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Aula 02 - O Método Científico

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METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
1 
Alexandre Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Na última aula estudamos os tipos de conhecimento, sendo eles: o 
conhecimento popular, filosófico, religioso e científico. Sobre esse último, vale 
destacar suas características. Conhecimento científico é aquele saber 
considerado real (factual), contingente, sistemático, verificável, falível e 
aproximadamente exato (MARCONI e LAKATOS, 2003, p. 77). Em outras 
palavras, vimos que o conhecimento científico é aquele produzido seguindo um 
método rigoroso e específico que garante credibilidade a esse tipo de saber, ou 
seja, o método científico. Sendo este, pois, o assunto da segunda aula. Contudo, 
antes de falar especificamente sobre o método, vamos analisar um caso 
importante para a história da ciência, de forma a ilustrar o conteúdo: O Caso 
Ignaz Semmelweis no Hospital Maternidade Geral de Viena. Esse caso tem 
íntima relação com o método científico e a produção de conhecimento. 
Ignaz Semmelweis1 foi um importante médico húngaro, nomeado 
assistente do diretor e residente-chefe da Clínica de Maternidade do Hospital 
Geral de Viena, um hospital-escola, em 1846. Semmelweis percebeu que na 
clínica onde os partos eram realizados pelos médicos professores, a taxa de 
mortalidade devido a febre puerperal (febre pós-parto) era muito maior que na 
clínica onde o parto era feito por enfermeiras-parteiras. Intrigado com essa 
 
1 A esse respeito vale ler o artigo “Ignaz Semmelweis: as lições que a história da lavagem 
das mãos ensina. Disponível em: https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-
ignaz-semmelweis-as-licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos-ensina.html 
02 
O Método Científico 
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-ignaz-semmelweis-as-licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos-ensina.html
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-ignaz-semmelweis-as-licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos-ensina.html
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
2 
Alexandre Alves 
questão, o médico passou então a formular hipóteses que pudessem de alguma 
forma explicar por que isso ocorria. 
A partir das observações, Semmelweis formulou algumas hipóteses para 
explicar o fato. Inicialmente ele considerou que as mortes eram maiores na ala 
dos médicos por conta da contaminação do ar pelos miasmas, também 
considerou a superlotação como causa das mortes, a posição nas quais as 
mulheres eram colocadas para fazer o parto e o medo devido à presença de um 
padre que dava extrema unção na ala. Todas as hipóteses foram postas a prova 
através de experimentos. 
Ignaz percebeu que tanto a ala onde o parto era realizado por enfermeiras, 
como a ala onde o parto era realizado pelos médicos possuíam ventilação 
adequada, por conta disso, descartou a contaminação do ar como possibilidade 
de explicação para a diferença de mortes. A segunda hipótese, superlotação, 
também foi descartada. Isso porque, a ala de enfermeiras recebia mais mulheres 
que a ala dos médicos. Já que muitas temiam enormemente serem atendidas 
pelos segundos e imploravam para serem atendidas pelas parteiras. 
Semmelweis pediu que os médicos realizassem o parto na mesma posição que 
comumente as enfermeiras faziam, o que não alterou o número de mortes. O 
mesmo aconteceu depois que o padre deixou de andar pelos corredores dando 
a extrema unção, a diferença permanecia. Nada explicava a discrepância entre 
o número de mortes na ala das enfermeiras em relação a ala dos médicos-
professores. (BOECHAT e GOMES, 2020) 
A ala dos médicos-professores, além dos partos, realizava aulas utilizando 
cadáveres, comum no ensino de medicina, diferente da ala das enfermeiras-
parteiras, onde isso não acontecia. Foi um acidente, no entanto, na ala dos 
médicos que levou Semmelweis a resolver a questão. Seu colega, Jacob 
Kolletschka, acabou ferido pelo bisturi de um estudante e apresentou os mesmos 
sintomas que as parturientes na ala dos médicos. A autópsia de seu corpo 
indicava o mesmo, seus órgãos possuíam as mesmas características das 
mulheres que morriam de febre puerperal. Ignaz então, considerou que a causa 
da discrepância no número de mortes tinha alguma relação com as aulas 
realizadas com cadáveres. Semmelweis considerou que alguma coisa saia dos 
corpos e eram levados até as parturientes pelas mãos dos médicos. Essa 
“coisa”, ele chamou de partículas cadavéricas2. Como na ala das enfermeiras, 
não havia estudos com cadáveres, a hipótese fazia sentido. 
Para evitar as mortes, Ignaz propôs então que os médicos lavassem as 
mãos e os instrumentos em uma solução de cal clorado antes de realizar exames 
ou partos em mulheres. A solução clorada, segundo ele, seria suficiente para 
eliminar as partículas cadavéricas e evitar a altíssima taxa de mortalidade. Em 
seu primeiro estudo envolvendo o experimento, em poucos meses, a taxa de 
mortes caiu drasticamente, de 12,24% a 3,04%, ao fim do primeiro ano, e a 
 
