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POLÍTICAS SOCIAIS E LEGISLAÇÕES VOLTADAS À PESSOA IDOSA NO BRASIL Autoria: Fernanda Ludmilla Leles Manso Indaial - 2021 UNIASSELVI-PÓS 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcio Kisner Jairo Martins Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2021 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M289p Manso, Fernanda Ludmilla Leles Políticas sociais e legislações voltadas à pessoa idosa no Brasil. / Fernanda Ludmilla Leles Manso. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 106 p.; il. ISBN 978-65-5646-211-0 ISBN Digital 978-65-5646-212-7 1. Sociedade contemporânea. - Brasil. 2. Idoso no Brasil. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 362.6 Impresso por: Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 A Sociedade Contemporânea e o Idoso no Brasil e no Mundo ..................................................................................... 7 CAPÍTULO 2 As Dimensões Sociopolíticas do Envelhecimento .................. 41 CAPÍTULO 3 Questão Social e o Envelhecimento Populacional ................ 75 APRESENTAÇÃO Olá, aluno, daremos início a nossa disciplina: Políticas Sociais e Legislações Voltadas à Pessoa Idosa no Brasil! Durante seus estudos você encontrará diversas informações e atividades que abordarão fatos nacionais e internacionais relacionados aos idosos no Brasil e no mundo. O primeiro capítulo deste livro abordará a sociedade contemporânea e o idoso no Brasil e no mundo. Será realizada uma abordagem histórica e legal sobre os idosos. Além disso, estudaremos alguns assuntos relacionados ao envelhecimento fisiológico e patológico. Também serão apresentados dados estatísticos sobre o envelhecimento no Brasil e as medidas a serem tomadas para estimular o envelhecimento ativo e saudável. Essa e outras questões serão debatidas no decorrer do curso. Nesse sentido, logo em seguida, no Capítulo 2 da nossa disciplina, abordaremos as dimensões sociopolíticas do envelhecimento. Serão expostos o plano de ação internacional para o envelhecimento e as políticas sociais brasileiras no campo do envelhecimento. Em contrapartida serão apresentadas algumas legislações: a Lei nº 8.842, conhecida como a política nacional do idoso. Ela é de grande importância porque assegura os direitos sociais dos idosos, promovendo sua autonomia e maior participação na sociedade. A Lei nº 10.741, que trata sobre o Estatuto do Idoso e garante os direitos humanos fundamentais aos idosos; e a Lei nº 1.395, regulamentada pela Portaria nº 2.528, que define como diretrizes a promoção do envelhecimento ativo e saudável, conforme recomendado pela Organização das Nações Unidas. Esses assuntos serão aprofundados no Capítulo 3. Finalizaremos a disciplina abordando a retrospectiva das legislações relacionadas à pessoa idosa, desde a Constituição Federal de 1988 até a PNSPI (Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa), que tem por objetivo principal a recuperação, a manutenção e a promoção da independência e autonomia do idoso, criando medidas coletivas e individuais voltadas à saúde em conjunto com os princípios e diretrizes estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Apresentaremos o Estatuto do Idoso e seus principais pontos na garantia dos direitos dos idosos no Brasil. Por último, veremos alguns tópicos sobre os direitos sociais e a cidadania da pessoa idosa; o envelhecimento precisa ser visto de forma global, abrangendo os aspectos socioeconômicos, políticos e culturais, uma vez que possui características que alteram as mudanças físicas e fisiológicas individuais. Assim, construir políticas e meios para a inclusão social desta população implica garantir a qualidade de vida, saúde e cidadania. Vamos iniciar nossa leitura? Aguardamos sua participação nas atividades que estarão disponíveis no decorrer do curso! Bons estudos! CAPÍTULO 1 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E o IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Estudar temas globais vinculados ao envelhecimento. Obter uma visão global sobre os diferentes aspectos relacionados ao envelhecimento patológico e fi siológico. Desenvolver estudos e refl exões sobre a questão do envelhecimento e da velhice nas suas multidimensionalidades. 8 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil 9 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Nossa disciplina será dividida em três capítulos, sendo o primeiro “A sociedade contemporânea e o idoso no Brasil e no mundo”, subdividido em duas seções: “O processo de organização social do idoso: antecedentes históricos, confi guração atual e perspectivas” e “O processo de envelhecimento entre o fi siológico e o patológico: senescência x senilidade”. No decorrer do capítulo, estudaremos o conceito de envelhecimento e os fatores que infl uenciam no envelhecimento ativo e saudável. Atualmente, o número de idosos no Brasil vem crescendo em grande escala e, com isso, é necessária uma maior atenção para este grupo, principalmente no setor da saúde. O envelhecimento é um processo natural e, portanto, um dia, a maioria de nós, fará parte do grupo da “terceira idade”. Já parou para refl etir como será nosso sistema de saúde nos próximos anos? Será que as políticas de atenção aos idosos são o sufi ciente para abranger todos os direitos dessa população? Para responder a esses questionamentos é necessário relembrar as políticas e as conquistas adquiridas pelos idosos no decorrer dos anos. Esses assuntos estudaremos no decorrer do livro, para que você possa compreender a importância do idoso na sociedade. Veremos neste capítulo alguns pontos fundamentais relacionados ao envelhecimento fi siológico e patológico. Senescência X senilidade: é de conhecimento dos profi ssionais da saúde que a prevenção e a promoção da saúde é a melhor forma para se evitar doenças. Muitos idosos no Brasil possuem algum tipo de doença crônica, como hipertensão e diabetes. A maioria dessas doenças acontece por conta do estilo de vida de cada um e da exposição aos fatores de risco. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre essas doenças e como elas são responsáveis por diversas mortes em todo o mundo. Nesse sentido, em todo o mundo, a população de idosos vem aumentando signifi cativamente, gerando ao decorrer dos anos vários estudos, debates e discussões para a criação e o aprimoramento de políticas públicas voltadas a essa parcela da população. 10 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil 2 O PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO SOCIAL DO IDOSO: ANTECEDENTES HISTÓRICOS, CONFIGURAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS O processo de envelhecimento não deve ser considerado apenas pela ótica cronológica (idade), mas também é necessário que seja visto através de outros aspectos relacionados ao caráter social da velhice. Alcançar a terceira idade constitui uma das maiores conquistas da atualidade. Poder chegar a uma idade avançada é comum nos dias atuais e, em contrapartida, várias sociedades atribuem valores relacionados à capacidade e à valorização do trabalho para a independência e a autonomia funcional. Em uma sociedade que visa o poder e o lucro,o idoso por diversas vezes é considerado como um atraso no desenvolvimento, não se levando em consideração toda a contribuição que forneceu para a sociedade, principalmente na produção de bens, serviços e conhecimento. Devido a essas difi culdades enfrentadas na sociedade, vários idosos não aceitam a própria idade para fazerem parte de grupos mais jovens. Esse comportamento, em resumo, leva ao não enfrentamento da velhice. Ser jovem e ativo é o desejo de todos que estão envelhecendo, porém é necessário possuir consciência da idade, aceitando-a e vivendo-a inteiramente. A exclusão social esteve presente na realidade de muitos idosos durante a sua trajetória de vida, porém essa exclusão se acentua ainda mais na velhice. Tais condições refl etem de forma negativa ao se crer que na única fase que os idosos acreditavam alcançar respeito e reconhecimento, tornam-se vítimas de um sistema arbitrário e excludente. Dessa forma, para que as causas negativas da velhice sejam atenuadas, torna-se essencial o reconhecimento da representação dos idosos perante a sociedade e seu papel social. Esse papel foi defi nido por costumes e ações originários na cultura e também no contexto histórico em que está inserido. Nesse contexto, a função social exigida aos idosos foi imposta e construída de forma cultural. A construção social das gerações se concretiza através do estabelecimento de valores morais e expectativas de conduta para cada uma delas, em diferentes etapas da história (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012). Segundo Moragas (1991), o idoso no decorrer de sua vida sofreu o processo de socialização, o integrando na sociedade e aos costumes da ética, moral e da cultura. O processo de socialização ocorre constantemente, pois os sujeitos 11 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 se adaptam às novas condições que são apresentadas ou impostas. Assim, a socialização não se reduz apenas às fases iniciais do desenvolvimento humano. A sociologia do envelhecimento tem seu