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OFICINA 1 - DOENÇAS CARDIOVASCULARES EPIDEMIOLOGIA E VULNERABILIDADES

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OFICINA 1 – DOENÇAS CARDIOVASCULARES: EPIDEMIOLOGIA E VULNERABILIDADES 
1. DISCUTIR OS FATORES DE RISCO DAS DOENÇAS 
CARDIOVASCULARES 
As doenças cardiovasculares (DCV) são alterações no 
funcionamento do sistema cardíaco. Tais doenças são 
consideradas um grande problema de saúde pública. 
Por serem a principal causa de morte em todo o 
mundo, em especial nas populações dos grandes 
centros urbanos. Dentre as DCV de maior ocorrência 
podem-se destacar doença arterial coronariana (DAC), 
insuficiência cardíaca, angina, infarto agudo do 
miocárdio (IAM), doenças valvares, arritmias, doenças 
hipertensivas, dentre outras. 
Vários são os fatores de risco associados ao 
desenvolvimento de DCV, os quais podem ser 
modificáveis e não modificáveis. Os fatores de riscos 
modificáveis incluem hiperlipidemia, tabagismo, 
etilismo, hiperglicemia, obesidade, sedentarismo, má 
alimentação e uso de contraceptivos; e os não 
modificáveis incluem história familiar de DCV, idade, 
sexo e raça 
Alimentação Saudável: Um dos pilares da prevenção 
cardiovascular são hábitos de vida saudáveis, incluindo 
alimentação saudável. Basicamente, definem que a 
energia total deve ser distribuída nos macronutrientes 
de gorduras, carboidratos e proteínas, sendo o 
consumo de colesterol total inferior a 300mg/dia e de 
sódio < 2,0g de 2 a 4g (equivalente a 5 gramas de 
cloreto de sódio). 
 Sal: Restringir a menos 5 gramas de cloreto de 
sódio (1 colher de chá) por dia Reduzir sal e 
temperos prontos na cozinha, evitar comidas 
industrializadas e lanches rápidos. 
 Açúcar: Limitar a ingestão de açúcar livre, 
açúcar de mesa, refrigerantes e sucos 
artificiais, doces e guloseimas em geral. 
 Frutas, legumes e verduras: 5 porções (400-
500gr) de frutas, legumes e verduras por dia 1 
porção = 1 laranja, maçã, banana ou 3 colheres 
de vegetais cozidos 
 Cereais: Aumentar consumo de cereais 
integrais e leguminosas (feijões, ervilha, 
lentilha, grão de bico) 
 Gordura: Reduzir o consumo de carnes 
gordurosas, embutidos, leite e derivados 
integrais. Preferir óleos vegetais como soja, 
canola, oliva (01 colher (sopa/dia) Retirar a 
gordura aparente de carnes, pele de frango e 
couro de peixe antes do preparo. 
 Peixe: Incentivar o consumo de peixes; comer 
pelo menos 03 vezes por semana. 
 Álcool: Evitar ingesta excessiva de álcool 
Homens: Não mais que 2 doses por dia 
Mulheres: Não mais que 1 dose por dia 
Sedentarismo: esse é um dos mais simples de serem 
modificados, pois basta sair para caminhar durante 30 
minutos por dia para fortalecer a capacidade 
cardiorrespiratória. Realizando-se desta forma, obtém-
se os benefícios desejados à saúde e a prevenção de 
doenças e agravos não transmissíveis, com a redução 
do risco de eventos cardiocirculatórios, como infarto e 
acidente vascular cerebral. 
Obesidade: excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e 
os níveis de PA. Apesar de décadas de evidências 
inequívocas de que a circunferência de cintura (CC) 
fornece informações independentes e aditivas ao 
índice de massa corpórea (IMC) para predizer 
morbidade e risco de morte 
Hipertensão arterial: caracterizada por elevação 
persistente da pressão arterial (PA), ou seja, PA 
sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA 
diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg, medida 
com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões 
diferentes, na ausência de medicação anti-
hipertensiva. Ela é o principal fator de risco modificável 
com associação independente, linear e contínua para 
doenças cardiovasculares (DCV), doença renal crônica 
(DRC) e morte prematura. 
Estresse: O estresse também é um dos fatores de risco 
para doenças cardíacas porque provoca mudanças 
hemodinâmicas no organismo. 
Colesterol alto: O aumento da quantidade de gordura 
no sangue pode ocasionar a obstrução das artérias do 
coração e prejudicar o bom funcionamento do sistema 
cardíaco. O ideal é que o valor do colesterol HDL, 
considerado bom, não exceda os 200 miligramas por 
decilitro (mg/dl) e que o do colesterol LDL, ou “mau 
colesterol’, permaneça, sempre, próximo de 130 
mg/dl. 
Triglicerídeos elevados: Os triglicerídeos são a gordura 
existente no sangue, proveniente de alimentos que 
contenham muito carboidrato, como doces em geral, 
refrigerante e mel. Esse tipo de lipídio também pode 
obstruir as artérias e causar danos ao coração. Para não 
correr esse risco, deve-se manter o nível de 
triglicerídeos abaixo de 150 mg/dl. 
Diabetes: A diabetes surge quando o nível de glicose 
(açúcar) no sangue é muito alto e há deficiência na 
produção de insulina. A substância é necessária para as 
células transformarem o açúcar em energia para o 
corpo. Sem ela, a glicose circula livremente pela 
corrente sanguínea, provocando alterações físicas 
perigosas para o coração. 
Hereditários: Os filhos de pessoas com doenças 
cardiovasculares tem uma maior propensão para 
desenvolverem doenças desse grupo. 
Idade: Quatro entre cinco pessoas acometidas de 
doenças cardiovasculares estão acima dos 65 anos. A 
partir dos 40 anos deve haver realização de exames 
periódicos de saúde. 
Sexo: Mesmo depois da menopausa, quando a taxa das 
mulheres aumenta, ela nunca é tão elevada como a dos 
homens. Os homens têm maiores chances de ter um 
ataque cardíaco e os seus ataques ocorrem numa faixa 
etária menor. 
 
