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Alternativasparaomanejo-Monografia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA 
 
 
 
 
MATHEUS VERÍSSIMO RODRIGUES 
 
 
 
 
 
Alternativas para o manejo dos materiais residuais gerados nas análises de 
corantes no Laboratório de Engenharia Ambiental e Controle de Qualidade: 
redução, classificação e pré-tratamento dos resíduos 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
JUNHO DE 2017 
 
 
MATHEUS VERÍSSIMO RODRIGUES 
 
 
 
 
 
Alternativas para o manejo dos materiais residuais gerados nas análises de 
corantes no Laboratório de Engenharia Ambiental e Controle de Qualidade: 
redução, classificação e pré-tratamento dos resíduos 
 
 
 
 
 
 
 Trabalho de conclusão de curso 
apresentado ao Departamento de 
Engenharia Química do Centro de 
Tecnologia da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, sob orientação da Profa. 
Dra. Magna Angélica dos Santos Bezerra 
Sousa, como requisito final para a 
conclusão e graduação no curso de 
Engenharia Química. 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
JUNHO DE 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não podemos resolver problemas com o mesmo 
pensamento que utilizamos para criá-los.” 
Albert Einstein 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 A Deus, acima de tudo, por ter permitido que tudo isso tenha acontecido, por ter colocado as 
mais incríveis pessoas na minha vida. A Virgem Maria, por seu olhar materno e suas preces sem fim, 
desde o primeiro momento de minha vida acadêmica. 
 A minha mãe, Severina Veríssimo da Costa Rodrigues, minha fortaleza, meu suporte, minha 
maior apoiadora desde as primeiras letras e números, o sorriso de todas as manhãs e noites, as lágrimas 
de dor e alívio, meu abrigo no pior momento de nossas vidas. Minha gratidão e meu amor por ti não 
têm limites! 
 A minha menina Meuri, Maria Simões, por ser a melhor namorada, melhor amiga e 
companheira que um homem pode desejar ter consigo. Essa é a primeira das nossas maiores conquistas, 
meu anjo, e não há outra pessoa nesse mundo com quem eu mais queira compartilhar todas elas. O 
futuro é nosso! 
 A minha família, minha avó Chizinha, meus tios, padrinhos e primos, maternos e paternos, com 
o incentivo dos quais eu não chegaria até aqui. Agradeço especialmente a Jessé Santiago e José Adolfo, 
cujo laço de sangue os coloca como primos, mas a vida ensina: somos irmãos. 
 Aos amigos cujas forças se somaram às minhas nesta jornada. Aos Gatos Gatáticos do IF, aos 
Drake Brazilian Boys da UC Davis, os inúmeros parceiros de rotina ao longo dos 5,5 anos na UF e 
àquele que faz parte todos esses grupos, meu irmão há quase 10 anos, Válber Medeiros. Por mais 
parcerias nos anos que virão. 
 A Profa. Magna Angélica Sousa, pela imensa compreensão e orientação não apenas nesse, mas 
em todos os trabalhos por ela tutorados. Ao Prof. André Moriyama e à Ms. Indira Medeiros por 
comporem a banca examinadora. Ao LAMNRC pelas horas de risada na elaboração deste documento, 
em especial a banca já mencionada e Mayara, pelas ideias fornecidas e o apoio nos experimentos. 
 Aos meus parentes em memória, tios e avós que já se foram, especialmente minha avó Severina. 
Suas lembranças trazem os mais ternos sorrisos e me inspiram a significar tanto para os outros quanto 
vocês significam para mim. 
 Ao meu pai, João Maria Rodrigues, a pessoa cujo abraço eu mais desejo a todo instante. Sei que 
a vida te levou para longe de mim, mas sinto sua presença ao meu lado em todos os minutos. Tu és, 
meu pai, a luz que me guia e, ao lado de sua esposa, o local de onde tenho retirado todas as forças para 
estar onde estou, chegar onde cheguei. Amar-te-ei para sempre, meu velho! 
 
 
 
RESUMO 
 
 O desenvolvimento de posturas ambientais em órgãos governamentais levou a UFRN a criar o 
PROGIRES, programa responsável pela gestão de resíduos no campus universitário. O Laboratório de 
Engenharia Ambiental e Controle de Qualidade, componente do Departamento de Engenharia Química, 
utiliza práticas para inserir os discentes neste contexto ambiental, tanto em disciplinas como em 
trabalhos de conclusão de curso. Baseado na necessidade urgente de implantar um sistema de gestão 
dos resíduos sólidos, esse trabalho visa realizar um inventário de resíduos do LEACQ relativos ao 
tratamento de efluentes têxtis e propor ações de minimização desses resíduos, identificação, segregação 
e tratamento possível. Os resíduos abordados, para os quais levantou-se as propriedades físico-químicas 
e toxicológicas e produziu-se etiquetas contendo seus diagramas de Hommel são o azul de metileno, o 
alaranjado de metila, o corante Laranja Reativo 64 e o carvão utilizado em suas práticas de adsorção. A 
metodologia para desenvolvimento do trabalho teve por base conceitos básicos de gestão de resíduos, 
estudos de casos com objetivos similares aos da UFRN e a legislação brasileira vigente, com a qual 
buscou-se indicar alternativas ao método atual de gestão de resíduos utilizado pelo LEACQ. Enfatizou-
se a melhoria no modelo de gerenciamento das operações, na classificação dos resíduos e em seus 
tratamentos preliminares. No tocante à gestão de resíduos, sugeriu-se a redução na sua geração por 
meio da melhora no planejamento de atividades e diminuição na escala de experimento. Quanto à 
classificação, propôs-se um sistema de rotulagem dos materiais, além da possibilidade de substituição 
do sistema de armazenamento por bombonas retornáveis, para as quais fez-se um dimensionamento. 
Em relação aos pré-tratamentos, apresentou-se como alternativas a evaporação dos efluentes, quando 
de forma segura, para redução do seu volume em cubas que utilizem energia solar para aquecimento, 
dado o custo do processo em caso de uso de energia elétrica. Quanto à conversão química, mencionou-
se métodos envolvendo radiação visível e ultravioleta, além de ondas ultrassom para os líquidos, e da 
necessidade de tratamentos externos ao laboratório, como incineração e a lavagem dos gases, para o 
carvão. Concluiu-se ao discutir as consequências das propostas apresentadas. 
 
Palavras-chave: Corantes. Redução na geração de resíduos. Rotulagem dos produtos. Tratamento 
preliminar. Gestão de resíduos. 
 
ABSTRACT 
 
 The development of environmental policies by government agencies led UFRN to create 
PROGIRES, a program responsible for waste management at the university campus. The Laboratory of 
Environmental Engineering and Quality Control (LEACQ), part of the Department of Chemical 
Engineering, uses experiments to include students in such environmental context, both in classes and in 
undergraduate theses. Based on the urgent need to implement a solid waste management system, this 
paper aims to carry out an inventory of LEACQ’s waste related to the treatment of textile effluents and 
to propose measures to minimize such waste, identification, segregation and possible handling. The 
addressed residues, for which the physic-chemical and toxicological properties were raised and labels 
were produced containing Hommel diagrams, are methylene blue, methyl orange, Reactive Orange 64 
dye and the coal used in their adsorption practices. The methodology for the development of this 
undergraduate thesis was based on basic concepts of waste management, case studies with objectives 
like those of UFRN and current Brazilian legislation, which sought to indicate alternatives to the 
current method of waste management used by LEACQ. Emphasis was placed on improving the 
operations’ management model, the classification of waste and its preliminary treatment. Regarding 
waste management, it was suggested to decrease its generation by improving how activities are planned 
and by reducing the scale of experiments. Concerning the classification, a system of labeling of 
materials was proposed, in addition to the possible replacement of the storage system with returnable 
cylinders, for which a sizing estimation wasmade. Regarding the pre-treatments, the effluents’ 
evaporation, when safely done, to reduce their volume in tanks that use solar energy for heating was 
presented as an alternative, given the high costs of this process when electric energy is used instead. As 
for the residues’ chemical conversion, methods involving visible and ultraviolet radiation, as well as 
ultrasonic waves for liquids were mentioned, and, for the coal, the need for external treatments, such as 
incineration and gas washing, were suggested. It was concluded by discussing the consequences of the 
proposals put forward. 
 
Keywords: Dyestuffs. Waste generation reduction. Product labeling. Preliminary treatment. Waste 
management. 
 
ÍNDICE 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 8 
 1.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 9 
 1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................... 9 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................ 10 
2.1 Conceitos ............................................................................................................................. 10 
2.2 Contexto atual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte ............................... 12 
2.3 Contexto atual do Departamento de Engenharia Química ............................................ 13 
2.4 Estudos de Caso .................................................................................................................. 14 
 2.4.1 Universidade de São Paulo – São Carlos .......................................................... 14 
 2.4.2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul .................................................... 17 
 2.4.3 Universidade de Campinas – São Paulo ............................................................ 19 
 2.4.4 Universidade Federal do Ceará ......................................................................... 19 
2.5 Legislação Vigente .............................................................................................................. 20 
2.6 Metodologias para a Modificação de Práticas .................................................................... 21 
2.7 Substâncias Descartadas .................................................................................................... 22 
 2.7.1 Azul de Metileno .................................................................................................. 22 
 2.7.2 Alaranjado de Metila .......................................................................................... 24 
 2.7.3 Laranja Reativo 64 .............................................................................................. 26 
 2.7.4 Carvão .................................................................................................................. 27 
3 METODOLOGIA ............................................................................................................................. 29 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................................... 32 
 4.1 Redução dos Resíduos Laboratoriais ............................................................................... 34 
 4.2 Classificação e Armazenamento dos Resíduos ................................................................ 34 
 4.3 Tratamentos Preliminares dos Resíduos ......................................................................... 39 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 44 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 45 
Apêndice A ............................................................................................................................................ 52 
Apêndice B ............................................................................................................................................ 53 
Apêndice C ............................................................................................................................................ 54 
Apêndice D ............................................................................................................................................ 56 
 
