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AULA 4 - ABORDAGEM HISTÓRICA-TEORIAS ÉTICAS - GREGOS+KANT

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SÓCRATES 
 
 Atenas – 470 – 399 a.C 
 
Soldado exemplar 
 
Vida pública x vida privada 
 
Manteve-se afastado da vida política. 
 
Momento “Caras”....... 
 
Dedicação à Filosofia, que considerava como sua vocação, como missão confiada 
pela divindade. 
 
Dedicava-se a um exame incessante de si mesmo e dos outros com o objetivo de: 
 
esclarecer os conceitos diretivos da vida humana: a virtude; 
 a felicidade; 
 a justiça; 
 o bem. 
 
Conhecer o homem na sua conduta prática e nas suas relações com outros 
homens, na vida social. 
 
Admite, como Protágoras, que o homem como medida de todas as coisas, porém 
diferentemente daquele, entendia que o conhecimento e a verdade são interiores ao 
homem – conheça-te a ti mesmo (oráculo de Delfos) 
 
Sócrates nada escreveu. Sua vida e pensamento estão retratados por Platão: 
Teeteto; Apologia de Sócrates e Alcebíades. 
 
Seu filosofar era um incessante dialogar. 
 
Objetivo: estimular o interesse pela procura da verdade e do bem (que é o 
verdadeiro fim do homem, e onde ele pode encontrar a felicidade) 
 
O método Socrático: 
Ironia 
Maiêutica 
 
O exame, que a cada um recomendava fazer sobre si mesmo e que tão bem sabia 
praticar sobre o próximo, essa análise das noções, essa prova por ironia e a 
dialética (maiêutica) à qual submetia seus discípulos era um verdadeiro 
procedimento científico. 
Conheça-te a ti mesmo. 
 
O único conhecimento que interessa ao homem. 
Para tal é necessário despir-se da arrogância e reconhecer a própria ignorância. O 
sábio reconhece que pouco sabe. 
O papel da Filosofia não é responder, mas possibilitar o florescimento da verdade 
interior. 
 
Mas para ser ao mesmo tempo objeto de seu estudo e matéria da pesquisa (ciência) 
o homem é obrigado “a separar-se” de si mesmo, de analisar-se como objeto 
exterior. (psicologia). 
 
MAIÊUTICA 
 
Método que consiste, essencialmente, em: 
reduzir as opiniões em proposições claras, incontestáveis, ou pelo menos 
aproximadamente incontestadas e compará-las a fatos tão nítidos e simples de 
modo que ninguém possa negar. 
 
Espécie de arte da pesquisa associada. O homem, sozinho, não pode atingir a 
verdade; pode atingi-la somente com o dialogar contínuo com outros homens 
e consigo mesmo. 
 
Objetivo: descobrir e demonstrar a definição das coisas, a qual nos faz conhecer a 
verdadeira essência. 
 
Essa essência é um universal, conveniente a todos os objetos individuais que têm 
o mesmo nome, mas que não é separado nem separável. 
 Ou seja, Verdades nas quais todos os homens podem reconhecer-se e estar de 
acordo, e que, por isso mesmo, devem atingir para orientação de sua vida. 
 
(RACIOCÍNIO INDUTIVO) - do exame de um certo número de casos ou de 
afirmações particulares, chega-se a uma afirmação geral que exprime um conceito. 
 
O raciocínio indutivo chega a uma afirmação universal, isto é, à definição de 
conceito. 
 
O conceito é o que exprime a essência ou a natureza da coisa, aquilo que a 
coisa é e deve ser. 
 
SÓCRATES aplicou o conhecimento universal a argumentos MORAIS. BEM, 
VIRTUDE E JUSTIÇA. 
 
O HOMEM QUE NÃO SABE O QUE É O BEM NÃO PODE PRATICÁ-LO. 
O HOMEM QUE NÃO SE PREOCUPA EM SABER O QUE É A JUSTIÇA 
NÃO PODE SER JUSTO. 
 
SABER E VIRTUDE SÃO IDÊNTICOS ENTRE SI E SE IDENTIFICAM COM 
O PRAZER, COM A FELICIDADE QUE É PRÓPRIA DO HOMEM. 
 
A MAIOR INFELICIDADE PARA O HOMEM CONSISTE EM COMETER 
INJUSTIÇA. ISTO TORNA-O TRISTE E DOENTE. 
 
Acusado por (Melito, Anito e Lícon) de: 
a) não reconhecer os deuses do Estado; 
b) introduzir inovações religiosas pelo culto de divindades não reconhecidas; 
c) sedução e corrupção da juventude por doutrinas perigosas. 
 
Defendeu-se mas foi condenado a beber cicuta. 
 
No intervalo entre a condenação e a execução (retardada por festividade religiosa) 
seus amigos quiseram induzi-lo a fugir. 
 
Recusou: em toda a sua vida havia ensinado a justiça e o respeito às leis. Não 
quis desmentir seus ensinamentos. 
 
Bebeu cicuta entre discípulos amigos em 399 a.C. depois de ter discorrido 
sobre a imortalidade da alma e o destino do homem depois da morte (segundo 
Platão). 
 
“Para o homem honesto não existe mal nem na vida, nem na morte e que a sua 
causa está nas mãos do deuses. A divindade (Daimon) é, pois, a guarda do destino 
dos homens; é a garantia dos valores morais. 
 
