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Boletim de Resumos do 23º Seminário do Programa de Pós-Graduação em Geologia da Universidade Federal do Paraná 02 a 03 de Julho • 29 a 31 de Julho • 26 a 28 de Agosto de 2020 COMISSÃO ORGANIZADORA DOCENTES Almério Barros França Carlos Conforti Ferreira Guedes Maria Cristina de Souza DISCENTES Kimberlym Tábata Pesch Vieira Luís Guilherme Moreira da Silva Paula Cristina Neuburger de Oliveira FOTO Cânion Guartelá por Kimberlym T. P. Vieira BARBOSA, O. 1937. Geologia do município de Araxá, Minas Gerais. Min. Metal. 2(10):247-248. BARBOSA, O. 1955. Guia das Excursões. In: Congr. Bras. Geol, 9, 1955. São Paulo. SBG. Not.3 CAMINHOÁ, J. M. 1890. Estudo das Águas Mineraes do Araxá. Comparadas às congêneres de outras. GUIMARÃES, D. 1925. Estudo de algumas rochas relacionadas com as fontes minerais de Araxá e outras. Ministério da Indústria e Commercio - Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil. Bol. no.9 - Contribuições a Geologia Econômica. Rio de Janeiro. p. 79-98. HASUI, Y., SADOWSKI, G. R., SUGUIU, K., FUCK, G. F. 1975. The Phanerozoic tectonic evolution of the western Minas Gerais State. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 47, p. 431-438. ISSA FILHO, A., LIMA, P. S., & SOUZA, O. M. 1984. Aspectos da Geologia do Complexo Carbonatítico do Barreiro, Araxá, MG, Brasil. In: Rodrigues, C. S., Lima, P. S. (eds.) Complexos Carbonatíticos do Brasil: Geologia. São Paulo, CBMM, p. 20-44. MORAES, L. C., SEER, H. J., BENTO, J. H. B., LEAL, C. F., MADEIRA, M. R. 2008. Análises geométrica do alojamento de magmas no entorno do Complexo AlcalinoCarbonatítico do Barreiro, Araxá, Minas Gerais, por meio da atitude espacial de fraturas e diques. In: IV Simpósio de vulcanismo e ambientes associados, Foz do Iguaçu, PR. Anais. CD-Rom. SAD, G.J.H., TORRES, N. 1976. Geology and mineral resources of the Barreiro Complex, Araxá, Brazil. In: Simpósio Internacional de Carbonatitos. Poços de Caldas, Brasil. SEER, H. J. 1999. Evolução tectônica dos grupos Araxá, Ibiá e Canastra na Sinforma de Araxá, Minas Gerais. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília. 267 p. SEER, H.J., MORAES, L.C., SILVA, C. H. 2014. Projeto fronteiras de Minas Gerais. Mapeamento da folha Araxá. UFMG. Belo Horizonte. SILVA, C.H. 2003. Evolução Geológica da Faixa Brasília na Região de Tapira Sudoeste de Minas Gerais. Tese (Doutorado) – Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, São Paulo. SILVA, C. H., SIMÕES, L. S. A., DAMÁSIO, W. L., FERREIRA, S. M., LUVIZOTTO, G. L. 2004. Geologia do Grupo Canastra em sua localidade-tipo e implicações na tectonoestratigrafia do segmento setentrional da Faixa Brasília. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 12. , 2004. Araxá. Anais ... Araxá: SBG. p255. SILVA, C.H, SIMÕES, L.S.A., KRYMSKY, R., MACAMBIRA, M.J. 2006. Proveniência e Idade do Metamorfismo das Rochas da Faixa Brasília, na Região de Tapira (SW de Minas Gerais), Geol. USP Sér. Cient., São Paulo, 6(1):53-66. SILVA, C. H. D. SIMÕES, L. S. A., DAMÁZIO, W. L., FERREIRA, S. N., LUVIZOTTO, G. L. 2012. O Grupo Canastra em sua área tipo, região de Tapira, sudoeste do estado de Minas Gerais. Geol. USP, Série Científica, 2012, 12(2):83-98. TORRES, M. C., GASPAR, J. C. 1995. Geoquímica do manto de intemperismo da mina de fosfato do Complexo Alcalino-Carbonatítico do Barreiro, Araxá-MG. In: 5° Congresso Brasileiro de Geoquímica e III Congresso de Geoquímica dos países de língua portuguesa. Niterói, RJ. Resumos expandidos. Dados Acadêmicos Modalidade: Doutorado. Data do Exame de Qualificação: A definir. Título Original do Projeto de Pesquisa: Determinação dos processos de formação dos tipos de minérios oxidados de nióbio do Complexo Alcalino Carbonatíticos de Araxá e suas implicações frente ao processo de beneficiamento mineral. Data de Ingresso na Pós-Graduação: 11/2019; Área de Concentração: Análise de depósitos minerais. Possui Bolsa: Não. Fonte pagadora: CBMM. ÍNDICE Caracterização Lipídica e Microbiológica de Testemunhos das Lagoas Salinas do Pantanal Aluana Ariane Schleder ................................................................................................................................................ 5 Relação entre Uso e Ocupação do Solo e Características Geoquímicas dos Sedimentos Fluviais da Bacia Hidrográfica do Rio das Balsas Ana Paula de Melo e Silva Vaz .................................................................................................................................. 10 Contribuição no Conhecimento do Potencial Mineral da Porção Sudoeste do Escudo Sul Rio-Grandense, Terreno Taquarembó: Mapeamento de Alterações Hidrotermais e Arcabouço Estrutural Ana Paula Tavares ..................................................................................................................................................... 15 Imageamento Hiperespectral de Afloramentos Dolomitizados Associado à Caracterização Químico-Mineralógica: Cava Antiga da Mina Rio Bonito - Campo Largo (PR) André Davi Ferreira .................................................................................................................................................... 20 Estudo de Proveniência Sedimentar nos Membros Pitanga e Caruaçu - Bacia do Recôncavo Andreas Pauli de Castro ............................................................................................................................................. 25 Ocorrência de Hidrocarbonetos em Depósitos Vulcanoclásticos Máficos (MVD’s) da Província Ígnea do Paraná, em Porto União (SC) Bianca de Andrade Colle ............................................................................................................................................ 30 Investigação da Influência Glacial na Origem das Fácies de Diamictitos e Conglomerados do Grupo Itararé (Paleozoico Superior da Bacia do Paraná) em Presidente Getúlio (SC) Bruno Gomes de Souza ............................................................................................................................................. 35 Understanding the Processes of Carbonate and Silica Precipitation in the Post-Magmatic History of Laguna Timone, Pali Aike Volcanic Field, Magallanes Region, Chile Carolina Henríquez Valenzuela .................................................................................................................................. 40 Integração de Dados Geofísicos e de Sensoriamento Remoto para Caracterização das Bacias de Carnaubinha e São Julião, Piauí Claudia Estefani Rodrigues Saraiva ........................................................................................................................... 45 Micropaleontologia Aplicada a Reconstruções Paleoambientais do Grupo Itararé, Bacia do Paraná, nos Estados de Santa Catarina e Paraná Dhiego Cunha da Silva ............................................................................................................................................... 50 Caracterização Lito-Estrutural Através da Geofísica e Sensoriamento Remoto, Porção Nordeste da Carta Lagoa da Meia Lua, Rio Grande do Sul Fabiano Garcia Madrid ............................................................................................................................................... 55 Análise Sedimentológica e Quimioestratigráfica de Alta Resolução da Formação Rio do Sul como Proxy Paleoclimático e Paleoambiental Felipe Barcellos Caniçali ............................................................................................................................................ 60 Avaliação Geoambiental da Ilha da Trindade (Brasil) Fernanda Avelar Santos ............................................................................................................................................. 67 Fauna e Ambiente Deposicional da Formação Guabirotuba (Bacia de Curitiba) Fernando Antonio Sedor .............................................................................................................................................72 Aplicação da Técnica de EBSD no Estudo de Porosidade e Permeabilidade em Arenitos Bandados Flávia Priscila Souza Afonso ...................................................................................................................................... 77 Mapeamento e Descrição das Descontinuidades da Mina de Mármore Água Boa, Almirante Tamandaré, PR Francisco Tomio Arantes ............................................................................................................................................ 82 Inorganic and Organic Processes in the Botijuela Carbonate System Evolution, Antofalla Region - Puna Argentina Guido Ezequiel Alonso ............................................................................................................................................... 87 Geoquímica e Petrografia de Rochas Metabásicas da Formação Perau, Cinturão Ribeira: Integração de Dados Regionais Guilherme Fedalto ...................................................................................................................................................... 92 Avaliação da Relevância Tectônica e Paleoambiental de Carbonatos Lacustres Quaternários da Região do Estreito de Magalhães, Patagônia Chilena Gustavo Machado Marangon ..................................................................................................................................... 97 A Dinâmica das Rochas, Propagação de Vibrações Induzidas e Dano ao Maciço Rochoso Gustavo Sampaio Lopes .......................................................................................................................................... 102 Fatores Controladores da Evolução Geomorfológica de um Leque Submarino (Cretáceo Superior da Bacia de Santos, Brasil) Hugo Seiti Yamassaki ............................................................................................................................................... 107 Caracterização Faciológica dos Recifes do Arquipélago de Abrolhos e da Ilha da Trindade Iana de Melo Ferro ................................................................................................................................................... 112 A Paleoceanografia do Atlântico Sudoeste no Quaternário: Uma Revisão da Literatura Ilara da Rocha Santos .............................................................................................................................................. 117 Metodologia de Preparação de Microfósseis de Parede Não-Orgânica Aplicada à Formação Rio Bonito, no Estado de Santa Catarina Jennyfer Pontes Carvalho Pietsch............................................................................................................................ 122 Nitrato nas Águas Subterrâneas da Bacia Hidrográfica Paraná 3: Comportamento Sazonal, Traçador de Fluxo e Segurança Hídrica Jéssica de Souza Gabi Barcellos ............................................................................................................................. 127 Análise Morfotectônica do Lineamento Guapira (SP-PR) por Meio de Análise Morfométrica de Bacias Hidrográficas Jéssica Miranda dos Santos ..................................................................................................................................... 132 Amostras de Calha e o Potencial para Uso na Quimioestratigrafia do Pré-Sal, Bacia de Santos Joana Caroline de Freitas Rosin .............................................................................................................................. 137 Alimentação Artificial de Praias com Sedimentos de Dragagem dos Portos das Baías de Paranaguá-PR e Babitonga- SC José Augusto Simões Neto ...................................................................................................................................... 142 Determinação dos Processos de Formação dos Tipos de Minérios Oxidados de Nióbio do Complexo Alcalino Carbonatítico de Araxá e suas Implicações frente ao Processo de Beneficiamento Mineral José Marques Braga Júnior ...................................................................................................................................... 147 Abordagem Multiescalar Utilizada na Construção de um Modelo Geológico 3D Através de Elementos Arquiteturais das “Coquinas” da Formação Morro do Chaves na “Pedreira Atol”, Bacia de Sergipe-Alagoas, Brasil Júlia Campos Guerrero ............................................................................................................................................. 153 Faciologia e Contexto Deposicional de Sítio Fossilífero e Áreas Análogas da Bacia de Curitiba Kimberlym Tábata Pesch Vieira ............................................................................................................................... 158 Qualidade de Reservatórios Siliciclásticos Influenciados por Deformações em Sedimentos Não Consolidados Lara Ferreira Neves .................................................................................................................................................. 163 Quantificação da Vulnerabilidade à Erosão Costeira no Litoral Paranaense com Base no Estudo de Indicadores Lizandra Thamise dos Santos Abreu Melo ............................................................................................................... 168 Variações Morfológicas da Nova Barra (Inlet) no Mar do Ararapira, Paraná-São Paulo, Brasil Lucas Akio Iwakura ................................................................................................................................................... 173 Reconstrução Paleoambiental e Paleoclimática com Base em Microfósseis e Proxies Geoquímicos (Formação Campo do Tenente, Grupo Itararé, Bacia do Paraná) Lucas Ludwig Volkweis Langer ................................................................................................................................ 178 Petrography and Geochemistry of the Rio Negro Pluton, Graciosa Province, Southern Brazil Luís Guilherme Moreira da Silva .............................................................................................................................. 183 Rochas Vulcânicas da Formação Hilário: Caracterização Petrográfica e Magnetométrica, Distrito Seival, Caçapava do Sul, RS Marieli Machado Zago .............................................................................................................................................. 188 Acomodação de Processos Deformacionais em Formações-Ferríferas do Proterozoico: Um Estudo de Caso do Bloco Almas-Dianópolis-Cavalcante Mateus Augusto Oliveira Silva .................................................................................................................................. 193 Microestruturas e Mecanismos de Deformação ao Longo da Zona de Cisalhamento Patos Matheus Alves da Silva ............................................................................................................................................ 198 O Potencial Forense de Banco de Dados Magnéticos e Radiométricos de Solo na Predição de Proveniência de Vestígios Matheus Pereira Nogueira e Silva ............................................................................................................................ 203 Ambiente Moderno vs Registro Geológico: Travertinos da Bacia do Denizli, Turquia, Comparados com os Travertinos da Seção Pré-Sal da Bacia de Santos, Brasil Midori Graça Fatori Deguchi ..................................................................................................................................... 208 Análise Químico-Mineral, Estrutural e Hiperespectral em Rochas Carbonáticas da Formação Água Clara na Cava Nova da Mina Rio Bonito-Campo Largo (PR) Murilo Henrique Taques Camargo............................................................................................................................ 213 Hidroquímica do SASG na Bacia Paraná3, Características das Formações Paranapanema e Pitanga Paula Cristina Neuburger de Oliveira ....................................................................................................................... 218 Structural Framework and Geologic Evolution of Carbonate Precipitation in Torres del Paine Endorheic Basins, Southern Patagonia - Chile Paulo Quezada Pozo ................................................................................................................................................ 223 Os Depósitos Vulcanoclásticos e sua Relação com a Estrutura Circular de Vista Alegre - Grupo Serra Geral, no Sudoeste do Estado do Paraná Pedro Henrique Leal Hernandez .............................................................................................................................. 228 Análise de Fácies das Coquinas do Campo de Búzios, Bacia de Santos Rafaella de Carvalho Antunes .................................................................................................................................. 233 Assembleia Microfossilífera do Grupo Guatá (Eopermiano) e suas Implicações Paleoambientais no Centro-Leste de Santa Catarina Raissa Cristina Oliveira Fontanelli ............................................................................................................................ 238 Depósitos de Transporte em Massa e Fácies Associadas do Grupo Itararé em Santa Catarina Ronaldo Paulo Kraft .................................................................................................................................................. 243 Análise de Estudos de Predictabilidade para Ocorrência de Movimentos Gravitacionais de Massa na Serra do Mar: Serra da Prata/PR, e Nova Friburgo/RJ, Brasil Samuel Saldanha Sarmento ..................................................................................................................................... 248 Integração de Dados Espaciais para Investigações Multipropósito do Grupo Serra Geral no Estado do Paraná Saulo Vila Lobus Strapasson.................................................................................................................................... 253 Processamento e Análise do Radargrama na Barreira Pleistocênica de Superagui, Paraná Shaiely Fernandes dos Santos ................................................................................................................................. 258 Análise Morfotectônica e Estrutural da Porção Sul do Litoral do Paraná Tatiana Abrahão Campos ......................................................................................................................................... 263 Caracterização dos Condicionantes Geológicos que Contribuem no Fluxo da Água Subterrânea: Estudo de Caso no Aquífero Carste do Município de Campo Magro, Paraná Tereza Cristina Ferreira Campos Morato Filpi ......................................................................................................... 268 Modelo Hidrogeoquímico de Circulação das Águas na Bacia do Ajuricaba, Paraná Thomaz Yanca Zulpo Pereira ................................................................................................................................... 273 Caracterização de Litofácies em Carbonatos Continentais Modernos: Estudo de Caso em Tufas e Travertinos Victor Amir Cardoso Dorneles .................................................................................................................................. 278 Análise Morfotectônica da Serra de Los Alisos, Região de San Salvador de Jujuy, Noroeste da Argentina William Rudolf Lopes Peyerl ..................................................................................................................................... 283 Caracterização lipídica e microbiológica de testemunhos das lagoas salinas do Pantanal Aluana Ariane Schleder aluana.schleder@gmail.com Orientador (a): Sandro Froehner (Departamento de Engenharia Ambiental-UFPR) Co-orientadoras: Lucília Parron Vargas (Embrapa Florestas-Colombo-PR) Anelize Bahniuk (Departamento de Geologia-UFPR) Palavras-Chave: n-alcanos; sequenciamento genético; mudanças climáticas Introdução Neste resumo são apresentados os resultados parciais do projeto de doutoramento que tem como objeto o entendimento das mudanças da microbiota das lagoas salinas da região da Nhecolândia no Pantanal-MS e comparação dos dados com os de uma lagoa de água doce. A região da Nhecolândia é conhecida por suas lagoas. Nesta região existem mais de 10 mil lagoas, sendo que aproximadamente 10% delas tem um alto teor de sais e valores extremos de pH. Contudo, a coexistência de lagoas com água salgada e de águas doces ainda é tema de debate. Admite-se, porém, que a existência de tais lagoas e de tal mosaico se deu na transição Pleistoceno/Holoceno, pelo isolamento das lagoas (salinas) devido aos bancos de areia. Também é levantada a hipótese de que alternância entre períodos secos e úmidos possam ter sido responsáveis pela formação das lagoas salinas. O que se busca neste projeto é investigar, de forma temporal, variações na composição do material orgânico, especificamente lipídios, os quais são partes constituintes de organismos e microrganismos. Desta forma a variação no perfil de distribuição dos n-alcanos revelou a existência de uma brusca transição a 3.200 anos aproximadamente. Antes, o ambiente era dominado por períodos secos e a matéria orgânica era essencialmente autóctone, como mostrado pela presença de cadeias curtas de n-alcanos, já no período mais recente, as cadeias longas de n-alcanos indicam períodos mais úmidos, portanto contribuição terrestre. Um fato interessante é a presença do composto crocetano, o qual indica, indubitavelmente, a presença de bactérias sulfato- redutoras, responsáveis pela oxidação do metano e precipitação do carbono na forma de carbonato, que justifica a baixa emissão de metano pelas lagoas salinas. Análises de sequenciamento de DNA também mostraram a presenta deste grupo de bactérias e arqueias, assim como uma mudança dos principais grupos ao longo do tempo, possivelmente associadas às mudanças climáticas. Estado da Arte O Pantanal é o bioma que detém a maior área úmida continental do mundo, abrangendo uma área de aproximadamente 200.000 Km2 do Brasil, Bolívia e Paraguai (Por, 1995). Lá, ocorre a presença permanente ou temporária de águas superficiais rasas, com solos muitas vezes saturados, além de grande biodiversidade de flora, bem como de fauna adaptada para tais ambientes (Costa et al., 2015, Pott e Silva, 2015). Esta diversidade de ambientes do Pantanal é resultado de uma bacia sedimentar tectonicamente ativa, caracterizada por uma dinâmica sedimentar que produz mudanças constantes na paisagem (Assine, 2003; Assine, 2005). Estudos realizados em testemunhos sedimentares identificaram a ocorrência de fortes mudanças climáticas durante a transição dos períodos Pleistoceno/Holoceno (McGlue et al., 2017). Estas mudanças foram vistas na precipitação e temperatura, assim como nas mudanças da vegetação e na dinâmica da sedimentação (Whitney et al., 2011; MacGlue et al., 2015). Tais observações são consideradas indicadores paleoclimáticos do Quaternário (Suguio, 2010). Essas mudanças climáticas foram caracterizadas por um predomínio de longos períodos secos desde o Pleistoceno Superior até o Holoceno Médio e intercalados com episódios úmidos no Pleistoceno e na transição Pleistoceno/Holoceno (Assine, 2003; Assine et al., 2005). Atualmente, ainda existem dúvidas sobre como estas mudanças na paisagem decorrentes das mudanças climáticas que induziram ou estão associadas a atual paisagem do Pantanal, pois muito da morfologia atual é resultado dessas mudanças ocorridas na transição (Guerreiro, 2016). A origem da salinidade ainda é tema de debate entre pesquisadores. Estudos indicam que a variabilidade da salinidade das lagoas pode ser recente e associadaà concentração de sais, devido às altas taxas de evaporação durante o período seco (Barbiéro et al., 2002). A presença de microfósseis de espículas de esponjas, as quais são típicos de lagoas de água doce, encontradas nas partes mais baixas de testemunhos sedimentares e expostas à longos períodos de estiagem, sugerem que as atuais lagoas foram, no passado, originárias de água doce e posteriormente submetidas à alternância entre períodos secos e úmidos no Holoceno Médio (Barbiéro et al., 2002; Guerreiro, 2016). Admite-se, ainda, que o aumento da salinidade possa ter ocorrido durante o Pleistoceno, pelo isolamento da drenagem natural das lagoas por bancos de areias (cordilheiras) em conjunto com a alternância de períodos úmidos/áridos (Ab’Saber, 1988). Consequentemente, há um aumento da produtividade primária, mesmo em ambientes extremos (alta salinidade e alcalinidade), possivelmente, devido à organismos adaptáveis a tais ambientes (Wang et al., 2016a). Não obstante, as condições extremas e dinâmicas das lagoas salinas, é possível encontrar uma diversidade de microrganismos, especialmente halofílicos. Vários lagos salinos estão distribuídos no mundo (Bowman et al., 2000; Oren, 2002; Casamayor et al., 2013), sendo objetivo principal de estudos os efeitos da salinidade no controle das populações microbianas (Jiang et al., 2007), sendo que a maioria das pesquisas estão concentradas no Hemisfério Norte. Um fato interessante é a que as lagoas salinas do Pantanal emitem baixos teores de metano. Segundo Bergier et al. (2014), possivelmente, o metano é oxidado por bactérias sulfato-redutoras e precipitado na forma de carbonato. Diante deste contexto, buscou-se identificar a composição geoquímica detalhada no material orgânico depositado nos sedimentos (testemunho) ao longo dos anos e que possa indicar variações na microbiota, induzidas por fatores externos, tais como evaporação e concentração, variações na temperatura, variações hidrológicas ou por eventos geológicos passados (Cimerman et al., 2005). A proposta, também, de forma inédita, avaliou a presença de bactérias e arqueias ao longo dos testemunhos por análises de amplificação do gene 16S RNAr. Abaixo são apresentados os resultados da presença de n-alcanos e DNA, os quais são parte do artigo a ser submetido para a revista Quaternary Research (Disentangling the organic matter composition of core sediments of soda lakes from Nhecolândia-Brazil). Material e Métodos Para este resumo, são apresentados os resultados da análise de 3 testemunhos, sendo 2 oriundos de lagoas salinas e um de lagoa de água doce. Foram recuperados os seguintes testemunhos: um testemunho de 1/170 cm (recuperados/profundidade) do lago Salina da Ponta (NHP) (S18º59’01’’, W56º39’44’’), um testemunho de 1/75 cm do lago Salina Burro Branco (BB2) (S19º29’36’’, W56º09’31’’) e um testemunho de 1/115 cm do lago Baía Terra Preta (BTP) (S19º33’18’’, W56º07’56’’). (Figura 1). O local amostrado dos lagoas salinas foi no centro das lagoas e o do lagoa de água doce na margem (Guerreiro, 2016). Figura 1. Foto aérea das lagoas com testemunhos amostrados. Para a análise da composição dos marcadores geoquímicos os testemunhos foram abertos e amostrados em intervalos de 2 em 2 centímetros na parte do testemunho com maior teor de material orgânico (topo, coloração escura), já o restante do testemunho, com característica arenosa, foi fracionado em intervalos a cada 4-10 cm e as subamostras foram armazenadas à -20ºC. As amostras foram analisadas segundo a composição de n-alcanos, composição elementar e sequenciamento e amplificação do gene 16S RNAr. Os procedimentos de extração e quantificação dos hidrocarbonetos alifáticos está descrito em Froehner et al. (2019), assim como a determinação da composição elementar. Já as análises e sequenciamento genético está descrito em (Caporaso et al., 2012; Caporaso et al., 2010). Resultados Os testemunhos apresentaram constituições distintas em relação ao conteúdo de areia, silte e argila. De modo geral, a parte superior é mais escura em que há presença de material orgâno-siltoso, com menor teor de areia, enquanto a parte inferior é constituída predominantemente por areia. As razões de Redfield, ou seja, C/N, indicam duas situações em relação à fonte de material orgânico. Na parte mais recente dos testemunhos, os valores das razões são baixos, os quais podem ser associados a fontes alóctones, já a parte inferior é de origem autóctone, com valores maiores. Nos 3 testemunhos foram encontrados os n- alcanos variando de C15 a C31, além do crocetano. Os n-alcanos têm sido amplamente utilizados para distinguir a fonte do material orgânico em solos e sedimentos, pois é sabido que fontes terrestres são associadas com cadeias mais longas de n-alcanos (C24 a C31), enquanto que fontes aquáticas (algas e bactérias) contém cadeias menores, C15 a C19 (Eglington e Hamilton, 1967). Nos três testemunhos, observou-se um padrão de distribuição, em que compostos com cadeias maiores estão presentes na parte superior do testemunho, já a parte inferior é dominada por uma mistura de cadeias curtas e longas. Isto pode ser interpretado como fontes diferentes de material orgânico, ou seja, origem terrestre no topo e predomínio de aquática nas partes mais profundas. Também foi observado que a concentração total decresce com o aumento da profundida do testemunho, onde não descarta-se a possibilidade de diagênese. Para melhor entender as fontes de contribuição do material orgânico, razões entre os compostos foram analisadas, as quais relacionam fonte e características hidrológicas daquele ambiente. Razões entre n-alcanos também confirmam o aporte terrestre, em alguns momentos, e aquático em outros. Valores do índice preferencial do carbono (CPI), que mostra a proporção entre cadeias longas e curtas, são altos no topo do testemunho, decrescendo ao longo dos testemunhos. Este comportamento pode ser interpretado como fonte de material terrestre no topo do testemunho e fonte aquática nas demais partes. Estes valores também podem ser influenciados por mudanças climáticas, pois valores altos indicam períodos úmidos, já valores menores, períodos mais secos, portanto produtividade primária maior, confirmada pelos valores da razão C/N (Wang et al., 2016b). Este comportamento foi observado para os três testemunhos. A contribuição terrestre pode ser devido a abundância da palmeira Copernica Alba, a qual suporta ambientes com maiores teores de carbonato. Os demais índices (Paq e TAR) seguem o mesmo comportamento, ou seja, no topo contribuição terrestre, seguida de contribuição aquática. Tais resultados também estão relacionados com períodos alternados, entre úmidos e secos. Surpreendentemente, foi encontrado o crocetano, hidrocarboneto alifático, porém ramificado. O crocetano tem sido associado à presença de um consórcio de arqueias metanotróficas e bactérias que oxidam o metano, mais especificamente com bactérias sulfato-redutoras. Tais bactérias oxidam o metano, sendo que o sulfato serve como aceptor de elétrons (Greenwood e Summons, 2003). Segundo Pancost et al. (2000) o metano é oxidado sob condições anaeróbicas por um consórcio de bactérias com precipitação de carbonato. Nos três testemunhos a ocorrência de crocetano não foi uniforme, sugerindo processos microbiológicos independentes, contudo, a baixa emissão de metano pelas lagoas salinas, como observado anteriormente, a presença de crocetano confirma a hipótese de Bergie et al (2014). Finalmente, os resultados de sequenciamento de DNA mostraram uma abundância de grupos de bactérias e arqueias nos três testemunhos. Dentre o domínio das bactérias, o filo Firmicutes e as subdi- visões Gama, Alpha, Beta e Delta-Proteobacteria, foram dominantes ao longo dos testemunhos. Entre as sequências atribuídas a Firmicutes, o gênero dominante foi Bacillus, nos segmentos central e basal do testemunho NHP (7.165±598 ka) e no segmento basal do testemunho BTP(intervalo não datado). O filo Fimicutes é caracterizado por rápida germinação de esporos e um curto período de duplicação. Sequên- cias atribuídas aos filos Actinobacteria e Chloroflexi também foram identificadas nos segmentos do topo e meio do testemunho NHP. Dentre as Actinobacterias, o grupo dos Actinomicetos termofílicos foram os mais abundantes nos os segmentos 14 a 16 e 55 a 57 cm. Ainda no segmento 55 a 57 cm (2200 cal. anos AP) do testemunho NHP foi identificado o gênero Streptomyces. Os Actinomicetos são amplamente co- nhecidos por ocuparem ambientes hipersalinos (Zenova et al., 2011). Já bactérias do gênero Strep- tomyces estão presentes em quase todos os tipos de solos e sedimentos (Zvyagintsev, 2001). As Acti- nobactérias desenvolveram diversas estratégias de sobrevivência, incluindo a esporulação, ampla capa- cidade metabólica de degradação, síntese de metabolitos secundários, e vários mecanismos de resistên- cia à radiação UV (McCarthy e Williams, 1992). Actinobactérias foram isoladas de solos salinos no México (Valenzuela-Encinas et al., 2009) e descrito como um dominante filo em ambientes áridos, como o deserto da Namíbia (Makhalanyane et al., 2013). Em especial representante da classe Anaerolineae, pertencen- tes ao filo Chloroflexi, foram encontradas nos segmentos de topo e meio dos testemunhos NHP e BB2. Cloroflexi também é encontrado em ambientes hipersalinos, como solos altamente salinos e águas resi- duais hipersalinas. A maioria das sequências de Cloroflexi pode ser encontrado nas camadas profundas. Não foram identificados grupos bacterianos bastante expressivos no testemunho BB2 em comparação com os grupos encontrados nos testemunhos NHP e BTP. Todavia, foi possível identificar, sutilmente, que as subdivisões do filo Proteobacteria (alphaproteobacteria, betaproteobacteria, deltaproteobacteria e gammaproteobacteria) estão presentes em todas as profundidades analisadas. De forma geral, betapro- teobacteria domina em todos os segmentos, seguido por Gemm-5 e Nitrospira identificados nos segmen- tos entre 8 a 10 cm de profundidade, intervalo datado pelo 14C em período pós-bomba. Representantes da classe Acidimicrobiia, Gemm-5 compõem a porção basal do testemunho (40 a 44 cm). Gemmatimo- nadetes apresentam crescimento lento (Zhang et al., 2003) são colonizadores que se adaptam bem à baixa umidade do solo (DeBruyn et al., 2011), apontando para uma tolerância à dessecação. Discussões e Conclusões Três testemunhos foram analisados segundo o perfil de distribuição de n-alcanos. A distribuição mostrou situações distintas e em alguns momentos alternâncias entre fontes de introdução da matéria orgânica, tais mudanças se associam com mudanças climáticas que ocorreram na região do Pantanal durante o Holoceno. No topo dos testemunhos predominam as cadeias longas, as quais indicam a introdução de material de origem terrestre, que também pode estar associado à períodos mais úmidos. Já as partes mais profundas, predominam cadeias curtas, as quais são provenientes de algas, especialmente. Na lagoa de água doce (BTP) há a ocorrência de macrófitas, nos sedimentos confirmadas pelas cadeias médias de n-alcanos. Em todos os testemunhos observou-se hiatos pelas análises de granulometria, composição elementar e n-alcanos, provavelmente indicando uma transição, com abrupta mudança climática. Admite-se que estas mudanças climáticas influenciaram na formação das lagoas, tanto salinas como de água doce, claramente existe uma mudança na distribuição dos n-alcanos, que pode estar associada à mudanças climáticas. A presença de crocetano confirma a oxidação do metano por um consórcio de bactérias e que precipita o carbono na forma de carbonato. Contudo, a ocorrência de crocetano na lagoa de água doce induz a alternativa de existência de um consórcio de bactérias distinto entre lagoas. A existência de tal consórcio é indicado pelos resultados de sequenciamento do DNA. Atividades Futuras Preparação e submissão do segundo artigo com foco principal no tratamento bioestatístico (em andamento) dos resultados de sequenciamento do DNA, a fim de identificar os genes predominantes em cada segmento dos testemunhos. Também neste artigo, será associado o perfil de ácidos graxos com os resultados dos principais grupos de bactérias. Agradecimentos Ao CNPq/Equinor pela bolsa de doutorado (Processo 440126/2019-3). Referências Ab´Saber, A. 1988. O Pantanal Mato-Grossense e a teoria dos refúgios. Revista Brasileira de Geografia 1(12): 9-57. Assine, M.L. 2005. River avulsions on the Taquari megafan, Pantanal wetland, Brazil. Geomorphology. Amsterdam: Elsevier B.V., v. 70, n. 3-4, p. 357-371. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/25058>. Assine, M. L. 2003. Sedimentação na bacia do Pantanal Mato-Grossense, Centro-Oeste do Brasil. Tese de livre Docência, Universidade Estadual de São Paulo – Unesp. Barbiero, L., Berger, G., Rezende Filho, A. T., Meunier, J. 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Introdução O presente estudo é resultado da análise, em andamento, da região sul do estado do Maranhão, especificamente na região da Bacia Hidrográfica do Rio das Balsas (BHRDB), o local é uma área em desenvolvimento, impulsionado principalmente pela produção agrícola no bioma Cerrado e que possui poucas pesquisas e mapas de descrição da área. Inicialmente, a principal dificuldade encontrada foi a falta de informações na literatura sobre a BHRDB. Por este motivo foi produzido e publicado um artigo que versa sobre a caracterização física da BHRDB, bem como apresenta em análise qualitativa por meio do mapa de áreas suscetíveis a erosão com base no método Curve Number (NRCS, 1989). Considerando que, os sedimentos fluviais são constituídos por partículas minerais e matéria orgânica e que estes são transportados e/ou depositados nos corpos d’água, vislumbra-se a determinação e associação com a origem do material inorgânico do sedimento, portanto os efeitos antrópicos na bacia , além de entender a quanto tempo as modificações geoquímicas antrópicas vem ocorrendo no local. Além disso, espera-se contribuir por meio da elaboração de mapas e diagnósticos iniciais para que a ocupação da área possa ocorrem de maneira sustentável, buscando aliar a aptidão da área com as atividades econômicas. Estado da Arte Os sedimentos são constituídos por partículas minerais e matéria orgânica que são transportadas ou depositadas nos corpos d´água. Os processos derivados das atividades antrópicas são responsáveis pela entrada de cargas de elementos tóxicos nas águas superficiais das bacias hidrográficas, e podem afetar a qualidade dos sedimentos, uma vez que estes, são estoques de substâncias e compostos químicos e podem servir de fonte secundária de poluição difusa (POLETO; FERNANDES e BEIER, 2017). As atividades antrópicas são refletidas na qualidade de corpos hídricos e estão associadas ao uso e ocupação do solo, a erosão também é um reflexo de como o solo é ocupado. Sob determinadas circunstâncias, as taxas de erosão podem ser 100 vezes maiores, com a interferência humana, do que seria apenas considerando-se em termos geológicos (CARVALHO et. al., 2000). De acordo com Coltrinari (2001), foi no início dos anos 1990 que surgiu a ideia de estabelecer parâmetros, avaliar os componentes naturais e definir a contribuição das ciências da Terra à compreensão das mudanças globais de curto prazo. Nos últimos anos o uso de marcadores geoquímicos tem sido amplamente utilizados na compreensão e entendimento do material orgânico depositado nos corpos hídricos, os quais podem trazer informações quanto a origem do material, bem como ser associados aos processos naturais e antrópicos. A utilização de marcadores geoquímicos com a finalidade de rastrear a erosão é denominada método fingerprint, que pode auxiliar no entendimento dos aportes antrópicos. De acordo com Salminen (2018) a várzea superficial e os sedimentos são normalmente afetados por atividades antropogênicas recentes e podem estar contaminados, já as amostras mais profundas normalmente mostram a variação natural. Galoski et al., (2019) destacam que a combinação do uso do solo e das características hidrológicas podem interferir no sedimento que é carreado para os corpos hídricos, os autores utilizaram o fingerprint como ferramenta para rastrear a erosão influenciada pelo uso do solo. Para entender como ocorreram os aportes antrópicos ao longo do tempo é necessário utilizar técnicas que determinem a idade dos sedimentos depositados. A datação permite determinar quando o evento ocorreu. Também pode ser obtido resultados satisfatórios e de grande relevância no estabelecimento de um histórico ambiental, referentes a geocronologia de sedimentos com idades de até cerca dos 150 anos, ganhando maior relevância, ainda, quando aplicada em regiões de intensas atividades antrópicas, uma vez que os sedimentos funcionam como registro histórico das atividades de uso e ocupação do solo (ALEXANDER et al., 1993 apud POLETO, FERNADES E BEIER, 2017). Com a determinação temporal combinada com a avaliação do uso e ocupação do solo ao longo do tempo é possível determinar quais atividades mais influenciam a composiçãogeoquímica do local. Considerando que a contaminação do solo e sedimentos por metais pesados ocorre, em centros urbanos não industrializados, como é o caso da área de estudo, principalmente pela presença de lixões. Abrelpe (2015) descreve que o aporte de metais pesados pelos lixões (As, Pb, Cu, Cr, Ni, Zn, Fe, Mn, Sc e Sr) se dá pelo processo de decomposição dos materiais presentes na massa de resíduos ou pela combustão. Determinar o impacto destes metais nos sedimentos ainda é um desafio no Brasil, já que segundo Schmitz (2018), para os sedimentos, não há ainda uma legislação nacional sobre a qualidade do ambiente natural, exceto a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA nº454), que disciplina a dragagem e disposição dos sedimentos dragados. No entanto alguns índices podem ser utilizados como o Índice de Geoacumulação (Igeo) proposto por Muller (1969), além do Fator de Enriquecimento (EF) proposto por Hakanson (1980) e o Índice de Carga de Poluição (PLI) proposto por Tomlinson et al., (1980). Com base nestes índices é possível descrever as principais modificações geoquímicas dos sedimentos induzidos por atividades antrópicas. Material e Métodos A primeira etapa do trabalho, consistiu no mapeamento de caracterização morfométrica e delimitação da BHRDB e suas sub-bacias, de posse dos mapas foi possível determinar os pontos de amostragem que foram selecionados de acordo com as diferentes influências antrópicas, em áreas com pouca ou nenhuma influência antrópica a montante do centro urbano, área de influência urbana, área de influência do lixão, e a jusante da cidade de Balsas (Figura 1). A área delimitada como área de influência total, compreende as sub-bacias a montante dos pontos de coleta, que possuem área de 9058,9 km2 e representa cerca de 35% da área total da BHRD. Os testemunhos foram coletados em tubos de PVC de 50 mm de diâmetro, com aproximadamente 50 cm de comprimento entre os meses de junho e julho de 2018. Após a coleta, os testemunhos foram refrigerados e posteriormente congelados até a abertura para fatiamento. A separação das amostras foi feita em intervalos de 2 cm, conforme descrito em IAEA (2003). No total, foram realizadas coletas em 9 pontos sendo três testemunhos em cada ponto. Para cada local foram selecionadas análises distintas, a escolha se deu com base na análise espacial das três principais atividades antrópicas que podem influenciar a modificação na composição geoquímica dos sedimentos. As análises realizadas foram: Datação por 210Pb em P3, P4 e P9; Concentração de NPK em P1, P2 e P3, para determinar aportes pela agricultura; Metais pesados (As, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn) em todos os pontos, para avaliar a influência tanto do centro urbano quanto do lixão. A datação por 210PB foi realizada no laboratório de espectrometria gama do Instituto Oceanográfico da USP, sendo utilizado o método descrito por Figueira (2000). Para determinar a concentração dos metais biodisponíveis, as amostras foram previamente secas e separadas por peneiramento (<0,63μm). Então, foram preparadas conforme procedimento descrito no método EPA 3050-B (USEPA, 1996) com a adaptação descrita por Schmitz (2018) que permite o uso do bloco digestor. Figura 1 - Área de influência e localização dos pontos de coletas de testemunhos. A extração e leitura da concentração dos metais biodisponíveis foi realizado Laboratório de Nutrição de Plantas da UFPR. Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância (ANOVA) com 95% de confiança para determinar a similaridade ou diferenças entre os metais analisados, além disso, foram calculados: Índice de Geoacumulação (Igeo), Fator de Enriquecimento (EF) e Índice de Carga de Poluentes (PLI) a base de dados geoquímicos da CPRM foi utilizada como background para os valores utilizados no cálculo dos índices. Para a avalição da ocupação antrópica na região, foram utilizados os dados disponíveis em Mapbiomas que possui uma coleção de arquivos rasters com o uso e ocupação do solo entre os anos de 1985 e 2018 produzidos com base em imagens Landsat com 30 m de resolução. Para a presente análise, foram utilizados os dados relativos aos anos 1988, 1998, 2008 e 2018. Resultados A datação por 210Pb demonstrou que as bases dos testemunhos dataram de 1946 e 1947. Com relação à análise granulométrica, P3 e P4 foram classificados como textura arenosa, conforme os grupamentos texturais descritos por Embrapa (2006) e apresentaram 92% de areia, 5% de silte e 3% de argila; 99,2% de areia, 0,8% silte e 0% argila, respectivamente. Já no P9, as camadas analisadas variaram entre textura média e textura muito argilosa, no geral o testemunho foi classificado como muito argiloso (1% de areia, 2% de silte e 97% de argila). A avaliação do uso e ocupação do solo na área de estudo não é possível para atingir a mesma data da base dos sedimentos, os dados mais antigos datam de 1985. Como os testemunhos foram coletados em 2018, foram utilizados os dados de 2018, 2008, 1998 e 1988 (intervalos de 10 anos), para entender de que modo ocorreram as mudanças de uso e ocupação na área de influência, como mostra a Figura 2. As principais alterações com relação ao uso e ocupação do solo, entre os anos de 1988 e 2018 foram: a redução das áreas de Cerrado e Campo, que reduziram 16,6 e 3,4% no período, respectivamente. Em contrapartida, houve aumento nas áreas de Cultura perene (19,2%), já as demais áreas variaram positivamente menos de 0,5%. Com relação as concentrações de N, P e K em P1, P2 e P3, a ANOVA mostra significância estatística entre todos os elementos, já que todas correlações apresentam p<0,05. Por sua vez, as concentrações de metais biodisponíveis, realizados em todos os pontos de coleta, e estão apresentadas na Tabela 1, onde são apresentadas as médias, o desvio padrão, o mínimo e o máximo por elemento, para o universo de 9 pontos amostrais e de 97 sub amostras. Tabela 1: Médias das concentrações de metais pesados (ppm). As Cr Cu Mn Ni P Pb Zn Fe Média 1.3 6.3 4.8 47.5 7.6 65.6 10.7 43.7 3572.6 Des. Padrão 1.2 5.2 6.1 53.6 5.3 72.9 7.6 31.7 3064.4 Mínimo 0.0 0.2 0.2 0.6 0.5 0.0 0.9 1.7 91.1 Figura 2: Uso e ocupação do solo nos anos 2018, 2008, 1998 e 1988. Máximo 4.7 20.0 26.9 205.4 20.2 287.2 29.5 121.6 10150.9 Pela ANOVA, é possível afirmar que não há diferença estatística entre os seguintes elementos: Ni e Cr; P e Mn; Pb e Cr; Pb e Ni; Zn e Mn; e Zn e P. Entre todos os demais, há significância estatística já que apresentam p<0,05. O cálculo dos índices Igeo, EF e PLI possibilitam avaliar o grau de modificação geoquímica, uma vez que estes consideram nos cálculos os valores encontrados no solo/rocha do local. A Tabela 2 mostra os valores calculados para Igeo e EF, por elemento e os valores de background. Tabela 2: Igeo, EF calculados e valores de background. As Cr Cu Mn Ni P Pb Zn Fe Igeo 13.0 -2.7 -2.7 3.7 15.6 -2.8 -2.2 18.1 5.6 EF 8.7 0.0 0.0 0.3 71.3 0.0 0.0 468.7 4.4 CPRM* 0.01** 34.17 13.54 108.33 23.92 0.01** 18.38 27.58 32166.67 *Valores de background. **valor original igual a zero, utilizado 0,01 para o cálculo dos índices. Conforme a classificação dos resultados do Igeo, a área não é considerada contaminada pelos valores encontrados para Cr, Cu, P e Pb (Igeo < 0). Já o valor encontrado para Mn o classifica como contaminado (3 < Igeo < 4). Por sua vez, As, Ni, Zn e Fe foram classificados como extremamente contaminados por apresentarem Igeo > 5. Já com relação ao EF temos Cr, Cu, Mn, P e Pb classificados com enriquecimento deficiente (EF < 2). As e Fe apresentam enriquecimento significativo (EF entre 5 e 20). E Ni e Zn apresentam enriquecimento extremamente alto (EF > 40). Outro método de avaliação das alterações geoquímicas locais que é amplamente utilizado é o PLI, para o presente estudo, as áreas foram divididas em: Montante, Urbano e Lixão, a Tabela 3 mostra os resultados do PLI para as 3 áreas. Tabela 3: PLI por área deinfluência. PLI Montante PLI Urbano PLI Lixão Média 3.3 16.9 25.1 Des. Padrão 0.7 7.9 10.7 Mínimo 2.6 6.2 10.5 Máximo 4.2 28.1 39.5 De acordo com a proposta de Tomlinson (1980), os valores de PLI abaixo de 1 são considerados não poluídos e os valores maiores que 1 são classificados como poluídos, conforme observa-se na Tabela 3, as três áreas estão poluídas, além de perceptível o aumento dos valores de PLI para as diferentes áreas, sendo os menores valores para a área de montante, valores intermediários para área urbana e os maiores valores com relação aos pontos coletados para avaliar a influência do lixão. Observando os valores calculados temos em comparação entre área de montante e a área urbana um incremento de 5,1 vezes no valor do PLI, já entre a área de montante e a área de influência do lixão temos valores 7,1 vezes maior e entre a área urbana e lixão a diferença é de 1,5 vezes. Discussões e Conclusões A razão pela qual optou-se por utilizar nas análises somente a parte fina do sedimento (<63μm) é justificada pelo estudo de Li et al, (2020) que determinou que a argila foi o principal fator com poder de predição do fingerprint, 73.5%. A restrição da análise para a parte fina do sedimento é corroborada por Owens et al., (2016) que descreve que o efeito do tamanho das partículas pode ser minimizado de dois modos, pela restrição ao tamanho das partículas para <63μm ou pela utilização de fatores de correção. Com relação aos índices calculados, tanto os valores de Igeo quanto os valores de EF indicam que os elementos que apresentam valores elevados são os mesmos: As, Ni, Zn e Fe. O que pode indicar a que provável fonte seja a mesma para as três áreas. Os valores calculados para o PLI indicam que conforme os pontos se aproximam da área urbana e do lixão os valores encontrados aumentaram, o que pode indicar o incremento das atividades urbanas, especialmente com relação ao lixão, já que a diferença entre a área de montante a área urbana é de 5,1 vezes e entre a área urbana e a área do lixão é de apenas 1,5 vezes maior. Espera-se validar o método utilizado como ferramenta passível de utilização para monitoramento das condições ambientais do Rio Balsas que é o curso de água mais importante do sul do estado do Maranhão, um dos principais afluentes do rio Parnaíba e o principal manancial para abastecimento urbano do município. Atividades Futuras O primeiro artigo já foi submetido, revisado e aceito para publicação na Revista Engenharia Sanitária e Ambiental. O segundo artigo está em andamento e é relacionado a correlação entre as alterações no uso e ocupação do solo e a variação dos compostos geoquímicos ao longo do tempo. Agradecimentos Agradeço a todos que contribuíram de diversas maneiras para a realização da presente pesquisa. Referências ABRELPE - Associação Brasileira De Empresas De Limpeza Pública E Resíduos Especiais. 2015. Saúde desperdiçada: o caso dos lixões. Bandeira, I. C. N. O. 2013. Geodiversidade do estado do Maranhão. Carvalho, N. D. O., FILIZOLA JÚNIOR, N. P., Santos, P. D., & Lima, J. E. F. W. 2000. Guia de práticas sedimentométricas. Brasilia: Aneel. Farinasso, M., Carvalho Júnior, O. A. D., Guimarães, R. F., Gomes, R. A. T., & Ramos, V. M. 2006. Avaliação qualitativa do potencial de erosão laminarem grandes áreas por meio da EUPS-Equação Universal de Perdas de Solos utilizando novas metodologias em SIG para os cálculos dos seus fatores na região do Alto Parnaíba–PI-MA. Embrapa. Solos, E. 2006. 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Análise de metais biodisponíveis em sedimentos na bacia hidrográfica do Rio Tega-RS. Tomlinson, D. L., Wilson, J. G., Harris, C. R., & Jeffrey, D. W. 1980. Problems in the assessment of heavy-metal levels in estuaries and the formation of a pollution index. Helgoländer meeresuntersuchungen, 33(1), 566-575. USEPA, E. 1996. Method 3050B-Acid digestion of sediments, sludges and soils. Test methods for evaluating solid wastes: Physical/chemical methods. EPA SW‐846, 1, 3050B-1. Tomlinson, D. L., Wilson, J. G., Harris, C. R., & Jeffrey, D. W. 1980. Problems in the assessment of heavy-metal levels in estuaries and the formation of a pollution index. Helgoländer meeresuntersuchungen, 33(1), 566-575. Dados Acadêmicos Modalidade: Doutorado – acima de 12 meses. Data do Exame de Qualificação: Julho/2019. Título Original do Projeto de Pesquisa: Identificação Da Relação Entre Uso E Ocupação Do Solo E Características Geológicas Da Bacia Hidrográfica Do Rio Balsas-MA, Pelo Método Fingerprint. Data de Ingresso na Pós-Graduação: 05/2017; Área de Concentração: Geologia Ambiental; Linha de Pesquisa: Recursos Hídricos. Possui Bolsa: não. Contribuição no conhecimento do potencial mineral da porção sudoeste do Escudo Sul Rio-Grandense, Terreno Taquarembó: mapeamento de alterações hidrotermais e arcabouço estrutural Ana Paula Tavares anatavares@ufpr.br Maximilian Fries (Pós Graduação em Geologia - UFPR; Laboratório de Geofísica Aplicada - UNIPAMPA) Palavras-Chave: exploração mineral; sensoriamento remoto; geofísica. Introdução O Escudo Sul Rio-Grandense é reconhecido por abrigar importantes recursos minerais, a exemplo de mineralizações metálicas de ouro, estanho, tungstênio e sulfetos de metais base (cobre, chumbo, zinco), que ocorrem ou não associadas a metais preciosos (ouro e prata). Essas mineralizações são em sua maioria ocorrências, e em menor número, depósitos e minas, nas quais têm sido exploradas desde o século passado (Ramgrab et al., 2000). Nesse contexto insere-se a área de estudo proposta, na qual além de apresentar significativas ocorrências minerais metálicas, possui uma mina desativada que permaneceu ativa até a década de 1930 (Camozzato et al., 2014), sendo responsável pela extração de ouro. No trabalho de Tavares (2019), que realizou uma análise da distribuição dos recursos minerais metálicos em uma extensão que inclui o Escudo Sul Rio-Grandense, um dos pontos levantados em suas considerações, é a possível relação espacial observadaentre ocorrências minerais de cobre e chumbo, com unidades pertencentes a Formação Hilário. A área de estudo possui unidades litológicas pertencentes a formação em questão, bem como termos intrusivos cogenéticos a esse vulcanismo - Hilário. Em trabalhos prospectivos regionais executados pela Companhia Brasileira do Cobre - CBC na região, foram identificadas estruturas filonianas nas quais foram detectados teores de ouro, como também a presença de molibdenita, galena, esfalerita e minerais de cobre (Camozzato et al., 2014). Laux (2017) realizou trabalhos de geoquímica prospectiva na região, através de coleta de sedimentos ativos de corrente e concentrados de bateia, nas quais as análises resultaram em zonas anômalas para alguns elementos. São referidas zonas de alteração hidrotermal nas localidades de interesse para ouro da região, mas dentre as áreas mais relevantes, a que abriga a mina desativada, as zonas de alterações hidrotermais foram observadas através de material que não se encontra in situ, sendo verificadas através do que restou da pilha de estéril. A região foi prospectada por algumas empresas no passado, contudo, foram descartadas por falta de controle da mineralização (Custódio et al., 2019). Bibliografias apontam que os filões mineralizados da região, são dominantemente rúpteis, com estruturas brechadas e orientados preferencialmente a N-S, NNE e NW (Camozzato et al., 2014). Diante do contexto exposto, objetiva-se identificar e mapear zonas de alterações hidrotermais, que estejam associadas as mineralizações presentes na região (não somente as auríferas já conhecidas e explotadas, mas também verificando o potencial para metálicos como cobre e chumbo), de modo a contribuir para o conhecimento e identificação da distribuição dessas zonas. Complementarmente, a identificação de zonas de alteração hidrotermal, em conjunto com a análise de dados aeromagnéticos - como suporte no entendimento do arcabouço geológico-estrutural, servirão como guias para a definição de áreas para a aplicação de geofísica terrestre de detalhe, a fim de refinar e colaborar para o conhecimento estrutural das mineralizações e da região. Os resultados a serem obtidos oferecerão significante aumento na resolução das anomalias observadas, acrescentando importantes informações geológicas e geofísicas na área, considerando que dados geofísicos em escalas de maior detalhamento (1:50.000 e 1:25.000) são inexistentes na região. Convém ressaltar que o entendimento referente ao comportamento e distribuição das ocorrências minerais, assim como o contexto geológico nas quais estão inseridas, é fundamental para ampliar as chances de sucesso na identificação de alvos propícios a conter mineralizações. O estado do Rio Grande do Sul é composto por três províncias geológicas distintas, com características litoestruturais, geocronológicas, geomorfológicas e evolutivas próprias. Foram definidas por Almeida et al. (1977) e correspondem as Províncias Mantiqueira, Paraná e Costeira. A área de estudo está situada na Província Mantiqueira, que corresponde a um sistema orogênico constituído predominantemente por terrenos Pré-Silurianos (> 450Ma). Constitui uma faixa ao longo da região costeira, que se estende do sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, prolongando-se ao Uruguai. Sua porção no Rio Grande do Sul está localizada na região central do estado, sendo referida como Escudo Sul Rio- Grandense (Hasui, 2012), nos quais seus terrenos compreendem associações de rochas metamórficas, ígneas e sedimentares, distribuídas em um complexo arranjo tectono-estratigráfico. Lineamentos regionais orientados a NE-SW e NW-SE segmentam o escudo e embasam a compartimentação tectônica dos terrenos que o compõem (Laux, 2017). As unidades geotectônicas que constituem o escudo compreendem o Terreno Taquarembó, Terreno São Gabriel, Terreno Tijucas, Batólito de Pelotas e coberturas vulcano-sedimentares da Bacia do Camaquã e ígneas plutônicas correlatas, que intrudem ou depositam-se sobre as demais unidades (Camozzato et al., 2014). A região proposta para esta pesquisa situa-se no Terreno Taquarembó, limitado a oeste e a sul pelos sedimentos da Bacia do Paraná; a nordeste limitado do Terreno São Gabriel pelo Lineamento de Ibaré; e a leste, limitado do Terreno Tijucas pelo Lineamento Magnético de Caçapava do Sul (Chemale, 2000). As principais unidades geológicas são representadas pelo Complexo Granulítico Santa Maria Chico (CGSMC), formado por gnaisses quartzo-feldspáticos, gnaisses máficos, ultramafitos e rochas supracrustais, metamorfizadas na fácies granulito a anfibolito, que são intrudidos por granitos e recobertos parcialmente por rochas vulcano-sedimentares (Laux, 2017). As unidades intrusivas no CGSMC apresentam composição granodiorítica a monzogranítica, que formam intrusões com enclaves de rochas granulíticas do CGSMC, acompanhadas por corpos dacíticos subvulcânicos. Ocorrem também, unidades vulcânicas e vulcano-clásticas de caráter ácido e básico (Chemale, 2000). As mineralizações da área ocorrem em veios e brechas hidrotermais encaixadas em rochas de composição granítica (hipabissais e plutônicas) e metamórficas, como também em configurações mais complexas, encaixadas nas litologias mencionadas que podem estar cortadas por diques traquíticos e traquiandesíticos (Camozzato et al., 2014). A área de estudo está localizada na porção centro oeste do estado do Rio Grande do Sul, compreendendo as coordenadas 30° 53’ e 31° 00’ sul e 54° 12’ e 54º 27’ oeste, que englobam parte dos municípios de Dom Pedrito e Lavras do Sul (Figura 1). O acesso a área se dá a partir de estradas não pavimentadas, que podem ser acessadas a partir de rodovias federais e estaduais, como a BR 473 e RS 630, respectivamente. Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo. Estado da Arte Os dados de sensoriamento remoto permitem obter informações da superfície terrestre sem que haja contato direto com esta, através da captação e registro da energia refletida ou emitida pela superfície (Florenzano, 2007). A energia utilizada no sensoriamento remoto é a radiação eletromagnética que se propaga em forma de ondas, na qual sensores e dispositivos capazes de detectá-la, a registram em variadas formas, como imagens, gráficos e dados digitais diversos. A distribuição da radiação eletromagnética é representada pelo espectro eletromagnético, em função de seus comprimentos de onda e frequência, denominados de bandas ou faixas espectrais. As imagens de um alvo captadas em diferentes faixas do espectro eletromagnético apresentam reflectâncias específicas, inerentes ao material do qual são compostas (Fitz, 2010). Esses dados podem então ser manipulados e analisados por meio de software, visando o realce e extração de informações acerca da superfície de interesse. A geofísica através de seus diferentes métodos, permite medir variações dos parâmetros físicos, associados a mudanças de propriedades físicas das rochas em subsuperfície. Consiste em uma ferramenta empregada em diversas áreas das geociências, na qual é amplamente utilizada na exploração mineral, uma vez que é capaz de mapear grandes áreas de maneira mais otimizada e com custos reduzidos. É geralmente consensual que a descoberta de depósitos minerais econômicos mais superficiais tem se tornado cada vez mais árdua, implicando no aumento de investigações de alvos não aflorantes e profundos (Dentith & Mudge, 2014), possibilitado através da aplicação de métodos geofísicos. A magnetometria consiste em um método geofísico que mede a intensidade do campo magnético terrestre e das magnetizações induzidas pelos materiais em subsuperfície. As anomalias magnéticas são causadas por minerais magnéticos contidos nas rochas. Os minerais formadores de rocha mais comuns exibem suscetibilidade magnética muito baixa, estando o caráter magnético associado a uma proporção geralmente reduzida de minerais magnéticos, comumente causadas por magnetita e pirrotita.As rochas ígneas básicas são geralmente altamente magnéticas em função do alto conteúdo de magnetita. Em relação a rochas ígneas ácidas, seu comportamento magnético pode ser variável, mas em geral, são menos magnéticas, uma vez que o conteúdo de magnetita tende a diminuir com o aumento da acidez. Para rochas metamórficas, seu caráter magnético também é variável (Kearey et al., 2009). O método geofísico de gamaespectrometria mede a radiação emitida por elementos radioativos que constituem os minerais. A maior parte dos isótopos radioativos de ocorrência natural não apresentam importância para a geofísica, uma vez que a maioria é rara, fracamente radioativa, ou ambos. Os elementos que constituem as principais fontes de radiação, provêm da desintegração natural de K, U e Th (Telford et al., 1990). Entretanto, os elementos U e Th não emitem radiação gama, mas sim seus produtos decorrentes de decaimento, o Bi e o Tl, sendo referidos como U e Th equivalente (eU, eTh). A radiação gama no solo é fortemente afetada pela densidade do meio que atravessa, esse fator implica a limitação investigativa do método, tornando suas medições essencialmente superficiais, com alcance médio de 30 a 40 centímetros (Ribeiro et al., 2014). Material e Métodos Para o desenvolvimento deste projeto foram definidas as seguintes etapas i) revisão bibliográfica, ii) processamento e análise de dados de sensoriamento remoto e aerogeofísicos, iii) etapas de campo - geologia e geofísica, iv) processamento, integração e análise e v) interpretação e resultados. A revisão bibliográfica contará com informações pré-existentes como geologia regional e local, modelos de depósitos e sistemas minerais, geoquímica e levantamento de ocorrências minerais metálicas de interesse (ouro, cobre, chumbo e demais elementos associados a tais metálicos), ocorrentes na área de estudo. Dentre os produtos a serem gerados a partir dos dados de sensoriamento remoto por meio de processamentos específicos para cada finalidade, têm-se: a) modelos digitais de terreno, a fim de auxiliar interpretações estruturais, de concentração e remobilização de elementos; b) Imagens de satélite com alta resolução espacial, processadas em diferentes combinações de bandas, com o intuito de identificar possíveis assinaturas de alteração hidrotermal associadas as áreas de interesse mineral (reportadas em bibliografias). A utilização das imagens de satélite, juntamente com os dados aerogamaespectrométricos – que serão abordados a seguir, auxiliarão na seleção de regiões inseridas na área de estudo, para a realização de c) análise hiperespectral, proporcionando detalhes acerca das propriedades químicas da superfície imageada. Os dados aerogeofísicos a serem utilizados consistem em dados de magnetometria e gamaespectrometria pertencentes ao Projeto Aerogeofísico Escudo do Rio Grande do Sul, oriundos de aerolevantamentos realizados a pedido da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM (CPRM, 2010), e disponibilizados com os processamentos necessários previamente realizados. Os dados magnéticos podem ser apresentados através de diversos filtros que enfatizam ou suprimem determinadas características e feições (Dentith & Mudge, 2014). Entretanto, resultados magnetométricos expressos a partir do Mapa de Campo Magnético Anômalo Total (CMAT) representam o produto primordial em levantamentos magnetométricos, e os demais produtos derivam deste. Os dados magnéticos disponibilizados, contam com o CMAT, Amplitude do Sinal Analítico e primeira Derivada Vertical. Adicionalmente, os dados de CMAT serão processados através de rotinas do software Oasis Montaj para a geração de mapas de Redução ao Polo, proporcionando um caráter monopolar das anomalias, a fim de facilitar sua visualização e interpretação. Os dados magnéticos servirão como base para a análise e interpretação do arcabouço estrutural e identificação de áreas com maior susceptibilidade magnética. Diversas são as maneiras de apresentação dos dados geofísicos através de mapas, no caso dos radiométricos, podem ser representados através de concentrações elementares individuais (K (%), eU (ppm), eTh (ppm)), razões elementares (eU/eTh, eU/K, eTh/K) ou em concentrações conjuntas (Contagem Total e Ternário), nos quais encontram-se previamente disponíveis em tais representações. A utilização dos dados de gamaespectrometria, servirão como base para a análise da remobilização de materiais e elementos, identificação de concentrações elementares, comparativo com mapas geológicos e como já mencionado, auxílio na seleção de áreas para a realização de análise hiperespectral. As fases intermediárias e finais consistem nas etapas de iii a v mencionadas, representadas por etapas de campo para a aquisição de dados geológicos e geofísicos, processamento, integração, análise, interpretação e elaboração de resultados. Incluem as seguintes atividades: a) obtenção de amostras, nas quais serão submetidas a análises petrográficas em escala macroscópica e microscópica; b) aquisição de dados estruturais, disposição, correlação e interpretação; c) aplicação de geofísica terrestre (perfis de detalhe) e medidas de susceptibilidade magnética in situ em amostras e afloramentos, em áreas alvo previamente delimitadas por meio dos estudos iniciais. Os dados obtidos no levantamento serão processados, o que inclui a realização de correções, remoções e filtragens intrínsecas ao método geofísico a ser adotado. Viabilidade do projeto Os dados que irão subsidiar as etapas iniciais do projeto consistem em informações disponibilizadas ao domínio público, como imagens de satélite que podem ser obtidas através de plataformas digitais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e demais agências internacionais. Em relação aos dados aerogeofísicos radiométricos e magnéticos, podem ser obtidos através do banco de dados do CPRM – Serviço Geológico do Brasil. As etapas de campo, aquisição geofísica e processamento de dados, contarão com o apoio do Laboratório de Geofísica Aplicada da Universidade Federal do Pampa, campus Caçapava do Sul. Para a confecção de lâminas petrográficas das amostras coletadas em campo, será usada a estrutura e disponibilidade do Laboratório de Laminação Petrográfica (LAMIN) da Universidade Federal do Paraná e do Laboratório de Laminação da Universidade Federal do Pampa. As amostras macroscópicas e lâminas petrográficas, serão analisadas com suporte da estrutura do Laboratório de Petrografia da Universidade Federal do Paraná. Resultados A partir da análise e interpretação dos dados geológicos e geofísicos há a necessidade de se estabelecer as variações (range) dos valores anômalos indiretos e diretos (parâmetros). Estes, são oriundos das assinaturas das respectivas unidades litológicas medidas em amostras e afloramentos no local. Uma vez estabelecidos esses valores para os tipos litológicos, é possível hierarquizar e correlacionar as variações (anomalias), a prováveis zonas de alteração hidrotermal associadas a mineralizações. É realizado, portanto, um detalhamento que poderá corroborar com os resultados inicialmente gerados pela análise regional (sensoriamento remoto e aerogeofísica). Adicionalmente, as informações diretas obtidas a partir dos trabalhos de campo, petrografia macroscópica e microscópica, complementarão os dados acerca das características das alterações hidrotermais, oferecendo um modelo mais consistente e confiável quanto as distribuições, associações e paragêneses minerais. Os dados aeromagnéticos, de geofísica terrestre e estrutural, acrescentarão informações a respeito do arcabouço estrutural associado ao controle das mineralizações. Estes resultados geofísicos indiretos com base em parâmetros estabelecidos consistirão em uma importante contribuição para o conhecimento geológico, geofísico e estrutural da região, que de certa forma são escassos. Além disso, contribuirá de maneira indireta no entendimento acerca do potencialmineral para ouro, cobre e chumbo da região. Cronograma As atividades programadas para a realização do presente projeto e os respectivos períodos de execução, podem ser visualizadas no cronograma (Tabela 1) a seguir. Tabela 1 – Cronograma das atividades programadas para a realização do projeto. Agradecimentos Ao Laboratório de Geofísica Aplicada (LGA) da Universidade Federal do Pampa. Referências Almeida, F.F.M., Hasui, Y., Brito Neves, B.B., Fuck, R.A. 1977. Províncias Estruturais Brasileiras. Atas. 8° Simpósio de Geologia do Nordeste. Campina Grande, SBG, p. 363-391. Camozzato, E., Toniolo, J.A., Laux, J.H. 2014. Metalogênese do Cinturão Dom Feliciano e Fragmentos Paleocontinentais associados (RS/SC) In: Silva, M.G., Rocha Neto, M.B., Jost, H., Kuyumjian, R.M. Metalogênese das províncias tectônicas brasileiras, p. 517-556. Chemale, F.J. 2000. Evolução geológica do Escudo Sul-rio-grandense In: Holz, M. & De Ros, L.F. Geologia do Rio Grande do Sul, p. 13-52. Custódio C.M., Laux J.H., Sander A. 2019. 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Possui Bolsa: não. 1º SEMESTRE 2º SEMESTRE 3º SEMESTRE 4º SEMESTRE Abril/20 - Setembro/20 Outubro/20 - Março/21 Abril/21 - Setembro/21 Outubro/21 - Março/22 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA X X X X PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO E AEROGEOFÍSICOS X X ETAPAS DE CAMPO (GEOLOGIA E GEOFÍSICA) X PROCESSAMENTO, INTEGRAÇÃO E ANÁLISE X X EXAME DE QUALIFICAÇÃO X INTERPRETAÇÃO E RESULTADOS X X ELABORAÇÃO DE ARTIGO X X ELABORAÇÃO DA DISSERTAÇÃO X X DEFESA DO PROJETO DE MESTRADO X ATIVIDADE Imageamento hiperespectral de afloramentos dolomitizados associado à caracterização químico-mineralógica: Cava Antiga da Mina Rio Bonito – Campo Largo (PR) André Davi Ferreira andredavi@ufpr.br Orientador: Prof. Dr. Saulo Pomponet Oliveira - Departamento de Matemática e Programa de Pós-graduação em Geologia/UFPR Coorientador: Prof.ª Dr.ª Cristina Valle Pinto-Coelho – Departamento de Geologia/UFPR Palavras-Chave: Dolomitização; Hiperespectral; LIDAR Introdução A aplicação de métodos convencionais de mapeamento, coleta, descrição e análise química em rochas dolomitizadas ainda deixa em aberto questões com relação à espacialização da dolomitização, fraturamento hidráulico e geração de porosidade (McKenzie 1991; Dasgupta e Mukherjee 2020; Pinto- Coelho et al. 2019). O mapeamento geológico vinculado ao imageamento hiperespectral podem responder essas questões com acurácia em escala de afloramento (Kurz et al. 2012; Manolakis et al. 2016; Cheung e Dong 2018). O objetivo da dissertação é caracterizar as variações texturais, mineralógicas, químicas e estruturais causadas pela dolomitização e correlacioná-las com o imageamento hiperespectral das rochas da Cava Antiga da Mina Rio Bonito (MRB). Os objetivos específicos são: (a) caracterizar os principais litotipos e estruturas da Cava Antiga; (b) identificar os tipos texturais de carbonato e outras espécies minerais; (c) determinar a assinatura geoquímica de cada um desses tipos texturais; (d) correlacionar os dados hiperespectrais e as informações geoquímicas, minerais e estruturais. A complexidade geológica e a dificuldade de acesso aos principais reservatórios de hidrocarbonetos incentivam empresas a procurar áreas análogas para criar modelos de um reservatório (Warren 2000). A MRB, localizada no estado do Paraná (Figura 1A) no município de Campo Largo (Figura 1B), é exemplo dessas áreas, que já é estudada como análoga aos reservatórios carbonáticos do pré-sal (Pinto-Coelho et al. 2019). A MRB é uma concessão da Companhia de Cimentos Itambé e é subdivida em Cava Nova e Cava Antiga (Figura 1C), em função de etapas de extração do minério. A área-alvo está inserida ao sul da província Mantiqueira na Formação Água Clara (Figura 2), é constituída por litotipos essencialmente carbonáticos; mármores dolomíticos e calcíticos, metamargas, brechas dolomíticas e calcíticas, meta-tufos, mica xisto, anfibólio xisto, quartzito, metacherts e metabásicas. (Heilbron et al. 2004). A evolução da área começa no Mesoproterozoico com a deposição de sedimentos em plataforma rasa a ambiente marinho profundo. Posteriormente, durante a orogênese brasiliana, houve metamorfismo de fácies xisto verde inferior em um regime compressional- transpressional representado pelas zonas de cisalhamento Lancinha e Morro Agudo (Heilbron et al. 2004; Passarelli et al. 2011). Em 630-590 Ma, magmatismo intrusivo afetou as sequências metavulcanossedimentares da Formação Água Clara, com a formação do batólito Três Córregos e do granito Passa Três (Picanço et al. 2000). Entre o final do Jurássico e o Eo-cretáceo houve a fragmentação do supercontinente Gondwana e o magmatismo extrusivo da Província Ígnea Paraná-Etendeka, evidenciado na MRB por diques de direção NW-SE (Heilbron et al. 2004; Pinto-Coelho et al. 2019). A Cava Antiga é constituída por mármores, metamargas, rochas carbonáticas milonitizadas, rochas dolomíticas (mármore e brecha), diques de diabásios e é balizada pela zona de cisalhamento Morro Agudo (Camargo 2019; Ferreira 2019; Pinto-Coelho et al. 2019;). A dolomitização afetou os mármores e substituiu a calcita para dolomita em condições de soterramento; além disso houve processos de fraturamento hidráulico com posterior preenchimento por dolomita e calcita em condições hidrotermais (Pinto-Coelho et al. 2019; Ferreira 2019; Camargo 2019). Geoquimicamente, a dolomitização da Cava Antiga apresenta razões de CaO, MgO e MnO mais dispersas do que a Cava Nova, o motivo para essa dispersão ainda é incerto (Pinto-Coelho et al. 2019). Figura 1: Mapa de localização. (A) – Estado do paraná Paraná e Região Metropolitana de Curitiba (RMC). (B) – Municípios e vias de acesso a MRB. (C) Detalhe para a Cava Antiga da MRB, com as principais estradas internas, edificações e drenagens. Fonte: Dados vetoriais – IBGE e ITCG- 2016; Imagens de Satélite - Google Imagens - 2020. Figura 2: Geologia Regional. (A) - Brasil, destaque para a Província Mantiqueira. (B) – Paraná e o Cinturão Ribeira. Figura (C) – Mapa geológico simplificado,destacando a formação Água Clara e as principais zonas de cisalhamento e diques. Fonte: modificado Pinto-Coelho et al. (2019). Estado da Arte Hiperespectral e LIDAR, aplicações em carbonatos Em 1666, Sir Isaac Newton utilizou um prisma para difratar e decompor a luz natural, sendo creditado a ele a criação dos princípios da espectroscopia (Manolakis et al. 2016; Cheung e Dong 2018). Joseph von Fraunhofer, cem anos após Newton, utilizou os mesmos princípios para catalogar uma série de feições de absorção no espectro solar e assim estabeleceu as bases para o sensoriamento remoto espectral (Manolakis et al. 2016; Cheung e Dong 2018) Ambas as técnicas de imageamento e espectrais avançaram independentemente, contudo, nos últimos 30 anos houve a formação do imageamento espectral, estudo que relaciona técnicas espectrais e de imageamento para formar uma imagem hiperespectral (Manolakis et al. 2016; Cheung e Dong 2018). Ao contrário de outras técnicas de imageamento espectral, o sensoriamento remoto hiperespectral utiliza bandas restritas, que medem a luz refletida de um material de maneira contínua (Manolakis et al. 2016; Cheung e Dong 2018 ). Ou seja, para cada pixel de uma imagem hiperespectral é possível obter o espectro de reflexão completo, diagnosticando feições superficiais e os constituintes de um material (Manolakis et al. 2016). Por exemplo, o sensor AVIRIS (Airbone Visible and Infrared Imaging Spectrometer), que emprega técnicas hiperespectrais, é utilizado para distinguir minerais a partir da absorção molecular e o espalhamento de partículas (Manolakis et al. 2016; Cheung e Dong 2018). Em rochas carbonáticas, a técnica hiperespectral permite diferenciar calcita de dolomita, destacar zonas de dolomitização e outras propriedades físico-químicas (Kurz et al. 2012). Isso ocorre, pois no intervalo de comprimento de onda entre 2,3 e 2,35 µm as propriedades dos carbonatos são destacadas no infravermelho de ondas curtas (SWIR). (Manolakis et al. 2016; Kurz et al. 2012). Associado a sensores hiperespectrais é empregada a técnica LIDAR (Light Detection And Ranging) (Kurz et al. 2012). Comparada com o hiperespectral, multiespectral e outras técnicas de sensoriamento remoto, LIDAR é uma tecnologia nova que se baseia em medir as distâncias entre a emissão e recepção de um sinal a laser (Cheung e Dong 2018). O produto do LIDAR são imagens com informações geométricas tridimensionais, capazes de gerar modelos geocelulares mais precisos para indústria do petróleo como também para o imageamento de afloramentos (Kurz et al. 2012; Cheung e Dong 2018;). Em carbonatos é possível aplicar as técnicas LIDAR associadas ao hiperespectral para obter informações tridimensionais de um afloramento, assim auxiliando na delimitação espacial de zonas de dolomtização e de brechação, importantes para a área de estudo. (Kurz et al. 2012). Material e Métodos As técnicas que serão empregadas nessa pesquisa estão resumidas no fluxograma da figura 3. Figura 3 - Fluxograma das etapas pré-campo, campo, pós-campo, técnicas analíticas, análises hiperespectrais e seus respectivos materiais. A técnica de LIDAR está inserida dentro das análises hiperespectrais A análises petrográficas e geoquímicas, DRX e microssonda eletrônica têm como objetivo identificar os tipos texturais de carbonato, paragêneses características da dolomitização e assinaturas geoquímicas. A técnica hiperespectral visa diferenciar dolomita de calcita em escala de afloramento e em amostra de mão. Isso será feito por meio de um VANT (Drone Hexacopter ST800) acoplado a sensores hiperespectrais que utilizam LIDAR, que, pelo espectro de reflexão, distinguirão as espécies de carbonato em escala de afloramento e tridimensionalmente. Nas amostras macroscópicas, será aplicado espectroradiômetro para medições de espectros de reflexão. Viabilidade do projeto As etapas pré-campo e campo (Figura 3) serão viabilizadas pela cooperação entre UNISINOS e PETROBRAS, em projetos já em andamento. Lâminas delgadas e análises por microssonda eletrônica serão realizadas em colaboração entre UFPA e PETROBRAS. Análises por DRX serão feitas no Instituto Lactec (UFPR) em parceria com o Departamento de Geologia. A aquisição e processamento do imageamento hiperespectral será auxiliada pela equipe do MosisLab (UNISINOS), que já têm os equipamentos para o levantamento hiperespectral, mas se faz necessário etapas de campo que serão financiadas com recursos da UNISINOS, originados de convênios prévios com a PETROBRAS. Resultados esperados Os resultados esperados podem ser sumarizados nos seguintes itens: (a) correlação entre as espécies minerais de carbonatos, assinatura geoquímica e o levantamento hiperespectral em diferentes escalas da Cava Antiga da Mina Rio Bonito; (b) definição da dolomitização por meio dos tipos texturais de carbonatos, paragêneses minerais, assinatura geoquímica e de técnicas hiperespectrais associadas ao LIDAR; (c) caracterização das principais estruturas geológicas da Cava Antiga por meio do hiperespectral e técnicas convencionais de análise estrutural. Cronograma As atividades da pesquisa estão resumidas na Tabela 1. Tabela 1 – Cronograma trimestral das atividades que serão realizadas no mestrado Trimestres Etapas 2020 2021 2022 1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 4º Trimestre 5º Trimestre 6º Trimestre 7º Trimestre 8º Trimestre Revisão Bibliográfica Etapas de campo Análise petrográfica Análises por DRX Análises por microssonda eletrônica Análise hiperespectrais Entrega do Resumo Apresentação do Resumo. Qualificação Dissertação Defesa da Tese Elaboração Artigo Submissão artigo *Data de início 1/04/2020; Data qualificação junho/2021; Data de defesa 31/03/2022 Os primeiros trimestres têm como objetivo o embasamento teórico necessário para o desenvolvimento da pesquisa, o 4º e 5º visam realizar as etapas de campo e técnicas analíticas, por fim os últimos trimestres são destinados à elaboração da dissertação de mestrado e do artigo científico. Agradecimentos A realização da pesquisa não seria possível sem as parcerias entre UFPR, UNISINOS, UFPA e PETROBRAS, além do suporte e atenção dos meus orientadores Saulo Pomponet Oliveira e Cristina Valle Pinto-Coelho. Agradecimento especial ao Professor Maurício Roberto Veronez e sua equipe do MosisLab da UNISINOS, além da equipe de laboratórios da UFPA e Lactec (UFPR). Por fim, agradeço a Companhia de Cimentos Itambé pelo apoio logístico. Referências Camargo M. H. T. 2019. Análise química e por catodoluminescência em carbonatos de mármores e brechas hidrotermais da Formação Água Clara na Mina Rio Bonito – Campo Largo (PR). Trabalho de Conclusão de Curso. Departamento de Geologia. Universidade Federal do Paraná. 