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Teorias de aprendizagem e o e-learning L EA RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 1. 1 Teorias de aprendizagem e o e-learning • 2/13 Objetivos de Aprendizagem • Compreender a importância do estudo das teorias de aprendizagem para o desenvolvimento de e-learning. Teorias de aprendizagem e o e-learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 https://player.vimeo.com/video/244029603 Teorias de aprendizagem e o e-learning • 3/13 O mundo está cada vez mais tecnológico Essa é uma afirmação que, constantemente, encontramos em diferentes canais de comunicação. Também, podemos encontrar a mesma afirmação nos discursos dos profissionais da educação, tanto os que se apropriam desse contexto quanto os que ainda precisarão encontrar estratégias para se adaptar a ele. O fato é que as mudanças na tecnologia de informação e comunicação acabam por gerar, também, mudanças nos próprios sistemas educacionais, desde a forma como apresentamos e desenvolvemos os conceitos com os estudantes até o modo como o professor realiza o planejamento da sua aula. As gerações mais novas (Geração Y e, principalmente, Geração Z) nascem dominando as tecnologias, e, por vezes, seu processo de aprendizagem acontece de diversas formas e por diferentes recursos. As estratégias de e- learning e a gama de possibilidades, que o avanço das tecnologias de comunicação e informação são Teorias de aprendizagem e o e-learning • 4/13 apresenta permitem a apropriação de conceitos que, por vezes, foram ignorados no contexto educacional, como o de aprendizagem colaborativa e em rede, por exemplo. Compreender o modo pelo qual as pessoas aprendem sempre foi importante. Contudo, estamos em um contexto cada vez mais diversificado, em que as ferramentas utilizadas pelos professores já não são mais apenas a lousa e o giz. Assim, torna-se necessário questionar o modo como ensinamos. A forma como ensinamos e como aprendemos precisa ser compreendida para que as condições necessárias para à aprendizagem sejam devidamente pensadas e planejadas. O papel dos atores envolvidos nesse processo mudou. É preciso, portanto, portanto, compreender qual é o papel de cada um deles. Como? Com base nas teorias de aprendizagem, que nos permitem refletir sobre essas questões. Então, por que precisamos compreender as principais teorias de aprendizagem para pensar metodologias ativas em ambientes virtuais, por exemplo? As teorias de aprendizagem permitem ao profissional de educação adquirir conhecimentos, competências e habilidades para repensar as estratégias pedagógicas de ensinar e aprender em meio a um contexto contemporâneo extremamente inovador e tecnológico. Uma tarefa um pouco desafiadora, tendo em vista as características tradicionais impregnadas nas escolas e na concepção pedagógica de gestores e professores. As teorias de aprendizagem partem do estudo do desenvolvimento humano, da sua evolução cognitiva, social e emocional, para compreender a relação entre o modo como o estudante aprende e as condições necessárias para que o aprendizado aconteça. Buscam explicar a Teorias de aprendizagem e o e-learning • 5/13 relação professor–aluno–situação de aprendizagem, bem como a relação entre o conhecimento existente e o novo conhecimento. A escola tradicional defende a figura do professor como o detentor do conhecimento; logo, professores repassam informações aos alunos. A evolução tecnológica permite a busca pelo saber, razão pela qual o acesso à informação é constante, o que torna a função do professor muito maior do que a de “transmissor do conhecimento”. Assim, as teorias de aprendizagem nos permitem refletir sobre esse novo papel. Dentro de um sistema de e-learning, o design do ambiente de aprendizagem oferece uma maneira de conceituar uma variedade de estratégias em um todo coerente e valioso. Um ambiente de ensino é uma coleção de recursos e atividades que se voltam para o aprender, a qual é deliberadamente curada, ou seja, usar conhecimento especializado para recomendar os componentes mais relevantes e úteis para os aprendentes e os propósitos específicos do ambiente de aprendizagem, com um conhecimento específico para a necessidade de desenvolvimento de habilidades pensadas pelo professor. Esses recursos e atividades incluem materiais de referência e recursos de informação (livros, artigos, vídeos, links), conexões interpessoais com especialistas, treinadores e colegas, atividades formais de aprendizagem, como treinamento e programas de graduação, atividades elaboradas por gestores e destinadas a apoiar o desenvolvimento e as ações realizadas pelos alunos.. Projetar estes ambientes faz com que o aluno tenha condições de estruturar seus conhecimentos em cursos, possibilitando-lhes vários tipos de pesquisas, inclusive na internet, desde que em sites confiáveis e, preferencialmente, de cunho acadêmico. São vários os profissionais que trabalham para pensar um ambiente de aprendizagem. A estratégia de criação, provavelmente, exigirá uma colaboração profunda com especialistas em tecnologia e provedores externos, a fim de alinhar as ferramentas e os recursos mais úteis para o desenvolvimento de conhecimento e das habilidades. Esse é o pano de fundo para o surgimento da estrutura de design do ambiente de aprendizagem. Contudo, pensar essas estratégias exige um conhecimento que é pedagógico: o conhecimento dos processos de ensino e de como o aluno absorverá este conteúdo. Assim, tão importante como os desenvolvedores e o design é o profissional da área da Teorias de aprendizagem e o e-learning • 6/13 educação que agregará valor ao ambiente por meio das estratégias que envolvem esse processo. O profissional da área da educação, através dos estudos das diferentes teorias de ensino, poderá organizar, de forma colaborativa, com uma equipe multidisciplinar, o plano e as estratégias de ensino, utilizando o e-learning e considerando as possibilidades de aprendizagem individuais e coletivas, de forma progressiva e adaptativa. Ele é uma coleção de recursos e práticas que possibilitam o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades. Um ambiente de aprendizagem é constituído por pessoas em uma rede, livros em suas estante, acesso a materiais específicos da internet, suporte de seus gerentes e formas como o aprendizado acontece todos os dias apenas trabalhando, além de outros recursos e atividades potenciais. Para aprender em qualquer momento, as pessoas utilizam o que está disponível nas imediações (seja fisicamente próximo, seja acessível por meio da tecnologia). Em um sentido muito real, todos vivem em um ambiente de aprendizagem. As pessoas estão, constantemente, envolvidas em atividades e interações que promovem aprendizado e crescimento e também cercadas por indivíduos e recursos que os sustentam. Uma grande variedade de ferramentas encontra-se disponível para pesquisa e interação social. Esse conjunto de ferramentas para o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem expandiu-se rapidamente durante as últimas décadas, juntamente com a mudança das demandas dos alunos. Essa expansão se deve, também, às novas tecnologias que tornam possíveis algumas técnicas e recursos. Mas, vamos retomar à pergunta inicial desta discussão: Teorias de aprendizagem e o e-learning • 7/13 Por que precisamos compreender as principais teorias de aprendizagem para pensar metodologias ativas em ambientes virtuais, por exemplo? Poderíamos responder a esse questionamento com a seguinte indagação: como é possível tratar de ambientes virtuais, que utilizam novas tecnologias e metodologias ativas para mediar os processos de ensino e aprendizagem, sem compreender o desenvolvimento humano e o modo como os alunos aprendem? Temos, daí, a respostapara o nosso questionamento inicial. Precisamos compreender as principais teorias de aprendizagem para pensarmos em ambientes virtuais para: • pensarmos esses recursos direcionados a pessoas; • mediar a construção do conhecimento; • alinhar o contexto histórico- cultural aos processos de ensinar e aprender; • propiciar aprendizagem significativa; • trabalhar com mediação e interação social; • compreender os limites e potenciais de aprendizagem dos alunos; • respeitar e compreender os diferentes estilos de aprendizagem; • garantir que, em vez de apenas repassar informações ou seguir parâmetros e modismos estabelecidos, pensemos nos processos de ensinar e aprender dentro de um contexto específico. Alinhar o conhecimento pedagógico ao conhecimento tecnológico é uma das principais estratégias de sucesso para o e-learning. Compreender que a educação passou por grandes transformações e precisa acompanhar as mudanças tecnológicas considerando as necessidades históricas, Teorias de aprendizagem e o e-learning • 8/13 sociais e cognitivas dos alunos é uma das grandes funções sociais dos espaços de aprender, tanto os físicos quanto os virtuais. Nesse sentido, o estudo das teorias de aprendizagem é fundamental para nortear não só os processos de ensino e de aprendizagem, como também, o olhar dos atores pedagógicos envolvidos. Estudo de Caso Uma empresa metalúrgica, de grande porte, resolveu implementar uma universidade corporativa a fim de capacitar os funcionários e oportunizar constante atualização da área. Para tanto, decidiu que não poderia contar apenas com profissionais de TI, RH e da área referente ao escopo da empresa. Em reunião do conselho, definiu-se que, para capacitar funcionários, deveriam ser respondidos os seguintes questionamentos: 1. Qual é o contexto em que esses funcionários estão inseridos? 2. Como aprendem de forma significativa? 3. Quais são as melhores estratégias para alcançar a aprendizagem necessária? 4. Quais profissionais compreendem e podem planejar o desenvolvimento dessas capacitações? O conselho resolveu montar uma equipe multidisciplinar, considerando os questionamentos a fim de garantir a aprendizagem dos funcionários. Quais profissionais devem compor essa equipe? Teorias de aprendizagem e o e-learning • 9/13 Saiba Mais Para aprofundamento do tema, leia o seguinte artigo: What Is The Role Of The Instructional Designer? Disponível em: <https://elearningindustry.com/what-role-of-the-instructional- designer>. Na ponta da língua https://elearningindustry.com/what-role-of-the-instructional-designer https://elearningindustry.com/what-role-of-the-instructional-designer https://player.vimeo.com/video/244029716 Teorias de aprendizagem e o e-learning • 10/13 Referências Bibliográficas LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. PIAGET, Jean. A Linguagem e o Pensamento da Criança. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. _____. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 1972. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1985. _____. Introdução à Psicologia Escolar. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. _____. A Construção do Pensamento e da Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning L EA RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 1. 2 Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 2/16 Objetivos de Aprendizagem • Refletir sobre a importância das teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon para o desenvolvimento de e-learning. Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 3/16 Introdução Uma das principais responsabilidades do design educacional é preocupar- se com o modo como as pessoas aprendem, para, consequentemente, pensar um ambiente de aprendizagem que contemple essas necessidades. Uma das estratégias é desenvolver ferramentas que apoiem os designers no momento de considerar uma ampla gama de opções relacionadas ao modo de aprender e internalizar o conhecimento, tendo em vista uma lista abrangente de componentes potenciais, e um processo para a concepção de abordagem também abrangente para lidar com as necessidades de aprendizagem que incorpore questão informal, social, atividades de desenvolvimento e experiencial, juntamente com atividades formais de desenvolvimento. No entanto, pensar em como as pessoas aprendem é complexo! Para tanto, faz-se necessário compreender estudos que envolvem as teorias de aprendizagem. Estudar essas teorias de aprendizagem é necessário para compreender o modo como o estudante aprende; ou seja, convém pensar estratégias para fazer uso da tecnologia em prol da Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 4/16 aprendizagem. O contexto contemporâneo nos permite afirmar que os estudantes cada vez mais apresentam domínio das tecnologias; contudo, apenas o uso das novas tecnologias não basta como suporte de todo processo de ensinar e aprender. Trata-se de um recurso que agrega valor a esse processo e aproxima os estudantes aos conceitos que devem ser apropriados. Mas, como o estudante se apropria desses conceitos? Mundialmente, fala-se em teorias de aprendizagem e de diferentes autores que discutem essas teorias. Historicamente, essas teorias contribuíram para ampliar e até nortear o olhar pedagógico para o processo de ensino e aprendizagem à luz dos aspectos psicológicos e cognitivos, gerando diferentes possibilidades para conduzir a educação, principalmente nas questões que envolvem a formação docente, o desenvolvimento de currículos para educação básica e superior, sendo também, base para desenvolvimento de propostas curriculares e projetos pedagógicos de ensino. Nesta reflexão, abordaremos as teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon, atualmente muito utilizadas como elemento norteador de propostas pedagógicas que envolvem o ensinar e o aprender. Para Piaget (1991), é por meio da interação com o meio físico e social que o sujeito constrói o conhecimento. O autor entendeu que a lógica implicada na relação organismo–meio poderia ser estendida para o estudo dos processos intelectuais e afetivos, trazendo noções como a de adaptação biológica para o estudo das Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 5/16 funções cognitivas. O autor desenvolveu uma pesquisa com crianças e adolescentes, buscando compreender a forma como o ser humano constrói o conhecimento. Assim, levantou características sobre o modo de agir, pensar, falar, o que resultou na sua teoria dos estágios de desenvolvimento. Esses estágios descritos por Piaget são: o sensório-motor; o pré-operatório; o operatório concreto; e o operatório formal; etapas para cuja definição o autor toma como base a idade biológica da criança. Quadro 2.1 – Estágios de desenvolvimento infantojuvenil segundo Piaget ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS Sensório-motor (0-2 anos) Está dividido em três subestágios, sendo marcado inicialmente por coordenações sensoriais e motoras de fundo hereditário (reflexos, necessidades nutricionais). Na sequência, ocorre a organização das percepções e dos hábitos. Por último, é caracterizado pela inteligência prática, que se refere à utilização de percepções e movimentos organizados em esquemas de açãoque, gradativamente, vão se tornando intencionais, dirigidos a um resultado. A criança começa a perceber, gradativamente, que os objetos à sua volta continuam mesmo se não estiverem sob seu campo de visão. Pré-operatório (2-6 anos) Surgimento da função simbólica, aparecimento da linguagem oral. Característica egocêntrica em termos de pensamento (centrado nos próprios pontos de vista), linguagem e modos de interação. A lógica do pensamento depende da percepção imediata, não sendo possíveis operações mentais reversíveis. Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 6/16 Operatório Concreto (6-11 anos) Pensamento mais compatível com a lógica da realidade, embora ainda preso à realidade concreta. Reversibilidade de pensamentos (uma operação matemática, por exemplo, pode ser reversível). Compreende gradativamente noções lógico-matemáticas de conservação de massa, volume, classificação. O egocentrismo diminui, surgindo uma moral de cooperação e de respeito mútuo (moral da obediência). Operatório Formal (a partir dos 11-12 anos) Pensamento hipotético-dedutivo. Capacidade de abstração. Egocentrismo tende a desaparecer. Construção da autonomia, com avanços significativos nos processos de socialização. Fonte: adaptado de Nunes (2009). Para Piaget, a aprendizagem se processa por meio de dois movimentos simultâneos e integrados, mas de sentido contrário: a assimilação e a acomodação (Bordenave & Pereira, 2002). O processo de assimilação envolve a noção de que conhecer consiste numa significação, dada pelo sujeito, àquilo que é percebido. Ou seja, pelo contato com o objeto ou determinado fato, o ser humano procura dar-lhe sentido por meio de suas percepções. O mecanismo de acomodação, um conceito também explorado pelo autor, exige uma modificação dos esquemas mentais assimilados, a fim de que um novo conhecimento seja construído. A equilibração é um momento em que ocorre um certo conflito no sujeito, tendo em vista que deve se adaptar ao novo. Trata-se do ponto de equilíbrio entre os processos de assimilação e acomodação. Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 7/16 Uma das grandes contribuições de Piaget para a educação, certamente, foi a ideia de construção do conhecimento. Ou seja, o sujeito constrói o seu conhecimento a partir da realidade externa, e as interações entre os sujeitos são um fator primordial para seu desenvolvimento intelectual e afetivo. Para o autor, até o erro caracteriza-se como momento de aprendizagem. Um pouco diferente de Piaget, Vygotsky define a aprendizagem como um processo central no desenvolvimento humano, como apropriação de conhecimentos, habilidades, signos, valores e linguagem, envolvendo a interação do sujeito com o mundo cultural no qual se insere. Vygotsky defendia o desenvolvimento humano, desde o início da vida, influenciado pelo meio ao seu redor, ao se apropriar de significados culturais e históricos que o cercam. Defendia a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), ou seja, um estágio cognitivo no qual os estudantes são ainda capazes de trabalhar (solucionar problemas) se mediados, mas ainda não são capazes de fazê-lo sozinhos. O autor sugeriu que os docentes devem trabalhar na Zona de Desenvolvimento Proximal de modo a fazer avançar a fronteira da Zona de Desenvolvimento Real, ou seja, na qual o aluno pode trabalhar sozinho. Uma das grandes contribuições do autor está nos estudos sobre a mediação e sobre a aprendizagem por meio das relações sociais colaborativas entre pares. Enquanto a ênfase da aprendizagem no construtivismo de Piaget estava no desenvolvimento biológico e na construção do saber influenciada pelo ambiente, na teoria sociointeracionista estão o sujeito histórico e suas relações sociais. Wallon, por sua vez, compreende o desenvolvimento humano de forma integrada, por meio das dimensões intelectual, afetiva e motora, bem como da alternância funcional entre razão e emoção. Compreende o sujeito como biológico-social. Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 8/16 [...] para Wallon, o ser humano é organicamente social, isto é, sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar.” (DANTAS, 1992, p. 36) A teoria de Wallon busca explicar a relação entre o sujeito e o meio social e as mudanças que acontecem em diferentes momentos do próprio desenvolvimento, tendo como base as necessidades, os interesses e o ambiente social em que está inserido. O autor dá ênfase aos processos emocionais e afetivos. Acredita que é na ação sobre o meio humano que deve ser buscado o significado das emoções. De acordo com essa teoria, as experiências educacionais devem propiciar a visão de mundo, a construção do eu, a subjetividade, por meio de interações entre grupos, possibilitando a expressão verbal, corporal e emocional. O autor divide em cinco os estágios de desenvolvimento, conforme quadro a seguir. Quadro 2.2 – Estágios de desenvolvimento infantojuvenil segundo Wallon ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS Impulsivo- emocional (1 ano) Momento marcado por inabilidade motora (e simbólica), dependência de cuidados maternos, movimentos desordenados. Comunica-se por meio da emoção (choro, medos, sons que vão se diferenciando). Inicialmente, a criança não percebe diferenciação entre seu corpo e os objetos do mundo externo. As manifestações emocionais iniciais produzem efeitos no ambiente, mobilizam a presença do outro, já sendo um contato de caráter social. Os adultos vão introduzindo gradativamente a criança no contexto cultural em que vivem. Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 9/16 Sensório-motor projetivo (1-3 anos) A criança começa a explorar o mundo físico, a manipulá-lo. Maior autonomia de movimentos. Utilização de uma inteligência prática (conhecimento perceptivo e motor da realidade). O pensamento está atrelado aos gestos/movimentos. Há uma projeção do pensar em manifestações motoras. Início do desenvolvimento da função simbólica (movida pela ação). Personalista (3-6 anos) Momento de formação da personalidade/construção da subjetividade. Há o predomínio dos aspectos afetivos na relação da criança com o ambiente. Busca de autonomia, negação do outro, contraposição a ordens, comportamentos arredios em determinadas situações, mas ainda com forte vínculo com a família e necessidade de aprovação. Pensamento sincrético, fabulação, contradição, incoerências na fala e na escrita. Função simbólica consolidada. Tentativa de autoconstituição, de construção de si. Categorial ( 7 a 10 anos) A criança começa a perceber que existe uma diferenciação entre si próprio e o mundo externo. Suas potencialidades serão determinadas pelo meio em que vivem. Adolescência (11 anos em diante) Inicia-se a puberdade e, com ela, iniciam-se mudanças no plano afetivo nas relações consigo e com os outros. O componente afetivo é mais racionalizado, em virtude de mudanças no campo intelectual. Momento de construção de si, de busca de novos sentidos. Depara-se com o desafio (conflito) de buscar sua identidade, de ampliar seus vínculos afetivos, sem com isso perder a afeição de pessoas significativas, como, por exemplo, os pais. Fonte: adaptado de Nunes (2009). Para Wallon (1995), a afetividade é essencial para o desenvolvimento e precede a inteligência, tendo em vista que a criança é um ser social e as relações afetivas são Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 10/16 anteriores a qualquer tipo de comportamento de outra natureza. O autor defende que a expressão emocional possibilita mediação nas relações interpessoais, bem como a afetividade permite compreender o sentido da realidade para si e para os outros. A construção de Piaget, a interação social de Vygotsky e a emoção e afetividade de Wallon são elementos fundamentais para a compreensão do modo de aprender dos indivíduos. São,além disso, primordiais para pensarmos em metodologias e recursos que oportunizem o processo de ensino e aprendizagem. Estudo de Caso Uma escola está construindo o seu projeto pedagógico, e uma das abordagens já utilizadas é a do construtivismo, que se baseia na teoria de Piaget. Contudo, alguns educadores questionam essa abordagem, tendo em vista o alto teor dado à maturidade biológica nela constante. Como um dos projetos é a escola de tempo integral, que propicie contato entre crianças de diferentes idades, sugeriu-se aprofundar os estudos nas teorias de Vygotsky e Wallon, sem desconsiderar as contribuições de Piaget, complementando, portanto, os estudos dos três autores. Quais pontos devem ser levados em consideração? Como cada abordagem poderá contribuir com o olhar pedagógico e com o planejamento dos professores? Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 11/16 Saiba Mais Para aprofundamento do tema, leia o seguinte artigo: Relações entre aprendizagem e desenvolvimento em Piaget e em Vygotsky: dicotomia ou compatibilidade? Disponível em: <http://www2. pucpr.br/reol/pb/index.php/dialogo?dd1=1840&dd99=view&dd98=pb>. http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/dialogo?dd1=1840&dd99=view&dd98=pb http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/dialogo?dd1=1840&dd99=view&dd98=pb Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 12/16 Referências Bibliográficas BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. D. Estratégias de ensino-aprendizagem. São Paulo: Vozes, 2002. DANTAS, H. Para conhecer Wallon: uma psicologia dialética. São Paulo: Brasiliense, 1992. Na ponta da língua https://player.vimeo.com/video/244029864 Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 13/16 LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. NUNES, Ana Ignez Belém Lima. Psicologia do desenvolvimento: teorias e temas contemporâneos. Brasília: Liber Livro, 2009. PIAGET, Jean. Seis estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1991. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968. ______. Psicologia e educação da criança. Lisboa: Vega, 1979. ______. Objetivos e métodos da psicologia. Lisboa: Estampa, 1995. Teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon e a relação com o e-learning • 16/16 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender L EA RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 1. 3 Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 2/12 Objetivos de Aprendizagem • Compreender os princípios da teoria histórico-cultural e sua relação com a aprendizagem. Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Introdução A teoria histórico-cultural surge na primeira metade do século XX na antiga União Soviética. Ela possui quatro grandes autores: Vygotsky, Luria, Leontiev e Davydov. Vygotsky elaborou um conjunto de obras relevantes até os dias de hoje para compreender o processo de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano. Em sua obra A formação social da mente, ele afirma que a linha orientadora de Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 3/12 suas pesquisas consistia em “caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida de um indivíduo (Vygotsky 2016, p. 21)”. Sua preocupação fundamental girava em torno de três grandes questões: a) compreender como o ser humano se relaciona com o seu meio físico e social; b) conhecer como as relações entre o homem e o trabalho trouxeram consequências psicológicas para o ser humano; c) entender as relações entre os usos de instrumentos e o desenvolvimento da linguagem. Ele investigou as funções psicológicas superiores que consistem no modo típico de funcionamento psicológico humano diante das capacidades de solucionar problemas e armazenar informações, da capacidade de memória e formação de conceitos, dentre outros processos mentais. O termo “superiores” tem a conotação de que essas funções psicológicas são mecanismos tipicamente intencionais, ou seja, são processos psicológicos controlados pelo ser humano a partir do processo de internalização da cultura. Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 4/12 Você já deve ter visto como ocorre o processo de desenvolvimento por meio da filogênese e da ontogênese. A filogênese é o processo de sucessões de alterações de ordem biológica dos seres vivos. O processo de ontogênese é a sucessão de transformações individuais pelas quais passa cada sujeito em si desde o seu nascimento até a morte. Ao mesmo tempo em que sofremos alterações de ordem filogenética (espécie), passamos também por transformações sucessivas e individuais (sujeito). As modificações pelas quais cada sujeito passa são reproduções das modificações na espécie. Para conviver em uma sociedade, é preciso que o processo de constituição da pessoa seja mediado pela cultura. Por meio do processo de aculturação, o sujeito torna-se humano ao apresentar capacidades, tais como o raciocínio lógico-matemático e a linguagem articulada, por exemplo. É importante salientar que a cultura é fundamental, sobretudo nas sociedades contemporâneas, em que a grande maioria das pessoas foi submetida ao processo de escolarização. Ao conviver em uma sociedade escolarizada, com os saberes necessários saber lidar com as demandas cotidianas, requer-se um processo específico de aculturação e um processo específico de aprendizagem. De acordo com Oliveira (2014, p. 38), “[...] cultura, entretanto, não é um sistema estático ao qual o indivíduo se submete, mas como uma espécie de ‘palco de negociações’, em que seus membros estão num constante movimento de recriação e reinterpretações de informações, conceitos e significados”. No conjunto de teorias da aprendizagem, há três grandes abordagens: a inatista, a empirista e a interacionista. As teorias inatistas são aquelas que defendem que tudo o que o ser humano necessita para aprender já é dado a priori na sua estrutura. As teorias empiristas (ambientalistas) são aquelas que valorizam muito a interação com o meio que oportunizará, de forma determinante, a aprendizagem do sujeito. As teorias interacionistas apontam que o meio é importante tanto quanto o ser humano. O ser humano interage com os estímulos do meio e, com estes, modifica a si mesmo na medida em que modifica os mesmos estímulos. Isso requer um papel estimulante, tanto do meio, quanto do sujeito. Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 5/12 Quadro 3.1 – Descrição das abordagens inatista, empirista e interacionista Teoria da aprendizagem Características Inatismo • Assegura que as capacidades básicas do ser humano são inatas • Enfatiza fatores maturacionais e hereditários como definidores da constituição do ser humano e do processo de conhecimento (biologismo). • Considera que o desenvolvimento (biológico maturativo) é pré-requisito para a aprendizagem. • Entende, portanto, que a educação em nada contribui para esse desenvolvimento, já que tudo está determinado biologicamente segundo a programação genética. • Confia nas práticas educacionais espontaneístas, pouco desafiadoras: primeiro esperar para depois fazer. Empirismo (ambientalismo) • Atribui ao ambiente a constituição das características humanas. • Privilegiaa experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamento (empirismo). • Diz que as características individuais são determinadas por fatores externos aos indivíduo e não necessariamente pelas condições biológicas. • Suas práticas pedagógicas estão baseadas no assistencialismo, conservadorismo, direcionismo e tecnicismo: ensino bom, aprendizagem boa. • Supervaloriza a escola, já que o aluno é um receptáculo vazio, uma “tábula rasa”: deve aprender o que se lhe ensina. • Faz predominar a palavra do professor, regras e transmissão verbal do conhecimento: o professor é o centro do processo de ensino-aprendizagem; o professor, um ente ativo... o aluno, um ente passivo. Interacionismo • Parte da ideia de que o biológico e o social interagem (unidade dialética), e o biológico (cérebro principalmente) constitui a base da aprendizagem social. • Considera o interno (biológico e psicológico) em interação com o externo (meio, ambiente natural e social). Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 6/12 Interacionismo • Defende o desenvolvimento da complexa estrutura humana como um processo de apropriação pelo homem da experiência histórica e cultural. • Assegura que nessa interação o homem transforma seu meio e é transformado nas suas relações culturais. • Valoriza o papel da escola, em particular, e da sociedade, em geral, do ponto de vista individual (para o desenvolvimento pessoal) e do ponto de vista social (para o desenvolvimento da própria sociedade) • Assegura que a aprendizagem se produz pela interação do sujeito que aprende (mediado) e do sujeito que ensina (mediador), porém quem aprende autoconstrói seu próprio conhecimento. Fonte: adaptado de Díaz (2011). O Desenvolvimento das Funções Psicológicas Superiores Para a teoria histórico-cultural, o desenvolvimento das funções psicológicas superiores sempre ocorre por meio de um processo denominado mediação. Para essa abordagem, não há um contato direto do sujeito com o objeto ou conhecimento a ser apropriado. Entre o estímulo e a resposta, há algo que possibilita a conexão de aprendizagem (mecanismo de aprendizagem). Figura 3.1 – Processo de desenvolvimento das funções psicológicas de acordo com a teoria histórico-cultural Mediação Estímulo Resposta Fonte: elaboração da autora. A mediação consiste na relação do homem com o mundo e com outros. Por meio desse processo é que as funções psicológicas superiores se desenvolvem. Para Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 7/12 Vygotsky (2016), a mediação ocorre pelos instrumentos que regulam as ações sobre os objetos e pelo signo, cuja função é orientar as ações sobre as funções psicológicas. Os elementos mediadores do desenvolvimento das funções psicológicas superiores são os instrumentos e os signos. Exemplos: • Luz acesa: algo que está entre você e a curiosidade de saber se há alguém ou não no apartamento. A luz acesa teria um papel de instrumento. O instrumento possibilita agir sobre o objeto ou o conhecimento a ser apropriado. A utilização de instrumentos e de signos, embora distintos, relaciona-se à evolução da espécie humana (filogênese) e ao desenvolvimento de cada sujeito (ontogênese). Os instrumentos auxiliam na realização concreta da ação humana, ajudando o ser humano em sua atividade psíquica. Os signos possibilitam ao ser humano o controle e a regulação do seu comportamento, proporcionando a consciência e a reação voluntária aos significados representados pelo instrumento mediador. • Acesso à agenda no celular: hoje é possível que a pessoa acesse o conhecimento estabelecendo uma ponte. Não é preciso memorizar os números de telefones, pois eles estão registrados na memória. Indo mais além, percebemos que o processo ontogenético (processo sucessivo individual de transformações) ocorre por meio da mediação pela cultura sem a necessidade de interação direta sobre os objetos do mundo. Ao interagir com os signos é que se dá o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 8/12 Estudo de Caso Maria Isabel, a menina galinha Maria Isabel passou os primeiros oito anos de sua vida em um galinheiro, junto às galinhas, enquanto sua mãe trabalhava no campo. Era alimentada apenas com milho, couves cortadas e uma caneca de café. Por conviver nesse contexto, a menina, que herdara os hábitos das aves, comportava-se como se fosse uma delas. Não falava, só emitia ruídos parecidos com os das galinhas. Andava com os braços curvados para trás como se imitasse um par de asas, bicava coisas no chão, ciscava e sempre virava a cabeça de lado para olhar. Quando foi encontrada, apresentava características específicas, como: subdesenvolvimento ósseo; grande debilidade; cabeça demasiado pequena para a idade; face com semelhanças flagrantes com os galináceos (perfil, posição labial, dentição formada como se fosse um bico); olhos grandes (rasgados no sentido descendente); posição dos braços muito idêntica à das asas das galinhas. O que influenciou o desenvolvimento dessas características na pequena Isabel? Saiba Mais Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 9/12 Veja também o seguinte vídeo: “Grandes Educadores Lev Vygotsky”, escrito e apresentado por Marta Kohl de Oliveira. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=T1sDZNSTuyE>. Na ponta da língua https://www.youtube.com/watch?v=T1sDZNSTuyE https://www.youtube.com/watch?v=T1sDZNSTuyE https://player.vimeo.com/video/244029934 Teoria histórico-cultural e sua relação com o aprender • 10/12 Referências Bibliográficas DÍAZ, Félix.O Processo de Aprendizagem e seus Transtornos. Salvador: EDUFBA, 2011. LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. OLIVEIRA, Marta Khol. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento, um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 2014. VYGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2016. Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 A teoria histórico-cultural: internalização, pensamento, linguagem, aprendizado e desenvolvimento L EA RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 1. 4 A teoria histórico-cultural • 2/15 Objetivos de Aprendizagem • Reconhecer a importância da linguagem para a aprendizagem com base na teoria histórico-cultural (THC). A teoria histórico-cultural: internalização, pensamento, linguagem, aprendizado e desenvolvimento Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 A teoria histórico-cultural • 3/15 Introdução A teoria histórico-cultural (THC) é interacionista, uma vez que o meio estimula o sujeito na mesma medida em que o sujeito transforma o meio. O sujeito tem um papel ativo: o objeto modifica o sujeito e o sujeito modifica o objeto de conhecimento. Para a THC, não existe aprendizagem espontânea ou por imersão de saberes. Os conhecimentos devem estar disponíveis no meio cultural para que sejam progressivamente apropriados pelo sujeito. A linguagem oral é um exemplo:As crianças, aos poucos, interagem com os adultos e apropriam- se dos modos de falar a partir das experiências culturais. Ao chegar na escola, a criança entra em contato com o ensino da língua de forma sistematizada e intencional. A linguagem escrita existe para além da criança, mas esta, à medida que se apropria daquela, atribui novos significados aos textos escritos. O mecanismo de internalização pressupõe algo externo ao sujeito que, num segundo momento, paulatinamente, passa a ser internalizado pelo sujeito. O conhecimento precisa ser mobilizado entre as pessoas, de forma que estas estejamno mesmo convívio cultural A teoria histórico-cultural • 4/15 entre si, para depois, de forma interna, tornar-se interpsicológico, ou seja, os sujeitos passam a uma interação psicológica também.. A linguagem é puramente um conjunto de signos. É um instrumento de sistemas simbólicos complexos que pode mediar a atividade humana. A linguagem permite que o sujeito, mesmo na ausência do objeto, seja capaz de imaginá-lo, pensar sobre ele, e assim, trabalhá-lo. Por exemplo: não seria preciso mostrar o que é uma colher (objeto) para que você saiba o que é uma colher. Assim, um objeto que circula no convívio cultural já foi internalizado, o que nos permite pensar sobre ele mesmo sem a presença física do mesmo. A capacitação especificamente humana para a linguagem habilita as crianças a providenciar instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar a solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem, para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas. As funções cognitivas tornam-se, então, a base de uma forma nova e superior de atividade nas crianças, distinguindo-as dos animais (Vygostsky, 2016, p. 31). A THC confere muita relevância para a linguagem, pois ela tem as seguintes funções: a) comunicação, ou seja, intercâmbio social; b) pensamento generalizante: compreensão generalizada do mundo; c) significado (culturalmente determinado) como fenômeno do pensamento. A linguagem exerce um papel fundamental na estruturação do pensamento. É possível afirmar que nós pensamos a partir dos significados que nos A teoria histórico-cultural • 5/15 apropriamos pela linguagem. Como se dá o desenvolvimento da linguagem na THC? A fase pré-intelectual da linguagem (choro, riso, balbucio) é aquela em que não somos capazes de pensar, uma vez em que não temos linguagem. À medida que interagimos em nosso grupo cultural ou com ele, aprimoramos a linguagem que, progressivamente, torna mais complexo o pensamento. Esse tipo de linguagem tem a função de alívio social. A fase pré-linguística do pensamento é aquela na qual a criança age sobre o meio e consegue resolver problemas práticos (inteligência prática) e pode até ser capaz de dispor de instrumentos, entretanto, sem a mediação da linguagem. É muito relevante a relação entre o pensamento e a linguagem, pois ambos interferem, qualitativamente, tanto no processo de aprendizagem quanto no processo de desenvolvimento. O aprendizado é a mudança de um comportamento por meio da transformação de algo que, antes, o sujeito era incapaz de fazer com autonomia, mas que, a partir de um novo elemento aprendido, ele passa a realizar ações com plena capacidade. A aprendizagem está intimamente relacionada à apropriação da cultura. A aprendizagem ocorre à medida que o sujeito se apropria dos conhecimentos que estão disponíveis culturalmente para resolver um determinado problema. Na THC, é o aprendizado que impulsiona o desenvolvimento do ser humano. Ao apropriar-se dos elementos da cultura, o sujeito se torna mais hábil para resolver um determinado problema. Aqui, surge um conceito muito interessante: Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A ZDP existe entre aquilo que o sujeito realiza com plena autonomia ( já conhece) e aquilo que ele ainda não realiza com autonomia (potencialidade). O nível de desenvolvimento real pode ser entendido como referente àquelas conquistas que já estão consolidadas na criança, aquelas funções ou capacidades A teoria histórico-cultural • 6/15 que ela já aprendeu e domina, pois já consegue utilizar sozinha, sem a assistência de alguém mais experiente da cultura (pai, mãe, professor, criança mais velha, etc.). Esse nível indica, assim, os processos mentais da criança que já se estabeleceram, ciclos de desenvolvimento que já se completaram. O nível de desenvolvimento potencial também se refere àquilo que a criança é capaz de fazer, só que mediante a ajuda de outra pessoa (adultos ou crianças mais experientes). Nesse caso, a criança realiza tarefas e soluciona problemas por meio do diálogo, da colaboração, da imitação, da experiência compartilhada e das pistas que lhes são fornecidas (Rêgo, 1995, p. 72-73). De acordo com Vygostsky (2016, p. 98), “aquilo que é zona de desenvolvimento proximal hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã – ou seja, aquilo que uma criança pode fazer com assistência hoje, ela será capaz de fazer sozinha amanhã”. O autor antes define que “[...] a zona de desenvolvimento proximal [...] é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes” (Vygostsky, 2016, p. 97). A ZDP, portanto, é a distância entre aquilo que o sujeito consegue realizar com autonomia e aquilo para cuja realização ele precisa de ajuda de um adulto. A intervenção pedagógica (e também a psicopedagógica) deve ocorrer justamente na ZDP e modifica a concepção do desenvolvimento infantil, já que a “zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que não amadurecerão, mas que estão presentes em estado embrionário. Essas funções poderiam ser criadas de A teoria histórico-cultural • 7/15 ‘brotos’ ou ‘flores’ do desenvolvimento, ao invés de ‘frutos’ do desenvolvimento” (Vygostsky, 2016, p. 97). As Contribuições da Perspectiva Histórico- Cultural para a Prática Pedagógica Inicialmente, cabe perguntar: como o ensino pode potencializar a aprendizagem? Como a organização do ensino pode interferir intencionalmente na aprendizagem do aluno? O processo de formação de conceitos, fundamental no desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, é longo e complexo, pois envolve operações intelectuais dirigidas pelo usos das palavras tais como: atenção deliberada, memória lógica, abstração, capacidade de comparar e diferenciar. Para aprender um conceito é necessário, além das informações recebidas do exterior, uma intensa atividade mental. Portanto, um conceito não é aprendido por meio de um treinamento mecânico, tampouco pode ser meramente transmitido pelo professor ao aluno: “o ensino direto de conceitos é impossível e infrutífero; um professor que tenta fazer isso geralmente não obtém qualquer resultado, exceto verbalismo vazio, uma repetição de palavras pela criança, semelhante a de um papagaio, que simula um conhecimento dos conceitos correspondentes, mas que na realidade oculta um vácuo” (Vygostsky, 1987, p. 72 apud Rêgo, 1995, p. 78). A teoria histórico-cultural da atividade foi elaborada por Davydov, um importante psicólogo russo. Para ele, a aprendizagem só é possível por meio da atividade e apropriação da cultura. Leontiev, por sua vez, em sua teoria da atividade, aponta que a estrutura da atividade pedagógica deve atender a alguns princípios, com base nos quais o aluno deve: a) perceber as necessidades de aprender; b) atuar com base nas suas capacidades; A teoria histórico-cultural • 8/15 c) estabelecer e alcançar objetivos d) realizar determinadas tarefas; e) mobilizar, em seguida, ações e operações. Para Leontiev, só é possível organizar o ensino se: a) educação e ensino forem compreendidos como forma de reprodução. Não se trata de reprodução do que já existe (cópia), mas sim, de uma reprodução ajustada às necessidades do sujeito; b) as atividades representarem situações que impulsionem o desenvolvimento; c) o processo de apropriação e o desenvolvimento se complementarem e compuserem o mesmo procedimento. No ciclo de formação de conceitos científicos e na incorporação de processos de pensamento realizada à medida que o sujeito se apropria desses conceitos científicos, absorvem-se novas formas de pensamento progressivamente mais complexas. A apropriaçãodesses conceitos é fundamental no processo de pensamento. É o ciclo de formação de pensamento e desenvolvimento de ações mentais mediante a solução de problemas a qual proporcionará o desenvolvimento cognitivo. A atividade do aluno se assemelha à atividade do cientista, ou seja, deve-se recorrer aos conhecimentos científicos para alcançar uma explicação mais sofisticada para os problemas. A teoria histórico-cultural (THC) da atividade também tem um conceito sobre o pensamento teórico. É por meio da ascensão do abstrato para o concreto, ou seja, da posse do pensamento abstrato (pensamento geral), que se deduzem as relações particulares. A maioria dos métodos pedagógicos defende que o ensino A teoria histórico-cultural • 9/15 deve partir do concreto para o abstrato (pensamento indutivo). Para a THC, é o contrário: é a partir do pensamento abstrato, teórico, dos conhecimentos científicos, que é possível estabelecer relações particulares. A partir do momento em que o aluno se apropria das normas/conceitos/princípios de uma teoria, ele é capaz de deduzir e pensar em problemas específicos (geral → particular). As atividades de ensino e os conteúdos escolares estão conectados à lógica do campo científico a que ele pertence, bem como à forma pela qual ele se articula com outras áreas do conhecimento. A tarefa de aprendizagem, que corresponde àquilo que o aluno realiza, divide-se em três grandes momentos: • No primeiro momento, o da análise do material, o aluno, para descobrir uma relação geral, entra em contato com a situação-problema apresentada pelo professor. • No segundo momento, o aluno passa a fazer algumas deduções em busca de relações e conceitos a partir dos conhecimentos prévios. • No terceiro momento, o aluno deve estabelecer conexões anteriores, criar novas conexões e chegar a uma análise e síntese da aprendizagem. Na escola, a tarefa de aprendizagem torna-se uma atividade de aprendizagem. Esta atividade implica sempre em uma solução coletiva de um problema comum a todos. As atividades coletivas possibilitarão a comunicação, já que é por meio desta que o aluno pode acessar outros pontos de vista. Outra característica das atividades de aprendizagem é a troca de modos de ação diferentes entre os alunos, possibilitando a compreensão mútua e o estabelecimento de relações mais complexas. Uma atividade de aprendizagem não é um trabalho coletivo no qual cada membro faz uma parte. Ao contrário: envolve discussão, apresentação das ideias (planejamento) e intercâmbio entre os participantes. A atividade de aprendizagem envolve, ainda, o planejamento individual, levando em conta os demais colegas, a reflexão e a atitude crítica. Ao final da atividade, o professor e os alunos podem rever esse processo, realizando os ajustes necessários. A teoria histórico-cultural • 10/15 O trabalho do professor é o planejamento da atividade de ensino como uma ação intencional que cria estratégias para que os alunos se apropriem da cultura e se transformem nesse processo. Estudo de Caso O designer instrucional de uma empresa educacional convoca uma reunião para planejamento de estratégias que possibilitem aos alunos a aprendizagem adaptativa. A ideia é trazer os estudos da teoria histórico-cultural para a prática pedagógica virtual. Ao convidar o profissional da área da educação, o designer solicitou os principais questionamentos iniciais que precisavam ser respondidos para iniciar o planejamento das atividades. Então, qual foi a resposta? Qual é o contexto dos alunos? Qual perfil apresentam? Que conhecimentos prévios trazem? Como aprendem e o que pretendemos ensinar? Como os profissionais devem responder essas questões com base na THC? A teoria histórico-cultural • 12/15 Saiba Mais Leia os dois textos (um artigo e um livro, respectivamente) indicados a seguir para complementação do tema: Zona de desenvolvimento proximal: análise teórica de um conceito em algumas situações variadas - http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000200011 Pensamento e linguagem - https://www.institutoelo.org.br/site/files/ publications/5157a7235ffccfd9ca905e359020c413.pdf Na ponta da língua https://player.vimeo.com/video/244030044 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000200011 https://www.institutoelo.org.br/site/files/publications/5157a7235ffccfd9ca905e359020c413.pdf A teoria histórico-cultural • 13/15 References LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. Rêgo, T. C. Vygostsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995. Vygostsky, L. S. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2016. Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag es : S hu tte rs to ck Estilos de aprendizagem L EA RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 1. 5 Estilos de aprendizagem • 2/14 Objetivos de Aprendizagem • Compreender os estilos de aprendizagem definidos por Jung e Felder. Estilos de aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Estilos de aprendizagem • 3/14 Introdução Nos temas anteriores, refletimos sobre a importância das teorias de aprendizagem para o trabalho com desenvolvimento de ambientes virtuais de e-learning. Compreendemos que a teoria histórico-cultural contribui para pensarmos esses ambientes como ferramentas que propiciam a aproximação dos processos de ensino e aprendizagem com o contexto em que os alunos estão inseridos, resultando em aprendizagem significativa. Tão importante como compreender as teorias de aprendizagem é entender os estilos de aprendizagem. Com tantas possibilidades tecnológicas, o acesso aos recursos de áudio, texto e imagem também contribuíram com as estratégias de ensino, possibilitando aos diferentes alunos, diversas possibilidades de apresentação de materiais e conteúdos pedagógicos. Quais, no entanto, são os estilos de aprendizagem? Qual é a importância da diversificação desses recursos? Qual é a diferença entre a aprendizagem por meio de texto e aquela por meio de imagem, por exemplo? Quais são as discussões existentes sobre esses estilos? Estilos de aprendizagem • 4/14 Verificamos, por meio da teoria histórico-cultural, que as pessoas se desenvolvem a partir das relações sociais, dos processos de mediação e interação entre pares; e que a aprendizagem acontece na relação entre as zonas de desenvolvimento real e proximal, não é verdade? Mas, esse processo acontece de que forma? Cada ser humano é único na maneira de aprender, conviver, relacionar-se, o que não é diferente no processo de ensino e aprendizagem. Cada aluno apresenta especificidades para aprender. Assim, temos uma relação entre o tempo e o modo como aprendem e se desenvolvem (teoria da aprendizagem) e também entre os sentidos que contribuem para a assimilação dos conceitos (estilos de aprendizagem). Alguns autores entendem essas especificidades como estilos cognitivos. Neste tema, vamos explorar a abordagem de Jung e Felder. Jung trabalhou com a oposição entre dois pares de abordagens que tratam da percepção das coisas - sensação e intuição, e do julgamento de fatos - pensamento e sentimento. Tais abordagens também estão ligadas tanto ao exterior como ao interior. Assim, para o autor, o mundo exterior (pessoas, coisas e experiências) trata da extroversão; e mundo interior (reflexão) trata da introversão. Jung, por meio de combinações de quatro dimensões, portanto, define tipos psicológicos, a saber: Figura 5.1 – Tipos psicológicos de Jung Extroversão (Extrovert) Sensação (Sensing) Pensamento (Thinking)Julgamento (Judgement) Introversão (Introvert) Intuição (Intuition) Sentimento (Feeling) Percepção (Perception) Fonte: elaborada pela autora. Os tipos psicológicos definidos por Jung são determinados pela combinação de 4 letras, totalizando 16 especificidades. Veja a descrição deles no quadro a seguir: Estilos de aprendizagem • 5/14 Quadro 5.1 – Dimensões definidas por Jung E – Extroversão (Extrovert) Volta-se ao mundo exterior e às coisas. Manifesta interesse por pessoas e eventos. Precisa de estímulo externo para engajar-se em situações de aprendizagem. Costuma arriscar-se. I – Introversão (Introvert) Volta-se para o seu mundo interior, suas ideias e suas impressões. Tem preferência por atividades individuais e não prioriza relacionamentos interpessoais. Manifesta grande concentração e autossuficiência. Precisa de um tempo para pensar antes de expressar-se. Normalmente, não se arrisca. S – Sensação (Sensing) Volta-se mais ao presente e às informações obtidas por meio dos seus sentidos. Interage com o mundo de forma prática. Normalmente, é sistemático, detalhista e gosta de observar fenômenos bem de perto. Necessita de situações de aprendizagem estruturadas, com sequência clara e objetiva. N – Intuição (Intuition) Volta-se mais para o futuro, aos padrões e às possibilidades. Normalmente, procura buscas inovadoras e teóricas, pois exercem certo fascínio. Costuma fazer inferências a partir de um contexto, construindo bons modelos nos quais apoia suas ideias e produções. Costuma estruturar seu próprio treinamento com facilidade. Não é muito preciso, então pode perder detalhes importantes. De modo geral, apresenta complexidade excessiva nos seus discursos. T – Pensamento (Thinking) Prefere apoiar-se em critérios impessoais e baseia suas decisões na lógica e na análise objetiva de causas e efeitos. Costuma ser disciplinado e ansioso. F – Sentimento (Feeling) Prefere basear as decisões em valores e na avaliação subjetiva. Manifesta forte consciência social. Agrega as pessoas, promovendo motivação. Precisa de atenção e evita situações sociais tensas. J – Julgamento ( Judging ) Prefere abordagens planejadas e organizadas com relação à vida e gosta das coisas bem definidas. Normalmente, prefere lidar com um estilo de vida planejado, organizado e bem controlado. Engaja-se no trabalho sistemático. É rígido, e intolerante com a ambiguidade. Estilos de aprendizagem • 6/14 P – Percepção (Perception) Gosta das abordagens flexíveis e espontâneas, preferindo propostas e opções abertas. Aceita facilmente mudanças e novas experiências. Pode manifestar falta de persistência ou consistência, o que pode atrapalhar seu desempenho. Fonte: adaptado de Jung (2011). Figura 5.2 – Descrição dos tipos de personalidade Fonte: Feloni e Gould (2016). Felder (1993) refere-se aos estilos de aprendizagem como a forma com que as pessoas recebem e processam as informações. Defende que cada pessoa poderá apresentar ou desenvolver habilidades que manifestem preferências mais visuais, como figuras, diagramas e esquemas, enquanto outros manifestam preferências mais verbais, por meio de explanações orais ou escritas por exemplo. Já alguns preferem a interação e outros uma aprendizagem introspectiva e individualizada. Estilos de aprendizagem • 7/14 O autor defende que é necessário pensar as possibilidades de oferta das informações (visuais, auditivas, orais), propiciando maior conforto para os alunos no momento da aprendizagem. Contudo, também alerta para a possibilidade de ampliar os recursos e as ofertas, estimulando a utilização de diferentes canais para receber as informações. Ele define quatro dimensões de estilos de aprendizagem, definidas e descritas na figura seguinte. Figura 5.3 – Quatro dimensões de estilos de aprendizagem • Ativo (active) – reflexivo (reflective) A tiv os Re fle xi vo sTendem a reter e compreender informações mais eficientemente discutindo, aplicando conceitos e/ ou explicando para outras pessoas. Gostam de trabalhar em grupo. Precisam de um tempo para sozinhos pensar sobre as informações recebidas. Preferem os trabalhos individuais. • Racional (sensing) – intuitivo (intuitive) Ra ci on ai s In tu iti vo sGostam de aprender fatos. São mais detalhistas, memorizam fatos com facilidade, saem-se bem em trabalhos práticos (laboratório, por exemplo). Tendem a ser mais práticos e cuidadosos do que os intuitivos. Preferem descobrir possibilidades e relações. Sentem-se mais confortáveis em lidar com novos conceitos. São mais rápidos no trabalho e mais inovadores. • Visual (visual) – verbal (verbal) V isu ai s Ve rb ai sLembram mais do que viram – figuras, diagramas, fluxogramas, filmes e demonstrações. Tiram maior proveito das palavras – explicações orais ou escritas. Estilos de aprendizagem • 8/14 • Sequencial (sequential) – Global (global) Se qu en ci ai s G lo ba isPreferem caminhos lógicos, aprendem melhor os conteúdos apresentados de forma linear e encadeada. Lidam aleatoriamente com conteúdos, compreendendo-os por “insights”. Depois que montam a visão geral, têm dificuldade de explicar o caminho que utilizaram para chegar nela. Fonte: elaborada pela autora com base em Felder (1993). Jung e Felder são alguns dos autores que provocam a reflexão sobre os estilos de aprendizagem. Cabe compreendermos que cada pessoa apresenta sua própria preferência, que certamente, é influenciada por um contexto específico. Importante no momento de refletir sobre os canais de recepção das informações é considerar os diferentes alunos que podemos encontrar em sala de aula, sendo esta sala física ou virtual. No momento em que planejamos ambientes virtuais para o e-learning, precisamos levar em consideração tanto o modo como o aluno aprende quanto os estilos e as preferências de aprendizagem que ele apresenta. Estudo de Caso Uma equipe multidisciplinar de uma instituição de ensino superior (IES) planejada a oferta de algumas disciplinas virtuais de um determinado curso de tecnologia. As disciplinas deverão contar com atividades virtuais e práticas (realizadas Estilos de aprendizagem • 9/14 em sala de aula), distribuídas em dez estados diferentes do país. Os alunos apresentam características específicas, e as realidades sociais são muito diferentes. Assim, a IES conta com alunos que têm acesso a tecnologias e alunos que precisam estudar utilizando meios tradicionais. Considerando os diferentes estilos de aprendizagem, quais reflexões iniciais devem permear a discussão dessa equipe? Saiba Mais Leia o artigo sugerido a seguir: Estilos de aprendizagem (Modelo de Ferder e Silverman) + Quiz - https://www.makerzine.com.br/educacao/estilos-de-aprendizagem- modelo-de-felder-e-silverman/ - https://www.makerzine.com.br/educacao/estilos-de-aprendizagem-modelo-de-felder-e-silverman/ Estilos de aprendizagem • 10/14 Na ponta da língua Referências Bibliográficas FELDER, R. Reaching the Second Tier: Learning and Teaching Styles in College Science Education. J. College Science Teaching, v. 23, n. 5, p. 286-290, 1993. Disponível em: <http://www4.ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/Papers/ Secondtier.html>. Acesso em: 8 nov. 2017. http://www4.ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/Papers/Secondtier.html http://www4.ncsu.edu/unity/lockers/users/f/felder/public/Papers/Secondtier.html https://player.vimeo.com/video/244030174 Estilos de aprendizagem • 11/14 FELONI, R.; GOULD, S. The best jobs for your personality type. World Economic Forum/Business Insider, oct. 2016. Disponível em: <https://www.weforum.org/ agenda/2016/10/the-best-jobs-for-your-personality-type?utm_content=buffer70537&utm_ medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer>. Acesso em: 8 nov. 2017. JUNG, C. G. Tipos Psicológicos. Vol. 6. São Paulo: Vozes, 2011. LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015.https://www.weforum.org/agenda/2016/10/the-best-jobs-for-your-personality-type?utm_content=buffer70537&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffe https://www.weforum.org/agenda/2016/10/the-best-jobs-for-your-personality-type?utm_content=buffer70537&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffe https://www.weforum.org/agenda/2016/10/the-best-jobs-for-your-personality-type?utm_content=buffer70537&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffe Estilos de aprendizagem • 14/14 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Design de Ambientes de Aprendizagem LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 2. 