OFICINA SOBRE A FERRAMENTA START Demandado pelo professor Paulo Vinícius Baptista da Silva, ajudamos a organizar uma oficina sobre Revisão bibliográfica usando bases e ferramentas digitais com foco no uso da ferramenta StArt, em parceria com quatro colegas do grupo de pesquisa: Kelvy Kadge Oliveira Nogueira, Zuila Guimarães Cova dos Santos, Mariana Silva Souza e Flavia Renata Farias Ferreira com as quais muito aprendi e agradeço. State of the Art through Systematic Review (StArt) é um gerenciador de revisão sistemática, desenvolvida pelo Laboratório de Pesquisa em Engenharia de Software (LaPES) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que objetiva auxiliar pesquisadores em processos de Revisão Sistemática de Literatura (RSL). 23 O objetivo da oficina consistiu em apresentar aos membros do Grupo de Pesquisa do professor Paulo a experiência do uso da ferramenta StArt como possibilidade para auxiliar na Revisão Sistemática de Literatura. É importante destacar que nossa contribuição na organização da oficina se deu muito mais pelos nossos não saberes sobre o uso da ferramenta que pelo pleno domínio desta. À medida que os desafios que enfrentávamos foram socializados com as colegas mais jovens, de faixa geracional que tende a ter maiores habilidades com as tecnologias digitais, um novo material era incluído no projeto da oficina. Fosse um texto, um tutorial ou um protocolo já preenchido para servir como exemplo. Estratégias que afirmaram o não saber como elemento de busca pelo aprimoramento do saber e não como fonte de castigo e exclusão. A atividade nos oportunizou aprofundar a reflexão sobre a importância da revisão sistemática de literatura para a realização de pesquisas e para a constituição de redes colaborativas de estudos sobre um dado tema. O material relativo a essa oficina consta como apêndice um a esse relatório. 9 PARTICIPAÇÃO NO SEMINÁRIO INTEGRADO DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO IFRO, UNIR E ANPUH-RO/AC No período de 23 a 26 de novembro de 2020 ocorreu de modo virtual o Seminário Integrado de Pesquisa e Pós Graduação IFRO, UNIR e ANPUH-RO/AC. Nele compusemos uma mesa sobre pesquisa, ensino de História. Em nossa fala, discutimos as articulações entre pesquisa e ensino de História no contexto da pandemia da Covid-19. Fundamentamo-nos em um referencial teórico de perspectiva crítica de educação, tomando como foco a análise da natureza e as especificidades da escola, do trabalho pedagógico, do ensino de História e da pesquisa em História, formas realizadas antes e em tempos de pandemia. A princípio avaliamos se tratarem de duas coisas combinadas entre si, além de uma terceira, que não se articula com as duas primeiras. Ou seja, ensino e pesquisa se harmonizam perfeitamente. Contudo, em tempos de pandemia, ambos ficam limitados. Isto porque o contexto de pandemia é impróprio tanto para o ensino de História quanto para as pesquisas nesse campo de estudos. Após a nossa fala, com a intenção de fazer com que chegasse a mais pessoas, sistematizamos em forma de um artigo está que organizado em três seções 24 interdependentes: na primeira seção tratamos do Ensino de História no contexto da pandemia da Covid-19, nela destacamos a forma escolar na modernidade, as especificidades do ato pedagógico e do ensino de História com vistas a identificar as mudanças postas à escola e ao Ensino no contexto da pandemia. Fizemos ainda,uma crítica a plataforma classroom para aulas remotas-ERE e apontamos algumas alternativas para o Ensino de História nesse contexto. Na segunda seção focamos na pesquisa em História no contexto da pandemia. Apontamos a natureza da pesquisa, destacamos suas diferenças em relação ao ensino e indicamos algumas alternativas para realizá-la. Alertamos ainda, para a necessidade de se garantir também, a