8 
1 INTRODUÇÃO 
 
 A temática ambiental nos últimos anos tem se mostrado um constante foco para a sociedade. 
Empresas privadas usam o nome da “produção verde” como estratégia para manter sua produtividade 
rentável ao longo dos anos, mas também como estratégia de marketing. Órgãos governamentais, por 
outro lado, lidam com tais grupos, regulamentando suas ações por meio de leis e normas, e buscam em 
suas divisões e organizações o seguimento dessas práticas. 
 A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em sintonia com essa tendência, instituiu o 
Programa de Gestão Integrada de Resíduos, cuja ação abrange todos os materiais residuais sólidos que 
possam passar por algum tipo de processamento, como materiais recicláveis e produtos químicos. 
Embora suas ações sejam limitadas a algumas atividades intermediárias, o programa visa à atuação em 
todos os departamentos produtores de resíduos. 
 Um deles, o Departamento de Engenharia Química (DEQ), por sua vez, conta com diferentes 
unidades geradoras de resíduos. O Laboratório de Engenharia Ambiental e Controle de Qualidade 
(LEACQ), objeto de estudo, local para o desenvolvimento deste trabalho e parte do DEQ, é um reflexo 
da preocupação com os aspectos ambientais na indústria química. As ações desempenhadas em seu 
interior buscam a aprendizagem de metodologias para preservar o meio ambiente e a saúde humana, 
aliando o desenvolvimento à sustentabilidade. 
 Dentre as práticas realizadas no âmbito do LEACQ, destacam-se dois tipos de atividades. As 
mais recorrentes são as práticas experimentais nas disciplinas relacionadas, como os estudos de 
parâmetros de qualidade da água. Também deve-se mencionar os processos desempenhados por alunos 
em atividades extraclasse, como a pesquisa para produção de artigos, TCCs, dissertações e teses. 
 Trabalhos de conclusão de curso ocupam uma significativa porção dessa atividade e seus temas 
costumam ser variados, ao contrário das práticas rotineiras. No entanto, nos últimos meses há uma 
demanda maior por pesquisas envolvendo corantes, um dos efluentes mais comuns da indústria têxtil. 
A preocupação com a remoção destes poluentes, por quebra das moléculas ou sua captura, é crescente. 
 Tomando esta dinâmica como base, elaborou-se um estudo com ênfase em estratégias para 
reduzir o impacto ambiental causado por estas práticas, aplicando a filosofia da redução na geração de 
resíduos ao contexto laboratorial. Outro fator considerado foi o econômico, com a priorização da 
diminuição de custos, buscando opções sustentáveis. 
 Este trabalho almeja apresentar alternativas ao atual contexto vivenciado pelo LEACQ, 
propondo alterações não somente no modus operandi do armazenamento e descarte de resíduos, mas 
também procurando realizar uma educação ambiental com os bolsistas do laboratório. Ambas são 
9 
necessidades reais e interligadas, visto que é impossível implantar efetivas mudanças na rotina de um 
espaço sem a colaboração integral de seus membros. 
Os resultados deste estudo se unirão a outros trabalhos já realizados por alunos do 
departamento, permitindo um melhor panorama da temática discutida, e deixará propostas de 
abordagem para textos futuros. 
 
1.1 Objetivo Geral 
 
● Esse trabalho final de curso visa inventariar os resíduos do LEACQ oriundos dos estudossobre 
contaminantes têxteis e sugerir ações para gerenciamento desses resíduos. 
 
1.2 Objetivos Específicos 
 
● Estudar casos de gestão de materiais residuais em outras instituições de ensino; 
● Estudar a legislação brasileira no tocante ao descarte de resíduos; 
● Estudar as propriedades físicas, químicas e toxicológicas dos compostos em análise; 
● Discutir estratégias para a redução na geração de materiais residuais; 
● Elaborar etiquetas contendo o diagrama de Hommel para os resíduos citados; 
● Estimar o custo de recipientes novos e retornáveis para o armazenamento das substâncias; 
● Discutir rotas para tratamento preliminar que sejam viáveis ao laboratório e as metodologias 
mais aplicadas atualmente. 
 
10 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Conceitos 
 
 Para a melhor compreensão deste trabalho, alguns conceitos precisam ser discutidos 
previamente, os quais possuem importância para outras ideias futuramente abordadas. Seguem abaixo 
definições ligadas a materiais residuais, sua classificação conforme a ABNT NBR 10.004:2004, fontes 
contendo informações sobre substâncias perigosas e tratamentos para materiais residuais. 
Material residual é uma terminologia, segundo Figuerêdo (2006), que abrange de forma geral 
quaisquer resíduos ou rejeitos produzidos por dada fonte. Resíduos podem ser descritos como materiais 
provenientes de atividade humana, para os quais ainda é possível aplicar um tratamento, a fim de 
possibilitar seu retorno a processos produtivos ou melhorar suas condições de descarte. Rejeitos, por 
sua vez são aqueles que, “depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por 
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis”, não possuem outra alternativa a não ser 
o descarte responsável no ambiente (BRASIL, 2010). 
Outra definição a se destacar é a de ativos e passivos ambientais. Os primeiros “são todos os 
insumos já adquiridos, empregados e disponibilizados por uma instituição com a finalidade de controlar 
o impacto ambiental, preservar e recuperar o meio ambiente” (PENSAMENTO, 2014). Figuerêdo 
(2006), por outro lado, estabelece que os ativos são os resíduos gerados cotidianamente em um 
processo e estão devidamente previstos em um plano de gestão. 
Passivos ambientais, por sua vez, são, do ponto de vista de materiais residuais, não devidamente 
planejados (FIGUERÊDO, 2006). Isto leva a armazenamentos inadequados e potenciais riscos 
ambientais distintos. Este tipo de resíduo é o objeto de interesse deste trabalho. 
A classificação dos materiais residuais se deu em 2004 por meio da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas em sua NBR 10.004 conforme citado anteriormente. No tocante a sua periculosidade, 
deve-se mencionar as seguintes categorias: 
o Classe I: Perigosos: potenciais causadores de dano à população e ao meio ambiente em 
razão de suas características como “inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou 
patogenicidade” (ABNT, 2004). 
o Classe II: Não Perigosos: 
▪ Classe II A: Não Inertes: resíduos que não se enquadram na categoria anterior, 
no entanto possui qualidades como “combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água”, 
requerendo diferentes cuidados (ABNT, 2004). 
11 
▪ Classe II B: Inertes: Segundo a ABNT (2004) é todo resíduo que, ao ser 
submetido por um teste de solubilidade conforme a NBR 10.006, não apresenta “nenhum de seus 
constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água”. 
Dentre as fontes contendo informações sobre substâncias químicas, duas se destacam na 
elaboração deste trabalho: as Fichas de Informação de Produtos Químicos e o diagrama de Hommel. 
Também conhecido por Material Safety Data Sheet (MSDS), as FISPQ’s são adquiridas sempre juntas 
aos produtos a elas atrelados e seguindo um padrão da ANSI (The American National Standards 
Institute) (BEN MEADOWS, 2017). Elas devem conter as seguintes informações: 
● Identificação da substância, fabricante, componentes e perigos; 
● Medidas de primeiros socorros, combate a incêndios e controle de vazamentos; 
● Manuseio, armazenamento e proteção individual; 
● Propriedades químicas e físicas, estabilidade, toxicidade, reatividade, informações sobre 
tratamento, disposição e transporte. 
O diamante ou diagrama de Hommel foi desenvolvido pelo National Fire Protection 
Association dos EUA, é representado um losango (figura a seguir) dividido em quatro campos cujas 
cores representam riscos diferentes: à saúde (azul), inflamabilidade (vermelho), reatividade (amarelo) e 
especiais (branco) (NATIONAL FIRE PROTECTION ASSOCIATION, 2017). Associada a esses 
fatores está uma escala de 0 a 4, em ordem crescente de risco. O losango branco, porém, contém 
símbolos ou letras indicando poder oxidante, acidez ou alcalinidade, reações com água, entre outros. 
Figura 1 – Diagrama de Hommel e riscos de vida, fogo e reação, ligados às escalas e seus significados. 
 
Fonte: Diagrama... (2014). 
12 
2.2 Contexto Atual da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
 
 A Divisão de Meio Ambiente (DMA) da Superintendência de Infraestrutura da UFRN é o órgão 
responsável pelo gerenciamento dos resíduos produzidos nas dependências do campus. Tal ação é 
coordenada pelo Programa de Gestão Integrada de Resíduos – PROGIRES, abrangendo as atividades 
de “coleta, armazenamento, tratamento e destinação final” daquilo que é descartado na universidade 
(DIVISÃO DE MEIO AMBIENTE, 2011). 
 De acordo com o texto divulgado pelo programa, seus objetivos compreendem a redução dos 
impactos causados resíduos da UFRN gerados em atividades de pesquisa, ensino e extensão, a melhoria 
nas condições de “segurança, higiene e saúde ocupacional da comunidade universitária”, além da 
população que habita o entorno do campus. 
 Dentre as etapas constituintes do PROGIRES, o programa menciona o gerenciamento de 
resíduos sólidos comuns, o qual conta com a coleta seletiva solidária, e o gerenciamento dos resíduos 
especiais e perigosos. Nesta categoria se encontram os reagentes e produtos químicos descartados, os 
sólidos de construção e demolição, pilhas e baterias, sólidos oriundos dos serviços de saúde, materiais 
radioativos, industriais e biológicos. 
 Em sua monografia, Menacho (2016) visitou a Unidade de Armazenamento Temporário de 
Resíduos (UATR), cuja imagem, produzida pelo mesmo, se encontra abaixo. Ele pôde constatar as 
irregularidades de armazenamento na forma em que a unidade se encontrava. O autor mencionou, por 
exemplo, riscos de “incêndio, explosões, derramamentos, exposição à substâncias corrosivas e toxicas 
(sic), entupimentos e diversos tipos de avarias”, os quais podem causar prejuízos humanos, ambientais 
e patrimoniais. 
Figura 2 – Unidade de Armazenamento Temporário de Resíduos 
 