1 Design de Ambientes de Aprendizagem • 2/15 Objetivos de Aprendizagem • Conhecer os principais componentes de ambientes virtuais de aprendizagem. Design de Ambientes de Aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 https://player.vimeo.com/video/244030298 Design de Ambientes de Aprendizagem • 3/15 Design de Ambientes de Aprendizagem Os teóricos da aprendizagem e os pesquisadores entenderam que não “ensinamos” tanto quando criamos um ambiente no qual as pessoas possam aprender. Os facilitadores de aprendizagem projetam experiências e atividades que permitem que as pessoas entendam novos conceitos, aprendam os conhecimentos necessários e ganhem habilidades necessárias. Acredita-se que essas experiências e atividades estão inseridas no local de trabalho em vez de reunidas em um curso formal. O aprendizado é uma consequência natural das interações cotidianas e do trabalho em andamento, e a necessidade de obter conhecimento e habilidades é mais imediata e não pode ser relegada apenas ao material didático formal. Quando precisamos apoiar o aprendizado de uma base ou Design de Ambientes de Aprendizagem • 4/15 habilidade de conhecimento específica, devemos expandir o alcance de nossos esforços para o local de trabalho. Pensamos sobre todas as diferentes maneiras pelas quais as pessoas aprendem, como já discutimos nas aulas anteriores, e criamos um ambiente que torne acessíveis os recursos de aprendizagem e dê às pessoas o apoio que elas precisam, quando e onde precisam. Essa é a visão que o design do ambiente de aprendizagem se concretiza. Um ambiente de aprendizagem é uma coleção deliberadamente organizada de recursos e atividades relacionadas a uma necessidade de conhecimento específica, que pode acontecer em ambientes de educação formal e não formal. Vamos resgatar a metáfora do meio ambiente: é uma imagem que engloba todos os componentes que cercam os seres vivos. Em um bom ambiente, os componentes contribuem para o bem-estar e o crescimento. Em uma paisagem bem projetada, por exemplo, o meio ambiente inclui luz solar, solo, água e outros elementos, e o paisagista garante os elementos certos para ajudar as plantas desejadas a prosperarem. Assim também, acontece com os ambientes de aprendizagem, que se destinam a ajudar as pessoas a aprender e se desenvolver, sendo projetados com a utilização de uma ampla gama de componentes que apoiam essa empreitada. Design de Ambientes de Aprendizagem • 5/15 Componentes de Ambiente de Aprendizagem Listar todos os componentes importantes de um ambiente de aprendizagem seria tão desafiador quanto listar todas as plantas possíveis para crescer em um jardim. Espécies de plantas possuem múltiplas variedades, e novas são criadas todos os dias. Ao plantar um jardim, as escolhas dependem do clima, da localização, do tipo de solo e das preferências do jardineiro. Um processo semelhante ocorre ao se projetar um ambiente de aprendizagem. Há um mundo de opções de recursos e atividades. E, como novas possibilidades são criadas constantemente, seria impossível listar todas elas. Mesmo assim, é importante começar com uma lista sólida de componentes potenciais a serem incluídos (pessoas, treinamento e educação, práticas de desenvolvimento, práticas de aprendizagem experiencial, motivação e autodireção do aluno), com base nos quais podemos organizar diferentes recursos, atividades e práticas de aprendizagem. É comum a sugestão de ferramentas específicas como blogs ou microblogs, software de captura de tela e ferramentas de vídeo, tendo em vista que os professores podem usá-las para criar e adicionar aos componentes de aprendizagem disponíveis no ambiente. Designers, geralmente, incluem links para esses tipos de ferramentas, quando eles criam os portais de aprendizagem, que atuam como o ponto de entrada para o ambiente de aprendizagem. É importante notar quão flexível é um ambiente de aprendizagem, incorporado em relacionamentos e práticas de trabalho. Embora um portal eletrônico seja frequentemente útil para a organização de materiais e atividades, o ambiente físico é onde ocorre o relacionamento interpessoal, presente no virtual apenas pelas ferramentas de comunicação. A lista de componentes é compilada a partir de um conjunto maior de itens potenciais derivados de modelos educacionais e experiência de longo prazo. Aqueles familiarizados com as teorias vão notar elementos de aprendizado combinado, transferência de aprendizagem, aprendizado informal e teoria e prática de aprendizagem social, juntamente com ideias oferecidas pelo gerenciamento pessoal do conhecimento e defensores do conhecimento construtivista. Olhar através desses fluxos de pensamento produz uma lista muito rica de possíveis recursos cognitivos, atividades e práticas que foram categorizados para facilitar a identificação e a seleção. Design de Ambientes de Aprendizagem • 6/15 Recursos São vários os recursos que podem ser utilizados na construção de ambientes de aprendizagem. Podemos listar todos os tipos de materiais a serem acessados para essa prática; eles podem ser recursos físicos (como livros, revistas, equipamentos ou artefatos) ou podem ser acessados eletronicamente por um computador ou pela internet. Bases de dados, vídeos, apresentações eletrônicas, auxílios de trabalho e manuais também são recursos potenciais. Quando os alunos pesquisam informações na internet ou descobrem como fazer alguma coisa, estão acessando recursos. Eles também podem acessar bibliotecas ou outros espaços físicos, onde materiais de referência e outros recursos de aprendizagem podem ser encontrados. Os recursos são úteis para comunicar o conhecimento explícito, que é valioso para as pessoas que são novas em uma função ou tarefa, bem como para apoiar o aprendizado just-in-time e oferecer um suporte de desempenho mais direto. O desafio é encontrar recursos que estejam no nível certo, que sejam de alta qualidade e que sejam relevantes para um contexto particular. Os alunos precisam acessar as informações e depois descobrir como efetivamente aplicá-las. Pessoas A categoria de pessoas reconhece o fato de que os relacionamentos são fundamentais para a aprendizagem. Ou seja, com base no teoria histórico-cultural que estudamos anteriormente, as relações sociais são fundamentais para o Design de Ambientes de Aprendizagem • 7/15 aprendizado. Face a face ou on-line, as pessoas podem oferecer sabedoria, feedback, respostas rápidas, insights e modelagem, troca de saberes, entre outras coisas. Em suma, eles fornecem as conexões interpessoais ativas necessárias para uma profunda compreensão e colaboração. Esses relacionamentos podem ser profundos (como entre mentores e mentorados) ou bastante distantes (como especialistas seguidos no Twitter). As pessoas comunicam o conhecimento através das interações interpessoais, ensino, orientação, respostas a perguntas e discussão e são coaprendentese colaboradores. Embora onipresente, o aprendizado através de interações com os outros, muitas vezes, está longe de ser uma questão simples, exigindo confiança, comunicação efetiva e acompanhamento. Treinamento e Educação O treinamento formal e a educação são extremamente valiosos quando as necessidades do aluno e os objetivos do curso estão alinhados. Os cursos podem ser baseados em sala de aula, podem ser on-line, e-learning, de autoestudo, por treinamento no local de trabalho ou oferecidos Design de Ambientes de Aprendizagem • 8/15 em alguma combinação dessas modalidades. Eles podem ser por crédito ou não; oferecidos dentro de uma organização ou por uma instituição educacional, organização profissional ou fornecedor. O grau em que as pessoas aprendem com treinamento e educação depende muito da qualidade dos cursos e do modo como são planejados os processos de ensino e aprendizagem. Pesquisas mostram que a retenção e a aplicação dependem da relevância, do envolvimento profundo, da prática e do feedback. O aprendizado não ocorre apenas através do aproveitamento de conhecimentos e habilidades de outras fontes; muitas vezes, ocorre através do processamento das próprias experiências e das trocas com os pares. Práticas de Desenvolvimento A categoria de práticas de desenvolvimento engloba práticas que a organização e sua equipe de gerenciamento podem implementar para apoiar a aprendizagem. Essas práticas exigem o envolvimento ativo de supervisores e gerentes e desempenham um papel importante na aceleração do crescimento dentro da organização. Os gerentes podem garantir o desenvolvimento de uma cultura em que a aprendizagem autodirigida possa prosperar, oferecendo coaching e feedback, bem como atividades de reflexão em grupo e de melhoria contínua. Programas de desenvolvimento, observação e comentários sobre o trabalho, estratégias para compartilhar lições aprendidas entre a equipe e projetos de aprendizagem são apenas algumas das outras maneiras pelas quais as organizações apoiam as práticas de ensino e aprendizagem. Em programas acadêmicos, pode haver oportunidades de debater regularmente experiências baseadas no trabalho Design de Ambientes de Aprendizagem • 9/15 e conectar os alunos uns com os outros de forma contínua. As práticas específicas de desenvolvimento também podem ser listadas em outras categorias (por exemplo, a orientação pode ser um programa em práticas de desenvolvimento ou um relacionamento entre pessoas), mas muitas vezes, é importante identificar os mecanismos de suporte organizacional e de gerenciamento para garantir desenvolvimento de cultura. Práticas de Aprendizagem Experiencial A categoria de práticas de aprendizagem experiencial lista o que alguns dos indivíduos fazem (sozinhos ou com outros) para que as experiências façam sentido, transformando-as em conceitos, ideias e orientação para ações futuras. Quando você pede às pessoas que descrevam como elas aprendem, um fator que quase sempre surge é aprender fazendo. O desenvolvimento profundo de habilidades é facilitado através de prática e reflexão, e novos conhecimentos são criados através da ação e colaboração. Um designer ou líder de aprendizagem não cria, necessariamente, essas experiências, mas pode haver maneiras de promover tipos específicos de experiências e nutrir a aprendizagem deles, sobretudo, disponibilizando ferramentas de autoavaliação e reflexão para os alunos. O feedback construtivo é, muitas vezes, uma parte essencial desse processo de aprendizagem. Motivação e Autodireção do Aluno Subjacentes a todas essas categorias de componentes estão a motivação do aluno e a autodireção da aprendizagem. Os alunos precisam escolher aprender, razão pela qual, sem algum grau de motivação, pode- se comprometer a aprendizagem. (É verdade que a aprendizagem pode acontecer sem a escolha consciente, mas o tipo de necessidades de aprendizagem que estamos discutindo é mais frequentemente aquele que os alunos precisam reconhecer e escolher abordar.) A motivação do aluno é a base para a aprendizagem em todas elas, e os componentes que promovem a motivação e a autodireção também podem ser encontrados em todas as categorias. Você pode imaginar que algumas leituras (recursos) possam ser inspiradoras, levando as pessoas a quererem aprender mais, ou que alguns líderes de pensamento (pessoas) Design de Ambientes de Aprendizagem • 10/15 possam provocar e estimular os potenciais alunos, de maneira que estes estejam “a bordo”. A motivação, então, é promovida por vários componentes diferentes (embora ela não seja, necessariamente, todos eles). Estudo de Caso Uma equipe multidisciplinar estuda os melhores recursos para o desenvolvimento de uma plataforma que será direcionada aos funcionários de uma empresa automobilística. A empresa necessita desenvolver capacitações para todos os colaboradores por meio de universidade corporativa; assim precisará desenvolver sua plataforma, pensando nos diferentes níveis hierárquicos. Quais os principais componentes que a equipe deverá levar em consideração? Saiba Mais Design de Ambientes de Aprendizagem • 11/15 Aprendizagem online é em rede, colaborativa: para o aluno não ficar estudando sozinho a distância - http://horizontes.sbc.org.br/ index.php/2020/06/aprendizagem-em-rede/ Aprendizagem na educação online: análise de conceito - https:// www.scielo.br/j/reben/a/nc6YL3ny8NhrR4cGKps95wy/?lang=pt Na ponta da língua https://player.vimeo.com/video/244030411 http://horizontes.sbc.org.br/index.php/2020/06/aprendizagem-em-rede/ https://www.scielo.br/j/reben/a/nc6YL3ny8NhrR4cGKps95wy/?lang=pt Design de Ambientes de Aprendizagem • 12/15 Referências Bibliográficas LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. Design de Ambientes de Aprendizagem • 15/15 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Estratégias para Ambientes de Aprendizagem LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 2. 1 Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 2/14 Objetivo de Aprendizagem • Reconhecer diferentes estratégias de aprendizagem utilizadas no desenvolvimento de ambientes virtuais. Estratégias para Ambientes de Aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 3/14 Estratégias para Ambientes de Aprendizagem Normalmente, os ambientes de aprendizagem se encaixam nas soluções existentes de desenvolvimento de recursos humanos, como as de instrução e as de suporte ao desempenho. A instrução formal é melhor quando um conjunto específico de objetivos de aprendizagem precisa ser alcançado e quando os designers instrucionais podem empregar processos e práticas de design sólidos para abordá- los. O suporte ao desempenho é exigido quando há necessidade de fornecer ajuda imediata no fluxo de trabalho, e especialistas em suporte de desempenho podem sugerir abordagens para isso. Mas, quando uma avaliação revela a necessidade de desenvolvimento de conhecimentos ou habilidades que não pode ser tratada de forma clara através de soluções de suporte de instrução ou de desempenho, um ambiente de aprendizagem, deliberadamente curado, pode ser a melhor maneira de fornecer o suporte de aprendizagem necessário para que as pessoas se envolvam, de forma produtiva, em seu próprio desenvolvimento em curso. Há muitas razões pelas quais um líder de aprendizagem pode escolher projetar um ambiente com essa finalidade; portanto, as estratégias são personalizadas a depender da necessidadede aprendizagem e das características dos grupos de alunos usuários. As seguintes subseções abordam os quatro cenários mais prováveis. Centro de Aprendizagem Combinada (Blended Learning Hub) À medida que as ferramentas eletrônicas crescem, nossas estratégias de aprendizagem combinadas têm ficado mais sofisticadas. Historicamente, a aprendizagem combinada tem se referido à associação entre e-learning, Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 4/14 aprendizagem em sala de aula e coaching. No entanto, mais recentemente, os designers acharam válido lançar uma rede mais ampla deatividades de enriquecimento, exercícios de aplicação, auxílios de trabalho e suporte. Os centros de aprendizagem combinada focalizam o conhecimento e as habilidades direcionados a um evento de aprendizagem formal específico, e os recursos nesse tipo de ambiente de aprendizagem se reúnem em torno dos temas desse evento. Muitas vezes, esses centros são acessíveis apenas àqueles que estejam matriculados no programa, às vezes, no nível básico.. Esse tipo de estratégia complexa de aprendizagem combinada é útil quando você tenta auxiliar no desenvolvimento de uma habilidade complexa, da qual os alunos precisarão para dar continuação às suas práticas e facilitar sua experiência real ao longo do tempo. É importante manter, no trabalho, a utilização das habilidades com pessoas, recursos e práticas de desenvolvimento que ajudem os alunos a continuarem a crescer. O centro de aprendizagem combinada também pode fornecer recursos que ajudem a aprofundar o conhecimento ou as habilidades dos alunos, à medida que eles se familiarizam com os conteúdos e comportamentos essenciais. Exemplos de aplicação de um Centro de Aprendizagem Combinada Exemplo 1: Uma professora de economia da universidade quer ajudar seus alunos, não só após determinados cursos, mas também, depois da formatura. Ela, então, abre um site pessoal para fornecer acesso rápido a recursos, seminários e conferências da internet, que provavelmente serão de interesse deles. O site também contém uma bibliografia de livros recomendados. Para manter tudo atualizado, a professora publica ativamente um feed do Twitter no qual compartilha links para novos artigos de interesse; ela também escreve um blog em que discute eventos atuais. Ex-alunos e outros seguidores são convidados a comentar, e a professora se envolve em discussões que surgem sobre os tópicos de suas postagens. Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 5/14 Exemplo 2: Uma organização quer treinar sua equipe de gerenciamento sobre os conceitos e as abordagens do design thinking como forma de incentivar a inovação. Os profissionais que trabalham com estratégias de aprendizagem, projetam um conjunto de cursos para ensinar conceitos básicos, mas também ajudam na aprendizagem fazendo recomendações de livros, identificando uma série de artigos e sites que falam sobre esses conceitos, criando modelos e dicas, oferecendo coaching para elaborar e facilitar encontros destinados ao uso de abordagens de design thinking e publicando um blog em que se destacam histórias sobre design thinking dentro da organização. Eles organizam todos esses materiais em uma página web disponível por meio da intranet da empresa. Troca de Conhecimento O foco de uma troca de conhecimento é apenas esta: possibilitar às partes interessadas a oportunidade de compartilhar táticas, ferramentas, resultados e recursos. Esta estratégia funciona bem quando já existe um vasto conjunto de conhecimentos acumulados que seriam úteis para pessoas que estão iniciando em uma função ou profissão. Ela também é útil quando o conhecimento e as práticas evoluem rapidamente, ou quando os alunos trabalham habilidades de um nível avançado. O intercâmbio de conhecimento estimula uma aprimorada criação cognitiva e permite que os especialistas compartilhem a evolução de seus conhecimentos para que Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 6/14 pessoas menos experientes possam acessá-los. Vamos retomar o conceito de Vygotsky (2016) sobre ZDP: os alunos saem da zona de desenvolvimento real, por meio da mediação oportunizada pela tecnologia, e se aproximam da zona de desenvolvimento proximal, que logo passará à zona de desenvolvimento real. Exemplos de aplicação de Troca de Conhecimento Exemplo 1: Uma grande empresa de consultoria tem associados distribuídos em todo o mundo, e o conhecimento que acumulam através da experiência também está espalhado. Uma troca de conhecimento fornece uma saída através da qual os consultores podem compartilhar suas experiências, documentos e lições aprendidas, para que outros possam pesquisar materiais que sejam aproveitados em seus próprios projetos. Para as necessidades mais imediatas, os consultores podem compartilhar suas atividades e sua experiência, usando ferramentas como microblogs para perguntas e respostas pequenas, publicando seus perfis (para que seja mais fácil encontrar pessoas com conhecimentos e habilidades relevantes) e escrevendo blogs sobre suas experiências. A troca de conhecimento também agrega recomendações vantajosas para programas de treinamento e atividades profissionais. Exemplo 2: Uma equipe de desenvolvimento da força de trabalho quer aumentar o número de funcionários potenciais que possuem habilidades de codificação. Eles se associam a uma faculdade comunitária para oferecer uma variedade de cursos e também criar um site com links para outros recursos de aprendizagem, muitos dos quais são gratuitos. O site inclui informações sobre possíveis oportunidades de trabalho que vêm para a região e sobre as habilidades necessárias para se candidatar. É possível perceber, por meio dos exemplos apresentados, que o conhecimento também acontece por meio da relação entre pares. As relações sociais, de acordo com a teoria histórico-cultural, contribuem para o ensino e aprendizagem, bem como para o desenvolvimento do ser humano (Vygotsky, 2016). Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 7/14 Colaboratórios O colaboratório representa uma das mais inovadoras estratégias dos ambientes de aprendizagem, uma vez que seu foco é reunir pessoas que pensam de forma semelhante, para que possam compartilhar e desenvolver novos conhecimentos e práticas. Os colaboratórios possuem ferramentas e recursos projetados para estimular a criação de conhecimento colaborativo, além do compartilhamento de conhecimento. Em um ambiente colaborativo, os alunos trabalham juntos, em grupo, em prol de um objetivo comum. Todos são responsáveis pelo aprendizado uns dos outros. Para Koschmann (1996), a aprendizagem colaborativa tem suas bases no construtivismo (Piaget) e na teoria histórico-cultural (Vygotsky). O conhecimento é compreendido como produto social. Para Hiltz (1997, p. 3), o “conhecimento é visto como um produto social, e o processo educacional é facilitado pela interação social em um ambiente que propicia a colaboração dos colegas, a avaliação e a cooperação”. Essa estratégia emergente de ambiente de aprendizagem é muito útil em áreas de atuação de ponta. Os profissionais, nesses ambientes, geralmente usam Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 8/14 sua própria inventividade para criar o que eles precisam quando precisam, e eles frequentemente experimentam novas práticas. Um colaboratório dá aos coaprendentes espaço para trabalhar em conjunto e discutir questões entre si, compartilhando seu trabalho, seus sucessos e suas falhas para o bem de todos. Exemplos de aplicação de Colaboratórios Exemplo 1: Uma equipe de desenvolvimento de talentos em uma grande organização orientada para a tecnologia decidiu adotar uma estratégia de badging para ajudar a detectar conhecimentos e conjuntos de habilidades em toda a organização e para identificar o desenvolvimento e as conquistas em curso. (Badging é uma maneira de reconhecer conjuntos de habilidades e contribuições; “emblemas” sãodados às pessoas, por pares ou órgãos de governo, em reconhecimento por uma conquista ou pela competência demonstrada.) Colegas que trabalham na estratégia de desenvolvimento de talentos criam um espaço de intranet onde podem compartilhar artigos de interesse na prática emergente do badging de competências e onde podem cocriar e documentar as estratégias que criam dentro da organização. Um fórum de discussão e uma ferramenta de mensagens instantâneas permitem que eles se comuniquem quando surgem novas questões, de modo que não precisem reinventar práticas se outros já tiverem trabalhado em projetos similares. Eles frequentemente se reúnem na pausa do café para discutir as necessidades da organização e para ajudar uns aos outros a fazer um brainstorming sobre como estruturar critérios de criação. Exemplo 2: Uma biblioteca local converte seu espaço no porão para criar um “laboratório de criação” para inventores que desejam aproveitar a tecnologia de impressão em 3D. Ele abriga computadores, uma variedade de impressoras 3D, software Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 9/14 de design digital e outros equipamentos. Uma página no site da biblioteca contém links para uma variedade de recursos relevantes da internet. O laboratório oferece oficinas para empresários e hospeda eventos de rede. Mais importante ainda é um lugar que incentiva a interação entre pessoas com ideias. Muitas vezes, os ambientes de aprendizagem incorporam elementos de várias estratégias para atender a uma necessidade única. Estudo de Caso Curando um ambiente eficaz Quando você cura os componentes para o seu ambiente de aprendizagem, você o faz, principalmente, com base na relevância e na qualidade dos recursos. Um ambiente compreensivo de aprendizagem contém componentes em cada uma das principais categorias: recursos, pessoas, treinamento e educação, práticas de desenvolvimento e práticas de aprendizagem experiencial (a promoção da motivação e da autodireção pode ser realizada com o uso desses componentes). Como você determina se você tem o suficiente dos componentes certos para garantir que está fornecendo aos alunos aquilo de que eles precisam? Diferentes objetivos requerem diferentes tipos de componentes, não é verdade? Seu ambiente de aprendizagem pode incorporar vários propósitos; você pode determinar quais componentes funcionam de forma mais eficaz, perguntando: para atingir esse objetivo, que tipo de componentes os alunos podem querer acessar? Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 10/14 Saiba Mais Leia, no link seguinte, um texto de Paulo Dias, intitulado “Desenvolvimento de objectos de aprendizagem para plataformas colaborativas”, apresentado no VII Congresso Iberoamericano de Informática Educativa (Universidade do Minho). <http://www.ufrgs.br/ niee/eventos/RIBIE/2004/plenaria/plen3-12.pdf> Na ponta da língua http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/2004/plenaria/plen3-12.pdf http://www.ufrgs.br/niee/eventos/RIBIE/2004/plenaria/plen3-12.pdf https://player.vimeo.com/video/244030565 Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 11/14 Referências Bibliográficas HILTZ, S.R. Impacts of college-level courses via asynchronous learning networks: Some preliminary results. Journal of Asynchronous Learning Networks, v. 1, n. 2, p. 1-19, aug., 1997. KOSCHMANN, T. Paradigm shifts and instructional technology. In: KOSCHMANN, T. (ed.) Theory and practice of an emerging paradigm. Nahwah: Lawrence Erlbaum Associates Inc., 1996. LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. VYGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2016. Estratégias para Ambientes de Aprendizagem • 14/14 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Estrutura de Ambientes de Aprendizagem LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 2. 3 Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 2/13 Objetivo de Aprendizagem • Reconhecer elementos da estrutura de um ambiente de aprendizagem. Estrutura de Ambientes de Aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Estrutura de Ambientes de Aprendizagem Curar componentes e organizá-los em uma estratégia são ações que compõem a concepção do ambiente de aprendizagem, que, por sua vez, existe dentro de um sistema maior de aprendizagem e de prática.. Obter a base para que você possa, efetivamente, conceituar um ambiente de aprendizagem, portanto, exige examinar um terreno bastante grande. Vamos, então, dar uma olhada em cada uma dessas partes mais de perto. O Ambiente de Desempenho Sabemos, com base em estudos de desempenho humano, que seus efeitos são o resultado da interação entre uma variedade de fatores, que incluem: Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 3/13 • Capacidade do agente: o conhecimento e as habilidades que um indivíduo traz para uma tarefa. • Expectativas: o grau em que as pessoas sabem o que se espera delas. • Fluxo de trabalho e sistemas: práticas e sistemas (incluindo sistemas informáticos e hardware) que permitem que o trabalho seja feito. • Recursos e ferramentas de desempenho: os recursos de suporte, como auxílios de trabalho, manuais e bancos de dados, bem como ferramentas físicas. • Práticas de supervisão: como os supervisores e os gerentes executam seus papéis. • Dinâmica da equipe: a qualidade das relações interpessoais e de trabalho entre os membros da equipe – o quão bem elas trabalham juntas. • Incentivos e recompensas: a estrutura e a natureza do reconhecimento formal e informal de empregos bem realizados. Esses fatores compõem o ambiente de desempenho, e a eficácia de cada um desses sistemas e práticas influencia diretamente os resultados de desempenho alcançados. Os consultores nessa área sabem como analisar todo o sistema para determinar recomendações para a melhoria ou a eliminação de barreiras barreiras. Descrever todos os fatores relacionados ao desempenho humano é algo muito amplo, razão pela qual você deve ampliar as discussões dessa temática após a leitura deste texto. Compreender o desempenho desejado e seus fatores relacionados é um pré- requisito importante para criar ambientes que ofereçam resultados valiosos. Antes de embarcar em um projeto para apoiar a aprendizagem, é importante entender em que grau todos os outros fatores apoiam os comportamentos desejados no Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 4/13 trabalho. Se houver fortes barreiras ou influências contrárias no trabalho, então, simplesmente, ajudar as pessoas a ganhar conhecimento e habilidades pode não resultar nos resultados comerciais desejados. As energias podem ser melhoradas em outros lugares. Quando os projetos de aprendizagem não conseguem afetar o desempenho, essa falha, às vezes, pode ser atribuída ao fato de que a capacidade dos funcionários não era o único ou mais importante fator que precisava ser alterado no sistema de desempenho. (Por exemplo, os procedimentos de trabalho não eram favoráveis, ou as práticas de supervisão necessitavam de trabalho). Se sua avaliação sobre as principais necessidades mostra que o aumento de conhecimento ou habilidades (capacidade do agente) afetará positivamente o desempenho, então você tem uma genuína necessidade de aprendizado. Existem muitas estratégias para apoiar a aprendizagem; e a concepção de um ambiente de aprendizagem é uma forma de alinhar uma série dessas estratégias a um objetivo comum. O Ambiente de Aprendizagem Conforme discutido, esse ambiente é composto de recursos, pessoas, treinamento e educação, práticas de desenvolvimento, práticas de aprendizagem experiencial,e motivação do aluno e autodireção. O fato de que componentes no ambiente de aprendizagem também são parte do ambiente de desempenho é uma dinâmica interessante. Os ambientes de aprendizagem e de desempenho se sobrepõem; alguns aprendizados estão incorporados nesse ambiente (por exemplo, colaborar em um projeto, acessar ferramentas de suporte ao desempenho para aprender) e alguns aprendizados são realizados, afastando-se do ambiente de desempenho (mental ou fisicamente) por um breve período. Os ativos que apoiam o desempenho, às vezes, também podem ser estimulados a aprender e vice-versa. Os Processos de Design do Ambiente de Aprendizagem Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 5/13 Os processos de concepção de ambiente de aprendizagem (de encontrar, curar, montar e cultivar) são aplicados para projetar o ambiente como um todo. Até certo ponto, esses processos também podem ser aplicados na concepção de um ambiente de desempenho. Como você pode ver, o projeto do ambiente de aprendizagem existe dentro de um contexto muito dinâmico. Alcançar a performance desejada pode ser uma tarefa complexa e também pode garantir que as pessoas tenham a capacidade necessária para fazer sua parte. Muitas vezes, os eventos de aprendizagem formal, sozinhos, não são responsáveis por essa complexidade, e eles apenas tentam afetar uma pequena porção de todo o sistema. Isso pode ser apropriado para algumas necessidades, mas, com um ambiente de aprendizado bem curado em jogo, você tem uma oportunidade muito melhor de ajudar as pessoas a desenvolver o conhecimento e as habilidades de que precisam para ter sucesso. Ideias Relacionadas Há uma série de ideias interconectadas que podem ser aproveitadas para conceituar um ambiente de aprendizagem projetado. Ecossistemas de aprendizagem As definições variam, mas, em geral, um ecossistema de aprendizagem é a combinação de pessoas, processos, tecnologias e conteúdo que oferecem suporte à aprendizagem e ao desempenho. Em seu artigo de 2014, Marc Rosenberg e Steve Foreman definiram um ecossistema de aprendizagem e desempenho como aquele “que aumenta a eficácia individual e organizacional, conectando pessoas e dando-lhes suporte mediante uma ampla gama de conteúdo, processos e tecnologias para gerar desempenho”. Seu modelo inclui suporte de desempenho, gerenciamento de conhecimento, acesso a especialistas, redes sociais e colaboração, aprendizado estruturado e gerenciamento de talentos. Um ecossistema de aprendizado e desempenho, como qualquer ecossistema, é constituído por suas interdependências. As partes também não funcionam muito bem se não estiverem sincronizadas umas Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 6/13 com as outras. O rótulo do “ecossistema” desperta interesse porque invoca uma metáfora sobre crescimento, regeneração cíclica e apoio mútuo, a qual parece apropriada quando discutimos sobre o modo como as pessoas aprendem em organizações dinâmicas. Embora a terminologia ainda esteja em evolução, os ecossistemas de aprendizagem parecem estar em discussão quando líderes no assunto tentam traçar estratégias para a cultura e a infraestrutura da organização em relação a métodos de apoio à aprendizagem. Um ecossistema de aprendizado é amplo. Por outro lado, um ambiente de aprendizagem, conforme discutido nessas páginas, está relacionado a uma necessidade específica de aprendizagem e ao grupo de aprendentes. Os designers de ambiente de aprendizagem selecionam os aspectos relevantes do ecossistema de aprendizagem e desempenho, curando um conjunto de recursos e atividades para aprender uma base de conhecimento específica ou a habilidade em contexto. As ideias por trás dos termos ecossistema e ambiente andam de mãos dadas, e muitas pessoas vão intercambiá-las. Ambientes de aprendizagem pessoais Também chamados de redes de aprendizagem pessoal ou gerenciamento de conhecimento pessoal, um ambiente pessoal de aprendizagem (APA) engloba uma coleção de recursos, pessoas e práticas que um indivíduo reúne para dar suporte à sua própria aprendizagem. Os APA’s muitas vezes têm muitos componentes tecnológicos, porque a internet abre caminhos para recursos abundantes, e temos acesso a ferramentas eletrônicas (ferramentas de armazenamento, apresentação) que se mostraram bastante úteis para apoiar e promover a aprendizagem Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 7/13 autodirigida. Comunidades de Prática Uma comunidade de prática baseia-se nas interações entre um grupo de pessoas que têm um domínio comum de atividades; que compartilham processos, procedimentos, ferramentas e abordagens semelhantes (muitas vezes, com um idioma especializado); e que realmente querem progredir em seus conhecimentos e práticas, interagindo e apoiando-se mutuamente. Nesse contexto, a comunidade é definida, principalmente, pelas pessoas e suas relações interpessoais, mas hoje em dia, há site, fórum de discussão ou ferramenta de comunicação oferecidos também para estimular a receptividade entre os membros da comunidade. Ambientes Propícios para a Aprendizagem É interessante notar que professores e facilitadores/mediadores frequentemente falam sobre a criação de “um ambiente propício à aprendizagem” (chamado de ambiente de aprendizagem), ou seja, a criação de um espaço em sala de aula, lar ou local de trabalho que atue como uma placa de Petri de aprendizagem e crescimento. Geralmente, eles falam sobre características não tangíveis, como receptividade, tolerância à experimentação ou falhas potenciais e segurança psicológica. Um ambiente positivo para a aprendizagem também pode ser um lugar onde certos comportamentos encorajadores (como comentários úteis, cuidados genuínos entre pessoas, colaboração ou treinamento) são comuns. Mesmo as características do ambiente físico podem contribuir para a aprendizagem: a qualidade da luz e do som, o conforto dos móveis e o potencial de estar cercado por outros que também estão aprendendo. Um ambiente de aprendizado bem- sucedido (como definido aqui) representa muitas dessas características. Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 8/13 Estudo de Caso Uma empresa desenvolve um ambiente de aprendizagem para os colaboradores. A ideia é fornecer aos alunos mais suporte para encontrar e acessar recursos de aprendizagem quando e onde eles precisam. Alunos experientes sempre conseguiram se gerenciar por conta própria, e eles receberam uma real vantagem com o boom de materiais e conexões disponíveis na web. Mas, essa enorme quantidade de material também traz inconvenientes, tendo em vista que são necessários tempo e discernimento para encontrar os materiais certos, e muitos alunos não têm tempo ou base para avaliar adequadamente a qualidade e a aplicabilidade dos recursos que eles encontram. Eles podem não conhecer os principais pensadores e especialistas experientes em suas empresas ou em seus campos. Eles podem, inclusive, não ser capazes de descrever as competências de que necessitam para tornarem- se mais eficazes em seus papéis. Os profissionais da aprendizagem podem reunir materiais e atividades específicos que eles tenham examinado para dar suporte aos alunos no desenvolvimento de suas bases de conhecimento e habilidades. Então, quais estratégias podem ser adotadas? Saiba Mais Leia, no link a seguir, o texto de Seixas et al. (2012), intitulado “Ambiente virtual de aprendizagem: estruturação de roteiro para curso on-line” [Virtual learning environment: script structure of an online course]. <http://www.scielo.br/pdf/reben/v65n4/a16v65n4.pdf> http://www.scielo.br/pdf/reben/v65n4/a16v65n4.pdf Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 9/13 Na ponta da língua Referências Bibliográficas LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. ROSENBERG, M.J.; FOREMAN, S. Learning and Performance Ecosystems: Strategy, Technology, Impact and Challenges. Whitepaper. Santa Rosa: The eLearning Guild,2014. https://player.vimeo.com/video/244030710 Estrutura de Ambientes de Aprendizagem • 13/13 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 2. 4 Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 2/14 Objetivo de Aprendizagem • Reconhecer os principais processos para o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem. Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 O design do ambiente de aprendizagem pode ser comparado ao paisagismo. Os belos jardins que existem, geralmente, não foram totalmente formados, mas sim, cuidadosamente planejados e cultivados. As flores crescem, sozinhas, naturalmente em algum ambiente. No entanto, a criação de uma paisagem florescente em algum lugar particular, que se adeque aos desejos do proprietário, muitas vezes, exige o talento de profissionais que selecionam as melhores plantas, projetam um arranjo agradável e criam um ambiente favorável no qual elas podem crescer. O mesmo pode ser dito sobre a aprendizagem. Os seres humanos aprendem o tempo todo. É um processo natural que acontece de muitas maneiras. Mas, se queremos aprender a cultivar, se queremos influenciar o que está sendo aprendido, e se quisermos cultivar o aprendizado, precisamos moldar o ambiente em que este ocorre. Profissionais de aprendizagem criam ambientes em que o aprendizado floresce. Assim como um jardineiro segue um determinado processo para cultivar uma parte de terra e deixá-la com uma “fotografia perfeita”, um designer de ambiente de aprendizagem usa um processo flexível de desenvolvimento do ambiente para Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 3/14 auxiliar na aprendizagem profunda. Alguns projetos de jardinagem não são tão complicados, apenas exigem compra e plantio rápidos. Outros são jardins botânicos, que carregam uma grande variedade de plantações e nos quais há muitas mãos para fazer o trabalho. Estes representam uma grande experiência para os envolvidos. Os projetos de aprendizagem também são assim. Embora os mesmos processos gerais se apliquem, alguns deles são menos estruturados e mais singelos, enquanto outros são ricos e robustos. No desenvolvimento do ambiente de aprendizagem, há cinco principais processos que, juntos, servem para criar e enriquecer continuamente um ambiente. Desenvolver um ambiente de aprendizagem se parece muito com a atividade de aprimoramento do paisagismo em torno de sua casa, na medida em que ele se baseia no que já existe. Ao montar um ambiente de aprendizagem, você destaca e molda os elementos disponíveis, enquanto incorpora e justapõe elementos adicionais que enriquecem o espaço, tornando-o mais útil e significativo. No centro do seu planejamento e pensamento, estão os objetivos comerciais e o contexto de atuação com base nos quais surgem as necessidades de aprendizado. É fundamental que Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 4/14 você, primeiro, compreenda não só o que a organização tenta alcançar, mas também, a forma como os conhecimentos e a habilidades serão usados no trabalho e no dia a dia. Esse contexto orienta seu objetivo, e o objetivo concentra esforços no desenvolvimento. Para Rodrigues e Peres (2008), um AVA bem planejado deve possibilitar o uso de recursos variados para a realização da ação educativa. A técnica, o recurso ou a ferramenta a serem utilizados dependerão de vários fatores, como o conteúdo que se deseja ensinar, a experiência do usuário com a tecnologia e os recursos de rede. Dessa forma, o planejamento da ação didática pode ser constituído dentro de padrões comportamentalistas, cognitivistas ou socioconstrutivistas. Os processos para projetar um ambiente são orgânicos e iterativos, ou seja, cíclicos. O amplo ecossistema de aprendizagem e desempenho fornece bastante material a ser incorporado em um ambiente deliberadamente curado. O projeto de um ambiente de aprendizagem envolve cinco processos concomitantes: • Planejar: imaginar o propósito, o contexto e os componentes do ambiente de aprendizagem; • Encontrar: localizar uma gama de recursos e atividades que estão em tópico; • Curar: usar conhecimento especializado para recomendar os componentes mais relevantes e úteis para os aprendentes e os propósitos específicos do ambiente de aprendizagem; • Montar: reunir e empacotar recursos e atividades e disponibilizá-los a seus alunos. • Cultivar: garantir que o ambiente continue sendo novo, sedutor e útil. Ao contrário do projeto de um evento de aprendizagem, um ambiente de aprendizagem nunca é realmente completo; está em constante evolução. Você monta um conjunto organizado de componentes para o lançamento e, em seguida, continua a aprimorá-lo e a moldá-lo como os objetivos da organização e as necessidades dos alunos, que mudam e se expandem ao longo do tempo. Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 5/14 Elaboração de um Plano para Desenvolvimento de Ambiente de Aprendizagem Enquanto estiver no processo de criação de um novo ambiente de aprendizagem, muitas vezes, é válido ter um plano, um documento de uma ou duas páginas, que ilustre a visão geral do pacote de recursos que você pretende coletar. O documento ajuda a comunicar sua visão aos alunos e outras partes interessadas ao longo do caminho, que é fácil de revisar à medida que você recebe comentários e sugestões. De modo geral, um plano de ambiente de aprendizagem contém as seguintes informações: • Identificação dos objetivos comerciais e do contexto de atuação que moldarão a necessidade de um ambiente de aprendizagem (estabelecidos no processo de planejamento); • Uma descrição do propósito do ambiente: o que que você tenta alcançar (estabelecido no processo de planejamento); • Uma descrição dos alunos aos quais o ambiente se destina a dar respaldo, incluindo características relevantes para a criação de um ambiente para eles, como número de alunos, dispersão geográfica, acesso e familiaridade com computadores e internet (revelados no processo de planejamento). Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 6/14 • Uma descrição do tópico e do escopo do ambiente, o conhecimento ou habilidade aprendida e a profundidade pretendida dos recursos (determinada no processo de planejamento). • Uma lista de componentes de aprendizagem (reunidos nos processos de busca e curadoria), organizados de maneiras que façam sentido para as partes interessadas. • Um esboço ou protótipo do portal ou pacote que será usado para tornar o ambiente disponível para os alunos (um produto do processo de montagem). • Um plano para desenvolver e cultivar o ambiente, incluindo estratégias para conteúdo gerado por alunos, avaliação e manutenção contínuas (um ponto de partida para o processo de cultivo). Ao documentar um plano, leve em consideração as necessidades dos patrocinadores e das partes interessadas, criando um pequeno documento que esboce uma imagem que servirá de inspiração para imaginação deles e abordará quaisquer preocupações que você antecipe. Os elementos do plano devem ser construídos e servir de quadro para a comunicação. As primeiras quatro partes (objetivos comerciais e contexto de atuação; propósito; descrição do aluno; tópico e escopo) resumem, sucintamente, o projeto para que você possa recrutar pessoas para planejar e curar. Adicionar uma lista de componentes e conceituar como eles precisam ser organizados, ofereceuma visão sólida para aqueles de quem você pode precisar para ajudá-lo a montar ou prototipar o ambiente. Adicionar o esboço ou o protótipo à sua documentação, coloca-o em condições de obter suporte para os recursos adicionais que podem ser necessários para que o ambiente se concretize. Para arrematar o seu plano, você pode fornecer aos seus interessados um plano de cuidado contínuo para o ambiente, como recomendações de participação, gerenciadores da comunidade ou manutenção do site, se aplicável. Um plano completo geralmente é o produto de uma primeira execução de todos os processos do projeto. Sua avaliação das necessidades leva ao planejamento, quando você define a direção geral para o que deseja alcançar. Planejar e curar são ações que vão lhe proporcionar uma lista inicial de componentes que você gostaria de reunir. Finalmente, pensar nos processos de montagem e cultivo permitirá Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 7/14 esboçar sua visão e avaliar as necessidades contínuas relacionadas à manutenção do ambiente. Tenha em mente, no entanto, que seu plano tem que permanecer flexível ao longo do processo. O trabalho adicional no projeto geralmente leva a ajustes de detalhes que foram desenhados anteriormente. Planejar Planejar é imaginar o propósito, o contexto e os componentes do ambiente de aprendizagem. É, ao mesmo tempo, um passo do projeto e um processo emergente após o lançamento do ambiente inicial. O ato de planejar envolve as seguintes atividades: • Determinar a necessidade de um ambiente de aprendizagem; • Definir o propósito e o contexto do ambiente de aprendizagem; • Conhecer os alunos; • Solidificar o tópico e o escopo; • Elaborar um plano. Em um sentido mais amplo, planejar é criar um plano completo para o seu ambiente a fim de que você possa compartilhá-lo com as partes interessadas para que se façam os comentários e as aprovações apropriadas. Mas, em sua essência, planejar é o processo de definição de um propósito para seu ambiente de aprendizagem; de identificação dos alunos, do tópico, do contexto e dos parâmetros limitantes que Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 8/14 Estudo de Caso Planejar é imaginar o propósito, o contexto e os componentes do ambiente de aprendizagem, ação que envolve várias atividades, uma das quais é conhecer os alunos. Suponha que você esteja planejando um ambiente de aprendizagem para um curso tecnológico de história que deverá formar um historiador. Por meio do e-learning, esse curso poderá ser ofertado em todo território nacional, razão pela qual é necessário avaliar o perfil dos possíveis alunos do curso. ajudarão a moldar e alcançar o ambiente que você criou. Os aspectos centrais do planejamento preparam o cenário para todos os outros processos, que, por sua vez, alimentam a visão geral à medida que o ambiente se configura. Antes de planejar – na verdade, antes mesmo de decidir que um ambiente de aprendizagem é uma estratégia adequada para seu projeto –, você precisará fazer uma avaliação das necessidades. Usando seu conjunto de ferramentas de técnicas de avaliação, você precisa aprender o máximo possível sobre o projeto e as necessidades do aluno. Se ainda não faz parte do seu processo de avaliação inicial, assegure-se de coletar informações sobre o objetivos comerciais e de atuação relacionados ao projeto. E, além dos dados demográficos do aluno e da informação que você reúne para ajudar a definir as necessidades, você deve explorar como os alunos e os respectivos especialistas interagem uns com os outros e outras facetas da cultura de aprendizagem, sem deixar de avaliar o perfil do público usuário no que tange às questões de acesso e estilos de aprendizagem. Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 9/14 Considerando que “conhecer o alunos” é uma importante etapa para o planejamento do ambiente de aprendizagem que será utilizado por eles, e levando em conta as teorias de aprendizagem que defendem a relevância do contexto social e histórico para os processos de ensino e aprendizagem, como podemos planejar toda a atividade e obter os dados necessários? Saiba Mais Para aprofundamento do tema, leia o artigo seguinte sobre a aplicação de um caso de desenvolvimento de ambiente de aprendizagem: RODRIGUES, R. C. V.; PERES, H. H. C. Desenvolvimento de Ambiente Virtual de Aprendizagem em Enfermagem sobre ressuscitação cardiorrespiratória em neonatologia. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/ a30v47n1.pdf> Leia, a seguir, um texto sobre ambientes virtuais de aprendizagem: AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: UM PANORAMA DA PRODUÇÃO NACIONAL - http://www.abed.org.br/congresso2010/ cd/2942010181132.pdf http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/a30v47n1.pdf http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/a30v47n1.pdf http://www.abed.org.br/congresso2010/cd/2942010181132.pdf Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 10/14 Na ponta da língua Referências Bibliográficas LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. RODRIGUES, R. C. V.; PERES, H. H. C. Desenvolvimento de Ambiente Virtual de Aprendizagem em Enfermagem sobre ressuscitação cardiorrespiratória em neonatologia. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v47n1/a30v47n1.pdf>. https://player.vimeo.com/video/244030833 Processos para o Desenvolvimento de Ambientes de Aprendizagem • 14/14 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 2. 5 Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 2/15 Objetivo de Aprendizagem • Identificar as necessidades e as definições de desenvolvimento de ambientes de aprendizagem. Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 3/15 Necessidades e Definições de um Ambiente de Aprendizagem Se a avaliação de necessidades mostra que o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades é necessário, há uma enorme variedade de respostas possíveis. Tradicionalmente, profissionais de aprendizagem têm selecionado um tipo de resposta: aprendizado formal, na forma de um curso, um módulo de e-learning ou outro componente estruturado. Mas, cada vez mais, aparecem tipos de necessidade de aprendizagem complexos que não podem ser abordados por uma solução. É quando um ambiente de aprendizagem parece ser o mais apropriado. É o momento em que entendemos que as preferências ou estilos de aprendizagem são diferenciados e que precisamos atender às necessidades de todos. Você precisa usar seu julgamento para determinar se os alunos serão beneficiados por recursos e atividades de aprendizado compilados para seu uso. Como saber quando um ambiente de aprendizagem com curadoria seria uma excelente maneira de auxiliar os alunos no desenvolvimento de suas capacidades? Há uma série de características dos alunos, de seu ambiente e da natureza do conteúdo que apontam para a necessidade desse ambiente. Entre as características indicativas, estão: • O tópico de aprendizagem é uma habilidade complexa que requer uma base de conhecimento profunda. • O conhecimento e a habilidade são, provavelmente, mais bem desenvolvidos ao longo do tempo através de experiência e prática no trabalho, mesmo que algum treinamento de base também seja garantido.• O conhecimento e a habilidade de aprender são mais implícitos do que explícitos. • Os conjuntos de conhecimento e habilidades emergem constantemente.. • As necessidades dos alunos em relação à base de conhecimento ou ao conjunto de habilidades são diversas, ou o contexto em que elas as aplicam varia. • Os alunos são automotivados e capazes de gerenciar sua própria Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 4/15 aprendizagem. • A cultura de aprendizagem apoia a experimentação e a capacidade de aprender ponto a ponto. Além de fazer perguntas que avaliem esses fatores, é importante considerar questões mais amplas, que podem ajudá-lo a determinar em que medida um ambiente de aprendizagem já existe para os alunos. Você poderia fazer algumas das seguintes perguntas para obter informações sobre cada uma das áreas que compõem o ambiente de aprendizagem: Sobre a motivação do aluno • Sobre o que os alunos são motivados a aprender? • Como a identidade e o sucesso deles se ligam à aprendizagem contínua? • Existe alguma resistência para o aprendizado? Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 5/15 • Qual é a causa dessa resistência? • Em que medida os alunos gerenciam sua própria aprendizagem? Sobre os recursos utilizados • Que informações e recursos são utilizados para apoiar a aprendizagem? • Qual é o ambiente técnico para alunos (grau de acesso aos computadores e à internet)? Sobre as pessoas envolvidas • Como os alunos estão conectados uns aos outros e como eles se conectam aos especialistas de seu campo? • Quais são as características do ambiente interpessoal e do ambiente de equipe para os alunos? • Quais ferramentas e processos estão disponíveis para conectar os alunos a outras pessoas que podem auxiliar sua aprendizagem? Sobre o treinamento e a educação • Como os alunos aprendem a base para suas funções? • Que cursos e programas existem para colocar o aluno no caminho certo? Sobre as práticas de desenvolvimento Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 6/15 • Quais práticas de supervisão e quais programas empresariais em jogo estimulam ou inibem a aprendizagem? Sobre as práticas de aprendizagem experiencial • Qual é o ambiente para aprender fazendo? • A que nível são tolerados erros ou falhas? • Que práticas promovem a reflexão? Definindo Ambiente de Aprendizagem: Objetivo e Contexto Uma visão clara sobre o ambiente de aprendizagem exprime o que você quer que o ambiente faça para auxiliar na capacidade de aprender e no desempenho, além do objetivo principal e do contexto destes. Os designers instrucionais, geralmente, são designados a escrever objetivos de aprendizagem claros e mensuráveis em seus projetos e a conectá-los aos objetivos de desempenho no trabalho e aos objetivos e as metas de negócios. Um ambiente como este,, no entanto, Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 7/15 funciona de forma diferente da instrução em si. Ele desempenha um papel de apoio ao ajudar os alunos, uma vez que os ajuda a atingir os objetivos de aprendizagem que para eles foram definidos. Poderíamos dizer que o próprio ambiente, uma vez que diferentes profissionais estão envolvidos, faz a mediação do saber entre a informação e o usuário. Tentar listar todos esses objetivos de aprendizagem como base para o design do ambiente de aprendizagem seria uma tarefa impossível. Os designers não especificam o que os alunos saberão ou poderão fazer como resultado de seu encontro com o ambiente de aprendizagem. Os alunos fazem isso por si mesmos. Em vez disso, os designers montam um ambiente que antecipa as necessidades emergentes de forma que seus alunos-alvo podem ter relacionado ao tópico dado. Alguns exemplos podem esclarecer a distinção entre os objetivos de instrução e os objetivos do ambiente de aprendizagem. Digamos, por exemplo, que você esteja projetando um ambiente para vendedores e que parte do seu objetivo é ajudá-los a aprender sobre produtos concorrentes. Considere como eles podem usar esse conhecimento: talvez eles precisem escrever um quadro comparativo detalhado para um cliente que tenha prioridades específicas. Ou, talvez, eles precisem antecipar como se comparam os produtos em geral. Se você definisse objetivos para o treinamento, você perceberia que cada aplicativo requereria um ângulo e um nível de detalhe diferentes. Com um ambiente de aprendizagem, você pode pensar em seu objetivo, enquanto conecta seus alunos às informações (neste caso, áreas específicas de sites concorrentes e artigos de revisão da indústria). Você permite que os alunos resolvam o que eles precisam aprender, a fim de que executem seus trabalhos de forma eficaz. E se o projeto em questão for auxiliar os marceneiros na melhoria do seu ofício? A lista de potenciais conhecimentos e habilidades que os alunos podem querer desenvolver é enorme. Algumas dessas necessidades podem ser atendidas por treinamento formal no ambiente projetado, mas o alcance do suporte necessário é muito mais amplo. Seu objetivo na concepção de um ambiente de aprendizagem é o desenvolvimento contínuo de habilidades que forneçam condição para resolver problemas. Ou, talvez, o projeto em questão possa ser Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 8/15 o de facilitar a aprendizagem entre pessoas que trabalham em uma área técnica de ponta. Os objetivos de aprendizagem não fazem sentido aqui, porque os alunos precisam aprender mediante experimentação ativa e interação rápida. O objetivo do ambiente de aprendizagem pode, então, ser o avanço rápido da prática ou a construção de uma comunidade de práticas, ambos quais exigem uma coleção de recursos, ferramentas e atividades mais ativas e orientadas para o aprendizado. Lembre-se de que esses ambientes são uma solução destinada a habilitar a aprendizagem autodirigida, a fim de que os alunos definam seus próprios objetivos. A descrição do objetivo do ambiente de aprendizagem esclarece como você pretende apoiá-los na construção de seus objetivos e orienta suas decisões de desenvolvimento. O quadro a seguir compara as abordagens de definição de metas usadas para o design instrucional e o design de ambiente de aprendizagem. Quadro 10.1 – Comparativo entre objetivos que integram o design instrucional e objetivos que orientam os ambientes de aprendizagem Objetivos que integram o design Instrucional Objetivos que orientam os ambientes de aprendizagem Objetivos comerciais O objetivo comercial ou a iniciativa que seu projeto oferece. Objetivo comercial O objetivo comercial ou a iniciativa que seu projeto oferece. Objetivo de atuação Os comportamentos observáveis no trabalho que o programa pretende impactar. Contexto de atuação Os comportamentos no trabalho a serem desenvolvidos ou afetados pelo ambiente de aprendizagem. Objetivos de aprendizagem O que os alunos vão conhecer/aprender, aquilo a que eles darão valor e o que poderão fazer na conclusão do programa de treinamento. Objetivo de aprendizagem O que o ambiente de aprendizagem pretende alcançar, relacionado ao seu tema e a seu alcance. Fonte: Hodges (2001). Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 9/15 O contexto de atuação define os comportamentos no trabalho a serem desenvolvidos ou afetados pelo seu ambiente de aprendizagem. Em alguns casos, você pode determinar os objetivos de atuação específicos que documentam o que os alunos devem ser capazes de realizar no trabalho (semelhante ao design instrucional), mas nem sempre é o caso, uma vez que os alunos podem realizar papéis diferentes. O contexto de atuação fornece uma base e um eficiente filtro para encontrar e curar recursos para o ambiente de aprendizagem. Sem uma base de atuação, você pode ser tentado a incluir muitos materiais que não seriam relevantes ou úteis para os alunos. Há outra razão pela qual entender o contexto de atuação é importante comoinvestimento inicial. Como parte de seu estudo do contexto de atuação, você procura determinar em que nível a aprendizagem pode afetar o desempenho. Muitas vezes, O objetivo que o ambiente de aprendizagem pretende alcançar, relacionado ao seu tema e ao seu alcance, é orientado ao contexto de atuação e às metas comerciais. Normalmente, você identifica os objetivos comerciais e o contexto de atuação antes de recomendar o projeto de um ambiente de aprendizagem, embora seja possível que eles precisem ser aperfeiçoados mais tarde. O objetivo do seu ambiente surge de uma compreensão completa do contexto geral e das necessidades de aprendizagem dos alunos. Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 10/15 quando há algum tipo de problema de desempenho, as lacunas de conhecimento e de habilidades não representam realmente as barreiras mais significativas. Se as pessoas investirão seu tempo no aprofundamento de seus conhecimentos ou na atualização de suas habilidades, você precisa ter certeza de que essas melhorias, provavelmente, resultarão em um desempenho sólido no local de trabalho. É possível que outras intervenções de desempenho possam ter mais impacto, como remover restrições do sistema, alinhar metas e incentivos ou fornecer feedback minucioso. Um plano de aprendizagem e atuação afetará somente a base de conhecimento e habilidade. Um plano para aprendizagem e atuação deverá contribuir com conhecimentos e habilidades, prioritariamente, considerando possíveis lacunas de desempenho apresentadas. Se não for este o foco, perderemos tempo. Outro importante fator de contextualização é a compreensão dos objetivos comerciais que exigem os recursos com os quais seu ambiente dessa natureza seja compatível. Os objetivos comerciais justificam a dedicação necessária para projetar um ambiente de aprendizagem, pois propiciam o desenvolvimento de objetivos de atuação, e também, a capacidade humana necessária para o desempenho (por vezes importantes). Pode ser mais difícil identificar os objetivos comerciais específicos a serem sustentados se seu grupo de alunos vier de diferentes empresas, departamentos ou contextos. Mas, vale a pena o esforço de explorar ou levantar hipóteses sobre os tipos de metas comerciais que podem ser afetados a fim de criar um ambiente de aprendizagem relevante. Com os objetivos comerciais e o contexto de atuação em mente, será possível definir o objetivo do seu ambiente de aprendizagem. A descrição de um objetivo geralmente começa com um verbo de ação: o que você quer que o ambiente faça para os alunos. Você poderá avaliar a realização desse objetivo, pesquisando sobre eles e seu contexto. Você deve expressar o objetivo do ambiente de aprendizagem específico para o seu caso. Por exemplo: • Apoiar a troca de conhecimento explícito. • Fornecer suporte contínuo para desenvolver habilidades cotidianas. • Apoiar a troca de conhecimento implícito. Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 11/15 • Melhorar e apoiar a construção de habilidades aprofundadas. • Aplicação de suporte (desempenho). • Desenvolvimento e compartilhamento de novos conhecimentos. • Fornecimento de suporte para resolução de problemas. Estudo de Caso Definir os objetivos de um ambiente de aprendizagem, embora pareça tarefa fácil, demanda pesquisa e troca de conhecimentos. Uma empresa de fabricação de doces precisa oferecer treinamento aos colaboradores para que estes consigam identificar as características específicas de seus clientes. Como trata-se de uma empresa de doces, a maior parte dos consumidores são crianças. O desafio de uma equipe multidisciplinar é desenvolver um ambiente de aprendizagem para abordar esse tipo de habilidade. Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 12/15 Saiba Mais Leia o texto do link seguinte para aprofundamento: O papel da motivação para a aprendizagem escolar - http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/ bitstream/123456789/9644/1/PDF%20-%20Geruza%20Barbosa%20da% 20Silva.pdf Na ponta da língua https://player.vimeo.com/video/244030982 http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/9644/1/PDF%20-%20Geruza%20Barbosa%20da%20Silva.pdf Necessidades e Definição de um Ambiente de Aprendizagem • 13/15 Referências Bibliográficas HODGES, T. K. Linking Learning and Performance: A Practical Guide to Measuring Learning and On-the-Job Application. Boston: Butterworth Heinemann, 2001. LOMBARDOZZI, Catherine. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. http://library.books24x7.com.ezp-01.lirn.net/assetviewer.aspx?bkid=5070&destid=0#0 http://library.books24x7.com.ezp-01.lirn.net/assetviewer.aspx?bkid=5070&destid=0#0 http://library.books24x7.com.ezp-01.lirn.net/assetviewer.aspx?bkid=5070&destid=0#0 http://library.books24x7.com.ezp-01.lirn.net/assetviewer.aspx?bkid=5070&destid=0#0 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 3. 