extensão, mesmo em tempo de pandemia, para que se cumpra de modo mais completo o papel social da universidade. Na terceira seção colocamos em questão o retorno das aulas presenciais ou não, em tempos de pandemia. Defendemos a ideia de que, caso se decida pelo retorno das aulas presenciais, será necessário criar protocolos que garantam segurança a vida dos alunos, professores e funcionários das escolas e universidades. Por fim, propomos que em caso de retorno às aulas, estas se deem mediante a elaboração de um projeto construído de modo participativo, inclusivo e interdisciplinar, lembrando que a vida é maior e mais importante que o ensino e a pesquisa em História. 10 PARTICIPAÇÃO NO NUPECAMP Na ânsia por dialogar com pesquisadores do Campo, mantivemos contato com a professora Maria Antônia de Souza, líder do Núcleo de Pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas (NUPECAMP), vinculado ao Programa de Pós-Graduação – Mestrado e Doutorado em Educação – da Universidade Tuiuti do Paraná e fomos acolhidas pelo grupo. O grupo reúne pesquisadores que trabalham com a capacitação de professores das escolas do campo, colabora com secretarias municipais de educação e com a Coordenação da Educação do Campo do estado do Paraná. No dia 20 de fevereiro de 2021, foi desenvolvida uma fala no grupo sobre Educação e Diversidade no Acre. Dialogamos sobre o tema, partindo da constituição territorial do Acre e partilhamos algumas experiências formativas realizadas em municípios do Acre. O diálogo e a partilha de experiências colocaram em questão o ideal de perfeição do que seja um processo educativo. Tratamos de ações descolonizadoras, posto que 25 libertam, apoderam e emancipam os sujeitos envolvidos. Em outras palavras, indicaram o rompimento de uma visão colonialista fortemente arraigada na sociedade acreana haja vista que os colonizadores foram embora, mas não os deixaram. Segundo Quijano (2013), ficaram em seus imaginários as marcas reducionistas de uma episteme colonialista caracterizada por tudo que é memorizado, pobre, feio e longe. O material relativo a essa oficina consta como apêndice quatro e anexo dois em formato de declaração. 11 PARTICIPAÇÕES NA REDE MULHERAÇÕES No mês de fevereiro de 2021 participamos da Rede MulherAções que se constitui em uma rede de formações para mulheres negras afro-indígenas e indígenas do Acre, pensada inicialmente por três mulheres negras pesquisadoras do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do acre-Neabi/UFAC. O objetivo da Rede MulherAções é auxiliar mulheres negras, indígenas e afro- indígenas nos processos de ingresso nos cursos de mestrado e doutorado. Na condição de ex-orientadora de Sulamita Rosa da Silva, uma das mentoras do Projeto, cuja dissertação versou sobre Trajetórias de professoras negras dos cursos de formação de professores da UFAC/Campus Rio Branco, no dia 25 de fevereiro de 2021, como “madrinha” dessa tão relevante ação, realizei uma atividade de formação de modo virtual pelo Meet sobre a elaboração de Memoriais Acadêmicos. A atividade se fez relevante uma vez que na vida acadêmica, dois tipos de documentos autobiográficos são frequentemente solicitados dos alunos e professores: o curriculum vitae e o memorial. Na atividade desenvolvida tratamos do memorial como documento que se constitui em instrumento de registro de trajetórias que se presta a diferentes finalidades. Dentre estas, serve como peça constitutiva dos projetos de pesquisa e de textos de qualificação em cursos de pós-graduação. Momento em que o pesquisador, deve explicitar de modo histórico, analítico e crítico acontecimentos que constituíram sua trajetória acadêmico-profissional e a relação de sua história com a escolha do objeto de estudo. Trouxemos referências teóricas que auxiliam na construção de memoriais e alguns exemplos de como construí-lo. O material relativo a essa oficina consta como apêndice dois deste relatório. 