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Ética Geral e Jurídica

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Indaial – 2021
Ética Geral e Jurídica 
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
P618e
Pieritz, Vera Lúcia Hoffmann
 Ética geral e jurídica. / Vera Lúcia Hoffmann Pieritz. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2021.
 310 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-374-9
 ISBN Digital 978-65-5663-375-6
 1. Ética jurídica. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 341.415
apresentação
Olá, caro acadêmico, eu sou a sua professora e autora nesta Disciplina de 
Ética Geral e Jurídica e me chamo Vera Lúcia Hoffmann Pieritz, sou doutoranda 
no curso de Administração e Gestão em Saúde Pública na Universidad 
Columbia Del Paraguay – PY, tenho mestrado em Desenvolvimento Regional, 
especialista em Direito Médico e Hospitalar, Educação a Distância: Gestão 
e Tutoria; MBA Profissional em Gestão Administrativa e Marketing. Tenho 
graduação em Direito e Serviço Social. Com experiência profissional em 
coordenação de Cursos de Graduação da área Social e jurídica. 
No estudo da “Ética Geral e Jurídica”, pretendemos aprofundar os 
conhecimentos acerca das questões relativas à ética geral e jurídica, como 
também ampliar a percepção da ética na atuação profissional dos operadores 
do direito em suas diversas instâncias de atuação profissional.
Para isto, na primeira unidade, trabalharemos uma reflexão em torno 
da “ética geral”, refletindo sobre as noções da ética e da moral, procurando 
desvelar as questões pertinentes ao desenvolvimento do sujeito ético-moral, 
às bases éticas, como também discutiremos suas principais características e 
diferenças, mas não deixaremos de proporcionar um estudo sobre a consciência 
e a conduta moral.
Nesta unidade, ainda, discorreremos sobre os valores e princípios 
morais, estudando a essência intrínseca da moral e os valores e princípios morais 
como princípios norteadores da ética, como também demostraremos alguns 
apontamentos sobre a ética e as relações humanas na atualidade, debatendo 
sobre as questões éticas atuais, a ética e a liberdade humana e, por fim, o espaço 
da ética na relação indivíduo e sociedade e suas relações humanas.
Na segunda unidade, ampliaremos a sua percepção com relação à 
“ética jurídica”, oferecendo subsídios para você compreender as questões da 
ética nas profissões jurídicas, elucidando as características da ética no direito. 
Como também, será desenvolvida uma reflexão atinente à deontologia 
forense, à obrigação de ser ético no direito e à responsabilidade jurídica. 
Nesse sentido, proporcionaremos ainda a compreensão dos princípios 
éticos comuns às carreiras jurídicas, como os princípios da cidadania, 
efetividade, probidade, liberdade, princípio da defesa de prerrogativas 
profissionais e o princípio da informação e solidariedade.
Ainda, trabalharemos nesta segunda unidade, as questões da ética e 
suas relações com outras ciências humanas e sociais, estudando as relações da 
ética com outras ciências, principalmente a ética no direito positivo, ética na 
área do direito público e privado, como também refletiremos sobre a ética e 
bioética e a bioética e direito.
Na terceira unidade, proporcionaremos um contato maior com as 
questões da “ética na atuação profissional dos operadores do direito”, em 
que você poderá estudar primeiramente sobre a ética do estudante do curso 
de direito, para assim compreender a importância da ética para a formação 
desse estudante, como também faremos uma análise da postura ética, os 
direitos e deveres dos estudantes de direito. Nesta última unidade do nosso 
livro, também ofereceremos subsídios para você compreender as nuances 
da ética na advocacia, em que estudaremos o código de ética e disciplina da 
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), refletindo sobre a ética e advocacia, 
suas regras deontológicas fundamentais, como também a ética do advogado 
e o processo ético disciplinar.
Propiciaremos ainda um debate relativo à ética na carreira jurídica, 
procurando evidenciar as principais características dos diversos códigos 
de éticas, tanto da magistratura, defensoria pública, ministério público, 
promotores de justiça, desembargadoria e dos delegados de polícia.
Por fim, discorreremos sobre a ética na consultoria jurídica, 
proporcionando uma reflexão sobre a ética na assessoria e consultoria 
jurídica, como também estudaremos o compliance e a ética na mediação, 
conciliação e arbitragem.
Ufa! Quanta Coisa!
Pronto para começar a estudar sobre a Ética Geral e Jurídica? 
Então, vamos começar! 
Bons estudos!
Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você 
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
sumário
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL ........................................................................................................ 1
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL ......................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 A QUESTÃO DA ÉTICA E DA MORAL ........................................................................................ 4
3 O DESENVOLVIMENTO DO SUJEITO ÉTICO-MORAL ......................................................... 9
4 CONCEITO DE ÉTICA ..................................................................................................................... 12
5 ÉTICA E MORAL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS ............................ 20
6 A AUSÊNCIA E OS CONTRÁRIOS A ÉTICA E A MORAL .................................................... 28
7 SÍNTESE CONCEITUAL DA ÉTICA E MORAL ........................................................................ 31
RESUMO DO TÓPICO 1.....................................................................................................................45
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 47
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA 
 E CONDUTA MORAL ............................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 49
2 OS VALORES E PRINCÍPIOS MORAIS COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES 
 DA ÉTICA ........................................................................................................................................... 50
3 A ESSÊNCIA INTRÍNSECA DA MORAL ................................................................................... 55
4 A CONSCIÊNCIA E O EMPODERAMENTO MORAL ............................................................ 59
5 OS ESTÁGIOS DA CONSCIÊNCIA ÉTICA E MORAL: AS ETAPAS DA 
 EVOLUÇÃO HUMANA ................................................................................................................... 67
5.1 PRIMEIRO ESTÁGIO: MEDO, PUNIÇÃO E OBEDIÊNCIA ................................................ 70
5.2 SEGUNDO ESTÁGIO: RECOMPENSA .................................................................................... 71
5.3 TERCEIRO ESTÁGIO: APROVAÇÃO SOCIAL ....................................................................... 73
5.4 QUARTO ESTÁGIO: MANUTENÇÃO DA ORDEM SOCIAL ............................................. 75
5.5 QUINTO ESTÁGIO: PROTEÇÃO DO BEM-ESTAR COLETIVO .......................................... 77
5.6 SEXTO ESTÁGIO: ZELO PELOS PRINCÍPIOS ÉTICOS UNIVERSAIS ............................... 79
6 A CONDUTA MORAL .................................................................................................................... 82
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 86
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 88
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE ............................ 91
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 AS QUESTÕES ÉTICAS ATUAIS .................................................................................................. 93
2.1 OS DILEMAS NO ÂMBITO DA FAMÍLIA ............................................................................... 96
2.2 REFLEXÕES SOBRE A SOCIEDADE CIVIL ............................................................................. 98
2.3 PONDERAÇÕES SOBRE OS DILEMAS DO ESTADO .......................................................... 99
3 ÉTICA E LIBERDADE HUMANA ............................................................................................... 100
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 121
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 122
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 123
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA ............................................................................................. 125
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS ............................................................... 127
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 127
2 A ÉTICA NO DIREITO E NAS PROFISSÕES JURÍDICAS ................................................... 128
3 A QUESTÃO DA JUSTIÇA NA ÉTICA JURÍDICA ................................................................. 131
3.1 SENTIDOS DA JUSTIÇA ........................................................................................................... 134
3.2 A DIMENSÃO DA JUSTIÇA COMO EQUIDADE ................................................................ 136
3.3 MORALIDADE E JUSTIÇA ...................................................................................................... 138
4 APONTAMENTO SOBRE A ÉTICA EM ALGUMAS ÁREAS DO DIREITO ..................... 139
4.1 A ÉTICA E O DIREITO CONSTITUCIONAL ...................................................................... 139
4.2 A ÉTICA E O DIREITO CIVIL ................................................................................................ 140
4.3 A ÉTICA E O DIREITO PENAL ............................................................................................... 142
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 150
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 152
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA .................................................................................. 155
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 155
2 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS A DEONTOLOGIA ............................................................. 156
3 A DEONTOLOGIA JURÍDICA .................................................................................................... 160
4 PRINCÍPIOS GERAIS DA DEONTOLOGIA JURÍDICA ....................................................... 164
4.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA ....................................... 164
4.2 PRINCÍPIO DA CONDUTA ILIBADA ................................................................................... 165
4.3 PRINCÍPIO DO DECORO E DA DIGNIDADE ..................................................................... 166
4.4 PRINCÍPIO DA DILIGÊNCIA .................................................................................................. 167
4.5 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA ................................................................................................. 167
4.6 PRINCÍPIO DO COLEGUISMO ............................................................................................... 168
4.7 PRINCÍPIO DO DESINTERESSE ............................................................................................. 168
4.8 PRINCÍPIO DA FIDELIDADE .................................................................................................. 168
4.9 PRINCÍPIO DA RESERVA ......................................................................................................... 169
4.10 PRINCÍPIO DA LEALDADE E DA VERDADE ................................................................... 169
5 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO DA ÉTICA 
 JUDICIAL E DA JUSTIÇA ............................................................................................................. 170
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 184
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 186
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS ÉTICOS COMUNS ÀS CARREIRAS JURÍDICAS ................... 189
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 189
2 OS PRINCÍPIOS ÉTICOS E SUA APLICAÇÃO NO EXERCÍCIO DO DIREITO .............. 190
3 PRINCÍPIO DA CIDADANIA ...................................................................................................... 190
4 PRINCÍPIODA LIBERDADE ....................................................................................................... 195
5 A DEMOCRACIA COMO ELEMENTO DO COMPORTAMENTO 
 ÉTICO JURÍDICO ........................................................................................................................... 196
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 202
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 215
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 217
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 219
UNIDADE 3 — A ÉTICA NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS OPERADORES 
 DO DIREITO .......................................................................................................... 223
TÓPICO 1 — OAB E O ESTATUTO DA OAB .............................................................................. 225
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 225
2 OAB E SEU ESTATUTO ................................................................................................................ 227
2.1 TÍTULO I – DA ADVOCACIA .................................................................................................. 229
3 DA ÉTICA DO ADVOGADO E TEMAS FINAIS DO ESTATUTO DA OAB ..................... 239
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 250
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 252
TÓPICO 2 — CÓDIGO DE ÉTICA DO ADVOGADO ............................................................... 255
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 255
2 DA ÉTICA DO ADVOGADO ...................................................................................................... 256
2.1 DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE ........................................................................................ 261
2.2 DO SIGILO PROFISSIONAL .................................................................................................... 263
2.3 DA PUBLICIDADE, DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS E OUTROS ASSUNTOS ........ 265
2.3.1 Capítulo IV – da publicidade ........................................................................................... 265
2.3.2 Capítulo V – Dos honorários profissionais .................................................................... 268
2.3.3 Capítulo VI – Do dever de urbanidade .......................................................................... 270
2.3.4 Capítulo VII – Das disposições gerais ............................................................................ 270
3 DO PROCESSO DISCIPLINAR ................................................................................................... 271
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 280
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 282
TÓPICO 3 — TÓPICOS ESPECIAIS DE ÉTICA NA CARREIRA JURÍDICA ....................... 285
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 285
2 CÓDIGO DE ÉTICA DO ESTUDANTE DE DIREITO E DOS OPERADORES 
 DE DIREITO ..................................................................................................................................... 286
2.1 ÉTICA PARA OS ESTUDANTES DE DIREITO ..................................................................... 286
2.2 ÉTICA PARA OS MAGISTRADOS .......................................................................................... 287
2.3 ÉTICA PARA OS DEFENSORES PÚBLICOS ......................................................................... 294
3 COMPLIANCE E DIREITO ........................................................................................................... 297
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 301
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 305
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 307
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 309
1
UNIDADE 1 — 
A ÉTICA GERAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender as nuances relativas da ética geral;
• elucidar as noções sobre ética e moral;
• ampliar a percepção relativa ao desenvolvimento do sujeito ético-moral; 
• sedimentar as bases éticas, no intuído de desmistificar as principais 
características e diferenças da ética e moral;
• perceber as questões da conduta e da consciência moral; 
• aprofundar os conhecimentos acerca dos valores e princípios morais; 
• compreender a essência intrínseca da moral e os valores e princípios 
morais como princípios norteadores da ética; 
• refletir sobre os apontamentos sobre a ética na atualidade;
• oferecer subsídios sobre a ética e a liberdade humana;
• compreender o espaço da ética na relação indivíduo e sociedade.
 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
TÓPICO 2 – DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E 
 CONDUTA MORAL
TÓPICO 3 – A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, neste tópico da primeira unidade do seu livro de Ética 
Geral e Jurídica, realizaremos um aprofundamento dos nossos conhecimentos 
acerca das principais noções sobre a ética e a moral, perpassando por uma 
reflexão a respeito da questão da Ética e da moral, desvelando o significado e o 
desenvolvimento do Sujeito Ético-Moral e seus fundamentos e bases éticas. 
Debateremos aqui a questão da Ética e Moral, realizando uma reflexão 
sobre suas principais características, semelhanças e diferenças, proporcionando 
um contato com seus elementos e propriedades, para assim esclarecer seus 
atributos conceituais.
Discorreremos sobre a questão relativa à Consciência Moral no 
desenvolvimento do ser humano, para que ele possa ter uma vida permeada 
pelo respeito e a dignidade, pois devemos ter por premissa preliminar que é a 
Conduta Moral dos seres humanos que faz toda a diferença na sua qualidade de 
vida perante a sociedade que vive e convive, a qual reflete diretamente na sua 
dignidade. 
Nesse sentido, ressalva-se que é primordial compreendermos o que, em 
nosso comportamento perante os outros, faz bem ou mal, o que é certo e errado, 
para assim nortearmos a nossa conduta humana em sociedade. 
Então! Convidamos-lhe a compreender as principais noções sobre a ética 
e a moral!
Boas reflexões!
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
4
FIGURA 1 – ÉTICA E MORAL
FONTE: <https://bit.ly/3cbtt5b>. Acesso em: 9 fev. 2021.
2 A QUESTÃO DA ÉTICA E DA MORAL
Com relação às questões da ética e da moralidade,pode-se expor que as 
duas estão conectadas de maneira implícita no próprio comportamento do homem 
em sociedade, no meio social, político e econômico que vivem e convivem com os 
outros, ou seja, na sua condição de ser e de agir, pois, segundo Pieritz (2020, p. 4), “a 
consciência moral do certo e do errado, do bem e do mal, é formada pela composição 
histórica dos nossos costumes e das nossas ações em sociedade, formando, assim, 
uma moralidade e uma ética implícita nas ações do ser humano e refletida no seu 
convívio social”. É esse comportamento ético e moral sobre as coisas e os fatos que 
formam o nosso convívio social e a própria sociedade em que vivemos.
É importante ressaltar que a ética e a moral estão permeadas constantemente 
em nossas vidas, pois, segundo Tavares (2013, p. 4), é “no nosso dia a dia [que] a 
ética tem presença garantida, porque ela faz parte do ser humano em todas as suas 
atividades, funções, espaço, ou seja, na família, no trabalho, no lazer, enfim, onde o 
ser humano interage com outro, a ética aí se faz presente”. Demostrando que nossas 
ações e decisões diárias estão carregadas de princípios éticos e de valores morais.
Nesse sentido, de acordo com Pieritz (2020, p. 4), “a questão da ética e 
da moral está além dos seus conceitos preeminentes, já que é um conceito vivo, 
moldando-se no nosso comportamento diário que permuta o conceito para a 
prática das relações humanas e sociais”. A qual essa questão foi ressalvada por 
Tomelin e Tomelin (2002, p. 89), que nos colocam que “a ética é uma das áreas da 
filosofia que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros [...]”. 
Pieritz (2020, p. 4) demostra que, sob esta perspectiva, o:
Nosso comportamento ético e moral é objeto do estudo da própria 
filosofia, que busca investigar a racionalidade do comportamento 
humano perante a sociedade, como também procura compreender os 
princípios fundamentais dos seres humanos, que permeiam a nossa 
vida cotidiana. 
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
5
Pode-se expor que a ética e a moral são mutáveis conforme a própria 
evolução humana e a compreensão da vida em sociedade.
Outro fator que merece uma reflexão, é que a ética, segundo Cunha (2011, 
p. 140), é o “ramo do conhecimento cuja finalidade é estabelecer os melhores 
critérios para o agir”. Demostrando, assim, que esses critérios, segundo Pieritz 
(2020, p. 4), “são estabelecidos socialmente e que norteiam o convívio do ser 
humano em sociedade”, já que podemos compreender que a ética é tida como 
“normas e princípios que dizem respeito ao comportamento do indivíduo no 
grupo social a que pertence” (GUIMARÃES, 2016, p. 377). 
Desse modo, segundo Leyser (2018, p. 3), “na linguagem comum, 
frequentemente utilizamos as palavras ética e moral (e antiético e imoral) de 
forma intercambiável, isto é, falamos da pessoa ou ato como ético ou moral”, pois 
todos os nossos comportamentos em sociedade são compreendidos socialmente 
como certo ou errado, ético ou antiético, moral ou imoral, denotando sempre os 
dois lados de uma mesma moeda.
Solomon (2006, p. 12) coloca-nos que “estudar ética não é escolher entre o 
bem e o mal, mas é se sentir confortável diante da complexidade moral”, porque 
devemos compreender que estamos “buscando aprofundar o conhecimento 
acerca do nosso agir perante a sociedade em que vivemos, pois se faz necessário 
realizar um estudo das nossas atitudes éticas e morais, para assim podermos 
refletir e entender essas questões balizares das nossas atitudes e comportamentos” 
(PIERITZ, 2020, p. 5).
De tal modo que, a partir desse aporte conceitual, inicialmente trabalhado, 
Pieritz (2013, p. 3) coloca-nos que:
Com relação aos problemas éticos e morais do comportamento humano, 
observamos que a ética não é facilmente explicável, ao sermos indagados, 
mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada 
aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso 
comportamento, ao nosso modo de vida e de convivência com os outros 
integrantes da sociedade.
Assim, fica evidente que possuímos uma noção empírica do que é a ética 
e a moral, que é historicamente constituído em sociedade, já que convivemos com 
os outros nos grupos sociais a que fazemos parte, e esse comportamento faz parte 
da própria cultura do povo. 
Neste sentido, vale salientar que:
[...] é na convivência humana e social que refletimos os nossos valores 
éticos e morais, que foram construídos historicamente na sociedade e 
grupo social a qual fazemos parte. E, que estes valores éticos e morais 
são concebidos de acordo com a visão de mundo de cada um, dentro 
do seu contexto social, pois, cada um de nós possui uma visão do que 
é o bem e o mal, do que é certo e errado. (PIERITZ, 2020, p. 5).
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
6
Leyser (2018, p. 4) nos complementa expondo:
Quando falamos de pessoas como sendo morais ou éticas, geralmente, 
queremos dizer que elas são pessoas boas, e quando falamos delas 
como sendo imorais ou antiéticas, queremos dizer que elas são 
pessoas más. Quando nos referimos a certas ações humanas como 
sendo morais, éticas, imorais ou antiéticas, queremos dizer que elas 
estão certas ou erradas. A simplicidade dessas definições, contudo, 
termina aqui, pois como definimos uma ação certa ou errada ou uma 
pessoa boa ou má? Quais são os padrões humanos pelos quais tais 
decisões podem ser tomadas? Estas são as questões mais difíceis que 
constituem a maior parte do estudo da moralidade [...].
Entretanto, vale ressaltar que a consciência moral e ética dos homens que 
vivem e convivem em sociedade, segundo Pieritz (2013, p. 4), “é determinada por 
um consenso coletivo e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e 
compõe as normas de conduta que o regem”. Proporcionando ao ser humano 
“um regramento comportamental empírico, ditado pelos comportamentos éticos e 
morais, como também pelos regramentos e normativas institucionais, balizados em 
regras e normas legais do legislativo, executivo e judiciário” (PIERITZ, 2020, p. 5)
Partindo dessa concepção, pode-se expor que todo o comportamento 
socialmente constituído deve estar pautado por normas sociais, institucionais e 
legais, e que ambas seguem as premissas constitucionais. 
Continuando nossa reflexão, Leyser (2018, p. 4) complementa expondo 
que “o importante é lembrar, aqui, que a moral, ética, imoral e antiética significam, 
essencialmente, o bom, o certo, o mau e o errado, com frequência, dependendo 
se alguém está se referindo às próprias pessoas ou as suas ações”. Denotando, 
assim, que são nossas ações que norteiam nosso comportamento ético e moral.
Assim, com relação a essa reflexão relativa à problemática teórica da 
ética e da moralidade na vida dos seres humanos, buscou-se oferecer elementos 
que possam proporcionar a compreensão de que existem comportamentos 
positivados e outros negativados socialmente, o qual podem ser desmistificadas 
no Quadro 1, que apresenta os dois campos dos problemas teóricos da ética e da 
moral. Vejamos!
Prezado acadêmico, com relação a questão das normativas e regramentos, 
queremos instigá-los a aprofundar os seus conhecimentos relativos aos princípios e valores 
constitucionais brasileiros. Assim, os convidamos a fazer a leitura e análise dos Artigos 1º, 
3º e 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, que foi promulgada em 1988. Na 
íntegra em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
7
QUADRO 1 – CAMPOS DO PROBLEMA TEÓRICO DA ÉTICA E DA MORAL
CAMPOS CARACTERÍSTICAS
PROBLEMAS GERAIS E 
FUNDAMENTAIS
Tais como:
• Liberdade;
• Consciência;
• Bem e Mal;
• Valor;
• Lei e outros.
PROBLEMAS 
ESPECÍFICOS
Na aplicação concreta, como os problemas da:
• Ética profissional;
• De ética política;
• De ética sexual;
• De ética matrimonial;
• De bioética; etc.
FONTE: Adaptado de Valls (2003, p. 8)
Esses campos dos problemas teóricos da ética e da moral apresentados no 
Quadro 1, demostramque existem problemáticas gerais e basilares como também 
questões mais específicas, os quais Pieritz (2020, p. 6) destaca:
 
A ética e a moral permeiam em nossas vidas cotidianas, desde nossas 
ações mais fundamentais e básicas, que é o processo de decisão do que é 
o certo e o errado a se fazer, dos nossos valores e princípios morais, até 
nas ações mais específicas, que estão refletidas no nosso modo operante 
de fazer as coisas e se relacionar com o outro em sociedade.
Demostrando assim, que a questão da moral e da ética é concebida como a 
base estruturante das nossas relações sociais, humanas, políticas e econômicas, pois, 
estas normativas éticas e morais é que norteiam o nosso comportamento em sociedade.
Você saberia dizer o que é certo e errado, se estamos fazendo o bem ou o mal?
Reflita sobre essa questão e depois leve suas indagações para discutir em sala.
FIGURA 2 – CERTO OU ERRADO?
FONTE: <https://bit.ly/2ODqGd6>. Acesso em: 9 fev. 2021.
ATENCAO
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
8
Esses são bons questionamentos! Não acham?
É importante, aqui, refletirmos o seguinte:
• Os problemas éticos são os mesmos dos problemas morais?
• É a ética e a moral que ajudam na tomada das decisões do caminho a seguir?
Olha só! Primeiramente, precisamos entender que esta problemática da 
ética e da moral é desvelada por algumas características genéricas, que permitem 
fazermos uma distinção entre elas, como podem verificar suas diferenças e aspectos 
comuns no Quadro 2.
QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS GENÉRICAS DA MORAL E DA ÉTICA
QUESTÃO
CARACTERÍSTICAS 
ESPECÍFICAS COMUNS
MORAL
• A moral se caracteriza pelos 
PROBLEMAS DA VIDA 
COTIDIANA.
• A moral faz pensar as 
CONSEQUÊNCIAS GRUPAIS, 
adverte para normas culturalmente 
formuladas ou pode estar 
fundamentado num princípio ético.
• O que há de comum 
entre elas é fazer o 
homem pensar sobre a 
RESPONSABILIDADE 
das consequências de 
suas ações.
ÉTICA 
• A ética faz pensar sobre as 
CONSEQUÊNCIAS UNIVERSAIS, 
sempre priorizando a vida 
presente e futura, local e global. A 
ética pode, desta forma, pautar o 
comportamento moral.
FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 90)
Qual o lado da balança que pesa mais em nossas decisões?
Que direção Tomar?
FIGURA 3 – DIREÇÕES A TOMAR
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/625507835722319479/>. Acesso em: 9 fev. 2021.
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
9
Desse modo, verificou-se que a ética e a moral possuem características 
conceituais particulares e gerais que as definem, como apresentado no quadro 
supracitado. Entretanto pode-se verificar que “tanto na ética como na moral é a 
questão da responsabilidade das consequências de nossas ações que refletem o 
nosso agir perante a sociedade em que estamos inseridos, sejam elas de âmbito 
micro (grupo intrafamiliar e amizades pessoais) ou macro (regional, comunitário, 
empresarial e social)” (PIERITZ, 2020, p. 8).
Proporcionando a compreensão de que são os princípios éticos e morais 
que conduzem as nossas decisões comportamentais perante a sociedade que 
vivemos e convivemos com os outros.
Leyser complementa essa reflexão: 
A moralidade reivindica nossas vidas. Faz reivindicações sobre cada 
um de nós que são mais fortes do que as reivindicações da lei e tem 
prioridade sobre o interesse próprio. Como seres humanos que vivem 
no mundo, temos deveres e obrigações básicas. Há certas coisas que 
devemos fazer e certas coisas que não devemos fazer. Em outras palavras, 
há uma dimensão ética da existência humana. Como seres humanos, 
experimentamos a vida em um mundo de bem e mal e entendemos 
certos tipos de ações em termos de certo e errado. A própria estrutura da 
existência humana dita que devemos fazer escolhas. A ética nos ajuda 
a usar nossa liberdade de maneira responsável e a compreender quem 
somos. E, a ética dá direção em nossa luta por responder às perguntas 
fundamentais que questionam como devemos viver nossas vidas e 
como podemos fazer escolhas certas (LEYSER, 2018, p. 3).
Assim, segundo Pieritz (2020, p. 8): 
tanto a ética como os princípios morais nos devem auxiliar na reflexão 
sobre a responsabilidade das consequências advindas de nossas 
ações perante o meio familiar e social em que vivemos e convivemos, 
norteando as nossas decisões de fazermos o que é certo e errado, o que 
faz bem ou o mal para nós e para o outro.
Esses preceitos éticos e morais fazem com que possamos tomar o melhor 
caminho a ser seguido perante a sociedade a qual fazemos parte.
3 O DESENVOLVIMENTO DO SUJEITO ÉTICO-MORAL 
Depois de termos explorado as questões relativas à ética e à moralidade no 
comportamento humano, neste momento, realizaremos uma reflexão a respeito do 
desenvolvimento do sujeito ético-moral em si, procurando desvelar seu significado 
e trazer à tona suas principais características. De tal modo, desmistificar-se-á seus 
atributos e predicados conceituais, para assim proporcionar uma compreensão 
de como a ética e a moral permeiam em nossas vidas cotidianas.
Entusiasmados? Vamos lá!
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
10
Primeiramente, devemos compreender que: 
Todos os homens fazem parte de uma sociedade, de um grupo social, 
portando, podemos dizer que os homens em sociedade convivem em 
grupo. Cada grupo social possui diferentes características culturais 
e morais, como, por exemplo: os povos indígenas, os orientais, os 
africanos, os alemães, os franceses, os italianos, os americanos, os 
brasileiros, entre muitos outros. Cada sociedade possui suas normas de 
conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo 
social constituiu o que é certo e errado, o que é o bem e o mal para o 
seu povo, portanto, nem sempre o que é certo para nós pode ser certo 
para outro grupo social e vice-versa (PIERITZ, 2013, p. 5, grifo nosso).
Como exposto, todos nós, seres humanos, somos diferentes mesmo que 
convivamos em um mesmo grupo social, pois, de acordo com Pieritz (2020, p. 9) é:
Importante compreendermos que, se fazemos parte de uma 
comunidade, de um grupo social ou grupo familiar, ou seja, de uma 
sociedade, devemos entender que todos nós somos diferentes e 
possuímos valores e princípios éticos e morais diferenciados, sendo 
que cada etnia possui seu próprio jeito de ser e conviver, instituindo 
regras sociais, políticas, econômicas e jurídicas de convivência.
Nesse sentido, como nós temos digitais diferentes, possuímos princípios 
éticos e morais semelhantes, mas nunca iguais, pois temos o livre arbítrio da 
escolha, segundo nossa cultura e formação intelectual. Então, segundo Pieritz 
(2020, p. 9), “tudo depende da formação dos valores e princípios éticos e morais 
sócio-históricos da comunidade a que pertencemos”.
Ressalva-se, ainda, que devemos compreender que nessa questão de 
fazer o certo ou errado, de fazer o bem ou o mal, a nossa compreensão relativa 
a esse comportamento e decisão é diferente para cada um de nós, ou seja, para 
cada grupo social, político e econômico ou etnia, pode ser dispare, conforme sua 
formação sócio-histórica e cultural. 
Conforme Pieritz (2020, p. 9), “de acordo com o desenvolvimento sócio-
histórico dos valores e princípios éticos e morais de um determinado grupo social, 
essa comunidade em si, desenvolve seu próprio jeito de ser, seu comportamento 
social e moral, formatando socialmente sua tradição, costumes, hábitos e cultura”.
Nesse sentido, de acordo com Tavares (2013, p. 3), “a ética e a moral são os 
condutores para a sustentabilidade de uma sociedade mais humana, mais justa, 
mais igualitária. É o bem comum que subsidia as condições para as condutas 
morais, para a manutenção de valores que coadunam com o interesse coletivo”.
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
11
“Podemos pegar como exemplo a cultura do nascimento de crianças. Existem 
algumas sociedades indígenas em que a mãe, ao dar à luz, embrenha-se na mata sozinha 
e se o filho não for perfeito, segundo os seus princípios morais, ela o abandona a sua 
própria sorte. À luz de nossos princípios morais, essaação seria considerada um crime de 
abandono” (PIERITZ, 2013, p. 6).
NOTA
O que é cultura?
Vejamos!
No quadro a seguir, veremos elementos importantes do conceito de 
Cultura.
QUADRO 3 – CONCEITO DE CULTURA
CULTURA
 É o conjunto de práticas assinaladas 
por ELEMENTOS CONSTANTES ou 
COMUNS de um grupo social.
É o CONJUNTO ou RESULTADO 
das ações humanas.
É o complexo de PADRÕES de comportamento, de crenças, das instituições, 
das manifestações artísticas, intelectuais etc., TRANSMITIDOS 
COLETIVAMENTE E TÍPICOS DE UMA SOCIEDADE.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 99)
O quadro supracitado expõe os principais elementos do conceito de 
cultura, que transmite o modo coletivo de ser de um povo, suas características e 
comportamentos social e historicamente constituídos. Denotando seus costumes, 
crenças e hábitos. Na própria cultura permeia os valores éticos e morais.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
12
Agora, poderemos verificar, na Figura 4, alguns exemplos visuais da 
diversidade cultural do povo brasileiro.
FIGURA 4 – DIVERSIDADE CULTURAL
FONTE: <https://definicao.net/wp-content/uploads/2019/05/diversidade-cultural-1.jpg>. 
Acesso em: 9 fev. 2021.
Assim, verifica-se que no desenvolvimento do sujeito ético-moral os 
elementos da formação cultural são expoentes no processo de decisão do seu 
comportamento moral, e que cada cidadão possui um desenvolvimento histórico 
diferente, sempre relacionado as suas prerrogativas legais e éticas, que mediam 
seu comportamento junto ao grupo social, político e econômico do qual faz parte.
4 CONCEITO DE ÉTICA
Agora que você já compreendeu um pouco das questões da ética e da 
moralidade no comportamento do ser humano, como também realizamos uma 
reflexão a respeito do desenvolvimento do sujeito ético-moral e vimos que cada 
grupo ou composição possui diferentes costumes, princípios, valores éticos e 
morais e que foi constituído historicamente pelos componentes do seu provo, 
resta compreender e estudar o significado da ética em si.
Prezado Acadêmico, se você quiser saber mais sobre o comportamento moral 
desses grupos sociais/povos, pesquise na internet sobre a cultura de cada povo. Assim, você 
poderá observar as diferenças culturais de cada um e identificar seus princípios morais.
DICAS
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
13
Sob esse cenário, indagamos:
Afinal, o que é ética?
Vejamos!
Partiremos do conceito estrito do dicionário do direito, para irmos aos 
poucos decifrando seus elementos conceituais. Nesse sentido, de acordo com 
Cunha (2011, p. 140), a ética é compreendida como:
QUADRO 4 – CONCEITO DE ÉTICA
ÉTICA
São as NORMAS E PRINCIPIOS que dizem respeito ao comportamento do 
indivíduo no grupo social a que pertence.
É a CIÊNCIA cujo objeto é a MORAL. É a FILOSOFIA da moral.
É o RUMO DO CONHECIMENTO cuja finalidade é estabelecer os 
melhores critérios para o agir.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 140) e Guimarães (2016, p. 377)
De tal modo, pode-se expor que a ética denota o agir comportamental dos 
seres humanos em sociedade, estudando e mediando as melhores formas que 
normatizem e institucionalizem nosso comportamento social, político e econômico.
Sob essa perspectiva, Leyser (2018, p. 3, grifo nosso) complementa 
expondo que:
Ética vem do termo grego ethike que provém de ethos, que por sua vez 
deriva de duas matizes distintas, uma que designa costumes normativos 
e outra que ensina constância do comportamento, hábito ou caráter. Na 
verdade, o termo ethos é uma transposição metafórica de um termo que 
denota a morada dos animais (VAZ, 2006). Os gregos antigos ao fazerem 
essa transposição queriam se referir ao mundo humano, quanto aos 
seus costumes e o próprio agir humano que constituiria sua morada e, 
simultaneamente, seu caráter.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
14
Assim sendo, Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) ainda nos colocam que “a 
palavra ética provém do grego ethos e significa hábitos, costumes, e se refere à 
morada de um povo ou sociedade. A palavra moral provém do latim morális e 
significa costume, conduta”. Comprovando que: 
A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento 
que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que 
é certo ou errado, o que é bom ou mau, porém, este comportamento 
sempre partirá do ponto de vista dos princípios morais de cada 
sociedade, ou seja, seu grupo social. A ética auxilia no esclarecimento e 
na explicação da realidade cotidiana de cada povo, procurando sempre 
elaborar seus conceitos conforme o comportamento correspondente 
de cada grupo social (PIERITZ, 2013, p. 7).
De tal modo, Pieritz (2020, p. 11, grifo nosso) expõe que “pode-se 
compreender que a ética reflete os hábitos e costumes gerais de uma sociedade, 
suas normativas e convenções, que fora institucionalizada pelo coletivo social, 
e a moral é a forma que conduzimos nossos atos perante o outro, ou seja, é a 
conduta em si”.
Nesse sentido, a ética pode ser compreendida como os pilares normativos 
de nossa conduta moral perante a sociedade em que vivemos e convivemos, pois, 
é a ética que normatiza e dita as regras do jogo, expondo qual o melhor caminho a 
ser seguido. E, a moral denota a nossa decisão e a nossa ação a respeito das regras 
socialmente constituídas.
Mediante essa reflexão do conceito da ética, vejamos no Quadro 5 o que 
é a ética.
QUADRO 5 – O QUE É ÉTICA?
• ESTUDO DOS JUÍZOS de apreciação que se referem 
à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal.
• Conjunto de NORMAS E PRINCÍPIOS que norteiam 
a boa conduta do ser humano.
FONTE: Adaptado de Houaiss (2009, p. 324)
Mediante esses elementos da ética, pode-se expor que a ética realiza um 
estudo dos juízos e valores do comportamento humano em sociedade, e mediante 
essas análises comportamentais, desenvolve normativas e princípios ético-morais, 
que mediarão a vida dos homens em sociedade.
A partir dessas análises preliminares, Vazquez (2005, p. 20) completa essa 
discussão expondo que “o ético transforma-se, assim, numa espécie de legislador do 
comportamento moral dos indivíduos ou da comunidade”, pois podemos verificar 
que a ética examina a conduta dos seres humanos na sociedade a qual pertence, já 
que “a ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana 
ou forma de comportamento dos homens [...]” (VAZQUEZ, 2005, p. 21).
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
15
Desse modo, pode-se dizer que ser ético é saber legislar sobre o 
comportamento humano, buscando explicar e investigar a conduta em si, seus 
prós e contras, definindo os caminhos que poderão ser seguidos. Ditando, assim, 
o comportamento moral das pessoas.
Vale frisar aqui, que “o valor de ética está naquilo que ela explica – o fato 
real daquilo que foi ou é [...], e não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude 
moral” (PIERITZ, 2013, p. 7, grifo nosso).
A ética não recomenda como agimos perante os outros, a ética nos dá as 
diretrizes comportamentais, pois, segundo Pieritz (2020, p. 12), “a ética está posta 
para nos explicar o nosso agir junto à comunidade e grupo social a que vivemos 
e convivemos”. 
Nesse sentido: 
Ética é a ciência da conduta humana, segundo o bem e o mal, com vistas 
à felicidade. É a ciência que estuda a vida do ser humano, sob o ponto 
de vista da qualidade da sua conduta. Disto precisamente trata a Ética, 
da boa e da má conduta e da correlação entre boa conduta e felicidade, 
na interioridade do ser humano. A Ética não é uma ciência teórica ou 
especulativa, mas uma ciência prática, no sentido de que se preocupa com 
a ação, com o ato humano. (ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2006, p. 3).
De acordo com Pieritz (2020, p. 12), “a ética é considerada uma ciência 
que estuda a conduta humana, suas normas e comportamentos reais, para 
proporcionar a melhoria da qualidade de vida dos seres humanos”. Visto que, 
na convivência social saudável, é importante termos diretrizes norteadoras de 
que possibilidades de decisões poderemos tomar perante os outros que vivem e 
convivem conosco.Por isso, a ética é muito importante para os seres humanos, 
pois ela baliza o nosso comportamento moral.
Ressalva-se ainda que “existem grandes transformações históricas 
no decorrer dos tempos em nossa sociedade. E com essas mudanças, o nosso 
comportamento também muda e, consequentemente, os nossos princípios morais 
também” (PIERITZ, 2013, p. 7).
E ainda: 
Estas transformações sociais ao longo da história da humanidade 
advêm da própria existência humana, pelas suas relações sociais com 
o outro, pois, a ética vem demostrando pelo seu estudo e regulação, que 
determinadas ações e atitudes morais devam ser revistas e adaptadas 
à nova realidade social, pois estamos em constantes transformações 
humanas e sociais (PIERITZ, 2020, p. 12, grifo nosso).
Assim, são as transformações da vida do homem em sociedade que fazem 
com que a ética não seja estanque, isso é, parada no tempo e no espaço, pois 
a ética precisa estar constantemente analisando e regulando o comportamento 
humano, que é mutável. O importante aqui é compreender que a ética está em 
constante transformação histórico-social, e assim precisa ser observada.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
16
Sobre essa questão, Pieritz (2013, p. 7) expõe que “outro fator que não 
podemos esquecer é a questão de julgar o comportamento dos outros grupos 
sociais, pois a realidade cotidiana desses foi formada por outro conjunto de 
normas e princípios morais, diferente dos nossos. Mesmo que em alguns aspectos 
esses princípios se pareçam com os nossos”.
Salienta-se ainda que precisamos considerar que deve haver um respeito 
com relação às normativas comportamentais dos outros grupos sociais, pois eles 
foram sendo constituídos historicamente de forma diferente da nossa.
Depois dessas concisas explanações e reflexões sobre a questão conceitual 
da ética, torna-se importante compreender que a ética poderá ser definida sob 
três vertentes conceituais e basilares, que você poderá visualizar e analisar no 
Quadro 6. Vejamos!
QUADRO 6 – VERTENTES DO CONCEITO DE ÉTICA?
A ética é 
DESCRITIVA
Que corresponde a JUÍZO DE VALOR, ou seja, quem tem boa 
conduta pode ser considerado como uma pessoa ética, ou seja, 
uma pessoa virtuosa e íntegra.
Enquanto quem não condiz com as expectativas sociais pode 
ser considerado ‘sem ética’.
Nesse sentido, a ética assume uma ideia simplista reduzida a 
um VALOR SOCIAL, ou apenas um adjetivo.
A ética é 
PRESCRITIVA
A ética como “SISTEMA DE NORMAS MORAIS ou a um 
CÓDIGO DE DEVERES” (SOUR, 2011, p. 19), ou seja, os 
padrões morais que deveriam conduzir categorias sociais ou 
organizações passam a se chamar de CÓDIGO DE ÉTICA.
Nesse sentido de prescrição a ética e moral tornam-se 
SINÔNIMO INDISTINGUÍVEL.
A ética é 
REFLEXIVA
Que corresponde à TEORIA DE UM ESTUDO 
SISTEMÁTICO como objeto de INVESTIGAÇÃO que, ao 
transitar por diferentes áreas, pode ser considerada como:
• ÉTICA FILOSÓFICA – que reflete sobre a melhor maneira 
de viver (ideais morais).
• ÉTICA CIENTÍFICA – que estuda, observa, descreve e 
explica os fatos morais (a moralidade como fenômeno).
FONTE: Adaptado de Tavares (2013, p. 7)
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
17
Essas vertentes conceituais da ética demonstram que podemos verificar que 
a ética é descritiva, pois denota juízos de valores das nossas condutas, como também 
a ética é tida como prescritiva, pois prescreve normativas comportamentais e, por 
fim, a ética é reflexiva, pois está em constante análise e estudo do comportamento 
humano em sociedade.
Com relação ao conceito de ética, sobretudo a verificação da sua essência 
e base conceitual e demais elementos caracterizantes de seus fundamentos, 
Pieritz (2020, p. 13) expõe que “devemos compreender que a ética está além das 
normas socialmente constituídas, pois existem muitos elementos norteadores do 
comportamento humano”, o qual, a Figura 6 apresentará algumas características 
balizares da ética, para que você possa compreender de forma holística todos os 
elementos que estão atinados ao conceito da ética. Vejamos!
Caros acadêmicos, de acordo com Tavares (2013, p. 7, grifo nosso):
“A ética filosófica quer refletir sobre a maneira de viver. A ética científica quer observar e 
descrever a maneira de viver”.
FIGURA 5 – REFLEXÃO E OBSERVAÇÃO HUMANA 
FONTE: <https://icon-library.com/png/105300.html>. Acesso em: 9 fev. 2021.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
18
FIGURA 6 – CARACTERÍSTICAS BALIZARES DA ÉTICA
FONTE: Adaptada de Pieritz (2020, p. 14)
Segundo Pieritz (2020, p. 14), “a ética faz com que o ser humano reflita e 
indague sobre seus atos, comportamentos e costumes, para assim poder agir no 
seu meio social”. Pode-se observar na Figura 6 muitos atributos que proporcionam 
uma compreensão de adjetivos e características que fundamentam a essência da 
ética de forma geral.
Conseguiram verificar que no conceito de ética aparecem diversas 
características do nosso próprio comportamento humano em sociedade? Como 
nossos hábitos, costumes, caráter, virtudes, códigos e assim por diante, demostrando 
que a ética está aí para nos direcionar, dar um aporte, um rumo a ser seguido no 
nosso dia a dia, mas a decisão de como agir é somente de cada um, pois temos o livre 
arbítrio de escolher em fazer o bem ou o mal, de fazer certo ou errado.
Prezados acadêmicos:
“A ética não se restringe somente às normas e leis instituídas pelos poderes legislativo, 
executivo e judiciário! 
