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Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente 1 Prof. Solivan Valente solivan@up.edu.br Tema 3 – Diodo semicondutor Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação 2Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor O diodo semicondutor é criado pela simples junção de um material do tipo n com um material do tipo p. No instante em que os materiais são unidos, os elétrons e as lacunas da região da junção se combinam, resultando em uma falta de portadores livres nesta região. Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. A região da junção permanece com íons positivos e negativos descobertos (que não puderam receber elétrons ou lacunas livres). Esse "esgotamento" dos portadores livres dá origem ao nome região de depleção. (= esgotamento, escassez, desaparecimento) Terminais externos metálicos para ligação do diodo ao circuito. 3Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Símbolo, tensão e corrente do diodo: A tensão 𝑉𝐷 é positiva quando tiver a polaridade indicada, e negativa quando invertida. A corrente 𝐼𝐷 é positiva quando tiver o sentido indicado, e negativa quando invertida. Ânodo A Cátodo K Material do tipo p Material do tipo n Indicação o terminal do cátodo: Faixa, letra "K", ponto "•" etc. 4Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Há muitas formas de encapsulamento e muitos tipos diferentes de diodos, para inúmeras aplicações. Fontes: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. https://www.theengineeringknowledge.com/introduction-to-diode/ https://www.theengineeringknowledge.com/introduction-to-diode/ 5Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Fonte: https://www.diverseelectronics.com/blog/The-evolution-of-diodes-a20/ https://www.diverseelectronics.com/blog/The-evolution-of-diodes-a20/ 6Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Para cada tipo de diodo, há um símbolo especial. Vamos estudar alguns deles em nossa disciplina. Veja as listas em: https://www.electrical-symbols.com/electric- electronic-symbols/diode-symbols.htm https://www.rapidtables.com/electric/electrical_s ymbols.html https://www.electrical-symbols.com/electric-electronic-symbols/diode-symbols.htm https://www.electrical-symbols.com/electric-electronic-symbols/diode-symbols.htm https://www.rapidtables.com/electric/electrical_symbols.html https://www.rapidtables.com/electric/electrical_symbols.html 7Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor O diodo pode operar em 3 condições distintas: • Sem polarização 𝑉𝐷 = 0 • Em polarização direta 𝑉𝐷 > 0 • Em polarização reversa 𝑉𝐷 < 0 Sem polarização 𝑉𝐷 = 0 Quando não há tensão aplicada, os fluxos de portadores majoritários e minoritários de um lado para o outro (tipo n ⇆ tipo p) se cancelam. Por isso, não há corrente no diodo. 8Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Polarização reversa 𝑉𝐷 < 0 Ocorre quando aplicamos uma tensão negativa sobre o diodo, ou seja, com o polo positivo no material tipo n. Nessa situação, ocorre um alargamento da região de depleção, e apenas uma corrente muito baixa circula pelo diodo. Ela é chamada de corrente de saturação 𝑰𝑺 . A corrente de saturação também é chamada de corrente reversa ou corrente de fuga (Reverse leakage current). Ela varia com a temperatura e é normalmente da ordem de alguns nano ampères (𝑛𝐴) ou pico ampères 𝑝𝐴 , exceto para diodos de alta potência. Observe que, o positivo está do lado n, e o negativo do lado p (polaridade oposta). (Reverse bias) Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. 9Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Polarização direta 𝑉𝐷 > 0 Ocorre quando aplicamos uma tensão positiva sobre o diodo, ou seja, com o polo positivo no material tipo p. Nessa situação, ocorre um estreitamento da região de depleção. (Forward bias) Observe que, o positivo está do lado p, e o negativo do lado n (mesma polaridade). À medida que a tensão aplicada aumenta em magnitude, a região de depleção fica cada vez mais estreita, até que uma avalanche de elétrons a atravessa, resultando em um aumento exponencial da corrente. Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. 10Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor A corrente 𝐼𝐷 do diodo pode ser determinada pela equação a seguir, que vale para as polarizações direta e reversa: 𝐼𝐷 = 𝐼𝑆 𝑒 Τ𝑉𝐷 𝑛.𝑉𝑇 − 1 Em que: 𝐼𝑆 corrente de saturação reversa 𝐴 𝑉𝐷 tensão de polarização do diodo 𝑉 𝑛 fator de idealidade 1 ≤ 𝑛 ≤ 2 (depende das condições de operação, da construção e de outros fatores) 𝑉𝑇 tensão térmica 𝑉 Equação de Shockley 𝑉𝑇 = 𝑘. 𝑇𝐾 𝑞 = 8,625. 10−5. 𝑇𝐾Tensão térmica Em que: 𝑘 constante de Boltzmann = 1,38.10−23 𝐽/𝐾 𝑇𝐾 temperatura absoluta em Kelvin = 273 + 𝑡𝑒𝑚𝑝 𝑜𝐶 𝑞 carga de um elétron = 1,6.10−19 𝐶 A tensão térmica (thermal voltage) é a tensão que surge no junção p-n em função da temperatura. À temperatura ambiente ela é de aproximadamente 26 𝑚𝑉. 11Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Exemplo 1: Determine a tensão térmica 𝑉𝑇 para a temperatura de 27 𝑜𝐶, que é comum para os componentes em um sistema encapsulado. A temperatura absoluta em Kelvin é: 𝑇𝐾 = 273 + 27 = 300 𝐾 Nesta temperatura, a tensão térmica é: 𝑉𝑇 = 𝑘. 𝑇𝐾 𝑞 = 1,38.10−23 . 300 1,6.10−19 = 8,625.10−5. 300 = 25,875 𝑚𝑉 𝑉𝑇 ≅ 26 𝑚𝑉 12Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Curva tensão corrente característica de um diodo de silício Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. Para facilitar a observação, as escalas dos eixos são diferentes em lados opostos da origem, na horizontal e na vertical. Para as correntes: 1𝑚𝐴 = 10−3𝐴 1𝑝𝐴 = 10−12𝐴 (1 bilhão de vezes menor) Equação de Shockley (teórica) 13Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Equação de Shockley (teórica) Em condições perfeitas, a corrente do diodo deveria seguir a linha tracejada da equação de Shockley. Porém, na prática, a curva real normalmente está deslocada. Um dos motivos é a resistência interna do "corpo" e a resistência externa de "contato" do diodo. Cada uma contribui com uma tensão adicional para o mesmo nível de corrente (lei do Ohm), deslocando a curva da corrente para a direita. Além disso, na prática a corrente reversa total é maior do que a de saturação 𝐼𝑆, por diversos fatores. 14Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Região de Ruptura ou Região Zener Se a polarização reversa tiver uma tensão negativa suficientemente alta, um efeito avalanche ocorre na junção p-n e a corrente reversa cresce rapidamente. A tensão negativa em que esse fenômeno ocorre é chamada de potencial ou tensão de ruptura 𝑽𝑩𝑽 . RegiãoZener ou Região de Ruptura Em geral, essa região de operação deve ser evitada. Mas há diodos especiais que trabalham nessa região: os diodos Zener. 𝑉𝐵𝑉 é a tensão reversa máxima que pode ser aplicada no diodo antes da entrada na região de ruptura. Ela também é chamada de: Tensão de Pico Inversa (PIV) Peak Inverse Voltage ou de Tensão de Pico Reversa (PRV) Peak Reverse Voltage. 15Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Diodos de Ge, Si e GaAs A figura representa as curvas reais de corrente de diodos de Ge, Si e GaAs comercialmente disponíveis. (não são curvas da equação de Shockley) Note as diferenças nos valores e nas escalas das tensões e das correntes, para cada tipo de semicondutor. A tensão 𝑉𝐾 é a tensão do "joelho" da curva. A letra "K" vem de knee (= joelho), em Inglês. Semicondutor Tensão de joelho 𝑽𝑲 𝑽 Ge 𝟎, 𝟑 Si 𝟎, 𝟕 GaAs 𝟏, 𝟐 1 𝑝𝐴 As tensões de ruptura variam bastante para os diodos de alta potência, podendo ser de até 20 𝑘𝑉. 16Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Exemplo 2: Utilizando as curvas do slide anterior: a) Determine a tensão em cada diodo para uma corrente de 1 𝑚𝐴. b) Faça o mesmo para uma corrente de 4 𝑚𝐴. c) Faça o mesmo para uma corrente de 30 𝑚𝐴. d) Determine o valor médio das tensões nos casos anteriores. e) Como esses valores médios se comparam com as tensões de joelho 𝑉𝐾 ? 17Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Observando as curvas, temos: a) 𝐼𝐷 = 1 𝑚𝐴 Ge: 𝑉𝐷 = 0,2 𝑉 Si: 𝑉𝐷 = 0,6 𝑉 GaAs: 𝑉𝐷 = 1,1 𝑉 b) 𝐼𝐷 = 4𝑚𝐴 Ge: 𝑉𝐷 = 0,3 𝑉 Si: 𝑉𝐷 = 0,7 𝑉 GaAs: 𝑉𝐷 = 1,2 𝑉 c) 𝐼𝐷 = 30 𝑚𝐴 Ge: 𝑉𝐷 = 0,42 𝑉 Si: 𝑉𝐷 = 0,82 𝑉 GaAs: 𝑉𝐷 = 1,33 𝑉 d) Valores médios das tensões: Ge: 𝑉𝑚é𝑑 = 0,307 𝑉 Si: 𝑉𝑚é𝑑 = 0,707 𝑉 GaAs: 𝑉𝑚é𝑑 = 1,21 𝑉 e) As tensões médias são muito próximas das tensões de joelho de cada semicondutor. Semicondutor Tensão de joelho 𝑽𝑲 𝑽 Ge 𝟎, 𝟑 Si 𝟎, 𝟕 GaAs 𝟏, 𝟐 18Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Efeitos da temperatura As mudanças de temperatura influenciam bastante o funcionamento dos semicondutores, apesar de essa influência ser diferente para cada material. Para um diodo de silício, temos três fenômenos importantes: Na região de polarização direta, a curva característica desvia-se para a esquerda a uma taxa de 𝟐, 𝟓 𝒎𝑽 por aumento de grau centígrado (ou seja, quanto mais quente, mais perto da origem). Na região de polarização reversa, a corrente reversa dobra a cada aumento de 𝟏𝟎𝒐𝑪 na temperatura. Na região de polarização reversa, a tensão de ruptura aumenta com a elevação da temperatura (ou seja, quanto mais quente, mais longe da origem). 19Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Diodo de silícioA curva azul é a referência para a temperatura ambiente, de 25𝑜𝐶. A curva pontilhada representa uma temperatura muito baixa, de −75𝑜𝐶. A curva tracejada representa uma temperatura muito alta, de 125𝑜𝐶. Observe a grande variação da corrente reversa com o aumento da temperatura. Para aplicações em alta temperatura, devemos buscar diodos de Si com 𝑰𝑺 muito baixo à temperatura ambiente (10 𝑝𝐴 ou menos). A sensibilidade em relação à temperatura, em geral, é maior nos diodos de Ge e menor nos diodos de GaAs, em relação aos diodos de Si. 20Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Diodo ideal diodo real Diodo ideal Diodo real Corrente nula 𝑰𝑫 = 𝟎 para qualquer tensão: Circuito aberto 𝑅 → ∞ Tensão nula 𝑽𝑫 = 𝟎 para qualquer corrente: Curto-circuito 𝑅 = 0 𝛺 Mas só permite corrente em um único sentido! Se observamos a curva do diodo fora da região de ruptura (normalmente evitada), notamos que um diodo ideal se comporta como um curto-circuito ou como um circuito aberto. 21Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Níveis de resistência de um diodo Quando usamos um diodo em um circuito real, a sua tensão e a sua corrente mudam ao longo da sua curva característica. Como a curva é não linear (ao contrário de um resistor, que é linear), a resistência (tensão/corrente) que o circuito "enxerga" do diodo varia bastante. Curva não linear de um diodo: resistência variável Curva linear de um resistor: resistência constante 22Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Como a relação 𝑅 = Τ𝑉 𝐼 é bastante variável em um diodo, há 3 tipos importantes de resistências que devemos considerar na sua operação: • Resistência CC (estática) • Resistência CA (dinâmica) • Resistência CA média Diodo semicondutor Fonte: https://www.indiamart.com/proddetail/ diode-19278294162.html https://www.indiamart.com/proddetail/diode-19278294162.html https://www.indiamart.com/proddetail/diode-19278294162.html 23Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Resistência CC (estática) É definida quando aplicamos uma tensão contínua (CC) ao diodo e, por isso, o seu ponto de operação na curva é sempre o mesmo. O ponto Q ou ponto quiescente (= estacionário, invariável), é o ponto estático de operação do diodo quando aplicada uma tensão CC fixa. Ponto quiescente𝑄 Quanto maior a corrente (ponto 𝑄 mais acima), menor a resistência CC do diodo. Para diodos comuns a resistência CC varia entre 10 Ω e 80 Ω. 