2. ESTUDAR A ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 
CARDIOVASCULAR E COMO CALCULAR (ESCORE DE 
FRAMINGHAN) 
Um evento coronariano agudo é a primeira 
manifestação da doença aterosclerótica em 
aproximadamente metade das pessoas que 
apresentam essa complicação. Dessa forma, a 
identificação dos indivíduos assintomáticos com 
maior predisposição é crucial para a prevenção 
efetiva com a correta definição das metas 
terapêuticas. Para estimar a gravidade da DCV, foram 
criados os chamados escores de risco e algoritmos 
baseados em análises de regressão de estudos 
populacionais, por meio dos quais a identificação do 
risco global é aprimorada substancialmente. O escore 
de risco global (ERG) de Framingham inclui a estimativa 
em 10 anos de eventos coronarianos, 
cerebrovasculares, doença arterial periférica ou 
insuficiência cardíaca (IC) e foi o escore adotado pelo 
Departamento de Aterosclerose da Sociedade 
Brasileira de Cardiologia (SBC-DA). 
 Risco muito alto; 
 Risco alto; 
 Risco intermediário; 
 Risco baixo. 
Com base na caracterização do risco CV, são propostas 
estratégias de prevenção primária ou secundária da 
DCV. 
Risco Muito Alto: São classificados nessa categoria os 
indivíduos que apresentam Aterosclerose significativa 
(obstrução ≥ 50%) com ou sem eventos clínicos em 
território: 
• Coronário 
• Cerebrovascular 
• Vascular periférico 
Risco Alto: São os pacientes em prevenção primária 
que apresentam ERG > 20% (homens) ou > 10% 
(mulheres) ou que apresentam condições agravantes 
de risco com base em dados clínicos ou de 
aterosclerose subclínica 
 
 
Risco Intermediário: Baseado nesse escore, são 
classificados como de risco intermediário os indivíduos 
com ERG entre 5 e 20% no sexo masculino e entre 5 e 
10% no sexo feminino. Também são considerados 
como de risco intermediário os portadores de diabetes 
mellitus (DM) sem os critérios de doença DASC ou a 
presença dos estratificadores de risco (ER). Muitos dos 
indivíduos de meia idade pertencem a essa categoria 
de risco (Quadro 1.3). Algumas recomendações mais 
recentes valorizam condições inflamatórias e o uso do 
escore de cálcio coronário para uma reestratificação de 
pacientes em risco intermediário 
 