2 Vale destacar que na época, 1846, vigorava a teoria miasmática, só depois superada 
pela teoria dos germes (ou teoria microbiana). Fato que gerou estranheza e controversa na teoria 
de Semmelweis. 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
3 
Alexandre Alves 
1,27% ao término do segundo. (BOECHAT e GOMES, 2020) Apesar do sucesso 
na clínica médica e a redução das mortes, sua teoria enfrentou forte oposição, 
uma vez que confrontava a teoria miasmática vigente, que as doenças eram 
transmitidas pelos miasmas, uma forma nociva de "ar ruim" que emana de 
matéria orgânica podre. 
No entanto, apesar das discussões e controversas envolvendo 
Semmelweis, esse caso serve para ilustrar a questão do método e produção de 
conhecimento. Perceba que, nesse caso do Hospital Geral de Viena, um novo 
conhecimento foi produzido. Ou seja, uma nova forma de explicar um fenômeno. 
Esse conhecimento pode ser considerado como real (factual), contingente, 
sistemático, verificável, falível e aproximadamente exato. Isto é, possui todas as 
características do saber de tipo científico. Para isso, ele foi produzido através de 
um método. É sobre esse método que vamos nos ater agora. 
 
O MÉTODO CIENTÍFICO 
Podemos afirmar categoricamente que não há ciência sem emprego de 
método científico, apesar de seu uso não ser algo exclusivo das ciências. Em 
outras palavras, a própria ciência se caracteriza pelo emprego do método. Nesse 
caso, se faz necessário conceituar método científico antes de prosseguir nessa 
questão. 
“O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com 
maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos 
válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando 
erros e auxiliando as decisões do cientista.” (LAKATOS e MARCONI, 
2003, p. 83) 
Para Karl Popper3 o método científico e a ciência começam e termina com 
problemas. Para ele, o método científico consistia em três etapas: A identificação 
do problema, a solução proposta em uma conjectura e o falseamento. É a partir 
da identificação de um problema existente e observável que é levantada uma 
nova conjectura, isto é, uma nova teoria-tentativa capaz de explicar o problema. 
Essa teoria-tentativa é posta a prova através da observação e experimentação 
com o intuito de refutar ou corroborar a explicação levantada. Dessa equação, 
podemos ter dois resultados: ou as hipóteses levantadas não superam os testes 
ou superam. No caso da não-superação, a hipótese estará refutada e seu 
conteúdo não é mais tido como verdadeiro. No entanto, no caso desta hipótese 
superar os testes e experimentos, estará corroborada. Pelo menos por enquanto, 
até que outra teoria possa superar a vigente. No primeiro caso, será necessário 
a elaboração de uma nova teoria-tentativa e novos testes. No segundo caso, se 
corroborada, surgem novas questões e problemas e o ciclo se reinicia. 
 