surgimento na necessidade de sustentar a integração do idoso na sociedade, admitindo que a idade não é fator condicionante da capacidade ou não da execução de papéis sociais defi nidos (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012). Frente ao exposto, a sociologia do envelhecimento tem por objetivo buscar a manutenção do processo de socialização do idoso, inserindo-o ao seu meio social, defi nindo seu papel e destacando a importância dessa parcela da população dentro da sociedade. Entretanto, para que isso se efetive, é preciso que preconceitos e tabus relacionados à velhice sejam superados, pois a sociedade apresenta uma certa intolerância social relacionada ao idoso. A velhice é considerada um problema social, o qual não é apenas de agora e, por isso, demanda ações emergenciais. O número de idosos vem crescendo rapidamente e essa situação refl ete na demanda de mais recursos fi nanceiros para este segmento, além de uma organização social que possibilite a aceitação do idoso, visto que o processo de envelhecimento é natural. O grande número de idosos refl ete diretamente no Estado, o qual precisa manter e criar condições mínimas para a conservação da vida para essa população. Dessa forma, o envelhecimento é percebido como um “risco” à economia, pois causa novos gastos, principalmente com a manutenção da previdência (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012). Silva e Yazbek (2014) afi rmam que a expectativa de vida da população apresenta-se como uma grande conquista na sociedade, pois a velhice começou a ser interpretada como uma realidade e fenômeno crescente no mundo inteiro, sendo que este fato vem chamar a atenção e pressionar as agendas governamentais para que possam assumir medidas para atender à pessoa idosa e suas necessidades. A velhice não deverá mais ser interpretada como uma eventualidade, como era no passado, mas sim como um processo natural da vida. O ajuste da agenda pública do Estado no caminho do enfrentamento de diversos desafi os enfrentados pelos idosos eleva a compreensão do conceito de proteção social a um outro nível, ou seja, além da cobertura dos riscos sociais, mas que visa ações constantes de sustentabilidade e autonomia. Essa agenda deverá conter, entre outras diretrizes, a implementação de políticas que permitam o processo de envelhecimento mais digno e saudável, políticas que incentivem a promoção do envelhecimento ativo e qualidade de vida, execução de programas e políticas que levem à promoção e inserção para todos os idosos na sociedade (SILVA, 2016). A sociologia do envelhecimento tem seu surgimento na necessidade de sustentar a integração do idoso na sociedade, admitindo que a idade não é fator condicionante da capacidade ou não da execução de papéis sociais defi nidos (SCORTEGAGNA; OLIVEIRA, 2012). 12 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, ao criar as agendas para o Plano Plurianual (PPA 2012/2015), cita que: As políticas voltadas para a promoção, proteção e defesa dos direitos das pessoas idosas são transversais a várias áreas de governo. Pela mesma razão, os compromissos do governo federal com o atendimento dessa população estão dispersos em diversos programas temáticos do PPA 2012/2015, em especial o Programa de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos e também no âmbito da seguridade social, da mobilidade urbana, do trabalho e emprego, da acessibilidade e da educação (BRASIL, 2013). Dessa forma, percebemos que as ações abrangem diversas políticas e entes administrativos demonstrando o interesse em reestruturar a agenda pública com o objetivo de acolher e atender às necessidades da pessoa idosa. Diversas difi culdades estão envolvidas no processo do envelhecimento e se apresentam como refl exos da questão social no contexto de modernização do Estado, demonstrando as falhas do desenvolvimento capitalista, que ocasionam desigualdades e concentram os privilégios. Com isso, o processo de envelhecimento da população é abordado como problema social e não como conquista para a sociedade. É necessário que o Estado reestruture suas ações destinadas aos idosos (SILVA, 2016). FIGURA 1 – ENVELHECIMENTO BRASILEIRO FONTE: <https://www.otempo.com.br/brasil/populacao-de-idosos- sera-o-triplo-em-2050-1.351486>. Acesso em: 22 ago. 2020. 13 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 O direito de envelhecer com qualidade e dignidade é o alicerce do sistema de proteção e segurança social, sendo rodeado de desafi os relativos às condições de sustentabilidade dos idosos. É importante assegurar os direitos dessa população na sociedade e reorganizar o sistema de saúde para atender ao aumento da demanda que surgirá nos próximos anos. FIGURA 2 – EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER NO BRASIL 14 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil FONTE: <http://estudio.folha.uol.com.br/educacao-em-seguros/2016/10/1827431- desafi os-economicos-da-longevidade.shtml>. Acesso em: 22 ago. 2020. Conforme apresentado na Figura 2, a expectativa de vida no Brasil, para as próximas décadas, terá um grande aumento, sendo necessárias cada vez mais medidas políticas e sociais que visam garantir a permanência dessa população na sociedade. Haverá uma maior demanda nas políticas da saúde e previdência social. Dessa forma, o envelhecimento da população nos leva a uma refl exão sobre a maneira que as pessoas idosas vivem e o que pode ser feito para que, além da longevidade, haja qualidade de vida em saúde. Em todo o mundo há a necessidade de medidas que visam auxiliar os idosos a se manterem mais saudáveis e ativos o máximo de tempo possível. Diversos termos são usados para descrever o processo de envelhecimento, tais como: envelhecimento bem-sucedido, envelhecimento saudável e, mais recentemente, o termo envelhecimento ativo, proposto pela Organização Mundialda Saúde. O processo de envelhecimento saudável apresenta um conceito mais amplo do que apenas a ausência de doença, assim, considerado como um meio de adaptação às diversas mudanças que acontecem no decorrer da vida, permitindo aos idosos seu bem-estar físico e mental (VALER et al., 2015). Diversos termos são usados para descrever o processo de envelhecimento, tais como: envelhecimento bem-sucedido, envelhecimento saudável e, mais recentemente, o termo envelhecimento ativo, proposto pela Organização Mundial da Saúde. O processo de envelhecimento saudável apresenta um conceito mais amplo do que apenas a ausência de doença, assim, considerado como um meio de adaptação às diversas mudanças que acontecem no decorrer da vida, permitindo aos idosos seu bem-estar físico e mental (VALER et al., 2015). 15 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 FIGURA 3 – UM MUNDO MAIS VELHO FONTE: <https:bbcnewsbrasil/photos/a.305083412815/10156427 488187816/?type=3&theater>. Acesso em: 22 ago. 2020. No aspecto global, o ano de 2019 foi um marco para o processo de envelhecimento. Pela primeira vez no mundo, o número de idosos com mais de 65 anos de idade ultrapassou o número de crianças de 0 a 4 anos. Essa proporção afi rma o que diversos estudos vêm demonstrando há décadas: as pessoas estão vivendo mais e tendo menos fi lhos. Segundo alguns dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística) (2019): A expectativa de vida dos brasileiros aumentou em 3 meses e 4 dias, de 2017 para 2018, alcançando 76,3 anos. Desde 1940, já são 30,8 anos a mais que se espera que a população viva. Para as mulheres, espera-se maior longevidade: 79,9 16 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil anos. Já a expectativa de vida ao nascer para os homens fi cou em 72,8 anos em 2018. [...] essa diferença, chamada de “sobremortalidade masculina”, é mais acentuada conforme a faixa etária. Um homem de 20 a 24 anos tinha, em 2018, 4,5 vezes menos chances de chegar aos 25 anos do que uma mulher (IBGE, 2019). Esse fenômeno pode ser explicado por causas externas, não naturais, que atingem com maior intensidade a população masculina. Em 1940, não havia essa discrepância evidente entre os sexos nos grupos mais jovens. A partir de meados da década de 1980 as mortes associadas às causas externas passaram a desempenhar um papel de destaque. É um fenômeno proveniente da urbanização e inclui homicídios, acidentes de trânsito e quedas acidentais, entre outros (IBGE, 2019). Você poderá obter mais informações sobre o crescimento da população idosa acessando o link a seguir: encurtador.com.br/ xyW78. Com o aumento do envelhecimento, é necessário o avanço na formação de novos conhecimentos médicos que estudam o processo do envelhecimento. Os estudos relacionados à Geriatria e Gerontologia trazem diversas informações sobre esse tema. Você sabe o conceito desses dois termos? A geriatria é considerada uma ciência que estuda os problemas de saúde do idoso, voltada à prevenção e ao tratamento de doenças. Esse termo foi usado pela primeira vez em 1909 por Ignaz L. Nascher, médico norte-americano, sendo a geriatria defi nida como uma ampla especialidade que possuía como foco o tratamento das doenças que acometem o idoso, visto que a saúde desse grupo é estipulada pelo nível de dependência funcional e não apenas pela presença de uma determinada doença (FREITAS