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Biogeografia do Brasil

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Prévia do material em texto

Biogeografia brasileira
Apresentação
A biogeografia pode ser compreendida como o estudo distributivo dos seres vivos na superfície 
terrestre. Para cumprir esse importante objetivo, a biogeografia desdobra-se em diversos setores 
especializados para atingir o seu escopo.
A biogeografia responde diversas questões, tais como: O que é biodiversidade? Quantas espécies 
existem atualmente e onde estão localizadas? Quantas espécies estão em extinção e quantas já 
foram extintas? O que determina a distribuição das espécies?
Nesta Unidade de Aprendizagem você vai aprender sobre os diversos autores e conceitos que 
nortearam a biogeografia ao longo dos anos. Além das diversas subdivisões que estão inseridas 
dentro da biogeografia, seus propósitos e suas tendências.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Reconhecer a natureza biogeográfica brasileira.•
Identificar os propósitos da biogeografia.•
Traçar as tendências biogeográficas do território.•
Desafio
A biogeografia é uma disciplina de grande importância para a geografia, pois além de ter caráter 
interdisciplinar (biologia, geologia, ecologia, etc.), também trabalha um assunto fundamental para a 
ciência geográfica: a distribuição dos seres vivos no planeta.
Fazer com que o aluno assimile um conteúdo tão complexo, muitas vezes, é um desafio, mas que 
pode ser superado aliando teoria e prática. Diante disso, considere que você é um professor do 2o 
ano do ensino médio e irá trabalhar o conteúdo relacionado à classificação natural dos seres vivos.
Como professor dessa turma, de que forma você poderá trabalhar esse assunto aliando teoria 
e prática?
Infográfico
A biogeografia estuda os processos ecológicos que ocorrem a longo prazo e que atuam sobre o 
padrão de distribuição dos organismos no planeta terra, no entanto, por ser interdisciplinar, ela se 
apoia também na geologia e na geografia para explicar essa distribuição. 
Neste Infográfico, veja a natureza da biogeografia por meio de alguns conceitos fundamentais 
utilizados na disciplina, tais como: regiões biogeográficas, extinção, vicariância e dispersão.
Aponte a câmera para o 
código e acesse o link do 
conteúdo ou clique no 
código para acessar.
https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/d865fe95-188f-4298-97b3-08e008bdac14/f82ed89c-c2a7-4fb8-8eb0-8011416ee449.jpg
Conteúdo do livro
Compreender a distribuição geográfica dos seres vivos é uma tarefa bastante complexa, 
principalmente quando se busca estudar a gênese, os objetivos e os encaminhamentos a respeito 
da biogeografia.
Essas questões se tornam mais complexas ainda quando se trata de um país como o Brasil, que 
comporta uma vasta biodiversidade em um amplo território.
No capítulo Biogeografia brasileira, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, veja diversos 
conceitos relacionados à biogeografia. Inicialmente será realizada uma análise dos estudos 
biogeográficos do Brasil, alguns conceitos e autores relacionados à natureza, propósitos e 
tendências da biogeografia, depois disso, será analisada a predominância de estudos relacionados à 
vegetação em detrimento da fauna, e os motivos pelos quais isso ocorre na biogeografia.
Boa leitura.
GEOGRAFIA FÍSICA 
DO BRASIL 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Reconhecer a natureza biogeográfica brasileira.
 > Identificar os propósitos da biogeografia.
 > Traçar as tendências biogeográficas do território.
Introdução
Compreender a complexidade e a biodiversidade de um país com um grande 
território como o Brasil não é uma tarefa simples. A biogeografia, portanto, é a 
área que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos através do tempo, e 
que busca compreender os padrões e os processos de sua organização espacial.
Neste capítulo, você vai reconhecer a natureza biogeográfica brasileira, iden-
tificar os propósitos da biogeografia e traçar as tendências do território. Além 
disso, você estudará conceitos elaborados por autores relacionados à biogeografia.