Fonte: Menacho (2016) 
13 
2.3 Contexto Atual do Departamento de Engenharia Química 
 
 Menacho (2016) levantou informações acerca do destino dos resíduos químicos produzidos nos 
laboratórios ligados ao Departamento de Engenharia Química, com ênfase nos passivos ambientais. 
Notou-se a presença de substância em estado sólido e líquido, 29% e 15,35% dos quais são de natureza 
desconhecida, respectivamente. Isto se dá, segundo o autor, em virtude da ausência de rotulagem nos 
recipientes de armazenamento, além da sua eventual deterioração quando presente. 
 Outro problema gerador de resíduos, mais proeminente nos sólidos, é a perda da validade de 
determinados reagentes, os quais perdem seu uso primário e passam a se acumular nos espaços dos 
laboratórios (MENACHO, 2016). 
 O autor do estudo também ressalta a inexistência da identificação de datas de descarte nos 
recipientes encontrados, tendo em vista a irregularidade no recolhimento por parte do Departamento de 
Meio Ambiente da Universidade. 
 Dentre os transtornos enfrentados pelos setores, Menacho (2016) cita três principais: a 
inexistência de um local determinadopara o estoque dos passivos gerados; a não-padronização dos 
rótulos e condições de armazenamento; a ausência de medidas de “reuso e reaproveitamento” dos 
resíduos. 
 No primeiro semestre de 2017, o primeiro transtorno se direcionou para uma solução com a 
construção de dois entrepostos de armazenamento de resíduos nos arredores do Núcleo de Tecnologia 
Industrial, onde parte dos laboratórios do DEQ estão localizados. Todos os resíduos produzidos 
passíveis de transporte são encaminhados para lá, onde aguardam o recolhimento por parte do DMA. 
Figura 3 – Entreposto de armazenamento 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
14 
 Embora a geração de passivos ambientais ainda ocorra, seu acúmulo em um local devidamente 
designado é um avanço, posto que agora não devem mais ocupar espaços úteis nos laboratórios. Há 
também o incremento na facilidade de coleta por parte da superintendência responsável, cuja ação 
passa a ser centralizada no entreposto e não mais em diversas localidades. 
 
2.4 Estudos de Caso 
 
 Muitas universidades brasileiras, ao longo dos anos, desenvolveram programas de 
gerenciamento de resíduos, incluindo os de origem química. Em alguns casos, as ações são 
encabeçadas pelos Institutos de Química das unidades e os métodos adotados se assemelham. 
Medidas como a criação de espaços específicos para armazenamento também foram incluídas 
no PROGIRES potiguar, no entanto, é notória a iniciativa das outras universidades na criação de 
formas mais eficientes na segregação residual, com a criação de um sistema de rotulagem e banco de 
dados (caso 2), e no tratamento (casos 1 e 3), por meio da construção de laboratórios exclusivamente 
voltados para o processamento de resíduos. 
O último caso estudado, por sua vez, é mais recente e próximo em termos geográficos, e exibe 
uma abordagem ligada a projetos de extensão, além do uso de um inventário de resíduos laboratoriais. 
Na tabela a seguir, os casos estão relacionados às instituições que analisam. 
Tabela 1 – Instituições de ensino superior analisadas. 
Caso Instituição 
1 USP – São Carlos 
2 UFRGS 
3 UNICAMP 
4 UFC 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 
2.4.1 Universidade de São Paulo – São Carlos 
 
 Em seu artigo Alberguini, Silva e Rezende (2003) expressam que a iniciativa dos docentes 
ligados ao Instituto de Química do campus (IQSC). Esta motivação surgiu a partir da percepção de que 
os resíduos armazenados nos laboratórios se configuravam como passivos ambientais nocivos, em 
virtude de sua forma de armazenamento inadequado e sua alta quantidade. 
 O Instituto de Química tomou três prioridades como base: redução dos riscos atrelados aos 
15 
resíduos e sua possível recuperação como matérias-primas; conscientização do corpo discente quanto 
ao uso e descarte dos produtos utilizados; a maneira como o professor responsável pelo laboratório 
deve lidar com os resíduos nele gerados. Outra preocupação está nas fontes de geração cujos 
responsáveis não possuem “conhecimentos de química” (ALBERGUINI; SILVA; REZENDE, 2003) e 
nas instruções que estes devem receber para um manuseio inicial. 
 A solução proposta foi a criação de um laboratório único responsável pelos produtos 
descartados em todo o campus universitário, o qual recebeu o nome de Laboratório de Resíduos 
Químicos (LRQ). O LRQ surgiu, em um primeiro momento e sem tal denominação, como um abrigo 
para o armazenamento dos resíduos (figura a seguir), antes dispostos em tambores. Estes passivos 
foram então devidamente identificados e rotulados, utilizando como base o diagrama de Hommel para 
a análise de perigos em cada componente (toxicidade, inflamabilidade, reatividade e outras 
periculosidades específicas). 
Figura 4 – Abrigo de armazenamento dos resíduos. 
 
Fonte: Alberguini, Silva e Rezende (2003). 
 Após a adoção de características técnicas de segurança, foi iniciado o “Programa de Tratamento 
de Resíduos Químicos Produzidos pelos Laboratórios de Ensino e Pesquisa em Química do Campus de 
São Carlos”, o qual objetivava não apenas a identificação e quantificação dos resíduos gerados no 
IQSC, mas também propunha as primeiras soluções para os problemas por eles causados. Segundo 
Alberguini, Silva e Rezende (2003), “a avaliação dos resíduos químicos foi realizada com uma 
amostragem de 1196 L em que se verificou que 45% deles eram recuperáveis por destilação, 8% após 
tratamento e destilação, 15% por descarte após diluição, 17% necessitavam tratamento mais específico 
e 15% não eram descartáveis”. Com isto, um espaço de cem metros quadrados foi erguido e o 
laboratório, enfim, inaugurado e o abrigo recebeu o nome de Entreposto de Armazenamento. Abaixo 
seguem registros do LRQ após modernização. 
16 
Figura 5 – Laboratório de Resíduos Químicos. 
 
Fonte: Alberguini, Silva e Rezende (2003). 
 No ano de 1999, o LRQ implantou o Programa de Gestão e Gerenciamento de Resíduos 
Químicos, o qual se baseia nas seguintes operações: envio de documento solicitando a remoção dos 
resíduos e rotulagem dos frascos in situ (responsabilidades do laboratório gerador); acondicionamento e 
transporte dos resíduos ao Entreposto (responsabilidades do laboratório gerador e supervisão do LRQ); 
disposição, tratamento das substâncias e análise química dos produtos recuperados (responsabilidades 
do LRQ); disposição dos rejeitos (responsabilidade do LRQ e da unidade). 
 Alberguini, Silva e Rezende (2003) reforçam, por fim, a importância da associação do 
laboratório a práticas de ensino, de modo a auxiliar a formação “de uma ética adequada com relação à 
hierarquia de resíduos desde o manuseio dos produtos químicos por meio do conhecimento dos itens de 
segurança dos mesmos, utilizando sistema de rotulagem internacional”. A ministração de disciplinas 
relacionadas ao meio ambiente, ocorrência de aulas práticas no ambiente laboratorial e a oferta de 
estágios são, segundo o autor, importantes na “conscientização da necessidade do descarte adequado de 
resíduos químicos, visando a prevenção da poluição com vistas à preservação ambiental” 
(ALBERGUINI; SILVA; REZENDE, 2003). 
17 
2.4.2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
 
 A partir do ano de 1994, o Instituto de Química da UFRGS iniciou o desenvolvimento de 
atividades de coleta seletiva e tratamento dos laboratórios de pesquisa e graduação (AMARAL et al., 
2001). Tais ações, no entanto, eram consideradas restritas e/ou limitadas, tendo em vista a sua 
aplicação em apenas determinados setores ou departamentos. 
 Em 1998, lançou-se o Edital PADCT III – Apoio a Cursos de Graduação em Química e 
Engenharia Química, com o qual o Instituto de Química desenvolveu um programa a nível 
institucional. O projeto apresentado e aprovado, intitulado “Ensino e a Química Limpa”, tem como 
alvo “a formação de um profissional em química preocupado com a preservação do meio ambiente e 
com o desenvolvimento e utilização de tecnologias limpas” (AMARAL et al., 2001). 
 Uma das principais medidas incentivadas pelo Instituto é um programa de intercâmbio dos 
resíduos gerados pelos laboratórios ligados aos Departamentos de Química Inorgânica, Orgânica e 
Físico-Química. Cuidados são tomados para que os produtos não sejam contaminados de forma 
indesejada, comprometendo as trocas. 
 Os autores afirmam que tornar os resíduos produzidos úteis, a fim de diminuir a quantidade 
necessitando um descarte definitivo. Também menciona o fato de muitos produtos serem recuperados 
como puros. 
 Dentre os produtos recuperados, os autores exemplificam com a geração de enxofre sólido a 
partir de tiossulfato de sódio e ácido sulfúrico. Outro processo mencionado é a regeneração do nitrato 
de prata partindo da redução do íon Ag+ presente na forma de cloreto a prata metálica em presença de 
hidróxido de sódio, a qual é então oxidada sob aquecimento por ácido nítrico. Outros 
reaproveitamentos realizados são, entre outros, os do vermelho de metila, ácido acetilsalicílico,eugenol 
e acetil-eugenol. 
 Um sistema de rotulagem dos produtos residuais foi também proposta. Ele tem como finalidade 
uma melhor identificação e organização daquilo produzido pelos laboratórios. Três diferentes 
categorias foram estabelecidas: insumo (produtos provenientes de processos de síntese, não 
considerado para descarte imediato, representado pela cor verde); resíduo (conforme o conceito 
estabelecido na seção 2.1, representado pela cor amarela); e rejeito (partindo da definição contida na 
norma ABNT NBR 10.004/2004, representado pela cor vermelha) (AMARAL et al., 2001). Há abaixo 
desta classificação um conjunto de informações adicionais que permitem identificar quando e onde os 
produtos foram obtidos e quem é seu responsável gerador. Localizados a seguir estão exemplos das 
etiquetas para os três tipos listados. 
18 
Figura 6 – Rótulos propostos para a classificação de insumos, resíduos e rejeitos. 
 