43 p. Cheung W., Dong P. 2018. LIDAR remote sensing and applications. Boca Raton, CRC Press, 200 p. https://doi.org/10.1080/19475683.2018.1471522 Dasgupta T., Mukherjee S. 2020. Porosity in Carbonates. In: Dasgupta T., Mukherjee S. (eds.). 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Estudo de proveniência sedimentar nos Membros Pitanga e Caruaçu – Bacia do Recôncavo Andreas Pauli de Castro E-mail do (a) Autor (a): andreasgeologia@gmail.com Orientador (a): Carlos Conforti Ferreira Guedes (Nome (Departamento de Pós-Graduação em Geologia/Universidade Federal do Paraná) Palavras-Chave: Bacias sedimentares; Sistemas Petrolíferos; Arenitos. Introdução A Bacia do Recôncavo é uma das bacias de maior importância nacional na exploração de petróleo, permanecendo entre as principais produtoras de gás natural (Magnavita et al. 2005), está localizada no Estado da Bahia, nordeste brasileiro (Figura 01). Sua formação está relacionada aos estágios iniciais da abertura do Atlântico Sul, e da fragmentação do supercontinente Gondwana durante o juro-cretáceo (Silva et al. 2007), responsável pela formação do aulacógeno Recôncavo-Tucano-Jatobá. Seu preenchimento sedimentar é subdividido em quatro sequencias sedimentares: sineclese, pré-rift, sin-rift e pós rifte (Silva et al. 2007). Na fase sin-rifte se encontra a Formação Maracangalha de idade Eocretáceo, constituído pelos Membros arenosos Pitanga e Caruaçu, interpretados como depósitos gravitacionais em contexto de água profunda (Guerra 2002). Figura 01 – Mapa de Localização do Rifte Rêconcavo-Tucano-Jatobá, seu embasamento constituído por rochas das Províncias Borborema e São Francisco, situado na Região Nordeste do Brasil. Zoom da Baia de Todos os Santos e das Ilhas de Itaparica, dos Frades e de Maré, onde foram coletadas as amostras para a análise de proveniência sedimentar dos Membros Pitanga e Caruaçu. Imagem modificada de Magnavita et al. (2005), Kosin (2009) e Moreira (2015). A interpretação em relação ao sistema deposicional da Formação Maracangalha contaram com diversas propostas. Segundo Guerra & Borghi (2003) e Silva et al. (2007) constituem depósitos de fluxos gravitacionais remobilizados das bordas para interior de um sistema lacustre. Para Mello et al. (1971), Caixeta (1988), Guerra & Borghi (2003) e Carlotto (2006) esses depósitos foram gerados em ambiente deltaico e em frentes deltaicas remobilizadas. Falcão & Della Favera (2012) e Moreira (2015) os relaciona a depósitos lacustres gerados por fluxos subaquosos, correntes de turbidez e decantação. Os Membros Pitanga e Caruaçu compõem reservatórios petrolíferos não convencionais, de baixa permeabilidade, em rochas siliciclásticas, e constituem potenciais alvos exploratórios. Tais modelos de reservatórios petrolíferos são de difícil exploração, e necessitam estudos em detalhes, para que sejam reduzidos os custos de exploração e produção. Apesar do grande interesse econômico, ainda não há estudos com foco na proveniência sedimentar dos Membros Pitanga e Caruaçu - Bacia do Recôncavo, o que estabelece uma lacuna a ser preenchida no conhecimento desta bacia, para melhor compreensão dos sistemas petrolíferos existentes, onde a proveniência sedimentar tem um papel importante na determinação da composição, trama e porosidade das rochas reservatórios e consequentemente sua qualidade (Dickinson & Suczek 1979). Para a clarificar melhor as relações estratigráficas e deposicionais dos Membros Caruaçu e Pitanga, o trabalho tem como principal objetivo compreender a proveniência sedimentar das fácies Pitanga e Caruaçu, suas variações temporais e espaciais, como a natureza tectônica das áreas fonte de sedimento. O estudo também tem como finalidade conseguir inferências sobre influência da variação de proveniência sedimentar na qualidade dos reservatórios petrolíferos não convencionais. Pela ampla diversidade de unidades geológicas de naturezas distintas das Províncias São Francisco e Borborema, embasamento da Bacia do Recôncavo (Figura 01), se espera que o preenchimento da bacia conte com múltiplas áreas fontes com complexas variações espaciais e temporais. Esse cenário é favorável para a análise da influência da variação da composição da rocha mãe na qualidade do reservatório não convencional, onde pode se verificar o quanto o controle composicional e as propriedades permoporosas do reservatório estão envolvidos (Dickinson & Suczek 1979). Estado da Arte A Bacia do Recôncavo ocupa uma área de aproximadamente 11.500 km², seus limites são delimitados pelo sistema de falhas da Barra a sul, pela Falha de Maragogipe a oeste, pela Falha Salvador a leste e pelo Alto de Aporá a norte, o isolando da Bacia do Tucano Sul (Silva et al. 2007). Sua estratigrafia foi dividia em quatro sequencias deposicionais: A fase Sinéclese ocorreu durante o Paleozoico, depositado em contexto de bacia intracratonica em clima árido (Moreira 2015); A Sequência Pré-rifte é caracterizada por três grandes ciclos flúvio-eólicos separados por transgressões lacustres durante o Eocretaceo e o Neojurássico (Silva et al. 2007, Caixeta et al. 1994); A Sequência Rifte foi preenchida por um sistema flúvio-deltaico longitudinal e um sistema de leques deltaicos, com turbiditos associados, relacionados as falhas de borda, ambos sistemas em um cenário lacustre (Magnavita et al. 1998); E a Pós-rifte, sendo a última sequência deposicional, com a deposição do Aptiano ao Albiano relacionado a subsidência termal pós rifte e no Cenozoico com preenchimento associado a leques aluviais (Caixeta et al. 1994, Silva et al. 2007). O estudo de proveniência sedimentar permite a reconstituição da paleogeografia e do contexto tectônico de bacias sedimentares, como reconhecimento de eventos tectônicos modificadores da dinâmica de transporte (Dürr 1996, Marconato et al. 2009), estes estudos são essenciais para melhor compreensão da evolução tectonosedimentar da fase Sin-rifteda Bacia do Recôncavo. O método tem como base a identificação da composição dos fragmentos que compõem a rocha, a área-fonte e a dinâmica dos processos atuantes em sua formação (Johnsson et al. 1991 e Dickinson 1988). Uma abordagem que vem sendo cada vez mais utilizado no estudo de bacias sedimentares é o exame source-to-sink de análise de proveniência sedimentar (Horng 2011, Liu & Zhao 2016, Teixeira et al. 2018). Esta ferramenta se apoia na reconstrução da relação do depósito sedimentar e as áreas fonte de sedimento, em uma abordagem que engloba a análise de todos os processos atuantes sobre o sedimento desde a área fonte até sua deposição, como o ambiente de sedimentação, aspectos climáticos e fisiográficos, as principais rotas de distribuição, processos modificadores durante o intemperismo, transporte e diagênese (Dickinson 1980, Pettijohm et al. 1987, Miall 1990, Johnsson et al. 1991 e Remus et al. 2008). O sistema Rifte Reconcavo-Tucano-Jatobá se desenvolveu na região limítrofe das Províncias São Francisco e Borborema, onde estruturas do embasamento configuraram o arranjo das bacias (Kosin 2009). O embasamento do sistema RTJ é composto por grande diversidade de terrenos, constituídos por rochas magmáticas, plutônicas e vulcânicas, sedimentares, polideformadas e metamorfizadas em diferentes graus, com idades desde o Arqueano até o início do Fanerozoico (Kosin 2009). O embasamento da Bacia do Recôncavo é composto principalmente por gnaisses granulíticos arqueanos do Bloco Serrinha na faixa oeste e norte, cinturões Itabuna-Salvador-Curaçá e Esplanada a oeste-sudoeste e leste-nordeste respectivamente. A norte há a presença das rochas metassedimentares do Grupo Estância de idade neoproterozoica (Silva et al. 2007). Estas unidades constituem as potenciais rochas fonte de sedimento para o preenchimento dos Membros Pitanga e Caruaçu – Bacia do Recôncavo. Materiais e Métodos O trabalho contará com análise petrografica em 52 lâminas delgadas, com descrições do controle textural, bem como o reconhecimento da composição mineral do cimento, matriz e do arcabouço de arenitos dos Membros Pitanga e Caruaçu, para auxiliar no diagnóstico de proveniência sedimentar. O principal método de análise de proveniência será a contagem modal do arcabouço dos arenitos através do método de Gazzi-Dickinson (Gazzi 1966 & Dickinson 1970, Garzanti 2019), que compreende a contagem modal de 300 grãos com dimensão superior a silte (0,0625 mm), estes são individualmente classificados mineralogicamente, para fragmentos de rocha com textura muita fina (rochas vulcânicas, metamórficas, cherts e carbonatos) serão englobados em fragmentos líticos. O método tem como sua principal finalidade conseguir resgatar a composição mineralógica mais próxima das rochas fonte, de modo que a granulometria não distorça a real assinatura composicional. Após a classificação composicional os fragmentos de areia serão agrupados em três grupos: Quartzo (mono e policristalinos), feldspatos (Ortoclásio, microclínio e plagioclásio) e fragmentos líticos (vulcânicos, metamórficos e autigênicos), e exibido em diagrama ternário (Dickinson 1985) a fim de auxiliar na discussão das configurações tectônicas dos terrenos de origem de sedimento (Dickinson & Suczek 1979, Dickinson et al. 1983, Garzanti 2016). O estudo de proveniência também contará com a análise geoquímica de finos, paralelamente aos estudos de proveniência dos arenitos, essa abordagem vem sendo cada vez mais frequentes com o avanço dos métodos analíticos (Remus et al. 2008). Dentre as técnicas geoquímicas, o uso da difratometria de raios-X (XRD) no qual abrange a análise dos elementos maiores e menores, é uma ferramenta que junto ao uso de razões e índices de elementos químicos, permite inferências da taxa de intemperismo, contribuição de rochas máficas / félsicas, bem como determinação da razão de fontes vulcânicas / cratonicas (McLennan 1989, Ishiga et al. 1999, Lee 2000). Resultados esperados Espera-se que o trabalho possibilite a reconstrução da proveniência sedimentar dos Membros Pitanga e Caruaçu, englobando o reconhecimento da configuração tectônica dos terrenos de origem de sedimento, bem como descriminação das principais unidades fonte de sedimento, suas respectivas variações espaciais e temporais. Além da discussão sobre a importância das variações de proveniência na qualidade das rochas reservatórios dos Membros Pitanga e Caruaçu. Viabilidade O trabalho conta com estrutura fornecida pelos Laboratórios de Pesquisa em Microscopia (LAPEM) e Laboratório de Análise de Bacias (LABAP). As lâminas delgadas para análise pretrográfica e de proveniências em arenitos já estão confeccionadas, as amostras para análise geoquímica já foram coletadas em campo e estão à disposição, a análise geoquímica conta com a estrutura do Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR). A permanência do mestrando é garantida com a bolsa fornecida pela PETROBRAS. Conograma CRONOGRAMA: Bimestre 1° Bi 2° Bi 3° Bi 4° Bi 5° Bi 6° Bi 7° Bi 8° 9° 10° 11° 12° Levantamento Biblio- gráfico Defesa do Projeto Análise Petrográfica Contagem Modal Gazzi-Dickinson Geoquímica de finos Conclusão dos Cré- ditos (18) Qualificação Tratamento estatís- tico Interpretação dos re- sultados Elaboração da dis- sertação Defesa da disserta- ção Agradecimentos A Petrobras, financiador do projeto n° 165.60.10097, ao Laboratório de Análise de Bacias (LABAP) pela infraestrutura disponível. Referências Caixeta J.M. 1988. Estudo faciológico e características de reservatório dos arenitos produtores de gás do Campo de Jacuípe (Cretáceo inferior) Bacia do Recôncavo-Brasil. Dissertação de Metrado. Universidade Federal de Ouro Preto, 300 p. Caixeta J.M., Bueno G.V., Magnavita L.P., Feijó F.J. 1994. Bacias do Recôncavo, Tucano e Jatobá. Boletim de Geociências da PETROBRAS, Rio de Janeiro, 8: 163–172. Dickinson W.R. 1970. 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Dados Acadêmicos Modalidade: Mestrado. Data do Exame de Qualificação: junho/2021. Título Original do Projeto de Pesquisa: Projeto Caruaçu - Avaliação dos controles sedimentológicos, estratigráficos e tectônicos na distribuição e qualidade de reservatórios siliciclásticos Data de Ingresso na Pós-Graduação: 04/2020; Área de Concentração: Geologia Exploratória; Linha de Pesquisa: Análise de Bacias Sedimentares. Possui Bolsa: PETROBRAS Ocorrência de hidrocarbonetos em depósitos vulcanoclásticos máficos (MVD’s) da Província Ígnea do Paraná, em Porto União (SC) Bianca de Andrade Colle E-mail da Autora: biageocolle@gmail.com Orientadora: Profᵃ. Drᵃ. Eleonora Maria Gouvêa Vasconcellos (LAMIR - Departamento de Geologia/Universidade Federal do Paraná) Coorientador (a): Prof. Dr. Otavio Augusto Boni Licht (Programa de Pós-Graduação em Geologia/Universidade Federal do Paraná) Palavras-Chave: Paraná Continental Flood Basalt; sistema petrolífero atípico; geoquímica orgânica; Introdução Os estudos a respeito do magmatismo nas bacias sedimentares brasileiras têm mostrado a relevância significativa na prospecção de hidrocarbonetos (Thomaz-Filho et al. 2008). Segundo os autores, a influência térmica associada às regiões de rochas sedimentares adjacentes ao magmatismo propicia o aumento da temperatura e, consequentemente, a maturação da matéria orgânica contida nas rochas geradoras de óleo. Além disso, as rochas ígneas ainda permitem a migração do petróleo gerado através do contato das rochas intrusivas – tais como diques e soleiras - com as rochas sedimentares, e destacam que o estudo das rochas extrusivas também deve ser minuciado, visto que estas atuaram como rochas armazenadoras e selantes, respectivamente, permitindo o acúmulo oleígeno em camadas sedimentares subjacentes. Em pesquisas petrolíferas de cunho exploratório e científico associadas à PIP - Província Ígnea do Paraná, na Bacia do Paraná (e.g. Paulipetro 1982; Thomaz-Filho 1982, Araújo et al. 2000; Reis 2013), destaca-se a influência do magmatismo na geração, migração e/ou acumulação de óleo em fraturas nos basaltos e/ou nos poros de camadas sedimentares. Sendo assim, o estudo das acumulações oleígenas em cavidades de rochas vulcanoclásticas máficas da Província Ígnea do Paraná (PIP) podem contribuir para o conhecimento desses sistemas petrolíferos atípicos. Contexto Geológico A Bacia do Paraná é descrita por Milani et al. (2007) como uma ampla zona de depósitos sedimentares e rochas vulcânicas e intrusivas rasas (soleiras e diques) distribuídos na estrutura da sinéclise intracontinental da porção sul do continente Sul-Americano. De acordo com esses autores, a história evolutiva dessa bacia está intimamente relacionada aos ciclos de soerguimento e abatimento intracratônicos associados aos eventos orogenéticos ocorridos na borda ativa do Gondwana, e à separação do Gondwana no Mesozóico - culminando na deposição de espessos depósitos sedimentares e no posterior extravasamento dos derrames basálticos gerados pelo vulcanismo fissural que compõem a Província Ígnea do Paraná. Peate et al. (1992) propuseram uma nomenclatura para divisão da sequência de lavas basálticas da PIP em 6 magmas-tipo, visando a estratigrafia geoquímica interna dessas rochas em escala regional e com base nos dados dos elementos maiores e traços obtidos em amostras e pela correlação de dados da literatura já existente para a Província Magmática Paraná- Etendeka: para o grupo Low-Ti (Low titanium - baixo titânio) em Gramado, Esmeralda e Ribeira; e para o grupo High-Ti (High titanium – alto titânio) em Urubici, Pitanga e Paranapanema. Estudos de datação ⁴⁰Ar /³⁹Ar realizados por Thiede & Vasconcelos (2010) em amostras da PIP relatam que o eventoque gerou os derrames continentais basálticos teve duração de quase 1,2 milhão de anos, posicionando o vulcanismo que gerou essas rochas em 134,7 ± 1 Ma, no Eocretáceo. Segundo os estudos de Licht (2014) sobre a evolução do conhecimento da PIP, que compreende 95% das rochas da Província Magmática Paraná-Etendeka e tem espessura máxima conhecida de aproximadamente 1.722 metros (verificada no poço 2-CB-001A-SP, perfurado em Cuiabá Paulista), as rochas extrusivas estão distribuídas em mais de 1.200.000 Km². O autor descreve que o volume magmático que gerou os derrames basálticos da PIP atravessou dezenas de quilômetros de rochas do embasamento cristalino e rochas sedimentares da Bacia do Paraná até extravasar na superfície e, que por ter sido influenciado pelas interações magma-crosta- geofluidos, possibilitou a geração de diversos produtos vulcânicos e depósitos vulcanoclásticos que estão expostos na superfície da bacia. White & Houghton (2006) propuseram um sistema de classificação unificador para caracterizar os depósitos vulcanoclásticos primários a partir do tamanho dos grãos e do mecanismo de transporte e deposição de partículas, dividindo esses depósitos em quatro tipos principais: piroclásticos, autoclásticos, hialoclásticos e peperíticos. Para esses autores, depósitos vulcanoclásticos primários são compostos por produtos rochosos fragmentados diversos originados diretamente por meio de processos explosivos ou efusivos. Após terem sido identificados na PIP, esses depósitos têm sido estudados com maior frequência, sendo chamados de depósitos vulcanoclásticos máficos (MVD’s), tal como descritos nos trabalhos de Licht & Arioli (2011), Licht (2012, 2018) e Valore (2017). Justificativas Pesquisas associadas à ocorrência de hidrocarbonetos gerados pela influência termal das intrusões e dos derrames basálticos na Bacia do Paraná, e à elaboração de modelos de sistemas petrolíferos atípicos têm sido cada vez mais frequentes (e.g. Thomaz-Filho 1982, Araújo et al. 2000, Thomaz-Filho et al. 2008, Reis 2013), e seus resultados têm sido muito requisitados na abordagem da geologia exploratória por diversas empresas em busca de informações que possam contribuir para o conhecimento de sistemas petrolíferos marinhos e não marinhos. Esses resultados são utilizados para a geração de modelos petrolíferos e para simular as condições físicas (temperatura e pressão) e químicas (diagênese e catagênese) originais dos ambientes geológicos naturais geradores de óleo, que podem ser interpretados como análogos modernos e contribuir para o sucesso das investigações de áreas intracontinentais e de margem continental potenciais à prospecção em hidrocarbonetos. Área de estudo A área de estudo é a Pedreira Kerber, localizada no município de Porto União, em Santa Catarina, que dista 237 km de Curitiba, Paraná (Figura 1). Recentemente, foram identificados nesse local depósitos vulcanoclásticos máficos com pequenos glóbulos oleígenos, além de camadas de arenito interderrames. Figura 1 – Localização da área de estudo em Porto União, região norte de SC, próximo ao limite sul do Estado do Paraná. Fonte: extraído da Carta Geológica Brasil ao Milionésimo, Folha de Curitiba SG.22 (CPRM 2003). Hipótese Os arenitos interderrames descritos na Pedreira Kerber correspondem a arenitos da Fm. Botucatu, e o óleo encontrado nos MVD’s, intercalados entre derrames adjacentes, pode ter sido gerado no Sistema Petrolífero Irati - Rio Bonito/Pirambóia, devido à influência termal das intrusões e derrames basálticos da PIP. Posteriormente, o óleo teria migrado pelas fraturas dos basaltos, preenchendo os poros e cavidades nos MVD’s, ou teria sido carreado em profundidade junto ao magma até a superfície. Objetivos Este estudo tem como objetivos gerais a compreensão da ocorrência de hidrocarbonetos, sua origem, migração e acumulação no reservatório ígneo-básico, e o entendimento dos processos magmáticos que deram origem aos derrames basálticos e rochas vulcanoclásticas máficas e possibilitaram a acumulação de óleo. Os objetivos específicos do trabalho são: 1) classificação das rochas vulcânicas e vulcanoclásticas; 2) classificação e correlação das camadas de arenito interderrames; 3) identificação e classificação dos minerais e argilominerais presentes nos poros das rochas; 4) determinação das relações estratigráficas entre os derrames e as rochas vulcanoclásticas; 5) relação genética entre os depósitos basálticos, MVD’s e os arenitos interderrames; e 6) caracterização e correlação entre os hidrocarbonetos e o Sistema Petrolífero Irati - Rio Bonito/Pirambóia. Estado da Arte A Província Continental Basáltica do Paraná é uma das maiores províncias ígneas continentais do planeta, mas pouco se sabe sobre a arquitetura faciológica e as características geoquímicas dos derrames de lava (Machado et al. 2018). Também chamada de Província Ígnea do Paraná, apresenta correlação genética conhecida com as ocorrências vulcânicas das bacias do Pré-sal da margem continental brasileira e com a província de Etendeka, no sudoeste africano, e portanto, seus depósitos ígneos continentais, sejam efusivos ou eruptivos, podem ser estudados como análogos de reservatórios petrolíferos não-convencionais que ocorrem nos intervalos vulcânicos das bacias costeiras brasileiras. Segundo Eiras & Wanderley Filho (2003), sistemas petrolíferos que abrangem rochas-reservatório magmáticas são observados em diversas partes do mundo, tais como os derrames de basalto toleíticos de Dapingfang, na Bacia de Liaohe, na China (e.g. Chen et al. 1999); os derrames toleíticos do basalto Apoteri, na Bacia de Tacutu, na Guiana (e.g. Berrangé & Dearley 1975); e os basaltos fraturados nos campos de óleo de Badejo e Linguado, da Formação Cabiúnas, porção sul da Bacia de Campos (e.g. Mizusaki 1986). Os autores descrevem que dependendo do número de vesículas e do grau de diagênese e fraturamento, derrames de basalto e soleiras de diabásio podem ser bons reservatório de petróleo, que apresentam porosidade primária (vesículas) e/ou secundária (formação de poros por dissolução por águas subterrâneas, alteração hidrotermal, cristalização de minerais secundários, e fraturas tectônicas). Assim, as porosidades e permeabilidades são relacionadas ao número de vesículas, a intensidade do microfraturamento e o grau de dissolução dos minerais que preenchem as vesículas e fraturas. Thomaz- Filho et al. (2008), relatam que as pressões hidrostáticas que atuam nos poros das rochas sedimentares e as consequentes mudanças petrofísicas influenciam na acumulação de óleo, como em diques e soleiras. Os autores sugerem que grandes quantidades de petróleo das rochas paleozoicas do Devoniano (Formação Ponta Grossa) e do Permiano (Formação Irati) podem ter sido geradas pela ação dos corpos intrusivos. Materiais e Métodos A realização deste estudo está baseada na obtenção de dados de análises petrográfica e geoquímica das amostras de rochas ígneas e sedimentares. Foram feitas em uma primeira etapa: 1) revisão da bibliografia; 2) realização de uma campanha de campo para a coleta de amostras de rocha e a descrição da Pedreira Kerber; 3) descrição, classificação e nomenclatura das amostras coletadas; e 4) seleção das amostras para a confecção de lâminas petrográficas no iLAMIR – Instituto Laboratório de Análise de Minerais e Rochas da Universidade Federal do Paraná/UFPR, para análise petrográfica ao microscópio óptico de luz transmitida (iLAMIR e LAPEM – Laboratório de Petrologia e Mineralogia/UFPR). Em uma segunda etapa foram selecionadas amostras de rochas vulcanoclásticas máficas com óleo para as seguintes análises: 1) cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG/EM) no Instituto de Geociências/UFRGS, para análise de biomarcadores do óleo e determinação da rocha geradora; 2) espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente (ICP-OES) do óleo para determinação dos metais no LACAUT - Laboratório de Análisesde Combustíveis Automotivos/UFPR; 3) espectrometria de massa de razão isotópica (IRMS), no iLAMIR, para a determinação das razões isotópicas de C e O do carbonato presente nas amígdalas e fraturas dos MVD’s e derrames de basalto, visando a compreensão da história evolutiva do preenchimento das cavidades dessas rochas; e 4) microtomografia das amostras com óleo para determinar a permoporosidade da rocha reservatório, no iLAMIR. Em uma terceira etapa estão sendo realizadas as análises geoquímicas no iLAMIR, tais como: 1) análise por fluorescência de raios X (FRX), para a obtenção de teores de óxidos e elementos traço para a caracterização da tipologia dos basaltos e posterior correlação geoquímica estratigráfica com a PIP, visando a compreensão do contexto geológico em que os interderrames com óleo estão inseridos; 2) microscopia eletrônica de varredura (MEV-EDS) para a obtenção de dados químicos; 3) difratometria de raios X (DRX) para a identificação dos argilominerais dos poros das rochas. Resultados Após a primeira etapa de campo, realizada em 9 e 10 de outubro de 2019, visando o reconhecimento da área de estudo e a coleta e descrição das amostras de rochas dos derrames de basalto e dos interderrames, foram confeccionadas 22 lâminas petrográficas que estão sendo analisadas. No campo, foram identificados três derrames tabulares e espessos de basalto maciço e vesicular, de textura subafírica e hipohialina, medindo aproximadamente 20 a 30 metros de espessura e identificados, da base para o topo, como D1, D2 e D3. Os basaltos são compostos por andesina, augita, vidro vulcânico (sideromelano) e minerais opacos. Os argilominerais ocorrem nas bordas das amígdalas e na devitrificação do vidro vulcânico. No topo desses derrames, observam-se zonas vesiculares com amígdalas milimétricas a centimétricas (até 15 cm de comprimento) com formas arredondadas e alongadas variadas, estiradas e horizontais, preenchidas principalmente por carbonato, quartzo, calcedônia e celadonita. Com base nos dados obtidos por fluorescência de raios X e de acordo com a classificação TAS (total-álcalis (Na2O+K2O) vs. sílica) de Le Maitre (1989) para as rochas vulcânicas, o derrame D1 corresponde a andesitos basálticos, e D2 e D3 a basaltos. De acordo com a proposta da estratigrafia geoquímica de Licht (2018) para a divisão das rochas vulcânicas da PIP em 16 tipos geoquímicos, D1 corresponde ao tipo 1S: LSi-LZr-LTi-LP (L: low (baixo teor); H: high (alto teor)), distribuído na porção sul da PIP, e D2 e D3 ao Tipo 4: LSi-LZr-HTi-HP, descrito sobre o Tipo 1S e a Fm. Botucatu, sendo ambos pertencentes ao campo subalcalino, de acordo com a classificação de Miyashiro (1978). Entre os fluxos D1 e D2, foi identificada uma camada de peperito alterado de até 1,70 metros de espessura e 20 metros de largura, de cor cinza claro e estrutura amigdaloidal intensa. O tamanho das amígdalas varia de milímetros a até 1 cm, com frequentes vugs, preenchidos por calcita bem cristalizada, cristais de quartzo, quartzo microcristalino, arenito e calcedônia. Acima desse peperito há uma camada de arenito fino a médio, composta por quartzo e feldspato sub-arredondado, pertencente à Formação Botucatu, com cimentação de sílica (chert) e carbonato. O peperito e o arenito do interderrame foram identificados como I1. Entre os derrames D2 e D3 ocorre uma camada de rocha vulcanoclástica máfica sã sobreposta por uma camada de arenito da Formação Botucatu, denominada I2, com dimensões semelhantes a I1. A rocha vulcanoclástica possui clastos de basalto amigdaloidal com bordas angulares a arredondadas, variando de milímetros a até 10 cm, em meio à matriz arenítica rosácea composta por grãos de quartzo da Formação Botucatu e cimentação de sílica e carbonato. As amígdalas do MVD são preenchidas com arenito da matriz, sílex, quartzo e carbonato. O derrame D2 possui veios de carbonato, quartzo e porções areníticas com até 7 cm de espessura preenchendo fraturas verticais e horizontais do basalto e apresentando zonalidade longitudinal. A ocorrência de óleo foi identificada em ambas as rochas de interderrames, I1 e I2, mas com maior intensidade em I1. Os arenitos, com estratificação difusa/irregular, possuem pequenas concentrações de óleo devido à sua baixa permoporosidade. O resultado da análise total do petróleo ainda é aguardado e pretende-se realizar um estudo mais detalhado do reservatório não-convencional a partir da coleta de amostras na próxima etapa de campo, buscando melhor compreender as etapas dos processos diagenéticos, geoquímicos e hidrotermais que permitiram a formação e o preenchimento total/parcial dos poros e fraturas. Discussões Os registros vulcânicos e vulcanoclásticos observados na área de estudo evidenciam os fatores magmático e tectônico vigentes na Província Ígnea Paraná-Etendeka durante a separação do supercontinente Gondwana. A estratigrafia geoquímica da área, com base na proposta de Licht (2018), é marcada pela transição de basaltos de baixo-TiO2 para alto-TiO2, podendo ser correlacionados ao contato do tipo geoquímico 1S (Sul) para o Tipo 4 (a norte) da PIP - seção T2 da estratigrafia geoquímica de Licht (2018). Esse registro evidencia a ocorrência de derrames de basalto originados primeiramente por um magma parental primitivo de baixo-TiO2 evoluindo para um magma com contaminação crustal de alto- TiO2 (Tipo 4), como proposto por Gomes et al. (2018). Aparentemente, o hidrotermalismo que ocasionou o preenchimento das vesículas não foi homogêneo, e os fluidos que percolavam as rochas antes da precipitação dos minerais apresentavam composições diferentes. Os peperitos em I1 são interpretados como o resultado da interação da lava do topo do derrame D1 com sedimentos arenosos e subaquosos da Formação Botucatu, que foram posteriormente recobertos por mais sedimentos arenosos, que geraram a camada de arenito, em um período de aquiescência vulcânica. As rochas vulcanoclásticas máficas em I2, por outro lado, são interpretadas como o resultado do resfriamento e sobrecarga de D2 sobre a camada de arenito I1 que, ao mesmo tempo que o derrame D2 gerou fraturas devido à contração de basalto ao resfriar, permitiu a geração de jatos explosivos de areia úmida quente e não consolidada de I1. Esses jatos penetraram nas fraturas geradas em D2 em consequência da formação de um fluido supercrítico aquecido pela alta temperatura do derrame e pela pressão do vapor devido à sobrecarga de D2. Esse processo possivelmente gerou as rochas vulcanoclásticas máficas em I2, que se fragmentaram no topo do D2 devido à pressão desses jatos arenosos quentes, gerando clastos de até 10 centímetros de basalto vesicular. Posteriormente, esses depósitos vulcaniclásticos máficos foram recobertos por outra camada de areia da Formação Botucatu em outro período de aquiescência do vulcanismo. Em seguida foi depositado o derrame D3 de basalto, com amígdalas de tamanhos variados preenchidas com celadonita, ametista, carbonato, quartzo microcristalino, quartzo e calcedônia, principalmente no topo do derrame. O óleo observado nos interderrames teria migrado pelas fraturas dos basaltos e por microfraturas interconectadas nos MVD’s preenchendo os espaços das vesículas e amígdalas. Conclusões A presença de gases e fluidos sin e pós-magmáticos permitiram a formação e o preenchimento das estruturas vesiculares e amígdaloidais nas porções superiores dos derrames e MVD’s e, consequentemente, o preenchimento de fraturas e microfraturas geradas devido o resfriamento das lavas basálticas. O óleo gerado, devido à influência da temperatura do magmatismo sobre a matéria orgânica dos folhelhos da Fm. Irati na Bacia do Paraná (Paulipetro 1982), teria migrado por fraturas, falhas e até pelo contato com as intrusões dos diques de diabásio da PIP e as rochas sedimentares, atingindo os reservatórios ígneos não convencionais em I1 e I2, preenchendo os espaços nas vesículas e amígdalas, principalmente no topo do derrame D1, próximoao peperito, nos peperitos em I1, e também no poros dos arenitos. Gotículas de óleo também são identificadas nos poros e na matriz do arenito em I2 e na matriz alterada do MVD. A ocorrência de petróleo nos peperitos em I1 apresenta-se surgente, migrando através das fraturas nas rochas basálticas e alcançando os peperitos, onde acumulam ou escapam na superfície. Em I2 o petróleo está vitrificado devido ao calor dos derrames D2 e/ou D3, tendo sido observado que após seu acúmulo, houve o preenchimento total dos poros pela precipitação de minerais sin ou pós- magmáticos. Atividades Futuras As atividades futuras correspondem à realização da segunda etapa de campo, com coleta de novas amostras e de dados estruturais; análise de metais do petróleo obtido; correlação dos dados geoquímicos orgânicos com a bibliografia; confecção da dissertação e do artigo abordando a ocorrência de hidrocarbonetos nos interderrames da PIP e a elaboração do modelo de reservatório ígneo-sedimentar de petróleo da área estudada como análogo. Participação no 50° Congresso Brasileiro de Geologia – 2021. O resultado da análise total do petróleo ainda é aguardado e pretende-se realizar um estudo mais detalhado do reservatório não-convencional a partir da coleta de amostras na próxima etapa de campo, buscando melhor compreender as etapas dos processos diagenéticos, geoquímicos e hidrotermais que permitiram a formação e o preenchimento total/parcial dos poros e fraturas por minerais e óleo. Agradecimentos Agradeço à UFPR, ao Programa de Pós-Graduação de Geologia da UFPR, ao iLAMIR, no qual este projeto está incluso e onde são realizadas a maior parte das análises desta pesquisa, ao LAPEM, ao LACAUT e ao Laboratório de Geoquímica Orgânica do Igeo/UFRGS. Por fim, agradeço à Shell, pelo financiamento do Projeto Diagenesis – “Diagênese das sequências carbonáticas não marinhas do Pré- Sal e seu impacto na exploração e produção de reservatórios de hidrocarbonetos”, pela concessão da bolsa de estudos e à empresa Kerber & Cia Ltda por permitir o acesso para o estudo da Pedreira Kerber. 