Natureza da biogeografia
A geografia é uma ciência que tem como principal objetivo o estudo da or-
ganização dos processos espaciais que ocorrem na superfície terrestre, 
considerando os fatores físicos, biológicos e humanos e a interação entre 
eles. A biogeografia, como parte integrante da ciência geográfica, se ocupa 
com os mesmos objetivos, porém com algumas características específicas, se 
concentrando na tentativa de explicar a origem, a evolução, a dispersão e a 
Biogeografia 
brasileira
Eduardo Samuel Riffel
distribuição da vida na superfície da Terra. Em decorrência disso e diante das 
inúmeras definições, pode-se afirmar que a biogeografia trata de uma área 
do conhecimento científico que se fundamenta no estudo da distribuição, 
da adaptação e da explicação dos seres vivos, sejam vegetais ou animais, e 
nos diversos lugares da superfície terrestre.
Deve-se destacar, no entanto, que a biogeografia assume uma conotação 
espacial diferente de outros setores do conhecimento sistematizado próxi-
mos a ela, como a biologia, a botânica, a zoologia, a agronomia, a ecologia. 
Conforme Camargo (1998), o foco de um estudo biogeográfico será sempre 
voltado para a abordagem espacial. Segundo essa ideia, compete ao bioge-
ógrafo abordar a manifestação vital (homens, animais e vegetais) por meio 
dos fatos distributivos que contribuem para a interpretação da variação da 
biota nos mais diferentes lugares do planeta (CAMARGO, 1998). Essa análise 
espacial associada à geografia permite que o biogeógrafo dê as explicações 
necessárias e pretendidas no seu estudo com originalidade.
A seguir, veja alguns conceitos elaborados por autores relacionados à 
biogeografia e a seu objeto de estudo (VITTE; GUERRA, 2010).
 � A biogeografia é o estudo da repartição dos seres vivos na superfície 
terrestre e a análise de suas causas (MARTONNE, 1954).
 � A biogeografia estuda a repartição dos seres vivos na superfície dos 
continentes e as causas dessa repartição no espaço e no tempo (FU-
RON, 1961).
 � A biogeografia estuda os organismos vivos, as plantas e os animais 
na superfície do globo, em sua repartição, em seu grupamento e em 
suas relações com os outros elementos do mundo físico e humano 
(ELHAI, 1968).
 � A biogeografia pesquisa as razões da distribuição dos organismos, 
das comunidades vivas e dos ecossistemas nas paisagens, países e 
continentes do mundo (MUELLER, 1976).
 � A biogeografia estuda as interações, a organização e os processos 
espaciais, dando ênfase aos seres vivos — vegetais e animais — que 
habitam determinado local: o biótopo, onde constituem geobiocenoses 
(TROPPMAIR, 2008).
Biogeografia brasileira2
O conceito trazido por Troppmair (2008) foca na discriminação entre a 
subdivisão da ciência geográfica e o conjunto de disciplinas do conhecimento 
de cunho ecológico — os propósitos e o campo de atuação do biogeógrafo. 
A análise espacial como categoria de análise geográfica incide para a inves-
tigação das interações e da organização das diferentes formas de vida em 
um ponto da superfície terrestre. Esta unidade de interação e organização é 
denominada geobiocenose, que consiste em um sistema inter-relacionado da 
flora e da fauna em uma determinada extensão espacial (terrestre e aquática), 
onde se realizam as necessidades vitais (VIADANA, 1992).
Conforme os conceitos apresentados, deve-se atentar para as ordens 
de escala nos estudos biogeográficos, pois além da espacialidade (lugares, 
regiões, continentes e o próprio planeta), considera-se também a escala do 
tempo, visto que, por exemplo, nos estudos que se mostram revestidos da 
interpretação a considerar origem, evolução e dispersão das espécies (vegetais 
e animais), também é necessário considerar a sua localização temporal em 
termos geológicos.