 
Risco Baixo: São, portanto, considerados de baixo risco 
CV aqueles adultos entre 30 e 74 anos, de ambos os 
sexos, cujo risco de eventos CV em 10 anos calculado 
pelo ERG é inferior a 5% 
 
 
ESCORE DE RISCO DE FAMINGHAM 
Para a realização do rastreamento e avaliação de RCV 
os indivíduos devem ser avaliados de forma global para 
o risco de desenvolverem DCV, uma vez que a 
compreensão sobre os fatores de risco tem efeito 
multiplicador quando associados,isso evidencia a 
necessidade de avaliação criteriosa para estabelecer os 
riscos absolutos de se desenvolver evento coronariano 
Existem instrumentos que auxiliam a obter a estimativa 
de risco com maior precisão. O mais conhecido é o ERF 
(Quadro 1) que é resultado de um grande estudo de 
coorte que avaliou variáveis importantes para a 
estimativa de RCV. Pessoas que não têm Doença 
Arterial Coronariana (DAC) confirmada (sabidamente 
de alto risco) necessitam ter uma melhor avaliação 
para que se possam estabelecer os riscos e os 
benefícios de intervir ou não na vida do paciente, seja 
por tratamento medicamentoso ou por orientações de 
mudança no estilo de vida 
O ERF é considerado atualmente uma forma fidedigna, 
simples e de baixo custo de identificação de pacientes 
ambulatoriais sob maior risco de DCV, o que pode 
definir que sejam introduzidos rastreamentos mais 
rigorosos e terapias mais agressivas como forma de 
prevenção de eventos coronarianos futuros 
Na cidade de Framingham, um estudo concluiu que os 
participantes com PA menor ou igual a 120x80 mmHg 
tinham metade do risco de ter DCV, especificamente o 
acidente vascular encefálico, do que aqueles com PA 
acima de 140x90 mmHg. Isso demonstra a necessidade 
de manter os níveis pressóricos dentro dos valores 
recomendados pelas normas e diretrizes 
 
Para se determinar o RCV deve-se classificar o paciente 
segundo seus fatores de risco, podendo o mesmo 
pertencer a um dos três grupos abaixo: 
1. Se o paciente apresenta apenas um fator de 
risco baixo/risco intermediário, não há 
necessidade de calcular o RCV, pois ele é 
considerado como baixo RCV e terá menos que 
10% de chance de morrer por AVC ou IAM nos 
próximos 10 anos. 
2. Se apresentar ao menos um fator de risco alto 
CV, não há necessidade de calcular o RCV, pois 
esse paciente é considerado como alto RCV e 
terá chances maiores ou iguais a 20% de 
morrer por AVC ou IAM nos próximos 10 anos. 
3. Se apresentar mais do que um fator de risco 
baixo/intermediário, há necessidade de 
calcular o RCV, pois esse paciente pode mudar 
para baixo, para alto ou permanecer como 
risco intermediário 
Após determinar em qual grupo de risco 
(baixo/intermediário/alto) o paciente pertence é 
necessário calcular o número de pontos atribuídos às 
variáveis (gênero, idade, colesterol total, tabagismo, 
pressão arterial, HDL colesterol) previstos no ERF 
 
 
 
Após calcular o número de pontos acumulados dos 
fatores de risco e encontrar o escore total de risco, é 
necessário cruzar esse dado de modo obter a projeção 
do risco em 10 anos 
 
 
 
Depois de estimar o RCV por meio da somatória de 
pontos como baixo, intermediário ou alto risco é 
necessário definir as metas em relação a níveis 
pressóricos, perfil lipídico, mudanças no estilo de vida, 
entre outros, a serem alcançadas para a redução do 
risco de mortalidade e morbidade do paciente. Vale 
ressaltar que devem ser excluídos os pacientes que 
tenham DAC estabelecida ou que sejam considerados 
de alto risco, tais como diabéticos 
 
 
 
