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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA LARA DE LIMA LANGE ANÁLISE DO REGISTRO SEDIMENTAR E TECTÔNICO DAS UNIDADES SILICICLÁSTICAS DA FORMAÇÃO CAPIRU, PORÇÃO CENTRAL DE ALMIRANTE TAMANDARÉ - PR CURITIBA 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA LARA DE LIMA LANGE ANÁLISE DO REGISTRO SEDIMENTAR E TECTÔNICO DAS UNIDADES SILICICLÁSTICAS DA FORMAÇÃO CAPIRU, PORÇÃO CENTRAL DE ALMIRANTE TAMANDARÉ - PR CURITIBA 2015 Trabalho de Conclusão de Curso da disciplina TCC-II (GC-132) do Departamento de Geologia, Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná, como requisito para a conclusão do Curso de Graduação em Geologia. Orientador: Prof. Dr. Leonardo Fadel Cury Co-Orientador: Prof. MSc. Fernando Mancini SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................................. 1 2 LOCALIZAÇÃO................................................................................................................................................ 2 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................................ 43.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................................................................43.2 INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS DE SENSORES REMOTOS ..................................................................43.3 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO...................................................................................................................53.4 LEVANTAMENTO DE CAMPO...........................................................................................................................63.5 ANÁLISE ESTRUTURAL E ESTRATIGRÁFICA.............................................................................................63.6 PETROGRAFIA........................................................................................................................................................7 4 OBJETIVO ........................................................................................................................................................ 84.1 OBJETIVO GERAL...................................................................................................................................................84.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................................................84.3 METAS E ATIVIDADES.........................................................................................................................................8 5 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................................................. 9 6 CONTEXTO GEOTECTÔNICO E GEOCRONOLÓGICO ........................................................................106.1 TERRENO APIAÍ .................................................................................................................................................. 126.2 TERRENO LUÍS ALVES...................................................................................................................................... 146.3 TERRENO CURITIBA ......................................................................................................................................... 15 6.3.1 Paleoproterozoico.............................................................................................................................................. 15Núcleo Setuva...................................................................................................................................................................................................15Complexo Atuba ..............................................................................................................................................................................................16 6.3.2 Meso- Neoproterozoico.................................................................................................................................... 16Formação Capiru.............................................................................................................................................................................................17 6.3.3 Neoproterozoico ................................................................................................................................................. 18Suíte Piên-Mandirituba...............................................................................................................................................................................18Formação Turvo Cajati.................................................................................................................................................................................186.4 TERRENO PARANAGUÁ................................................................................................................................... 196.5 MAGMATISMO ALCALINO NEOPROTEROZOICO .................................................................................. 20 7 FORMAÇÃO CAPIRU...................................................................................................................................217.1 CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO E AMBIENTES SEDIMENTARES DA FORMAÇÃO CAPIRU ... 217.2 CONTEXTO ESTRUTURAL DA FORMAÇÃO CAPIRU............................................................................. 24 8 SENSORIAMENTO REMOTO....................................................................................................................26 9 PETROGRAFIA.............................................................................................................................................33 10 ANÁLISE ESTRUTURAL ..........................................................................................................................4510.1 ACAMAMENTO SEDIMENTAR S0 E ESTRUTURAS ASSOCIADAS ................................................. 4510.2 FOLIAÇÃO S1 E ESTRUTURAS ASSOCIADAS......................................................................................... 4610.3 FOLIAÇÃO S2 E ESTRUTURAS ASSOCIADAS......................................................................................... 4710.4 VEIOS DE QUARTO .......................................................................................................................................... 48 11 METAMORFISMO .....................................................................................................................................49 12 ANÁLISE ESTRÁTIGRÁFICA..................................................................................................................5112.1 FÁCIES.................................................................................................................................................................. 52 12.1.1 Arenitos maciços e arenitos conglomeráticos (Sm; Sg)................................................................. 52 12.1.2 Arenito com laminação plano-paralela e estratificação cruzada tabular (Sh; Sp) ......... 53 12.1.3 Arenitos com marcas onduladas (Sr) ..................................................................................................... 54 12.1.4 Conglomerados maciços e com geometria lenticular (Gm; Gl) .................................................. 54 12.1.5 Ritmitos com silte/argila ou areia/lama intercalados, com marcas onduladas (Rh; Rr; Rgh; Rgr)............................................................................................................................................................................ 56 12.1.6 Finos maciços (Fm).........................................................................................................................................57 12.1.7 Finos Laminados (Fh) .................................................................................................................................... 5712.2 ASSOCIAÇÕES DE FÁCIES ............................................................................................................................. 59 12.2.1 Associação de fácies A (AFA)......................................................................................................................59 12.2.2 Associação de fácies B (AFB)......................................................................................................................59 12.2.3 Associação de fácies C (AFC) ......................................................................................................................62 12.2.4 Associação de fácies D (AFD) ..................................................................................................................... 6312.3 EMPILHAMENTO ESTRATIGRÁFICO....................................................................................................... 6412.4 SISTEMA DEPOSICIONAL ............................................................................................................................. 