26 12 PARTICIPAÇÃO NO PROJETO PRÉ-PÓS DA UFPR Uma das atividades mais significativas que realizamos durante o Estágio Pós- doutoral foi a participação no Projeto de Extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR) denominado “Pré-Pós”. O projeto tem como objetivo preparar candidatos para realizarem seleções de mestrado e doutorado. Trata-se de uma iniciativa de perspectiva inclusiva e cuidadosamente pensada para um público amplo, e em alguns casos, composto por excluídos (negros, indígenas, pessoas com deficiência e migrantes). Do ponto de vista pedagógico, o curso é pensado de modo que a seu final os candidatos tenham produzido seus projetos de pesquisa e conheçam os meandros da pós-graduação tais como: identidade dos programas a que pretendem se submeter, linhas de pesquisa, etapas de seleção, principais referências teóricas, dentre outros aspectos. Atuar como tutora nesse projeto foi uma oportunidade ímpar de trabalho colaborativo, de ensino e aprendizagem e de crescimento humano. 13 PARTICIPAÇÃO COMO PARECERISTA EM REVISTAS CIENTÍFICAS Uma das exigências avaliativas do estágio Pós-doutoral é a submissão de um artigo científico a periódicos classificados pela Capes com qualis entre A e B. Nesse sentido, paralelamente às atividades desenvolvidas no Estágio visitamos o site de algumas revistas da área de educação e foram realizados cadastros como leitora, autora e avaliadora e em alguns através do cadastro como avaliadora, foram recebidos artigos para serem avaliados. Citamos como exemplo: Revista Espaço do Currículo produzida na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Revista Brasileira de Educação do Campo, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Revista Teias, produzida pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Revista Atos de Pesquisa produzida pela Universidade Regional Blumenau (URB), Revista Das Amazônias, Revista discente de História da Universidade Federal do Acre (UFAC) e Revista Muiraquitã, revista de Letras e Humanidades também da UFAC. Essa experiência proporcionou maior conhecimento a respeito das revistas da área de Humanas, com destaque para a Educação, o que nos qualifica não só como avaliadores, mas principalmente como autores e orientadores que auxiliarão a produção 27 e publicação de nossos orientandos. Condição imprescindível para a manutenção de Programas de Pós Graduação. 14 ESCRITOS DE DOMINGO Uma atividade que não se constitui em encargo acadêmico, mas que consideramos por bem relatar foi algo que chamamos de “escritos de domingo”. Trata - se de um conjunto de pequenos textos insubmissos que denominei de “escritos de domingo”. Feitos nesse dia da semana, nos intervalos entre os estudos e as tarefas domésticas. Tais registros funcionaram como formas de travessias, forjadas para transpor os desafios impostos pelo contexto, para extravasar os sentimentos de impotência, ansiedade, luto, medo, revolta, resistência, solidão, saudade, alegria e tristeza e evitar a loucura, posto que a fronteira entre esta e a sanidade esteve bem tênue. Antes de apresentar os “escritos de domingo” permita-me narrar um fato que guarda relação com eles. Certa feita um amigo enviou-me um e-mail que continha anexo o boneco de um livro de poesias. No corpo da correspondência, solicitava que eu fizesse com que a referida obra chegasse às mãos de meu esposo. O amigo gostaria de ter o parecer de alguém a quem ele julgava sensível e criativo para avaliarsuas obras. Eram escritos produzidos ao longo de mais de duas décadas, e ele entendia que um cantor e compositor teria tais credenciais. Ah! Como fiquei despeitada! Eu não sou compositora nem cantora, mas gosto de uma escrita criativa. Respondi-lhe