A ética vai além das normativas impostas, pois leva em consideração a construção histórica 
do comportamento humano em sociedade, sua conduta, hábitos e costumes” (PIERITZ 
(2020, p. 14).
IMPORTANT
E
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
19
Vale refletir ainda sobre esta indagação de Valls (2003, p. 43, grifo nosso): 
“Será que agir moralmente significaria agir de acordo com a própria 
consciência”? (VALLS, 2003, p. 43)
O que você acha? Será?
Vejamos!
De acordo com Pieritz (2020, p. 15):
É salutar compreender que o nosso agir deve ser consciente e 
estar conectado com a realidade de mundo que vivemos, ou seja, 
precisamos perceber em que contexto social, político e econômico que 
estamos, quais são as regas e normativas vigentes, quais são nossos 
direitos e deveres, quais são as nossas responsabilidades e obrigações, 
para assim podermos agir coerentemente, respeitando as convenções 
socialmente construídas.
Assim, podemos compreender que devemos agir normalmente conforme 
os preceitos constituídos socialmente e o nosso livre arbítrio decisório, mas 
sempre no intuito de fazer o bem e sem prejudicar ninguém, pois, segundo Pieritz 
(2020, p. 15), “são as nossas escolhas que refletem a nossa conduta, do certo e 
errado, do bem e do mal, do ético ou do antiético”.
Nesse sentido, Pieritz (2020, p. 15) expõe que “pode-se perceber que a 
ética oportuniza uma reflexão do nosso jeito de viver e conviver historicamente 
em sociedade, compreendendo os nossos costumes de hoje, de ontem e como 
poderá se moldar amanhã”. E é esse comportamento que define a nossa conduta 
ética perante o grupo social que vivemos.
FIGURA 7 – COMPORTAMENTO HUMANO EM SOCIEDADE
FONTE: <https://bit.ly/2PGxOFT>. Acesso em: 9 fev. 2021.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
20
5 ÉTICA E MORAL: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS 
Agora que realizamos uma reflexão em torno das bases da ética, 
perpassando pelas questões preliminares da ética e da moral, e de como se dá o 
desenvolvimento do sujeito ético-moral, e das características conceituais da ética, 
em que adentraremos num debate relativo às características e diferenças da ética 
e da moral, para assim poder compreendê-las.
Iniciaremos essa abordagem expondo que “a ética estuda e investiga o 
comportamento moral dos seres humanos. E esta moral é constituída pelos 
diferentes modos de viver e agir dos homens em sociedade, que é formada por 
suas diretrizes morais da vida cotidiana, transformando-se no decorrer dos 
tempos” (PIERITZ, 2013, p. 19).
Ficou demostrado que “a ética e a moral permeiam em nosso agir perantea sociedade, desde o estudo do comportamento até a sua prática real cotidiana 
das relações humanas e sociais” (PIERITZ, 2020, p. 27).
Assim, pode-se expor que:
Sob esse cenário, indagamos-lhe: afinal, o que é moral?
Vejamos!
Iniciaremos essa reflexão com o conceito exposto no dicionário do direito, 
para assim instigar sua reflexão sobre a moral. Segundo Cunha (2011, p. 196-197), 
a moral pode ser compreendida como:
QUADRO 7 – CONCEITO DE MORAL E MORALIDADE
MORAL
A moral é a APLICAÇÃO NA PRÁTICA do 
conjunto de regras e princípios morais. É a dimensão ideal da moralidade.
A moral é relativo à DIGNIDADE, ao DECORO e à HONRA.
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
21
MORALIDADE 
Processo Social COSTUMEIRO, concernente à melhor forma de 
comportamento.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 196-197)
Então, perceberam que a moral designa o modo de ser dos seres humanos, 
seu comportamento perante os outros e que esse comportamento está pautado 
nos princípios e diretrizes da ética?
Mediante esse conceito preliminar, Aranha e Martins (2005, p. 301) 
complementam: 
A moral vem do Latim mos, moris, que significa “costume”, “maneira de 
se comportar regulada pelo uso”, e de moralis, morale, adjetivo referente 
ao que é “relativo aos costumes”. Portanto, podemos considerar que a 
moral é um conjunto de regras de conduta admitidas em determinada 
época ou por um grupo de pessoas.
Assim, a moral denota um costume comportamental dos preceitos éticos, 
na relação com os outros em sociedade. Nesse sentido, vale expor que costume 
é compreendido como a prática reiterada e constante de algum comportamento 
habitual dos seres humanos, e que ele seja notório, ou seja, conhecido e tido como 
um hábito geral de um determinado grupo social.
Você saberia me dizer quais são as diferenças conceituais entre a ética e a 
moral?
Sim? Não? Talvez?
Vamos juntos compreender essas diferenças conceituais da ética e da moral, 
no qual visualizaremos no Quadro 8 algumas de suas principais características.
QUADRO 8 – O QUE É A ÉTICA E MORAL
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 140-196)
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
22
Mediante esse quadro conceitual da ética e moral, é notório que os dois 
conceitos demostraram que “ambos estão correlacionados a uma ciência, um 
estudo do comportamento e das normas de conduta, e que esse conjunto de regras 
e princípios ético-morais propiciem a honra, o decoro e a dignidade da pessoa 
humana” (PIERITZ, 2020, p. 28, grifo nosso).
Fazendo com que:
Essa conduta moral só é possível se tiver um estudo dos hábitos e 
costumes do homem em sociedade, no seu convívio histórico-social. 
E é a ética que realiza essa ciência das dimensões morais, propiciando 
transparecer nos diversos códigos de condutas, regramentos e 
legislações como devemos proceder e se comportar perante o meio 
social que vivemos e convivemos (PIERITZ, 2020, p. 28, grifo nosso).
Assim, pode-se expor que a ética realiza os estudos do comportamento 
humano, e de posse desses resultados e suas análises, desenvolve o regramento 
social da conduta moral dos seres humanos. Segundo Pieritz (2020, p. 28), “essa 
é uma condição socialmente construída ao longo da história da humanidade, 
sendo aprimorada conforme o desenvolvimento humano”.
A ética e a moral estão sempre juntas, por isso que possuímos um 
comportamento ético-moral, pois uma estuda como devemos nos comportar 
eticamente na sociedade em que fazemos parte (a ética), e outra (a moral) é o 
próprio comportamento, que é determinado pelas nossas escolhas de fazer o bem 
ou o mal, o certo ou o errado. Esse ciclo é desenvolvido historicamente, desde os 
primórdios da humanidade.
Agora, apresentaremos, no Quadro 9, mais algumas diferenças entre a 
ética e a moral, para continuarmos a nossa reflexão a esse respeito. Vejamos:
QUADRO 9 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
ÉTICA MORAL
É a CIÊNCIA que estuda a moral. É o MODO DE VIVER E AGIR de cada povo, em cada cultura.
É a REFLEXÃO SISTEMÁTICA sobre 
o comportamento moral.
É o conjunto de normas, prescrição 
e valores reguladores da AÇÃO 
COTIDIANA.
É a parte da filosofia que trata da 
reflexão dos princípios universais da 
humanidade. 
Varia no tempo e no espaço.
São os valores humanos UNIVERSAIS 
e FUNDAMENTAIS.
São os valores concernentes ao bem e 
ao mal, permitindo ou proibindo. 
XX
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
23
É a TEORIA do comportamento moral.
Conjunto de normas e regras 
reguladoras entre os homens de uma 
determinada comunidade.
É a compreensão subjetiva do ato 
moral.
Nasce da necessidade de ajudar cada 
membro aos interesses coletivos do 
grupo.
FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002. p. 89-90)
Ressalva-se que o supracitado quadro comparativo das diferenças conceituais 
entre a ética e a moral, nos reforça o que já viemos refletindo até agora que, segundo 
Pieritz (2020, p.28), “o comportamento ético-moral é estudado como ciência, para 
proporcionar melhor qualidade de vida ao cidadão brasileiro e mundial”. Visto 
que, vivemos em constantes transformações humanas, políticas e sociais, e nesse 
sentido a ética está a postos para refletir e regular nosso comportamento moral 
perante os outros.
Assim, de acordo com Pieritz (2020, p. 29), ficou claro que “é a nossa 
consciência das obrigações e deveres morais, ou seja, o caráter e o modo de ser dos 
homens em sociedade que formam a ética”. Todavia, precisamos compreender 
que, “a ética é a ciência que procura estudar e compreender as nuances relativas 
aos princípios morais, que são constituídos historicamente” (PIERITZ, 2020, p. 
29, grifo nosso).
Em contrapartida, a moral: 
Retrata nossos costumes e hábitos cotidianos, pois seu caráter é social 
e está pautado na história, cultura e natureza dos seres humanos, pois, 
a moral está compreendida como um conjunto de normativas, regras, 
leis, regulamentos e princípios, que são instituídos pelo coletivo social, 
mas individualizada na consciência dos homens e mulheres que vivem 
e convivem em sociedade (PIERITZ, 2020, p. 29, grifo nosso).
Nesse sentido, é importante ressaltar que a moral advém dos princípios 
comportamentais dos seres humanos, que foram adquiridos pela herança histórica 
da própria humanidade, a qual foi preservada pelos cidadãos e pelas populações 
que vivem e convivem em seus grupos políticos, econômicos e sociais.
Mediante esse cenário conceitual, estudado até o presente momento, 
gostaríamos de lhes apresentar, agora, um quadro comparativo entre a ética e a moral, 
para que você possa desvelar suas características e elementos primordiais.
Nesse sentido, segue no Quadro 10, um balanço comparativo dos elementos 
conceituais da ética e da moral.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
24
QUADRO 10 – BALANÇO COMPARATIVO ENTRE ÉTICA E MORAL
FONTE: Pieritz (2020, p. 29)
O supracitado balanço comparativo das características conceituais da 
ética e da moral, apresentado por Pieritz (2020) demonstra que:
 
As duas estão amplamente conectadas, mas apresentam sutis 
diferenças, porque a ética denota um conceito subjetivo e teórico 
sobre a consciência das regras sociais, já a moral se apresenta mais 
de cunho prático e objetivo, proporcionando uma tratativa da conduta 
humana por intermédio de regras e códigos de condutas socialmente 
constituídos (PIERITZ, 2020, p. 29, grifo nosso).
Assim, pode-se expor que “a ética sempre procurará conhecer as formas 
das tratativas do bem e do mal no âmbito holístico, do coletivo social, já a moral 
busca tratar o agir humano de forma individualizada, tratando o certo e o errado 
nos seus regulamentos e normas institucionalizadas” (PIERITZ, 2020, p. 30).
Nessa discussão, Pieritz (2020, p. 30, grifo nosso) ainda expõe que:
Os seres humanos não nascem com os conhecimentos éticos e postura 
moral, eles se tornam éticos no decorrer do seu desenvolvimento 
intelectual ao longo de sua história, e colocam seus princípios morais 
de acordo com o empoderamento de suas conotações e convívio sociais, 
pois, é na socialização e interação com o outroem sociedade que 
construímos a nossa postura ética individual e profissional.
De tal modo, podemos expor que é no âmbito do convívio humano, nas 
relações sociais, que colocamos a nossa ética em prática, pelo nosso comportamento 
moral perante o grupo social que vivemos e convivemos. Pieritz (2020, p. 30, grifo 
nosso) complementa essa discussão:
Vale destacar ainda que a ética é aprendida pelo estudo do comportamento 
humano em sociedade, e a moral necessita ser imposta pelos regramentos 
sociais de convívio humano. E que a ética é manifestada a partir do 
interior das pessoas, de sua consciência, já a moral se expressa no exterior 
do indivíduo, na conduta dos seus atos.
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
25
Nesse sentido, nota-se que a ética e a moral são mutáveis ao longo do 
convívio humano, pois se adequam às novas realidades sociais, que são fruto 
do próprio comportamento humano. Necessitando aprimoramento constante das 
regras e normativas sociais e institucionais.
Sob os aspectos apresentados até o presente momento, acreditamos que 
passaram, em sua mente, várias cenas do seu cotidiano pessoal e profissional, 
com relação às questões do comportamento ético-moral, certo?
Então, na prática da vida cotidiana, como se apresentam as questões éticas 
e morais?
Vejamos!
Apresentaremos charges que representarão algumas situações do dia 
a dia da nossa vida cotidiana, e que estão relacionadas diretamente com o 
comportamento ético e moral dos cidadãos.
Nesse sentido, convidamos você, acadêmico, a realizar algumas reflexões 
sobre a ética e a moral. 
Vamos lá!
FIGURA 8 – PRIMEIRA SITUAÇÃO
FONTE: Adaptada de <https://br.pinterest.com/pin/809662839228928606/>. 
Acesso em: 20 jun.2020.
Prezado acadêmico! “Lembre-se de que um dia a escravidão já foi considerada 
um comportamento “normal”, e hoje a escravidão é totalmente considerada um crime. 
Demostrando, assim, que as regras mudam conforme a mudança do comportamento e 
normativas socialmente constituídas” (PIERITZ, 2020, p. 30).
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
26
FIGURA 9 – SEGUNDA SITUAÇÃO
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/455637687295581746/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
FIGURA 10 – TERCEIRA SITUAÇÃO
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/431641945509586866/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
27
FIGURA 11 – QUARTA SITUAÇÃO
FONTE: <https://br.pinterest.com/pin/716283515704220437/>. Acesso em: 20 jun. 2020.
FIGURA 12 – QUINTA SITUAÇÃO
FONTE: http://www.jornalcorreiocacerense.com.br/ver_noticia.php?noticia=16405>. 
Acesso em: 10 fev. 2021.
Prezado acadêmico, nas cinco charges apresentadas podemos observar 
algumas situações vivenciadas na vida cotidiana que passam despercebidas, e 
que nem nos damos conta do que está acontecendo na realidade, muitas vezes, 
desvirtuando os preceitos ético-morais que foram socialmente constituídos por nós.
Mediante essas charges, convidamos você a pensar um instante, em 
quantas situações similares nos deparamos no nosso convívio social, político e 
econômico? Temos certeza de que são muitas! Com certeza!
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
28
Elas nos parecem situações comuns, mas que nos preocupam muito, 
pois demostram uma concepção errônea do nosso comportamento ético-moral. 
Contudo, como cidadãos civis, não podemos julgar esses comportamentos, pois 
depende da decisão de que caminho desejamos seguir com relação aos preceitos 
éticos socialmente constituídos.
Quem julga os danos causados por nossos comportamentos é o sistema 
judiciário. Isso também é uma regra socialmente constituída.
6 A AUSÊNCIA E OS CONTRÁRIOS A ÉTICA E A MORAL
Prezado acadêmico, até o presente momento falamos da ética e da moral, 
mas é necessário fazermos uma reflexão da inversão dessa postura e comportamento 
ético-moral. Assim, demostraremos, agora, o outro lado dessa moeda ética-moral, 
ou seja, a postura humana que denota ausência e os contrários à ética e à moral.
Entretanto, primeiramente vamos compreender dois conceitos fundamentais, 
que é a questão das terminologias “ausência” e o “contrário”, certo? Vejamos:
QUADRO 11 – CARACTERÍSTICAS DAS TERMINOLOGIAS AUSÊNCIA E CONTRÁRIO
AUSÊNCIA CONTRÁRIO
• Estado ou condição da AUSENTE.
• Não comparecimento, falta.
• INEXISTÊNCIA, FALTA.
• A falta de alguém que se esperava 
ou que deveria estar presente.
• O OPOSTO.
• Que apresenta OPOSIÇÃO OU 
DIFERENÇA ABSOLUTA. 
• Desfavorável, desvantajosos.
• Relativo à proposição que NEGA não só 
o que a firma a outra, mas também o que 
afirmaria uma proposição menos extensa.
AUSENTE CONTRARIAR
• NÃO PRESENTE.
• Pessoa que não está presente em 
determinado lugar.
• Aquele que não está no lugar em 
que se pratica o ato. 
• Desagradar ou descontentar alguém.
• DIZER, FAZER OU QUERER O 
CONTRÁRIO.
• Argumentar em sentido contrário.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 43-85) e Ferreira (2008, p.154-264)
Pesquise mais situações do nosso comportamento ético, e leve-os para 
debater no seu próximo encontro.
DICAS
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
29
Desse modo, pode-se observar nas características supracitadas das 
terminologias ausência e contrário, que esses elementos estão presentes na postura 
cotidiana de muitos seres humanos, que denotam uma falta ou inexistência dos 
princípios éticos em suas ações, como também possuem pessoas que se opõem a 
ter uma conduta moral, porque desejam ser assim.
Alguns sinônimos interessantes para você conhecer sobre essa questão, 
vejamos:
• Ausência: carência, deficiência, falta, falha, escassez, insuficiência e lacuna.
• Contrário: adverso, antagônico, avesso, desfavorável e oposto.
Assim, mediante essas análises preliminares, iniciaremos uma discussão 
relativa aos sentidos inversos do comportamento moral e ético, mas, primeiramente, 
faz-se necessário compreender sua terminologia, que está exposta no Quadro 12.
QUADRO 12 – AUSÊNCIA E CONTRÁRIOS À ÉTICA E À MORAL
FONTE: Pieritz (2020, p. 32)
De tal modo, que se pode observar que, quando falamos da AUSÊNCIA 
de alguma coisa, estamos nos referindo a falta, a deficiência, a carência e a 
insuficiência, conforme sinônimos apresentados acima.
Nesse sentido, ao levarmos estes conceitos supracitados para a ética 
e a moral, pode-se perceber que essa ausência de ética e de moral denota um 
comportamento aético e amoral. Que podemos ver suas características no quadro 
a seguir. Vejamos!
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
30
QUADRO 13 – AÉTICA E AMORAL
NA ÉTICA NA MORAL
AÉTICA AMORAL
• Uma pessoa aética, é um individuo 
que não possui ou é deficiente da 
consciência do coletivo, dos atos e 
costumes gerais do meio em que vive 
e convive. 
• Possui insuficiência ou carência da 
compreensão dos estudos históricos 
da composição dos juízos de valores. 
• Uma pessoa amoral, é um individuo 
que não possui ou é deficiente na 
forma que conduz seus atos perante 
a sociedade que vive e convive, 
pelo simples fato de lhe faltar a 
compreensão de como agir perante 
os regramentos impostos. 
• Possuindo assim, insuficiência ou 
carência na sua forma de agir, na sua 
atitude e conduta, na sua aplicação 
da norma, pois não a compreende. 
Aqui a palavra-chave 
é a consciência do todo.
Aqui a palavra-chave é 
a atitude individual.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2020, p. 33)
Com relação ao comportamento dos seres humanos que são contrários a 
alguma coisa, estamos falando das pessoas que são adversas, antagônicas, avessas, 
desfavoráveis e opostas a alguma situação de sua vida cotidiana.
Assim, pode-se observar que ao transmitir essas características conceituais 
para a ética e a moral, verifica-se que essas atitudes tidas como contrárias a alguma 
coisa denotam uma postura comportamental antiética e imoral, como podem 
verificar no quadro a seguir. Vejamos!
QUADRO 14 – ANTIÉTICA E IMORAL
NA ÉTICA NA MORAL
ANTIÉTICA IMORAL
• Uma pessoa antiética, é um indivíduo 
que possui ARGUMENTOS NO 
SENTIDO CONTRÁRIO da consciência 
coletiva do que é certo e errado, do que 
é fazer o bem ou o mal.• Demonstrando estar em oposição aos 
atos e costumes gerais da sociedade 
em que está inserido, como também 
é avesso ao estudo dos juízos de 
valores constituído historicamente.
• Uma pessoa imoral, é um indivíduo 
que não segue as REGRAS 
DE CONDUTA socialmente 
constituídas pelo coletivo social, 
pelo seu livre arbítrio.
• É fazer, ser oposto ou querer o 
contrário das normas. São avessas 
a qualquer código de conduta, por 
consciência de querer contrariá-la.
Aqui a palavra-chave 
contrariedade.
Aqui a palavra-chave é 
a ATITUDE consciente.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2020, p. 33)
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
31
Mediante as supracitadas explanações relativas ao comportamento ético e 
moral, ou seja, aquela postura que denota ausência ou que seja contrária. Podemos 
verificar que, quem toma essa decisão é única e exclusivamente o ser humano, em 
seus processos de tomada de decisão, junto ao coletivo social.
Então, o que é certo, errado, bom ou ruim para nós, pode não ser para 
nosso semelhante!
Tudo depende da consciência e das decisões humanas! E são nossas ações 
no dia a dia que irão demostrar se nossa postura é ética, aética, antiética, moral, 
amoral ou imoral.
7 SÍNTESE CONCEITUAL DA ÉTICA E MORAL
Prezado acadêmico, depois de tantas reflexões, que acreditamos lhe 
proporcionou realizar e obter uma compreensão dos diversos sentidos conceituais 
da ética, suas principais características e fundamentos, e sua problemática junto às 
questões da moral e a formação do sujeito ético-moral, convidamos você, agora, 
para finalizar esse debate em torno da ética e da moral, a observar nos quadros 
a seguir as principais características conceituais do nosso comportamento ético-
moral, pois é salutar que você consiga sedimentar esses conhecimentos adquiridos.
Desse modo, seguem sínteses para que você possa fazer sua reflexão final 
das concepções e diferenças da ética e moral.
Vamos relembrar!
No quadro a seguir, está uma síntese das principais categorias da ética e 
da moral. Relembre!
QUADRO 15 – SÍNTESE DAS PRINCIPAIS CATEGORIAS DA ÉTICA E MORAL
FONTE: Pieritz (2020, p. 34)
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
32
A seguir, estão as principais características da ética e da moral, veja!
FIGURA 13 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE ÉTICA E MORAL
FONTE: Pieritz (2020, p. 26)
Na supracitada síntese analítica das categorias da ética e moral, você 
pode entender as diferenças e semelhanças entre elas, mas o principal é você 
compreender que ambas analisam, estudam e regulam o nosso comportamento, 
seja pessoal ou profissional, e que esses preceitos éticos e morais são constituídos 
historicamente nas relações dos seres humanos com os demais cidadãos.
Assim, pode-se verificar que neste estudo das supracitadas características 
da ética e da moral, trabalharam-se os conhecimentos relativos à ética e à moral 
na vida cotidiana das pessoas, que vivem e convivem em seus grupos sociais, 
políticos e econômicos, proporcionando a você a possibilidade de compreender 
essas diferenças conceituais.
Esperamos que tenha gostado, pois foi muito bom ter você até aqui!
Agora lhe convido a realizar duas leituras complementares, que são muito 
importantes para sedimentar seus conhecimentos em relação a base da ética e da moral.
Boas Leituras!
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
33
ÉTICA E MORAL
Sandro Denis
Existe alguma confusão entre o Conceito de Moral e o Conceito de Ética. 
A etimologia destes termos ajuda a distingui-los, sendo que Ética vem do grego 
“ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem 
de “mores”, significando costumes. Esta confusão pode ser resolvida com o 
estudo em paralelo dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas 
que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são 
adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. É a “ciência dos 
costumes”. A Moral tem caráter normativo e obrigatório.
Já a Ética é “conjunto de valores que orientam o comportamento do 
homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, 
assim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se 
comportar no seu meio social.
A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência 
Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo 
realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, 
surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com 
Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas 
morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas 
principalmente por convicção e inteligência. Ou seja, enquanto a Ética é teórica e 
reflexiva, a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um 
traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade 
de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas 
ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e 
desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela 
maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, 
não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um 
julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, 
assim Ética é uma espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
34
Ainda podemos dizer que a ética é um conjunto de regras, princípios ou 
maneiras de pensar que guiam, ou chamam para si a autoridade de guiar, as ações 
de um grupo em particular, ou, também, o estudo da argumentação sobre como 
nós devemos agir. Também a simples existência da moral não significa a presença 
explícita de uma ética, entendida como filosofia moral, pois é preciso uma reflexão 
que discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais.
Podemos dizer a partir dos textos de Platão 
e Aristóteles, que, no Ocidente, a ética ou filosofia 
moral inicia-se com Sócrates. Para Sócrates, o 
conceito de ética iria além do senso comum da sua 
época, o corpo seria a prisão da alma, que é imutável 
e eterna. Existiria um “bem em si” próprios da 
sabedoria da alma e que podem ser rememorados 
pelo aprendizado. Esta bondade absoluta do homem 
tem relação a uma ética anterior à experiência, 
pertencente à alma e que o corpo para reconhecê-la 
terá que ser purificado.
Aristóteles subordina sua ética à política, 
acreditando que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, 
já que esta é um privilégio de poucos indivíduos. Também diz que na prática 
ética, nós somos o que fazemos, ou seja, o Homem é moldado na medida em 
que faz escolhas éticas e sofre as influências dessas escolhas.
O Mundo Essencialista é o mundo da contemplação, ideia compartilhada 
pelo filósofo grego antigo Aristóteles. No pensamento filosófico dos antigos, os 
seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados 
pela conduta virtuosa. Para a ética essencialista o homem era visto como um 
ser livre, sempre em busca da perfeição. Esta por sua vez, seria equivalente aos 
valores morais que estariam inscritos na essência do homem. Dessa forma – 
para ser ético – o homem deveria entrar em contato com a própria essência, a 
fim de alcançar a perfeição.
Costuma-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três 
aspectos: 1) o agir em conformidade com a razão; 2) o agir em conformidade com 
a Natureza e com o caráter natural de cada indivíduo; 3) a união permanente 
entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética 
era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar 
a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos. 
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
35
Com o cristianismo romano, através de S. Tomás 
de Aquino e Santo Agostinho, incorpora-se a ideiade que 
a virtude se define a partir da relação com Deus e não 
com a cidade ou com os outros. Deus nesse momento é 
considerado o único mediador entre os indivíduos. As 
duas principais virtudes são a fé e a caridade.
Através deste cristianismo, se afirma na ética 
o livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da 
liberdade dirige-se para o mal (pecado). O homem 
passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem e o mal. O auxílio para a melhor 
conduta é a lei divina. A ideia do dever surge nesse momento. Com isso, a ética 
passa a estabelecer três tipos de conduta; a moral ou ética (baseada no dever), a 
imoral ou antiética e a indiferente à moral.
As profundas transformações que o mundo sofre 
a partir do século XVII com as revoluções religiosas, por 
meio de Lutero; científica, com Copérnico e filosófica, 
com Descartes, oprimem um novo pensamento na era 
Moderna, caracterizada pelo Racionalismo Cartesiano 
– agora a razão é o caminho para a verdade, e para 
chegar a ela é preciso um discernimento, um método. 
Em oposição à fé surge agora o poder exclusivo da 
razão de discernir, distinguir e comparar. Este é um 
marco na história da humanidade que a partir dai 
acolhe um novo caminho para se chegar ao saber: o saber científico, que se baseia 
num método, e o saber sem método é mítico ou empírico.
A ética moderna traz à tona o conceito de que os 
seres humanos devem ser tratados sempre como fim da 
ação e nunca como meio para alcançar seus interesses. 
Essa idéia foi contundentemente defendida por 
Immannuel Kant. Ele afirmava que: “não existe bondade 
natural. Por natureza somos egoístas, ambiciosos, 
destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que 
nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, 
roubamos”.
De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos seres morais era 
necessário nos submetermos ao dever. Essa ideia é herdada da Idade Média na 
qual os cristãos difundiram a ideologia de que o homem era incapaz de realizar o 
bem por si próprio. Por isso, ele deve obedecer aos princípios divinos, cristalizando 
assim a ideia de dever. Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos impulsos, 
apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natureza nos conduz 
pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como instrumentos 
para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
36
No século XIX, Friedrich Hegel traz uma nova 
perspectiva complementar e não abordada pelos 
filósofos da Modernidade. Ele apresenta a perspectiva 
Homem – Cultura e História, sendo que a ética 
deve ser determinada pelas relações sociais. Como 
sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjetiva 
deve ser submetida à vontade social, das instituições 
da sociedade. Desta forma a vida ética deve ser 
“determinada pela harmonia entre vontade subjetiva 
individual e a vontade objetiva cultural”.
Através desse exercício, interiorizamos os valores culturais de tal 
maneira que passamos a praticá-los instintivamente, ou seja, sem pensar. Se 
isso não ocorrer é porque esses valores devem estar incompatíveis com a nossa 
realidade e por isso devem ser modificados. Nesta situação podem ocorrer 
crises internas entre os valores vigentes e a transgressão deles.
Já na atualidade o conceito de ética se fundiu nessas duas correntes de 
pensamento:
A ética praxista, em cuja visão o homem tem a capacidade de julgar, 
ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma 
consciência totalmente livre. O homem tem uma co-responsabilidade frente as 
suas ações.
A ética Pragmática, Com raízes na apropriação de coisas e espaços, na 
propriedade, tem como desafio à alteridade (misericórdia, responsabilização, 
solidariedade), para transformar o Ter, o Saber e o Poder em recursos éticos para 
a solidariedade, contribuindo para a igualdade entre os homens: “distribuição 
eqüitativa dos bens materiais, culturais e espirituais”.
O homem é visto, como sujeito histórico-social, e como tal, sua ação não 
pode mais ser analisada fora da coletividade. Por isso, a ética ganha novamente um 
dimensionamento político: uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui 
para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre os homens. Na 
ética pragmática o homem é politicamente ético, – “todos os aspectos da condição 
humana, têm alguma relação com a política” – há uma 
co-responsabilidade em prol de uma finalidade social: a 
igualdade e a justiça entre os homens.
Na Contemporaneidade, Nietzsche atribui a 
origem dos valores éticos, não à razão, mas à emoção. 
Para ele, o homem forte é aquele que não reprime 
seus impulsos e desejos, que não se submete a moral 
demagógica e repressora. E para coroar essa mudança 
radical de conceitos, surge Freud com a descoberta do 
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
37
inconsciente, instância psíquica que controla o homem, burlando sua consciência 
para trazer à tona a sexualidade represada e que o neurotiza, porém, Freud, 
em momento algum afirma dever o homem viver de acordo com suas paixões, 
apenas buscar equilibrar e conciliar o id com o super ego, ou seja, o ser humano 
deve tentar equilibrar a paixão e a razão.
Hoje, numa era em que cada vez mais se fala 
de globalização, da qual somos todos funcionários 
e insumos de produção, o conhecimento de nossa 
cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de 
outras culturas. Entretanto essa tarefa antropológica 
não é suficiente para o homem comum superar a crise 
da ética atual conhecendo o outro e suas necessidades 
para se chegar a sua convivência harmônica. Ao 
contrário, ser feliz hoje é dominar progresso técnico e 
científico, ser feliz é ter. Não há mais espaço para uma 
ética voltada para uma comunidade. Hoje se aposta no 
individualismo, no consumo, na rapidez de produção.
No momento histórico em que vivemos existe um problema ético-político 
grave. Forças de dominação tem se consolidado nas estruturas sociais e econômicas, 
mas através da crítica e no esclarecimento da sociedade seria possível desvelar 
a dissimulação ideológica que existe nos vários discursos da cultura humana, 
sabendo disso, essas mesmas forças tem procurado controlar a mídia.
Em lugar da felicidade pura e simples há a obrigação do dever e a 
ética fundamenta-se em seguir normas. Trata-se da “Ética da Obediência”. 
Que impede o Homem de pensar, e descobrir uma nova maneira de se ver, e 
assim encontrar uma saída em relação ao conformismo de massa que está na 
origem da banalidade do mal, do mecanismo infernal em que estão ausentes 
o pensamento e a liberdade do agir, pois assim determina Vasquez (1998) ao 
citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual 
são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a 
comunidade, de tal maneira que essas normas, dotadas de um caráter histórico 
e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e 
não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. O homem, 
com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou 
ele apoia a natureza e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e 
assim ele mesmo se forma no bem ou no mal neste planeta.
FONTE: <Http://Circulocubico.Wordpress.Com/2008/04/04/Tica-E-Moral/>. 
Acesso em: 10 jun. 2020.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
38
ÉTICA E MORAL
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE 
OCIDENTAL
Israel Alexandria
1 A MORALIDADE ENQUANTO OBJETO DA ÉTICA
Gosto não se discute. Correntemente essa frase é utilizada quando se 
quer estabelecer a ideia de que gosto é algo radicalmente subjetivo e imutável. 
Ora, a imensa variedade de sujeitos com preferências e opiniões distintas entre si 
e o fato de um mesmo sujeito mudar de preferências e opiniões fazem prova de 
que a complexa estrutura psíquica humana é capaz de aprender e de modificar 
o que se aprendeu. SUBJETIVIDADE não combina comIMUTABILIDADE, 
logo a frase em questão é contraditória.
Diz-se também que PERSONALIDADE vem da natureza. Quando 
atribuímos à natureza a existência de alguma coisa, estamos simplesmente 
dizendo que esta coisa não foi criada pela cultura, nasce-se com ela. Não há 
necessidade de aprender o que é natural. O natural é inato. Essa coisa chamada 
personalidade é inerente à pessoa. Pessoa e personalidade vêm da mesma 
palavra: persona. Ninguém nasce pessoa. Ninguém se refere a um bebê como 
"aquela pessoa", pois sabe-se que personalidade tem a ver com um sistema mais 
ou menos definido de gostos, preferências que se vai adquirindo com o tempo.
Embora as preferências e as condições que formam a personalidade sejam 
tão subjetivas e mutáveis, há uma constante que não podemos desprezar. É o 
princípio do prazer. Todo ser dotado de sensibilidade tem a propensão natural 
de afastar o que lhe está associado à dor e buscar o que lhe é prazeroso. O gato 
morde o homem que lhe pisa a cauda e o vegetal cresce em direção ao sol. Para o 
gato é bom que não lhe pisem na cauda. Para a planta, é bom crescer em direção 
ao sol. O ser humano não foge a essa regra. O bebê humano é capaz de manifestar 
sua percepção de prazer e dor e essa capacidade não se perde com a idade. O que 
muda é a forma como se dá essa manifestação e o objeto do prazer ou o da dor 
que, por sua vez, dependem das circunstâncias. O que permanece imutável é o 
fato dos sujeitos estarem sempre buscando o que lhes parece bom, e afastando o 
que lhes parece mal. É sobre esses dois conceitos que trata a ética.
A ética é uma ciência comprometida com a busca aprofundada das 
relações entre o homem e os conceitos de bem e de mal. Trata-se de uma ciência 
da qual não podemos nos esquivar, pois o bem e o mal, o certo e o errado 
impregnam nossa conduta prática. Embora a maioria não pense no assunto, o 
comportamento humano é uma contínua resposta às questões éticas. É nesse 
ponto que nasce a distinção entre ética e moral.
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
39
O dicionarista e pensador Nicola Abbagnano (1901-1990) afirma que 
MORAL é "atinente à conduta" (1982: 652) enquanto a ÉTICA é "a ciência com 
vistas a dirigir e disciplinar a mesma conduta" (1982: 360). A moral seriam as 
regras práticas e a ética, o fundamento teórico da moral. Diz-se moral aristotélica, 
moral kantiana para enfatizar os respectivos aspectos práticos; ética aristotélica, 
ética kantiana estariam mais relacionados aos seus aspectos teóricos. Alguns 
autores, entretanto, ressaltam que, embora haja uma infinidade de morais: moral 
cristã, moral judaica, moral platônica, moral kantiana etc., a ética seria uma só. É 
que, sendo esta uma ciência, trabalha apenas com conceitos universais.
Basicamente, são três os modelos de moralidade: aristocrático, utilitarista 
e kantiano.
2 A MORAL ARISTOCRÁTICA
A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, 
cada vez mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais 
aristocráticas a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), 
a moral cristã, no amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo 
(filósofo-rei), a moral budista, na eliminação dos desejos (Buda).
Mas, na maioria das vezes, esses modelos ideais são apenas descrições 
sem referências a nomes de personagens históricos. A moral aristocrática 
propõe que cada indivíduo seja dotado das virtudes adequadas (a palavra 
virtude vem de virtu, que significa força) para imitar o modelo ou um ideal de 
vida proposto. A felicidade plena é obtida quando o indivíduo realiza o ideal 
proposto. Quanto mais virtuoso for o indivíduo, maior o seu grau de felicidade.
Sócrates (470-399 a.C.) inventou o ideal cínico (palavra derivada de 
canino), cuja principal virtude é o desprezo às comodidades, às riquezas e às 
convenções sociais, enfim a tudo aquilo que afasta o homem da simplicidade 
natural de que dão exemplo os animais (no caso o cão). Cínico é aquele que 
vive o descaramento da vida canina. Relata-se que Sócrates caminhava nos 
mercados apenas para saber do que ele não precisava. Outros curiosos relatos 
envolvendo Diógenes, tais como o da "visita do imperador", "a mão e a cuia", "a 
lanterna" etc. indicam que este teria sido o maior cínico da história.
Platão (428-348 a.C.) propôs o ideal asceta. A prática da ascese consiste 
em viver na contemplação do mundo das ideias ao tempo que se afasta de tudo 
o que é corpóreo. "É evidente que o trabalho do filósofo consiste em se ocupar 
mais particularmente que os demais homens em afastar sua alma do contato com o 
corpo" (Platão: Fédon, 65, a). O sábio educa-se para a morte, ou seja, para o dia em 
que sua alma se separará definitivamente do corpo, migrando para o outro mundo.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
40
Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele 
que consegue pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua 
sociabilidade natural, pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo 
quando não precisam da ajuda dos outros, os homens continuam desejando 
viver em sociedade" (Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade ou a 
sociabilidade distancia o homem da felicidade. Para encontrar um termo médio 
entre essas duas naturezas, o homem vale-se da razão.
Os estoicos são outro exemplo de moral aristocrática. No séc. IV a.C. 
Acredita-se que o nome estoico tenha sido inspirado no local onde Zenão de 
Cício (335-263 a.C.) ensinava: os pórticos (stoa, em grego). Costuma-se atribuir 
a razão do surgimento dessa doutrina ao fato da cidade de Atenas haver 
perdido sua independência para os macedônicos, prolongada depois pelo 
império romano. O estoicismo foi uma espécie de refúgio espiritual, uma via 
filosófica para se conseguir a independência em nível individual. Não obstante, 
o estoicismo atravessou séculos, sendo adotado pelos cristãos e até pelo 
imperador romano Marco Aurélio (121-180 d.C.). Segundo os estoicos, nenhum 
evento acontece por acaso (teoria da necessidade). Até mesmo o trajeto de uma 
folha que se desprende da árvore já foi milimetricamente traçado pelo Logos, 
princípio inteligente do cosmos. O ideal de sabedoria estoica é a completa 
apatia: indiferença-acomodação diante dos acontecimentos da vida, é o que 
revela Sêneca (4 a.C. 65 d.C.) um dos expoentes do estoicismo.
Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua 
condição, queixando-se o menos possível e não deixando escapar nenhuma das 
vantagens que ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma 
alma razoável não encontre qualquer coisa para consolo. Vê-se frequentemente 
um terreno diminuto prestar-se, graças ao talento do arquiteto, às mais diversas 
e incríveis aplicações, e um arranjo hábil torna habitável o menor canto. Para 
vencer os obstáculos, apela à razão: verás abrandar-se o que resistia, alargar-se o 
que era apertado e os fardos tornarem-se mais leves sobre os ombros que saberão 
suportá-los (1973: 216).
Não se interprete indiferença por alienação: um sábio pode engajar-se na 
vida política até mesmo porque estava escrito. Nesse ponto, os povos muçulmanos 
parecem estar em franco acordo com a doutrina estoica, pois regularmente 
repetem a expressão maktub (estava escrito), particípio passado do verbo catab 
(escrever). A virtude do sábio é o controle absoluto de suas emoções. Segundo 
sua parenética (termo que diz respeito aos aconselhamentos práticos), quando 
as circunstâncias tornam impossível o controle das emoções, é aconselhável a 
prática do suicídio.
Epicuro de Samos (341-270 a.C.) criou o modelo de sábio epicurista: o 
homem que pratica plenamente a virtude da ataraxia (despreocupação; ausência 
de aborrecimentos, de dores ou medos).
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
41
Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção 
de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-
na a ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se 
mantenhanos limites impostos pela natureza.
A ausência de perturbação e de dor são prazeres estáveis; por seu turno, 
o gozo e a alegria são prazeres de movimento, pela sua vivacidade. Quando 
dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres 
dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como creem certos 
ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, 
mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações 
da alma (Epicuro.1993: 25).
Efetivamente, a ideia de que os epicuristas pregavam a volúpia do corpo 
é falsa. Eles praticavam uma espécie de otimismo profilático que se aproxima 
muito do famoso "jogo do contente" da personagem Poliana. Eram iconoclastas 
em relação aos mitos sobre morte, religião e política. Isolados em jardins 
afastados das agitações da vida citadina, cultivavam a amizade (a prática de 
viver em seletos círculos de amigos era considerada condição fundamental 
na vida do sábio epicurista). O modus vivendi de Epicuro e seus discípulos foi 
chamado de aurea mediocritas (mediocridade dourada) por Horácio.
3 A MORAL UTILITARISTA
A moral utilitarista caracteriza-se pela ausência do transcendente e de 
modelos a priori a serem imitados. Todas as ações devem ser medidas pelo bem 
maior para o maior número.
Ao definir o utilitarismo, o filósofo irlandês Francis Hutcheson (1694-
1746) assim se expressa: "a melhor ação é aquela que produz a maior felicidade 
ao maior número de pessoas". O utilitarismo é a moral dos números. 
Nicolau Maquiavel (1469-1527), pensador italiano, tem sobre si a culpa de 
haver defendido que os fins justificam os meios embora, segundo o Dicionário de 
Filosofia de Abbagnano (1962: 614), tal máxima tenha origem jesuíta. A injustiça 
que recai sobre Maquiavel vem da dificuldade que se tem de separar o mero 
descrever e o opinar. Ele tinha horror a governos de ocasiões, golpes sucessivos, 
casuísmos, enfim à política do dia a dia que tanto permeava a agitada vida nos 
bastidores políticos de Florença. Em O Príncipe ele faz uma descrição em forma 
de aconselhamento, com base em seus conhecimentos de história, da conduta 
do governante que pretende permanecer no poder por um tempo relativamente 
longo, mas chega mesmo a confessar que, para atingir tal permanência, o ideal 
seria que as coisas não ocorressem da forma como a história demonstrara. Não 
obstante, a tradição nos legou o termo maquiavélico como designativo de um 
modelo que se firmou como um dos marcantes exemplos de moral utilitarista: a 
que visa um maior número de dias no poder.
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
42
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, parte do princípio de que 
quanto menor for o número de invasões, mortes violentas e desapossamentos 
mútuos, mais feliz será a espécie humana. Essa condição só pode ser arranjada com 
a existência de um contrato social e de um Leviatã. Vamos explicar melhor: Para 
Hobbes, o homem é, naturalmente, o lobo do homem (homo homini lupus), ou seja, 
não é um ser naturalmente cordial e sociável, não está naturalmente aparelhado 
para sentir-se incomodado com a dor alheia quando sua sobrevivência está em 
jogo. "Se dois homens desejam a mesma coisa ao mesmo tempo que, é impossível 
ela ser gozada por ambos, eles se tornam inimigos" (Hobbes, 1651: 43). Relegados 
ao estado de natureza, os homens promovem uma guerra de todos contra 
todos (bellum omnium contra omnes), guerra inútil porque põe em risco a própria 
conservação humana. Os homens, portanto perceberam e admitiram entre si a 
vantagem em cada um reprimir sua animalidade natural em prol de uma mútua 
convivência pacífica, bem mais útil, produtiva, confortável e segura. A civilização 
nasce desse contrato social. Essa nova situação, entretanto, só pode ser mantida 
com a existência de um Leviatã (monstro amedrontador e forte) que se expressa 
preferencialmente na figura de um rei, comandante autoritário e único que gera 
em todos o sentimento generalizado de medo da punição, garantindo assim a 
continuidade do Estado civil.