et al., 2002). Com isso, o maior desafi o da geriatria está na prevenção, no tratamento e no cuidado dos idosos que possuem problemas comuns à idade avançada como: imobilidade, instabilidade, incontinência, insufi ciência cerebral e prejuízos para a independência funcional. Entretanto, a geriatria por si só não conseguia atender a todos os problemas comuns aos idosos além dos relacionados à saúde e doença, pois o processo de envelhecimento engloba outros fatores. A Gerontologia, no início do século XX, passou a compreender esse processo 17 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 de envelhecimento do idoso de forma global. Ela visa compreender os aspectos sociais, psicológicos e biológicos do envelhecimento. Esse termo foi utilizado por Élie Metchnikoff, em 1903, e signifi ca o estudo científi co do processo de envelhecimento e os vários problemas que envolvem a pessoa idosa (FREITAS et al., 2002). Tanto a geriatria quanto a gerontologia abrangem profi ssionais especializados ao tratamento da velhice, sendo esta compreendida como o processo de mudanças que ocorrem no corpo humano em relação a sua cronologia. Assim, é necessário preparar profi ssionais para a assistência desse grupo e os especialistas precisam trabalhar e identifi car as questões do envelhecimento, não as separando dos aspectos sociais, psicológicos e culturais em que cada idoso está inserido. Existem em nosso país algumas organizações sociais que foram criadas para divulgação e apoio aos idosos. Dentre elas, temos: • Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, fundada em 16 de maio de 1961, sem fi ns lucrativos, tem por objetivo englobar profi ssionais de nível superior que se interessam pela área da Geriatria e Gerontologia, apoiando o desenvolvimento científi co e capacitações na área do envelhecimento. • Associação Nacional de Gerontologia do Brasil (ANG BRASIL), fundada em 18 de outubro de 1985, é de natureza técnico- científi ca, sem fi ns lucrativos e tem por objetivo defender a concretização da Política Nacional do Idosos, Estatuto do Idoso, entre outras legislações relacionadas à pessoa idosa. • A Confederação Brasileira de Aposentados (COBAP), criada em 1985, sem fi ns lucrativos, representa, em âmbito nacional, as entidades de trabalhadores aposentados e pensionistas do país. Tem por objetivo proteger os interesses e os direitos dos idosos. Realiza a promoção de estratégias para defender os assuntos de interesse desse grupo. Ganhou maior visibilidade durante a Assembleia Nacional Constituinte ao reivindicar a melhoria dos benefícios previdenciários e propiciar maior visibilidade às demandas dos idosos. • Além disso, podemos citar o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDI). Criado em 13 de maio de 2002, é considerado um órgão superior de natureza e deliberação colegiada, permanente, paritário e deliberativo, integrante da estrutura regimental do Ministério dos Direitos Humanos. 18 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil O CNDI tem como objetivo acompanhar a aplicação do Estatuto do Idoso, da PNI e dos demais atos normativos relacionados ao atendimento do idoso. Entre suas competências, destacam- se: a) estimular a ampliação dos mecanismos de participação e controle social; b) apoiar os Conselhos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais dos Direitos do Idoso, os órgãos estaduais, municipais e entidades não governamentais; c) acompanhar a elaboração e a execução da proposta orçamentária da União; d) promover a cooperação entre os governos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e a sociedade civil organizada na formulação e execução da política nacional de atendimento dos direitos do idoso; entre outras (SOUZA; MACHADO, 2018, p. 3191). O CNDI tem caráter paritário, sendo composto por 14 membros do Poder Executivo e 14 da sociedade civil. Além da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), integram o Conselho os seguintes ministérios: Justiça; Relações Exteriores; Trabalho e Emprego; Educação; Saúde; Cultura; Esporte; Turismo; Cidades; Ciência e Tecnologia; Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Previdência Social; Planejamento, Orçamento e Gestão. Já os membros da sociedade civil devem pertencer a entidades civis organizadas, com atuação na promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa. De acordo com o Regimento do CNDI, considera-se organização da sociedade civil a entidade de direito privado sem fi ns lucrativos, de interesse e/ou de utilidade pública que tenha atuação no âmbito nacional, com representação em no mínimo cinco unidades da federação e três regiões. FONTE: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1413-81232018001003189>. Acesso em: 22 ago. 2020. Analise as questões a seguir relacionadas ao tema envelhecimento para fi xar o conteúdo. 19 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 1 O envelhecimento da população é uma tendência em vários países, especialmente os desenvolvidos. As afi rmativas a seguir correspondem a possíveis consequências dessa transformação demográfi ca, EXCETO: FONTE: <https://exercicios.mundoeducacao.uol.com.br/exercicios- geografi a/exercicios-sobre-envelhecimento-populacional-previdencia. htm#resposta-3960>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Adaptação do mercado às necessidades da crescente população idosa. b) ( ) Redução do número de jovens no mercado de trabalho. c) ( ) Necessidade de importar mão de obra imigrante. d) ( ) Redução das despesas governamentais, como a previdência social e a saúde. e) ( ) Reorganização dos arranjos familiares para adaptar-se ao aumento da população idosa. 2 A análise da atual pirâmide etária brasileira permite afi rmar que houve um estreitamento da base e um alargamento do topo, demonstrando: I. A diminuição das taxas de natalidade. II. O aumento das taxas de mortalidade infantil. III. O aumento da expectativa de vida. IV. O aumento das taxas de fecundidade. Estão corretas: a) ( ) I e II. b) ( ) I e III. c) ( ) I e IV. d) ( ) II e III. e) ( ) II e IV. 3 Conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1950, existiam 250 milhões de indivíduos com mais de 60 anos no planeta. Esse número quase triplicou até o ano 2000, somando 606 milhões de pessoas. Esse aumento contínuo e expressivo do número de idosos no mundo deve-se a vários fatores, EXCETO: 20 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil FONTE: <https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios- geografi a/exercicios-sobre-envelhecimento-populacional. htm#questao-3>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Hábitos de vida mais saudáveis, como a prática de atividade física. b) ( ) Melhoria na qualidade de vida da população idosa. c) ( ) Avanços da medicina e da produção de medicamentos. d) ( ) Acompanhamento médico e cuidados com a alimentação. e) ( ) Diminuição da expectativa de vida. 4 Um fato marcante para as sociedades atuais é o processo de envelhecimento populacional, observado em todos os continentes. De acordo com o manual do Ministério da Saúde, “Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento”, é INCORRETO afi rmar: FONTE: <https://www.estudegratis.com.br/questoes-de-concurso/materia/ enfermagem/assunto/saude-do-idoso&pg=3>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Envelhecimento populacional é defi nido como a mudança na estrutura etária da população. No Brasil, é considerada idosa a pessoa que tem 60 anos ou mais de idade. b) ( ) É função das políticas públicas de saúde contribuir para que mais pessoas alcancem idades avançadas, com o melhor estado de saúde possível, em que o envelhecimento ativo e saudável seja o principal objetivo. c) ( ) Os agravos decorrentes das doenças crônicas não transmissíveis têm sido as principais causas de óbito da população idosa. d) ( ) O Brasil projeta-se para um perfi l demográfi co cada vez mais envelhecido, fenômeno que implicará na necessidade de adequações das políticas sociais, particularmente daquelas voltadas para atender às crescentes demandas nas áreas da saúde, previdência e assistência social. e) ( ) No Estatuto do Idoso, considerado uma das maiores conquistas sociais da população idosa em nosso país, é assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde, o SUS, mas isso não lhe garante ter o acesso universal e igualitário, para prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde dessa população. 21 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 5 As tendências de queda nas taxas de natalidade em conjunto com o aumento da expectativa de vida têm provocado outro signifi cativo fator da dinâmica populacional. Que fator é esse? a) ( ) Aumento das taxas de mortalidade. b) ( ) Diminuição da densidade demográfi ca. c) ( ) Crescimento vegetativo acelerado. d) ( ) Envelhecimento da população. e) ( ) Redução da população relativa. 