Em relação à biogeografia brasileira, o trabalho do geógrafo Aziz Ab’Sáber 
se destaca na tentativa de diferenciar áreas do território brasileiro que apre-
sentam certa similaridade em suas característicasambientais. A partir disso, o 
geógrafo elaborou o conceito de domínios morfoclimáticos e fitogeográficos, 
que são áreas com ordem de grandeza territorial significativa, que recobrem 
boa parte do território brasileiro e que apresentam similaridade nos aspectos 
relacionados a feições de relevo, tipos de solos, formas de vegetação e con-
dições climato-botânicas. No Brasil podem ser identificados seis diferentes 
domínios paisagísticos, além de faixas de transição localizadas, entre eles: 
domínio amazônico, domínio do cerrado, domínio da caatinga, domínio dos 
mares de morros, domínio das araucárias e domínio das pradarias (Figura 1).
Biogeografia brasileira 3
Figura 1. Domínios morfoclimáticos do Brasil.
Fonte: Secretaria Municipal de Educação de Duque de Caxias (2020, documento on-line).
Biogeografia e geossistemas
Segundo Troppmair (2008), a biogeografia estuda as interações, a 
organização e os processos espaciais com ênfase nos seres vivos (biocenoses) 
que habitam determinado local — o biótopo. A partir dos ecossistemas, cabe 
ao biogeógrafo compreender o geossistema, composto pela interação espacial 
entre os ecossistemas naturais e os sistemas ambientais criados pelo homem. 
O geossistema compreende um espaço que se caracteriza pela homogenei-
dade dos seus componentes, suas estruturas, fluxos e relações que, integrados, 
formam o sistema do ambiente físico onde há exploração biológica.
Biogeografia brasileira4
Propósitos da biogeografia
Para atingir seus objetivos, a biogeografia se divide em fitogeografia e zoo-
geografia. A fitogeografia trata da investigação distributiva dos vegetais, 
enquanto a zoogeografia trata da investigação distributiva dos animais. Em 
uma análise geral dos estudos biogeográficos, os estudos fitogeográficos 
encontram-se mais desenvolvidos do que os zoogeográficos. Isto se deve 
à maior facilidade e disponibilidade das técnicas e de recursos materiais 
exigidos em uma investigação sistematizada centrada nas plantas. 
Segundo Camargo (1998), é evidente que o estudo dos animais apresenta 
maiores dificuldades em função de sua extrema mobilidade e de hábitos 
exclusivos de vida. Também o pequeno porte e a pouca capacidade asso-
ciativa dos nossos animais, aliados ao hábito noturno de grande número de 
espécies, dificultam muito o estudo de suas características e distribuição. 
Para o autor, o estudo da vegetação realizado pelo geógrafo se reveste de 
valor em virtude da expressão que a cobertura vegetal imprime à paisagem, 
pois constitui um componente de fácil observação na superfície terrestre. 
Em função das conexões com o clima, relevo, solo e hidrografia, a vegetação 
assume fisionomias únicas, que permitem interpretações bem fundamentadas 
por parte dos fitogeógrafos. 
Em razão de seus propósitos, a biogeografia possui diversos desdobra-
mentos; Vitte e Guerra (2010) descrevem alguns deles a seguir.
 � Florística/faunística: área que estuda a distribuição geográfica e as 
causas de ocorrência de determinada espécie vegetal ou animal em 
um dado espaço. Por exemplo, a presença do Caryocar brasiliensis 
(Figura 2) nos extensivos dos chapadões da área core no domínio dos 
Cerrados, localizados na Região Central brasileira; ou ainda a presença 
do Astyanax bimaculatus em hidrotopos represados das bacias hidro-
gráficas do Sudeste brasileiro. Nos dois exemplos, pode-se inclusive 
delimitar a amplitude territorial de ocorrência das espécies, ou, ainda, 
os fatores limitantes para as respectivas dispersões.
Biogeografia brasileira 5
Figura 2. Ocorrência de Caryocar brasiliensis (pequi) no cerrado brasileiro.