Fonte: Amaral et al., (2001). 
 Também foi criado um programa de computador chamado “Sistema de Reutilização de 
Resíduos”, cuja interface inicial está apresentada abaixo, para o qual se tem acesso em todo o Instituto 
de Química. Este tem por finalidade aumentar a disponibilidade das informações acerca dos resíduos 
gerados nos três departamentos. 
Figura 7 – Interface do “Sistema de Reutilização de Resíduos”. 
 
Fonte: Amaral et al., (2001). 
O programa solicita informações similares àquelas presentes nos rótulos, tais como a origem, 
quantidade de resíduos, data da atualização mais recente, responsável pelo preenchimento dos dados. 
São, da mesma forma, requisitados os reagentes utilizados na síntese, as rotas reativas usadas e a 
composição do resíduo. Por fim são acrescentadas as propriedades físicas do produto e informações 
sobre um possível tratamento (AMARAL et al., 2001). 
 Os autores do estudo concluem ao considerar que a implantação dos projetos estabelecidos pelo 
Instituto de Química da UFRGS, no momento da publicação, poderia ser considerada bem-sucedida. 
Como sinais deste bom desempenho, cita-se o entusiasmo dos alunos envolvidos, os quais sentem 
poder contribuir com uma menor poluição do meio ambiente, e também dos professores e funcionários, 
por conseguirem, naquele momento, pôr em prática um de seus desejos antigos. Também há 
expectativa na formação de egressos da UFRGS na área de Química com consciência da iminência de 
19 
evitar problemas como a poluição do meio ambiente. 
 
2.4.3 Universidade de Campinas – São Paulo 
 
 Jardim (1998) apresenta em seu artigo a metodologia aplicada e as premissas de sustentação dos 
programas realizados no Laboratório de Química Ambiental (LQA) do Instituto de Química da 
UNICAMP. O autor cita quatro condições: apoio irrestrito da Instituição ao Plano de Gestão de 
Resíduos, prioridade ao viés humano do projeto (em detrimento do tecnológico), divulgação das metas 
com relação às fases do programa e a reavaliação contínua dos resultados atingidos. 
 Há também a menção do conceito de responsabilidade objetiva, ou seja, o gerador de um 
resíduo é o direto responsável por ele e seu manejo. Fala-se da importância de uma hierarquia nas 
atividades desempenhadas para a lida com os produtos. Segundo o autor, deve-se seguir a seguinte 
lista, em ordem decrescente de prioridade: prevenção de geração dos resíduos; minimização dos 
perigosos; segregação e concentração de correntes residuais (facilitando o manejo); reuso; reciclagem; 
manutenção do resíduo na forma mais simples de tratamento; tratamento e disposição de forma segura. 
 Com base em programas de gerenciamento estrangeiros, adaptados para o contexto nacional, o 
LQA desenvolveu processos de baixo custo para o tratamento de compostos orgânicos com potencial 
tóxico. O uso mais comum é o de procedimentos oxidantes avançados (tratamento com peróxido de 
hidrogênio, raios ultravioletas, ozônio, fotocatálise heterogênea, entre outros) (JARDIM, 1998). 
 
2.4.4 Universidade Federal do Ceará 
 
 O Programa de Gerenciamento de Resíduos (PROGERE) da Universidade Federal do Ceará 
(UFC) foi criado no ano de 2005, o qual tem por propósito conter “procedimentos e ações visando à 
implantação de um sistema integrado de coleta seletiva, redução, reutilização, reciclagem e destinação 
final” dos resíduos gerados pelas atividades da UFC (SILVA et al., 2015). 
 O PROGERE conta com três diferentes plataformas: o gerenciamento dos resíduos passíveis de 
reciclagem; gerenciamento dos resíduos advindos de laboratórios; e educação socioambiental. Dentre 
os projetos desempenhados, os autores do artigo mencionam o “Coleta Seletiva Solidária”, o qual envia 
o material reciclável da universidade a cooperativas de catadores, e o “Tecendo Redes e Açude Vivo”, 
cujo propósito é conscientizar as comunidades sobre temas ligados à qualidade dos corpos aquáticos. 
 Em 2009, o PROGERE identificou e contabilizou, por meio de formulários preenchidos pelos 
setores, os resíduos gerados em atividades, ativos e passivos. Nos locais onde havia laboratórios, 
20 
informações como a fonte de geração, tipo de resíduo, aspectos qualitativos e quantitativos e formas de 
acondicionamento e descarte. Tal ação levou à criação do inventário de resíduos laboratoriais. 
 Segundo Silva et al. (2015), os compostos foram classificados de acordo com sua natureza e 
estado físico, além de propriedades químicas: ácido, base, oxidante, redutor, aquoso, aquoso contendo 
metal pesado, mistura sólida, sólido contendo metal pesado, metálico, corante, infectante, aquoso contendo 
cianeto, orgânico, solvente orgânico, solvente orgânico halogenado, comum, desconhecido. 
 É dito pelos autores que, no processo de elaboração do inventário, a universidade percebeu que 
uma parte significativa dos passivos ambientais eram reagentes não utilizados, dentro ou fora do prazo de 
validade. Muitos deles, inclusive, ainda estavam em condição de uso. A partir dessa constatação, surgiu 
como mecanismo de promover a redistribuição deste resíduo em diferentes unidades o Banco de Reagentes, 
reduzindo, dessa forma, a geração de resíduos passivos. 
 Para evitar a geração de compostos residuais ditos desconhecidos, intervenções educativas foram 
realizadas com o intuito de informar os usuários dos laboratórios a importância do armazenamento 
adequado dos insumos e materiais residuais, de sua identificação correta e descarte responsável (SILVA et 
al., 2015). Também foi efetuada a coleta de frascos vazios de reagentes, após remoção do rótulo e lavagem 
tripla para remoção dos reagentes residuais. 
 Com relação aos resíduos químicos, a prática adotada consiste em uma identificação inicial do 
composto a ser descartado. Após isso, com auxílio da literatura, verifica-se a possibilidade do descarte 
seguro na pia ou no lixo ou se há alternativa de tratamento. A metodologia seguida consta no texto 
intitulado “Manual de Tratamento de Resíduos Químicos”, elaborado pelo PROGERE. Os parâmetros para 
os métodos selecionados foram a aplicabilidade, baixo custo, alto rendimento, a redução da periculosidade e 
da quantidade dos resíduos gerados após o tratamento. 
 
2.5 Legislação Vigente 
 
 A legislação ambiental brasileira tem por base os termos estabelecidos pela Constituição 
Federal de 1988 em seu artigo 225, a qual diz que “Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações” (BRASIL, 1988). 
 Dentre as publicações relacionadas aos resíduos gerados em território brasileiro, no tocante aos 
sódios, destaca-se a criação, no ano de 2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 
2010). Em relação aos efluentes produzidos, um órgão ligado ao Sistema Nacional de Meio Ambiente 
21 
(Sisnama) elaborou resoluções dispondo, entre outros temas, da classificaçãode corpos hídricos 
(BRASIL, 2005) e padrões de lançamento dos resíduos líquidos. 
 Instituída pela Lei 12.305/2010, a PNRS estabelece “as diretrizes relativas à gestão integrada e 
ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do 
poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis” (BRASIL, 2010). Seus artigos com 
relevância para este trabalho se encontram no apêndice A. 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA, tem publicado resoluções, dentre as quais 
pode-se mencionar a número 357 do ano de 2005 e a número 430 de 2011. A primeira trata da 
classificação dos corpos d’água, além de seus usos e padrões (BRASIL, 2005). A segunda, por sua vez, 
determina as condições para o lançamento de efluentes (BRASIL, 2011). Os artigos mais utilizados ou 
importantes neste trabalho de conclusão de curso constam nos apêndices B e C, respectivamente. 
Quaisquer ações desenvolvidas pela UFRN e seus departamentos subordinados devem, em se 
tratando da disposição de resíduos, seguir estas normas. Os tópicos seguintes abordam informações 
importantes sobre suas características. 
 
2.6 Metodologias para a Modificação de Práticas 
 
 Como base para este trabalho, utilizou-se o guia produzido pela Universidade de Queensland, 
na Austrália, a qual conta com os passos necessários para uma melhor gestão de resíduos. Segundo o 
Green Labs (2017), minimizar a quantidade de substâncias produzidas em qualquer projeto deve ser o 
passo inicial, a partir do qual os seguintes podem ser melhor executados. As principais consequências 
desse tipo de ação estão relacionadas à diminuição dos impactos oriundos do transporte e descarte, 
além de seu custo. Deve-se também mencionar o incentivo ao uso eficiente e conservação de recursos, 
dentro e fora do ambiente laboratorial. 
 A primeira medida sugerida é a redução na fonte, ou seja, usar de artifícios para poupar o 
máximo de recursos. Pode-se, por exemplo, diminuir a escala dos experimentos e protocolos para o 
mínimo necessário, além de reutilizar materiais, quando possível, ao invés de descartá-los após uso. 
 Após isso, uma ação a ser desempenhada é a de descartar efluentes de natureza distinta em 
recipientes diferentes. Ao misturar resíduos, há riscos de causar acidentes ao operador e às pessoas que 
frequentam o laboratório (com a possibilidade de reações inesperadas), é possível estar dificultando seu 
eventual tratamento (GREEN LABS, 2017). 
 Medidas complementares também podem ser adotadas, tais como a criação e manutenção 
atualizada de um inventário das substâncias químicas contidas no laboratório, assim como a elaboração 
22 
de um manual de descarte dos resíduos, disponível a todos os usuários de suas dependências. Outra 
atitude importante é o planejamento dos experimentos, a partir do qual é possível ajustar a quantidade e 
escala dos procedimentos necessários, logo, minimizar os recursos utilizados sem prejudicar os 
resultados almejados (GREEN LABS, 2017). 
 Por fim, a rotulação de resíduos evita a falta de identificação das substâncias após seu uso, 
encarecendo seu descarte. 
 