6 O envelhecimento da população está mudando radicalmente as características da população da Europa, onde o número de pessoas com mais de 60 anos deverá chegar nas próximas décadas a 30% da população total. Graças aos avanços da medicina e da ciência, a população está cada vez mais velha. Isso ocorre em função do: FONTE: <https://exercicios.brasilescola.uol.com.br/exercicios- geografi a/exercicios-sobre-declinio-crescimento-populacional. htm#questao-4>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Aumento da longevidade e do crescimento vegetativo. b) ( ) Aumento da natalidade e diminuição da longevidade. c) ( ) Crescimento vegetativo e aumento da taxa de natalidade. d) ( ) Declínio da taxa de mortalidade e diminuição da longevidade. e) ( ) Declínio da taxa de natalidade e aumento da longevidade. Após essa primeira abordagem, estudaremos a seguir o envelhecimento fi siológico e patológico. Vamos lá? 3 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO ENTRE O FISIOLÓGICO E O PATOLÓGICO: SENESCÊNCIA X SENILIDADE Você já ouviu falar no envelhecimento ativo (saudável) e o patológico? Como os idosos podem de forma saudável envelhecer? Quais as medidas que o governo vem implantando para mudar a realidade da saúde dos idosos? Esses questionamentos e outros pontos veremos a seguir. 22 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil Primeiramente, conheceremos o conceito das terminologias: senescência e senilidade. O processo de envelhecimento é natural e ocasiona diversas mudanças inevitáveis relacionadas à idade. Dentre as muitas defi nições de envelhecimento, temos que este é: Um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2003, p. 30). Considerando os aspectos fi siológicos, o processo de envelhecimento se inicia na segunda década de vida, mesmo que de forma imperceptível. Ao fi nal da terceira década de vida se inicia o surgimento das primeiras alterações funcionais e estruturais e, a partir da quarta década, existe uma perda de aproximadamente 1% das funções fi siológicas ao ano (CIOSAK et al., 2011). O envelhecimento fi siológico do ser humano é universal e atinge a todos que chegam na velhice. As alterações consideradas normais e fi siológicas desse processo são chamadas de senescência. Dentre essas alterações, podemos citar: leve perda da audição, visão e memória. A senescência, também conhecida como envelhecimento primário, atinge todos os indivíduos em sua fase pós-reprodutiva. Essa forma de envelhecimento atinge de maneira crescente o corpo humano e de forma acumulativa. As pessoas que atingem esse estado estão expostas a diversas infl uências dos fatores determinantes para o envelhecimento, como exercícios físicos, alimentação saudável, estilo de vida e educação (BIRREN; SCHROOTS, 1996). Sendo o oposto da senescência, a senilidade é caracterizada pelo processo patológico do envelhecimento. Essas patologias (doenças) são as mais comuns que surgem com o envelhecimento. Dentre elas, podemos citar: doença de Alzheimer, cardiopatias e câncer. A senilidade, também conhecida como envelhecimentosecundário, trata- se de doenças que não se confundem com o processo de envelhecimento normal. Essas patologias são variáveis e apresentam sintomas clínicos, em que estão incluídos os efeitos das doenças e do ambiente (SPIRDUSO, 2005). O autor supracitado ainda afi rma que embora as causas do envelhecimento primário e secundário sejam distintas, ambas se interagem fortemente. O estresse no ambiente e as diversas doenças O envelhecimento fisiológico do ser humano é universal e atinge a todos que chegam na velhice. As alterações consideradas normais e fisiológicas desse processo são chamadas de senescência. Dentre essas alterações, podemos citar: leve perda da audição, visão e memória. A senilidade, também conhecida como envelhecimento secundário, trata-se de doenças que não se confundem com o processo de envelhecimento normal. Essas patologias são variáveis e apresentam sintomas clínicos, em que estão incluídos os efeitos das doenças e do ambiente (SPIRDUSO, 2005). 23 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 podem causar aceleração dos processos básicos do envelhecimento, tornando o idoso mais frágil e susceptível a adoecer. Por último, temos o envelhecimento terciário ou terminal. Este é caracterizado por grandes perdas físicas e mentais, acarretadas pelo grande acúmulo dos efeitos do envelhecimento e das patologias dependentes da idade (BIRREN; SCHROOTS, 1996). Para tanto, durante o envelhecimento, é necessário compreender os tipos de idades nesse processo. A idade cronológica é aquela que ordena o indivíduo de acordo com a data de seu nascimento, já a biológica é caracterizada pelo corpo humano conforme as condições fi siológicas do desenvolvimento. A idade psicológica é aquela evidenciada pelo desempenho humano e desenvolvimento da atividade mental. Por fi m, a idade social é evidenciada pelas estruturas organizacionais de uma sociedade, cada pessoa poderá variar de jovem a idoso em diferentes sociedades (FECHINE; TROMPIERI, 2012). Tanto a senescência quanto a senilidade exigem intervenções dos profi ssionais de saúde, com ações voltadas para essa parcela da população. Um dos maiores desafi os na atenção aos idosos é contribuir, mesmo apesar das alterações progressivas e limitações, para que esta população possa descobrir as possibilidades de viver a sua vida com qualidade. Essa possibilidade cresce quando a sociedade valoriza a pessoa idosa, pois grande parte das difi culdades encontradas pelos idosos está relacionada à desvalorização e limitação imposta pela sociedade (CIOSAK et al., 2011). Para complementar nosso estudo sobre o processo do envelhecimento, a seguir estaremos abordando as principais teorias do envelhecimento. Você conhece essas teorias? Elas auxiliam na explicação sobre como o envelhecimento ocorre. Teoria do Envelhecimento Programado Esta teoria explica o envelhecimento unicamente através de fatores genéticos, ou seja, a velocidade com que uma espécie envelhece é predeterminada por seus genes, ou se preferirmos, os genes determinam quanto tempo as células viverão. Os defensores dessa teoria acreditam que as células do nosso organismo estão geneticamente programadas para morrer após um certo número de divisões celulares (mitose). Atingido esse número seria então desencadeado o processo de morte, cujo momento estaria ligado à idade biológica, variando assim entre as diversas espécies. 24 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil À medida que as células morrem, os órgãos começam a apresentar um mau funcionamento e, fi nalmente, não conseguem manter as funções biológicas necessárias para a manutenção da vida. Teoria dos Radicais Livres Atualmente, esta será uma das melhores teorias explicativas do envelhecimento. A teoria dos radicais livres surgiu em 1954, com o Dr. Denham Harmon, que propôs que as células envelhecem em consequência de danos acumulados devido às reações químicas que ocorrem no interior das células. Durante essas reações, são produzidas toxinas denominadas radicais livres. Radicais livres são substâncias tóxicas que possuem um número ímpar de elétrons e que, por isso, procuram ligar- se a outras moléculas para emparelhar o seu elétron livre, acabando por danifi car as células. Dessa forma, os radicais livres oxidam praticamente tudo, possuindo também a capacidade de gerar novos radicais livres. Nessa busca desenfreada por novos parceiros, os radicais livres destroem enzimas e atacam células, causando nelas sérios danos estruturais, cuja consequência será o seu mau funcionamento e morte. A teoria é assegurada pelas inúmeras evidências científi cas de que os radicais livres estão envolvidos praticamente em todas as doenças típicas da idade, como a arteriosclerose, as doenças coronárias, a catarata, o cancro, a hipertensão, as doenças neurodegenerativas, entre outras. FONTE: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/ TL0097.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2020. Dando continuidade ao nosso estudo, vamos analisar as informações no quadro a seguir: QUADRO 1 – TENDÊNCIAS GERAIS DO ENVELHECIMENTO PARA A INTELIGÊNCIA E OUTRAS ÁREAS ESPECÍFICAS DO FUNCIONAMENTO COGNITIVO Aptidão Sentido da mudança no envelhecimento Comentário Inteligência - Vocabulário, fundo de conhecimento - Estável ou crescente - Pode declinar ligeiramente em idade muito avançada; mais pronunciado em tarefas novas. 25 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 FONTE: <http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/04/o- processo-de-envelhecimento.