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Leia o caso a seguir e responda ao que se pede: Mário, 58 anos, casado, três filhos (dois filhos e uma filha), empresário, procura o acompanhamento psicoterapêutico concomitantemente ao acompanhamento psiquiátrico, neurológico e neuropsicológico. A queixa principal está relacionada à perda das capacidades de execução de tarefas básicas do dia a dia, além de presença pontual de esquecimentos e “desconexões”. Ele chega para atendimento com sua filha caçula, Andrea, a qual relata que esses sintomas surgiram depois que a esposa faleceu há um ano devido a um infarto fulminante. De acordo com o relato de Mário, sua esposa, Socorro, era muito saudável, vaidosa e cheia de vida; ninguém poderia imaginar que isso iria acontecer. Andrea se mostra preocupada com o estado de saúde do pai, temendo que ele não suporte o sofrimento de ter perdido a esposa, mas, ao mesmo tempo, relata dificuldades dela mesma em lidar com o luto da mãe, ou seja, expressa sobrecarga em ter de cuidar do pai sozinha (já que os irmãos mais velhos estão focados nos próprios problemas) e também viver com a saudade da mãe, além dos problemas com sua própria vida, que envolvem dificuldades nos relacionamentos e com o mercado de trabalho. No momento em que busca ajuda, Mário apresenta: 1. Prejuízo pequeno no desempenho cognitivo; 2. Preocupação excessiva por não conseguir manejar todas as responsabilidades; 3. Inquietação; 4. Níveis mistos de ansiedade e humor deprimido; 5. Improdutividade laboral e labilidade afetiva (ou seja, instabilidade afetiva, podendo alternar entre alegria e melancolia); 6. Relata sentimento de vazio e espera pela morte, quando finalmente irá ver sua esposa. A partir das informações apresentadas, faça o que se pede nos itens a seguir: 1. Descreva as principais problemáticas percebidas no caso relatado. A problemática central é o trauma da perda abrupta de sua esposa com o processo de luto patológico ou luto complicado sendo vivido por Mário e sua filha. Esse luto não é somente uma reação à morte de sua esposa, mas está também relacionado à ideia de perda de vínculo, fazendo com que Mario se sinta sozinho, pois nesta idade o cônjuge pode assumir um papel central em seu círculo social, representando fator de proteção contra os sofrimentos que podem vir com a velhice. Além disso, pode estar transpassando na vida de Mário uma ‘crise’ de generatividade, que está associada ao comportamento pró-social, com a preocupação em influenciar a próxima geração, o que acarreta nessa preocupação excessiva por não conseguir manejar todas as responsabilidades, especialmente na ausência da esposa. Existe também nesse caso tensões provocadas pelo cuidar. A tarefa de cuidar de outra pessoa exige uma carga física, emocional e financeira e, para filha de Mário, a tensão emocional vem da necessidade de equilibrar o cuidado do pai com muitas outras responsabilidades de sua idade e com o luto da perda de sua mãe. Está ocorrendo um esgotamento do cuidador que, sendo filha, acaba afetando o sentido de identidade e o bem estar-emocional do pai na meia-idade. Quanto aos aspectos cognitivos, podem estar sendo influenciados não só pelo trauma psíquico, mas também pelos sinais de senescência no cérebro, diminuição da produção de neurotransmissores e pela diminuição dos fluidos neurais, fazendo com que o sague circule mais devagar pelo cérebro. 2. Para cada uma das problemáticas, defina uma ação a ser realizada. Para a problemática do cuidado com Mário, uma ação poderia ser a busca por outros arranjos, como a assistência em domicílio, uma divisão de responsabilidades entre os irmãos ou programas comunitários de apoio para prevenir o esgotamento e adiar a necessidade de colocar a pessoa dependente em uma instituição. Para a problemática psicológica, algumas ações seriam: terapia psicológica tanto para Mário quanto para seus filhos, pois o apoio emocional e acolhimento é fundamental, ajudando a promover a satisfação na vida e melhorar a saúde e o bem-estar mesmo diante do estresse e de possíveis traumas como a perda de uma pessoa amada. Nesta ação seria importante envolver toda a família, para que juntos pudessem conversar sobre aquela experiência que, de alguma forma, afeta a todos e porque na adultez dos filhos, as relações construídas devem ser de parceria e de cuidado mútuo, contribuindo, significativamente para a promoção da saúde do idoso. Outra forma de manejar a problemática do aspecto psicológico seria o engajamento em atividades sociais e produtivas como uma forma de obter apoio social e emocional, ou práticas de atividade física, possibilitando uma inserção maior na comunidade, fortalecendo vínculos de amizade e lazer. Já em relação a problemática no aspecto cognitivo, podem ser feitas ações com o intuito de mantê-lo ativo intelectualmente, exercitar o cérebro, atividades que aguçam os sentidos. 3. Eleja três profissionais, de diferentes áreas, para auxiliar no desenvolvimento das ações descritas no item anterior. Psicólogo, educador físico/fisioterapeuta e neurologista. 4. Defina formas de avaliar o andamento do plano de intervenção construído. Avaliação psicológica com testes cognitivos, entrevistas em consultas médicas e psicológicas avaliando o bem-estar físico e mental.
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