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UNIVERSIDADE FEDERAL RIO GRANDE NORTE CENTRO CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA ADRIANA FERNANDES SANTA ROSA FELIX INDÚSTRIA 4.0: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL. NATAL/RN 2022 ADRIANA FERNANDES SANTA ROSA FELIX INDÚSTRIA 4.0: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL. Monografia de Graduação apresentada ao Departamento de Economia da UFRN como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Economia. Orientador (a): Prof. (a) Thales Augusto Medeiros Penha Natal/RN 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Elaborado por Shirley de Carvalho Guedes - CRB-15/440 Felix, Adriana Fernandes Santa Rosa. Indústria 4.0: desafios e oportunidade para a indústria têxtil no Brasil / Adriana Fernandes Santa Rosa Felix. - 2022. 51f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Curso de Ciências Econômicas, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Thales Augusto Medeiros Penha. 1. Economia - Monografia. 2. Indústria 4.0 - Monografia. 3. Indústria têxtil - Monografia. 4. Pesquisa industrial - Monografia. 5. Inovação tecnológica - Monografia. I. Penha, Thales Augusto Medeiros. II. Título. RN/UF/CCSA CDU 330.34 ADRIANA FERNANDES SANTA ROSA FELIX INDÚSTRIA 4.0: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL. Monografia de Graduação apresentada ao DEPEC/UFRN como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Economia. Aprovada em: _15_/02_/_2022 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Thales Augusto M. Penha Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte __________________________________________ Prof. José Antônio Nunes de Souza Examinador externo Universidade do Estado do Rio Grande do Norte “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” Guimarães Rosa RESUMO A produção industrial apresenta muitos desafios e a expressão da moda é a Indústria 4.0 que apresenta diversos componentes como sistemas ciber-físicos, Big Data, armazenamento em nuvem, internet das coisas, internet dos serviços, impressão 3D, ciber-segurança, realidade aumentada e robôs autônomos. Esse trabalho apresenta uma discussão sobre a Indústria 4.0 e seus diferentes componentes como também o direcionamento para as Indústrias Têxteis. Inicialmente foi realizada uma pesquisa na base de dados SCIELO - Biblioteca Eletrônica Científica Online utilizando a palavra-chave Indústria 4.0. O resultado indicou que esse tema já é discutido desde o ano 2000 com uma publicação envolvendo esse assunto. Entre 2001 e 2007 não foram identificados artigos sobre o tema. Porém, nos anos de 2008, 2011, 2014, 2015 e 2016 observa-se uma publicação. Em 2010 foram publicados dois artigos e a partir de 2017 observa-se um crescimento no número de publicações com predominância para o ano de 2020 com 24 artigos. Também neste trabalho foi realizada uma pesquisa utilizando dados disponíveis em tabelas da PINTEC - Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica no período de 2015 a 2017. Dentre os dados observados, verifica-se que das 990 empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas para a indústria envolvendo fabricação de produtos têxteis, 47 desenvolveram uma alta atividade interna de pesquisa, 42 uma média atividade e 902 não desenvolveu e apresentou uma baixa atividade. Esses dados indicam um potencial na implantação das inovações nas indústrias têxteis. PALAVRAS-CHAVE: Indústria 4.0, indústria têxtil, PINTEC. ABSTRACT Industrial production presents many challenges and the fashionable expression is Industry 4.0, which presents several components such as cyber-physical systems, Big Data, cloud storage, internet of things, internet of services, 3D printing, cyber-security, augmented reality and autonomous robots. This work presents a discussion about Industry 4.0 and its different components as well as the direction for Textile Industries. Initially, a search was carried out in the SCIELO database - Scientific Electronic Library Online using the keyword Industry 4.0. The result indicated that this topic has been discussed since the year 2000 with a publication involving this subject. Between 2001 and 2007, no articles on the topic were identified. However, in the years 2008, 2011, 2014, 2015 and 2016, one publication was observed. In 2010, two articles were published and from 2017 onwards, there is an increase in the number of publications, with a predominance of 2020 with 24 articles. Also in this work, a research was carried out using data available in PINTEC tables - Industrial Research of Technological Innovation from 2015 to 2017. Among the observed data, it appears that of the 990 companies that implemented innovations, by degree of importance of innovative activities for the industry involving the manufacture of textile products, 47 developed a high internal research activity, 42 a medium activity and 902 did not develop and showed low activity. These data indicate a potential in the implementation of innovations in the textile industries. KEYWORDS: Industry 4.0, textile industry, PINTEC. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Estatística dos periódicos e números de publicação que apresenta discussão sobre o tema Indústria 4.0 segundo a base de dados Scielo. 14 Figura 2 Número de publicações por ano que discutem o tema Indústria 4.0 segundo a base de dados Scielo. 15 Figura 3 Estatística das áreas temáticas que discutem o tema Indústria 4.0 segundo a base de dados Scielo. 16 Figura 4 Componentes da Indústria 4.0 19 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Dados da Indústria Têxtil referentes ao ano de 2019 (atualizados em agosto de 2021). 25 Quadro 2 Implementação de projetos de inovação por setor. - PINTEC (2015 - 2017). 33 Quadro 3 Responsável pelo desenvolvimento de produto e/ou processo nas empresas que implementaram inovações - PINTEC (2015 - 2017). 35 Quadro 4 Métodos de proteção das inovações de produto - PINTEC (2015 - 2017). 37 Quadro 5 Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas - PINTEC (2015 - 2017) – PARTE A 39 Quadro 6 Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas - PINTEC (2015 - 2017) – PARTE B 41 Quadro 7 Fontes de Financiamento das atividades internas de P&D - PINTEC (2015 - 2017). 43 Quadro 8 Pessoas Ocupadas nas atividades de P&D - PINTEC (2015 - 2017). 45 LISTA DE ABREVIATURAS E/OU DE SIGLAS ABIT Associação Brasileira de Indústria Têxtil e Confecções CNI Confederação Nacional da Indústria FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMD Instituto Metrópole Digital PINTEC Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica SCIELO Biblioteca Eletrônica Científica Online SUDENE Superintendência do desenvolvimento do Nordeste UFRN UniversidadeFederal do Rio Grande do Norte UPE Universidade de Pernambuco https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,o-brasil-e-a-industria-40,70003055570 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10 2. METODOLOGIA ....................................................................................................... 12 3. A INDÚSTRIA 4.0 ...................................................................................................... 17 3.1 As evoluções tecnológicas na indústria ....................................................................... 17 3.2 Conceituando a Indústria 4.0 ...................................................................................... 18 3.3 Componentes da indústria 4.0 .................................................................................... 19 3.4 Indústria 4.0 e o impacto no setor têxtil ...................................................................... 22 4 A INDÚSTRIA TÊXTIL ................................................................................................. 24 4.1 No Brasil ....................................................................................................................... 