66 13 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES ................................................................................................................68 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................................................70 AGRADECIMENTOS Este trabalho reúne um ano de esforço dedicado ao estudo da Formação Capiru. Neste período diversas pessoas auxiliaram, direta ou indiretamente, na confecção deste. Exprimo aqui então meus agradecimentos. Ao Prof. Dr. Leonardo Fadel Cury,orientador deste trabalho, pela oportunidade oferecida e pelas discussões, que muitas vezes nos faziam perder o horário, mas principalmente pela confiança depositada. Ao co-orientador Prof. Msc. Fernando “Da Lata” Mancini, pela paciência, disposição, bom humor e colaboração. Ao LAMIR – Laboratório de Análise de Minerais e Rochas, pela disposição de espaço, recursos e equipamentos, mas principalmente pela oportunidade de convívio com todo corpo de funcionários, proporcionando discussões, cafézinhos, risadas e a formação de grandes amizades. A FUNPAR – Fundação da Universidade Federal do Paraná, pelo apoio financeiro, na bolsa de estágiaria do LAMIR. Ao Departamento de Geologia da UFPR, por disponibilizar sua infraestrutura, além de seu apoio técnico e acadêmico. Aos meus colegas de “Projeto Capiru”, os mestrandos Renato Leandro (Renatão), Larissa Santos (Lari), as futuras geólogas Aurora Garcia (Benina), Daiane Münch (Dai), pela ajuda em campo, pelas inúmeras discussões, pelas risadas e pelo enorme apoio durante o desenvolvimento do trabalho. Aos meus colegas Eduardo Menozzo da Rosa (Borboleta) e Tiago Rossoni Mattos (Mariposa) por estarem comigo durante todo o ano. Obrigada pelo apoio, pelas dicas, pelas risadas, por todo o companheirismo e amizade. Ao Ronaldão, dona Mari e Ivanzinho, por serem a melhor e mais bagunçada família que poderia ter. Obrigada pela paciência, apoio e compreensão, principalmente durante os estresses e ausências. Aos meus avós, por serem o maior exemplo que poderia querer ter, tanto no âmbito profissional como pessoal. E a você, meu T.T., por me ajudar, me entender, me acalmar, me apoiar, mas principalmente por fazer de mim uma pessoa cada vez melhor. RESUMO A Formação Capiru representa a unidade supracrustal da porção sul do Terreno Curitiba, composta por rochas metamórficas da fácies xisto-verde, com unidades carbonáticas e siliciclásticas, em meio há uma complicada história de evolução tectônica neoproterozoica, no contexto do Cinturão Orogenético Ribeira Meridional. A pedreira “Morro do Quartzito”, porção central de Almirante Tamandaré - PR, é composta por metassedimentos siliciclásticos, com padrão estrutural caracterizado pela sobreposição de deformações associadas a tectônica de nappes, sobreposta por sistemas transcorrentes dúcteis, onde são observadas janelascom menor deformação e preservação parcial do registro sedimentar.A pedreira em estudo encontra-se no flanco sul da Sinforma de Morro Grande, com foliações com direções N60E, verticalizadas por zonas de cisalhamento transcorrentes destrais. São observadas estruturas sedimentares preservadas numa faixa de aproximadamente 90 metros de espessura, possibilitando a reconstrução estratigráfica desta sequência. Em escala microscópica são observadas texturas sedimentares, como grãos de quartzo em contato pontual, matriz e arcabouço originais preservados e até mesmo porosidade primária ainda evidente. O grau de recristalização metamórfica desta faixa é baixo, com paragêneses incompletas e heterogêneas. Podem ser observados minerais detríticos com aspectos de esfericidade e arredondamento preservados. Devido ao metamorfismo incipiente, as rochas da pedreira foram classificadas como litofácies sedimentares, com a presença de meta-arenitos, siltitos, conglomerados e ritmitos. Nos perfis estratigráficos construídos nas escalas 1:20 e 1:250 foram reconhecidas treze fácies distintas, agrupadas em quatro associações de fácies, interpretadas como ambiente de plataforma de margens passivas, em um sistema transicional, em que o sistema turbidítico é gradativamente invadido pelo deltaico. PALAVRAS CHAVES: Estratigrafia, Formação Capiru, Pré-Cambriano, Reconstrução Paleoambiental. ABSTRACT The Capiru Formation is a supracrustal unit in the southern portion of the Curitiba Terrain, composed by metamorphic rocks of the green schist facies, with cabonate and siliciclastic units associated in a complicated history of Neoproterozoic tectonic evolution, in the context of the Southern Ribeira Fold Belt. The quarry “Morro do Quartzito”, central portion of Almirante Tamandaré, consists of metasediments siliciclastic, with structual pattern characterized by the coexistence of defomations associated with tectonic nappes, overlapped by a ductile shear zone, where windows are observed with less deformation and partial preservation of the sedimentary record. The quarry under studies, lies on the southern limb of the Morro Grande Sincline, with N60E foliation, verticalized by transcurrent dextral shear zone. Preserved sedimentar structures are observed in a range of about 90 meters, enabling the reconstuction of the original stratigraphic sequence. In microscopic scale it is possible observe sedimentar features, such as rouding quartz grains in punctal contact, the matrix and grainframework and even primary porosity is still evident. The metamorphic recrystallization degree of this portion, is low, with incomplete and heterogeneous paragenesis. Detrital minerals with spherecity and runding aspects preseved, can be observed. Because of the incipiente metamorphism, the quarry rock’s are classificad as sedimentary lithofacies, with presence of meta-sandstones, siltstones, conglomerates and rhythmites. In stratigraphic cross-sections in the scales 1:20 and 1:250, were recognized thirteen different facies, grouped into four facies association, interpreted as passive margins platafoms, in a transitions system where a turbidite system is gradually invaded by a deltaic system. KEYWORDS: Stratigraphy, Capiru Formation, Pre-cambrian, Paleoenvironmental reconstruction. ÍNDICE DE FIGURAS CAPÍTULO 2 Figura 2.1 – Localização regional da área de estudo. Figura 2.2 – Topografia da pedreira “Morro do Quartzito” e posicionamento dos perfis estratigráficos. CAPÍTULO 3 Figura 3.1 – Modelo Digital de Elevação da pedreira. CAPÍTULO 6 Figura 6.1 – Esboço geológico da porção sudeste do Brasil. CAPÍTULO 7 Figura 7.1 – Mapa geológico da região de estudo sobre imagem SRTM. Figura 7.2 – Mapa geológico dos Conjuntos da Formação Capiru. CAPÍTULO 8 Figura 8.1 – Mapa de lineamentos na escala 1:50.000 obre imagem SRTM. Figura 8.2 – Mapa de lineamentos na escala 1:100.000 obreimagem SRTM. Figura 8.3 – Mapa de lineamentos na escala 1:250.000 obre imagem SRTM. Figura 8.4 – Diagramas de rosetas de frequência e frequência de comprimentos para os lineamentos nas escalas 1:50.00, 1:50.000, 1:100.00 e 1:250.00. CAPÍTULO 9 Figura 9.1 – Recortes do Perfil Estratigráfico I, na escala 1:50, indicando amostragem. Figura 9.2 – Prancha de fotomicrográficas da porção de 13m do Perfil Estratigráfico I Figura 9.3 – Fotomicrográficas da porção de 13m do Perfil Estratigráfico I. Figura 9.4 – Fotomicrográficas da porção de 14m do Perfil Estratigráfico I. Figura 9.5 – Fotomicrográficas da porção de 14m do Perfil Estratigráfico I. Figura 9.6 – Fotomicrográficas da porção de 27m do Perfil Estratigráfico I. CAPÍTULO 10 Figura 10.1 – Representação do acamamento sedimentar original e projeção estereográfica. Figura 10.2 – Representação da foliação metamórfica S1 e projeção estereográfica Figura 10.3 – Veios de quartzo na porção norte da pedreira. CAPÍTULO 11 Figura 11.1 – Diagramada de fácies metamórficas com indicação do campo de estabilidade das rochas estudadas. CAPÍTULO 12 Figura 12.1 – Representação das fácies Sg, Sm, Sh, Sp, Sr, Fh e Gm e estruturas sedimentares. Figura 12.2 – Representação das fácies Rgh, Fm e estruturas sedimentares. Figura 12.3 – Representação de feições diagnósticas para associações as fácies B, C e D. Figura 12.4 – Sistema de depósitos de uma bacia foreland (D’Ávila et al. 2008). ÍNDICE DE TABELAS CAPÍTULO 7 Tabela 7.1 – Divisão dos Conjuntos da Formação Capiru e suas principais características. CAPÍTULO 8 Tabela 8.1 – Quantidade de lineamentos traçados nas três escalas trabalhadas. CAPÍTULO 10 Tabela 10.1 – Superfícies presentes na área de estudo e suas características. CAPÍTULO 12 Tabela 12.1 – Fácies sedimentares identificadas, suas características e processos geradores. 1 1 INTRODUÇÃO Desde o início do século XIX o Pré-Cambriano paranaense é estudado devido à sua importância econômica, tanto para o abastecimento de água na capital e região metropolitana, quantopela extração das unidades carbonáticas para indústria do cimento. Contudo, há um número reduzido de trabalhos sobre a análise e caracterização do registro sedimentar, devido a falta de continuidade de afloramentos com registros consistentes de estruturas sedimentares, ou mesmo pela interferência de diferentes eventos tectônicos. A Formação Capiru, inserida no contexto das colisões neoproterozoicas, é composta por unidades siliciclásticas e carbonáticas. Ambas possuem graus variados de metamorfismo associado, mas com registros sedimentares parcialmente preservados, permitindoa reconstrução da evolução deposicional e a interpretação paleoambiental. O termo tectonoestratigrafia foi cunhado por Howell (1995), cujo significado é o estudo de terrenos tectônicos aos quais os registros dos ambientes formadores das rochas, e seu significado geotectônico, encontram-se parcialmente modificados ou obliterados. Para este trabalho optou-se por realizar uma adaptação na definição do termo, da seguinte forma: “a tectonoestratigrafia é o estudo dos registros estratigráficos e estruturais, com o objetivo de compreender os ambientes formadores das unidades geológicas”. O presente trabalho, inserido no “Projeto Capiru”, estuda em detalhe as unidades siliciclásticas da Formação Capiru, na porção central de Almirante Tamandaré – PR, pedreira “Morro do Quartzito”, visando a compreensão da evolução geológica dessas unidades. Para isso foram construídos perfis estratrigráficos da área e o estudo de litofácies sedimentares. 