𝑅𝐷 = 𝑉𝐷 𝐼𝐷 Ω 𝑅𝐷 24Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Exemplo 3: Determine os níveis de resistência CC do diodo de silício representado pela curva abaixo: a) Para 𝐼𝐷 = 2 𝑚𝐴 (nível baixo de corrente). b) Para 𝐼𝐷 = 20 𝑚𝐴 (nível alto de corrente). c) Para 𝑉𝐷 = −10 𝑉 (polarização reversa). 25Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Calculando, temos: a) Para 𝐼𝐷 = 2 𝑚𝐴 a curva indica 𝑉𝐷 = 0,5 𝑉: 𝑅𝐷 = 𝑉𝐷 𝐼𝐷 = 0,5 0,002 𝑅𝐷 = 250 Ω b) Para 𝐼𝐷 = 20 𝑚𝐴 a curva indica 𝑉𝐷 = 0,8 𝑉: 𝑅𝐷 = 𝑉𝐷 𝐼𝐷 = 0,8 0,020 𝑅𝐷 = 40 Ω c) Para 𝑉𝐷 = −10 𝑉 a curva indica 𝐼𝐷 = −𝐼𝑠 = −1𝜇𝐴: 𝑅𝐷 = 𝑉𝐷 𝐼𝐷 = −10 −1.10−6 𝑅𝐷 = 10 𝑀Ω 26Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Resistência CA (dinâmica) Ao aplicarmos uma tensão variável em um diodo, o seu ponto de operação na polarização direta oscila ao longo de um trecho da sua curva característica. Em geral, há um ponto fixo 𝑄 em torno do qual a operação acontece, e definimos a resistência CA (dinâmica) por dois pontos da reta tangente à curva no ponto 𝑸: Você conseguiu notar que 𝑟𝐷 é a derivada (taxa de variação) da tensão em relação à corrente? Ela é a inclinação da reta tangente no ponto 𝑸. 𝑟𝑑 = ∆𝑉𝑑 ∆𝐼𝑑 𝐴 𝐵 Note que os pontos 𝐴 e 𝐵 não estão na curva, mas na reta tangente. 𝑟𝑑 27Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Como 𝑟𝑑 é, por definição, a inclinação da reta tangente no ponto 𝑄, a derivada da equação de Shockley, combinada com a definição da tensão térmica 𝑉𝑇 nos dá uma expressão simples para determinar a resistência CA: Diodo semicondutor O fator de idealidade 𝑛 normalmente é considerado como 𝑛 = 1, exceto para valores de corrente muito baixos, próximos do joelho da curva, onde 𝑛 = 2. 𝑟𝑑 = ∆𝑉𝑑 ∆𝐼𝑑 ≅ 𝑛. 26 𝑚𝑉 𝐼𝐷 Ω Em algumas situações, precisamoslevar em conta a resistência do próprio material semicondutor (resistência de corpo) e a resistência introduzida pela conexão entre o material semicondutor e o material metálico externo (resistência de contato). Essas resistências adicionais podem ser combinadas em uma resistência 𝑟𝐵 adicional: 𝑟𝑑 ′ ≅ 𝑛. 26 𝑚𝑉 𝐼𝐷 + 𝑟𝐵 Ω A resistência adicional 𝑟𝐵 varia entre 0,1 Ω para diodos de alta potência e 2 Ω para diodos de baixa de potência e de uso geral. Entretanto, como os resistores associados aos diodos nos circuitos têm normalmente valores elevados, e como 𝒓𝑩 tende a diminuir com o avanço tecnológico dos diodos, ele normalmente pode ser desprezado 𝑟𝐵 ≅ 0 . Quanto maior a corrente (ponto 𝑄 mais acima), menor a resistência CA do diodo. Para diodos comuns a resistência CA varia entre 1 Ω e 100 Ω. 28Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Exemplo 4: Determine os níveis de resistência CA do diodo de silício representado pela curva abaixo: a) Para 𝐼𝐷 = 2 𝑚𝐴 (nível baixo de corrente). b) Para 𝐼𝐷 = 20 𝑚𝐴 (nível alto de corrente). 29Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Calculando, temos: a) Para 𝐼𝐷 = 2 𝑚𝐴 (nível baixo de corrente), usamos 𝑛 = 2: 𝑟𝑑 ≅ 𝑛. 26 𝑚𝑉 𝐼𝐷 = 2.0,026 0,002 𝑟𝑑 = 26 Ω b) Para 𝐼𝐷 = 20 𝑚𝐴 (nível alto de corrente), usamos 𝑛 = 1: 𝑟𝑑 ≅ 𝑛. 26 𝑚𝑉 𝐼𝐷 = 1.0,026 0,020 𝑟𝑑 = 1,3 Ω 30Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Resistência CA média Quando aplicamos tensões que fazem o diodo trabalhar em uma ampla faixa de corrente na região de polarização direta, a resistência CA 𝑟𝑑 pode variar bastante. Por isso, é útil determinarmos um valor médio para nos auxiliar na construção do modelo do diodo. Para isso, usamos os pontos máximo e mínimo da tensão de entrada e calculamos a resistência CA média por: 𝑟𝑎𝑣 (average) 𝑟𝑎𝑣 = ቤ ∆𝑉𝑑 ∆𝐼𝑑 𝑝𝑡. 