Fonte: Kuhlmann (2020, documento on-line).
 � Sociológica: também subdividida em fitossociológica e zoossociológica, 
diz respeito ao estudo das espécies vegetais e animais que participam 
de uma biocenose, como, por exemplo, a atual distribuição dos mangues 
com a respectiva fauna, ao longo dos litorais da América do Sul, África 
e Sudeste Asiático e seus táxons equivalentes. Na atualidade, com o 
desenvolvimento de técnicas e métodos interpretativos fundamentados 
em especial na palinologia dos manguezais, inúmeros cientistas elabo-
raram fortes argumentos na identificação de espécies angiospermas 
que pioneiramente desenvolveram tolerância à salinidade, evoluindo 
para espécies que caracterizam o exotismo das formações vegetais 
que constituem os mangues (VANNUCCI, 1999). Estudos neste nível 
procuram explicar as questões de como espécies de plantas e animais 
ocorrem e participam em determinada mata, lago ou, ainda, andares 
de vegetação em áreas da superfície terrestre.
 � Histórica: pesquisa as causas da atual distribuição, a diferença e a 
extinção de espécies da flora e da fauna. A título de ilustração, pode-se 
citar a distribuição dos fósseis da megafauna pleistocênica na Amazônia 
Ocidental, nos terrenos quaternários dos estados do Acre e de Ron-
dônia. Uma excelente pesquisa a respeito da extinção da megafauna 
pleistocênica foi desenvolvida por Ranzi (2000) e teve como propósito 
o registro dos mamíferos que habitaram a Amazônia Ocidental durante 
o Pleistoceno Superior, com a finalidade de contextualizar esse grupo 
Biogeografia brasileira6
faunístico na história da biota amazônica. Troppmair (2008) afirma que 
essa área específica da biogeografia abriga respostas às seguintes 
questões: como se deu a evolução da espécie X na América do Sul? Por 
que a espécie Y da África não ocorre no continente americano? Quais 
foram as áreas de refúgio e as causas da extinção de determinadas 
espécies da avifauna na Neutrópis?
 � Fisionômica: trata especificamente das formas de vida, ou seja, da 
expressão singular no mosaico da paisagem, e isso tanto em relação 
às formações vegetais como também ao micromodelado do relevo 
terrestre, por meio da ação de alguns grupos faunísticos, caso típico 
dos murundus, ou termitários, que infestam enormes extensões do 
território brasileiro, feitos pelas saúvas e termitas. As indagações que 
ocorrem para esta modalidade de investigação biogeográfica podem 
ser: a vegetação é aberta ou densa? Arbórea, arbustiva ou rasteira? 
Quais formações vegetais resultam deste fato? Responder a questões 
como essas auxiliam biogeógrafos a definir uma tipologia específica 
para a cobertura vegetal do Brasil Central, como campo limpo, campo 
sujo, campo cerrado e cerradão, e podem contribuir para a criação 
de unidades de preservação para este sutil domínio paisagístico do 
território brasileiro.
 � Econômica: investiga a apropriação, o valor e o aproveitamento de 
diferentes espécies vegetais e animais, em benefício da sociedade, sem, 
contudo, comprometer a fisiologia da paisagem. Atualmente, em virtude 
da biopirataria — principalmente na Amazônia —, exige do biogeógrafo 
condutas que passam necessariamente pela ética e moral e, na forma 
evidente, por concepções filosóficas que alicercem novas posturas 
de pensar e agir sobre a preservação dos mais diversificados biomas.
 � Regional: trata do fator distributivo de plantas e animais em diferen-
tes regiões ou geossistemas que integram o mosaico da paisagem. 
Um exemplo de estudo dessa área é o que resultou no modelo dos 
domínios morfoclimato-botânicos em território brasileiro, com o es-
tabelecimento de suas respectivas áreas cores e seus corredores de 
transição (AB’SÁBER, 1977). O reconhecimento das potencialidades 
paisagísticas brasileiras veio a corroborar o conceito de que as uni-
dades de preservação devem ser delimitadas, reunindo no mínimo 
dois ou três domínios.
