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Livro “Uma Verdade Inconveniente” - Al Gore O objetivo do presente projeto é a neutralização das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) causadas pela produção e distribuição da edição em português do livro “Uma Verdade Inconveniente – O que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento global”, do ex-vice-presidente americano Al Gore, através do plantio de espécimes arbóreas nativas em áreas de proteção ambiental (APA). O novo livro de Al Gore faz parte de seu projeto de conscientização ambiental, que inclui palestras ao redor do mundo e o documentário homônimo, onde são apresentados dados incontestáveis sobre a crise climática provocada pela ação do homem no planeta. Com base em pesquisas realizadas por especialistas e instituições de renome, e compilando dados e exemplos no mundo inteiro, Al Gore produz uma obra eficaz de alerta sobre o aquecimento global. Narra também parte de sua trajetória de vida, focando os pontos- chave que o fizeram voltar a atenção para o ambiente. As emissões de GEE atribuídas ao livro foram absorvidas por um reflorestamento realizado nas margens do Rio Gregório, município de São Carlos (Fotos 1, 2 e 3 em anexo). Através deste reflorestamento será possível melhorar a qualidade ambiental da área que se apresenta degradada e contribuir para o combate às mudanças climáticas através da fixação do carbono nas árvores. O projeto consiste de duas etapas. A primeira é a produção do Inventário de Emissões de GEE relativas à produção do livro na Editora Manole, localizada em Barueri-SP, e a sua distribuição por todo Brasil. A segunda é estimar o número de árvores a serem plantadas para absorver da atmosfera este montante de GEE (quantificados em CO2 equivalente), tornando o livro “neutro em carbono”. Inventário de Emissões de GEE Neste inventário, todas as emissões de GEE contabilizadas foram expressas na forma de toneladas de dióxido de carbônico equivalente (CO2e), seguindo o padrão mundial estipulado pelo Intergovernamental Pannel on Climate Change (IPCC), órgão científico para assuntos de mudanças climáticos da ONU. CO2e é uma medida utilizada para comparar as emissões de vários gases de efeito estufa baseado no potencial de aquecimento global de cada um. O dióxido de carbono equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas do gás pelo seu potencial de aquecimento global. Para a produção do presente Inventário foram utilizados dados fornecidos pela Manole, editora desta versão nacional do livro. Os dados fornecidos foram requeridos através de um questionário produzido pela The Green Initiative e entregue aos responsáveis. Estes dados consistem na descrição do tipo e quantidade dos materiais que compões o livro e embalagem, lote a ser distribuído e forma de distribuição, incluindo meio de transporte e distâncias percorridas. Para estimar as emissões relativas a cada um dos itens considerados, foi utilizado o software Global Emission Model for Integrated Systems (GEMIS 4.3) do Instituto OEKO, o qual se baseia na ferramenta de Análise de Ciclo de Vida associada a fatores de mudanças climáticas do IPCC para obter o fator de emissão de GEE (tCO2e/Kg) de cada material. Todas as tabelas com dados e cálculos estão em anexo (Tabelas 1 a 5). Os resultado final do Inventário foi a emissão de 20,4 tCO2e para a produção e transporte de um lote de 5.000 livros. Reflorestamento Esta é a etapa de implantação do Projeto. A partir do resultado final obtido na primeira etapa – quantidade total de GEE emitido em função da produção e distribuição do livro - , o número de espécies arbóreas nativas a serem plantadas será calculado. As árvores serão plantadas nas margens do Rio Gregório, município de São Carlos. A equação utilizada para calcular do número de árvores a serem plantadas é: N = Et / Ff equação 1 Onde: N – número de árvores a serem plantadas; Et – emissão total de GEE estimada na primeira etapa desta metodologia (tCO2e); Ff – fator de fixação de carbono em biomassa no local de implantação do projeto (tCO2e/árvore). Fator de Fixação O Fator de Fixação utilizado neste projeto foi estimado em estudos anteriores (Martins, 2004) como segue: Para compensar as emissões de gases de efeito estufa, estimadas na primeira etapa do projeto, foi aplicada uma metodologia de planejamento e quantificação de carbono em reflorestamentos com espécies nativas. O primeiro passo foi determinar as espécies que serão plantadas. Em