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DISCIPLINA ECOLOGIA AULA 12 BIOMAS BRASILEIROS AUTORA VALÉRIA KARLA DE BRITO VIEIRA TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL DISCIPLINA ECOLOGIA AULA 12 BIOMAS BRASILEIROS AUTORA VALÉRIA KARLA DE BRITO VIEIRA TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL GOVERNO DO BRASIL Presidente da República MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER LULIA Ministro da Educação JOSÉ MENDONÇA BEZERRA FILHO Diretor de Educação a Distância da CAPES CARLOS CEZAR MODERNEL LENUZZA Reitor do IFRN WYLLYS ABEL FARKATT TABOSA Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação do IFRN MÁRCIO ADRIANO DE AZEVEDO Coordenadora da Editora do IFRN DARLYNE FONTES VIRGINIO Diretor Geral do Campus EaD/IFRN ALEXSANDRO PAULINO DE OLIVEIRA Diretor Acadêmico do Campus EaD/IFRN ALBÉRICO TEIXEIRA CANARIO DE SOUZA Coordenadora Geral da UAB/IFRN EDNEIDE DA CONCEIÇÃO BEZERRA Coordenadora Adjunta da UAB/IFRN ABIGAIL NOÁDIA BARBALHO DA SILVA Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental CRISTINA DE SOUZA BISPO ECOLOGIA AULA 12 Biomas Brasileiros Professor Pesquisador / Conteudista VALÉRIA KARLA DE BRITO VIEIRA Diretor de Produção de Material Didático THIAGO MEDEIROS BARROS Coordenador de Produção de Mídia Impressa LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA Coordenador de Revisão WAGNER RAMOS CAMPOS Revisora ABNT EDINEIDE DA SILVA MARQUES Revisão Linguística ELIZETH HERLEIN Diagramação LUÃ SANTOS Ficha Catalográfica V657t Vieira, Valéria Karla de Brito. Tecnólogo em Gestão Ambiental: Ecologia: Aula 12: Biomas brasileiros / Valéria Karla de Brito Vieira– Natal : IFRN Editora, 2018. 22f. : il. color. 1. Gestão Ambiental. 2. Meio Ambiente – Ecologia. 3. Bioma. 4. Biomas Brasileiros. 5. Educação a Distância. I. Vieira, Valéria Karla de Brito. II. Título. RN/IFRN/EaD CDU 504 Ficha elaborada pela bibliotecária Eponina Eilde da Silva, CRB 15/295 5 BIOMAS BRASILEIROS APRESENTANDO A AULA Nesta aula, você terá oportunidade de conhecer os principais biomas brasileiros, como também verá a diversidade da fauna, flora e ambiente dos ecossistemas existentes e suas principais características. Discutirá a inter- relação entre os diferentes ecossistemas. DEFININDO OBJETIVOS Ao final da aula, você deverá ser capaz de: • distinguir as diferenças entre os biomas e seus ecossistemas; • fazer uma lista das principais características dos biomas; • nomear as plantas e animais representativos encontrados nos ecossistemas. 6 ECOLOGIA DESENVOLVENDO O CONTEÚDO Cada ambiente da Terra é caracterizado por um mosaico de diferenças, em pequena escala, nos componentes químicos e físicos, como luz, temperatura, água e nutrientes. Esses fatores abióticos, ou não vivos, influenciam a distribuição e a quantidade dos organismos no ambiente, como também vão determinar os principais tipos de ecossistemas terrestres. O Brasil, com seus 8.516.000 km² de território e grande variedade de clima, temperatura, umidade e solo, apresenta extraordinária diversidade de ecossistemas e abriga cerca de 20% de todas as espécies vegetais e animais do mundo. Segundo a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2004 e o Ministério do Meio Ambiente, existem seis grandes biomas no Brasil: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas (ver fig. 01). Afinal, o que é Bioma? Do grego (bio = vida + oma = grupo ou massa) é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identificados em nível regional, com condições de geologia e clima Fig. 01 - Mapa com a localização geográfica dos biomas brasileiros Fo nt e: h tt p: // m ed ia 1. es co la .b rit an ni ca .c om .b r/ eb -m ed ia /7 6/ 16 33 76 -0 73 - 08 09 B9 36 .g if 7 BIOMAS BRASILEIROS semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e de fauna. Esse termo foi usado pela primeira vez em 