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Investigação da influência glacial na origem das fácies de diamicititos e conglomerados do Grupo Itararé (Paleozoico superior da Bacia do Paraná) em Presidente Getúlio (SC) Bruno Gomes de Souza Souzabruno.geo@gmail.com Orientadora: Carolina Danielski Aquino (Departamento de Geologia/UFPR) Coorientador: Fernando Farias Vesely (Departamento de Geologia/UFPR) Palavras-Chave: Sedimentação Glacial; Formação Rio do Sul; Era Glacial Neopaleozoica. Introdução e Contexto Geológico A glaciação neopaleozoica (GNP) é um importante evento geológico que registra diversos ciclos glaciais do Carbonífero inferior (Viseano) ao Permiano médio a superior (Capitiniano) apresentando registros de forma heterogênea ao longo de todo o Gondwana (Crowell & Frakes, 1975; Isbell et al., 2012). No Brasil, o Grupo Itararé (unidade permocarbonífera da Bacia do Paraná) apresenta um dos mais completos registros desse evento glacial na porção sudoeste do Gondwana e chega a possuir 1500m de espessura no seu depocentro, sendo sua arquitetura deposicional e estratigráfica ligada a ciclos de glaciação e deglaciação (França & Potter, 1988; Vesely & Assine, 2006). Em Santa Catarina, estudos mais recentes de cunho sedimentológico e de caracterização paleoambiental tem mostrado uma diversidade de ambientes deposicionais para o Grupo Itararé (Puigdomenech et al., 2014; Aquino et al., 2016; Fallgatter & Paim, 2019; Schemiko et al., 2019). Porém, ambientes que retratam uma maior proximidade ao gelo tem sido relatados apenas para a porção média e inferior da unidade (Aquino et al., 2016; Fallgater & Paim, 2019) enquanto que a porção superior tem sido atribuída a sistemas deposicionais que não apresentam uma faciologia característica de sistemas glaciais proximais (Schemiko et al., 2019; Rodrigues et al., 2020). A partir disso surge uma motivação para o estudo de novos sítios geológicos posicionados na porção superior da unidade buscando características de fácies glaciogênicas para essa parcela da unidade. Na região de PresidenteGetúlio – SC (fig.1), o Grupo Itararé é representado pelas formações Mafra e Rio do Sul (Schneider et al., 1974). A Formação Mafra é pouco pronunciada e já se encontra em onlap contra o embasamento cristalino (Schneider et al., 1974; Schemiko et al., 2019). As maiores espessuras para a unidade se dão pelos depósitos da formação Rio do Sul, que abrangem um range de ambientes, desde marinhos profundos na sua base até sistemas flúvio-deltáicos na sua transição para a Formação Rio Bonito dentro da área de estudo (Schemiko et al., 2019). Essa sucessão foi detalhada por Schemiko et al. (2019) que dividiram o empilhamento estratigráfico da Fm. Rio do Sul em associações de fácies, interpretando assim uma evolução dos ambientes deposicionais com uma tendência geral de continentalização para o topo. Dentro das diversas associações de fácies estudadas por Schemiko et al. (2019), chama a atenção uma sucessão heterogênea com variações de 40 a 60m de espessura que compreendem depósitos de conglomerados, arenitos e diamictitos. Essa sucessão está localizada entre pacotes previamente interpretados como depósitos turbidíticos e deltaicos, na base e no topo, respectivamente. Conforme previamente descrito, as características principais destes depósitos compreendem fácies areno-conglomeráticas maciças com algumas fácies de arenitos e conglomerados estratificados e com estruturas trativas subordinadamente. Estes depósitos apresentam diversos clastos estriados e diversos blocos e matacões isolados com características de lonestones. Outra característica interessante é a ocorrência de diamictitos caóticos contendo diversas feições de ressedimentação como blocos de arenitos e conglomerados, injeções clásticas e bouldins nas porções superiores deste pacote (Schemiko et al., 2019; Rodrigues et al., 2019). Estes depósitos foram interpretados por Schemiko et al. (2019) como oriundos de fluxos gravitacionais canalizados em um talude submarino alimentados por um sistema deltaico glácio-influênciado, devido as características faciológicas observadas e ao contexto observado ao longo do empilhamento da Formação Rio do Sul na área de estudo. Figura 1- A) Mapa extraído de Schemiko et al. (2019) contendo as unidades mapeadas pelos autores, paleocorrentes e o perfil composto da área mapeada. No perfil está marcado o intervalo analisado neste trabalho e foram indicados no mapa os locais dos perfis levantados. B) Perfis verticais levantados na área de estudo com as respectivas legendas. Não existe uma correlação direta entre os perfis. A ocorrência de diversas características faciológicas como lonestones, possíveis pavimentos de clastos, além de clastos estriados, podem indicar uma maior proximidade do gelo nos depósitos analisados por Schemiko et al. (2019) motivam novos trabalhos de campo para que se reavaliem estes depósitos para que sejam compreendidos em maior detalhe, visando verificar qual o nível de influência glacial. Vale ressaltar, que depósitos conglomeráticos similares já foram descritos no Grupo Itararé em Santa Catarina. Aquino et al. (2016) interpretaram um sistema glacial submarino do tipo grounding-line fan em fácies parecidas com as descritas em Presidente Getúlio, porém em um intervalo estratigraficamente abaixo em relação ao intervalo de interesse. Tendo isso em vista, existe uma motivação em tentar compreender se sistemas deposicionais similares podem ser caracterizados em estratos superiores da unidade. Em contraponto, se estes depósitos não representam uma maior proximidade do gelo, sistemas glaciais proximais estariam restritos a porções basais e intermediárias, e, portanto, a influência glacial nestes depósitos seria apenas indireta como postulado por Schemiko et al. (2019). Material e Métodos Inicialmente, foi realizado um trabalho de revisão bibliográfica, onde se buscou por trabalhos prévios para verificar o conhecimento acumulado sobre o Grupo Itararé localmente e regionalmente. Além disso, na etapa pré-campo foram compilados dados de afloramentos descritos em trabalhos anteriores que trabalharam na região, como os trabalhos de Schemiko et al. (2019) e Rodrigues et al. (2020) para que se pudesse reanalisar, detalhar e refinar em campo os aspectos faciológicos e relações estratigráficas descritos previamente pelos autores. Posteriormente a isso foram conduzidas duas etapas de campo na região de Presidente Getúlio- SC, uma etapa de 5 dias no mês de agosto de 2019 e outra etapa de 9 dias no mês de dezembro de 2019. A primeira etapa teve por objetivo reconhecer os afloramentos descritos em trabalhos anteriores. Já a segunda etapa, teve por objetivo uma coleta de dados mais densa, onde realizou-se um mapeamento sistemático dos afloramentos na área de estudo. Foram descritas as fácies, coletados dados de paleocorrentes em estratificações cruzadas e climbing ripples, além de perfis verticais de fácies (escala 1:50) em afloramentos chave. No total, foram descritos 40 afloramentos, sendo 26 deles no intervalo de interesse e os demais nas unidades adjacentes para controle estratigráfico. Em cinco (fig. 1A, 1B) destes afloramentos foram levantados perfis verticais de fácies para detalhar o empilhamento faciológico da sucessão. Por fim foram confeccionados produtos para visualização dos dados como a cartografia digital dos afloramentos mapeados, digitalização dos perfis verticais de fácies, diagramas de paleocorrentes e fotomosaicos de afloramentos. Para realização dessas etapas estão sendo utilizados os softwares Corel Draw 2019 e Geo Rose. Resultados Até o momento foram descritas fácies de conglomerados (Gm, Gt, Gi/n), arenitos (Sm, St, Sp, Sr), diamictitos (Dmm, Dm(r)), e fácies pouco pronunciadas de pelitos (Fl) e Heterolitos (Ht). As fácies conglomeráticas predominam principalmente na porção basal e intermediária da sucessão, podendo ocorrer subdinadamente nas porções superiores. Essas fácies possuem geralmente matriz variando de areia média a muito grossa, contendo clastos de tamanho grânulo a matacão, atingindo até 6m de comprimento no eixo maior. A composição dos clastos é bastante variada predominando clastos de granitoides e rochas metamórficas de médio a alto grau. Também são comuns clastos de arenitos. Ressalta-se que a grande maioria dos matacões está localizada na porção basal do intervalo. Uma característica interessante é a ocorrência de clastos estriados, polidos e facetados de diferentes dimensões nestas fácies conglomeráticas, assim como o nítido alinhamento destes fragmentos em algumas porções. Também é comum a ocorrência de lags de ortoconglomerados a grânulo e a seixos pequenos ocorrendo de maneira abrupta em algumas porções. Ressaltam-se também conglomerados contendo gradação inversa e normal, além de conglomerados contendo estratificações cruzadas acanaladas. Acerca da geometria das camadas, elas possuem uma baixa organização. São comuns camadas amalgamadas e com estruturas de corte e preenchimento, indicando o caráter erosivo embutido nestas fácies. As fácies arenosas também ocorrem densamente ao longo do empilhamento estratigráfico do intervalo analisado. As camadas arenosas possuem um maior grau de organização em relação às camadas conglomeráticas e muitas delas apresentam padrões amalgamados desaparecendo lateralmente. Dentro das fácies maciças, os arenitos possuem baixa organização e variam de muito finos a conglomeráticos. Dentro das fácies trativas (St, Sp e Sr) os arenitos apresentam geometrias variadas e com maior organização em relação as camadas maciças, com diversas camadas apresentando características amalgamadas, além de camadas tabulares de arenitos com climbing ripples. É comum observar camadas de arenitos associadas às fácies conglomeráticas e de diamictitos, e devido a isso muitas vezes é difícil realizar uma distinção nos perfis levantados das camadas arenosas intercaladas a estas fácies. Muitas dessas camadas também estão deformadas internamente às fácies cascalhosas,e apresentando-se fluidizadas, dobradas e falhadas internamente as demais fácies. Associados aos conglomerados e arenitos, também ocorrem fácies com conteúdo de lama maior, que são os diamictitos maciços. Esses diamictitos possuem matriz areno-lamosa e aparentemente existe uma transição entre estas fácies e as fácies de conglomerados descritas acima. Esta transição é marcada principalmente no teor de lama da matriz, consideravelmente maior nos diamictitos maciços. Esses diamictitos também apresentam clastos dispersos na sua matriz, de dimensões variando de grânulos a matacões com composição similar as fácies conglomeráticas. É comum a ocorrência de blocos e matacões de granitos isolados em meio a matriz lamosa, porém é difícil caracterizar esses blocos como dropstones devido a estrutura ser maciça e, portanto não se observa uma deformação da estratificação. Devido as características observadas optou-se por descrevê-los como lonestones. Uma característica marcante nestas fácies é a ocorrência de camadas arenosas amalgamadas e por vezes deformadas em meio a estas fácies. Essas camadas geralmente são de arenitos muito finos a médios e apresentam laminação por vezes chegando a formar climbing ripples. É bastante comum a deformação destes arenitos em meio aos diamictitos na forma de dobras, falhas, feições de cisalhamento e bouldins. Outra fácies de diamictito que está principalmente pronunciada na porção superior do intervalo são os diamictitos com feições de ressedimentação. Estas fácies são representadas por uma matriz caótica convoluta de material areno-lamoso onde estão imersos diversos blocos de arenitos e conglomerados rompidos que atingem dimensões métricas. São comuns em meio a esses diamictitos a ocorrência de injectitos, bouldins, falhas e dobras penecontemporâneas. Os dados de paleocorrentes foram coletados de estruturas do tipo climbing ripples e estratificações cruzadas acanaladas em arenitos, mas ainda foram pouco trabalhados. Foram obtidas 78 medidas no total. A análise destes dados ainda é bastante preliminar, mas é possível observar uma tendência principal de paleotransporte para NW com tendências secundárias para SW e SE. Porém a análise acerca desses dados é limitada devido à baixa densidade destas estruturas nos afloramentos em relação ao preenchimento como um todo, onde predominam fácies maciças. Discussões preliminares A partir dos dados faciológicos obtidos para área de estudo, algumas discussões preliminares podem ser abordadas. Muitas das feições identificadas nas fácies como clastos estriados, facetados e polidos, ocorrência de lonestones, além da ocorrência de níveis com concentração de clastos formando possíveis pavimentos, podem indicar uma maior proximidade do gelo do que previamente descrito para o intervalo analisado (Vesely et al., 2015; Aquino et al., 2016). Porém, a análise dos dados ainda é preliminar e portanto, a interpretação das fácies e dos ambientes deposicionais deve ser cada vez mais aprofundada para se detalhar com qual tipo de ambiente estes depósitos se assemelham mais. Apesar disso tem-se em vista de que essa sucessão pode retratar um tipo de ambiente glácio-marginal submarino (Batchelor & Dowdeswell, 2015; Aquino et al., 2016; Rosa et al., 2019) e essa hipótese deve ser contraposta a proposta de Schemiko et al. (2019) para verificar-se os prós e contras de cada hipótese. Atividades Futuras Primeiramente deve haver o prosseguimento das etapas de análise de dados faciológicos em conjunto com a revisão bilbiográfica para que sejam elaboradas hipóteses em escala de ambiente deposicional para a sucessão analisada. Além disso, pretende-se realizar uma análise mais detalhada em conjunto com os dados de paleocorrentes com o fim de auxiliar no entendimento desses depósitos em relação ao seu paleotransporte, possíveis áreas fonte e sua paleogeografia durante a GNP. Outra questão que ainda está pendente e será realizada de acordo com a necessidade do estudo é a confecção de lâminas petrográficas para a verificação da relação areia/lama em diamictitos maciços. Tem-se interesse nesse aspecto devido a não conseguir-se observar com clareza essa relação em escala de amostra de mão e compreendê-la pode-nos auxiliar na análise destas fácies. Agradecimentos Agradecimentos a Petrobras, que por meio do Termo de Cooperação 2016/00284-7 concede bolsa de estudos e apoio financeiro para os trabalhos de campo dando subsídio a elaboração desse trabalho. Agradeço também ao Laboratório de Análise de Bacias (LABAP) e ao Programa de Pós-Graduação em Geologia (UFPR) pela estrutura cedida. Referências Aquino C.D., Buso V.V., Faccini U.F., Milana J.P., Paim P.S.G. 2016. Facies and depositional architecture accord- ing to a jet efflux model of a late Paleozoic tidewater grounding-line system from the Itararé Group (Paraná Basin), southern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 67:180-200. Batchelor C.L., Dowdeswell J.A. 2015. Ice-sheet grounding zone wedges (GZWs) on high latitude continental mar- gins. Marine Geology, 363: 65-92. Crowell J.C., Frakes L.A. 1975. The Late Paleozoic Glaciation. In: Gondwana Symposium. v.3. Fallgater C., Paim P.S.G. 2019. On the origin of the Itararé Group basal nonconformity and its implications for the Late Paleozoic glaciation in the Paraná Basin, Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeocology. 531. França A.B., Potter P.E. 1988. Estratigrafia, ambiente deposicional e análise de reservatório do Grupo Itararé (Permocarbonífero), Bacia do Paraná (parte 1). Boletim de Geociências da Petrobrás. 02: 147-191. Isbell J.L., Henry L.C., Gulbranson E.L., Limarino C.O., Fraiser M.L., Koch Z.J., Ciccioli P.L., Dineen A.A. 2012. Glacial paradoxes during the late Paleozoic ice age: Evaluating the equilibrium line altitude as a control on glacia- tion. Gondwana Research. 22: 1-19. Puigdomenech C.G., Carvalho B., Paim P.S.G., Faccini U.B. 2014.Lowstand Turbidites and Delta Systems of the Itararé Group in the Vidal Ramos region (SC), southern Brazil. Brazilian Journal of Geology. 44(5): 529-544. Rodrigues M.C.N.L., Trzaskos B., Alsop G.I., Vesely F.F. 2020. Making a homogenite: An outcrop perspective into the evolution of deformation within mass-transport deposits. Marine and Petroleum Geology. 112. Schemiko D.C.B., Vesely F.F., Rodrigues M.C.N.L. 2019. Deepwater to fluvio-deltaic stratigraphic evolution of a deglaciated depocenter: The early Permian Rio do Sul and Rio Bonito formations, southern Brazil. Journal of South American Earth Sciences. 95. Schneider R.L., Muhlmann H., Tommasi E., Medeiros R.A., Daemon R.A., Nogueira A.A. 1974. Revisão estratigrá- fica da Bacia do Paraná. In: 28º Congresso Brasileiro de Geologia. Anais, v. 1, p. 41-65. Vesely F.F., Assine M. L 2006. Deglaciation sequences in the permo-Carboniferous Itararé Group, Paraná basin, Southern Brazil. Journal fo South American Earth Sciences. 22(3-4):156-168. Vesely F.F., Trzaskos B., Kipper F., Assine M.L., Souza P.A. 2015. Sedimentary record of a fluctuating ice margin from the Pennsylvanian of western Gondwana: Paraná Basin, southern Brazil. Sedimentary Geology. 326: 45-63. Dados Acadêmicos Modalidade: Mestrado - Qualificação. Data do Exame de Qualificação: junho/2020. Título Original do Projeto de Pesquisa: Arquitetura de depósitos de transporte em massa do Grupo Itararé (Paleozoico superior da Bacia do Paraná) em Presidente Getúlio (SC). Data de Ingresso na Pós-Graduação: abril/2019; Área de Concentração: Geologia Exporatória; Linha de Pesquisa: Análise de Bacias. Possui Bolsa: Petrobras (Processo: 2016/00284-7). Understanding the Processes of Carbonate and Silica Precipitation in the Post-magmatic History of Laguna Timone, Pali Aike Volcanic Field, Magallanes Region, Chile. Carolina Henríquez Valenzuela chenriquezv6@gmail.com Supervisor: Anelize Bahniuk Rumbelsperger. Department of Geology, Universidade Federal do ParanáCo-advisor: Mauricio Calderón Nettle. Department of Geology, Universidad Nacional Andrés Bello. Keywords: organomineral; hydrochemical; experiment. Introduction There are only a few modern environments where primary carbonate precipitates together with silica in a volcanic crater under the Earth’s surface. One such environment is in the southern part of South America, 50 km east of the Andean mountains and north of the Strait of Magallanes (region of Magallanes and the Chilean Antarctic), a quaternary volcano-tectonic complex dominates Pali Aike Volcanic Field (PAVF) (figure 1). A variety of volcanic-related morphologies such as spatter and slag cones, tuff rings, lava flows, and maars are distinguishable. The study area is Laguna Timone, a maar. This area is characterized by abundant carbonate precipitation under extreme environmental and climatic conditions that include: semi- arid humid and cold climates, high salinity, high pH (< 9), temperatures close to 0°C, high radiation, strong winds, low annual precipitation (approximately 250 mm), microbial activity, and a high concentration of silica in the sediment. Because of these exceptional conditions, these systems offer sites of great scientific interest for research on microbiological and carbonate-related precipitation that involves the interaction of volcano-tectonic processes with glaciers and marine events under extreme climatic conditions. The actions involved in the formation of carbonate deposits on the margins of the lagoon and the high silica contents in the sediments are not clear. Therefore, we hypothesize that the precipitation of silica and carbonate took place due to hydrochemical and environmental variations together with the participation of the microbial communities inside a volcanic environment under extreme climatic conditions. Also, we performed laboratory experiments in order to determine and understand what potential precipitation processes are involved in this system. Figure 1. Location of the area: Laguna Timone (red star) on Pali-Aike Volcanic Field (PAVF). The legend shows the three units of the volcanic sequence that constitute the PAVF (Source: adapted from D'Orazio et al., 2000). Geological setting The geodynamic evolution of the Cenozoic in the southernmost area of South America is mainly due to the interaction between three tectonic plates: South American, Antarctic, and Scotia. The occurrence of Cenozoic mafic magmatism associated with the Pali Aike Volcanic Field (PAVF) is related to the opening of an asthenospheric window under South America in response to the subduction of the Chilean Ridge (D'Orazio et al., 2000). The complex configuration of plate boundaries near the PAVF (52°) resulted in the formation of different tectonic provinces, including the Austral Patagonian rift (Diraison et al., 1997). The units consists mainly of volcanic-sedimentary formations from the Jurassic-Miocene era in the Magallanes Basin (Diraison et al., 1997), where the units of PAVF were deposited. The Late Miocene PAVF (3.8 to 0.17 Ma) extends over an area of approximately 4500 km2 between Argentina and Chile. A sequence of three volcanic pulses has been proposed that generated different volcanic formations. More than 450 volcanic centers, mainly monogenetic, were formed, which included tuff rings, slag / spatter cones, and maars. The Laguna Timone maar is the result of circular emission centers that reach up to two kilometers in diameter and are surrounded by a tuff ring resulting from a phreatomagmatic eruption. The rocks present are mainly basalts and alkaline basalts (Mazzarini and D’Orazio 2003) including mantelic xenoliths. In addition, Tertiary marine sediments, Miocene molasse sediments, and fluvioglacial deposits from the Pliocene and Pleistocene glaciations (Zolitschka et al., 2006) are present. The volcanic field represents the contrasting topography of a recently built eruptive area due to glacial and periglacial phenomena, geomorphological agents of the fluvial cycle, and wind activity. State of art: Geomicrobiology vs. mineral precipitation The organomineralization process can be intrinsically (microbial metabolisms) or extrinsically driven (e.g., degassing, evaporation). Organomineralization can therefore be either an active (biologically- induced) or passive (biologically-influenced) process. Mineral deposits resulting from organomineralization are called microbialites (Burne and Moore, 1987). Microbialites are defined as organo-sedimentary deposits that accrete by the action of benthic microbial communities, which trap and bind detrital sediment and/or form the locus of mineral precipitation (Burne and Moore, 1987; Riding, 1991). Microbialites may be composed of distinct mineral assemblages, and carbonate is the most common construction component. However, microbialites made of silica, or silica and carbonate or phosphate are also found throughout the geologic record. In hypersaline environments, the processes of ureolysis and photosynthesis are dominated for the precipitation of carbonate by microorganisms. In freshwater and marine environments, cyanobacterial photosynthesis is the most common metabolic process for carbonate precipitation, followed by sulfate reduction (Xu et al., 2016). Environmental conditions influence the development of the native bacterial community while at the same time altering environmental conditions through metabolic activities (Dupraz et al., 2004). Nevertheless, the mechanisms of microbial silicification are poorly understood, and it is unknown if that mineralization correspond to the cooling and evaporation of supersaturated waters, or to biogenically-mediated heterogeneous nucleation of amorphous silica on microbial surfaces (Yee et al, 2003). Several experimental studies conducted under laboratory conditions have attempted to elucidate these processes. Therefore, simple laboratory experiments form a basis for understanding precipitation patterns. For this reason, it is necessary to make a comparison between the laboratory and the field. Material and methods For this study we field sampled rock, water, and microbial mat collected around the lagoon. Parameters of interest, such as temperature, pH, and electric conductivity (EC) through a multiparameter probe were measured during the field mission. The water chemistry was analyzed at Laboratório de Pesquisas Hidrogeológicas (LPH), housed at UFPR. To determine the presence of bacteria or cyanobacteria a fluorescence microscope was used since minerals and microorganisms in microbial mats show fluorescence when exposed to ultraviolet radiation (UV). These analyses were carried out at Laboratorio de Bionanotecnología y Microbiología, housed at Universidad Nacional Andrés Bello (UNAB), Chile. The morphological and elemental analyses of microbial mats and minerals were obtained using a JEOL model 6010LA scanning electron microscope (microbial mats were introduced in the high-vacuum chamber before observation) at Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR), housed at UFPR. To identify if microorganisms participate in the precipitation processes, the bacteria were isolated and microbiologically-induced carbonate and silica precipitation experiments were performed. In this study, cultivation media were developed so that bacteria capable of precipitating carbonates and silica could grow. The medium corresponds to the R2A media, consisting of 0.5 g of yeast extract, 0.5 g of Casamino acids, 0.5 g of Peptone, 0.5 g of glucose, 0.3 g of pyruvic acid, 0.3 g of K2HPO4, and 0.05 g of MgSO4*7H2O (Reasoner and Geldreich, 1985); 2.5 g calcium chloride, and 2 g sodium silicate were added respectively. All these concentrations were in 1 liter of distilled water. These experiments were carried out in the Laboratorio de Bionanotecnología y Microbiología housed at UNAB. Mineral and elemental mass of rocks and sedimentsamples were analyzed by an analytical technique known as automated mineralogical mapping by a TESCAN-TIMA instrument. Image analysis was performed simultaneously with SEM backscatter electron images combined with X-ray fluorescence. The operation is automated and it has a robust database that transforms EDS chemical data to mineralogy. The equipment is housed in Chile at Soluciones en microscopía y Mineralogía Aplicada (SEMMA). Also, Transmission Electron Microscopy (TEM) was performed to identify the clay minerals, analyzed at Instituto Andaluz de Ciencias de la Tierra (CSIC-UGR), Granada. Results The lagoon water is cloudy, dirty and gray in color. Physico-chemical parameters show the pH range (ca.10), the electrical conductivity (111.000 uS/cm), and dissolved solids (110.567 ppm). The temperature of the lagoon is close to 0°C reaching a maximum of 15°C in the summer. Where Extracellular Polymeric Substances (EPS) exist, the pH is close to 8, the temperature is slightly higher, and there are bubbles. The water chemistry shows Ca2+ (9 mg/L), Mg2+ (3 mg/l), and carbonate (29.997, 43 mg/l). Comparing chloride (41.000 mg/l) ion average results with different types of water, the concentrations are very high, even exceeding the average content in seawater. Sodium (29.076 mg/l), K (2.560 mg/L), nitrate (358, 15 mg/l), sulfate (140 mg/l) and phosphates (110 mg/l) follow. An analysis of the Piper diagram shows a strong tendency towards sodium chloride type. Microbial mat samples under the fluorescence microscope show filamentous microorganisms, exhibiting a microscopic morphology characteristic of cyanobacteria and typical red autofluorescence indicative of photosynthetic pigments that reveal chlorophyll and phycobilin protein (figure 2B). Furthermore, diatoms (figure 2A) between communities of photosynthesizing organisms were identified. Mineral structures (possibly calcite) on filamentous structures were observed (figure 2C) emitting blue fluorescence colors (Yokoo et al., 2015). Figure 2. A: Filamentous (F) microorganisms and diatoms (D). B: Morphology characteristic of cyanobacteria and red autoflorescence. C: Mineral (M) structures. SEM images show an abundant presence of diatoms, cyanobacterial filaments and bacteria. Different types of filaments forming ramifications (figure 3A) were observed. The oval bacteria correspond to the coccoid bacterium type (figure 3B). Four main types of diatoms were identified, the majority are partially dissolved (figure 3C) or valves are broken, and only some are well preserved. SEM images show reactive edges between diatoms in dissolution and a thin layer without defined morphology (possibly clay). One of the most important factors controlling the rate of dissolution of the diatom is the pH of the lake water (Lewin, 1961). The pH of lake water above 9 causes the dissolution rate to increase exponentially. Regarding the experiment for isolation of bacteria and microbiologically induced carbonate and silica precipitation, isolated colonies were evaluated every 48 hours with light microscopy (optical microscope: Leitz-Biomed). The observation through light microscopy showed that the bacterial isolates are capable of forming crystalline CaCO3 in R2A medium agar plates with calcium chloride at 28°C. Precipitation started slowly after 15 days of inoculation with very small crystals and oval shapes difficult to distinguish macroscopically. The CaCO3 precipitation occurred within the bacterial colony and not directly in the culture medium. On the other hand, in the SiO2 medium, there was no evidence of precipitation; nevertheless, bacterial colonies were observed. Transmission electron microscopy (TEM) analysis showed magnesium-rich clays in the sediments. The images show irregular morphologies like "cotton" associated with clays. Elongated crystals composed of Ca and O associated to Calcite were identified (figure 3E). Clay coatings on diatom structures (figure 3F) were observed. According to the spacing (periodicity of 10 Å and 21.7–23 Å), illite and illite/smectite mixed- layer minerals were identified (figure 3D). Figure 3. Scanning electron microscope images (A-C) of the EPS. (A) The EPS contains abundant filamentous cyanobacteria and (B) coccoid bacteria and (C) partially dissolved diatoms. Transmission electron microscope images (D-F) of the sediment. (D) Thin packets of mixed-layer with spacings corresponding to the sum of illite- and smectite-like layer spacings (21–22 Å periodicity). (E) “Cotton like” clays associated with Mg-clay and elongated crystal of calcite. (F) Clay coatings on diatom structures. TESCAN analysis showed chemical composition (%) of the following elements: O, Si, Ca2+, Mg2+, Fe, Al3+, K+, Ti, C, Na+, F-, V, Mn, S, Cl, P, Cu, H, B, and REE. The lithological characteristics of the parental area is critical to justify the inputs of these elements in the sediment, mainly Mg2+ and Fe, related to basic magmatic rocks such as basalts and harzburgites that predominate in this area. The Mg source is directly related to minerals rich in Mg such as pyroxene, amphibole, and olivine derived from weathering. Regarding Si, glacio-fluvial deposits, clays, and the dissolution of diatoms may be possible sources. About the reworked thrombolite samples, results reveal that mass percentage close to 100% is calcite, while anorthoclase, quartz, fluoropargasite, ankerite, muscovite, labradorite and biotite are accessory minerals, probably as particles carried by the wind. Discussions and Conclusions From the results obtained in this work, it is possible to establish the effects of microbial activity in precipitation processes at Laguna Timone. The experiment of crystal precipitation from microbiologically induced calcium carbonate precipitation is the support for this hypothesis. The CaCO3 precipitation occurred within the bacterial colony and not directly in the culture medium. Therefore, for CaCO3 precipitation the presence of crystallization nuclei is not sufficient and the role of microbial metabolism is necessary. On the other hand, no silica precipitation could be attained in any of the experiments. This is perhaps related to the slow kinetics in the crystal growth process and the number of isolated colonies or absence of biological activity. The results obtained from the TEM reveal the presence of clays, mainly Mg- rich, suggesting that one of the sources of silica comes from the clays. The “cotton” morphology is associated with authigenic processes and is common in smectites that are associated with reactive surfaces (Tosca, 2015; Tosca and Wright, 2015), for which it would be interesting to determine if the biological activity is related in its formation. SEM and TEM images show partially dissolved diatoms and clay coatings on diatom structures. This may suggest that reactive Si present as coatings is provided by dissolving diatom fragments. The dissolution is supported by the alkaline pH of the lagoon; consequently, this could suggest that diatoms are important in controlling Si distribution in lagoon sediment. The strong hydrosphere-troprosphere interaction is a potential controller of this system. The formation of dissection cracks may have been produced by the strong winds in the clay zone helping windblown water to circulate through porosity, the latter related to mineral precipitation and dissolution of diatoms due to the alkalinity of the water. Besides this, the amount of foam in the margin associated with winds generated on the edge a “zoning” effect associated with salt and carbonate. In these soils of semi-arid and arid regions where natural wind erosion occurs, the agglomeration of grains in stable aggregates of water is promoted mainly by organic matter and clay (Baver, et al. 1972), and very high sodium content causes flocculation of colloidal material and clays. This is important because bacterial gel rich in elements like claysgives rise to labile minerals, identified only in sediments in contact with water, where biological and chemical conditions determine mineral precipitation like calcite (Burne et al. 2014). The lagoons of this region are important for examining in detail the genesis of precipitates from a hydro-sedimentological and climatic perspective. Future steps The next steps will include carbonate microscopic petrography, X-ray microtomography, 16S rRNA Gene Sequencing for bacterial Identification, analyze DRX data, and continuation of the laboratory experiments. In addition, clumped isotopes and isotopes 87Sr / 86Sr, 14C analysis is being planned. Additionally, we will compile all the data obtained thus far and prepare a manuscript for Sedimentary Geology or Geobiology or Quaternary Research. Acknowledgements The author would like to thank Project Diagenesis (ANP 20129-3), financed by Shell and LAMIR for the scholarship funds and support for this research. Also, thank the postgraduate program in Geology at UFPR for the opportunity to complete a postgraduate degree in this institution and Universidad Nacional Andrés Bello for analytical support. References Baver, L.D., Gardner, W.H., Gardner, W.R. (1972). Soil Physics. John Wiley, New York: 4. Burne, R. V., Moore, L. S., Christy, A. G., Troitzsch, U., King P. L., Carnerup, A. M., Hamilton, P. J. 2014. Stevensite in the modern thrombolites of Lake Clifton, Western Australia: A missing link in microbialite mineralization?, Geology, 42:575-578. Burne, R.V., Moore, L.S.1987. Microbialites: organosedimentary deposits of benthic microbial communities. Palaios, 2: 241–254. Diraison, M., Coppold, P., Gapais, D., Rossello, E. 1997. Magellan Strait: part of a Neogene rift system. Geology, 25: 703–706. 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Dados Acadêmicos Modalidade: Mestrado; Data Exame Qualificação: 07/2020; Título Original do Projeto de Pesquisa: Entendimento dos processos de precipitação de carbonato e silica na história pós-magmática de Laguna Timone, Campo Vulcânico Pali Aike, Região de Magallanes; Data de Ingresso: 04/2019; Área de concentração: Geologia exploratória; Linha de Pesquisa: Análise de Bacias Sedimentares; Bolsa: Projeto Diagenesis (SHELL/FUNPAR/LAMIR). Integração de dados geofísicos e de sensoriamento remoto para caracterização das Bacias de Carnaubinha e São Julião, Piauí Claudia Estefani Rodrigues Saraiva claudiaestefani10@hotmail.com Orientador: Maximilian Fries (Programa de Pós-Graduação em Geologia/Universidade Federal do Paraná e Laboratório de Geofísica Aplicada/Universidade Federal do Pampa) Palavras-Chave: Métodos Potenciais, Bacias de Transição, Arcabouço Estrutural. Introdução Ao longo dos anos é notório o crescimento contínuo de estudos em bacias sedimentares, sejam estas onshore ou offshore, visto que apresentam condições favoráveis no que concerne à concentração de recursos naturais, tais como petróleo, gás natural, água subterrânea e depósitos minerais. A intensificação dos estudos e o aumento da qualidade dos dados contribuem diretamente para a compreensão dos processos de formação, bem como para o sucesso exploratório. As bacias sedimentares ocorrem em todos os continentes e estão associadas a diversas épocas geológicas, existindo desde os primórdios da evolução da Terra (Martins Neto, 2006), cujos seus processos de formação podem ser associados a diversos eventos geológicos. Na Província Borborema (PB), nordeste do Brasil, existe um conjunto de bacias formadas na transição Proterozoico-Fanerozoico, com uma relação temporal com o final da Orogenia Brasiliana. Referem-se, de forma geral, às sequências clásticas imaturas, compostas, essencialmente, por conglomerados, arenitos e folhelhos de ambiente continental, que podem estar associados ou não com magmatismo bimodal (Parente et al., 2004). Entre estas bacias cita-se Jaibaras, Cococi e Iara, no estado do Ceará, Carnaubinha e São Julião (também conhecida como Catolé), no estado do Piauí. Tais bacias, dentre outras localizadas ao longo da PB, caracterizam-se por apresentar, no geral, um forte controle estrutural, situando-se próximas às zonas de cisalhamento, uma intensa alteração hidrotermal, bem como a presença de sulfetos disseminados. Estes fatores motivaram vários autores a classificarem tais mineralizações como semelhantes aos depósitos de classe mundial de Cu-Au-Óxido de Ferro (IOCG – Iron Oxide Copper Gold) (Machado, 2006; Saraiva e Rodrigues, 2018; Medeiros e Paula, 2019, dentre outros). No entanto, apesar das perspectivas preliminarmente estabelecidas, com exceção de Jaibaras e Cococi (Pedrosa Junior, 2015; Santos Filho et al.,2015), ainda não foram executados trabalhos de imageamento nessas bacias, nem furos de sondagens, impossibilitando conhecer a estruturação interna do pacote sedimentar e de seu arcabouço tectônico, por exemplo. Os estudos realizados nessas regiões estão relacionados apenas ao mapeamento geológico, à caracterização das alterações hidrotermais e das tipologias de minério, além de caráter geoquímico. Neste contexto, a aplicação de métodos geofísicos, em especial, os denominados de campo potencial (magnetometria e gravimetria), têm sido bastante utilizados em pesquisas em bacias sedimentares, tornando-se uma ferramenta fundamental para a caracterização estrutural, definição da arquitetura interna, bem como a geração de modelos que contribuem para a compreensão doprocesso evolutivo. Tendo em vista o potencial econômico para a ocorrência de minerais de minério, associado com a inexistência de informações de subsuperfície, as bacias de Carnaubinha e São Julião, com áreas de 17 e 39 km², respectivamente, foram selecionadas para um estudo de semidetalhe, visando a caracterização da arquitetura do arcabouço geológico-estrutural. Ademais, tais informações podem auxiliar em estudos posteriores, independente da finalidade (evolução ou prospecção, por exemplo). As áreas de estudo propostas neste projeto localizam-se na porção nordeste do Brasil, contemplando o estado do Piauí, entre os municípios de Pio IX e São Julião (Figura 1). Desse modo, o objetivo principal deste trabalho é contribuir para o conhecimento da geologia de subsuperfície das Bacias de Carnaubinha e São Julião. Nesta ótica, para alcançar o objetivo supracitado, torna-se necessário o cumprimento dos seguintes objetivos específicos: a) definir a estruturação interna e adjacente das bacias, obtendo as espessuras e descontinuidades dos pacotes sedimentares, e de seus arcabouços estruturais; b) caracterizar e mapear estruturas internas nas rochas dos embasamentos das bacias, assim como suas direções principais e subordinadas; e c) estimar espessura crustal e limite crosta/manto (Moho) e correlação com a geometria das bacias. Em termos geotectônicos, a área encontra-se inserida na Província Borborema (PB), porção nordeste da plataforma Sul-Americana (Almeida et al., 1981), mais especificamente do Domínio Rio Grande do Norte (DRN) de Brito Neves (2000). A PB é integrante do extenso sistema orogênico Brasiliano/Pan-Africano, resultado da colisão entre os crátons São Luís/Oeste África e São Francisco/Congo, esta colisão, ocorrida há cerca de 600 Ma, foi responsável pela amalgamação final do continente West Gondwana. As áreas de estudo localizam-se no extremo oeste da Faixa Orós, no Sistema Orós-Jaguaribe, que é representado, de maneira simplificada, por sequências metavulcano-sedimentares associadas a ortognaisses geralmente porfiríticos, separados por um embasamento que pode ser dividido em dois blocos, o Jaguaretama e o São Nicolau (Mendonça e Braga, 1987; Parente e Arthaud, 1995). Localmente, as bacias de Carnaubinha e São Julião são constituídas por sequências sedimentares imaturas (representas por conglomerados, arenitos, folhelhos e siltitos), pelo grupo Orós, Complexo São Nicolau e por corpos graníticos (Saraiva e Rodrigues, 2018; Medeiros e Paula, 2019). Tais unidades encontram-se parcialmente recobertas por rochas sedimentares da bacia paleozoica do Parnaíba, Grupo Serra Grande (Figura 1). Figura 1 – Localização das áreas de estudo no estado do Piauí com informações litológicas regionais, contexto estrutural e acesso (A) e dados litológicos locais das Bacias de Carnaubinha (B) e São Julião (C). Base de dados: Gomes et al., (2000); Saraiva e Rodrigues (2018); Medeiros e Paula (2019). Estado da Arte Os métodos potenciais são amplamente utilizados para o reconhecimento da geologia de subsuperfície em bacias sedimentares, possibilitando mapear seus limites, o relevo do seu embasamento, feições estruturais e heterogeneidades entre os pacotes sedimentares (Castro, 2005; Kearey et al.,2009 Reynolds, 2011; Pedrosa Junior, 2015; Santos Filho et al.,2015). A Gravimetria é um método geofísico utilizado para determinar as variações do campo gravitacional terrestre, tendo como base a distribuição de densidades no interior do planeta (Telford et al.1990; Luiz e Silva, 1995), através do qual as medidas são realizadas por meio de um equipamento altamente sensível denominado de gravímetro. É sabido que a gravidade ao longo da superfície da Terra varia em função da sua forma, massa e rotação, sendo maior nos polos que no equador (Reynolds, 2011). Tal efeito resulta em uma variação com a latitude, a qual é definida com base na superfície do esferoide, sendo conhecida como gravidade normal ou teórica, obtida mediante a Fórmula Internacional de Gravidade (IGRF) (Dentith e Mudge, 2014). No entanto, para o cálculo das anomalias gravimétricas utiliza-se, geralmente, o geóide como nível de referência, ou seja, o nível médio dos mares. Sabe-se que a crosta terrestre não é homogênea, mas sim constituída por diferentes tipos de rochas (ígneas, sedimentares e metamórficas) que, por conta de diferenças de porosidade e composição mineralógica, apresentam densidades distintas. Distribuições de massas dos materiais em subsuperfície provocam distorções no campo gravitacional normal da terra, que podem ser medidas por meio da atração que o material em subsuperfície exerce sobre uma massa prova localizada no instrumento (gravímetro), o qual registra essa atração em termos de aceleração da gravidade. Após a aquisição dos dados brutos, antes de realizar as interpretações, os dados gravimétricos precisam ser corrigidos (ou compensados), visto que diversos fatores, além da diferença de densidade das rochas em subsuperfície e a latitude, podem causar variações na gravidade observada (Reynolds, 2011; Dentith e Mudge, 2014). Empiricamente, essas variações podem ser temporais (drift instrumental e efeito das marés) e espaciais (latitude, elevação, excesso de massa e topografia). A deriva instrumental (drift) refere-se às variações da aceleração da gravidade provocadas pela fadiga do equipamento, que pode ser causada pelo tempo de uso ou mudança de temperatura. Já o efeito das marés corresponde à atração gravitacional provocada pela lua e pelo sol, ocasionando uma pequena distorção na forma da terra. Tais variações podem ser corrigidas a partir da realização de repetidas leituras em uma estação base, onde, ao gravar o tempo de cada leitura e a taxa de desvio da aceleração da gravidade, esses efeitos podem ser removidos. Devido ao fato da gravidade normal aumentar ao longo dos meridianos quando se afasta do equador, realiza-se a correção de latitude, assim, valores obtidos em latitudes diferentes não podem ser comparados sem ser corrigidos. Para compensar os efeitos da diferença de altitude entre a estação de leitura e o nível de referência utilizado, realiza-se a correção de elevação (free-air), no entanto, é importante citar que esta não considera a massa existente entre estas, para isso, utiliza-se a correção Bouguer. Ao realizar a correção Bouguer, é assumido que a topografia existente entre estação de observação e o nível de referência é um platô uniforme, contudo em regiões onde ocorre elevadas diferenças topográficas, ela não leva em consideração a massa existente, por exemplo, acima da estação. Para suprir tal limitação, a correção de terreno é utilizada em conjunto (Luiz e Silva, 1995; Reynolds, 2011; Dentith e Mudge, 2014). Considerando uma Terra totalmente homogênea, após as correções supracitadas, os valores da gravidade deveriam ser constantes, todavia, isto não acontece. As distorções nos valores normais são denominadas anomalias e refletem variações laterais dos materiais, que podem ser provocadas por depósitos minerais, intrusões e estruturas geológicas, por exemplo (Luiz e Silva, 1995). Juntamente com a gravimetria, a magnetometria encontra-se inserida no grupo dos métodos de campo natural ou potenciais. Nesta, o objetivo é investigar a geologia tendo como base as variações no campo