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As inovações trazidas pela Lei n. 14.1332021

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL 
ÁREA DE CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS 
 
 
AS INOVAÇÕES DA LEI N.º 14.133/2021 PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
 
 
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO II 
AMANDA EILLEN QUOOS RODRIGUES 
 
 
 
FARROUPILHA 
2023 
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SUMÁRIO 
 
1. As inovações trazidas pela Lei n.º 14.133/2021.............................................................. 03 
2. A importância das mudanças, em comparação com a Lei n.º 8.666/93...........................03 
 
3. LICITAÇÕES...................................................................................................................04 
3.1. Por que é importante licitar?.........................................................................................04 
3.2. Modalidades de licitação..............................................................................................05 
3.3. Novos critérios de julgamento das modalidades de licitação.......................................06 
3.4. Procedimento da licitação.............................................................................................06 
 
4. CONTRATOS..................................................................................................................06 
4.1. Ampliação dos limites de contratação..........................................................................06 
4.2. Alteração dos contratos administrativos.......................................................................07 
 
5. TIPIFICAÇÃO PENAL.....................................................................................................07 
5.1. Revogação da parte criminal........................................................................................07 
6.1. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 08 
7. Referências Bibliográficas.............................................................................................. 08 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. As inovações trazidas pela Lei n.º 14.133/2021. 
 
Publicada em 01 de Abril de 2021, a Lei n.º 14.133/2021 trouxe mudanças muito 
significativas, não só para o meio jurídico, mas também para toda comunidade brasileira, 
isso pois são atingidos diretamente pelas mudanças realizadas. 
Primeiramente é importante dizer que a Lei n.º 14.133/2021 veio com o objetivo de 
substituir e unificar algumas normas e leis anteriores, como a Lei de n.º 8.666/1993 que 
trata normas para licitações e contratos da Administração Pública, da Lei do pregão n.º 
10.520/02 e a Lei n.º 12.464/01 que trata do regime diferenciado das contratações. 
A Lei n.º 14.133/2021 entrou em vigor imediatamente, sem período de vacatio legis, 
prevista no art. 191, já as demais Leis, continuam em vigor, pois sua revogação está sendo 
feita no lapso temporal. 
Inicialmente a previsão de vigência das Leis n.º 8.666/93, 10.520/02 e a 12.464/01 
seria até a data de 01 de abril de 2023, esta foi prorrogada por até o dia 30 de dezembro 
deste ano, através de uma medida provisória (1.167/2023), devido a problemas de muitos 
gestores acerca de adaptações e adequação de prazos ante a nova Lei1, portanto, 
permanece em vigor até março de 2023. É preciso atentar-se que as licitações e medidas 
administrativas que usaram a base da Lei n.º 8.666/93, esta deve permanecer até o final 
da execução dos atos e demandas em geral, o mesmo valendo para a Lei n.º 14.133/2021. 
Com o objetivo de tornar as contratações mais imparciais, céleres, justas de forma 
ainda mais rápida e eficiente criou-se a Lei n.º 14.133/2021. 
Ainda, a busca pelo reequilíbrio dos contratos, ampliar as possibilidades na busca 
de novos parâmetros no mercado, maior flexibilidade através de novos dispositivos. 
 
2. A importância das mudanças, em comparação com a Lei n.º 8.666/93. 
 
Uma das grandes mudanças em comparação com a Lei anterior, a n.º 8.666/93, foi 
a necessidade de limitar a atuação do Estado e evitar o superfaturamento, portanto, muitas 
alternativas foram adotadas. 
Inclusive, para ter acesso a propostas mais eficientes e vantajosas para a 
Administração, isso, pois pela experiência da Lei anterior, houve uma análise acerca das 
licitações, onde se percebeu a grande necessidade de mudança para a compra de material, 
já que hoje, obrigatoriamente precisa ser analisado o ciclo de vida, durabilidade e custo 
benefício. 
 
 
1 Medida provisória prorroga prazo de adequação à nova Lei de Licitações. 
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Indubitavelmente a maior mudança e o foco principal da nova lei foi acerca das 
licitações, que tem muita importância para nosso cotidiano, visto que é através das 
contratações que a Administração consegue gerir e manter os serviços que são colocados 
à disposição do povo, ou seja, é através da licitação que é possível comprar equipamentos 
para escolas, ou para contratar serviços para construção de postos de saúde, entre outras 
medidas adotadas em prol da coletividade. 
Nesse mesmo entendimento segue Carvalho (2015, p. 429): 
A Administração Pública possui a tarefa árdua e complexa de manter o 
equilíbrio social e gerir a máquina pública. Por essa razão, não poderia a lei 
deixar a critério do administrador a escolha das pessoas a serem contratadas, 
porque essa liberdade daria margem a escolhas impróprias e escusas, 
desvirtuadas do interesse coletivo. 
 