𝑎 𝑝𝑡. Ω Ponto de tensão máxima Ponto de tensão mínima 𝐵 𝐴 Assim como para a resistência CC (𝑅𝐷) e para a resistência CA 𝑟𝑑 , a resistência CA média também diminui com o aumento da corrente. 31Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Exemplo 5: Determine a resistência CA média do diodo no trecho de operação indicado abaixo. 𝟏𝟕𝒎𝑨 𝟐𝒎𝑨 𝟎, 𝟔𝟓 𝑽 𝟎, 𝟕𝟐𝟓 𝑽 Variação da corrente no trecho: ∆𝐼𝑑 = 17 − 2 = 15 𝑚𝐴 Variação da tensão no trecho: ∆𝑉𝑑 = 0,725 − 0,65 = 0,075 𝑉 Resistência CA média no trecho: 𝑟𝑎𝑣 = ∆𝑉𝑑 ∆𝐼𝑑 = 0,075 0,015 𝑟𝑎𝑣 = 5 Ω 32Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Resumo das 3 resistências de um diodo: Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. 33Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Circuitos equivalentes (Modelos) do diodo Um circuito equivalente é uma combinação de elementos adequadamente escolhidos para representar as características reais de um dispositivo (ou sistema) em uma determinada região de operação. Esse tipo de circuito também é chamado de modelo. Em um diagrama esquemático podemos substituir o dispositivo real pelo seu modelo, e o resto do circuito não terá praticamente nenhuma mudança em seu comportamento. Há 3 modelos que podemos usar para um diodo, dependendo da precisão com que desejamos representá-lo em um circuito real: 1. Circuito equivalente linear por partes. 2. Circuito equivalente simplificado. 3. Circuito equivalente ideal. 34Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor 1. Circuito equivalente linear por partes Aproximamos a curva do diodo por segmentos de reta, usando a resistência CA média 𝑟𝑎𝑣 como inclinação na região de polarização direta. Apesar de não ser uma aproximação muito boa na região do joelho, esse modelo representa uma ótima representação do comportamento real do diodo. A fonte CC com tensão 𝑉𝐾 não é uma fonte independente (que fornece energia ao circuito); ela representa apenas o fato de que precisamos ter 𝑉𝐷 > 𝑉𝐾 para que o diodo ideal tenha polarização direta e passe a conduzir. Nessa situação, ele se comportará como um resistor 𝒓𝒂𝒗. Os valores 0,7 𝑉 e 10 Ω variam para cada semicondutor. Note que a polaridade de 𝑉𝐾 é a mesma de 𝑉𝐷. Circuito equivalente linear por partes 35Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor 2. Circuito equivalente simplificado A resistência CA média 𝑟𝑎𝑣 é, muitas vezes, bem menor que as outras resistências do circuito e, por isso, ela pode ser desprezada em diversas análises. Fazendo 𝒓𝒂𝒗 = 𝟎 obtemos o circuito equivalente simplificado, que é o mais frequentemente usado na análise de circuitos eletrônicos de baixa potência. Esse modelo considera que o diodo em polarização direta apresenta sempre uma queda de tensão fixa (𝟎, 𝟕 𝑽 para Si) para qualquer corrente circulando por ele. A fonte CC com tensão 𝑉𝐾 não é uma fonte independente (que fornece energia ao circuito); ela representa apenas o fato de que precisamos ter 𝑉𝐷 > 𝑉𝐾 para que o diodo ideal tenha polarização direta e passe a conduzir. Nessa situação, ele se comportará como um curto-circuito (resistência nula). O valor 0,7 𝑉 varia para cada semicondutor. Note que a polaridade de 𝑉𝐾 é a mesma de 𝑉𝐷. Circuito equivalente simplificado 36Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor 3. Circuito equivalente ideal Além de desprezar a resistência CA média 𝑟𝑎𝑣 por ser muito pequena em certas aplicações práticas, a tensão de joelho 𝑽𝑲 também é bem menor que a tensão aplicada sobre o diodo em muitos casos. Por isso, ela pode ser desprezada em diversas análises. Fazendo 𝒓𝒂𝒗 = 𝟎 e 𝑽𝑲 = 𝟎, o circuito equivalente reduz-se a um diodo ideal. Esse modelo é o mais frequentemente usado na análise de circuitos eletrônicos de alta