 � Médica: consiste na investigação sistematizada da distribuição e as 
causas da ocorrência de pragas e moléstias que, neste caso em parti-
cular, tem a contribuir no grave problema da proliferação da dengue e 
Biogeografia brasileira 7
da febre amarela, cujos vetores se propagam nos ambientes aquáticos, 
localizados no campo ou na cidade. Pesquisas bem conduzidas apa-
recem em Lacaz, Baruzzi e Siqueira Júnior (1972), com considerações a 
respeito dos fatos essenciais de geografiafísica do Brasil e a relação 
com alguns problemas de patologia humana. Além de movimentos 
migratórios, doenças infecciosas e parasitárias e outros temas como 
zoonoses, protozooses, helmintíases, viroses, riquetsioses, cabe lem-
brar que a biogeografia médica se estende aos estudos da propagação 
de pragas que afetam a produção agrícola.
 � Evolucionária: realiza o estudo dos seres vivos e as condições geoe-
cológicas que incidem para a evolução por meio da seleção natural. 
Estudos recentes nesta área têm demonstrado casos de especiação 
em tempo real. Como, por exemplo, o fato de que, em levantamentos 
efetuados na América Central Continental e Insular e no Sudeste bra-
sileiro, o Lebiste reticulatus apresenta diferenciação na gama de cores 
e quantidades de pintas sobre o corpo em função da maior ou menor 
pressão de seus predadores e do ambiente aquático em que vive, 
que pode ou não promover a sua proteção de ataques. Este processo 
traz, como consequência, diversidade nos padrões de cores e pintas 
no corpo do peixe, evidenciando diferenciações na mesma espécie ao 
longo de um mesmo canal fluvial.
Endemismo
O endemismo está relacionado à região geográfica que compreende 
a distribuição de uma ou mais espécies que não ocorrem em nenhum outro 
lugar. Por isso, quando uma espécie ocorre em apenas uma região se diz que 
ela é endêmica daquela região.
Ainda, endemismo não deve ser confundido com o conceito de centro de 
origem, que está relacionado ao dispersionismo.
Tendências biogeográficas
Os biogeógrafos foram os primeiros entre os geógrafos a perceber a dinâmica 
integrada dos componentes paisagísticos, tais como estrutura geológica, 
clima, solo, relevo, vegetação e hidrografia, e isso sem incidir para avaliação 
isolada e individualizada do espaço geográfico. Dessa forma, os biogeógrafos 
Biogeografia brasileira8
deram início a novas tendências no seu campo específico de estudo, funda-
mentados em uma visão holística ou de conjunto, que proporcionou grande 
progresso na produção biogeográfica e na própria geografia.
Pode-se dizer que a gênese da biogeografia, estabelecida como um corpo 
de ideias sistematizadas em tempos modernos, reside principalmente nos 
esforços de pesquisadores que se dedicaram ao estudo distributivo dos 
seres vivos nos séculos XVIII e XIX, quando surgiram figuras como Lamarck, 
Humboldt, Darwin, Wallace, que firmaram princípios sobre o centro de origem, 
dispersão das espécies, formas de vida e conexões com o mundo físico e 
biológico.
Posteriormente, pesquisadores postularam o princípio da vicariância, que 
consiste na especificação e no fator distributivo dos seres vivos como resul-
tado das condições de excepcionalidade, advindas de mudanças ambientais 
globais, principalmente aquelas que envolvem a tectônica de placas e que 
desencadeiam novos desenhos a respeito da espacialidade vital na superfície 
terrestre. Espacialidade está configurada nas quatro dimensões pertinentes 
ao espaço geográfico, incluindo o tempo geológico e histórico. Ou seja, a 
vicariância constitui um dos mecanismos evolutivos no qual a biogeografia 
ou a distribuição geográfica de uma espécie ancestral é fragmentada em 
duas ou mais áreas, devido ao aparecimento das barreiras naturais, sejam 
quais forem a sua gênese ou configuração.