2.7 Substâncias Descartadas 
 
 Na execução deste trabalho, optou-se por estudar os resíduos provenientes das práticas 
envolvendo corantes, os quais compunham a base para outros estudos desenvolvidos por alunos do 
LEACQ. Os compostos utilizados, cujas principais propriedades disponíveis são esclarecidas nas 
seções a seguir, são o azul de metileno, o alaranjado de metila e o Laranja Reativo 64. 
 Em alguns dos experimentos aplicou-se carvão às soluções com a finalidade de testar seu poder 
de adsorção frente a esses poluentes. Por este motivo, tal sólido também foi gerado como resíduo e, 
portanto, teve suas propriedades avaliadas. 
 Deve-se ressaltar o fato de que, ao se conhecer melhor os objetos de estudo, é possível propor 
melhores soluções para os problemas por eles gerados. 
 
2.7.1 Azul de Metileno 
 
Figura 8 – Azul de metileno em solução. 
 
Fonte: Methylene... (2008). 
23 
 O azul de metileno, cuja nomenclatura IUPAC em inglês é [7-(dimethylamino)phenothiazin-3-
ylidene]-dimethylazanium chloride e fórmula molecular é C16H18ClN3S (PUBCHEM, 2017e), é um 
sólido na cor verde escura e forma cristalina (HDSB, 2017c). Quando em solução, porém, apresenta 
uma coloração azul-marinho. Outra de suas características organolépticas é a de que possui um ligeiro 
odor. Segue a fórmula estrutural do composto: 
Figura 9 – Fórmula estrutural do azul de metileno. 
 
Fonte: Vilca-Quispe et al. (2011). 
 Esta substância é usada principalmente como tinta de papel, corante microbiológico, 
intermediário químico, agente medicinal e produto cosmético. 
 Em termos de suas propriedades físicas, o azul de metileno possui um ponto de fusão variando 
entre 100 e 110 °C, faixa na qual ele também tende a se decompor (DRUGBANK, 2017b). É solúvel 
em água (43600 mg/L), etanol e clorofórmio, parcialmente solúvel em piridina e insolúvel em éter 
etílico. Sua pressão de vapor a 25 °C é igual a 1.30x10-7 mmHg (HDSB, 2017c). 
 Quanto a sua estabilidade química, o corante em questão é estável quando exposto ao ar, mas 
considerado sensível à luz. Se aquecido, o azul de metileno libera gases como óxidos de nitrogênio e de 
enxofre, além de cloreto de hidrogênio (ácido clorídrico gasoso) (PUBCHEM, 2017e). 
 No seu armazenamento e manejo, diz-se que o azul de metileno é compatível e, portanto, não 
deve ser armazenado junto a álcalis cáusticos (como hidróxido de sódio), agentes oxidantes (como 
dicromatos), iodetos alcalinos e agentes redutores (HDSB, 2017c). 
 De acordo com o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos 
Químicos (em inglês, GHS), o azul de metileno pode ser considerado uma substância irritante, além de 
causar outros tipos de perigo à saúde humana, tais como propriedades carcinogênicas e mutagênicas, 
toxicidade reprodutiva e a órgãos específicos (de forma aguda ou crônica), assim como inalação e 
ingestão (NITE-CMC, 2016). Em ratos, a DL50 (dose letal) equivale a 67 miligramas por kg do animal 
(HDSB, 2017c). 
 Em relação ao lançamento em corpos aquáticos, tem-se conhecimento de que este corante é 
nocivo aos seres vivos neles habitantes (NITE-CMC, 2016). Identificou-se perigo em ambas formas 
24 
aguda e crônica. Para o camarão, a CL50 (concentração letal) é de 100000 microgramas por litro em 
uma hora de exposição (HDSB, 2017c). 
 
2.7.2 Alaranjado de Metila 
 
Figura 10 – Alaranjado de metila no estado sólido. 
 
Fonte: Methyl... (2017). 
 O alaranjado de metila, conhecido em inglês também por sua nomenclatura IUPAC, sodium 4-
[[4-(dimethylamino)phenyl]diazenyl]benzenesulfonate, possui fórmula molecular C14H14N3NaO3S 
(PUBCHEM, 2017d). Sua fórmula estrutural está apresentada na figura a seguir. Na forma sólida, 
possui aspecto cristalino amarelo-alaranjado (HSDB, 2017b). 
Figura 11 – Soluções de alaranjado de metila em diferentes pHs. 
 
Fonte: File:methyl-orange-colour-range.jpg (2007). 
Quando dissolvido, apresenta características de indicador de pH, como mostrado na imagem 
acima, variando sua coloração entre vermelho e amarelo na faixa de 3,1 a 4,4, com sua cor 
característica surgindo no valor 3,7 (CLARK, 2013). É importante notar que todos os potenciais 
25 
apresentados estão localizados na região ácida da escala. 
Figura 12 – Fórmula estrutural do alaranjado de metila. 
 
Fonte: Methyl... (2017). 
 Seus usos mais comuns, como já mencionado, é como indicador de pH, mas também há 
aplicação da substância na indústria têxtil, como corante (HSDB, 2017b). 
 Segundo a mesma fonte, com relação às propriedades físicas do composto, deve-se mencionar o 
ponto de fusão, o qual é de aproximadamente 300 °C. É praticamente insolúvel em água, cuja 
solubilidade é de 200 mg/L a 25 °C. Diz-se que, para temperaturas maiores, há mais dissolução. 
Também é insolúvel em éteres e álcoois. Parao etanol, por exemplo, sua solubilidade equivale a 300 
mg/L. É, no entanto, relativamente solúvel em pirimidina e tem solubilidade de 20 mg/mL em 2-
metóxi-etanol. 
 O alaranjado de metila é, além de uma amina e um composto sulfônico, um composto azo. Se 
suspenso no ar, em determinadas concentrações, pode ser explosivo (CAMEO CHEMICALS, 2017a). 
O mesmo pode ocorrer se houver contato com agentes oxidantes e redutores, tais como peróxidos e 
sulfetos, respectivamente. Gases inflamáveis podem surgir em contato com metais alcalinos. Vapores 
tóxicos, por sua vez, podem ser formados caso ocorra uma mistura entre o corante e ácidos, aldeídos, 
cetonas, amidas, cianetos, haletos orgânicos, entre outros compostos. 
 A classificação da GHS estabelece que o alaranjado de metila é uma substância perigosa 
(EUROPEAN CHEMICALS AGENCY, 2017b). Diz-se que possui toxicidade aguda se assimilado por 
via oral. Dependendo da concentração, pode ser fatal se ingerido, inalado ou absorvido pela pele 
(contato deve ser totalmente evitado). Os efeitos, porém, podem demorar a se manifestar (CAMEO 
CHEMICALS, 2017a). 
 Em caso de fogo, o material, por si só, não é combustível, mas se decompõe na presença de 
calor. Isso pode liberar gases ou vapores tóxicos e corrosivos. Em virtude desses gases, recipientes 
contendo alaranjado de metila, se aquecidos, podem explodir (CAMEO CHEMICALS, 2017a). O 
escoamento proveniente de vazamentos possui propriedades nocivas similares aos vapores, poluindo 
26 
corpos aquáticos em seu trajeto (HSDB, 2017b). 
 Em testes de demanda bioquímica de oxigênio em cinco dias (DBO5), não foi detectada 
mudança significativa na concentração do corante. Em condições anaeróbicas, no entanto, bactérias da 
microflora intestinal conseguiram metabolizá-lo em N,N-dimetil-fenilen-diamina, precursor do azul de 
metileno (HSDB, 2017). 
 
2.7.3 Laranja Reativo 64 
 
Figura 13 – Solução 25 ppm de corante Laranja Reativo 64. 
 
Fonte: Medeiros (2017). 
 Também conhecido como Laranja CL-3R, este corante possui fórmula molecular 
C24H11ClF2N5Na3O10S3 (DYE|WORLD DYE VARIETY, 2012). Na figura abaixo, consta a sua forma 
estrutural. Nota-se no composto a presença de uma ligação do tipo azo, grupamentos sulfônicos 
ionizados, anéis de naftaleno e pirimidina. 
Figura 14 – Fórmula estrutural do Laranja 64. 
 
Fonte: Dye|World Dye Variety (2012). 
27 
 Com relação às suas propriedades, sabe-se que, na forma anidra, o composto apresenta 
coloração vermelho-rosada, adquirindo sua cor característica apenas quando dissolvido (DYE|WORLD 
DYE VARIETY, 2012). Há escassez de mais informações sobre o corante na literatura. 
 O Laranja CL-3R é classificado como um corante reativo. Este nome vem do fato de que sua 
ação como tintura advém de uma reação química entre a substância e o tecido ao qual está sendo 
empregada por meio da formação de ligações covalentes (ELVERS et al., 2002). Seu uso mais comum 
é em peças de composição celulósica, como algodão, além de produtos animais, como seda e lã. Fibras 
sintéticas de poliamidas também são passíveis a esse tratamento. 
 Outra classificação está atrelada à natureza do composto, neste caso, como corante azo, como 
dito anteriormente, caracterizado pela ligação N=N. Segundo Elvers et al., este grupo é amplamente 
aplicado na indústria por sua síntese simples, vasto espectro de cores possíveis e baixo custo. 
 