2 2 LOCALIZAÇÃO A área de estudo está localizada no município de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, em uma pedreira desativada conhecida como “Morro do Quartzito”, nas coordenadas UTM (WGS-84) 671.280S e 7200.200E. Nesta pedreira as rochas afloram de modo contínuo, permitindo a construção de seções estratigráficas, com controle de estruturas tectônicas e sedimentares. A pedreira está localizada na carta topográfica SG-22-X-D-I-3, tendo como principal via de acesso a PR-092, Rodovia dos Minérios, e como rota alternativa aRua Rachel Cândido Siqueira (Fig. 2.1). A localização dos Perfis Estratigráficos (ANEXO I) construídos é observada no mapa base construído para o levantamento, na Figura 2.2. Figura 2.1 - Localização regional da área de estudo e de detalhe da área. 2 2 LOCALIZAÇÃO A área de estudo está localizada no município de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, em uma pedreira desativada conhecida como “Morro do Quartzito”, nas coordenadas UTM (WGS-84) 671.280S e 7200.200E. Nesta pedreira as rochas afloram de modo contínuo, permitindo a construção de seções estratigráficas, com controle de estruturas tectônicas e sedimentares. A pedreira está localizada na carta topográfica SG-22-X-D-I-3, tendo como principal via de acesso a PR-092, Rodovia dos Minérios, e como rota alternativa aRua Rachel Cândido Siqueira (Fig. 2.1). A localização dos Perfis Estratigráficos (ANEXO I) construídos é observada no mapa base construído para o levantamento, na Figura 2.2. Figura 2.1 - Localização regional da área de estudo e de detalhe da área. 2 2 LOCALIZAÇÃO A área de estudo está localizada no município de Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba, em uma pedreira desativada conhecida como “Morro do Quartzito”, nas coordenadas UTM (WGS-84) 671.280S e 7200.200E. Nesta pedreira as rochas afloram de modo contínuo, permitindo a construção de seções estratigráficas, com controle de estruturas tectônicas e sedimentares. A pedreira está localizada na carta topográfica SG-22-X-D-I-3, tendo como principal via de acesso a PR-092, Rodovia dos Minérios, e como rota alternativa aRua Rachel Cândido Siqueira (Fig. 2.1). A localização dos Perfis Estratigráficos (ANEXO I) construídos é observada no mapa base construído para o levantamento, na Figura 2.2. Figura 2.1 - Localização regional da área de estudo e de detalhe da área. 3 Figura 2.2 – Topografia da pedreira “Morro do Quartzito” com a localização dos Perfis Estrátigráficos I (vermelho) e II (azul). Modificado de Leandro (em prep.). 3 Figura 2.2 – Topografia da pedreira “Morro do Quartzito” com a localização dos Perfis Estrátigráficos I (vermelho) e II (azul). Modificado de Leandro (em prep.). 3 Figura 2.2 – Topografia da pedreira “Morro do Quartzito” com a localização dos Perfis Estrátigráficos I (vermelho) e II (azul). Modificado de Leandro (em prep.). 4 3 MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizados diversos métodos e técnicas para interpretação do registro geológico das rochas siliciclásticas da Formação Capiru, na pedreira “Morro do Quartzito”, visando a reconstrução paleoambiental e tectônica. As técnicas incluem a interpretação de imagens de sensores remotos, levantamento topográfico, levantamento geológico em campo, análises estruturais, estratigráficas e petrográficas, descritas a seguir: 3.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA A pesquisa bibliográfica foi realizada em duas etapas distintas. Primeiramente com o levantamento geral do contexto geológico, geotectônico e geocronológico da área de estudo, do Terreno Curitiba, no qual ela está inserida e nos adjacentes. Em seguida, foi realizado um levantamento mais específico e detalhado apenas da Formação Capiru, objetivo do estudo. 3.2 INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS DE SENSORES REMOTOS A análise de imagens de sensores remotos é uma técnica muito utilizada no entendimento do relevo e controle estrutural, a partir de lineamentos e identificação de estruturas, tanto em escala de detalhe como em escala regional. Para o presente trabalho, esta análise foi efetuada sobre imagens SRTM (Missão Topográfica Radar Shuttle). As imagens SRTM,obtidas gratuitamente no site da U.S. Geological Survey (USGS), foram tratadas no ArcGIS 9.3 gerando quatro direções distintas de pseudo- sombreamento, nas iluminações principais de 0°,45°, 90° e 315°. A partir das imagens geradas foram interpretados os lineamentosnas escalas 1:250.000, 1:100.00 e 1:50.000, com auxílio do software ArcGIS 9.3, para determinação de feições e estruturas regionais, visando definir o posicionamento tectônico regional e a anisotropia estrutural.Para a realização do traçado foram somente considerados os lineamentos observados, em pelo menos, duas pseudo- iluminações. 5 Com os dados dos lineamentos foram geradas tabelas de dados, observando tanto seu comprimento como sua frequência azimutal, utilizando como base os métodos de Queiroz et al. (2014), bem como o software AzimuthFinderdesenvolvido pelos autores. Em seguida os dados foram diagramados em rosetas através da utilização dosoftware OpenStereo. 3.3 LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO Para o levantamento geológico de detalhe era necessária uma base cartográfica na escala 1:500, portanto foi realizado o levantamento planialtimétrico da pedreira. A base cartográfica foi essencial para o posicionamento em campo, localização dos perfis estratigráficos no mapa (Fig. 2.2), além de servir como base para o traçado das estruturas observadas e interpretadas em campo. Os equipamentos utilizados para realização deste levantamento foram: Estação Total 407, prismas, tripé e GPS Topográfico SR20 LGO. Os dados foramprocessados no software Surfer 12, Globalmapper 16 e Leica Geo Office 5.0. O GPS SR20 foi utilizado para obter coordenadas com precisão milimétrica dos pontos de apoio, que serviram como base para o levantamento pelo método de irradização, empreendido com a utilização da estação total. Leandro (em prep.)processou os dados nos softwares Surfer e ArcGIS, pelo método de interpolação de pontos por krigagem, resultando nas curvas de nível com precisão centimétrica. Em seguida gerou modelos de elevação digital do terreno, para que a representação digital fosse próxima ao observado em campo. O autor realizou este trabalho para três pedreiras estudas em detalhe para o projeto. Para o presente trabalho, apenas os resultados obtidos para a pedreira “Morro do Quartzito” serão utilizados. O levantamento topográfico resultou em dois produtos principais, sendo eles o mapa base, com curvas de nível em detalhe adequado (Fig. 2.2), e o modelo de elevação digital (Fig. 3.1). 6 Figura 3.1 – Modelo Digital de Elevação da Pedreira “Morro do Quartzito” (Leandro em prep.). 3.4 LEVANTAMENTO DE CAMPO Foram realizados seisdias de levantamento geológico em campo, para coleta de informações litológicas, estruturais, estratigráficas, sedimentares, tectônicas e de amostras. 3.5 ANÁLISE ESTRUTURAL E ESTRATIGRÁFICA Com o intuito de compreender o ambiente deposicional foram confeccionados dois perfis estratigráficos,um na escala 1:20 e outro na escala 1:250, com auxílio do software SedLog de Zervas et al. (2009), possibilitando análise faciológica e do empilhamento sedimentar. Os perfis foram construídos com o controle da metragem por trena, analisando camadas com espessura compatível com a escala adotada. Quando a porção observada apresentava espessura menor do que a mínima para a escala adotada, mas contendo estruturas preservadas ou informações diferenciadas, realizou-se análise com maior detalhe. 7 Devido o mergulho das camadas as espessuras medidas foram espessuras aparentes, portanto havendo erros embutidos. Para a correção dos erros foram utilizadas razões trigonométricas, aplicando a seguinte fórmula: Er = Em * sen y Na qual Er = Espessura real; Em = Espessura medida e sen y = mergulho das camadas. A partir da classificação das foliações e lineações encontradas em campo, os dados das estruturas tectônicas foram tratados em diagramas, possibilitando o entendimento de como estão dispostas na pedreira. 3.6 PETROGRAFIA Foram coletadas três amostras de diferentes porções do Perfil Estratigráfico I (ANEXO I), das quais foram confeccionadas, no LAMIR – Laboratório de Análises de Minerais e Rochas, oito lâminas delgadas, descritas em microscópico óptico petrográfico, observando-se feições microtectônicas, mineralógicas e texturais. A análise das lâminas foi executada visando compreender as estruturas sedimentares, as feições tectônicas, a paragênese mineral e a intensidade do metamorfismo. 8 4 OBJETIVO 4.1 OBJETIVO GERAL O objetivo geral do presente trabalho é a interpretação do ambiente deposicional da sequência siliciclástica do Morro do Quartzito, Formação Capiru. 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Para atingir o objetivo geral foram necessários dois objetivos específicos, como observados abaixo: Posicionamento tectônico regional e caracterização estrutural da área de estudo; Caracterização e interpretação das litofácies siliciclásticas e seus registros sedimentares; 4.3 METAS E ATIVIDADES Revisão bibliográfica da porção meridional do Cinturão Ribeira, Grupo Açungui e Formação Capiru, com ênfase nos padrões estruturais e estratigráficos; Análise de imagens de sensores remotos e de mapas geológicos de diferentes escalas; Levantamento topográfico para confecção do mapa base, escala 1:500; Levantamento de dados estruturais, estratigráficos e petrológicosem campo; Construção de doisperfis estratigráficos um na escala 1:20e outro na escala 1:250; Análise petrográfica de amostras coletadas em campo; Processamento dos dados obtidos em ambiente SIG; Comparação entre estruturas sedimentares e tectônicas; Interpretação dos ambientes deposicionais. 9 5 JUSTIFICATIVA A área de estudo pode fornecer informações relevantes para o entendimento da paleogeografia da Formação Capiru, pois está localizada em uma porção preservadas em meio a grandes estruturas tectônicas, segundo os mapas regionais. Nela são reconhecidas estruturas reliquiares preservadas, em meio a tectonofácies com maior deformação. A análise destas busca o entendimento do significado estratigráficodeste intervaloda Formação Capiru, bem como seus processos deformadores. 