A base da moral utilitária de Hobbes sofreu inúmeras críticas, a 
principal partiu de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo suíço, que via 
na animalidade humana não lobos e sim cordeiros. Tais quais cordeiros livres, 
os homens, no estado de natureza, vivem em plena felicidade. Foi a civilização 
que fez com que muitos cordeiros se tornassem violentos e pensassem ser lobos. 
A soberania do Leviatã não é desejável porque além de retirar do homem a sua 
liberdade natural impossibilita a construção de uma liberdade civil, que só é 
possível quando a vontade geral é soberana. A conquista da liberdade civil estaria 
na reeducação por meio de leis "corderiais" que, metaforicamente, fizessem com 
que os cordeiros reconhecessem que são cordeiros.
Ainda a respeito da dicotomia lobo/cordeiro há outras observações 
curiosas. Para Frederich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, a natureza 
produz homens-lobos e homens-cordeiros e não podemos ignorar que lobos 
estão aparelhados para devorar cordeiros. Quando só restarem lobos, as forças 
naturais produzirão superlobos que devorarão antigos lobos numa progressão 
infinita de vidas cada vez mais fortes. A moral nietzschiana é a da exuberância da 
força e do vitalismo das potências naturais ou super-humanas. É uma moral que 
pretende ir além do bem e do mal (se é que isso é possível). Nietzsche afirma que 
dicotomia entre bem e mal não passa de invencionice resultante do ressentimento 
e da fraqueza dos cordeiros. 
"Toda moral é [...] uma espécie de tirania contra a 'natureza' e também 
contra a 'razão'". (Nietzsche, 1886: 110).
TÓPICO 1 — NOÇÕES SOBRE ÉTICA E MORAL
43
Michel Foucault (1926-1984) diria que lobos e cordeiros habitam cada 
um de nós e ambos teriam desenvolvido estratégias de sobrevivência que 
tornariam extremamente complexa a luta entre os dois, uma complexidade 
tal que o cordeiro, em determinados momentos, poderia estar sob a condição 
de ataque. Nesse caso a questão moral só poderia ser definida dentro de um 
contexto muito específico onde se levariam em conta os sujeitos envolvidos, 
suas estratégias, suas relações de poder... Foucault é o criador da microética.
4 A MORAL KANTIANA
A moral kantiana é a concebida por Immanuel Kant (1724-1804), filósofo 
prussiano. Sua intuição principal foi que o indivíduo deve estar livre para agir 
"não em virtude de qualquer outro motivo prático ou de qualquer vantagem 
futura, mas em virtude da ideia de dignidade de um ser racional que não obedece 
a outra lei senão àquela que ele mesmo simultaneamente se dá" (Kant, 1785: 16). 
A ação moral exige a autonomia do agente. Ser autônomo é obedecer a si mesmo 
ou ao que vem de dentro. É o inverso do heterônomo (o que obedece ordem do 
outro, obedece ao que vem de fora). Não se pode falar em ética sem autonomia, 
pois a ação heterônoma (cuja vontade vem de fora) não é uma ação ética. A moral 
aristocrática e a utilitarista não são eticamente válidas porque dependem de algo 
exterior: a primeira, de ideais transcendentes e a segunda, de ideais imanentes.
Para realizar a autonomia, a ação moral deve obedecer apenas ao imperativo 
categórico: o bom senso interior que todos nós temos de perceber que não somos 
instrumentos e sim agentes. Nunca instrumentalizar o homem é a exigência maior 
do imperativo categórico. Kant fornece uma regra para saber se uma decisão nossa 
obedece ou não ao imperativo categórico: indague a si mesmo se a razão que te 
faz agir de determinada maneira pode ser convertida em lei universal, válida para 
todos os homens. Se não puder, essa tua ação não é digna de um ser racional, 
não é eticamente boa porque falta-te a autonomia, estás agindo premido por 
circunstâncias exteriores a ti. O bem ético é um bem em si mesmo.
Ao realçar a exigência da autonomia da ação moral, Kant desperta a 
questão da liberdade ética. O conceito de liberdade ética parte da distinção 
entre ação reflexa e ação deliberada. A ação deliberada é aquelaque resulta de 
uma decisão, de uma escolha, é o mesmo que ação autônoma. A ação reflexa 
é "instintiva", independe da vontade do agente. Apenas as ações deliberadas 
podem ser analisadas sob o ponto de vista ético. Voltemos ao exemplo do gato 
que morde o homem que lhe pisou a cauda. O gato tentou afastar o que lhe 
era um mal, mas não podemos dizer que ele escolheu morder o homem. Logo, 
não se pode dizer que o gato agiu de forma imoral ou antiética. A questão da 
liberdade ética pode ser assim resumida: Levando-se em conta que somos 
animais e ocasionalmente agimos de forma reflexa, em que condições nossa 
ação pode ser considerada uma ação deliberada?
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
44
Henri Bergson (1859-1941) e Jean-Paul Sartre (1905-1980) respondem a 
essa pergunta de forma radical: O livre-arbítrio é a qualidade que melhor define 
o homem. A própria condição humana exige que todo ato humano seja um ato 
de escolha, seja uma ação deliberada. O homem está condenado à liberdade 
porque nunca pode decidir não escolher. Diante da consciência de que nos 
vemos forçado a realizar algo por imposição exterior, passamos a ter liberdade 
de escolher entre entregar-se à ação ou ir de encontro a ela.
FONTE: <http://ialexandria.sites.uol.com.br/textos/israel_textos/etica_e_moral.htm>. Acesso em: 
20 jun. 2020.
45
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ética e a moral estão conectadas de maneira implícita no próprio 
comportamento do homem em sociedade, no meio social, político e econômico, 
que vivem e convivem com os outros.
• É o comportamento ético e moral sobre as coisas e os fatos que formam o 
nosso convívio social e a própria sociedade em que vivemos.
• Nossas ações e decisões diárias estão carregadas de princípios éticos e de 
valores morais. E vimos que a ética e a moral são mutáveis, conforme a própria 
evolução humana e a compreensão da vida em sociedade.
• Todos os nossos comportamentos em sociedade são compreendidos 
socialmente como certos ou errados, éticos ou antiéticos, morais ou imorais, 
denotando sempre os dois lados de uma mesma moeda.
• Todo o comportamento socialmente constituído deve estar pautado por 
normas sociais, institucionais e legais, e que ambas seguem as premissas 
constitucionais. 
• São os princípios éticos e morais que conduzem as nossas decisões 
comportamentais perante a sociedade que vivemos e convivemos com os outros.
• Nós temos digitais diferentes, e assim possuímos princípios éticos e morais 
semelhantes, mas nunca iguais, pois temos o livre arbítrio da escolha, segundo 
nossa cultura e formação intelectual.
• A cultura é que transmite o modo coletivo de ser de um povo, suas 
características e comportamentos socialmente e historicamente constituídos. 
Denotando seus costumes, crenças e hábitos. Na própria cultura permeia os 
valores éticos e morais.
• A ética realiza um estudo dos juízos e valores do comportamento humano em 
sociedade, e mediante essas análises comportamentais, desenvolve normativas 
e princípios ético-morais, que irão mediar a vida dos homens em sociedade.
• Ser ético é saber legislar sobre o comportamento humano, buscando explicar 
e investigar a conduta em si, seus prós e contras, definindo os caminhos que 
poderão ser seguidos. Ditando assim, o comportamento moral das pessoas.
• Na convivência social saudável é importante termos diretrizes norteadoras 
de que possibilidades de decisões poderemos tomar perante os outros que 
vivem e convivem conosco. Por isso, a ética é muito importante para os seres 
humanos, pois ela baliza o nosso comportamento moral.
RESUMO DO TÓPICO 1
46
• São as transformações da vida do homem em sociedade que fazem com 
que a ética não seja estanque, ou seja, parada no tempo e no espaço, pois a 
ética precisa estar constantemente analisando e regulando o comportamento 
humano, que é mutável. O importante é compreender que a ética está em 
constante transformação histórico-social, e assim precisa ser observada.
• Precisamos considerar que deve haver um respeito com relação às normativas 
comportamentais dos outros grupos sociais, pois eles foram sendo constituídos 
historicamente de forma diferente da nossa.
• No conceito de ética, aparecem diversas características do nosso próprio 
comportamento humano em sociedade, como nossos hábitos, costumes, 
caráter, virtudes, códigos e assim por diante, demostrando que a ética está aí 
para nos direcionar, dar um aporte, um rumo a ser seguido no nosso dia a dia, 
mas a decisão de como agir é somente de cada um, pois temos o livre arbítrio 
de escolher em fazer o bem ou o mal, de fazer certo ou errado.
• Devemos agir normalmente conforme os preceitos constituídos socialmente 
e o nosso livre arbítrio decisório, mas sempre no intuito de fazer o bem e sem 
prejudicar ninguém. 
• A moral designa o modo de ser dos seres humanos, seu comportamento perante 
os outros. E que esse comportamento está pautado nos princípios e diretrizes 
da ética.
• A moral denota um costume comportamental dos preceitos éticos, na relação 
com os outros em sociedade. Nesse sentido, vale expor que costume é 
compreendido como a prática reiterada e constante de algum comportamento 
habitual dos seres humanos, e que este seja notório, ou seja, conhecido e tido 
como um hábito geral de um determinado grupo social.
• A ética realiza os estudos do comportamento humano, e de posse desses 
resultados e suas análises, desenvolve o regramento social da conduta moral 
dos seres humanos. 
• A ética e a moral estão sempre juntas, por isso que possuímos um 
comportamento ético-moral, pois uma estuda como devemos nos comportar 
eticamente na sociedade em que fazemos parte (a ética), e outra (a moral) é o 
próprio comportamento, que é determinado pelas nossas escolhas de fazer o 
bem ou o mal, o certo ou o errado. Esse ciclo é desenvolvido historicamente, 
desde os primórdios da humanidade.
• Com relação ao comportamento dos seres humanos que são contrárias a alguma 
coisa, estamos falando das pessoas que são adversas, antagônicas, avessas, 
desfavoráveis e opostas a alguma situação de sua vida cotidiana.
• Aquela postura que denota ausência ou que seja contrária, podemos verificar 
que quem toma essa decisão é única e exclusivamente o ser humano, em seus 
processos de tomada de decisão, junto ao coletivo social.
47
1 No senso comum, frequentemente utilizamos as palavras ética e moral (e 
antiético e imoral) de forma intercambiável. Isso é, falamos da pessoa ou ato 
como ético ou moral, pois, todos os nossos comportamentos em sociedade 
são compreendidos socialmente como certos ou errados, éticos ou antiéticos, 
morais ou imorais, denotando sempre os dois lados de uma mesma moeda. 
Sobre a definição de ética, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) São as normas e princípios que dizem respeito ao comportamento do 
indivíduo no grupo social a que pertence.
b) ( ) São as normas e princípios que falam do nosso dia a dia social e das 
lacunas morais em nosso agir.
c) ( ) São todas as habilidades em utilizar a moralidade para criticar as ações 
de outrem.
d) ( ) É um sofisma da moralidade com relação à sociedade moderna.
2 A Moral pode ser entendida como um sistema de normas, princípios e 
valores que servem para regulamentar as relações entre os indivíduos e 
deles com a comunidade, definindo normas de comportamento com caráter 
histórico e social e que sejam acatadas de forma livres e conscientemente, 
por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou 
impessoal. Com relação à moral, analise as sentenças a seguir: 
I- Moral é o conjunto de regras e princípios morais. 
II- Moral é a dimensão ideal da moralidade.
III- Moral é relativo à dignidade, ao decoro e à honra.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) Somente a sentença II está correta.
d) ( ) Somente as sentenças III está correta.
3 Desenvolver a ética e a moral se faz necessário em toda a esfera da sociedademoderna. A ética e a moral estão conectadas de maneira implícita no 
próprio comportamento do homem em sociedade, no meio social, político 
e econômico que vivem e convivem com os outros. Com relação à ética, 
analise as sentenças a seguir: 
I- A ética está em constante transformação histórico-social. 
II- A ética está associada ao agir imoral da sociedade.
III- A ética realiza os estudos do comportamento humano, e de posse desses 
resultados e suas análises, desenvolve o regramento social da conduta 
moral dos seres humanos.
AUTOATIVIDADE
48
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a sentença I está correta.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) Somente a sentença III está correta.
d) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
49
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E 
CONDUTA MORAL
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, neste tópico, desenvolveremos uma análise 
referente aos valores, princípios, essência, consciência e conduta moral, no qual 
aprofundaremos nosso conhecimento acerca dos valores e princípios morais, 
como princípios norteadores da ética, na questão dos valores humanos e os 
princípios éticos e morais.
Perpassaremos pela discussão da essência intrínseca da moral, 
desvelando aspectos correlacionados às particularidades da moralidade humana, 
principalmente no seu comportamento perante o meio social, político e econômico.
Também discorreremos sobre a consciência e empoderamento moral dos 
seres humanos, procurando fazer uma reflexão sobre os estágios da consciência 
ética e moral, elucidando, assim, as etapas da evolução humana.
Outra questão que estudaremos, nesta unidade, será a questão da conduta 
moral, ou seja, do comportamento moral das pessoas em si.
Prontos para começar? Espero que sim! Então, vamos lá compreender 
sobre os valores, princípios, essência, consciência e conduta moral da vida 
cotidiana das pessoas!
Bons estudos!
FIGURA 14 – VALORES MORAIS E SUA IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE
FONTE: <https://bit.ly/3t3mSAF>. Acesso em: 10 fev. 2021.
50
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
2 OS VALORES E PRINCÍPIOS MORAIS COMO PRINCÍPIOS 
NORTEADORES DA ÉTICA
Proporcionaremos, nesse momento, uma reflexão relativa aos valores 
e princípios morais, principalmente compreendendo-os como princípios 
norteadores da ética. Nesse sentido, apresentaremos preliminarmente a concepção 
conceitual das categorias “valor” e “princípios”, para depois relativizar nossa 
análise com as questões ético-morais.
Desse modo, o quadro a seguir demostrará as principais características da 
terminologia “valor”. Vejamos!
QUADRO 16 – CARACTERÍSTICAS DA TERMINOLOGIA VALOR
VALOR
• CARACTERÍSTICA (de uma ação, de um fato, de uma coisa) em que se 
funda uma preferência.
• Significado rigoroso de um termo.
• IMPORTÂNCIA de determinadas coisas.
• Coisas valiosas.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 291) e Ferreira (2008, p. 806)
Diante do supracitado quadro, pode-se perceber que os valores correspondem 
a uma determinada importância que damos a alguma coisa, fato ou ato que iremos 
praticar. Sendo que esses valores são constituídos historicamente e que formam a 
cultura de um povo ou de um grupo social, então esses valores são culturais.
O que é um valor cultural? Vejamos!
No Quadro 17, apresentaremos as características conceituais dos valores 
culturais, que é primordial entendermos, pois eles nos levarão a compreender 
algumas decisões que tomamos em nossas vidas.
QUADRO 17 – CARACTERÍSTICAS DO VALOR CULTURAL
VALOR CULTURAL
É uma ideia comum sobre como alguma coisa é classificada em termos de 
desejabilidade, mérito ou perfeições sociais relativas.
• Valores podem ser usados para 
classificar virtualmente qualquer coisa, 
incluindo:
• Em todos os casos, o que torna a ideia 
um valor é seu uso para categorizar 
coisas em relação a outras, e não 
as comparar como sendo apenas 
semelhantes ou diferentes.
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
51
o Abstrações (lógica acima da 
intuição).
o Objetos (ouro acima de chumbo).
o Experiência (amar e perder acima 
de nunca amar).
o Comportamento (dizer a verdade 
acima de mentir).
o Características pessoais (alta 
estatura acima de baixa).
o Estados de ser (sadio acima de 
doente).
Podemos distinguir entre valores 
culturais, por um lado e gostos e 
preferências pessoais, por outro.
 
Situação essa em que a Única 
autoridade, no tocante às últimas, é o 
próprio indivíduo.
Compreendemos a autoridade dos 
valores culturais.
Contudo, como existindo fora do 
indivíduo que pode tê-los.
• A honestidade, por exemplo, é 
valorizada não porque você ou eu 
dizemos que tem valor, mas porque 
vemos a honestidade como algo 
considerado importante em nossa 
cultura.
• O fato de nós, como indivíduos, 
não darmos muita importância aos 
valores, não afeta muito sua categoria 
como parte da cultura.
Valores são partes importantes de todas as culturas, porque 
INFLUENCIAM a maneira como pessoas escolhem e como sistemas sociais 
se desenvolvem e mudam.
FONTE: Adaptado de Johnson (1997, p. 247)
Conseguiram perceber que os valores culturais permeiam em nosso 
comportamento ético e moral? Espero que sim, pois os valores norteiam e 
influenciam o comportamento humano em sociedade, já que são ideias comuns 
socialmente construídas e positivadas pelo coletivo social no cotidiano das 
relações humanas e sociais.
Diante desse cenário, Pieritz (2013, p. 39), reforça essa discussão, expondo 
que é importante “compreender o significado de valor, pois, ao refletir sobre 
ética, também falamos sobre os nossos valores e virtudes e, consequentemente, 
no comportamento dos homens”. Possibilitando, assim, realizarmos uma reflexão 
pertinente às questões ético-morais, pois vale salientar que estamos nos reportando, 
aqui, diretamente à “vida moral dos homens, e essa moralidade social é permeada 
de valores, esses também constituídos em sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 39).
52
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Aqui entrou outra categoria na nossa análise, que é a questão da virtude 
humana, que segundo Ferreira (2008, p. 819), é compreendida como a “disposição 
firme e constante para a prática do bem. Força moral”. Quer dizer, dentro dos 
nossos valores culturais, temos qualidades comportamentais, que são subjetivas 
de cada pessoa, e fazer o bem é uma delas.
Dentre as virtudes humanas, podemos citar como exemplo:
QUADRO 18 – EXEMPLOS DE VIRTUDES HUMANAS
FONTE: A autora
Diante desse lindo painel de alguns exemplos das virtudes humanas, 
questionamos: o que pode ser considerado um valor dos princípios morais?
Vejamos!
Segundo José Paulo Netto, a filósofa Agnes Heller cita que “valor é tudo 
aquilo que contribui para explicar e para enriquecer o ser genérico do homem, 
entendendo como ser genérico um conjunto de atributos que constituiriam a 
essência humana” (PAULO NETTO, 1999 apud BONETTI et al., 2010, p. 22-23).
Assim, de acordo com Pieritz (2020, p. 37), “valor é aquele atributo 
essencial do comportamento ético-moral, que explica a subjetividade humana, 
suas preferências e modo de ser”. Esses atributos ético-morais, na perspectiva de 
Heller (PAULO NETTO, 1999 apud BONETTI et al., 2010) são: 
QUADRO 19 – ATRIBUTOS NA PERSPECTIVA DE HELLER
OBJETIVAÇÃO 
• Que expressa prioritariamente por intermédio do 
trabalho.
• Que proporciona sair do subjetivo e passar para o real 
e o concreto
SOCIALIDADE 
• Que se expressa com a convivência com o outro, em 
grupo.
• Aprendiz com o outro. 
• Assimilação de normas sociais.
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
53
CONSCIÊNCIA 
• Tomar ciência dos fatos ou de alguma coisa.
• Reconhecimento da realidade.
• Descoberta de algo.
• Capacidade de perceber as coisas.
UNIVERSALIDADE
• Universal.
• O todo.
• Fazer parte de um determinado grupo.
LIBERDADE • Livre-arbítrio
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (1999 apud BONETTI et al., 2010, p. 23)
O que é um princípio?
Vejamos! O quadro a seguir demostraráas principais características da 
terminologia “princípios”.
QUADRO 20 – CARACTERÍSTICAS DA TERMINOLOGIA PRINCÍPIOS
PRINCÍPIOS
• PRECEITO, REGRA.
• Fonte ou finalidade de uma instituição, aquilo que corresponde á sua 
natureza, essência ou espírito.
• Aquilo em que se encontra a BASE ou ORIENTAÇÃO para o agir.
• Os primeiros preceitos de uma arte ou ciência.
• ORIENTAÇÃO FUNDAMENTAL de comportamento.
• Bons costumes, educação.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 228) e Ferreira (2008, p. 654)
Diante do supracitado quadro, pode-se perceber que um princípio denota 
uma orientação, uma regra que nos orienta, ou seja, são as bases normativas que 
norteiam nosso comportamento.
Você sabe as diferenças entre os valores e princípios? 
Sim? Não? Talvez? 
Vamos juntos compreender essas diferenças?
Pieritz (2020) nos dá uma precisa noção em relação a essas diferenças 
conceituais dos valores e dos princípios, as quais podemos vislumbrar no quadro 
a seguir:
54
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
QUADRO 21 – DIFERENÇAS CONCEITUAIS DOS VALORES E PRINCÍPIOS
VALORES PRINCÍPIOS
• É o SENTIDO INTRÍSECO da 
moral e do comportamento, o seu 
conjunto de qualidades individuais, 
que transmite o modo de ser das 
pessoas, ou seja, cada um de nós 
possuímos nossas subjetividades, que 
alimentam a conduta humana em 
sociedade, a qual, propicia a definição 
da personalidade e preferência das 
pessoas.
• São os PARÂMETROS, PRECEITOS, 
NORMAS, LEIS e MARCOS de 
referência universais, que definem as 
regras de conduta social e consequente 
a mediação das consequências do 
comportamento humano. 
• São os PRESSUPOSTOS que estão 
conectados diretamente com a nossa 
consciência e modo de agir.
EXEMPLOS EXEMPLOS
A HUMILDADE, BONDADE, 
RESPEITO e assim por diante.
O princípio da IGUALDADE, 
IMPARCIALIDADE, 
MORALIDADE, LIBERDADE etc.
 FONTE: Adaptado de Pieritz (2020, p. 38)
Propiciamos até o presente momento um debate relativo aos valores e 
princípios ético-morais, o qual pode-se compreender que “a ética é formada pelo 
estudo e investigação do comportamento e dos juízos de valores, estabelecendo 
ponderações de valor para o que está de acordo ou não com as normas e regras 
de convivência dos homens em sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 41), elucidando que 
“são os valores e princípios ético-morais que moldam a postura comportamental 
do ser humano” (PIERITZ, 2020, p. 38).
Por fim, o que são os valores sociais?
Pieritz (2013, p. 41, grifo nosso) expõe que: 
Diariamente, analisamos e fazemos julgamentos de valores tanto de 
coisas como dos seres humanos. Por exemplo, “Aquela flor tem muitos 
espinhos, pode me machucar”. “Este sabonete é ruim para mim, pois 
me dá alergia”. “Este chocolate é ruim, pois derrete fácil”. “Gosto muito 
daquele chocolate, porque é muito gostoso”. “Acho que a Samanta 
agiu bem ao ajudar você no trabalho de aula”. “Aquele profissional 
é competente”. Essas afirmações se referem ao juízo de valor da 
“Esses atributos, segundo muitos estudiosos, são os elementos constitutivos 
do ser humano, do ser social” (PIERITZ, 2013, p. 41).
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
55
realidade em que estamos inseridos, pois quando partimos do fato que 
a flor, o sabonete, o chocolate, a moça e o profissional existem realmente, 
atribuímos algumas qualidades a eles, que podem nos atrair ou repelir.
Assim, os valores sociais são concebidos coletivamente pela construção 
histórica das relações humanas, principalmente no convívio do dia a dia dos seres 
humanos em sociedade e, segundo Pieritz (2020, p. 39, grifo nosso), “é a qualidade 
que empregamos às coisas e ações, que definem seus valores”.
De tal modo, que no nosso dia a dia, de acordo com Pieritz (2013, p. 41), 
“empregamos diversos tipos de valores, tais como: utilidade, estético, afetividade, 
do bem e mal, religiosos, aspectos econômicos, sociais e políticos”.
Para finalizar este subtópico, verifique, na Figura 15, alguns exemplos de 
princípios e valores:
FIGURA 15 – EXEMPLOS DE PRINCÍPIOS E VALORES
FONTE: <http://www.kipique.com.br/imagens/vantagens.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2021.
Compreenderam? Espero que sim!
3 A ESSÊNCIA INTRÍNSECA DA MORAL 
Prezado acadêmico, neste momento, realizaremos um debate acerca da 
essência intrínseca da moral, pois já compreendemos nos subtópicos anteriores 
o real sentido da moral e suas características conceituais, e agora procuraremos 
discorrer sobre o cerne e o coração da questão da moral do ser humano. Vamos lá!
Primeiramente, precisamos conhecer o significado da categoria “essência” 
e “intrínseco”, para depois debatê-los com relação à moral.
56
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Assim, podemos compreender que a essência, segundo Cunha (2011, p. 137), 
é “aquilo que constitui a natureza de um ser, considerando independentemente 
o fato de existir”. O que denota uma característica indispensável e necessária de 
uma determina ação, ou seja, o seu caráter primordial, o sentido que a ação possui.
Com relação à questão de uma ação ser considerada intrínseca, Ferreira (2008, 
p. 488) coloca-nos que a terminologia “intrínseco” denota que é o “que está dentro 
duma coisa ou pessoa e lhe é próprio, íntimo. Inseparavelmente ligado a uma coisa ou 
pessoa”. Assim, podemos expor que possuímos determinadas características morais 
que são inerentes à própria condição humana, pois já estão concebidas naturalmente 
pela própria evolução do comportamento humano em sociedade.
Mediante essas supracitadas concepções, Pieritz (2013, p. 35) expõe que 
devemos partir “do entendimento de que todo homem pode ser considerado um 
ser ético e que nossas raízes éticas advêm da nossa própria história por meio 
do trabalho”, de tal modo, que podemos realizar alguns questionamentos com 
relação a nossa forma de se relacionar com o outro em sociedade ou num grupo 
social, político ou econômico, ou seja, devemos nos perguntar: 
• Qual é a natureza da moral das pessoas? 
• Por que a moral é tida como necessária para a vida cotidiana do ser humano? 
• E como é o comportamento moral? 
Assim, partimos do princípio que compreendemos que, segundo Barroco 
(2000, p. 25), “a (re)produção da vida social coloca necessidades de interação 
entre os homens, modos de ser constitutivos da cultura, produtos do trabalho, tais 
como a linguagem, os costumes, os hábitos, as atividades simbólicas, religiosas, 
artísticas e políticas”. Desse modo, necessitamos estar socializando com os demais 
integrantes dos nossos grupos sociais, já que não conseguimos viver isolados e 
sem o contato com nossos semelhantes. 
Perante esse contexto, no Quadro 22, gostaríamos de apresentar alguns 
exemplos dessa preeminente necessidade biológica de interação e contato com 
outros seres humanos.
Aqui, precisamos compreender duas coisas:
• Essência – é o sentido da ação.
• Intrínseco – é natural, é pertencimento, é próprio da ação.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
57
QUADRO 22 – EXEMPLOS DAS NECESSIDADES DE INTERAÇÃO ENTRE OS HOMENS PARA A 
REPRODUÇÃO DA VIDA COTIDIANA
QUESTÃO DE 
NECESSIDADE PARA 
A REPRODUÇÃO DA 
VIDA COTIDIANA
CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
LINGUAGEM,
HÁBITOS E
COSTUMES
• Observa-se que, em toda região do Brasil, como no 
mundo, desenvolvem-se ao longo de suas próprias 
histórias, diversos grupos, que são ligados por seus 
costumes e hábitos da vida cotidiana, tais como: 
o o nosso tipo de comida; 
o o estilo de vida; 
o as atitudes. 
• Esses costumes e hábitos propiciam a determinação 
do nosso convívio social. Desenvolvendo, assim, 
uma linguagem e dialeto próprio.
ATIVIDADES 
SIMBÓLICAS
• Aqui, o Lúdico de uma realidade abstrata e 
simbólica positivada denota um aspecto muito 
importante para o desenvolvimento das pessoas, 
para assim poderem se espelhar naquela atividade.
• Pois a simples aplicação de leituras de histórias 
de conto de fadas serve para o desenvolvimento 
emocional de crianças. 
ARTÍSTICA
• As cenas representativasdos atos da vida cotidiana 
reforçam aspectos intrínsecos da personalidade 
das pessoas. 
• Assim, qualquer atividade artística, como a 
dança, a pintura, o teatro exercem sobre os seres 
humanos, a possibilidade do desenvolvimento 
criativo e a liberação do imaginário.
FONTE: Pieritz (2020, p. 35)
Assim, pode-se verificar que nesses supracitados exemplos das 
necessidades de interação entre os homens para a reprodução da vida cotidiana, 
podemos vislumbrar que nossas linguagens, hábitos e costumes, assim como 
nossas atividades simbólicas e artísticas, são essenciais e necessárias para o nosso 
próprio desenvolvimento humano.
Nessa questão das necessidades do relacionamento com os outros, para 
a reprodução da vida cotidiana, precisamos compreender que “de acordo com o 
conjunto de possibilidades e necessidades de cada grupo socialmente constituído, 
58
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
é que se terá a criação e desenvolvimento dos valores, seja individual ou coletivo, 
institucionalizando um padrão do que é considerado certo ou errado, bom ou 
mau” (PIERITZ, 2020, p. 35).
Como poderemos considerar, então, as configurações intrínsecas de ser 
da moral?
Essas configurações da moral, segundo Barroco (2000, p. 25-26), denotam que:
 [...] o campo da moral é um espaço de criação e realização de normas e 
deveres, de atitudes, desejos e sentimentos de valor. Na vida cotidiana, 
julgamos as ações práticas como corretas ou incorretas; fazemos juízo 
de valor sobre nosso comportamento e dos outros; nos deparamos com 
situações em que ficamos em dúvida sobre a melhor escolha; projetamos 
nossa vida a partir de valores que julgamos positivos e negamos as ações 
que se orientam por valores que consideramos negativos.
Vale ressaltar que, no cenário da vida cotidiana dos seres humanos, 
em suas relações em sociedade, têm pessoas “que não respeitam as normas de 
conduta da sociedade em que vivem, por isso, elas possuem um comportamento 
imoral ou antiético, ou seja, negam as normas e diretrizes morais constituídas e 
legitimadas pela própria sociedade” (PIERITZ, 2013, p. 36). Evidenciando que 
“existem os dois lados da moeda do comportamento moral, os que são adeptos 
do comportamento ético-moral e os contrários a ele, demostrando a liberdade da 
escolha da conduta humana” (PIERITZ, 2020, p. 36).
Barroco (2000, p. 26) complementa essa discussão, expondo que:
 
Todos esses julgamentos, sentimentos, escolhas e desejos constituem o 
campo da moral; referem-se a valores, normas e deveres que orientam o 
comportamento dos indivíduos em sociedade, reproduzindo um dever 
ser que possa fazer parte do seu ethos, de seu caráter, determinando 
sua consciência moral, influenciando as escolhas, os projetos, as ações 
práticas dirigidas à realização do que se considera bom. É também 
no âmbito da moral que falamos do senso moral, pois se considera 
que os indivíduos estão socializados quando têm capacidade para se 
autodeterminar em face de situações de conflito, podem distinguir o 
que é bom e o que não é, podem ser responsabilizados pelos seus atos.
Pieritz (2013, p. 38) percebe ainda “que a moral sugere, constantemente, a 
valorização de nossas ações e de nossos comportamentos em sociedade, mas é a 
moral que determina quais são os nossos direitos e deveres perante a sociedade 
em que vivemos”. De tal modo que, propicia uma regulação do nosso modo de 
interagir com os demais integrantes dos grupos sociais, políticos e econômicos 
que fazemos parte.
No entanto, de acordo com Pieritz (2020, p. 36), “tanto os direitos, como os 
deveres e obrigações socialmente constituídos, denotam responsabilidade sobre 
os atos praticados, pois ambos estão diretamente associados ao nosso modo de 
ser e conviver em sociedade”, ou seja, somos responsáveis diretos pelas nossas 
decisões comportamentais e respondemos por ela.
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
59
Você sabe quais são essas responsabilidades que estamos falando aqui?
Segundo Pieritz (2020, p. 36), são as responsabilidades sobre:
• Sentimentos. 
• Escolhas.
• Desejos. 
• Atitudes. 
• Posicionamentos diante da realidade.
• Juízo de valor. 
• Senso moral. 
• Consciência moral.
Compreenderam que podemos ser considerados responsáveis diretos 
por todos os nossos atos e decisões comportamentais, sejam de ação ou omissão? 
Visto que, segundo Pieritz (2013, p. 39), “não podemos esquecer que a moral, seus 
hábitos, princípios e costumes são constituídos em sociedade e no decorrer de 
nossa história. Essas construções são baseadas no dia a dia das relações sociais, 
que compõem a produção e reprodução da vida em sociedade”. 
Pieritz (2020, p. 37) compreende “que todas as pessoas possuem 
consciência e responsabilidade sobre os atos que praticam no seu cotidiano, tanto 
individualmente como socialmente”. 
Assim, podemos concluir que existe uma essência comportamental na 
ação cotidiana dos seres humanos, e que estão intrínsecas à própria ação em si, 
permitindo que o ser humano se sinta pertencente ao grupo social, político ou 
econômico do qual faz parte.
4 A CONSCIÊNCIA E O EMPODERAMENTO MORAL 
Olá, acadêmico! Agora, pretendemos aprofundar nossos conhecimentos 
acerca da própria consciência e do empoderamento moral em si, em que 
realizaremos uma discussão da gênese da consciência moral, refletindo a questão 
da necessidade da ciência dos fatos e das coisas, para o desenvolvimento humano 
em sociedade.
Assim, no Quadro 23, apresentaremos as principais características da 
concepção conceitual da consciência humana. Vejamos!
60
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
QUADRO 23 – CARACTERÍSTICAS DA TERMINOLOGIA CONSCIÊNCIA
CONSCIÊNCIA
Consciência é:
• Tomar CIÊNCIA dos fatos ou de alguma coisa.
• Reconhecimento da realidade;
• Descoberta de algo;
• Capacidade de perceber as coisas.
• Atributo pelo qual o homem pode conhecer e julgar sua própria realidade.
• Faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados.
• CONHECIMENTO.
• Percepção imediata dos acontecimentos e da própria atividade psíquica.
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (1999 apud BONETTI et al., 2010, p. 23) e Ferreira (2008, p. 259)
Desse modo, demostrou-se, no supracitado quadro, que a consciência 
humana denota que temos ciência, noção, conhecimento e compreensão dos 
fatos e das coisas, em que possamos reconhecer e distinguir a realidade posta, 
possibilitando às pessoas a faculdade de perceber as coisas como elas realmente 
são e como poderiam ser. Para assim, poder exercer seu livre arbítrio decisório, 
de que postura tomar frente à realidade cotidiana da vida em sociedade.
Sob essa perspectiva, entra a questão do empoderamento humano e 
social, pois a partir da consciência das coisas, o ser humano se empodera dessas 
informações e conhecimentos, para assim tomar posturas frente a sua realidade 
de vida.
Daí, perguntamos: Você já escutou algo sobre empoderamento?
Sim? Não? Talvez 
Entretanto, não se preocupe, pois agora apresentaremos um extrato do texto 
adaptado de Pieritz (2004, p. 80-84), que nos trará o conceito do empoderamento:
EMPODERAMENTO
(Empowerment)
Por Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
[...]
Vasconcelos (2001, p. 5, grifo nosso) cita que o empoderamento é o 
“aumento do poder pessoal e coletivo de indivíduos e grupos sociais nas relações 
interpessoais, principalmente daqueles submetidos às relações de opressão e 
dominação social”. 
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
61
De acordo com Vasconcelos (2001), o termo “empoderamento” (em 
inglês: empowerment) é empregado para assinalar um processo contínuo de 
desenvolvimento do poder, fortalecendo a autoconfiança dos grupos e indivíduos 
sociais desfavorecidos, capacitando-os para a articulação de seus interesses, e 
para a participação na comunidade e no processo político. 
Acrescentando, Fridemann (1996, p. 8, grifo nosso) afirma que se pode 
conceber empoderamento também como “todo acréscimo de poder que, induzido 
ou conquistado, permite aos indivíduosou unidades familiares aumentarem a 
eficácia do seu exercício de cidadania”.
Falar em empoderamento trata-se de discorrer sobre um aglomerado 
de táticas para desenvolver e fortalecer o poder, tanto de grupos, indivíduos 
e instituições perante a sociedade civil em geral. 
Segundo Mattar (2003, p. 1, grifo nosso), “[...] A única coisa que parece 
permear toda prática que utiliza a abordagem é a noção de que ninguém 
empodera ninguém. As pessoas é que se empoderam”.
Ou seja, o processo de empoderamento de grupos ou indivíduos acontece 
quando esses atores sociais conquistam uma consciência da dependência social 
em que vivem e da dominação política que estão envolvidos, acarretando, assim, 
não só uma emancipação individual ou coletiva, mas adquirem autoestima e se 
empoderam na busca constante da realização de seus objetivos. 
Mattar (2003) prosseguindo sua reflexão faz o seguinte questionamento: 
Afinal, o que é empoderamento? 
[...] Em resumo, trata-se de conscientização sobre direitos e sobre como 
se pode exercê-los para operar melhoras nas condições de vida de uma 
pessoa ou comunidade, jogando luz sobre as relações de poder que as 
colocam em situação de pobreza ou exclusão. (MATTAR, 2003, p. 1) 
Complementando a discussão de Mattar (2003), acerca do empoderamento 
de grupos e indivíduos, observa-se que se trata da capacidade que o homem 
tem de conhecer valores e mandamentos morais e aplicá-los nas diferentes 
situações da realidade da vida, das questões sociais e das causas que formam 
essas expressões das questões sociais, podendo compreendê-las melhor e atuar 
junto a suas possíveis resoluções, possibilitando com isso uma melhor qualidade 
de vida para esses atores. 
Segundo Ronano (ANO apud MATTAR, 2003, p. 1, grifo nosso), 
empoderamento "é um processo pelo qual as pessoas, as organizações, as 
comunidades assumem o controle de seus próprios assuntos, de sua própria 
vida e tomam consciência de sua habilidade e competência para produzir, criar 
e gerir", ou seja, o empoderamento propicia autocontrole, autonomia para que os 
atores tenham controle sobre suas vidas. 
62
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Segundo Mattar (2003, p. 1), o empoderamento 
[...] tem a ver com conscientização, noção sobre direitos e – 
principalmente – com a análise das relações de poder, como o 
próprio termo indica. Empoderar, portanto, passa pela conquista de 
poder, entendido como a autonomia sobre os rumos e processos que 
influem na vida de uma pessoa ou comunidade. Não se trata apenas 
de conhecer direitos e exercê-los, mas também de construir novos 
direitos, influir em políticas públicas etc. 
Mattar (2003) coloca-nos que o empoderamento é um mecanismo que 
propicia aos atores o poder de assimilar ideias, analisar, raciocinar, julgar, 
visualizar problemas, reconhecer aptidões e desenvolver habilidade mental 
sobre os direitos e deveres das pessoas, determinando, assim, a autonomia do 
destino de cada ser humano, em prol de melhoria de qualidade de vida, tanto 
individual como coletiva.
Segundo Sing e Titi (1995, p. 13):
O conceito vai além das noções de democracia, direitos humanos e 
participação para incluir a possibilidade de compreensão a respeito 
da realidade do seu meio (social, político, econômico, ecológico e 
cultural), refletindo sobre os fatores que dão forma ao seu meio 
ambiente bem como à tomada de iniciativas no sentido de melhorar 
sua própria situação. 
O empoderamento baseia-se não só na compreensão dos direitos 
humanos e na percepção da realidade da vida cotidiana, mas também, constitui-
se nos momentos de tomadas de decisões e na realização de ações em prol da 
realização dos objetivos pessoais, como coletivos. 
Assim, no sentido de contribuir para esse debate e investigar o processo 
do empoderamento, torna-se necessário pontuar algumas considerações 
históricas, perpassando por algumas tradições (da Era Moderna) e correntes 
teóricas correlacionadas ao processo de empoderamento tanto de grupos 
sociais, como de atores individuais. 
Do ponto de vista teórico, Vasconcelos (2001, p. 7-8) sustenta as seguintes 
premissas básicas:
a) Trabalhar com a noção de empowerment implica importar toda a 
complexidade do poder como fenômeno teórico, político, social e 
subjetivo; 
b) O presente uso de ideais de empowerment não constitui um fenômeno 
genuinamente novo, mas uma reapropriação e reelaboração de 
tradições e interpelações já existentes, em um contexto histórico 
que, então, apresenta importantes características novas que dá a 
essas interpelações novas facetas; 
c) O desenvolvimento de estratégias de empowerment constitui 
frequentemente um processo não linear, não acumulativo ou 
progressivo, como acontece nas formas de poder localizadas no nível 
mais macrossocietário e mais estruturais e institucionalizadas. 
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
63
Neste último ponto de vista, Vasconcelos (2001) demonstrou-nos que 
o processo de empoderamento vem se constituindo historicamente na vida 
dos seres humanos, e esse processo de empoderamento se processa tanto nas 
esferas teóricas, políticas, sociais e subjetivas, ou seja, ela está em constante 
transformação na vida dos homens, pois a cada conjuntura esse processo 
também se altera em alguns aspectos. 
Finalizando, Vasconcelos (2001, p. 48) conclui sua análise citando que o 
“empowerment constitui um território que necessariamente teremos de enfrentar 
na busca contemporânea por uma profunda democracia, igualdade social e 
cidadania”, ou seja: 
O processo de empoderamento dos seres humanos lhes propiciarão 
condições de usufruírem seus direitos políticos, econômicos e sociais, 
proporcionando-lhes cidadania, democracia e uma maior igualdade social.
FONTE: Adaptado de PIERITZ, V. L. H. O Empoderamento da rede de economia solidária do vale 
do Itajaí – RESVI: A esfera pública em construção. Blumenau: Furb, 2004.
Gostaram? Espero que sim!
Podemos vislumbrar que por intermédio da consciência humana dos 
fatos e das coisas, empoderamo-nos junto ao coletivo social, tornando-nos com 
mais poder de decisão perante a sociedade que estamos inseridos.
Assim, dando prosseguimento em nossa reflexão, é salutar lembrar de um velho 
ditado popular, o qual expõe que “o homem é homem, porque é um ser racional!”.
 “A questão não é tão simples assim, pois não podemos dizer que a ética 
só depende da razão e que a racionalidade é o seu fator constituinte” (PIERITZ, 
2013, p. 21).
Denotando que essa racionalidade humana, segundo Pieritz (2020, p. 40, grifo 
nosso), “advém da consciência e empoderamento dos valores e princípios ético-
morais adquiridos no decorrer da história da humanidade. E refletem diretamente 
no senso e na consciência moral do ser humano”.
 
Entretanto, antes de tudo, precisamos compreender o significado das 
ações ético-morais na vida dos seres humanos, indagando se o simples 
fato de pensar e estabelecer normas de conduta da realidade cotidiana 
pode ser compreendido como a realização de uma atividade prática em 
sua vida, ou seria possível que a vida dos homens fosse estabelecida 
apenas por sua racionalidade ou pela composição de regras, normas e 
valores sociais? (PIERITZ, 2013, p. 21-22).