magnético da Terra, denominadas de campo magnético induzido. Estas variações podem ser provocadas por rochas que contenham significante quantidade de minerais magnéticos em seu arcabouço (Kearey et al.,2009). Para avaliar as propriedades magnéticas de um material é necessário quantificar a sua susceptibilidade magnética. Esta propriedade depende, principalmente, da quantidade, tamanho e distribuição dos minerais magnéticos (como a magnetita, pirrotita e a ilmenita) existentes em uma rocha, os quais, no geral, ocorrem dispersos em uma matriz de minerais paramagnéticos e diamagnéticos, representada pelos silicatos. A magnetizaçãoexistente nas rochas pode ser de dois tipos: induzida, provocada pelo campo da atual da Terra, e residual, adquirida ao longo da história geológica da rocha (Luiz e Silva, 1995). Em estudos de prospecção, os valores medidos referem-se ao resultado da soma vetorial das duas magnetizações. O método magnético, além de identificar corpos de minérios, auxilia na determinação de contatos geológicos, de estruturas geológicas (falhas e dobras) e intrusões de maciços básicos. O uso de imagens orbitais em estudos exploratórios constitui na última década uma importante ferramenta de caráter regional. Auxiliam no entendimento da evolução do relevo e seus controles estruturais, sendo uma ferramenta importante na identificação de anisotropias do embasamento (Leandro, et al., 2011). De forma simples, o sensoriamento remoto consiste em um conjunto de atividades que permitem a obtenção de imagens da superfície terrestre, sem contato direto com ela, por meio das respostas obtidas através das interações da radiação eletromagnética com os objetos terrestres (Meneses e Almeida, 2012). Os materiais naturais, como vegetação e solo, refletem diferentes proporções de energia ao longo do espectro eletromagnético, as quais podem ser plotadas em comprimentos de onda específicos, gerando uma curva espectral (assinatura espectral), possibilitando o reconhecimento e distinção dos diferentes objetos terrestres (Jensen, 2009). Além disto, baseando-se na morfologia do terreno (como cristas e vales), que pode ser obtida por meio de imagens de relevo, é possível extrair feições lineares (lineamentos) em diferentes escalas de observação. Material e Métodos Para o desenvolvimento do projeto, foram definidas algumas etapas, as quais são esquematizadas no fluxograma da Figura 2, e descritas de forma detalhada a seguir: Etapa 1 - levantamento bibliográfico sobre o contexto geológico, estrutural, tectônico, bem como referencial teórico das metodologias que serão utilizadas; Etapa 2 - aquisição da base de dados existentes das áreas de estudo, a exemplo: i) dados aerogeofísicos levantadas pela LASA Engenharia S/A conveniada ao Serviço Geológico do Brasil – CPRM, do Projeto Centro – Sudeste do Ceará (2010), código 1101; ii) imagens de satélite ALOS PALSAR, obtidos no Alaska Satellite Facility (Earth Data – NASA), e Sentinel 2, obtidas no site Copernicus; e iii) dados geológicos oriundos de mapeamentos pretéritos; Etapa 3 - definição de malha de pontos (espaçamento/localização) para a aquisição geofísica terrestre, logística, e implantação de base gravimétrica e georreferenciamento (GPS); Etapa 4 - processamento bruto dos dados gravimétricos terrestres (redução dos dados para obtenção das anomalias Bouguer e free-air) e geração dos mapas geofísicos preliminares; Etapa 5 - Processamento avançado (filtros e técnicas de realce) dos dados geofísicos, integração e análise para a realização de interpretações; por fim, na Etapa 6, os diferentes resultados e produtos obtidos serão compilados para análise e interpretação conclusivas e elaboração das conclusões finais. Figura 2 - Fluxograma das etapas que serão utilizadas no projeto. Viabilidade do projeto Esta proposta conta com o suporte da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), por meio do Laboratório de Geofísica Aplicada (LGA), para o fornecimento de equipamentos e softwares para análise e processamento, e da Universidade Federal do Ceará (UFC), que auxiliará no apoio logístico e execução das atividades de campo, bem como na disponibilização de laboratórios/departamentos. Resultados A partir do projeto em questão pretende-se alcançar os seguintes resultados: i) Definir a espessura dos pacotes sedimentares das Bacias de Carnaubinha e São Julião; ii) Estabelecer o limite crosta/manto superior (Moho) e prováveis cicatrizes (estruturas) profundas; iii) Compreender a distribuição espacial das unidades geológicas que formam o substrato estrutural das bacias, bem como demarcar os principais lineamentos estruturais da região; iv) Fornecer novas informações que possam ser utilizadas para o avanço do conhecimento do potencial metalogenético das bacias. Cronograma As atividades propostas serão executadas conforme detalhado na Tabela 1. Tabela 1 – Cronograma do projeto. Agradecimentos Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo auxílio financeiro por meio da bolsa de mestrado CAPES/DS (Processo n. 88887.502757/2020-00), e ao Programa de Pós-graduação em Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 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Introdução Microfósseis podem fornecer novas informações ou refinamento do conhecimento já existente sobre re- construções paleoambientais. Quando presentes em rochas formadas sob influência glacial, os dados obtidos a partir da análise destes organismos mostram-se excelentes ferramentas para obtenção de in- formações inéditas, no quesito de reconstruções de paleoambientes e novos métodos de recuperação de microfauna. O Paleozoico Superior da Bacia do Paraná abrange depósitos glaciais e pós-glaciais representados principalmente pelo Grupo Itararé, o qual tem seu zoneamento bioestratigráfico e recons- truções paleoambientais sugeridas principalmente pelo conteúdo palinológico e análise de macrofósseis, enquanto os microfósseis de parede não orgânica ainda são pouco explorados. A Bacia do Paraná registra o último evento de glaciação do Paleozoico do Gondwana (Milani 1997; Milani et al. 2007). A sucessão paleozoica superior deste estrato é a mais espessa e inclui unidades estratigrá- ficas acumuladas em ambientes marinhos a continentais, onde se insere o Grupo Itararé (Castro 1991; D’ávila 2009). Sucessivas fases de deglaciação levaram à deposição de um conjunto de estratos com mais de 1300m de espessura constituído por depósitos principalmente marinhos do Grupo Itararé (Vesely & Assine 2006). Este grupo foi diferenciado por Schneider et al. (1974), em ordem estratigráfica, nas formações Campo do Tenente, Mafra e Rio do Sul (Figura 1), correspondentes na concepção de França & Potter (1988) às formações Lagoa Azul, Campo Mourão e Taciba. Geocronologia Litologia P er m ia n o Idade (M.a) Época Andar Sul do Brasil 290.1 C is u re al ia n o Médio Sakmariano Formação Rio do Sul 293.52 Inferior Asseliano G ru po It ar ar é 298.9 P en ns yl va ni an o Superior Gzheliano Formação Mafra C ar b o n íf er o Kasimoviano 303.7 Médio Moscoviano Formação Campo do Tenente 307.0 315.2 Inferior Bashkiriano 323.2 ???? 330.9 M is si ss ip ia no Superior Serpukhoviano Formação Campo do Tenente 346.7 Médio Viseano Inferior Tournaisiano Figura 1. Tabela estratigráfica do Grupo Itararé. Adaptada de Schneider et al. (1974) e Rosa et al. (2019). . As porções inferiores do Grupo Itararé (formações Campo do Tenente e Mafra) destacam-se pela pre- sença de fluxos gravitacionais, como turbiditos e depósitos de transporte em massa, associados à degla- ciação (Vesely 2006, Carvalho & Vesely 2017; Valdez-Buso et al. 2017; Rosa et al. 2019). Por outro lado, os últimos eventos deglaciais (Formação Rio do Sul) possuem contínua evolução da deposição dentro de uma mesma sequência, seguindo-se com os estratos inferiores da Formação Rio Bonito (Schemiko et al. 2019), em que são relacionados depósitos marinhos profundos e transicionais-continentais. Atualmente, há poucos dados paleoambientais que consideram microfósseis de parede não orgânica para o Grupo Itararé, sendo que as informações existentes são derivadas de trabalhos pontuais ou rela- tórios internos de empresas, onde raros microfósseis foram recuperados neste intervalo. Esta baixa re- cuperação pode estar relacionada aos métodos de preparação aplicados, que podem ser destrutivos para alguns microfósseis de parede não orgânica. Ao longo da pesquisa pretende-se coletar e analisar estratos aflorantes e amostrados em testemunhos de diversas localidades do Grupo Itararé. As regiões estão demarcadas na figura abaixo (Figura 2), bem como os locais onde já houve coleta de material (áreas com realce em rosa claro). Figura 2. Mapa de localização da área de estudo e local de execução das atividades. Considerando o que foi exposto, observa-se o registro de grupos de microfósseis no Grupo Itararé, espe- cialmente foraminíferos, ostracodes e conodontes, que foram analisados principalmente sob o viés bio- estratigráfico. Entretanto, esses organismos também são bons indicadores paleoambientais, sendo este o foco deste estudo. Estado da Arte Microfósseis tem sido usualmente utilizados como ferramenta para o zoneamento bioestratigráfico do Grupo Itararé, porém os principais microrganismos utilizados foram palinomorfos, macrofitofósseis e ma- croinvertebrados (Lange 1952, 1954; Rocha-Campos 1970; Rosa et al. 2019; Rocha-Campos & Rösler, 1978; Rösler 1978; Iannuzzi & Souza 2005; Holz et al. 2010; Paulipetro 1981, 1982; Simões et al. 2012; Mottin et al. 2018; Neves et al. 2014; Taboada et al. 2016, Iannuzzi 2010, Valez-Buso et al. 2020). Dos trabalhos sobre micropaleontologia para o Grupo Itararé, elencam-se as pesquisas de Lima et al. (1976) que avaliaram os estratos do Grupo Itararé aflorantes no estado de São Paulo, e Campanha et al. (1989), que balizaram suas análises em testemunhos e calhas obtidos pela PAULIPETRO (1981, Poço Piratininga 1-PA-1-SP; 1982, Poço Lagoa Azul 2-LA-1-SP). Esses estudos relatam a ocorrência de ostra- codes e foraminíferos para os estratos do Paleozoico Superior da Bacia do Paraná, porém não foram realizadas inferências substanciais sobre bioestratigrafia ou paleoambientes. Outros grupos fósseis tem servido de auxílio para interpretações dos estratos do Grupo Itararé, entre eles pode-se citar conodontes (Wilner et al. 2016), escolecodontes (Ricetti e Weinschutz 2011), espículas de esponjas (Mouro et al. 2012), icnofósseis (Netto et al. 2009, Balistieri et al. 2002) e vertebrados (Malabarba 1988). Uma das principais tentativas de elaboração de um zoneamento bioestratigráfico do Grupo Itararé com base em microfósseis de parede não orgânica foi apresentada em PAULIPETRO (1981). O estudo foi realizado a partir de análises micropaleontológicas do Poço Piratininga (1-PA-1-SP), onde foi delimitada a Zona de Associação D, composta por fósseis de fragmentos de peixes (escama e ossiculos) (Paleonis- cus sp. e escamas de Holmesella? sp.), ostracodes (Bythocypris? sp., Healdia? sp., Cavellina? sp.), além de foraminíferos (Rhabdammina? sp., Earlandia sp.), estes últimos presentes na transição entre o Grupo Itararé e a Formação Tatuí, correlata à Formação Rio Bonito. Material e Métodos O projeto envolve trabalhos de campo, coleta de amostras de rochas, preparação e análise de rochas com enfoque na obtenção da microfauna. Além disso envolve análises de dados de poços já perfurados pela CPRM, bem como poços que estão alocadosnas dependências da UNC (CENPALEO, Mafra, SC). Os trabalhos de campo estão sendo realizados em afloramentos do Grupo Itararé em sua porção aflorante na borda leste da Bacia do Paraná, na Figura 2 estão demonstradas regiões onde já houve coleta (real- çadas em rosa claro). Esta amostragem foi realizada visando a coleta de amostras com controle estrati- gráfico, descrição de litofácies e elaboração de perfis verticais de afloramento. A preparação das amostras está sendo realizada através da dissociação da rocha, utilizando solventes como água, ácido acético, peróxido de hidrogênio e querosene (Green, 2001), a depender da composição da matriz. Também poderá ser adotado o método de Kennedy & Coe (2014), que envolve o congelamento e descongelamento de amostras repetidas vezes até total fragmentação das mesmas, mas isso depende da resposta da rocha aos solventes. Também foram confeccionadas seções delgadas para análise de microfácies, que servirá de apoio às demais técnicas analíticas. O conceito de microfácies a ser aplicado consiste da proposta apresentada por Flügel (2012), que corresponde à classificação microscópica qualitativa e quantitativa com base em critérios sedimentológicos e paleontológicos. Resultados – Etapa de obtenção de dados Até o momento foram visitados e descritos 7 afloramentos do Grupo Itararé no estado de Santa Catarina e 2 no Paraná, onde foram coletadas um total de 28 amostra. Também foram descritos 6 testemunhos de sondagem, onde 2 estão sob guarda da UNC e 4 que estão armazenadas na CPRM Araraquara. Destes poços foram coletadas e confeccionadas 32 lâminas delgadas, que estão sob processo de descrição. Das 28 amostras coletadas 8 já foram preparadas e tem demonstrado que o tratamento com peróxido de hidrogênio foi o mais favorável a fragmentação das amostras. Por fim, há evidências de foraminíferos nas amostras coletadas em Mafra, SC e fragmentos de conodontes, que ainda necessitam de melhor descrição. Atividades Futuras As atividades do projeto encontram-se em fase de desenvolvimento. No momento, está sendo executado o preparo de amostras para triagem em lupa, e assim que os laboratórios estiverem acessíveis, será feita a análise e descrição das lâminas petrográficas já confeccionadas. As últimas campanhas de campo foram realocadas para o final do segundo semestre de 2020 ou início de 2021. A data de coleta de materiais foi reprogramada para ocorrer simultaneamente ao preparo das mesmas. Agradecimentos Agradecemos ao Programa de Pós Graduação em Geologia da UFPR, pelo custeio de diárias para realização das etapas de campo. Da mesma forma, agradecemos ao Laboratório de Laminação da UFPR, pela confecção das lâminas que estão sendo estudadas no projeto. Agradecemos ao Laboratório de Análise de minerai e Rocha da UFPR, pela britagem de amostras. Também agradecemos à CPRM – Araraquara e ao CENPALEO (Universidade do Contestado, Mafra – SC) pelo fornecimento do acesso e coleta de amostras dos seus testemunhos de sondagem. Por fim ao LABPALEO-UFPR, por toda infraestrutura. Referências Balistieri P; Netto RG & Lavina ELC 2002. Ichnofauna from the Upper Carboniferous-Lower Permian rhythmites from Mafra, Santa Catarina State, Brazil: ichnotaxonomy. Revista Brasileira de Paleontologia, 4: 13–26. Buso VV; Aquino CD; Paim PSG; Souza PA; Mori AL; Fallgater C; Milana JP & Kneller B 2017. Late Palaeozoic glacial cycles and subcycles in western Gondwana: Correlation of surface and subsurface data of the Paraná Basin, Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology. doi: 10.1016/j.palaeo.2017.09.004 Campanha VA; Saad AR; Gama Júnior EG & Puleghini Filho P 1989. A caracterização marinha do Grupo Itararé (Permocarbonífero), Bacia do Paraná. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO SUDESTE, 1, Rio de Janeiro. Boletim de Resumos, p. 5. 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Caracterização lito-estrutural através da Geofísica e Sensoriamento Remoto, porção nordeste da carta Lagoa da Meia Lua, Rio Grande do Sul Fabiano Garcia Madrid fabianomadrid.rs@gmail.com Dr. Maximilian Fries – Universidade Federal do Pampa Palavras-Chave: Magnetometria, Gamaespectrometria, Exploração Mineral Introdução A constante evolução tecnológica vem causando um significante impacto na sociedade de forma geral e, também, nas geociências. Constantes aperfeiçoamentos e descobertas de técnicas aplicadas ao geoprocessamento tem agregado substancial valor na elaboração e qualidade dos trabalhos, economizando tempo e custo. Atualmente, uma ampla gama de software e dados está disponível para acesso imediato tanto de forma paga quanto gratuita, possibilitando ao usuário diferentes abordagens e processamentos integrados em ambientes de informação geográfica (SIG). Uma importante base de dados em estudos exploratórios indiretos consiste nos levantamentos aerogeofísicos magnetométricos e gamaespectrométricos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Estes, recobrem áreas de interesse prospectivo em diferentes regiões e são disponibilizados atualmente sem custo. Através da magnetometria e respectivas anomalias do campo magnético terrestre, resultante das propriedades magnéticas das rochas em subsuperfície, descontinuidades (estruturas) e importantes variações litológicas, são detectadas. A rápida operação, associada ao baixo custo por km2 dos levantamentos aerotransportados, torna a aeromagnetometria atraente no auxílio a exploração de depósitos minerais que contenham minerais magnéticos (Kearey et al., 2009). A gamaespectrometria constitui uma importante ferramenta em diferentes estudos como no monitoramento ambiental, na distribuição de contaminantes radioativos e exploração mineral, por meio do auxílio ao mapeamento de alteração hidrotermal, caracterização de intrusões indiferenciadas, pontos de afloramento de intrusões ígneas entre outros (Ribeiro et al., 2014; Hoff et al., 2004). Outro método indireto reconhecido e amplamente utilizado consiste no sensoriamento remoto realizado por satélites. Informações da superfície são captadas a partir de sensores ativos e passivos ao longo de todo o espectro eletromagnético, possibilitando o imageamento superficial, modelagem de relevo entre outras características da região alvo através do processamento dos dados. Robustas bases de dados são ofertadas sem custo por diferentes agências e institutos de pesquisa como por exemplo a National Aeronautics and Space Administration (NASA) e a European Space Agency (ESA). Estes dados e respectivas informações são de ampla aplicação em inúmeras áreas de pesquisa, como por exemplo na área ambiental, geologia econômica, pedologia, cobertura de solo (Antunes et al., 2017), identificação de feições estruturais (Pour e Hashim, 2015), geomorfologia entre outros. A integração de geofísica e sensoriamento remoto é vista em diversos trabalhos publicados, entre eles a caracterização de alvos prospectivos de ouro em veios de quartzo sulfetados em alterações hidrotermais (Menezes et al. 2006), reconhecimento de áreas alvo para elementos terras raras (nióbio) em complexos carbonáticos na Groenlândia (Bedini e Rasmussen, 2018). Essa integração associada a informações diretas como mapas geológico/estruturais clássicos, podem oferecem importantes resultados que ajudam a detalhar o conhecimento da uma região alvo, como apresentado por Grochowski et al. (2019). A região do estudo (Figura 1) está situada no município de São Gabriel, entre Santa Margarida do Sul e Lavras do Sul, estado do Rio Grande do Sul, ocupa uma área de 434 Km2 a noroeste da carta Lagoa da Meia Lua (folha SH 21-Z-B-VI-2 MI-2994/2). Tem acesso por meio da BR 290 sentido São Gabriel - Porto Alegre (5 km) com entrada a sul para a BR 473 (15km). Esta região possui relevante histórico mineral, Toniolo e Kirchner (2001) apontam várias ocorrências de ouro que são correlatas aos complexos Metamórfico Palmas e Metamórfico Passo do Ivo, indicando que os principais jazimentos auríferos ocorrem associados indistintamente a sequências metavulcano-sedimentares, intrusivas ácidas alcalinas e sequencias sedimentares, Laux (2017) também ressalta que esta é uma das áreas de maior potencial mineral no Estado do Rio Grande do Sul, com recursos reais ou potenciais para metais nobres, ferrosos e não ferrosos; insumos para a agricultura; além de minerais e rochas industriais para uso na construção civil. A ocorrência de Zn-Pb-Cd, é adicionada ao contexto da região, publicada por Toniolo et al. (2016) e relacionada ao Complexo Metamórfico Passo do Ivo. O principalmapeamento geológico da área segundo Laux (2017) possui uma escala regional (1:100.000) e os dados aerogeofísicos do Projeto Aerogeofísico Escudo do Rio Grande do Sul - CPRM (2010) de cobertura regional, possuem um espaçamento lateral entre as linhas de voo de 500m. Consequentemente, os valores anômalos observados nas lacunas sem informações são produto do método interpolador utilizado, prejudicando a análise e interpretação de feições menores. Deste modo faz-se necessário agregar a estas informações pré-existentes, dados geofísicos terrestres (magnetometria) de maior resolução espacial através de perfis seccionando estruturas e litologias de interesse na área. Adicionalmente, a integração de medidas in situ de susceptibilidade magnética e descrições petrográficas das principais unidades visam contribuir significantemente no detalhamento litológico e estrutural da região, principalmente na delimitação das bordas dos complexos metamórficos Passo do Ivo e Palma permitindo o estudo de suas importantes zonas mineralizadas em escala de semidetalhe (1:25.000). Figura 1 - Mapa da área de estudo contendo a litologia e ocorrências minerais Modificado de Laux (2017). Estado da Arte A geofísica consiste na aplicação de métodos físicos para estudar a Terra, ou seja, nas variações das propriedades físicas das rochas. A magnetometria serve para investigar a geologia local, embora a maior parte dos minerais formadores de rocha não serem magnéticos, certas litologias possuem minerais magnéticos suficientes para produzirem anomalias significativas que são superpostas ao campo geomagnético (Keary, 2009), nos trabalhos de Madeira et al. (2014) e Junior et al. (2017) são vistos exemplos do emprego da magnetometria para caracterização de possíveis zonas mineralizadas. Os levantamentos gamaespectrométricos por sua vez, podem na maioria dos casos, adicionar conhecimentos importantes acerca da composição das litologias próximas a superfície de uma determinada região, o que pode ajudar a definir os limites geológicos e alvos exploratórios (Ribeiro, 2013). O processamento de dados de sensoriamento remoto em especial os modelos digitais de elevação, possibilitam realização de mapas de relevo sombreado que podem ser geoprocessados para a extração de lineamentos estruturais conforme apresentado por Jacques (2010), Roldan et al. (2010) e por Pour e Hashim (2015). A integração de dados geológicos, levantamentos geofísicos e sensoriamento remoto tem sua aplicação em trabalhos como no mapeamento da Bacia do Camaquã por Kazmierczak (2006), na cartografia geológica da região do batólito Rio Itanguá por Grochowski (2019) e no modelo geológico-geofísico do maciço Pedra Branca de Carvalhêdo et al. (2020). Material e Métodos A primeira etapa tratará da compilação de dados disponíveis da região, base cartográfica em SIG (Hasenack e Weber, 2010), geologia (Laux, 2017), aerogeofísica regional (magnetometria e gamaespectrometria) (CPRM, 2010) e sensoriamento remoto (modelos digitais de elevação e imagens de satélite). Na segunda etapa serão realizados os processamentos dos dados a fim de gerar os mapas a) magnetométricos de campo magnético anômalo total, redução ao polo, amplitude do sinal analítico e de derivada vertical, b) gamaespectrométricos dos canais dos elementos radioativos de K, eTh e eU e composição RGB ternário, c) de altitude e relevo sombreado do sensoriamento remoto assim como a d) geologia regional em ambiente SIG. A terceira etapa contempla o planejamento de campo a partir dos alvos detectáveis na segunda etapa direcionando a execução das medições da susceptibilidade magnética em afloramentos e através de perfis seccionando as principais litologias além de coleta de amostras de mão para estudo petrográfico em laboratório. Na quarta e última etapa serão realizadas as integrações e interpretações do banco de dados gerado, correlacionando as anomalias magnetométricas, concentrações de elementos radioativos, morfologia e petrografia para elaborar o mapa caracterização lito-geofísica da área. A revisão da bibliografia é uma etapa constante e é realizada ao longo de todo o processo. O planejamento do estudo pode ser visualizado através do fluxograma apresentado na figura 2. Figura 2 - Fluxograma de atividades Viabilidade do projeto Os dados utilizados na análise geológica e geofísica regional da área são de domínio público e gratuitos (Mapa geológico da carta Lagoa da Meia Lua e Projeto Aerogeofísico do Escudo Sul Riograndense). As informações de sensoriamento remoto são obtidas através dos portais Alaska Satellite Facility, Copernicus e Earth Explorer para modelos digitais de elevação e imageamento por satélite. As etapas de aquisição geofísica terrestre (magnetometria), medidas de susceptibilidade magnética, coleta de amostras, descrições macro e microscópica (petrografia) serão realizadas com o apoio da Universidade Federal do Pampa, campus Caçapava do Sul por meio do Laboratório de Geofísica Aplicada – LGA e Laboratório de Petrologia e Mineralogia. Resultados A partir do processamento, integração e análise dos dados, obter significante subsídio ao detalhamento de descontinuidades, limites litológicos e heterogeneidades laterais e em profundidade das unidades litológicas afim de realizar a proposição de mapas, perfis e blocos 3D de caracterização lito- geofísica e arcabouço estrutural da região nordeste da carta Lagoa da Meia Lua, onde existem relevantes zonas mineralizadas descritas pela bibliografia. Cronograma O cronograma de planejamento das atividades a serem realizadas ao longo do curso de mestrado é apresentado na tabela 1. Tabela 1 Cronograma de Atividades Atividade Abr/20 Jun/20 Jul/20 Set/20 Out/20 Dez/20 Jan/21 Mar/21 Abr/21 Jun/21 Jul/21 Set/21 Out/21 Dez/21 Jan/22 Abr/22 Revisão bibliográfica X X X X X X X X Compilação da base de dados X X Planejamento do campo X X Levantamento Magnetométrico X Mapeamento geológico X Descrição das amostras de campo X X Processamento e análise dos dados X X X X Apresentação de Qualificação X Intepretação dos Resultados X X X Escrita e revisão da dissertação X X X X X X X Escrita e revisão do artigo X X X Submissão do Artigo X Encaminhamento da defesa X Finalização da dissertação X Agradecimentos Agradeço aos Laboratórios de Geofísica Aplicada – LGA e Petrologia e Mineralogia da Universidade Federal do Pampa, Campus Caçapava do Sul por manifestarem apoio ao ceder a infraestrutura e equipe necessárias para a realização deste estudo. Referências Antunes F. de S., Neves L.V., Santos K. da S., Graça A. J. S. 2017. 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Análise sedimentológica e quimioestratigráfica de alta resolução da Formação Rio do Sul como proxy paleoclimático e paleoambiental Nome do Autor: Felipe Barcellos Caniçali E-mail do Autor: felipe.canicali@gmail.com Orientadora: Carolina Danielski Aquino (Departamento de Geologia – Universidade Federal do Paraná) Palavras-Chave: depósitos glaciais; ritmitos; paleoclima Introdução O período glacial ocorrido no Paleozoico tardio (LPIA - Late Paleozoic Ice Age), se iniciou no Carbonífero há cerca de 340 milhões de anos e perdurou até o Permiano, há 255 milhões de anos (Montañez & Poulsen 2013). Os principais gatilhos para a formação deste período glacial ainda são intensamente estudados e discutidos, e de acordo com Goddéris et al. (2017), os fatores mais debatidos na comunidade científica são a colonização dos continentes por plantas, as quais levaram a um aumento do intemperismo nas rochas, causando uma massiva remoção de CO2 atmosférico, conjuntamente com a ausência de fungos, elevando o armazenamento do carbono orgânico nas rochas. Ainda segundo Goddéris et al. (2017), outra hipótese, mais aceita até o momento, baseia-se no contexto tectônico global, caracterizado pela reorganização da massa superficial e pela orogenia Herciniana. Ambos os fatores responsáveis pelo aumento do intemperismo na superfície terrestre, causando assim, elevado consumo de CO2 atmosférico. Hipótese essa, corroborada por Veevers & Powell (1987) que sugeriram que o gatilho para esta fase climática foi a orogenia na parte mais oriental do Gondwana, que promoveu a nucleação de grandes centros glaciais. Saltzman (2002), demonstrou que neste período, houve um incremento nos valores de δ13C, o que pode indicar um aumento no sequestro de carbono orgânico e provavelmente queda no nível de CO2 atmosférico. Entretanto, Lowry et al. (2014) argumentam que durante o Paleozoico tardio (310 a 280 milhões de anos), a cobertura glacial não pode ser explicada via movimentação continental e que as configurações geográficas mais favoráveis para esta formação de gelo estariam presentes durante o Devoniano tardio e início do Carbonífero, quando o paleocontinente Gondwana migrou ao polo austral. Todavia, os próprios autores destacam que, tais resultados merecem ser observados com cautela, uma vez que os modelos gerados pelos mesmos desconsideram ciclos tanto tectônicos, quanto de carbono. De acordo com Frakes (1979), o ápice desta glaciação ocorreu durante a transição entre o Pensilvaniano e o Permiano, quando uma espessa camada de gelo se estendeu por boa parte da Antártica, África do Sul, Austrália e partes da América do Sul. Subsequentemente, o autor também divide esta idade glacial em três fases, sendo elas: uma primeira fase de idade meso carbonífera, restringida localmente a geleiras alpinas em terrenos montanhosos, bordejados por bacias sedimentares; uma segunda fase ocorrida no início do Permiano, quando a cobertura glacial cobria grandes áreas do Gondwana e a terceira e última fase, quando esta cobertura desaparece durante este mesmo período. Isbell et al. (2003), mostraram que durante o Paleozoico tardio, tal influência glacial dividida em três fases, apresenta intervalos variando entre 10 e 25 milhões de anos de duração, o que sugere que a LPIA seja composta de períodos mais discretos de glaciação separados por intervalos não glaciais. Na América do Sul, alguns dos mais importantes depósitos do LPIA estão preservados na Bacia do Paraná, mais precisamente no Grupo Itararé, que compreende depósitos glaciais de influência marinha e continental, formados por diversos sistemas deposicionais, dentre eles os controlados por avanços e retrações de geleiras, fatores que tornaram possível a identificação de três grandes sequências ou ciclos estratigráficos, quais sejam, a Formação Lagoa Azul, Campo Mourão e Taciba (França & Potter 1988). Formações estas, parcialmente equivalentes às propostas por Schneider et al. (1974), que baseado em dados de afloramentos, dividiu o Grupo Itararé em três formações denominadas, Campo do Tenente, Mafra e Rio Sul, representativas de ciclos de avanço e retração de geleiras. Ciclos estes, formados por deposições rítmicas, foram alvo de diversos estudos com o objetivo de se quantificar o tempo decorrido entre a deposição de cada camada e quais foram os fatores controladoresdestas deposições. Ernesto & Pacca (1981), realizando análises espectrais nos ritmitos do Grupo Itararé, interpretaram periodicidades anuais ou superiores. Rocha-Campos et al. (1981), estudando estes depósitos de ritmitos e utilizando de análises paleomagnéticas, apontaram que a natureza cíclica na deposição desta litologia provavelmente representa um período de deposição que se estende por vários anos e não apenas sazonais. No entanto, como explica Courtillot & Le Mouël (1988), as mudanças magnéticas anteriormente interpretadas como anuais, devem ser vistas como escalas de tempo centenárias ou milenares. Utilizando técnicas de cicloestratigrafia, Silva & Azambuja Filho (2005), investigaram os sedimentos glaciais pertencentes ao Grupo Itararé e concluíram que o ciclo de sedimentação foi influenciado por forças astronômicas e/ou fenômenos em escalas milenares, e adicionalmente, investigaram dois pequenos intervalos, via scaners de ultra alta resolução utilizando escalas de cinza, e documentaram variações interpretadas como ciclos solares decadais e até mesmo com periodicidades centenárias a milenares. Na região de Trombudo Central, estado de Santa Catarina, Franco (2007) mostrou que foram encontrados indícios de diversos ciclos deposicionais variando em milhares de anos, sendo os ciclos de maior atividade solar, prováveis responsáveis pelo aumento no aporte de sedimentos de correntes de degelo. Schemiko et al. (2019) determinaram que nesta região são encontradas as Formações Rio Bonito (Grupo Guatá) e Rio do Sul (Grupo Itararé) (de Schneider et al. 1974), sendo que são representativas de ambientes deposicionais de água rasa (pós glacial) a profunda (glacio-influenciada), respectivamente. Esses autores apontam que, como uma consequência da deglaciação, houve um aumento no nível relativo do mar, o que gerou um maior espaço para acomodação de sedimentos, os quais, apresentaram maior fluxo devido às descargas de água de degelo, corroborado pela ocorrência de blocos deltaicos alóctones nos diamictitos. Essa hipótese foi corroborada por Aquino et al. (2016), que encontraram evidências de depósitos glacio influenciados pertencentes à Formação Rio do Sul. Devido às suas características deposicionais e relativa facilidade na exploração comercial, os ritmitos no sul do país são amplamente explorados comercialmente, acarretando um grande número de frentes de lavras ativas (Larroyd et al. 2018). Por se tratarem dos depósitos de ritmitos mais significantes do Grupo Itararé, diferentes estudos foram realizados na região, utilizando diversas metodologias, podendo-se citar Schneider et al. (1974), que baseados em análises faciológicas e estratigráficas interpretaram os depósitos da Formação Rio do Sul como sistemas turbidídicos glacio-influenciados de ambiente marinho profundo e mais recentemente, Nogueira & Netto (2001), interpretarem o paleoambiente deposicional de água rasa, doce e com periódicas exposições subaéreas, baseando-se em assembleias fossilíferas da formação. Tais discrepâncias nos resultados motivaram a escolha da região de Trombudo Central no Estado de Santa Catarina, como alvo deste estudo (Figura 01). Dessa forma, este projeto tem como objetivo principal contribuir para o melhor entendimento sobre questões estratigráficas, paleoambientais e paleoclimáticas do fim da glaciação tardi paleozóica desta região, por meio de análises sedimentológicas em alta resolução, análises quimio e cicloestratigráficas, utilizando-se proxies geoquímicos. Como objetivos específicos, pretende-se caracterizar os processos sedimentares e os ambientes deposicionais associados, a fim de identificar diferentes tipos de ritmitos que estão presentes na área de estudo; identificar quais ciclos astronômicos controlaram a deposição desses depósitos; e elaborar um modelo geológico conceitual para a deposição da sucessão de ritmitos. Nossa hipótese é que, o uso de proxies geoquímicos poderá contribuir para a melhor compreensão dos eventos ocorridos nessa região. Figura 01: Localização da área de estudo e litologias presentes na região. Modificado pelo autor de Wildner et al. 2014. Estado da Arte A Bacia do Paraná é classificada como uma bacia intracratônica e recobre uma área de aproximadamente 1.600.000 km², dispersa por quatro países sul-americanos, Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina (Milani et al. 2007). De acordo com Milani (1997), é possível reconhecer seis supersequências, de idades variando do Ordovinciano ao Cretáceo, sendo elas, Rio Ivaí, Paraná, Gondwana I, Gondwana II, Gondwana III e Bauru. Milani & Zalán (1999), sugerem que a supersequência Gondwana I corresponde a um grande ciclo transgressivo-regressivo, e é composta pelos grupos Itararé e Guatá, de idade pensilvaniana a cisuraliana, e Grupo Passa Dois, datados desde o cisuraliano ao lopingiano, representativos de uma mudança do clima glacial ao árido. O Grupo Itararé, foi dividido por Schneider et al. (1974), em Formação Campo do Tenente, Mafra e Rio do Sul, e representam delimitações relativamente equivalentes, quando comparadas às subdivisões realizadas posteriormente por França & Potter (1998), sendo elas, Formação Lagoa Azul Campo Mourão e Taciba. A Formação Rio do Sul foi informalmente dividida por Weinschütz (2001) em três intervalos, inferior, médio e superior. A porção basal foi descrita por Wilner et al. (2008) como sendo composta por folhelhos microvárvicos com ocorrência de seixos caídos, siltito arenoso bioturbado, folhelho fossilífero e folhelhos apresentando ritmitos turbidídicos finos, sugerindo um ciclo de aprofundamento indicado por passagem glacio-lacustre para marinho. O intervalo médio da formação foi descrito por Castro et al. (1999), como sendo dominado por diamictitos, arenitos glacio influenciados e folhelhos várvico/varvitos, sucessões estas, interpretadas pelo autor como indicativo de grande ciclo regressivo formado por depósitos marinhos, glacio-marinhos e de deglaciação. O intervalo superior é dominado por folhelhos e siltitos, sucedidos em perfil progradante por ritmitos areno-argilosos, indicando o avanço de turbiditos finos de uma frente deltaica distal (Rocha-Campos et al. 1981). Em relação à cicloestratigrafia, Franco et al. (2011), sugeriram que estes depósitos de ritmitos foram sedimentados em escala milenar, indo de encontro ao pensamento dominante, o qual caracterizava tais depósitos como possuindo sazonalidade anual. Gama Jr. et al. (1992), utilizando como ferramentas de estudo os processos e fácies de ressedimentação, indicaram que geleiras foram de fato as principais fontes de sedimentos para fluxos gravitacionais subaquosos. Em contrapartida, Silva et al. (2018), utilizando icnofósseis da Formação Rio do Sul sugeriram que o paleoambiente deposicional se tratava de uma planície praial, caracterizadas por momentos de exposição subaérea. Schemiko et al. (2019), em trabalho sobre a Formação Rio do Sul, descreveram depósitos variando de marinho profundo a flúvio deltaicos, caracterizados por fácies de turbiditos, depósitos de fluxo concentrado, depósitos de transporte de massa, estratos heterolíticos de granulometria fina, frentes de delta, depósitos de planícies deltaicas e estrados fluviais em vales incisos. Todos esses estudos evidenciam que, apesar dos inúmeros trabalhos realizados na Bacia do Paraná e mais especificamente, no Grupo Itararé, ainda há muito o que se pesquisar e se compreender com relação aos paleoambientes, paleoclimas e ciclos controladores deste período glacial. Material e Métodos A região de Trombudo Central, no estado de Santa Catarina, foi escolhida devido ao grande número de pedreiras ativas na região, as quais possibilitam uma melhor análise da sucessão de ritmitos da Formação Rio do Sul e a transição completa para os depósitos pós-glaciais da Formação Rio Bonito. Os métodos a serem empregados consistirão em: • Compilação de dados bibliográficos existentes para aregião Nesta etapa será realizada a pesquisa bibliográfica verificando os trabalhos realizados previamente tanto para a base da Formação Rio Bonito, quanto para depósitos de ritmitos da Formação Rio do sul e de outras bacias sedimentares. A revisão bibliográfica será realizada com intuito de consolidar o conhecimento teórico que será utilizado como base para a interpretação dos dados colhidos em campo; • Análise de proxies geoquímicos via espectrometria de fluorescência A análise de proxies geoquímicos será realizada via espectrômetro de fluorescência de raio-X portátil (FRX) e pelo Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR – UFPR). O equipamento está disponível por meio de parceria com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM); • Análise de susceptibilidade magnética As análises de susceptibilidade magnética serão realizadas via medidor de susceptibilidade disponíveis no Laboratório de Pesquisas em Geofísica Aplicada (LPGA) da Universidade Federal do Paraná; • Análises microscópicas As análises microscópicas (microscópio petrográfico e microscópio eletrônico de varredura) serão utilizadas caso surjam discrepâncias nos dados sedimentológicos e geoquímicos; • Confecção de perfis sedimentológicos em detalhe Serão empregados conceitos de litofácies propostos por Eyles et al. (1983), que permitirão o agrupamento de fácies geneticamente relacionadas, visando definir elementos deposicionais conforme modelos dispostos na literatura; • Integração dos dados A partir do empilhamento estratigráfico detectado em campo e a correlação dos perfis sedimentológicos, serão aplicados conceitos de estratigrafia de sequência, visando detectar a tendência das curvas geradas das técnicas aplicadas para assim, contribuir para o entendimento da evolução paleoambiental e paleoclimáticas dos depósitos de ritmitos. Viabilidade do projeto O projeto contará com a infraestrutura, equipamentos e recursos do Laboratório de Análise de Bacias (LABAP), do Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR) e quaisquer outros equipamentos necessários ao desenvolvimento do projeto serão utilizados por meio de parcerias com o Serviço Geológico do Brasil, o Observatório Nacional (ON) e a Universidade Vale dos Sinos (UNISINOS). Resultados Esperados O período glacial gondwânico foi um dos episódios glaciais mais expressivos da história do planeta e devido a esta importância, muito ainda se discute sobre como se iniciou, como foi seu fim, por quanto tempo esteve presente e quais foram seus principais produtos gerados no registro geológico. Baseando- se nesta linha de pensamento, todo o estudo abrangendo paleobacias, fácies e processos sedimentares é de extrema importância para contribuir com o melhor entendimento deste grande evento global ocorrido no Paleozoico tardio. Visando contribuir para o conhecimento desses eventos, este projeto pretende estudar estes depósitos rítmicos de maneira multidisciplinar, para melhorar a compreensão de questões como, condições paleoambientais, arcabouço estratigráfico e averiguação da proveniência dos seus sedimentos, propondo uma metodologia de análise integrada para depósitos complexos, para que assim, os depósitos de ritmitos da região possam ser caracterizados com relação aos seus respectivos paleoambiente e paleoclima deposicionais, se os eventos sucessionais são similares entre si, além de verificar seus proxies geoquímicos de salinidade, oxigenação, intemperismo e área fonte. Com a integração de todos os dados coletados e interpretados, espera-se uma publicação em periódico internacional de alto impacto. Cronograma Agradecimentos Agradeço aos laboratórios disponibilizados pela Universidade Federal do Paraná, Laboratório de Análise de Bacias (LABAP) e o Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (LAMIR), à parceria com a Unsinos, ao Serviço Geológico do Brasil, ao Laboratório de Pesquisas em Geofísica Aplicada (LPGA) e ao Observatório Nacional. Referências Aquino, C.D., Buso, V.V., Faccini, U.F., Milana, J.P., Paim, P.S.G.,2016. Facies and depositional architecture according to a jet efflux model of a late Paleozoic tidewater grounding-line system from the Itararé Group (Paraná Basin), southern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 67:180-200. Castro, M.R., Perinotto, J.A.J., Castro, J.C., 1999. Fácies, análise estratigráfica e evolução pós-glacial do Membro Triunfo/Formação Rio Bonito, na faixa subaflorante do norte catarinense. Revista Brasileira de Geociências, 29(4):533-538. Courtillot, V., Mouël, J.L., 1988. 