que atenderia sua solicitação, mas não sem antes ler todas as poesias. Afinal, não estaria ferindo a ética na correspondência, uma vez que o endereço de e-mail para o qual as poesias foram enviadas era meu. Passados alguns dias, o amigo me respondeu pedindo desculpas, afirmando ser uma honra ter-me como sua leitora. Saiu-se bem! Cumpri a solicitação e entreguei a obra ainda inacabada para o avaliador destinatário. Mais alguns dias se passaram, e perguntei-lhe se ele já tinha um parecer sobre as poesias. Com uma naturalidade impar ele me respondeu: “Não sei nem que laudo dar as poesias do “fulano de tal”. São poesias agoniadas demais”. Diverti-me com os dois termos empregados: laudo e agoniadas, pois nenhum deles cabia ao contexto. Poesias normalmente passam por críticas literárias e podem ser classificadas de muitos modos a depender do estilo. Contudo, agoniadas não parecia ser o adjetivo mais apropriado se, de fato, as poesias não explicitassem uma perspectiva de 28 resistência, e se o avaliador que proferira tais expressões não fosse um sujeito muito rico culturalmente, que trazia as marcas de escolas literárias conservadoras. Ri um pouco e fiquei a pensar: como responderia ao meu amigo? Transmitiria-lhe o “laudo” de suas poesias? Diria-lhe que o avaliador as achou agoniadas por demais? Enquanto estudava uma forma de comunicar o veredito, surpeendentemente, o avaliador diz: “Algumas poesias se salvam. Uma delas musicalizei e ficou bem bacana”. Que alívio! Marcamos um almoço em nossa casa, convidamos o amigo apresentamos- lhe a bela poesia musicalizada. Naquela oportunidade, brindamos à alegria da amizade. Poesias guardadas por duas décadas, sujeitas à crítica, no real sentido de uma crítica, e depois, uma delas tornada canção, graças a uma parceria. Recordei-me da música “Carinhoso”, composição de Pixinguinha que, segundo a historiografia musica, teria passado uma década apenas como melodia, sem letra. Só muitos anos depois recebeu letra de distintos autores e hoje podemos cantar: “Meu coração, não sei por quê, bate feliz quando te vê; e os meus olhos ficam sorrindo e pelas ruas vão te seguindo”. Penso que talvez minhas poesias também sejam classificadas como mais que agoniadas, por serem despudoradas, atravessadas, misturadas, sem rimas, fronteiriças demais. Mas, se tiverem destino semelhante às do meu amigo ficarei bem satisfeita, pois terá cumprido duplamente seu papel: de aliviar-me a alma em tempos tão áridos, e de provocar a crítica. Se ninguém gostar, alguém há de fazer um bom “laudo” às minhas escrevivências que está nos entre-lugares da pesquisadora e poetiza humana, demasiadamente humana. Bhabha (2001), e Nietzche (2000, 2008) respectivamente. Se em Nietzche o diálogo teórico é para melhor entender meu Humano- Demasiado Humano, com Bhabha não é diferente uma vez que esse autor destaca que as identidades se constroem não mais nas singularidades – como as de classe, gênero, etc. – mas, nas fronteiras das diferentes realidades; refere-se aos entre-lugares. e podem ser entendidos como um pensamento liminar, construído nas fronteiras, nas bordas, compreendidos como espaço de encontro cultural de múltiplas dimensões e especificidades que podem se incidir. O termo entre-lugar é um conceito do campo dos Estudos Culturais, que tem contribuído para a ampliação de discursos que, às vezes, não cabe em um fazer acadêmico científico convencional. Assim, valendo-me de Santiago (2000), que por sua vez recorre a uma perspectiva foucaultiana , tento expor nos meus escritos de domingo situações fronteiriças de alguém que esteve e está nos entre- 29 lugares de professora universitária envolvida com seu estágio pós doutoral e as demandas cotidianas. Esses escritos constam como apêndice três desse relatório. 