CONHECIMENTO – VIRTUDE 
DIREITO – INSTRUMENTO HUMANO DE COESÃO SOCIAL que visa à 
realização do bem comum. 
As leis são inderrogáveis pelo arbítrio da vontade humana 
Prega o ideal cívico – liame entre indivíduo e sociedade 
 
Homem integrado na forma de vida comunitária – respeito às leis 
 
Desrespeitar as leis  derrogação da eficácia  comprometida a eficácia  
desordem 
 
As leis podem ser criticadas, mas não derrogadas pela lei interior (moral) 
 
Moralidade e legalidade caminham juntas 
 
Ética socrática – teleológica - fim da ação --- felicidade 
 
Erro – ignorância 
 
Acerto – conhecimento 
 
Coletivo x individual 
 
Sua filosofia : ética / social / religioso 
 
 
 
 
 
 
 
PLATÃO 
 
 Atenas – 429-347 a.C. 
Proposta: 
Criar um sistema filosófico amplo que compreendia o mundo da natureza e o 
mundo social. 
 
a) Organizar a vida política segundo regras racionais. 
 
b) Sustentou que a maneira como Sócrates investigou a moral do indivíduo só podia ser 
bem sucedida se a comunidade também fosse reformada com base na razão. 
 
Destaque para: 
a) A doutrina das Ideias 
b) A teoria do Estado justo. 
 
IDEIAS: 
EXISTE UM MUNDO SUPERIOR DE REALIDADE, INDEPENDENTE DO MUNDO 
DAS COISAS QUE NOS É REVELADO TODOS OS DIAS. 
 
O reino das Ideias ou Formas – padrões imutáveis, eternos, absolutos e universais de 
beleza, bondade, justiça e verdade. 
 
Viver em harmonia com esses padrões constitui a felicidade; conhecer essas formas é 
compreender a verdade. 
Portanto, a verdade reside nesse mundo das Formas e não no mundo apreendido pelos 
sentidos. 
(mundo ideal situado além do espaço e do tempo) 
 
Por exemplo: 
Ninguém pode desenhar um quadrado perfeito, mas as propriedades de um quadrado 
perfeito existem no mundo das Formas. 
 
O escultor observa muitos corpos e todos são, de certa maneira imperfeitos. Com o olho 
da alma, ele procura penetrar no mundo das Ideias e reproduzir com arte um corpo 
perfeito. 
 
O homem comum só forma um conceito do que é a beleza, observando coisas belas. 
 
O filósofo, que aspira ao verdadeiro conhecimento, vai além do que vê e tenta apreender 
com a mente a Ideia do belo. 
 
Da mesma forma, falta ao indivíduo comum uma verdadeira concepção da justiça ou do 
bem; tal conhecimento está ao alcance somente do filósofo cuja mente pode saltar das 
particularidades vulgares para um mundo ideal situado além do espaço e do tempo. 
 
Por que? 
O mundo dos fenômenos é instável, transitório e imperfeito. 
O seu reino das Ideias era eterno e universalmente válido. 
 
Cada pessoa em particular partilha de uma forma imperfeita e limitada da Ideia de 
homem. Os homens vêm e vão, mas a Ideia de homem persiste eternamente. 
 
Tal hipótese pode ser observada na famosa ALEGORIA DA CAVERNA, de Platão. 
 
Nessa, em apertada síntese, Platão relata a hipótese de uma caverna fictícia, onde os 
homens vivem em seu interior, acorrentados e com uma única possibilidade: olhar para a 
parede dos fundos, onde observam imagens (como se fosse um filme). Um certo dia, um 
dos habitantes (Sócrates), consegue se livrar das amarras, sai da caverna e vê que, em 
verdade, as imagens que os homens veem no interior da caverna, são meras projeções da 
realidade externa. Retorna à caverna e tenta convencer seus companheiros mas, 
desacreditado, é condenado à morte por eles. 
 
“........ SÓCRATES — Agora imagina a maneira como segue o estado da 
nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens 
numa morada subterrânea,em forma de caverna, com uma entrada aberta à 
luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentadas, 
de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, 
poisas correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma 
fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os 
prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa 
estrada está construída um pequeno muro, semelhante às divisórias que os 
apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as 
suas maravilhas......” 
(República: livro VII) 
 
Tal hipótese demonstra que o homem que sai da caverna (Sócrates), o faz em virtude da 
utilização da razão, via de acesso ao verdadeiro conhecimento, através do conhecimento 
filosófico. 
 
Assim, a verdadeira sabedoria é obtida através do conhecimento das Ideias, e não 
através de reflexões imperfeitas sobre as Ideias percebidas pelos sentidos. 
 
Razão em primeiro plano, a ponto de tentar organizar a vida humana segundo 
modelos universalmente válidos. 
 
O ESTADO JUSTO 
 
Platão efetuou, no plano do pensamento, a idealização de um modelo racional de Estado. 
 
Tentou resolver um problema deixado pelos Sofistas radicais: o enfraquecimento dos 
valores tradicionais. 
 
Para Sócrates, lembrem-se, a solução para tal problema era a transformação moral do 
indivíduo. 
 
Platão quis ajustar toda a comunidade a princípios racionais. 
 
Afirmava: se os seres humanos devem viver uma vida ética, precisam fazê-lo como 
cidadãos de um Estado racional e justo. 
Obs.: num Estado injusto as pessoas não poderiam alcançar a sabedoria socrática, pois 
suas almas são o reflexo da maldade do Estado. 
 