64
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Sendo assim, vale salientar que, nesse cenário, as pessoas vivem e convivem 
coletivamente “num mundo real, palpável, pulsante e em constantes transformações, 
na qual, constantemente estamos estabelecendo novas e diversas relações com a 
própria natureza, e esse contato propicia sua própria transformação, modificando-a 
de acordo com suas necessidades reais de sobrevivência” (PIERITZ, 2020, p. 40).
Assim, segundo Pieritz (2013, p. 22):
 
Os seres humanos estão ligados à natureza e dela dependem para 
se constituírem como seres sociais, pois, à medida que utilizam sua 
consciência sobre a natureza, desenvolvem necessidades práticas 
de sobrevivência, ou seja, não basta apenas pensar e observar, se 
faz necessário que os homens ajam sobre suarealidade cotidiana, 
realizem seus desejos e vontades e transformem a sua vida conforme 
suas necessidades e as necessidades de sua sociedade.
Desse modo, Marx e Engels (1987, p. 22) colocam-nos que:
 
[...] o primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de 
toda história, é que os homens devem estar em condições de viver para 
poder fazer história. Mas, para viver, antes de tudo comer, beber, ter 
habitação, vestir-se e algumas coisas a mais. O primeiro ato histórico 
é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação dessas 
necessidades, a produção da própria vida material, e fato este é um 
ato histórico, uma condição fundamental de toda a história, que ainda 
hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprida todos os dias e 
todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos.
Pieritz (2020, p. 41) expõe também “que a realização de nossas atividades 
e necessidades humanas é entendida como um fato social, que é historicamente 
constituído, e esse fato relativo à relação e ao convívio social se torna primordial 
para compreendermos a própria existência humana”. 
O que é fato social?
O fato social pode ser compreendido como “uma característica cultural 
e estrutural de sistemas políticos que experimentamos como externa a nós e que 
exerce uma influência e autoridade que equivalem a mais do que a soma das 
intensões e motivações de indivíduos que, por acaso participem desses sistemas 
em um determinado tempo” (JOHNSON, 1997, p. 108).
Johnson (1997, p. 109) expõe que “Durkheim argumentava que a natureza 
coletiva da sociedade e da vida social não podia reduzir a experiência do 
indivíduo, ou representações da mesma, que experimentar a lei como individuo, 
por exemplo, não poderia explicar a lei como fenômeno social”. Assim, podemos 
observar que os fatos sociais também são constituídos historicamente pela 
composição dos seres humanos em sociedade.
Compreenderam o que é um fato social? Esperamos que sim!
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
65
Prosseguindo em nosso debate, neste momento, ampliaremos nossa 
percepção com relação à própria existência da ética na nossa vida cotidiana. Para isso, 
a filósofa Marilena Chaui, agracia-nos com uma linda reflexão, apresentando-nos 
algumas situações da vida cotidiana, trazendo um debate relativo ao senso moral e a 
consciência moral. Vejamos!
QUADRO 24 – REFLEXÃO DA EXISTÊNCIA ÉTICA 
NOSSOS SENTIMENTOS E NOSSAS AÇÕES EXPRIMEM NOSSO 
SENSO MORAL
SITUAÇÕES 
de vida
• VIVEMOS CERTAS SITUAÇÕES, ou sabemos que foram 
vividas por outros, como situações de extrema aflição e angústia, 
situações felizes e de prazer.
• Denotando a consciência destas situações advindas dos fatos 
históricos vividos pelo homem, a qual, buscamos no espirrar e 
moldar.
• Situações como essas – mais dramáticas ou menos dramáticas – 
de alegria e de tristeza – de sucesso e fracasso – surgem sempre 
em nossas vidas.
DECISÕES 
de vida
• NOSSAS DÚVIDAS quanto à DECISÃO CERTA A TOMAR 
não manifestam nosso senso moral, mas também põem a prova 
nossa consciência moral, pois exigem que decidamos o que fazer, 
que justificaremos para nós mesmos e para os outros as razões 
de nossas decisões e que assumimos todas as consequências 
delas, porque somos responsáveis por nossas opções.
• Quantas vezes, levados por algum impulso incontrolável ou 
por alguma emoção forte (medo, orgulho, ambição, vaidade, 
covardia), fazemos alguma coisa que, depois, sentimos vergonha, 
remorso, culpa. Gostaríamos de voltar atrás no tempo e agir de 
modo diferente.
• Esses sentimentos também exprimem nosso SENSO MORAL.
SENSO MORAL CONSCIÊNCIA MORAL
Conjunto de SENTIMENTOS de 
indignação, de administração ou 
de responsabilidade por nossa 
conduta ou de outros. 
MANEIRA como avaliamos a 
conduta e a ação de outras pessoas.
Conjunto de AVALIAÇÕES de conduta 
que nos levam a tomar decisões por nós 
mesmos, a agir em conformidade com 
elas e a nos responder por elas.
CAPACIDADE DE DECIDIR o que fazer, 
de justificar as razões de nossas decisões e 
de assumir as consequências delas.
66
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
O senso moral e a consciência moral referem-se a:
• VALORES de justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade:
• SENTIMENTOS provocados pelos valores, de admiração, vergonha, culpa, 
remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo;
• DECISÕES que conduzem a ações com consequências para nós e para os outros.
Embora os conteúdos dos valores variem, podemos notar que estão se referindo 
a um valor mais profundo, mesmo que apenas subentendido: o bom ou o bem.
O SENSO E A CONSCIÊNCIA MORAL dizem respeito a valores, sentimentos, 
intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade
Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e, portanto, 
NASCEM E EXISTEM COMO PARTE DA NOSSA VIDA SUBJETIVA. 
JUÍZO DE FATO Dizem o porquê as coisas são como são, como são e por que são.
JUÍZO DE VALOR
São avaliações sobre coisas, pessoas e situações, e são 
proferidos na moral, nas artes, na política, na religião. Se 
referem ao que devem ser.
AGENTE MORAL Homem, dotado de razão, capaz de ver, julgar e agir na realidade em que está inserido.
A EXISTÊNCIA ÉTICA é constituída por dois polos internamente relacionados:
• O AGENTE ou O SUJEITO moral (o homem); e 
• Os VALORES MORAIS ou os FINS ÉTICOS.
Além disso, é constituída também pelos MEIOS MORAIS.
FONTE: Adaptado de Chaui (2016, p. 312-319)
No Quadro 24, “a filósofa Marilena Chaui expõe com sensatez como as 
nossas emoções, anseios, ações e sentimentos exprimem o nosso senso ético-
moral nas diversas situações da vida cotidiana, além de desmistificar as nuances 
relativas à consciência e senso moral” (PIERITZ, 2020, p. 43). 
Segundo Pieritz (2020, p. 43), “no senso e na consciência moral dos 
seres humanos estão estampados nossas intenções e desígnios, como também 
nossos valores, emoções e sentimentos, relativos à concepção do bem e do mal”. 
Essa composição de valores e princípios formam uma consciência coletiva do 
comportamento ético-moral.
O que é uma consciência coletiva?
Vejamos!
O Quadro 25 nos apresentará as principais características de uma 
consciência coletiva.
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
67
QUADRO 25 – CARACTERÍSTICAS DA CONSCIÊNCIA COLETIVA
CONSCIÊNCIA COLETIVA
De acordo com Emile Durkheim, a consciência coletiva é um arcabouço 
cultural de ideias morais e normativas, a crença em que o mundo social existe 
até certo ponto à parte e externo à vida psicológica do indivíduo.
Como indivíduos, sentimos as 
limitações e restrições impostas pelo 
mundo social e somos afetados por 
elas quando fazemos opções sobre 
como nos mostrar e nos comportar em 
relação aos outros.
Quando alguém comete um ato 
imoral, por exemplo, é a consciência 
coletiva que é violada.
Dizer que alguma coisa é imoral diz muito mais do que aquilo que é 
pessoalmente ofensivo ou abominável para a pessoa que assim se manifesta.
Em vez disso, declarações desse tipo 
apelam para uma autoridade maior, que 
está contida na ordem moral associada à 
sistemas sociais como um todo.
Nesse sentido, a consciência coletiva é 
inteiramente diferente da consciência 
individual.
Não é uma "mente grupal", mas sim um arcabouço comum que indivíduos 
experimentam como externo, limitador e significativo.
FONTE: Adaptado de Johnson (1997, p. 49)
Assim, demostramos que a consciência retrata que nós, seres humanos, 
possuímos a capacidade de perceber e reconhecer as coisas e os fatos, sejam 
individuais ou coletivos, e que quanto mais informações decodificamos, mais 
empoderados estamos.
5 OS ESTÁGIOS DA CONSCIÊNCIA ÉTICA E MORAL: AS 
ETAPAS DA EVOLUÇÃO HUMANA
Prezado acadêmico! Estudaremos, neste instante, a classificação dos 
estágios da consciência ética e do julgamento moral dos seres humanos, procurando 
compreender as nuances relativas às etapas e níveis da evolução humana.
Entretanto,vejamos primeiramente o que Alves (2017, p. 1) nos questiona:
• “Como nos tornamos seres morais?”
• “Como aprendemos distinguir entre o certo e o errado?” 
Verificamos o que o próprio Alves (2017, p. 1) nos coloca a esse respeito 
que, “as respostas filosóficas são tão díspares quanto interessantes”. 
68
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Agostinho afirmava que já nascemos depravados e inclinados a 
naturalmente escolher o mal, enquanto Rousseau contesta que 
originalmente o ser humano é bom, mas nos corrompemos mediante 
o contato social. Mais tarde, em uma abordagem psicodinâmica, Freud 
dava explicações como a repressão das pulsões (a influência do superego) 
para a origem da moral. O psicólogo Jean Piaget deu um grande passo ao 
notar que a formação moral é construída e difere entre a construção da 
moralidade extrínseca e a internalizada (ALVES, 2017, p. 1).
Desse modo, Pieritz (2020, p. 43) coloca-nos que “tudo depende da 
consciência que o ser humano tem dos seus próprios atos e ações perante o 
meio em que vive e convive, e que eles são constituídos historicamente pela 
sua socialização junto a outras pessoas que estão ao seu entorno”. Quanto mais 
conhecimentos adquirimos sobre os fatos e as coisas, mais consciência humana 
temos dos nossos preceitos ético-morais, e assim cada vez mais nos empoderamos 
nas relações humanas e sociais.
Aveline (2019, p. 1) complementa expondo que “o psicólogo norte-
americano Lawrence Kohlberg (1981) afirma que o desenvolvimento moral do ser 
humano tem seis estágios, mas atualmente, são poucos os que alcançam o patamar 
mais elevado”. Segundo Pieritz (2020, p. 43), “esses estágios da consciência ética 
são desenvolvidos durante o percurso histórico da evolução humana e psicológica 
de qualquer pessoa, independentemente de raça, cultura ou etnia”.
Nesse sentido, Alves (2017) expõe que:
Em um notável experimento, Kohlberg descobriu que a construção da 
moral ocorre por estágios, paralelos aos estágios desenvolvimentais 
então estudados por Piaget. Ainda mais, para uma criança atingir certo 
estágio de desenvolvimento moral, deveria antes alcançar um estágio 
intelectual que a permitisse assimilar as questões morais e produzir 
seu próprio raciocínio (ALVES, 2017, p. 1).
Pieritz (2020, p. 44) complementa colocando-nos que:
Pode-se considerar que a base desses seis estágios da consciência 
ética e do julgamento moral dos seres humanos se encontra na fase 
do desenvolvimento intelectual do mesmo, para assim possibilitar o 
discernimento e compreensão dos fatos e das coisas, possibilitando 
seu empoderamento do intelecto e tomadas de decisão, do que é certo 
ou errado, do que é fazer o bem, ou o mal. 
Já que diante dessas concepções, “os seis estágios também coexistem entre 
si. A vida é contraditória. Cada pessoa possui vários níveis de motivos para agir 
corretamente e diversos tipos de definição do que é correto” (AVELINE, 2019, p. 1).
Logo, Aveline (2019, p. 1) expõe que “em cada indivíduo ou grupo 
social, há alguns níveis de consciência ética que predominam sobre os outros”, 
“possibilitando, assim, que todos nós possamos ser diferentes, pois temos o livre 
arbítrio da escolha do caminho que desejamos seguir, mediante o desenvolvimento 
da nossa consciência ética e moral” (PIEIRTZ, 2020, p. 44).
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
69
Assim, na Figura 16, serão apresentados os seis estágios da consciência 
ética e do julgamento moral que foram sugeridos por Kohlberg (1981), o qual 
permitirá demostrar as motivações humanas que levam para cada nível e estágio 
do desenvolvimento humano. Vejamos!
FIGURA 16 – KOHLBERG E OS ESTÁGIOS DA CONSCIÊNCIA ÉTICA 
FONTE: <https://bit.ly/3enawzb>. Acesso em: 10 fev. 2021.
Primeiramente, faz-se necessário compreendermos a respeito de cada um 
desses seis estágios da consciência ética-moral, sugeridos por Kohlberg (1981). 
Salienta-se assim, que devemos entender que eles foram classificados em três grandes 
níveis denominados de pré-convencional, convencional e pós-convencional. Vejamos 
cada um deles no Quadro 26.
QUADRO 26 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS NÍVEIS DOS ESTÁGIOS DA CONSCIÊNCIA ÉTICA E 
MORAL PROPOSTOS POR KOHLBERG
Nível 1 ou A Nível 2 ou B Nível 3 ou C
Raciocínio e Moralidade
PRÉ-CONVENCIONAL
Raciocínio e Moralidade
CONVENCIONAL
Raciocínio e Moralidade
PÓS-CONVENCIONAL
Nível PRÉ-MORAL, estágio 
mais básico e inferior
Estágio 1 e 2
Nível da CONFORMIDADE 
com os papéis sociais 
Estágio 3 e 4
Nível de ACEITAÇÃO dos 
princípios morais e universais 
Estágio 5 e 6
Sem código de conduta Leal as regras e normas Raciocinam para melhorar o mundo
• Ainda não compreende o 
que é certo e errado, o que 
é fazer o bem e o mal.
• Não teve internalização das 
normas e convenções sociais.
• Segue as regras e as normas 
de condutas socialmente 
constituídos pela sociedade 
que estão inseridas.
• Teve plena internalização das 
normas e convenções sociais.
• Não se baseia nos padrões 
dos outros.
• Baseia-se nos seus princípios 
individuais abstratos.
FONTE: Pieritz (2020, p. 45)
70
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Mediante o quadro exposto, você pôde observar que os seis estágios da 
consciência ética-moral, sugeridos por Kohlberg (1981), são classificados em 
três grandes níveis, e nesse sentido, convidamos você a refletir nos subtópicos a 
seguir, cada um desses estágios.
Vamos lá!
5.1 PRIMEIRO ESTÁGIO: MEDO, PUNIÇÃO E OBEDIÊNCIA 
Prezado acadêmico! O primeiro estágio da consciência ética e do 
julgamento moral dos seres humanos, que foi sugerido por Kohlberg (1981), 
“busca compreender o nível mais básico da consciência, do raciocínio do intelecto 
da própria evolução humana” (PIERITZ, 2020, p. 45).
Segundo a pirâmide de Kohlberg (1981), a ação do ser humano é “motivada 
pelo medo da punição e pela obediência” (AVELINE, 2019, p. 1, grifo nosso), 
bem como, segundo Pieritz (2020, p. 45), “está considerada no primeiro nível 
dessa classificação geral, possuindo um raciocínio e moralidade consideradas 
pré-convencionais”, conforme exposto no Quadro 26.
No primeiro nível, de acordo com Pieritz (2020, p. 46, grifo nosso), “as 
pessoas ainda não compreendem o que é certo e errado, o que é fazer o bem e o 
mal. Como também, não tiveram a internalização das normas e convenções sociais 
instituídas legalmente e que não seguem um código de conduta”.
Assim, o primeiro estágio da nossa evolução da consciência e raciocínio 
humano, para Pieritz (2020, p. 46, grifo do autor) “foi denominado como a fase do 
medo, punição e obediência”, pois, segundo Alves (2017, p. 1), “as consequências 
das ações determinam o certo e o errado”, e, de acordo com Aveline (2019, p. 1, 
grifo nosso), “a ação certa é a ação que não é punida”, pois “a prioridade é não 
ser punido, e por isso há uma obediência. A ação errada é aquela que recebe 
castigo. Se não houver castigo, não haverá consciência de que algo errado foi 
feito” (AVELINE, 2019, p. 1).
De tal modo, para Pieritz (2020, p. 46, grifo do autor):
 
Pode-se verificar que a base da pirâmide está norteada por orientações 
de obediência, para assim evitar a punição, demostrando que o medo 
de não obedecer ao socialmente posto, gera temor do castigo que possa 
ter, e assim segue com um comportamento de obediência, pois tem 
medo de ser descoberto que possa ter feito algo considerado errado pela 
sociedade que vive e convive.
As questões desse primeiro estágio da consciência ética e do julgamento 
moral dos seres humanos, de acordo com Pieritz (2020, p. 46, grifo do autor), são 
as seguintes:
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
71
• “Se não obedecer, serei punido ou castigado?
• Quais serão as consequências de minha ação ou omissão?”.
Segundo Carvalho (2011, p. 1), no Estágio 1, “a criança obedece literalmente 
a regra, pois sua interpretação é que, obedecer a autoridade é evitar castigo. Cumpre, 
portanto, por obediência ao adulto e para não sofrer sanções, nesse caso, o castigo”.
Pieritz(2020, p. 46) salienta que são “as consequências das ações que 
demostram o comportamento em si, a ação comportamental, ou seja, não é a ação 
que predomina, e sim o medo das consequências que a ação poderá gerar. Gerando 
obediência por medo de punição e castigo”.
Segundo Pieritz (2020, p. 46), “a palavra aqui é obediência à regra posta!”
5.2 SEGUNDO ESTÁGIO: RECOMPENSA
O segundo estágio da consciência ética-moral dos seres humanos no seu 
convívio social, político e econômico, que foi recomendado por Kohlberg (1981), 
denota a busca de uma compreensão do nível basilar da consciência humana, do 
raciocínio do intelecto da própria evolução das pessoas em seu convívio com o outro.
De acordo com a pirâmide de Kohlberg (1981), a ação do ser humano 
é “motivada pela obtenção e recompensa” (AVELINE, 2019, p.1, grifo nosso), 
como também, segundo Pieritz (2020, p. 46), “está considerada no primeiro nível 
dessa classificação geral, possuindo um raciocínio e moralidade consideradas 
pré-convencionais”, conforme revelado no Quadro 26.
Pieritz (2020, p. 47) expõe que nesse primeiro nível, “os indivíduos ainda não 
compreendem o que é certo e errado, o que é fazer o bem e o mal. Como também não 
tiveram a internalização das normas e convenções sociais instituídas legalmente e que 
não seguem um código de conduta”.
De acordo com Ferreira (2008, p. 585), as seguintes terminologias são assim 
compreendidas:
Obediência:
• “Ato ou efeito de obedecer.”
Obedecer:
• “Sujeitar-se à vontade ou à autoridade ou ao mando de outrem.”
• “Cumprir, executar.”
NOTA
72
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Vale salientar que, segundo Pieritz (2020, p. 47, grifo do autor), “esse estágio 
da evolução do intelecto e comportamento humano, foi denominado como a fase 
da recompensa”, pois, de acordo com Alves (2017, p. 1), no Estágio 2, as ações estão 
pautadas no “hedonismo instrumental ingênuo. O individualismo e a transação 
passam a ser considerados.” “A ação correta é definida como ‘aquela que serve os 
interesses de cada um’. O objetivo é obter uma recompensa. Ocorre aqui o ‘toma lá, 
dá cá’. Vale a negociação caso a caso, a troca de favores, o apoio mútuo em ações de 
curto prazo” (AVELINE, 2019, p. 1).
Desse modo, para Pieritz (2020, p. 47):
 
Esse desejo imediato da realização individual do prazer é compreendido 
como um instrumento egocêntrico do ser humano, para sua própria 
satisfação. Nesse sentido, neste segundo estágio da consciência ética e 
moral das pessoas no seu convívio social, a orientação comportamental 
aponta para o contentamento dos próprios desejos ou de outros.
No entanto, de acordo com Pieritz (2020, p. 47, grifo do autor), as questões 
desse segundo estágio são as seguintes:
• “O que posso ganhar ou obter com minha ação ou omissão?
• O que ganho em troca?”.
Assim, conforme Pieritz (2020, p. 47, grifo do autor), “as ações humanas, no 
seu convívio social, estão pautadas no prazer individual, desprovida de malícia, e 
na transação ou negociação de barganha para conseguir o que deseja. Ações essas, 
únicas e exclusivas para satisfação pessoal”.
Segundo Carvalho (2011, p. 1), esse segundo estágio denota que o ser 
humano “age pelo próprio interesse (individualismo), [pois] a obediência consiste 
em fazer só aquilo que lhe interessa e até na relação com os outros não é movido 
por respeito ou por lealdade, mas pelo interesse de “uma mão lava a outra”, uma 
troca de favores.
Prezado acadêmico! Vejamos alguns significados importantes que você 
precisa conhecer:
• Hedonismo – “Tendência a considerar que o prazer individual é imediato é a finalidade 
da vida” (FERREIRA, 2008, p. 448, grifo nosso).
• Ingênuo – “Sem malícia, franco. em que há inocência, pureza, singelo, pueril” (FERREIRA, 
2008, p. 478, grifo nosso).
• Egocêntrico – “Que ou quem refere tudo ao próprio eu. egoísta (FERREIRA, 2008, p. 334, 
grifo nosso).
NOTA
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
73
Nesse sentido, Pieritz (2020, p. 48, grifo do autor) ressalva que, “o objetivo 
desse comportamento é a reciprocidade restrita em obter uma recompensa”.
Segundo Pieritz (2020, p. 48), “a palavra aqui é buscar recompensa”.
Prezado acadêmico! 
Segundo Aveline (2019, p. 1, grifo nosso), os dois estágios iniciais da moralidade humana são 
chamados de “pré-convencionais”, porque neles não há um código de conduta. As ações 
são vistas de modo mais ou menos isolados. Predomina o “casuísmo”.
ATENCAO
5.3 TERCEIRO ESTÁGIO: APROVAÇÃO SOCIAL
Prezado acadêmico! Nesse terceiro estágio da consciência e julgamento 
ético-moral das pessoas, que foi sugerido por Kohlberg (1981), podemos perceber 
que os seres humanos desenvolvem um raciocínio ético e moral convencional, pois, 
segundo Pieritz (2020, p. 48), “propicia ser um nível conectado com a conformidade 
dos papéis sociais, ou seja, a lealdade dos homens com as regras e normas 
socialmente constituídas”.
Já que, segundo a pirâmide de Kohlberg (1981), a ação do ser humano é 
“motivada pela aprovação social” (AVELINE, 2019, p. 1, grifo nosso), como também, 
conforme Pieritz (2020, p. 48), “está considerada no segundo nível dessa classificação 
geral, possuindo um raciocínio e moralidade consideradas convencionais”, conforme 
exposto no Quadro 26.
Segundo Ferreira (2008, p. 687), as seguintes terminologias são assim 
compreendidas:
Recompensa:
• “Ato ou efeito de recompensar. Recompensação”.
Recompensar:
• “Dar a (alguém) prêmio ou compensação por serviço, auxílio”.
• “Dar algo cujo valor ou importância são considerados uma boa retribuição a (esforços, 
dedicação, sofrimento etc.)”.
NOTA
74
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Importante ressaltar que no segundo nível, Pieritz (2020, p. 48, grifo 
nosso) expõe que “as pessoas procuram seguir as regras e as normas de condutas 
socialmente constituídas pelo grupo social do qual fazem parte. São Leais às regras 
e às normas”.
Desse modo, Pieritz (2020, p. 48, grifo do autor) expõe que “esse terceiro 
estágio da consciência e raciocínio da evolução humana, foi denominado como a 
fase da aprovação social”, pois, de acordo com Alves (2017, p. 1, grifo nosso), esse 
é o estágio das “relações interpessoais. [Onde existe] o ideal de “bom garoto”, ou 
seja, o que agrada aos outros é bom”.
Aveline (2019) completa essa reflexão expondo que, no terceiro estágio: 
A criança (ou o adulto) demonstra ter bom caráter. É a etapa do “bom 
garoto”. A meta é a aprovação social, ou o apoio sincero dos mais velhos 
e dos mais poderosos. Aqui vale a frase “faça aos outros, o que gostaria 
que eles lhe fizessem”. A pessoa desenvolve um sentido de justiça e 
reciprocidade. A compaixão é compreendida e até certo ponto vivenciada. 
Também pode ocorrer um conformismo: mas existe um sentido de 
compromisso ético verdadeiro (AVELINE, 2019, p. 1, grifo nosso).
Assim, mediante essa explanação, Pieritz (2020, p. 49, grifo do autor) 
demostra que “nas relações interpessoais, buscar ser considerado uma boa pessoa 
é um bom negócio, para ter um convívio social pleno e ser aprovado socialmente”.
Pieritz (2020, p. 49, grifo do autor) expõe que “procuramos nos orientar 
pelos valores socialmente constituídos, buscando mantê-lo íntegros, conforme as 
normativas, regras e legislações vigentes, mas sempre no intuito de agradar o grupo 
social em que fazemos parte, e não pelo simples fato de seguir as normas”.
Segundo Pieritz (2020, p. 49), as questões pertinentes desse terceiro estágio 
estão pautadas em:
• “Se seguir as normas sociais, estou agradando e sou aprovado socialmente?
• Como sou considerado nas minhas relações interpessoais, agrado a todos?
• Será que tenho bom caráter, se sigo fielmente a legislação vigente?”.
Pieritz (2020, p. 49) complementa expondo que “nossa atitude com relação 
às ações humanas deva estar pautada nas normativas socialmente constituídas, e 
que nos orientam se podemos ser considerados bons ou maus seres humanos, e 
se assim agradamos e somos aprovados socialmente”. 
Ressalva-se ainda que, para Pieritz (2020,p. 49, grifo do autor), “as ações que 
agradam o coletivo são consideradas boas, e que o caráter humano é reconhecido 
por esses atos compartilhados e positivados nas relações interpessoais”.
Segundo Pieritz (2020, p. 49, grifo do autor), “a palavra aqui é agradar o outro!”
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
75
5.4 QUARTO ESTÁGIO: MANUTENÇÃO DA ORDEM SOCIAL
O quarto estágio da consciência ética e moral dos seres humanos nos seus 
relacionamentos sociais, políticos e econômicos, que foi proposto por Kohlberg 
(1981), e que, segundo Pieritz (2020, p. 49), “esse estágio do raciocínio da ética e 
da moral é convencional para, assim, demostrar que esse nível está conectado 
com a harmonia dos papéis sociais, ou seja, a lealdade dos homens com as regras 
e normas socialmente constituídas”.
Conforme a pirâmide de Kohlberg (1981), a ação do ser humano é 
“motivada pela manutenção da ordem social” (AVELINE, 2019, p. 1, grifo nosso), 
assim como, Pieritz (2020, p. 49) expõe que ela “está considerada no segundo nível 
dessa classificação geral, possuindo um raciocínio e moralidade considerados 
convencionais”, conforme demonstrado no Quadro 26.
Ressalva-se que, de acordo com Pieritz (2020, p. 49, grifo nosso), no terceiro 
nível, “os seres humanos procuram seguir as regras e as normas de condutas 
socialmente constituídas pela sociedade em que vivem convivem. São leais às regras 
e normas”.
Desse modo, Pieritz (2020, p. 49, grifo nosso), coloca-nos que “esse quarto 
estágio da consciência e raciocínio da evolução humana, foi denominado como 
a fase da manutenção da ordem social”, pois, de acordo com Aveline (2019, p. 
1, grifo nosso), “o quarto estágio é o da Lei e da Ordem. Neste ponto, o respeito 
ao líder, ao chefe, ao professor é algo central. O importante é cumprir o dever. 
Cabe respeitar às normas e obedecer às autoridades – sem questioná-las”. Como 
também é importante salientar que é a “autoridade [que] mantém a ordem social. 
Atitude deontológica, cumprir os deveres” (ALVES, 2017, p. 1).
Salienta-se que Pieritz (2020, p. 50, grifo nosso) evidencia, aqui, que “o 
nosso comportamento social é orientado pelas normas, leis, regras e ordem 
social. Procurando MANTER os valores e princípios socialmente constituídos”.
Segundo Ferreira (2008, p. 102), a seguinte terminologia é assim compreendida:
Agradar:
• “Ser agradável”.
• “Satisfazer o gosto, o critério, as exigências”.
• “Causar satisfação”.
• “Contentar, satisfazer”.
NOTA
76
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Segundo Pieritz (2020, p. 50, grifo nosso), “é a manutenção das leis e 
normas e o respeito às lideranças que propiciam a promoção do bem-estar social 
da população”.
De acordo com Pieritz (2020, p. 50, grifo nosso), as questões pertinentes a 
esse quarto estágio encontram-se pautadas nas três indagações:
• “Se seguir as normas vigentes, estou mantendo a ordem e o bem-estar social?
• Será que estou respeitando minhas lideranças e suas decisões?
• Estou cumprindo meus deveres e minhas obrigações sociais?”.
Embora, denota-se importante elucidarmos as questões relativas à Lei e 
da ordem, pois:
Quem está nesse estágio realmente acredita que a lei, a ordem social, a 
justiça e outros valores são reais, são partes do gênero humano, nesse 
sentido o correto é cumprir seu dever na sociedade, preservar a ordem 
social, e manter o bem-estar da sociedade ou do grupo (CARVALHO, 
2011, p. 1, grifo nosso).
Já que, aqui, de acordo com Pieritz (2020, p. 50, grifo nosso), “o importante 
sempre será o cumprimento da lei e da ordem, cumprindo nossos deveres 
e obrigações para com a sociedade em que fazemos parte, além de respeitar os 
processos decisórios de nossos gestores, pois, assim, proporcionaremos a promoção 
do bem-estar social”.
Segundo Pieritz (2020, p. 50, grifo nosso), “as palavras aqui são respeito e 
cumprimento das leis e da liderança!”
Prezado acadêmico! De acordo com Aveline (2019, p. 1, grifo nosso), “As etapas 
três e quatro são chamadas de “convencionais”, porque nelas o indivíduo é sinceramente leal 
às normas e às orientações coletivas”.
ATENCAO
Segundo Ferreira (2008, p. 702), as seguintes terminologias são assim 
compreendidas:
Respeito:
• “ato ou efeito de respeitar (-se), ou sentimento de quem respeita”.
NOTA
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
77
Respeitar:
• “Tratar com reverência ou acatamento. Honrar”.
• “Dar atenção ou importância a. Considerar”.
• “Não agir contrariamente a (decisão, orientação, regra). Acatar”.
• “Agir de modo que não fira, não prejudique ou não ofenda (alguém), ou não destrua (algo)”.
5.5 QUINTO ESTÁGIO: PROTEÇÃO DO BEM-ESTAR COLETIVO
Prezado Acadêmico! No quinto estágio da consciência ética-moral dos 
homens, que foi sugerido por Kohlberg (1981), Pieritz (2020, p. 50) expõe que se 
“busca compreender a questão do raciocínio e da moralidade no âmbito pós-
convencional, no nível da aceitação dos princípios morais universais, em que os 
seres humanos procuram raciocinar para melhorar a qualidade de vida no mundo”.
Já que, segundo a pirâmide de Kohlberg (1981), nesse quinto estágio, a 
ação dos homens, é “motivada pela proteção do bem-estar coletivo” (AVELINE, 
2019, p.1, grifo nosso), como também, de acordo com Pieritz (2020, p. 51), “está 
considerada no terceiro nível dessa classificação geral, possuindo um raciocínio e 
moralidade consideradas pós-convencional”, conforme exposto no Quadro 26.
Pieritz (2020, p. 51, grifo nosso) destaca que “devemos compreender que 
as pessoas já possuem plena internalização das normas e convenções sociais, e 
que não se baseiam nos padrões dos outros, e sim baseiam-se nos seus princípios 
individuais abstratos”. 
Salienta-se ainda que, no terceiro nível, precisamos partir do princípio de 
que “agora as crianças ou adultos respeitam às normas, leis e convenções, mas, ao 
mesmo tempo, enxergam além delas e procuram aprimorá-las” (AVELINE, 2019, 
p. 1, grifo nosso). 
Mediante essas compressões supracitadas, necessitamos realizar uma 
reflexão!
Prezado acadêmico, reflitamos o que Sigmund Freud escreveu:
 […] Não é necessário ser um anarquista para ver que as leis e as normas 
não podem ser consideradas como algo sagrado ou inquestionável, ou 
para compreender que elas são com frequência formuladas de modo 
inadequado e ferem o nosso sentido de justiça, ou virão a ser injustas 
dentro de algum tempo, e que, considerando a lentidão das autoridades, 
muitas vezes o único meio de corrigir estas leis tolas é tendo a coragem 
de violá-las. Além disso, se desejamos manter o respeito pelas leis e 
normas, é aconselhável só promulgá-las quando se pode vigiar e saber 
se são obedecidas (FREUD, 2005, p. 53, grifo nosso).
78
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Você conseguiu notar, no discurso de Freud, que “as leis e normas podem 
ser reformuladas e modificadas no decorrer da própria evolução humana, 
por conta da transformação social? Que elas podem ter sido feitas de formas 
equivocadas, não atingindo seu propósito? Que podem ter perdido sua validade, 
por conta do tempo de promulgação?” (PIERITZ, 2020, p. 51).
Ficamos felizes que tenha compreendido essa questão! Visto que esse 
assunto é de fundamental importância para você compreender esse estágio da 
consciência ética-moral dos homens, como o sexto estágio também.
Assim, segundo Pieritz (2020, p. 51, grifo nosso), “este quinto estágio da 
consciência e raciocínio da evolução humana, foi denominado como a fase da 
proteção do bem-estar coletivo”, pois, na visão de Aveline (2019, p.1, grifo nosso), 
esta é uma fase que demostra o “desenvolvimento ético, [onde] o indivíduo percebe 
que as leis e os costumes estabelecidos podem ser injustos. [E], quando necessário, 
ele busca uma mudança para melhor. Faz isso através de meios legítimos, 
democráticos, moralmente aceitáveis, eticamente responsáveis”. “Demonstrando 
que é possível realizar a mudança normativa, desde que devidamente justificada 
e legal, pois quem está nessa fase,consegue enxergar além das normativas postas, 
pois procura aprimorar o contrato social posto” (PIERITZ, 2020, p. 51).
Aqui, nesse quinto estágio, de acordo com Pieritz (2020, p. 52, grifo nosso), 
os seres humanos “se orientam pela melhoria constante do contrato social e suas 
normativas institucionalizadas, procurando o exercício do respeito aos direitos 
civis, sociais e individuais, no intuito de protegê-las e verificarem sua eficácia, para 
angariar a promoção do bem-estar do coletivo social”.
Nesse sentido, Alves (2017, p. 1) coloca-nos que os contratos sociais são 
“acordos democraticamente alcançados sobre se os valores são bons, cabendo ao 
indivíduo determinar o certo e o errado dentro dos parâmetros desses valores”. 
Mediante essas concepções supracitadas, Pieritz (2020, p. 52, grifo nosso) 
expõe que o aperfeiçoamento normativo do contrato social demonstra os seguintes 
questionamentos:
• “Será que podemos ir além do contrato social instituído, tendo uma visão 
ampliada de sua eficácia e propor aprimoramento, quando necessário?
• Como podemos exercer nossa cidadania para proteger o bem-estar coletivo?”.
Diante desse cenário, Carvalho (2011, p. 1) expõe que, as pessoas desse 
quinto estágio possuem uma “visão que no mundo as pessoas são diferentes, têm 
opiniões, direitos e valores também diferentes e o correto é apoiar os direitos, 
valores e contratos jurídicos de uma sociedade, mesmo quando estão em conflito 
com as normas concretas do grupo”, ou seja, segundo Pieritz (2020, p. 52), 
“procuram ir além do socialmente posto, para poder contribuir na melhoria de 
qualidade de vida dos cidadãos, pois entendem que somos todos diferentes”.
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
79
Segundo Pieritz (2020, p. 52, grifo nosso), “as palavras aqui são proteção 
do bem-estar coletivo e melhoria do contrato social”.
Prezado acadêmico! Aveline (2019, p. 1) expõe que:
Exemplos desse nível de moral (assim como do sexto nível) são 
Mahatma Gandhi, na Índia, Martin Luther King, nos Estados Unidos e, 
no Brasil, Chico Mendes, o defensor da Floresta Amazônica. Os três 
líderes sociais deram um exemplo de altruísmo e foram assassinados 
precisamente por defenderem ideais nobres e uma ética superior, 
contrariando as estruturas da ignorância organizada. Na quinta etapa, 
busca-se um contrato social eficiente e justo para todos.
INTERESSA
NTE
5.6 SEXTO ESTÁGIO: ZELO PELOS PRINCÍPIOS ÉTICOS 
UNIVERSAIS
Para finalizar este debate, convidamos você a aprofundar seu conhecimento 
acerca do sexto estágio da consciência ética-moral dos seres humanos, que foi exibido 
por Kohlberg (1981), e que, segundo Pieritz (2020, p. 52), “procurou apresentar uma 
reflexão relativa ao raciocínio e à moralidade no âmbito pós-convencional, no nível 
da aceitação dos princípios morais universais, em que os seres humanos procuram 
raciocinar para melhorar a qualidade de vida no mundo”.
Segundo Ferreira (2008, p. 661), as seguintes terminologias são assim 
compreendidas:
Proteção:
• “Ato ou efeito de proteger (-se)”.
• “Abrigo, resguardo”.
• “Auxílio, amparo”.
Proteger:
• “Dispensar proteção a. Amparar, favorecer. Defender”.
• “Preservar do mal”.
• “Defender de riscos, perigos, ataques (físicos ou morais), intempéries etc.”.
NOTA
80
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Assim, a pirâmide de Kohlberg (1981) nos apresenta que a ação do 
homem, no sexto estágio, é “motivada pelo zelo dos princípios éticos universais” 
(AVELINE, 2019, p. 1, grifo nosso), como também, segundo Pieritz (2020, p. 53), “está 
considerada no terceiro nível dessa classificação geral, possuindo um raciocínio e 
moralidade considerados pós-convencional”, conforme exposto no Quadro 26.
Pieritz (2020, p. 53, grifo nosso) expõe que:
Vale frisar, que nesse terceiro nível da classificação geral da pirâmide 
de Kohlberg, é importante compreender que as pessoas já possuem 
plena internalização das normas e convenções sociais, e que não se 
baseiam nos padrões dos demais cidadãos, e sim baseiam-se nos seus 
princípios individuais abstratos. 
Desse modo, no terceiro nível, devemos partir do princípio de que “agora as crianças 
ou adultos respeitam as normas, leis e convenções, mas ao mesmo tempo enxergam além 
delas e procuram aprimorá-las” (AVELINE, 2019, p. 1, grifo nosso). 
De tal modo, Pieritz (2020, p. 53) expõe que “esse sexto estágio da 
consciência e raciocínio da evolução humana, foi denominado como a fase do 
zelo dos princípios éticos universais”, pois, para Aveline (2019, p. 1), “na sexta 
etapa de desenvolvimento moral, o indivíduo – ou o povo – vive os princípios 
universais da consciência ética. Hoje, são pouco numerosos os seres humanos 
firmemente estabelecidos nesse estágio. São os precursores. Preparam o futuro. 
Abrem o caminho”.
Pieritz (2020, p. 53) expõe que, no último estágio, necessitamos fazer os 
seguintes questionamentos:
• “Qual o caminho que podemos trilhar para zelar os princípios éticos 
universais?
• Com podemos aprimorar os preceitos éticos e morais, para ir além do 
socialmente posto?”.
Nessa fase, segundo Pieritz (2020, p. 53):
As pessoas se orientam pelos princípios éticos universais, a qual 
procuram zelar estes valores ético-morais ao longo da história da 
humanidade. Pois, lembra-se que a ética reflete os hábitos e costumes 
gerais de uma sociedade, suas normativas e convenções, que fora 
institucionalizada pelo coletivo social, e a moral é a forma que 
conduzimos nossos atos perante o outro, ou seja, é a conduta em si.
Alves (2017, p. 1) coloca-nos que “os princípios de justiça e ética são parte da 
consciência, sendo questões de escolhas individuais dentro de princípios axiológicos 
universais, mesmo que contra as leis e regras socialmente estabelecidas”. Vale 
lembrar que “a pessoa desenvolve um padrão moral baseado nos direitos humanos 
universais. Quando confrontado com um conflito entre a lei e a consciência, a 
pessoa seguirá a consciência, ainda que essa decisão envolva risco pessoal. E tem a 
capacidade de ver-se no lugar do outro” (CARVALHO, 2011, p. 1).
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
81
Assim, de acordo com Pieritz (2020, p. 53), “somos incitados a zelar por 
essa consciência dos princípios éticos e de justiça universais que refletem as nossas 
condutas na sociedade em que estamos inseridos”.
Lembre-se de que, de acordo com Pieritz (2020, p. 54), “Estamos aqui para 
melhorar o mundo em que vivemos, mas precisamos compreender e zelar os 
nossos valores e princípios ético-morais que foram historicamente concebidos pelo 
coletivo social”.
Segundo Pieritz (2020, p. 54, grifo nosso), “as palavras aqui são zelo dos valores 
e princípios ético-morais e universais, pois a ética é para o coletivo, para todos”.
Prezado acadêmico, para Kohlberg (1981), “nem todos progrediam por esses 
estágios. Somente uns poucos (citou Gandhi, Thoureau e Martin Luther King) chegam ao 
estágio 6, mas todos tem potencial podem alcançar esses estágios, que progridem conforme 
a idade” (ALVES, 2017, p. 1). De acordo com Carvalho (2011, p. 1): 
Kohlberg (1981) acreditava que esses níveis e estágios ocorrem numa 
sequência:
• Antes dos nove anos, a maioria das crianças seguem caminhos 
pré- convencionais (nível 1).
• Na primeira adolescência, eles raciocinam de uma maneira mais 
convencional (nível 2). A maioria, no Estágio 3, com apenas sinais dos 
Estágios 2 e 4.
• No início da fase adulta, um pequeno número de indivíduos arrazoa 
(raciocina) de maneira pós-convencional.
NOTA
Segundo Ferreira (2008, p. 801-831), as seguintes terminologias são assim 
compreendidas:
Zelo:
• “Dedicação, desvelo, por alguém ou por algo”.
• “pontualidade e diligência em qualquer serviço”.
• “Cuidadoso”.
Universal:
• “Comum a todos os homens, ou a um grupo dado”.
• “Que advém de todos. Geral”.
NOTA
82
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
6 A CONDUTA MORAL 
Prezado acadêmico! Adentraremos agora numa última reflexão, que 
também é necessária para compreendermosa questão da ética e da moral, que é o 
próprio comportamento moral das pessoas em si, ou seja, a nossa conduta moral.
Nesse sentido, Pieritz (2020, p. 54) expõe que “no que tange a nossa conduta 
moral, em relação ao fazer o bem ou o mal, em fazer o certo ou o errado, pode-se 
dizer que chegamos agora num dilema, pois, no nosso próprio comportamento 
ético-moral, é a nossa consciência, das coisas e dos fatos, que irá determinar o 
caminho a seguir”.
Mediante a supracitada explanação, Pieritz (2020, p. 54) nos indaga:
• “Como saber o que devemos fazer? Para que lado ir?
• O que é certo ou errado perante a sociedade? 
• O que é fazer o bem e como evitar o mal?”.
