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Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 1 Farmacologia das catecolaminas • NA fica dentro de vesículas para ser liberada na fenda sináptica. • Quando citarmos membrana pré e pós- sináptica é em relação à sinapse entre fibra pós ganglionar e órgão efetor. • Mediadores que ficam estocados na mesma vesícula que a NA: ATP, peptídeos, encefalinas etc. (porque NA é liberada com outras substâncias juntas, que ajudam a modular a ação da NA). • Há entrada de cálcio na membrana pré- sináptica para desencadear a ação. Biossíntese das catecolaminas • L-tirosina está no sangue, sofre transporte ativo, chega no citosol simpático • A enzima tirosina hidroxilase transforma a L- tirosina em DOPA (dihidroxifenilalanina) o A etapa da ação da tirosina hidroxilase é a limitante da velocidade da síntese de NA (por que? Porque a tirosina hidroxilase é a única enzima capaz de transformar tirosina em DOPA, então se tiver ação de alguma droga ou doença que impede essa enzima, o resto da cadeia não ocorrerá) o Inibição da tirosina hidroxilase = depleção completa dos estoques de noradrenalina/adrenalina o (a inibição das demais próximas enzimas não gera depleção, apenas diminui o conteúdo produzido). E há outra exceção: se inibir a dopa descarboxilase não afeta na produção, ou seja, entende-se que há outras enzimas que podem fazer a ação dela caso esteja inibida (portanto, não é tão específica assim como as demais) • A L-DOPA do neurônio simpático é descarboxilada pela enzima DOPA descarboxilase e vira dopamina (a primeira catecolamina endógena formada no nosso organismo – há 3) • Dopamina entra em vesícula por transporte ativo (há um transportador para isso) • Dentro da vesícula, há a dopamina beta hidroxilase, a qual transforma em noradrenalina. • NA fica estocada aí, e quando vier o impulso e entrada de cálcio ela é liberada • Como NA fica estocada, ela está protegida do meio, porque no meio há enzima que degrada NA (a MAO). o MAO está no neurônio pré-sináptico que transforma a NA em metabólitos o Dentro do neurônio só tem MAO o Mas no órgão efetor (pós-sináptico) pode ter MAO e COMT • E nas células cromafins da medula adrenal? o Mesmas etapas iniciais o NA abandona a vesícula (provavelmente por transporte passivo), vai para o citoplasma da célula = há a enzima feniletanolamina N-metil transferase = PNMT (que coloca um metil), transformando a NA em adrenalina. O que muda é só a presença de um metil (que é muito importante, porque esse metil permite a ligação aos receptores Beta 2, o fato da NA não ter esse metil, faz com que não tenha afinidade com Beta 2) o Depois, adrenalina entra para ficar armazenada em vesícula pelo transportador VMAT2 ▪ Para adrenalina entrar de volta nas vesículas, acaba Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 2 ficando susceptível a ação da MAO, porém ela tem mais afinidade pelo VMAT2. • Didaticamente, entende-se que todas as 4 enzimas envolvidas no processo estão na adrenal, mas apenas as 3 primeiras nos nervos simpáticos (até porque você não precisa da última no nervo, já que libera NA e não adrenalina em quantidade). • Em geral, todas essas enzimas são citoplasmáticas, exceto a dopamina-B- hidroxilase, que está nas vesículas sinápticas Ações da noradrenalina na fenda sináptica • NA ativa os adrenérgicos: alfa 1 e 2, beta 1,2 e 3 • Miocárdio: possui muito Beta 1 • Quando a NA é liberada na fenda sináptica, ela ativa um receptor alfa 2 na própria membrana pré-sináptica, que determina a diminuição da liberação de NA para fenda (mecanismo fisiológico importante) • Quando se fala de alfa 2 nesse contexto geralmente está se referindo a alfa 2 na membrana pré sináptica, mas alfa 2 pode estar na membrana pós sináptica (em vasos sanguíneos) e então age causando vasoconstrição mesmo • Ou