O estudo de Framingham é o referencial teórico mais 
utilizado mundialmente, que evidencia relação causal 
com as DCV. Assim, baseado na relevância desse, 
justifica-se a estratificação adequada do RCV para 
ocorrência futura de DCV por meio da utilização do ERF 
 
Estratificadores de risco (ER) 
• Idade > 49 anos para homens ou > 56 anos para 
mulheres 
• Duração do diabetes superior a 10 anos (válido 
para pacientes com início do diabetes após os 
18 anos de idade) 
• História familiar de doença arterial coronária 
prematura 
• Presença de síndrome metabólica 
• Hipertensão arterial tratada ou não tratada 
• Tabagismo vigente 
• Taxa de filtração glomerular estimada abaixo 
de 60 mL/min/1,73 m² 
• Albuminúria > 30 mg/g de creatinina 
• Neuropatia autonômica 
• Retinopatia diabética 
3. ELUCIDAR A EPIDEMIOLOGIA DAS DCV 
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), 
constituem o principal grupo de causa de morte no 
mundo, sendo responsáveis por cerca de 70% de todas 
as causas de morte e 85% das mortes prematuras em 
óbitos de indivíduos entre 30 e 70 anos. Entre esses 
indivíduos, as doenças cardiovasculares (DCV) 
assumem significativa relevância, uma vez que 
configuram a principal causa de morte e estão entre as 
principais causas de incapacidade e anos de vida 
perdidos, tendo importante impacto social, econômico 
e na qualidade de vida da população 
De acordo com o Global Burden of Disease (GBD), 
publicado em 2020, o número de óbitos por doenças 
cardiovasculares, em 1990, aumentou de 12,1 
milhões para 18,6 milhões, em 2019 e, nesse mesmo 
intervalo, a taxa de óbitos, por 100 mil, vem 
apresentando aumento considerável, passando de 
225,58 para 239,9, em ambos os sexos e todas as faixas 
etárias, mundialmente. Ao se comparar o mesmo 
período, essa tendência de aumento também foi 
observada nos anos vividos de indivíduos com 
incapacidades, com a taxa de 331,49 para 443,99 por 
100 mil 
No Brasil, dados do GBD 2019 demonstram aumento 
na taxa de óbitos por DCV entre 1990 e 2019, 
passando de 181,22 óbitos por 100 mil habitantes 
para 183,69 por 100 mil, com valores 
consideravelmente maiores para a faixa etária acima 
de 50 anos. Quando avaliados os anos de vida 
perdidos ajustados por incapacidade (Disability 
Adjusted Life of Years – DALYs), as DCV se mantêm 
como principal causa para todas as idades, com uma 
taxa de 4.089,91 por 100 mil em 2019. E quanto à taxa 
de anos vividos com incapacidade, é importante 
destacar o aumento significativo entre os anos de 
1990 e 2019, passando de 248,56 para 337,47 por 100 
mil habitantes 
Também no cenário nacional, dados do GBD 2017 
apresentados em estudo publicado em 2020 apontam 
que, embora as taxas de mortalidade por DCV tenham 
diminuído nos últimos anos, o número total de mortes 
por DCV aumentou, provavelmente como resultado 
do crescimento e envelhecimento da população. No 
ano de 1990 foram registradas 266.958 mortes por 
DCV e, em 2017, 388.268 mortes. Já a taxa de 
mortalidade padronizada por idade por 100 mil 
habitantes foi de 341,8 em 1990 e 178,0 em 2017, 
diminuindo -47,9 no período. Com relação à 
distribuição por sexo, embora as taxas de mortalidade 
padronizadas por idade fossem maiores entre homens 
em todo o período, a redução percentual foi similar 
para ambos os sexos, e a mortalidade proporcional 
por DCV foi maior nas mulheres, excedendo 30% em 
todo o período, enquanto para os homens 
permaneceu sempre ligeiramente superior a 25% 
Em relação aos dados de diagnóstico médico 
autorreferido de doença cardíaca levantados pela 
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2019, houve 
aumento do percentual de pacientes que referiram ter 
alguma doença do coração entre os relatos de doenças 
crônicas, de 3,80% em 2013, para 5,30% em 2019. 