3 Sir Karl Raimund Popper (1902-1994)foi um filósofo austríaco-britânico conhecido por 
suas contribuições em filosofia da ciência, epistemologia e política. Ele é considerado um dos 
mais influentes filósofos do século XX. 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
4 
Alexandre Alves 
Para Mário Bunge, no entanto, o método científico pode ser dividido em 
cinco fases: colocação do problema, construção de um modelo teórico, dedução 
de consequências particulares, teste de hipóteses e adição ou introdução das 
conclusões na teoria. A tabela abaixo relaciona cada uma das fases acima 
citadas com sua respectiva definição. 
Etapa do Método Características / Descrição 
1 – Colocação do 
Problema 
Observação e classificação inicial de fatos que são 
relevantes sob algum aspecto. 
Após esse reconhecimento dos fatos, se procede ao 
encontro de alguma lacuna no saber vigente que pode ser 
preenchida. Bem como alguma inconsistência ou 
incoerência nesse conhecimento. 
Partindo da análise dos fatos e do encontro de uma lacuna 
de saber ou incoerência na teoria, formula-se um problema. 
Isto é, uma redução da questão a um núcleo significativo. 
2 – Construção de um 
Modelo Teórico 
Invenção de suposições plausíveis que se relacionem a 
variáveis supostamente pertinentes. 
Levantamento de hipóteses centrais capazes de explicar o 
fato observado, bem como, elaboração de suposições 
auxiliares. 
3 – Dedução de 
Consequências 
Particulares 
Procura de suportes racionais (dedução de consequências 
particulares que possam ter sido verificadas) e empíricos 
(levantamento de verificações disponíveis e/ou 
concebíveis). 
4 – Teste de Hipóteses 
Planejamento dos meios, instrumentos e operações para 
colocar à prova as hipóteses levantadas. 
Realização das operações planejadas e coleta de dados. 
Classificação e análise dos dados levantados, bem como 
sua interpretação à luz do modelo teórico. 
5 – Adição ou Introdução 
das Conclusões na Teoria 
Confrontamento entre os dados obtidos e as hipóteses 
levantadas, confirmando-as ou refutando-as. 
Caso tenha sido refutada, elabora-se uma nova hipótese, 
caso tenha sido confirmada, verifica-se possíveis 
implicações e/ou extensões. 
(Adaptado de Lakatos e Marconi, 2003, p. 99 e 100) 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
5 
Alexandre Alves 
Perceba que o Método Científico possui uma série de etapas e, em cada 
uma delas, é necessário seguir um procedimento e executar ações especificas. 
É esse processo que garante credibilidade ao saber científico. Diferentemente 
do conhecimento popular que simplesmente se conforma como aquilo que se 
observa ou com o “ouvi dizer”. Perceba, assim, que observar é apenas a primeira 
etapa do método, muito mais profundo que o senso comum. Cabe destacar, no 
entanto, que são tipos de conhecimentos diferentes, não sendo um superior ao 
outro. Cada tipo assume características próprias que permite sua aplicação em 
distintas situações. 
Retomando a frase de Karl Popper de que a ciência começa e termina em 
problemas, podemos notar o sentido de tal afirmação. Inicialmente, pode-se 
notar que a observação/colocação do problema é a primeira fase do método. Da 
mesma forma, na última etapa, mesmo quando a hipótese é corroborada, 
surgem novas implicações e novos problemas que podem ser observados, 
incluindo em outras áreas do saber, correlatas ou não. O método se configura 
assim como algo cíclico. 
Feita a explicação acerca do método científico, cabe agora relacionar o 
conceito apresentado com o caso Ignaz Semmelweis, de forma a ilustrar com 
um exemplo real, o que estudamos até aqui. 
 