10 6CONTEXTO GEOTECTÔNICO E GEOCRONOLÓGICO As unidades geológicas discutidas nesta revisão são apresentadas segundo as divisões dos terrenos tectônicos reconhecidos na porção Leste do Estado do Paraná. Há consenso entre diversos autores sobre a compartimentação desenhada por expressivas Zonas de Cisalhamento, que representam hoje, os limites dos terrenos Apiaí, Curitiba, Luis Alves e Paranaguá (Basei et al. 1992; Campanha e Sadowski 1999; Siga Jr. et al. 2011a; Faleiros et al. 2011b; Hasui e Oliveira 2013). Estes terrenos possuem características próprias e distintas, mas com evoluções semelhantes. Neles são observados registros de rochas do embasamento datadas do Paleoproterozoico; sucessões mesoproterozoicas, granitogênese e deformação neoproterozoica, com justaposição relacionada às colisões do Sistema Orogênico Ribeira (Heilbron et al.2008). O Cinturão Ribeira, definido originalmente por Hasui et al. (1975), está inserido no contexto da Província Mantiqueira definida por Almeida (1967), revisada por Almeida et al. (2000) e Hasui e Oliveira (2013). Estende-se do Estado da Bahia ao Uruguai, na forma de um segmento crustal paralelo à linha de costa do sul- sudeste brasileiro, com trend NE. Consiste em um complexo orogenético amalgamado, deformado e metamorfizado durante a Orogenia Brasiliana, como parte da assembleia do Gondwana Oeste (Campanha e Sadowski 1999). É admitido por Heilbron et al. (2008) como um conjunto de diversos terrenos tectono- estratigráficos (definição de Howell 1995), limitados por falhas de cavalgamento ou zonas de cisalhamento transpressivas tardias. São reconhecidas no Cinturão Ribeira rochas arqueanas à paleoproterozoicas do embasamento, suítes de rochas sedimentares e vulcanossedimentares mesoproterozoicas e neoproterozoicas, granitos intrusivos neoproterozoicos (Siga Jr. et al. 2011a e b; Faleiros et al. 2011a). A região entre os estados de São Paulo e Santa Catarina é denominada como Cinturão Ribeira Meridional, composta pelos terrenos Curitiba, Paranaguá, Apiaí e Luis Alves. Estas unidades geotectônicas apresentam uma colagemcomplexa, de terrenos exóticos e/ou suspeitos (Howell 1995), com histórias de formação e desenvolvimento bem distintas e idades do Paleoproterozoico ao 11 Eopaleozoico (Basei et al. 1992; Siga Jr. 1995; Faleiros et al. 2011a; Faleiros et al. 2011b). A Figura 6.1 apresenta os principais terrenos geotectônicos citados no texto, com destaque para a Formação Capiru dentro do Terreno Curitiba, na qual a área de estudo está localizada.Muitas das unidades estratigráficas, do Terreno Curitiba, estão inseridas em grupos, supergrupos ou ainda são denominadas de complexos. Contudo, esses termos, consagrados na literatura, apresentam ideias controversas e discordantes na hierarquização estratigráfica das unidades. Diferindo e/ou não apresentando informações suficientes para satisfazer o que é exigido segundo o Código Brasileiro de Nomenclatura Estratigráfica (Petri et al. 1981) e o Guia Internacional de Estratigrafia (ICS 1999), para terem essa denominação formal. Portanto, neste trabalho, optou-se por denominar as unidades como formações, mesmo que informalmente, por ser um termo estratigráfico básico, usual e consagrado no âmbito da classificação de unidades diferentes. Vale ressaltar a necessidade de estudos estratigráficos e estruturais de detalhe,para que o termo formação tenha uma conotação formal segundo os códigos. O Terreno Curitiba (Siga Jr. 1995) engloba diversas unidades, dentre elas rochas inseridas no Grupo Açungui definido por Bigarella e Salamuni (1956, 1958 e 1967), revisado por Fiori (1992a) e Fiori e Gaspar (1993). Fassbinder (1996) agrupa cerca da 40 colunas estratrigráficas propostas pelos mais diversos autores e,mesmo com a abundância, qualidade e importância destes trabalhos para a caracterização estratigráfica do Pré-Cambriano paranaense, ainda faltam estudos de detalhe visando o entendimento da tectono-estratigrafia do Grupo Açungui. Essas divergências no empilhamento do Pré-Cambriano parananese são devidas a aloctonia gerada por falhas e obliteração dos registros sedimentares pelas mesmas. Bem como o posicionalmento geográfico e geotectônico do Grupo Açungui, que atualmente engloba unidades de diferentes naturezas, metassedimentares e metavulcanossedimentares, posicionadas tanto no Terreno Curitiba como no Terreno Apiaí. Estas unidades associadas ao mesmo grupo apresentam diferenças composicionais, na paragênese metamórfica, no arcabouço estrutural e idades muito distintas. Portanto, para o presente trabalho, foi preferível a simplificação. Ao invés de usar o termo Grupo Açungui, serão abordadas as unidades mais 12 simples/primárias inseridas no mesmo individualizando-se apenas as formações, como no caso a Formação Capiru. Figura 6.1 - Esboço Geológico da porção sudeste do Brasil, em destaque a Formação Capiru (amarelo) e a área geral de estudo (vermelho). Adaptado de Siga Junior (1995), Cury (2009) e Leandro (em prep.). 6.1 TERRENO APIAÍ Localizado ao norte da Zona de Cisalhamento da Lancinha (Fig. 6.1), o Terreno Apiaíé composto por rochas supracrustais meso a neoproterozoicas, metamorfizadas nas fácies xisto verde e anfibolito, além de intrusões graníticas neoproterozoicas. A hierarquização da sua estratigrafia ainda é questionada. Dados geocronológicos indicam que a região é composta por diversos terrenos tectno- metamórficos com idade mesoproterozoica a neoproterozoica, amalgamados durante o neoproterozoico. Seu estágio final está associado a sistemas transcorrentes com colisão continental oblíqua (Campanha e Sadowski 1999; Campanha e Faleiros 2005; Faleiros 2008). 13 Ocorrem três núcleos paleoproterozoicos no Terreno Apiaí: Tigre, Betara e Apiaí-Mirim, com formas elípticas alinhadas em relação a ZC Lancinha. Estes apresentam características muito semelhantes, sendo graníticos (latu sensu) com idade paleoproterozoica (~1750 Ma), com heranças mais antigas em zircão, e fechamento do sistema Ar-Ar em 614±1 Ma. São granitóides tipo A formados em processos extensionais, associados a Tafrogênese Estateriana, deformados no neoproterozoico e interpretados como lascas profundas expostas por empurrões e transcorrências (Kalfuss 2001; Cury et al. 2002; Prazeres Filho et al. 2005; Siga Jr. et al. 2007; Siga Jr. 2010). Ocorrem, também, formações de idades preferencialmente mesoproterozoicas (1600-1450 Ma) e subordinadamente neoproterozoicas (900- 630 Ma). As primeiras são caracterizadas pelas formações metavulcanossedimentates Betara, Perau, Votuverava e Água Clara. As neoproterozoicas são representadas pela Faixa Itaiacoca e pela Formação Iporanga (Frascá et al. 1990; Basei et al. 2003; Weber et al. 2004; Campanha et al. 2008; Siga Jr. et al. 2009; Faleiros et al. 2011b; Siga Jr. et al.2011a; Siga Jr. et al.2011b; Siga Jr. et al.2011c). Há corpos graníticos de diversas naturezas, datados do neoproterozoico, ocorrendo como intrusões nas unidades metassedimentares, com dimensões que variam de stocks a batólitos. Entre eles, os batólitos Cunhaporanga, Três Córregos e Agudos Grandes, que compreendem granitóides colisionais de arco magmático tipo I com idade de 630-605 Ma, associados ao fechamento do oceano entre os terrenos Apiaí e Curitiba. Também ocorrem granitóides sin a tardi-colisionais, como os stocks do Cerne, Morro Grande, Itaóca, Apiaí e Passa Três, que representam magmatismo pós-colisional à anorogênico (590-560 Ma) relacionados aos estágios finais de transpressão do Terreno Apiaí, responsável também pelas ZC transcorrentes e pelas grandes dobras (Prazeres Filho et al. 2003; Prazeres Filho et al. 2005; Cury et al. 2008; Siga Jr. et al. 2011c). 14 6.2 TERRENO LUÍS ALVES O Terreno Luís Alves faz fronteira norte com o Terreno Curitiba pela Zona de Cisalhamento Piên-Mandirituba. A leste é balizado pelo Terreno Paranaguá e a sul pelo Cinturão Dom Feliciano. Entre os terrenos Paranaguá e Curitiba, há uma estreita faixa do Terreno Luís Alves, ou seja, ocorre em sua maior extensão no Estado de Santa Catarina, com uma pequena continuidade até o Estado de São Paulo (Siga Jr. 1995; Faleiros et al. 2011b). Este terreno é composto predominantemente por ortognaisses granulíticos félsicos, com pequenas variações, e secundariamente por rochas migmatíticas, graníticas e metassedimentares. O bandamento dos gnaisses tem direção preferencial NW, diferentemente do padrão NE dos demais terrenos. Além disso, são comuns enclaves máficos e ultramáficos nestas rochas. O metamorfismo de alto grau associado aos ortognaisses está atribuído pela presença de hiperstênio, assim como as paragêneses minerais observadas, que atestam a fácies granulito (Basei et al. 1992; Siga Jr. et al. 1993; Siga Jr. 1995; Cury 2009). Os padrões geocronológicos indicam terrenos formados no Paleoprotezoico, com idades de 2,72-2,58 Ga em Rb87/Sr86 , tendo sua formação associada ao Ciclo Transamazônico. Contudo, há sugestão de presença de rochas Arqueanas (2,8-2,6 Ga) retrabalhadas no Paleoproterozoico. As idades obtidas pelo método K-Ar, por sua vez, apontam idades entre 2,0-1,7 Ga, indicando os principais períodos de resfriamento. Idades neoproterozoicas são encontradas restritamente nas porções próximas as grandes zonas de cisalhamento das suas bordas e não em seu interior, que se comportou como cráton durante o Ciclo Brasiliano (Siga Jr. et al. 1993; Siga Jr. 1995; Sato et al. 2003; Cury 2009). Na porção interna ao terreno ocorre a Bacia de Itajaí, intimamente associada aos eventos brasilianos neoproterozoicos. É classificada como bacia de ante-país, com a borda mais defomada próxima ao cinturão (Rostirolla et al. 1991; Basei et al. 1998). 