1 A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 2/15 Objetivos de Aprendizagem • Reconhecer a importância da motivação e da autodireção para o estudo por meio de ambientes de aprendizagem. A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 https://player.vimeo.com/video/244031126 A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 3/15 Motivação e Autodireção Os ambientes de aprendizagem proporcionam aos alunos grande liberdade e controle para administrar sua própria aprendizagem. Eles podem, à medida que precisem, não só acessar canais de suporte ao seu estudo e desempenho, como também, consultar colega(s) que utilize(m) o ambiente com o intuito de trocar experiências. É possível, dentro do seu tempo, acessar todos os recursos e atividades para o seu desenvolvimento. Os alunos definem o que querem aprender, determinam quais recursos e abordagens querem acessar como aprendizado, escolhem quando participar de atividades de aprendizado e como e onde eles aplicarão a sua aprendizagem, baseado nos planos de estudos estabelecidos pelo ambiente, cumprindo os prazos determinados.. Nos locais de trabalho contemporâneos, isso é estremamente necessário. Entendemos que muitas necessidades de conhecimento dos alunos não requerem apenas essas soluções. Na verdade, alguns autores defendem que, em locais de trabalho, utilizar apenas soluções formais pode ser perda de tempo, tendo em vista as relações estabelecidas no dia a dia. Alguns sugerem que a aprendizagem informal no local de trabalho é necessária porque o conhecimento e as habilidades que as pessoas precisam emergem continuamente. Com as constantes mudanças contemporâneas e os avanços tecnológicos, é possível que um conhecimento organizado para um treinamento formal, por exemplo, quando disponibilizado aos alunos, já possa estar desatualizado, já que novos conhecimentos e habilidades, geralmente, precisam ser desenvolvidos no fluxo de trabalho de diferentes áreas. Acredita-se que os profissionais bem-sucedidos serão aqueles que desenvolvem uma habilidade excepcional para buscar informações e compartilhar conhecimentos e habilidades necessárias à medida que aparecem. A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 4/15 Trata-se de uma visão contemporânea, da qual precisamos nos apropriar para apoiar a aprendizagem também em locais de trabalho. Contudo, é necessário tomar certo cuidado. Esse tipo de aprendizado exige que os alunos tenham habilidades específicas, e muitos funcionários nãosabem como aprender dessa forma. Muitas pessoas estão acostumadas a receber orientação de professores, formadores e treinadores, fruto da escola que frequentaram. Esse é o motivo da importância de conhecer o contexto histórico-social dos alunos. Eles podem não ter desenvolvido as capacidades necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem autodirigida, por exemplo, o que é muito comum nas gerações menos jovens. Talvez, nem mesmo reconheçam que não apresentam habilidades efetivas de aprendizado. Um estudo da CEB de 2014 revelou que apenas 20% dos alunos estavam envolvidos em estratégias efetivas de aprendizado. É importante compreender que um dos elementos fundamentais do ambiente de aprendizagem é a motivação do aluno e o conhecimento autodirigido (autodireção). A autodireção é demonstrada pelo desejo ou preferência do adulto de assumir responsabilidade pelo seu aprendizado, desde a escolha do tema e dos meios, passando pela definição de apoiadores e facilitadores do processo, pela escolha das estratégias e assim por diante. Não é a mesma coisa que o autodidata, que aprende sozinho. O aprendiz autodirigido escolhe caminhos que considera mais promissores para ele mesmo. (SCHLOCHAUER, 2012, p. 1)) A autodireção pode ser considerada um desafio diante das diferentes gerações envolvidas nos processos de ensinar e aprender, tanto do lado dos profissionais que precisam compreender essa escolha para o aprendizado, como dos alunos que precisam apresentar um perfil específico para acompanhar essa metodologia, A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 5/15 considerando os diferentes contextos onde estão inseridos. Tais elementos, a motivação e a autodireção, nos auxiliam na capacidade de aproveitar todos os componentes, recursos de um ambiente, incluindo o treinamento formal e a educação. Se esse elemento for fraco e se os funcionários não tiverem motivação ou não forem qualificados no gerenciamento de sua própria aprendizagem, a estratégia para esse ambiente pode falhar. Assim, enquanto uma estratégia para o ambiente de aprendizagem se encaixa em uma visão “futurista”, alguns funcionários talvez não estejam prontos para tirar proveito de um conjunto de materiais e atividades para a aprendizagem autodirigida. Isso não implica, no entanto, que a aprendizagem precisa ser controlada e monitorada. Em vez disso, os líderes podem incorporar uma série de suportes no ambiente para auxiliar o caminho dos alunos que não estão acostumados com essas abordagens mais informais. Para ter eficácia na concepção de um ambiente de aprendizagem e na promoção de uma cultura de aprendizagem produtiva, o designer deve entender as habilidades necessárias para uma aprendizagem autodirigida eficaz, revendo algumas das suas A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 6/15 próprias habilidades de design. Metaforicamente, podemos dizer que a motivação e a autodireção são tão importantes para o sucesso de um ambiente de aprendizagem como a luz solar é para o crescimento de um jardim. A motivação do aluno e a aprendizagem autodirigida têm sido temas para diferentes pesquisas por décadas, e muitos modelos considerados úteis e recomendações também saíram desses estudos. De acordo com algumas pesquisas, os adultos que se dedicam à aprendizagem autodirigida começam com o reconhecimento da discrepância entre expectativas e realidade, ou o reconhecimento da necessidade de aprender. Isso faz com que um indivíduo analise e identifique os conhecimentos e as habilidades necessárias para avançar. Uma vez que as necessidades são identificadas, os alunos autodirigidos costumam acessar e usar como fontes de aprendizagem o que for mais conveniente. Uma das opções é a troca de saberes entre pares, ou seja, aprender com as pessoas com as quais se relaciona. Os alunos fazem perguntas, procuram especialistas e solicitam recomendações. O mundo digital se expandiu amplamente, tornando a informação rapidamente disponível e posibilitando aos alunos uma variedade de escolhas diferenciadas. Ao fazer suas escolhas, os alunos procuram recursos relevantes que convergem com o seu interesse. Muitas vezes, eles julgam a qualidade dos recursos de aprendizagem, questionando quão envolventes estes são e em que medida, especificamente, são relevantes para o seu próprio contexto. Os alunos tendem a ir mais longe, pesquisando outros recursos e informações, apenas quando suas necessidades não podem ser satisfeitas de forma adequada com recursos que eles já têm em mãos. Nesse sentido, podemos imaginar por que fornecer recursos com curadoria em um ambiente de aprendizagem é uma estratégia importante. Os processos de aprendizagem autodirigidos também envolvem algum grau de automonitoramento, pois os alunos determinam o nível até o qual aprenderam com o material acessado. E, embora os alunos, muitas vezes, tentem aprender em meio ao fluxo de trabalho, é importante para eles estabelecer uma pausa para se envolver com recursos e atividades de aprendizagem e processar o que estão aprendendo. A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 7/15 Uma síntese de artigos e livros sobre a aprendizagem autodirigida (e outras pesquisas sobre atitudes e habilidades de aprendizado bem-sucedidas) sugere uma série de fatores-chave que precisam ser inerentes a qualquer ambiente de aprendizagem efetivo: motivação, intenção, atenção, autoconsciência, engajamento, relacionamentos, espaço e tempo. Esses podem ser considerados os sete pilares da aprendizagem autodirigida. Figura 11.1: Fatores-chave inerentes a ambientes de aprendizagem Fonte: elaboração da autora. Motivação As pessoas procuram a aprendizagem autodirigida quando são motivadas a fazê- lo, principalmente porque observaram alguma lacuna em seus conhecimentos ou habilidades que se relacionam às coisas que eles querem fazer. A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 8/15 “Na verdade, a motivação não é uma variável unitária, mas um composto de várias dimensões, feito de sentimentos, apreciações individuais e de resultados de experiências anteriores” (GALAND; BOURGEOIS, 2001, p. 116). (GALAND; BOURGEOIS, 2001, p. 116) No local de trabalho, as pessoas são motivadas a aprender para: • Aumentar a competência no trabalho; • Melhorar o potencial de crescimento na carreira; • Progredir em um objetivo; • Apoiar uma causa; • Evitar o fracasso; • Pertencer ou fazer parte de algo; • Demonstrar autonomia e independência; • Conhecer desafios; • Ganhar respeito; • Alcançar um estilo de vida desejável. As pessoas são motivadas porque acreditam que o aprendizado as ajudará no desenvolvimento de algo com o A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 9/15 resultado que eles valorizam. Motivar consiste em apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe favoreçam determinado tipo de conduta. Ou seja, em sentido didático, é despertar o interesse do aluno e envolvê-lo, de modo apropriado, para tornar a aprendizagem mais eficaz (NOGARO; ECCO; RIGO, 2014). Os alunos podem inconscientemente (ou não) se perguntar: “Posso aprender isso?”; “Se eu o fizer, o que isso vai me oferecer/possibilitar?”; “Eu valorizo o que este aprendizado vai me proporcionar?”. Quando você reúne informações sobre seus alunos, é importante ter ideia do grau de motivação que eles têm para aprender, do conhecimento e das habilidades que estão no centro do ambiente de aprendizagem que você projeta. Se você está preocupado com o fato de a motivação dos alunos ser fraca, então a primeira tarefa a ser realizada é determinar o que você pode fazer para aumentar a motivação deles. [...] motivação é um produto da expectativa de sucesso pelo valor da meta proposta, [e] há dois caminhos fundamentais através dos quais os professores podem incrementar a motivação dos alunos ou os alunos a sua própria: aumentando a expectativa de sucesso e/ou valor dessesucesso.” (POZO, 2002, p. 145) A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 10/15 Estudo de Caso Os teóricos da motivação nos dizem que existem maneiras pelas quais os facilitadores podem promover a motivação e a persistência do aluno. As estratégias incluem garantir a relevância do material, apontando os benefícios reais da aprendizagem (o que os alunos poderão fazer com o resultado), ajudando-os a sentir que fazem parte de uma comunidade, respeitando as contribuições e a experiência dos alunos (WLODKOWSKI, 2008). Não surpreendentemente, esses são alguns dos mesmos fatores que são importantes para a aprendizagem autodirigida. Diante das contribuições de diferentes teóricos, quais estartégias podem ser utilizadas para motivar os alunos de e-learning? A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 11/15 Saiba Mais Leia, para aprofundamento do tema, ambos os textos sugeridos a seguir: “Escala de estratégias e motivação para aprendizagem em ambientes virtuais”. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbedu/ v21n66/1413-2478-rbedu-21-66-0593.pdf>. “Autodirecção na Aprendizagem: linearidade ou caminho imprevisível”. Disponível em: <http://rmoura.tripod.com/sdl_learnproc. htm>. Na ponta da língua http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v21n66/1413-2478-rbedu-21-66-0593.pdf http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v21n66/1413-2478-rbedu-21-66-0593.pdf http://rmoura.tripod.com/sdl_learnproc.htm http://rmoura.tripod.com/sdl_learnproc.htm https://player.vimeo.com/video/244031223 A Importância da Motivação para os Alunos de E-Learning • 12/15 Referências Bibliográficas CORPORATE EXECUTIVE BOARD (CEB). Building a Productive Culture: More Learning Through Less Learning. CEB Learning and Development Leadership Council, 2014. GALAND, B.; BOURGEOIS, E. (Orgs.). Motivar-se para aprender. São Paulo: Cortez, 2011 LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. NOGARO, A.; ECCO, I. E.; RIGO, L. F. R. R. Aprendizagem e fatores motivacionais relacionados. Espaço Pedagógico, 2014. Disponível em: <seer.upf.br/index.php/rep/ article/download/4309/2835>. POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. SCHLOCHAUER, C. Precisamos aprender mais ou de maneira diferente? Uma reflexão sobre autonomia na aprendizagem. LAB SJJ/Votorantim, 2012. Disponível em: <http://www.produzindofuturos.com.br/precisamos-aprender-mais-ou-de-maneira- diferente-uma-reflexao-sobre-autonomia-na-aprendizagem/>. WLODKOWSKI, R. J. Enhancing Adult Motivation to Learn. 3rd ed. San Francisco: John Wiley & Sons, 2008. http://seer.upf.br/index.php/rep/article/download/4309/2835 http://seer.upf.br/index.php/rep/article/download/4309/2835 http://www.produzindofuturos.com.br/precisamos-aprender-mais-ou-de-maneira-diferente-uma-reflexao-sobre-autonomia-na-aprendizagem/ http://www.produzindofuturos.com.br/precisamos-aprender-mais-ou-de-maneira-diferente-uma-reflexao-sobre-autonomia-na-aprendizagem/ Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Gostou da leitura? Ouça o Podcast deste material! 01:15 CLIQUE E FAÇA O DOWNLOAD EM PDF Quer imprimir o conteúdo desta aula? Im ag en s: Sh utt er st oc k A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 3. 2 A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 2/15 Os processos de aprendizagem por meio de ambientes de e-learning estão diretamente ligados a fatores como a motivação, por exemplo. Além de motivação, intenção, atenção, autoconsciência, engajamento, os relacionamentos e espaço e tempo também são pilares da aprendizagem autodirigida. Você compreendeu o significado de aprendizagem autodirigida? Lembre-se de que esse modelo consiste na iniciativa do sujeito de perceber as necessidades para a sua cognição, identificando recursos, interesses, materiais e relações sociais que contribuem com esse processo, tendo em vista que esse não é um processo solitário, pois as trocas de saberes entre diferentes atores colaboram com o desenvolvimento. Vamos, então, refletir sobre os pilares desse processo. Objetivos de Aprendizagem • Reconhecer a importância da intenção, da atenção, da autoconsciência, do engajamento, dos relacionamentos e da associação “espaço e tempo” na aprendizagem em ambientes de e-learning. A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 3/15 Intenção A intenção impulsiona a aprendizagem e, o mais importante, impulsiona a aplicação da aprendizagem a tarefas e papéis específicos. A intenção é semelhante à motivação, porém muito mais específica, pois é ter objetivos explícitos com um contexto de aplicação em mente. O aprender é mais profundo e mais duradouro quando as pessoas se envolvem nas atividades e levam em consideração onde e como podem aplicar a aprendizagem. A intenção centra-se na compreensão de como a ela é relevante para atingir metas e realizar tarefas. Os materiais mais específicos e importantes são aqueles em que os alunos percebem exatamente como seus novos conhecimentos podem ser aplicados. A transferência de pesquisa de aprendizagem sugere que os gerentes podem desempenhar um papel na promoção da intenção, ajudando os funcionários a reconhecer a conexão entre conhecimento e desenvolvimento de habilidades e progressos no trabalho (BURKE; HUTCHINS, 2007). Eles podem ajudar os alunos a estabelecer metas e também podem acompanhar a aplicação de suporte. Atenção Vamos falar de atenção? Você consegue dar atenção a várias coisas ao mesmo tempo? Em um mundo cheio de distrações, a atenção tornou-se algo muito valioso. Enganamo-nos em pensar que a multitarefa nos torna mais eficientes. No entanto, estudos demonstraram que a multitarefa (um ato de utilizar constantemente a atenção) tende a degradar a qualidade da atenção que damos a cada tarefa. As pessoas precisam não só prestar atenção para aprender, mas também, ser capazes de determinar exatamente o que elas deveriam notar ou discernir. A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 4/15 Aprender com os outros exige que observemos cuidadosamente comportamentos específicos e percebamos as maneiras em razão das quais nossos comportamentos são iguais ou diferentes. A concentração, a atenção e a vigilância , muitas vezes, desempenham um papel importante na aprendizagem, qualidades essas que precisam ser nutridas e desenvolvidas. Na aprendizagem autodirigida, as pessoas precisam decidir no que a sua atenção se focalizará, o que , muitas vezes, requer o compromisso, a longo prazo, de procurar oportunidades específicas para aprender mais sobre conhecimentos ou habilidades exclusivas. Autoconsciência Autoconheimento e oportunidades , muitas vezes, são condições prévias para a aprendizagem. O processo de aprendizagem autodirigida geralmente começa com o reconhecimento de uma lacuna de conhecimento ou habilidade. Identificar essas necessidades de desenvolvimento é um exercício de autoanálise e prepara o indivíduo para a motivação, a atenção e a intenção. Mais tarde,no decorrer do processo, uma vez que aplicam seus novos conhecimentos ou habilidades, os alunos geralmente precisam monitorar suas ações e verificar se estas produziram o impacto desejado.. Os processos críticos aqui são a reflexão e o feedback, que contribuem ainda A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 5/15 mais para que os alunos aprofundem o autoconhecimento. Os alunos precisam de ferramentas para autoavaliação e de modelos para comparação, a fim de desenvolver a sua autoconsciência. Eles também precisam ter a capacidade de receber e interpretar um feedback. Engajamento Para aprender, as pessoas precisam estar ativamente engajadas/envolvidas no processo, intelectual e/ou fisicamente. O engajamento ou envolvimento emocional também promove a aprendizagem, adicionando intensidade extra à experiência. Apenas o engajamento ativo pode impulsionar os processos cerebrais que permitem que as pessoas desenvolvam conhecimentos e habilidades. O engajamento certamente é facilitado pelas práticas de aprendizagem experienciais, mas outros componentes no ambiente também são eficazes quando são envolvidos e explorados. É possível engajar as pessoas por meio de ambientes que considerem suas habilidades, oferecendo um material interessante, atraente e memorável. Leituras envolventes, pessoas que contam grandes histórias, práticas de equipe altamente produtivas, que favorecem vínculos, são exemplos de A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 6/15 como todos os tipos de atividades de aprendizagem podem ser atrativas. Os designers instrucionais, em particular, têm desenvolvido muitas estratégias para envolver e engajar os alunos e têm procurado oportunizar desafios relevantes, deixando-os perceber seu próprio progresso através de práticas repetidas, minimizando atividades passivas, como leitura e escuta, e fornecendo oportunidades para que haja interação em uma variedade de formas intelectualmente desafiadoras. As técnicas de gamificação também nos mostram as possibilidades que existem de aumentar o engajamento na aprendizagem. Essas técnicas incluem aprendizado em torno de uma história, introdução de desafios e mistérios, recompensa aos alunos de níveis avançados, garantia de feedback intrínseco e contextual e a oferta aos alunos da oportunidade de repetir a prática para melhorar (KAPP, 2012). Relacionamentos Embora pensemos na aprendizagem autodirigida como uma atividade independente, a verdade é que um processo de aprendizagem completo depende frequentemente de relacionamentos confiáveis, tais como aqueles em que pessoas fornecem feedback, apontam recursos, atuam como modelos e discutem problemas. Os relacionamentos podem ser relativamente ocasionais (seguindo pessoas nas mídias sociais) ou bastante profundos (relacionamentos com mentores de apoio). Aprendemos com os outros através de questionamento, instrução, treinamento, observação, reflexão, narrativas e muito mais. É importante que cada ambiente de aprendizagem identifique as pessoas que podem se relacionar com os alunos, como especialistas em assuntos específicos, facilitadores de aprendizado ou colegas estudantes e colaboradores. Os alunos precisam ter uma diversidade de perspectivas para ampliar seus pontos de vista, e o desenvolvimento de relacionamentos confiáveis contribui muito para uma aprendizagem mais profunda. A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 7/15 Espaço e Tempo Tornou-se comum dizer que também aprendemos no fluxo de trabalho. Alguns aprendizados pela experiência são, de fato, impossíveis de serem separados do trabalho. Mas, o tipo de desenvolvimento que você consideraria para criar um ambiente de aprendizagem, geralmente, é aquele que leva mais tempo. Os alunos precisam persistir e engajar em uma variedade de componentes de aprendizagem ao longo do tempo, mas também,precisam de espaço para refletir, estudar e fazer planos. Quando os funcionários se preocupam em não ter tempo de aprender, é possível que um dos problemas seja não ter tempo a desperdiçar, procurando recursos de aprendizagem. O trabalho de curar um ambiente de aprendizagem implica fornecer ajuda substancial a esse problema. Ao minimizar o tempo gasto tentando identificar materiais e atividades para auxiliar a aprendizagem, os funcionários podem maximizar o tempo que eles têm para se dedicarem à aprendizagem produtiva. Se o grupo de alunos não é encorajado e estimulado a reservar um tempo para refletir e aprender, envolverem-se uns com os outros para pensar sobre os problemas ou para fazer pausas que permitam que as energias criativas sejam recarregadas, então o ambiente de aprendizagem pode não ser útil para eles. Quando os horários de trabalho estão sobrecarregados e os funcionários são obrigados a participar do trabalho quase todas as horas do dia, é difícil encontrar tempo para aprender. Embora eles possam aprender a fazer o trabalho, é claro, alguns de seus objetivos de aprendizagem, sem dúvida, exigem tempo de envolvimento e processo. Quando os espaços de trabalho criam distração, a concentração pode ser comprometida. Embora, geralmente, seja aconselhável deixar os alunos escolherem seu tempo e lugar para aprender, às vezes, alocar claramente o tempo e o espaço é o melhor auxílio que você pode fornecer. Isso pode ser importante especialmente em empregos que não possuem pausas naturais, como em call centers e na produção. Os sete pilares discutidos até o momento (motivação; intenção; atenção; autoconsciência; engajamento; relacionamentos; espaço e tempo) contribuem para a aprendizagem A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 8/15 autodirigida e significativa. Para que o aprendizado significativo aconteça, é importante observar tais pilares e também as estratégias de atenção, relevância, confiança e satisfação, que, de acordo com Ally (2004, p. 421), são assim descritas: • Atenção: oferecer uma atividade inicial envolvente para desenvolver o processo ensino-aprendizagem; • Relevância: esclarecer a importância da lição, mostrar que esta pode ser benéfica quando utilizada em situações da vida real, ajudar a contextualizar a aprendizagem, tornando-a mais significativa de maneira a manter o interesse dos alunos; • Confiança: assegurar ao aprendiz que ele obterá êxito nas atividades mediante organização do material do simples para o complexo, do conhecido para o desconhecido, informar o que se espera da lição, manter o acompanhamento e o estímulo; • Satisfação: fornecer feedback de desempenho, estimular a aplicação do conhecimento na vida real. A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 9/15 Estudo de Caso Um dos sete pilares para a aprendizagem é o de “relacionamentos”. Sabendo da importância desse pilar, uma empresa de grande porte resolveu ampliar a rede de relacionamentos de seus colaboradores, criando um site que foi disponibilizado apenas para as filiais distribuídas em dezenove países diferentes. A empresa de cosméticos buscava desenvolver cursos de capacitação para os colaboradores, ao mesmo tempo em que propiciava a troca de experiências e olhares para diferentes contextos. Contudo, apenas lançar o site não foi suficiente. As pessoas pareciam não interagir e pouco acessavam a página da empresa. O que os gestores deveriam fazer para tornar a ideia eficaz e mediar as interações em prol da aprendizagem? A Importância que Intenção, Atenção,Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 10/15 Saiba Mais Para aprofundamento, leia os textos seguintes: “Aprendizagem e fatores motivacionais relacionados”. Disponível em: <seer.upf.br/index.php/rep/article/download/4309/2835>. “Ensino-aprendizagem colaborativo mediado pelo Wiki do Moodle”. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-40602010000300014>. Na ponta da língua http://seer.upf.br/index.php/rep/article/download/4309/2835 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602010000300014 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40602010000300014 https://player.vimeo.com/video/244031342 A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 11/15 Referências Bibliográficas ALLY, M. Foundations of Educational Theory for Online Learning. In: ANDERSON, T.; ELLOUMI, F. Theory and practice of online learning. Edmonton/Alberta: Athabasca University Press, 2004. BURKE, L.; HUTCHINS, H. Training Transfer: An Integrative Literature Review. Human Resource Development Review, n. 6, v. 3, p. 263, 2007. KAPP, K. M. The Gamification of Learning and Instruction. Alexandria: ASTD Press; San Francisco: John Wiley & Sons, 2012. LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. http://library.books24x7.com.ezp-01.lirn.net/assetviewer.aspx?bkid=46257&destid=0#0 A Importância que Intenção, Atenção, Autoconsciência, Engajamento, Relacionamentos, Espaço e Tempo têm na Aprendizagem em Ambientes de E-Learning • 15/15 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 3. 3 Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 2/15 Objetivos de Aprendizagem • Refletir sobre possibilidades para fortalecer os pilares de aprendizagem em ambientes e-learning.. Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Aprendizagem Autônoma Nos temas anteriores, refletimos sobre os sete pilares para a aprendizagem autodirigida. Para explorá-los ainda mais, vamos compreender a relação entre eles como fatores que sustentam a autonomia na aprendizagem. Podemos entender quão forte e estável são os pilares para a aprendizagem autodirigida entre o grupo dos nossos alunos, levando em consideração uma avaliação rápida. Contudo, é necessário ter certo cuidado ao repassar essa avaliação Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 3/15 diretamente aos alunos, tendo em vista que pode ser difícil para eles autoavaliar alguns itens, como também, admitir algumas fragilidades. É possível conhecer o grupo de alunos o suficiente para fazer uma estimativa; ou também, pedir ajuda aos patrocinadores de seu projeto e aos especialistas nesses assuntos. Uma das possibilidades é o desenvolvimento de táticas para o fortalecimento dos pilares de aprendizagem, conforme descrito no quadro a seguir: Quadro 13.1 – Táticas para fortalecer os pilares de aprendizagem Motivação • Desenhar conexões entre conhecimento, habilidades, tarefas de trabalho e sucesso. • Obter o apoio de líderes formais e informais para promover ativamente a importância. Intenção • Categorizar recursos. • Selecionar recursos que sejam especificamente relevantes para o papel ou contexto do aluno. • • Sugerir os próximos passos quando uma atividade for concluída. • Fornecer sugestões e exercícios de aplicativos. • Usar exemplos contextualizados, relacionando papéis e simulações. Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 4/15 Atenção • Assinalar o que pode ser aprendido com atividades e recursos específicos. • Aconselhar os alunos sobre eventos de aprendizagem formais específicos para uma determinada etapa do seu desenvolvimento. • Sugerir perguntas de reflexão para leituras e atividades. • Procurar recursos nos formatos preferidos dos alunos (por exemplo, vídeos, podcasts, livros e artigos). • Fornecer diferentes visões dos materiais, dependendo do papel ou nível de experiência do aluno. Autoconsciência Fornecer ferramentas de autoavaliação, com recomendação das próximas etapas. Engajamento Selecionar recursos e atividades que atraem o interesse dos alunos. Certificar-se de que pelo menos um subconjunto de recursos e atividades forneça interação profunda e comunicação interpessoal. Desenvolver um papel ativo para gerar discussão on-line. Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 5/15 Relacionamento Introduzir alunos em diálogos com especialistas em assuntos específicos ou entre eles. Identificar as pessoas a serem seguidas nas mídias sociais e sugerir ferramentas específicas de redes sociais, repositórios compartilhados e hashtags. Recomendar organizações profissionais e conferências. Fornecer um diretório especializado. Permitir páginas de perfil que proporcionem aos alunos a chance de compartilhar informações descritivas bem como um pouco de sua personalidade. Oferecer orientações para garantir que os pares “desenvolvedor X aluno” tenham interações efetivas entre si. Espaço e Tempo Incorporar recursos em sistemas tendo em vista a necessidade dos funcionários de desenvolverem o trabalho (suporte de desempenho integrado). Criar um portal de recursos para tornar a pesquisa de recursos mais eficiente. Disponibilizar tempo suficiente para aprender, quando necessário. Autodirecionamento Criar listas de verificação e guias de atividades. Oferecer recursos para aprender a aprender. Fonte: Lombardozzi (2015). Ferramentas de Design para a Motivação e a Autodireção do Aluno Quando os alunos são amplamente autodirecionados, eles são totalmente capazes de gerenciar suas escolhas em um ambiente de aprendizado sólido. Se seus alunos são capazes de se autodirigirem, mas não são necessariamente experientes, você pode fornecer no ambiente alguns recursos que ajudem a orientá-los. O designer de ambiente de aprendizagem pode aplicar ferramentas Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 6/15 específicas que ampliem a motivação do aluno e a sua autodireção, curando, contextualizando, conectando, apoiando, mapeando e montando. Veja, a seguir, a descrição dessas ações: Cura Envolve a aplicação de julgamento/discernimento/decisão para garantir que os materiais incluídos em um ambiente de aprendizagem sejam relevantes e tenham alta qualidade. Também inclui a procura de tipos específicos de materiais úteis para os alunos. A cura eficaz deve sustenta os pilares de atenção, engajamento e motivação. Contextualização Significa aplicar medidas para apontar a relevância dos recursos disponíveis no ambiente e para destacar as formas pelas quais a aprendizagem pode ser aplicada. É especialmente útil para fortalecer a intenção, e também sustenta a atenção e a motivação. A contextualização é parte do processo de cura no design do ambiente de aprendizagem. Conexão Engloba todas as formas pelas quais o ambiente promove a aprendizagem social. Conectar ativamente as pessoas fortalece o pilar da relação, e muitas vezes fornece suporte significativo para a motivação do aluno. Andaime Envolve o apoio ativo aos alunos para completar os processos de aprendizagem. É uma forma de fortalecer a maioria dos pilares, mas é vital para autoconsciência, atenção, intenção e espaço e tempo.Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 7/15 Mapeamento Fornece orientação específica para a construção de uma base de conhecimento ou organização de habilidades, por meio de uma série de atividades de aprendizagem que buscam alto impacto. Um mapa pode sugerir, como no direcionamento de uma viagem, uma ordem específica para uma série de atividades. Ou pode ser um guia de turismo, apontando destaques que não podem ser perdidos, que podem ser acessados em qualquer ordem. O mapeamento adota a motivação, dando aos alunos uma sensação de progresso, e sustenta a atenção, apontando exatamente por que cada peça está no mapa. Muitas vezes, os alunos também têm espaço e tempo para completar um mapa de atividades de aprendizagem. Montagem Processo que organiza todos os materiais e recursos de aprendizagem em um local acessível. O formato do ponto de acesso (páginas da web ou lista de recursos, por exemplo) ajuda a concentrar a atenção dos alunos, economizando o tempo desperdiçado ao procurá-los. Uma estratégia que conta com a aprendizagem autodirigida não requer, necessariamente, que os líderes de aprendizagem “deem um passo atrás” e deixem seus aprendizes caminharem sozinhos. Podemos endossar a capacidade de agir para fazer escolhas, definir e satisfazer as próprias necessidades de aprendizagem, sem abandoná-las às peculiaridades de uma pesquisa no navegador. Reconhecer que há uma profundidade de recursos potenciais na internet e também o auxílio pessoal insubstituível obtido de colegas e especialistas, não significa necessariamente que, por isso, devemos interromper o apoio ativo na aprendizagem dos alunos. Na verdade, devemos motivar os alunos no processo de ensino e aprendizagem. A motivação é “uma condição interna, relativamente duradoura, que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando a satisfação do que era visado” (CAMPOS, 1987, p. 109). Para Nérici (1993, p. 75), a motivação é o “processo que se desenvolve no interior do indivíduo e o impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de algo. O indivíduo motivado encontra-se disposto a despender esforços para alcançar seus objetivos”. Para tanto, é necessário compreender o atual contexto para garantir o Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 8/15 desenvolvimento de ambientes atrativos para esse público. As abordagens tradicionais de aprendizagem não são mais capazes de lidar com um mundo em constante mudança. Ainda não conseguimos encontrar um equilíbrio entre a estrutura que as instituições educacionais promovem e a liberdade oferecida pelos recursos, quase ilimitados, da nova mídia, sem perder o senso de propósito e direção. Esse é o grande desafio da educação, uma vez que simplesmente deixar estudantes na internet não resolve o problema. O desafio é encontrar uma maneira de casar estrutura e liberdade para criar algo completamente novo, acompanhando o avanço das tecnologias contemporâneas. Doug Thomas e John Seely Brown defendem uma nova cultura de aprendizagem. Jane Hart e Randy Emelo defendem a formação de profissionais que se tornariam treinadores de aprendizagem e conselheiros individuais. Mas, esse modelo não é escalonável em muitas situações. O design do ambiente de aprendizagem deve fornecer a estratégia de “casar estrutura e liberdade para criar algo completamente novo” (THOMAS; SEELY BROWN, 2011). Ele fornece direção e suporte sem forçar os alunos por um caminho e/ou horário específicos que não lhes sejam adequados. Muitas de nossas instituições educacionais ainda usam estratégias de ensino do século 20, de modo que os profissionais, no local de trabalho e nas instituições de ensino superior, são educados em abordagens de aprendizagem mais passivas e baseadas em conformidade e/ou consentimento. Apoiar o desenvolvimento de habilidades autodirigidas de aprendizagem propiciará aos alunos a aquisição de novos conhecimentos. Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 9/15 Estudo de Caso Thomas e Seely Brown (2011) defendem a necessidade de casar estrutura e liberdade para criar algo completamente novo. Com base na afirmação dos autores, uma instituição de ensino superior resolveu abrir um fórum de discussão. O objetivo é refletir sobre a faculdade que temos e a faculdade que queremos, compreendendo as necessidades dos alunos diante das novas tecnologias e dos recursos de aprendizagem. Quais são as possibilidades para que a instituição busque desenvolver a proposta de Thomas e Seely Brown? Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 10/15 Saiba Mais Leia a dissertação a seguir que versa sobre o estabelecimento de requisitos no desenvolvimento de projetos de interfaces para objetos de aprendizagem: Design de interação e motivação nos projetos de interface para objetos de aprendizagem para EAD. Disponível em: <http://www.lume. ufrgs.br/bitstream/handle/10183/31389/000780361.pdf>. Leia o artigo seguinte para aprofundar o assunto tratado no tema: “A autonomia na aprendizagem em educação a distância: competência a ser desenvolvida pelo aluno”. Disponível em:<http://www.abed. org.br/revistacientifica/_Brazilian/2015/08_A_AUTONOMIA_NA_ APRENDIZAGEM.pdf>. http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/31389/000780361.pdf http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/31389/000780361.pdf http://www.abed.org.br/revistacientifica/_Brazilian/2015/08_A_AUTONOMIA_NA_APRENDIZAGEM.pdf http://www.abed.org.br/revistacientifica/_Brazilian/2015/08_A_AUTONOMIA_NA_APRENDIZAGEM.pdf http://www.abed.org.br/revistacientifica/_Brazilian/2015/08_A_AUTONOMIA_NA_APRENDIZAGEM.pdf Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 11/15 Na ponta da língua Referências Bibliográficas CAMPOS, D. M. de S. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1987. LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. NÉRICI, I. G. Didática: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1993. THOMAS, D., SEELY BROWN, J. A New Culture of Learning: cultivating the imagination for a world of constant change. Self-published, 2011. https://player.vimeo.com/video/244031443 Avaliação para Aprendizagem Autônoma em Ambientes de E-learning • 15/15 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag es : S hu tte rs to ck Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 3. 4 Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 2/16 Objetivos de Aprendizagem • Reconhecer a importância das relações sociais físicas e virtuais para o processo de ensino e aprendizagem. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Comunidade e Aprendizagem Desde os nossos primeiros momentos de vida, aprendemos a agir no mundo e a interagir com outras pessoas. Embora possa parecer tentador concentrar-se em recursos disponíveis a qualquer momento para auxiliar a aprendizagem, as pessoas relatam que o aprendizado mais impactante e significativo que tiveram são resultados de trocas com outras pessoas, assistindo, conversando e colaborando com elas. Tal informação vai ao encontro dos estudos de Vygostky (2016) sobre a aprendizagem por meio das relações sociais. Ao projetar um ambiente de aprendizagem, é importante perguntar: • Como posso conectar os alunos uns aos outros? • Quem são os profissionais mais preparados com os quais os alunos podem aprender? • Como podemos promover a interação para fins de aprendizagem? Pesquisas mostram que há uma amplagama de atividades interpessoais que resultam em aprendizagem. Os estudiosos analisam diferentes tipos de aprendizagens relacionais. Eles estudam relacionamentos intensos de um a um (mentoring [tutoria], relacionamentos de desenvolvimento), comunidades Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 3/16 (comunidades de prática, comunidades de pesquisa), equipes de trabalho ou relacionamentos de coaching. Os estudos revelam conclusões sobre cada contexto em particular. Existem teorias estabelecidas que estão relacionadas à aprendizagem social, ao ensino, à tutoria, às comunidades de prática. A literatura nos fornece uma base sólida para compreender como as pessoas aprendem mediante suas relações com os outros. Essas ideias podem ajudar a desenvolver lideranças e apoiar a aprendizagem interpessoal em todas as suas formas, fornecendo uma base para a integração efetiva de componentes e pessoas em um ambiente de aprendizagem, bem como para nutrir uma comunidade de alunos que apoiem a aprendizagem colaborativa. Aprendendo com Outras Pessoas As interações de aprendizagem entre as pessoas são bastante diversas. Veja alguns exemplos: • Um trabalhador pode chamar um parceiro para obter conselhos. • Um membro da equipe chama um colega no Twitter para obter uma rápida resposta a uma pergunta. • Há uma discussão animada no blog da empresa sobre como abordar melhor uma nova necessidade de cliente. • Uma equipe de trabalho global organiza um teste plurilocal do novo equipamento de videoconferência, experimentando várias ferramentas para aprender a usá-lo efetivamente. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 4/16 • Uma equipe criou uma sala de conferências para que as pessoas possam trabalhar juntas na descoberta da melhor maneira de remodelar um processo de trabalho para ser mais eficiente, buscando eficiência. Em muitas dessas interações, uma pessoa pode ser identificada como o aluno e a outra como a desenvolvedora, pelo menos em um ponto específico do tempo. Em outras, o relacionamento é mais bem descrito como de coaprendentes. Para que essas interações resultem em aprendizagem, é necessário um certo grau de intencionalidade. O que vemos, aqui, é uma ação deliberada que visa desenvolver conhecimentos ou habilidades em busca do aprender. A aprendizagem social baseia-se na premissa de que nossa compreensão do conteúdo é socialmente construída através de conversas sobre esse conteúdo e através de interações fundamentadas, especialmente com os outros, em torno de problemas ou ações. O foco não é sobre o que estamos aprendendo, mas sobre como estamos aprendendo. Neste tema, vamos focalizar a compreensão da aprendizagem social, descrita como qualquer aprendizagem decorrente (e sustentada) por algum tipo de interação com outras pessoas. Nosso foco não se limita às interações através das mídias sociais, tendo em vista que pode tratar-se de interações que propiciam aprendendizagem em um grupo (virtual ou presencial). Alguns relacionamentos são profundos e contínuos, enquanto outros são fugazes e utilitários, mas todas essas interações resultam na aprendizagem de um, ambos ou todos os participantes. Muitas atividades podem ser concebidas como questionamento e resposta: • O treinador ensina e o aprendiz aprende. • O colega de trabalho titular atua como um modelo a ser seguido, o novato imita. • O principiante pratica, o treinador critica. • O mentor/tutor desafia o aluno a pensar mais profundamente, o tutorado reflete alto sobre opções e desdobramentos. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 5/16 É importante notar que, na atividade de trabalho, colaborando, trabalhando juntos, a dinâmica muda. Aprender enquanto faz permite aos alunos e desenvolvedores cocriar conhecimento, ajustar habilidades e definir práticas. Ao trabalhar em conjunto, a distinção entre desenvolvedor e aluno geralmente desaparece. Curiosamente, os estudos mostram que as relações de desenvolvimento são , muitas vezes, mútuas e que os tutores geralmente aprendem com os tutorados, os professores geralmente aprendem com seus alunos, e os alunos novos , muitas vezes, ensinam coisas a pessoas mais experientes enquanto tentam dar sentido às suas novas responsabilidades. Fatores-Chave que Habilitam a Aprendizagem Social Os relacionamentos que permitem aprendizagem e desenvolvimento podem ter diferentes níveis de profundidade. Os aprendizes podem adquirir conhecimentos e habilidades de outros sem conhecê- los pessoalmente, como na leitura das publicações de um especialista, observando as pessoas em ação ou envolvendo-se em breves trocas nas mídias sociais. No outro extremo, tutores, tutorados e equipes de trabalho centradas na aprendizagem se envolvem frequentemente em diferentes trocas de aprendizagem, alternando o papel do aluno e o papel do desenvolvedor. Esses relacionamentos mais profundos exigem confiança e comunicação. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 6/16 Quando se promove a aprendizagem através de pessoas em um ambiente de aprendizagem, é preciso atender a fatores específicos que apoiem o desenvolvimento dessas relações. Os pesquisadores estudaram esse aspecto do aprendizado e documentaram três tipos importantes de fatores: individuais, relacionais e organizacionais (ROCK; GARAVAN, 2006, 2011): • Nível individual (tanto desenvolvedor quanto aluno): as pessoas o desejo de interagir, a habilidade de se comunicar uns com os outros, ter os conhecimentos sobre a rede e precisam construir relacionamentos. Importante: elas também precisam se conhecer bem o suficiente para identificar a necessidades que apresentam na aprendizagem, bem como desenvolver a confiança para aprender e experimentar novos comportamentos. A motivação do aluno é importantíssima neste nível. • Nível relacional: deve haver um grau de confiança e autenticidade entre um desenvolvedor e um aprendiz. Ambas as partes precisam ser capazes de se relacionar umas com as outras, devendo ouvir, comunicar, dar e receber feedback. Outro aspecto importante que solidifica o relacionamento é que as pessoas tenham acesso a tempo, espaço e ferramentas técnicas que lhes permitam conversar. Não subestime a importância do tempo aqui, uma vez que é preciso dele para que os relacionamentos se fortaleçam e a confiança seja construída. • Plano organizacional: a própria organização deve apoiar o aprendizado e o desenvolvimento de várias formas, estabelecendo uma relação entre a expectativa e o compartilhamento de aprendizagem, promovendo o desenvolvimento das habilidades necessárias para que as pessoas consigam se envolver efetivamente umas com as outras. Em outras palavras, é importante ter uma cultura de aprendizado forte na organização. Embora os relacionamentos possam crescer sem ela, a cultura de aprendizagem realmente lhes permite prosperar. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 7/16 Mas, como descobrir se alunos e desenvolvedores estão predispostos a estabelecer essas relações? Para exemplificar, sugerimos a seguinte lista organizada para verificar a situação particular desses atores: Avaliação de Prontidão Social e Aprendizagem Esta avaliação pode ajudá-lo a verificar se seus alunos provavelmente se envolverão uns com os outros. Avalie cada item na seguinte escala. 3 = grande possibilidade 2 = até certo ponto 1 = pouco Prontidão do Aprendiz Até que ponto os alunos demonstram: ___ Conhecimento de seus próprios pontos fortes e fracos? ___ Confiança ou mentalidade de desenvolvimento? ___ Capacidade de estabelecer seus próprios objetivos? ___ Motivação para aprender nesse contexto? ___ Capacidade de aprender? ___ Fortes competências de networking? ___ Fortes habilidades interpessoais? Total: ___ / 21 = ____% Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 8/16 Prontidão do Desenvolvedor Até que ponto os desenvolvedores demonstram: ___ Conhecimento de seuspróprios pontos fortes e fracos? ___ Confiança ou mentalidade de desenvolvimento? ___ Capacidade de estabelecer metas? ___ Motivação para contribuir com o desevolvimento de outra pessoas, nesse contexto? ___ Habilidade para facilitar a aprendizagem de outras pessoas? ___ Fortes competências de networking? ___ Fortes habilidades interpessoais? Total: ___ / 21 = ____% Prontidão Relacional Até que ponto o par ou o grupo como um todo demonstra(m): ___ Compatibilidade? ___ Oportunidade para se juntar? ___ Uma atmosfera de confiança que valoriza a autenticidade? ___ Disposição para se envolver em conversas profundas entre si? ___ Capacidade de ser reflexivo nesse relacionamento? ___ Capacidade de dar e receber feedback de desenvolvimento sincero nesse relacionamento? Total: ___ / 18 = ____% Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 9/16 Prontidão Organizacional Até que ponto a organização apresenta: ___ Uma cultura que valoriza e promove aprendizagem e desenvolvimento? ___ Real incentivo ao compartilhamento em toda a organização? ___ A maioria das pessoas habilitadas a receber e dar feedback? ___ Uma estrutura que suporte a melhoria contínua? Total: ___ / 12 = ____% Use essas porcentagens como uma estimativa aproximada do grau de prontidão em cada uma das áreas que influenciam a formação de relacionamentos. Quando o grau de prontidão provocar preocupação, considere tomar medidas para fortalecer os itens fracos. É importante salientar que essa pesquisa fornece um indicador de prontidão de relacionamento de desenvolvimento tirado de fatores baseados em pesquisas, mas não é um instrumento validado, tendo sido apenas explorado no livro de referência desta disciplina. Figura 14.1 – Prontidão Social e Aprendizagem Fonte: elaboração da autora. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 10/16 Estudo de Caso De acordo com Vygotsky (2016), a aprendizagem acontece por meio das relações sociais. O professor tem papel de mediador nessas relações entre pares e também entre o aluno e o conhecimento, auxiliando nos processos de ensino e aprendizagem que acontecem entre a zona de desenvolvimento real e proximal. Crianças e adultos aprendem da mesma forma, ou seja, a troca de saberes propicia o aprendizado. Com base nesta informação, durante uma reunião de planejamento entre os professores de uma instituição de ensino técnico e o design instrucional, levantou- se o seguinte questionamento: Como mediar o processo de ensino e aprendizagem por meio das relações sociais estabelecidas no ambiente visrtual de aprendixagem da instituição? Como promover a aprendizagem social? Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 11/16 Saiba Mais Leia os dois artigos a seguir para aperfeiçoar seus conhecimentos: “Aprendizagem social e emocional: Reflexões sobre a teoria e a prática na escola portuguesa”. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/pdf/ aps/v31n4/v31n4a07.pdf>. “Interações em Ambientes Virtuais de Aprendizagem histórico e modelos”. Disponível em: <http://www4.pucsp.br/pos/tidd/ teccogs/artigos/2014/edicao_9/4-interacoes_ambientes_virtuais_ aprendizagem-joao_mattar.pdf>. Na ponta da língua http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v31n4/v31n4a07.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/aps/v31n4/v31n4a07.pdf http://www4.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/artigos/2014/edicao_9/4-interacoes_ambientes_virtuais_aprendizagem-joao_mattar.pdf http://www4.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/artigos/2014/edicao_9/4-interacoes_ambientes_virtuais_aprendizagem-joao_mattar.pdf http://www4.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/artigos/2014/edicao_9/4-interacoes_ambientes_virtuais_aprendizagem-joao_mattar.pdf https://player.vimeo.com/video/244031639 Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 12/16 Referências Bibliográficas LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. ROCK, A. D.; GARAVAN, T. N. Understanding the Relational Characteristics of Effective Mentoring and Developmental Relationships at Work. In: POELL, R. F.; WOERKOM, M. V. Supporting Workplace Learning. New York: Springer, 2011. c. 7. VYGOTSKY, L. S. Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2016. Aprendizagem Social como Recurso para o E-learning • 16/16 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 3. 5 Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 2/15 • Refletir sobre possibilidades para fortalecer os pilares de aprendizagem em ambientes e-learning. Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Objetivos de Aprendizagem Ter colegas, tutores, treinadores e outros que apoiem e catalisem sua aprendizagem é muito importante, não é verdade?! Principalmente, se considerarmos as teorias de aprendizagem que discutimos desde o início da disciplina. Os ambientes de aprendizagem têm mais impacto quando as pessoas contribuem significativamente para a aprendizagem e quando podemos projetar elementos que promovam esse tipo de intercâmbio. Uma das maneiras pelas quais desenvolvemos a aprendizagem social em um ambiente de aprendizagem é a elaboração de Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 3/15 programas de desenvolvimento formal, como programas de tutoria, treinamento, acompanhamento e eventos de aprendizagem entre pares (como estudo de livros, grupos de discussão, grupos de action learning, fóruns de discussão). A partir desses fatores, há uma série de ações que podemos desenvolver para garantir o sucesso desses programas. Ferramentas de Design para a Motivação e a Autodireção do Aluno • Ajudar os alunos e desenvolvedores a tomar consciência de seus pontos fortes e fracos e identificar metas. Isso pode ser facilitado pela autoavaliação e pelo planejamento de ações. • Fornecer atividades que incentivem os alunos a procurar outras pessoas para conversas, aprendizagem específica ou conselhos. • Promover a motivação e a autodireção. • Se você estiver desenvolvendo um programa, não se esqueça de definir seu propósito e considerar a seleção de pessoas, com base na sua disposição e habilidade de se envolver dessa maneira. • Apoiar o desenvolvimento das habilidades interpessoais e comunicacionais necessárias para os relacionamentos. Para solidificar os fatores relacionais: Garantir níveis de compatibilidade ao analisar metas, áreas de especialização, trajetórias de carreira, tipos de personalidade e outros fatores. Fornecer orientação para objetivos específicos de interação, listas de verificação e tópicos de discussão, por exemplo, especialmente para relacionamentos de tutoria e/ ou orientação e treinamento. Incentivar e permitir que os pares se encontrem com frequência. Recomendar intervalos de tempo específicos, frequências e locais sem distração para atender e fornecer ferramentas de qualidade de conferência on-line, quando necessário. Em um ambiente de trabalho agitado, este pode ser um ponto crítico. Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento,Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 4/15 Para solidificar os fatores organizacionais: Trabalhar com a liderança organizacional para fortalecer a cultura de aprendizagem global, identificar e remover barreiras à aprendizagem. Fornecer suporte para desenvolvimento de práticas de melhoria contínua e habilidades de feedback em geral, caso necessário. O papel das mídias sociais A mídia social tem contribuído muito para a aprendizagem relacional, uma vez que permite que ocorram os processos descritos até agora. Por meio da internet, as pessoas podem se conectar com outras mesmo que nunca se encontrem face a face. Elas cosneguem interagir com líderes, aprender o que outras organizações fazem, ouvir conversas sobre a área em que se inserem e descobrir novos recursos, artigos e oportunidades de aprendizado. Algumas das conexões feitas através das mídias sociais decorrem de “laços tênues” com pessoas que podem ser influentes e que podem compartilhar recursos de aprendizagem, mas com as quais não há conexão pessoal profunda. Ao mesmo tempo, as mídias sociais tornaram possível a construção de relacionamentos fortes, com pessoas que, talvez, tenham poucas oportunidades de se encontrar e se envolver. Assim como o desenvolvimento de relacionamentos no mundo físico, o aprofundamento das conexões cibernéticas com “amigos” e “seguidores” requer interação consistente e maior divulgação pessoal. Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 5/15 Tanto os “laços tênues” quanto os “relacionamentos profundos” podem ser promovidos e nutridos através do uso das mídias sociais. Ao criar um ambiente de aprendizagem, é importante ter uma variedade de ferramentas de mídia social, através das quais as pessoas podem interagir. Algumas dessas ferramentas podem ser acessadas fora da organização (como blogs, Twitter, fanpage, Facebook e diversos sites de redes sociais que surgem a cada dia), enquanto outras precisam se limitadar a conexões dentro do firewall de segurança de uma organização. Quando explicam como suas redes são valiosas para a aprendizagem, os defensores das redes sociais citam uma lista substancial de benefícios. No seu núcleo, as mídias sociais ajudam os alunos a se conectarem com outros em seus campos, discutindo as tendências emergentes e enfrentando desafios semelhantes. O uso pedagógico das redes oferece aos alunos e professores, neste processo, a chance de esclarecer suas dúvidas a distância, promovendo, ainda, o estudo em grupo com estudantes separados geograficamente, permitindo-lhes a discussão de temas do mesmo interesse. Mediante essa tecnologia, o aluno sairá de seu isolamento, enriquecendo seu conhecimento individualmente ou em grupo. Ele poderá fazer perguntas, manifestar ideias e opiniões, fazer uma leitura de mundo mais global, assumir a palavra, confrontar ideias e pensamentos e, definitivamente, na sala de aula não ficará mais confinado a quatro paredes. Isso quer dizer que o uso dessa tecnologia poderá criar uma nova dinâmica pedagógica interativa, a qual, se inserida num projeto pedagógico sólido, sem dúvida, contribuirá e muito para a formação dos alunos (GARCIA, 2000, p.5) Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 6/15 Essas conexões geralmente apontam recursos relevantes (artigos, sites, livros, eventos e conferências) e propiciam a participação em discussões on-line sobre ideias e problemas emergentes. Uma rede social pode ser a fonte mais rápida de respostas para questões urgentes. Mesmo sem publicar na web, um aluno pode ter acesso a ideias e novidades importantes. Os benefícios também se acumulam baseado no que os alunos compartilham, assim como no que são capazes de encontrar nas mídias sociais. O aprendizado de mídia social vem do que você oferece, divulga ou compartilha, bem como do que você obtém por meio das suas conexões. O ato de escrever obriga as pessoas a exercitar seus pensamentos, transformando um conjunto de impressões e ideias, por vezes aleatórias, em uma narrativa coesa. Ao interagir dessa maneira, as pessoas aumentam a probabilidade de receberem feedbacks sobre suas ideias e suporte para o seu trabalho. Além disso, uma linha de tempo de postagens fornece um registro de anotações que podem ser pesquisadas mais tarde. Essa pode ser uma maneira rápida de garantir que as ideias não sejam esquecidas. O uso das mídias sociais também ajuda a consolidar a reputação profissional de uma pessoa. Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 7/15 A seguir, apresentamos algumas perguntas que você pode fazer ao considerar a estratégia de mídia social para seu ambiente de aprendizagem: • Que ferramentas de mídia social os alunos já utilizam e como podemos usá-las para propiciar aprendizagem? • Que ferramentas de mídia social estão disponíveis para que os alunos as explorem? • Quem são as pessoas que os alunos devem “seguir” ou das quais devem se tornar “amigos”? Quais ferramentas eles usam? • Quais são as melhores maneiras de ativar e promover interações assíncronas que oferecem suporte à aprendizagem? • Quais conversas on-line podem ser mais públicas (na internet) e quais precisam ser limitadas a ferramentas dentro da empresa (por razões de privacidade e segurança)? • Como podemos promover o uso das mídias sociais entre os alunos que têm pouca experiência com esse recurso de aprendizagem? • Que políticas de mídia social estão em vigor e foram desenvolvidas com a aprendizagem em mente? Liderando uma Comunidade de Aprendizes Quando você tem um grupo de alunos que já tem um relacionamento uns com os outros, apoiando sua aprendizagem contínua em um ambiente robusto; esse contexto pode ser um impulso real para a consolidação desse ambiente como comunidade de aprendizado. Através do design deste ambiente, você pode disponibilizar materiais adicionais, espaço para documentação compartilhada e novos canais de comunicação que serão bem-vindos e bem utilizados. A ferramenta de construção de comunidades mais importante é a conversa direta. Por essa razão, é fundamental abrir canais que permitam que na comunidade haja o envolvimento de uns com os outros. Esses canais podem ser diretos e eletrônicos: reuniões, comunicação de vídeo e áudio, fóruns de discussão, mensagens instantâneas e outros meios de interação de forma síncrona e assíncrona. Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 8/15 Pode ser importante ter, para seu ambiente de aprendizagem, um administrador de comunidade (ou uma equipe de consultoria) que assuma o papel de promover ativamente a interação e o compartilhamento entre os membros do grupo. Um administrador auxilia na construção de uma comunidade porque: • conhece os membros da comunidade um a um e se familiariza com seus projetos e necessidades de aprendizagem; • apresenta as pessoas umas as outras, especialmente quando elas têm necessidades ou projetos específicos em comum; • leva os membros da comunidade a publicar ideias, perguntas e recursos para o espaço da comunidade; • garante que os membros da comunidade respondam suas perguntas em tempo hábil; • convida especialistas para contribuições e interações; • compartilha histórias sobre o que os indivíduos da comunidade realizam; • estimula conversas entre membros da comunidade deliberadamente, publicando conteúdo provocativo ou convincente,fazendo perguntas interessantes e reunindo membros que trabalham em desafios semelhantes; • atenta para as necessidades emergentes da comunidade e, proativamente, encontra e cura recursos que podem ser úteis; • modera a experiência on-line, gerencia problemas técnicos; • obtém apoio de líderes, principais interessados e outros defensores necessários; • mede e informa os resultados da comunidade. Permitir que os alunos auxiliem no desenvolvimento do ambiente também ajudará a garantir seu sucesso. Ao envolver ativamente os alunos no planejamento e no ambiente, você aumenta, consideravelmente, as chances de que eles endossem os materiais e as atividades que você montou. Os alunos podem ajudar a marcar os melhores recursos e identificar aqueles que são inúteis ou se tornaram Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 9/15 desatualizados. Mais importante ainda: os membros da comunidade também podem ser autores dos artigos, folhas de dicas, vídeos e outros recursos de aprendizagem para a base de conhecimento compartilhado dessa comunidade. Quando um grupo de pessoas já tem relações umas com as outras, os aspectos sociais do ambiente de aprendizagem podem receber fortes críticas e os alunos podem responder bem a novas formas de interagir, especialmente quando o ambiente fornece conexão com especialistas. Por outro lado, pode ser mais difícil promover a atividade da comunidade quando os alunos têm apenas “laços tênues” entre si. Nesse caso, o designer deve ir além da construção da infraestrutura para a interação da comunidade. Se você simplesmente agrupar e/ou ordenar recursos, abrindo um fórum de discussão para alunos que ainda não têm uma relação de trabalho, não é provável que você obtenha sucesso, pelo menos não na geração de discussão entre alunos. Eles, provavelmente, não vão se conhecer a ponto de interagir efetivamente em um fórum público. É importante considerar, por exemplo, para que (ou para quem) você montou o ambiente de aprendizagem. Se você montou esse ambiente para apoiar o desenvolvimento do administrador, este, por vezes, pode deixar de perceber o potencial que existe em todos os que dependem uns dos outros neste processo. Você pode desenvolver um ambiente para os recém-chegados que mal se conheceram ainda. Ou o seu ambiente de aprendizagem pode ser direcionado a um grupo de usuários geograficamente dispersos que trabalham em diferentes organizações e indústrias, que não sabem quem são os usuários e não têm certeza se confiam uns nos outros. Nesses casos todos, você está a montar um Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 10/15 ambiente para atender às necessidades de um grupo de alunos que ainda não possui conexões profundas. Muitos teóricos advertem contra a tentativa de criar uma comunidade onde não exista interação, embora algumas organizações tenham tido sucesso nesse tipo de construção ao longo do tempo. O papel do administrador da comunidade é fundamental e todas as atividades descritas precisam ser implementadas de forma consistente. Estudo de Caso As pessoas são fundamentais para a aprendizagem. O design dos ambientes de aprendizagem não apenas propiciam as conexões entre as pessoas, como também, incentivam interações que promovem o aprendizado e o desenvolvimento. Para cada projeto de design de ambiente de aprendizagem, você precisará determinar as formas que têm mais impacto na promoção e no suporte à interação. Em alguns casos, esse trabalho será bastante fácil, na medida em que você aproveita os relacionamentos que já existem ou são simples de serem fortalecidos. Em outros projetos, no entanto, você pode precisar se esforçar para descobrir como incorporar mais componentes e pessoas de acordo com a sua visão. Embora relacionamentos sólidos de aprendizagem produtiva não possam ser criados à força, fornecemos uma base a partir da qual você pode começar a desenvolver suas estratégias para promover a aprendizagem social. Então, para isso, imagine uma empresa que necessite de um ambiente que propicie esse tipo de relação e que mantém filiais em várias partes do continente. Por onde começar? Quais serão as suas estratégias iniciais? Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 11/15 Saiba Mais Leia o artigo seguinte para aprofundamento do tema: “Redes sociais no processo de ensino e aprendizagem com a palavra o adolescente”. Disponível em <https://dspace.bc.uepb.edu.br/ xmlui/handle/123456789/13219>. Na ponta da língua https://dspace.bc.uepb.edu.br/xmlui/handle/123456789/13219 https://player.vimeo.com/video/244031783 Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 12/15 Referências Bibliográficas CAMPOS, D. M. de S. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1987. LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. NÉRICI, I. G. Didática: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1993. THOMAS, D., SEELY BROWN, J. A New Culture of Learning: cultivating the imagination for a world of constant change. Self-published, 2011. Programas de Desenvolvimento Formal, Treinamento, Tutoria, Acompanhamento e Evento de Aprendizagem entre Pares como Fatores Individuais, Relacionais e Organizacionais de Aprendizagem • 15/15 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 4. 1 Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 2/15 Objetivo de Aprendizagem • Reconhecer as possibilidades de ambientes de aprendizagem para os contextos acadêmicos. Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 3/15 Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos Os professores de ensino fundamental e os de ensino superior também estão sendo desafiados a pensar além do contexto de um curso ou currículo engessado. Em muitas áreas, a base de conhecimento e o conjunto de habilidades necessárias para garantir uma prática significativa, têm avançado em ritmo acelerado. Os professores reconhecem que precisam preparar os alunos para desenvolver e atualizar continuamente suas habilidades, mesmo que estejam no processo de aprendizagem das bases e práticas atuais. Várias outras influências direcionam os docentes a repensarem as abordagens tradicionais. Muitos desejam ter influência a longo prazo sobre a vida profissional de seus alunos e dos egressos. Eles se esforçam para criar o que Dee Fink (2013) chama de “experiências de aprendizado significativas”, que permanecem com os alunos e ampliam seu contínuo desejo de se lançar em um campo ou área de atuação. As experiências como as do fenômeno do MOOC (do inglês massive open online course, curso on-line aberto e massivo) enfatizaram a utilidade de uma comunidade de aprendizagem. Isso acontece se os alunos participam de programas tradicionais ou juntam créditos formais em uma missão curricular individual. Os professores que abraçaram a ideia de aprendizagem conectada, educação aberta e MOOCs conectivistas,continuam explorando maneiras de construir nos alunos habilidades de aprendizagem do século 21, ajudando-os a aproveitar melhor a web e construir Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 4/15 suas redes, de maneira que se apoie a aprendizagem e os coloque em condições de cocriar os conhecimentos e as habilidades necessárias para o futuro. Por todas essas razões, os membros do corpo docente procuram formas de dar acesso aos alunos, a materiais de referência, de ajudá-los a construir conexões profissionais de longo prazo e apoiá-los no desenvolvimento de habilidades de aprendizagem ao longo da vida. Esses ambientes podem ser uma maneira de alcançar esses fins. Aplicações Acadêmicas para Ambientes de Aprendizagem Tal como no ambiente corporativo, existem várias formas de conceber os ambientes de aprendizagem. Nos temas anteriores, abordamos as trocas de conhecimento, os portais de aprendizagem e os atores envolvidos nesse processo. Esses podem ser adaptados para uso no contexto acadêmico, embora possam ser mais bem conceituados no nível de departamento do que no nível de curso, para incluir uma maior variedade de materiais a um grupo de alunos em maior potencial. Quadro 16.1 – Interpretações acadêmicas de estratégias de ambiente de aprendizagem Estratégias Possibilidade de Interpretações Acadêmicas Centro de aprendizagem compartilhada Oferecer aos alunos materiais extras para exploração e prática. Orientar os alunos a continuar sua aprendizagem além do curso. Troca de conhecimento Aproveitar a experiência que os alunos trazem para seus estudos sobre um assunto específico. Solicitar aos alunos que compartilhem seus projetos e experiências para que os outros usem como recursos de aprendizagem. Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 5/15 Portal de aprendizagem Contextualizar um currículo e compartilhar recursos adicionais para a aprendizagem dos alunos. Ajudar os alunos a entender a conexão de cada curso com uma estratégia geral para desenvolver conhecimentos ou habilidades. Colaboratório Fornecer um espaço em que os alunos possam trabalhar na vanguarda dos seus campos, aplicando o que aprendem para criar novas abordagens, estruturas ou teorias. Fonte: adaptado de Campbell (2014). Os conceitos de design de ambiente de aprendizagem também podem ser aplicados a outras estratégias emergentes no ensino superior, conforme descrito nas subseções a seguir. Curso Conectado Um ambiente de aprendizagem pode ser uma forma de organizar um curso de base construtivista centrado no aluno. Seu objetivo seria dar-lhes acesso a uma ampla gama de materiais e atividades sobre um tópico e conectar alunos e especialistas como forma de criar um ambiente rico para a exploração e discussões orientadas. Os próprios alunos definem e ajustam seus objetivos de aprendizagem e determinam em quais atividades eles querem se envolver. Os cursos conectados são realizados on- line e, muitas vezes, incluem pessoas que não estão realizando o curso. Estas Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 6/15 podem ser aprendizes interessadas e pensadores ou praticantes da área em questão. Os docentes e designers de cursos conectados começam por curar recursos em uma variedade de formatos que podem ser o fundamento da exploração de um determinado tópico ou habilidade. Eles configuram sistemas que conectam aprendentes uns aos outros e sugerem uma variedade de atividades práticas que desafiam os alunos a compartilhar seus conhecimentos e habilidades para que os outros comentem e aproveitem sua própria aprendizagem. Eles também convidam os líderes de pensamento e os autores a compartilhar suas perspectivas em conversas abertas. Gartner Campbell (2014) descreveu essa abordagem como foco de “atenção conjunta” em um tópico específico. Os aprendentes e os facilitadores trazem à mesa recursos e ideias e, em seguida, cada membro do grupo usa aquelas que são confiáveis e úteis. A avaliação em tais cursos (quando necessário) é frequentemente baseada em materiais que os alunos produzem, seja através de uma apresentação, mostrando o que eles aprenderam, seja mediante projetos que apliquem os conhecimentos a um determinado problema prático. Site de Desenvolvimento de Força de Trabalho Alguns programas acadêmicos são desenvolvidos com o propósito de preparar os alunos para um emprego específico ou para o mercado de trabalho. Uma faculdade ou universidade pode lançar um site de desenvolvimento de força de trabalho para a iniciativa específica de auxiliar os alunos na sua preparação, além de completar um currículo definido. O site pode ser projetado para aumentar o interesse no Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 7/15 programa, enriquecer a experiência do aluno ou encorajar a aprendizagem contínua e o desenvolvimento de habilidades. Conectar estudantes uns aos outros e aos empregadores também é importante, o que pode ser considerado uma estratégia de sucesso. Site de Recursos de Conhecimento O papel de um estudioso é aprofundar nosso conhecimento em um cenário particular, e os membros do corpo docente, às vezes, podem se decepcionar com o alcance de seu trabalho. Embora um de seus objetivos seja disseminar o conhecimento, o trabalho que eles fazem é, frequentemente, disponibilizado apenas para seus próprios alunos, leitores de revistas acadêmicas e colegas pesquisadores. Para influenciar a prática e continuar a enriquecer o conhecimento dos alunos que atravessam seus caminhos, os professores também podem projetar sites que servem como ambientes de aprendizagem para sua base de conhecimento e pesquisas. Em um site pessoal ou em um site dedicado ao tema de interesse, os membros do corpo docente podem curar uma variedade de recursos e atividades para colegas, estudantes e outras pessoas interessadas. Webpages ricas em conteúdo, listas de referências, artigos, links com curadoria, materiais multimídia, postagens em blog e feeds podem ser agrupados como recursos valiosos. O docente também pode oferecer “salas” à moda antiga, novos “hangouts” ou webinars para ter conversas mais abertas sobre seu trabalho e interesses. Colaborar em tal site com outros estudiosos pode ser gratificante e impactante. Open Wiki Os membros da faculdade também podem incentivar os alunos a contribuir e a atualizar continuamente um ambiente de aprendizagem sobre um determinado tópico (ou habilidade). Este pode ser hospedado em um site de Wiki ou em um site mantido por professores e alunos de forma contínua. Semelhante à aplicação do site de conhecimento, um wiki serviria como um recurso contínuo, mas seria construído por estudantes e, constantemente, atualizado por aulas sucessivas até que se torne a referência favorita aos usuários. Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 8/15 Site de Serviços para Estudantes Além de ambientes de aprendizagem ligados ao conteúdo e às habilidades relacionadas às várias disciplinas acadêmicas, os ambientes de aprendizagem também podem ser úteis como serviços de apoio acadêmico e recursos de desenvolvimento de estudantes. Os sites podem ser imaginados para práticas de estudo, planejamento de carreira, pesquisa de emprego, desenvolvimento de liderança estudantil, orientação para o primeiro ano, programas de “livros”, aconselhamento acadêmico e muito mais. Esses ambientes podem ter componentes on-line e off-line que gerem interesse, reúnam pessoas e forneçam recursos. Componentes em Ambientes Acadêmicos A estruturação do design do ambiente de aprendizagem pode ser descrita por seis categorias de componentes: • Recursos; • Pessoas; • Treinamento e educação; • Práticas de desenvolvimento; Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 9/15 • Práticas de aprendizagem experiencial; • Motivação do aluno e autodireção. Essas categorias são consideradas importantes e úteis no design de ambientes no contexto acadêmico.Motivação e Autodireção do Aluno A motivação do aluno e a autodireção sustentam o sucesso de um ambiente de aprendizagem. Os alunos, frequentemente, vêm a programas acadêmicos motivados mais para obter uma credencial, ou um certificado, do que para aprender, necessariamente, fundamentos e habilidades desenvolvidos em cursos específicos. E, apesar do fato de termos evoluído várias décadas com a revolução digital, muitas vezes, eles ainda esperam por abordagens educacionais tradicionais, estruturadas por um professor. Os professores e designers de cursos que desejam usar a abordagem de ambientes de aprendizagem (híbrida) devem incorporar materiais e atividades especificamente projetados a promover a motivação do aluno. E eles devem usar a abordagem como forma de “andaime”, ensinando aos alunos a gerenciar seus próprios processos de aprendizagem. As pessoas se motivam a aprender quando entendem como a aprendizagem será aplicada na prática, valorizando, assim, os resultados. A aprendizagem contextualizada é sempre crucial, mas não mais do que quando se trabalha com alunos que podem ter pouca experiência na qual basear sua compreensão a respeito das possibilidades de aplicação. Muitas vezes, é importante convidar aqueles que fazem o trabalho de compartilhamento de experiências e inspiração dos alunos. Vídeos, convidados e seleção cuidadosa de leituras podem fornecer essa centelha para os estudantes. Uma vez que os alunos estejam interessados, eles podem esperar que o professor lhes diga o que precisam saber e dar instruções e critérios claros para aprender. Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 10/15 Para desenvolver as habilidades de aprendizagem do século XXI e a capacidade de aprender continuamente durante toda a vida, considerando as mudanças constantes, os professores podem conceber estratégias que encaminhem os alunos por um processo que pode ser, mais tarde, acionado como uma estratégia autodirigida. A sugestão de trilhas de aprendizagem, a criação de estruturas fluidas, o fornecimento de exemplos e a facilitação da cocriação de resultados e a colaboração dos alunos em critérios de qualidade são apenas algumas das estratégias de “andaime” que podem ser imaginadas. Estudo de Caso Uma instituição de ensino superior vem revisitando seu ambiente virtual de aprendizagem. A proposta é estudar com os designers instrucionais e docentes as novas possibilidades de ferramentas de aprendizagem que podem ser disponibilizadas para os alunos. Como estratégia inicial, o grupo resolveu mapear o perfil dos alunos matriculados nos últimos três anos, a quantidade de acesso e os recursos mais utilizados. Diante desse contexto, quais seriam os próximos passos para que a equipe possa prosseguir no planejamento de um novo ambiente de aprendizagem que atenda às necessidades dos alunos? Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 11/15 Saiba Mais Leia, para aprofundamento do tema, ambos os textos sugeridos a seguir: “Redes Virtuais de Aprendizagem na Sociedade e na Pesquisa”. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/ viewFile/1518-2924.2008v13n25p55/847>. “As possibilidades das redes de aprendizagem”. Disponível em: <http://www2.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/ tecnologias_eduacacao/redes_aprendizagem.pdf>. Na ponta da língua http://www2.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_eduacacao/redes_aprendizagem.pdf https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/1518-2924.2008v13n25p55/847 Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 12/15 Referências Bibliográficas CAMPBELL, G. Why I Teach. Gardner Writes (blog), sept. 2014. Disponível em: <www.gardnercampbell.net/blog1/?p=2394>. Acesso em: 18 dez. 2017. FINK, L. D. Creating Significant Learning Experiences. 2nd ed. San Francisco: Jossey- Bass, 2013. LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. ATIVIDADES DE AUTOESTUDO a) b) c) d) Curso conectado, motivação e autodireção do aluno, site de serviços para estudantes. Open Wiki, componentes de ambientes acadêmicos, aula expositiva. Site de relacionamento, site de cobrança e cadastro financeiro. Curso conectado, site de cobrança e site de serviços para estudantes. 1. São consideradas estratégias de aprendizagem emergentes para o ensino superior: Ambientes de Aprendizagem em Contextos Acadêmicos • 15/15 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 4. 2 Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 2/18 Objetivo de Aprendizagem • Conhecer os principais recursos para enriquecer os processos de ensino e aprendizagem em ambientes de e-learning. Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning Encontrar recursos para enriquecer o aprendizado dos alunos parece tarefa fácil. Os professores, muitas vezes, deixam de fora muitas leituras importantes quando Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 3/18 organizam os planos do curso. No entanto, curar esses recursos é uma tarefa fundamental e trabalhosa, uma vez que a preocupação está em identificar aqueles que são mais legíveis e confiáveis, aqueles que suscitam interesse e debate, e aqueles que você deseja que as pessoas acessem. Ou seja, a tarefa se torna fácil caso não exista preocupação com a qualidade dos recursos ofertados. Também é importante olhar além das fontes acadêmicas para encontrar recursos adicionais, como periódicos que focalizem a prática, webinars gravados e postagens em blog, que, geralmente, podem entusiasmar estudantes e jovens profissionais mais do que o próprio material acadêmico. Pessoas No atual contexto, a geração de alunos que recebemos nas instituições de ensino apresenta necessidades diversas para aprender. Uma vez que os estilos de aprendizagem são diferentes, eles preferem receber os conteúdos também de variadas formas, como vídeo, imagem, texto e som. Muitos querem material multimídia, razão pela qual é uma boa ideia diversificar os tipos de recursos que você cura para o seu ambiente. Imagine os temas que os alunos podem preferir acompanhar diante de uma variedade de opções para aprofundamento dos estudos. Forneça links para outros portais que oferecem recursos na área de conhecimento (e áreas relacionadas) em específico para ajudar os alunos a explorarem o que está disponível. Anotar e categorizar os recursos também ajudará os alunos a encontrarem o que procuram para ampliar seu aprendizado em determinadas linhas de estudo. Promover o crescimento das redes profissionais nem sempre é tarefa fácil, tendo em vista o contexto em desenvolvimento. É possível identificar as pessoas que os alunos devem seguir e fornecer links de mídia social para especialistas que propiciam discussões on-line. Isso dá aos alunos uma oportunidade real de se conectarem com as conversas atuais do ramo. É possível também, disponibilizar uma plataforma através da qual os alunos podem se conectar uns aos outros, mesmo fora de seu tempo de formação. Oportunidades para trabalhar com outros em projetos com especialistas específicos proporcionam conexões valiosas para seus alunos e uma rica troca de saberes. Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagemem Ambientes de E-learning• 4/18 Possibilitar esta troca estabelecendo relações sociais entre pares, de forma presencial ou virtual, é uma das formas de relacionar as teorias de aprendizagem, seus estilos e as ferramentas de informação e comunicação contemporâneas. Para ampliar as possibilidades de aprendizagem dos alunos, é importante conhecer e interagir com o contexto no qual estão inseridos, tornando a aprendizagem significativa e eficiente. Treinamento e Educação É possível destacar os cursos que você e seus colegas ministram. Para um estudo prolongado, você pode recomendar um curso em outra faculdade ou universidade, ou cursos gratuitos estruturados, como os MOOC's, por exemplo. Você também pode indicar seminários e workshops que sejam oferecidos por especialistas na área, e, no caso de serviços de apoio acadêmico e desenvolvimento de alunos, você pode incluir programas de treinamento e educação como parte dele. Práticas de Desenvolvimento Em ambientes corporativos, a categoria de práticas de desenvolvimento refere- Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 5/18 se a programas e atividades planejadas e lideradas por gerentes da empresa. Em um contexto acadêmico, você pode considerar listar as oportunidades que pode oferecer, as quais ajudarão a desenvolver o conhecimento e as habilidades dos alunos. Trabalhar em um projeto de pesquisa, participar de discussões de livros, participar de estágios com treinamento de professores e supervisão, reunir socialmente os estudantes para criar redes, todas essas ações são possibilidades para esta categoria. Exigir ou apoiar os alunos na criação de um portfólio é outra forma de ajudá-los a unir o espaço entre o estudo e a prática acadêmica. Práticas de Aprendizagem Experiencial Aprendizagem baseada em problemas, projetos de recursos reais e outros trabalhos práticos podem dar aos alunos uma experiência real que solidifica seu aprendizado. Os estudantes, geralmente, relatam que essas atividades estão entre aquelas que consideram mais valiosas durante a faculdade. Além de oferecer experiências, ajudam os alunos a perceber o seu sentido, processando e refletindo sobre o que aprenderam e sobre o modo como podem aplicar isso em futuros empreendimentos. Certifique-se de oferecer os meios pelos quais os alunos podem começar a avaliar seu próprio sucesso na implementação das práticas de sua profissão. As listas de verificação de qualidade, os processos e formulários de automonitoramento, os guias de observação e outros suportes oferecem aos alunos uma maneira de verificar, na prática, o que aprenderam. Existem muitas sugestões sobre o encaminhamento das práticas de ensino superior. Parece existir um consenso em torno da necessidade de preparar os graduados para a aprendizagem da vida e a produtividade, para a aprendizagem de uma comunicação eficaz, para o pensamento crítico, a tomada de decisão ética, a pesquisa e habilidades de aprendizagem autodirigidas, e também, um conjunto de conhecimento e habilidades profissionais específicos. O desenvolvimento desses fatores pode ocorrer por meio de estruturas de curso que oferecem mais aplicação de atividades do que de testes de conhecimento, por exemplo. Em vez de ter uma média de nota como prova de aprendizado na estrutura da Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 6/18 faculdade, estudantes e empregadores podem, na verdade, querer ver portfólios de resultados e provas de desenvolvimento de habilidades específicas. Além das formas que a faculdade adota e ajusta as práticas de ensino ativo, uma estratégia que apoie a aprendizagem contínua e o desenvolvimento de uma rede de especialistas e colegas será sempre bem-vinda. O design de ambiente de aprendizagem é uma estratégia que pode ser concebida e implementada por membros do corpo docente individualmente (ou um pequeno grupo de colegas) sem que se espere por uma mudança completa na forma como o ensino superior é “embalado e entregue”. O Futuro da Aprendizagem Parte do que torna o trabalho com desenvolvimento e aprendizagem tão emocionante é o fato de que se trata de um campo em constante mudanças, tendo em vista as novas tecnologias, os desafios e as oportunidades que emergem todos os dias em contextos corporativos de ensino superior. Quando você combina mudanças nas abordagens de aprendizagem com mudanças no mundo em geral, você ganha um campo dinâmico e fascinante para o trabalho. Há uma série de tendências e desafios no local de trabalho e na educação que manterão os profissionais de aprendizagem na zona de desconforto nos próximos anos. Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 7/18 Duradoura instabilidade no ambiente de negócios Os líderes empresariais enfrentam ambientes que passam por constante mudança, influenciados pelo mercado, pelas oportunidades, pelas pressões globais, pelos dados demográficos cada vez mais diversificado de mão de obra, pela expansão e mudança de plataformas e ferramentas tecnológicas e pela incerteza política e regulatória. Essas forças também afetam a estratégia de aprendizagem. Essas rápidas mudanças requerem aprendizagem na modalidade on-line, e o design de ambientes virtuais de aprendizagem deve aprender a prever as necessidades de desenvolvimento de competências e, o mais rápido possível, responder com recursos que tenham passado por curadoria. Os provedores de educação também precisam ser mais sensíveis a essas necessidades de mudanças. Velocidade abrupta de mudança e explosão de informações disponíveis É praticamente impossível acompanhar as transformações contemporâneas. Os funcionários precisam, desesperadamente, de estratégias para filtrar informações e adotar mudanças que os ajudem a permanecer focados na tarefa em questão. A colaboração, nesse contexto, é peça-chave, tendo em vista que os funcionários podem compartilhar o que acham importante e ajudar uns aos outros a se manterem atualizados. Designers de ambientes de aprendizagem virtual podem apoiar os esforços dos funcionários, fornecendo ferramentas e “consultores de aprendizado”. Na preparação acadêmica de carreiras, alguns conhecimentos passam a ser desatualizados, mesmo antes de os alunos se formarem, de modo que desenvolver a capacidade de aprender continuamente torna-se cada vez mais indispensável. Compreensão gradativa de que o atual desempenho dos funcionários depende de um trabalhador conectado e colaborativo Os funcionários precisam de redes fortes dentro e fora de suas organizações e devem aprender a colaborar, efetivamente, tanto no local de trabalho (físico) Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 8/18 quanto em locais geograficamente distantes. A aprendizagem social informal e a capacidade de usar a tecnologia para se conectar a recursos e pessoas, conforme necessário, tornam- se habilidades essenciais. As organizações continuam a encontrar formas de conectar os funcionários através de sistemas de aprendizagem e desempenho social, e elas utilizam cada vez mais os smartphones e tablets (ou criam políticas para utilização de seus próprios dispositivos) que permitam o acesso eletrônico imediato ao suporte de desempenho e às comunicações de qualquer lugar, a qualquer momento. Os recursos de aprendizagem precisam ser conectados, colaborativos e portáteis. Aumento do interesse e do empenho na aprendizagem móvel Uma outra implicação do trabalho conectado e colaborativo é o reconhecimento de que, em muitas situações, os alunos têm a mesma probabilidade de acessar recursos de aprendizagem tanto em um smartphone ou tablet, quanto em um computador desktop. As empresas podem até se interessar mais por criar aplicativos corporativos personalizados de aprendizagem e de suporte Recursos para Enriquecer os Processosde Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 9/18 ao desempenho. Os recursos de aprendizagem precisam ser acessíveis e utilizáveis em dispositivos menores e em curtos períodos de tempo. Os projetos de aprendizagem que exigem maior investimento de tempo também podem ser realizados por dispositivos móveis e acompanhamento móvel e materiais de apoio. Ampliação da atenção à aprendizagem customizada, personalizada e adaptativa Embora esses termos, a princípio, possam ter significados diferentes, todos eles se concentram em uma visão mais centrada no aluno, nas formas de aprendizagem, na entrega de materiais aos alunos, considerando-se prazos apropriados. Um ambiente de aprendizagem evolui, possibilitando aos alunos, controle sobre os recursos que eles selecionam. Tecnologia em constante evolução Qualquer olhar para o futuro deve tentar antecipar como as tecnologias mais recentes podem auxiliar o aprendizado e o desempenho dos alunos. Entre os itens que emergem imediatamente a esta escrita, estão a tecnologia portátil, a internet e a impressão em 3D. Os designers já iamginam como tornar o acesso aos recursos ainda mais eficientes com computadores portáteis e dispositivos especializados. O movimento Internet of things considera como a conexão de fluxos de dados de fontes separadas pode tornar a tomada de decisões mais fácil (ou mesmo desnecessária à medida que os algoritmos processam dados e respondem em conformidade). A impressão tridimensional pode tornar mais fácil a criação de recursos físicos, permitindo a elaboração de objetos/recursos exclusivos para a aprendizagem. Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 10/18 Além dessas áreas emergentes, os avanços na aprendizagem móvel são uma tendência contínua, que exige menos bytes no suporte à aprendizagem em plataformas que oferecem telas menores. Todas essas possibilidades que se abrem para novos recursos e atividades de ensino podem ser incorporadas em um ambiente de aprendizagem. Continuação do compromisso com a medição dos resultados Tanto os empregadores quanto os funcionários estão interessados em garantir os resultados do investimento em aprendizagem. Pode haver mais interesse nas estratégias de “badging” (que registram habilidades e capacidades) do que no credenciamento acadêmico, o que, por si só, provou ser um indicador de fundamentação de conhecimento e habilidades (formação) não confiável. Para a medição de resultados em ambientes de aprendizagem, portanto, pode ser preciso desenvolver estratégias para que os alunos registrem a construção de habilidades ao longo do próprio caminho. Aprofundamento do foco no envolvimento e no engajamento dos indivíduos Os empregadores entendem o valor de ter colaboradores envolvidos, razão pela qual têm instituído políticas e práticas no local de trabalho que apoiam o engajamento. Ser capaz de aprender e se desenvolver no trabalho, geralmente representa grande parte das ações que faz os funcionários se envolverem e se engajarem em algum propósito. Por essa razão, a estratégia de aprendizagem é fundamental para o engajamento dentro de uma organização. É importante que os funcionários sejam imediatamente atualizados quando começam um trabalho e que sejam apoiados a continuarem aprofundando sua base de conhecimentos e habilidades, tanto de forma independente quanto em colaboração com outros. Continuação do foco na análise Os líderes de aprendizagem devem entender as análises e trabalhar para definir medidas apropriadas, proativas e impactantes que apoiem a tomada Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 11/18 de decisões e o planejamento, muito além do simples relatório de atividades e resultados. O uso de dados para personalizar recomendações de aprendizado é muito importante. Diminuição da vontade de investir no desenvolvimento dos funcionários Os empregadores, constantemente, querem contratar pessoas que já sejam qualificadas para o trabalho e não querem pagar pelo desenvolvimento de funcionários que os torne mais rentáveis a outros empregadores. Isso coloca os funcionários na posição incômoda de ter de gerenciar seu próprio desenvolvimento, sem, necessariamente, ter recursos financeiros ou tempo para fazê-lo. Nesse contexto, as organizações precisam apoiar os funcionários, fornecendo orientação para o autodesenvolvimento, especialmente daqueles que custam pouco ou quase nada em moeda real. Promover ambientes de aprendizagem pode ser uma maneira robusta, mas barata de propiciar o desenvolvimento dos funcionários. Aumentando o investimento em desenvolvimento do líder Os empregadores veem o desenvolvimento do líder como uma necessidade fundamental, sendo a única área na qual eles estão dispostos a investir tempo e recursos. Eles esperam garantir o futuro da organização e estimular o compromisso do líder a longo prazo, assegurando o desenvolvimento contínuo desses profissionais. O seu desenvolvimento requer aprendizagem experiencial e outras estratégias não formais de aprendizagem no trabalho. Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 12/18 Estudo de Caso Uma instituição de ensino contratou um designer instrucional para planejar e desenvolver um ambiente virtual de aprendizagem juntamente com a sua equipe pegagógica. Na reunião inicial, o profissional em questão apresentou diferentes recursos para enriquecer os processos de ensino e aprendizagem em ambientes de e-learning. Um dos recursos, evidentemente, foi a tecnologia em constante evolução, tendo apresentado o uso da impressão 3D e de projetos que envolvem inteligência artificial. Nesse contexto, percebeu que alguns educadores conheciam pouco sobre essas tecnologias. Diante do exposto, o designer levantou os seguintes questionamentos: • Quais são os recursos tecnológicos utilizados pelos alunos da instituição? • Como podemos pensar em um ambiente e-learning com base nesses recursos? • Como vamos atender às necessidades individuais e coletivas dos alunos, respeitando os estilos de aprendizagem e também a concepção teórico- pedagógica estabelecida nos projetos pedagógicos da instituição? Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 13/18 Saiba Mais Leia os artigos seguinte para aprofundamento do tema: “Impressão 3D e o desenvolvimento de produtos educacionais”. Disponível em: <https://bit.ly/3IQYAla> “INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, BLENDED LEARNING E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: contribuições da IA na aprendizagem on-line a distância.” Disponível em: <https://bit.ly/3g7DItR> Na ponta da língua https://www.researchgate.net/publication/331451816_Impressao_3D_e_o_desenvolvimento_de_produtos_educacionais https://www.uemanet.uema.br/revista/index.php/ticseadfoco/article/view/428 Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 14/18 Referências Bibliográficas LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. Recursos para Enriquecer os Processos de Ensino e Aprendizagem em Ambientes de E-learning• 18/18 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Ensino Superior e E-Learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 4. 