 Atualmente, a visão evolucionária assume grande prestígio e relevância 
para os que se dedicam a esse complexo e interessante estudo sistematizado, 
denominado biogeografia. Sendo assim, a biogeografia pode ser admitida, 
futuramente, como a ponte unificadora entre a geografia física e a geografia 
humana, a ter como maior preocupação o estudo do homem e seus diferen-
tes ambientes e o entendimento de como o mundo se humaniza, agindo e 
transformando a natureza, sem, contudo, desprezar o espaço que a biota 
ocupa neste planeta.
Endemismo no território brasileiro: caso da Ilha da Queimada
A Ilha da Queimada Pequena e Queimada Grande é uma unidade 
de conservação brasileira protegida pelo Instituto Chico Mendes (ICMbio), e é 
considerada uma área de grande interesse ecológico por conter uma biodiver-
sidade curiosa.
A área recebe os nomes populares Ilha das Cobras — por ser habitada por 
uma grande concentração de cobras jararaca — e Queimada Grande devido às 
queimadas que os antigos pescadores (que desembarcavam para descansar) 
Biogeografia brasileira 9
faziam para afastar as cobras. Hoje em dia, a ilha é uma área restrita apenas 
para pesquisadores e profissionais ambientais.
A jararaca ilhoa (Bothrops insularis) infelizmente está na categoria de cri-
ticamente ameaçada de extinção. Por ser isolada na ilha, a espécie endêmica 
se desenvolveu de maneira diferente das que estão no continente. Não tendo 
uma presa terrestre, como pequenos mamíferos (roedores), a cobra começou a 
subir nas árvores atrás de aves, tornando a caça mais difícil. Assim, a adaptação 
no novo habitat fez com que seu veneno ficasse mais forte para abater a presa 
mais rápido, além do mimetismo com a vegetação da ilha para se camuflar e 
do hábito diurno para atrair as aves.
Dessa forma, pode-se identificar a jararaca ilhoa como um exemplo de 
adaptação de vida selvagem, ao modificar a sua alimentação e as suas técnicas 
de camuflagem para obter sua presa.
Fonte: Schulz (2019).
Referências
AB’SÁBER, A. N. Potencialidades paisagísticas brasileiras. In: RECURSOS naturais, 
meio ambiente e poluição: contribuição de um ciclo de debates. Rio de Janeiro: IBGE; 
SUPREN, 1977. v. 1. p. 19-38.
CAMARGO, J. C. G. Evolução e tendências do pensamento geográfico no Brasil: a bio-
geografia. 1998. 339 f. Tese (Livre-Docência) – Departamento de Geografia, Instituto 
de Geociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 1998.
ELHAI, H. Biogeographie. Paris: Armand Colin, 1968.
FURON, R. La distribución dos Seres. Buenos Aires: Nueva Col. Labor, 1961.
KUHLMANN, M. Caryocar brasiliense. Brasília, DF: Museu do Cerrado, 2020. Disponível 
em: https://museucerrado.com.br/pequi/. Acesso em: 20 jan. 2021.
LACAZ, C. S.; BARUZZI, R. G.; SIQUEIRA JÚNIOR, W. Introdução à geografia médica no 
Brasil. São Paulo: Edgard Blucher; Edusp, 1972.
MARTONNE, E. Panorama da geografia. Lisboa. Ed. Cosmos, 1954. v. 2. 
MUELLER, P. Biogeography as a means of evaluating living spaces. Den Hague: Junk, 1976.
RANZI, A. Paleoecologia da Amazônia: megafauna do pleistoceno. Editora da UFSC, 
Florianópolis, 2000.
SCHULZ, G. Conhecendo a Ilha da Queimada Grande. Brasília, DF: Ministério do Meio 
Ambiente, 2019. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-
-geral/10210-conhecendo-a-ilha-da-queimada-grande-e-seus-habitantes. Acesso 
em: 20 jan. 2021.