SEMMELWEIS E O MÉTODO CIENTÍFICO 
Apesar das críticas existentes tanto à época como em artigos recentes 
sobre a falta de um método mais preciso, com testes experimentais controlados 
e generalização da hipótese, a exemplo do que ocorre normalmente nas 
construções científicas, o caso Semmelweis serve de forma ilustrativa para 
entender o conceito de método científico. Além disso, esse caso nos ajuda a 
diferenciar o saber científico, dos demais tipos, a partir da compreensão do 
método, como processo de geração de conhecimento. Feita essa ressalva, 
podemos partir para análise do caso Semmelweis, associando sua pesquisa com 
cada uma das fases do método científico. 
Vimos que no caso do Hospital Geral de Viena, Ignaz, observando a 
realidade e os fatos, identificou um problema e uma lacuna na teoria que não era 
capaz de explicar o porquê do alta taxa de mortes nos partos realizados pelos 
médicos-professores. Sendo este, pois, a questão fundamental, ou problema de 
pesquisa, que deveria ser respondida de alguma forma. Esta é a primeira fase 
do método científico, a colocação do problema. 
A partir das observações, Semmelweis formulou algumas hipóteses para 
explicar o fato, construindo assim o modelo teórico para o problema 
inicialmente levantado. Conforme estudados ele considerou que as mortes eram 
maiores na ala dos médicos por conta da contaminação do ar pelos miasmas, 
também considerou a superlotação como causa das mortes, a posição nas quais 
as mulheres eram colocadas para fazer o parto e o medo devido à presença de 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
6 
Alexandre Alves 
um padre que dava extrema unção na ala. Partindo dessas hipóteses levantadas, 
Ignaz passou então a dedução de consequências particulares, relacionando 
cada uma dessas hipóteses com alguma consequência real para o caso. 
Em seguida, Semmelweis testou, dentro das condições possíveis para a 
época, cada uma de suas hipóteses, eliminando aquelas que não poderiam se 
sustentar a rigorosidades dos testes de hipóteses. Assim, percebeu que 
nenhuma das suposições inicialmente levantadas poderiam explicar o problema 
de pesquisa. Concluídos os testes, independente do resultado, segue-se para 
última etapa do método, Adição ou Introdução das Conclusões na Teoria. No 
caso de o resultado corroborar a hipótese, busca-se as possíveis implicações 
desses resultados. No caso de nenhuma das suposições serem válidas, volta-
se a segunda fase do método, elaborando novas hipóteses que possam explicar 
o problema levantado. 
Perceba que todas as hipóteses que Semmelweis levantou em um primeiro 
momento não puderam se sustentar. Dessa forma, após o acidente com seu 
colega, Semmelweis cogitou ser a causa da contaminação das mulheres algo 
levado dos cadáveres para as parturientes através das mãos dos médicos. 
Perceba que ele voltou as fases 2 e 3 do método, ou seja, construção de um 
modelo teórico e dedução de consequências particulares. Feito isso, suas 
hipóteses deveriam ser sustentadas através de testes e foi o que aconteceu. 
Após os médicos lavarem as mãos em uma solução clorada, a taxa de mortes 
caiu drasticamente. 
No que tange aos testes de hipóteses, cabe uma ressalva sobre os grupos 
de testagem, ponto onde o método de Semmelweis recebe críticas. Estudos 
científicos, sobretudo os que verificam a viabilidade de tratamentos, são 
aplicados em dois grupos, o experimental e o controle. Segundo a Fundação de 
Medicina Tropical do Estado do Amazonas, em seu glossário de termos, 
podemos considerar as seguintes definições para esses conceitos: 
“Grupo controle – é um grupo de sujeitos designados para o tratamento 
controle. Serve como base de comparação para o grupo que recebe o 
tratamento em teste. 
Grupo experimental – é o grupo de sujeitos designados ao tratamento 
em teste. É contrastado com o grupo controle para chegar a uma 
conclusão sobre um fator, condição ou tratamento.” (FMT-HVD, 2022) 
Na prática, o grupo experimental é aquele que recebe o tratamento 
proposto e é verificado pelos pesquisadores. O grupo controle, por sua vez, 
também é observado, contudo, sem receber o tratamento. Caso a profilaxia 
sugerida seja verdadeira, precisamos observar os resultados esperados no 
grupo experimental e não no grupo controle. Caso ambos apresentem resultados 
similares, o estudo não permite concluir a eficáciado tratamento. Aplicando essa 
definição ao caso Semmelweis, o grupo experimental, parturientes atendidas por 
médicos que lavaram a mão em solução clorada, devem apresentar menor 
porcentagem de febre puerperal que as mulheres atendidas por médicos que 
não lavaram a mão na solução. 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
7 
Alexandre Alves 
Feita essa explicação, podemos concluir que o método científico é por 
excelência, o processo de criação de conhecimento científico. Diferente dos 
demais conhecimentos, o saber científico é gerado por um processo rigoroso 
que atesta sua validade, bem como a credibilidade de suas informações. 
Diferentemente dos demais tipos de conhecimento, o saber científico passa por 
testes de hipóteses que podem ser replicados novamente gerando sempre 
resultados muitos similares. Caso o teste de Semmelweis fosse realizado em 
outro hospital sob as mesmas circunstâncias, os resultados não poderiam ser 
diferentes. 
Por fim, vale destacar que o método que estudamos aqui é chamado de 
hipotético-dedutivo, não sendo este, o único método existente. Existem outros 
procedimentos de geração de saber científico, cada qual, aplicado em uma 
determinada situação. Alguns métodos são por excelência aplicados nas 
ciências sociais, enquanto outros nas ciências exatas ou biológicas. Assim 
sendo, iremos tratar muito brevemente dos métodos indutivo e dedutivo, 
comumente ensinados em cursos de metodologia de pesquisa. 
 