Diante desse cenário, cabe apontar que a hipertensão 
arterial sistêmica é um dos fatores de risco 
metabólicos que mais contribui para todas as causas 
de óbito e para a morbidade e mortalidade por DCV ( 
No Brasil, segundo dados do GBD 2019, a pressão 
arterial sistólica elevada foi responsável por 110,5 
óbitos por 100 mil para ambos os sexos e todas as 
idades em 2019. E, de acordo com a PNS 2019, a 
proporção de indivíduos de 18 anos ou mais que 
referiram diagnóstico de hipertensão arterial foi de 
23,9% em 2019, o que corresponde a 38,1 milhões de 
pessoas. 
Além da hipertensão, também se destaca como 
importante fator de risco metabólico para todas as 
causas de óbito a glicemia elevada, que foi 
responsável, em 2019, pela taxa de 80,4 óbitos por 100 
mil e o colesterol LDL alto, estimando-se associação 
com 45,87 óbitos, por 100 mil. Segundo a PNS de 2019, 
7,7% da população de 18 anos ou mais de idade 
referiram diagnóstico médico de diabetes (em 2013, 
6,2%), o equivalente a 12,3 milhões de pessoas. 
Cabe destacar que são fatores de risco significativos 
para todas as causas de óbito: alimentação 
inadequada, inatividade física,tabagismo, consumo 
excessivo de álcool, excesso de peso e os 
determinantes sociais, fatores relacionados à 
situação econômica do indivíduo que influenciam nas 
condições de vida diárias e afetam adversamente a 
morbidade e mortalidade das doenças 
cardiovasculares 
No contexto da pandemia da covid-19, é importante 
salientar, ainda, que as DCV preexistentes e os fatores 
de risco cardiovasculares aumentam a 
vulnerabilidade à doença. No Brasil, dos 586.558 
óbitos por covid-19 notificados até a Semana 
Epidemiológica 36, as comorbidades de cardiopatia e 
diabetes foram as condições mais frequentes, estando 
referidas em 143.691 e 102.507 óbitos, 
respectivamente, dos indivíduos com síndrome 
respiratória aguda grave (SRAG) por covid-19 
A complexidade e a magnitude das DCV incidem sobre 
o Sistema Único de Saúde, principalmente no âmbito 
da Atenção Primária à Saúde (APS), que é responsável 
por um conjunto de ações individuais, familiares e 
coletivas de promoção, prevenção, proteção, 
diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de 
danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde. As 
ações da APS devem ser desenvolvidas por meio de 
práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, 
realizadas por equipe multiprofissional capacitada e, 
apesar dos avanços da saúde alcançados nos últimos 
anos e da ampla lista de ações e serviços assistenciais 
e de vigilância em saúde ofertados no âmbito da APS, 
ainda são muitos os desafios para o cuidado das 
pessoas com doenças cardiovasculares nesse nível de 
atenção. 
Dados da PNS 2019, por exemplo, demonstraram que 
6,2% das pessoas de 18 anos ou mais de idade 
responderam que nunca haviam realizado exame de 
sangue para medir a glicemia, sendo este percentual 
ainda maior na área rural (12,9%); 2% dessa população 
nunca tinham aferido a pressão arterial e 7,5% nunca 
realizaram exame de sangue para medir os níveis de 
colesterol, o que indica a falta de acesso desses 
indivíduos à educação em saúde e ao cuidado 
adequado. 
Estudo recentemente publicado, avaliando dados do 
Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da 
Atenção Básica (Pmaq), com um total de 29.778 
equipes de saúde e 114.615 usuários, identificou que 
cerca de um terço das equipes das Unidades Básicas de 
Saúde apresentou organização adequada, enquanto 
menos de um quinto dos usuários referiu ter recebido 
uma atenção adequada. O estudo demonstra, ainda, 
que exames vêm sendo solicitados pela maioria das 
equipes, porém, aproximadamente seis a cada dez 
usuários realizaram exames de creatinina, perfil 
lipídico e eletrocardiograma nos últimos seis meses 
 