Portanto, com o passar dos anos, observou-se a necessidade de aprimoramento das 
contratações, bem como quanto à importância de trazer de atualizações, considerar a 
modernidade que temos hoje, entre outros enquadramentos. Um exemplo é acerca da 
realização das licitações de forma eletrônica, podendo ocorrer presencialmente, mas desde 
que com prévia justificativa, enquadramento do art. 17, §2º da Lei 14.133/2021. 
 
3. LICITAÇÕES 
3.1. Por que é importante licitar? 
 
Primeiramente a Administração precisa escolher o que é mais vantajoso para si, 
escolhendo a opção que mais se adequa aos seus interesses. Da mesma forma que 
precisam garantir o uso do princípio da igualdade, moralidade e probidade entre os 
licitantes, ou seja, não pode haver preferência e tratamento desleal entre nenhum 
concorrente. 
 
Di Pietro: “o procedimento administrativo pelo qual um ente público, no 
exercício da função administrativa, abre a todos os interessados, que se 
sujeitem as condições fixadas no instrumento 3 convocatório, a possibilidade 
de formularem propostas dentre as quais selecionará e aceitará a mais 
conveniente para a celebração do contrato”. 
 
Os procedimentos da licitação também servem para gerar economicidade, 
preservando a Administração de sobrepreço ou superfaturamento, disposto no artigo 6º, 
incisos LVI e LVII da Lei n.º 14.133/2021. 
Ainda a lei também traz o questionamento da vantagem da compra do produto, 
levando em consideração o ciclo de vida dos objetos. 
Todas essas novas medidas, também atuam para incentivar a inovação e o 
desenvolvimento nacional saudável, bem como a isonomia entre os negociantes e o Poder 
Público. 
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3.2. Modalidades de licitação. 
 
Outro grande avanço da Lei n.º 14.133/2021 é acerca das melhorias trazidas nas 
modalidades de licitação, que está previsto no rol do art. 28, assim, em comparação com a 
Lei anterior n.º 8.666/93 extingue-se a modalidade de licitação de tomada de preços e 
convites e são utilizadas as seguintes: 
 Pregão (art. 29): é a modalidade de licitação obrigatória para a contratação de bens 
e serviços comuns, exceto os de engenharia. A avaliação ocorre mediante analise dos 
padrões de desempenho e qualidade, que poderá ser definido de forma objetiva, por meio 
das especificações usuais no mercado. 
Em caso de empate entre os licitantes o desempate seguirá a seguinte avaliação: 1 
– Novo lance; 2 – Avaliação de desempenho pelo histórico; 3 – Índice de equidade de 
gênero na empresa; e 4 –Desenvolvimento de programas sustentáveis. 
Como há diversos concorrentes, no pregão há uma única fase e possibilidade de 
recorrer ante ao resultado, anterior à homologação do resultado, isso é dizer ou pedir 
verbalmente após a lavratura da ata o seu interesse em apresentar o recurso, sob pena de 
preclusão, o prazo é de 3 (três) dias úteis da data de abertura do certame. 
 Concorrência (art. 6º, XXXVIII): é a modalidade de licitação para as contratações de 
bens e serviços que são considerados especiais, ou seja, que não são ditos como comuns, 
bem como também para obras e serviços de engenharia (comuns e especiais); 
 Concurso (art. 6º, XXXIX): é a modalidade de licitação para a contratação de serviço 
técnico, científico ou artístico, onde nesse caso mediante um prêmio ou remuneração ao 
vencedor do concurso; 
 Leilão (art. 6 – XL): é a modalidade de licitação onde o leiloeiro ou servidor designado 
realizarão um leilão, para venda e para alienação de bens móveis ou imóveis que poderão 
ser vendidos nesse evento, desde que o bem seja de propriedade da Administração pública. 
 Diálogo competitivo (art. 6º, XLII): sem dúvidas, essa é a maior novidade da nova 
Lei, isso porque nessa modalidade de licitação ocorre uma forma de competição entre os 
licitantes, alternativa usada para licitações para contratações de obras, serviços e compras, 
em casos onde haja maior complexidade, e para isso é necessário que haja ideias e 
soluções inovadoras. Assim, cria-se um debate entre os licitantes, e o seu papel será 
desenvolver formas alternativas de solução de conflitos que atendam as demandas e 
necessidades da Administração Pública, ao fim, apresentarão uma proposta final de 
solução. 
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Hoje o Poder Público tem mais poder de escolha, podendo decidir qual é a forma 
que mais atende à demanda necessária da Administração, essas alternativas de escolhas 
incluem a possibilidade de se usar mais de uma modalidade. 
 