24 4.2 A evolução da Indústria têxtil no Brasil ...................................................................... 26 5 DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL ............. 28 6 CONCLUSÃO ............................................................................................. 46 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 47 10 1 INTRODUÇÃO O processo de produção, distribuição e consumo no sistema econômico é alterado profundamente quando emergem novos paradigmas tecnológicos que rompem com antigas trajetórias tecno-produtivas e abrem novos caminhos. Neste processo, novas interações e conexões são criadas, assim como setores são destruídos, outros criados, e muitos reordenados a um novo cenário. A produção industrial enfrenta grandes desafios com a adoção de novos sistemas de informação e novas tecnologias (RIBEIRO, 2017). Com isto, a quarta revolução industrial, ou, a chamada indústria 4.0, emerge a partir da incorporação de três grandes trajetórias tecnológicas: Big data, machine learning e a Internet das coisas. Este processo permite a digitalização da atividade industrial no qual é caracterizada pela integração e controle da produção a partir de sensores e equipamentos conectados em rede e da fusão do mundo real com o virtual, criando os sistemas ciber-físicos e viabilizando o emprego da inteligência artificial (CNI, 2016). Segundo Ribeiro (2017), a partir de então, criam-se sistemas de produção inteligentes que significam a união de tecnologias físicas e digitais e a integração de todas as etapas do desenvolvimento de um produto, contribuindo de uma forma positiva para o aumento da produtividade e da eficiência. Este processo de reestruturação da produção traz alteração profunda na organização das cadeias de produção. Mesmo as mais antigas e consolidadas serão impactadas na reordenação. Diante disso, a cadeia de produção têxtil que é uma das primeiras indústrias nascidas ainda na Primeira Revolução Industrial também sofrerá impacto desta reconfiguração tecnológica. Esta cadeia já passou por profundas alterações em termos de matérias, organização produtiva interna e até mesmo geográfica. Portanto, em vista de como a quarta revolução industrial está modificando as cadeias de produção globais, esta pesquisa dedica-se ao estudo da problemática acerca de como a indústria 4.0 pode transformar a geografia da divisão internacional do trabalho e suas consequências para a indústria têxtil. Assim, emergem as seguintes questões: quais os possíveis impactos da indústria têxtil com a revolução 4.0? Quais as consequências para economia brasileira que historicamente teve esta como uma de suas principais causas? O Brasil ainda tem na sua história uma relação importante do setor industrial com a produção têxtil, mesmo diante de alguns percalços que foi a derrocada do algodão, uma das 11 principais matérias primas que alimentam essa indústria. No entanto, apesar da perda relativa desde então, este setor ainda concentra uma quantidade importante de emprego para o país. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo explorar os conceitos sobre indústria 4.0 e relacioná-los com os desafios e oportunidades a serem enfrentados pela indústria têxtil no Brasil. Este tema é de extrema importância, assim como as outras revoluções industriais, pois, de fato, a implementação da indústria 4.0 pode alterar a estrutura produtiva da indústria têxtil no Brasil, assim como a introdução das tecnologias digitais, também, pode influenciar as mudanças nesta indústria e vestuário. A Indústria 4.0, segundo Vermulm (2018), resulta da aplicação de diferentes tecnologias, que se integram para a geração de soluções específicas segundo a prioridade e a programação de cada empresa. Contudo, existem inúmeras possibilidades de combinações dessas tecnologias para a resolução de problemas concretos colocados pela produção industrial. Esse processo de mudança tem sido viabilizado pela redução de custos de algumas tecnologias. Já o investimento necessário para a integração dessas tecnologias vai depender, diretamente, da condição financeira e de sua estratégia. Os impactos das tecnologias da Indústria 4.0 podem ser divididos entre impactos sobre os processos de produção e sobre os produtos. Considerando que a indústria têxtil representa um setor de processos sobre produtos, indústria de montagem na qual a produção pode ser interrompida em várias de suas etapas, o produto resulta da montagem de partes, peças e componentes que podem ser inseridos no produto já pré-montados. Assim, conclui-se que os impactos da adoção das tecnologias da Indústria 4.0 serão mais intensos na indústria de montagem do que na indústria de processo contínuo, devido a uma maior possibilidade de uma maior flexibilização do processo produtivo. No caso da indústria de montagem imagina-se mais evidente a possibilidade de customização da produção às demandas dos clientes sem se perder as vantagens da produção em alta escala. O presente trabalho se desenvolverá a partir do procedimento de análise qualitativa dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos anos 2015-2017, visto que foi o período no qual deu-se início ao estudo da Indústria 4.0 no Brasil. Outra fonte foi a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), que objetiva fazer um levantamento de informações para a construção de indicadores nacionais sobre atividade de inovações empreendidas por empresas brasileiras do setor analisado. A pesquisa constitui de três capítulos e as considerações finais, no qual o primeiro 12 capítulo é apresentado uma breve história das revoluções industriais até chegar a indústria 4.0, no qual é discriminada seu conceito; seus componentes e o impacto no setor têxtil. No segundo capítulo, será apresentado um apanhado histórico da indústria têxtil no Brasil, bem como será analisada a evolução da indústria têxtil no país. Já no terceiro capítulo, serão apresentados os desafios e as oportunidades da indústria têxtil no Brasil diante da Indústria 4.0. 13 2 METODOLOGIA Segundo um estudo realizado pela FIRJAN apontou a relação da Indústria 4.0 para o Brasil indicando que grande parte da indústria brasileira está transitando entre a segunda e a terceira revolução industrial, ou seja, entre o uso de linhas de montagem e a aplicação da automação. O setor mais adiantado em relação à Indústria 4.0, segundo esse estudo, é o setor automotivo, cujos profissionais estão emconstante atualização para atender às demandas. A indústria automotiva tem um grande número de profissionais, que podem ser aproveitados em outros setores (PEREIRA, 2018). Torna-se estratégico para a indústria brasileira acelerar o ritmo de difusão das tecnologias da Indústria 4.0 assim como intensificar as inovações aproveitando a nova onda tecnológica. Porém, o estágio atual de difusão dessas tecnologias ainda está muito pouco desenvolvido (VERMULM, 2018). No cenário atual, as indústrias brasileiras encontram-se no patamar da Indústria 2.0. Ao compararmos os índices de exportação do Brasil com relação à Alemanha (país em que as indústrias já estão se adequando ao patamar da Indústria 4.0), é notório a diferença (YAMADA, 2019). A inclusão de novas tecnologias como estratégia para o desenvolvimento das indústrias brasileiras será primordial para garantir a competitividade e aumentar a participação do Brasil no mercado mundial, portanto, o alto custo para a implantação dessas tecnologias digitais é apontado como a principal barreira para implementá-las, mesmo entre as empresas que as utilizam. Outros fatores como falta de clareza na definição do retorno sobre o investimento e a estrutura e cultura da empresa também foram apontados como barreiras (VERMULM, 2018). Contudo, o setor público e entidades empresariais têm procurado lançar propostas e ações voltadas ao desenvolvimento da Indústria 4.0 no Brasil. Assim, a Biblioteca Eletrônica Científica Online (do inglês: Scientific Electronic Library Online - Scielo) é uma biblioteca digital de livre acesso e modelo cooperativo de publicação de periódicos científicos