15 CONCLUSÕES Realizar o Estágio Pós-Doutoral foi muito importante para a qualificação profissional e crescimento pessoal. Foram vivenciadas experiências potentes do ponto de vista acadêmico. Além do adensamento teórico sobre Concepções de Currículo de Formação Inicial de Professores do Campo na Região Norte, objeto de nossa pesquisa e que será elemento de conclusões mais detalhadas na segunda parte desse relatório. Passamos a conhecer melhor o funcionamento da Pós-Graduação no Brasil e a entender a necessidade de constituição de grupos de pesquisa e do modo como funcionam as redes de pesquisa. Ao voltar para a instituição de origem, a UFAC, têm-se novos propósitos e melhor qualificação para executá-los. Destaca-se, no entanto, que houve um descompasso entre a data de nossa ausência de Rio Branco e a data de afastamento concedido por meio de Portaria. Isso causou algumas implicações como, por exemplo, o fato do aluguel de um apartamento em Curitiba pelo prazo de um ano, posto que a imobiliária não admitia prazo menor. Isso significa que o fim do contrato de aluguel só ocorrerá no final de setembro/2021, mês que de fato me ausentei de Rio Branco em função: 1- Da pandemia pela Covid-19: viajar no auge da pandemia seria arriscado e colocaria até mesmo as instituições parceiras do Procad/Amazônia (UFAC, UFPR, UFPA) em situação delicada. Especialmente porque em julho ainda estávamos sem portaria de afastamento; 2- Da não expedição de portaria em tempo real: a portaria foi expedida somente no final de agosto, com data retroativa a julho de 2020. Não seria recomendável viajar sem portaria; 3- Da não garantia de bolsa do Procad/Amazônia sem que comprovássemos expedição de passagem aérea para Curitiba/UFPR mesmo estando em período de pandemia. Todas essas questões causaram ansiedade e impulsionaram a permanência em Rio Branco até o mês de setembro, cumprindo os encargos docentes designados dentro de um contexto de Pandemia, tais como: Avaliação de candidatos ao processo de seleção de Mestrado em Educação/UFAC, turma de 2020, orientações e defesas de alunos do mestrado em Educação, participação em Bancas de Mestrado da UFAC, da UFPR e 30 UPPA, participação em Assembleias do CELA, participação em reuniões do Colegiado do Mestrado em Educação/UFAC, participação em reuniões do Colegiado do Mestrado em História/UFAC e participação em reuniões do Colegiado do Curso de Pedagogia/UFAC). Nesse sentido só tivemos condições de iniciar as atividades do Estágio Pós Doutoral no final de setembro, o que implicou em redução do prazo para tal atividade. Em vez de doze meses passamos a ter nove. Ainda assim, avaliamos que dentro das condições objetivas que nos foram colocadas aproveitamos cada oportunidade e agradecemos as instituições parceiras na realização do Procad/Amazônia e aos sujeitos envolvidos. Em especial à UFPR e ao professor Paulo Vinícius Baptista da Silva, sujeito incrível! REFERÊNCIAS BARBOSA, Etienne Baldez Louzada; ANJOS, Juarez José Tuchinski; SILVA, Paulo Vinícius Baptista. Irmãos Rebouças no Paraná do século 19 e os intelectuais negros. Acta scientiarum education, v. 42, p. 1-14, 2020. BHABHA, Homi. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001. BRASIL, lei nº 10.639, de 9 de janeiro 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 4 out. 2020. CERTEAU, Michel de. A Invenção do Cotidiano. Petrópolis: Vozes, 1998. COSTA, Tamara; MACHADO, Tania Mara Rezende; DANTAS, Raquel Rezende. Novas epistemologias, novas práticas pedagógicas a partir de articulações culturais: bem vindos à insurreição! 