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Atividade/Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Revisão Bibliográfica x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x Obtenção de Créditos x x x x x x x x x x x x Aquisição de dados (campo e laboratório) x x x x x x Análise e integração de dados x x x x x x x Discussão de resultados x x x x x x x x x Exame de Qualificação x Redação do artigo x x x x x x Redação da dissertação x x x x x x x Defesa da dissertação x Frakes, L.A., 1979. Climates through Geologic Time: Amsterdam. Elsevier, 310. Gama Jr., E.G., Perinotto, J.A., Ribeiro, H.J.P.S., Padula, E.K. 1992. Contribuição ao estudo da ressedimentação no Grupo Itararé: tratos de fácies e hidrodinâmica deposicional. Revista Brasileira de Geociências, 22:228-236. Goddéris, Y. Donnadieu, Y. Carretier, S. Aretz, M. Dera, G. Macouin, M., Regard, V., 2017. Onset and ending of the late Palaeozoic ice age triggered by tectonically paced rock weathering. Nature Geoscience. 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Data de Ingresso na Pós-Graduação: abril/2020; Área de Concentração: Geologia Exploratória; Linha de Pesquisa: Análise de Bacias Sedimentares. Possui Bolsa: Não. Título: Avaliação geoambiental da Ilha da Trindade (Brasil) Fernanda Avelar Santos fernanda.avelars@gmail.com Orientadora: Maria Cristina de Souza Coorientador: Rodolfo José Angulo (LECOST/UFPR) Lázaro Valentin Zuquette (EESC/ USP) Palavras-Chave: fontes de eventos perigosos; geotecnologias; mapeamento geológico-geotécnico. Introdução A Ilha da Trindade é o território offshore brasileiro mais distante da costa, situada no Atlântico Sul (20.5°Sul, 29.3°Oeste), dista 1.140 km do setor sudeste da margem continental brasileira. Atualmente, possui uma discreta área emersa com 13 km², 6 km de comprimento, 2,5 km de largura e 600 m de altitude máxima. Desde a sua descoberta no início do século XVI (Lobo, 1919) a Ilha da Trindade foi ocupada esporadicamente e de maneira descontínua, sendo que somente a partir de 1957 passou a ser ocupada permanentemente pela Marinha Brasileira até os dias atuais (Mayer, 1957, Almeida, 2002). Devido à morfologia e evolução natural da paisagem a atual ocupação da ilha está exposta a processos geológicos exógenos, principalmente aos eventos relacionados a processos erosivos decorrentes da ação das águas e de movimentos de massa gravitacionais relacionados à queda, tombamento e fluxo de blocos de rochas. Portanto, o objetivo desse estudo é avaliar e determinar, por meio das premissas da cartografia geoambiental, a suscetibilidade para cada tipo de fonte de eventos naturais perigosos e propor medidas de prevenção e remediação viáveis de serem aplicadas na ilha. As técnicas aplicadas na presente pesquisa, podem ser reproduzidas em regiões remotas ou de difícil acesso, que apresentam relevos acidentados de difícil caminhamento, que demandem poucos recursos humanos e baixo custo para serem executadas. Figura 1: Localização da Ilha da Trindade no extremo leste da Cadeia Vitória Trindade no Oceano Atlântico Sul, (Imagem: GEBCO, 2020). Detalhe do modelo digital de elevação da Ilha da Trindade com destaque à área habitada na costa leste. Também mostra a ilha vista em perfil (orientação SE – NW) que explicita o atual relevo acidentado constituído por estruturas vulcânicas remanescentes. Contexto Geoambiental da Ilha da Trindade Almeida (1961) delimitou estratigraficamente a ilha em cinco episódios vulcânicos constituídas por derrames, estruturas fonolíticas e sequências piroclásticas, que foram nomeados nas seguintes unidades, em ordem cronológica: Complexo de Trindade (CT), Sequência Desejado, Formação Morro Vermelho (FMV), Formação Valado e Vulcão do Paredão. O relevo atual da ilha é resultado da intensa erosão pluvial do edifício vulcânico e caracteriza-se pela sua heterogeneidade geomorfológica e geológica. Os diversos montes íngremes proeminentes na paisagem correspondem a estruturas remanescentes dos antigos vulcões que construíram o terreno emerso da ilha, tais como diques, necks e domos (Almeida, 1961), além de cones de escórias remanescentes (Figura 1). Em relação ao clima, predomina o Tropical Oceânico (Marinha do Brasil, 2011), que é caracterizado pelas elevadas temperaturas (variam entre 22.9 °C e 27,7 °C), alto teor de umidade (evaporação oceânica) e média de precipitação anual de 921mm, com mínimo de 64 mm e máximo de 215 mm de médias mensais (Pedroso et al. 2017). Devido a sua posição geográfica a ilha encontra-se sujeita a eventos climáticos episódicos, tais como ciclones extratropicais, linhas de instabilidade e frentes frias (Cavalcanti et al., 2009). Materiais e Métodos Para a realização do estudo foi adaptada a metodologia de mapeamento geotécnico ambiental, desenvolvida na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC – USP), que consiste na elaboração de uma sequência hierarquizada de mapas. Devido à ausência de dados técnicos e temporais fundamentais para estudos geotécnicos, e a inexistência de modelos digitais do relevo que permitam visualizar as feições na escala de detalhe, os atributos foram coletados integralmente no presente estudo, a partir de três etapas de campo (maio de 2017, abril de 2018 e 2019), laboratório e pós processamento de dados. A escala adotada foi de 1:1.500. A seguir encontram-se detalhadas as etapas do estudo, que inclui as variáveis delimitadas como inerentes aos processos geodinâmicos da área de estudo (Figura 2). Figura 2: Workflow das etapas desenvolvidas no presente estudo. Os quadros em azul referem-se as etapas já concluídas, em amarelo representam os dados que serão obtidos até o fim do projeto (banco de dados temporal), em verde as etapas que estão em andamento e em vermelho as etapas futuras (serão concluídas até a defesa da tese em 10/2022). Resultados Conforme proposto no projeto de pesquisa, a primeira etapa refere-se à aplicação de geotecnologias (RPAS, RTK GNSS, Laser Scanner) para estudos geoambientais. Neste trabalho, os métodos de aquisição foram executados na parcela (área piloto) selecionada para o monitoramento das feições ativas (próximas da ocupação). A segunda etapa da pesquisa trata-se do mapeamento geológico-geotécnico, que inclui os tipos de eventos perigosos identificados e os seus mecanismos deflagradores. A partir dos mapas temáticos, monitoramentos e análisedos dados obtidos até o momento, as bacias hidrográficas habitadas (3,5 km²) foram divididas em nove unidades geológica-geotécnicas (Figura 3), que encontram-se sumarizadas a seguir. Figura 3: Mapa simplificado das unidades geológica-geotécnicas da área de estudo na Ilha da Trindade (Curva de nível de 5 em 5 metros, fotografia aérea de 2018 disponibilizada pela Universidade Federal de Viçosa). • Unidade 1: Vale efêmero localizado na zona central da área de estudo, no qual afloram rochas da FMV. Foram identificados derrames nefeliníticos (camadas descontínuas, moderadamente até muito alteradas, alto grau de fraturamento, localmente friáveis, variação na densidade de vesículas). Tais derrames encontram-se intercalados por depósitos piroclásticos fragmentados, nos quais afloram na base dos estratos tufo brecha (espessura máxima 45 m, horizontes descontínuos, friáveis, extremamente alterados, alta densidade de cavidades com até 2 m de diâmetro), sobrepostos por lapili tufo e tufo (espessura máxima de 1 m, descontínuos, completamente alterados, friáveis, textura parcialmente preservada). Identificou-se a montante do vale (equivalente ao cone de escória remanescente da FMV) alta densidade de erosão linear (sulcos e ravinas). Ao longo do vale ocorrem erosão marginal, erosão interna, movimento de massa gravitacionais tais como fluxo (de lama e detritos), queda e rolamento (de blocos e detritos). A jusante o vale aprofunda-se (máx. 20 m de profundidade) e alarga-se (máx. 35 m de largura) com a exposição dos tufos brechas (feição linear tipo voçoroca), no qual identificou-se evidências de materiais geológicos expansivos (trincas em superfície e profundidade), evidências de subsidência natural (feições de afundamento e colapso nas vertentes), erosão marginal e assoreamento. • Unidades 2, 3, 4: Encostas, que afloram a FMV, e destacam-se devido à alta densidade de feições erosivas lineares (sulcos, ravinas e voçoroca), além de apresentar baixa cobertura vegetal (esparsas, pequeno a médio porte, eventualmente inclinadas). Destaca-se a espécie exótica Guilandina bonduc (porte médio), que caracteriza-se por ocorrer isoladamente (sem outras espécies, como as gramíneas que são comuns e endêmicas da região) criando halos de erosão ao seu redor. Os litotipos do substrato rochoso são os mesmos descritos na unidade 1. Os solos da área de estudo, ocorrem majoritariamente com espessuras centimétricas, apresentam baixo grau de evolução pedogenética e são predominantemente transportados. A formação de solo residual ocorre localmente nas regiões de baixa declividade. Além das feições erosivas lineares, identificou-se erosão intersulcos, fluxo (detritos, solo e blocos), movimentos gravitacionais complexos (queda/rolamento de blocos transformados em fluxo), evidências de materiais geológicos expansivos (trincas em superfície e profundidade). Além disso a unidade 2 (encosta mais próxima das edificações), que é delimitada no topo por depósitos de tálus (blocos decamétricos) da unidade 5, apresenta evidências de espalhamento e rastejo. As trilhas de acesso coincidem com áreas que apresentam erosão acelerada. Todas as drenagens dessas unidades são efêmeras. • Unidade 5: Trata-se da vertente de maior declividade, cujo materiais geológicos pertencem ao CT. A superfície é recoberta por sedimentos retrabalhados (espessuras métricas a decamétricas, pontualmente aflora substrato rochoso) de blocos predominantemente fonolíticos (< 1 m até > 30 m de diâmetro, levemente a moderadamente alterados). As direções de fluxos (N30W, N-S, N30E) são coincidentes com a localização das edificações. Os morros testemunhos do CT que compõem a unidade 6, representam a principal fonte dos blocos. Os substratos rochosos que sustentam os depósitos de blocos são as sequências de derrame e rochas piroclásticas da FMV (limite leste, representam 15 % da área total) e brechas fonolíticas do CT. Tais brechas do CT foram descritas como mal selecionadas, com fragmentos de dimensões milimétricas a métricas, extremamente alteradas, predominantemente friáveis em superfície, com porções completamente alteradas nas quais verificou-se a formação de solo residual. As feições de movimento de massa gravitacionais do tipo quedas, rolamento e tombamentos (de detritos e blocos que geram depósitos de tálus nas vertentes), escorregamentos translacionais e em cunha, fluxos de blocos e detritos, movimentos complexos (queda/tombamento de blocos transformados em fluxo, escorregamentos seguidos de fluxo). Verificou-se erosão nas zonas aflorantes do substrato rochoso, e solos saprolíticos transportados. É constituída por drenagens efêmeras e limitada a oeste por uma das únicas drenagens perenes da área de estudo. Representa a unidade com a maior densidade de vegetação não exótica (gramíneas de porte pequeno a médio que recobrem 55% da superfície). No entanto verificou-se a supressão das gramíneas no limite leste, ambas relacionadas com o avanço (direção NE-NW) da Guilandina bonduc e dos processos erosivos (em profundidade e superfície) das unidades 2 e 4. • Unidade 6: Tratam-se das estruturas vulcânicas remanescentes do CT, descritas morfologicamente como neck (Pico preto) e domo (Pico Pontudo e Grazinas). Apresentam composição fonolítica, com grau de fraturamento alto, levemente até moderadamente alterados (intemperismo predominante nas descontinuidades). Em campo foram descritas cinco famílias de fraturas principais (direção preferencial NS e N30W). As análises geomecânica por meio de dados obtidos por Laser Scanner, estão em andamento. Verificou-se evidências de queda, tombamento, escorregamentos translacionais e em cunha. • Unidade 7: Localizada na zona oeste da área de estudo, o relevo assemelha-se com a unidade 5. É constituída por brechas do CT (mesmas características da unidade 5). O terreno é majoritariamente recoberto por blocos fonolíticos e piroclásticos do CT, e aproximadamente 60 % da superfície apresenta cobertura vegetal (gramíneas de porte médio). As feições de fluxos de blocos e detritos, erosão nas zonas aflorantes do substrato rochoso, e solos saprolíticos transportados. Nas regiões em que ocorrem a espécie Guilandina bonduc, observou-se avanço da erosão e denudação da superfície. A unidade é constituída por drenagens efêmeras. • Unidade 8: Corresponde a única drenagem perene da Ilha da Trindade que é viável de abastecer a habitação, na qual foi construída uma infraestrutura de captação e filtragem de água. A Ilha da Trindade é a única ilha oceânica brasileira com nascentes de água doce, o que viabiliza a ocupação no local. Nas vertentes do rio afloram rochas do CT, correspondentes a brechas (descritas na unidade 5 e 7), cujo horizontes são descontínuos, instáveis, extremamente alterados e predominantemente friáveis. Verificou- se processo de assoreamento, evidenciado pela erosão marginal nas vertentes, detritos e blocos transportados no fundo do rio, além da água do rio apresentar coloração marrom após episódios chuvosos (água encanada da ocupação fica inviável de consumo durante eventos chuvosos episódicos). Verificou- se que o avanço da Guilanda Bonduc está intensificando os processos erosivos na região. • Unidade 9: Localizada no sopé das encostas e próxima a costa, representa a região mais plana da área de estudo (correspondente a planície aluvial, praias modernas de areia e cascalho). É constituída por sedimentos transportados (finos até blocos decamétricos) da FMV e CT. Verificou-se formação de solo residual. Representa a unidade na qual concentra-se as atividades antropogênicas, que inclui edificações, infraestrutura, alojamentos, áreas de lazer e também o principal acesso da ilha da Trindade (praia da Calheta, e secundariamente a praia dos Portugueses). Os resultados parciais dos monitoramentos executados demonstraram que a área mapeada apresenta uma intensa erosão hídrica condicionada pela ação do escoamento de águas superficiais, ocorrendo desdeerosões no estágio inicial (intersulcos) até erosões lineares profundas. Assim, o que pode ser observado é uma fase de intenso desgaste do relevo e formação de vales a partir de feições estruturais primárias (lineamentos). Além disso, os eventos climáticos episódicos (alta pluviosidade e intensidade em um curto período) são importantes agentes no transporte e remoção de solos, bem como na deposição. Discussões e Conclusões O levantamento geoespacial por meio de geotecnologias demonstraram-se fundamentais nos estudos geoambientais de detalhe. Tais modelos (resolução espacial e altimétrica centimétrica) executados, permitiram visualizar e mensurar as feições erosivas, gravitacionais, lineamentos e descontinuidades, quebras de relevo, e relacionar feições com as fácies litológicas aflorantes. Tais análises são inviáveis de serem executadas a partir dos dados geoespaciais pré-existentes. Além disso, as bacias hidrográficas da região habitada diversos problemas de ordem geoambiental, tais como a existência de setores sob risco de desestabilização, processos geodinâmicos ativos com geração contínua de sedimentos, suscetibilidade natural à ocorrência de processos erosivos e gravitacionais, assoreamento da drenagem de captação de água, supressão da cobertura vegetal e exposição dos terrenos, além do uso inadequado do terreno referentes as trilhas de acesso mal planejadas. A Ilha da Trindade é constituída por litotipos extremamente suscetíveis ao intemperismo químico e físico, que aliados aos aspectos fisiográficos da região, contribuem para uma dinâmica superficial intensa associada a erosão acelerada. Os resultados alcançados até o presente ponto da pesquisa concernem as variáveis independentes inerentes aos processos geodinâmicos da ilha (representadas cartograficamente e numericamente) que permitiram compreender como se comportam e se agrupam. A pesquisa encontra-se no estágio do zoneamento geológico-geotécnico, para que então tais variáveis sejam aplicadas a modelos numéricos para gerar os documentos cartográficos interpretativos. Devido à exposição e heterogeneidade dos processos geodinâmicos em uma área relativamente pequena, a Ilha da Trindade é uma excelente área piloto para entender os mecanismos e interações dos processos modeladores da paisagem em regiões tropicais e montanhosas. Atividades Futuras As próximas etapas consistem: a) concluir o zoneamento geológico-geotécnico; b) etapa de campo para concluir o mapeamento digital de detalhe (RPAS com pontos de controle) em toda a área de estudo, dar continuidade aos dados de monitoramento, realizar a manutenção do pluviógrafo; c) concluir as análises físicas das amostras de solos; d) executar a modelagem numérica de interpolação das variáveis para a determinação quantitativa da suscetibilidade dos processos perigosos; e) participação no 17º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental (2021). Agradecimentos Ao Laboratório de Estudos Costeiros da UFPR (LECOST), a Marinha do Brasil, ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) e à Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) pela infraestrutura apoio logístico e financeiro através do projeto número 442865/2015-5. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de estudo. Referências Almeida, F.F.M., 1961. Geologia e petrologia da Ilha de Trindade. Rio de Janeiro: Div. Geol. Miner. DNPM, mapa. (Monogr. XVIII), 198 p. Almeida, F. F. M., 2002. Ilha de Trindade: Registro de vulcanismo cenozoico no Atlântico Sul. Schobbenhaus, C.; Campos, DA; Queiroz, ET, Winge, M, 369–377. Cavalcanti, I.F.A, Ferreira, N.J., Dias, Silva, M.G.A.J. da, Dias, M.A.F. da, 2009. Tempo e Clima no Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 13, 197-212. General Bathymetric Chart of the Oceans (GEBCO), 2020. Válida em: https://www.gebco.net/. Acessado em: junho de 2020. Marinha do Brasil, 2014. Comando do 1º Distrito Naval. Válida em: https://www1.mar.mil.br/com1dn. Acessado em: maio de 2018. Pedroso, D., Panisset, J. de S., Abdo, L.B.B., 2017. Climatologia da Ilha da Trindade. In: Protrindade: programa de pesquisas científicas na Ilha da Trindade. 10 anos de pesquisas. Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar -SECIRM. Brasília, pp. 200. Lobo, B., 1919. Conferência sobre a Ilha da Trindade. Arquivos do Museu Nacional, 22, 105-169. Mayer, E.M.,1957. Trindade, ilha misteriosa dos trópicos. Livraria Tupã Editora. Rio de Janeiro, pp. 159. Dados Acadêmicos Modalidade: Doutorado. Data do Exame de Qualificação: 02/2021. Título Original do Projeto de Pesquisa: Mapeamento geológico-geotécnico e estudo da suscetibilidade à erosão e movimentos de massa gravitacionais na Ilha da Trindade - Brasil. Data de Ingresso na Pós-Graduação: 09/2018; Área de Concentração: Geologia Ambiental.; Linha de Pesquisa: Evolução, dinâmica e recursos costeiros. Possui Bolsa: Sim (CAPES). https://www.gebco.net/ FAUNA E AMBIENTE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO GUABIROTUBA (BACIA DE CURITIBA) FERNANDO ANTONIO SEDOR sedor@ufpr.br Orientador (a): Prof. Dr. Rodolfo José Ângulo (Departamento de Geologia/Universidade Federal do Paraná) Palavras-Chave: Formação Guabirotuba; Paleogeno; Eoceno Introdução O que se conhece sobre a origem e evolução dos mamíferos paleógenos sul americanos provem de algumas poucas localidades fossilíferas. No Brasil ocorrem apenas três bacias sedimentares paleógenas contendo fósseis de mamíferos: Itaboraí (Eoceno inferior); Taubaté (Oligoceno-Mioceno Superior) e Curitiba (Fm. Guabirotuba - Eoceno médio-superior). Na última década o elenco faunístico de vertebrados fósseis para a Fm. Guabirotuba aumentou (Liccardo & Weinschütz 2010, Rogério et al. 2012, Sedor et al. 2014; Silva et al. 2014; Dias et al. 2014). Mais recentemente, com base em fósseis de mamíferos, Sedor et al. (2017) nominaram essa assembleia de “Fauna Guabirotuba” e a descreveram. Todos os fósseis conhecidos desta formação provêm de uma única localidade, o Geossítio Bacia Sedimentar de Curitiba 1 - GBSC 1, situado na margem da rodovia BR 277, Contorno Sul, cidade de Curitiba (PR) - 25º30’30” S e 49º20’30” W (Fig. 1). Fig. 1: Mapa com abrangência da Formação Guabirotuba, Bacia de Curitiba, indicando a localização do “Geossítio Bacia Sedimentar de Curitiba 1” (GBSC 1). A Fm. Guabirotuba foi formalmente definida por Bigarella et al. (1961). Becker (1982) subdividiu a bacia nas formações Guabirotuba, Tingüis e Boqueirão, mas para Salamuni (1998) apenas as formações Guabirotuba e Tingüis seriam aceitas. Segundo Lima et al. (2013), trata-se de uma planície de inundação com condições climáticas úmidas, alternadas por períodos mais secos. Estudos que abordam tafocenoses paleógenas continentais no Brasil são escassos (e.g. Bergqvist & Almeida 2001, Bergqvist et al. 2011, Cunha et al. 2014, Cunha 2016). A idade de deposição da Fm. Guabirotuba tem sido um tema controverso, porém a correlação da “Fauna Guabirotuba” (Sedor et al. 2017) com outras localidades da América do Sul indica que ela seja do Eoceno médio-superior (Barrancano SALMAs). As recentes descobertas paleontológicas no afloramento GBSC 1 da Fm. Guabirotuba tornaram esta unidade de grande relevância para estudos paleoambientais, geocronológicos e bioestratigráficos no contexto regional, nacional e internacional. Faz-se necessário o uso de abordagens e técnicas relacionadas à diagênese dos fósseis que confirmariam as interpretações feitas anteriormente acerca do paleoambiente, idade, clima, fauna associada e processos atuantes na Fm. Guabirotuba, em particular os obtidos no afloramento fossilífero GBSC 1. O principal objetivo desta proposta é dar continuidade à análise faunística, paleoambiental e tafonômica da Fm. Guabirotuba, buscando evidências que possibilitem associar ambiente deposicional e paleoclima. Os objetivos específicos são (i) análisar fácies, associação de fácies e arquiteturadeposicional do sitio GBSC 1 (ii) prospectar e analisar indicadores paleontológicos para o refinamento da interpretação paleoambiental, (iii) analisar o cimento e preenchimento mineral dos ossos (lâminas petrográficas) e (iv) dar continuidade aos estudos taxonômicos de vertebrados da Fm. Guabirotuba para refinamento da idade proposta. Estado da Arte O isolamento da América do Sul durante o Cenozoico propiciou a evolução de uma fauna peculiar de mamíferos exclusivos ou “nativos” do continente. O que se conhece sobre geocronologia, taxonomia e sucessões de faunas de mamíferos na América do Sul baseia-se em cerca de 20 unidades biocronológicas intracontinentais ou South American Land Mammals age - SALMAs (e.g Simpson 1948; Patterson & Pascual 1968; Marshall et al. 1983; Pascual & Ortiz Jaureguizar 1990; Flynn & Swisher 1995; Pascual et al. 1996; Woodburne et al. 2014). No entanto, existem lacunas temporais e geográficas consideráveis no registro paleontológico. As ocorrências de fósseis eocênicos relacionados com a “Fauna Gurabirotuba” são, na maioria, de regiões de alta latitude. A correlação da “Fauna Guabirotuba” com outras faunas sul americanas possibilitou atribuir idade eocênica média-superior (Barrancano-SALMAs - 42 e 39 M.a.) para esta formação, mas ainda se faz necessário aumentar o refinamento taxonômico dos fósseis desta unidade. Material e Métodos O principal método consiste em aplicar os conceitos de análises de fácies e associação de fácies (e.g. Fritz & Moore 1988; Walker 1992; Posamentier & Walker 2006). Serão realizadas descrições de afloramentos e análises sedimentológicas e petrográficas para subsidiar o refinamento tafonômico (e.g. Behrensmeyer 1978, 1982, Lyman 1994 e Montalvo et al. 2005). A coleta de dados sedimentológicos e paleontológicos será realizada com estudos de campo e materiais depositados em coleções de Paleontologia. Tanto a coleta como a preparação dos fósseis deverão seguir técnicas convencionais da Paleontologia e também serão utilizadas imagens de radiografias e tomografias computadorizadas. A terminologia anatômica seguirá textos clássicos (e.g. Flower 1885, Jayne 1898). A determinação taxonômica utilizará comparação com a literatura, réplicas e coleções brasileiras e do exterior. Resultados Até o presente realizou-se levantamento bibliográfico, 10 saídas a campo para coletas de dados paleontológicos e geológicos, preparação de espécimes para determinação taxonômica e para interpretação tafonômica. O artigo “On the Presence of the eocenic Euphractinae Utaetus Buccatus in the Guabirotuba Formation (Curitiba Basin) and its osteoderms morphological diversity”foi finalizado. Recentemente foram apresentados dados com refinamentos dos métodos, taxonomia e novas ocorrências da “Fauna Guabirotuba” em eventos nacionais e internacionais (Klimeck et al. 2019, Lima et al. 2019a, b, Matias et al. e Silva et al. 2019). Discussão e Conclusões A Fm. Guabirotuba é a única de idade barrancana no território brasileiro e representa um dos poucos sítios paleontológicos desta idade em toda a América do Sul. O GBSC 1 é o único afloramento fossilífero conhecido da Fm. Guabirotuba e apresenta uma diversificada fauna de vertebrados. Os resultados desta pesquisa terão reflexos regionais e continentais, tanto geológicos como paleoambientais que se refletirão nos conhecimentos sobre a origem, evolução e distribuição da fauna de mamíferos durante o Eoceno. Os estudos sobre a “Fauna Guabirotuba” representam uma importante contribuição ao estudo da evolução de mamíferos sul-americanos, fornecendo dados importantes para estudos paleobiogeográficos e paleoecológicos futuros. A presença de Utaetus buccatus (Euphractinae) na Fm. Guabirotuba, que originalmente era encontrado exclusivamente na Patagônia e no Noroeste argentino, amplia a distribuição deste táxon para baixas latitudes e fornece relevantes informações tafonômicas e de diversidade morfológica desta espécie, confirmando a idade Barrancano para esta unidade. Atividades Futuras Continuidade da revisão bibliográfica, expedições a campo para coleta de fósseis e dados tafonômicos, interpretação de fáceis e de lâminas petrográficas, preparação de material e consulta a coleções científicas no Brasil e exterior para comparação e refinamento taxonômico. Publicação do primeiro artigo (finalizado), finalização e publicação do segundo artigo (A presença de “Aves do Terror” (Phorusrhacidae) na Fm. Guabirotuba e implicações tafonômicas e paleobiogeográficas) até agosto de 2021 e que se encontra em andamento, além da participação em evento científico na Argentina (data a definir). Agradecimentos O autor expressa seus agradecimentos ao Museu de Ciências Naturais (MCN-CB-UFPR) pelo apoio e infraestrutura fornecida e ao Programa de Pós-Graduação em Geologia – UFPR, por possibilitar o desenvolvimento desta proposta. Referências Becker R.M. 1982. 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Cascavel, Paraná, Brasil. Montalvo, C.I. Cerdeño, E. & Alcalá, L. 2005. Análisis tafonômico de los macromamíferos del Mioceno superior de Caleufú (La Pampa, Argentina). Geogaceta 38:115-118. Pascual R. & Ortiz-Jaureguizar E. 1990. Evolving climates and mammal faunas in Cenozoic South America. J Human Evol 19:23–60. Pascual R., Ortiz-Jaureguizar E. & Prado J.L. 1996. Land mammals: Paradigm for Cenozoic South American geobiotic evolution. Münchner Geowissen Abhand (A) 30:265–319. Patterson B., Pascual R. 1968. The fossil mammal fauna of South America. Quarterly Review of Biology 43(4):409–451. Posamentier H.W. & Walker R.G. (eds). 2006. Facies models revisited. SEPM-Society for Sedimentary Geology. 532p. Rogério D.W., Dias E.V., Sedor F.A., Weinschütz L.C., Mouro L.D & Waichel B.L. 2012. Primeira ocorrência de Pleurodira (Testudines) para a Formação Guabirotuba, Bacia de Curitiba, Paraná, Brasil. Gaea – Journal of Geoscience 8(2):42-46. Salamuni E. 1998. 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The presence of Pyrotheria in Guabirotuba Formation (Eocene-Barrancan SALMA), Curitiba Basin, Paraná, Brazil. Resúmen. Simpósio “El Eoceno en América del Sur desde una mirada integradora” - Reunión de Comunicaciones de la Asociación Paleontológica Argentina, 2019, La Plata, Argentina. Simpson G.G. 1948. The beginning of the age of mammals in South America. Bulletin American Museum Natural History 9:1-232. Walker R.G. 1992. Facies models: Response to sea level change. Geological Association of Canada. 2ed. 211p. Woodburne M.O., Goin F.J., Bond M., Carlini A.A., Gelfo J.N., López G.M., Iglesias A. & Zimicz A.N. 2014. Paleogene Land Mammal Faunas of South America; a response to global climatic changes and indigenous floral diversity. Journal Mammalian Evolution 21: 1-73. Dados Acadêmicos Modalidade: Doutorado – acima de 12 meses. Data do Exame de Qualificação: set/2021. Título Original do Projeto de Pesquisa: “Fauna associada e ambiente deposicional da Formação Guabirotuba” (BACIA DE CURITIBA) Data de Ingresso na Pós-Graduação: 09/2018 Área de Concentração: Geologia Ambiental Pesquisa: x. Pesquisa Evolução, dinâmica e recursos costeiros Possui Bolsa: não Aplicação da técnica de EBSD no estudo de porosidade e permeabilidade em arenitos bandados Flávia Priscila Souza Afonso fsouza.afonso@gmail.com Leonardo Lagoeiro (DEGEOL/UFPR) Palavras-Chave: arenito; microestruturas; porosidade. Introdução A porosidade é um dos parâmetros fundamentais para determinar o fluxo de fluidos através das rochas e do solo. No entanto, em vez de ser imutável, a porosidade geralmente evolui com o tempo, o que tem consequências importantes para uma série de processos, incluindo extração de hidrocarbonetos de reservatórios subterrâneos, bombeamento de águas subterrâneas em aquíferos e sequestro de carbono em formações geológicas. Para a indústria de petróleo e gás, em particular, entender os mecanismos que impulsionam a evolução da porosidade é um desafio crítico na avaliação da estratégia de extração e da viabilidade econômica (Girnun et al. 2020) Os processos que alteram a porosidade podem ser de natureza física ou química. Durante a compactação mecânica, por exemplo, os grãos podem ser reorganizados e até fraturados para reduzir o volume total de poros (Serra 1986; McDonald e Schmidt 1992; Chuhan et al. 2002, 2003; Bjørlykke 2006; Makowitz e Milliken 2003). Além disso, reações químicas, incluindo precipitação mineral, dissolução e substituição, também podem causar o fechamento dos espaços vazios ou até mesmo a criação de um novo espaço poroso (Taylor 1950; Dapples 1979; Chuhan et al. 2002; Anovitz et al. 2015). Dessa forma, uma maneira de avaliar a qualidade de um reservatório e caracterizá-lo a partir de dois aspectos importantes da diagênese: a superfície ou borda dos grãos detríticos e a cimentação, ou seja, material em solução o qual preenche e sela o espaço poroso. Além disso é importante considerar que as deformações naturais de rochas e sedimentos altamente porosos tendem a formar estruturas conhecidas como bandas de deformação, que variam com relação ao mecanismo de deformação e cinemática, dependendo das condições externas e propriedades intrínsecas do meio deformante. Segundo Fossen et al. (2007), as bandas de deformação em rochas porosas são zonas que tendem a aumentar a coesão e reduzir a porosidade e a permeabilidade se comparadas as fraturas comuns. Observações ao microscópio ótico, embora forneçam uma visão geral do agregado e seu espaço poroso, não permitem investigar os mecanismos de crescimento e seus aspectos cristalográficos. A aplicação da técnica de EBSD tem revelado feições microestruturais e cristalográficas importantes, relacionadas aos mecanismos de crescimento mineral e de suas orientações cristalográficas. Nesse sentido o EBSD pode ser uma técnica considerada crucial, uma vez que através dela pode-se obter dados cristalográficos essenciais ao entendimento dos mecanismos de crescimento de grãos de quartzo e seu cimento. Desta forma, o objetivo desta pesquisa é analisar as relações entre os grãos de quartzo detrítico e o cimento de sílica de rochas quartzosas. A caracterização dos aspectos relacionados a evolução dessas rochas nos permitirá entender a relação da porosidade e permeabilidade com o cimento de sílica. Além do mais, nos permitirá realizar a caracterização das microestruturas e suas relações cristalográficas, características estas que são fundamentais para o entendimento da influência das bandas de deformação na porosidade e permeabilidade destas rochas e de qual forma essas características influenciam na qualidade do reservatório. As rochas utilizadas para desenvolvimento desta pesquisa os são arenitos pertencentes ao Grupo Ilhas, localizado na Bacia de Tucano Central, estado da Bahia (Figura 1), referido ao intervalo Valanginiano - Aptiano, relacionado à fase rifte da Bacia. Os arenitos variam em granulometria da fração areia fina a média até areia grossa a muito grossa, com grânulose seixos dispersos ou alinhados ao longo das camadas com colorações amareladas e avermelhadas. Os grãos do arcabouço são comumente arredondados a subarredondados, apresentam esfericidade média a alta e seleção variando de moderada a pobre nas frações mais grossas, e de moderada a bem selecionada nas frações mais finas (Costa et al. 2004). Figura 1 - Localização da área de estudo - Grupo Ilhas – Bacia de Tucano Central (Fonte: modificado de Rodrigues 2018). Estado da Arte O termo banda de deformação já foi utilizado em diversos campos da ciência, como por exemplo, na ciência dos materiais (Brown et al. 1968) e deformação cristaloplástica de rocha (Passchier e Trouw 1996). No entanto, foi aplicado pela primeira vez no contexto da deformação de arenito por Aydin e colaboradores (Aydin 1978; Aydin e Johnson 1978, 1983). A compreensão a respeito dessas estruturas e sua influência no arcabouço estrutural das rochas ainda estão evoluindo. No entanto, é conhecido que diferentes tipos de bandas cinemáticas apresentam diferentes significados em relação aos mecanismos de deformação, alteração da estrutura dos poros da rocha e, portanto, porosidade e permeabilidade de possíveis rochas reservatórios (Fossen et al. 2007). A caracterização minuciosa da interferência das bandas de deformação em rochas com potencial reservatório necessita de uma análise estrutural e cristalográfica, que pode ser realizada através de técnicas como a Microtomografia Computadorizada por difração de raios-X (micro-CT) e a análise através da Difração de Elétrons Retroespalhados em Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV-EBSD). O avanço tecnológico do micro-CT permite a análise tridimensional, não destrutiva, dos poros em microescala, além de quantificações automatizadas no volume. Além disso, a aplicação dos dados de micro-CT em cálculos e simulações de permeabilidade contribui significativamente para avaliação do potencial de um reservatório (Reis Neto et al. 2011). No estudo da porosidade em rochas são fornecidos dados qualitativos e quantitativos relacionados à forma, tamanho, distribuição, volume, área e conectividade dos poros, em microescala (Reis Neto et al. 2011). Aliada a técnica de Micro CT, a análise por EBSD é uma técnica micro analítica para MEVs, utilizada para estudo da estrutura cristalina e a orientação cristalina da superfície da amostra até a escala nanométrica que fornece informações valiosas sobre amostras cristalinas e policristalinas que auxiliam na caracterização e compreensão das propriedades dos materiais como morfologia do grão, limite de grão, bem como textura de orientação, tensões internas e defeitos nas amostras (Moreira 2012). O uso conjugado dessas técnicas permite entender a porosidade e permeabilidade das rochas, a interferência do cimento de sílica e ainda a influência das bandas de deformação na porosidade destas rochas. Ainda é uma técnica pouco utilizada para a caracterização de rochas com potenciais reservatórios, logo, este é um trabalho pioneiro de aplicação desta técnica em rochas quartzosas com este objetivo. Material e Métodos Para a realização desta pesquisa foi realizado um levantamento de estudos realizados em arenitos para determinação de sua porosidade, seguido de um vasto levantamento bibliográfico acerca da influência das bandas de deformação na porosidade e permeabilidade de arenitos além de um levantamento das técnicas usualmente utilizadas para caracterização da porosidade, permeabilidade e influência do cimento nestas rochas. A partir destas informações preliminares as amostras foram preparadas para análise. Inicialmente foram selecionadas áreas dentro e fora do bandamento, as mesmas foram cortadas com cerca de 1cm3 e embutidas com resina epóxi. A primeira análise realizada foi a microtomografia, por se tratar se uma análise não destrutiva e que não precisa de uma preparação minuciosa. Após a obtenção dos dados de microtomografia as imagens foram tratadas no software CT- Analyser para gerar os dados percentuais de porosidade e ainda no software CTvox para gerar imagens dos poros. Para a aplicação da técnica de EBSD as amostras foram submetidas a um polimento e ultrapolimento a base de pastas diamantadas e sílica coloidal. Posteriormente foram selecionadas com auxílio de uma lupa, as áreas para aquisição de dados cristalográficos, determinação de possíveis feições microestruturais e informações acerca da caracterização da deformação. O processamento dos dados obtidos no EBSD foi feito utilizando o software Channel 5, no qual foram gerados mapas de fase, mapa de tamanho de grão, mapa de borda de grão, mapa de orientação cristalográfica e figuras de polo. Resultados Através da microtomografia, analisou-se a área AF - C localizada fora do bandamento (figura 2a). Constatou-se que esta área possui uma porosidade total de 29,3%, dentro desse valor, 28,87% corresponde a poros abertos e 0,69% refere-se a poros fechados (figura 2f), ou seja, quase 98 % da porosidade total 3D é composta por poros abertos. As análises de EBSD na área selecionada nos permitiu gerar um mapa de fases (figura 2c) onde foi constatado o quartzo como única fase mineral constituinte. Além disso foi detectada a existência de germinação do tipo dauphiné (figura 2c), que aliado as diferenças de orientações internas de até 11˚ dos grãos sugerem que eles foram deformados plasticamente. A distribuição do ângulo de desorientação representada no histograma de misorientation (figura 2e) nos mostra uma alta concentração de ângulos abaixo dos 11º, o que nos indica a presença de subgrãos. As figuras de distribuição dos polos de planos cristalográficos mostram que nessa área há uma tendência dos eixos cristalográficos c orientarem-se na direção da banda de deformação (Figura 2d). Figura 2 – a) amostra do arenito bandado; b) embutimento da área escolhida e marcação da área para análise de EBSD; c) mapa de fases; d) figuras de polo; e) histograma de misorientation; f) dados de microCT da amostra embutida. A amostra AF - D localizada dentro do bandamento (figura 3a) possui uma porosidade total de 26,31%, dentro desse valor, 24,17% corresponde a poros abertos e 2,14% refere-se a poros fechados (figura 3f). As análises de EBSD na área selecionada nos permitiu gerar um mapa de fases (figura 3c) onde foi constatado o quartzo como única fase mineral constituinte. A distribuição do ângulo de desorientação representada no histograma de misorientation (figura 3e) nos mostra uma alta concentração de ângulos abaixo dos 11º, o que nos indica a presença de subgrãos que podem ser remetidos a uma deformação plástica. As figuras de distribuição dos polos de planos cristalográficos mostram que nessa área há também uma tendência dos eixos cristalográficos c (figura 3d). Figura 3 – a) amostra do arenito bandado; b) embutimento da área escolhida e marcação da área para análise de EBSD; c) mapa de fases; d) figuras de polo; e) histograma de misorientation; f) dados de microCT da amostra embutida. Discussões e Conclusões prévias As bandas de deformação analisadas nos arenitos da formação (??) bacia Tucano-Jatoba(??) indicam que essas feições foram formadas por localização da deformação em regime dúctil-ruptil. As bandas de deformação são assimétricas e de espessura de poucos centímetros. Nesses locais a deformação se concentra e os grãos mostram sinais tanto de microfraturamento como deformação cristal- plástico. As duas amostras apresentam uma porosidade acima de 24% o que é um bom índice para rochas reservatório. A grande presença de subgrãos nas amostras, indicadas nos histogramas de misorientation pode ser um indicativo de que os grãos estão deformados, o que também pode explicar a presença de geminação dauphiné. As análises cristalográficas mostram que há um orientação dos eixos cristalográficos c do quartzo que se orientarem preferencialmente paralelo a direção das bandas de deformação, esses são indíciossugestivos de um crescimento orientado de grãos de quartzo, os quais crescem com maiores taxas paralelamente aos eixos de maior simetria. Apesar das duas amostras apresentarem porcentagem semelhantes de poros abertos, dentro do bandamento há um aumento de poros fechados em relação a área fora do bandamento, possivelmente a concentração dos materiais insoluveis a precipitação do quartzo, em constraste com o microfraturamento levam a um diminuicao da porosidade nessas bandas, uma vez que as bandas de deformação são locais onde os grãos de quartzo tem seus tamanhos reduzidos por microfraturamento, o que pode levar a uma canalização de soluções nesses locais auxiliando a dissolução dos grãos. Atividades Futuras Para as próximas etapas estão previstas as análises de outras duas amostras de áreas diferentes das já analisadas, além de aumentar as áreas de análise de EBSD da amostra D. Agradecimentos A autora agradece à UFPR pela estrutura cedida, ao programa de Pós Graduação de Geologia pela oportunidade de desenvolvimento desta pesquisa, ao Centro de Microscopia Eletrônica pela disponibilização de espaço físico, ao Instituto LACTEC/UFPR pelas análises de EBSD e ao Instituto LAMIR pelas análises de Micro CT. Referências Anovitz, L.M., Freiburg, J.T., Wasbrough, M., Mildner, D.F.R., Littrell, K.C., Pipich, V., Ilavsky, J., 2018. The effects of burial diagenesis on multiscale porosity in the St. Peter Sandstone: an imaging, small-angle, and ultra-small-angle neutron scattering analysis. Mar. Petrol. Geol. 92, 352–371. Aydin A. 1978. Small faults formed as deformation bands in sandstones. Pure and Applied Geophysics, 116: 913 – 930. Aydin A. and Johnson A.M. 1978. Development of faults as zones of deformation bands and as slip surfaces in sandstones. Pure and Applied Geophysics, 116: 931–942. Aydin A. and Johnson A.M. 1983. Analysis of faulting in porous sandstones. 