potência. Nesse modelo, em polarização direta o diodo se comporta como um curto-circuito (resistência nula) e não apresenta nenhuma queda de tensão. Para conduzir, basta que a tensão 𝑉𝐷 seja levemente positiva. Circuito equivalente ideal 37Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Resumo dos circuitos equivalentes (modelos) de um diodo: Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. Mais comum na análise de sistemas eletrônicos (baixa potência). Mais comum na análise de sistemas de alimentação (alta potência). Modelo mais exato, com menor erro na representação do diodo real. 38Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Capacitâncias de Transição e de Difusão Todos os dispositivos elétricos e eletrônicos são sensíveis à frequência. Um resistor simples pode ser considerado como uma resistência constante para baixas e médias frequências mas, em altas frequências, surgem efeitos parasitas indutivos e capacitivos que afetam a impedância total do elemento. No caso dos diodos, são as capacitâncias parasitas que exercem maior efeito. Em baixas frequências o seu efeito é pequeno, e elas podem ser desprezadas. Porém, em altas frequências, elas podem alterar consideravelmente o funcionamento do diodo no circuito. Essas capacitâncias surgem porque a região de depleção (sem cargas elétricas) funciona como um isolante entre dois materiais condutores(tipo n e tipo p). Como a largura 𝑑 da região de depleção varia com a tensão aplicada (reversa ou direta), o efeito é de um capacitor variável com a tensão. Capacitor de placas paralelas: efeito semelhante ao que acontece na junção p-n de um diodo. 𝐶 = 𝜖𝐴 𝑑 𝐹 39Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Capacitância de Transição 𝑪𝑻 Capacitância de Difusão 𝑪𝑫 É predominante na região de polarização reversa. Há diodos construídos para aproveitar esse fenômeno (diodo varactor ou varicap). É predominante na região de polarização direta. Há duas capacitâncias parasitas significativas em um diodo. Ambas existem nas regiões de polarização direta e reversa, mas cada uma delas é predominante em uma dessas regiões: Os efeitos capacitivos são representados por capacitores em paralelo com o diodo ideal. Esses efeitos normalmente só precisam ser levados em conta para operações em altas frequências ou para aplicações de eletrônica de potência. 40Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Tempo de recuperação reversa Quando um diodo está em polarização direta, conduzindo uma corrente 𝐼𝐷, seria de se esperar que, ao inverter a polarização, ele deixasse de conduzir instantaneamente. Entretanto, devido à movimentação dos portadores minoritários nos materiais tipo p e tipo n, o diodo necessita de um tempo para anular sua corrente direta após ser polarizado reversamente. Esse intervalo é chamado de tempo de recuperação reversa 𝒕𝒓𝒓 , e é um parâmetro muito importante do diodo para aplicações de chaveamento de alta velocidade. 𝑡𝑟𝑟 𝑡𝑟𝑟 = 𝑡𝑠 + 𝑡𝑡 𝑡𝑠 Tempo de armazenamento. 𝑡𝑡 Intervalo de transição. Imediatamente após a inversão da polaridade, a corrente do diodo é simplesmente invertida. Ele continua se comportando como um curto-circuito e permanece com uma corrente reversa (determinada pelos parâmetros do circuito) durante o intervalo 𝒕𝒔. Em seguida, a corrente diminui até atingir o nível de não condução (corrente reversa), normalmente bem pequena. 𝑡𝑟𝑟 pode variar de alguns picossegundos 10 −12 a alguns microssegundos 10−6 . 41Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Folhas de dados do diodo Os dados de cada modelo específico de diodo são fornecidos pelos fabricantes em folhas de dados, com gráficos, tabelas e textos explicativos. Os dados mais importantes são: 1. A tensão direta 𝑽𝑭 (em corrente e temperatura específicas). 