4. ENTENDER A PREVENÇÃO DAS DCV NA ATENÇÃO 
BÁSICA E AS POLITICAS PUBLICA 
Levantamento realizado com dados de 2013 
demonstrou que apenas 6,2% dos indivíduos com 
diabetes mellitus (DM) no País mantinham-se aderidos 
ao tratamento farmacológico, e 69,7% possuíam 
comorbidade descontrolada e/ou não tratada. Dos 
indivíduos com hipertensão arterial sistêmica (HAS), 
apenas 54,4% apresentavam condição controlada e, ao 
se avaliar a evolução no período entre 1980 e 2008, 
observou-se aumento de 162% no número de pessoas 
com HAS descontrolada. 
Diante dos desafios existentes e reconhecendo a 
importância da APS, inclusive no desempenho de 
sistemas de saúde, são necessárias ações estratégicas 
para qualificar o cuidado das pessoas com foco na 
prevenção e no controle das DCV na APS. Nesse 
sentido, um estudo identificou que municípios com 
melhor qualidade de atendimento apresentaram 
maior redução de hospitalizações por causas sensíveis 
à APS. Outro estudo, avaliando 1.622 municípios, 
associou a cobertura pela Estratégia de Saúde da 
Família à redução de morbidade e mortalidade por 
doença cardiovascular: observou-se menores taxas de 
mortalidade em municípios com maior cobertura 
(acima de 70%), alcançando a redução máxima de 31% 
para doenças cerebrovasculares e 36% para doenças 
isquêmicas e outras formas de doença cardíaca (31). 
Diante desse cenário e considerando a possibilidade 
de intervenções efetivas de baixo custo na APS , 
incluindo, por exemplo, ações multicomponentes, 
estratégias de suporte à decisão, capacitação e 
atividades de educação em saúde, conclui-se que é 
necessário qualificar ainda mais esse nível de atenção 
para melhorias nas ações de promoção da saúde, 
prevenção, diagnóstico precoce e tratamento, com 
intuito, sobretudo, de promover controle da 
morbimortalidade das DCV e melhores condições de 
saúde para a população assistida. 
 
Ações de Intensidade Baixa: As intervenções de baixa 
intensidade incluem aconselhamento quanto à 
realização de atividade física regular de intensidade 
moderada a intensa, por no mínimo 30 minutos, na 
maior parte dos dias; orientações gerais sobre dieta 
saudável; abandono do tabagismo; e manutenção de 
peso e cintura nas faixas consideradas saudáveis. 
Indivíduos hipertensos, mas de baixo risco global 
devem ter seus níveis pressóricos tratados, sempre que 
possível, a partir de medidas não farmacológicas. 
Quando está indicada farmacoterapia, deve-se 
favorecer o uso de um diurético tiazídico. Adultos com 
idade maior do que 60 anos devem receber vacinação 
anual contra influenza. 
 
Ações de Intensidade Moderada: Intervenções de 
intensidade moderada iniciam com a intensificação de 
hábitos de vida saudáveis. Recomendações 
nutricionais incluem uma dieta com características 
nutricionais cardioprotetoras; o uso de álcool em 
moderação e junto às refeições; e um estímulo ao 
aumento nas quantias ingeridas de fitosteróis, grãos e 
feijões. Intervenções farmacológicas destinadas à 
cessação do tabagismo devem ser consideradas, caso o 
simples aconselhamento do médico não tenha sido 
efetivo. O uso de antiplaquetários (aspirina, se 
possível) está indicado, especialmente naqueles com 
risco maior e com um nítido interesse em prevenir 
doença. 
 
Ações de Intensidade Alta: Além das intervenções de 
intensidade moderada, as intervenções de alta 
intensidade incluem o uso de fármacos como estatinas 
e inibidores da ECA. O uso de beta-bloqueadores é 
indicado em pacientes pós-infarto do miocárdio, bem 
como insuficiência cardíaca, tais doenças são 
abordadas nos Manuais específicos. O manejo da HAS 
deve ser intensificado em pacientes que apresentam 
diabete melito, evidência de proteinúria e perda de 
função renal. 
A vacinação anual contra a influenza, por ser uma 
medida pontual, de baixo custo (especialmente 
quando feita em formato de campanha) e com 
benefícios nãocardiovasculares adicionais, é indicado 
em pacientes menores de 60 anos com doenças 
cardíacas.

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