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2020. Assim, as alterações que ocorrem na parte cognitiva surgem com o avançar da idade. Essas alterações estão relacionadas a três recursos fundamentais: a diminuição da velocidade de processamento da informação, a memória de trabalho e a capacidade sensorial e de percepção (CANCELA, 2007). Dentre essas alterações cognitivas, a diminuição da velocidade do processamento das informações é defi nida como a queda dos componentes mentais que afetam a atenção, a memória e a tomada de decisões. A memória de trabalho é relacionada ao acúmulo a curto prazo e à manipulação de informações presentes na memória consciente, como as recordações. Já com relação à capacidade sensorial e de percepção, podemos citar alterações na visão, audição, no sistema nervoso central e a capacidade diminuída para realizar as atividades Capacidades perceptivo- motoras - Em declínio - O declínio começa pelos 50 - 60 anos. Atenção - Campo de atenção - Atenção complexa - Estável a declínio ligeiro - Declínio ligeiro - Problemas em dividir a atenção, fi ltrar ruído, deslocar a atenção. Linguagem - Comunicação - Sintaxe, conhecimento de palavras - Fluência, nomeação - Compreensão - Discurso - Estável - Estável - Declínio ligeiro - Estável a declínio ligeiro - Variável - Na ausência de défi cit sensorial. - Varia com o grau de instrução. - Lapsos ocasionais em encontrar palavras. - Mensagens complexas difi cultam mais. - Pode ser mais impreciso, repetitivo. Memória - Curto prazo (imediata) - De trabalho - Secundária (recente) - Implícita - Remota - Estável a declínio ligeiro - Declínio ligeiro - Declínio moderado - Estável a declínio ligeiro - Variável - Aptidão diminuída para manipular informação na memória de curto prazo. - Défi cit de codifi cação e recuperação. - Pode recordar mais facilmente características incidentais do que informação consciente. - Intacta para aspectos mais importantes da história pessoal. Visuoespacial - Copiar desenhos - Orientação topográfi ca - Variável - Em declínio - Intacta para fi guras simples, mas não para complexas. - Mais notável em terreno familiar. Raciocínio - Resolução de problemas - Raciocínio prático - Em declínio - Variável - Alguma redundância e desorganização. - Intacto para situações familiares. Funções Executivas- Declínio ligeiro - Planeamento / monitorização menos efi ciente de comportamentos complexos. Velocidade - Em declínio - Lentifi cação do pensamento e da ação é a mudança mais constante no envelhecimento. 26 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil de vida diária (CANCELA, 2007). Das alterações orgânicas e fi siológicas, podemos citar: as cardiovasculares, respiratórias, gastrointestinais, do sistema nervoso central e musculoesquelética. Veja o quadro a seguir: QUADRO 2 – ENVELHECIMENTO DOS PRINCIPAIS SISTEMAS FISIOLÓGICOS Sistema Alterações anatômicas Alterações funcionais Repercussão Sistema cardiovascular Miocárdio Hipertrofi a ventricular Disfunção diastólica (alteração do relaxamento ventricular) Endocárdio Valvulopatia degenerativa Degeneração aórtica Degeneração mitral Sistema de condução Fibrose e substituição dos feixes de condução nervosa intracardíacos Distúrbios na formação e/ ou condução do estímulo cardíaco Artérias Aterosclerose Insufi ciência arterial Veias Varizes Insufi ciência venosa Sistema respiratório Parede torácica Enrijecimento da parede torácica Redução da complacência da parede torácica Musculatura respiratória Sarcopenia Redução de 25% na força da musculatura respiratória Brônquios / Bronquíolos Redução do clearance mucociliar Aumento da aspiração orotraqueal e da colonização por bactérias gram-negativas Aumento de colágeno anormal Redução da complacência pulmonar Alvéolos Adelgaçamento da parede alveolar com dilatação dos ductos e alvéolos Redução da superfície respiratória pela destruição dos septos alveolares Sistema gênito-urinário Rins Esclerose glomerular progressiva e redução da massa tubular Redução progressiva do fl uxo sanguíneo renal: 1% por ano após os 40 anos Bexiga e uretra Aumento da trabeculação e da fi brose Redução da inervação autonômica Aumento das contrações involuntárias Aumento do volume pós- miccional Maior resistência ao fl uxo miccional Próstata Hiperplasia nodosa Irritação de receptores adrenérgicos e maior resistência ao fluxo miccional Assoalho pélvico Fraqueza muscular e deposição de colágeno e tecido conjuntivo Disfunção uretral 27 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 Sistema gastrointestinal Esôfago Redução da inervação autonômica Aumento dos espasmos esofageanos Estômago Redução da inervação autonômica Maior tempo de esvaziamento gástrico Redução das células parietais ou oxínticas Redução na mucosa gástrica dos fatores citoprotetores Vias biliares Redução da contratilidade da vesícula biliar Redução da secreção de ácido biliar Aumento do colesterol biliar Fígado Redução do volume do fígado (20-40%) e do fl uxo sanguíneo hepático Redução do metabolismo das drogas Intestino Redução dos neurônios do plexo mioentérico e da parede muscular Redução do trânsito intestinal e da resistência da parede intestinal Sistema nervoso central Encéfalo Perda neuronal, particularmente na região dorsolateral do lobo frontal Lentifi cação da condução nervosa Nervos periféricos Redução da inervação periférica Lentifi cação da condução nervosa Sistema musculoesque- lético Músculos Sarcopenia e infi ltração gordurosa Redução da massa e da força muscular Ossos Redução do osso trabecular e cortical Osteopenia Articulações Disfunção condrocitária (redução da densidade, da atividade e da resposta a fatores de crescimento) Aumento da rigidez das cartilagens e menor capacidade de amortecimento e distribuição da tensão FONTE: <http://www5.ensp.fi ocruz.br/biblioteca/dados/ txt_215591311.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2020. As alterações fi siológicas aumentam a vulnerabilidade do indivíduo às agressões orgânicas. O idoso precisa possuir conhecimento sobre a diminuição das funções fi siológicas decorrentes da idade. O processo de envelhecimento é individual, no qual a conquista se dá com o decorrer dos anos, desde o nascimento. Uma velhice saudável é consequência de uma vida bem-sucedida. Para se alcançar o envelhecimento ativo e saudável são necessários alguns cuidados no decorrer da vida. Como visto anteriormente, com o início da terceira idade, diversas alterações fi siológicas e psicológicas aparecem nos indivíduos. Envelhecer livre de doenças e limitações é um grande desafi o. A Organização Mundial da Saúde (OMS) defi ne o envelhecimento saudável como o processo em que a capacidade funcional permite bem-estar em idade 28 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil avançada. Dessa forma, a compreensão do envelhecimento saudável se torna abrangente para todos os idosos, inclusive para os portadores de doenças crônicas (TAVARES et al., 2017). Um dos objetivos da geriatria e gerontologia é a conservação e a preservação da qualidade de vida. Autonomia e independência funcional são fundamentais para o processo de envelhecimento. Trata-se do amadurecimento mental, que depende da forma que cada indivíduo atinge a velhice. Qualidade de vida resulta em três importantes variáveis: autonomia, independência e sabedoria (TAVARES et al., 2017). FIGURA 4 – ENVELHECIMENTO ATIVO FONTE: <https://www.nutrologogoiania.com.br/doencas-e-a-nutrologia/ nutrologia-e-sarcopenia/>. Acesso em: 22 ago. 2020. O envelhecimento ativo é o processo que otimiza as oportunidades de saúde, participação e segurança. Tem por objetivo melhorar a qualidade de vida durante o envelhecimento. Permite que as pessoas possam atingir seu bem-estar físico, social e mental durante toda a vida. A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fi sicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive 29 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 as que são frágeis, fi sicamente incapacitadas e que requerem cuidados (BRASIL, 2005). Manter a autonomia e independência na terceira idade é um objetivo fundamental para os idosos. Além disso, o envelhecimento ocorre em um cenário que envolve não só o idosos, mas outras pessoas que estejam no mesmo convívio (amigos, colegas de trabalho, familiares etc.). Este é o motivo pelo qual independência e solidariedade são fatores importantes para o envelhecimento ativo. A criança de hoje será o avô ou a avó de amanhã. A qualidade de vida que as pessoas terão quando envelhecerem está diretamente relacionada aos riscos e oportunidades que vivenciam no decorrer da vida (BRASIL, 2005). Uma abordagem de envelhecimento ativo para o desenvolvimento de políticas e programas tem o potencial de reunir muitos desafi os inerentes ao envelhecimento individual e populacional. Quando políticas sociais de saúde, mercado de trabalho, emprego e educação apoiarem o envelhecimento ativo, teremos muito provavelmente: • menos mortes prematuras em estágios da vida altamente produtivos; • menos defi ciências associadas às doenças crônicas na terceira idade; • mais pessoas com uma melhor qualidade de vida à medida que envelhecem; • à medida que envelhecem, mais indivíduos participando ativamente nos aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos da sociedade, em atividades remuneradas ou não, e na vida doméstica, familiar e comunitária; • menos gastos com tratamentos médicos e serviços de assistência médica. FONTE: <http://prattein.com.br/home/images/stories/Envelhecimento/ envelhecimento_ativo.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2020. Existem diversas razõessociais e econômicas para se implementar políticas que promovem o envelhecimento ativo em relação à redução de custos na saúde. Os indivíduos que se mantêm saudáveis, conforme envelhecem, enfrentarão menos problemas de saúde, além de se manterem por mais tempo no mercado de trabalho. Diversos são os fatores determinantes para o envelhecimento ativo. Veja a fi gura a seguir. 30 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil FIGURA 5 – DETERMINANTES DO ENVELHECIMENTO ATIVO FONTE: <http://prattein.com.br/home/images/stories/Envelhecimento/ envelhecimento_ativo.