seguida foi estimada a quantidade de carbono que esse reflorestamento irá absorver da atmosfera durante o seu crescimento. Desta maneira é possível determinar o tamanho da área que será reflorestada para compensar as emissões do projeto. Um fator fundamental para o sucesso dos plantios consiste na escolha das espécies mais apropriadas a serem utilizadas. Devem-se priorizar as espécies do próprio ecossistema e da própria região do plantio, pois estas terão muito mais oportunidade de adaptação ao ambiente, além de garantir a conservação da diversidade regional. Para esta escolha, pressupõem-se levantamentos florísticos e fitossociológicos prévios em remanescentes florestais próximos e em condições semelhantes ao local de implantação. A escolha das espécies que serão utilizadas nos reflorestamentos deste projeto foi feita a partir de um estudo de campo onde remanescentes de floresta ciliar foram analisados. Neste estudo foram instaladas 50 amostras de 300m2 (50m x 6 m) e dentro de cada amostra foram classificados todos os indivíduos com CAP (Circunferência na Altura do Peito) > 15 cm. O número médio de indivíduos por hectare encontrado foi de 1.551 e foram listadas 172 espécies pertencentes a 134 grupos e 32 famílias. Uma vez em poder da lista de espécies nativas que constituem a cobertura florística original da região, o passo seguinte foi estabelecer a composição florística de um hectare de reflorestamento. Essa determinação levou em conta diversos aspectos. Aspectos de sucessão da vegetação, características ambientais do local, população original de cada espécie, risco de extinção, assim como um limite mínimo de diversidade baseado na resolução 21 da Secretaria Estadual do meio Ambiente do Estado de São Paulo (80 espécies diferentes por hectare). As espécies foram então divididas entre em pioneiras (P) 50%, secundárias (S) 25% e climácicas (C) 25%, para facilitar o plano de recuperação das áreas de reflorestamento. Para estimar a quantidade de biomassa em um hectare de floresta nativa foi utilizado o método não destrutivo. Este método baseia-se em análise dimensional, isto é, na relação alométrica existente entre dimensões de diferentes partes de um mesmo organismo e na manutenção da razão relativa de crescimento. Neste método, procura-se estabelecer uma relação entre dados dendrométricos facilmente coletados em campo, tais como o diâmetro e a altura do fuste, medidas coletadas com arvore em pé, com os pesos dos elementos componentes da árvore como tronco, galhos, folhas e casca. Assim sendo, diâmetros de uma amostra de árvores são medidos e convertidos em estimativas de peso de biomassa utilizando-se equações de regressão alométricas. Esse tipo de equação existe para muitos tipos de florestas; algumas são específicas para um determinado lugar, enquanto outras, particularmente nas regiões tropicais, são mais genéricas (ALVES et al., 1997; BROWN, 1996; SCHROEDER et al., 1997). Ainda, segundo publicação do IPCC (Intergovernamental Pannel on Climate Change), em seu relatório específico sobre o tema "Land-use, land-use change and forestry", no item 2.4.2.1.2, que descreve os métodos para estimar a biomassade uma árvore, cita que: “Cortar e pesar um número suficiente de árvores para produzir equações alométricas locais pode ser extremamente caro e consumir muito tempo, o que pode estar além do objetivo de determinados projetos. A vantagem de se utilizar equações genéricas é que elas são baseadas em um número grande de equações e abordam uma grande variedade de diâmetros, fatores que aumentam a precisão das equações...” Como citado anteriormente, nas medidas realizadas no campo foram consideradas apenas as árvores com CAP maior ou igual a 15 cm. Assim sendo, o número médio de indivíduos por hectare fica sempre subestimado, já que as árvores com o diâmetro e a altura do peito inferior a este valor não aparecem nas amostras. Para a elaboração de um projeto de seqüestro de carbono, é preferível que a estimativa do potencial seja subestimada a super estimada, aumentando assim a confiabilidade do projeto. A definição do CAP mínimo está vinculada ao fato de que as equações alométricas disponíveis perdem drasticamente a confiabilidade quando aplicadas para valores abaixo deste limite. Partindo destes princípios, foram utilizadas várias abordagens combinando várias equações alométricas com diferentes grupos de dados até a identificação da melhor alternativa, alternativa esta que apresentou o melhor resultado estatístico