15 6.3 TERRENO CURITIBA O Terreno Curitiba constitui uma faixa relativamente estreita, com extensões médias entre 50-60Km, alongada na direção NE-SW (Fig. 6.1). É composta por gnaisses migmatíticos e granitos do Complexo Atuba, tendo como cobertura os metassedimentos das formações Capiru e Turvo-Cajati, com graus metamórficos entre as fácies xisto verde e anfibolito (Siga Jr.et al. 1993; Siga Jr. 1995; Cury 2009). Limita-se a noroeste com o Domínio Apiaí a partir da Zona de Cisalhamento da Lancinha, que representa a zona de sutura entre as duas unidades tectônicas. O limite sudeste ocorre de forma tectônica com os gnaisses granulíticos do Domínio Luís Alves, a partir da Zona de Cisalhamento Piên-Mandirituba. As unidades litodêmicas que compõem o Terreno Curitiba apresentam características litológicas, metamórficas, geocronológicas e estruturais diferentes dos terrenos adjacentes, caracterizando-o como um terreno exótico, segundo a definição de Howell (1995), dificultando o posicionamento do terreno no quadro evolutivo regional (Basei et al. 1992; Siga Jr. et al. 1993; Basei et al. 1998; Siga Jr. et al. 2007; Faleiros 2008; Cury 2009; Faleiros et al. 2011b; Castro et al. 2014). 6.3.1Paleoproterozoico As unidades de idade paleoproterozoica são essencialmente metamórficas, com predomínio do Complexo Atuba com gnaisses e granulitos intensamente migmatizados. Secundariamente ocorre um núcleo do embasamento, o Núcleo Setuva. Núcleo Setuva Trata-se de um núcleo do embasamento principal no Terreno Curitiba, com forma elipticaalongada na direção NE-SW, posicionada ao sul e alinhada à Zona de Cisalhamento da Lancinha (Siga Jr. et al. 2007; Siga Jr. 2010). Segundo Siga Jr. et al. (2007), o Núcleo Setuva é representado por rochas gnáissico-migmatíticas, sienograníticas, granodioríticas e monzogranitícas. O núcleo é considerado uma extensão norte do Complexo Atuba, em contado tectônico com metassedimentos da Formação Capiru. Apresenta idades de 2140±8 Ma, datadas por 238U/206Pb em zircões, que representam a idade de cristalização destes cristais e do corpo. A idade encontrada por 147Sm/144Nd em rocha total foi de 2,95 16 Ga,interpretada como idade da derivação mantélica. Por fim, a idade encontrada por K-Ar/40Ar-39Ar foi de 586±15 Ma, que representa a idade de colocação deste terreno. A partir dos dados geocronológicos é possível assumir um quadro tectônico complexo com evolução policíclica. Complexo Atuba O Complexo Atuba é composto por uma suíte ortognáissica migmatítica do tipo TTG, limitada pelo Terreno Luís Alves e pelas Formações Capiru e Turvo-Cajati. Suas idades ainda são bastante imprecisas devido a evolução complexa com três períodos de retrabalhamento, com idade de formação e primeira migmatização paleoproterozoica (2,2-1,8 Ga), com heranças Arqueanas (3,1 – 2,7 Ga) datadas em seus melanossomas. A idade da segunda migmatização, por sua vez, foi atribuída ao Neoproterozoico (645-633 Ma), datada nos leucossomas. Os três períodos de retrabalhamento do complexo são atribuídos aos períodos Riaciano, Estateriano e Ediacarano, relacionados respectivamente a amalgamação no Supercontinente Atlântica, a quebra do mesmo e metamorfismo associado a assembléia do Godwana Oeste (Siga Jr. 1995; Sato et al. 2003; Sato et al. 2009). O Complexo Atuba caracteriza-secomo uma unidade com gnaisses de granulação grossa e migmatitos, intercalados com lentes de quartzitos, metabásicas/anfibolitos e com intrusões ígneas posteriores. Apresenta um trend NE que está paralelo/subparalelo ao bandamento gnáissico, estando deformado em um regime essencialmente dúctil, comumente havendo porções graníticas de coloração rósea a branca, interpretadas como uma segunda fase de migmatização. É uma unidade formada em nível crustal inferior, com metamorfismo na fácies anfibolito, amalgamada ao Domínio Luís Alves durante o Neoproterozoico, que gerou uma importante fase de migmatização (Campanha 1991; Basei et al. 1992; Siga Jr. 1995; Siga Jr. et al. 2007; Sato et al. 2009; Cury 2009; Faleiros et al. 2011b). 6.3.2 Meso- Neoproterozoico As rochas do Pré-Cambriano paranaense apresentam três foliações associadas: duas de baixo ângulo e uma de alto. A primeira é associada ao napismo regional e sub paralela ao S0 e a segunda relacionada a dobramentos destas estruturas. Por fim, a terceira está intimamente ligada as ZC transcorrentes, sendo 17 penetrativas apenas nas proximidades das mesmas (Cury et al. 2002; Castro et al. 2014). No Terreno Curitiba ocorrem rochas terrígenas e carbonáticas cuja idade ainda está indefina, do Meso ao Neo proterozoico. Formação Capiru A Formação Capiru está inserida no Terreno Curitiba na forma de cobertura supracrustal, tendo como embasamento o Complexo Atubae como limite norte a ZC Lancinha (Siga Jr. 1995)(Fig. 6.1). Para Soares (1987) a formação pode ser resumida como um sinclinório falhado, à oeste da Falha da Lancinha, com a antiforme do Setuva no meio, e intensa deformação por cisalhamentos dúcteis- rúpteis, contínuos e homogêneos, de baixo ângulo, responsável pela lenticularização das camadas e pelo re-empilhamento por cavalgamentos. A Formação Capiru foi caracterizada por Bigarella e Salamuni (1956; 1958 e 1967) como composta por rochas metacalcárias, mármores, metapelitos e quartzitos. Estas rochas foram consideradas por Fiori e Gaspar (1993) como formadas no Neoproterozoicoem depósitos plataformais, e subdivididas por Fiori (1992a) em três conjuntos menores e informais: Juruqui, Rio Branco e Morro Grande. Fiori (op. cit.) ainda sugere que esta unidade está alóctone em relação ao Complexo Atuba, associando o padrão estrutural ao de sistema de nappes, com os conjuntos separados por zonas de cisalhamento e suas porções basais imbricadas. A idade associada a esta formação, segundo Chiodi Filho (1984), está entre 1100- 900 Ma.Para Teixeira (1982 apud Campanha e Sadowski 1999) a idade, obtida em Rb/Sr, é de 586±8Ma. Não há concordância em relação a extensão, posicionamento e correlação da Formação Setuva com outras unidades, apesar da abundância de trabalhos. Muitos autores, consideram esta formação como uma tectonofácies da Formação Capiru, que por zua vez têm deformação heterogênea, possibilitando em algumas porções a preservação de estruturas originais, e em outras, com deformação em grau maior, como na Antiforma do Setuva. No quesito metamórfico, apresenta paragêneses semelhante, contudo na fácies xisto verde zona da clorita e/ou biotita (Yamamoto 1999; Faleiros 2008). 18 6.3.3Neoproterozoico As unidades neoproterozoicas do Terreno Curitiba são caracterizadas por granitos intrusivos do tipo I, com ofiólitos associados, assim como por uma sequência de rochas metassedimentares. Suíte Piên-Mandirituba A Suíte Piên-Mandirituba ocorre como uma faixa alongada na direção NE- SW, localizada no limite dos terrenos Curitiba e Luís Alves, ao norte em contato com as rochas do Complexo Atuba e ao sul com as do Terreno Luis Alves. É definida como um complexo granítico calcioalcalino de alto potássio, com deformação heterogênea, interpretado como um arco magmático tipo I Andino, de idade Neoproterozoica (600-590 Ma) (Basei et al. 1992; Siga Jr. et al. 1993; Siga Jr. 1995; Campanha e Sadowski 1999; Harara et al. 2002). Harara et al. (2001) associam aos granitos da Suíte Piên-Mandirituba uma fase de deformação pré-colisional formada entre 620-610Ma, além de outras duas sin e tardicolisionais de 605-595 Ma, sendo estas útimas contemporâneas à deformação. Vale destacar que nas localidades próximas ao município de Piên ocorrem máficas-ultramáficas, como gabros toleíticos, serpentinizadas (Suíte Máfica- Ultramáfica Piên), com idade de 631±7Ma. São interpretadas como ofiólitos em uma Zona de Supra Subducção Incompleta, sendo esta unidade produto da colisão NW da suíte granítica com os terrenos graníticos-granulíticos do Paraná e Santa Catarina, gerando também a Zona de Cisalhamento Piên-Mandirituba. (Harara et al. 2002). Formação Turvo Cajati A Formação Turvo Cajati está localizada a sul da ZC Lancinha. É caracterizada por Faleiros (2008) e Faleiros et al. (2011b) como rochas metassedimentares deformadas e cisalhadas em unidades de metamorfismo distintas. Composta porduas zonas metamórficas de alto grau, gerando paragnaisses e paragnaisses miloníticos, e uma de baixo grau, fáciesxisto verde, composta por ardósias, filitos e micaxistos, intercalados com rochas calciosilicáticas. Essa diferença de fácies metamórficas é atribuída as diferençascomposicionais das diversas litologias, espessura de rochas e ao nível crustal (Faleiros 2008, Faleiroset al. 2010). 19 Idades entre 606±16Ma foram obtidas em zircão, indicando valores máximos de deposição, sendo que heranças do Arqueano ao Mesoproterozoico também são observadas, indicando fontes meso à paleoproterozoicas (Cury 2009). O mesmo autor define um pico metamórfico em 591-594 Ma que, segundo Faleiros et al. (2011b), atingiu as temperaturas de 650-800°C, associandoeste metamorfismo a um prisma acrescionário em uma zona de subducção. Faleiros et al. (2011b) ainda indicam que a justaposição entre o Complexo Atuba e a Formação Turvo-Cajati se perfaz através de uma sucessão de cavalgamentos, condizentes as características de um sistema de nappes de idade neoproterozoica. 6.4 TERRENO PARANAGUÁ Localizado em uma faixa que se estende de São Paulo até Santa Catarina, em uma porção alongada (NE-SW) no leste dos estados, afloram rochas do Terreno Paranaguá (Fig. 6.1). Seus limites são definidos por contato tectônico, através de zonas de cisalhamentos de baixo e alto ângulo, com os domínios Curitiba e Luís Alves. O Terreno Paranaguá é composto, predominantemente, por um complexo ígneo neoproterozoico, representado pelas suítes Morro Inglês, Rio Canavieiras, Rio do Poço e Estrela, que são sin a tardi tectônicos e com idade do principal período de magmatismo entre 600-580 Ma (Siga Jr. 1995; Cury 2009). As encaixantes são xistos aluminosos, incluídos na Formação Rio das Cobras, definida por Lima e Lopes (1985), e ortognaisses do Complexo São Francisco do Sul. Em ambos Cury (2009) atribuiidade de formação paleoproterozoica (1,8-2,1 Ga), com pico metamórfico mais jovem de599±5 Ma emetamorfismo heterogêneo nas sequências metassedimentares. Os granitosinseridos no contexto do Terreno Paranaguá apresentam assinaturas de arcos magmáticos, que fariam parte do contexto do cinturão colisional neoproterozoico, com aglutinaçãoassociada a assembleia do Gondwana- Oeste. Posteriormente, o terreno foi afetado pela Orogenia Rio Doce (cambro- ordoviciana), evidenciada por diversos eventos de metamorfismo e deformação (Basei et al. 1992; Faleiros 2008; Cury 2009). 