2.7.4 Carvão 
 
Figura 15 – Carvão granulado em sua forma ativada. 
 
Fonte: Souza (2017). 
 O carvão é uma forma mineral de carbono puro. Seus usos industriais estão baseados no poder 
de adsorção de substâncias (CAMEO CHEMICALS, 2017b). Quando na forma ativada, isto é, tratado 
para incrementar sua capacidade adsortiva, possui aplicações como medicamento, removendo venenos 
e drogas em quantidade excessiva no organismo, assimilados de forma oral (DRUGBANK, 2017a). 
 Dentre suas propriedades físicas, deve-se mencionar seus altíssimos pontos de fusão (maior que 
3500 °C) e ebulição (maior que 4000 °C) (ILO-ICSC, 2012). É completamente insolúvel em água, em 
relação a qual, sua densidade é entre 1,8 e 3,51 vezes maior. Sua pressão de vapor é aproximadamente 
nula (CAMEO CHEMICALS, 2017b), chegando a apenas 1 mmHg em 3586 graus Celsius (HSDB, 
2017a). Em termos de suas propriedades organolépticas, sua cor varia de cinza metálico a preto e não 
28 
possui odor característico. 
 Uma de suas propriedades químicas mais proeminentes é sua inflamabilidade/combustibilidade. 
Fontes de ignição como atrito, calor, faíscas ou chamas podem dar início à combustão (CAMEO 
CHEMICALS, 2017b). Tais propriedades se intensificam quando o carvão se encontra na forma de pó, 
o qual pode queimar rapidamente. A presença de água potencializa essa reação (PUBCHEM, 2017b). 
 De acordo com a classificação GHS, considera-se o carvão, por si só, uma substância do tipo 
irritante (EUROPEAN CHEMICALS AGENCY, 2017a). Dentre os malefícios a ele atrelados, 
menciona-se a irritação causada por contato com os olhos, assim como a possibilidade de problemas na 
inalação das partículas, ocasionando tosses, dispneia e função pulmonar reduzida. Em caso de 
exposição prolongada, pode resultar em pneumoconiose (AMERICAN LUNG ASSOCIATION, 2017). 
Em ratos, a dose letal de carbono varia de acordo com a forma de assimilação, sendo maior que 10 
gramas por kg em caso de ingestão, mas igual a apenas 440 miligramas por kg se introduzido por via 
intravenosa (HSDB, 2017). 
 Dada a sua característica inflamável, em caso de fogo, há liberação de gases tóxicos. Quando 
plenamente consumido, há liberação de dióxido de carbono (HSDB, 2017a). No entanto, queimas 
incompletas liberam monóxido de carbono (CAMEO CHEMICALS, 2017b), um gás venenoso, o qual 
causa danos ao sistema nervoso central e asfixia, podendo levar a morte (PUBCHEM, 2017c). O CO é 
também um forte agente redutor, de modo que reage violentamente se entrar em contato com oxidantes 
como nitratos, bromatos e cloratos (ILO-ICSC, 2012). 
29 
3 METODOLOGIA 
 
 Este trabalho de conclusão de curso foi redigido com base em dois métodos de pesquisa: o 
bibliográfico e o descritivo. Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007), o método descritivo de pesquisa 
“observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los”. Duas 
aplicações frequentes nesta publicação foram os estudos descritivos e de caso. 
 Por meio de estudos descritivos, foi possível estudar as propriedades de elementos envolvidos 
no trabalho, assim como a legislação aplicada. Quanto ao uso de estudos de caso, as publicações de 
diversas universidades e seus projetos de gerenciamento de resíduos servem como exemplo. 
 Como fontes de referencial teórico para a pesquisa bibliográfica, utilizou-se artigos científicos, 
monografias, livros, incluindo enciclopédias e manuais de metodologia, além de bancos de dados de 
substâncias químicas, empresas que as comercializam, resoluções de órgãos ambientais e legislações 
federais. 
 
4.1 Objeto de Estudo 
 
Para a elaboração dos resultados deste trabalho, foi necessário obter informações dos resíduos 
gerados nas atividades práticas do Laboratório de Engenharia Ambiental e Controle de Qualidade 
(LEACQ). É atrelado ao Departamento de Engenharia Química, o qual também conta, por exemplo, 
com as unidades listadas abaixo: 
● Laboratório de Materiais Nanoestruturados e Reatores Catalíticos (LAMNRC); 
● Laboratório de Energia Alternativa e Fenômenos de Transporte (LEAFT); 
● Laboratório de Monitoramento, Tratamento e Reuso de Resíduos da Indústria de Petróleo 
(LAMTRE); 
● Laboratório de Reatores e Termodinâmica; 
● Laboratório de Engenharia Bioquímica (LEB); 
● Laboratório de Modelagem e Simulação (LAMOS); 
● Núcleo de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás (NUPEG) I e II; 
● Laboratório de Fotoquímica e Equilíbrio de Fases (FOTEQ); 
● Laboratório de Tecnologia de Materiais; 
● Laboratório de Tecnologia Supercríticae Biodiesel; 
● Laboratório de Sistemas Particulados. 
Localizado no Núcleo de Tecnologia Industrial (NTI), o LEACQ tem por objetivo, enquanto 
30 
unidade de ensino, pesquisa e extensão, promover o contato de seus discentes com os métodos 
utilizados no tratamento, caracterização e monitoramento de águas e efluentes. Dentre as práticas 
comumente realizadas, deve-se destacar as análises de parâmetros de qualidade, tais como teores de 
cloreto, dureza total da água, demanda bioquímica de oxigênio, espectrofotometria para determinação 
da presença e concentração de certas substâncias (como íons nitrogenados), entre outros. 
O laboratório ainda atua como suporte a outras unidades e seus experimentos, além das 
atividades com alunos de iniciação científica, voluntários, concluintes da graduação e estudantes de 
mestrado e doutorado. 
Para este trabalho, os dados obtidos no LEACQ tiveram ênfase nos resíduos da indústria têxtil, 
foco de alguns trabalhos desenvolvidos nos últimos meses. Obteve-se na literatura suas principais 
características e também as alternativas mais comuns para seu tratamento. 
 Os tipos de substâncias utilizadas, além de sua quantidade, foram adquiridos por meio de 
depoimentos e registros dos alunos que realizaram experimentos no período de elaboração deste texto. 
O autor também mediu as vazões volumétricas dos efluentes com base nas capacidades especificadas 
para armazenamento dos passivos em dias de prática laboratorial, assim como as vazões mássicas dos 
resíduos sólidos gerados. Suas propriedades físicas, químicas, organolépticas, toxicológicas e de 
segurança, por sua vez, exigiram o uso de bancos de dados como o website PubChem e universidades 
brasileiras. 
 No tocante ao procedimento experimental desenvolvido (evaporação com recipiente aberto), 
utilizou-se de um agitador magnético com aquecimento, um béquer de vidro, uma barra magnética 
(peixinho), uma proveta graduada e um termômetro de mercúrio. 
 Após inserida a barra no béquer contendo 100 mL da solução em análise (efluentes de azul de 
metileno), medidos previamente com auxílio de uma proveta, acionou-se o aquecimento e a agitação. 
Até a solução reduzir seu volume a aproximadamente metade do original, mediu-se a temperatura do 
meio. Ao final, registrou-se novamente o volume da solução e sua temperatura no momento da retirada 
do agitador. 
 Com relação ao tratamento dos dados, aplicou-se os softwares Microsoft Office Excel e 
LibreOffice Calc, cuja finalidade foi a construção de tabelas, além de cálculos mais simples conforme 
necessários. Artigos produzidos por outros pesquisadores, focados também no mesmo objeto de estudo, 
foram da mesma forma aplicados neste trabalho. Seus resultados foram usados na formulação da 
conclusão. 
 Este trabalho está limitado a determinados fatores importantes, no entanto. Um dos mais 
substanciais é a amostragem relativamente pequena de volumes medidos no período de escrita deste 
31 
texto, embora com volume razoável. Outro entrave está ligado a uma das substâncias analisadas 
(corante Laranja Reativo 64), cujas propriedades são escassas nas fontes já mencionadas. Por fim, 
deve-se mencionar que nem todos os experimentos desenvolvidos no LEACQ correspondem à temática 
estudada e, portanto, devem ser inseridos em um texto mais abrangente, a fim de uma resposta a tais 
problemas. 
 