tendo a participação na rede Scielo de países, como África do Sul, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. Como forma de contribuir na discussão sobre o tema Indústria 4.0 e avaliar o número de artigos publicados nessa base de dados foi realizada uma pesquisa em 11/10/2021 utilizando a palavra-chave Industry 4.0 e o resultado indicou a publicação de 49 artigos em periódicos que 14 compõem o Scielo, conforme apresentado na Figura 1. É possível verificar a diversificação de periódicos científicos que tratam do assunto, uma vez que 23 diferentes revistas científicas foram apresentadas. A predominância dos artigos foram publicados no periódico Gestão & Produção, no qual observam-se 11 artigos publicados, seguido da revista Production e da Revista Ciência Agronômica com 6 e 4 artigos, respectivamente. Figura 1: Estatística dos periódicos e números de publicação que apresenta discussão sobre o tema Indústria 4.0 segundo a base de dados Scielo. Fonte: Adaptado da base de dados Scielo Na Figura 2 é apresentado o gráfico com a estatística envolvendo o ano de publicação a partir de 2000, no qual consta a discussão do tema Indústria 4.0, sendo utilizado a palavra- chave Industry 4.0. A partir da observação da figura é possível verificar que no ano de 2000 já consta 01 publicação envolvendo o tema. Entre 2001 e 2007 não foram identificados artigos sobre o tema. No entanto, nos anos de 2008, 2011, 2014, 2015 e 2016 observa-se 01 publicação. Em 2010 foram publicados 2 artigos. A partir de 2017 observa-se um crescimento no número de publicações com predominância para o ano de 2020 (24 artigos). 15 Figura 2: Número de publicações por ano que discutem o tema Indústria 4.0 segundo a base de dados Scielo. Fonte: Adaptado da base de dados Scielo A pesquisa indicou que a maioria dos artigos publicados se encontra nas áreas das Engenharias com 20 artigos, seguido de Ciências Agrárias com 15 artigos. Ciências Sociais Aplicadas (4), Ciências Biológicas (4), Ciências Exatas e da Terra (3), Multidisciplinar (3) e Ciências Humanas (2) complementam os artigos publicados envolvendo o referido tema. Em se tratando das áreas temáticas, é possível observar uma grande diversificação nos temas, com predominância da área de Engenharia, indicando a importância crescente desta área, conforme indicado na Figura 3. 16 Figura 3: Estatística das áreas temáticas que discutem o tema Indústria 4.0 segundo a base de dados Scielo. Fonte: Adaptado da base de dados Scielo 17 3 A INDÚSTRIA 4.0 3.1 As evoluções tecnológicas na indústria A cada nova era industrial, os avanços tecnológicos têm um significativo impacto no aumento da produtividade (DUARTE, 2017). Partindo de um contexto histórico, denota-se "revolução" o que Schwab (2016) apontou: De acordo com Schwab (2016), a palavra “revolução” denota mudança abrupta e radical. Em nossa história, as revoluções têm ocorrido quando novas tecnologias e novas formas de perceber o mundo desencadeiam uma alteração profunda nas estruturas sociais e nos sistemas econômicos. (p. 10) Portanto, a Primeira Revolução Industrial, que ocorreu, mais ou menos, entre os anos de 1760 e 1840, teve, como principal particularidade, a mudança do processo produtivo com a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado devido a invenção da máquina à vapor dando início à produção mecânica. Com isto, houve a transição das atividades agrícolas para as atividades industriais; automatização de alguns processos anteriormente realizados apenas manualmente; construção de ferrovias; o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Já a Segunda Revolução Industrial, entre o final do século XIX e início do século XX, decorreu do advento da eletricidade e da linha de montagem, criado por Henry Ford, no qual possibilitou a produção em massa. A industrialização, que antes limitava-se à Inglaterra, se expandiu para outros países. As ferrovias expandiram-se, permitindo o escoamento dos bens produzidos e o aumento do mercado consumidor. A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução tecno-científica, ocorreu em meados dos anos 1960 e é centrada na mudança tecnológica analógica para a digital e foi impulsionada pelo desenvolvimento dos semicondutores, da computação pessoal e da internet (SCHWAB, 2016). Permitiu, também, a modificação do sistema produtivo com o objetivo de produzir mais em menos tempo, empregando tecnologias avançadas e qualificando mão de obra que assume a liderança em todas as etapas de produção. Além da evolução da informática, com a popularização da internet. Todas as revoluções representaram saltos tecnológicos, em que máquinas substituíram atividades operacionais com muitos ganhos de eficiência e que foram capazes de executar coisas que os humanos jamais conseguiriam fazer sozinhos. 18 3.2 Conceituando a Indústria 4.0 O termo Indústria 4.0 surgiu de um projeto estratégico do Governo Alemão, em uma feira de Hannover, em 2011, cujo objetivo era de promover a informatização da manufatura e a integração de dados para dar um grande “salto” de competitividade com a ampliação de novas tecnologias que iriam mudar as formas e os modelos de produção. A 4ª revolução industrial, assim como as três primeiras, é marcada pelo conjunto de mudanças nos processos de manufatura, design, produto, operações e sistemas relacionados à produção, aumentando o valor na cadeia organizacional e em todo o ciclo de vida do produto. Os mundos virtuais e físicos se fundem através da internet (FIRJAN, 2016). A incorporação da digitalização à atividade industrial resultou no conceito de indústria 4.0, caracterizada pela integração e controle da produção a partir de sensores e equipamentos conectados em rede e da fusão do mundo real com o virtual, criando os sistemas ciberfísicos e viabilizando o emprego da inteligência artificial. (CNI, 2016) Ao permitir “fábricas inteligentes”, a quarta revolução industrial cria um mundo onde os sistemas físicos e virtuais de fabricação cooperam de forma global e flexível. Issopermite a total personalização de produtos e a criação de novos modelos operacionais. (SCHWAB, 2016). A Indústria 4.0 vem sendo encarada como a 4ª Revolução Industrial, pois assim como às revoluções anteriores, a inovação tecnológica é o ponto inicial para romper com os velhos paradigmas e remodelar drasticamente os sistemas de produção. Ela prevê a integração entre humanos e máquinas, mesmo que em posições geográficas distantes, formando grandes redes e fornecendo produtos e serviços de forma autônoma (SILVA; SANTOS FILHO; MIYAGI, 2015). Além disso, pode agregar valor à toda a cadeia organizacional, a partir de mudanças que afetarão diversos níveis dos processos produtivos, como a manufatura, o projeto, os produtos, as operações e os demais sistemas relacionados à produção (FIRJAN, 2016). Ela está ligada aos sistemas Ciber-Físicos, isto é, equipamentos dotados de uma representação virtual, conectados através da Internet das Coisas, capazes de trocar informações acessando dados em tempo real para dispararem ações autônomas (KAGERMANN; WAHLSTER; HELBIG, 2013; LASI et al., 2014). O termo 4.0 deriva da quarta versão, em que os mundos virtuais e físicos se fundem através da internet. Em outras palavras, “tudo dentro e ao redor de uma planta operacional (fornecedores, distribuidores, unidades fabris, e até o produto) são conectados digitalmente, proporcionando uma cadeia de valor altamente integrada". (FIRJAN, 2016). 19 Entende-se como os princípios básicos para o desenvolvimento da Indústria 4.0 dentro das organizações: interoperabilidade, virtualização, descentralização, capacidade de resposta em tempo real, orientação ao serviço e modularidade. 