Motivo: viu a guerra do Peloponeso e o julgamento de Sócrates. Na constituição de 
Atenas nem a moral de cada cidadão, nem o bem do Estado podiam ser valorizados. 
Atenas precisava de uma reforma moral e política completa, fundada na filosofia de 
Sócrates. 
 
A República: 
 
Imaginou um Estado ideal baseado em 2 modelos que salvariam os atenienses dos males 
que lhes foram impostos. 
 
O Estado justo não se podia fundar na tradição (pois os comportamentos herdados não 
provinham de modelos racionais) nem da doutrina da legitimidade do poder (pregado por 
sofistas radicais e praticado por estadistas atenienses). 
 
Um Estado justo devia conformar-se aos PRINCÍPIOS UNIVERSALMENTE 
válidos e visar ao aprimoramento moral de seus cidadãos e não ao aumento do seu 
poder e bens materiais. 
 
Tal Estado precisa de líderes que se distinguissem pela sabedoria e virtude mais do 
que pela inteligência e eloquência dos sofistas. 
 
A essência de sua teria política, tal qual na República, é a crítica da democracia 
ateniense. 
Aponta três problemas da democracia: 
Era insensato, dizia: 
 
1) Esperar que o homem comum pensasse de modo inteligente sobre política externa, 
economia ou outros assuntos vitais do Estado. Contudo era permitido ao homem comum 
falar na Assembléia, votar e ser escolhido, por sorteio, para cargos executivos. 
 
“.... ninguém confia um doente aos cuidados de qualquer um, nem esperasse que um 
aprendiz pilotasse um navio em plena tempestade. Contudo, numa democracia, permite-
se que amadores tomem as rédeas do governo e supervisionem a educação dos jovens....“ 
 
2) Os líderes são escolhidos e seguidos por razões não-essenciais tais como discurso 
persuasivo, boa aparência, riqueza e tradição familiar. 
 
3) Podia degenerar em anarquia. Intoxicados de tanta liberdade, os cidadãos de uma 
democracia podiam perder todo o seu sentido de equilíbrio, autodisciplina e respeito à lei. 
 
“os cidadãos se tornam desconfiados e irritadiços, a ponto de se erguerem em revolta 
contra a menor aparência ou suspeita de servidão. Acabam, como bem sabes, por não 
fazer nenhum caso das leis escritas ou não escritas, para que jamais se verifique a 
hipótese de terem sobre si algum de’spota.” 
 
Como a licença sucede à liberdade, a sociedade democrática viria a deteriorar-se 
moralmente. 
 
“..... os moços querem emparelhar-se com os velhos e lutar com eles, em pé 
de igualdade, nas palavras e atos....” 
 
4) Como a sociedade democrática descambasse em desordem, acabaria por evidenciar-
se uma Quarta fraqueza da democracia. Um demagogo podia adquirir poder prometendo 
despojar os ricos em benefício dos pobres. Para conservar o seu domínio sobre o Estado 
o tirano 
“..... sempre tem o cuidado de manter algum simulacro de guerra, a fim de 
que o povo sinta a necessidade de um cabeça. E também a fim de empobrecê-
lo com os imposots cobrados, de modo que, ocupado em acudir diariamente 
à própria penúria, não medite o povo em assaltos contra a sua pessoa.” 
 
Sugeria que Atenas só poderia ser governada corretamente quando os homens mais 
sábios, os filósofos galgassem o poder. 
As funções de governo só poderiam ser desempenhadas pela aristocracia da cidade, os 
filósofos (governantes naturais do Estado), que iriam tratar os problemas humanos com 
a razão e a sabedoria provenientes do conhecimento do mundo de Ideias imutáveis e 
perfeitas. 
A formulação de Estado formulada por Platão em A República correspondia à sua 
concepção da alma humana, da natureza humana. Tinha 3 partes: 
a) razão (a busca pelo conhecimento) 
b) cólera (auto-afirmação, coragem, ambição) 
c) desejo (ö monstro selvagem com muitas cabeças” que nos impele a comer, aos 
prazeres sexuais, à riqueza). 
 
Numa alma bem orientada, a cólera e o desejo são orientados pela razão. 
Frisava ele que podia ser contado nos dedos os homens que tinham inteligência e 
autodomínio para pautar a sua vida por modelos provenientes do mundo das Ideias. 
As pessoas eram divididas por ele em 3 grupos 
a) as que demonstravam capacidade filosófica - governantes 
b) aquelas cujo pendor natural revelava uma coragem - soldados 
c) as que guiadas pelo desejo (a grande maioria) - comerciantes, 
artesões, agricultores etc 
 
Sustentava que homens e mulheres deveriam receber a mesma educação e ter acesso 
igual a todas as ocupações e cargos públicos, até mesmo o de filósofo-governante. 
A comunidade devia reconhecer a primazia do intelecto e buscava criar um Estado 
harmonioso onde cada indivíduo desempenhasse a função de sua preferência, para a 
qual tivesse melhor qualificado. 
Esse era um Estado justo. Reconhecia as desigualdades e diversidades humanas e 
fazia melhor uso possível delas para toda a comunidade. 
Resposta aos Sofistas, para quem justo era o direito dos fortes em governar em seu 
próprio benefício, ou que a justiça era sempre tendenciosa. 
O filósofos seriam selecionados de acordo com um critério rigoroso de educação aberto 
a todas as crianças. Aqueles que não demonstrassem inteligência ou força de caráter 
suficientes deveriam ser relegados a produtores ou guerreiros, dependendo de suas 
aptidões naturais. 
Depois de muitos anos de educação seriam filósofos-governantes e somente se 
preocupariam com a justiça. 
O propósito de A República foi advertir os atenienses de que, sem respeito às leis, 
liderança sábia e educação adequada para a juventude, a sua cidade continuaria a 
degenerar-se. 
 