3.3. Novos critérios de julgamento das modalidades de licitação. 
 
Os critérios que já existiam para avaliar e julgar cada modalidade de licitação eram 
o menor preço, técnica e preço, melhor lance (em caso de modalidade de leilão), os quais 
permaneceram na nova lei. Além disso, foram incluídos tipos novos de critérios para 
julgamento objetivo da licitação, nos moldes dos artigos 33 a 39 da nova Lei, sendo eles: 
maior desconto, melhor técnica ou conteúdo artístico (modalidades de concurso ou 
concorrência) e maior retorno econômico (em contratos de eficiência). 
 
3.4. Procedimento da licitação. 
 
Agora também temos mudanças acerca das fases da licitação, anteriormente a Lei 
n.º 8.666/93 trazia a fase interna, fase externa, a divulgação, a análise dos 
documentos/habilitação, analise da propostas/julgamento, homologação e adjudicação. 
Com a implementação da nova lei de licitações houve também a alteração do 
procedimento da licitação que estão dispostos no artigo 17 da Lei 14.133/2021, vejamos: 
 
Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência: 
I - preparatória; 
II - de divulgação do edital de licitação; 
III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso; 
IV - de julgamento; 
V - de habilitação; 
VI - recursal; 
VII - de homologação. 
 
No art.17, como visto acima, a apresentação das propostas e lances vem antes da 
habilitação justamente como forma de agilizar o processo da licitação, já que antes a 
demora se dava, pois, primeiro todas as empresas eram habilitadas, tinham o prazo de 
recurso contra essa habilitação, e só depois se apresentavam as propostas. Agora somente 
a empresa vencedora do certame tem a documentação de habilitação avaliada, se houver 
algum impedimento avalia-se a habilitação da segunda colocada e assim por diante. 
 
4. CONTRATOS 
4.1. Ampliação dos limites de contratação. 
 
 Com a revogação da Lei n.º 8.666/93 e a publicação da nova lei de licitações, houve 
a ampliação dos valores limites do limite para a dispensa para licitação. 
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Anteriormente a Lei n.º 8.666/93 preconizava o valor de R$ 33.000,00 para obras e 
serviços de engenharia e R$ 17.000,00 para serviços comuns e compras. Depois da 
implementação da nova lei 14133/21, o valor para compras e serviços comuns ficou 
estabelecido em R$ 50.000,00 e R$ 100.000,00 para obras e serviços de engenharia, bem 
como também para a manutenção de veículos automotores. 
As contratações são feitas através do portal nacional de contratações públicas 
(PNCP) e são feitas nos moldes acima expostos. 
 
4.2. Alteração dos contratos administrativos. 
 
A nova Lei de licitações também aborda sobre novas formas de alteração do contrato 
com cláusula exorbitante, possibilidades de resolução com acordo entre as partes; ou; 
alteração do regime da obra; alteração na forma de pagamento. Nesse sentido um exemplo 
é a clausula que exige garantia no contrato, disposta no art. 104, IV da Lei n.º 14.133/2021. 
Qualquer cláusula contratual pode ser alterada unilateralmente, desde que sejam 
unicamente em clausulas regulamentares e de serviço. 14.133/2021, art. 104, §1º. 
Inclusive agora também contamos com a possibilidade da extinção unilateral do 
contrato administrativo, que para sua validade depende somente da edição de ato unilateral 
da Administração, em face do princípio da indisponibilidade do interesse público, conceito 
do art. 138, inciso I da Lei n.º 14.133/2021. 
 Como se não bastasse tantas medidas alternativas visando o melhor interesse 
coletivo, o artigo 124 da nova lei também traz dever da Administração de responder as 
solicitações e reclamações relacionadas à execução de contratos, sua exceção estará 
apenas em contratos que já tenham sido estipulados prazo certo para solução. 
 