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE DUQUE DE CAXIAS. Os domínios Morfoclimá-
ticos Brasileiros. PortalSME, 2020. Disponível em: https://smeduquedecaxias.rj.gov.br/
osmeportal/wp-content/uploads/2020/09/geografia_Os-dominios-Morfoclimaticos-
-brasileiros-I.pdf. Acesso em: 20 jan. 2021.
TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. 8. Ed. Rio Claro, SP: Divisa, 2008.
VANNUCCI, M. Os manguezais e nós (uma síntese de percepções). São Paulo: Edusp, 1999.
Biogeografia brasileira10
VIADANA, A. G. Perfis Ictiobiogeográficos da bacia do Rio Corumbataí (SP). 1992. 174 f. 
Tese (Doutorado em Geografia) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992.
VITTE, A. C.; GUERRA, A. J. T. (Org.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. 3. ed. 
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.
Leituras recomendadas
AB’SÁBER, A. N. A teoria dos refúgios: origem e significado. Revista do Instituto Florestal, 
São Paulo, v. 4, parte 1, p. 29-34, mar. 1992.
SANTOS, C. M. D. Sobre a busca de padrões congruentes na biogeografia. Revista da 
Biologia, São Paulo, v. 7, p. 6-11, 2011.
SILVA, M. B. Áreas de endemismo: as espécies vivem em qualquer lugar, onde podem 
ou onde historicamente evoluíram? Revista da Biologia, São Paulo, v. 7, p. 12-17, 2011.
Os links para sites da web fornecidos neste capítuloforam todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores 
declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
Biogeografia brasileira 11
Dica do professor
A biogeografia é uma ciência bastante ampla e complexa que busca explicar a origem e distribuição 
dos seres vivos no planeta terra. Para isso, tem diversas teorias que dão conta de explicar esse 
importante objeto de estudo.
A teoria da biogeografia das ilhas é uma teoria que explica a biodiversidade das espécies a partir 
dos índices de migrações e extinções. A teoria foi proposta inicialmente por Robert MacArthur e 
Edward O. Wilson na década de 1960, e é utilizada até os dias atuais.
Na Dica do Professor, aprenda sobre as tendências biogeográficas do território e conheça a teoria 
das ilhas.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/26ad423d5209eab886e2362f7c726151
Exercícios
1) Segundo Vitte e Guerra (2010), para a biogeografia dar conta de explicar um campo tão 
vasto do conhecimento, ela se divide em duas áreas principais, e essas áreas possuem 
diversos desdobramentos.
Diante disso, as duas áreas que fazem parte da biogeografia são denominadas:
A) florística e faunística.
B) histórica e fisionômica.
C) regional e econômica.
D) fitogeografia e zoogeografia.
E) fitossociológica e zoosociológica.
2) A biogeografia tem como objetivo principal o estudo das condições ambientais e dos 
processos bióticos determinantes na distribuição das espécies. A influência da área do 
habitat na riqueza e na ocupação do espaço é explicada pela teoria de biogeografia de ilhas. 
Diante disso, complete a frase:
“Segundo a teoria da biogeografia de Ilhas, o(s) mecanismo(s) que influencia(m) a relação 
___________________________________”.
Assinale a alternativa correspondente.
A) entre as espécies de qualquer área é, exclusivamente, a colonização.
B) entre as espécies é, apenas, o tamanho da área a ser conquistada.
C) espécie/área é, exclusivamente, a extinção seletiva.
D) espécie/área foram sintetizados em um equilíbrio entre os processos de dispersão e 
colonização.
E) espécie/área foram sintetizados em um equilíbrio entre os processos de 
colonização/imigração e extinção/emigração.
3) A biogeografia tem diversos conceitos para explicar a relação entre as espécies e o local 
onde elas habitam. Um desses conceitos está relacionado à região geográfica, que 
compreende a distribuição de uma ou mais espécies que ocorrem em apenas uma região e 
não ocorrem em nenhum outro lugar.