Referência: 
BITTAR, Eduardo C.B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do 
direito. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br 
 
 
 
A JUSTIÇA EM ARISTÓTELES 
 
1. Uma breve abordagem biográfica 
 
Aristóteles (384-322 a.C.) 
 
Aristóteles, fundador do Ginásio, foi, seguramente, o maior dos dos discípulos de Platão. 
 
Embora notemos em sua obra um certo distanciamento da principal tese de seu mestre, 
mais especificamente da teoria das ideias (Aristóteles tinha uma preocupação constante e 
marcante com a realidade – com as coisas mesmas), tal afastamento, por certo, não retira 
o brilho do pensamento de Aristóteles. 
 
Referido afastamento, aliás, pode ser notadono Afresco de Rafael Sanzio (1483-1520) - 
Museu do Vaticano - “A Escola de Atenas” 
 
 
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woS
uOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-
kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAw
QBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
https://www.google.com/search?q=escola+de+atenas+rafael+sanzio&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=ebx_c_woSuOxBM%253A%252C5di9BFpkRjdFjM%252C%252Fm%252F025sm_7&vet=1&usg=AI4_-kTXBQnawCjja08jQtzz_e5CP4zuhQ&sa=X&ved=2ahUKEwjB3MSn9K3hAhX_KLkGHZzkC6sQ_B0wCnoECAwQBg#imgrc=ebx_c_woSuOxBM:
Lembrar que Platão: 
analisa a situação social do seu tempo, estabelecendo planos de transformação da 
realidade - Estado Justo: 
diversidades e desigualdades humanas; 
sistema social hierarquizado. 
Aristóteles, por seu turno, efetua uma análise social. 
Consolida opiniões, as possibilidades, os fatos  situações da realidade – reflexão não 
axiológica 
 
DESTAQUE NA OBRA DE ARISTÓTELES – ética a Nicômaco – Livro V, onde 
encontramos uma análise excepcional sobre a 
 
justiça e suas espécies 
 
Aristóteles dedica o Livro V de sua a seu filho, denominando-a de Ética a Nicômaco. 
Seguramente a mais importante e consiste obra sobre a Justiça produzida pelo homem, 
conforme reconhece a doutrina majoritária. 
A título de exemplo podemos citar que Ulpiano, um dos mais conceituados juristas 
romanos utiliza, em sua definição de direito, o conceito de justiça distributiva de 
Aristóteles, como veremos a seguir. 
 
Para Ulpiano: justiça é a constante e perpétua vontade de atribuir a cada um seu direito. 
Princípios do direito: “viver honestamente; não causar dano a outrem e dar a cada um o 
que é seu”. 
 
Justiça, para Aristóteles, é uma ação CONCRETA. Uma AÇÃO DELIBERADA – com 
a finalidade de ser justa ou injusta. 
 
Não é, portanto, uma mera ação contemplativa, ou um mero conhecimento sobre o que é 
justo. 
 
Justo, para Aristóteles, é um AGIR, tal qual todas as demais virtudes. 
 
“Considera-se justo o ato que é feito deliberadamente com tal finalidade, e injusto do 
mesmo modo, o que é realizado com tal vontade.” 
 
A título de exemplo: “um juiz que conhece o justo e não o aplica ao caso concreto não é 
justo. Justo é o seu julgamento que determina que seja dado ao credor o que lhe é devido.” 
 
Justo: medida fixa, que vale sempre e em qualquer situação. 
Uma proporção dinâmica, fruto de uma realidade viva, que deve, portanto, ser observada 
nos aspectos histórico, social e político. 
 
Entretanto, para que possamos compreender a extensão do pensamento aristotélico sobre 
o justo, é necessário observarmos que: 
 
JUSTIÇA = virtude 
2 sentidos: 
a) universal 
b) particular. 
UNIVERSAL 
sentido lato, a justiça deve ser compreendida tanto na dimensão legal (respeito e 
cumprimento à lei, que, no geral é tido como justa); 
sentido de virtude: virtude geral que se encontra em todas as demais virtudes. 
 
Aristóteles: uma lei é justa e a obediência a essa lei e a manifestação desse justo. Uma 
lei injusta é uma má lei e, nesse sentido, não é lei. 
Não existe o sentido positivista formalista de Kelsen 
 
A JUSTIÇA UNIVERSAL é uma virtude que está em todas as demais virtudes”. 
Vejamos: 
Uma virtude, seja ela qual for, possui um conteúdo específico, que lhe é próprio. Assim, 
v.g., a caridade se tipifica num ato de dar; enquanto a temperança se tipifica no justo uso 
dos prazeres físicos; a bondade se perfaz no ato de fazer o bem aos outros e a paciência 
se caracteriza como o ato de suportar dissabores). 
 
Ex.: (Mascaro) 
“aquele que dá ao poderoso, por medo de ser violentado, e não dá ao necessitado, por lhe 
ser superior em poder, não é caridoso, porque ao ato de dar (caridade) deve-se acrescer a 
justiça do ato”. 
OU, 
- não se pode ser temperante em relação a um determinado prazer físico e não sê-lo em 
relação a outros; ou, ainda, 
- não se pode ser paciente em relação ao poderoso, por temor às represálias que dai 
possam advir e não sê-lo com o necessitado por lhe ser superior e assim sucessivamente. 
 