Assim, proporcionando respostas às supracitadas indagações, Valls (2003, 
p. 67-68) expõe que:
Agir eticamente é agir de acordo com o bem. A maneira de como se 
definirá o que seja este bem, é um segundo problema, mas a opção 
entre o bem e o mal, distinção levantada já há alguns milênios, parece 
continuar válida. [...] Neste sentido, poderíamos continuar dizendo que 
uma pessoa ética é aquela que age sempre a partir da alternativa bem 
ou mal, isto é, aquela que resolveu pautar seu comportamento por uma 
tal opção, uma tal disjunção. E quem não vive dessa maneira, optando 
sempre, não vive eticamente.
Pieritz (2020, p. 55) complementa, colocando-nos que:
[...] se agirmos no intuito de fazer o bem, estamos agindo com uma postura 
ética-moral, e ela proporcionará uma conduta direcionada para o certo, 
mas, sempre pautada no que fora instituído socialmente. Então, pode-
se dizer que, os seres humanos são aquelas pessoas que desenvolvem 
uma conduta ou um comportamento baseado em alternativas, podendo 
escolher em fazer o bem ou o mal, e que quem faz o bem é considerado 
ético, e quem faz o mal é antiético.
Ainda, segundo Pieritz (2013, p. 23-24):
Para efetuarmos um julgamento concreto sobre alguma situação da 
vida em sociedade, devemos nos pautar sobre todos os pressupostos 
éticos daquela sociedade em si, ou seja, seus princípios morais e seus 
costumes. Entretanto, sem esquecer que o que todo ser humano busca 
em suas ações cotidianas na sociedade é fazer sempre e somente o bem, 
pois é por causa e em nome deste bem maior que eles realizam tudo.
Assim, vale salientar nessa análise da conduta moral, que “necessitamos 
compreender a realidade social, política e econômica do grupo social a que 
pertencemos, principalmente seus preceitos ético-morais para assim, podermos 
tomar a decisão de que postura teremos em relação aos outros que vivem e 
convivem conosco” (PIERITZ, 2020, p. 55).
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
83
[Pois], sempre que uma decisão ou uma escolha deve ser feita em 
relação ao comportamento, a decisão moral será aquela que trabalha 
para a criação de confiança e integridade nos relacionamentos. Deve 
aumentar a capacidade dos indivíduos para cooperar, e aumentar a 
sensação de autorrespeito no indivíduo. Atos que criam desconfiança, 
suspeita e mal-entendidos, que constroem barreiras e destroem a 
integridade, são imorais. Eles diminuem o senso de autorrespeito
do indivíduo e, ao invés de produzir uma capacidade de trabalhar 
juntos, separam as pessoas e rompem a capacidade de comunicação 
(KIRKENDALL, 1961, p. 6).
Nesse sentido, é importante compreender que:
Todas as nossas ações possuem um propósito, ou seja, um fim. Este 
fim somente é alcançado quando os homens realizam uma atividade 
para alcançá-lo, vão em busca de seus objetivos e metas. Portanto, se 
realmente existe um motivo que visa tudo o que fazemos, este fim só 
poderá ser realizado se nós, seres humanos, o realizarmos através de 
ações/atividades. Elas, por sua vez, sempre estão na busca constante 
da realização do bem e da verdade e procurando a felicidade e o prazer 
(PIERITZ, 2013, p. 24).
Nesse contexto, indaga-se: o que é a moralidade? 
A moralidade, de acordo com Cunha (2011, p. 197), é compreendida como 
o “processo social costumeiro, concernente à melhor forma de comportamento.” 
Em que, demonstra a qualidade do comportamento ético-moral do cidadão, suas 
regras e princípios.
Nesse sentido, segundo Pieritz (2013, p. 35), “a moralidade dos homens é 
um reflexo direto do modo de ser e conviver em sociedade, no qual o caráter, os 
sentimentos e os costumes determinam o seu comportamento individual e social, 
que foi ou está sendo perpetuado num espaço de tempo”.
E o que é o princípio da moralidade?
O princípio da moralidade demonstra a origem e ascendência do 
comportamento moral de nossa sociedade e de nossos grupos sociais, políticos 
e econômicos. Visto que, o princípio da moralidade significa que os seres 
humanos estão vinculados pelas suas próprias normas, regras e diretrizes do 
comportamento moral em sociedade. Portanto, denota um agir de acordo com os 
preceitos ético-morais que são socialmente constituídos pelo mesmo grupo.
84
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
ÉTICA, VALORES E CRENÇAS
 Tatiane Souza
Todos nós somos providos por crenças e valores pessoais que nos 
estimulam ou que nos prendem em determinados momentos. Esses valores e 
crenças foram sendo adquiridos ao longo de nossa história desde o momento de 
nosso nascimento, sendo influenciado por nossos amigos, parentes e familiares 
mais próximos. Esse conjunto se torna praticamente nosso jeito de ser e agir. 
Nossos valores são tudo que acreditamos como certo, independente da ética 
que faz parte de um conjunto de valores estipulados pela sociedade.
Definição de Ética: O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo 
de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios 
que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja 
um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia 
prejudicado. Nesse sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as 
leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos 
e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os 
valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos, pois bem, dentro 
de nossos valores (que seria uma ética particular nossa) existem crenças que 
nos fortalecem nas tomadas ou não de decisões. Nossas crenças nos movem no 
sentido do que acreditamos. Mesmo que a decisão tomada não seja a melhor, 
tomamos a mesma em cima do que acreditamos, e não conforme a grande 
maioria das pessoas nos estimulam a acreditar.
Dentro das organizações, há um problema muito grande de alinhamento 
de cultura, pois como nós agimos em detrimento a nossos valores e crenças, 
também uma empresa deve agir dentro desse principio. Só que a problemática 
geral está no sentido de que uma organização é composta por diversas pessoas 
que possuem seus próprios valores e princípios. E aí como resolver a situação?
O sucesso de um profissional e também de uma empresa está justamente 
nesse alinhamento de valores e crenças. O que a empresa acredita como certo, 
precisa estar alinhada ao que as pessoas que lá trabalham também acreditam. 
Diferente disso, tornamos o ambiente conhecido como antiético, que nada mais é 
do que valores diferentes sendo utilizados em um ambiente em comum.
Antes de mais nada precisamos olhar em nossa volta e verificar se a empresa 
em que estamos está alinhada com nossos valores, como também a empresa precisa 
olhar mais significadamente seus colabores e avaliar se o que ela acredita como 
certo também se faz presente na crença daqueles que fazem o resultado acontecer. 
Diferente disso? Dificil, nada pode ser pior do que valores não alinhados.
FONTE: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/tica-valores-e-crenas/>. Acesso em: 25 fev. 2021.
TÓPICO 2 — DOS VALORES, PRINCÍPIOS, ESSÊNCIA, CONSCIÊNCIA E CONDUTA MORAL
85
Olá, acadêmico, ufa!!! Este tópico foi bastante extenso e incitou muitas 
reflexões sobre os valores, princípios, essência, consciência e conduta moral da 
vida cotidiana das pessoas.Vamos, a seguir, apresentar os principais assuntos estudados até agora. 
86
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Os valores correspondem a uma determinada importância que damos a 
alguma coisa, fato ou ato que iremos praticar. Sendo que esses valores são 
constituídos historicamente e que formam a cultura de um povo ou de um 
grupo social, então são culturais.
• Os valores norteiam e influenciam o comportamento humano em sociedade, 
já que são ideias comuns socialmente construídas e positivadas pelo coletivo 
social no cotidiano das relações humanas e sociais.
• Dentro dos nossos valores culturais, temos qualidades comportamentais, que 
são subjetivas de cada pessoa, e fazer o bem, é uma delas.
• O valor é aquele atributo essencial do comportamento ético-moral, que explica 
a subjetividade humana, suas preferências e modo de ser.
• Um princípio denota uma orientação, uma regra que nos orienta, ou seja, são 
as bases normativas que norteiam nosso comportamento.
• A ética é formada pelo estudo e investigação do comportamento e dos juízos 
de valores, estabelecendo ponderações de valor para o que está de acordo ou 
não com as normas e regras de convivência dos homens em sociedade.
• Os valores sociais são concebidos coletivamente pela construção histórica 
das relações humanas, principalmente no convívio do dia a dia dos seres 
humanos em sociedade.
• É a qualidade que empregamos as coisas e as ações que definem seus valores.
• A essência denota uma característica indispensável e necessária de uma 
determina ação, ou seja, o seu caráter primordial, o sentido que a ação possui.
• Possuímos determinadas características morais que são inerentes à própria 
condição humana, pois já estão concebidas naturalmente pela própria 
evolução do comportamento humano em sociedade.
• Necessitamos estar socializando com os demais integrantes dos nossos grupos 
sociais, já que não conseguimos viver isolados e sem o contato com nossos 
semelhantes.
• Podemos vislumbrar que nossas linguagens, hábitos e costumes, como nossas 
atividades simbólicas e artísticas, são essenciais e necessárias para o nosso 
próprio desenvolvimento humano.
87
• Existe uma essência comportamental na ação cotidiana dos seres humanos, e 
que está intrínseca à própria ação em si, permitindo que o ser humano se sinta 
pertencente ao grupo social, político ou econômico do qual faz parte.
• A consciência humana denota que temos ciência, noção, conhecimento e 
compreensão dos fatos e das coisas, e que possamos reconhecer e distinguir 
a realidade posta, possibilitando às pessoas a faculdade de perceber as coisas 
como elas realmente são, e como poderiam ser. Para assim, poder exercer seu 
livre arbítrio decisório, de que postura tomar frente à realidade cotidiana da 
vida em sociedade.
• Por intermédio da consciência humana dos fatos e das coisas, empoderamo-
nos junto ao coletivo social, tornando-nos com mais poder de decisão perante 
a sociedade em que estamos inseridos.
• Os fatos sociais também são constituídos historicamente pela composição dos 
seres humanos em sociedade.
• A consciência retrata que nós, seres humanos, possuímos a capacidade de 
perceber e reconhecer as coisas e os fatos, sejam individuais ou coletivos, e 
que quanto mais informações decodificamos, mais empoderados estamos.
• Os estágios da consciência ética e moral são as etapas da evolução humana.
• Quanto mais conhecimentos adquirimos sobre os fatos e as coisas, mais 
consciência humana temos dos nossos preceitos ético-morais, e assim cada 
vez mais nos empoderamos nas relações humanas e sociais.
• Estudamos o próprio comportamento moral das pessoas em si, ou seja, a 
nossa conduta moral.
88
1 No senso comum, frequentemente utilizamos as palavras ética e moral (e 
antiético e imoral) de forma intercambiável. Isto é, falamos da pessoa ou ato 
como ético ou moral, pois, todos nossos comportamentos em sociedade são 
compreendidos socialmente como certos ou errados, éticos ou antiéticos, 
morais ou imorais, denotando sempre os dois lados de uma mesma moeda. 
Sobre a consciência coletiva, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) De acordo com Émile Durkheim (JOHNSON, 1997, p. 49), a consciência 
coletiva é um arcabouço cultural de ideias morais e normativas, a 
crença em que o mundo social existe até certo ponto à parte e externo 
à vida psicológica do indivíduo. 
b) ( ) São as consciências conjugadas de cada pessoa individualmente 
formando a soma do coletivo.
c) ( ) São todas as habilidades de manipular o coletivo em favor de um 
indivíduo.
d) ( ) É um sistema moderno que integra todas as consciências individuais 
formando um coletivo graças às tecnologias modernas.
2 O senso moral e a consciência moral fazem parte do âmago do indivíduo, 
balizando as suas ações em sociedade. Verificamos a sua desvirtuação 
por indivíduos que cometem crimes e ferem a sociedade com os seus atos 
gerando uma comoção geral. Com relação ao senso moral e a consciência 
moral, analise as sentenças a seguir:
I- Valores de justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, 
generosidade. 
II- Sentimentos provocados pelos valores, de admiração, vergonha, culpa, 
remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo.
III- Decisões que conduzem a ações com consequências para nós e para os 
outros. 
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) Somente a sentença II está correta.
d) ( ) Somente a sentenças III está correta.
3 Os princípios são o baluarte das relações humanas e estão em todas as 
áreas, como os princípios da física, os princípios da constituição federal, os 
princípios legais etc. Sobre a definição de princípios, assinale a alternativa 
CORRETA:
AUTOATIVIDADE
89
a) ( ) São os parâmetros, preceitos, normas, leis e marcos de referência para 
uso pessoal e de referência para o comportamento humano e que serve 
para julgar as pessoas.
b) ( ) São os parâmetros, preceitos, normas, leis e marcos de referência para 
a formação da consciência coletiva, da moral e da justiça.
c) ( ) São os princípios legais de referência para o comportamento humano.
d) ( ) São os parâmetros, preceitos, normas, leis e marcos de referência 
universais, que definem as regras de conduta social e consente a 
medição das consequências do comportamento humano.
90
91
TÓPICO 3 — 
UNIDADE 1
A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, aqui, desenvolveremos uma reflexão relativa ao 
comportamento ético-moral nas relações humanas e sociais, proporcionando sua 
ampliação da percepção no que tange à questão da ética na atualidade, procurando 
refletir sobre algumas questões polêmicas sobre a ética na contemporaneidade, 
como também faremos algumas reflexões sobre a ética e a liberdade.
Demostraremos ainda a questão do livre-arbítrio da escolha e suas 
consequências e responsabilidades, para assim compreender a liberdade como 
uma das capacidades humanas. Além de apresentarmos algumas questões 
polêmicas referentes à ética.
Outra questão salutar a ser estudada aqui será um debate com relação ao 
ser humano e sociedade, para compreender as nuances relativas à compreensão 
do que é o “ser humano” e a “sociedade” em si, para possibilitar um entendimento 
do homem e suas relações humanas e sociais na sociedade em que vive e convive 
com os outros. 
Nessa questão, desvelaremos a terminologia “homem” enquanto “ser 
humano” e não como gênero homem ou mulher e, por vezes, o classificaremos 
tão somente como “indivíduo” ou simplesmente “ser humano”. Apresentaremos 
o que é o ser humano e a sociedade e alguns aspectos correlacionados a essa 
temática, tais como:
• A percepção de como o homem se vê na sociedade.
• A questão da territorialidade humana. 
• Demostrar de que forma a sociedade vê o ser humano em suas inter-relações 
sociais e em suas condutas ético-morais na convivência cotidiana do “eu” com 
o “outro”.
No debaterelativo às relações humanas, estudaremos o comportamento 
dos homens em sociedade, seu relacionamento com os outros, seus papéis sociais 
e processos de socialização. Como também refletiremos sobre a complexidade 
das relações humanas, perpassando pela compreensão do ser humano em si, e 
como ele se vê e como ele vê o outro com quem vive e convive. 
Devemos partir de um simples princípio que percorrerá nossa discussão 
neste tópico, que as relações sociais são compreendidas como uma ponte entre:
92
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
FIGURA 18 – A PONTE DAS RELAÇÕES HUMANAS
FONTE: Pieritz (2012, p. 70)
Essa ponte do relacionamento humano e social demostra que sempre 
interagimos com o outro, e necessitamos do outro para sobrevivermos na 
sociedade contemporânea na qual vivemos.
Então, vamos lá?
Antes, reflita: “Liberdade, essa palavra que o sonho humano alimenta: 
que não há ninguém que explica, e ninguém que não entenda” 
Cecília Meireles 
Ótimos estudos!
FIGURA 17 – ÉTICA E REALIDADE ATUAL
FONTE: <http://era.org.br/>. Acesso em: 11 fev. 2021.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
93
2 AS QUESTÕES ÉTICAS ATUAIS
Primeiramente, ampliaremos nossa percepção com relação a algumas 
questões polêmicas sobre os dilemas éticos da nossa vida cotidiana, mas, para 
isso, faz-se necessário verificar o que Valls (2003, p. 70) nos apresenta:
[...] a ética foi reduzida a algo de privado. [...] Ora, nos tempos da 
grande filosofia, a justiça e todas as demais virtudes éticas referiam-
se ao universal (no caso, ao povo ou à polis), eram virtudes políticas, 
sociais. Numa formulação de grande filosofia, poderíamos dizer que o 
lema máximo de ética é o bem comum. E se hoje a ética ficou reduzida 
ao particular, ao privado, isto é um mau sinal.
Pieritz (2020, p. 70) expõe que “sob este bem comum, na visão de Valls (2003), 
estamos saindo das concepções universais, do todo, para um comportamento 
individualizado, privado, centralizando nossas ações aos fatos particulares de 
nossa vida em sociedade e não somente no contexto ético-moral universal”.
Assim, segundo Pieritz (2013, p. 49-50): 
Não se pode esquecer que os valores, os hábitos e os princípios formam 
a consciência moral dos seres humanos, e esta consciência moral torna-
se um fator preocupante nos dias de hoje, pois os indivíduos possuem 
suas responsabilidades individuais e coletivas perante a sociedade em 
que vivem, contudo, muitas vezes, o dever ético respalda muito mais no 
indivíduo do que na coletividade, mesmo que os valores éticos sejam 
constituídos pela sociedade como um todo.
Aqui, é importante ressaltar:
Que o ser humano está muito mais preocupado com seus direitos e deveres 
individuais, deixando muitas vezes o coletivo de lado, mas, lembre-se 
de que os princípios ético-morais foram constituídos pelo coletivo social 
a que pertencemos. E assim, o nosso agir individual continua pautado 
nestas normativas sociais universais (PIERITZ, 2020, p. 70).
Sob essas concepções, questionamos: 
• O que é ter uma vida ética nos dias de hoje?
• Você conhece alguns dilemas éticos?
Você sabe? Sim? Não? Talvez?
Todavia, antes de refletirmos sobre essa resposta, convidamos você, 
primeiramente, a verificar exemplos notórios de alguns dilemas ético-morais que 
podemos perceber em nossa sociedade nos tempos de hoje. Vejamos!
94
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
QUADRO 27 – DILEMAS ÉTICOS E MORAIS
Os alimentos transgênicos, 
que são geneticamente 
modificados
A CLONAGEM A transfusão de sangue 
nos pacientes de certas 
religiõesA corrupção, sonegação.
O ABORTO As formas de reprodução 
humana, como a 
reprodução assistida.
A INTELIGÊNCIA 
ARTIFICIAL
Filho órfão já na concepção, 
por intermédio da 
reprodução humana além 
da vida de um dos pais, a 
fertilização in vitro
A substituição do ser 
humano pela tecnologia 
robótica
O suicídio assistido – 
eutanásia 
CIRURGIA ROBÓTICA
TERAPIAS 
ALTERNATIVAS A histerectomia
Ter filhos apenas como um 
meio de ganhar alguma coisa
FONTE: Adaptado de Pieritz (2020, p. 70-71)
De acordo com Pieritz (2020, p. 71), “poderíamos estender esta pequena 
lista de exemplos, mas não é o caso, o importante é fazer com que se compreenda 
que a nossa sociedade está permeada por dilemas éticos-morais, nas mais diversas 
esferas, e que eles são frutos do livre-arbítrio das escolhas humanas”.
Assim, Valls (2003, p. 71) complementa expondo que “a liberdade se 
realiza eticamente dentro das instituições históricas e sociais, tais como a família, 
a sociedade civil e o Estado”. Desse modo, “possuímos a liberdade de escolher 
fazer o certo ou o errado, fazer o bem ou o mal, mas sempre pautados pelos 
princípios ético-morais universais do nosso contexto social, e que muitas vezes 
adentramos num dilema, indagando-nos qual caminho devemos seguir?” 
(PIERITZ, 2020, p. 71).
Desse modo, podemos compreender que um dilema é “uma situação 
difícil, na qual é preciso escolher entre duas alternativas contraditórias ou 
antagônicas ou insatisfatórias” (FERREIRA, 2008, p. 319).
Prezado acadêmico! Convidamos você, agora, a fazer um exercício de reflexão!
• Atividade: Pegue um bloco de anotações, nele, coloque pelo menos cinco dilemas 
éticos e morais que você possa detectar no seu bairro, município e estado.
Esta atividade é para você poder refletir sobre eles com seus colegas no próximo encontro!
Boa reflexão e debate!
DICAS
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
95
Pieritz (2020, p. 71) expõe que “essas situações de conflito, em que temos 
que escolher, é realmente um grande dilema ético-moral para a humanidade, 
pois sempre teremos vários caminhos a percorrer, mas, sempre devemos fazer 
três indagações antes de agirmos”, como:
• Eu quero fazer ou não?
• Eu devo fazer ou não?
• Eu posso fazer ou não?
Pieritz (2020, p. 72) coloca-nos que “esses questionamentos ajudarão no 
posicionamento da nossa postura ética-moral, colaborando no esclarecimento do 
dilema das escolhas que podemos ou devemos fazer”.
Ressalva-se, ainda, que esses dilemas cotidianos que vivemos, com relação 
às escolhas ético-morais que fazemos, perpassam três questões fundamentais, 
que estão delimitados nos dilemas dos valores, destinatários e meios, os quais 
descreveremos suas principais características no Quadro 28. Vejamos!
QUADRO 28 – CARACTERÍSTICAS DOS DILEMAS DOS VALORES, DESTINATÁRIOS E MEIOS
Dilema dos VALORES Dilema dos DESTINATÁRIOS Dilema dos MEIOS
Em que aqui se 
apresentam os conflitos 
dos valores éticos-
morais, ou seja, as 
ESCOLHAS dos valores 
éticos, de ser ético ou 
antiético.
São aqueles dilemas 
e situações difíceis 
correlacionadas com as 
PESSOAS que irão se 
beneficiar com a ação da 
tomada de decisão, ou 
não.
Aqui, o fator gerador da 
escolha da alternativa 
contraditória está, 
única e exclusivamente, 
na MANEIRA de se 
alcançar o resultado 
desejado, ou seja, o 
MEIO, MECANISMOS, 
e INSTRUMENTOS 
utilizados para realizar a 
atividade e atingir seu fim.
Este é o dilema da 
escolha de seguir 
ser leal, de honrar o 
compromisso, de ser 
solidário, tolerante 
ou não. Ser justo ou 
injusto. Ser honesto ou 
desonesto.
Também são os 
VÁRIOS CAMINHOS 
A SEGUIR, como por 
exemplo: honrar o nosso 
compromisso de pagar 
uma conta, uma dívida 
ou, com este mesmo 
recurso, colaborar com a 
melhoria de qualidade de
É relacionada 
aos AGENTES 
ENVOLVIDOS em que, 
a situação conflitante 
está na escolha do 
destinatário da ação ou 
omissão, ou seja, quem 
será beneficiado ou 
prejudicado.
Esses meios são 
classificados por 
sua VALIDAÇÃO E 
LEGITIMIDADE ética-
moral.
96
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
vida de uma família 
em situação de 
vulnerabilidade social. 
Deixando assim de 
cumprir com um 
compromisso pessoal 
para amparar o outro.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2020, p. 72)
Segundo Pieritz (2020, p. 72), “esses dilemas concernentes aos valores, 
destinatários e meios, devem ter por premissa o coletivo social, ou seja, devem 
prevalecer os interesses universaissobre os grupais e individuais, mesmo se as 
instâncias destes grupos menores possam ser feridas”.
Assim, mediante o nosso processo de tomada de decisão, seja individual 
ou coletiva, também apresentamos mais outros dois elementos do comportamento 
humano a compreender, que são os sensos do dever e da importância da decisão a ser 
tomada. O qual descreveremos suas principais características no Quadro 29. Vejamos!
QUADRO 29 – CARACTERÍSTICAS DOS SENSOS DO DEVER E DA IMPORTÂNCIA DA DECISÃO 
A SER TOMADA
Senso do DEVER Senso da IMPORTÂNCIA
Em que aqui denota uma ética 
relacionada ao CUMPRIMENTO DOS 
DEVERES, TAREFAS E OBRIGAÇÕES, 
ou seja, a consciência do dever de fazer 
ou não fazer alguma coisa.
No qual transmite uma ética 
permeada pelo seu DESÍGNIO, 
PROPÓSITO E RAZÃO, denotando 
para resultados que queremos ter 
com nossa ação ou omissão, e qual 
importância destes resultados para a 
vida cotidiana.
FONTE: Adaptado de Pieritz (2020, p. 72)
De tal modo, Pieritz (2020, p. 73) conclui expondo que “os sensos do dever 
e da importância da decisão a ser tomada são muito importantes nessa discussão 
dos dilemas ético-morais que vivenciamos o tempo todo, para podermos mediar 
o nosso comportamento nas nossas relações humanas e sociais”.
2.1 OS DILEMAS NO ÂMBITO DA FAMÍLIA
Neste momento, convidamos você, prezado acadêmico, a refletir sobre 
algumas questões e dilemas éticos-morais que são consideradas polêmicas no 
âmbito da família, e que aqui demostraremos algumas situações difíceis e algumas 
indagações que se apresentam na nossa sociedade contemporânea.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
97
Primeiramente, ponderaremos a respeito das indagações reflexivas sobre 
a família que estão expostas no Quadro 30, vejamos!
QUADRO 30 – INDAGAÇÕES REFLEXIVAS SOBRE A FAMÍLIA
INDAGAÇÕES REFLEXIVAS SOBRE A FAMÍLIA
Em relação à família, hoje se colocam de maneira muito aguda as questões das 
exigências éticas do amor.
O amor não tem de ser LIVRE?
O que dizer então da noção tradicional do amor livre?
Ele é realmente livre?
E como definir, hoje, o que seja a VERDADEIRA FIDELIDADE, sem identificá-
la como formas criticáveis de possessividade masculina ou feminina?
Como fundamentar, a partir dos progressos das ciências humanas, os 
compromissos do amor, como se expressam na resolução (no sim) matrimonial?
E como desenvolver uma nova ética para as novas formas de relacionamento 
heterossexual?
E como fundamentar hoje as preferências por formas de vida celibatária, casta 
ou homossexual?
Fonte https://www.cubatel.com/blog/actualidad/cuando-llegara-el-nuevo-codigo-de-familia-
-a-cuba/
FONTE: Adaptado de Valls (2003, p. 71)
Conseguiram verificar, no Quadro 30, que na nossa vida cotidiana em 
família possuímos muitas indagações, certo?! E essas merecem uma boa reflexão!
“Pois bem! É assim mesmo! Já que estamos em constantes transformações 
humanas e sociais e essas mudanças refletem diretamente na relação entre pais 
e filhos, e nas composições e configurações das novas estruturas familiares” 
(PIERITZ, 2020, p. 74). 
98
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Vale ressaltar que, neste momento, não analisaremos essas configurações 
familiares expostas aqui, já que a intenção é apenas demostrar que nossa vida 
está permeada de uma séria de dilemas e indagações, que como já estudamos 
nos capítulos anteriores, situações que são inerentes à própria existência do ser 
humano na terra, especialmente na suas relações familiares e intrafamiliares.
Nesse contexto, podemos observar que: 
As transformações histórico-sociais exigem, hoje, igualmente 
reformulações nas doutrinas tradicionais éticas sobre o relacionamento 
dos pais com os filhos. Novos problemas surgiram com a presença 
maior da escola e dos meios de comunicação na vida diária dos filhos. 
As figuras tradicionais, paterna e materna, não exigem, hoje, uma nova 
reflexão sobre os direitos e os deveres dos pais e dos filhos? Em especial, 
a reflexão sobre a dominação das chamadas minorias sociais chamou a 
atenção para a necessidade de novas formas de relacionamento dentro 
do próprio casal. O feminismo, ou a luta pela libertação da mulher, 
traz em si exigências éticas, que até agora não encontraram talvez as 
formulações adequadas, justas e fortes. A libertação da mulher, a 
libertação de todos os grupos oprimidos, é uma exigência ética, das mais 
atuais. E, como lembraria Paulo Freire, em seu Pedagogia do Oprimido, 
a libertação não se dá pela simples troca de papéis: a libertação da 
mulher liberta igualmente o homem (VALLS, 2003, p. 72).
Assim, Pieritz (2020, p. 74) expõe que se pode “perceber que os valores 
e princípios éticos e morais vão sendo renovados e reconfigurados conforme a 
própria evolução humana na terra, pois, a humanidade vem se transformando ao 
longo da sua história”.
Lembre-se de que estamos em movimento e em constantes transformações!
2.2 REFLEXÕES SOBRE A SOCIEDADE CIVIL
Prezado acadêmico! Neste subtópico, realizaremos apenas algumas 
reflexões e discussões, que são tidas como polêmicas, refletindo sobre a ética e a 
moral do dia a dia da sociedade civil em que vivemos e convivemos, buscando 
aprofundar nosso conhecimento acerca dos dilemas relativos ao mundo do 
trabalho e à propriedade.
Prezado acadêmico! Convidamos você a compreender um pouco mais sobre 
essas novas configurações familiares. Nesse sentido, procure pesquisar sobre o tema e 
leve os resultados de sua pesquisa para o próximo encontro de sua turma. Procure debater 
esse assunto à luz dos princípios éticos e morais já estudados.
DICAS
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
99
Nesse sentido, Valls (2003, p. 72) expõe o seguinte: 
Como falar de ética num país onde a propriedade é um privilégio 
tão exclusivo de poucos? E não é um problema ético a própria falta 
de trabalho, o desemprego, para não falar das formas escravizadoras 
de trabalho, com salários de fome, nem da dificuldade de uma 
autorrealização no trabalho, quando a maioria não recebe as condições 
mínimas de preparação para ele, e depois não encontram, no sistema 
capitalista, as mínimas oportunidades para um trabalho criativo e 
gratificante? Num país de analfabetos, falar de ética é sempre pensar 
em revolucionar toda a situação vigente.
Pieritz (2013, p. 51) complementa expondo que, nesse contexto, “faz-se 
necessária algumas reformas políticas e éticas, no que tange às regras de conduta 
referente ao modo de aquisição da propriedade e do trabalho. Essa reforma deve 
partir da reformulação dos nossos princípios morais e éticos e através da vontade 
política de nossos governantes”.
Assim, segundo Valls (2003, p. 73):
A crítica atual insiste muito mais, agora, sobre a injustiça que reside no 
fato de só alguns possuírem os meios da riqueza, e a crítica à propriedade 
se reduz sempre mais apenas aos meios de produção. [...] A propriedade 
particular aparece agora, nas doutrinas éticas, principalmente como 
uma forma de extensão da personalidade humana, como extensão do 
seu corpo, como forma de aumentar sua segurança pessoal, e de afirmar 
a sua autodeterminação sobre as coisas do mundo.
2.3 PONDERAÇÕES SOBRE OS DILEMAS DO ESTADO 
Acadêmico, realizaremos uma breve reflexão sobre algumas questões 
polêmicas do próprio comportamento ético e moral nos dias de hoje, que são 
relativos aos aspectos do Estado. 
Assim, podemos verificar que o Estado denota “ser muito mais complexo, 
pois os ideais políticos são um tanto mais complicados de se compreender” 
(PIERITZ, 2013, p. 51). Especialmente, quando verificamos a questão liberdade! 
Prezado acadêmico, agora o convidamos a compreender um pouco mais sobre 
essas novas configurações do mundo do trabalho e suas relações trabalhistas. Assim, 
procure pesquisar sobre os dilemas profissionais da profissão que você está exercendo 
hoje, e leve os resultados de sua pesquisa para o próximo encontro de sua turma. Contudo, 
procure debater esse assunto à luz dos princípios éticos e morais já estudados.
DICAS100
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Nesse sentido, de acordo com Valls (2003, p. 74): 
[...] a liberdade do indivíduo só se completa como liberdade do cidadão 
de um Estado livre e de direito. As leis, a Constituição, as declarações 
de direitos, definição dos poderes, a divisão destes poderes para evitar 
abusos, e a própria prática das eleições periódicas aparecem hoje como 
questões éticas fundamentais. Ninguém é livre, numa ditadura [...].
De tal modo, indaga-se: qual é a função do Estado?
Valls (2003, p. 75) complementa expondo que “os Estados que existem de 
fato são a instância do interesse comum universal, acima das classes e dos interesses 
egoístas privados e de pequenos grupos [...]. Em outras palavras, o Estado real 
resolve o problema das classes, ou serve a um dos lados, na luta de classes?”.
3 ÉTICA E LIBERDADE HUMANA
Antes de adentrarmos na discussão relativa à liberdade humana, 
gostaríamos de lhe contar a pequena história da “Águia e a Galinha”. Veja!
A ÁGUIA E A GALINHA
Numa tarde sonolenta de verão, voltava um criador de cabras do alto 
de uma planura verde. Quando passava ao pé de uma montanha, encontra 
um ninho de águias todo estraçalhado. Semicoberta por gravetos, havia uma 
jovem águia ferida na cabeça, parecia morta. Era uma águia-harpia brasileira, 
ameaçada de extinção no Brasil.
Recolheu a águia com cuidado e pensou em levá-la ao seu vizinho, que 
empalhava animais. Ele ficou admirado por se tratar de uma águia-harpia. 
Também supôs que estivesse morta e a colocou ternamente debaixo de uma 
cesta.
Na manhã seguinte, teve grata surpresa. Percebeu que a águia mexia 
levemente. Havia feridas em várias partes do corpo e a águia estava cega.
Sentiu muita pena da jovem águia. Por misericórdia, quase quis sacrificá-
la. Até encontrava razões para isso, visto que matam muitos animais pequenos, 
especialmente macacos, preguiças, lebres e patos. Sabia que, na Austrália, as 
águias são mortas às centenas por serem prejudiciais aos cangurus e outros 
animais pequenos.
Pensou muito, mas lembrou-se da tradição espiritual de Buda e veio-lhe 
à mente: “escolha a vida e viverá”.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
101
Por todos esses argumentos, decidiu preservá-la e tratá-la com carinho. 
Todo dia partia-lhe pedaços de pão e carne e a alimentava com dificuldade. 
Depois de um ano, começou a perceber que os sentidos despertavam para a 
vida. Primeiro os ouvidos. Depois, começou a se mover por si mesma. Andava 
pela sala e pelo jardim. Recuperou sua voz, mas continuava cega. Os olhos são 
tudo para uma águia. Seu olhar vê oito vezes mais que o olho humano.
Por fim, o empalhador decidiu colocá-la junto às galinhas. Durante dois 
anos circulava cega entre elas. Andava com dificuldade, pois suas garras não 
foram feitas para andar. Eis que um dia, a águia começou a enxergar. Depois de 
três anos de paciente cuidado, ela recuperara seu corpo de águia, porém, vivia 
como uma galinha.
Certo dia, um casal de águias passou por ali. Deu voos rasantes. Ao 
perceber as águias no céu, a águia-galinha espalmava as asas e sacudia a cauda. 
Seu coração de águia voltava a pulsar aos poucos.
Passado algum tempo, o empalhador recebeu a visita de um naturalista, 
que ficou perplexo ao ver a águia-galinha. Decidiram fazer um teste. O 
empalhador colocou-a no braço e falou-lhe: 
— Águia, nunca deixará de ser águia, estenda suas asas e voe. Vendo 
as galinhas, a águia deixou-se cair pesadamente. Fizeram nova tentativa, no 
terraço de sua casa, mas não funcionou.
Aí ambos se lembraram da importância do sol para uma águia e a 
levaram no alto da montanha, de frente para o sol. O empalhador sustentou 
fortemente a águia sob o olhar confiante do naturalista e disse: 
— Águia, você é amiga da montanha, filha do sol, eu lhe suplico: 
desperte de seu sono! Revele sua força interior. Abra suas asas e voe para o alto!
A águia ergueu-se soberba sobre o próprio corpo, abriu as longas asas, 
esticou o pescoço e alçou voo. Voou na direção do sol nascente. Voou até fundir-
se no azul do firmamento.
FONTE: BOFF, L. A águia e a galinha. In: TOMELIN, J. F.; TOMELIN, K. N. Do mito para a razão: 
uma dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. p.129-130.
Pieritz (2020, p. 77) expõe que: 
Nesta história da “Águia e a Galinha”, podemos verificar que a vida 
é feita de escolhas, e elas nos conduzirão para o nosso destino, mas, a 
nossa essência humana fala mais alto, ou seja, os valores e princípios 
éticos e morais são os nossos guias de comportamento, e é eles que 
revelam a nossa força interior.
102
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
“Faça como a águia, abra suas asas e voe para o alto! Tenha seu livre-
arbítrio em suas escolhas! Compreendendo seus princípios ético-morais, para ter 
um comportamento socialmente condizente com os preceitos pré-estabelecidos” 
(PIERITZ, 2020, p. 78).
Professora, o que é essa tal liberdade?
Vejamos!
Convido-lhe a fazer a seguinte leitura:
O QUE É A LIBERDADE?
Luísa Guimarães
Liberdade é um conceito encarado com bastante controvérsia. Um 
assunto que é discutido por muitos, os quais procuram uma resposta que 
parece inalcançável. Sempre foi, é, e penso que sempre será, uma das maiores 
questões da humanidade. Somos livres ou é uma mera ilusão? Temos limites e 
o outro tem limites?
Todos procuramos a liberdade, sendo que a falta desta apresenta uma 
das mais temíveis ameaças. Mas será que somos realmente livres?
 
O livre arbítrio é um apelo a essa liberdade, que se traduz no direito de 
agir de segundo própria vontade, na sensação de não depender de ninguém e 
no prazer de poder escolher, analisando antes as hipóteses que se encontram ao 
nosso dispor e ponderando sobre a nossa decisão final.
Este é um tema que, mesmo podendo não parecer, é bastante complexo, 
até para alguns filósofos. Ninguém aparenta ter a capacidade para responder à 
“simples” questão: O que é a liberdade? – uma pergunta intrigante que revela 
a complexidade de toda uma realidade com a qual não estamos habituados a 
conviver. Quando fazemos este tipo de questões a nós próprios apercebemo-
nos de que talvez não prestamos a devida atenção à maioria dos assuntos que 
nos rodeiam, dos mais simples aos mais labirínticos e, por vezes, desprezamo-
los quando, na verdade, podem ser dos mais importantes.
A liberdade está intimamente relacionada com a Ética uma vez que, 
agindo livremente, nós devemos ser responsabilizados pelos nossos atos e 
por isso devemos comportarmo-nos, em sociedade, da melhor forma para que 
ninguém seja prejudicado.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
103
De tal modo, pode-se expor que “a liberdade é uma das capacidades 
humanas de tomar decisões perante os grupos sociais a que pertencemos” 
(PIERITZ, 2020, p. 78). Segundo Pieritz (2013, p. 52): 
Devemos sempre partir do princípio de que a ética denota regras, 
normas e responsabilidades, mas também não podemos esquecer que 
a ética é um espaço de reflexão sobre a nossa vida cotidiana. Esta vida, 
que está pautada nos alicerces da moral humana em sociedade, deve 
também supor que todos os homens sejam livres.
Mediante as supracitadas informações. Indaga-se: o que é liberdade?
No Quadro 31, poderemos verificar elementos conceituais do que é 
liberdade, vejamos:
QUADRO 31 – CARACTERÍSTICAS CONCEITUAIS DE LIBERDADE
FONTE: <https://bit.ly/36ztu13>. Acesso em: 18 nov. 2020.
A LIBERDADE é:
• A capacidade de determinar.
• A posse das próprias faculdades.
• Poder agir segundo próprio discernimento.
• É o direito de fazer tudo quanto as leis permitem.
• A obediência à lei que nós mesmos nos prescrevemos.
• A faculdade de só obedecer às leis externas as quais, pude dar o meu 
assentimento.
• A segurança tranquila no exercício do direito.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 185)
Assim, para Pieritz (2013, p. 52):
Este é um assunto que deve ser discutido por todos nós para que 
possamos ter um contato mais cuidado e atento com as diferentes realidades 
que dão vida ao nosso mundoe para que possamos entender o outro e agir da 
melhor forma.
FONTE: <https://osraciociniosdeninguem.blogspot.com/2019/04/o-que-e-liberdade_22.html>. 
Acesso em 25 jun. 2020.
104
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Quantas vezes tivemos o sentimento de estarmos presos, ou seja, 
não tendo liberdade para fazer aquilo que realmente desejamos; ou 
simplesmente poder escolher entre uma ou mais opções; ou ainda sentir-
se livre para querer realizar as nossas mais subjetivas necessidades, tais 
como: escolher uma boa comida, comprar aquela roupa desejada, fazer 
aquele curso desejado e não imposto pela família ou sociedade, andar 
de bicicleta, fazer um esporte etc. 
Complementando nossa reflexão, verifique, no Quadro 32 e no texto a 
seguir, alguns aspectos importantes referentes à liberdade e às concepções da ética:
QUADRO 32 – CONCEITO DE ÉTICA
FONTE: <https://bit.ly/36ztu13>. Acesso em: 18 nov. 2020.
A ÉTICA é:
• A moral individual ou subjetiva, por oposição à moral social.
• A filosofia da moral.
• É a ciência cujo objeto é a moral.
• O ramo do conhecimento cuja finalidade é estabelecer os melhores critérios 
para o agir.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p.140)
Complementando essa questão, convido-lhe a fazer a seguinte leitura 
sobre liberdade e ética:
LIBERDADE E ÉTICA
Liberdade e ética, binômio fascinante. A mentalidade medíocre vê 
apenas uma face do ser humano. A mentalidade sábia vê o ser humano em 
todos os seus aspectos. A mediocridade é disjuntiva: liberdade ou ética, ética ou 
liberdade. A sabedoria é conjuntiva: liberdade com ética é ética com liberdade. A 
visão estreita fragmenta o ser humano. A visão ampla é arquitetônica. Engloba 
liberdade e ética. 
LIBERDADE E ÉTICA POSSUEM RECIPROCIDADE POSITIVA. 
Intercomunicam-se e interfecundam-se. A liberdade acelera a ética e a ética 
tonifica a liberdade. Interligadas, estimulam a “mútua criação”.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
105
A ética pressupõe a liberdade. A pedra, a planta, o animal e o homem 
coagido não exercem ato ético, porque não dispõem de liberdade para a atividade 
ética. Por outra parte, sem ética, a liberdade pode adotar procedimentos 
tortuosos. A LIBERDADE REQUISITA REFERENCIAIS ÉTICOS PARA MOVER-
SE COM LEGITIMIDADE. A ética oferece balizas aos passos livres. Valores éticos 
são flechas que apontam rumos à liberdade. A ética sinaliza trânsito aberto ou 
fechado para a arrancada da liberdade.
Liberdade e ética não são infalíveis. Podem tropeçar no percurso da 
vida. Estão sujeitas a falhas e a deformações. O eticismo é vazio de sentido. 
O autoritarismo ético veta inovações. A ética negativa proíbe iniciativas 
construtivas e condena atitudes lícitas. O fundamentalismo ético revela 
rigorismo patológico. Por outra parte, o libertarismo ilimita pretensões abusivas 
da liberdade. E não leva em conta a liberdade e os direitos dos outros. Também 
a liberdade pode ensandecer na irracionalidade.
A ética ditatorial avisa: “Aqui mando eu”. E a liberdade destemperada 
ameaça: “Sou livre e faço o que quero”. Ora, a ética tem a função de encaminhar 
a liberdade, e não de bloqueá-la arbitrariamente. E, por sua vez a liberdade nem 
sempre pode justificar-se a si mesma, porque acerta, mas também desacerta. 
Não basta ser livre para ter o direito de fazer tudo o que é executável. Com 
liberdade fazem-se maravilhas, mas também se faz o pior. Se bastasse ser livre 
para agir retamente, então matar com liberdade, estuprar com liberdade e 
rapinar dinheiro público com liberdade seriam procedimentos legítimos, mas 
são execráveis. Apesar de livres, são totalmente imorais. Pico Della Mirandola, 
protagonista do “humanismo orgulhoso”, confessa que se pode fazer “uso 
funesto da livre escolha”. Todo ser humano honesto reconhece que o direito à 
liberdade não sanciona ações criminosas praticadas livremente.