1943 pelo botânico Frederic Edward Clements (EUA, 1874-1945). (Fonte: IBGE - <http://7a12.ibge.gov.br/vamos-conhecer-obrasil/ nosso-territorio/biomas>). Agora vamos percorrer os principais biomas brasileiros e conhecer as riquezas e peculiaridades que cada um desses ecossistemas nos mostra. Floresta Amazônica A Floresta Amazônica está localizada na região norte da América do Sul e possui, aproximadamente, 7.500,000 km2 estando espalhada em 9 territórios de países diferentes, como: Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. No entanto, a Floresta Amazônica é um patrimônio brasileiro, pois 49,29% está presente em nosso território, ocupando partes ou a totalidade dos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Pará, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins, onde abriga grande parte da biodiversidade mundial e comporta a maior bacia hidrográfica do mundo. Os rios se diferenciam pela coloração de acordo com determinadas substâncias e nutrientes que se encontram neles. Dessa forma, Fig. 02 - Localização geográfica da Floresta Amazônica. Igapó ao longo do rio Jaú, mostrado na imagem, no Parque Nacional do Jaú, na região central da Amazônia brasileira Fo nt e: g oo .g l/M XP L2 s 8 ECOLOGIA temos: os rios de água preta, devido aos ácidos húmicos e fúlvicos, resultantes da decomposição do húmus no solo. Nascem em terrenos de planície e carregam areia e húmus, como exemplo, o Rio Negro; os rios de águas claras e menos ácidas que nascem dos escudos cristalinos, como exemplo, o Rio Tapajós e as águas barrentas que provêm de regiões montanhosas, como as do Rio Amazonas. O clima da região é predominantemente do tipo equatorial úmido, com temperaturas situando-se entre 25oC e 28oC e com precipitações pluviométricas geralmente superiores a 1.800 mm/ano, o que propiciou, na bacia amazônica, a formação de uma imensa rede hidrográfica, com uma emaranhada teia de rios, riachos, lagos, igapós e igarapés. O solo da Amazônia não é muito rico devido à rápida degradação da matéria (folhas, frutos e animais mortos) por ação de microrganismos como bactérias e fungos, que são rapidamente absorvidos pelas raízes dos milhares de espécies vegetais que se desenvolvem nessa região. Esses nutrientes passam, então, para o corpo da planta, fazendo com que grande parte dos minerais fiquem nos vegetais e não no solo. Sua vegetação é exuberante com plantas dos mais variados formatos e tamanhos, com árvores alcançando 30 a 40 m de altura. Há também inúmeras espécies de trepadeiras, bromélias, epífitas e lianas. Embora muito diversificada, em geral, trata-se de uma mata muito densa, suas folhas com ápices voltados para baixo e a superfície cerosa, adaptadas à umidade excessiva. Seus principais representantes são o mogno, sumaúma (ver fig. 03a), copaíba, pupunha, açaí, seringueira, castanha-do-pará, andiroba e vitória-régia, como mostrado na figura 03b. Fig. 03 - Alguns representantes da flora da Floresta Amazônica Fo nt e: 0 3( A ) - g oo .g l/J f5 6i B 03 (B ) - g oo .g l/d f2 tt g 9 BIOMAS BRASILEIROS a) Samaúma (Ceiba pentandra), árvore muito encontrada na floresta amazônica em seus igarapés. b) Vitória-régia (Victoria amazonica) planta aquática típica da região amazônica e que pode chegar a 2,5 metros de diâmetro e suportar até 40 quilos se forem bem distribuídos em sua superfície. Quanto à fauna, milhares de espécies de invertebrados vivem na floresta, muitas ainda não descritas pelos cientistas, principalmente insetos, como formigas; inúmeras espécies de peixes, entre eles o pirarucu (ver fig. 04a); anfíbios (sapos, rãs e pererecas); répteis (lagartos, jacarés, serpentes, como por exemplo a sucuri (ver fig. 04b); aves (beija-flores, papagaios, araras, tucanos, corujas, gaviões e harpia ou gavião-real) e centenas de espécies de mamíferos dentre eles as ariranhas, preguiças, macacos-aranhas, onças