Vê-se, portanto, que um ato isoladamente qualificado como sendo virtuoso, deixará de 
sê-lo se faltar a virtude da justiça. 
 
O mesmo, entretanto, não ocorre com as demais virtudes entre si. Por exemplo, alguém 
pode ser justamente temperante e impaciente, ou justamente bondoso e impaciente. A 
bondade, a temperança e a bondade, apenas para citar algumas virtudes, presumem a 
justiça, porém a bondade não pressupõe a paciência, nem a temperança. 
Daí afirmar Aristóteles que a justiça, em sentido lato, é universal. 
 
JUSTIÇA PARTICULAR 
 
enquanto virtude, a justiça tem uma tipificação que lhe é própria. Cabe indagar: o que é 
a justiça enquanto virtude específica, ou seja, tomada em sentido particular, o que é 
a justiça? 
 
Para Aristóteles justiça, em sentido estrito (particular) é o ato de dar a cada um o que é 
seu, 
 
é uma ação de distribuição, que demanda uma qualidade de estabelecer o que é de 
cada qual. 
 
Enquanto virtude particular, a justiça deve ser dividida em: 
distributiva, corretiva ou diortótica e reciprocidade. 
 
Justiça distributiva. 
 
É a mais elevada e sensível ocupação da justiça eis que 
“trata da distribuição de riquezas, benefícios e honrarias” entre os cidadãos que 
podem ser considerados minimamente semelhantes. 
Referida distribuição, que se configura na fórmula “dar a cada um segundo seu mérito” é 
uma proporção geométrica que pressupões sempre dois sujeitos em relação aos quais “se 
avalia a justa distribuição dos bens, e dois bens que serão divididos entre tais pessoas”. 
 
Considerando que referida justiça é uma proporção, a proporcionalidade caracteriza o 
justo e sua falta o injusto. 
 
Exemplos esclarecedores citados por Mascaro: 
“um professor, quando aplica uma prova a uma turma de alunos, será considerado justo 
em sua correção quando distribuir notas de acordo com uma proporção, tendo vista o 
mérito. De uma prova com cinco questões valendo cada qual dois pontos, o aluno que 
acerta quatro questões merece a nota oito. O aluno que acerta duas questões merece nota 
quatro. Qualquer outra nota diferente dessa para cada um desses alunos rompe com a 
proporção entre seus méritos e suas notas, e, portanto, a distribuição meritória de notas 
demonstra a justiça do professor”. 
 
“Se se considera que um trabalhador que produz 10 x por mês ganhe 20 y, dir-se-á que 
outro trabalhador que produz 11 x por mês deverá ganhar, por tal produção, 22 y. De 
acordo com o mérito de cada qual, a proporção perfaz o justo”. 
 
A mesma proporção deve ser observada na distribuição de honrarias e incumbências 
sociais. 
 
“Não podem ser idênticos os benefícios e honrarias concedidas a um desembargador e a 
um ministro do Supremo Tribunal Federal”. 
 
É necessário observar, entretanto, que 
 
o justo de que fala Aristóteles se apresenta como proporção matemática entre os 
cidadãos relativamente iguais.Portanto, entre os desiguais (senhor para com o 
escravo; pai para com o filho, para citar alguns exemplos de que trata Aristóteles), 
não é possível falar-se em distribuição de justiça. 
 
Lembrar que, para Aristóteles: 
 
“não pode haver injustiça no sentido irrestrito em relação a coisas que nos pertencem, 
mas os escravos de um homem, e seus filhos até uma certa idade em que se tornam 
independentes, são por assim dizer partes desse homem, e ninguém faz mal a si mesmo 
(por esta razão, uma pessoa não pode ser injusta em relação a si mesma). Logo, não há 
justiça ou injustiça no sentido político em tais relações”. 
 
Do mesmo modo (Mascaro, 71), em relação ao exemplo acima citado, do professor que 
aplica prova aos alunos: 
 
só será poderá considerar a proporcionalidade e, portanto, a justiça da situação se a prova 
for apresentada a alunos do mesmo nível escolar, por exemplo, entre alunos da sétima 
série do curso fundamental ou entre alunos da primeira série do segundo grau. A aferição 
do mérito entre alunos da sétima série do curso fundamental e entre alunos da primeira 
série do segundo grau é desproporcional e, portanto, injusta. 
 
Deve-se, ainda, lembrar que essa proporção se caracteriza como um meio termo entre 
dois extremos: excesso e falta. 
 
Portanto: “se alguém constrói um charafiz no quintal da casa, na bacia do Amazonas, não 
comete ato injusto. 
O mesmo, porém, não se poderia dizer daquele que constrói charafiz idêntico no deserto 
do Saara. 
 
Justo - em Aristóteles deve ser, sempre, compreendido na dimensão social e política: as 
possibilidades, os fatos e as situações da realidade. 
Justiça corretiva, ou diortótica. 
A justiça corretiva, também denominada comutativa, é bem menos complexa que a 
distributiva. 
 
“Ao contrário da distribuição das honrarias, bens e cargos de acordo com o mérito, 
nessa vertente a justiça é tratada como uma reparação do quinhão que foi, 
voluntária ou involuntariamente, subtraído de alguém por outrem.” 
 
Enquanto a justiça distributiva trata de bens, cargos e méritos próprias do direito público, 
as questões de direito privado (contratuais) e mesmo as de ordem penal (retribuição) são 
relativas à justiça corretiva. 
 