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Germán Vinueza Palavras-Chave: Classificação geomecânica, Estabilidade de talude, Maciço rochoso Introdução Para a abertura e manutenção de uma mina a céu aberto é de extrema importância, a obtenção in situ dos parâmetros geomecânicos do maciço rochoso, que serão por sua vez inseridos em softwares de modelagem para analisar a estabilidade dos taludes projetados e modelados. A heterogeneidade das famílias de descontinuidades dentro de um maciço rochoso forma planos de fraquezas que o interrompem, segmentando em porções de rochas intactas (Fiori e Carmignani 2009) e, consequentemente resultando na modificação dos comportamentos geomecânicos ao longo do maciço. Mesmo que o volume das descontinuidades seja irrisório, comparativamente às porções com rochas intactas, são elas que possuem o principal papel no condicionamento da deformação, percolação e resistências geomecânicos (Fiori e Carmignani 2009). Assim, para uma melhor planificação, construção e manutenção da geometria mais segura dos taludes de uma mina, conhecer essas estruturas é de suma importância. A pesquisa, em andamento, tem como objetivo a caracterização do maciço rochoso da mina Água Boa, descrevendo suas descontinuidades estruturais, bem como seus parâmetros geomecânicos, a fim de relacioná-las às estruturas geológicas regionais. A área de estudo está localizada ao norte do município de Almirante Tamandaré, estado do Paraná, Brasil (Figura 1). A região tem como uma das principais atividades a extração de mármores para cal, tendo diversas frentes de explotação a céu aberto. Geologicamente a região está situada na Formação Capiru, formado por mármores, filitos e quartzitos, que compõe a totalidade dos metassedimentos do Grupo Açungui ao sul da Falha da Lancinha (Fiori 1992). O Grupo Açungui é formado pelas formações Capiru, Votuverava Figura 1– Mapa geológico (Carta SG-22-X-D Mineropar.) e vias de acesso (DNIT e IBGE 2015) à Mina Água Boa, localizado a norte de Curitiba no município de Almirante Tamandaré - PR e Antinha, que representam as lascas tectônicas empilhadas durante o fechamento da Bacia do Açungui, em consequência da tectônica de cavalgamento, devido a compressão NW-SE. Com a fase final do fechamento da bacia sedimentar, a região foi afetada por dobramentos, com eixos subhorizontais com direção NE-SW, que por sua vez foi seccionado pelo Sistema de Transcorrência Lancinha com mesma direção (Fiori et al. 2003). Porfim a região foi cortada por diversas falhas NW-SE e diques de diabásio com direção NW-SE de idade mesozoica, relacionados ao Arco de Ponta Grossa e a abertura do continente Gondwana (Franco-Magalhães et al. 2010). Estado da Arte Classificação geomecânica: São sistemas criados para classificar o maciço rochoso, em vista dos parâmetros geomecânicos descritos em campo e/ou laboratórios. Sistema Q (Qualitative), criado por Barton et al. (1974), com o intuito de criar uma classificação quantitativa que pode ser descrita em campo. São considerados seis principais parâmetros geomecânicos junto a três outros multiplicados entre si, gerando o resultado Q ou índice de qualidade do maciço rochoso; Sistema RMR (Rock Mass Rating), proposto por Bieniawski (1974), semelhante ao sistema Q o RMR é gerado por seis parâmetros também descritos em campo, porém são somados gerando uma variante de 0 a 100; Sistema RQD ou índice de qualidade de rocha é um dos parâmetros para o cálculo do RMR. Foi proposto por Deere (1964), como o intuito de classificar qualitativamente a condição do maciço rochoso em campo. Sistema GSI (Geological Strenght Index), proposto por Hoek (1994), é um aprimoramento dos sistemas RMR junto ao Q, porém sua descrição é mais baseada em observações geológicas que o seus anteriores. Seu cálculo é feito através de uma tabela, onde no eixo horizontal é classificado a qualidade da superfície das descontinuidades (o decréscimo da qualidade segue sentido a direita da tabela). No eixo vertical está a classificação do travamento entre os blocos do maciço rochoso, ou seja, o quão estruturado ele se apresenta (o aumento da estruturação se dá do topo para a base). Junto ao GSI é calculado o valor de D, que é o índice associado à perturbação induzida no maciço pelos diferentes métodos para sua eventual escavação, gerando alívio nas tensões condicionantes. Tipos de Rupturas: O mergulho e direção de um talude junto a suas descontinuidades, são os responsáveis pela formação das rupturas, onde uma ou mais descontinuidades podem influenciar nas condicionantes da movimentação. Esse fenômeno ocorre no momento em que as forças que estabilizavam o bloco são desobstruídas, gerando um alivio nas tensões condicionantes (Fiori e Carmignani 2009). Hoek & Bray (1981) descrevem quatro principais rupturas, que ocorrem conforme a intersecção das descontinuidades com o talude, além de seus ângulos de mergulho e direção (circular, planar, cunha e queda de blocos). Material e Métodos Foram realizadas três etapas de campos com o objetivo de caracterizar e classificar as descontinuidades, além de realizar o imageamento da mina por meio de um aerolevantamento realizado por drone. A primeira etapa de campo ocorreu em 07/2019 com duração de duas semanas e meia, quando foram utilizadas bússolas Clar e Brunton para a obtenção da direção e mergulho das descontinuidades do maciço. Para uma melhor organização foi utilizado uma planilha, cujo exemplo é mostrado na Tabela 1. Neste caso, cada descontinuidade medida em campo foi descrita junto a parâmetros geomecânicos. Assim foi possível ao longo de três dias de campo separar as estruturas em famílias. Tabela 1: Exemplo de planilha utilizada nas etapas de campo, para a descrição dos parâmetros geomecânicos. Família Orientação Grau de alteração Abertura Espaçamento Persistência (JRC) Rugosidade Presença de Água AI 346/89 355/89 IA Cerrado Pequeno Média 10 a 12 V Não EI 125/89 294/89 III Cerrado Pequeno Elevada 10 a 12 IV Não Anotações complementares: Os parâmetros descritos permitem compreender como as famílias de descontinuidade se diferenciam geomecanicamente entre si. Assim na ordem apresentada na tabela é descrito: Grau de alteração, cujo parâmetro utilizado foi a classificação de rochas intemperizadas da Geological Society (1977), que se utiliza de números romanos para agrupar diferentes tipos de alterações, junto a letras para subdividir um mesmo grupo. Assim variando de I até VI, onde IA seria rocha sã e VI o solo residual de uma rocha; Abertura, tem como objetivo averiguar se há abertura na descontinuidade, e em existindo, medi-la utilizando também os critérios da Geological Society (1977). Esses parâmetros vão de cerrado (zero abertura) até aberta, onde a espessura ultrapassa os 200 mm. Existindo abertura, deverá ser descrito se há ou não preenchimento, e qual o material composto; Espaçamento é a frequência com que uma mesma família de descontinuidades ocorre em um determinado espaço. No campo utilizou-se de uma trena de 5 m para orientar os caminhamentos. Foram empregadas a classificação de espaçamento do ISMR (1983), que vai de <20 mm (extremamente pequeno) até >6000 mm (extremamente grande); Persistência, é medição utilizada para calcular quanto a descontinuidade está presente no talude, ou seja, se o talude possui 15 m mas a descontinuidade apresenta apenas 1m, ela é pouco persistente. Assim, foi utilizada a classificação de persistência da ISRM (1983), que vai de muito pequena (<1 m) até muito grande (>20 m); Rugosidade, é determinado pela aparência da superfície da descontinuidade nas escalas micro e meso, assim foram adotados os perfis de rugosidade de Barton e Choubey (1977), para descrever o JRC (coeficiente de rugosidade da descontinuidade que varia de 0 a 20, onde 20 e muito rugoso), que deve ser medido em escalas menores que 10 cm, ao passo que com escalas de 1 m até 10 m emprega-se a classificação geral da rugosidade, proposta por ISRM (1978), que descreve três tipos de rugosidade: a escalonada, ondulosa e plana, que são subdividas, por sua vez, em rugosa, lisa e planar ou polida. Presença de Água, pode aumentar a susceptibilidade de ocorrer movimentação dos blocos, por tanto necessário descrever sua presença e quantificar se possível. Nos diferentes dias de levantamentos de campo, houve semanas de forte pluviosidade bem como clima seco prolongado, permitindo avaliar com mais precisão essa característica. Nas anotações complementares da planilha de campo era descrito o critério de falha de Hoek- Brown (Hoek & Brown, 2018) do maciço ou GSI. Junto ao índice de resistência geológica é inferido o fator D, que vai de 0 (quando não há alterações) a 1.0 (quando há muita perturbação), onde os valores sugeridos, no caso de uma mina de grande porte, podem chegar a 1.0 se for produzida por desmonte a fogo de produção ou 0.7 se for por de escavação mecânica. A segunda etapa ocorreu em 11/2019, com o objetivo de realizar os levantamentos com o drone Phantom4 Professional. Foram realizados dois voos, cada um com duração próxima de 30 minutos, para o levantamento de toda a cava e seu arredor. Por fim, um último voo foi realizado para detalhar a principal bancada, onde foi levantada a maior parte dos dados. Para esse voo, diversos levantamentos verticais com espaçamento de 10 m foram realizados, estando a câmera do drone com angulação de 30º em direção à base da bancada, para gerar um melhor contraste nas fotos e facilitar o processamento e interpretação. A terceira etapa de campo ocorreu em 02/2020 com duração de duas semanas. O objetivo foi o de dar continuidade aos levantamentos dos parâmetros geomecânicos do maciço, porém com enfoque no topo da mina, onde há uma transição do mármore mais puro, para porções mais impuras, chegando a um filito. Seu intuito foi o de investigar se os padrões das descontinuidades da parte superior da bancada, era o mesmo da porção com mármore puro. Durante a primeira e a terceira etapa de campo, os dados foram compilados em planilhas eletrônicas, seguindo o modelo da Tabela 1 e plotados no software RocScience Dips 7.0. Para complementar a tabela, foi adicionada a direção de corte do talude (SE-NW, N-S, NE-SW) e a porção que foi medida [0-10 m (SE-NW), 10-20 m (SE-NW)...], possibilitando classificar de maneira mais sistemática as famílias de descontinuidades. Nas planilhas eletrônicas, foram gerados gráficos na planilha para a visualizaçãodo padrão geomecânico de cada família, permitindo generalizar o seu comportamento. Foram obtidas 7 principais famílias e um grupo com 40 descrições de descontinuidades que não encaixavam em nenhuma das outras famílias. As 7 famílias foram subdividas de acordo com ângulo de mergulho, direção (caso um ângulo fosse muito alto, era comum a direção mudar) e características geomecânicas. Na primeira etapa de campo foram coletadas amostras para o uso no tilt test (Alejano, et al. 2018) ou ensaio de inclinação, que possibilita determinar o ângulo de atrito interno de um material. Para realizar o teste, a amostra de mármore foi cerrada, e as superfícies geradas foram lixadas com lixa d’água 1200 e 2000, diminuindo o máximo da rugosidade gerada pelo corte. Posteriormente, uma das amostras foi presa em uma prancha inclinável e a segunda amostra e sobposta a primeira, deixando ambas as superfícies lixadas em contado. Quando a amostra de cima, movimentar ao longo de 10% da extensão total da superfície o teste foi encerrado, medindo-se e o ângulo de inclinação da prancha em relação à horizontal, que corresponde ao ângulo de atrito interno da rocha. Resultados Foram descritas 1208 descontinuidades em aproximadamente 180 m de caminhamento, onde 783 são descrições do autor, 257 descritas por Hauari (2019) e 168 por mestrandos que auxiliaram em campo. Assim, foi possível classificar as seis principais famílias de falhas e fraturas e uma descontinuidade de baixo ângulo de mergulho, gerada pelo acamamento do mármore (Tabela 2). As famílias de forma geral apresentam grande amplitude em suas direções, pois a rugosidade presente na superfície e muito variada, assim modificando constantemente o ângulo de mergulho. Esse efeito é muito presente nas famílias em que a persistência é muito grande (famílias A, E e G), gerando por diversas vezes grandes superfícies onduladas. A presença de oxido de ferro é notada geralmente na família E, principalmente em porções cominuidas. A família A frequentemente está preenchida por veios de calcita e/ou quartzo. Tabela 2: Famílias descritas em campo com a média dos seus parâmetros geomecânicos. Família Subdivi- são Direção e Mergulho Alteração Abertura Espaçamento Persistência Rugosidade e JRC Total de me- didas Estereogramas das Famílias A, E e G A I 355(180)/85 IA-IB Cerrado Moderado Media a elevada V / 4-10 117 II 355/70 IA-IB Cerrado Moderado Media a elevada V / 4-10 33 III 180/70 IA Cerrado Moderado Media a elevada V / 4-10 12 B I 30(215)/85 IA Cerrado Pequeno a moderado Baixa a média V / 4-10 112 II 30/70 IA-IB Cerrado Pequeno a moderado Baixa a média V / 4-10 25 III 215/70 - - - - - 6 C I 55(235)/85 IA Cerrado Moderado Baixa V / 6 a 10 53 II 55/70 IB Cerrado Pequeno Baixa V / 8 a 10 40 III 235/65 - - - - - 5 D I 90(270)/85 IA Cerrado a fe- chado Moderado a pequeno Baixa IV – V / 6 a 8 92 II 90/70 IA-IB Cerrado Moderado a pequeno Baixa IV – V / 6 a 8 50 III 270/70 - - - - - 4 E I 110(290)/85 IA - IB Cerrado Pequeno a moderado Média a elevada IV – V / 8 a 10 182 II 110/70 IA - IB Cerrado Pequeno a moderado Média a elevada IV – V / 8 a 10 37 III 300/65 - - - - - 12 IV 110/45 - - - - - 11 F I 150(330)/85 IB-IA Cerrado a fe- chado Pequeno a moderado Elevado a média V-IV / 8 a 10 40 II 150/70 - - - - - 4 III 330/70 - - - - - 12 G I 250/15 IB-IA Cerrado Moderado a pequeno Muito baixo a média V / 4 a 8 45 II 250/30 IB-IA Cerrado Moderado a pequeno Média a elevado V / 8 a 10 100 III 320/ 40 IB-IA Cerrado Pequeno a moderado Baixa a média V / 6 a8 38 Nos afloramentos com corte (NE-SW) a família A forma grandes planos de rupturas planares, que por muitas vezes chega a ser visível em mais de uma bancada. Ao ser intersectado pelas outras famílias de fraturas, principalmente a E, junto as descontinuidades do plano de acamamento do mármore, são geradas rupturas em cunha (de menor escala que as planares) e por diversas vezes blocos são formados, podendo causar a queda de blocos. Com a amostra de mármore coletada em campo foi possível obter ângulos de atrito interno de 27º graus por meio do tilt test. Como recomendação, foram realizados cinco vezes o teste e anotadas a temperatura e umidade do dia, respectivamente´12ºC e 47%. A partir dos levantamentos de campo, foi possível classificar o maciço com o critério de falha de Hoek-Brown (2018). Chegou-se à conclusão que o maciço possui uma classificação no GSI de 80 na maior parte de seus taludes, porém em algumas porções próximas a áreas de detonação ou com intensa operação de máquinas, esse valor diminui chegando a 70. O valor D da mina, por se tratar de uma área de detonação para produção, possui o valor recomendado de 1.0. Discussões e Conclusões A caracterização em intervalos de 10 m em 10 m proporcionou um melhor entendimento das estruturas e como elas estão dispostas pelo talude. Assim é possível afirmar que as estruturas dominantes são as pertencentes às famílias A, E e G. Em ambas as três, há descontinuidades que chegam atravessar mais de uma bancada, passando de 60 m de comprimento. Entretanto, como visto em campo, a grande quantidade de outras famílias de fraturas menores chegam a atravessar mais de uma bancada, passando de 60 m de comprimento. Entretanto, como visto em campo, a grande quantidade de outras famílias de fraturas menores (B, C, D e F) fraciona o maciço, tornando a mina muito mais suscetível a tombamento de blocos que aos outros modos de rupturas. Como a interpretação dos resultados obtidos pelos programas de análise de estabilidade de taludes está na fase preliminar, ainda não foi possível determinar com certeza quais famílias tem o maior controle na cinemática dos taludes. Por fim, os resultados obtidos no tilt test, deverão ser revistos, pois algumas das especificações das amostras não foram atendidas, podendo o valor real ter sido alterado. Ao testar com uma amostra de diabásio polido, que atendia as recomendações de Alejano et al. (2018), o ângulo de atrito interno atingiu 35°, próximo as medidas descritas das biografias, provando que o teste é valido. Atividades Futuras A etapa de processamento dos dados, feita com o software RocScience Dips 7.0 está em andamento. Com essas análises cinemáticas será possível determinar quais famílias de descontinuidades determinam o papel mais importante no controle das tensões nos diferentes cortes de talude. Com a etapa de campo de aerolevantamento com o drone já realizada, as fotos serão processadas para gerar o modelo fotográfico 3D. Além do enfoque na bancada levantada, com objetivo de acoplar esses dados dentro do software Sirovision da Datamine, que possibilita um melhor mapeamento de estruturas grandes que não são acessíveis em campo. Por fim a correlação dessas descontinuidades, com as estruturas geológicas regionais. Agradecimentos Agradecimentos à empresa Terra Rica Ind. e Com. de Calcário e Fertilizante do Solo Ltda., proprietária da mina, que cedeu o espaço para o estudo. A Engenheira de Minas Raphaela Mendes de Avelar, que coordena a mina, por toda a colaboração durante as atividades de campo. Ao Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná e o Programa da Pós-Graduação em Geologia, por toda a infraestrutura possibilitando os estudos. A Datamine Software pela parceria com o Departamento de Geologia, que permitirá a utilização do programa SiroVision. E aos meus orientadores, por todo auxilio e orientação durante a pesquisa. Referências Alejano, L. R. et al. 2018. ISRM suggested method for determining the basic friction angle of planar rock surfaces by means of tilt tests. Rock Mechanics and Rock Engineering, v. 51, n. 12, p. 3853-3859. Barton, N.; Lien, R.; Lunde, J. 1974. Engineering classification of rock masses for the design of tunnel support. Rock Mechanics and Rock Engineering. 6(4): 189-236.Barton, N.R.; Choubey, V. 1977. The shear strength of rock joints in theory and practice. Rock Mechanics. 10, 54p. Bieniawski Z.T. 1974. Estimating the strength of rock materials. Journal of the South African Institute of Mining and Metallurgy, Pretoria, 72:312-320. Bieniawski, Z.T. 1989. Engineering Rock Mass Classifications. John Wiley & Sons, New York, USA, 251 pp. Costa, A.C.R. 2015. Avaliação da estabilidade de taludes em rochas de resistência elevada – um contributo. Dis- sertação de Mestrado, Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade de Nova Lisboa, Lisboa, 182 Deere D.U., 1964. Technical description of rock cores. Rock Mechanics Engineering DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes). 2015. Arquivo em Shapefile de Rodovias do Estado do Paraná. Disponível para download no site: http://www.dnit.gov.br/mapas-multimodais/shapefiles; Fiori A.P. 1992. Evolução geológica da Bacia Açungui. Boletim Paranaense de Geociências. Curitiba -PR, 42:07-27. Fiori A.P, SalamuniI E, Fassbinder, E. 2003. Evolução Geológica do Grupo Açungui – PR. Atas. VII Simpósio de Geologia do Sudeste. São Paulo Fiori, A.P. Carmignani, L.2009. Fundamentos de mecânicas dos solos e das rochas. Editora UFPR 2ºED,602p. Franco-Magalhães, Ana Olivia Barufi; HACKSPACHER, Peter Christian; SAAD, Antonio Roberto. 2010. Exumação tectônica e reativação de paleolineamentos no Arco de Ponta Grossa: termocronologia por traços de fissão em apatitas. Revista Brasileira de Geociências, v. 40, n. 2, p. 184-195. Geological Society. The description of rock masses for engineering purpose. Q. J. Eng. Geol., Geol Soc. (London) eng. 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Título original do Projeto de Pesquisa: Geologia Estrutural Aplicada à Geotecnia, Estudo de Caso na Mina de Mármore Água Boa, Almirante Tamandaré – PR. Possui bolsa: Não http://www.dnit.gov.br/mapas-multimodais/shapefiles Inorganic and organic processes in the Botijuela carbonate system evolution, Antofalla region- Puna Argentina Guido Ezequiel Alonso guidoealonso@gmail.com Advisor: Dr. Leonardo Fadel Cury (Programa de Pós-Graduaçao em Geología/UFPR) Keywords: Microbialites, Travertine, Tufa Introduction Microbialites have been defined by Burne & Moore (1987) as organic-sedimentary deposits that are formed by benthonic microbes communities and the detritic sediments or chemical components presents in a lake or marine environment. Modern authors (Kano et al. 2019, Shiraishi et al., 2020) describe the travertine as carbonate thermal deposit where biotic and non-biotic factors potentially contributes to it formation and they describe the tufa as carbonatic rock precipitated in a fluvial context where the water conditions involved in it formation doesn’t come from an hydrothermal process. Travertine and tufa are rocks that had many definitions throughout the history, among them the one proposed by Ridding (1991); Koban & Schweigert (1993); Ford & Pedley (1996);Glover & Robertson (2003); Pentecost (2005) and the difference between those terms is problematic and could lead to confusion (Ford & Pedley, 1996; Capezzuoli et al. 2014, Kano et al. 2019), in an effort of clarify both terms Capezzuoli et al. (2014) presented a comparative figure between those rocks. Normally travertine passes laterally into more typical open tufa fabrics in areas where the water has cooled to near ambient temperatures (Ford & Pedley, 1996) and the biotic factors that develop in those systems gradually increase (Capezzuoli et al., 2014, Mancini et al., 2019), thus Capezzuoli et al. (2014) add the term “travitufa” to a particular group of tufas characterized by different hydrochemical and deposition conditions that distinguish them of the normal tufas. Interest of industry and academy in travertine and non-marine carbonates have been growing up in the latest years because they are considerate as hydrocarbon reservoir (Della Porta, 2015; Ronchi & Cruciani 2015) in the presalt play of Brazil and Angola (Ronchi & Cruciani 2015; Janssens et al.,2020; Shiraishi et al., 2020). In the last decades different authors used the travertine records as a tool to understand neo tectonics process (Altunel & Hancock 1993a; Curewitz & Karson ,1997), Brogi et al. (2010) considerate that hydrothermal flux and the faulting are process more or less contemporaneous and consequently the travertine deposition becames in a tool that reveals the tectonic age and paleosismic activity and it’s relationed hydrothermal system. The Altiplano-Puna plateau is the largest non-collisional orogen on earth (Oncken et al., 2006) and it’s located from 14ºS- 27ºS between the Peruvian and Chilean flat slabs at the west margin of South America in the South-American plate(Gianni et al., 2019). Argentinean Puna is a region located in the Argentinean northwest in the Catamarca, Salta and Jujuy provinces (Fig. 1a) and it’s a plateau of 3700 meters above the sea level that limits with geological provinces of Cordillera Oriental to the east, gradually pass to Cordillera Frontal and Sistema de Famatina to the south and it west limit throught the Argentinean- Chilean limit with Cordillera Occidental being partially located in Chilean territory also (Ramos, 1999). In this context Gianni et al. (2019) describes the Southern Puna plateau subduction (SPSS) as a slab shallowing that begins at about ~300 km from the trench that is characterized by a ~200 km wide shallow portion at ~100–120 km that dips between 10 and 12° to the east, within the Altiplano-Puna plateau at the south of the El Toro-Olacapato lineament. The CVZ (central volcanic zone) is a southern region between 24ºS- 27º30’ S (Cahill & Isacks, 1992) and for Gianni et al. (2019) in general beneath the CVZ, the slab segment of the SPSS is ~30 and 90 km shallower than the rest of the slab. The main geological fact of Puna is the Cenozoic orogenic volcanism that intercalate with continental sediments of intermontane endorheics basins that culminates with large evaporitic deposits that constitutes the large salars of the Puna (Ramos, 1999), the ones that are located in the South Puna are: Rincon salar, Pocitos salar, Arizaro salar, Antofalla salar and Hombre Muerto salar among others (Alonso & Rojas, 2020). In the above context, the Salar de Antofalla basin is an example of the Puna local relief (Kraemer et al. 1999) and it’s a NNW-SSE striking basin where in its center is developed a large salar of 140km long and approximately 10km of wide located at an altitude of 3340m sourrounded by steep slopes and peaks up to more than thousand meters above the salar surface (Voss, 1999) (Fig. 1b). Within the aforementioned framework there are permanent lakes such as the Salinas Grandes and Olaroz (Alonso & Rojas, 2020) and these water bodies presented great scientific interest in recent years because it is one of the few places in the world where modern microbialites are currently being formed (Valero-Garcés et al., 2000; Valero-Garcés et al. , 2001;Gomez et al., 2018; Farias et al., 2020; Piersigili et al., 2020). Microbialites as travertine, and also other stromatolitic structures were reported by Valero- Garcés et al. (2000, 2001), Piercigili et al. (2020), these authors carried out analyses of sedimentary facies for a later palaeoenvironmental and paleohydrological reconstruction of the system. Botijuela is located on the western edge of the Salar de Antofalla at 3433 meters above sea level (25º43'32.9”-25º 43'32.9" S; 67º50'38.7''- 67º47’3.48’’ W) being “Vega Verde” and “Vega Branca” the two main outcrops of travertine and tufa (Fig. 1c). It is considered that at present the geological, biological and palaeoenvironmental information on the travertine and tufa rocks in this area is somewhat limited, so it is necessary to continue to emphasize studies centered on the chemistry, physics, biology and tectonic history of their formation in order to elucidate how these aspects are interrelated in relation to the fabric of these rocks. Question: How can a travertine system influence the growth and development of microbialites? Hypothesis: The tectonic scenario can control the origin of carbonate systems, and influence the development and migration of the microbialites. Objective Evaluate the inorganic and organic process in the Botijuela carbonate deposit, or the interaction of both inducing or controlling the system evolution. Specific objectives • Carry out a survey about architecture and facies distribution of the travertine in Botijuela • Analyze the Precipitation conditions of the travertine system. • Study the relationship between the deposit and local structures. • Trace the sources of the paleo fluids. Materials and methods 1. Carry out a bibliographic search by consulting different authors who have worked both in the region and in similar carbonatic systems. As well as authors who have worked on microbialites from a palaeoenvironmental point of view and related topics. 2. Interpretation of satellite images provided by Google-Earth satellite, geological maps provided by SEGEMAR (Argentine mining geological service) and IGN (National Geographic Institute). 3. Field work: Locate in the field the carbonatic outcrops with GPS points in the place of Botijuela. 4. Relief describing the sedimentary facies and sampling the located sections. a. The method of analysis and description of the sedimentary facies will be used to describe the outcropping units considering contacts, sedimentary structures present, granulometry and composition of the rock. b. The sampling techniques to be used will be hand sampling of the different sedimentary levels identified and also systematic sampling of every 1.5m of sprayed material from the sections. The pulverized material will be stored in ependorf type flasks and will be obtained using an electric drill. c. Carry out measurements of tectonic deformation associated with the tufa travertine system with the use of a structural compass. 5. Take samples of the water involved in the system and in the tributaries. a. Samples will be taken in the water linked to the different outcrops surveyed and conductivity and pH analyses will be carried out on site for each sample. 6. Take samples of the microorganisms related to the systems if any. b. Samples of the microorganisms associated with the travertine and tufa systems will be taken for storage and later analysis in the laboratory. For this, a field saw will be used and hand samples will be taken from the rock. 7. Process and interpret the field samples using laboratory instruments and techniques. c. For the rock samples, analyses of stable isotopes, radiogenic isotopes and fabric analyses will be carried out on the different scales of work following the line of different authors (Pentecost & Viles, 1994; Pentecost et al. 1997; Pentecost, 2005) I)- macrofactory: using polished sections and hand samples, II)- mesofactory: using polished sections and binocular magnifier and III)- microfactory: using petrographic microscope, x- ray microtomography and scanning electron microscope. 8. Prepare a detailed mapping of Botijuela outcrops incorporating sedimentary facies, bathymetric and paleo-bathymetric curves, tributaries, water chemistry, supply areas and distribution of previously surveyed microbialites. For this, the geographic information system Qgis 3.12 Bucuresti and also the Global Mapper software will be used. Expected results 1. GIS Analysis: a. Morphometric analysis of drainage system and b. Statistical analysis of lineaments. 2. Field work: a. 1:2500 geological and structural mapping 3. Petrography a. Mineralogical and textural analyses of polished thin sections under the transmitted and reflected light optical microscope. b. Scanning electronic microscopy (SEM) c. X-ray diffraction analyses d. Micro CT. 4. Geochemistry: a. Whole-rock geochemical analyses of major, trace and REE-Y elements b. 87Sr/86Sr isotope c. δ13C, δ18O stable isotope and carbonate clumped-isotope analyses. d. U-Th dating 5. The comprehention of genesis and evolution of Botijuela carbonate system. Schedule Table I. Schedule of activities of this study. Capital letters in the second row refers to the month of the year Activities Year 2020 Year 2021 F M A M J J A S O N D J F M A M J J Field work and sampling ( already done) Bibliography Sample preparation Petrography Stable Isotopes Whole rock geochemical analysis of major, trace and REE-Y elements. Radigenic isotopes Rock fabric analysis geological interpretation pH water analysis Conductivity analysis Composition of predominant ions of water Water analysis interpretation Biological interpretation Morphometric analysis of drainage system Statistycal analysis of lineaments Geological map combining all the data Analytical data discussion Submit paper Qualification Presentation Acknowledgments This research will be sponsored by Diagenesis Project (SEI 23075.193990/2017-07), developed by the Laboratory of Mineral and Rock Analysis – LAMIR – UFPR, coordinated by Prof. Leonardo Cury, the supervisor of this master’s thesis, in a partnership with Dr. Maria Eugenia Farias from the Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas – CONICET, Tucumán, counting with all the permisions to collect and ship the samples from the research areas to LAMIR-UFPR and also with Dr. Tatiana Mariel Stepanenko postdoctoral internship in UFPR. Also acknowledgements to the local tourist guide Luis Ahumada for provide the drone pictures and the directions to the site. Figure 1: a) South Puna ubication in South America. b) Geological context of Antofalla Salar modified from Seggiaro et al. 2007. C) “Vega Verde” and “Vega Branca” in Botijuela. References Alonso, R.N., Bookhagen, B., Carrapa, B., Coutand, I., Haschke, M., Hilley, G.E., Schoenbohm, L., Sobel, E., Strecker, M., Trauth, M. and Villanueva, A. (2006). Tectonics, Climate, and Landscape Evolution of the Southern Central Andes: the Argentine Puna Plateau and Adjacent Regions between 22 and 30°S. The Andes. Active Subduction Orogeny, Chapter: 12, Publisher: Springer, Berlin, 265-283 Altunel, E., & Hancock, P. L. (1993). Morphology and structural setting of Quaternarytravertines at Pamukkale, Turkey. Geological Journal, 28(3‐4), 335-346. Brogi, A., Capezzuoli, E., Aqué, R., Branca, M., & Voltaggio, M. (2010). 