pintadas entre outros. a) pirarucu (Arapaimagigas) considerado o maior peixe de água doce do mundo, que atinge até 2,5 m de comprimento e pode pesar até 240 kg. b) Sucuri (Eunectes murinus) maior e mais conhecida cobra, ocorrendo em áreas alagadas da região do cerrado e da Amazônia, podendo atingir 9 m de comprimento e viver até 30 anos. FIQUE SABENDO QUE... Os Igapós são locais de mata alagada após as enchentes e que persistem por algum tempo. Já os Igarapés são canais de água estreitos presente na mata. Fig. 04 - Alguns representantes da fauna da Floresta Amazônica Fo nt e: 0 3( A ) - g go o. gl /C B8 iS V 03 (B ) - g oo .g l/8 sH Q Fb 10 ECOLOGIA Cerrado O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, ocupando, aproximadamente, 2.000,000 km2, o que corresponde uma área de 22% do território nacional, compreendendo os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Goiás e Tocantins. Aparece também um pouco em São Paulo e no Paraná. O Clima é tropical semiúmido e apresenta duas estações bem distintas com verões bem chuvosos e invernos secos. A média de chuvas anual fica em torno de 1.300 a 1.700 mm. Grande parte das chuvas concentra-se nos meses de outubro a março, nas estações da primavera e verão. De maio a setembro, é considerada a estação seca, com chuvas raras, podendo ocorrer grande estiagem. A temperatura média anual do cerrado é de 24 oC. Na primavera e no verão, pode chegar aos 40 oC e nos meses de inverno (junho, julho e agosto), fica em torno de 12 oC. Nesses dias mais frios, pode ocorrer a presença de geadas, principalmente na região sul do cerrado. Entre os meses de julho a agosto, a umidade do ar cai muito e o tempo fica seco, podendo atingir entre 15% e 30%. Esse clima seco é um problema para a vegetação do cerrado, pois favorece o surgimento de incêndios que podem ser gerados de diversas formas naturais, mas a principal delas são as descargas elétricas. Fig. 05 - Mapa da localização do Cerrado. Imagem de uma das espécies de árvore do cerrado com tronco retorcido e casca grossa Fo nt e: g oo .g l/E Jc e1 d 11 BIOMAS BRASILEIROS O cerrado é considerado um dos biomas mais heterogêneos com relação a sua fisionomia e recebe denominações distintas, tais como: campo aberto ou campo limpo (sem árvores), campo sujo (com algumas árvores), campo cerrado (com formações arbóreas), cerradão (com árvores mais altas) e campos úmidos (com veredas e matas ciliares, que margeiam os solos úmidos dos rios), em uma sequência crescente de biomassa1. Possui vegetação composta por campos herbáceos, com arbustos e árvores de pequeno porte, com características xeromórficas, relacionadas com adaptações a condições de seca e representa, talvez, a principal característica do cerrado. As árvores convivem há longos anos ao lado da presença das queimadas e possuem algumas adaptações para se defenderem do fogo, havendo, inclusive, várias espécies de plantas que só germinam após as queimadas. Como exemplo dessas adaptações, tem-se: caules retorcidos com casca grossa e folhas espessas e endurecidas, com superfície brilhante e, algumas vezes, recobertas por pelos (ver fig. 05). Os principais representantes vegetais do cerrado são: pequi (ver fig. 06), araticum, pindaíba, cajuí, fruta-de-lobo, peroba-do- campo, ingá, aroeira-branca, angico, cedro- rosa, quaresmeira roxa, maçaranduba, araçá e tantas outras. A fauna do cerrado é muito rica e variada, possuindo cerca de 1.500 espécies de animais, muitas delas também endêmicas. Alguns exemplos dessas espécies endêmicas são: o beija-flor-de-gravata, rabo- mole-da-serra e a gralha do cerrado. Outras espécies encontradas no cerrado são: aves (gavião-carcará, siriema, urubu-rei, socó, tucano, periquito); mamíferos (lobo-guará (ver figura 07), tamanduá, tatu, raposa, veado- 1 Biomassa: é matéria orgânica que compõe o corpo dos organismos