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Modelo de análise de relato de experiência

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Primeira ação remota 
 
 
 Aos 19 dias do mês de setembro de 2021 realizamos uma mesa 
redonda para a disciplina de Estágio Supervisionado em educação não- 
escolar. O tema foi A inserção da família nas ações educacionais sobre 
crianças com microcefalia. A ação foi realizada através da participação da 
terapeuta ocupacional Maria do Rosário de Souza que atua como agente de 
desenvolvimento clínico-pedagógico na Clínica São Jorge, que realiza 
abordagens diversas de saúde. 
 Neste espaço são realizadas, dentre várias ações, intervenções sobre 
crianças com dificuldades de saúde que precisam de orientação e terapia para 
poderem desenvolver seu aprendizado. A doutora Rosário é uma profissional 
com especialização em educação especial, dentre outros trabalhos e 
habilitações na área. Primeiramente, Janaína colocou a questão sobre como se 
dá uma abordagem com crianças com microcefalia. A doutora Rosário iniciou 
apontando que as principais ações são apresentar aos responsáveis que a 
participação deste no processo deve ser efetiva, pois as ações da clínica 
devem ser transpostas para a casa, de forma a consolidar e não bitolar apenas 
ao ambiente clínico as ações para desenvolvimento da criança. A mesma 
também citou que dentre as ações estão estimulação visual e auditiva, 
atividades táteis e que aticem a capacidade de sentir odores diversos; quando 
mais à frente do processo, também incluem ações para o desenvolvimento da 
fala e do aparelho fonador dentre outras. Dentre os materiais utilizados, podem 
ser os mais simples como essências, objetos brilhantes e com diversas 
texturas, produtores de sons de diferentes níveis e projeções, uso de palavras 
do universo vocabular mais íntimo, como pai, mãe, amor, beijo, etc. Após esta 
explanação, Janaina indagou sobre quais os possíveis efeitos e a doutora 
Rosário apresentou que através destas ações, as crianças desenvolvem 
possibilidades sensoriais e de reconhecimento de dados padrões presentes no 
ambiente familiar, sendo estas possibilidades base para a inserção desta 
criança nas ações num ambiente escolar supervisionado para garantir a 
aprendizagem da criança com microcefalia. 
 Sobre a apresentação feita pela doutora Rosário pode se dizer que de 
acordo com Lima (2005), esta ação se trata de Formação orientada por 
competência, cujos pressupostos psicopedagógicos voltam-se para uma 
dimensão psicológica e pedagógica, as quais fundamentam tanto as teorias 
sobre a aprendizagem como a formação por competências. Embora não se 
conheçam todas as possíveis maneiras e processos usados pela mente para 
aprender, sabe-se que a aprendizagem, como uma mudança permanente na 
relação entre as pessoas e destas com a sociedade, pode ser desenvolvida de 
diversas maneiras (COLL, 2000). 
 Em seguida, Josiane perguntou à doutora Rosário, quais seriam as 
maiores limitações que a criança poderia apresentar, de forma a dificultar o 
processo de aprendizagem mesmo com a participação efetiva dos 
responsáveis no processo. A mesma respondeu que as maiores dificuldades 
estariam em limitações mesmo de ordem física, como dificuldade respiratória, 
limitação séria na locomoção e na estrutura óssea, etc. De acordo com a 
doutora, nestes casos seria necessário um esforço maior e dedicação mais 
ampla do tempo para conseguir fazer com que a criança com microcefalia 
pudesse avançar, uma vez que se dependeria da existência de equilíbrio de 
fatores de bem estar e estabilidade de cunho físico para poder então se aplicar 
a terapia mais adequada para estimular o desenvolvimento e participação da 
criança no processo. Para a doutora Rosário seria o mesmo que dizer que uma 
criança com uma doença temporária (gripe, febre, etc.), ou alguma dor 
qualquer se apresenta desconfortável em realizar, ou participar de qualquer 
ação que seja na escola - uma vez que tais fatores lhes atribuiriam desconforto 
e, portanto, lhe tirariam do foco da aprendizagem. Sobre esta analogia 
proposta pela terapeuta, pode-se remeter ao estabelecido por Lima (2005, 
p.370) quando o mesmo nos apresenta que: 
 
Essa polarização de interpretações, também reproduzida nos 
campos da administração e da educação, vem sendo traduzida 
nas múltiplas definições de competência que, apesar de ser um 
tema bastante debatido nas últimas três décadas, mantém-se 
polissêmico, variando seu significado segundo autor, setor e 
país. 
 
 Ou seja, a polissemia destes processos se estenderia também para as 
abordagens da saúde nos processos educacionais, como é o caso dos 
atribuídos à pedagogia hospitalar, por exemplo. Assim podemos enxergar uma 
possibilidade mais ampliada sobre este ramo pedagógico que se estabeleceria 
através das abordagens para a aprendizagem das crianças com microcefalia. 
Depois disso, Janaina e Ângela encerraram o debate deste dia com o 
agradecimento à terapeuta Maria do Rosário e sinalização de que as 
contribuições trazidas elucidaram novas perspectivas para a prática 
educacional de crianças com microcefalia, no ambiente clínico.

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