3.3 Componentes da indústria 4.0 Tendo em vista que a Indústria 4.0 trabalha com a aplicação de novas tecnologias, com equipamentos totalmente automatizados, que interagem entre si e modernizam o processo produtivo de forma que as linhas de montagem e os produtos são ajustados ao longo do processo de fabricação. São inúmeros os elementos impulsionadores que irão nortear a indústria 4.0, assim como incontáveis são as constantes descobertas científicas que auxiliam na criação de novas tecnologias. Entretanto, não é qualquer tipo de inovação que a designa como parte do processo da chamada Quarta Revolução Industrial, mas uma tendência tecnológica tão impactante que chega a interferir na produção a nível mundial. Contudo, são considerados componentes da indústria 4.0 os sistemas ciber-físicos; big data; armazenamento em nuvem; internet das coisas; internet dos serviços; impressão 3D; cibersegurança; realidade aumentada e robôs autônomo; como mostra a Figura 4 a seguir: Figura 4 - Componentes da Indústria 4.0 Fonte: Tecnicon Sistemas Gerenciais, 2020 20 Segundo Oliveira (2020) os sistemas ciber físicos (ou CPS, na sigla em inglês para Cyber-Physical Systems) são integrações que envolvem computação, comunicação e controle através de redes e processos físicos. Esses sistemas possuem sensores que permitem capturar informações sobre a realidade, transformá-los em dados e utilizá-los na tomada de decisão representando ganhos de competitividade. O Big Data é um conjunto de técnicas e ferramentas computacionais para extrair valor de grandes volumes de dados. Esse componente tem a capacidade de tratar, analisar e utilizar um grande volume de dados de forma estratégica. O armazenamento em nuvem consiste na transferência de dados, distribuição de serviços de computação (servidores, armazenamento, software, análises, inteligência, banco de dados) e realização de processos através da internet permitindo o acesso de qualquer lugar do mundo a partir de diversos dispositivos remotos. Internet das Coisas (IoT) ou Internet of Things, segundo a International Telecomunication Union (ITU) é uma infraestrutura global de informação para sociedade, com o avançado serviço de conectividade física ou virtual através da comunicação entre dispositivos (ITU, 2012). Hassan et al (2020), Yousif, Hewage e Nawaf (2021) e Lara et al (2021) considera essa tecnologia uma revolução na inovação tecnológica e de interconectividade, em que propõe o estabelecimento de conexões entre homens e máquinas, e máquinas com máquinas, proporcionando a formação de redes sociais e de mercado cada vez mais inteligentes. Este novo ambiente inteligente, em que os objetos se conectam formando uma grande rede de informações e possibilidades, segundo a literatura acadêmica e de negócios, é a primeira evolução real na internet, levando a um salto realmente significante nas aplicações sociais, com potencial de melhorar a forma como as pessoas vivem, trabalham, estudam e se divertem. Internet dos Serviços (IoS) é o meio digital no qual empresas, pessoas ou sistemas inteligentes podem se comunicar com o objetivo de disponibilizar e obter serviços (FURTADO; PINHEIRO; URIAS; MUÑOZ, 2017). Em outras palavras, a IoS é, de forma ampla, a geração de serviços atrelados à Internet das Coisas (IoT) (CARVALHO, 2018). A Impressão 3D também conhecida como prototipagem rápida pode ser definida como um processo utilizado para fabricar objetos tridimensionais baseado em uma deposição, controlada digitalmente, de sucessivas camadas de material até a criação de uma estrutura final, sendo também conhecida como Manufatura Aditiva (AMBROSI, A. e PUMERA, M., 2016; DAVIM, J. P., 2008 apud SANTANA et al, 2018). Permitem aos desenvolvedores de produtos a possibilidade de em um simples processo imprimirem partes de alguns materiais com 21 diferentes propriedades físicas e mecânicas. Entre as principais vantagens da Impressão 3D em comparação aos processos de fabricação tradicionais estão: (i) eficiência: produção rápida e econômica, com baixas quantidades de material residual; (ii) criatividade: ideal para confecção de geometrias complexas; (iii) acessibilidade: preço razoável de máquinas e materiais (SONG, C. et al, 2016). Alguns modelos de impressoras industriais podem utilizar uma boa variedade de materiais e milhares de cores, permitindo criar protótipos com boa precisão, aparência e funcionalidades dos produtos. Para a Confederação Nacional da Indústria (2021), a Cibersegurança é um conjunto Infraestruturas de hardware e software voltado para a proteção dos ativos de informação, por meio do tratamento de ameaças que põem em risco a informação que é processada, armazenada e transportada pelos sistemas de informação que estão interligados. Portanto, virou item indispensável para as empresas que visam impedir a invasão e roubo de dados capazes de comprometer o funcionamento e o posicionamento estratégico dos negócios (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2021). A Realidade Aumentada é a sobreposição computacional de elementos virtuais sobre o ambiente físico do usuário em tempo real, modificando ou incluindo elementos visuais e/ou auditivos que complementam sua experiência (FURTADO; PINHEIRO; URIAS; MUÑOZ, 2017). Em outras palavras, a Realidade Aumentada (RA) é uma tecnologia que permite sobrepor elementos virtuais à nossa visão da realidade. Em relação à realidade virtual, elas estão entrelaçadas, porém são revoluções diferentes. Enquanto a realidade virtual cria um mundo virtual totalmente novo, a realidade aumentada captura informações acrescentando elementos virtuais ao ambiente real. Os robôs autônomos são estruturados de acordo com o nível de autonomia desejado, dependendo da função que precisam cumprir (FONTES 2020). Para Sigga Technologies (2020), os primeiros robôs surgiram com a necessidade de aprimorar e dispensar tarefas repetitivas, mas eles estão se tornando mais autônomos, flexíveis e cooperativos. A diferença destes novos robôs está na integração de sistemas como um todo (SIGGA TECHNOLOGIES, 2020). Basicamente, eles precisam captar dados do ambiente que estão, trabalhar sem a interferência humana,realizar sua automanutenção, se deslocar entre pontos sem navegação humana e substituir o trabalho humano em situações de perigo (FONTES, 2020). 22 Além disso, para Sigga Technologies (2020), eles vão interagir – cada vez mais – uns com os outros e trabalhar em segurança lado a lado com os humanos, apoiando-os conforme a necessidade. 3.4 Indústria 4.0 e o impacto no setor têxtil Historicamente, o setor têxtil brasileiro sempre utilizou a tecnologia como fator estratégico para acompanhar as mudanças em curso. A indústria têxtil está presente em praticamente todos os lugares pela necessidade primordial de vestir-se (MAESTRI, 2018). Sendo assim, possui elevada importância em termos sociais, culturais, econômicos e políticos, de maneira a influenciar costumes e tendências (MAYUMI; FUJITA, 2015). Além disso, essa indústria é também responsável por uma cadeia complexa, com diversas ramificações e possibilidades de diferentes produtos (MAESTRI, 2018) e, portanto, conforme Medeiros, 2017, a indústria têxtil demonstra sua importância ao ser ainda no período recente um dos subsetores que mais contribui na geração de empregos formais do setor industrial, fato devido a sua alta absorção de mão de obra. De acordo com a Febratex (2019), no ramo da confecção, a automatização dos processos (aliada à análise de dados) vem trazendo benefícios que permitem a customização da produção. A indústria têxtil é um importante pilar da economia brasileira. Mas para alavancar é necessário introduzir a Indústria 4.0 para se tornar mais competitiva. A implementação de um novo modelo de trabalho no segmento de confecções pode gerar ganhos de produção. Com a automação dos processos e a coleta de dados, passa a existir uma capacidade de crescimento atendendo as demandas sem perder a qualidade que lhe agrega valor, com a redução de custos e um melhor aproveitamento de material (FEBRARTEX, 2019). Para Maestri (2018), as mudanças na nova configuração empregatícia podem ser relacionadas com o aumento da complexidade dos processos de manufatura, tornando as produções mais flexíveis e diversificadas, reduzindo lotes e proporcionando tempo de entrega mais rápidos. A implementação de sistemas digitais também provoca mudanças, uma vez que exige um maior nível de qualificação do operador (RIBEIRO, 2017). Seguem algumas das vantagens da automatização e da indústria 4.0 para o setor têxtil: produtos customizáveis, a partir de sistemas tecnológicos de produção; redução dos desperdícios com sobras, com a ajuda da análise de dados; linhas de produção compartilhadas, 23 com o auxílio de softwares; redução de estoques, com a produção realizada sob demanda (FEBRARTEX, 2019). 