vivos. Fonte: <http://biologianet.uol.com.br/ecologia/conceitos-basicos-ecologia.htm> Fig. 06 - Pequi (Caryocar brasiliensis), árvore considerada símbolo do Cerrado Fo nt e: g oo .g l/E Jc e1 d Fig. 07 - Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), espécie ameaçada de extinção Fo nt e: g oo .g l/1 Pt Q 3j 12 ECOLOGIA campeiro, várias espécies de macacos, onça-pintada e a anta (maior mamífero das américas). Caatinga A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, ocupando aproximadamente 850.000 km², pouco mais de 12% do território brasileiro. É encontrada em áreas do Nordeste do Brasil, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. É encontrada também no Norte do estado de Minas Gerais (ver figura 08). Possui uma vegetação típica de clima semiárido, com temperaturas médias anuais compreendidas entre 27 oC e 29 oC e com médias pluviométricas inferiores aos 800 mm, podendo ocorrer de maneira bastante irregular e estações de seca prolongada. Na época da seca, a maioria das árvores perde as folhas e boa parte dos rios e lagos secam. O aspecto árido, desbotado e sem folhas verdes deu nome a esse bioma. Quando as chuvas retornam, as árvores se cobrem de folhas devido às reservas de matéria orgânica armazenadas no caule e nas raízes (ver figura 08). Sua vegetação é formada por árvores baixas e arbustos retorcidos e cheios de espinhos, e está totalmente adaptada ao clima seco, como plantas xerófitas2. 2 Plantas xerófitas: são plantas adaptadas a ambientes de clima seco e possuem a capacidade de armazenar água em seu interior. Além disso, os espinhos desses tipos de planta substituem as folhas, o que possibilita uma menor perda de água para o meio externo. Fonte: http://educacao.globo.com/geografia/assunto/geografia-fisica/dominios-morfocli- maticos.html Fig. 08 - Mapa de localização do bioma caatinga e sua vegetação característica. Imagem da caatinga no período chuvoso com plantas apresentando suas folhas verdinhas Fo nt e: g oo .g l/e pR 3u k 13 BIOMAS BRASILEIROS As cactáceas são as espécies mais características da vegetação da caatinga, por exemplo, o Mandacaru (Cereus jamacaru), planta símbolo do nordeste é espinhenta e alcança até 6 m de altura e sobrevive às secas devido a sua grande capacidade de captação e retenção de água. Temos também a macambira, a coroa-de-frade, o xique-xique e o facheiro. Além delas, são comuns algumas leguminosas, como a mimosa, amburana e a acácia. Há outras espécies, como o umbuzeiro, baraúna, maniçoba, mangabeira, catuaba, aroeira, pau-ferro, barriguda. Entre as poucas espécies da caatinga que não perdem as folhas, na época da seca, destaca-se o juazeiro, umas das plantas mais típicas desse bioma (ver fig. 09). Quanto à fauna da caatinga, estão mamíferos, como: o sagui-do-nordeste, o macaco-prego, jacaré-do-papo-amarelo, tatu-bola, tatu-peba, sagui-de-tufos- brancos, cachorro-do-mato, gambá-de-orelha-branca, veado-catingueiro, cutia); alguns répteis, como: o jacaré-do-papo-amarelo (ver fig. 10), jiboia- constritora, muçuarana, jararaca, calango); e aves, como: o carcará, águia- chilena, periquito-da-caatinga, azulão, gralha-cancã e asa-branca. Fig. 09 - Juazeiro (Zizyphus joazeiro), conserva-se sempre verde, nunca perde toda a sua folhagem, pois possui um amplo e profundo sistema radicular, capaz de coletar água existente no subsolo Fo nt e: g oo .g l/9 U Q 8A o 14 ECOLOGIA O desmatamento, principalmente para exploração não sustentável de lenha, vem provocando, por exemplo, a degradação do solo, com ameaça de desertificação. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 80% do bioma caatinga já foi alterado, sendo considerado um dos ecossistemas mais degradados do planeta. Dessa forma, é importante garantir a preservação desse bioma, visto que está fragilizado decorrente da devastação causada por ações humanas (caça, queimadas, desmatamento), bem como das mudanças climáticas. Essas açõestêm culminado no desaparecimento de diversas espécies vegetais ou animais (inclusive endêmicas) e, consequentemente, no desequilíbrio do ecossistema. FIQUE SABENDO QUE... Caatinga é um termo de origem tupi e significa “mata branca”, em referência às plantas sem folhas. Quando as chuvas retornam, as árvores se cobrem de folhas devido às reservas de matéria orgânica armazenadas no caule e nas raízes. Mata Atlântica Fig. 10 - Jacaré-do-papo- amarelo (Caiman latirostris) Fo nt e: g oo .g l/9 U Q 8A o Fig. 11 - Mapa de localização do bioma Mata Atlântica Fo nt e: g oo .g l/D qX b1 V 15 BIOMAS BRASILEIROS A Mata Atlântica é uma floresta pluvial tropical, de clima quente e úmido. Originalmente, essa formação ocupava aproximadamente 1.300.000 km2, passando em 17 estados do território brasileiro. Atualmente, estende-se em fragmentos esparsos ao longo do litoral, com 8,5 % de remanescentes3 florestais originais. Somados todos os fragmentos de floresta nativa, temos, atualmente, 12,5% sendo os principais redutos de floresta remanescente. O bioma Mata Atlântica consiste de uma formação vegetal bastante complexa e bem variada, rica, densa, com plantas higrófilas, com árvores que podem atingir 30 m de altura, além de muitas espécies de epífitas e trepadeiras. A biodiversidade desse bioma é considerada uma das maiores do mundo, com um número extraordinário de espécies endêmicas, ou seja, que são encontradas apenas nesse ecossistema, e é neste mesmo ambiente, onde está o maior número de espécies da flora e fauna ameaçados de extinção no Brasil. Dentre os vegetais temos: a samambaiaçu (ver fig. 12), o pau-brasil, as figueiras, o jacarandá, o cedro, as várias espécies de ipês, os jequitibás, a paineira e várias espécies de palmeiras, dentre elas, a palmeira-juçara, da qual é extraído o palmito. No interior da floresta, são encontradas inúmeras epífitas como: as bromélias, gravatás e orquídeas. Quanto à riqueza faunística, a Mata Atlântica é verdadeiramente imbatível. Nela, vivem diversos mamíferos, como: gambá, cuíca-d’água, muriqui, o mico-leão-dourado (ver fig. 13), macaco- prego, guaxinins, quatis, onças-pintadas, gatos-do-mato, suçuaranas, antas, tatus e preguiças. Entre as aves, estão: os gaviões, macuco, inhambu, mutum, muitas espécies de beija-flor, sanhaço e saíras. Além deles, muitas espécies de serpentes, como as jararacas, e de anfíbios, como as rãs e pererecas. 3 Remanescente: é “o que sobra de um todo depois de tirada de uma ou mais por- ções” (BIVAR, 1949; FERNANDES; LUFT; GUIMARÃES, 2003). Neste contexto, se diz da floresta que resta. Fig. 12 - Samambaiaçu (Dicksonia sellowiana), planta da qual, indevidamente, se retira o xaxim Fo nt e: g oo .g l/i iQ bV X 16 ECOLOGIA Pantanal Com aproximadamente 150.355 km² (IBGE,2004), o Pantanal é a maior planície inundável do mundo. Esse bioma sofre influência direta de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Com uma área de cerca de 220 mil Km², o Pantanal estende-se pela Bolívia, Paraguai e Brasil, sendo, aproximadamente, 62% no Brasil, distribuídos nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, formando a maior bacia inundável do mundo. Inserido na parte central da bacia hidrográfica do Alto Paraguai, o complexo do pantanal é influenciado pelo Rio Paraguai e por seus vários afluentes que inundam a região formando extensas áreas alagadiças, bastante ricas em nutrientes, graças ao depósito de sedimentos trazidos pelos rios (ver fig. 14). O clima predominante é o tropical úmido, marcado pelas altas temperaturas e grande índice pluviométrico (em torno de 1.110 mm por ano), com um verão quente e chuvoso (períodos da cheia) e um inverno frio e seco (período das secas). Fig. 13 - Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) é espécie predominante no