quando comparada a realidade de campo. Na utilização dessas equações, o valor obtido para a biomassa (Y) é dividido por mil para obter o resultado em toneladas. O valor em toneladas é então multiplicado por 0,5 para obter as toneladas de carbono. A multiplicação por 0,5 é efetuada porque na bibliografia disponível, em média, a matéria vegetal contém 50% de carbono, uma vez que água é removida (MACDICKEN, 1997). O valor obtido é então dividido pelo tamanho da parcela amostrada (em m2) para então obter o valor em tC/m2. Multiplicando esse valor por 10.000 m2, obtem-se, o valor em tC/ha. Desta forma, a metodologia utilizada para a determinação da quantidade de carbono no reflorestamento de mata ciliar foi: 1. Instalar um número significativo de parcelas amostrais fixas nos remanescentes de mata ciliar da região de estudo. As amostras foram georreferenciadas com o auxilio de um GPS (global positioning system). 2. Dentro de cada amostra, todas as árvores com CAP maior que 15 cm foram identificadas por espécie e classe de diâmetro tendo a circunferência na altura do peito medida. 3. A partir desses dados foi possível determinar para cada amostra o número médio de indivíduos e o CAP médio para cada espécie dentro de cada uma das categorias de diâmetro. Finalmente, com a utilização de uma equação alométrica desenvolvida para a área de estudo, a quantidade de biomassa acima do solo presente no reflorestamento foi estimada. A Figura 14 mostra a distribuição dos valores de toneladas de carbono em função do número de amostras encontradas entre as amostras analisadas. É possível observar que 11% das amostras se encontram na faixa entre 20 e 40 tC/ha. Parcela similar (12%) ocorre para a faixa entre 100 e 140 tC/ha. A grande maioria das amostras (77%) se encontra na faixa entre 40 e 100 tC/ha. Ainda é possível observar que do total 12 amostras (31%) se encontram na faixa entre 60 e 80 tC/ha. Após a análise dos resultados da simulação e comparando os mesmos com os resultados das simulações feitas com os dados obtidos em campo e com os valores estimados de carbono em diversos ecossistemas, é possível estimar que um hectare de mata ciliar reflorestado com 1600 indivíduos no município de São Carlos , conterá em média 78 tC em biomassa acima do solo. Em seguida, foi feita uma estimativa da quantidade de carbono que existe atualmente nas áreas que serão reflorestadas. A partir das imagens de satélite e de idas ao campo foram definidas duas categorias principais de cobertura vegetal nas áreas a serem reflorestadas: 1. Pasto 2. Capoeira Nas áreas onde existe pasto a quantidade de carbono armazenada na forma de biomassa está entre 2 tC/ha e 10 tC/ha. Esta estimativa depende do tipo de gramínea cultivada, da qualidade do solo e ha quanto tempo a área foi abandonada. Nas áreas de capoeira essa quantidade é de aproximadamente 8 tC/ha (RESENDE,2001). O próximo passo foi determinar qual a porcentagem da área a ser recuperada está coberta com cada uma dessas coberturas especificadas. Essa determinação foi feita com o auxílio das imagens de satélite e de fotografias aéreas e novamente, idas ao campo. A partir desta análise concluiu-se que 58% das áreas a serem recuperadas se encontram cobertas por capoeira e 42% por pasto. Assim sendo é possível considerar que nas áreas que serão reflorestadas existe em média 7tC/ha. Desta forma a remoção líquida de carbono da atmosfera será de 71tC/há, considerando-se apenas a biomassa acima do solo. Segundo SCHROEDER & WINJUM (1995) utiliza-se um fator de 23% para a relação entre a quantidade de biomassa contida na raiz e na parte aérea de uma árvore, CERRI et al. (2000) utiliza o valor de 18,7%. Para estimar a quantidade de carbono nas raízes foi utilizada uma abordagem conservadora considerando um valor de 16%. Considerando que os reservatórios de carbono previstos pelo MDL para serem analisados nos projetos de LULUCF podem incluir: 1. biomassa acima do solo. 2. biomassa abaixo do solo. 3. serrapilheira. 4. madeira morta. 