32 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Figura 16 – Resíduos de corantes estocados no LEACQ no dia 25 de maio de 2017. 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 Após visitação no LEACQ nos dias 27 e 28 de abril e 4 de maio, encontrou-se recipientes 
contendo resíduos têxteis na sua forma passiva, armazenados em garrafas de produto de limpeza. Com 
o auxílio de uma proveta, mediu-se o volume contido em cada uma delas, identificou-se o composto 
nele contido e fez-se o registro. Segue abaixo a quantia obtida e o valor médio de resíduo produzido 
nos três dias avaliados: 
Tabela 2 – Volumes armazenados em três dias diferentes, para três corantes diferentes. 
Recipiente Substância Vazão volumétrica 
(L/dia) 
1 Azul de metileno 2,085 
2 Alaranjado de 
metila 
2,060 
3 Laranja Reativo 64 1,548 
 Vazão média (L/dia) 
 1,898 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 Com a amostragem obtida, obteve-se uma média de 1,898 litros de efluente por dia de 
atividade, um valor considerado elevado quando se avalia uma produção semanal no laboratório. Dada 
a irregularidade na coleta pela Superintendência de Infraestrutura, mesmo após a construção dos 
33 
entrepostos no NTI (ver seção 2.2), além do próprio manejo dos alunos, isto pode significar quase dez 
litros de resíduo com considerável toxicidade (ver seção 2.7) se mantêm acondicionados como passivos 
ambientais. Por falta de informação por parte dos usuários, sobretudo aqueles que não frequentam o 
LEACQ de forma assídua, situações mais graves podem se desencadear, como o acondicionamento 
inadequado em recipientes não devidamente limpos ou mesmo sendo descartados diretamente na pia, 
condutas reprováveis pela própria chefia do local. 
 Houve também a medição das massas de carvão utilizadas em um dia de experimento. Na tabela 
abaixo encontram-se os dados obtidos: 
Tabela 3 – Massas medidas para os papéis de filtro. 
Amostras Massa (g/dia) 
Filtro com carvão 0,9116 
Filtro sem carvão 0,1291 
Massa de carvão 0,7825 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 Até o momento da elaboração deste trabalho, o descarte destes materiais sólidos se dava 
diretamente no lixo comum, em virtude da quantidade relativamente pequena gerada. Deve-se 
considerar, no entanto, as características de perigo adquiridas pelo carvão após os experimentos e a 
necessidade de um armazenamento adequado, para enfim receber a devida destinação por parte do 
órgão responsável pela coleta. 
 A norma da ABNT, NBR 10004:2004, para periculosidade de sólidos afirma que carvão 
pertence à categoria A011, dos sólidos minerais não-metálicos e, portanto, não consta como perigoso. 
No entanto, quando impregnado com substâncias contidas no Apêndice C do documento mencionado, 
este passa a ser perigoso (ABNT, 2004). Nenhum dos corantes está inserido no documento, porém 
todos os registrados pelo PubChem possuem características de toxicidade (ver seções 2.7.1 e 2.7.2), o 
que, segundo a Associação, os tornaria resíduos perigosos. Portanto, para os fins deste trabalho, 
considera-se que uma amostra de carbono contaminada pelos corantes em estudo possui as mesmas 
qualidades de perigo no seu descarte. 
 Nas seguintes seções, três rotas para a lida com esses resíduos são sugeridas, as quais podem ser 
abordadas de forma individual ou integrada: maneiras de reduzir sua produção e volume; como 
classificá-los de acordo com suas características e armazená-los adequadamente; modos sugeridos pela 
literatura para diminuir sua periculosidade. 
 
34 
4.1 Redução dos Resíduos Laboratoriais 
 
 Partindo do guia produzido por Green Labs da Universidade de Queensland, traçou-se as 
sugestões necessárias para a implantação da gestão de resíduos no LEACQ. O primeiro deles é a 
redução na própria geração. Tais ações trariam benefícios ao próprio laboratório e à Superintendência 
de Infraestrutura, com redução nos custos e impactos ambientais no transporte e destinação dos 
resíduos gerados. 
Em relação à diminuição do uso de recursos, no contexto do LEACQ e dos experimentos 
ligados a este trabalho, pode-se citar uso de filtros de papel para remoção de sólidos; se não há 
interesse imediato no sólido, o filtro pode ser reaplicado em mais processos, contanto que não se 
rompa. 
 Após isso, uma ação já desempenhada é a de descartar materiais residuais diferentes em 
contêineres distintos, no entanto ainda há a necessidade de melhor discriminá-los. No momento, sua 
composição qualitativa é apenas escrita sobre os recipientes, sem padronização. Para isto, a adoção de 
um sistema de etiquetagem (cuja aplicação é demonstradano item seguinte) contendo todas as 
informações de origem e periculosidade dos resíduos é fundamental, assim é possível evitar a não-
identificação (ou identificação insuficiente) dos resíduos, algo que encareceria seu tratamento 
(conforme dito na seção 2.6). 
 Outras soluções paralelas podem ser abordadas. Uma medida que pode ser adotada pelos alunos 
realizando experimentos no LEACQ é o registro dos resíduos gerados após cada prática, quantificando 
o volume dos líquidos e a massa dos sólidos. Tais dados seriam imputados em uma plataforma como 
um banco de dados (similar ao Microsoft Access), o qual seria aberto a todos os usuários. Tal atitude 
requer planejamento prévio na formulação dos procedimentos, algo que, além de melhor organizar o 
material residual produzido no laboratório, mostra com números aquilo que cada um gera. Esta 
abordagem pode auxiliar na redução dos resíduos gerados e na conscientização dos discentes sobre sua 
responsabilidade. 
 
4.2 Classificação e Armazenamento dos Resíduos 
 
 Uma das maneiras possíveis de classificar os resíduos produzidos pelo LEACQ é ao utilizar 
rótulos padronizados para cada substância. Menacho (2016), em seu trabalho de conclusão de curso, 
sugeriu um modelo para rotulagem com base no usado pela Universidade Federal de Minas Gerais. 
Para uma aplicação mais abrangente, substituiu-se o número da ONU (Organização das Nações 
35 
Unidas), indisponível para parte dos efluentes, pelo código CAS (Chemical Abstracts Service), uma 
classificação mais abrangente. Segue abaixo um exemplo geral com a alteração sugerida. 
Figura 17 – Etiqueta para os resíduos sólidos produzidos no LEACQ, alterado de Menacho (2016). 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 Sendo que, segundo Menacho (2016): 
● X: sigla da unidade geradora (CT); 
● Y: sigla do laboratório gerador (LEACQ); 
● Z: número sequencial do resíduo no laboratório; 
● Composição: todos os componentes presentes no resíduo, no máximo ternária; 
● Diagrama de Hommel: dados obtidos a partir das FISPQ (ou empresas fabricantes) de 
cada componente. 
 As etiquetas produzidas para as quatro substâncias estudadas neste trabalho estão contidas nas 
figuras a seguir. 
Figura 18 – Rótulo para o armazenamento de azul de metileno. 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
36 
Figura 19 – Rótulo para o armazenamento de alaranjado de metila. 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
Figura 20 – Rótulo para o armazenamento de Laranja Reativo 64. 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
Figura 21 – Rótulo para o armazenamento de carvão. 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
37 
Deve-se ressaltar a inexistência de dados sobre o corante Laranja Reativo 64, impossibilitando o 
esboço do diagrama de Hommel. Da mesma forma, com relação ao carvão, há diferentes materiais 
adsorvidos por ele, extrapolando a quantidade estabelecida pelo rótulo (três). Portanto, optou-se por 
exibir apenas o componente primário. Caso haja necessidade de separar o sólido em função do seu 
componente poluidor, mais etiquetas com base na da figura 21 serão necessárias. 
 Outra abordagem a ser sugerida está na melhoria do armazenamento dos resíduos produzidos. 
No exato momento, como já mencionado, os efluentes para descarte são acondicionados em 
embalagens de produtos de limpeza, muitas vezes lavados de modo indevido, gerando espuma no seu 
interior, além da contaminação do resíduo. Há também o risco de reações indesejadas entre os 
componentes do efluente e quaisquer substâncias remanescentes no recipiente. 
 Possibilidades viáveis para lidar com este entrave estão na melhor limpeza das embalagens 
utilizadas atualmente, mantendo o incentivo à reutilização de produtos descartáveis de uma maneira 
menos prejudicial aos resíduos nelas contidos. 
 A política atual de coleta dos materiais residuais pela Superintendência de Infraestrutura não 
envolve o retorno dos contêineres aos remetentes após realizado o descarte, ou seja, o plástico também 
é enviado à unidade que realiza o tratamento dos resíduos. Pode-se sugerir medidas que permitam o 
retorno das embalagens aos ambientes geradores, onde novamente possam servir como 
acondicionamento até seu eventual desgaste. 
 Dessa maneira, a alternativa mais responsável para a resolução do problema proposto é a 
aquisição de embalagens específicas para este fim, ao invés da metodologia atual (reutilização de 
garrafas usadas). O uso de recipientes como bombonas reutilizáveis, cuja natureza é rígida, resistente e 
portátil, permite um melhor acondicionamento e transporte, além de uma separação efetiva dos 
resíduos gerados no laboratório. 
 Para avaliar a quantidade e o volume de bombonas necessário para a acomodar a produção 
mensal de resíduos, parte-se do volume médio diário de corantes como resíduo igual a 1,898 litros. 
Pode-se estimar que individualmente cada tipo contribui com um terço desse valor, ou seja, 0,633 L. 
Para fins de mudança de unidade, supõe-se que um mês possui vinte dias úteis em média. Isto 
representa um consumo de 12,66 litros de cada corante no período especificado O memorial de cálculo 
se encontra no apêndice D deste trabalho. 
 A seguir encontram-se tabelas relacionando volumes diferentes de bombonas novas e os preços 
a elas atrelados no site de vendas “Mercado Livre” (MERCADO LIVRE, 2017). Volumes maiores que 
40 litros, porém, não são considerados, tendo em vista o tempo requerido para completá-los, 3 meses 
ou mais. 
38 
Tabela 4 – Estimativa de preços para cada corante (Mercado Livre) 
Volume (L) 
Tempo de 
enchimento (mês) 
Unidades mensais 
(qtde/mês) 
Preço mínimo 
unitário (R$) 
Preço por volume (R$/L) 
5 0,40 2,50 → 3 2,20 0,44 
10 0,79 1,27 → 2 25,90 5,18 
20 1,58 0,63 → 1 33,90 1,70 
25 1,97 0,51 → 1 45,50 1,82 
30 2,37 0,42 → 1 59,90 2,00 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
Tabela 5 – Estimativa total de preços (Mercado Livre) 
Volume (L) 
Quantidade total de 
bombonas 
Preço mínimo 
unitário (R$) 
Frete (R$) Preço total (R$) 
5 9 2,20 119,90 139,70 
10 6 25,90 105,66 261,06 
20 3 33,90 105,80 207,50 
25 3 45,50 40,00 176,50 
30 3 59,90 158,49 338,19 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 
 Pelos valores obtidos após estimativa de quantidade requerida por mês de bombonas e o frete 
cobrado por cada compra, verificou-se que as alternativas mais viáveis são 9 de 5 litros e 3 de 25 litros, 
cujos preços finais são, respectivamente, 139,70 e 176,50 reais, conforme exibido no Apêndice 
mencionado no parágrafo anterior. Tomando unicamente este valor em consideração, as bombonas de 5 
litros são economicamente mais viáveis. 
 No entanto, deve-se observar que volumes maiores como os de 25 litros permitem um tempo 
maior de acondicionamento, além do uso de menos plástico em sua confecção e de uma frequência 
menor de contato com a Unidade de Armazenamento. Mais transportes também representam um risco 
maior de extravio ou danos às bombonas, o que requereria uma reposição precoce e custos adicionais. 
Isto incrementa a viabilidade dos recipientes mencionados no viés ambiental, tornando-os uma 
39 
alternativa mais interessante a longo prazo e adequada ao laboratório, caso haja recursos financeiros 
suficientes para adquirí-los. 
 Deve-se ressaltar que estas estimativas levam em conta uma produção constante desse tipo de 
resíduo. Como mencionado anteriormente, os corantes enquanto objetos de estudo, tem sido mais 
utilizados nos últimos meses. Esta abordagem seria mais adequada aos resíduos mais rotineiros. Por tal 
motivo, sugere-se o estudo dessa abordagem para outros processos e, no tocante aos corantes, manter-
se o tipo atual de recipiente, mas devidamente limpo e compatível aos resíduos nele contidos, 
imputando nenhum custo adicional. 
 Dada a sua baixa produção, o carvão não requer contêineres de grande volume, porém deve-se 
reforçar que, enquanto sólido perigoso, o descarte em lixo comum não pode acontecer. O uso de 
recipientes recicladospara seu armazenamento é suficiente, mas obrigatório, para que, então, possa ser 
levado ao entreposto. 
 O maior entrave às sugestões de mudança na forma de acondicionamento está fora do alcance 
do LEACQ, ou seja, é a necessidade de mudar a dinâmica de coleta pela Divisão de Meio Ambiente e 
as alternativas por ela apresentadas. O retorno de embalagens, recicláveis (modelo atual) ou 
reutilizáveis (modelo proposto), exige alterações mais profundas. No momento, o uso de uma melhor 
classificação e higienização das embalagens é, se não suficiente, a solução mais simples. 
 