sul do Rio de Janeiro e sofre por ser um dos primatas mais ameaçados de extinção do mundo Fo nt e: g oo .g l/5 23 J6 C Fig. 14 - Mapa com localização do bioma Pantanal. Imagem do rio Paraguai que banha o complexo do pantanal e é genuinamente brasileiro possui sua nascente a uma altitude de 290 metros no município de Alto Paraguai no estado do Mato Grosso Fo nt e: g oo .g l/o pg G vr 17 BIOMAS BRASILEIROS O pantanal, praticamente, não possui uma vegetação endêmica: sua flora reúne diversas espécies típicas de outras regiões do país, formando um mosaico distinto da Floresta Amazônica, do Cerrado, da Caatinga, da Mata Atlântica e do Chaco (paraguaio, argentino e boliviano). Diante disso, observa-se, no pantanal, uma vegetação não homogênea, com um padrão diferente de flora de acordo com o solo e a altitude. De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária), cerca de 3500 espécies de plantas já foram identificadas no bioma do pantanal. Nas partes mais baixas, predominam as gramíneas; em alturas médias, aparecem árvores de porte médio entremeadas de arbustos e plantas rasteiras; em altitudes maiores, aparecem espécies típicas da caatinga, como o mandacaru, plantas aquáticas, palmeiras, orquídeas, figueiras, aroeiras e as piúvas, pertencente à família dos ipês com flores róseas e amarelas (ver fig. 15). Durante os períodos de seca, os campos são cobertos, predominantemente, por gramíneas e vegetação de cerrado. O complexo do Pantanal é muito diversificado, abrigando uma grande quantidade de animais, que vivem em perfeito equilíbrio ecológico. Segundo o Ministério do meio-ambiente, até o momento, foram catalogadas 263 espécies de peixes (piranha, bagre, pintado, pacu, jau, dourado); 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis (jacaré, cágado, serpente); 463 espécies de aves (cabeça- seca, tiriba, socó, garça, tucano, jandaia, tuiuiú) (ver fig. 16) e 132 espécies de mamíferos (a capivara, o porco-do-mato, a onça-pintada, a ararinha e várias espécies de macacos). Algumas espécies são endêmicas. Apesar de sua beleza natural exuberante, o pantanal vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente, pela atividade agropecuária, especialmente nas áreas de planalto adjacentes do bioma, pela pesca e caça predatória. Fig. 15 - Ipê-roxo ou piúva (Tabebuia heptaphylla), é uma árvore da América do Sul, conhecida pela utilização medicinal e como madeira de lei Fo nt e: g oo .g l/8 4N 1Z m 18 ECOLOGIA Pampas O bioma denominado Pampas, ou campos sulinos, com uma área de 176.496 km² (IBGE, 2004), está localizado no extremo sul do Brasil, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, ocupando 63% do território gaúcho e também os territórios da Argentina e Uruguai. O clima da região é o subtropical úmido, com verões quentes, atingindo temperaturas que podem ultrapassar os 35 oC, e invernos rigorosos com geadas e neve em algumas regiões, marcando temperaturas negativas. A precipitação anual se situa em torno de 1.200 mm, com chuvas concentradas nos meses de inverno. O relevo é pouco acidentado, com áreas baixas entrecortadas por vales, onde se encontram os rios da região. A paisagem é homogeneamente recoberta por uma vegetação herbácea com a presença de muitas gramíneas e plantas rasteiras, alguns arbustos e árvores de pequeno porte; por isso, os Pampas são chamados também de campos limpos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a vegetação do bioma Pampa pode ser dividida em: Estepe, Savana Estépica, Floresta Estacional Semidecídua, Floresta Estacional Decidual, Formações Pioneiras e Floresta Estacional. Dessa Fig. 16 - Tuiuiú (Jabiru mycteria), é um pássaro bastante robusto, pode chegar a medir 2,50 metros de envergadura Fo nt e: g oo .g l/o Bb 14 4 Fig. 17 - Mapa de localização do bioma pampas. Imagem mostrando uma paisagem típica da região dos campos