3 Ensino Superior e E-Learning • 2/15 Objetivo de Aprendizagem • Reconhecer tendências e estratégias de e-learning para o ensino superior. Ensino Superior e E-Learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Ensino Superiore E-learning As tendências contemporâneas afetam as pessoas que trabalham em ambientes de ensino superior, mudando o valor dos programas de graduação e diminuindo a confiança nas faculdades e universidades na preparação dos trabalhadores para o mercado de trabalho. Não está claro onde esperamos que os funcionários desenvolvam as habilidades de que necessitam se não através de programas acadêmicos. Novos sistemas de desenvolvimento de força de trabalho podem entrar em jogo, e há uma série de opções na mesa a serem observadas, como o uso crescente de badging, educação baseada em competências, que se Ensino Superior e E-Learning • 3/15 concentra na validação de habilidades específicas adquiridas, de programas de certificação de fornecedores respeitáveis e instituições acadêmicas, aprendizagens com profissionais líderes ou independentes da indústria e estratégias de orientação e coaching. Os designers instrucionais nas universidades estão sob pressão para demonstrar o valor das metas e resultados educacionais. A educação já se trata de transmissão de conhecimento, mas sim de desenvolvimento de habilidades ao longo da vida, embora ambos sejam importantes. Isso tem implicações para o design do curso, pois os educadores procuram criar atividades de aprendizagem relevantes e desafiadoras para garantir resultados educacionais com impacto de longo prazo, tendo em vista as exigências legais para o desenvolvimento de cursos voltados para o ensino superior e as exigências do mercado para o desenvolvimento de competências que atendam às necessidades na área de trabalho. O ensino baseado em desenvolvimento de habilidades e competências vem ganhando força nas discussões entre os educadores. Competências técnicas, essenciais e também competências socioemocionais fazem parte da maioria dos projetos pedagógicos dos cursos de graduação, por exemplo. Competências, de acordo com Perrenoud (1999, p. 7), correspondem à “capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”. Para Fleury e Fleury (2001, p. 184) “competência é uma palavra do senso comum, utilizada para designar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa”. Moretto (2009) a define como a capacidade do sujeito de mobilizar recursos para abordar e resolver situações complexas. Ensino Superior e E-Learning • 4/15 As competências, enquanto ações e operações mentais, articulam conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, constituídos de forma conjugada e mobilizados em realizações profissionais com padrões de qualidade requeridos, normal ou distintamente, das produções de uma área profissional; em síntese, a realização competente tem nela agregados saberes cognitivos, psicomotores e socioafetivos (Brasil, 2000, p. 10)." O desenvolvimento de competências tornou-se fundamental a partir do momento em que as discussões acerca da educação passaram pela necessidade de articulação entre teoria e prática, como também, pela necessidade de transferir os conhecimentos adquiridos para a prática por meio de problematizações. Dessa forma, muitos pesquisadores dividem as competências em três domínios: • Cognitivo: envolve estratégias e processos de aprendizado, criatividade, memória, pensamento crítico. • Intrapessoal: tem relação com a capacidade de lidar com emoções e moldar comportamentos para atingir objetivos. • Interpessoal: envolve a habilidade de expressar ideias, interpretar e responder aos estímulos de outras pessoas. Cognitivo Intrapessoal Interpessoal Philippe Perrenoud (1999, p. 3), relaciona as propostas pedagógicas baseadas em competências com as teorias construtivista e interacionista ao afirmar o seguinte: fonte: a autora Ensino Superior e E-Learning • 5/15 Para desenvolver competências é preciso, antes de tudo, trabalhar por problemas e projetos, propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos e, em certa medida, completá-los. Isso pressupõe uma pedagogia ativa, cooperativa, aberta para a cidade ou para o bairro, seja na zona urbana, seja na zona rural. Os professores devem parar de pensar que dar aulas é o cerne da profissão. Ensinar, hoje, deveria consistir em conceber, encaixar e regular situações de aprendizagem, seguindo os princípios pedagógicos ativos e construtivistas. Para os professores adeptos de uma visão construtivista e interacionista de aprendizagem, trabalhar no desenvolvimento de competências não é uma ruptura." A educação baseada em competências é uma tendência dos cursos de educação básica e superior e uma necessidade do próprio mercado de trabalho. Aprendizado contextualizado Para aprofundar a aprendizagem e melhorar a retenção de conhecimentos e habilidades desenvolvidos em um programa de graduação, os instrutores de ensino superior estão cada vez mais investindo em atividades contextualizadas. Essa necessidade requer o desenvolvimento de atividades de aplicação profundamente envolventes, e também, maiores parcerias entre escolas e empresas. Recursos educacionais abertos A integração de recursos abertos baseados na internet é necessária, pois o conteúdo dos cursos continuam a crescer, especialmente porque o ressentimento de usuários aprofunda a utilização de firewalls caros, que envolvem materiais publicados, e há preocupação com os custos de livros didáticos para estudantes e com os custos de serviços de assinatura em bibliotecas. Tal como seus colegas corporativos, os acadêmicos reconhecem que a qualidade dos recursos abertamente disponíveis na web torna muito mais fácil a compilação de materiais de leitura personalizados. A capacidade de um designer de encontrar, filtrar e curar materiais passa a ser mais importante. Ensino Superior e E-Learning • 6/15 Aprendizagem aberta e domínio próprio Mais instrutores de educação superior têm encontrado utilidade ao exigir que os alunos compilem seus assets de aprendizagem fora de um sistema de gerenciamento de curso fechado, para que eles possam continuar acessando as redes já trabalhadas e os materiais que criaram, mesmo após a formatura. Trata-se de uma oportunidade de acompanhar os egressos. Encorajar a aprendizagem aberta e conectada também prepara os alunos de forma mais eficaz para a aprendizagem autodirigida ao longo da vida. Implicações Para proporcionar valor neste tipo de ambiente, os profissionais que aprendem precisam expandir seu alcance e auxiliar a aprendizagem em todas as suas formas. Desenvolver uma compreensão aprofundada de aprendizagem social, aprendizagem informal, práticas de aprendizagem ponto a ponto, suporte ao desempenho, aprendizagem experiencial, culturas de aprendizagem organizacional e abordagens semelhantes permite que os profissionais da aprendizagem Ensino Superior e E-Learning • 7/15 elaborem estratégias abrangentes que utilizem o que já está disponível no ambiente para auxiliar na aprendizagem contínua. Essa abordagem de apoio à aprendizagem requer novas habilidades: conhecimento de internet, recursos de rede e colaboração, perspicácia empresarial, conforto com a tecnologia em gradativa mudança e habilidades de consultoria e influência, por exemplo. Os profissionais de aprendizagem precisam gerenciar seu próprio desenvolvimento exatamente da forma como todos os alunos devem gerenciá-lo, encontrando os recursos certos, seguindo os líderes, colaborando com colegas. Os papéis valorizados no espaço de aprendizagem e desenvolvimento também estão mudando. Os especialistas preveem que as organizações valorizarão os treinadores de aprendizagem (learning coaches), pessoas que podem ajudar os outros a solidificar os objetivos de aprendizagem e encontrar recursos adequados, além de, efetivamente, aplicar a aprendizagem no local de trabalho. Trata-se de um papel mais personalizado, mais pessoal, do que o que vimos no passado. Os profissionais de aprendizagem precisam ser curadores eficazes,tanto quanto designers e facilitadores eficientes. A capacidade de construir relacionamentos, promover a aprendizagem no trabalho e identificar recursos de qualidade também será necessária para ser bem-sucedido no emergente ambiente de e-learning. O Papel dos Ambientes de Aprendizagem O design de ambientes de aprendizagem, ou outras abordagens que são igualmente abrangentes e diversificadas, tornam-se o futuro das estratégias de ensino. A habilidade que um defensor da aprendizagem tem de localizar recursos relevantes e orientar os alunos para se envolverem com pessoas e atividades que os ajudem a progredir pode ser mais útil do que sua habilidade de projetar um curso efetivo. Ensino Superior e E-Learning • 8/15 Embora os programas formais não estejam de partida, eles são apenas o início do aprendizado, ou seja, uma maneira de fundamentar conceitos e habilidades essenciais que podem ser infinitamente construídos com base no surgimento de conhecimentos e práticas, tendo em vista as mudanças no ambiente de trabalho. Durante o percurso que estabelecemos nesta disciplina, procuramos socializar quadros e conselhos de processos para a criação de ambientes de aprendizagem. Os processos de imaginar, encontrar, curar, montar e cultivar esses ambientes envolvem e se alinham com a natureza viva, estando, portanto, em constante evolução. Se você promove um centro de aprendizagem combinada (ensino híbrido), a troca de conhecimentos, um portal de recursos de aprendizagem, um colaboratório ou alguma aglutinação ou nova forma de ambientes, os conceitos discutidos nesta disicplina poderão auxiliar a fundamentar seu trabalho e criar uma estratégia significativa. Ensino Superior e E-Learning • 9/15 Mesmo que a capacidade de transferir, instantaneamente, conhecimentos e habilidades se aperfeiçoe mediante, por exemplo, microchips implantados em nossos cérebros, o aprendizado sempre será tão necessário para a vida quanto é a respiração. A era digital nos proporciona acesso a conhecimentos historicamente adquiridos, pessoas, práticas emergentes, novas ideias, ferramentas incríveis e muito mais, o que promete ajudar-nos a acompanhar um mundo que evolui minuto a minuto. Os líderes de aprendizagem podem oferecer um apoio significativo ao ajudar os funcionários a acessarem os melhores recursos e colaborarem uns com os outros para aprender e revisar as práticas de trabalho todos os dias. O plano de ambiente de aprendizagem ajuda você a conceituar e comunicar suas sugestões de suporte em locais de trabalho modernos e dinâmicos. Estudo de Caso Pensar em ambientes de aprendizagem para o ensino superior já se tornou uma prática constante dentro das instituições que necessitam acompanhar toda Ensino Superior e E-Learning • 10/15 a evolução social e tecnológica por que passamos. Para tanto, uma instituição de cursos técnicos iniciou um debate sobre a importância do planejamento pedagógico baseado em competências. Enquanto alguns profissionais discutiam a necessidade de desenvolverem competências técnicas de área para o mercado de trabalho, outros defendiam o estudo de competências socioemocionais como a grande necessidade da educação contemporânea. O que devem fazer? Como iniciar o desenho deste planejamento pedagógico? Saiba Mais Pensadores na Educação: Perrenoud e o desenvolvimento de competências Disponível em: < https://youtu.be/lYvoCDRCfOw > Ensino Superior e E-Learning • 11/15 Na ponta da língua Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Educação profissional: referenciais curriculares nacionais da educação profissional de nível técnico. Brasília, 2000. 19 v. FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afonso. Construindo o conceito de competência. Revista administração contemporânea, Curitiba, ed. especial, 2001. LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. Ensino Superior e E-Learning • 12/15 MORETTO, Vasco. Resolvendo situações complexas: avaliação do desempenho escolar focado no desenvolvimento de competências/habilidades. Revista Aprendizagem, Pinhais (PR), v. 3, n. 12, p. 30-31, maio/jun. 2009. PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. Ensino Superior e E-Learning • 15/15 Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 4. 4 Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 2/14 Objetivo de Aprendizagem • Contextualizar o papel do professor diante das novas tendências educacionais. Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Tendências Educacionais: o E-Learning Durante toda disciplina, conversamos sobre as possibilidades de desenvolvimento de ambiente virtuais de aprendizagem, utilizados no e-learning. Vale lembrar que a própria expressão e-learning deriva do inglês e, de forma mais genérica, significa aprendizagem eletrônica. Vários autores procuram explicar as definições de e-learning. Rao (2011), com base em diferentes autores, sugere que a definição de e-learning, perpassa pela relação dos conceitos de aprendizagem, ensino, pedagogia, comunicação ou tecnologia, a saber: • O uso de informações e tecnologias informáticas para criar experiências de aprendizagem; • E-learning como a entrega de aprendizagem ou treinamento, usando abordagens baseadas em sistemas eletrônicos, principalmente através da internet, intranet, extranet ou web; • O e-learning não é um meio passivo para entrega de conteúdo, mas é um processo interativo entre professor e aluno, facilitado pelos benefícios que a tecnologia tem para oferecer. Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 3/14 Para Allen e Seaman (2014), o termo e-learning aplica-se a uma ampla gama de formas de computação e comunicação a partir das quais as tecnologias podem ser utilizadas para o ensino e a aprendizagem. Alguns usos são magnificamente eficazes, outros não o são. Consideram ainda que o e-learning possibilita a entrega de eventos educacionais cuidadosamente construídos através de tecnologias de computação. Sangrà et al. (2011) entendem que se trata de uma modalidade de ensino e aprendizagem que pode representar o todo ou uma parte do modelo educativo em que se aplica, que explora os meios e dispositivos eletrônicos para facilitar o acesso, a evolução e a melhoria da qualidade da educação e da formação. Ou seja, conceitos estudados e abordados de diferentes formas, mas que têm em comum o uso das tecnologias para o processo de ensino e aprendizagem, ou aprendizagem on- line. Até agora, procuramos levantar, com base no livro referência desta disciplina, informações que relacionam o papel dos atores pedagógicos envolvidos nos processos de ensinar e aprender com as tecnologias digitais e as diferentes Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 4/14 possibilidades de utilização dessas tecnologias em prol da aprendizagem. O e-learning surge no momento em que passamos pelos avanços tecnológicos que nos permitem repensar o ensino, a sala de aula, os materiais e as próprias características de alunos e professores. Neste tema, vamos tratar de alguns conceitos utilizados para o desenvolvimento de propostas de e-learning, como os conceitos de blended learning, lipped classroom e adaptive learning. Estamos em um momento de muitas mudanças sociais,econômicas e tecnológicas e, a educação, embora ainda enraizada em estilos tradicionais de ensino, aos poucos, também revê alguns conceitos. O ensino a distância já existe desde a época em que se ofertava cursos por correspondência. Graças ao avanço da era digital, essa proposta migrou para o uso das tecnologias e, para tanto, a internet tornou-se uma grande aliada. Contudo, ao disseminar o ensino a distância, educadores e idealizadores enfrentaram grande resistência por parte de profissionais da educação e da própria sociedade que ainda defendia a presencialidade e a figura do professor como o dono do saber que repassa conhecimentos aos alunos. Várias instituições enfrentaram, e enfrentam ainda hoje, preconceitos sociais oriundos de estereótipos construídos e deturpados socialmente. O fato é que crianças, adolescente, jovens e adultos recebem e buscam informações em tempo real, ampliando as possibilidades de busca pelo conhecimento. O professor não se tornou menos importante nesse contexto, mesmo porque faz parte dele, mas os papéis já não são mais os mesmos. É necessário refletir sobre como as tecnologias e as propostas de ensino a distância podem contribuir com a aprendizagem dos alunos. Ao estudarmos as teorias educacionais, defendemos o construtivismo e o sociointeracionismo como caminhos para a aprendizagem. No construtivismo idealizado por Piaget, compreendemos que a criança constrói o conhecimento por meio da curiosidade, da investigação e da construção, já no sociointeracionismo idealizado por Vygotsky, compreendemos que a criança se desenvolve e aprende por meio das interações sociais e trocas de saberes entre pares. Ambos defendem a postura do professor não mais como aquele que detém o conhecimento e Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 5/14 repassa aos alunos, mas aquele que constrói conhecimento por meio da mediação pedagógica. Ou seja, o que defendemos na educação vai ao encontro das novas possibilidades diante das novas tecnologias. • Professores são mediadores de conhecimento; • Aprendemos por meio das relações com os pares; • A participação de alunos e professores propicia aprendizado para ambos; • Aprendemos por meio de recursos diferenciados; • Aprendemos de forma colaborativa. As propostas de e-learning quebram paradigmas tradicionais, os quais podemos sintetizar da seguinte forma: Figura 19.1 – Mudanças educacionais O Indivíduo deve ser motivado a aprender Ensino e aprendizagem Uma escola que forma para o que não existe mais Uma escola que pro- duz pessoas idênticas Aluno é o centro do processo O Aprendizado ocorre de forma não linear, em ritmos e tempos diferenciados A Escola moderna está obsoleta O Professor é o me- diador do processo educativo ÉPOCAS de Mudanças Fonte: elaboração da autora. Estamos em uma época de mudanças, e a escola também precisa mudar. Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 6/14 Ou estaremos na contramão das teorias educacionais que defendem a importância do conhecimento a respeito do contexto dos alunos, tendo em vista que a nossa geração de alunos é uma geração digital. Contudo, ainda encontramos resistência de muitos professores em aceitarem tal metodologia e até se familiarizarem com as tecnologias. [...] Alguns professores não se sentem muito animados com essa metodologia, pois consideram que já existe uma dificuldade de aprendizagem em aulas tradicionais e julgam que será ainda mais difícil aprender da forma proposta. A dependência da tecnologia é outro aspecto inquietante para alguns, pois consideram que isso pode criar um ambiente desigual de aprendizagem. A possibilidade de o aluno não se preparar antes da aula e, consequentemente, não ter condições de acompanhar as atividades presenciais, é um ponto bastante problemático para diversos professores (BARBOSA; BARCELOS; BATISTA, 2015). Tendo em vista as resistências de Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 7/14 professores, alunos e até mesmo da própria sociedade tradicionalista, faz-se necessário investir em capacitações que buscam a formação contínua dos atores envolvidos nesse processo. Como vimos no decorrer desta disciplina, assim como a aprendizagem acontece de forma colaborativa, o planejamento de estratégias para o processo de ensino e aprendizagem também não é mais uma tarefa solitária dos professores. Diante de tantas possibilidades de desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem, que buscam garantir o e-learning, é imprescindível a troca de experiência e saberes entre diferentes áreas. Não estamos desmerecendo o papel do professor, ao contrário, estamos afirmando que, como conhecedor da prática pedagógica, das teorias de aprendizagem e do modo como os alunos aprendem, ele agregará ainda mais valor às estratégias de ensino contemporâneas, mediando e participando das discussões de desenvolvimento dessas estratégias em parceria com os designers instrucionais e se apropriando das possibilidades tecnológicas e digitais para se relacionar e propiciar a aprendizagem do seus alunos, por meio de seu papel de mediador. Para Coll, Palácios e Marchesi (1996, p. 85), “empregar conscientemente a mediação social implica dar, em termos educativos, a importância não apenas ao conteúdo e aos mediadores instrumentais (o que é que se ensina e com quê), mas também, aos agentes sociais (quem ensina) e suas peculiaridades”. Tal afirmação vai ao encontro dos dizeres de Vygotsky ao defender que “[...] o caminho através de outra pessoa é a via central de desenvolvimento da inteligência prática” (apud Coll, Palácios & Marchesi, 1996, p. 85). Para Oliveira (2003, p. 43): “[...] as TIC's não mudam, necessariamente, a relação pedagógica. Elas tanto servem para reforçar uma visão conservadora, individualista, autoritária, como para dar suporte a uma visão emancipadora, aberta, interativa, participativa. Nesse caso, transgredir a relação está mais na mente das pessoas do que nos recursos tecnológicos, embora sejam inegáveis suas potencialidade pedagógicas. Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 8/14 Ou seja, o papel do professor não muda diante das novas metodologias. Professores são mediadores de conhecimento e, diante das novas tecnologias educacionais, educacionais, encontram parcerias colaborativas para desenvolver sua prática, tanto na modalidade presencial quanto na modalidade on-line. Figura 19.2 – O professor interconectado (em rede) BLOGS The Networked Teacher WIKIS Meios de comunicação populares ColegasDocumentos curriculares Comunidades de desenvolvimento de ferramentas e conteúdos Compartilhamento virtual de fotos Social Bookmarking (marcado- res sociais) Comunidades virtuais Serviços de redes sociais Videoconferências Família/comunidade local Impressão e recursos digitais Bate-papos Fonte: Couros (2006, p. 172). Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 9/14 Saiba Mais Para aprofundamento do tema, leia o seguinte artigo: “Reflexões sobre a Educação a Distância – o papel do professor tutor na perspectiva da mediação pedagógica”. Disponível em: <https:// bit.ly/32JSunr>. Na ponta da língua https://www.revistas.udesc.br/index.php/linhas/article/download/1193/1008/0 Tendências Educacionais: E-learning e o Papel do Professor • 10/14 Referências Bibliográficas ALLEN, E.; SEAMAN, J. Grade Change. Tracking Online Education in the United States. Babson Survey Research Group and Quahog Research Group, LL, 2014. Disponível em: <http://www. onlinelearningsurvey.com/reports/gradechange.pdf> BARBOSA, M. F.; BARCELOS, G. T.; SILVIA C. F. B. Sala de Aula Invertida: Caracterização e Reflexões. Congresso Integrado da Tecnologia da Informação, 2015. Disponível em: <http://essentiaeditora.iff.edu.br/index.php/citi/article/ view/6363/4072>. Acesso em: 18 dez. 2017. COUROS, Alec Valintino. Examining the open movement:possibilities and implications for education. Dissertation (Degree of Doctor of Philosophy in Education), University of Regina, 2006. Disponível em: <http://educationaltechnology. ca/publication_files/research/Dissertation-Couros-FINAL-06-WebVersion.pdf>. Acesso em> 18 dez. 2017. LOMBARDOZZI, C. Learning Environments by Design. Alexandria: Association for Talent Development, 2015. OLIVEIRA, Elza Guimarães. Educação a distância na transição paradigmática. Campinas: Papirus, 2003. (Coleção Magistério). RAO, S. Global e-learning: A Phenomenological Study. (Degree of Doctor of Philosophy), Colorado State University, 2011. Sangrà, A.; VLACHOPOULOS, D.; CABRERA, N.; BRAVO, S. Hacia una definición inclusiva del e-learning. Barcelona: eLearn Center UOC, 2011. Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning LE A RN IN G T H EO RI ES A N D T H E D ES IG N O F E- LE A RN IN G E N V IR O N M EN TS - ED U 62 0- 4. 5 Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 2/14 Objetivo de Aprendizagem • Compreender os conceitos que permeiam as práticas de blended learning, flipped classroom e adaptive learning. Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning Conteúdo organizado por Tatiana dos Santos em 2018 do livro Learning Environments by Design, publicado em 2015 por Catherine Lombardozzi. Revisão 2020 Neste último tema, vamos compreender algumas denominações e tendências educacionais utilizadas nas instituições de ensino, principalmente de ensino superior. Até o momento, discutimos muito sobre os ambientes de e-learning e vamos finalizar nossas reflexões tratando de Blended Learning, um termo que foi inicialmente utilizado por Anderson (2000) em um documento da IDC: e-learning in Practice, Blended Solutions in Action. Muito utilizado nos dias atuais, o b-learning “é um modelo que pretende valorizar o melhor do presencial e do on-line (PERES; PIMENTA, 2011, p. 15). Ou seja, é uma metodologia que se apropria das possibilidades tecnológicas que o contexto atual disponibiliza e tenta aproveitar o que existe de melhor nas metodologias de ensino presencial e do ensino a distância. Nesta perspectiva, Figueiredo e Afonso (2006) alertam sobre o desafio da criação de grupos com contextos de construção de aprendizagem individual e coletiva. Um contexto em que alunos e professores assumem diferentes papéis e se colocam na situação de partícipes na construção do saber. Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 3/14 “No ensino superior, a aceitação do modelo híbrido (b-learning) de educação como estratégia de aprendizagem válida e complementar, constitui já um importante passo perante o atual esforço em adequar o ensino às novas exigências do atual quadro econômico e da emergente necessidade de gestão do conhecimento” (FILIPE; ORVALHO, 2008, p. 216). Diante das necessidades sociais, educacionais e de mercado, várias instituições têm migrado seus sistemas de ensino para o modelo híbrido. Moore e Kearsley (2013, pg. 128) atentam que: o modelo hibrido é bastante popular na educação superior e no domínio da formação, já que permite que os instrutores deem continuidade à prática da instrução em sala de aula com a qual estão familiarizados e sentem-se confortáveis acrescentando o quanto de tecnologia desejarem. As tecnologias permitem a documentação e catalogação das lições; a criação de componentes intercambiáveis de instrução e asseguram que diferentes provedores de cursos possam trocar dados, como os relativos ao registro e ao desempenho dos alunos. Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 4/14 Dentro desse conceito de b-learning, o professor também passa a desempenhar papéis diferentes daqueles estabelecidos por meio de metodologias tradicionais de ensino. Gomes (2014, p. 23) sugere que o papel do professor “é muito mais ser um designer do aprendizado de cada aluno e avaliar para ver se estão dominando o assunto. Eles são assessores do conhecimento, treinadores, designers do aprendizado”. Com base nesta nova metodologia, as instituições estão adotando a estratégia de flipped classroom para os processos de ensino e aprendizagem. Flipped Classroom Flipped classroom, também conhecido como sala de aula invertida, é uma estratégia de b-learning que mescla o modelo presencial e virtual. Assim, oferece ao aluno a possibilidade de acesso ao conteúdo da aula antes mesmo que ela aconteça. Os primeiros estudos sobre o assunto foram realizados por Eric Mazur, na Universidade de Harvard, nos anos 1990. Ele afirmou, à época, que “[...] o computador em breve será parte integral da educação” (MAZUR, 1991). Flipped classroom (FC) ou sala de aula invertida é um modelo que tem suas raízes Fonte: a autora Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 5/14 no ensino híbrido. O ensino híbrido (misturado, combinado, mesclado), conhecido como Blended Learning ou b-learning, teve seu conceito desenvolvido a partir de experiências e-learning (TARNOPOLSKY, 2012, p. 14). A sala de aula invertida emerge como técnica usada por professores tradicionais para melhorar o engajamento dos estudantes (CHRISTENSEN; HORN; STAKER, 2013, p. 33). A sala de aula invertida prevê o acesso ao conteúdo antes da aula pelos alunos e o uso dos primeiros minutos em sala para esclarecimento de dúvidas, de modo a sanar equívocos antes dos conceitos serem aplicados nas atividades práticas mais extensas no tempo de classe (BERGMANN; SAMS, 2016). Figura 20.1 – Esquema de sala de aula invertida Sala de Aula Tradicional Atividades de Ensino Aula presencial Casa Aprofundamento em Casa Professor expõe o contúdo e envia atividades para a casa. Sala de Aula Invertida (Flipped) Casa Aula presencial Casa Aprendizagem em casa a partir da WA e LD. Desenvolvimento de atividades mediadas para resolver situações-problema. Atividade pós-aula + preparação para próxima aula. Aluno aprende novos conteúdos e conceitos teóricos antes da aula. Fonte: adaptada de Teixeira (2013). O conceito básico de inversão da sala de aula é fazer em casa o que era feito em aula; por exemplo, assistir palestras; e, em aula, o trabalho que era feito em casa, ou seja, resolver problemas (BERGMANN; SAMS, 2012). Em síntese, significa transferir eventos que tradicionalmente eram feitos em aula para fora da sala de aula, segundo Lage, Platt e Treglia (2000). Trata-se de uma abordagem pela qual o aluno assume a responsabilidade pelo estudo teórico e a aula presencial serve Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 6/14 como aplicação prática dos conceitos estudados. Na sala de aula invertida, o uso de ferramentas tecnológicas e o ensino assíncrono permitem o olhar pedagógico para o aluno, ou seja, o modo como aprende e se apropria dos conceitos. Ao professor e designers cabe a tarefa de desenvolver ambientes estimulantes para que os alunos acessem e busquem a informação que, posteriormente, será debatida em sala de aula. A definição mais ampla para flipped classroom, ou sala de aula invertida, é aquela que enfatiza o uso das tecnologias para o aprimoramento do aprendizado, de modo que o professor possa utilizar melhor o seu tempo em sala de aula em atividades interativas com seus alunos ao invés de gastá-lo, apenas apresentando conteúdo em aulas expositivas tradicionais (BARSEGHIAN, 2011) É um modelo em que os professores e designers instrucionais podem propiciar o acesso aos conteúdos por meio de diferentes ferramentas, como vídeos disponibilizados, materiais de pesquisa e leituracomplementar, assim como discutimos nas estratégias de desenvolvimento de ambientes de e-learning. Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 7/14 Diante desse contexto, os alunos têm a oportunidade de solucionar suas dúvidas no momento em que elas ocorrem, com a ajuda de seus pares e do professor, o que promove um ambiente colaborativo de aprendizagem (TECHSMITH, 2013). Mas, para Bergmann, Overmyer e Wilie (2012), a flipped classroom vai além da gravação de vídeos das aulas dos professores. Os autores defendem que, ao contrário do que se pode imaginar, esse modelo pode: • Aprimorar a interação entre os estudantes e o professor; • Promover um ambiente de aprendizagem onde os estudantes passam a ser responsáveis pelo seu próprio aprendizado; • Promover a aprendizagem construtivista; • Oferecer uma maneira de o conteúdo ficar permanentemente disponibilizado ao estudante, de modo que possa vê-lo quantas vezes quiser. Os autores também defendem que não se trata da substituição do professor por um vídeo e do isolamento de alunos. Esta é só uma parte do processo. Na sala de aula invertida, é possível pensar e valorizar os diferentes estilos de aprendizagem, aproveitando as tecnologias para apresentar os conteúdos de formas diferenciadas, contribuindo com a aprendizagem ativa por meio do uso de texto, imagem e som. Figura 20.2 – Aprendizagem Ativa Ler 10% do que lemos PASSIVO ATIVO 20% do que ouvimos 30% do que vimos 50% do que vemos e ouvimos 70% do que falamos 90% do que falamos e fazemos Depois de 2 semanas nós lembramos de... Ouvir Ver Assistir a um Filme Participar de uma discussão Aplicar o conhecimento e ensinar o que sabe Fonte: adaptada de Teixeira (2013) Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 8/14 A sala de aula invertida colabora com os professores possibilitando a personalização do processo de ensino e aprendizagem para cada aluno, além de possibilitar, por meio das tecnologias, o ensino adaptativo (adaptive learning), que permite ao aluno avançar nos estudos considerando seus gaps e seu ritmo de aprendizagem. Há, neste caso, variadas possibilidades de gerenciamento de tempo, espaço e aprendizagem. Trata-se de uma metodologia que considera os avanços tecnológicos como ferramentas pedagógicas que não substituem o professor, mas ampliam a visão sobre os diferentes papéis diante dos processos de ensinar e aprender. Saiba Mais Leia o artigo seguinte para aprofundamento do tema: “A utilização da “sala de aula invertida” em cursos superiores de tecnologia: comparação entre o modelo tradicional e o modelo invertido “flipped classroom” adaptado aos estilos de aprendizagem”. Disponível em: <http://revistaestilosdeaprendizaje.com/article/ view/992>. http://revistaestilosdeaprendizaje.com/article/view/992 Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 9/14 Na ponta da língua Referências Bibliográficas ANDERSON, C.. E-Learning in practice: blended solutions in action. IDC white paper, 2000. BARSEGHIAN, T. Three Trends That Define the Future of Teaching and Learning. Mind/Shift, 2011. Disponível em <https://ww2.kqed.org/mindshift/2011/02/05/three- trends-that-define-the-future-of-teaching-and-learning/>. Acesso em 07 de nov de 2017. Tendências Educacionais: Blended Learning, Flipped Classroom e Adaptive Learning • 10/14 BERGMANN, J.; SAMS, A. Flip your classroom: reach every student in every class every day. USA: ISTE, 2012. ______. Sala de aula invertida: uma metodologia ativa de aprendizagem. Trad. Afonso Celso da Cunha Serra. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. CHISTENSEN, C. M.; HORN, M. B.; STAKER, H. Ensino híbrido: uma inovação disruptiva? Uma introdução à teoria dos híbridos. São Paulo: Clayton Christensen Institute, 2013. FIGUEIREDO, A. D.; AFONSO, A. P. Context and learning: a philosophical framework. In: FIGUEIREDO, A. D.; AFONSO, A. P. (eds.). Managing Learning in Virtual Settings: The Role of Context. Hershey: Idea Group Publishing, PLC, 2006. FILIPE, A. J. M.; ORVALHO, J. G. Blended Learning e Aprendizagem colaborativa no ensino superior. 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Flipped classroom: um contributo para a aprendizagem da lírica camoniana. 2013. 167 f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Sistemas de E-Learning) - Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova Lisboa, Lisboa, 2013. PERES, P.; PIMENTA, P. Teorias e práticas de b-learning. Lisboa: Edições Sílabo Ltda. 2011. TARNOPOLSKY, O. Constructivist blended learning approach to teaching english for specific purposes. Berlin: De Gruyter Open, 2012. TECHSMITH. Teachers Use Technology to Flip Their Classrooms. Disponível em: <http://www.techsmith.com/flipped-classroom.html>. Acesso em: 07 nov. 2017. Você pode acessar o livro base deste tema na Biblioteca Lirn: Learning Environments by Design Catherine Lombardozzi Alexandria: Association for Talent Development, 2015 Im ag en s: Sh utt er st oc k