MÉTODO INDUTIVO 
O método indutivo se caracteriza pela aferição de uma conclusão 
provavelmente verdadeira, partindo de premissas suficientemente verificadas. 
Nos dizeres de Marconi e Lakatos (2003, p. 86): 
“Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados 
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou 
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos 
argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais 
amplo do que o das premissas nas quais se basearam.” 
Resumidamente, o método indutivo se baseia em premissas particulares, 
específicas e com informações limitadas a uma observação ou testagem. 
Partindo de tais premissas, é possível fazer uma aferição ou conclusão ampla e 
geral. Percebe-se, assim, que a conclusão é provavelmente verdadeira. 
Contudo, essa certeza não é possível pelo método indutivo, pois a conclusão vai 
muito além das premissas testadas. Vamos analisar um exemplo. 
Premissa 1 – Cobre conduz energia, 
Premissa 2 – Prata conduz energia, 
Premissa 3 – Alumínio conduz energia, 
Conclusão – Ora, cobre, prata e alumínio são metais, 
Logo, todo metal conduz energia. 
Perceba que as três premissas apresentadas, são os casos particulares e 
específicos suficientemente testados. A conclusão, no entanto, é muito mais 
ampla e não necessariamente verdadeira. No caso apresentado, nem todo metal 
é bom condutor de energia, o mercúrio é um metal e é mau condutor. 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
8 
Alexandre Alves 
Por fim, vale destacar que o método indutivo ou indução ocorre em três 
fases específicas: Primeiro, a observação dos fenômenos. Nesse ponto, casos 
particulares são testados e verificados experimentalmente. Segundo, 
descoberta da relação entre eles. Nesta etapa, através da comparação, 
buscamos alguma relação particular entre os objetos/fenômenos observados, 
buscando alguma relação e similaridade entre eles. Terceiro, generalização da 
relação. Encontrada uma similaridade entre os casos observados, aplica-se a 
descoberta a todos os casos similares, mesmo que não testado e/ou observados. 
 