Sartre mostra que a liberdade é inerente ao ser humano. E, ao mesmo 
tempo, aponta o caráter ético da liberdade ao escrever que o “homem é livre 
porque, lançado no mundo, é responsável por tudo quanto fizer”. A liberdade 
possibilita a ética, e a ética salvaguarda a liberdade. Liberdade madura não 
dispensa a ética, e ética lúcida não amordaça a liberdade. O sujeito humano 
unifica, em si, liberdade e ética. Não se deve divorciá-las. Há que mantê-las 
organicamente articuladas.
Orientar eticamente a liberdade não é aprisioná-la, mas consolidá-
la. O mundo atual pede mais liberdade e mais ética. Juntas contribuem para 
que a humanidade seja autônoma e justa. Sem liberdade, a humanidade é 
submetida à escravidão. E, sem ética, é submetida a crueldades repugnantes. 
Rousseau diz que “só a liberdade moral torna o homem senhor de si mesmo”. A 
humanidade, quanto mais livre, deve ser mais ética. E quanto mais ética, deve 
ser mais livre. E concretizemos, com o pensamento e as mãos, a utopia de uma 
nova humanidade livremente ética e eticamente livre.
106
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
“O que mais irrita um tirano é a impossibilidade de pôr a ferros também o 
pensamento do homem”.
Poul Volarey
FONTE: ARDUINI, J. Antropologia: ousar para reinventar a humanidade. São Paulo: Paulus, 2002. 
Assim, segundo Pieritz (2013, p. 54), “sabemos que todos os homens 
necessitam de liberdade. Os animais também precisam dela. A liberdade pode ser 
entendida como um processo de poder fazer escolhas. Essas escolhas devem ser 
sempre pautadas sobre os nossos princípios morais e éticos, para que, assim, não 
possamos prejudicar os outros”.
Barroco (2000, p. 54) expõe que:
A liberdade como capacidade humana é, portanto, o fundamento de 
ética. Assim, agir eticamente, em seu sentido mais profundo, é agir 
com liberdade, é poder escolher conscientemente entre alternativas, 
é ter condições objetivas para criar alternativas e escolhas. Por sua 
importância na vida humana, a liberdade é também um valor, algo 
que valoramos positivamente, de acordo com as possibilidades de 
cada momento histórico. Por tudo isso, podemos perceber que a 
liberdade é também uma questão ética das mais importantes, pois 
nem todos os indivíduos sociais têm condições de escolher e de criar 
novas alternativas de escolha.
Logo, nesse contexto, Pieritz (2013, p. 54) expõe que:
O formato da vida em que estamos inseridos demonstra a situação 
de que os homens estão sempre tomando decisões sobre onde, como, 
para onde, o que estão fazendo ou vão realizar. A nossa própria 
existência pode ser considerada instável e incerta, porque mudamos 
de opinião o tempo todo. O mundo está em constante transformação 
e, por consequência, os nossos hábitos e costumes também, devido ao 
fato de que os seres humanos estão o tempo todo em movimento.
Conforme Pieritz (2013, p. 54), “não sabemos se choverá amanhã ou fará 
sol, não sabemos realmente o que pode acontecer no dia seguinte e nem o caminho 
que vamos tomar daqui para frente”.
Tomelin e Tomelin (2002, p. 128) colocam-nos que “nosso existir se 
constitui a cada dia, pois o homem não é algo pronto e acabado, é um ser em 
movimento e que tem possibilidades de escolha. O nosso existir revela uma 
escolha. Uma escolha de nossos pais, ao terem um filho e uma escolha nossa, de 
optarmos todos os dias pela vida”.
Então, de acordo com Pieritz (2013, p. 54): 
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
107
Podemos compreender que somos livres, temos o poder de escolha entre 
as inúmeras possibilidades que o universo nos proporciona. Só que não 
podemos esquecer que toda escolha denota uma responsabilidade, não 
vivemos isolados, mas numa sociedade e, perante ela, podemos, de certa 
maneira, influenciar os outros conforme as nossas próprias escolhas.
Pieritz (2020, p. 82) ressalta que “toda escolha que fazemos determinará a 
nossa própria existência junto ao grupo social que fazemos parte”.
Por fim, de acordo com Pieritz (2013, p. 55), “a moral, por meio das normas 
de conduta, determina como devemos agir perante a sociedade em que vivemos. 
E se devemos agir desse modo, conforme as diretrizes morais e éticas,é porque 
existe a possibilidade de as pessoas fazerem o contrário, ou seja, não agirem 
conforme as normas de conduta preestabelecidas pela sociedade”.
Temos a liberdade de escolha, pois muitas vezes nos indagamos se 
realmente devemos obedecer ou não a essas regras, pois cabe a cada 
um de nós decidir o que é certo ou errado, o que é fazer o bem ou o 
mal. É claro, essa decisão deve ser tomada à luz de nossos valores e 
princípios éticos, que foram e são constituídos pela sociedade como um 
todo (PIERITZ, 2013, p. 55).
Prezado acadêmico, agora, apresentaremos uma síntese da Unidade 1 do 
Livro de Relações humanas e sociais, para que você possa compreender um pouco 
mais as questões que permeiam no mundo da ética e da moral dos seres humanos. 
Vamos lá!
No entanto, sugerimos ler a obra toda, acessando o livro na biblioteca 
virtual através do seu AVA, pois é muito importante que você possa se empoderar 
dessas informações.
Vamos lá?!
108
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
O ESPAÇO DA ÉTICA NAS RELAÇÕES HUMANAS E SOCIAIS
Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
DO SER HUMANO E SOCIEDADE
O SER HUMANO
Pois bem, adentraremos numa discussão puramente filosófica no intuído 
de compreender melhor o tal do “SER HUMANO”, ou aquele ser chamado 
de “HOMEM” ou desmistificar aquele cara denominado simplesmente de 
“INDIVÍDUO”, que convive com os outros em sociedade.
Sabemos que somos diferentes das outras espécies de animais, tais como 
os gatos, cachorros, pássaros, cavalos, bois, tigres, elefantes, leões, rinocerontes, 
crocodilos, macacos, peixes, e muitos outros, pois, possuímos certas particularidades 
e complexidades que nos definem como homens e seres racionais, mas, então qual 
é o fator que nos classifica como diferentes? Vejamos:
Podemos dizer que os homens possuem um emaranhado de características 
que por si só o definem como um ser humano, pois “essa diferença complexa, faz 
com que cada ser humano sinta, pense e aja de forma diversificada” (TOMELIN 
E TOMELIN, 2002, p.110).
Nenhum homem é igual a outro homem, pois todos nós possuímos 
princípios, valores, personalidade e aptidões diferentes, ou seja, cada um de nós 
possui um conjunto de características parcial ou totalmente diferente do outro, 
possuímos visão de mundo também diferente. E são estas características que 
nos definem enquanto seres humanos. Então nunca poderemos generalizar a 
conceituação dos homens, pois nós somos complexos por nossa própria natureza.
Mas, então o que é o ser humano?
Podemos ver que, de acordo com Batista (2008, p.1), “o homem, sem 
dúvida alguma, é um ser eminentemente social, isto é, tem inerente em si a 
perpétua tendência a se agrupar, de unir-se aos seus semelhantes, não só para 
lograr atender aos fins que busca e deseja, mas também para satisfazer suas 
necessidades materiais e de cultura”, ou seja, podemos considerar que uma das 
primeiras características do ser humano é a SOCIABILIDADE, pois o homem 
vem se constituindo com tal pelo convívio com o outro. E por intermédio do 
convívio social que o homem começa a constituir seus princípios e valores éticos 
e morais, que norteiam todos os seus atos em sociedade. E esta convivência 
social do ser humano permeia por todas as fases da vida do homem, desde seu 
nascimento até sua morte. Assim, Batista (2008, p.01) complementa expondo que 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
109
“dessa forma, pode-se considerar que a vida em sociedade é o modo natural da 
existência da espécie humana” no mundo. E esta por sua vez só se torna possível 
por intermédio da sua comunicação com o outro e também por suas relações de 
trabalho, no qual a comunicação e o trabalho são fatores concretos de interação 
constantemente com seus semelhantes.
Aquele mundo que o ser humano vive e convive com o outro, em seu 
grupo socialmente constituído, mas também devemos compreender que nesse 
mundo do homem em sociedade existem as suas particularidades subjetivas, ou 
seja, a constituição íntima e pessoal do homem, que é formada por princípios e 
valores socialmente constituídos.
Assim, podemos expor que o homem é um ser complexo, pois além de sua 
natureza necessita se relacionar com os outros seres humanos, interagindo com 
todos os elementos culturais do seu grupo social. 
A SOCIEDADE
Então, agora que entendemos um pouco do significado do homem, devemos 
compreender o que define a sociedade em si, mas, antes de qualquer coisa devemos 
observar que cada grupo social possui características e cultura diversificada, nunca 
poderemos generalizar dizendo que a sociedade é universal e igual para todos os 
seres humanos no planeta. Cada sociedade é formada por um determinado grupo 
de homens e estes por sua vez possuem características, princípios, desejos, crenças 
e valores socialmente construídos por este determinado grupo social.
Neste sentido, o que é SOCIEDADE então? Vejamos:
Segundo Johnson (1997, p. 213) a SOCIEDADE “é um tipo especial de 
sistema social que, como todos os sistemas sociais, distinguem-se por suas 
características culturais, estruturais e demográficas/ecológicas. Especialmente, é 
um sistema definido por um território geográfico, dentro do qual uma população 
compartilha de uma cultura e estilo de vida comuns, em condições de autonomia, 
independência e autossuficiência relativas”.
A sociedade, então, pode ser considerada como um conjunto de pessoas 
que possui certa afinidade social entre si, pois vivem e trabalham no mesmo espaço 
territorial boa parcela de tempo, e ela vem sendo constituída historicamente 
através dos tempos, e essa convivência social desse grupo de pessoas acabam 
gerando um grupo social em si, formando a sociedade como a conhecemos.
Outro fator preponderante na composição de um grupo social, ou de uma 
sociedade, é a autonomia e solidariedade dos grupos e indivíduos, pois além dos 
componentes e aspectos que compõe os grupos sociais o ser humano não perde 
suas características subjetivas, ou seja, as suas particularidades pessoais, pois 
como sabemos o homem é um ser social, não sabendo viver isolado dos outros 
seres humanos. 
110
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
E esta cumplicidade solidária é que mantém a harmonia e o convívio 
social entre os homens, pois todos constituem socialmente suas regras sociais e 
num sentido colaborativo as mantém. Em outros termos, as pessoas necessitam 
trocar suas experiências e interagirem entre si, para fortalecer seus vínculos 
sociais e se manterem vivos, pois, como já sabemos, o homem necessita suprir 
suas necessidades, desejos e também ajudar a todos que convivem em seu grupo 
social, construindo, socializando e ajudando o grupo na tentativa de garantia da 
permanência do grupo social em si no mundo.
Você já pensou como seria a vida do homem se não houvesse essa 
constituição social, ou a sociedade? 
Vejamos, nós necessitamos do outro para podermos sobreviver, não 
só pelos fatores materiais, mas também, porque os seres humanos precisam e 
necessitam de afeto, atenção, dedicação, carinho e amor ao longo de sua existência, 
para assim possuir um sentido de pertencimento e continuidade. O homem 
necessita preponderantemente crer em alguma coisa, no qual vem depositando 
sua esperança, fé e respeito a alguma coisa, para assim se sentir útil perante a 
própria sociedade onde vive.
O “EU” só se completa com o “OUTRO”.
Então, podemos dizer que a convivência humana em sociedade se tornou 
uma necessidade física, psicológica e biológica de sobrevivência no mundo, pois 
nunca conseguiríamos viver isolado por muito tempo. Sendo que necessitamos 
da companhia do “outro” para nos constituir como seres humanos.
AS RELAÇÕES HUMANAS: UMA CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO
Pois bem, a teoria das relações humanas trabalha as questões dos ASPECTOS 
EMOCIONAIS do homem em suas relações de trabalho. No qual, determina que 
se o ser humano conseguir se sentir pertencente em um determinado local ele 
conseguirá melhores resultados em seus relacionamentos humanos e sociais, ou 
seja,o homem necessita fazer parte de um determinado grupo, para assim se sentir 
útil e realizar seus objetivos, mas, só este fator não é suficiente, ele precisa também 
relacionar-se informalmente com as outras pessoas do seu entorno, desenvolvendo 
laços de interação social sem as formalidades normais dos ambientes que está 
inserido, como os laços de amizade, de grupo, de equipe etc...
Outro fator exposto por esta teoria é que o ser humano necessitar 
desenvolver relações de cooperação, ou seja, participar e criar ações colaborativas 
e participativas, além de desenvolver um bom processo de comunicação com os 
outros. Em outros termos, o homem é um ser social complexo e esses elementos 
devem ser constantes na vida do homem, principalmente em suas ações e atitudes 
perante o grupo social a que pertence, para que assim possa desenvolver sua 
integração social e possibilitar boas relações humanas e sociais. O mesmo está 
representado no quadro a seguir.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
111
QUADRO: ELEMENTOS BÁSICOS DA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS
FONTE: a autora
Esses elementos bem desenvolvidos farão a diferença nas atitudes diárias 
dos seres humanos em suas diversas integrações sociais que vier a constituir, pois 
necessitam estar em grupo, para assim angariar melhores condições de vida.
Vimos, então, que a teoria das relações humanas trata do comportamento, 
ações e as atitudes humanas como aspectos de âmbito emocional do homem em 
seus diversos processos de integração social. 
O HOMEM ENQUANTO SER SOCIAL
Já falamos muito sobre o ser humano, agora discutiremos mais profundamente 
com relação ao homem enquanto ser social, pois como já vimos este fator social 
no ser humano pode ser considerada uma “herança genética que o define como ser 
humano” (MUSSAK, 2009, p. 1). E, portanto uma questão de formação genética em 
si mesmo, pois como já abordamos o homem só é homem por intermédio de suas 
relações e convivências sociais, adquiridas ao longo de sua história.
Aristóteles, 384-322 a.C (apud REIS, 2009, p. 1) nos coloca que “o homem é 
reconhecido como um animal social: pois qualquer um que não consegue lidar com 
a vida comum ou é totalmente autossuficiente que não necessita e não toma parte da 
sociedade, é um bicho ou um deus”. Assim, verificamos que não conseguimos viver 
sem estar em contato com o outro, seja direta ou indiretamente. Temos a necessidade de 
nos conectar com as outras pessoas, pois “o homem como ser social está envolvido de 
alguma forma evidente de relacionamento com outros: dando suporte, demandando, 
ditatorial, justa, explorativa ou altruísta. Tais características poderiam aumentar ou 
diminuir o bem-estar social subjetivo das pessoas” (REIS, 2009, p. 1). assim, podemos 
colocar que o homem só se constitui como homem, quando ele desenvolve contatos 
e relacionamentos com os outros homens em uma determinada sociedade ou um 
determinado grupo social. E “o homem só se realiza como pessoa na relação com os 
outros, relação essa que tem vários níveis e assume múltiplas formas: Universalidade; 
Sociabilidade e intimidade” (MUSSAK, 2009, p. 1).
112
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Então podemos dizer que o ser humano faz parte de um contexto 
universal, pois ele não está sozinho no mundo e no universo, socializando assim 
suas experiências e subjetividades com o outro em sociedade, pois necessitamos 
viver em sociedade para suprir nossas necessidades e realizar nossos sonhos, ou 
seja, sempre realizaremos alguma coisa ou tomamos uma atitude em função de 
um objetivo, seja ela pessoal ou coletiva.
Em outros termos, o homem não se constitui com ser humano sem 
a convivência com os outros seres humanos. É uma necessidade biológica à 
sociabilidade humana.
Mas então, como podermos analisar a nossa FUNÇÃO SOCIAL?
Todos nós fazemos parte de um contexto social, no qual desenvolvemos 
muitos papéis nos grupos a que pertencemos. E cada um desses papéis sociais 
possui uma função na sociedade em que vivemos, e que os mesmos denotam 
algumas características tais como: pertencimento, intimidade, produtividade, 
estabilidade e adaptabilidade.
Assim, podemos expor que, se o ser humano desenvolver constantemente 
esses elementos em seu convívio social possibilitará ao mesmo melhoria de suas 
condições de vida e integração social, pois como já estudamos é o desenvolvimento 
das relações humanas e sociais que determina o ser humano, sua vida em grupo, 
pois, “sem contato com o grupo social, o homem dificilmente pode desenvolver 
as características que chamamos humanas” (DIAS, 2000, p.71).
E como se dá o PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO dos seres humanos? 
Vejamos:
Segundo Dias (2000, p. 72), “ao nascer, a criança possui apenas potencialidades 
de tornar-se humana. Ao interagir com outros, passa por várias experiências, e vai 
sendo socializada. A esse processo, através do qual o ser humano vai aprendendo 
o modo de vida de sua sociedade, desenvolve a capacidade de “funcionar” como 
indivíduo e como membro do grupo, é que denominamos socialização”.
Então, o que é SOCIALIZAÇÃO?
Pois bem, “podemos definir socialização como sendo a aquisição das 
maneiras de agir, pensar e sentir próprias dos grupos, da sociedade ou da civilização 
em que o indivíduo vive. Esse processo tem início no momento em que nasce, 
continua ao longo de toda a sua vida e só acaba quando a pessoa morre” (DIAS, 
2000, p. 72). Já Johnson (1997, p.212) coloca-nos que o processo de socialização “é 
para a vida inteira, que ocorre à medida que pessoas adquirem novos papéis e se 
ajustam à perda de outros mais antigos”. Assim, podemos dizer que estamos em 
constante processo de socialização, ou seja, estamos nos socializando com os outros 
durante toda nossa existência na face da terra.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
113
Dias (2000, p. 72) complementa expondo que “embora haja elementos 
comuns na experiência de todas as pessoas, e mais ainda, na experiência de 
pessoas dentro de uma determinada sociedade, cada pessoa continua sendo 
única. Assim, cada homem é socializado de tal modo que sua personalidade é ao 
mesmo tempo muito parecida com a dos outros em sociedade e em outro sentido 
possui diferenças que a tornam única”.
Assim, Johnson (1997, p. 212) complementa expondo que SOCIALIZAÇÃO 
“é o processo através do qual indivíduos são preparados para participar de 
sistemas sociais”.
Segundo Dias (2000, p. 73) “o processo de socialização é um processo 
profundamente cultural, no sentido da definição de que cultura é tudo o que 
é socialmente aprendido e partilhado pelos membros da sociedade – inclui 
conhecimento, crença, arte, moral, costumes e outras capacidades e hábitos adquiridos 
pelos indivíduos em sociedade”.
Mas, então, quais seriam os principais AGENTES DE SOCIALIZAÇÃO 
do homem?
Vejamos:
Segundo Dias (2000, p. 73), “podemos identificar cinco principais agentes 
de socialização: a família, a escola, os grupos de “status”, os meios de comunicação 
em massa e os grupos de referência”.
A COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS
OS SENTIMENTOS HUMANOS
Falar de sentimentos e emoções parece bem fácil, mas caro aluno não é. 
Este tema possui certa complexidade de entendimento, portanto vamos por parte.
O que podemos compreender como SENTIMENTOS?
Vejamos:
“A socialização do indivíduo numa dada sociedade permite que ele adquira 
uma personalidade própria, que o diferenciará dos demais e ao mesmo tempo o identificará 
com o seu grupo social” (DIAS, 2000, p. 72).
UNI
114
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Os homens possuem uma diversidade e complexidade de sentimentos, 
emoções e atitudes, como por exemplo, amor, raiva, compaixão, carinho, alegria, 
tristeza e muitos outros, no qual o ser humano demonstra dependendo do momento 
e condição de vida a que estão vivenciando. Isto tudo está diretamente relacionado 
com os princípios e valores socialmente constituídos pelos homens, no qual refletem 
diretamente nas atitudes desenvolvidas por ele no grupo a que a pessoa pertence.Podemos dizer então que o sentimento nada mais é do que informações do nosso 
estado psicológico, ou seja, conforme nos sentimos estamos transmitimos determinado 
sentimento ou tomamos determinada ação e atitude perante o grupo social.
Os sentimentos podem ser de ordem positiva ou negativa, dependendo 
do contexto social em que o homem está vivenciando.
Vejamos agora alguns tipos de atitudes e sentimentos:
QUADRO – EXEMPLOS DE ATITUDES E SENTIMENTOS
ORGULHO VERGONHA CULPA REPUGNÂNCIA
SIMPATIA AMOR GRATIDÃO VEXAME
ÓDIO CONDESCENDÊNCIA AFEIÇÃO DESPREZO
APEGO PIEDADE REVERÊNCIA RESPEITO
CARINHO ALEGRIA RAIVA COMPAIXÃO
FONTE: A autora
Agora que compreendemos um pouco sobre os sentimentos e emoções 
humanas, podemos dizer que o homem é um ser social repleto de sentimentos e 
emoções, que ao longo de sua interação social transmite o seu estado psicológico em 
suas ações e atitudes, conforme sua cultura, conhecimento, hábitos e costumes.
Portanto, o que é CONVIVER com o outro?
Vejamos:
Sabemos que vivemos em sociedade, mas para que possamos conviver 
harmoniosamente com os outros homens, necessitamos compreender o como viver 
e conviver com o outro.
Primeiramente devemos colocar que conviver com os outros não é só estar com 
os outros, e sim conviver é estar se relacionando diariamente com a outra pessoa, além 
de possuir vínculos, intimidade, afinidades e familiaridade com este outro, ou seja, fazer 
parte ativa da história do outro. Fazer com que o outro também se sinta parte da sua 
vida e mostrar que ele é importante para a sua vida, pois, podemos dizer que o ato de 
conviver é mais forte do que apenas viver. Sendo que não conseguimos viver isolados, 
necessitamos estar em constante contato com os demais seres humanos. Necessitamos 
nos relacionar, interagir com o outro para assim nos tornarmos humanos.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
115
OLHANDO PARA VOCÊ... OLHANDO PARA OS OUTROS
Quando falamos nas questões dos relacionamentos humanos e seu 
comportamento moral, precisamos compreender que o homem só se constitui 
plenamente por meio do seu contato com os outros homens, seja somente com 
uma pessoa ou com grupos de pessoas.
E, nesse sentido, o que pega no relacionamento humano é o tato ou habilidade 
em se relacionar com o outro. Saber qual a melhor maneira de conviver em sociedade, 
pois “a eficiência em lidar com outras pessoas é muitas vezes prejudicada pela falta 
de habilidade, de compreensão e de trato interpessoal” (MINICUCCI, 2011, p. 31).
Com relação ao comportamento moral dos homens, chegamos numa 
encruzilhada que é a nossa própria consciência moral, pois como saber o que 
devemos fazer? O que é certo ou errado perante a sociedade? O que é o bem e 
como evitar o mal?
Pois bem, para efetuarmos um julgamento concreto sobre alguma situação da 
vida em sociedade, devemos nos pautar sobre todos os pressupostos éticos daquela 
sociedade em si, ou seja, seus princípios morais e seus costumes. Entretanto, sem 
esquecer que o que todo ser humano busca em suas ações cotidianas na sociedade 
é fazer sempre e somente o bem, pois é por causa e em nome deste bem maior que 
eles realizam tudo. 
Todas as nossas ações possuem um propósito, ou seja, um fim. Este fim 
somente é alcançado quando os homens realizam uma atividade para alcançá-los, 
vão em busca de seus objetivos e metas. Portanto, se realmente existe um motivo 
que visa tudo o que fazemos, este fim só poderá ser realizado se nós, seres humanos, 
o realizarmos através de ações/atividades. Elas, por sua vez, sempre estão na busca 
constante da realização do bem e da verdade e procurando a felicidade e o prazer.
Devemos compreender ainda que “as pessoas que tem mais habilidade 
em compreender os outros e tem traquejo interpessoal são mais eficazes no 
relacionamento humano” (MINICUCCI, 2011, p. 31). e isso nos mostra que 
devemos tentar compreender melhor as pessoas que estão se relacionando 
conosco, para assim poder desenvolver um bom relacionamento com eles, mas, 
devemos compreender o outro com os princípios e valores deste outro e nunca 
tentar compreendê-los com os nossos valores, pois cada um de nós constitui 
uma gama de valores e princípios um pouco diferentes, pois cada um de nós 
possuímos subjetividades e visão de mundo diferente.
Assim, o ser humano deve “aprender a aperfeiçoar sua habilidade 
em compreender os outros e a si próprio, adquirindo traquejo nas relações 
interpessoais” (MINICUCCI, 2011, p.31), pois, em nome de um bem maior, da 
realização de um prazer ou em nome da felicidade, as pessoas realizam muitas 
ações na sociedade. Às vezes, essas ações podem prejudicar outras pessoas.
116
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Complementando, Minicucci (2011, p.31) expõe que “a compreensão dos 
outros (um dos aspectos mais importantes nas relações humanas) é a aptidão 
para sentir o que os outros pensam e sentem”. E “essa aptidão denominamos 
SENSIBILIDADE SOCIAL ou EMPATIA” (MINICUCCI, 2011, p. 31).
Assim, de acordo com Ferraz (2010, p.119) a “empatia é a habilidade de 
se colocar no lugar de outra pessoa”.
Quando vamos lidar com as outras pessoas devemos ter tato, ou uma certa 
sensibilidade em tentar compreender a outra pessoa como ela realmente é, pois:
QUADRO – TRATATIVA COM AS PESSOAS
 FONTE: adaptado de Minicucci (2011, p. 32)
Assim, podemos observar que devemos compreender como as pessoas realmente 
são e como elas se comportam, e ao mesmo tempo devemos ter “jogo de cintura” 
com relação ao nosso comportamento perante ao grupo social a que pertencemos, 
pois necessitamos ter flexibilidade de ação em nosso comportamento, relativizando 
constantemente com o comportamento coletivo, para assim desenvolvermos uma 
interação social sólida e saudável, pois ao desenvolvermos a habilidade da empatia 
nós poderemos melhor compreender o outros, pois, “ela nos ajuda compreender as 
razões (por mais estranhas que pareçam) que levam alguém a fazer coisas que você 
jamais faria, como, por exemplo: passar horas praticando determinado esporte, que 
você detesta; valorizar o status, enquanto você não se importa com isso; gastar o que 
não tem, ou, então, economizar sem precisar” (FERRAZ, 2010, p. 119).
Portanto, para obtermos um bom relacionamento humano necessitamos 
ter EMPATIA (sensibilidade social) e uma boa FLEXIBILIDADE em nosso 
comportamento para assim desenvolvermos um bom repertório de condutas sociais 
perante o grupo social a que pertencemos. 
Assim, estas condutas sociais advindas de uma boa sensibilidade social 
e de uma boa flexibilidade comportamental proporcionarão ao ser humano 
possibilidade de uma melhora em sua qualidade de vida.
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
117
MELHOR CONHECIMENTO DE SI PRÓPRIO
Primeiramente necessitamos nos conhecer bem, para depois tentar conhecer 
as demais pessoas que estão ao nosso entorno, mas, essa ação não é tão fácil assim, 
pois “às vezes, não compreendemos por que temos certos tipos de comportamentos 
ou atitudes. Não tentamos verificar que isso pode acontecer porque temos dentro 
de nós CONFLITOS que não conseguimos resolver” (MINICUCCI, 2011, p. 33).
E esses conflitos são advindos dos princípios éticos e morais que constituímos 
ao longo de nossas vidas, pois, no que tange aos problemas éticos e morais do 
comportamento humano, observamos que a ética não é facilmente explicável, ao 
sermos indagados, mas todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada 
aos nossos costumes e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao 
nosso modo de vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade.
Nesse sentido observamos que todos nós possuímos princípios e valores 
que foram e são constituídos por nossa sociedade. E com relação a esses valores, 
cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o 
mal. Contudo, essa consciência moral é determinada por um consenso coletivo 
e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas de 
condutaque o regem. 
Tudo isso nos leva às questões dos princípios morais e éticos, que segundo 
Tomelin e Tomelin (2002, p. 89), “a palavra ética provém do grego ethos e significa 
hábitos, costumes e se refere à morada de um povo ou sociedade. A palavra moral 
provém do latim morális e significa costume, conduta”. 
A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento 
que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo 
ou errado, o que é bom ou mal, porém, esse comportamento sempre partirá do 
ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. 
A ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada 
povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento 
correspondente de cada grupo social.
E para iniciar o processo de compreensão de nós mesmos, deveremos 
primeiramente reconhecer quais são esses valores e princípios éticos que são a 
base de nossa convivência social, pois, Vazquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a 
ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou 
forma de comportamento dos homens [...]”, ou seja, o valor de ética está naquilo 
que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar 
uma ação ou uma atitude moral.
Como todos sabem, existem grandes transformações históricas no decorrer 
dos tempos em nossa sociedade. E com essas mudanças, o nosso comportamento 
também muda e, consequentemente, os nossos princípios morais também. 
118
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
Além do mais, nosso comportamento influencia diretamente as outras 
pessoas que estão ao nosso entorno e vice versa, ou seja, também somos influenciados 
pelo comportamento dos outros. Então necessitamos nos compreender melhor, 
saber reconhecer o que é certo e errado, o que é bom ou ruim para nós, e 
consequentemente para o grupo a que pertencemos.
MELHOR COMPREENSÃO DOS OUTROS
Agora que já percebemos que tudo está relacionado aos princípios 
morais e éticos dos seres humanos, e que estes é que norteiam o comportamento 
de cada homem, também devemos entender que as outras pessoas também 
os têm. Portando devemos tentar compreendê-las para assim melhorar nosso 
relacionamento pessoal ou social com as mesmas, pois, como já sabemos todos 
nós possuímos subjetividades e características diferentes.
E, o primeiro passo para construir um bom relacionamento com as outras 
pessoas é tentar compreendê-las como elas realmente são e saber respeitar as 
diferenças e não como nós as vezes gostaríamos que elas fossem. E para isso, 
devemos escutá-las e observar o seu comportamento, para que depois possamos 
analisar e compreender como a mesma age em sociedade, pois segundo Minicucci 
(2011, p. 35), “é muito difícil entender alguém pensando em planos mágicos como 
a astrologia, a leitura de cartas do baralho ou consultando uma quiromante”, 
pois, são dados abstratos, vindo do nada. Necessitamos de dados reais e concretos 
para assim poder compreender melhor as outras pessoas que convivem conosco. 
Minicucci (2011, p. 35) reforça essa questão expondo que “você 
poderá conhecer melhor as pessoas, observando seu comportamento, dando 
a elas a oportunidade de exporem seus pensamentos, sentimentos e ações, no 
relacionamento com seus semelhantes”, mas, para isso o ser humano necessita 
desenvolver uma SENSIBILIDADE SOCIAL, ou seja, estar aberto e sensível aos 
valores e princípios da outra pessoa. E, não ser rígido e querer ver os demais seres 
humanos agindo e se comportando como se fosse você.
E, é esta sensibilidade social que devemos aprimorar a cada dia de nossas 
vidas, para assim podermos nos relacionar melhor com os outros.
MELHOR CONVIVÊNCIA EM GRUPO
Sabendo compreender os demais membros de nosso grupo social 
desenvolveremos uma convivência mais harmoniosa com os mesmos, pois sem esta 
sensibilidade social nos transformaremos em seres cristalizados e intransigentes, 
pois, “você convive em grupo na família, na escola, no trabalho e em diversões. Por 
outro lado, papéis são desempenhados nesses grupos, como o papel de pai, de mãe 
e de filho” (MINICUCCI, 2011, p. 37).
TÓPICO 3 — A ÉTICA E AS RELAÇÕES HUMANAS NA ATUALIDADE
119
São os PAPÉIS SOCIAIS que desempenhamos a todo o momento, pois 
como já abordamos anteriormente, nós seres humanos exercemos diversas 
representações sociais ao longo do dia e de nossas vidas. Muitos autores o chamam 
como “papéis funcionais”.
Minicucci (2011, p. 37) expõe que “num processo de grupo, durante seu 
desenvolvimento, você poderá notar comportamentos tais como:
QUADRO 21
Apartes Expressões fisionômicas que traduzem ansiedade
Pouco caso Indiferença Agressividade Formação de panelinhas
Conversas 
paralelas Bloqueio ao grupo Esnobismo
Bloqueio a determinados elementos do grupo
FONTE: Minicucci (2011, p. 37)
E esses comportamentos e atitudes são reflexos diretos dos papéis sociais 
que estamos representando e do jeito que assimilamos o comportamento dos outros, 
pois, “sentindo esses tipos de comportamentos e sabendo como tratá-los, você terá 
condições de perceber como o grupo funciona e como os indivíduos interagem, e 
colocar sua atuação em função da realidade percebida” (MINICUCCI, 2011, p. 37).
Assim, devemos compreender como realmente é o funcionamento dos nossos 
grupos sociais, tais como a família, a escola, o trabalho entre outros, mas antes de 
tudo o ser humano precisa saber respeitar as DIFERENÇAS, sendo que todos nós 
possuímos particularidades e subjetividades diferentes.
Minicucci (2011, p. 37) coloca-nos que “dessa forma, desenvolvendo 
a sensitividade social, num grupo, você terá mais condições de levá-lo a um 
procedimento mais funcional e às relações mais amistosas”.
DESENVOLVIMENTO DE APTIDÕES PARA UM RELACIONAMENTO 
MAIS EFICIENTE COM O OUTROS
Quando falamos dos relacionamentos humanos e sociais, devemos 
procurar entender como o ser humano pode se relacionar melhor com o outro, e o 
que ele poderia fazer para melhorar seu relacionamento, para assim obter melhor 
convivência com seus semelhantes.
O ponto de partida seria o desenvolvimento ou aprimoramento de certas 
aptidões e habilidades no seu comportamento, como os processos de comunicação. 
Nesse sentido, Minicucci (2011, p. 38) coloca-nos que “à medida que você vai 
utilizando o conhecimento em si e dos outros, aprende a maneira de se comunicar 
mais eficazmente”, isto é:
120
UNIDADE 1 — A ÉTICA GERAL
FONTE: Adaptado de Minicucci (2011, p.38)
Sem saber se comunicar, o homem não conseguirá se relacionar com as outras 
pessoas, mas, no processo de comunicação devemos primeiramente saber ouvir as 
outras pessoas para depois desenvolver as outras funções da comunicação, como 
saber receber e avaliar as mensagens recebidas e nunca deixar de elogiar, dizer o que 
pensa e agradecer.
FONTE: Adaptado de Pieritz, V. L. H. Relações humanas e sociais. Indaial: Uniasselvi, 2012.
121
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Estudamos algumas questões polêmicas com relação aos dilemas éticos da 
nossa vida cotidiana.
• Estamos saindo das concepções universais, do todo, para um comportamento 
individualizado, privado, centralizando nossas ações aos fatos particulares 
de nossa vida em sociedade e não somente no contexto ético-moral universal.
• A nossa sociedade está permeada por dilemas ético-morais, nas mais diversas 
esferas, e que eles são frutos do livre-arbítrio das escolhas humanas.
• Possuímos a liberdade de escolher fazer o certo ou o errado, fazer o bem ou o 
mal, mas sempre pautados pelos princípios ético-morais universais do nosso 
contexto social.
• Os sensos do dever e da importância da decisão a ser tomada são muito 
importantes nessa discussão dos dilemas ético-morais que vivenciamos o 
tempo todo, para podermos mediar o nosso comportamento nas relações 
humanas e sociais.
• Refletimos sobre alguns dilemas no âmbito familiar, sociedade civil e Estado.
• A liberdade é uma das capacidades humanas de tomardecisões perante os 
grupos sociais a que pertencemos.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao 
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
122
1 Todos os homens necessitam de liberdade. A liberdade pode ser entendida como 
um processo de poder fazer escolhas. Essas escolhas devem ser sempre pautadas 
sobre os nossos princípios morais e éticos, para que, assim, não possamos 
prejudicar os outros. Com relação à liberdade, analise as sentenças a seguir:
I- A liberdade como capacidade humana é, portanto, o fundamento de 
ética. Assim, agir eticamente, em seu sentido mais profundo, é agir com 
liberdade, é poder escolher conscientemente entre alternativas, é ter 
condições objetivas para criar alternativas e escolhas. 
II- Por sua importância na vida humana a liberdade é também um valor, 
algo que valoramos positivamente, de acordo com as possibilidades de 
cada momento histórico. 
III- A liberdade é também uma questão ética das mais importantes, pois 
nem todos os indivíduos sociais têm condições de escolher e de criar 
alternativas de escolha.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) Somente a sentença II está correta.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
2 Todo grupo de pessoas que possui certa estabilidade ao longo da história 
forma uma estrutura social, no qual são regidas por normas e leis socialmente 
constituídas. Toda organização social desenvolve ou vem desenvolvendo 
diretrizes comportamentais para seus membros, para assim poder estruturar 
e regular todos os tipos de relações humanas.
Sobre a definição de estruturas sociais e humanas, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A estrutura social se refere aos padrões relativamente instáveis em que 
estão organizadas as relações sociais e que formam a estrutura básica 
da sociedade nas empresas. Estrutura é utilizada para identificar a 
organização societária de uma empresa.
b) ( ) A estrutura social se refere aos padrões relativamente estáveis e 
duradouros em que estão organizadas as relações sociais e que formam 
a estrutura básica da sociedade. Estrutura é utilizada para identificar a 
distribuição, em determinada ordem, das diversas partes de um todo. 
Assim, quando nos referimos à estrutura de algo, estamos nos referindo 
à interrelação das diversas partes que o compõem.
c) ( ) São os princípios legais de referência para o desenvolvimento de uma 
estrutura social e humana.
d) ( ) Estruturas sociais e humanas são os parâmetros, preceitos, normas, 
leis de referência universais, que definem as regras de conduta social e 
consente a medição das consequências do comportamento humano.
AUTOATIVIDADE
123
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VÁSQUEZ, A. S. Ética. 26. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
125
UNIDADE 2 — 
A ÉTICA JURÍDICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• aprofundar os conhecimentos acerca da ética nas profissões jurídicas, ou 
seja, a ética no direito.
• compreender a questão da justiça, igualdade e equidade.
• ampliar a percepção acerca da deontologia jurídica.
• proporcionar uma reflexão concernente aos princípios éticos comuns às 
carreiras jurídicas, perpassando pelos princípios da cidadania e liberdade.
• compreender as características principais da democracia.
• refletir sobre a ética em algumas áreas do direito.
• discutir sobre a dignidade da pessoa humana como fundamento da ética 
judicial e da justiça.
 Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
TÓPICO 2 – DEONTOLOGIA JURÍDICA
TÓPICO 3 – PRINCÍPIOS ÉTICOS COMUNS ÀS CARREIRAS JURÍDICAS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
126
127
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, agora que você já se empoderou dos conhecimentos 
acerca da “ética geral”, em que realizamos, na unidade anterior, uma reflexão sobre 
as noções da ética e da moral, suas características e diferenças, o desenvolvimentodo sujeito ético-moral e suas bases éticas-morais, a consciência e a conduta moral, os 
valores e princípios morais, a essência intrínseca da moral e os valores e princípios 
morais como princípios norteadores da ética, como também debatemos a respeito 
da ética e as relações humanas na atualidade, elucidando sobre as questões éticas 
atuais, a ética e a liberdade humana e, por fim, estudamos o espaço da ética na 
relação indivíduo e sociedade e suas relações humanas.
Ufa! Quanta coisa já absorvemos e elucidamos sobre a ética e a moral! 
Vale ressaltar que esses preceitos estudados na Unidade 1, do seu livro de 
Ética geral e jurídica, são tidos como a base conceitual para proporcionar a você a 
melhor compreensão da ética no âmbito profissional jurídico. 
Neste primeiro tópico, discorreremos sobre as nuances da “ética jurídica”, 
principalmente apresentando subsídios para você compreender as questões da 
ética nas profissões jurídicas, elucidando as principais características e elementos 
norteadores da ética no direito, como também será desenvolvida uma reflexão 
atinente à justiça na ética jurídica, à liberdade e equidade, à moralidade e justiça e à 
ética em algumas áreas do direito, como na área constitucional, civil e penal. 
Prontos para continuar nossos estudos sobre a ética? 
Vamos estudar sobre a ética no âmbito jurídico profissional?
FIGURA 1 – ÉTICA JURÍDICA
FONTE: <https://bit.ly/3ewCp8d>. Acesso em: 17 fev. 2021.
TÓPICO 1 — 
ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
128
2 A ÉTICA NO DIREITO E NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
Olá, caro acadêmico! Aqui, ofereceremos subsídios para você compreender 
a questão da ética no direito e nas profissões jurídicas. Para isso, primeiramente 
abordaremos aspectos correlacionados à relação da ética com o direito, mas antes, 
vamos aos conceitos de ética, moral e direito.
Lembre-se de que na Unidade 1 deste livro, expomos que “pode-se 
compreender que a ÉTICA reflete os hábitos e costumes gerais de uma sociedade, 
suas normativas e convenções, que fora institucionalizada pelo coletivo social, e 
a MORAL é a forma que conduzimos nossos atos perante o outro, ou seja, é a 
conduta em si” (PIERITZ, 2020, p. 11, grifo nosso).
Assim, colocamos que a ética pode ser compreendida como os pilares 
normativos de nossa conduta moral perante a sociedade em que vivemos e 
convivemos, pois é a ética que normatiza e dita as regras do jogo, expondo qual o 
melhor caminho a ser seguido. Já a moral denota a nossa decisão e a nossa ação a 
respeito das regras socialmente constituídas.
No entanto, o que é direito?
Vejamos!
QUADRO 1 – CONCEITO DE DIREITO
DIREITO
Poder legislativo de fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa.
A efetivação institucional da 
liberdade.
Processo de adaptação concernente às 
relações institucionalizadas de poder.
Conjunto sistemático das normas 
jurídicas, o tipo de comportamento 
que preveem.
Ciência que sistematiza as normas necessárias para o equilíbrio das relações 
entre o Estado e os cidadãos e destes entre si, impostas coercitivamente pelo 
Poder Público.
UNIVERSALIDADE DAS NORMAS LEGAIS
Que disciplinam e protegem os interesses ou regulam as relações jurídicas.
A palavra vem do latim popular directu, 
substituindo a expressão do latim 
clássico jus, que indicava as normas 
formuladas pelos homens destinadas 
ao ordenamento da sociedade.
Em contraposição ao jus, havia o 
faz, que eram princípios jurídicos 
cuja aplicação cabia aos pontífices, 
ministros religiosos.
Processo social de adaptação cuja finalidade é a paz e cujo critério é a justiça.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 112) e Guimarães (2016, p. 315)
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
129
Vejamos outras características importantes do direito:
QUADRO 2 – CONCEITO DE DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
DIREITO OBJETIVO
(jus norma agendi)
DIREITO SUBJETIVO
(jus facultas agendi)
Segundo Miguel Reale:
“Vinculação bilateral imperativo-
atributiva da conduta humana para a
realização ordenada dos valores de 
convivência”.
Segundo Miguel Reale:
“A autorização da norma jurídica para 
o exercício de uma pretensão”.
OBJETIVAMENTE SUBJETIVAMENTE
Direito é a realização da lei, a 
lei escrita, a norma de agir, de 
exteriorizar-se pela ação.
Direito é o interesse protegido pela 
ordem jurídica, o poder concedido a 
cada um de agir, de fazer ou deixar 
de fazer.