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Rio de Janeiro: Zahar, 1981. http://lattes.cnpq.br/9921782830215348 32 33 APÊNDICE 34 Apêndice 01 - Oficina: Revisão bibliográfica usando bases e ferramentas digitais: foco no uso da ferramenta StArt da UFSCar Organizadoras da oficina: Kelvy Kadge Oliveira Nogueira, Zuila Guimarães Cova dos Santos,Tânia Mara Rezende Machado, Mariana Silva Souza e Flavia Renata Farias Ferreira Objetivo: Apresentar a experiência do uso da ferramenta StArt como possibilidade para auxiliar na Revisão Sistemática de Literatura. Sobre a StArt - State of the Art through Systematic Review É uma ferramenta que tem como objetivo auxiliar o/a pesquisador/a em seu processo de Revisão Sistemática (RS) e foi desenvolvida pelo Laboratório de Pesquisa em Engenharia de Software da UFSCar. A partir dos processos de uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL) a ferramenta StArt possui três etapas: planejamento, execução e sumarização: Na etapa de Planejamento, pretende-se definir um Protocolo que contenha todas as informações e os procedimentos necessários à execução das etapas seguintes. Exemplos de informações e procedimentos necessários são: a pergunta de pesquisa, as palavras-chave, os motores de busca e os critérios de inclusão e exclusão de estudos. Na etapa de Execução, três etapas devem ser realizadas: a Identificação dos Estudos nos buscadores definidos no Protocolo, a Seleção desses estudos, com base nos critérios de inclusão e exclusão, e a Extração dos dados dos estudos selecionados. Na etapa de Sumarização, os dados extraídos dos estudos são analisados e sumarizados visando responder à questão de pesquisa definida no Protocolo. (HERNANDES, 2012, p.2. Tradução Google Tradutor) ● Atividade Pré-Oficina 1. Assistir ao vídeo sobre busca em bancos de dados Vídeo -Prof. Paulo Vinicius sobre Banco de Dados e levantamento em Bases Web Oficina 1 NAPNE 01-10 (1:19:29) https://www.youtube.com/watch?v=6bGtHsSA2LQ&feature=youtu.be 2. Fazer download da StArt no seguinte link: http://lapes.dc.ufscar.br/tools/start_tool PS: Antes de fazer o download é importante verificar qual o sistema do seu computador (23 bits ou 64 bits), pois vocês devem baixar a versão do StArt compatível com seu computador. Para descobrir isso, vá ao seu menu do Windows e https://www.youtube.com/watch?v=6bGtHsSA2LQ&feature=youtu.be http://lapes.dc.ufscar.br/tools/start_tool 35 clique em “Configurações” e na busca procure “Sobre”. Em alguns computadores o caminho é “Meu computador” > “Propriedades”. 2.1 Vídeo Tutorial de instalação do StArt (03:28) https://www.youtube.com/watch?v=9zxtRHC2Jig 2.2 Link para atualização do JAVA Se tiver problemas na instalação do StArt atualizar o JAVA, seguem dois links: https://www.oracle.com/java/technologies/javase-jre8- downloads.html Escolha: Java SE Runtime e na lista, baixe , para seu computador e execute. http://www.java.com/pt_BR/download 2.2.1 Link de vídeo que ajuda com a instalação do Java: https://www.youtube.com/watch?v=Cq7gdAVPl F4 Vídeos e tutoriais sobre a ferramenta StArt e a Revisão Sistemática de Literatura 1. Vídeos sobre Revisão Sistemática e a StArt 1.1 Vídeo - Ferramenta StArt - Profª Drª Sandra Camargo P. F. Fabbri (1:18:07) https://www.youtube.com/watch?v=8kVPpd1Vj4s&t=174s 1.1.1 Slides da apresentação da Profª Drª Sandra Fabri (Anexo) 1.2 Vídeo Valdick Sales Start - Revisão Sistemática de Literatura - Palestra no Zoom - Vídeo 1 (49:51) https://www.youtube.com/watch?v=UOkXmV206xg&t=345s 1.2.1 Vídeo Valdick Sales Start -Revisão Sistemática de Literatura - Palestra no Zoom - Vídeo 2 (40:09) https://www.youtube.com/watch?v=VEkqomg0auY&t=693s 2. Vídeos introdução à ferramenta StArt - StArt Introduction (15:15) https://www.youtube.com/watch?v=zCTKl1TBmx U&t=146s Vídeo com descrições em inglês - StArt - Tool demo for CBSoft 2018 (4:19) https://www.youtube.com/watch?v=OT3h SyBPQQQ 3. Vídeo tutorial - Criando uma nova revisão sistemática (10:47) http://www2.dc.ufscar.br/~lapes/tutorial_start.mp4 https://www.youtube.com/watch?v=9zxtRHC2Jig