20 6.5 MAGMATISMO ALCALINO NEOPROTEROZOICO Entre 10-30 Ma depois do pico metamórfico da amalgamação dos terrenos Luís Alves e Curitiba, ocorreu um evento extencional tardio, pós colisional, neopreoterozoico, associado a um sistema strike-slip. Este evento gerou vulcanismo ácido-intermediário e a intrusão de granitos tipo A de alto potássio, como a Província Graciosa (615-590 Ma). Esta província merece destaque por localizar-se nos terrenos Curitiba, Luís Alves e Paranaguá, englobando cerca de 20 plútons graníticos (latu sensu), como: Serra do Paratiú, Guaraú, Alto Turvo, Capivari, Farinha Seca, Anhangava, Marumbi, Palermo, Agudos do Sul, Rio Negro e outros. Estes plútons apresentam diversas formas e tamanhos e são associados a zonas de cisalhamentos transcorrentes com alinhamento NE-SW.A Província Graciosa tem composição tanto de granitos e sienitos, como também ocorrência de gabros e dioritos, com magmatismo gerador associado a formação do supercontinente Gondwana, no final do Neoproterozoico (Harara et al. 2001; Harara et al. 2002; Vlach et al. 2011). Neste mesmo evento extensional ocorreu a formação de bacias pull-apart, preenchidas por rochas metavulcânicas e terrígenas, chamadas de bacias de molassas da Orogenia Brasiliana. Asbacias que foram preenchidas por metavulcânicas são denomidadas como Grupo Castro, Bacia de Campo Alegre e Bacia Guaratubinha, com idades de 601 ± 11 Ma. As bacias preenchidas por terrígenas, por sua vez, sãodenominas como Formação Quatis, Samambaia e Camarinha (Siga Jr. et al. 1993; Siga Jr. 1995; Campanha e Sadowski 1999; Faleiros et al. 2011b). 21 7FORMAÇÃO CAPIRU As rochas que constituem a Formação Capiru afloram na porção norte do Terreno Curitiba e a sul da Z.C. Lancinha, caracterizada como uma faixa alongada de direção NE-SW (Figura 7.1), com idade ainda não definida, associada ao meso ou neoproterozoico (Siga Jr. 1995). Figura 7.1 - Mapa geológico da região, sobre imagem SRTM com os principais lineamentos 1:100.000. (Modificado de Fiori 1992a e MINEROPAR 1985). Como já citado, a Formação Capiru foi caracterizada por Bigarella e Salamuni (1956; 1958 e 1967) como composta por rochas calcárias, mármores, metapelitos e quartzitos. São comuns nestes litotipos a preservação das estruturas sedimentares, principalmente nas rochas carbonáticas, como por exemplo estrafiticações cruzadas de pequeno porte, marcas onduladas, estratificação plano-paralela, granodecrescência normal ou inversa, laminações convolutas, hummockys e estruturas tipo linsen. Nos níves carbonáticos ainda ocorrem brechas intraformacionais, gretas de contração, estruturas pisolíticas e estromatolíticas – estruturas biogênicas (Bigarella e Salamuni 1958, Fiori e Gaspar 1993). 7.1 CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO E AMBIENTES SEDIMENTARES DA FORMAÇÃO CAPIRU A Formação Capiru ocorre como cobertura supracrustal do Complexo Atuba e do próprio Terreno Curitiba. Estas rochas foram caracterizadas como sedimentos 21 7FORMAÇÃO CAPIRU As rochas que constituem a Formação Capiru afloram na porção norte do Terreno Curitiba e a sul da Z.C. Lancinha, caracterizada como uma faixa alongada de direção NE-SW (Figura 7.1), com idade ainda não definida, associada ao meso ou neoproterozoico (Siga Jr. 1995). Figura 7.1 - Mapa geológico da região, sobre imagem SRTM com os principais lineamentos 1:100.000. (Modificado de Fiori 1992a e MINEROPAR 1985). Como já citado, a Formação Capiru foi caracterizada por Bigarella e Salamuni (1956; 1958 e 1967) como composta por rochas calcárias, mármores, metapelitos e quartzitos. São comuns nestes litotipos a preservação das estruturas sedimentares, principalmente nas rochas carbonáticas, como por exemplo estrafiticações cruzadas de pequeno porte, marcas onduladas, estratificação plano-paralela, granodecrescência normal ou inversa, laminações convolutas, hummockys e estruturas tipo linsen. Nos níves carbonáticos ainda ocorrem brechas intraformacionais, gretas de contração, estruturas pisolíticas e estromatolíticas – estruturas biogênicas (Bigarella e Salamuni 1958, Fiori e Gaspar 1993). 7.1 CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO E AMBIENTES SEDIMENTARES DA FORMAÇÃO CAPIRU A Formação Capiru ocorre como cobertura supracrustal do Complexo Atuba e do próprio Terreno Curitiba. Estas rochas foram caracterizadas como sedimentos 21 7FORMAÇÃO CAPIRU As rochas que constituem a Formação Capiru afloram na porção norte do Terreno Curitiba e a sul da Z.C. Lancinha, caracterizada como uma faixa alongada de direção NE-SW (Figura 7.1), com idade ainda não definida, associada ao meso ou neoproterozoico (Siga Jr. 1995). Figura 7.1 - Mapa geológico da região, sobre imagem SRTM com os principais lineamentos 1:100.000. (Modificado de Fiori 1992a e MINEROPAR 1985). Como já citado, a Formação Capiru foi caracterizada por Bigarella e Salamuni (1956; 1958 e 1967) como composta por rochas calcárias, mármores, metapelitos e quartzitos. São comuns nestes litotipos a preservação das estruturas sedimentares, principalmente nas rochas carbonáticas, como por exemplo estrafiticações cruzadas de pequeno porte, marcas onduladas, estratificação plano-paralela, granodecrescência normal ou inversa, laminações convolutas, hummockys e estruturas tipo linsen. Nos níves carbonáticos ainda ocorrem brechas intraformacionais, gretas de contração, estruturas pisolíticas e estromatolíticas – estruturas biogênicas (Bigarella e Salamuni 1958, Fiori e Gaspar 1993). 7.1 CONTEXTO ESTRATIGRÁFICO E AMBIENTES SEDIMENTARES DA FORMAÇÃO CAPIRU A Formação Capiru ocorre como cobertura supracrustal do Complexo Atuba e do próprio Terreno Curitiba. Estas rochasforam caracterizadas como sedimentos 22 neoproterozoicos de depósitos plataformais de águas rasas, em uma margem continental adelgaçada (Fiori 1991; Fiori e Gaspar 1993 e Fassbinder 1996). As rochas descritas foram subdivididas por Fiori (1990 e 1991) em três conjuntos menores e informais: Juruqui, Rio Branco e Morro Grande (Tabela 7.1 e Fig. 7.2). Tabela 7.1 – Divisão dos conjuntos da Formação Capiru e principais características. Conjunto Morro Grande ZC P es se gu ei ro T ra nq ue ira Rio Branco ZC V en ân ci o Pe ss eg ue iro Juruqui Características (Fiori 1990 e 1992b; Fiori e Salamuni 1995) Alternância rítmica de quatzitos e filitos com alto teor de matéria carbonosa; Na base ocorrem dois níveis de mármore Metadolomitos/ mármores estromatolíticos com intercalações de quartzitos e filitos rítmicos; Maior extensão Filitosvermelhos (SW); Quartzitos vermelhos (NE); Níveis ferruginosos. Ambiente associado (Fiori e Gaspar 1993; Fiori e Salamuni 1995) Plataformal Intermaré Leque deltaico Estes conjuntos informais são individualizados por zonas de cisalhamento de baixo ângulo, tendo as bases imbricadas por uma tectônica de nappes. Esta separação informal dá-se pelo fato de que entre as zonas de cisalhamento ocorrem porções da estratigrafia original preservada, possibilitando correlações litológicas e estratigráficas. Portanto, acoluna sedimentar completa da Formação Capiru não esta preservada, entretanto ocorrem seções preservadas movimentadas por cavalgamentos e limitadas pelas mesmas, denominadas conjuntos (Fiori 1990, 1991, 1992a; Fiori et al. 2003). Os conjuntos estão descritos da base para o topo, iniciando pelo Conjunto Juruqui, seguido pelo Rio Branco e por fim pelo Morro Grande. Seus ambientes deposicionaisainda são discutidos, contudo Fiori e Gaspar (1993) já ressaltavam que ocorrem diversas dificuldades na caracterização destes, sendo as principais o metamorfismo regional, a tectônica deformadora, a inversão da estratigrafia e a obstrução de estruturas sedimentares. 23 Figura 7.2. – Mapa geológico com relevo sombreado (SRTM Azimute 45°; Altitude 45°). (Leandro em prep.). O Conjunto Juruqui faz contato com o Complexo Atuba e é composto diferencialmente na porção nordeste e sudoeste. Na primeira o predomínio é de quartzitos avermelhados, com granulação grossa à fina. Apresenta granodecrescências normais e inversas, estratificações cruzadas e plano-paralela. Secundariamente ocorrem intercalações de filitos e metarritmitos, além de lentes de mármores. Na porção sudoeste, por sua vez, o predomínio são de filitos avermelhados com porções mais arenosas, ou ocorrendo como metarritimitos. Há também níveis ferruginosos e intercalações pouco abundantes de quartzitos finos e conglomerados. Geralmente encontram-se filonitizados, com veios de quartzo leitoso deformados, localmente boudinados e silicificados. Atribui-se como ambiente sedimentar de deposição um leque deltaico (Fiori 1990,1992a e b; Fiori e Gaspar 1993; Fiori e Salamuni 1995). 