FONTE: Adaptado de Guimarães (2016, p. 315)
Nesse sentido, partiremos da premissa que “a ética tem papel importante 
para emprestar conteúdo a todo e qualquer comportamento. Desse modo, não há 
dúvidas de que também se manifesta, de forma bastante destacada, com relação ao 
Direito” (ALTOÉ; DOMINGUES, 2015, p. 74, grifo nosso), ou seja, o comportamento 
ético e moral nos trazem elementos para dirimir as premissas comportamentais no 
âmbito do direito, pois o comportamento profissional dos operadores do direito 
também é regulado pelos princípios éticos e morais, como de todos os cidadãos que 
vivem em sociedade.
Assim, de acordo com Rezende e Moreschi (2014 apud SILVEIRA, 2018, p. 
14-15, grifo nosso), “a ética e o direito, dentre todas as formas de comportamento 
humano, a jurídica é a que guarda maior intimidade com a moral. Através da ligação 
de intimidade entre moral e direito é que se estabelece o relacionamento entre a 
ética e o direito”, pois, se nesse comportamento humano não preconizar os preceitos 
ético-morais “[...] com certeza absoluta irá sofrer as sanções do direito” (REZENDE; 
MORESCHI, 2014 apud SILVEIRA, 2018, p. 14-15).
Mediante o exposto, Polizel (2013, p. 3, grifo nosso) complementa expondo que:
Se aceitarmos que, na justificação do direito vigente, deve-se considerar 
a tábua de valores aceita pela sociedade em referência, então a ética, 
enquanto princípio dominante na formação da consciência jurídica 
estará presente no julgamento axiológico de toda norma jurídica de 
caráter atributivo. Só essa diretriz deontológica permitirá a existência 
de uma política jurídica para a construção do direito que deve ser e 
como deva ser.
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
130
Desse modo, em âmbito jurídico, os preceitos éticos e morais são ainda 
mais notórios e vivos, pois estão presentes na própria norma jurídica, que regula 
como deve ser o comportamento dos homens em suas relações humanas, sociais, 
políticas e econômicas.
Nesse sentido, pode-se observar que existe uma intimidade entre o direito e 
as concepções ético-morais, pois, para Silva e Gonçalves (2015 apud SILVEIRA, 2018, 
p. 15, grifo nosso), essa intimidade acontece “pelo fato que juntas disciplinam a 
relação entre os homens através de normas, impondo uma conduta obrigatória”, 
ou seja, tanto a ética como o direito desenvolvem normativas, códigos, preceitos e 
leis que disciplinam o comportamento humano.
Polizel (2013, p. 4) reforça essa discussão expondo que é o “caráter 
normativo de ética que a colocará em íntima conexão com o direito”. Vale ressaltar 
que no âmbito da moral, esses preceitos éticos são constituídos internamente, ou 
seja, de acordo com Silva e Gonçalves (2015 apud SILVEIRA, 2018, p. 15), “a vida 
moral que levamos está focada no nosso interior, de uma consciência individual 
de uma intimidade pessoal de uma análise com sua própria consciência”. Na 
questão dos preceitos morais, entra a consciência humana de fazer ou deixar de 
fazer, segundo as normas éticas.
Contudo, no âmbito do direito ou da práxis jurídica, esse regramento 
do comportamento humano é tido como externo, pois, segundo Pereira (2017 
apud SILVEIRA, 2018, p. 15), na “vida jurídica ela é exterior, pelo fato de que a 
observância da norma jurídica não depende da consciência. A legalidade de um 
proceder consiste na mera adequação externa do ato à regra; sua moralidade na 
concordância interna”. Na questão dos preceitos jurídicos, entra o ato em si de 
cumprir, ou não, as regras e normas legais. 
Assim, Silveira (2018, p. 15, grifo nosso) complementa expondo que no “ato 
moral, ele parte de umaatitude com discernimento e o ato jurídico é praticado 
inconscientemente e não irá perder esse atributo.” Então, a diferença está na 
atitude consciente ou inconsciente do ato em si.
Lembre-se!
• No comportamento ético-moral, os preceitos normativos do comportamento 
humano, instituídos socialmente, são por adesão, ou seja, as pessoas têm o 
poder da escolha, e assim agir de forma consciente, conforme o seu livre arbítrio.
• Já no direito, as leis e normativas são obrigatórias para todos. Em outros termos, 
as pessoas devem cumprir as normativas, códigos, preceitos e leis instituídas 
pelos poderes executivo, legislativo e judiciário.
Outro fator importante é que:
As leis jurídicas são identificadas pela sua coercibilidade.
As leis éticas, pela sua motivação interna. 
Os valores éticos envolvem as distintas concepções de bem e visam 
respeito à individualidade e identidade das pessoas.
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
131
As regras jurídicas são originárias de um sistema legislativo e valem 
para determinada comunidade política.
As normas morais são universalíssimas e valem para todos os seres 
humanos, independentemente de suas concepções de bem e valores 
pessoais. 
A necessidade de justificação pública é comum às leis jurídicas e às 
normas morais (WEBER, 2015, p. 294, grifo nosso).
Vale salientar que “o jurídico e o moral têm em comum a justificação 
pública e obedecem ao critério da universalidade [...], ou seja: o que confere 
legitimidade às normas é a sua capacidade de serem justificadas universalmente” 
(WEBER, 2015, p. 302), pois tanto as normas éticas como as jurídicas são validadas 
pelo coletivo e são para todos.
No que tange à ética, ao direito e à moral em si, precisamos compreender que:
• Existe uma neutralidade ética no direito.
• Os princípios e valores ético-morais necessitam da proteção das normas e 
leis jurídicas.
• As normas e leis jurídicas são a capa protetora do comportamento ético e 
moral dos seres humanos.
• As leis e normas jurídicas valem para todas as comunidades éticas e morais, 
mas cada qual, segundo suas normativas locais, regionais e nacionais.
3 A QUESTÃO DA JUSTIÇA NA ÉTICA JURÍDICA
Verificamos que o direito denota o desenvolvimento de um processo 
social, político e econômicos, a qual possui por finalidade a busca e manutenção 
constante da paz, tomando por critério intrínseco a justiça.
Essa justiça pode ser compreendida como “a virtude de dar a cada um 
aquilo que é seu. A faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência” 
(FERREIRA, 2008, p. 500). Nesse sentido, a justiça denota a consciência humana 
de julgar de acordo com as normas jurídicas, leis e diretrizes, o que é de direito 
de cada cidadão.
Prezado acadêmico! Para Weber (2015, p. 303), “a neutralidade ética do Direito 
visa assegurar a realização dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos dentro de 
seus diferentes valores éticos”.
NOTA
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
132
Desse modo, Perelman (2005, p. 9) complementa expondo que a justiça é 
“dar a cada um a mesma coisa; dar a cada um segundo seus méritos; dar a cada 
um segundo suas necessidades; dar a cada um o que a lei lhe atribui”. Em outros 
termos, pode-se expor que a justiça permite que os seres humanos conquistem 
tudo o que as leis e normas os permitirem, sejam por seus méritos, necessidades 
ou por intermédio das legislações, e que essas sejam normas iguais para todos, 
para a universalidade.
Vejamos, no Quadro 3, mais algumas características do conceito de justiça:
QUADRO 3 – CONCEITO DE JUSTIÇA
JUSTIÇA
Conformidade com o direito, o 
preceito legal.
Poder de julgar, de aplicar os 
dispositivos legais.
Equilíbrio perfeito que estabelece a moral e a razão entre o direito e o dever.
A definição consagrada é de Ulpiano:
“Justiça é a vontade constante e perpétua de dar a cada um o que é seu”.
Valor concernente ao JUSTO.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 176) e Guimarães (2016, p. 480)
Assim, mediante os conceitos supracitados, pode-se expor que a justiça 
pode ser entendida como o equilíbrio constante no julgamento e aplicabilidade 
universal das normas e leis, proporcionando a garantia dos direitos e deveres 
institucionalizados e formalizados mediante a lei escrita.
Johnson (1997, p. 133) ainda expõe que, “no sentido mais simples, justiça é 
um conceito que se refere à equidade e ao processo de pessoas conseguirem aquilo 
que merecem”, pois nem sempre os efeitos das leis e normas são igualitários e 
justos para todos os homens. Sob esse prisma, vale destacar que:
 
Os princípios de justiça são de justificação pública; [...] compartilháveis por 
todos os cidadãos. Contudo, o cidadão se vê protegido em sua identidade 
ética enquanto seus valores não conflitarem com os princípios do justo. 
As pessoas precisam ser protegidas em seus valores éticos através das 
leis jurídicas e das leis morais. 
As liberdades de consciência religiosa e de expressão são bons exemplos 
disso. É por isso que procuramos proteção na comunidade jurídica e na 
comunidade internacional. 
A diferença é que as leis jurídicas valem para determinada comunidade 
política e as leis morais para a comunidade internacional, portanto, 
até mesmo para os apátridas. Se estes não se veem protegidos por uma 
comunidade ética nem por uma comunidade jurídica deverão sê-lo pela 
comunidade dos seres humanos (WEBER, 2015, p. 303, grifo nosso).
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
133
Mediante essa afirmação de Weber (2015), podemos colocar que a justiça 
possui por premissa o caráter público, pois é para todos, e que a justiça está 
permeada pela proteção dos valores e princípios éticos-morais dos seres humanos, 
desde que seja justo, e para isso, as pessoas são protegidas pelos regramentos 
jurídicos e morais.
No entanto, o que é justo?
Justo, para Cunha (2011, p. 177), é “a medida do bem. O que é adequado, 
justificado”. Nesse sentido, Ferreira (2008, p. 500) complementa expondo que justo 
é estar “conforme à justiça, à equidade, à razão. Imparcial, íntegro, exato, preciso. 
Legítimo, fundado. Homem virtuoso”, ou seja, justo é aquilo que é apropriado e 
imparcial para todos os seres humanos.
Assim, pode-se expor que ser justo é ter um comportamento pautado nas 
regras legais, mas sempre levando em conta as diferenças, a imparcialidade e a 
integralidade, pois, de acordo com Perelman (2005, p. 19), os “seres de uma mesma 
categoria essencial devem ser tratados da mesma forma”, ou seja, deve haver equidade 
no tratamento das regras e leis institucionalizadas, pois devemos compreender que 
os “casos semelhantes devem ter tratamento semelhante” (WEBER, 2015, p. 294).
Continuando nossa discussão sobre a justiça, apresentaremos, nesse 
momento, algumas dimensões da justiça, segundo as concepções de Aristóteles, 
Sócrates, os romanos e os sofistas. Vamos lá!
QUADRO 4 – DIMENSÕES OU CONCEPÇÕES DA JUSTIÇA
AS DIMENSÕES OU CONCEPÇÕES DA JUSTIÇA
Para os sofistas
• Devem-se afastar as definições absolutas e todos os tipos de 
ontologia ou metafísica sobre os valores sociais, relativizando 
a justiça, sob o pressuposto da contingência das leis.
Para Sócrates
• A justiça compreende também a dimensão política, pela 
qual cada pessoa deve cumprir na sociedade a função que 
lhe incumbe, de forma que estabelece o primado da ética 
do coletivo sobre a ética do individual.
• A virtude está no conhecimento, base do agir ético, por isso 
a felicidade das pessoas só será atingida com a erradicação 
da ignorância por meio, principalmente, da educação.
Para os 
romanos
• A justiça tem uma essência altruísta individual, é voltada 
para os outros, significando que devemos evitar fazer aos 
outros o que não queremos que eles nos façam.
Para 
Aristóteles
• Considera a justiça como uma virtude da pessoa humana, 
sendo que a ética, como ciência prática, incumbir-se-ia em 
definir o que é justo e o que é injusto.
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
134
• Apenas o conhecimento em abstrato do conteúdo da 
virtude não basta parase chegar à felicidade, necessária a 
realização da virtude, que se adquire pelo hábito.
• Imprescindível, pois a prática ética, segundo ele, cumpre ao 
juiz equalizar as diferenças surgidas das desigualdades.
FONTE: Adaptado de Bezerra (2010, p. 271-272)
3.1 SENTIDOS DA JUSTIÇA
No que tange aos sentidos da justiça, convidamos você a compreender 
algumas concepções da justiça no âmbito jurídico, distributivo e social. Vejamos!
QUADRO 5 – SENTIDOS DA JUSTIÇA
SENTIDOS DA JUSTIÇA
Em sentido jurídico
• A justiça consiste em tratar a todos de acordo com a lei, 
em garantir os direitos civis e seguir de forma coerente 
e imparcial as normas prescritas.
A justiça distributiva ou social implica ideias menos precisas sobre o que é 
justo, em especial na distribuição de recursos e recompensas, como a riqueza.
Justiça distributiva • É a justiça que se pratica pela distribuição dos bens existentes.
Justiça social • É a justiça que leva em conta as desigualdades sociais.
FONTE: Adaptado de Johnson (1997, p. 133), Cunha (2011, p. 176) e Guimarães (2016, p. 380)
Assim, pode-se verificar que existem três sentidos na justiça, a jurídica, 
distributiva e social, que denotam que:
• todos são tratados de forma igualitária perante a lei;
• as leis devem ser aplicadas de forma coerente e imparcial;
• haja distribuição igualitária dos bens e recursos a todos;
• seja levado em consideração as desigualdades sociais.
Relativismo: “Doutrina ou tendência segundo a qual o significado ou valor 
de algo varia conforme a situação ou as relações com os outros elementos e valores” 
(FERREIRA, 2008, p. 694).
Altruísmo: “Sentimento de quem põe o interesse alheio acima do seu próprio” (FERREIRA, 
2008, p. 114).
NOTA
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
135
Complementando, Bittar e Almeida (2001, p. 119, grifo nosso) expõe que: 
A justiça total destaca-se como sendo a virtude (total) de observância 
da lei. A justiça total vem acompanhada pela noção de justiça particular, 
corretiva, presidida pela noção da igualdade aritmética (comutativa, 
nas relações voluntárias; reparativa, nas relações involuntárias) ou 
distributiva, presidida pela noção de igualdade geométrica.
Entretanto, o que é igualdade?
De acordo com Cunha (2011, p. 159), a igualdade é a “característica do que 
é igual. Critério segundo o qual se atribuem ou reconhecem, às pessoas, bens ou 
direitos iguais”. Ferreira (2008, p. 460) complementa expondo que a igualdade 
denota a “qualidade ou estado de igual. Expressão com o qual se afirma que duas 
entidades (com o sinal = entre elas) são iguais ou devem ser assim consideradas”.
Saiba que todos os cidadãos possuem o direito à igualdade, a qual está 
estampada no preâmbulo da Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988, que assim expõe:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia 
Nacional Constituinte para instituir um estado democrático, destinado 
a assegurar o exercício:
• dos direitos sociais e individuais;
• a liberdade;
• a segurança;
• o bem-estar;
• o desenvolvimento;
• a igualdade; e
• a justiça (BRASIL, 1988 apud CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p. 3, grifo 
nosso).
Então, qual é o direito à igualdade e o que este direito exprime? Vejamos!
QUADRO 6 – DIREITO À IGUALDADE
DIREITO À IGUALDADE
• Somos todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
• A igualdade é o mais vasto dos princípios constitucionais.
o Ela garante o indivíduo contra toda má utilização que se possa fazer da 
ordem jurídica.
• A função do princípio constitucional da igualdade é a de informar e condicionar 
todo o resto do direito.
o É por intermédio dele que o ordenamento jurídico pátrio assegura a todos, 
indistintamente, os direitos e prerrogativas constitucionais.
• A igualdade é um direito subjetivo.
• Deve-se, contudo, buscar não somente essa aparente igualdade formal, mas, 
principalmente, a igualdade material, uma vez que a lei deverá tratar igualmente 
os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades.
FONTE: Adaptado de Lenza (2014), Mascarenhas (2008), Pieritz (2013) e Cunha (2011)
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
136
Vale salientar que a igualdade é concebida como uma das garantias 
constitucionais expostas no caput do Art. 5° da Constituição do Brasil de 1988, no 
qual o Inciso I trata em específico da igualdade entre homens e mulheres: “Homens 
e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos dessa Constituição” 
(BRASIL, 2012, p. 13, grifo nosso).
De tal modo que, segundo Pieritz, Bonetti e Franzmann (2016), “pode-
se expor que este preceito constitucional nos traz referência a uma igualdade 
irrestrita, integral, incondicional e absoluta entre homens e mulheres, sejam 
brasileiros ou estrangeiros, pois ambos possuem direitos e deveres perante a 
sociedade em que vivem e convivem”.
O que é IGUAL?
Conforme Ferreira (2008, p. 460), igual é “quem tem a mesma aparência, 
estrutura ou proporção. Idêntico. Que tem o mesmo nível, plano. Que tem a 
mesma grandeza, valor, quantidade, quantia ou número, equivalente. Da mesma 
condição, categoria, natureza etc.”, ou seja, de acordo com Cunha (2011, p. 159), 
igual denota o “idêntico. Com relação ao outro, o que dele se distingue apenas 
pelas singularidades”. Então, igual significa aquilo que tem condições idênticas 
ou semelhantes.
3.2 A DIMENSÃO DA JUSTIÇA COMO EQUIDADE
No que tange à dimensão da justiça com equidade, devemos primeiramente 
compreender o sentido estrito do conceito de equidade, nesse sentido, vejamos 
que, para Guimarães (2016, p. 362, grifo nosso), a equidade é um:
Conceito advindo da filosofia e da doutrina do direito natural, 
geralmente associado a um conjunto de princípios de justiça, fundados 
na razão humana e na ética, que induzem o julgador a um critério 
de moderação ao preferir decisão, para suprir as lacunas na lei ou 
modificar o rigor das normas, tornando-as mais humanas e amoldadas 
às circunstancias fáticas.
Denotando, assim, que a justiça necessita ser equânime, ou seja, a justiça 
precisa considerar as diferenças, proporcionando mecanismos para tornar iguais 
os desiguais, como você poderá visualizar na Figura 2.
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
137
FIGURA 2 – EQUIDADE, MUITO MAIS DO QUE IGUALDADE
FONTE: <https://bit.ly/3t4hSM4>. Acesso em: 17 fev. 2021.
A Figura 2 demostra como a justiça trataria pelos princípios da igualdade 
e como lidaria a mesma questão pelo princípio da equidade, pois, na igualdade, 
apenas trataria conforme as regras e legislações iguais para todos, sem diferenciação, 
já na equidade, levaria em considerações as diferenças, buscando equiparar as 
diferenças, para proporcionar o acesso ao mesmo direito a todos.
Entretanto, o que é EQUIDADE?
Vejamos!
QUADRO 7 – CONCEITO DE EQUIDADE
EQUIDADE
É o critério básico de justiça, que 
através das diferenças busca a 
igualdade.
É a igualdade, retidão, equanimidade.
É a justiça do caso concreto. É a interpretação mais branda das normas jurídicas.
É o critério de julgamento em que,
no interesse da justiça, há liberdade para aplicar ou não a norma legal.
É a aplicação circunstanciada da norma no caso concreto, sem o excessivo 
apelo à letra da lei.
É a disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um, justiça.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 135), Guimarães (2016, p. 362) e Ferreira (2008, p. 358)
Assim, podemos visualizar que a equidade denota a igualdade das diferenças, 
e a justiça reconhece, assim, o direito de cada ser humano, conforme suas diferenças 
e o caso concreto.
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
138
Lembre-se de que as legislações possuem um regramento geral, mas os 
magistrados os interpretam conforme o caso concreto, levando em consideração 
em suas decisões a questão da equidade.
3.3 MORALIDADE E JUSTIÇA
Vale demostrar ainda alguns aspectos correlacionados à moralidade e à 
justiça, no qual Silveira (2018, p. 15) expõe que “a justiça é uma lei ética, porém 
existem algumas diferenças entre moralidade e justiça”, que estãoapresentadas 
no quadro a seguir. Vejamos! 
QUADRO 8 – DIFERENÇAS ENTRE MORALIDADE E JUSTIÇA
DIFERENÇAS ENTRE MORALIDADE E JUSTIÇA
PRIMEIRA 
DIFERENÇA
É que a justiça não só impõe deveres como estabelece um estilo de 
direito correspectivo. A obrigação de um é correlata a faculdade 
de outro tornando-se dois aspectos analíticos da mesma situação, 
ou seja, da mesma coisa.
Já a lei moral não se comporta literalmente e correlativamente, 
porém é um processo unilateral.
Exemplo: ‘ama o teu próximo como a ti mesmo’, intimando a 
mim mesmo um dever.
SEGUNDA 
DIFERENÇA
É que o direito como norma de cooperação externa não entra 
em função se não depois que a atividade seja exteriorizada.
A lei moral inversamente domina também as determinações 
interiores que se consuma entre o domínio interno da vontade 
humana com a lei.
De acordo com Guimarães (2016, p. 362, grifo nosso):
• “O CPC informa que o juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
• Hipóteses em que há expressa autorização da aplicação da equidade são encontradas 
na CLT, de forma subsidiária, e na lei que regula os procedimentos perante os Juizados 
Especiais, nesse último caso, como fonte direta do Direito.
• O CTN admite o emprego da equidade pelas autoridades administrativas, de forma 
supletiva, e desde que não ocorra, por força de sua aplicação, a dispensa de tributo devido.
• Nas decisões proferidas em procedimento arbitral, um dos requisitos exigidos para a 
sentença é trazer os fundamentos da decisão, mencionando-se se foi dada por equidade”.
NOTA
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
139
TERCEIRA 
DIFERENÇA
É que os preceitos morais não podem ser coercitivos, isto é, não 
podem ser solicitados por via de coação judicial, ou seja, a sanção 
moral é totalmente espiritual.
FONTE: Adaptado de Carvalho (2008 apud SILVEIRA, 2018, p. 15-16)
4 APONTAMENTO SOBRE A ÉTICA EM ALGUMAS ÁREAS DO 
DIREITO
Prezado acadêmico! Agora apresentaremos brevemente características da 
relação de algumas áreas do direito com os preceitos éticos, para compreender que no 
âmbito jurídico também permeiam os preceitos de um comportamento ético e moral.
4.1 A ÉTICA E O DIREITO CONSTITUCIONAL 
A ética está intrínseca no direito constitucional brasileiro, pois a 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é tradicionalmente 
conhecida como a “Constituição Cidadã”, como também podemos chamá-la de 
“Constituição Ética”, porque, para Silveira (2018, p. 16), “nela não se abrange 
somente regras jurídicas, mas tem espaço para vários núcleos éticos, históricos 
econômicos políticos sociais que foram valorizados pelos nossos constituintes”. 
Silveira (2018, p. 16) complementa expondo que “a constituição brasileira 
possui vários princípios voltados para moralidade sendo um dos pilares para a 
administração pública. Além de princípios voltados para moralidade, encontramos 
vários princípios voltados para a Ética”. Nesse sentido, vale, aqui, expor que: 
Na Constituição Federal de 1988 é possível notar, em diversos 
dispositivos, a presença de preceitos éticos, como o princípio da 
moralidade administrativa, previsto no caput Art. 37 e a dignidade da 
pessoa humana Art. 1º, III. Todavia, essas não são as únicas situações 
em que a ética se manifesta no texto constitucional, cite-se como 
exemplo os princípios elencados no preâmbulo da Carta Magna, a 
saber: a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos (SILVA, 2009, p. 1).
Assim, pode-se visualizar que, no direito constitucional brasileiro, tem-
se por diversas vezes as premissas do comportamento ético-moral estampados 
em seus precitos constitucionais, como esses exemplos apresentados por Silva 
(2009) e Silveira (2018) de preceitos éticos que estão contidos na Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988:
• liberdade;
• igualdade;
• fraternidade;
• justiça; 
• cidadania;
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
140
• democracia;
• dignidade da pessoa humana;
• segurança;
• bem-estar.
Demostrando, assim, que a Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988 é uma carta de princípios éticos e legais.
4.2 A ÉTICA E O DIREITO CIVIL 
Partiremos do princípio que o Direito Civil tem por base os preceitos 
constitucionais de 1988, e, nesse sentido, também possuem como norte os preceitos 
éticos e morais como base das normativas cíveis.
A ética no direito civil já vem estampada nos seus três princípios gerais que 
são a Eticidade, a Socialidade e a Operabilidade, mas principalmente na eticidade, 
pois ela exprime no seu âmago a importância dos princípios e valores éticos e 
morais, ou seja, a boa-fé, igualdade e a justiça, para que assim possa proporcionar 
à população brasileira melhores condições de vida em seu relacionamento social, 
político e econômico.
Salienta-se que a eticidade é tida como um princípio, ou seja, o Princípio 
da eticidade, que é a base ética do Código Civil brasileiro. Assim a eticidade está 
diretamente ligada com a socialidade e a operabilidade das normas legais de 
âmbito civil, pois, as três são concebidas como o alicerce do Código Civil no Brasil, 
pois, a eticidade é o atributo essencial que norteia o comportamento individual do 
ser humano, e esse comportamento está pautado pelo senso de justiça, de equidade 
e da honestidade, que são preceitos da ética.
Nesse sentido, Maria Helena Diniz destaca que o princípio da eticidade 
está relacionado diretamente ao Direito Civil, pois esse "se funda no respeito à 
dignidade humana, dando prioridade à boa-fé subjetiva e objetiva, à probidade 
e à equidade" (DINIZ, 2012, p. 834), as quais são consideradas cláusulas éticas.
Entretanto, qual a diferença e características desses três princípios básicos 
do Direito Civil? Vejamos!
QUADRO 9 – PRINCÍPIOS DA ETICIDADE, SOCIALIDADE E OPERABILIDADE
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO CIVIL
PRINCÍPIO DA 
SOCIABILIDADE
• É aquele que impõe prevalência dos valores 
coletivos sobre os individuais, respeitando os 
direitos fundamentais da pessoa humana.
o Exemplo: princípio da função social do contrato, 
da propriedade.
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
141
PRINCÍPIO DA 
ETICIDADE
• É aquele que impõe justiça e boa-fé nas relações civis 
(pacta sunt servanda).
• No contrato tem que agir de boa-fé em todas as 
suas fases. Corolário desse princípio é o princípio 
da boa-fé objetiva.
PRINCÍPIO DA 
OPERABILIDADE
• É aquele que impõe soluções viáveis, operáveis e 
sem grandes dificuldades na aplicação do direito.
• A regra tem que ser aplicada de modo simples.
o Exemplo: princípio da concretude pelo qual se 
deve pensar em solucionar o caso concreto de 
maneira mais efetiva.
FONTE: Adaptado de Bertocco (2008, p. 1)
Salienta-se que tanto a eticidade como a socialidade e a operabilidade 
enfatizam, em seus preceitos, no direito civil, a dignidade da pessoa humana, o 
qual os preceitos éticos estão intrínsecos nas normativas do Código Civil brasileiro.
Dentro do princípio da eticidade aparecem, como exemplo, os preceitos 
éticos da justiça, boa-fé, honestidade e lealdade.
Outro exemplo dessa questão da ética no direito civil, é o direito de família, 
que na sua base fundamental, essa é ética para proporcionar um equilíbrio aos 
valores morais do âmbito familiar.
Prezado acadêmico, no Código Civil (CC) brasileiro, a Lei n° 10.406/2002, em 
sua parte geral, deixa visível a ideia de eticidade por boa-fé objetiva nos artigos, veja:
"Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração".
"Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois 
que não era credor".
"Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como 
em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé" (BRASIL, 2002).
NOTA
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
142
4.3 A ÉTICA E O DIREITO PENAL
Prezado acadêmico, no âmbito do Direito Penal, também partiremos 
do princípio que o CódigoPenal brasileiro possui por alicerce as normas 
constitucionais de 1988, e assim seus preceitos e normativas penais estão baseados 
nos princípios éticos e morais.
Então, os preceitos do comportamento ético-moral estão contidos no 
direito penal, pois, de acordo com Silveira (2018, p. 16-17, grifo nosso):
A influência da ética no direito penal é perceptível no princípio 
da proporcionalidade, que é entendido como um mandamento de 
otimização do respeito máximo a todo direito fundamental em situação 
de conflito com o outro na medida do jurídico é possível; daí se resulta 
que não se vulnere o conteúdo essencial de direito fundamental com 
desrespeito à dignidade humana. 
Vale salientar que, segundo Gomes (2009, p. 1, grifo nosso: 
O Direito penal existe para proteger bens jurídicos (os mais relevantes). 
Não pode o Direito penal proteger um determinado ensinamento ou 
uma pura reprovação ética (relacionamento sexual livre entre adultos 
com autoconsciência). 
O Direito penal não pode proteger a ética (quando não há ofensa a 
nenhum bem jurídico), mas ao proteger bens jurídicos, claro, o faz com 
base em preceitos éticos (morais). 
Um dos campos em que mais confusão pode acontecer (entre Direito 
penal e Ética) é o dos crimes sexuais. É que existe certa moralidade 
(uma certa ética) que acompanha a história da sexualidade.
Silveira (2018, p. 17) complementa expondo que “toda pena pode ferir 
ou, no mínimo, restringir direitos individuais e só se justifica a sua previsão para 
atender à reclamos de bem-estar da comunidade”. Assim, pode-se expor que os 
preceitos legais do Código Penal brasileiro possuem por base os princípios da 
ética e do comportamento moral, mas as normativas penais em si não regulam ou 
protegem a ética e a moral.
OS PRINCÍPIOS ÉTICOS E SUA APLICAÇÃO NO DIREITO
Marcelo DI Rezende Bernardes
RESUMO: Diante dos fatos explícitos na realidade brasileira, apontando para a 
transgressão ética em massa e, consequentemente, o progressivo desrespeito às 
normas de moral e conduta, urge um retorno aos princípios éticos em todas as 
camadas sociais. O presente artigo tem por finalidade relacionar os conceitos de 
Ética e de Direito, destacando aspectos gerais, mas não menos importantes, de 
ambos. Nesse sentido, este artigo tratará de questões relacionadas à ética e, em 
específico, referente ao Direito e seu profissional.
PALAVRAS-CHAVE: Ética. Moral. Direito.
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
143
INTRODUÇÃO
Na atualidade, o papel da ética tem sido foco de significativas discussões 
nos meios acadêmico e profissional. Isso porque na sociedade contemporânea, 
desventurosamente, tem se tornado comum a exposição de condutas antiéticas nas 
diferentes áreas profissionais e do conhecimento.
É bem verdade que a conduta humana não está sempre em conformidade 
com as leis éticas, contudo, existe a necessidade de se ressaltar a importância da ética 
na fundamentação da ação humana, pois o conteúdo ético é universal na humanidade 
e característico da espécie humana, diga-se, universal, porém não estático.
Segundo Leonardo Boff (2003), a crise moral e ética que se instalou na 
atualidade propicia a desintegração das relações interpessoais, justificada na 
grande tensão encontrada pela tentativa de funcionamento em torno de interesses 
particulares em detrimento dos interesses do direito e da justiça, assim ele afirma: 
"Tal fato se agrava ainda mais por causa da própria lógica dominante da economia e 
do mercado que se rege pela competição, que cria oposições e exclusões, e não pela 
cooperação que harmoniza e inclui" (BOFF, 2003, p. 27).
O fato ético, em interface com as transformações sociais, detém 
proporcionalmente a possibilidade de atualizações. Segundo Ashley (2003, p. 
60), "da mesma forma que as sociedades transformam-se ao longo do tempo, os 
valores culturais de que os indivíduos se servem para organizar sua realidade e 
suas ações, também tendem a sofrer modificações".
Desse modo, o conteúdo ético mencionado está sujeito a alterações da 
mesma maneira que ocorre com o meio social. Conceitos outrora considerados 
éticos podem perder tal status por ora ou definitivamente. A reorganização 
produz uma nova realidade. Trata-se de um movimento que deve estar sempre 
em análise, pois a sociedade é dinâmica e está em processo contínuo de mudança, 
como expressa muito bem, a perspectiva dialética.
A ética relaciona-se com as ações do homem, sendo direcionada para as 
inter-relações sociais. Sob o ponto de vista dialético, o ideal ético fundamenta-
se em uma vida social igualitária e justa, ou seja, a ética, nessa visão, tem como 
pedra angular o bem coletivo (BRAGA, 2006).
OS PRINCÍPIOS ÉTICOS E SUA APLICAÇÃO NO EXERCÍCIO DO DIREITO
A conceituação de toda e qualquer categoria inserida nas Ciências Sociais 
e Humanas, ao longo da história da Filosofia, se constitui em tarefa árdua devido 
à grande variedade de pontos de vista. Entretanto, se faz necessário tal exercício 
no sentido de apresentar, em maior ou menor grau, objetividade dos significados, 
com a finalidade de contribuir para a melhor compreensão do assunto.
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
144
Na tentativa de se conceituar Ética, a realidade relatada se comprova. "A 
ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de 
explicar, quando alguém pergunta" (VALLS, 1993, p. 7). Para Augusto Comte (1798-
1857), citado por Lima (2007) a Ética consiste na: (...) a suprema ciência, do amor por 
princípio, do amor sem cabeça, moral cósmica, naturalista e social, pois recompõe 
os laços do universo da natureza com o universo da moralidade e vê nas regras do 
comportamento humano um caso das leis que presidem a ordem universal. Ética 
em que o homem está submetido, em virtude de sua submissão à humanidade (...).
De acordo com Vázquez (198, p. 12), "Ética é um conjunto sistemático 
de conhecimentos racionais e objetivos a respeito do comportamento humano 
moral, melhor dizendo, é a teoria ou ciência do comportamento moral do homem 
em sociedade".
Durkeim conceitua Ética da seguinte forma: "Tudo que é relativo aos bons 
costumes ou às normas de comportamento admitidas e observadas, em certa 
época, numa dada sociedade" (Durkeim apud Oliveira, 2006).
Segundo Moore (1975, p. 4) "a Ética é a investigação geral sobre aquilo 
que é bom, isso se dá porque o maior objetivo da Ética é tentar aproximar o ser 
humano da perfeição, alcançar a sua realização pessoal".
Sob o ponto de vista de Jean-Paul Sartre (1905-1980), de acordo com Lima 
(2007), a ética é: (...) uma moral da ambiguidade e da situação. Vai da liberdade 
absoluta e inútil à liberdade histórica, da náusea diante da gratuidade das coisas, 
do em si e o para si, do ser e do nada, do ser para outros, do existencialismo como 
humanismo, da crítica da razão dialética. É o homem, o ser humano, isto é, cada 
indivíduo em determinadas circunstâncias, em determinada "situação", que por 
sua livre escolha cria o valor de seu ato. Todos os valores são relativizados, exceto 
aquele que a liberdade outorga a si mesma, quando se considera fim supremo (...).
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, Ética é "o estudo dos 
juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação 
do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, 
seja de modo absoluto".
Etimologicamente observado, Ética origina - se no grego ethos, e encontra 
correlação no latim morale, com o significado sinônimo de conduta ou ainda 
referente aos costumes. Podemos concluir que etimologicamente ética e moral 
são palavras iguais, porém, será apresentada posteriormente a diferenciação 
básica entre Ética e Moral.
Uma das configurações atribuídas à palavra Ética é de cunho filosófico. 
Ética enquanto parte da Filosofia diz respeito a uma direção para reflexão sobre 
a complexa questão da moral no ser humano, relacionado ao meio social em que 
está inserido.
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
145
O autorHenrique Cláudio de Lima Vaz, em sua obra intitulada "Ética 
e Direito", alerta para o perigo das teorias consideradas na atualidade que 
questionam a validade da Ética filosófica, dizendo: (...) parece difícil admitir que 
uma teoria do ethos no sentido filosófico da sua justificação ou fundamentação 
racional possa desaparecer do horizonte cultural da nossa civilização, a menos 
que desapareça a própria filosofia e a civilização venha a mudar de alma e de 
destino (VAZ, 2002, p. 63).
A Ética, como categoria filosófica, impulsiona o exercício crítico – reflexivo 
das bases moralistas, quando necessária elucidação à dos fatos morais. Desta 
forma, é notável que a Ética, na Filosofia, não oferece um código de normas, 
antes incentiva o homem, como ser racional e social, a praticar o senso crítico 
e auto-avaliativo em suas atitudes e modo de agir. Nesse sentido, o professor 
Ângelo V. Cenci afirma: A ética não pode prescrever conteúdos ao agir, nem pode 
instrumentalizá-lo; não é seu papel fornecer soluções concretas ao agir humano. 
A ética precisa contar com a capacidade de os indivíduos encontrarem saídas 
plausíveis, racionais para o seu agir. A ética filosófica (formal e universalista) 
não pode, paternalisticamente, dizer o que o indivíduo deve fazer, prescrevendo 
ações; ela não pode se constituir em um receituário para a conduta cotidiana dos 
indivíduos, nem servir de desculpa para justificar seu agir mediante motivos 
puramente externos. A justa medida requerida pela ética não é extraída por 
intermédio de fórmula alguma; ela é medida qualitativamente, por isso requer 
mediania (CENCI, 2002, p. 88).
De acordo com Marilena Chauí (1998), o que foi apresentado por Cenci 
(2002) corresponde ao principal pilar da diferenciação entre Moral e Ética, pois 
para ela toda moral é normativa enquanto designada a ditar aos sujeitos os 
padrões de conduta individual e ou social, assim como os valores e costumes das 
sociedades das quais participam. Já a ética não é necessariamente normativa. A 
professora ainda sistematiza a subdivisão de ética em normativa e não normativa. 
Normativa seria a ética de deveres e obrigações e não normativa a ética que 
tem como objeto de estudo as ações e paixões humanas embasadas no ideal da 
felicidade de acordo com o critério da relação razão – vontade – liberdade.
De qualquer forma, não se pode pensar filosoficamente a Ética se não 
relacionada ao agente ético. Nesse sentido, seria responsabilidade da Ética 
a definição da figura do agente ético e de suas atitudes. De acordo com este 
paradigma, o agente ético corresponde ao sujeito consciente que sabe o que são 
suas ações, sendo livre para escolher o que faz e responsável pelas consequências 
de seus atos (Chauí, 1998).
Para Souto & Souto (1981), o sujeito, desde que em perfeito estado de 
juízo, já possui a ideia do que é certo ou errado em suas atitudes. Nas sociedades 
em geral existem os códigos de conduta estabelecendo o que deve ser considerado 
como certo ao agir. Dessa forma, existe a ideia de como fazer.
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
146
O jurista João Baptista Herkenhoff (1987, p. 83) enuncia o seu 
entendimento acerca de Ética ditando: "o mundo ético é o mundo do “dever ser 
(mundo dos juízos de valor) em contraposição ao mundo do “ser” (mundo dos 
juízos de realidade)”. Já a moral, segundo Herkenhoff (1987, p. 85), "é a parte 
subjetiva da ética" que ordena o comportamento humano para consigo mesmo, 
além de englobar os costumes, obrigações, maneiras e procedência do homem 
em convívio com os demais. A moral é compreendida na forma de uma conduta 
voluntária isenta de pressões externas ao indivíduo.
Assim, a moral pode ser entendida como a listagem de normas de 
ação específica, estando então implícita em códigos, normatizações e leis que 
regulamentam a ação do ser humano em meio social. Por ocasião da exposição de 
definições da palavra moral, é importante ressaltar que alguns a igualam à Ética, mas 
na realidade contemporânea, por certo que ambas são aplicadas diferentemente.
Segundo Vázquez (1984), a moral deriva da necessidade comum aos 
indivíduos de se relacionarem, buscando o bem para a coletividade, podendo 
ser definida também como um conjunto de normas e regras que tem a finalidade 
reguladora das interações entre os indivíduos dividindo o mesmo espaço em um 
mesmo tempo. A moral, dessa forma, consiste em um dado histórico mutável e 
dinâmico que evolui conforme as transformações políticas, econômicas e sociais, 
tendo em vista que a existência de princípios morais estáticos seria impossível.
Segundo Nicola Abbagnano (1970, p. 652), em seu Dicionário de Filosofia, 
moral é um substantivo configurado de diferentes formas, tais como: 1 - O mesmo 
que Ética; 2 - O objeto da Ética que consiste na conduta direcionada por normas.
Para Søren Aabye Kierkegaard (1813-1855), citado por Lima (2007), a 
moral é existente em uma vida que levou a sério o cristianismo, do poeta cristão, 
do indivíduo diante de Deus.
Existe a definição que circula em torno do entrelaçamento entre Ética e Moral, 
no sentido de que existiria um método científico para se estudar a Moral, baseado 
em uma teoria que propicia a descrição das normas e valores comportamentais. "A 
Ética é uma ciência da moral, pois questiona ao buscar por que e em quais condições 
determinada ação é considerada boa ou má, até que ponto ajuda a construir a 
identidade de uma nação, grupo ou pessoa". (Ribeiro, 2000, p. 137).
Mesmo diante de tantos percalços controversos, a distinção entre ética 
e moral é necessária, pois, verifica-se, que sem a moral, a ética se tornaria em 
inutilidade no sentido de consistir em abstrata reflexão de experiência.
Em resumo, a diferenciação entre Moral e Ética pode acontecer de várias 
maneiras: Ética é princípio, moral são aspectos particulares de determinado tipo 
de conduta; Ética é permanente, moral é temporária; a Ética possui a propriedade 
da universalidade enquanto que a moral é restrita à dada cultura; Ética é regra, 
moral é prática de tal regra; Ética é teoria, moral é prática desta teoria.
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
147
Definindo, verifica-se que Direito é uma palavra oriunda do latim 
directum, derivada do verbo dirigere, que tem o significado de ordenar. Conclui-
se, etimologicamente falando, que o vocábulo Direito significa "aquilo que é reto" 
"que está coerente com a justiça e equidade". Portanto, pode-se dizer que Direito 
é a disciplina da qual se originam as normas a serem observadas pelo homem e 
englobam direitos e deveres, dos quais ninguém se isenta. Conforme Pinho (1995), o 
Direito pode ser entendido como "aquilo que é" ou "que deve ser". Assim, o Direito 
surgiu em resposta à necessidade de se estabelecer regras gerais para o convívio do 
homem em sociedade. O Direito é considerado antes de tudo, uma instituição ética 
que trabalha no sentido de aplicar as leis, os princípios morais, tais como: igualdade, 
justiça, liberdade, dentre outros, na solução de controvérsias.
Diante da escorreita explicitação de tais conceitos, é possível observar a 
Ética em interface com o Direito, se acatada a definição de conduta amparada na 
aplicação de regras morais no meio de convívio social, ou seja, a caracterização 
do homem enquanto ser relacional. É essa face normativa da Ética que a relaciona 
intimamente com o Direito. Nesse sentido, a contínua discussão da Ética dentro 
do Direito encontra respaldo no fato de ser uma área das Ciências Humanas que 
busca a consolidação e manutenção da justiça e da moralidade social.
Faz-se apropriada, aqui, a definição de Cenci (2002, p. 90) para Ética, 
que "nasce amparada no ideal grego da justa medida, do equilíbrio das ações". 
Ângelo Cenci ainda esclarece que "a justa medida é a busca do agenciamento 
do agir humano de tal forma que o mesmo seja bom para todos". Para tanto, 
indaga-se: e não é esse o fundamento para o exercício cotidiano dos profissionais 
do Direito? Resta evidente, embora alguns até discordem, que os valoreséticos 
e morais devem ser o fundamento da construção do profissional do Direito, no 
sentido da aplicação dos princípios morais enumerados pela Ética geral aplicada 
ao campo profissional, possibilitando a prática da ética profissional. A pessoa tem 
que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para 
vivenciá-lo nas suas atividades de trabalho. De um lado, ela exige a deontologia, 
isto é, o estudo dos deveres específicos que orientam o agir humano no seu campo 
profissional; de outro lado, exige a diciologia, isto é, o estudo dos direitos que a 
pessoa tem ao exercer suas atividades (CAMARGO, 1999, p. 33).