24 4 A INDÚSTRIA TÊXTIL 4.1 No Brasil No início do período colonial brasileiro havia uma rentável cultura algodoeira no norte e nordeste do país, e diversas manufaturas têxteis que iniciavam um processo de industrialização (FUJITA; JORENTE, 2015). Contudo, como os portugueses controlavam bastante o mercado brasileiro, a industrialização não era do interesse deles. E, portanto, em 1785 as manufaturas têxteis foram interrompidas pelo alvará da Rainha Maria I que proibia o desvio de mão de obra da agricultura e da exploração mineira. Segundo Fujita e Jorente (2015), até o final do século XIX a indústria têxtil brasileira viria a se desenvolver. A suspensão das tarifas alfandegárias sobre a importação de maquinário serviu de estímulo para a criação de tecelagem e fiação de algodão. Foi, somente, no reinado de Dom Pedro II, que em 1844 decretou a Tarifa Alves Branco com o intuito de proteger as manufaturas brasileiras. Isso provocou muita insatisfação nos países europeus devido ao aumento das taxas alfandegárias, se tornando um grande incentivo para a industrialização brasileira, que apresentava uma trajetória bastante lenta. O contexto era favorável para o crescimento em função de várias instabilidades internacionais, entre elas a guerra civil nos Estados Unidos. Como o Brasil sempre foi um ótimo produtor de algodão, o desenvolvimento econômico e industrial se intensificou no país possibilitando o aumento no número de fábricas e de trabalhadores no período de 1864 e 1914. Com o objetivo de obter informações mais atuais sobre a Indústria Têxtil no Brasil, foi realizada uma pesquisa no site da ABIT (www.abit.org.br). A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecções (ABIT) fundada em 1957 é uma das mais importantes entidades dentre os setores econômicos do País. O setor Têxtil e de Confecção Brasileiro apresenta destaque mundial tanto pelo profissionalismo, criatividade e tecnologia, como também pelas dimensões do parque têxtil, estando na quinta colocação a nível mundial. O quadro 1 apresentado a seguir, apresenta dados do setor referentes ao ano de 2019 (atualizados em agosto de 2021) e indica a grandeza e a importância da indústria têxtil. 25 Quadro 1: Dados da Indústria Têxtil referentes ao ano de 2019 (atualizados em agosto de 2021). Dados do setor referentes ao ano de 2019 (atualizados em agosto de 2021) Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção INFORMAÇÕES RESULTADOS ANO Faturamento R$ 185,7 bilhões 2019 Exportações (sem fibra de algodão) US$ 810,7 milhões 2020 Importações (sem fibra de algodão) US$ 4,3 bilhões 2020 Saldo da Balança comercial (sem fibra de algodão) US$ 3,5 bilhões negativos 2020 Investimentos no setor R$ 3,6 bilhões 2019 Produção média de confecção 9,04 bilhões de peças (vestuário + meias e acessórios + cama, mesa e banho) 2019 Produção média têxtil 2,04 milhões de toneladas 2019 Trabalhadores 1,05 milhão de empregados diretos e 8 milhões de empregos indiretos, sendo 60% de mão de obra feminina 2019 Número de empresas formais em todo o país 25,5 mil 2019 Fonte: www.abit.org.br Além disso, é o 2º maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas juntos. Está entre os cinco maiores produtores e consumidores no mundo de denim (tipo de tecido resistente feito principalmente de algodão, bastante utilizado para a confecção de jeans). Está entre os quatro maiores produtores de malha e representa 11,0% dos empregos e 6,6% do faturamento da Indústria de Transformação. No Brasil existem mais de 50 faculdades de moda espalhadas em 11 estados. Nos seus 200 anos de atuação, apresenta a maior cadeia têxtil completa do ocidente, contemplando a produção de fibras, como plantação https://www.abit.org.br/cont/perfil-do-setor 26 de algodão até os desfiles de moda, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e forte varejo. O país é referência mundial em design de moda praia, jeanswear e homewear, tendo crescido também os segmentos de fitness e lingerie. Segundo notícia publicada no site da ABIT em 25 de janeiro de 2022, a indústria têxtil e de confecção faturou R$ 194 bilhões em 2021, sendo observado um crescimento de 20% em relação aos R$ 161 bilhões do ano de 2020. Na comparação com 2020, a produção de têxteis (insumos) aumentou 12,1% e para confecções (15,1%). O varejo de roupas cresceu 16,9%. No entanto, essa expansão não apresenta crescimento quando comparado aos números de 2019 (pré-pandemia). Mesmo com o crescimento observado em 2021 quando comparado a 2020, o saldo da balança comercial setorial ficou negativo em US$ 4,10 bilhões. No entanto, segundo a ABIT, a projeção de crescimento setorial para 2022 será de 1,2%. Dessa forma observa-se a possibilidade de melhoria nos índices da referida indústria. 4.2 A evolução da Indústria têxtil no Brasil O algodão é uma planta cultivada em todos os continentes em função de sua importância como fornecedora de matéria-prima para a indústria. (SOUSA, 1996). Considerando que o algodão constitui o principal insumo da cadeia produtiva têxtil,o cultivo desta fibra já era exercido pelos indígenas desde a época do descobrimento do Brasil (SILVA, 1980). Contudo, inicialmente, a produção algodoeira era primordialmente para consumo interno. Mas, com o advento da Primeira Revolução Industrial inglesa permitiu-se que o Nordeste brasileiro produzisse algodão para exportar para as indústrias têxteis da Inglaterra. O forte crescimento da procura do algodão fez com que a Inglaterra induzisse vários países a se tornarem grandes produtores dessa matéria-prima: Índia, Egito, Peru, EUA e o Brasil (região Nordeste) (SILVA, 1980). O Nordeste brasileiro pela primeira vez se integrou nesse mercado. (SOUSA, 1996). O próximo elo da cadeia agroindustrial do algodão é a indústria têxtil. As fibras naturais, especialmente o algodão, constituem o principal insumo da cadeia têxtil do país (VIDAL; CARNEIRO, 2006). Em 1850 foram implantadas as primeiras indústrias têxteis no Brasil no qual iniciou- se um processo gradual de evolução tecnológica e entre 1950 e 2000, constata-se um surto de desenvolvimento na área tecnológica (COSTA; BERMAN; HABIBI, 2000). 27 De acordo com Sousa (1996), no Nordeste, o estado de Pernambuco era o mais importante centro têxtil. Nos anos 1890 a indústria têxtil teve grande impulso conquistando o mercado regional exportando tecidos. Portanto, enfrentou uma grande concorrência dos produtos vindos do Sudeste. No mercado mundial, o Brasil figurava expressivamente como exportador de produtos têxteis nessa época - entre 1942 e 1947, o Brasil exportou, aproximadamente, 20 mil toneladas de tecidos e 2,5 mil toneladas de fios (SILVA, 2012). Para VIDAL e CARNEIRO (2006), entre os anos de 1987 e 1997, o Nordeste passou de grande produtor de algodão para grande importador e consumidor do produto, em função do aumento do parque têxtil no Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba e da redução da área plantada. A retomada na produção de algodão no Brasil se deu a partir do ano de 1997. A indústria têxtil e de confecções foram significativas para a economia do estado do Rio Grande do Norte, no qual foi a fase caracterizada pelo crescimento rápido e desordenado (SOUSA, 1996). Incentivos concedidos pelo governo do estado através de um programa de oportunidades de investimentos - parque têxtil integrado - que viabilizou a implantação de indústrias têxteis e de confecções em torno da cidade de Natal (CLEMENTINO, 1985). De acordo com Sousa (1996), embora o parque têxtil integrado apresentasse, objetivo, metas e prioridades, o que tratava mesmo era de aproveitar as oportunidades de investimentos que se estava fazendo no Nordeste e convencer os investidores das vantagens oferecidas pelo Estado do Rio Grande do Norte. Portanto, a expansão dessas cidades está ligada à atividade têxtil na medida em que ela funcionou como meio de comércio e uma forma de ocupação. (SILVA, 1980). 