seja, há anti-hipertensivo que é agonista para alfa 2: para ativar esse mecanismo de diminuir a liberação de vesículas de NA pela membrana pré sináptica • O oposto: uma droga para melhorar função sexual masculina = um antagonista alfa 2, para aumentar a liberação de NA (melhorar ejaculação), porém o efeito colateral seria aumento da pressão, ou seja, não é uma boa ideia • Além do alfa 2, também há o NET na membrana pré sináptica. É uma proteína que pega a NA da fenda sináptica e devolve para a vesícula granular do neurônio simpático, então é um carreador. Volta a estocar na vesícula sináptica. Inclusive, entende-se que a ação do NET é mais importante que a do alfa 2 para esse mecanismo de regulação. • NET: carreador que captura noradrenalina da fenda sináptica devolvendo para o citosol da célula pré-sináptica, de modo que a noradrenalina volte para a vesícula. • Mecanismo importante para término da ação das nossas catecolaminas no organismo. “ah o efeito muito efêmero da NA e A é por conta da MAO e COMT” = sim, mas em especial esse efeito efêmero é por conta do NET. • Se inibir NET = NA vai ficar muito tempo na fenda sináptica, isso acontece em mortes súbitas por cocaína, em que ocorre principalmente uma vasoconstrição exagerada. • OCT-3: responsável pela difusão passiva da NA da fenda sináptica para a membrana efetora pós- sináptica • VMA: último metabólito da cascata da adrenalina; o que resulta da noradrenalina depois do metabolismo promovido pela MAO e COMT • VMA: importante para detecção de tumores produtores de catecolaminas (usado como marcador de doença) • Tumor de medula adrenal (feocromocitoma): a adrenal começa a produzir quantidade Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 3 gigantesca de catecolaminas rapidamente, podendo desenvolver hipertensão Relação estrutura-atividade • Quimicamente falando, o que caracteriza as catecolaminas é a presença do anel catechol. • Outras moléculas podem não ser catecolaminas, mas terem ação de catecolaminas. • Para as catecolaminas se ligarem aos receptores: • Por meio da ligação de hidrogênio (a partir das hidroxilas que tem nas moléculas) • Alguns estudos acreditam que pode se ligar por meio de outras forças de Van der Walls também • Separação do anel aromático e grupo amino • Substituição no grupo amino (seletividade ao receptor beta 2) • Beta 2 faz principalmente broncodilatação, e que age principalmente é adrenalina. • Isso está relacionado a alergias também (o indivíduo carrega uma caneta de adrenalina, não de noradrenalina) • Hidroxilas nas posições 3 e 5 também é maior seletividade beta 2 • Substituições na posição 3 do anel aromático: maior atividade beta 2 adrenérgica Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 4 • Ausência da hidroxila na posição 4 do anel benzênico (seletividade alfa 1 adrenérgica) • Fenilefrina: tem ação menos potente, porque devido a molécula, fará menos ligação de hidrogênio (pela falta de uma hidroxila). Mas é usada, porque justamente por menos ligação de hidrogênio será menos metabolizada pela COMT = fica mais tempo agindo. Ou seja, farmacocinética acaba sendo mais importante do que potência de ação • Ausência completa das hidroxilas no anel aromático. • Mesmo raciocínio: menos potente que adrenalina, mas não serão metabolizadas pela COMT • Substituição no carbono alfa e beta Adrenoceptores • O ahlquist (em 1948) foi o primeiro a estudar, “se as vezes a noradrenalina gera vasoconstrição e vasodilatação, deve ter mais de um receptor, promovendo resultados diferentes: criou alfa e beta” • Em 1967 o Lands reclassificou beta em beta 1 e beta 2 • Beta 1 = miocárdio • Beta 2 = Músculo liso • Ele percebeu que beta também não poderia ser uma coisa só, porque promoviam resultados diferentes. Na época dele, portanto,aceitava-se que beta 1 era taquicardíaco e beta 2 associado