5. matéria orgânica no solo. A abordagem utilizada considera a utilização de apenas dois desses reservatórios. A biomassa acima do solo e a biomassa abaixo do solo. A primeira é calculada seguindo a metodologia descrita anteriormente, e a biomassa abaixo do solo é estimada indiretamente utilizando a relação de 16% da biomassa acima do solo. Assim sendo a remoção líquida de carbono da atmosfera na região de estudo será de aproximadamente 80 tC/ha, o que equivale a 290 tCO2 eq por hectare. Esta quantidade será atingida em um período de aproximadamente 30 anos, quando a floresta atingir o estagio clímax. Considerando um número médio de 1.600 indivíduos por hectare, o fator de fixação utilizado para dimensionar o reflorestamento é de 0,18 tCO2e/árvore. Resultados Através da metodologia de analise de fixação de carbono em biomassa e da equação1, chegamos ao número de 113 árvores a serem plantadas. Considerando que em um projeto de reflorestamento com espécies mistas há uma mortalidade normal de mudas (de 10 a 20%) e a abordagem conservativa sempre utilizada em nossos projetos, o número final de árvores a serem plantadas a fim de neutralizar as emissões relativas à produção e distribuição do livro “Uma Verdade Inconveniente” é de 136 árvores (Tabela Final em anexo). As 136 árvores foram plantadas junto às árvores referentes aos projetos realizados pela TGI no ano de 2005 e 2006, nas margens do Rio Gregório, Sítio Santa Maria, município de São Carlos – SP (Fotos 1, 2 e 3) em 10/2006, contribuindo para a formação de um corredor de biodiversidade e para a preservação dos recursos hídricos da região. O Restauro Florestal foi projetado levando em conta critérios de máxima diversidade de espécies estabelecidos pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Foram plantadas 85 espécies nativas diferentes respeitando critérios de divisão por classe de sucessão e condições específicas do local escolhido, visando restaurar a vegetação nativa da área ao mais próximo possível de sua condição original. ANEXO Foto 1. Sítio Santa Maria, município de São Carlos. As árvores do presente projeto foram plantadas na área delineada em amarelo. A linha vermelha representa o reflorestamento realizado em 2005. O fragmento florestal no canto inferior esquerdo da foto abriga a nascentedo Rio Gregório. Figura 2. Antigo pasto degradado no Sítio Santa Maria. Mudas plantadas em outubro de 2005 e área de implantação das árvores do presente projeto. Figura 3. Sítio Santa Maria. Trabalhadores preparando a área de implantação das árvores. Tabela 1. Dados Gerais Tiragem Formato (dimensões) Área (m2) Número de Páginas Peso do livro (Kg) 5.000 exemplares 21x18 cm 0,038 /folha 281 735g 21,2 área total de impresão Tabela 2. Materiais 2.1. Papel Tipo do Papel Gramatura Quantidade Bruta (kg) Emissões de CO2e (t) 1 couchê fosco (miolo) 115 g 5.844 5,21 2 Supremo Alto Alvura 300 g 364 0,32 Total 6.208 5,53 2.2. Tintas Tipo da Tinta Cor Quantidade (Kg) Emissões de CO2e (t) 1 NovaBoard BASF preto 19,8 0,006 2 NovaBoard BASF cyan 19,8 0,006 3 NovaBoard BASF magenta 19,8 0,006 4 NovaBoard BASF amarelo 19,8 0,006 Total 79,2 0,024 2.3. Vernizes ou Revestimento Tipo de Verniz ou Revestimento Especificações Quantidade Quantidade total (Kg) Emissões de CO2e (t) 1 Base d'água aprox 2 g/m2 de área aplicada 0,424 0,000 2 Laminação polipropileno aprox 10 g/m2 de área aplicada 2,12 0,005 3 Plastificação Polietileno aprox 15 g/m2 de área aplicada 3,18 0,022 Total 0,027 2.4. Embalagem Tipo de embalagem Especificações Quantidade (Kg) Emissões de CO2e (t) 1 Caixas de papelão onda simples 500 0,312 Tabela 3. Consumo Energético. Consumo Energia Elétrica Tipo de Máquina Potencia (kW) Número de horas Consumo (kWh) Emissões de CO2e (t) 1 Impressora Plana Hidelberg 50 32,06 1603 0,428 Tabela 4. Emissões Editora (consumo de eletricidade e água, produção de lixo e esgoto). Pessoal Total de horas Observações Emissões de CO2e (t) 44 65,97 Impressão/Acabamento Editora Manole 0,043 Tabela 5. Transporte. Distribuição Meio de Transporte Distância Percorrida (km) Observações Emissões de CO2e (t) São Paulo Porto Alegre Recife Rio de Janeiro Belo Horizonte Niteroi Salvador Curitiba Nova Iguaçu Vitoria Cuiaba Feira de Santana Taguatinga Petropolis Aracaju Itapema Florianopolis Governador Valadares Vitória da Conquista Caminhão 100 da fábrica às livrarias 0,036 1119 em rodovias 0,811 2660 em rodovias 1,927 429 em rodovias 0,311 500 em rodovias 0,362 480 em rodovias 0,348 1500 em rodovias 1,087 350 em rodovias 0,254 450 em rodovias 0,326 957 em rodovias 0,693 1634 em rodovias 1,184 1846 em rodovias 1,337 1015 em rodovias 0,735 463 em rodovias 0,335 2174 em rodovias 1,575 633 em rodovias 0,459 705 em rodovias 0,511 914 em rodovias 0,662 1460 em rodovias 1,058 Total 19389 14,011 Tabela 6. Resultados Finais Emissões Finais (t CO2e) Árvores Árvores + 20% 20,38 113 136 N = Et / Ff equação 1 Resultados ANEXO
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