28 5 DESAFIOS E OPORTUNIDADES DA INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL São vários os desafios a serem encarados pela indústria têxtil no Brasil, que vão desde os investimentos em máquinas e equipamentos que incorporem essas tecnologias, adaptação de processos e das formas de relacionamento entre empresas, os impactos sobre a criação e distinção de empregos, entre outras (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2021). Outras dificuldades para a implantação de Indústria 4.0, encontram-se a falta de recursos próprios, pouca clareza sobre a relação custo-benefício e a escassez de profissionais tecnicamente qualificados para lidar com as novas tecnologias de um sistema industrial inteligente. Além dos problemas, pelo lado externo, de custos elevados de implantação, pouco otimismo com o futuro e financiamento a taxas pouco atrativas. Os pontos listados acima expressam que parte da indústria brasileira ainda confunde a implementação de Indústria 4.0 com a utilização de novas tecnologias e equipamentos de última geração, o que, na maioria das vezes, significa altos investimentos (VDI BRASIL, 2020). Considerando o mercado têxtil e de confecção, a impressão 3D, por exemplo, é considerada uma das técnicas mais inovadoras nessa atividade, proporcionando o uso de materiais poliméricos, inclusive biodegradáveis e recicláveis. Esses materiais são utilizados em camadas, por meio do processo de fabricação aditiva, que realiza mistura a vácuo, a fusão a laser e moldagem por injeção. Antes da obtenção do objeto ou peça, é necessário desenvolver o modelo digital a partir do uso de softwares de modelagem 3D que possibilita a criação de peças inovadoras, customizadas e que se ajustam ao corpo com perfeição. Sendo assim, o uso da impressão 3D na indústria têxtil, permite experimentar novos formatos e texturas de materiais para moldar as peças finais, produzindo peças únicas com alto valor agregado. Dentre os benefícios para uso no setor têxtil é possível citar, a criação de peças individuais e personalizadas, potencialização do processo criativo, possibilidade de fazer materiais diversos usando uma única máquina, prototipagem com o máximo de detalhamento, mobilidade de produção, facilidade de armazenamento e redução de custos, tempo e matérias-primas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza desde 2000 a Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (PINTEC), que tem por objetivo a construção de indicadores setoriais, nacionais e regionais das atividades de inovação nas empresas do setor de Indústria, de Eletricidade e gás e de Serviços selecionados. As informações podem ser encontradas no site https://pintec.ibge.gov.br. https://pintec.ibge.gov.br/ 29 Ao acessar o site, várias tabelas podem ser obtidas envolvendo diferentes tipos de indústrias de transformação, como por exemplo Fabricação de produtos alimentícios, bebidas, produtos de fumo, produtos têxteis, confecção de artigos de vestuários e acessórios etc. As informações citadas neste trabalho referem-se à Fabricação de produtos têxteis referente ao triênio de 2015 - 2017 e algumas tabelas disponibilizadas no site serão citadas no texto. Algumas tabelas serão discutidas no trabalho, sendo algumas informações delas apresentadas nos Quadros 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Avaliando o Quadro 2 – que são dados das Empresas total e as que implementaram inovações e/ou com projetos, segundo as atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados, verifica-se que de um total de 3.339 empresas, 990 de fabricação de produtos têxteis implementaram inovações perfazendo um percentual de 29,6%. Essas inovações referem-se tanto a produtos, quanto aos processos. Por exemplo, considerando as indústrias extrativas, apenas 14,6% implementaram inovações. Na fabricação de produtos alimentícios (42,5%), na fabricação de bebidas (44,2%) e na fabricação de produtos de fumo (30,8%). Assim, percebe-se a possibilidade que a indústria têxtil apresenta de crescimento na implementação de inovações, quando comparada com outras indústrias. Vale salientar que embora, na indústria de fabricação de fumo o percentual seja mais elevado, há a existência de apenas 65 empresas, quantitativo bem menor quando comparado a indústria têxtil (3.339). Dentre as inovações observadas na indústria têxtil, um percentual de 17,8% foi para produtos e 23,5% para processos, dessa forma, caracterizando um direcionamento para a implementação de processos. Quando observado os dados para produtos e processos o percentual é mais elevado, chegando a 39,5%. 33 Quadro 2: Implementação de projetos de inovação por setor – PINTEC (2015 – 2017). Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços relacionados EMPRESAS Total EMPRESAS QUE IMPLEMENTARAM INOVAÇÕES Total De produto De processo De produto e processo Total Novo para a empresa Novo para o mercado nacional Total Novo para a empresaNovo para o mercado nacional Total 116.962 39.329 22.058 17.898 5.602 33.321 30.541 4.098 16.050 Indústrias extrativas 2.297 336 95 75 25 286 267 30 45 Indústrias de transformação 100.216 34.396 18.655 15.226 4.693 29.195 27.056 3.357 13.455 Fabricação de produtos alimentícios 14.362 6.106 3.363 2.915 662 5.292 5.084 399 2.548 Fabricação de bebidas 1.043 461 275 230 60 375 372 79 189 Fabricação de produtos de fumos 65 20 5 3 3 18 7 12 3 Fabricação de produtos têxteis 3.339 990 595 348 259 786 756 70 391 Confecção de artigos do vestuário e acessórios. 14.365 4.969 1.833 1.779 176 4.097 3.526 578 960 Fonte: PINTEC (IBGE), 2022. 34 Os dados do Quadro 3 refere-se ao principal responsável pelo desenvolvimento de produto e/ou processo nas empresas que implementaram inovações no triênio 2015 - 2017. Assim, para a indústria de fabricação de produtos têxteis observa-se que 513 empresas desenvolveram o produto e 38 empresas desenvolveram o produto em cooperação com outras empresas. Além disso, 45 delas desenvolveram produtos com outras empresas ou institutos. Finalmente nenhuma outra empresa do grupo foi responsável pelo desenvolvimento do produto. Por outro lado, na área de processo, 240 empresas foram as principais responsáveis pelo próprio desenvolvimento do processo, 16 empresas foram de outra empresa do grupo, 42 tiveram a cooperação com outras empresas e 488 tiveram o desenvolvimento por outras empresas ou institutos. Percebe-se pelas informações que no caso de desenvolvimento de processo a contribuição de outras empresas e institutos (488) foram mais evidentes quando comparado ao desenvolvimento dos produtos (45), indicando a participação de empresas externas e o potencial existente para essa colaboração. 35 Quadro 3: Responsável pelo desenvolvimento de produto e/ou processo nas empresas que implementaram inovações (PINTEC 2015-2017) Principal responsável pelo desenvolvimento de produto e/ou processo nas empresas que implementaram inovações segundo as atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados – Brasil – período 2015 – 2017. Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Principal responsável pelo desenvolvimento de produto e/ou processo nas empresas que implementaram inovações Produto Processo A empresa Outra empresa do grupo A empresa em cooperação com outras empresas ou institutos Outras empresas ou institutos A empresa Outra empresa do grupo A empresa em cooperação com outras empresas ou institutos Outras empresas ou institutos Total 17.007 788 1.631 2.632 9.882 746 2.170 20.523 Indústrias extrativas 85 1 6 3 98 1 9 178 Indústrias de transformação 14.662 596 1.402 1.994 7.988 712 1.952 18.544 Fabricação de produtos alimentícios 2.970 32 195 166 1.150 93 265 3.785 Fabricação de bebidas 194 7 46 28 63 - 48 264 Fabricação de produtos do Fumo 5 - - - 1 - - 17 Fabricação de produtos têxteis 513 - 38 45 240 16 42 488 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 1.678 1 115 39 514 24 261 3.299 Fonte: PINTEC (IBGE), 2022. 