ao relaxamento. • Langer (1973) dividiu alfa em alfa 1 e alfa 2, sendo alfa 1 o das células pós-sinápticas e a alfa 2 em pré sináptica (hoje sabe-se que não é bem assim porque tem alfa 2 em outras células pós sinápticas também, como o caso dos vasos sanguíneos) • Emorine (1989) descobriu o alfa 3. A afinidade da noradrenalina para beta 3 é muito maior do que a afinidade da adrenalina para ele. • Tanto alfa quanto beta são acoplados a proteína G: • Alfa 1: acoplado a Gq • Adrenalina e noradrenalina conseguem se ligar a alfa 1. Ativa Gq, que ativa fosfolipases C na membrana celular, e PLC cliva fosfoinusitol, gerando DAG e IP3. IP3 aumenta a mobilização de cálcio dentro da célula, enquanto o DAG está acoplado a membrana e leva a ativação de PKC que Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 5 por sua vez leva a fosforilação de proteínas = gerando a resposta celular. • Alfa 1 está amplamente encontrado em leitos vasculares e quando ativado leva à vasoconstrição. • Também tem alfa 1 no pâncreas (que diminui a secreção de insulina) • Quando falarmos de agonistas alfa 1, o objetivo principal é produzir vasoconstrição • Alfa 2: acoplado a Gi • Gi está acoplado a proteína adenilciclase (a qual deve converter ATP em cAMP), inibindo ela = não ativa PKA = diminui a fosforilação de enzimas (diminui cálcio) • Ação principal: inibição da liberação de NA no terminal simpático e inibição da descarga simpática ao nível do tronco encefálico. • Todos os beta: acoplado a Gs (relacionado a adenilciclase) • Gs = estimula adenilciclase = converte ATP em cAMP = cAMP inicia cascata, ativa a PKA = fosforilação de enzimas (série de fosforilações que resultam em uma resposta) • Beta 1: está em vários locais, mas o mais importante é o miocárdio = gerando cronotropismo e inotropismo positivo (ou seja, aumenta débito cardíaco) • No beta 1, o AMPc elevado aumenta a quantidade de cálcio • Beta 2: toda árvore brônquica e alguns leitos vasculares, assim, leva a broncodilatação e vasodilatação. No útero tem também (agonista usa no parto prematuro, para impedir aborto) • No beta 2, o AMPc elevado diminui a quantidade de cálcio • Para vasodilatação = diminui cálcio • Beta 3: em adipócitos faz termogênese e lipólise e na bexiga gera relaxamento (relaxamento vesical) • Sinônimos: • Ação excitatória periférica vascular: vasoconstrição (especialmente alfa 1) • Ação excitatória periférica cardíaca (cronotropismo e inotropismo positivo, beta 1) • Ação inibitória periférica vascular (vasodilatação de beta 2) • Ação inibitória periférica na árvore brônquica (broncodilatação do alfa 2) • Ação inibitória pré sináptica (alfa 2) Adrenalina • Ativa todos os receptores, só para beta 3 que ela tem afinidade baixa • No miocárdio tem muito beta 1 (local mais importante de beta 1) = então vai gerar inotropismo e cronotropismo positivo, aumentando a força + frequência cardíaca = aumenta débito. • Ativa beta 2 do pulmão levando a broncodilatação. • Ativa beta 2 nos vasos, gerando vasodilatação (beta 2 está em leitos vasculares que irrigam músculo esquelético, porque em luta e fuga, os músculos precisam agir para fugir) • Ativa beta 2 do útero, gerando relaxamento miométrio = “efeito tocolítico” • Ativa beta 2 da musculatura esquelética, levando a contração muscular (promove tremores = por isso que estresse = adrenalina = tremedeira) • Ativa alfa 1 dos leitos vasculares, levando à vasoconstrição (e elevação da RVP) • Ativa alfa 1 do pâncreas, diminuindo a insulina (isso que responde a hiperglicemia causada pelo simpático) Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 6 Noradrenalina • Ativa B1 do coração • Mas tem baixa afinidade por beta 2!! Tem baixa relevância nas ações do beta 2 = lembrando que é porque não possui aquele metil (importante para afinidade com receptores beta 2) • Mas no alfa tem