2. A corrente direta máxima 𝑰𝑭 (a uma temperatura específica). 3. A corrente de saturação reversa 𝑰𝑹 (a uma tensão e temperatura específicas). 4. A tensão reversa nominal (PIV, PRV, BV, 𝑉𝐵𝑉 ou 𝑉𝐵𝑅 "breakdown", ruptura) a uma temperatura específica. 5. O valor máximo de dissipação de potência a uma temperatura específica. Lembre-se que: 𝑃𝐷 = 𝑉𝐷 . 𝐼𝐷 𝑊 6. Níveis de capacitância. 7. Tempo de recuperação reversa 𝒕𝒓𝒓. 8. Faixa de temperatura de operação. Dados complementares também podem ser fornecidos, como frequência de operação, níveis de ruído, níveis de resistência térmica etc., dependendo da aplicação do diodo. 42Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Exemplo 6: BAY73 - Diodo de alta tensão e baixa fuga (High Voltage Low Leakage) Fonte: BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos eletrônicos e teoria de circuitos. 11 ed. São Paulo: Pearson, 2013. A Tensão de ruptura mínima de 125 V para a corrente indicada. B Larga faixa de temperatura. C Potência: 𝑃𝐷 = 𝑉𝐷. 𝐼𝐷 𝑊 Fator linear: próximo slide (a). D Próximo slide (b), escala log. E Tabela da curva do diodo, com os níveis de tensão p/ cada corrente. Próximo slide (f), 𝑟𝑑. F Variação da corrente reversa com a tensão reversa e temperatura. Próximo slide (c) e (d). G Próximo slide (e). H 𝑡𝑟𝑟 relativamente alto (diodo lento). 43Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Atenção: observe que algumas curvas são mostradas em escala logarítmica. 44Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Diodo semicondutor Teste de funcionamento do diodo em instrumentos Há 3 modos de testar o funcionamento de um diodo. Um deles utiliza um aparelho chamado traçador de curva, dedicado para essa função, mas de custo elevado. Para medidas mais rápidas e práticas, podemos usar um multímetro digital, através da sua: 1. Função de teste de diodo; ou 2. Função ohmímetro (medida de resistência) Traçador de curva do fabricante Agilent. O teste de funcionamento deve ser feito sempre com o diodo fora do circuito, ou seja, com o diodo isolado. Nunca teste um diodo que está soldado ou conectado a um circuito. IMPORTANTE! 45Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Função de teste do diodo Diodo semicondutor No multímetro, selecionamos a função teste do diodo e conectamos o diodo às pontas de prova da seguinte forma: O instrumento possui uma fonte interna de corrente de 2 𝑚𝐴 que, quando aplicada ao diodo, resulta em uma tensão de polarização direta 𝑽𝑫 que é indicada no visor. Ex. 0,67 𝑉 para um diodo de Si. Uma leitura "OL" no visor indica um diodo aberto (defeituoso). Se os terminais de conexão forem invertidos, a leitura deve ser "OL" para um diodo em bom estado. 46Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Função Ohmímetro Diodo semicondutor No multímetro, selecionamos a função de medida de resistência (Ohmímetro). A conexão do diodo às pontas de prova deve ser feita nos 2 sentidos, para avaliar a sua resistência: Polarização direta: o instrumento deve mostrar no visor uma resistência muito baixa (alguns ohms), que é a Resistência CC 𝑅𝐷 . Use uma escala de pouco ohms no multímetro. Polarização reversa: o instrumento deve mostrar no visor uma resistência muito alta, pois o diodo não deve conduzir. Use uma escala de resistência elevada no multímetro. Uma leitura muito alta em ambas as polaridades indica um diodo em circuito aberto (defeituoso). Uma leitura muito baixa em ambas as polaridades indica um diodo em curto-circuito (defeituoso). 47Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação – Eletrônica Analógica I – Prof. Solivan Valente Exercícios relacionados a este tema: 1ª Lista de Exercícios (disponível no Portal AVA) Exercícios complementares Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47
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