sulinos Fo nt e: g oo .g l/a L9 B7 v 19 BIOMAS BRASILEIROS forma, a flora tem como seus principais representantes: ouro-pardo,cedro, cabreúva, canjerana, guajuvira, guatambu, grápia, capim-forquilha, grama- tapete, flechilhas, canafístula, pau-de-leite, unha-de-gato, bracatinga, cabelos de-porco, angico-vermelho, caroba, babosa-do-campo, amendoim-nativo, trevo-nativo, cactáceas, timbaúva, algarrobo, palmeira anã, araucárias (ver figura 18). A fauna na região é extensa, com espécies raras de animais e possui uma grande variedade de artrópodes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos de pequeno e grande porte, sendo 40% de espécies endêmicas. Dentre estes estão: o jacu, capivara, saíra, jacutinga, corruíra-do-campo, papa-mosca-do-campo, quero-quero, sabiá-do-campo, quero-quero, pica-pau-chorão, beija-flor-de- barba-azul, caboclinho-de-barriga-verde, perdigão, perdiz, gavião-chimango, caminheiro-de-espora, gaturamo-verdadeiro, sanhaço, ratão-do-banhado, tatu-mulita, veado campeiro, lobo guará, graxaim, zorrilho, furão, preá, sapinho- de-barriga-vermelha, dentre outros (ver fig. 19). Fig. 18 - Araucária (Araucaria angustifólia), é a espécie arbórea dominante da floresta ombrófila mista, ocorrendo majoritariamente na região Sul do Brasil. É conhecida por muitos nomes populares, entre eles pinheiro- brasileiro e pinheiro-do-paraná; é também chamada pelo nome de origem indígena, curi Fo nt e: g oo .g l/6 W CB B4 20 ECOLOGIA A região, há muitas décadas, vem sendo descaracterizada, pois é muito utilizada na agricultura para produção de soja, milho, trigo e arroz, como também, na pecuária com a criação de gado e ovelhas, provocando a erosão do solo. Fig. 19 - Graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) Popularmente conhecido como “raposa-dos-pampas”, o carnívoro está inserido na lista vermelha dos animais ameaçados de extinção no Paraná Fo nt e: g oo .g l/u P3 G bW RESUMINDO Nesta aula, vimos que os biomas são grandes áreas com características climáticas distintas, o que produz ampla variedade de condições ecológicas, que vão determinar os principais tipos de ecossistemas. Tivemos a oportunidade de conhecer os principais biomas brasileiros. LEITURA COMPLEMENTAR Biomas Brasileiros – USP – Centro de Divulgação Científica e Cultural Publicado em 18/03/2014. https:// www.youtube.com/watch?v=0dlXce3s4mo. Caatinga - Um bioma exclusivo do Brasil. https:// youtu.be/F-4O4E27NBE. 21 BIOMAS BRASILEIROS AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS 1 – Já que você está por dentro do assunto, identifique o bioma natural em que você vive e descreva suas características da fauna, flora e ambiente. 22 ECOLOGIA CONHECENDO AS REFERÊNCIAS BIVAR, A. Dicionário geral e analógico da Língua Portuguesa. Porto: Ouro L.D.A., 1949. 467 p. v. 1. FERNANDES, F.; LUFT, C. P.; GUIMARÃES, F. M. Dicionário Brasileiro Globo. 56. ed. São Paulo: Globo, 2003. 1457 p. MILLER, G. Tyler; SPOOLMAN, Scott E. Ecologia e Sustentabilidade. 6. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. REECE, J. B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. SEZAR, S.; CÉSAR JR., S.; NELSON JR., C. Biologia 1. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. LISTA DE FIGURAS Fig. 01 - http://media1.escola.britannica.com.br/eb-media/76/163376-073-0809B936.gif Fig 02 - goo.gl/MXPL2s Fig. 03 - 03(A) - goo.gl/Jf56iB - 03(B) - goo.gl/df2ttg Fig. 04 - 03(A) - ggoo.gl/CB8iSV - 03(B) - goo.gl/8sHQFb Fig. 05 - goo.gl/EJce1d Fig. 06 - goo.gl/EJce1d Fig 07 - goo.gl/1PtQ3j Fig. 08 - goo.gl/epR3uk Fig. 09 - goo.gl/9UQ8Ao Fig. 10 - goo.gl/9UQ8Ao Fig. 11 - goo.gl/DqXb1V Fig 12 - goo.gl/iiQbVX Fig. 13 - goo.gl/523J6C Fig. 14 - goo.gl/opgGvr Fig. 15 - goo.gl/84N1Zm Fig. 16 - goo.gl/oBb144 Fig 17 - goo.gl/aL9B7v Fig. 18 - goo.gl/6WCBB4 Fig. 19 - goo.gl/uP3GbW
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