ação similar à adrenalina Isoproterenol ou isoprenalina • Catecolamina sintética • É um ligante beta puro, ou seja, só ativa beta e não alfa • Se ativa beta = ativa beta 1 e beta 2, causando todas aquelas ações para beta 1 e beta 2 que falamos para adrenalina Propriedades farmacológicas • Os 3 ativam beta 1 = os 3 conseguem produzir taquicardia! • Hipertensão arterial: noradrenalina promove. Mas adrenalina pode produzir hipertensão e hipotensão, e isoproterenol produz hipotensão • Tremor nas mãos: adrenalina e isoproterenol • Palidez: adrenalina e noradrenalina (pele tem muito alfa = indivíduo estressado fica pálido, devido a vasoconstrição; quem fica pálido é quem tem alfa 1, então isoproterenol não faz isso porque é exclusivo para beta) • Hiperglicemia: adrenalina e noradrenalina (alfa) Catecolaminas e pressão arterial • PA = DC X RVP • Beta 1 aumenta DC • Alfa 1 e beta 2 que controlam RVP nos vasos (alfa 1 e beta 2 tem ações opostas no caso: alfa 1 faz vasoconstrição e beta 2 vasodilatação) • DC = Força (inotropismo) X frequência (cronotropismo) Experimento com noradrenalina: • Noradrenalina aumentando RVP = vasoconstrição = então agiu em alfa 1 • Noradrenalina diminuiu frequência cardíaca = como RVP aumentou muito, tem que proteger, fazendo uma bradicardia = isso se dá pela ação dos baroceptores (receptores de pressão do arco aórtico, seios carotídeos, crossa aórtica, são fibras nervosas aferentes que levam a informação para centro vasomotor e cardiorrespiratório do bulbo, o qual responde pelo vago liberando acetilcolina!) = bradicardia reflexa vagal • então se tive vasoconstrição aumentando RVP pelo simpático, seus baroceptores vão agir com acetilcolina para compensar, dando os resultados observados no gráfico Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 7 Experimento com adrenalina em baixa quantidade: • adrenalina diminuindo RVP = porque está ativando beta 2 (ela está ativando alfa 1 também, mas os efeitos sobre beta 2 está predominando sobre alfa 1: ou seja, predomina a vasodilatação) • adrenalina elevando frequência cardíaca = porque ativou beta 1 (não terei bradicardia reflexa vagal porque não gerou aumento da RVP) • beta 2 tem preferência por dose baixa de adrenalina!! Ou seja, se tivesse usado uma quantidade maior de adrenalina no experimento, aí ação do alfa 1 poderia predominar em relação a a beta 2, gerando vasoconstrição, aumento da RVP e bradicardia reflexa vagal) Experimento com isoproterenol: • diminui muito a RVP, fazendo uma vasodilatação periférica bem considerável (até porque isoproterenol só age em receptores beta, e quem causava vasoconstrição era alfa 1) = então os baroceptores vão agir (de forma contrária a ideia da bradicardia) = se vasodilatação muito grande, os baroceptores vão detectar e levar a uma taquicardia reflexa • isso é um problema para medicamentos, que podem levar a uma taquicardia • atuou em beta 1 do cardíaco = elevou muito a FC • devido a grande vasodilatação, a pressão diastólica caiu • mas a pressão sistólica deu uma leve aumentada devido à elevação da FC Uso clínico de catecolaminas: • noradrenalina e adrenalina são usadas na clínica, mas a grande limitação do uso delas, além de efeitos colaterais, é a rápida degradação delas pela MAO e COMT, fora que não é possível administrar por via oral • e por isso precisou criar tantas drogas imitando-as Quando é usado clinicamente (limitado)? Giovanna Nina – Medicina Unicamp LX 8 • Reações de hipersensibilidade (anafilaxia) • Prolongar a ação dos anestésicos locais • Reverter parada cardíaca • Agente hemostático tópico (hemorragias) Uso endovenoso de doses altas (acidentais) • Hemorragia cerebral • Arritmias cardíacas(se tiver histórico de arritmia, pode piorar e muito) • Angina (pacientes com doença coronariana)
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