https://www.oracle.com/java/technologies/javase-jre8-downloads.html https://www.oracle.com/java/technologies/javase-jre8-downloads.html http://www.java.com/pt_BR/download https://www.youtube.com/watch?v=Cq7gdAVPlF4 https://www.youtube.com/watch?v=Cq7gdAVPlF4 https://www.youtube.com/watch?v=8kVPpd1Vj4s&t=174s https://www.youtube.com/watch?v=UOkXmV206xg&t=345s https://www.youtube.com/watch?v=VEkqomg0auY&t=693s https://www.youtube.com/watch?v=zCTKl1TBmxU&t=146s https://www.youtube.com/watch?v=zCTKl1TBmxU&t=146s https://www.youtube.com/watch?v=OT3hSyBPQQQ https://www.youtube.com/watch?v=OT3hSyBPQQQ http://www2.dc.ufscar.br/~lapes/tutorial_start.mp4 36 4. Exemplo de Protocolo (em anexo) 5. StArt Community: A comunidade StArtinclui fórum, anúncios, tutoriais, sugestões entre outras informações. http://amon.dc.ufscar.br/vanilla/ Referências: Revisão Sistemática Literatura MAZZOTTI, Alda Judith Alves. A “revisão da bibliografia” em teses e dissertações: meus tipos inesquecíveis - o retorno. In: BIANCHETTI, Lucidio; MACHADO, Ana Maria Netto. A Bússola do escrever: desafios e estratégias na orientação e escritas de teses e dissertações. Cortez: São Paulo. 2012. p. 42 - 56. OKOLI, C. Guia Para Realizar uma Revisão Sistemática de Literatura. Tradução de David Wesley Amado Duarte. Revisão técnica e introdução de João Mattar. EaD Em Foco, 9 (1), 1-40. 2019. Disponível em: https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/748 Acesso em: 21 nov. 2020 RAMOS, A; FARIA, P. M.; FARIA, A. Revisão Sistemática de Literatura: contributo para a inovação na investigação em Ciências da Educação Revista Diálogo Educacional, vol. 14, n. 41, 2014, pp. 17-36. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=189130424002. Acesso em: 20 set. 2020 Ferramenta StArt Hernandes, E. C. M.; Zamboni, A. B.; Thommazo, A. D.; Fabbri, S. C. P. F. Using GQM and TAM to evaluate StArt – a tool that supports Systematic Review. CLEI Eletronic journal, vol. 15(1), 2012. Disponível em: http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?pid=S0717- 50002012000100003&script=sci_arttext&tl ng=pt Acesso em: 21 out. 2020. Pesquisas que utilizaram a StArt na Revisão Sistemática de Literatura DERMEVAL, Diego; COELHO, JAPM; BITTENCOURT, Ig I. Mapeamento sistemático e revisao sistemática da literatura em informática na educaçao. JAQUES, Patrícia Augustin; PIMENTEL, Mariano; SIQUEIRA; Sean; BITTENCOURT, Ig.(Org.) Metodologia de Pesquisa em Informática na Educação: Abordagem Quantitativa de Pesquisa. Porto Alegre: SBC, 2019. Disponível: em:https://metodologia.ceie-br.org/wp- content/uploads/2019/04/livro2_cap3.pdf Acesso em: 15 nov. 2020. DE ALMEIDA, Cleusa Albilia. As culturas midiáticas e Ensino de Línguas: LE: estudo a partir da plataforma Duolingo. Revista Eletrônica da Faculdade Invest de Ciências e Tecnologia, v. 2, n. 1, p. 14-14, 2019. Disponível em: http://revista.institutoinvest.edu.br/index.php/revistainvest/article/view/10 Acesso em: 22 out. 2020 http://amon.dc.ufscar.br/vanilla/ https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/748 http://www.scielo.edu.uy/scielo.php?pid=S0717-50002012000100003&script=sci_arttext&tlng=pt https://metodologia.ceie-br.org/wp-content/uploads/2019/04/livro2_cap3.pdf https://metodologia.ceie-br.org/wp-content/uploads/2019/04/livro2_cap3.pdf http://revista.institutoinvest.edu.br/index.php/revistainvest/article/view/10 37 OUTA, Camila Tiemi; SANTANDER, Victor FA. O uso de modelos de processos de negócio e de modelagem organizacional em metodologias ágeis: uma revisão sistemática da literatura. In: WER. 2019. 