24 O Conjunto Rio Branco é separado pela ZC Venâncio-Pessegueiro do Conjunto Juruqui,e é o de maior extensão dentro da Formação Capiru. Sua composição predominante é de metadolomitos e mármores dolomíticos. Secundariamente ocorrem intercalações, na forma de lentes descontínuas, de filitos rítmicos e quartzitos finos à grossos. Nos mármores diversas estruturas sedimentares relíquiares estão preservadas, como estratificações cruzadas, brechas intraformacionais, estruturas estromatolíticas e pisolíticas, marcas onduladas e gretas de contração. O ambiente de deposição associado é uma costa de sedimentação carbonática, com deposição de terrígenos pela variação das marés, sendo assim um ambiente de intermaré (Fiori 1990,1992a e b; Fiori e Gaspar 1993; Fiori e Salamuni 1995). O Conjunto Morro Grande, por sua vez, é separado do Conjunto Rio Branco pela ZC Pessegueiro Tranqueira e sua composição é uma alternância de quartzitos e filitos/ metarritmitos com alto teor de material carbonoso, além de conter em sua base duas lentes de mármores dolomíticos. Os ritmitos ocorrem com intercalações de níveis claros e escuros.Os claros sãos compostos por silte, argila e areia, com granodecrescência ascendente, de contato brusco com níveisescuros inferiores e gradacional com os superiores, podendo ser observadas estratificações cruzadas, hummocky e linsen. Os níveis escuros são argilosos e ricos em carbono, sendo comum estratificações plano-paralelas. Por vezes ocorrem quartzitos finos à médios com porções conglomeráticas. A interpretação paleoambiental indicou um ambiente plataformal, marinho raso, com períodos afetados por tempestades (Fiori 1990,1992a e b; Fiori e Gaspar 1993; Fiori e Salamuni 1995). 7.2 CONTEXTO ESTRUTURAL DA FORMAÇÃO CAPIRU A Formação Capiru tem apenas uma fase de metamorfismo regional associada, de grau fraco, fácies xisto verde, com diminuição do grau para nordeste e relacionada a intensa deformação que gerou transporte subhorizontal ao longo dos planos de foliação (Soares 1987; Campanha 1991). Fassbinder (1996) e Fassbinder e Machado (1996a e b) citam que foram atribuídos diversos mecanismos de deformação para a unidade, sendo o mais adotado o de transpressão por convergência oblíqua de placas. Fiori (1990) associa a Formação Capiru a superposição de eventos de deformação, dos quais três se destacam: o Sistema de 25 Cavalgamento Açungui (SCA), Sistema de Dobramento Apiaí (SDA) e o Sistema de Transcorrência Lancinha (STL). O SCA é o primeiro evento de deformação que atuou na Formação Capiru. Deformação, heterogênea, responsável pelo evento metamórfico, além da aloctonia das camadas por organização estrutural a partir da tectônica de nappes. As camadas, portanto, foram transportadas por falhas de cavalgamento, com preservação interna das estruturas sedimentares originais e filonitização das rochas próximo as zonas de falhas, com vergência NW-SE. As principais estruturas associadas foram formadas por cisalhamento simples, sendo elas: dobras falhas, dobras fechadas e isoclinais, falhas de cavalgamento e retrocavalgamento, duplex, estruturas lineares, além dos planos de foliação S1 (Ss e Sc) e S2. A primeira foliação é penetrativa regionalmente, paralela ao bandamento composicional original (S0), definida pela orientação dos minerais. A segunda, por sua vez, está associada aos planos de cavalgamento, é pouco penetrativa e pode estar paralelizado a S1(Fiori 1990,1991, 1992a e b; Fiori e Gaspar 1993). O segundo evento é o SDA, que gerou dobras em diferentes escalas nas estruturas pré-existentes (S0, S1 e S2), compredomínio de formação de antiformas. As dobras são caracterizadas como abertas à cerradas, raramente isoclinais, com eixos sub-horizontais de direção NE-SW. Em algumas porções forma foliação não penetrativa, associada aos planos axiais verticalizados (Fori1992a e b; Fiori e Salamuni 1995; Fiori et al. 2003). São reconhecidas zonas de cisalhamentos transcorrentes associadas ao STL, com registros dúctil e dúctil-rúptil, de cinemática predominantemente destral e caráter, aparentemente, tardi colisional. São estruturas de expressão em escala crustal, que podem localmente apresentar reativações em planos com estrias e stepes. Como produto do STL ocorrem dobras escalonadas, falhas sintéticas e antitéticas e uma foliação não penetrativa. Para alguns autores, esta tectônica de alto ângulo exerce controle na colocação de corpos graníticos tardi a pós orogênicos (Fiori 1992a; Fiori e Salamuni 1995; Faleiros 2008; Cury et al. 2008). 26 8 SENSORIAMENTO REMOTO Para análise estratigráfica e de interpreção de ambientes sedimentares no contexto da Formação Capiru, são necessárias análises tectônicas tanto das rochas anqui-metamórficas como de xistos verdes, ou até mesmo dos gnaisses do Complexo Atuba. Em regiões de nappes, ocorrem faixas de nível estrutural superior, com preservação das rochas e estruturas reliquiares, e faixasde nível estrutural intermediário e inferior, com desenvolvimento de foliações, obliteração e transposição das estruturas originais. Portanto o traçado dos lineamentos pode auxiliar na observação e traçado das estruturas regionais, além de indicar lugares em que possivelmente ocorra uma menor deformação/metamorfismo das rochas. Também serviu para auxiliar na correlação dos Perfis Estratigráficos consttuídos, com o entendimento das movimentações pós-sedimentares entre osafloramentos estudados. Os lineamentos podem representar diferentes estruturas, realçando, preferencialmente, aquelas relacionadas a deformação rúptil, bem como as de alto ângulo, como falhas transcorrentes.As de baixo ângulo, a exemplo de contatos geológicos e falhas de cavalgamento, são menos evidentes, geralmente denotadas por lineamentos fragmentados e, muitas vezes, não reconhecidos em todas as escalas. As diferentes escalas ressaltam diferentes estruturas. Na escala 1:50.000 é possível observar feiçõesde escala de afloramento. Na escala 1:250.000, as estruturas caracterizadas são feições com grande continuidade, as quais muitas vezes não são observáveis em campo, ou somente caracterizadas em observações indiretas. A escala 1:100.000 demarca feições intermediárias, refinando as grandes estruturas, com menor continuidade que as observadas na escala 1:250.000, além de ressaltar feições passíveis de serem encontradas em campo. A partir de imagens SRTM, com auxilio do software ArcGIS 9.3, foram interpretados lineamentos em três escalas distintas 1:50.000, 1:100.000 e 1:250.000 (Fig. 8.1, 8.2 e 8.3). Para o traçado de lineamentos a concordância necessária era que fossem visíveis em pelo menos duas imagens com sombreamentos diferentes, estas com pseudo-iluminações de 0°, 45°, 90° e 315°. °. 27 Figura 8.1 – Mapa de lineamentos na escala 1:50.000 da área de análise, com destaque par a área em estudo,em imagem SRTM com pseudo-iluminação de A)0°; B)45°; C) 90°;D)135°. 668000,000000 668000,000000 675000,000000 675000,000000 682000,000000 682000,000000 689000,000000 689000,000000 696000,000000 696000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 00 672000,000000 672000,000000 680000,000000 680000,000000 688000,000000 688000,000000 696000,000000 696000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 0072 05 00 0, 00 00 00 72 05 00 0, 00 00 0072 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 0072 15 00 0, 00 00 00 72 15 00 0, 00 00 00 A) 670000,000000 670000,000000 677000,000000 677000,000000 684000,000000 684000,000000 691000,000000 691000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 0072 05 00 0, 00 00 00 72 05 00 0, 00 00 0072 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 0072 15 00 0, 00 00 00 72 15 00 0, 00 00 00 B) C) 670000,000000 670000,000000 677000,000000 677000,000000 684000,000000 684000,000000 691000,000000 691000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 0072 05 00 0, 00 00 00 72 05 00 0, 00 00 0072 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 0072 15 00 0, 00 00 00 72 15 00 0, 00 00 00 D) 0 3 6 91,5 Km 28 Figura 8.2 – Mapa de lineamentos na escala 1:100.000 da área de análise, com destaque par a área em estudo,em imagem SRTM com pseudo-iluminação de A)0°; B)45°; C) 90°;D)135°. 29 Figura 8.3 – Mapa de lineamentos na escala 1:250.000 da área de análise, com destaque par a área em estudo,em imagem SRTM com pseudo-iluminação de A)0°; B)45°; C) 90°;D)135°. 668000,000000 668000,000000 675000,000000 675000,000000 682000,000000 682000,000000 689000,000000 689000,000000 696000,000000 696000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 00 672000,000000 672000,000000 680000,000000 680000,000000 688000,000000 688000,000000 696000,000000 696000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 0072 05 00 0, 00 00 00 72 05 00 0, 00 00 0072 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 0072 15 00 0, 00 00 00 72 15 00 0, 00 00 00 A) 670000,000000 670000,000000 677000,000000 677000,000000 684000,000000 684000,000000 691000,000000 691000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 0072 05 00 0, 00 00 00 72 05 00 0, 00 00 0072 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 0072 15 00 0, 00 00 00 72 15 00 0, 00 00 00 B) C) 670000,000000 670000,000000 677000,000000 677000,000000 684000,000000 684000,000000 691000,000000 691000,000000 72 00 00 0, 00 00 00 72 00 00 0, 00 00 0072 05 00 0, 00 00 00 72 05 00 0, 00 00 0072 10 00 0, 00 00 00 72 10 00 0, 00 00 0072 15 00 0, 00 00 00 72 15 00 0, 00 00 00 D) 0 3 6 91,5 Km 30 A Tabela 8.1 demonstra a quantidade de lineamentos traçados em cada escalautilizada.Aárea utilizada para o desenho abrange gnaisses do Complexo Atuba e unidades carbonáticas e siliciclásticas da Formação Capiru, com aproximadamente 760km2. Tabela 8.1 - Quantidade de lineamentos traçados nas três escalas utilizadas. Escala Quantidade 1:50.000 11671 1:100.000 12940 1:250.000 4181 Nota-se uma quantidade de lineamentos inferior na escada 1:50.000 em relação à escala 1:100.000, quando esperava-se ocorrer o oposto. Esta discrepância pode ser atribuída ao menor tempo de análise para esta escala, em conjunto com a resolução da imagem SRTM, que encontra-se granulada, não estando compatível com a menor escala trabalhada. Foram geradas tabelas de dados dos lineamentos observando-se tanto seu comprimento como sua frequência azimutal, utilizandoos métodos de Queiroz et al. (2014) bem como o software AzimuthFinder, desenvolvido pelos autores. Os lineamentos foram diagramados na forma de rosetas, individualizados nas escalas trabalhadas na forma de frequência de lineamentos (Fig. 8.4), permitindo assim a análise do arcabouço geológico-estrutural, tanto regionalmente, como na análise em detalhe. Todos os diagramas tem como raio 17%, subdivididos a cada 10°, para melhor visualização e análise dos dados. Todos os diagramas