4.3 Tratamentos Preliminares dos Resíduos 
 
 Por fim, outra maneira de minimizar os impactos eventualmente causados pelos resíduos em 
análise é aplicar neles procedimentos de redução, neutralização e tratamento, quando possível, de 
forma paralela. Tais processos podem reduzir fatores como volume e periculosidade, permitindo um 
maior armazenamento (e aproveitamento dos recipientes que os acondicionam), um eventual 
tratamento final mais simplificado e menores custos atrelados. 
 No tocante à redução volumétrica, alternativas possíveis envolvem, em alguns casos, mudança 
de temperatura do efluente. Dentre os métodos mais conhecidos de aquecimento para retirada de 
solvente de uma solução, pode-se mencionar a evaporação em recipiente aberto, a destilação simples, a 
evaporadores a vácuo e rotaevaporadores (evaporadores rotativos) (ORGANIC CHEMISTRY AT CU 
BOULDER, 2017). A vantagem de processos como a destilação e a rotaevaporação é a coleta dos 
vapores gerados na forma de condensado, algo não realizado nos outros testes (ORGANIC 
CHEMISTRY AT CU BOULDER, 2017). 
 No entanto, para fins de um teste mais simplificado e rápido, utilizou-se na execução deste 
40 
trabalho a evaporação em container aberto de uma solução (concentração desconhecida) de 100 
mililitros de azul de metileno, proveniente de resíduos do LEACQ. O volume foi medido em uma 
proveta e então transferido para um béquer sobre um aquecedor com agitação magnética. A fim de 
garantir a não-dispersão de possíveis agentes tóxicos no interior do laboratório, o procedimento se deu 
sob uma capela em funcionamento. 
 Após 48 minutos de evaporação, com remoção dos produtos gasosos por sucção, notou-se 
redução do volume total da solução em 53% a uma temperatura variando de 20 a 95 °C. Deve-se 
reforçar que, para amostras maiores, necessita-se de uma fonte com maior potência para se atingir uma 
faixa de tempo semelhante, exigindo mais calor e eletricidade, tornando o processo custoso e 
ineficiente. Na figura a seguir consta o sistema utilizado. 
Figura 22 – Sistema de aquecimento do efluente. 
 
Fonte: Elaboração própria (2017). 
 Uma solução mais eficiente, neste caso, é o aquecimento usando fontes naturais de calor, como 
a luz solar. O uso de painéis implicaria em gastos adicionais de construção e de manutenção, além de 
um espaço considerável para sua localização (caso instalados no telhado do laboratório, o uso de 
bombeamento não pode ser descartado). No entanto, a possibilidade de trabalhar em uma escala maior 
que 100 mililitros, com uma área de troca térmica maior, menor consumo de energia elétrica (apenas na 
possível bomba) e em um relativamente curto intervalo de tempo tornam esta alternativa mais atrativa. 
 Uma preocupação comum ao aquecimento de soluções aquosas contendo compostos orgânicos 
dissolvidos é a geração de gases tóxicos provenientes de ligações com nitrogênio e enxofre, por 
41 
exemplo. No mini FIS do azul de metileno produzido pelo Campus de Lorena da USP, há preocupação 
com esse tipo de problema em altas temperaturas (ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA, 2011). 
Tal menção não se mostrou presente no estudo feito para o alaranjado de metila e o carvão. 
 A análise termogravimétrica ou TGA (figura a seguir) do corante azul mostrou sua variação de 
massa em função do grau de agitação molecular. Nota-se uma perda de massa de 6,48% na faixa até 
aproximadamente 260 °C, a qual, segundo Luo et al. (2013), corresponde à liberação de água 
complexada ao composto e não às ligações dos átomos de interesse em toxicidade. Pode-se inferir, 
então, que nessa faixa específica de temperatura é seguro aquecer a solução. 
Figura 23 – Análise termogravimétrica do azul de metileno. 
 
Fonte: Luo et al. (2013). 
 A inexistência de TGAs para o alaranjado de metila e o Laranja Reativo 64 na literatura, 
todavia, impede a mesma afirmação. Para uma avaliação completa desses resíduos, recomenda-se, 
antes do teste de evaporação, a construção destas curvas. 
 Outras formas de pré-tratamento dos efluentes em estudo consiste na retirada do soluto poluente 
de seu meio, assim como a conversão dos corantes em substâncias mais simples, teoricamente menos 
poluentes. Artigos científicos descrevem diferentes métodos para remoção ou degradação do azul de 
metileno e do alaranjado de metila. Há um trabalho já produzidos na UFRN sobre o corante Laranja 64 
e uma possibilidade de tratamento. 
 No tocante à remoção dos corantes, Rafatullah et al. (2010) em seu artigo mencionam a 
existência de diferentes métodos com relação ao azul de metileno. O mais convencional é carbono 
ativado, cuja fonte pode ser o carvão, assim como outras fontes de bioprodutos (RAFATULLAH et al., 
2010). Também se utiliza argilas, bioadsorventes (como biomassa, viva ou morta), outros materiais 
residuais, subprodutos da agricultura e da indústria e até mesmo folhas de chá usadas, lama 
42 
comprimida, fezes de animais e cascas de ovo, cujas propriedades adsortivas variam significativamente 
(RAFATULLAH et al., 2010). 
 Com relação ao alaranjado de metila, os métodos mencionados na literatura envolvem também 
carbono ativado (DO et al., 2011), além de tereftalato de ferro (HAQUE; JUN; JHUNG, 2011) e óxidos 
de silício e alumínio (ARSHADI et al., 2013). Pode-se utilizar, por sua vez, resíduos industriais. Mittal 
et al. (2007) citam como compostos de adsorbância eficiente as cinzas de usinas termoelétricas e 
subprodutos da indústria de óleo de soja. 
 No contexto do laboratório, estas metodologias e o conhecimento de sua eficácia permitem a 
realização de testes com as matérias-primas mais acessíveis a ele, sobretudo as de fontes orgânicas. Isto 
promoveria a cultura do reaproveitamento, utilizando algo então considerado rejeito na remoção de 
substâncias potencialmente poluidoras. 
 Os mecanismos de degradação do azul de metileno e do alaranjado de metila, segundo a maior 
parte dos artigos científicos, utilizam técnicas catalíticas atreladas a um elemento de ação na molécula, 
o qual pode ser raios ultravioleta (WANG et al., 2010; LI et al., 2006) ou espectro visível 
(UMEBAYASHI et al., 2003; BAIOCCHI et al., 2002) (fotocatálise) ou ultrassom (sonocatálise) 
(SHIMIZU et al., 2007; WANG et al., 2005). O agente catalítico mais comum é o dióxido de titânio, 
mas também há aplicações para o óxido de zinco (SUN et al., 2011). Houas et al. (2001) citam que, em 
fotocatálise do corante azul com UV/TiO2, a decomposição do corante gera íons amônio, nitrato e 
sulfato, além de CO2, substâncias de mais simples tratamento e descarte. Compostos semelhantes 
também são obtidos para o alaranjado. 
 Thomas (2016) em seu trabalho no LEACQ aplicou técnicas de ultrassom e oxidação do corante 
Laranja 64, obtendo como resultado a descoloração da solução. Dado este resultado e os dados obtidos 
na literatura para os outros corantes, é possível afirmar que estes métodos são viáveis no laboratório. 
Quanto às técnicas com luz visível e UV, seria necessário o auxílio de outros laboratórios com seus 
reatores, ou mesmo na sua construção. Isto dificulta a alternativa e sua aplicação. 
 Por sua vez, a opção de tratamento mais comum para o carvão é a incineração, segundo 
Figuerêdo (2006), um processo de decomposição a altas temperaturas por meio da oxidação. Sólidos 
contendo metais deixariam uma fração inorgânica, porém o carbono

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