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Antes, homens e mulheres dessa região são tidos como inferiores, feios, pobres, sujos, incivilizados, pouco inteligentes, preguiçosos, imorais e toda sorte de marginalidade e minoração. As epistemologias do Norte do Brasil são vistas pelos sulistas como limitadas, insuficientes e pseudocientíficas. Os modos de vida nortistas são tidos como exagerados e extravagantes. Consideram que nortistas falam muito, com muita gente, sobre tudo e com o uso de uma linguagem inapropriada à comunicação entre gentes civilizadas. A aceitação das pessoas do Norte ou a rejeição destas, às vezes, não se dá por seus modos de vida, mas pelos fenótipos e sobrenomes: se for loira, de olhos e cabelos claros e carregar um sobrenome de origem polonesa, alemã, italiana, pode ser extravagante e falar alto. Quanto às mulheres sulistas, a exemplo das de outras regiões que guardam muito conservadorismo, dão a impressão de serem muito pudoradas e pouco emponderadas. Quando em idade reprodutiva nunca pariram. Seus repertórios linguísticos só contemplam, em instância privada, a palavra parto. Nunca o fato de uma mulher parir uma criança. O Acre, estado de onde venho, é quente. O Inferno Verde, como descrito por Euclides da Cunha. O Paraná, especialmente Curitiba, é gelado em muitos aspectos para além do clima. Os vizinhos são muito gentis. Falam bom dia, abrem o elevador, juntam as moedas que deixamos cair por estar com as mãos carregadas de feira. Mais que isso, é desnecessário. Saber seu nome, como você está, qual o número de seu apartamento ou do que gosta é considerado invasão de privacidade. Os apartamentos são coisas chiques: têm água quente e fria nas torneiras. Isso acelerou bem meu reumatismo e a rinite dos meninos. Não conseguimos controlar o fluxo equilibrado de água quente e fria, e assim, ora nos queimamos, ora passamos frio. O piso tem carpê. Uma desgraça! “Faz a gente espirar prá caramba”. Nos cômodos que não têm carpê, tem uma madeira falsificada, que não se pode baldear nem passar um pano bem molhado. 39 As cortinas têm cor padrão. Não podem ser amarelas ou azuis. Fui advertida a retirá-las por estarem em desacordo com as cores padrão do prédio. Agora o sol adentra meu local de estudos. Ficou melhor ainda. O lixo produzido no apartamento? Ah esse é preciso rememorar bem as aulas de Química. É assim: Tem frasco para depositar todo tipo de lixo; do resto de “ bóia”ao papel higiênico usado. Isso me deu indícios de que o povo sulista, apesar de muito civilizado, também defeca. Os recipientes são identificados da seguinte maneira: orgânico, reciclável, sólido, liquido, gorduras, vidros, vidros quebrados, excrementos animais e assim, segue uma lista de elementos, cuja classificação e acomodação requerem cerca de trinta minutos para que não se incida em multas condominiais por desrespeito à natureza. O uso do elevador? Ah! Esse também é cheio de regras; - Não pode lotar demais! -Não pode apertar em muitos botões! - Não pode demorar segurando o elevador em seu andar! -Não pode transportar trabalhadores! -Não pode molhar! -Não pode sujar; - Não pode, não pode, não pode... Lavar e estender roupas também tem um ritual extenso: Economizar água, lavar entre as 08 e 17 horas, não estender em lugares visíveis e nunca deixar cair uma peça na sacada do vizinho. Para tomar água? Hum.... Tem alguns procedimentos a serem seguidos: Apronte de 13 a 18 reais Ligue para uma distribuidora e peça água informando se vai pagar em dinheiro ou cartão. Se for a dinheiro, informe com que valor pagará, para facilitar o troco. Receba a água na portaria. Entregador não pode subir. Após receber a água, passe álcool no frasco e no suporte em que esta será colocada. Economize até ter dinheiro de novo. Contudo, tome água todos os dias. E vamos que vamos! Isso é só uma questão de ajuste de geopolíticas identitárias. Mignolo ( 2008 ) e Quijano(2005) que nos digam. Curitiba, Domingo 25 de Outubro de 2020. . Quando Quando naquela noite me traístes,
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