apresentam distribuição das pétalas por todos os quadrantes, tendo três famílias de direções distintas associadas. Apredominante é N50-60W, secundariamente ocorrem lineamentos na direção N40-60E e a família E- W é pouco evidente, principalmente na escala 1:250.000 (Fig. 8.4a). Nas três escalas analisadas observa-se um predomínio de valores no quadrante NW, gerando a principal família de lineamentos N50-60W, com grande distribuição nas pétalas adjacentes N40-50W e N60-70W. O amplo predomínio desta 31 família demonstra o importante controle exercido pelas estruturas do Arco de Ponta Grossa, com fraturas e diques de rochas máficas de direção aproximadamente N45W, constatada em todo Terreno Curitiba, assim como em outros terrenos adjacentes. Figura 8.4 – a) Diagrama de frequência de lineamentos na escala 1:250.000 (max=16,91%); b) Diagrama de frequência de lineamentos na escala 1:100.000 (max=15,69%); c) Diagrama de frequência de lineamentos na escala 1:50.000 (max=13,94%). A família secundária, de trend N40-60E, ocorre nas três escalas trabalhadas, contudo na escala 1:250.000 está melhor evidenciada. Nota-se uma dispersão maior deste trendde até 20°, composto por três pétalas secundárias, que em conjunto B A C 32 representam os lineamentos mais identificados em campo. Estes lineamentos estãoassociados às estruturas dos sistemas de deformação propostos por Fiori (1990). Nos diagramas estruturais (Cap.10) observa-se que este trend está de acordo com as direções obtidas para S0 e S1, ambas subparalelas, com variação de aproximadamente 30°, o que explicaria a maior variação da direção destes lineamentos. O padrão E-W está associado a inflexão das estruturas pretéritas, como bandamentos composicionais e foliações observadas na Sinforma do Morro Grande, expressas em mapas como uma das mais importantes estruturas da região. Esta inflexão pode ser produto da sobreposição de eventos tectônicos em umcontexto colisional, semelhante ao proposto por Fiori nos anos 90 e Faleiros (2011b). A áreaestudada está localizada no flanco sul da Sinforma de Morro Grande,Fig. 8.1, 8.2 e 8.3, onde são observados lineamentos em dois padrões pronunciados nas três escalas trabalhadas. O principal tem direção N60-70E, que é mais realçado ao norte e à sudoeste da pedreira. Há também lineamentos com direções entre N30-40W, que ocorrem em baixa densidade nas proximidades da pedreira e mais realçados na escala 1:250.000. Portando, no que se refere ao estudo de lineamentos, a área estudada está localizada em uma região relativamente condicionada, tectônicamente, a estes dois padrões. 33 9 PETROGRAFIA Com o objetivo de auxiliar no entendimento do metamorfismo, da deformação, das estruturas e da evolução tectônica da área, foram coletadas três amostras de diferentes porções do Perfil Estratigráfico I (ANEXO I),nas seguintes alturas: 13m, 14m e 27m. A partir delas foram confeccionadas e descritas oito lâminaspetrográficas delgadas,quatro da amostra retirada em 13m, três na de 14m e uma na de 27m. Essa quantidade de lâminas por amostra foi adotada para representar a variação composicional, textural e/ou estrutural dentro da mesma amostra. Para melhor localização destas porções no Perfil Estratigráfico I, foi feito um recorte, na escala 1:50, onde as amostras se encontram(Fig. 9.1a e 9.1b). Figura 9.1 -Recorte do Perfil Estratigráfico I na escala 1:50, com indicação da porção amostrada (em verde); a)Representaçãodas porções de amostragem de 13m e 14m; b) Representaçãoda porção de amostragem de 27m. Realizaram-se análises em microscópio petrográfico, da assembleia mineral, das paragêneses metamórficas, bem como das texturas e estruturas observadas nas lâminas delgadas. Como base para descrição e organização dos dados observados foram utilizadas fichas de descrição petrográficas para rochas metamórficas (ANEXO II), visando primeiro descrever as características em comum das lâminas da mesma amostra, para depois enfatizar as particularidades de cada lâmina. Para facilitar as descrições e melhorar a visualização da porosidade da rocha, as laminas foram impregnadas como resina azul. Na altura de 13m do Perfil Estratigráfico I (Fig. 9.1a), foi observado em campo intercalação milimétrica de areia fina à silte, com coloração cinza, e argila cinza 13A, B, C, D 14A, B, C 27-1 33 9 PETROGRAFIA Com o objetivo de auxiliar no entendimento do metamorfismo, da deformação, das estruturas e da evolução tectônica da área, foram coletadas três amostras de diferentes porções do Perfil Estratigráfico I (ANEXO I),nas seguintes alturas: 13m, 14m e 27m. A partir delas foram confeccionadas e descritas oito lâminaspetrográficas delgadas,quatro da amostra retirada em 13m, três na de 14m e uma na de 27m. Essa quantidade de lâminas por amostra foi adotada para representar a variação composicional, textural e/ou estrutural dentro da mesma amostra. Para melhor localização destas porções no Perfil Estratigráfico I, foi feito um recorte, na escala 1:50, onde as amostras se encontram(Fig. 9.1a e 9.1b). Figura 9.1 -Recorte do Perfil Estratigráfico I na escala 1:50, com indicação da porção amostrada (em verde); a)Representaçãodas porções de amostragem de 13m e 14m; b) Representaçãoda porção de amostragem de 27m. Realizaram-se análises em microscópio petrográfico, da assembleia mineral, das paragêneses metamórficas, bem como das texturas e estruturas observadas nas lâminas delgadas. Como base para descrição e organização dos dados observados foram utilizadas fichas de descrição petrográficas para rochas metamórficas (ANEXO II), visando primeiro descrever as características em comum das lâminas da mesma amostra, para depois enfatizar as particularidades de cada lâmina. Para facilitar as descrições e melhorar a visualização da porosidade da rocha, as laminas foram impregnadas como resina azul. Na altura de 13m do Perfil Estratigráfico I (Fig. 9.1a), foi observado em campo intercalação milimétrica de areia fina à silte, com coloração cinza, e argila cinza 13A, B, C, D 14A, B, C 27-1 33 9 PETROGRAFIA Com o objetivo de auxiliar no entendimento do metamorfismo, da deformação, das estruturas e da evolução tectônica da área, foram coletadas três amostras de diferentes porções do Perfil Estratigráfico I (ANEXO I),nas seguintes alturas: 13m, 14m e 27m. A partir delas foram confeccionadas e descritas oito lâminaspetrográficas delgadas,quatro da amostra retirada em 13m, três na de 14m e uma na de 27m. Essa quantidade de lâminas por amostra foi adotada para representar a variação composicional, textural e/ou estrutural dentro da mesma amostra. Para melhor localização destas porções no Perfil Estratigráfico I, foi feito um recorte, na escala 1:50, onde as amostras se encontram(Fig. 9.1a e 9.1b). Figura 9.1 -Recorte do Perfil Estratigráfico I na escala 1:50, com indicação da porção amostrada (em verde); a)Representaçãodas porções de amostragem de 13m e 14m; b) Representaçãoda porção de amostragem de 27m. Realizaram-se análises em microscópio petrográfico, da assembleia mineral, das paragêneses metamórficas, bem como das texturas e estruturas observadas nas lâminas delgadas. Como base para descrição e organização dos dados observados foram utilizadas fichas de descrição petrográficas para rochas metamórficas (ANEXO II), visando primeiro descrever as características em comum das lâminas da mesma amostra, para depois enfatizar as particularidades de cada lâmina. Para facilitar as descrições e melhorar a visualização da porosidade da rocha, as laminas foram impregnadas como resina azul. Na altura de 13m do Perfil Estratigráfico I (Fig. 9.1a), foi observado em campo intercalação milimétrica de areia fina à silte, com coloração cinza, e argila cinza 13A, B, C, D 14A, B, C 27-1 34 escura. Aporção de granulometria mais fina se espessa para o topo e a intercalação é interrompida por uma lente conglomerática de 5cm de espessura. Associada à esta intercalação há uma laminação plano paralela contínua e milimétrica, interpretada como o acamamento sedimentar reliquiar (S0), bem como uma foliação (S1) evidenciada pela orientação de sericita e quartzo, gerando uma clivagem ardosiana. As superfícies são subparalelas, com S1 apresentando um maior ângulo de mergulho. As lâminas descritas da amostra desta porção, 13m-113-15 3A, 13m-113-15 3B, 13m-113-15 3C e 13m-113-15 3D, em geral são compostas por quartzo (60- 80%), sericita (10-30%), opacos (TR-10%), com traços de epídoto, zircão (Fig. 9.2a), monazita e/ou allanita (Fig. 9.2b). A textura das lâminas é mista, com porções lepidoblásticas e porções com textura sedimentar preservada, que é psamítica sub- arredondada com matriz fina à muito fina. A estrutura é foliada em algumas porções, porém com predomínio doacamamento sedimentar. Os grãos de quartzo são arredondados asubarredondados (Fig. 9.2c), em contato pontual a curvi-planar, com variação granulométrica (62-1500µ)com níveis finos e grossos, muitas vezes de forma gradual. Apresentam, geralmente, extinção ondulante, principalmente nos grãos maiores, os quais também apresentam frequentes fraturas intracristalinas e intercristalinas, com percolação de solução rica em Fe, inferindo um aspecto alaranjado. Nas porções de granulometria fina, em que também ocorrem sericitas e porosidade primária, podem ocorrer grãos de quartzo neoformados (novos grãos) e geração de subgrãos. Estes últimos podem ser observados nas bordas de alguns grãos de quartzo de maior granulometria e/ou nas fraturas. A sericita está intimamente associada aos interstícios dos grãos de quartzo do arcabouço, interpretadas como produto do metamorfismo da matriz original da rocha (Fig. 9.2d). Seu hábito é subédrico a anédrico, com granulometria variando de muito fina a fina (>50-170µ). Os cristais de sericita apresentam orientação preferencial, identificada a partir do contato com outros cristais de sericita, que é planar, e com os
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