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2020. No envelhecimento ativo, a cultura e o gênero são considerados determinantes transversais, que são infl uenciados pela região e local em que se encontra a população idosa, pois o envelhecimento se apresenta objetiva e subjetivamente diferente conforme culturas e situações de gênero (FARIAS; SANTOS, 2012). Esses determinantes se aplicam à saúde das pessoas em todas as faixas etárias, mas afetam principalmente os idosos. Manter-se saudável na terceira idade é fundamental. Para complementar o assunto abordado, resolva as questões a seguir. Boa sorte! 1 A diminuição das percepções sensoriais, que ocorre no processo de desenvolvimento, pode afetar as comunicações de pessoas idosas, e se for administrada de forma inadequada, pode levar ao isolamento do indivíduo. Com relação ao processo de comunicação com a pessoa idosa, analise as sentenças a seguir: I. O declínio da audição é um processo de promoção da comunicação por parte de um parceiro, difi cultando sua comunicação com outras pessoas. 31 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 II. Ao conversar com pessoas idosas, deve-se falar de forma clara e pausada, aumentar o tom de voz somente se for realmente necessário. III. A perda da capacidade de escrever, falar, ler ou entender interfere no desempenho social do idoso sem comprometer sua identidade, autoestima e qualidade de vida. IV. A comunicação não verbal tem por objetivo completar, substituir ou controlar a comunicação verbal, além de não deixar transparentes os sentimentos das pessoas. V. O tipo de linguagem depende da observação de suas habilidades cognitivas e de orientação possível, considerando os défi cits sensoriais e o uso de medicações. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Apenas III e IV. b) ( ) Apenas I, II e V. c) ( ) Apenas II e IV. d) ( ) Apenas I e IV. e) ( ) I, II, III e V. 2 No fi nal da década de 1990, a Organização Mundial de Saúde utilizou o termo “envelhecimento ativo” em substituição à expressão “envelhecimento saudável”. Com isso, um objetivo da OMS é: FONTE: <https://estudaquepassa.com.br/concursos/ questoes?subjects=118&page=4>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Incluir outros aspectos que afetam o envelhecimento, além dos cuidados com a saúde. b) ( ) Aplicar o termo a partir de indivíduos que já envelheceram e se direcionar apenas a grupos populacionais. c) ( ) Se dirigir a uma outra parcela que não estava contemplada no início dos anos 1990: os idosos, que ainda permanecem no poder decisivo e no controle sobre suas vidas. d) ( ) Se dirigir a um grupo populacional específi co: os idosos, que podem almejar um idoso ativo. e) ( ) Acompanhar com diretrizes da II Assembleia Mundial sobre Desenvolvimento, que estabeleceu mudanças na orientação de políticas sobre envelhecimento. 3 Com a perspectiva de ampliar o conceito de “envelhecimento saudável”, a Organização Mundial de Saúde propôs o conceito de “Envelhecimento Ativo”. Esse conceito propugna que os gestores governamentais, assim como a sociedade civil e as organizações 32 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil internacionais, devem implementar políticas e programas que melhorem a saúde, a participação e a segurança da pessoa idosa. Considerando o cidadão idoso não mais como passivo, mas como agente das ações a ele direcionadas, numa abordagem baseada em direitos, que valorize os aspectos da vida em comunidade, identifi cando o potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida. A partir do texto, assinale a alternativa INCORRETA: FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/ questoes/14bf806b-86>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Envelhecimento ativo pode ser entendido a partir de seus três componentes: menor probabilidade de doença, alta capacidade funcional física e mental e engajamento social ativo com a vida. b) ( ) A abordagem do envelhecimento ativo baseia-se no reconhecimento dos direitos das pessoas idosas e nos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorrealização determinados pela Organização das Nações Unidas. c) ( ) A promoção não é considerada necessária quando se faz 60 anos, já que as ações de prevenção, sejam elas primárias, secundárias ou terciárias, devem ser incorporadas à atenção à saúde, enquanto jovem. d) ( ) As famílias e indivíduos devem se preparar para a velhice, esforçando-se para adotar uma postura de práticas saudáveis em todas as fases da vida. e) ( ) É importante entender que as pessoas idosas constituem um grupo heterogêneo. 4 A promoção do envelhecimento ativo, isto é, envelhecer mantendo a capacidade funcional e a autonomia, é reconhecidamente a meta de toda ação de saúde. Para tanto, é preciso aproveitar todas as oportunidades para: FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de- concurso/questao/638428>. Acesso em: 22 ago. 2020. a) ( ) Realizar ações integradas de combate à violência doméstica e institucional contra mulheres e crianças. b) ( ) Estimular a medicalização do idoso. c) ( ) Facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais, em que o idoso possa ser ouvido e apresentar suas demandas e prioridades. 33 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 d) ( ) Realizar ações de prevenção de acidentes no trabalho. e) ( ) Promover ações individuais de avaliação, diagnóstico e tratamento da saúde mental da pessoa idosa. 5 A gerontologia é o estudo científi co do envelhecimento. Atualmente, muitas patologias crônicas, comumente encontradas entre pessoas idosas, podem ser controladas, limitadas e, até mesmo, evitadas. Considerando que os profi ssionais de saúde devem estar capacitados e habilitados para atender às necessidades dos pacientes idosos, assinale a alternativa INCORRETA: a) ( ) O envelhecimento ocorre de forma uniforme em todas as pessoas e independe dos fatores intrínsecos e extrínsecos. b) ( ) É frequente o fato de que muitas pessoas idosas apresentem mais de uma doença subjacente, o que complica a avaliação pela equipe de saúde. c) ( ) Diminuição da força muscular, efi ciência da tosse diminuída, fadiga e falta de ar são sinais e sintomas de alterações do sistema respiratório da pessoa idosa. d) ( ) Os idosos tendem a precisar de mais tempo para adormecer, despertam com mais facilidade e frequência e passam menos tempo em sono profundo. 6 A principal causa de internação hospitalar de idosos no SUS, no Brasil, nos últimos cinco anos está relacionada às doenças do sistema: a) ( ) Nervoso. b) ( ) Digestivo. c) ( ) Circulatório. d) ( ) Respiratório. A seguir, abordaremos os conceitos de promoção da saúde e prevenção de doenças. Vamos lá?! A promoção da saúde é o processo que permite aos indivíduos controlar e melhorar a sua saúde. A prevenção de doenças abrange as medidas de prevenção e o tratamento de doenças, principalmente as mais comuns que atingem a população idosa, que são doenças não transmissíveis e as lesões. 34 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil A Política de Promoção da Saúde possui vários objetivos específi cos, diretrizes e ações específi cas para a promoção da saúde. Para maiores informaçõessobre esse assunto, acesse: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_ promocao_saude. Faça a leitura aprofundada do tema e associe com o que estudamos até agora. Até aqui apresentamos alguns passos que servem de orientação para seus estudos. Nesse sentido, o desafi o que propomos a você é organizar o seu tempo durante uma semana. Para isso, elabore um quadro geral de horários de todas as suas atividades e sua duração: - Período de trabalho para cada um dos dias da semana. - Tempo dedicado ao lazer ou atividade esportiva. - Dia do encontro presencial. - Identifi car as horas de autoestudo para cada um dos dias da semana. - Estudo em grupo. - Separar um tempo para atividades Essa prevenção é dividida em três: a primária, que é voltada para os aspectos educativos individuais. São ações voltadas para remover causas e fatores de risco (ex.: abstenção do uso de tabaco); a secundária é a ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial (ex.: triagem para detecção precoce de doenças crônicas) e, por último, a prevenção terciária, que é a ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico (ex.: tratamento clínico para prevenir complicações do diabetes). As estratégias utilizadas na prevenção das doenças geram economia em qualquer idade, por isso é de grande importância que sejam implementadas. Ações que geram bons resultados refl etem positivamente no processo de envelhecimento (BRASIL, 2005). No Brasil, em março de 2006, foi aprovada, através da Portaria nº 687, a Política de Promoção da Saúde. Essa política tem por objetivo a promoção da qualidade de vida e diminuir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes, como modo de viver, habitação, condições de trabalho e o acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2010). 