Assim, “as questões de ordem penal são tratadas como justiça corretiva, na medida 
daquilo que representou a perda e o ganho. No caso penal, mais do que a pena, a justiça 
corretiva trata da reparação civil dos danos causados pelo crime”. 
 
No caso do direito privado, “os contratos, a troca, a compra e venda e mesmo a 
responsabilidade civil, podem ser pensados a partir da justiça corretiva. À perda de 
alguém corresponde uma correção equivalente”. 
 
Assim, enquanto na justiça distributiva a proporção é geométrica (pessoas e coisas), 
na justiça corretiva a proporção é aritmética: existe apenas entre coisas (devolução 
daquilo que foi acrescido a alguém), porque as pessoas são tomadas formalmente 
como iguais. 
 
Reciprocidade 
A terceira forma de justiça de que trata Aristóteles é a reciprocidade. 
 
Trata-se de uma forma especial de justiça e que ocorre na dimensão econômica, ou da 
produção (trocas entre profissionais – advogado, professor, engenheiro etc). 
 
“as trocas entre um sapateiro, um pedreiro, um médico e um fazendeiro, para serem 
consideradas justas, devem alcançar uma certa reciprocidade. Não se pode imaginar que 
a produção de um sapato valha o mesmo que a construção de uma casa, ou que a colheita 
de um quilo de determinada planta equivalha a uma certa cirurgia. Aristóteles, para isso, 
aponta que o dinheiros faz o papel de uma equivalência universal entre produtos e 
serviços. Ele possibilita a reciprocidade entre tais elementos”. (Mascaro) 
 
 
 
Referências: 
BITTAR, Eduardo C.B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de filosofia do 
direito. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br 
 
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do direito. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2016. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597007503/cfi/6/24!/4/2/6@0:0 
 
 
 
 
CRITICISMO KANTIANO 
 
Immanuel Kant – 1724-1804 
Crítica da razão pura, Crítica da razão prática, Crítica do juízo. 
 
A Teoria do Conhecimento 
A filosofia de Kant aparece como a luz para os desacreditados no iluminismo. 
 
Seu pensamento, fundado nos conceitos de LIBERDADE E IGUALDADE, 
serve de forma decisiva na formulação de um novo conceito de justiça à 
humanidade. 
 
Para Kant, o primeiro bem que se deve reconhecer no ser humano é a liberdade, 
pois a condição própria do ser humano a requer. 
 
Revolução Copernicana (alusão ao heliocentrismo) 
Crítica aos inatistas e empiristas pelo excesso de objetivismo. 
Para as duas teorias “o conhecimento racional dependeria inteiramente dos objetos do 
conhecimento [...] para o empirista, a realidade entra em nós pela experiência. Para o 
inatista, a verdade entra em nós pelo poder de uma força espiritual que a coloca em nossa 
alma, de modo que as ideias inatas não são produzidas pela própria razão, mas colocadas 
em nós por uma força sábia e superior a nós (como Deus, por exemplo). Assim, o 
conhecimento parece depender de algo que vem de fora para dentro de nós. No caso dos 
inatistas, depende da divindade, no caso dos empiristas, depende da experiência 
sensível.”1. 
 
 
 
 
 
 
1 CHAUI, Marilena. Convite à filosofia, p. 80. 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597007503/cfi/6/24!/4/2/6@0:0
Proposta de Kant: já que a razão “é o Sol que ilumina todas as coisas”, vamos colocá-la 
no centro e fazer com que os objetos girem em torno dela. 
Perguntar pela própria razão e saber, em primeiro lugar, o que ela é para, depois, saber o 
que e como ela conhece. 
 
Afirmando que a realidade é racional, os filósofos colocaram “os objetos do 
conhecimento no centro e fizeram a razão ou o sujeito do conhecimento girar em torno 
dela”. (Chaui) 
 
Razão como sujeito do conhecimento  
Universal (a mesma para todos os seres humanos, independentemente do tempo e do 
espaço). 
Uma estrutura vazia, uma forma pura, sem conteúdos. 
Inata, portanto, anterior (a priori) da experiência, já que sua existência não depende dela. 
O que depende da experiência?  os conteúdos que a razão conhece. 
Experiência (a posteriori)  matéria ou conteúdos 
Razão  forma (universal e necessária) do conhecimento. 
 
Erro dos inatistas: supor que a verdade entra em nós pelo poder de uma força espiritual. 
Erro dos empiristas: supor que a realidade entra em nós pela experiência. 
 
Conhecimento, portanto, é a síntese entre a razão (universal e inata) e o conteúdo 
oferecido pela experiência. 
 
O que significa afirmar que a Razão é uma estrutura? 
Composta de: percepção – intelecto – razão propriamente dita 
 
a) percepção sensível ou sensorial: que nos permite perceber as coisas como realidades 
espaciais. 
Não percebemos o próprio espaço (este é uma forma a priori) existe em nossa razão antes 
mesmo da experiência, mas é ele que permite haver percepção. 
Não percebemos o tempo, mas percebemos as coisas como realidades temporais, temos 
experiência de passado, presente e futuro (também é uma forma a priori) 
 
A PERCEPÇÃO RECEBE CONTEÚDOS DA EXPERIÊNCIA E A SENSIBILIDADE 
OS ORGANIZA RACIONALMENTE SEGUNDO A FORMA DE ESPAÇO E TEMPO. 
 