MÉTODO DEDUTIVO 
O método dedutivo, diferentemente do indutivo, parte de uma premissa 
geral verdadeira para a análise de uma premissa menor e particular. Dessa 
relação, obtém-se uma conclusão que, por definição, deve ser verdadeira. Ou 
seja, não é possível que a conclusão seja falsa e as premissas verdadeiras, 
como ocorre com argumentos indutivos. Vamos analisar um exemplo. 
Premissa 1 – Se todas as aves possuem penas, 
Premissa 2 – O pardal é uma ave, 
Conclusão – O pardal possui penas. 
Perceba que a primeira premissa é muito mais geral e ampla que a 
premissa 2 e a própria conclusão. Isso ocorre porque, em argumentos dedutivos, 
a premissa 1 é aquela que contém uma informação já ampla e verdadeira. E, 
partindo desta, se faz uma constatação menor e particular. Nesse caso, não é 
possível que a premissa 1 seja verdadeira e a premissa 2 ou a conclusão sejam 
falsas, como ocorre no método indutivo. Isso porque, se o pardal não tiver penas, 
então temos duas opções: ou o pardal não é uma ave ou nem todas as aves 
possuem penas. 
Outra característica do método indutivo é que o conteúdo da conclusão da 
já estava implícito nas premissas anteriores. Se toda ave possui penas, então, 
como eu sei que o pardal é uma ave, logo, sei que ele tem penas. Apesar de não 
estar explícito, essa informação já estava contida nas premissas. 
Vale destacar, por fim, que o raciocínio dedutivo, bem como o indutivo, 
possui aplicações para além das ciências exatas e biológicas. Não são 
exclusivos de tais ciências, sendo métodos aplicáveis nas mais diversas 
situações científicas. Perceba, por exemplo, como o raciocínio dedutivo seria 
facilmente empregado em uma situação das ciências sociais. 
Premissa 1 – Se, em uma sociedade, os líderes políticos são também 
líderes religiosos, e a lei é baseada em princípios religiosos. Sendo a 
autoridade política vista como derivada de uma divindade, então essa 
sociedade viva uma forma de governo chamada “teocracia”. 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
9 
Alexandre Alves 
Premissa 2 – A forma de governo do Irã possui essas características. 
Conclusão – Logo, o Irã é uma teocracia. 
Argumentos dedutivos, geralmente vêm escritos na forma condicional “se 
p, então q – ora, p – então q”. Contudo, existem outras formas de escrever 
raciocínio dedutivos. Contudo, por este ser um curso introdutório, não iremos nos 
aprofundar nesse tema. Os dois métodos foram apresentados apenas em 
caráter inicial para o aluno se familiarizar com o tema. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BOECHAT, Jacqueline. GOMES, Haendel. Ignaz Semmelweis: as lições que a 
história da lavagem das mãos ensina. FIOCRUZ, 2020. Disponível em: 
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-ignaz-semmelweis-as-
licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos-ensina.html Acesso em 20 de abril 
de 2023. 
Comitê de Ética e Pesquisa – Glossário. FMT-HVD, 2022. Disponível em: 
http://www.fmt.am.gov.br/cep/glossario.asp#:~:text=Grupo%20controle%20–
%20é%20um%20grupo,designados%20ao%20tratamento%20em%20teste. 
Acesso em 21 de abril de 2023. 
MARCONI, Marina de Andrade. LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de 
Metodologia Cientifica. 5ª Edição. São Paulo: Atlas, 2003. 
GOLSALVES, Elisa Pereira. Conversas Sobre Iniciação à Pesquisa 
Científica. 5ª Edição. São Paulo: Alínea, 2011. 
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: Guia para eficiências nos estudos. 
5ª Edição. São Paulo: Atlas, 2002. 
 