36 Avaliando-se o Quadro 4 que apresenta as empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo utilizando métodos de proteção estratégicos não formais, verifica-se que das 990 empresas que implementaram as inovações, 56 delas (5,7%) utilizaram complexidade no desenho, 112 (11,3%) segredo industrial, 99 (10,0%) liderança sobre os competidores e 36 (3,6%) outros métodos. É interessante observar a preocupação com o segredo industrial, perfazendo 11,31%. Avaliando-se a indústria de fabricação de produtos alimentícios, observa- se uma preocupação com o segredo industrial da ordem de 9,7%, inferior ao observado na indústria têxtil. Porém, na indústria de fabricação de bebidas esse percentual é de 29,5%, bem superior às indústrias citadas anteriormente. Percebe-se de uma forma geral, que as indústrias não estão se preocupando com o segredo industrial. Vale salientar que a proteção jurídica dos segredos industriais se dá por meio dos contratos que podem ser celebrados tanto entre a empresa e seu público interno, compreendido por colaboradores, vendedores, consultores e autônomos prestadores de serviços, quanto seu público externo, como fornecedores. Em relação a complexidade dos desenhos, percebe-se um maior percentual na indústria de fabricação de bebidas (12,8%), quando comparado a indústria de fabricação de produtos alimentícios (3,6%), indústria de fabricação de produtos têxteis (5,7%) e indústria para confecção de artigos do vestuário e acessórios (8,9%). Para a indústria de fabricação de produtos de fumos, não há relato para complexidade no desenho. Considerando essas informações percebe-se a necessidade de aumentar a proteção na aparência de novas criações de design e, assim, incentivar o investimento em pesquisa e desenvolvimento de formas originais, capazes de gerar inovação. 37 Quadro 4: Métodos de proteção das inovações de produto - PINTEC (2015 - 2017). Métodos de proteção estratégicos (não formais) utilizados pelas empresas que implementaram inovações, segundo as atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados – Brasil – período 2015 – 2017. Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Empresas Total Empresas que implementaram inovações de produto Total Métodos de proteção estratégicos (não formais) Complexidade no desenho Segredo industrial Tempo de liderança sobre os competidores Outros Total 116.962 39.329 3.367 6.144 4.051 1.488 Indústrias extrativas 2.297 336 12 33 61 2 Indústrias de transformação 100.216 34.396 3.143 5.581 3.475 1.263 Fabricação de produtos alimentícios 14.362 6.106 223 594 359 167 Fabricação de bebidas 1.043 461 59 137 30 3 Fabricação de produtos do fumo 65 20 - 5 12 1 Fabricação de produtos têxteis 3.339 990 56 112 99 36 Confecção de artigos de vestuário e acessórios 14.365 4.969 442 251 255 116 Fonte: Pintec (IBGE), 2022. No Quadro 5 constam as empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas para a indústria envolvendo fabricação de produtos têxteis. Na indústria têxtil, para um total de 990 empresas, 47 (4,7%) desenvolveram uma alta atividade interna de pesquisa, 42 (4,2%) uma média atividade e 902, ou seja 91,1% uma baixa atividade ou não desenvolveu. Considerando a aquisição externa de pesquisa, observa-se uma menor participação nesse segmento. Sendo assim, para uma aquisição alta, apenas 7 (0,7%) empresas se enquadram, 16 (1,6%) em uma aquisição externa média e 968 (97,8%) sendo considerada baixa ou que não realizou aquisição externa de pesquisa. Considerando esses dois pontos de pesquisa, é possível considerar uma elevada potencialidade para desenvolvimento de pesquisa tanto com a participação interna, como também externa. Avaliando-se os dados que correspondem a aquisição de outros conhecimentos externos observa-se que a grande maioria das empresas, ou seja, 960 (97,0%) fizeram uma baixa ou não fizeram aquisição. Apenas 5 (0,5%) teve uma alta aquisição de outros conhecimentos externos e 26 (2,6%) uma média aquisição. Considerando os percentuais de 91,1%, 97,8% e 97,0% percebe-se a necessidade de avanços no desenvolvimento de pesquisas com possibilidades de contratações de mão de obra especializada, como também de consultorias e convênios com instituições de ensino. 39 Quadro 5: Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas - PINTEC (2015 - 2017) – PARTE A8 Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Empresas queimplementaram inovações Total Atividades inovativas desenvolvidas e grau de importância Atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento Aquisição externa de Pesquisa Aquisição de outros conhecimentos externos Alta Média Baixa ou não realizou Alta Média Baixa ou não realizou Alta Média Baixa ou não realizou Fabricação de produtos têxteis 990 47 42 902 7 16 968 5 26 960 Fonte: PINTEC (IBGE), 2022. 40 No Quadro 6, observa-se que a aquisição de software tem mostrado uma característica mais inovadora, uma vez que 193 (20,5%) fizeram uma alta aquisição de software, 88 (8,9%) realizaram uma média aquisição e 710 (71,8%) indicaram uma aquisição baixa ou não adquiriram software. É perceptível que essa atividade envolvendo tecnologia da informação foi mais utilizada, quando comparada às pesquisas internas e externas. Finalmente a atividade envolvendo aquisição de máquinas prevaleceu, sendo observado 393 empresas (39,7%) para uma alta aquisição, 165 (16,7%) para uma média aquisição e 432 (43,6%) fizeram uma baixa aquisição ou não fizeram. Em relação ao investimento em treinamento, a grande maioria das empresas (608), apresentaram uma baixa realização ou não investiram nessa atividade. Isso significa o potencial de empresas que podem atuar nesse mercado promovendo treinamento. Considerando a introdução das inovações, apenas 149 foi considerada uma alta inovação, seguido por 290 uma média inovação e a maioria (551) uma baixa inovação ou não inovaram. Finalmente para o desenvolvimento de projeto industrial e outras, mais uma vez prevalece uma baixa realização ou até mesmo não realização, sendo observado 822 empresas. Esses dados indicam a possibilidade de crescimento e melhoria nesses números nas atividades citadas. 41 Quadro 6:Empresas que implementaram inovações, por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas - PINTEC (2015-2017) - PARTE B Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Empresas que implementaram inovações Atividades inovativas desenvolvidas e grau de importância Aquisição de software Aquisição de máquinas e equipamentos Treinamento Introdução das inovações tecnológicas no mercado Projeto industrial e outras preparações técnicas Alta Médi a Baixa ou não realizo u Alta Médi a Baixa ou não realizo u Alta Médi a Baixa ou não realizo u Alta Médi a Baixa ou não realizo u Alta Médi a Baixa ou não realiz ou Fabricação de produtos têxteis 193 88 710 393 165 432 199 183 608 149 290 551 110 58 822 Fonte: PINTEC (IBGE), 2022. 42 No Quadro 7 obtém-se as informações sobre as Fontes de financiamento das atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento, que indica claramente a predominância da própria empresa na realização dessas atividades, sendo observado 99 delas realizando as atividades de pesquisa, enquanto a participação de outras empresas, privado, público e exterior apresentam um número incipiente nos investimentos. Para as demais atividades inovativas, inclusive aquisição externa de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) realizadas pelas empresas, também é visto que a maioria das próprias empresas (83) fazem esses investimentos, embora possa ser observado no caso de terceiros (privado e público), um aumento no investimento, indicando um total de 17 empresas. 43 Quadro 7: Fontes de Financiamento das atividades internas de P&D - PINTEC (2015 - 2017). Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Fontes de financiamento (%) Das atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento Das demais atividades (inclusive aquisição externa de P&D) Próprias De terceiros Próprias De terceiros Total Outras empresas brasileir as (1) Público Exterior Total Privado Público Fabricação de produtos têxteis 99 1 - 1 - 83 17 13 4 Fonte: PINTEC (IBGE), 2022. 44 Ao avaliando-se o Quadro 8 que apresenta o número de pessoas ocupadas nas atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento, verifica-se que de um total de 343 pesquisadores, apenas 7 (2,0%) possuem pós-graduação, sendo observado que a maioria são graduados, com um contingente de 255 (74,3%) profissionais, enquanto para o nível médio, verifica-se 80 pessoas (23,3%). Esses dados mostram a potencialidade de pesquisas que podem ser realizadas tendo a participação de alunos de pós-graduação nas indústrias têxteis, sendo necessário uma maior aproximação das Empresas com as Universidades e Institutos de Pesquisas. Considerando a categoria de técnicos, de um total de 178, os graduados representam 125 profissionais, o que equivale a 70,2% não sendo muito diferente, pelo menos do ponto de vista percentual, quando comparado a equipe de pesquisadores que apresentou 74,3% dos profissionais com graduação. Para nível médio ou fundamental são 53 (29,8%). As informações apresentadas não indicam, se de fato essa categoria tem diploma de formação técnica obtido por exemplo em escolas técnicas estaduais ou federais. Finalmente é observado a presença de 23 (12,9%) de auxiliares. Na categoria dos técnicos, não há a presença de pós-graduado o que caracteriza, do meu ponto de vista, uma excelente possibilidade para continuidade de capacitação, o que certamente traria benefícios para empresa. 45 Quadro 8: Pessoas ocupadas nas atividades de P&D - PINTEC (2015 - 2017). Atividades da indústria, do setor de eletricidade e gás e dos serviços selecionados Empresas que implementaram inovações de produto e/ou processo Total Pessoas ocupadas nas atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento, com equivalência de dedicação total, das empresas que implementaram inovações, por nível de qualificação Total Pesquisadores Técnicos Total Pós- graduado s Graduad os Nível médio ou fundament al Total Graduad os Nível médio ou fundament al Auxiliar es Fabricação de produtos têxteis 990 544 343 7 255 80 178 125 53 23 Fonte: PINTEC (IBGE), 2022. 46 6 CONCLUSÃO A partir da avaliação da base de dados SCIELO percebe-se o aumento nas publicações envolvendo o assunto Indústria 4.0 indicando a importância crescente desse tema. A pesquisa indicou que esse tema passou a ser discutido a partir do ano 2000 com o registro de uma publicação, chegando a 24 artigos em 2020. Considerando as tabelas avaliadas da PINTEC (2015 - 2017), é possível verificar a necessidade de aproximação entre a academia e as indústrias, e nesse caso, a indústria têxtil, a qual foi pesquisada. Avaliando-se essa indústria, observa-se que de um total de 3.339 empresas, 990 implementaram inovações referentes aos produtos e processos, perfazendo um percentual total de 29,6%, o que caracteriza um potencial para crescimento dessas inovações. Outro dado interessante é que desse total de empresas que implementaram inovações, 47 desenvolveram uma alta atividade interna de pesquisa, 42 uma média atividade e 902 não desenvolveram e/ou apresentaram uma baixa atividade. Esses dados corroboram com o potencial de pesquisas que poderão se desenvolverem nas indústrias têxteis com uma maior participação da academia e institutos e centros de pesquisas. Ações vêm sendo realizadas com o objetivo de aproximar a universidade e as empresas. Recentemente, por exemplo, foi lançado um curso de residência denominado NE 4.0 Programa de revitalização da indústria Nordestina, sendo uma iniciativa envolvendo a Universidade de Pernambuco (UPE) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), envolvendo os pólos do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas e Vale do São Francisco (Petrolina/Juazeiro). No Rio Grande do Norte a instituição correalizadoraé a UFRN, por meio do Instituto Metrópole Digital (IMD). Nesse caso, empresas receberão os residentes e entre elas a Coteminas e a Guararapes, indústrias têxteis conhecidas internacionalmente. Essa iniciativa permitirá o desenvolvimento de projetos na área da indústria 4.0 por profissionais com graduação nas áreas das Engenharias, Ciência da Computação, Sistemas de Informação, Estatística e Administração. Assim, os alunos residentes terão aulas presenciais com docentes envolvidos no projeto e o formato do curso incluirá aulas teóricas e também desenvolvimento in loco de projetos em indústrias potiguares. Uma ação desta natureza permitirá, com certeza, o desenvolvimento de novas competências para os estudantes residentes, possibilitando a implementação de inovações nas indústrias, com fortalecimento da indústria 4.0. 47 REFERÊNCIAS ABIT TÊXTIL E CONFECÇÃO. Perfil do Setor. 2021. Disponível em: https://www.abit.org.br/cont/perfil-do-setor. Acesso em: 17 fev. 2022. AMBROSI, A., PUMERA, M., “3D-printing technologies for electrochemical applications”, Chemical Society Reviews, v. 45, n.10, pp. 2740-2755, Apr. 2016. ASCOM - IMD/UFRN. Projeto Cria Programa de Residência na Indústria do Nordeste. Disponível em: https://ufrn.br/imprensa/noticias/54529/projeto-cria-programa-de-residencia- na-industria-do-nordeste. Acesso em: 13 jan. 2022. BRUNO, Flavio da Silveira. 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(1) Monografia de Graduação apresentada ao Departamento de Economia da UFRN como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Economia. Orientador (a): Prof. (a) Thales Augusto Medeiros Penha Natal/RN 2022 (1) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA Elaborado por Shirley de Carvalho Guedes - CRB-15/440 Felix, Adriana Fernandes Santa Rosa. Indústria 4.0: desafios e oportunidade para a indústria têxtil no Brasil / Adriana Fernandes Santa Rosa Felix. - 2022. 51f.: il. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Curso de Ciências Econômicas, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Thales Augusto Medeiros Penha. 1. Economia - Monografia. 2. Indústria 4.0 - Monografia. 3. Indústria têxtil - Monografia. 4. Pesquisa industrial - Monografia. 5. Inovação tecnológica - Monografia. I. Penha, Thales Augusto Medeiros. II. Título. RN/UF/CCSA CDU 330.34 ADRIANA FERNANDES SANTA ROSA FELIX (2) INDÚSTRIA 4.0: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL NO BRASIL. (2) Monografia de Graduação apresentada ao DEPEC/UFRN como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Economia. Aprovada em: _15_/02_/_2022 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Thales Augusto M. Penha Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte __________________________________________ Prof. José Antônio Nunes de Souza Examinador externo Universidade do Estado do Rio Grande do Norte “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” Guimarães Rosa RESUMO A produção industrial apresenta muitos desafios e a expressão da moda é a Indústria 4.0 que apresenta diversos componentes como sistemas ciber-físicos, Big Data, armazenamento em nuvem, internet das coisas, internet dos serviços, impressão 3D, ciber-s... PALAVRAS-CHAVE: Indústria 4.0, indústria têxtil, PINTEC. ABSTRACT Industrial production presents many challenges and the fashionable expression is Industry 4.0, which presents several components such as cyber-physical systems, Big Data, cloud storage, internet of things, internet of services, 3D printing, cyber-secu... KEYWORDS: Industry 4.0, textile industry, PINTEC. LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE ABREVIATURAS E/OU DE SIGLAS ABIT Associação Brasileira de Indústria Têxtil e Confecções CNI Confederação Nacional da Indústria FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IMD Instituto Metrópole Digital PINTEC Pesquisa Industrial
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