Portanto, a intuição sensível (intuição pura), não é inválida, mas ainda não é o 
conhecimento. Necessita de outro processo intelectivo. 
 
b) entendimento ou intelecto 
ORGANIZA AS PERCEPÇÕES: transforma as percepções em conhecimentos 
intelectuais ou conceitos. 
POSSUI ALGUNS A PRIORI – categorias que organiza os conteúdos empíricos. 
CATEGORIAS  CONCEITOS 
Categorias: qualidade, quantidade, causalidade, finalidade, verdade, falsidade, 
universalidade, particularidade. 
As categorias são estruturasuniversais, vazias e as mesmas no espaço e no tempo. 
 
 
c) razão propriamente dita  vazia. 
Como para Kant só há conhecimento quando a experiência oferece os conteúdos à 
sensibilidade e ao entendimento, não há conhecimento nesta última. 
Sua função é apenas CONTROLAR a sensibilidade e o entendimento. 
A RAZÃO NÃO ESTÁ NAS COISAS, MAS EM NÓS. 
 
“É uma ESTRUTURA UNIVERSAL, NECESSÁRIA E A PRIORI QUE ORGANIZA 
NECESSARIAMENTE A REALIDADE EM TERMOS DE FORMAS DA 
SENSIBILIDADE E DOS CONCEITOS E CATEGORIAS DO ENTENDIMENTO. 
 
Portanto, para Kant, 
O conhecimento dá-se a partir de princípios e não a partir de dados. Esses princípios 
que não vieram do exterior, já compõem a razão. 
Esses princípios, possuem duas funções: 
a primeira, permite não apenas a inteligibilidade dos fenômenos, produzindo, por 
exemplo, as leis físicas; 
a segunda, permite a ação humana a partir de princípios. 
Esse último aspecto é a faculdade que temos de agir por princípios e máximas: é a 
Razão Prática, que Kant chama de vontade. 
 
 A Moral e a Justiça 
 
A razão teórica (intelecto) produz o conceito de finalidade e direciona a vontade, 
que, em última análise, é a razão prática e a lei moral. 
 
A vontade é a própria razão pura prática, ou seja, é a capacidade do ser racional 
agir, não somente segundo as leis (como ocorre na natureza) mas segundo a representação 
de leis, portanto de princípios. 
 
“O ato moral tem que nascer na própria vontade – concebida como desprovida de 
conteúdo e não sendo determinada por nada de exterior.”2 
 
Só a vontade pura (formal e autônoma), não afetada por qualquer inclinação, não 
empírica, pode construir a ética e dar moralidade às ações racionais. Nenhum 
argumento extraído da experiência, do domínio empírico, pode justificar um 
comportamento como ético. 
 
“Uma vez que a boa vontade ou vontade pura é aquela considerada em si mesma, 
absolutamente inatingida por qualquer elemento externo, ela não se presta como 
meio a nada, mas é fim em si mesma.”3 
Na ética dá-se o primado absoluto da razão sobre o ser, e, portanto, a ética tem por 
domínio aquilo que deve ser e não aquilo que é. 
DEVER PELO DEVER, INCONDICIONADO 
 
2 KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Lisboa, 1999. Edições 70. Cap. I, §5. 
3 Idem. p.160. 
A vontade pura tem que ser absolutamente autônoma, desvinculada de qualquer 
conteúdo externo. 
O imperativo categórico 
 
Só o ser racional pode agir segundo a representação de leis, e, portanto, segundo 
princípios que devem ser absolutos, ou seja, quando possuírem fim em si mesmos e por 
isso objetivos, ou para Kant, universais. 
 
Existem três formas específicas do imperativo categórico: 
 
A) “Age de tal modo que a máxima da tua ação se devesse tornar em 
lei universal da natureza.”4 
B) “Age de tal modo que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como 
na pessoa de qualquer outro sempre e ao mesmo tempo, como fim e 
nunca como meio simplesmente.”5 
C) “Age de tal forma que a tua vontade através das suas máximas se 
possa considerar ao mesmo tempo como legisladora universal.”6 
 
Essas três fórmulas do Imperativo categórico correspondem: 
A) Se assenta na ideia de igualdade (universalidade). 
B) O homem sendo pessoa, tem que realizar a síntese da igualdade e 
da liberdade, não tendendo para um lado nem para outro, estabilizando-
se na fraternidade. 
C) Se assenta na ideia de liberdade, raiz de toda ação humana. 
 
Uma ação é moral, para Kant, quando é fim em si mesma e não meio 
adequado a outro fim. 
“é fim em si mesma porque ... não se submete a outras leis senão 
àquelas que ela dá a si mesma.”7 
 
Uma vez considerado fim em si mesmo o ser racional deverá ter em conta, 
sempre, que o outro ser racional é também livre e deve ser tratado como fim em si 
mesmo (pessoa) e nunca como meio (coisa). 
 
Assim, o imperativo categórico deve ser formulado de modo a criar o liame 
necessário entre a ética como moral do indivíduo e a política ou o direito. 
 
A liberdade é o maior bem e o “único direito inato” e, por isso, deve ser 
distribuído igualmente. 
 
Kant afirma que justo é tudo o que promove a liberdade, o governo de si mesmo 
para si mesmo; e injusto, tudo o que impede a liberdade se realiza segundo leis 
universais (igualdade). 
 