 
 
 
 
 
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-ignaz-semmelweis-as-licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos-ensina.html
https://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-ignaz-semmelweis-as-licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos-ensina.html
http://www.fmt.am.gov.br/cep/glossario.asp#:~:text=Grupo%20controle%20–%20é%20um%20grupo,designados%20ao%20tratamento%20em%20teste
http://www.fmt.am.gov.br/cep/glossario.asp#:~:text=Grupo%20controle%20–%20é%20um%20grupo,designados%20ao%20tratamento%20em%20teste
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
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Alexandre Alves 
QUESTÃO DE FIXAÇÃO 
Ano: 2015 Banca: IF-SP Órgão: IF-SP Prova: IF-SP - 2015 - IF-SP - Professor - 
Pedagogia 
De acordo com Lakatos (Fundamentos de Metodologia Científica) todas as 
ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos; em 
contrapartida,nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são 
ciências. Dessas afirmações podemos concluir que a utilização de métodos 
científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o 
emprego de métodos científicos. 
Assinale a alternativa que define corretamente o que é método científico, de 
acordo com o autor acima citado. 
A. O método é a base para o desenvolvimento de uma pesquisa estritamente 
científica com maior segurança e economia. É por meio da escolha e 
utilização de métodos que o pesquisador alcança os objetivos e comprova 
de forma imutável e infalível suas hipóteses. 
B. O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com 
maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos 
válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando 
erros e auxiliando as decisões do cientista. 
C. O método é o conjunto das atividades assistemáticas desenvolvidas pelo 
pesquisador, para que por meio do seu problema de pesquisa possa 
alcançar o objetivo - conhecimentos válidos, verdadeiros e infalíveis -, 
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as 
decisões do cientista. 
D. O método é o conjunto das atividades que buscam viabilizar a 
organização do trabalho do pesquisador, para que assim encontrar as 
respostas para seu problema de pesquisa, com maior segurança e 
economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos, 
verdadeiros e infalíveis -, traçando o caminho a ser seguido, detectando 
erros e auxiliando as decisões do cientista. 
E. O método é o conjunto das atividades definidas pelo pesquisador para 
que suas hipóteses possam ser verificadas e nunca negadas e para que, 
com maior segurança e economia, permita alcançar o objetivo do 
problema de pesquisa - conhecimentos válidos, verdadeiros e imutáveis -
, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as 
decisões do cientista. 
 
Resposta correta letra “B”. 
Conforme estudamos, o conceito de método científico, segundo Marconi e Lakatos, se 
encontra na assertiva “B”. 
A opção “A” erra ao mencionar que o pesquisador, através do método, comprova suas 
hipóteses de forma infalível e imutável. Como se sabe, o conhecimento científico pode 
METOLODOGIA DE PESQUISA 
AULA 02 – O MÉTODO CIENTÍFICO 
 
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Alexandre Alves 
ser substituído por outro, também científico, já que a tecnologia sempre avança junto 
com novas formas de testagem e pesquisa. 
A assertiva “C” também está incorreta, uma vez que menciona que o método é um 
conjunto de procedimentos assistemáticos. Como estudamos na aula 01, o 
conhecimento científico é sistemático. Dessa forma, em nenhuma hipótese, o processo 
de geração desse tipo de saber seria assistemático. Além disso, como vimos, o método 
é um processo sistemático e organizado e com regras, havendo uma série de 
fases/etapas que se sucedem de forma a obter resultados satisfatórios. 
A afirmação contida em “D” também é falsa. O conhecimento científico não é infalível, 
muito pelo contrário. Esse tipo de saber pode ser superado. 
Por fim, a assertiva “E” erra em dois momentos. Primeiro quando afirma que o método 
leva a conhecimentos que nunca são negados. Já sabemos que o saber de tipo 
científico pode ser superado, sendo uma das suas características ser falível. No 
segundo momento, o erro está na palavra “imutável”, já que esse conhecimento pode 
ser substituído por outro também científico.

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