35 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 sociais (amizades, cinema, teatro etc.). - Tempo para a família e atividades religiosas (igreja, serviços comunitários etc.). Geralmente, essas últimas atividades se realizam nos fi ns de semana. - Outras atividades que você realiza. O quadro a seguir é uma forma de organizar seu tempo e visualizar todos os seus compromissos. Ao estudar na modalidade a distância, é necessário organizar seu tempo para seus estudos, dessa forma, você continuará a fazer todas as atividades que realizava e conseguirá aproveitar o máximo possível de seu curso seguindo um planejamento. Com base nesse planejamento semanal, sugerimos que também tenha uma agenda pessoal para anotar as atividades, em ordem de prioridades, a serem realizadas nos dias seguintes ou no mês. Horário Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado 7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h 21h 22h 23h No próximo capítulo, intitulado “As dimensões sociopolíticas do envelhecimento”, abordaremos os temas: o plano de ação internacional para o envelhecimento e as políticas sociais brasileiras no campo do envelhecimento. Esses temas serão fundamentais para melhor compreensão do último capítulo do nosso livro! 36 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Estudamos nesse capítulo alguns temas globais sobre o envelhecimento. Para o idoso envelhecer de forma ativa e saudável, são necessários alguns cuidados e medidas preventivas para a promoção da saúde e prevenção de doenças. A expectativa de vida tem aumentado cada vez mais com o passar dos anos no Brasil e no mundo, o que nos faz refl etir sobre a importância de medidas preventivas que possam auxiliar no cuidado aos idosos. Segundo dados do IBGE (2019), essa expectativa cresceu 30,8 anos desde 1940. O direito de envelhecer com qualidade e dignidade é o alicerce do sistema de proteção e segurança social, sendo rodeado de desafi os relativos às condições de sustentabilidade dos idosos. É importante assegurar os direitos dessa população na sociedade e reorganizar o sistema de saúde para atender ao aumento da demanda que surgirá nos próximos anos. A exclusão social esteve presente na realidade de muitos idosos durante a sua trajetória de vida, porém essa exclusão se acentua ainda mais na velhice. Muitos idosos passam por problemas sociais por falta de apoio e cuidado dos seus familiares. Como visto nesse capítulo, com o aumento dos idosos, cresce junto a necessidade de medidas fi nanceiras para investimento em diversos segmentos que atendem à população idosa. O processo de envelhecimento não deve ser considerado apenas pela ótica cronológica, mas também é necessário que seja visto através de outros aspectos relacionados ao caráter social da velhice. Alcançar a terceira idade constitui uma das maiores conquistas da atualidade. Poder chegar a uma idade avançada sem comorbidades de forma ativa e saudável é um grande desafi o a ser enfrentado por todos. Com o processo do envelhecimento, diversas alterações fi siológicas ocorrem. Um dos maiores desafi os da geriatria e da gerontologia é contribuir, mesmo apesar das alterações progressivas e limitações, para que os idosos possam descobrir as possibilidades de viver a sua vida com qualidade, livre de limitações e enfermidades. O Estado deve promover ações voltadas à população em geral para a promoção e prevenção de doenças. Um idoso que acessa com menos frequência um serviço público de saúde é refl exo de ações preventivas efi cazes realizadas durante toda a sua vida. Em todo o mundo há a necessidade de medidas que 37 A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA E O IDOSO NO BRASIL E NO MUNDO Capítulo 1 visam auxiliar os idosos a se manterem mais saudáveis e ativos o máximo de tempo possível. No Capítulo 2, “As dimensões sociopolíticas do envelhecimento”, estudaremos o plano de ação internacional sobre o envelhecimento. Tema de grande importância para a compreensão das medidas sobre o envelhecimento e o desenvolvimento populacional. REFERÊNCIAS BIRREN, J. E.; SCHROOTS, J. J. F. History, concepts and theory in the psychology of aging. In: BIRREN, J. E.; SCHAIE, K. W. (Eds.). Handbook of The Psychology of aging. 4. ed. San Diego: Academic Press, 1996. p. 3-23. BRASIL. Plano Mais Brasil. PPA 2012-2015: agendas transversais - monitoramento participativo. Pessoa idosa, ano base 2012. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2013. BRASIL. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ politica_nacional_promocao_saude_3ed.pdf. Acesso em: 12 jul. 2020. BRASIL. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: OMS, 2005. Disponível em: http://prattein.com.br/home/images/stories/Envelhecimento/ envelhecimento_ativo.pdf. Acesso em: 12 jul. 2020. CANCELA, D. M. G. O processo de envelhecimento. 2007. 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Envelhecimento saudável na perspectiva de idosos: uma revisão integrativa. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p. 878-889, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ abstract&pid=S1809-98232017000600878&lng=en&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 12 jul. 2020. VALER, D. B. et al. O signifi cado de envelhecimento saudável para pessoas idosas vinculadas a grupos educativos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 809-819, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ rbgg/v18n4/pt_1809-9823-rbgg-18-04-00809.pdf. Acesso em: 12 jul. 2020. 40 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil CAPÍTULO 2 AS DIMENSÕES SOCIOPOLÍTICAS DO ENVELHECIMENTO A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer a construção das políticas públicas para o idoso no Brasil. Ser capaz de analisar serviços e programas gerontogeriátricos, analisando a efetividade e a viabilidade em termos de acesso da população idosa. 42 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil 43 AS DIMENSÕES SOCIOPOLÍTICAS DO ENVELHECIMENTO Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Seja bem-vindo ao Capítulo 2 da disciplina! Neste capítulo estudaremos as dimensões sociopolíticas do envelhecimento. Veremos alguns assuntos sobre as políticas públicas para o idoso no Brasil. Existem diversas políticas que tratam a proteção dos idosos e o incentivo de sua autonomia, as quais serão aprofundadas no Capítulo 3. A projeção do número de idosos para as próximas décadas é alta e, portanto, haverá uma maior demanda em setores, como o da saúde, previdência social e assistência social. Os profi ssionais que atuam nessas áreas deverão estar preparados para a prestação de cuidados e atendimento qualifi cado a esta parcela da população. Também serão apresentados os princípios da Organização das Nações Unidas (ONU) em prol da população idosa. Ter acesso à alimentação, à água, à moradia, a vestuário, à saúde, ao apoio familiar e comunitário são alguns dos assuntos que serão aprofundados mais adiante. Caro acadêmico, você já ouviu falar no Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento? Este plano sintetiza o resultado da II Assembleia Mundial do Envelhecimento, promovida pela ONU, em 2002, na cidade de Madrid, Espanha. O Plano apresenta orientações aos governos sobre a implementação de políticas de proteção dos idosos e será o primeiro assunto abordado neste capítulo. Desejamos a você uma boa leitura! Realize as atividades propostas no decorrer do capítulo para a fi xação do conteúdo. Bons estudos! 2 O PLANO DE AÇÃO INTERNACIONAL PARA O ENVELHECIMENTO O envelhecimento populacional é considerado uma grande tendência para o século XXI. Proporciona implicações importantes e de longo alcance para todos os níveis da sociedade. Calcula-se que no mundo, a cada segundo, duas pessoas completam 60 anos. Além disso, uma a cada nove pessoas possui 60 anos ou 44 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil mais de idade e estima-se um aumento de um para cada cinco pessoas em 2050. Desta forma, o envelhecimento mundial é um fenômeno que não poderá mais ser ignorado (UNFPA, 2012). Com o objetivo de proteção aos idosos, a Organização das Nações Unidas (ONU) elaborou a Resolução nº 33/52, de 14 de dezembro 1978, na qual resolveram que em 1982 seria realizada a Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento. Com isso, na cidade de Viena, na Áustria, ocorreu, entre os dias 26 de julho e 6 agosto de 1982, a Assembleia Mundial sobre o envelhecimento, que resultou na criação do Plano Internacional de Ação de Viena sobre o Envelhecimento (NASCIMENTO, 2014). Esse plano foi baseado em documentos fundamentais para a sua elaboração, tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Recomendação 162 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Trabalhadores Idosos e a Convenção 128 da Organização Internacional do Trabalho sobre Invalidez. Podemos observar que seu principal objetivo foi a preocupação com o crescimento e o envelhecimento da população (NASCIMENTO, 2014). Entre os objetivos esboçados em 1982 pela Declaração de Viena, estão: a) Para mais compreensão nacional e internacional das implicações econômicas, sociais e culturais para os processos de desenvolvimento do envelhecimento da população. b) Promover a compreensão nacional e internacional das questões humanitárias e de desenvolvimento relacionadas ao envelhecimento. c) Propor e estimular políticas e programas orientados para a ação com vista a garantir a segurança econômica e social para os idosos, bem como proporcionar oportunidades para que possam contribuir e compartilhar os benefícios de desenvolvimento. d) Apresentar alternativas e opções políticas consistentes com os valores e objetivos nacionais e com princípios internacionalmente reconhecidos no que diz respeito ao envelhecimento da população e às necessidades dos idosos. e) Incentivar o desenvolvimento da educação, formação e pesquisa para responder ao envelhecimento da população mundial e promover um intercâmbio internacional de habilidades e conhecimentos nesta área. FONTE: <http://www.editoramagister.com/doutrina_27075299_O_ IDOSO_NO_SISTEMA_INTERNACIONAL_DE_PROTECAO_AOS_ DIREITOS_HUMANOS.aspx>. Acesso em: 1º out. 2020. 