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Qualification exam date: July 2021 Date of entry to the postgraduation program: April 2020. Area of concentration: Exploratory geology. Line of research: Sedimentary basins analysis. Scholarship: Funded by Diagenesis Project (SEI 23075.193990/2017-07). Geoquímica e petrografia de rochas metabásicas da Formação Perau, Cinturão Ribeira: integração de dados regionais Guilherme Fedalto E-mail do (a) Autor (a): fedalto.guilherme@ufpr.br Orientador (a): Prof. Dr. Leonardo Fadel Cury (Departamento de Geologia/UFPR) Palavras-Chave: Rochas metabásicas; Terreno Apiaí; geoquímica Introdução As rochas metabásicas do Grupo Votuverava, pertencentes ao Terreno Apiaí, Faixa Ribeira Sul distribuem-se ao longo de uma faixa estreita e contínua, com extensão aproximada de 150 Km. Estas rochas estão encaixadas em rochas metapelíticas da Formação Betara, Perau, Piririca, Rubuquara e Unidade indivisa de micaxistos (Faleiros et al., 2011), onde as duas primeiras ocorrem à sudoeste e duas últimas ao nordeste da Zona de Cisalhamento Ribeira. A idade de cristalização de 1,48 Ga (Caliminiano) é consistente para estas rochas ao longo da sua faixa de ocorrência (Campanha et al., 2015; Siga Jr et al., 2011) (Figura 1). Trabalhos de (Daitx, 1996; Faleiros et al., 2011; Maniesi e Oliveira, 2000; Maniesi e Oliveira, 2002; Siga et al., 2011) apresentam dados petrográficos, litogeoquímicos, química mineral, geoquímica isotópica e geocronologia para estas rochas, assim como interpretações de seus ambientes tectônicos, petrogênese e fontes magmáticas. Campanha et al. (2015) identifica distintas fontes magmáticas em um ambiente tectônico transicional para a formação destas rochas por meio da análise de elementos traços e elementos terras raras, para as quais foi proposta a subdivisão dos grupos B1, B2 e B3. Os grupos B1 e B2 estão associadas a fontes mantélicas rasas de dorsais-meso oceânicas (MORB, midge-ocean ridge basalt) com influência de zonas de subducção (arcos de ilha) durante o desenvolvimento de uma provável bacia retro arco, tendo a primeira assinatura similar a N-MORB (normal) e segundo a E-MORB (enriched). O grupo B3 apresenta afinidade geoquímica com basaltos tipo E-MORB, similares ao grupo B2, mas com influência de plumas-mantélicas (P-MORB), tendendo para basaltos de ilha oceânica (WPB, whitin-plate basalt), sendo esta fonte uma possível contaminação do manto profundo durante o desenvolvimento da bacia. As rochas metabásicas foram metamorfisadas e deformadas na fácies xisto-verde a anfibolito, durante a orogenia Brasiliana (fim do Neoproterozoico, começo do Ediacarano), configurando parte da porção Oeste do paleocontinente Gondwana (Daitx, 1996; Ebert et al., 1988; Faleiros et al., 2011; Heilbron et al., 2008). Análises de 40Ar-39Ar em anfibólios sugerem que estas rochas passaram por um evento termo orogênico em aproximadamente em 1250 Ma, durante o Greenviliano, sendo possível evidência da formação do Supercontinente Rodínea (Campanha et al. 2015). O presente trabalho apresenta resultados preliminares do estudo de rochas metabásicas encaixadas em rochas metapelíticas da Sequência Superior da Formação Perau. O estudo busca o entendimento da petrogênese, fontes magmáticas e ambientes tectônicos formadores destas rochas, bem como a influência da eventos metamórficos superpostos, por meio de análises geoquímicas e petrográficas, com a integração de geoquímicos de trabalhos anteriores (Maniesi e Oliveira, 2000, 2002; Siga Jr. et al. 2011; Faleiros et al. 2011; Campanha et al 2015). O entendimento da origem e processos modificadores de rochas vulcânicas são de fundamental importância para a reconstrução paleotectônica de terrenos Pré-Cambrianos intensamente deformados pela sobreposição de eventos tectônico-termais, como no caso das rochas metavulcanossedimentares do Terreno Apiaí, Faixa Ribeira Sul. Material e Métodos O presente estudo envolveu revisão e análise bibliográfica do contexto regional, geoprocessamento de dados em Sistema de Informações Geográficas(SIG), análise petrográfica por meio de microscópio de luz transmitida, análises geoquímicas quantitativas de elementos maiores e menores (Ba, Sr, Rb, V, Y, Zr, Nb, Cu, Cr, Zn) por meio da técnica de Fluorescência de raios x (FRX). As análises petrográficas e de FRX foram realizadas no Laboratório de Análises de Minerais e Rochas (LAMIR-UFPR). Figura 1-Esquema geológico e tectônico do Terreno Apiaí (Siga Jr. et al. 2011).1. Bacias Castro–Camarinha (550–540 Ma); 2. Batóito Cunhaporanga (630–600 Ma); 3. Faixa Itaicoca: sequência Itaicoca (1000–900 Ma) e Abapã (650–630 Ma); 4. Batóito Três Córregos (650– 600Ma); 5. Sequência Água Clara (1600–1500 Ma); 6. Sequências Lajeado/Antinha e Iporanga (600 Ma); 7. Granitoides tardi- a pós-tectônicos (580 Ma); 8. Sequência Votuverava (1500–1450 Ma); 9. Sequências Perau e Betara (1500–1450 Ma); 10. Granitos alcalino miloníticos (1750 Ma) e granitos calcioalcalinos (núcleos Tigre e Betara); 11. Sequências Capiru/Turvo/Cajati; 12. Complexo Atuba (Formação em 2100–2000 Ma, magmatização em 620–600 Ma). Os polígonos vermelhos representam as áreas de estudos dos trabalhos anteriores: 1. Maniesi e Oliveira (2000), região de Campo Largo; 2. Siga Jr. et al. (2011), Formação Betara; 3. Maniesi e Oliveira (2002), região de Rio Branco do Sul; 4. Presente estudo, Formação Perau; 5. Faleiros et al. (2011), Formação Perau e unidades indivisas; 7. Campanha et al. (2015), Formações Rubuquara e Piririca; 7. Maniesi e Oliveira (2002), Formação Água Clara, região de Adrianópolis Parte das lâminas delgadas analisadas (09 lâminas) e com análise ainda prevista (25 lâminas) foram coletadas pelos discentes da disciplina de Mapeamento de Graduação, em 2014, da UFPR. As demais amostras coletadas para análises geoquímicas e petrografia (09 amostras) foram coletadas pelo autor. Petrografia As rochas metabásicas analisadas apresentam coloração verde escura a cinza esverdeada, granulação fina a média, estruturas maciças a bandadas, por vezes com forte orientação preferencial de cristais de anfibólio. O bandamento é formado pela intercalação de níveis ricos em anfibólio e níveis ricos com plagioclásio. Em lâmina, observam-se texturas granoblástica, nematoblástica e/ou porfiroblástica, formando termos miloníticos. Foram identificadas 5 associações com diferentes assembleias minerais: 1) Hornblenda > actinolita + plagioclásio + opacos ± antofilita ± quartzo ± turmalina ± clorita (172- I-14; 18-VII-14; 27-VII-14; 97-VII-14; 124-VIII-14; Per-04; Per-32); 1 2 3 1 4 5 6 7 1489±11 Ma Siga Jr. et al. (2011a) 1475±10 Ma Siga Jr. et al. (2011a) 1451±39 Ma Siga Jr. et al. (2011b) 1488±4 Ma Campanha et al. (2015) 1484±16 Ma Siga Jr. et al. (2011b) 1479±12 Ma Siga Jr. et al. (2011b) 2) Actinolita > hornblenda + plagioclásio + opacos ± clinozoisita ± quartzo ± titanita ± turmalina ± clorita (17-III-14; 77-III-14; 72-IV-14; Per-05B); 3) Plagioclásio + hornblenda > actinolita + antofilita + quartzo + opacos (Per-27); 4) Actinolita + clinozoisita + plagioclásio + titanita (54-I-14); 5) Hornblenda > actinolita + plagioclásio + clorita + opacos + turmalina ± antofilita (Per-48). As amostras Per-04, Per-05 e Per-48 relacionam-se por conterem turmalina e antofilita (exceto Per-04), onde ambas ocorrem mais próximas às jazidas de sulfetos maciços de Pb-Zn (Cu-Ba) da mina do Perau. Não se observou relação com a textura/estrutura e assembleias minerais, exceto para a amostra Per-48 que apresenta maior quantidade de clorita formando xistosidade com claras feições miloníticas, como porfiroblastos rotacionados com caudas de recristalização. Os cristais de anfibólio apresentam zoneamentos concêntricos, formando feições tipo núcleo-borda, sugerindo núcleos de composição actinolita e bordas de composição hornblenda. Os cristais de plagioclásio formam uma matriz recristalizada geralmente por rotação de subgrão, formando novos grãos muito finos a finos, e, por vezes, contatos poligonais sugerem recristalização estática. São observadas poucas amostras com cristais preservados de plagioclásio, prismáticos e subédrico a euédricos (17-III-14, 18-VII-14, Per-04), associados a texturas blastofíticas. Os cristais de quartzo quando ocorrem, estão associados à matriz recristalizada de plagioclásio, contudo em amostras bandadas, concentram-se em níveis, sugerindo participação de fluidos em zonas associadas à maior strain. Os cristais de titanita ocorrem na maior parte das lâminas corroídos e consumidos, formando texturas poiquilíticas e leucoxênio. Os cristais de turmalina estão corroídos e com inclusões de anfibólio e plagioclásio, sugerindo origem ígnea. Geoquímica A análise química de elementos maiores e menores foi realizada nas amostras Per-04, Per-05B, Per-25, Per-27, Per-31, Per-32, Per-34, Per-36 e Per-48. Elementos maiores tendem a apresentar alta mobilidade durante processos metamórficos, hidrotermais e intempéricos, por apresentarem baixo potencial iônico e facilmente serem solubilizados como cátions hidratados (Pearce, 1996). Optou-se, então, por utilizar apenas elementos que se mostraram imóveis após checagem de covariâncias (método de Cann, 1970, apud Pearce, 2014), tendo sido integrados também os dados de outros autores (Figura 02). Os elementos Zr e Nb apresentaram covariância entre si (exceto as amostras da região de Adrianópolis) e dessa forma utilizados para comparação com os demais elementos, maiores e menores (Ba, Sr, Y, Ti, Nb, Cr, V). Os elementos Fe2O3, Na2O, MgO e CaO apresentaram trend de covariância, com certa dispersão dos dados, apenas com Zr, sendo que os demais elementos não apresentaram covariâncias, mas dispersões significativas. Para os elementos menores, tanto para Nb como para Zr, as melhores covariâncias foram com Y, Zr, Va e Ti, com ressalvas para relação entre Ti e Zr, principalmente para amostras das regiões de Campo Largo, Adrianópolis, Rio Branco do Sul (Maniesi e Oliveira, 2000, 2002) e para as amostras Per-31, Per-32, Per-34 e Per-27. Figura 2 - Classificação do tipo de rocha com base no diagrama Zr/Ti-Nb/Y (Pearce 1996). A) Legenda: 1.Per-27; 2.Per-04; 3.Per-05; 4.Per-25; 5.Per-31; 6.Per-32; 7.Per-36; 8.Per-34; 9.Per-48. B) Legenda: 1. Faleiros et al. (2011) e Campanha et al. (2015); 2. Maniesi e Oliveira (2002), região de Rio Branco do Sul; 3 e 4. Maniesi e Oliveira (2000), região de Adrianópolis e Campo Largo, respectivamente; 7. Siga Jr. et al. (2011a), Formação Betara. 8. Presente estudo, Formação Perau. As amostras deste estudo podem ser classificadas como basaltos, como base no diagrama da razão Nb/Y por Zr/Ti (Pearce 1996), exceto a amostra Per-27, classificada como riolito/dacito (Figura 2). Por meio deste gráfico observam-se 2 agrupamentos: G1 – Per-04, Per-05, Per-48, Per-36 e G2 – Per- 32, Per-31 e Per-34; e duas amostras anômalas: A1-Per-25 e A2-Per 27. Comparando com os grupos propostos por Campanha et al. (2015) (B1, B2 e B3), as amostras do grupo G1 são condizentes com o grupo B2, enquanto as amostras anômalas A1, A2 e as do grupo G2 são anômalas. Os diagramas discriminantes de afinidades tectônicas como Nb/Y-Ti/Y (Pearce, 1982) e Zr/4-2Nb-Y (Meschede, 1986) evidenciam ainda mais o valor anômalo das amostras anômalas A1, A2. Figura 3 – A) Diagrama discriminante de ambientes tectônicos Ti/Y-Nb/Y (Pearce 1996). B) Ternário de classificação de ambientes tectônicos 2Nb-Zr/4-Y (Meschede, 1986). Legenda: 1. Faleiros et al. (2011) e Campanha et al. (2015); 2. Maniesi e Oliveira (2002), região de Rio Branco do Sul; 3 e 4. Maniesi e Oliveira (2000), região de Adrianópolis e Campo Largo, respectivamente; 7. Siga Jr. et al. (2011a), Formação Betara. 8. Presente estudo, Formação Perau. AI: basaltos alcalinos intraplaca; AII. Basaltos alcalinos e toleíticos intraplaca; B. E-MORB; C. Basaltos toleíticos intraplaca e basaltos de arco-vulcânico. D. Basaltos N-MORB e de arco-vulcânico. Discussões e Conclusões As assembleiasminerais sugerem condições de metamórficas da fácies xisto-verde (assembleias 2 e 4) a anfibolito (assembleia 1), em um contexto progressivo devido a formação de zoneamentos com actinolita nos núcleos e hornblenda nas bordas, com possível fase retrometamórfica (assembleia 5). As assembleias com antofilita e turmalina sugerem participação de fluidos hidrotermais associados às mineralizações de sulfetos de Pb-Zn da mina do Perau, devido a sua proximidade com esta. A assembleia 4 (amostras Per-27) mostrou-se anômala geoquimicamente, sendo um termo mais diferenciado (acidez), podendo estar associada à uma fase cumulática, na qual a teor (modal) de plagioclásio chega à aproximadamente a 50%, em uma média de 35% nas demais amostras. A associação de diferentes fontes magmáticas para as rochas metabásicas do Grupo Votuverava se tornam mais evidentes (mas não óbvia) nos trabalhos de Campanha et al 2015 e Faleiros et al 2011, os quais fizeram coleta sistemática e regional, assim como uma completude de análises químicas que permitem uma interpretação de fontes magmáticas e processos tectônicos mais acurado. Os trabalhos de Siga Jr et al. (2011) na Formação Betara, Maniesi e Oliveira (2002) em Campo Largo e Adrianópolis e Maniesi e Oliveira (2000) em Rio Branco do Sul e os resultados parciais do presente trabalho, na Formação Perau, próximo a região da Mina do Perau, são de caráter mais local podem indicar apenas a resposta parcial das fontes magmáticas, dado o contexto tectônico transicional das rochas metabásicas do Grupo Votuverava. A análise da mobilidade dos elementos, tanto maiores como menores, é fundamental na interpretação dos resultados geoquímicos, principalmente em ambientes tectônicos complexos, com mais de uma possível fonte magmática. Os valores anômalos do agrupamento G2 são uma possível resposta da mobilização do Ti durante o metamorfismo, observado pela falta de covariância entre Ti e Zr para estas amostras, onde o Nb mostrou-se um elemento importante para a correção deste dado. Ressalta-se que para a melhor compreensão do magmatismo associado ao contexto tectônico das rochas metabásicas do Grupo Votuverava, faz-se necessário o estudo das fontes das rochas encaixantes, pois observa-se que aquelas estão encaixadas em diferentes unidades litoestratigráficas. Estes estudos incluem proveniência geoquímica dos metassedimentos, idades máximas e mínimas de sedimentação por meio de análises de U-Pb em zircão, assim como estudos isotópicos de Lu-Hf, Sm-Nd, para identificação de fontes mantélicas, todos estes previstos como atividades futuras. Atividades Futuras • Atividades de campo para coleta de rochas metabásicas e metassedimentares para análises geoquímicas, isotópica e geocronologia. • Análises geoquímicas de elementos maiores (FRX) e menores (ICP-MS) em novas amostras coletadas e elementos menores em amostras já coletadas. • Análises geocronológicos de U-Pb em rochas metabásicas com alvos específicos nos diferentes com grupos com assinaturas geoquímicas diferentes. • Análises geocronológicas de U-Pb em zircão detríticos nas rochas encaixantes metassedimentares. • Análises isotópicas Lu-Hf, Sm-Nd em zircões detríticos (metassedimentares) e zircões magmáticos (metabásicas). • Petrografia: rochas metabásicas e metassedimentares. • Participação de eventos: sem previsão de participação em eventos futuros. • Publicações: o Artigo1: Previsão de submissão junho de 2021. Tema: Revisão e integração de dados geoquímicos de rochas metabásicas da Faixa Ribeira com base em análises estatísticas multifatorial: PCA e hierarquização por meio da sistematização de análises de DRX, FRX, ICP-MS e petrografia. o Artigo 2: Defesa: Litogeoquímica, geoquímica isotópica e geocronologia de rochas metabásicas e metassedimentares da Faixa Ribeira Sul, Terreno Apiaí: correlação tectônica entre as Formações Perau e Betara. Agradecimentos Ao Departamento de Geologia-UFPR, pelo investimento nas atividades de campo da disciplina de Mapeamento de Graduação, a qual permitiu o aproveitamento do conhecimento adquirido pelos alunos durante a disciplina por meio de Relatórios de Mapeamento, notas explicativas e trabalhos individuais, assim como utilização das amostras coletadas e lâminas delgadas confeccionadas. Ao Laboratório de Análises de Rochas e Minerais (LAMIR-UPR) e ao Projeto Diagenesis pelo subsídio na realização das análises e espaço cedido para descrição das lâminas. 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Título Original do Projeto de Pesquisa: Correlação tectônica entre as Formações Perau e Betara, Cinturão Ribeira Sul, Brasil: petrotectônica, geocronologia e geoquímica. Data de Ingresso na Pós-Graduação: maio/2020; Área de Concentração: Geologia Exploratória; Linha de Pesquisa: Evolução Crustal. Possui Bolsa: Não Avaliação da relevância tectônica e paleoambiental de carbonatos lacustres quaternários da região do Estreito de Magalhães, Patagônia Chilena Gustavo Machado Marangon E-mail: gustavo.marangon@ufpr.br Orientador: Prof. Dr. Leonardo Fadel Cury (Departamento de Geologia/Universidade Federal do Paraná) Palavras-Chave:Carbonatos não-marinhos; Fontes de fluidos; Isótopos estáveis Introdução Carbonatos lacustres têm sido estudados em diversas áreas das geociências, a citar, sedimentologia, geologia do petróleo, geomicrobiologia, geoquímica e paleogeografia. No devir do entendimento dos mecanismos que regem estes sistemas carbonáticos no mundo, tem se reconhecido a importância de fatores tectôno-estruturais. Estes constituem, não só o plano de fundo geológico, mas fontes e controles dos sistemas geoquímicos. Nosso estudo parte desta proposição investigativa. Tomamos como caso os extraordinários depósitos carbonáticos ao longo das margens da Laguna del Toro. A extensão e espessura (até ~3m) destes constituem um cenário ímpar na região. Os fatores que propiciaram suas formações, quais controles geoquímicos atuaram na concentração iônica e quais mediadores (físico, químicos e biológicos) levaram à precipitação não são de conhecimento da comunidade geológica. É dentro do desafio de entender estes fatores, visando avaliar o controle tectônico, em face aos paleoambientais, que se encontra este trabalho. Nossa hipótese é que a fonte dos principais cátions seja alóctone e tenha sido transportada por estruturas e a precipitação tenha sido uma combinação de processos físicos, com possível mediação biológica e, portanto, controlados por mudanças paleoambientais. Buscamos, então, através da caracterização estrutural, textural, mineralógica, química e isotópica buscar entender os mecanismos de precipitação carbonática para então entender as fontes dos fluidos e, por outro lado, reconhecer nos carbonatos indicadores de processos climáticos e térmico- tectônicos. A Laguna Del Toro, apesar do nome geográfico, é um lago alcalino endorréico localizado no extremo sul da Patagônia Chilena (Fig. 1), 50km à leste da orogenia andina, sobre sedimentos miocênicos e quaternários da bacia foreland de Magallanes. A região tem clima extremo, com condições semiáridas de características continentais (Coronato et al., 2008), alto potencial de evaporação anual (701 – 750 mm) e precipitação média de 650 - 900 mm (dados de AGRIMED, 2017). A geodinâmica cenozóica da região está relacionada com a subducção da Dorsal Sísmica do Chile iniciada no Neógeno (ver mais em Breitsprecher & Thorkelson, 2009) e, subsequente, desenvolvimento do campo vulcânico de Pali Aike (Orazio et al., 2000) e rifteamento, de direção W-E, na região do Estreito de Magallanes (Diraison et al., 2000 para revisão). Estes tiveram forte cotrole sobre a morfologia do terreno, bem como, sobre a deposição da bacia no cenozoico tardio. A topografia atual da região do Estreito de Magallanes é fruto, principalmente, das flutuações do Campo de Gelo da Patagônia (CGP) desde o Pliocêno superior, especialmente modificada no último máximo glacial local (UMGL- 35 ka; Fig.1; Davies et al., 2020). As formas lobadas, com baixas altitudes, marcam os avanços do gelo. Também materializado nas landforms de drumlins, lineações e depósitos de planícies de outwash (Benn & Clapperton, 2000; Davies et al., 2020). Após a deglaciação local, entre 19-20 k, desenvolveu-se um sistema lacustre pró-glacial. Assim que o gelo recuou suficiente, liberando passagem para o Oceano Pacífico, o grande paleolago Otway for a drenado, restando sua expressão como fiorde (Davies et al., 2020). Sobre o pavimento paleoglacial, entre morros-testemunhos de conglomerados fluviais da Fm. Palomares (González, 1965), foram formados os lagos da região. Sendo, portanto, produtos finais de processos tectônicos, vulcânicos e glaciais, desenvolvidos do Neógeno ao presente. Figura 1 – Localização da área de estudos. a) feições paleoglaciais sobre relevo sombreado e mapa altimétrico. Notar limites do CGP no UMGL e em 25ka. O Campo Vulcânico de Pali Aike está marcado na porção NE do mapa. Na parte inferior direita estão evidenciadas as principais estruturas tectônicas regionais. Dados paleoglaciais adaptados da base de dados PATICE (Davies et al, 2020); b) imagem de satélite da Laguna, aonde estão plotados pontos de coleta de amostras. Estado da Arte Em ambiente lacustre a precipitação de carbonatos pode se dar por processos inorgânicos, mas, principalmente, por aqueles biologicamente mediados (Platt & Wright, 1991). Destes predominam os microbialitos, depósitos organossedimentares formados pela interação de comunidades microbiais bentônicas com clastos detríticos (Burne & Moore, 1987). A produtividade biológica destas comunidades é fortemente afetada por fatores ambientais/climáticos, e ao mesmo tempo, afeta as condições ambientais do meio (Dupraz et al., 2004). A precipitação ocorre quando o índice de saturação de cada mineral é alcançado. A fonte dos cátions necessários para isto pode estar disponível no lago ou ser externa (Chagas et al., 2016). Águas hidrotermais ou subterrâneas são importantes carreadores destes íons, através de estruturas tectônicas (Della Porta, 2015). Tais fluidos, quando misturados com a água do lago, rica em ânions, focalizam a precipitação, podendo ela ser inorgânica, como é o caso das tufas do Mono Lake (Whiticar & Suess, 1998), ou biologicamente mediada, como as torres microbiais do lago Van (Kempe et al., 1991). São, portanto, típicos depósitos carbonáticos lacustres primários, tufas (precipitação inorgânica), estromatólitos, trombólitos, dendrólitos e leiólitos (microbialitos distintos por sua macro- fábrica - Riding et al., 2011). Estes mesmos fluidos podem ser responsáveis pela diagênese prematura, alterando conteúdo mineral e macro e micro-fábricas destes depósitos (De Boever et al., 2017). Material e Métodos A coleta de amostras ocorreu em outubro de 2019, essa etapa de campo envolveu a descrição das litologias, estruturas sedimentares, confecção de perfis estratigráficos verticais, medição de paleocorrentes e mapeamento dos depósitos carbonáticos e substrato do lago. Amostras de água foram destinadas à caracterização de parâmetros físico químicos, no Laboratório de Pesquisas Hidrogeológicas da UFPR (LPH). Coletamos amostras de pó de rocha, por perfuração, a cada 10 centímetros dos pináculos, em quatro pontos, nomeados TOR (II, IV, VI e VII). Nestes locais ainda foram coletadas amostras mesoscópicas das diferentes estruturas carbonáticas, bem como de base, meio e topo dos pináculos, somadas a amostras de pó e mesoscópicas coletadas em etapa de campo anterior. Os resultados da difração de raios-X (DRX) de 57 alíquotas foram obtidos usando uma configuração PANalytical EMPYREAN em tubo de raios X de configuração 2θ (gerador-detector) de cobre Kα λ = 1,54060 Å e detector XCELERATOR (ângulo mínimo de 0,0001°). A composição mineral e abundâncias semiquantitativas dos 47 difratogramas já disponíveis foram determinadas através do software HighScore Plus. Análises de 37 destas alíquotas, por Fluorescência de raios-X (FRX), para química semi- quantitativa, estão sendo realizadas no PANalytical Axios-mAX, com tubo de ródio. Foram confeccionadas 21 lâminas, para caracterizações microfaciológica e mineralógica dos depósitos (ainda não realizadas). Determinações de razões isotópicas de carbono e oxigênio via Espectrômetro de Massa de Razão Isotópica, Delta V Advantage, estão sendo realizadas para 122 amostras de pó de rocha total. Destas, predominam as amostradas pontuais dos pináculos (intervalo de 10 cm), das quais, 83 resultados estão disponíveis. A espectrometria foi realizada em CO2 liberado a partir de digestão ácida dos carbonatos à 72°C com ácido ortofosfórico, em configuração online utilizando preparador de gás GasBench II. Resultados foram referenciados à escala VPDB. Análises citadas foram realizadas no Instituto LAMIR (UFPR). Datação por 14C, para 36 amostras de rocha total, foi realizada via Espectrômetro de Aceleração de Massas no ETH-Zurich. Aguardamos envio dos resultados, portanto, não serão tratados aqui. Resultados A Laguna del Toro é um lago tipicamente alcalino (Alk média = 37,89 meq/L),do tipo Na-Cl (segundo diagrama de Piper), com PH = 8,68, cuja abundância iônica é de Cl>Na>SO4>HCO3. É depletado dos cátions Ca2+(13,5 meq/L) e Mg 2+ (78,2 meq/L), também evidenciado pelas razões de carbono inorgânico dissolvido (DIC)/Ca + Mg maior que 1 ( = 1,7) e Ca/Alk = 0,46. Em sua plana margem oriental, que se estende por até centenas de metros do nível lacustre atual, foram encontrados extesnos depósitos carbonáticos. Aqueles primários, bem preservados, ocupam posição próxima à água, por vezes criando arrecifes lago adentro. Ao se afastar da água, os depósitos passam a estar retrabalhados até constituírem cordões de fragmentos (centimétricos) de rocha carbonática. Os depósitos primários, foco da investigação, foram divididos em três grupos morfológicos, em ordem decrescente de ocorrência: 1) em estruturas do tipo mound ou dômica (Fig. 2); 2) em pináculos (Fig. 2); 3) restritos à espaços abertos de fraturas. O primeiro grupo é caracterizado por sua estrutura de até 100 cm, e coloração avermelhada. Ocorrem sobre o substrato do lago, cascalho polímitico com matriz lamosa, e podem formar os recifes citados. Fábrica de clots e shrubs centimétricos caracterizam sua estrutura interna, discretas laminações anastomosadas arqueada organizam a feição dômica. O segundo grupo é caracterizado por sua estrutura, de até ~3m e cor cinza claro amarelado. Textura em clots centimétricos, com laminação espaçada em decímetros, mais discreta que nos domos. Ocorrem sobre os mounds (Fig. 2) ou, quando distantes do nível atual, sobre o substrato do lago. Dados de laminações e eixos dos pináculos, tomados como paleocorrentes, estão compilados nos diagramas de rosetas da figura 2. Direções dos eixos predominam no quadrante SW, enquanto as direções das laminações predominam no quadrante NE. Compõe o terceiro grupo, ocorrências de carbonato em fraturas das rochas da Fm. Palomares (TOR II), com aberturas entre 5-20 cm. Sua textura é botroidal, com porosidade menor que os demais depósitos. Fraturas apresentam alto ângulo de mergulho (média de 75º) e polo máximo dos planos N59 e N239. Estes dados correspondem à direção de vento atual (oeste para leste). Esteiras microbianas vivas foram encontradas, localizadamente, em região de pouca profundidade (< 1 m), no espraiamento de drenagem que alimenta o lago, próxima ao ponto TOR VI. São pouco espessas (até 1 cm), de cor verde, sem laminações e com presença de poucos cristais esbranquiçados em seu interior. Os minerais mais abundantes, a partir dos resultados de DRX, são monohidrocalcita (MHC), aragonita, dolomita, calcita e quartzo, respectivamente. Mounds apresentam composição mais variável, predominando MHC, juntamente a demais fases carbonáticas e quartzo. Nos pináculos predomina a MHC, com variável presença de aragonita e, subordinadamente, dolomita e calcita. Ainda não há dados mineralógicos para os carbonatos em fraturas. Resultados de isótopos estáveis estão apenas disponíveis para os pináculos. Razões de carbono variam entre +2,40 a +4,48‰ (δ13C VPDB), média de +3,81‰. Valores de δ18O são negativos, variam entre -2,7 e -0,03‰ (VPDB), média de -1,05‰. Em diagrama de dispersão, δ13C e δ18O apresentam moderada covariação positiva (r2 de Pearson =+0,69). A figura 2 exemplifica as variações de isótopos e de conteúdo mineral em teores semi-quantitativos, para o ponto IV (de maiores pináculos). Observa-se a covariância entre δ13C e δ18O, e as variações mais abruptas, como em125 cm (+1,04‰ δ18O) e variação conjunta em 255-265 cm (-0,36‰ δ18O e -1,16 ‰ δ13C). A composição mineralógica parece responder, de certa forma, às variações isotópicas, exemplificada pela variação de δ18O em 125 cm, acompanhada pelo aumento percentual de aragonita em detrimento da MHC. Dados semi-quantitativos de FRX não foram eficazes na separação de distintas populações. Os óxidos mais comuns são CaO (~ 85%), MgO (~ 7,5%), SiO2 (~ 2,64%) e Na2O (~1,12%). Os primeiros, relacionados aos carbonatos, a sílica, proveniente do quartzo e o óxido de sódio da halita. Gráficos de correlação para MgO, SiO2, SrO e Fe2O3 em relação ao CaO mostram forte correlação negativa para MgO, SiO2, SrO e Fe2O3. O que parece corresponder à variação mineralógica. Figura 2 – Pináculos do ponto IV (280 cm) sobrecrescidos em mounds, onde estão marcados pontos de coletas de amostras e respectivos resultados semi-quantitativos de DRX. Ao lado, variação isotópica (a cada 10 cm) para o pináculo. Diagramas de rosetas reúnem eixos e planos de todo o lago. Discussões e Conclusões A falta de dados petrográficos impede maior interpretação acerca da gênese desses depósitos. As estruturas e macro-fábricas dos mounds e pináculos podem ser formadas tanto por processos inorgânicos (pináculos do Mono Lake - Whiticar & Suess, 1998) quanto bio-induzidos (trombólitos de Torres del Paine - Solari et al., 2010). Burne & Moore (1987) sugerem a utilização de δ13C para distinção da natureza da precipitação, neste sentido, os valores positivos aqui encontrados (+3,81‰ VPDB) indicariam mediação biológica. Dada por fracionamento isotópico pela fotossíntese de cianobactérias em comunidade microbial, enriquecendo o meio em 13C. Se considerarmos a precipitação destas rochas em equilíbrio com a água do lago, a covariância entre δ13C e δ18O sugere sistema hidrológico fechado (Li & Ku, 1996). Partindo da princípios sugeridos por Li & Ku (1996), fortes variações de δ13C-δ18O positivas, como em 255 cm dos pináculos, sugerem aumento de evaporação e produtividade. A variação negativa (em 265 cm) indicaria aumento de nível da água. Períodos de pouca covariação (como em ~135-215 cm) podem ser reflexo de nível estável. As variações de monohidrocalcita e aragonita parecem acompanhar estas variações isotópicas, indicando que estas devem variar com o ambiente. A MHC é metaestável em relação a aragonita e calcita. Sua formação está relacionada à ambientes ricos em Mg e pode ser desidratada e transformada nestes minerais (Rodríguez-Blanco et al., 2014). Podendo, então, as variações mineralógicas encontradas estarem no bojo dessas transformações. A dolomita é pouco comum em ambientes não-marinhos modernos, sua precipitação primária é registrada apenas por ação de bactérias sulfato-redutoras da Lagoa Vermelha (Vasconcelos et al., 1995). Por outro lado, pode ser comum em processos de diagênese prematura, em ambientes ricos em Mg (De Boever et al., 2017). Parâmetros físico-químicos da água indicam o modo de precipitação, associada a microbialitos, relacionável a tais condições, como proposto por Chagas et al (2016). A razão Ca/Alk da Laguna, juntamente aos valores positivos de δ13C, corresponderiam à precipitação por: concentração de Ca2+ e Mg2+ em EPS (substâncias poliméricas extracelulares), posterior degradação destas por bactérias heterotróficas e liberação catiônica (Chagas et al., 2016). A fonte destes cátions, no entanto, permanece uma incógnita, dada a sua baixa concentração na água atual da Laguna (que pode ter variado ao longo do tempo). Diversos depósitos formados por este modo, tiveram fontes catiônicas externas, como indica a compilação de Chagas et al (2016). Nestes casos a composição química dos depósitos reflete a composição dos fluidos externos e não da água do lago, implicando nas interpretações paleoambientais. Os carbonatos encontrados em fraturas do embasamento da Laguna podem ser a ligação entre as estruturas carbonáticas lacustres e a fonte de fluidos externa. Dados petrográficos serão primordiais para entender a gênese das diferentes fases mineralógicas e, então, poderemos compreender melhor os resultados aqui explicitados. Com novos dados e aporte de outras técnicas previstas, chegaremos em modelo geoquímico para o sistema carbonático. Poderemos, ainda, validar, ou não, as ferramentas isotópicas indicadoras de paleoambiente e avaliar a influência tectôno-estrutural e ambiental na precipitação carbonática na Laguna del Toro. Atividades Futuras Análisespetrográficas e de MEV (EDS), que foram atrasadas, devem ser realizadas, prioritariamente, em set–out de 2020. Com estes dados, escolheremos amostras para visualização em catodoluminescência e seleção de pontos para posterior determinação de δ37S, por laser ablation acoplado a MC-ICP-MS. Tais procedimentos devem ocorrer ao fim de 2020–início de 2021, nas dependências do Instituto LAMIR. Estavam previstas análises de Isótopos clumped (temperatura de fluidos) e datação por U/Th via MC- ICP-MS, que refinariam resultados, mas devido às condições excepcionais, estas podem não ocorrer. Agradecimentos À UFPR pela oportunidade e estrutura. Ao Instituto LAMIR pelo suporte técnico e material. Ao Projeto Diagenisis, pelo apoio financeiro. Aos técnicos do ILAMIR por toda sua dedicação. Aos professores Dr. Maurício Calderón, Dr. Gustavo B. Athayde, Dr. Edenilson R. do Nascimento e estudantes da Universidad Andrés Bello que acompanharam o campo. Ao LPH pela análise de parâmetros físico-químicos das águas. Referências AGRIMED. (2017). Atlas agroclimático de Chile – Estado actual y tendências del clima. Tomo VI, Región de Aysén y Magallanes. Disponível em: http://www.agrimed.cl/atlas/tomo6.html. Benn, D. I. & Clapperton, C. M. (2000) ‘Glacial Sediment–Landform Associations and Paleoclimate during the Last Glaciation, Strait of Magellan, Chile’, Quaternary Research, 54(1), pp. 13–23. doi: 10.1006/qres.2000.2140. Breitsprecher, K. and Thorkelson, D. J. (2009) ‘Neogene kinematic history of Nazca-Antarctic-Phoenix slab windows beneath Patagonia and the Antarctic Peninsula’, Tectonophysics. Elsevier B.V., 464(1–4), pp. 10–20. doi: 10.1016/j.tecto.2008.02.013. Burne, R. V., & Moore, L. S. (1987). Microbialites; organosedimentary deposits of benthic microbial communities. Palaios, 2(3), 241-254. Chagas, A. A., Webb, G. E., Burne, R. V., & Southam, G. (2016). 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INTRODUÇÃO Atualmente, dentre alguns obstáculos para a alta produtividade em empreendimentos de mineração chamam a atenção: o valor mais baixo dos metais, o alto custo de diluição e o decrescente teor dos depósitos minerais. Dentre todas as demandas das atividades mineiras, a estabilidade dos taludes remanescentes, objeto de estudo desse trabalho, e o cumprimento da linha de avanço planejada são de suma importância para a explotação mineral eficiente e segura. Para a preservação dos taludes deve-se entender melhor a geração de danos nas paredes remanescentes. Assim, para se obter a mitigação dos efeitos gerados pelas detonações é necessário criar modelos representativos que combinem os fatores geomecânicos do maciço rochoso lavrado com os parâmetros considerados para sua detonação, para assim dimensionar planos de fogo que atendam aos requisitos de avanço e estabilidade dos taludes construídos. Este trabalho busca suprir a necessidade de uma mina no Brasil, onde se tem o desafio de obter paredes mais estáveis que cumpram a linha de avanço planejada. Pretende-se criar um método que possa ser replicado em toda a mina, gerando e analisando um modelo de atenuação de vibrações e onda elementar (onda sísmica gerada por um único furo carregado com explosivos) representativo de um dos domínios litológicos da mina. A partir da criação deste modelo de simulações, realizaram-se analises de diversos desenhos de fogo, buscando aquele que induza o menor dano às paredes, cumprindo a linha de avanço planejada. Além disso, validou-se tal modelo pela avaliação, em campo, da relação entre vibração e dano por meio da filmagem no interior de furos perfurados a montante de dois desmontes realizados: o primeiro com o plano de fogo atual da mina e o segundo com o novo plano, proposto de acordo com o modelamento executado. 2. OBJETIVOS Este projeto tem por objetivo compreender a resposta dinâmica dos maciços rochosos, bem como a propagação de onda induzida por detonações usando monitoramentos sismográficos, modelos matemáticos propostos na literatura e simulação computacional baseada no método de Onda Elementar e nos valores de velocidade de vibração crítica. Especificamente pretende-se elaborar um modelo que caracterize o fenômeno de propagação e atenuaçãode ondas mecânicas através da rocha para, assim, caracterizar a zona de dano nela causada pelo desmonte, gerando como produto final planos de fogo que atendam as necessidades quanto ao cumprimento da linha de fase planejada. 3. METODOLOGIA A metodologia foi definida de maneira a propiciar a geração de um modelo de danos representativo, com base na determinação da velocidade de vibração de partícula crítica característica do maciço rochoso estudado, para simular e testar diferentes planos de fogo. O modelo gerado pode ser calibrado a partir do imageamento dos furos de controle perfurados a montante dos desmontes e da consequente determinação in situ dos danos induzidos ao maciço. Assim, foi escolhida a área de estudo, de acordo com a disponibilidade operacional da mina, seguida pela caracterização em campo do maciço rochoso e domínio litológico a ser estudados (classificação geomecânica e captura de ondas sísmicas por meio de uso de geofones e cargas explosivas conhecidas), construção do modelo de dano e onda elementar, simulações de diferentes planos de fogo (parâmetros que mais afetam o maciço) e desmontes testes (verificação da representatividade do modelo). Desta forma foi possível entender o comportamento do dano induzido na região estudada da mina. A figura 1 ilustra essa metodologia. Figura 1. Fluxograma da metodologia utilizada nesse estudo Esse trabalho foi conduzido na região entre o cratón Amazônico a noroeste e o São Francisco a sudeste e no norte-nordeste com o arco Mara Rosa. Essa área é compreendida por rochas metaplutônicas de granulação média a grossa de rochas com composição diorítica a tonalítica mostram localmente texturas plutônicas bem preservadas, como enclaves e porfiríticas. (Miranda et. Al., 2018) Toda a caracterização geológica da área (estrutural, regional e local) foir realizada com base em revisões de publicações disponíveis na literatura sobre a região. 4. RESULTADOS Apresentam-se a seguir, de forma sucinta, os resultados dos testes de campo e das simulações computacionais. 4.1 ESTUDO DE SÍSMICA EM CAMPO CURTO E ENTENDIMENTO RELAÇAO EXPLOSIVO MACIÇO Foi possível medir registros de ondas elementares em campo curto, em dois geofones cimentados dentro de furos no domínio litológico estudado, os quais carregam informações importantes para este estudo. Com os dados capturados foi possível obter um valor médio da 𝑉𝑝 (velocidade de propagação de onda primária) de 4926 m/s. Tal valor, consideravelmente alto, indica alta competência do meio, corroborada pelas informações geomecânicas do maciço. Assim, utilizando a equação 1, foi possível determinar a velocidade de vibração de partícula crítica característica desse maciço rochoso. O valor encontrado para o biotitito nas condições apresentadas foi 897 mm/s. PPVc = σt × Vp E (1) Onde PPVc corresponde à velocidade de vibração de partícula crítica [m/s], σt é a resistência a tração da rocha intacta [Mpa], Vp a velocidade de propagação de ondas primárias [m/s], E o módulo de elasticidade ou módulo de Young [Mpa]. De acordo com Adamsom & Scherpenisse (2000) é esperada a dilatação e/ou abertura de fraturas quando a vibração atinge a faixa entre 1 e ¼ da PPVc e sobreescavação quando o nível de vibração induzido pelo desmonte excede em 4 vezes a PPVc. Estas foram as métricas utilizadas de dano induzido neste trabalho. 4.2 CONSTRUÇÃO DE UM MODELO REPRESENTATIVO Prosseguiu-se com a criação do modelo de atenuação de vibrações característico das ondas capturadas em campo. Para isso se computou a distância de cada carga explosiva até o geofone utilizando as coordenadas de GPS fornecidas pelo staff da mina. Seguiu-se com o cálculo da distância escalonada, conforme proposto por Devine et al. (1966), utilizando a soma vetorial dos três componentes da vibração medidos com o geofone triaxial (Longitudinal, Transversal e Vertical). Uma vez obtidos os valores de distância e distância escalonada (distância/raiz da carga explosiva) de cada furo ao geofone e medidas as respectivas PVS1 determinaram-se as constantes K e n por meio de regressão estatística. A equação característica é destacada pela equação 2. Sendo assim o valor de K encontrado é 725 e o valor de n é -1,81 e o coeficiente de correlação (R²) de 0,92, indica um alto grau de representatividade da curva. PPV = 725 × ( D √W ) −1,81 (2) 4.2 SIMULAÇÕES E RECONHECIMENTO DOS PARÂMETROS DO PLANO DE FOGO QUE MAIS AFETAM O TALUDE Com o modelo de atenuação de vibrações representativo do maciço em estudo, as ondas elementares capturadas com seus respectivos parâmetros característicos e os valores de PPVc como referência foi possível iniciar as simulações, que envolveram a variação dos parâmetros de fogo, respeitando as restrições operacionais locais e o tipo de explosivo disponível (apenas emulsão gaseificada): O tamanho dos desmontes; A geometria da malha; O diâmetro de perfuração (171 ou 215 mm); O tamanho do banco (10 ou 20 m); A configuração de carregamento (utilização de amortecimento); A temporização e sequenciamento. Para cada situação foram criados mapas de calor em função da PPV encontrada, ponto a ponto, em comparação com a PPV crítica. Assim, se quantificou a zona alterada no maciço onde se esperava até ¼ da PPV crítica, que é onde ainda se tem alguma extensão de fraturas pré-existentes. A tabela 1 ilustra os diferentes cenários, detalhando o que foi mudado em cada uma das simulações, tendo o cenário A como base para as análises. Tabela 1. Cenários simulados no modelo de atenuação de vibração e onda elementar. Diâmetro (mm) Afastamento (m) Espaçamento (m) N Filas Altura do banco (m) Linhas de amortecimento Temporização A 171 4 4,5 8 10 0 Perpendicular B 171 4 4,5 10 10 0 Perpendicular C 171 4 4,5 12 10 0 Perpendicular D 171 4 4,5 8 10 0 Paralelo E 171 4.8 5.5 8 10 0 Perpendicular F 215 4.8 5,5 8 10 0 Perpendicular G 171 4 4,5 8 20 0 Perpendicular H 171 4 4,5 8 10 1 Paralelo I 171 4 4,5 8 10 2 Paralelo Em vista dos resultados esperados de dano esperado em função da PPVc foram gerados mapas de calor para cada um dos cenários a fim de entender a extensão do dano em função da vibração esperada. Os 1 PVS: Peak Vector Sum, corresponde à Velocidade de Vibração de Partícula Resultante de Pico (VR), definida pela NBR 9653 (ABNT, 2018) como o máximo valor obtido pela soma vetorial das três componentes ortogonais simultâneas de velocidade de vibração de partícula. resultados de cada cenário foram comparados para determinar, dentro dos parâmetros analisados, aqueles que mais contribuem para a extensão do dano ao maciço rochoso, como detalha a tabela 2. Tabela 2. Comparativo entre a extensão de dano esperado para os diferentes cenários. Ext. dano (m) Redução Razão de H A 17.7 - 1.8 B 17.9 -1% 1.8 C 17.4 1% 1.7 D 16.5 7% 1.6 E 16.6 6% 1.7 F 20.0 -13% 2.0 G 21.7 -23% 1.1 H 13.1 26% 1.3 I 10.1 43% 1.0 Foram executados dois desmontes testes com dois diferentes cenários: A e H. Nesses desmontes foram gerados mapas de calor para análise de vibração de acordo com o modelo e perfurados furos para filmagem e inspeção a montante dos polígonos do desmonte. Nestas inspeções registraram-se o estado do maciço antes e após a detonação, permitindo correlacionar o aparecimento de novas fraturas ao dano gerado pelos desmontes. A figura 1 ilustra o polígono desmontado no primeiro teste, com o plano de fogo referente ao cenário H, e o respectivo mapa de calor, mostrando a localização dos furos de inspeção (furos na parte de traz do polígono) e em preto o talude remanescente após o desmonte, assinalando uma boa aderência entre o esperado e o real. PPV (mm/s) PPVc/4 PPVc 2xPPVc 4xPPVc 8xPPVc 224 897 1794 3588 7176 Figura 1. Em A) croqui do polígono a ser desmontado destacando em preto família de fraturas com direção