 
4 KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa, Ed. 70, 1997. p.421. 
5 Idem. p.429. 
6 Idem. p.434. 
7 KANT, Immanuel. Discurso de metafísica. Lisboa, Ed. 70, 1998. p.27. 
Portanto, para Kant, a ação justa seria a ação cuja a máxima liberdade de arbítrio 
de cada um pode coexistir com a liberdade de todos. 
 
Onde aparece o Direito? 
 
O intelecto se ocupa do ser, de captar o mundo como ele é. A vontade cria o 
dever ser, ela procura fazer o mundo como ele deve ser. 
 
Ao sair de si mesma, agindo, a vontade pura cria essa regra moral de modo 
absolutamente independente de qualquer experiência sensível. 
 
Assim, da estrutura do pensamento kantiano nasce uma dicotomia. 
Como o dever ser não é dado pela sensibilidade ou pela experiência, e sim 
uma ideia pura, tem como pressuposto a Liberdade. 
 
Sem a liberdade, seria mero desdobramento da sensibilidade e não uma ideia 
incondicionada. 
 
No momento de exteriorização da liberdade, como instrumento necessário à 
vida da liberdade. 
 
A figura do Estado nos aparece quanto a seu fim e fundamento, pois é tão 
somente a liberdade que ele realiza e protege através do direito cuja função é, por 
meio da ordem coativa segundo leis universais, compatibilizar o uso externo da 
liberdade de todos. 
 
DIREITO = CONJUNTO DAS CONDIÇÕES QUE PERMITEM A 
COEXISTÊNCIA DAS LIBERDADES INDIVIDUAIS 
 
Sendo normas sociais de conduta, o que diferencia Moral e Direito? 
 
HETERONOMIA 
COERCIBILIDADE 
BILATERALIDADE ATRIBUTIVA 
 
Sob o aspecto formal, 
Direito e a Moral se distanciam em virtude de alguns elementos que, presentes na norma 
jurídica, inexistem na norma moral. São eles: 
a) heteronomia; 
b) coercibilidade; e 
c) bilateralidade atributiva. 
a) Heteronomia: 
Neste sobressai o caráter externo da norma jurídica. 
Enquanto a norma moral se processa no plano da consciência individual, a norma 
jurídica é produzida e se materializa no plano exterior ao sujeito. 
Para Miguel Reale: 
o Direito é exterior, ou heterônomo, “visto ser posto por terceiros aquilo que 
juridicamente somos obrigados a cumprir”. 
Esse terceiro: o Estado, através de seu Poder competente para elaborar a lei, em regra, o 
Legislativo. 
Assim: norma moral: dever, pelo dever, ou seja, existe a convicção de que se deve 
respeitá-la porque é válida em si mesma; 
(“age de tal modo que a máxima da tua ação seja, sempre, ação universal”), 
Já, a norma jurídica, ocorre além do querer do destinatário. 
Como afirma Reale: goste-se, ou não, da norma jurídica, deve-se viver em 
conformidade com ela. 
 
b) COERCIBILIDADE: 
Elemento essencial da norma jurídica. 
Afirmar que o Direito possui coercibilidade significa dizer que existe a possibilidade de 
se invocar o uso da força para a execução da norma jurídica. 
Significa a possibilidade de um agir forçado”. 
 
O mesmo não ocorre com a pode, por certo, ser afirmado em relação ao agir moral. 
Ninguém pode ser coagido a cumprir um preceito moral contra a sua vontade. 
Importa lembrar sempre, porque oportuno, que a coercibilidade não se confunde com a 
coação. Embora ambas signifiquem força, a primeira representa uma força “em 
potência”, ou seja, “a possibilidade de vir a ser”. 
 
Assim, quando afirmamos que o Direito é coercível significa dizer que existe no Direito 
a “possibilidade de invocar o uso da força, se necessário for”. 
 
Nesse sentido afirma-se que o Direito “é a ordenação coercível da conduta humana”. 
A força passa a ser um meio a que o direito recorre para se fazer valer, quandose revelam 
insuficientes os motivos que, comumente, levam os interessados a cumpri-lo”. 
A coação, por sua vez, representa a força em ato, ou seja, a atualização de um fato, um 
estar acontecendo (uma força efetiva), uma força juridicamente organizada, utilizada pelo 
Direito para garantir seu cumprimento. 
A coação, portanto, somente se manifesta na hipótese do descumprimento da norma 
jurídica. A título de exemplo, podemos citar o despejo, a penhora ou mesmo a força física. 
A coação, portanto, está ligada à sanção. 
 
c) Bilateralidade atributiva: 
Segundo Miguel Reale, por bilateralidade atributiva devemos entender “uma proporção 
intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma relação ficam autorizados a 
pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente algo”. 
 
Da definição acima, merecem destaque: 
i) o fato da relação jurídica ser intersubjetiva (dai a bilateralidade); 
ii) que a relação entre os sujeitos deve ser objetiva, sem arbitrariedade de uma das partes, 
ou seja, uma das partes não pode ficar à mercê da outra; 
iii) da proporção estabelecida deve decorrer a atribuição de pretender, exigir ou fazer 
alguma coisa;; e 
iiii) da relação jurídica resulta a atribuição que vincula as partes e garante uma pretensão 
ou ação. Um exigir garantido. 
“é precisamente em vista dessa exigibilidade garantida que o direito goza da 
coercibilidade, ou seja, da possibilidade do recurso à força que emana da soberania do 
Estado, capaz de impor respeito a uma norma jurídica”. (Betioli – p.96) 
Ou, conforme Reale: “o direito é coercível, porque é exigível, e é exigível porque bilateral 
atributivo”.

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