45 AS DIMENSÕES SOCIOPOLÍTICAS DO ENVELHECIMENTO Capítulo 2 O Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento, aprovado na I Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento, celebrada em Viena, orientou o pensamento e a ação sobre o envelhecimento durante os últimos 20 anos, na formulação de iniciativas e políticas de importância crucial. As questões relacionadas com os direitos humanos dos idosos foram absorvidas na formulação, em 1991, dos Princípios das Nações Unidas em favor dos idosos, nos quais se proporcionava orientação nas esferas da independência, da participação, dos cuidados, da realização pessoal e da dignidade (BRASIL, 2003). A conferência realizada em Vienaapontou o cenário onde foi construída a nova tendência demográfi ca, indicando não somente a importância da combinação de diversos fatores como: diminuição das taxas de mortalidade infantil e natalidade, saúde básica e controle das doenças infecciosas, mas também mudou o paradoxo de que o grande desafi o do envelhecimento era notado apenas nos países considerados desenvolvidos. Em 1975 a maioria dos cidadãos com idade superior a 60 anos viviam em países em desenvolvimento. Defi niu-se então que, por mais que o fenômeno do envelhecimento seja global, cada país deve reconhecer sua tendência demográfi ca para se estruturar conforme o crescimento de sua população (SILVA, 2007). Os participantes dessa Assembleia reafi rmaram que suas crenças sobre os direitos fundamentais consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos são aplicáveis aos idosos, reconhecendo que a qualidade de vida é tão importante quanto a longevidade e que, em virtude disso, as pessoas idosas precisam aproveitar com suas famílias uma vida plena e saudável como membros em uma sociedade (NOTARI; FRAGOSO, 2011). O Plano de Viena registrou que os custos em programas relacionados aos jovens são melhores aceitos por serem considerados investimentos para o futuro, em contrapartida, os valores destinados à população idosa são considerados como gastos (e não investimento) (SILVA, 2007). Conforme a Portaria nº 2.528, os mecanismos e os fl uxos de fi nanciamento devem ter por base as programações ascendentes de estratégias que possibilitem a valorização do cuidado humanizado ao indivíduo idoso. Os itens prioritários estipulados são: provimento de insumos, medicações, recursos para adequar e melhorar os serviços do SUS aos idosos e implementação de procedimentos ambulatoriais para a avaliação do idoso (BRASIL, 2006). Segundo Silva (2007, p. 34), “o etarismo, portanto, é ofi cializado ano a ano na feitura dos orçamentos governamentais”. Diante disso, o Plano indicava sete áreas prioritárias para o envelhecimento: 1. Saúde e nutrição; 2. Proteção a consumidores idosos; 3. Habitação e ambiente; 4. Família; 5. Bem-estar social; 6. Segurança e emprego; 7. Educação; e foi um 46 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil grande representante do marco para a construção da consciência universal de atenção ao idoso, incentivando mais tarde a adoção de uma Carta de Princípios da ONU (1991) para as pessoas idosas, a consagração de um Ano Internacional do Idoso (1999) e o Segundo Plano de Ação, de Madri, para o Envelhecimento (2002) (SILVA, 2007). Estes temas veremos logo a seguir! Após 20 anos da Assembleia em Viena, um novo plano de ação é instituído, com características particulares, dividindo-se em três direções: o idoso e o desenvolvimento; avanços na saúde e no bem-estar do idoso; criação de ambiente de apoio e integração e 117 recomendações (SILVA, 2007). O Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento sintetiza o resultado da II Assembleia Mundial do Envelhecimento, promovida pela ONU, em 2002, na cidade de Madri, Espanha. O documento apresenta algumas orientações para a implementação de políticas públicas e ações voltadas ao envelhecimento da população. Esse Plano de Ação Internacional exige mudanças nas políticas que tratam o envelhecimento. Vários idosos envelhecem com segurança, dignidade e conseguem participar como cidadãos, exercendo seus direitos dentro da sociedade. O Plano consiste na garantia ao envelhecimento de forma segura e digna para a população idosa. Além disso, oferece ferramentas práticas que auxiliam os responsáveis na elaboração de políticas que visam às prioridades básicas associadas com o envelhecimento humano, reconhecendo que, para possuir uma velhice saudável, são necessárias práticas de promoção à saúde logo nas etapas iniciais da vida (BRASIL, 2003). No Plano, levam-se em conta as diversas etapas do desenvolvimento e as transições que estão tendo lugar em diversas regiões, assim como a interdependência de todos os países na presente época de globalização. O conceito de uma sociedade para todas as idades, formulado como tema do Ano Internacional do Idoso, celebrado em 1999, tinha quatro dimensões: desenvolvimento individual durante toda a vida; relações entre várias gerações; relação mútua entre envelhecimento da população e desenvolvimento; e a situação dos idosos. O Ano Internacional contribuiu para a promoção da consciência desses problemas, assim como para a pesquisa e ação em matéria de políticas, em todo o mundo, composta dos esforços por incorporar as questões relacionadas com o envelhecimento às atividades de todos os setores e promover oportunidades relativas a todas as fases da vida (BRASIL, 2003). 47 AS DIMENSÕES SOCIOPOLÍTICAS DO ENVELHECIMENTO Capítulo 2 No marco desse Plano de Ação, houve a adoção de medidas em todos os níveis, nacional e internacional, em três direções prioritárias: idosos e desenvolvimento, promoção da saúde e bem-estar na velhice e, ainda, criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento (BRASIL, 2003). O relatório Envelhecimento no século XXI: celebração e desafi o trouxe uma análise da situação atual dos idosos e a evolução das políticas e ações adotadas pelos governos e os interessados na implementação do Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento. Esse Plano, aprovado na II Assembleia Mundial do Envelhecimento, realizada em Madri, tem por objetivo estar à frente dos desafi os da população idosa no mundo. O relatório apresenta diversos programas inovadores, que tratam as questões do envelhecimento e os interesses da população idosa, e fornece recomendações e melhorias que asseguram uma sociedade voltada para todas as faixas etárias, para que jovens e idosos possam contribuir na sociedade (UNFPA, 2012). Esse Relatório obteve a colaboração de 20 agências das Nações Unidades e outras organizações internacionais que trabalham em pesquisas sobre o envelhecimento populacional, e demonstrou o grande progresso alcançado por vários países através da adoção de novas políticas sobre o envelhecimento, porém, além desse avanço, ainda há muito o que se fazer para que o Plano de Madri seja implementado e para que ocorra um melhor envelhecimento no mundo (UNFPA, 2012). Em todo o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento (2002), são defi nidos vários temas centrais vinculados a essas metas, objetivos e compromissos, entre eles: a) Plena realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de todos os idosos. b) Envelhecimento em condições de segurança, o que implica reafi rmar o objetivo da eliminação da pobreza na velhice com base nos Princípios das Nações Unidas em favor dos idosos. c) Capacitação de idosos para que participem plena e efi cazmente na vida econômica, política e social de suas sociedades, inclusive com trabalho remunerado ou voluntário. d) As oportunidades de desenvolvimento, realização pessoal e bem-estar do indivíduo em todo curso de sua vida, inclusive numa idade avançada, por exemplo, mediante a possibilidade de acesso à aprendizagem durante toda a vida e a participação 48 Políticas Sociais e LeGislaÇões Voltadas À Pessoa Idosa no Brasil na comunidade, ao tempo que se reconhece que os idosos não constituem um grupo homogêneo. e) Garantia dos direitos econômicos, sociais e culturais dos idosos, assim como de seus direitos civis e políticos, e a eliminação de todas as formas de violência e discriminação contra idosos. f) Compromisso de reafi rmar a igualdade dos sexos para as pessoas idosas, entre outras coisas, mediante a eliminação da discriminação por motivos de sexo. g) Reconhecimento da importância decisiva que têm as famílias para o desenvolvimento social e a interdependência, a solidariedade e a reciprocidade entre as gerações. h) Assistência à saúde, apoio e proteção social dos idosos, inclusive os cuidados com a saúde preventiva
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