Qual nome se dá a essa característica das espécies?
A) Dispersionismo.
B) Vicariância.
C) Mimetismo.
D) Endemismo.
E) Centro de origem.
4) Ao longo dos anos a biogeografia evoluiu apresentando diversos conceitos que buscaram 
sintetizar o seu objeto de estudo. Complete o conceito proposto por Troppmair (1987):
A ___________ estuda as interações, a organização e os processos espaciais, dando ênfase aos 
seres vivos – vegetais e animais – que habitam determinado local: o _________, onde 
constituem ___________.
Assinale a alternativa correspondente.
A) biogeografia – biótopo – geobiocenoses.
B) geografia – geossistema – biótopos.
C) biogeografia – endemismo – biótopos.
D) geografia – biótopo – geobiocenoses.
E) biogeografia – geossistema – biótopo.
5) A biogeografia tem uma característica específica que a diferencia de outras ciências como a 
biologia, a botânica, a agronomia, a ecologia e a zoologia.
Segundo Camargo (1998), qual é essa característica específica?
A) A biogeografia estuda diferentes espécies: animais e vegetais.
B) O objetivo da biogeografia será sempre voltado para a abordagem espacial.
C) O objetivo da biogeografia será sempre voltado apenas para a origem das espécies.
D) A biogeografia sempre considera fatores humanos.
E) A biogeografia será sempre voltada para espécies vegetais.
Na prática
A disciplina de biogeografia tem caráter interdisciplinar, pois aborda questões relacionadas à 
geografia, à biologia, entre outras áreas. Por isso se faz necessário que os processos de ensino-
aprendizagem sejam pensados de forma a aliar teoria e prática, visando facilitar a assimilação do 
conteúdo por parte do aluno.
Veja, Na Prática, um trabalho voltado ao ensino-aprendizagem na disciplina de biogeografia, um 
projeto de monitoria desenvolvido por um aluno e seu professor na Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (UFRN). Por meio desse trabalho, entenda os propósitos da biogeografia.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja a seguir as sugestões do professor:
Geossistemas: uma introdução à geografia física
Este livro traz uma importante contribuição para a geografia física e está disponível na Biblioteca-A. 
Dois de seus capítulos são indispensáveis para a compreensão de questões ligadas à biogeografia, o 
Capítulo 19 – Princípios básicos dos ecossistemas –, e o Capítulo 20 – Biomas Terrestres.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Biogeografia e Galápagos: filosofia das origens
No vídeo a seguir, você poderá aprender sobre diversas características das ilhas Galápagos e as 
diversas espécies que lá habitam.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Ecologia da paisagem da Planície Entre Mares na Ilha de Santa 
Catarina: conectividade entre fragmentos de vegetação através 
de corredores ecológicos
Nesta dissertação de mestrado, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSC, você vai 
ler uma discussão sobre fragmentação e corredores ecológicos na Ilha de Santa Catarina.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Novos recursos para o ensino da biogeografia
 https://www.youtube.com/embed/kGcCm49_eo4 
https://biogeografia.paginas.ufsc.br/files/2017/07/Talita_Goes.pdf
Leia o artigo a seguir para conhecer o projeto de monitoria em que a metodologia adotada serviu 
como suporte no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de biogeografia.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Análise do ensino da biogeografia na educação básica do 
Distrito Federal (DF): Propostas de práticas pedagógicas
Este trabalho analisa os saberes e práticas de ensino na educação do Distrito Federal relacionados à 
biogeografia na educação básica e, também, propõe práticas pedagógicas para o ensino da 
biogeografia escolar.
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http://arquivos.info.ufrn.br/arquivos/2013181252b81615689158d45d6b4f69f/Caderno_de_Monitoria_WEB__p23-33.PDF
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/35684/1/2019_KarinaFernandesGomesMarques.pdf

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