5. TIPIFICAÇÃO PENAL 
5.1. Revogação da parte criminal. 
 
Ainda, a nova lei de certa forma, organizou melhor sua atuação, isso porque a Lei 
n.º 14.133/2021 revogou toda parte onde previa sua tipificação e penalidade criminal. 
Anteriormente, os crimes contra Administração estavam previstos nos art. 89 a 108 
da Lei n.º 8.666/93 o que foi diretamente para o Código Penal (Art. 337-E e seguintes) 
instituindo o Capítulo II-B dos Crimes em Licitações e Contratos Administrativos, pois 
acabava gerando muitas controvérsias do nexo de tais previsões penais em uma Lei 
administrativa, da mesma forma que agora as sanções são mais severas contra os crimes 
que versam sob o âmbito da Administração. 
 
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6.1. Conclusão 
 
O Poder Público é o responsável pela gestão da nossa sociedade e para o bom 
funcionamento dos serviços prestados e recebidos, assim, deve praticar seus atos sempre 
visando o bem e interesse comum. 
A nova Lei trouxe diversas inovações para a coletividade, ampliou o alcance das 
contratações, trazendo mais oportunidades para as micro e pequenas empresas para 
participação do processo das licitações. 
O Poder público através do novo dispositivo otimizou diversos pontos das relações 
administrativas para com os prestadores de serviço também, já que a lei buscou se adequar 
às novas demandas do povo, buscando agir com transparência, agilidade, menos 
burocracia devido a toda otimização voltadas para a tecnologia principalmente na compra 
ou contratação de bens e serviços. 
Não obstante, tamanhas idealizações também contribuem para a diminuição das 
despesas principalmente de quando tratamos da operacionalidade do procedimento 
licitatório, pois como vimos anteriormente, tal metodologia foi remodelada para potencializar 
a prestação do serviço público e também para incentivar o setor privado a contratar com o 
Poder Público. 
Além disso, ela deve diminuir os custos operacionais de todo o processo licitatório, 
já que a Nova Lei estabelece que as licitações devem acontecer por meios eletrônicos como 
regra, sendo a licitação presencial a exceção. 
Diante disso, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco sobre como é o 
funcionamento e procedimento daAdministração, da mesma forma que sabendo do novo 
prazo para adequação desta nova Lei para a deixada de utilização da Lei anterior, 
conhecemos os avanços e inovações trazidas para o povo, cabe à nós cobrarmos os 
agentes administrativos para que cumpram seu novo papel nos ditames éticos e dentro dos 
princípios que regem as relações, assim, para garantir o melhor funcionamento do Estado, 
contribuindo para a maior eficiência dos procedimentos realizados pela Administração. 
 
7. Referências Bibliográficas: 
 
CARVALHO, Matheus.Manual de Direito Administrativo. 2 ed. Revista, ampliada e 
atualizada - Salvador. Juspodivm, 2015. 
 
Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo I Maria Sylvia Zanella Di Pietro. - 29. 
ed. Revista, ampliada e atualizada - Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
9 
 
 
IGCP. Governança: a espinha dorsal da nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 
Instituto Latino-Americano de Governança e Compliance Público. Disponível em: 
<https://igcp.org.br/governanca-a-espinha-dorsal-da-nova-lei-de-licitacoes-e-contratos-
administrativos/> 
 
SCHVENGER, Juliana Marina. Porque o poder público tem que licitar? Comunidade 
Sebrae. Abril. 2023. Disponível em: <https://sebraepr.com.br/comunidade/artigo/porque-o-
poder-publico-tem-que-licitar> 
 
SENADO. Agência, Medida provisória prorroga prazo de adequação à nova Lei de 
Licitações. Abril. 2023. 
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/04/03/medida-
provisoria-prorroga-prazo-de-adequacao-a-nova-lei-de-licitacoes> 
 
ZÊNITE. Quando entra em vigor a nova Lei de Licitações? Quais leis foram revogadas? Há 
dispositivos que entram em vigor na data de publicação? Abril. 2021. Disponível em: 
<https://zenite.blog.br/quando-entra-em-vigor-a-nova-lei-de-licitacoes-quais-leis-foram-
revogadas-ha-dispositivos-que-entram-em-vigor-na-data-de-
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