O Direito, se analisado sob o ponto de vista cultural, abarca o sentido de ser 
uma realidade referente a valores, possuindo como missão intrínseca a progressiva 
busca pela segurança jurídica que consiste em bem social e da justiça. Tais objetivos 
são comuns à Ética, contudo, não se pode atribuir à norma ética o valor imperativo 
da norma jurídica. São definidas como normas éticas: (...) as normas que disciplinam 
o comportamento do homem, quer o íntimo e subjetivo, quer o exterior e social. 
Prescrevem deveres para a realização de valores. Não implicam apenas em juízos 
de valor, mas impõem a escolha de uma diretriz considerada obrigatória, numa 
determinada coletividade. Caracterizam-se pela possibilidade de serem violadas 
(Herkenhoff, 1987, p. 87).
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
148
Acresce-se ainda, a validade da norma jurídica que só é verificável quando 
esta resguarda os princípios éticos. Pode-se tomar como exemplo da prerrogativa de 
retorno aos valores morais e da vinculação entre Ética e Direito, o Constitucionalismo. 
A ideologia de democracia materializa-se com a indelével proteção dos direitos e 
garantias fundamentais do cidadão, por intermédio da Constituição que rege o país.
O saudoso jurisconsulto Miguel Reale em seu livro "Lições Preliminares 
de Direito" já defendia que "(...) as normas éticas não envolvem apenas um juízo 
de valor sobre os comportamentos humanos, mas culminam na escolha de uma 
diretriz considerada obrigatória numa coletividade" (Reale, 2002, p. 33). Nessa 
perspectiva, a ética pode ser entendida como uma tomada de decisão, uma 
escolha embasada em um conjunto de valores organizadores de uma determinada 
sociedade. De acordo com Reale (2002, p. 35), "toda norma ética expressa um 
juízo de valor, ao qual se liga uma sanção (...)".
A ética, nesse sentido, corresponde a uma obrigação e seu cumprimento 
tem como pressuposto a ideia do que é justo diante da sociedade, que pode ser 
aceita ou não de acordo com o juízo de valor de cada um.
Miguel Reale (2002, p. 42) afirma que "a teoria do mínimo ético consiste em 
dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório 
para que a sociedade possa sobreviver", relacionando Direito e Moral, ambos 
inseridos em um complexo ético, pois o viver de forma ética corresponde ao ato 
de acrescer uma regra moral de uma norma jurídica em uma situação qualquer.
Ao contrário do que acontece na realidade, onde se constata que na 
prática jurídica ocorre comumente a conduta antiética, principalmente entre 
aqueles que exercem papel de maior poder, sendo verificada a falta de respeito 
e de profissionalismo de alguns profissionais com relação àqueles que somente 
necessitam e buscam soluções para as lides, a observância dos preceitos éticos no 
exercício do Direito se faz necessária por ser uma questão que merece atenção de 
todos os envolvidos no assunto, dada a sua relevância ímpar. Uma vez que o Direito 
vive a constante transformação de acordo com o desenvolvimento sociocultural, 
também a ética se adequa ao Direito sem perder o conteúdo de seus princípios.
Ressalta-se ainda, a relevância da ética no exercício da profissão do Direito, 
tendo em vista a natureza da atividade jurídica relacionada aos principais valores 
éticos, quais sejam, a justiça e moralidade.
Referente à conduta ética do profissional do Direito - especificamente 
o advogado, tem-se que: O serviço profissional é bem de consumo e, para ser 
consumido, há de ser divulgado mediante publicidade. Em relação à advocacia, 
é necessária uma postura prudencial. Não se procura advogado como se busca 
um bem de consumo num supermercado. A contratação do causídico está 
sempre vinculada à ameaça ou efetiva lesão de um bem da vida do constituinte 
(NALINI, 2006, p. 247).
TÓPICO 1 — ÉTICA NAS PROFISSÕES JURÍDICAS
149
Ainda esse mesmo autor, vem a nos esclarecer sobre a responsabilidade 
do profissional do Direito no que tange à probidade: "(...) quem escolhe a profissão 
de advogado deve ser probo. (...) Quem procura um advogado está quase sempre 
em situação de angústia e desespero. Precisa nutrir ao menos a convicção de estar 
a tratar com alguém acima de qualquer suspeita" (NALINI, 2006, p. 252.).
Sobre a Ética e o profissional exercendo o Direito, pode-se salientar ainda 
que, não existe o exercício de defesa da justiça e equidade sem a aplicação de 
normas éticas a embasar o ordenamento jurídico. Nesse sentido, comenta com 
muita propriedade Ruy de Azevedo Sodré (1967, p. 32), "a ética profissional do 
advogado consiste, portanto, na persistente aspiração de amoldar sua conduta, 
sua vida, aos princípios básicos dos valores culturais de sua missão e seus fins, 
em todas as esferas de suas atividades".
Por fim, temos que a Ética é o estudo geral do que é certo ou errado, 
bom ou mal, justo ou injusto, apropriado ou inapropriado. Assim, é possível a 
conclusão do objetivo da Ética na fundamentação de regras estabelecidas pela 
Moral e pelo Direito, porém, ressaltando, que ela se diferencia de ambos, na 
medida em que não dita regras (GLOCK & GOLDIM, 2003).
CONCLUSÃO
De acordo com o apresentado, é possível afirmar que é de grande valia 
a recuperação do sentido da ética, enquanto instrumento indispensável da vida 
social, pois são dos fatos concretos instalados na sociedade que se originam os 
costumes e o próprio Direito.
Pode-se concluir que a ética norteia a maneira de se comportar do homem, 
incluindo tanto nas esferas públicas e sociais, com nas íntimas e subjetivas. A 
ética não está limitada somente ao conjunto de juízos de valor, mas se sobressai 
imponente como código de disciplina aprendido obrigatoriamente pela sociedade.
O conjunto de deveres morais é a diretriz da conduta do sujeito na vida e 
na profissão que exerce, sendo que tal conjunto contribui para a conscientização 
profissional que deve ser composta de práticas que resultem em integridade, 
dignidade e probidade, de forma coerente para com o ordenamento jurídico vigente.
Em síntese, o sujeito deve ansiar pela ética profissional em seu desempenho 
cotidiano, ressaltando a validade de sua adoção como código principal de vida, 
pois, tanto ética quanto a moral devem ser resguardadas, propiciando crescimento 
profissional. Além disso, é de crucial importância que o profissional do Direito, 
como agente transformador da sociedade, oriente o ser humano no sentido de 
uma vida digna amparada por princípios éticos.
FONTE: <http://www.lex.com.br/doutrina_23813027_OS_PRINCIPIOS_ETICOS_E_SUA_APLICACAO_
NO_DIREITO.aspx>. Acesso em: 26 fev. 2021.
150
Neste tópico, você aprendeu que:
• A ética pode ser compreendida como os pilares normativos de nossa conduta 
moral perante a sociedade em que vivemos e convivemos.
• É a ética que normatiza e dita as regras do jogo, expondo qual o melhor 
caminho a ser seguido. E a moral denota a nossa decisão e a nossa ação a 
respeito das regras socialmente constituídas.
• O comportamento ético e moral nos traz elementos para dirimir as premissas 
comportamentais no âmbito do direito, pois o comportamento profissional 
dos operadores do direito também é regulado pelos princípios éticos e morais, 
como de todos os cidadãos que vivem em sociedade.
• No âmbito jurídico, os preceitos éticos e morais são ainda mais notórios e 
vivos, pois estão presentes na própria norma jurídica, que regula comodeve 
ser o comportamento dos homens em suas relações humanas, sociais, políticas 
e econômicas.
• Existe uma intimidade entre o direito e as concepções ético-morais, ou seja, 
tanto a ética como o direito desenvolvem normativas, códigos, preceitos e leis 
que disciplinam o comportamento humano.
• No âmbito da moral, esses preceitos éticos são constituídos internamente, 
e, na questão dos preceitos morais, entra a consciência humana de fazer ou 
deixar de fazer, segundo as normas éticas.
• No âmbito do direito ou da práxis jurídica, esse regramento do comportamento 
humano é tido como externo, pois, na questão dos preceitos jurídicos entra o 
ato em si, de cumprir ou não as regras e normas legais.
• A diferença está na atitude consciente ou inconsciente do ato em si.
• No comportamento ético-moral, os preceitos normativos do comportamento 
humano, instituídos socialmente, são por adesão, ou seja, as pessoas têm o 
poder da escolha, e assim agir de forma consciente, conforme o seu livre arbítrio.
• No direito, as leis e normativas são obrigatórias para todos. Em outros termos, 
as pessoas devem cumprir as normativas, códigos, preceitos e leis instituídas 
pelos poderes executivo, legislativo e judiciário.
• Tanto as normas éticas como as jurídicas são validadas pelo coletivo e são 
para todos.
• Existe uma neutralidade ética no direito.
RESUMO DO TÓPICO 1
151
• Os princípios e valores ético-morais necessitam da proteção das normas e leis 
jurídicas.
• As normas e leis jurídicas são a capa protetora do comportamento ético e 
moral dos seres humanos.
• As leis e normas jurídicas valem para todas as comunidades éticas e morais, 
mas cada qual, segundo suas normativas locais, regionais e nacionais.
• O direito denota o desenvolvimento de um processo social, político e 
econômicos, o qual possui por finalidade a busca e manutenção constante da 
paz, tomando por critério intrínseco a justiça.
• Esta justiça denota a consciência humana de julgar de acordo com as normas 
jurídicas, leis e diretrizes o que é de direito de cada cidadão.
• A justiça permite que os seres humanos conquistem tudo o que as leis e normas 
os permitirem, sejam por seus méritos, necessidades ou por intermédio das 
legislações, e que essas sejam normas iguais para todos, para a universalidade.
• A justiça pode ser entendida como o equilíbrio constante no julgamento e 
aplicabilidade universal das normas e leis, proporcionando a garantia dos 
direitos e deveres institucionalizados e formalizados mediante a lei escrita.
• Nem sempre os efeitos das leis e normas são igualitários e justos. 
• A justiça necessita ser equânime, ou seja, a justiça precisa considerar as 
diferenças, proporcionando mecanismos para tornar iguais os desiguais.
• A igualdade apenas trataria conforme as regras e legislações iguais para todos, 
sem diferenciação, já na equidade, levaria em considerações as diferenças, 
buscando equiparar as diferenças, para proporcionar o acesso ao mesmo 
direito a todos.
• A equidade denota a igualdade das diferenças, e a justiça reconhece assim, o 
direito de cada ser humano, conforme suas diferenças e o caso concreto.
152
1 A justiça total destaca-se como sendo a virtude (total) de observância da lei. 
A justiça total vem acompanhada pela noção de justiça particular, corretiva, 
presidida pela noção da igualdade aritmética (comutativa, nas relações 
voluntárias; reparativa, nas relações involuntárias) ou distributiva, presidida 
pela noção de igualdade. Assim, pode-se verificar que existem três sentidos 
na justiça, a jurídica, distributiva e social. Com relação aos três sentidos de 
justiça e suas definições, analise as sentenças a seguir:
I- Em sentido jurídico a justiça consiste em tratar a todos de acordo com a 
lei, em garantir os direitos civis e seguir de forma coerente e imparcial as 
normas prescritas.
II- Justiça distributiva é a justiça que se pratica pela distribuição dos bens 
existentes.
III- Justiça social é a justiça que leva em conta as desigualdades sociais.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença I está correta.
c) ( ) Somente as sentenças II está correta.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.
2 (ENEM 2011) O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e 
morais adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa. 
Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem aprovar, 
pareceria mais com a Escandinávia que com Bruzundanga (corrompida nação 
fictícia de Lima Barreto). O distanciamento entre “reconhecer” e “cumprir” 
efetivamente o que é moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, 
porque as normas morais são:
FONTE: Adaptado de <https://beduka.com/blog/exercicios/filosofia-exercicios/questoes-sobre-
etica-moral/>. Acesso em: 17 fev. 2021.
a) ( ) Decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.
b) ( ) Parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação.
c) ( ) Amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las 
integralmente.
d) ( ) Criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se 
submeter.
3 A missão do Direito Penal é a proteção aos bens jurídicos. Essa proteção não 
é exercida apenas pela prevenção geral (intimidação coletiva) e exercida 
pela difusão do temor à sanção penal, mas principalmente através do 
contrato ético celebrado entre o Estado e o indivíduo, o qual é convicto da 
necessidade da lei penal e crê na justiça desta. Com relação ao Direito Penal, 
assinale a alternativa CORRETA:
AUTOATIVIDADE
153
a) ( ) O Direito Penal visa somente legislar sobre as penas devidas pelo 
descumprimento das normas morais.
b) ( ) O principal objetivo do Direito Penal não é a tutela atual e concreta dos 
bens jurídicos, mas a administração da natureza ético-social de suas 
leis, o permanente acatamento legal de suas normas.
c) ( ) O principal objetivo do Direito Penal é a execução tutelar das leis 
segundo o Código Civil e moral de um País.
d) ( ) O Direito Penal visa legislar sobre as penas de quem cometeu um crime 
ético e moral segundo os costumes da nação.
154
155
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico, depois de refletirmos sobre as questões pertinentes à 
“ética jurídica”, em que aprofundamos nosso conhecimento acerca das questões 
da ética nas profissões jurídicas, no qual foi apresentado para você as principais 
características e elementos norteadores da ética no direito, perpassando por 
uma reflexão correlacionada à justiça na ética jurídica, à liberdade e equidade, à 
moralidade e justiça e à ética em algumas áreas do direito, chegou o momento de 
compreender as premissas da “deontologia jurídica”.
Aqui, neste tópico, ofereceremos subsídios para você desvelar o significado 
da deontologia jurídica, no qual trabalharemos seus aspectos conceituais e demais 
características intrínsecas, como seus aspectos introdutórios, sua importância 
para os juristas e para a advocacia moderna.
Também trabalharemos cada um dos princípios da deontologia forense, 
que possui uma natureza ética, o qual propiciará um contato com os elementos 
e características do Princípio fundamental da ciência e consciência, Princípio da 
conduta ilibada, Princípio do decoro e da dignidade, Princípio da diligência, 
Princípio da confiança, Princípio do coleguismo, Princípio do desinteresse, Princípio 
da fidelidade, Princípio da reserva, e do Princípio da lealdade e da verdade.
Por fim, ampliaremos nossa percepção com relação à dignidade da pessoa 
humana, buscando compreendê-la como um fundamento da ética judicial e da 
justiça. Vamos lá?!
FIGURA 3 – DEVER JURÍDICO
FONTE: < https://conceitos.com/wp-content/uploads/direito/Dever-Juridico-820x615.jpg>. 
Acesso em: 17 fev. 2021.
TÓPICO 2 — 
DEONTOLOGIA JURÍDICA
156
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
2 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS A DEONTOLOGIA
Partiremos do princípio básico, ou seja, de compreender os conceitos e 
característicasda deontologia e da diceologia para, posteriormente, evoluirmos 
com os demais aspectos da deontologia em si.
Primeiramente, devemos compreender que “a filosofia moral (também 
denominada ética) é a base da deontologia geral e, consequentemente, da 
deontologia jurídica” (LOCATELLI, 2011, p 1), ou seja, a ética é tida como 
fundamento do comportamento moral na deontologia jurídica. Locatelli (2011, p. 1, 
grifo nosso) expõe que:
Deontologia é um termo introduzido em 1834 pelo filósofo inglês 
Jeremy Bentham para referir-se ao ramo da ética cujo objeto de estudo 
são fundamentos do dever e as normas morais. 
É conhecida também sob o nome de "Teoria do Dever". É um dos 
dois ramos principais da ética normativa. A deontologia é própria 
do código deontológico a qual procura desvendar os pressupostos 
inseridos nas normas de conduta social dos indivíduos.
Assim, pode-se verificar que a deontologia não é algo contemporâneo, 
mas que já foi concebido há quase 200 anos, a qual vem estudando, desde então, 
as normas éticas e morais do dever junto aos indivíduos que vivem e convivem 
em sociedade.
Nesse sentido, é salutar que possamos compreender de onde se origina 
a terminologia “Deontologia”, assim, Lima (2020, p. 1, grifo nosso) expõe que o 
termo “deontologia” “origina-se do grego deontos (dever) e logos (estudo, ciência, 
tratado)”. No mesmo sentido, Ferreira (2008, p. 2) confirma que essa “etimologia 
deriva do grego “déon” ou “deontos” com significado de dever ou obrigação e 
“logos”, que pode ser discurso ou tratado”. Sendo assim, “etimologicamente é 
a ciência ou tratado dos deveres, sob um ponto de vista empírico, no âmbito de 
cada profissão” (LIMA, 2020, p. 1, grifo nosso).
Locatelli (2011, p 1, grifo nosso) complementa expondo que “a deontologia 
trata da origem, incidência e efeitos dos deveres, a partir da reflexão sobre o 
comportamento de valor ideal, fruto do juízo ético equilibrado e consciente, 
conciliador da liberdade individual e da responsabilidade social”.
Desse modo, segundo Ferreira (2018, p. 2, grifo nosso), “além da 
deontologia ser conhecida como tratado ou conjunto de deveres e da moral, 
também pode ser compreendida como ciência do dever e da obrigação, termo 
esse que está interligado intrinsecamente com a filosofia, a ética e a moral, tendo 
como fim modelar o exercício de determinados grupos de profissionais”.
Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 6) complementam 
expondo que a “Deontologia Forense é a ciência do dever, obviamente, do dever 
jurídico, da ética do profissional de Direito”.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
157
Neste sentido, o quadro a seguir nos traz o conceito de deontologia. 
Vejamos!
QUADRO 10 – CONCEITO DE DEONTOLOGIA
DEONTOLOGIA
Ciencia do que é conveniente fazer. Ciência dos deveres.
Parte da ética correspondente ao cumprimento dos deveres profissionais.
FONTE: Adaptado de Cunha (2011, p. 106)
Assim, conforme Locatelli (2011, p. 2, grifo nosso):
A deontologia, como um todo, estuda o dever em geral, sendo nas 
palavras de Luiz Lima Langaro "a filosofia do dever", cuja aplicação 
não se restringe apenas aos profissionais do direito, mas sim a todas as 
profissões, sejam elas do ramo científico, humano ou exato. 
Em suma, o termo designa o conjunto de regras e princípios que 
ordenam a conduta de um profissional.
Mediante esse cenário, Lima (2020, p. 1) expõe que a deontologia é 
“também denominada de "Teoria do Dever", a deontologia compõe um dos dois 
ramos principais da Ética Normativa, que, em conjunto com a axiologia, constitui a 
Filosofia Moral”. Segundo Lima (2020, p. 1), é “conhecida também por Ética, a base 
da deontologia Geral e, por conseguinte, da deontologia Jurídica, e ainda como 
Ética Profissional das carreiras jurídicas”.
Entretanto, por que a deontologia é compreendida como a "Teoria do Dever"? 
Para Ferreira (2008, p. 2): 
A deontologia também é conhecida como “Teoria do Dever”, pois, é 
necessário se constituir códigos de condutas com fundamentos éticos 
e morais, para que assim seja possível nortear o cumprimento das 
atribuições acerca dessas profissões. 
É possível calcular a grande importância da deontologia quando 
se mede o papel em determinados grupos profissionais, podendo 
abarcar, em sua espécie, a Deontologia Jurídica, Médica, Farmacêutica, 
Contábeis e muitas outras existentes. 
Portanto, o entendimento que se deve extrair da deontologia é que 
este instituto abarca princípios e regras de condutas e deveres, sendo 
necessário que cada profissional seja regulamentado por um contexto 
deontológico específico, onde sejam delimitadas suas formas de agir e 
exercer a referida profissão. 
Assim ocorre com os Códigos de Ética, por exemplo, criados com o fito 
de se ter uma prestação de serviço plena e confiável em relação as suas 
relações pessoais e sociais, onde não seria possível se não houvesse a 
presença da ética e da moral.
Então, como pode ser compreendido o que é o “DEVER”?
158
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
O “Dever”, segundo Cunha (2011, p. 111), é “aquilo que, independentemente 
de desejo, inclinação ou interesse, a razão manda fazer.” Portanto, o que é imperativo, 
indispensável, crucial, determinante ou categórico que fora estabelecido por normativa 
institucionalizada necessita ser realizado, mesmo que as pessoas não desejam ou não 
tenham interesse em fazê-lo.
O “dever” também é compreendido como uma obrigação de fazer. 
Nesse sentido, Cunha (2011, p. 111) expõe que o dever é a “orientação formal de 
comportamento, percebida como necessidade que integra o conjunto ativo-cognitivo 
individual ou coletivo”. Nessa seara, Guimarães (2016, p. 312) complementa 
expondo que o “dever” é “imperativo moral, jurídico ou de consciência. Aquilo que 
a lei ou a convenção, positiva ou negativamente, exige da pessoa. Determinação 
da vontade, imposta pelo direito, pela lei, pela razão”. Assim, pode-se perceber 
que o “dever” denota obrigação de fazer imposta pelas convenções, normativas e 
legislações constitucionais ou infraconstitucionais.
Agora que você já compreendeu o significado do “dever” e que a 
deontologia é tida como a teoria do dever, Ferreira (2018, p. 3) complementa nossa 
análise, expondo que “como se vê, a deontologia está entrelaçada com a ética e 
a moral, tendo-as como fundamento de seu estudo, uma vez que esses institutos 
são destaques da ciência filosófica”, ou seja, como já exposto anteriormente, a 
base da deontologia são os preceitos éticos e morais, e nesse sentido, a teoria do 
dever está pautada pelos princípios ético-morais.
Destaca-se, pois, que a deontologia se assemelha à ética, cujo seu intuito 
é buscar constituir e adequar as normas morais existentes. Nos dias 
atuais, pode-se conhecer a deontologia como a “Ética Profissional”, 
instituto utilizado como ferramenta de diversas áreas profissionais, 
tendo o objetivo justamente de suplementar as ações dos homens, 
evitando-se que estes atuem de forma incorreta e injusta um para com 
os outros (FERREIRA, 2020, p. 3). 
Por fim, “cabe salientar, que independentemente da existência de um 
código que regulamente determinada função/profissão, a deontologia encontra-se 
intrinsecamente na vida de todo aquele que exerce sua profissão universalmente” 
(LOCATELLI, 2011, p. 2). E para os operadores do direito não é diferente.
Entretanto, o que é a DICEOLOGIA?
Para Lima (2020, p. 2), a diceologia “é uma expressão que vem do grego d ikeos, 
que significa direito”. Priberam (2008) complementa que esta terminologia grega 
denota “cumpridor de uso ou a regra, civilizado, justo, correto”. Sendo assim, 
a diceologia é o estudo dos direitos dos seres humanos, sejam eles políticos, 
individuais, sociais e constitucionais.
Nesse sentido, o quadro a seguir nos traz o conceito de diceologia. 
Vejamos!
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
159
QUADRO 11 – CONCEITO DE DICEOLOGIA
DICEOLOGIA
Teoria que fundamenta os direitos 
profissionais. É a ciência que trata dos direitos.
Estudo ou tratado dos direitos profissionais.Conjunto dos direitos de uma classe profissional
FONTE: Adaptado de Lima (2020, p. 2) e Priberam (2008)
Logo, pode-se compreender que a diceologia denota o conjunto dos 
direitos de uma classe profissional, ou seja, é uma disciplina que trata dos direitos 
profissionais de forma ética.
E quais as diferenças entre deontologia e diceologia?
Em síntese, segundo Lima (2020, p. 2), a “deontologia é a codificação dos 
deveres profissionais e a diceologia será a codificação dos direitos profissionais”. 
Veja essas diferenças na figura a seguir:
FIGURA 4 – CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS ENTRE DEONTOLOGIA E DICEOLOGIA
FONTE: a Autora
Desse modo, na figura supracitada, podem-se observar as principais 
características e diferenças entre deontologia e diceologia, que ambas possuem por 
base os princípios éticos e morais e que são concebidas para realizar a orientação 
dos direitos e dos deveres de todas as categorias profissionais.
160
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
3 A DEONTOLOGIA JURÍDICA
Agora que você já compreendeu o significado da deontologia em si e 
pôde verificar que ela estuda os deveres dos seres humanos, ampliaremos nossas 
percepções com relação à deontologia jurídica, ou seja, a deontologia no âmbito 
do ramo do direito.
Desse modo, Locatelli (2011, p. 3) expõe que “a deontologia engloba os 
deveres de qualquer profissional, e para aqueles que atuam no ramo do Direito 
não seria diferente”. Sendo assim, os preceitos ontológicos servem para os 
operadores do direito também, como para as demais profissões.
Ferreira (2020, p. 3) segue a mesma linha de raciocínio, expondo que “a 
deontologia tem função de regulamentar certos grupos profissionais englobando 
a ética e a moral na sua prática. Logo, seria um equívoco afirmar que o Direito não 
está abarcado pela Deontologia, que nesse caso trata-se, mais especificamente, 
da deontologia Jurídica”. Que corrobora expondo que a área jurídica também 
é detentora dos preceitos éticos e morais e, em contrapartida, pelos princípios 
ontológicos na sua prática profissional.
Com relação ao conceito da deontologia jurídica, Langaro (2008, p. 152), 
expõe que "etimologicamente, o conceito de deontologia é a ‘ciência dos deveres’ 
ou simplesmente ‘tratado de deveres’”. Contudo, Langaro (2008, p. 152, grifo 
nosso) complementa expondo que “consequentemente, Deontologia Jurídica é 
a disciplina que trata dos deveres e dos direitos dos agentes que lidam com o 
Direito, isto é, dos advogados, dos juízes e dos promotores de justiça e de seus 
fundamentos éticos e legais". Então, a deontologia jurídica denota a teoria dos 
deveres em âmbito jurídico, para os operadores do direito.
Analisando esse conceito da deontologia jurídica, Ferreira (2020, p. 4, 
grifo nosso) destaca que “a ética se assemelha com a deontologia, uma vez que, 
o objeto da primeira versa sobre as orientações de condutas morais, já a segunda, 
tem como seu objeto as regras morais ou jurídicas que visam controlar as ações 
de membros de um determinado grupo profissional”.
 
Desse modo, ambas as ciências acrescem à conduta um dever com 
fundamento na moral, pois um profissional regulado pela ética terá o 
instinto de agir de forma positiva, tendo ele, portanto, que observar se seus 
atos praticados estão de acordo ou não com a moral, fazendo com que se 
sinta limitado na sua forma de agir. Portanto, se na prática o profissional 
internamente já qualifica a sua pretendida ação como positiva, deverá ele 
segui-la por ser a mais correta, cristalizando o entendimento proposto 
pela deontologia jurídica (FERREIRA, 2020, p. 4, grifo nosso).
Então, mediante essa concepção, o comportamento profissional dos 
operadores do direito possui por base os princípios éticos e morais, pois a própria 
deontologia jurídica tem por base estrutural esses preceitos ético-morais.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
161
Assim, de acordo com Locatelli (2011, p. 3), “a deontologia não se estreita 
apenas em pertencer à filosofia moral, em que, é claro, detém seus fundamentos, 
mas consolida-se como um ramo, uma especialização da ciência do direito”. Essa 
ciência do direito possui por base a própria filosofia da moral e dos princípios 
éticos, por conseguinte, a deontologia jurídica também, ou seja, a obrigação do 
fazer dos operadores do direito, segundo os preceitos legais, está alicerçada pelos 
princípios ético-morais.
López (1992 apud NALINI, 2009, p. 135), complementa expondo que:
 
A deontologia jurídica há de compreender e sistematizar, inspirada em 
uma ética profissional, o status dos distintos profissionais e seus deveres 
específicos que dimanam das disposições legais e das regulações 
deontológicas, aplicadas à luz dos critérios e valores previamente 
decantados pela ética profissional. Por isso, há que distinguir os 
princípios deontológicos de caráter universal (probidade, desinteresse, 
decoro) e os que resultam vinculados a cada profissão jurídica em 
particular: a independência e imparcialidade do juiz, a liberdade no 
exercício profissional da advocacia, a promoção da justiça e a legalidade 
cujo desenvolvimento corresponde ao Ministério Público etc.
Nesse sentido, Locatelli (2011, p. 3) expõe que a deontologia “sendo 
ciência, cuida das normas jurídicas e princípios doutrinários, com o fim específico 
de regular a conduta dos operadores do Direito, no que é concernente aos seus 
deveres de ordem profissional”. Ainda, conforme Locatelli (2011, p. 3), “o 
âmago da deontologia jurídica é o de procurar usar o direito com ética, com 
comportamento moral, bem como estimular o profissional tratar sua profissão 
com zelo, com consciência”.
Como já exposto, a deontologia se aplica a todas as profissões, como no 
direito também, pois a deontologia estuda os aspectos do dever profissional, 
como do advogado e de outros operadores do direito como os juízes, promotores 
e serventuários da justiça.
Nesse sentido, o quadro a seguir apresentará algumas características 
deontológicas de alguns operadores do direito. Vejamos!
QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS DEONTOLÓGICAS DE ALGUNS OPERADORES DO DIREITO
RAMO DE ATUAÇÃO 
NO DIREITO CARACTERÍSTICAS DEONTOLÓGICAS
Para os juízes
• As funções exercidas pelo magistrado implicam em 
deveres de ordem salutar, pois a causa que está em 
suas mãos pode ser decisiva para a vida do litigante.
• A ética do juiz funda-se, de outra parte, em postulados 
elementares de certos valores úteis, fundamentais 
e absolutos, como o respeito à vida, ao direito, à 
dignidade, à honra da pessoa.
162
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
• São todos os valores transmitidos pela tradição e 
que se encontram na primeira página de qualquer 
código deontológico
• Assim, cabe ao juiz definir sua estratégia profissional, 
e adequar-se, de certa forma, a multiplicidade de 
missões que lhe são confiadas pela sociedade, bem 
como pelas partes em conflito, para que seja feita a 
devida justiça por parte do Estado.
Para os integrantes 
do Ministério Público
• Os integrantes do Ministério Público, o dever 
deontológico se faz estritamente necessário no 
exercício pleno de suas funções, seja no âmbito cível 
ou criminal.
• O Ministério Público é figura permanente e essencial 
à função jurisdicional, como a própria Carta Magna 
traz em seu bojo, defendendo os anseios sociais e 
fiscalizando a aplicação da lei.
• A atuação e intervenção do Ministério Público deve 
ocorrer de forma coerente e necessária.
• Em nenhum momento deve ser levado pela paixão, 
relegando o caráter técnico-jurídico a segundo plano 
e ferindo de morte a dignidade da sua nobre função.
• Não pode o Ministério Público intervir de forma 
arbitrária, com o simples pensamento de uma 
condenação, bem como não pode agir fora de seus 
limites.
• Assim como os advogados, os promotores também 
possuem seu código ético, denominado Código 
Nacional de Ética do Ministério Público, o qual 
norteia o exercício sadio da profissão.
FONTE: Adaptado de Locatelli (2011, p. 4)
Essas características deontológicas, supracitadas de algumas áreasprofissionais do direito, reafirmam que a base ética e moral estão presentes em suas 
respectivas práxis profissionais. Locatelli (2011, p. 4) complementa nossa análise 
expondo que:
A deontologia jurídica pode ser orquestrada como um ramo do 
direito, pois se funda em regular a conduta dos operadores do direito 
através de princípios doutrinários e normas, como, por exemplo, o 
Código de Ética e disciplina da OAB e das carreiras da Magistratura 
e do Ministério Público. Sendo assim, compete-lhes fazer justiça com 
dever ético e moral.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
163
Essas normativas e códigos das condutas profissionais dos operadores do 
direito são reflexos vivos do estudo deontológico, pois neles estão estampados 
os princípios doutrinários do comportamento profissional perante o seu fazer 
profissional.
Para finalizar este subtópico, gostaríamos de apresentar alguns exemplos 
da deontologia jurídica aplicadas à advocacia, pois, segundo Lima (2020, p. 5), 
“a deontologia jurídica aplicada à advocacia tem ligação com diversos ramos do 
Direito”, e assim seguem alguns exemplos:
QUADRO 13 – EXEMPLOS DA DEONTOLOGIA JURÍDICA APLICADOS À ADVOCACIA
RAMOS DO 
DIREITO
EXEMPLOS DA DEONTOLOGIA JURÍDICA 
APLICADOS À ADVOCACIA
CONSTITUCIONAL • Indispensabilidade do advogado (Art. 133 da CF), o quinto constitucional.
CIVIL E 
CONSUMIDOR
• Instituto do mandato; da responsabilidade civil dos 
profissionais liberais; da natureza jurídica da sociedade 
de advogados.
PROCESSO CIVIL • Renúncia; da revogação; do direito de apresentar a procuração no prazo de 15 dias prorrogáveis.
PENAL
• Crimes próprios do advogado (tergiversação, patrocínio 
simultâneo, patrocínio infiel) e aqueles que os profissionais 
do Direito têm imunidade no exercício da advocacia 
(injúria e difamação); no estudo da reabilitação etc.
PROCESSO PENAL
• Aplicação subsidiária do Direito Processual Penal aos 
processos disciplinares da OAB (Art. 68 do EAOAB); 
na exigência de poderes especiais para que o advogado 
ofereça a queixa-crime; perdão nos crimes de ação 
penal privada etc.
ADMINISTRATIVO
• Estudo da incompatibilidade da advocacia com 
determinados serviços públicos; do impedimento de 
certos servidores públicos do exercício da advocacia 
contra ou a favor da Administração Pública em geral.
TRABALHO
• Estudo do advogado empregado; do sindicato de 
advogados; do i us postulandi da parte na Justiça do 
Trabalho (Art. 791 da CLT).
FONTE: Adaptado de Lima (2020, p. 5-6)
Mediante essas considerações, pode-se expor que na aplicação dos 
preceitos da deontologia jurídica, na práxis profissional dos operadores do direito 
e nas supracitadas áreas jurídicas, todos esses exemplos se fazem presentes nos 
preceitos éticos e morais.
164
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
4 PRINCÍPIOS GERAIS DA DEONTOLOGIA JURÍDICA
Pois bem, agora gostaria de lhe apresentar brevemente as principais 
características de alguns princípios deontológicos da prática profissional dos 
operadores do direito, pois no dia-a-dia do cotidiano profissional nos deparamos 
com diversas condutas e comportamentos, os quais estão pautados pelos princípios 
éticos e morais.
Nesse sentido, Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 6) nos 
colocam que “é possível se extrair alguns princípios do senso comum profissional e 
que se prestam a elementos interpretativos e integrativos na aplicação das normas 
jurídicas de natureza ética aos casos concretos”. Dentre eles, pode-se citar os 
seguintes princípios deontológicos de âmbito jurídico:
• Princípio fundamental da ciência e consciência.
• Princípio da conduta ilibada.
• Princípio do decoro e da dignidade.
• Princípio da diligência.
• Princípio da confiança.
• Princípio do coleguismo.
• Princípio do desinteresse.
• Princípio da fidelidade.
• Princípio da reserva.
• Princípio da lealdade e da verdade.
Passaremos a explanar sobre cada um desses supracitados princípios 
deontológicos dos operadores do direito, a seguir.
4.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CIÊNCIA E CONSCIÊNCIA
Lembre-se de que, na primeira unidade deste livro, trabalhamos muito 
sobre essa questão da ciência e consciência das coisas e dos fatos, principalmente 
no item que apresentou a questão da consciência e o empoderamento moral 
(Subtópico 4 do Tópico 2) e no Subtópico 5 do mesmo tópico, que refletimos sobre 
os estágios da consciência ética e moral, no qual verificou-se que a consciência é um 
dos elementos que caracterizam a ética, pois ética significa, em sua subjetividade, 
a ciência e consciência das regras sociais.
Prezado acadêmico! Devemos partir do princípio de que a ciência tratada, 
aqui, é ter conhecimento e noção dos atos comportamentais e técnico-profissionais 
desenvolvidos pela ciência em si, e não a ciência como um instituto da pesquisa em busca 
do conhecimento.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
165
Nesse sentido, convidamos você a resgatar os preceitos já estudados na unidade 
anterior, pois na deontologia jurídica, segundo Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 
apud LIMA, 2020, p. 6), “a ciência não é somente uma acumulação de conhecimentos 
técnicos, mas a formação que habilita o profissional ao exercício de sua perícia”. Sendo 
assim, no fazer profissional, colocamos em prática as competências e habilidades 
desenvolvidas na formação profissional, mas sempre atuando profissionalmente 
sobre os preceitos éticos e morais.
Outra questão relevante é a importância da atualização profissional constante, 
pois as legislações e entendimentos jurisprudenciais vão se modificando no decorrer 
da própria evolução da compreensão da realidade dos casos concretos, vale ressaltar 
ainda que, para Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 6, grifo 
nosso), a “ciência com consciência enfrenta o desafio de apontar problemas éticos 
e morais da ciência contemporânea, exemplo disso é a importância da atualização 
jurídica constante”. São nas consciências e ciências dos problemas ético-morais dos 
casos concretos que se permeiam os fazeres profissionais dos operadores de direito, e 
sobre elas, busca-se as possíveis soluções de enfrentamento profissional. 
Então, os operadores do direito necessitam ter ciência e consciência de 
todas as suas condições técnicas-operativas, para proporcionar assim um fazer 
profissional ético e moral.
4.2 PRINCÍPIO DA CONDUTA ILIBADA 
Nesse quesito, do princípio da conduta ilibada dos operadores do direito, 
partiremos da questão conceitual do que é “conduta”, para depois vislumbrar as 
principais características deste princípio deontológico.
Desse modo, a “conduta”, segundo Cunha (2011, p. 77), pode ser 
compreendida como o “comportamento. Ato, modo ou efeito de se conduzir ou 
comportar”. Que é uma “atividade referida a uma norma” (CUNHA, 2011, p. 77). 
Denotando, assim, que a conduta é o modo de agir, ou seja, o comportamento ético 
e moral em si dos atos e ações praticadas pelos operadores do direito.
Nesse sentido, Guimarães (2016, p. 232) expõe que a “Conduta” é o 
“modo de proceder de cada indivíduo, seu comportamento no meio em que vive, 
em harmonia, ou não, com a moral, os usos e costumes, os princípios éticos”. 
Lembrando que esse comportamento dos profissionais está pautado nas normas, 
códigos e regulamentos profissionais de cada categoria.
Assim, para os operadores do direito é exigida uma conduta ilibada, ou 
seja, uma conduta permeada pela idoneidade moral, ética, limpa, íntegra e correta, 
demostrando que trabalham com honestidade e agem com honra, e que respeitam 
os preceitos ético-morais e os bons costumes socialmente constituídos.
166
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
4.3 PRINCÍPIO DO DECORO E DA DIGNIDADE
No que tange ao princípio do decoro e da dignidade, devemos, primeiramente, 
compreender que, para Cunha (2011, p. 103), o “decoro” é compreendido como a 
“correção moral, compostura, decência”. Demostrando que os profissionais, sejam 
da área jurídica ou não, devem exercer sua profissão com uma postura condizente 
com os preceitos profissionais,morais e éticos.
Entretanto, ser digno, para Cunha (2011, p. 112), é ser “valoroso, 
merecedor de consideração e respeito”. Nesse sentido, pode se dizer que agir com 
dignidade, é agir segundo os preceitos éticos e morais socialmente constituídos, e 
que é moralmente adequado ao fato concreto do seu fazer profissional.
Sendo assim, de acordo com Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 
2020, p. 6), “estes princípios dizem respeito ao desempenho da profissão de cada 
um de seus membros, exigindo daquele que a pratica seriedade e serenidade no 
comportamento”. Isso é, que tenhamos seriedade profissional, buscando sempre agir 
com compostura e decência junto aos nossos clientes, colegas e demais profissionais.
Lembre-se de que “o decoro difere da dignidade: enquanto a dignidade 
analisa as atitudes e atos do ser humano em sua vida pessoal, o decoro indica 
a postura do operador do direito perante sua classe em razão de seus atos” 
(NEGRO; RODRIGUES, 2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 6).
Assim, pode-se concluir que na atuação profissional dos operadores do 
direito, faz-se necessário que os profissionais detenham uma postura digna e 
respeitosa, com atitudes e atos salutares à profissão, valorando, assim, a própria 
profissão e conduta profissional.
Conforme Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 6, grifo 
nosso), essas questões do princípio da conduta ilibada dos operadores do direito “está 
explícito no Art. 2°, parágrafo único, Incisos I e III do Código de Ética, que é dever do 
advogado preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, 
zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade, além de velar por sua 
reputação pessoal e profissional. Daí o requisito da idoneidade moral, para a inscrição 
(Art. 8°, VI, do EAOAB)”.
IMPORTANT
E
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
167
4.4 PRINCÍPIO DA DILIGÊNCIA
Com relação ao princípio da diligência, podemos expor que os operadores 
do direito necessitam ser aplicados, zelosos e esforçados no seu fazer profissional, 
pois a diligência, segundo Cunha (2011, p. 112), é compreendida como o “cuidado, 
empenho que se põe na execução de um ato ou tarefa”. Na práxis profissional do 
âmbito jurídico, eles possuem por premissa desenvolver suas atividades laborais 
com zelo e cuidado, ou seja, com diligência. 
Nesse sentido, Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, 
p. 7) expõem que “esse princípio enseja que o profissional tem o dever de ser 
diligente no tratamento igual, tanto para casos menores quanto para casos 
de maior relevância”. Desenvolvendo um padrão de qualidade igualitária, 
independentemente do caso concreto em si.
Outra questão que se apresenta, aqui, é a responsabilidade do operador 
do direito em dar prosseguimento à causa, não a abandonando ou deixando-a 
de lado, para dar atenção a outra causa de maior valor, pois esse princípio da 
diligência, conforme Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 7), 
“compreende aspectos eminentemente pessoais, zelo, escrúpulo, a assiduidade, 
a precisão, a atenção, entre outros”, demonstrando assim que os profissionais da 
área jurídica, em específico, precisam desenvolver sua prática profissional com 
dedicação, profissionalismo e respeito a seus clientes.
4.5 PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
Confiança é um dos preceitos éticos mais importantes no que concerne 
à relação dos profissionais com seus clientes e, nesse sentido, os operadores de 
direito desenvolvem sua práxis profissional baseados na confiança mútua entre as 
partes, pois, segundo Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 7), 
“ao constituir seu advogado, o cliente busca um profissional em quem ele possa 
confiar, alguém que possa lhe instruir com relação às probabilidades de êxito ou 
de sucumbência quanto a sua pretensão”. É nessa acreditação profissional que os 
profissionais do direito buscam a confiança na prestação dos serviços jurídicos. 
Outro fator relevante é que o advogado “deve merecer a confiança de seu 
cliente, pois ela é elemento indispensável na delicada relação entre o advogado e 
seu cliente” (NEGRO; RODRIGUES, 2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 7). Esse 
merecimento é construído pelos seus princípios éticos e morais e, historicamente, 
no desenvolvimento de sua prática profissional.
168
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
4.6 PRINCÍPIO DO COLEGUISMO
Neste princípio do coleguismo, entra a questão do trabalho colaborativo e 
respeito entre os operadores do direito que trabalham no mesmo espaço laboral 
ou entre profissionais da mesma classe profissional, pois o companheirismo é 
fundamental para o desenvolvimento da práxis profissional dos operadores de 
direito, sendo que cada profissional possui potencialidades como fragilidades e o 
trabalho colaborativo se torna fundamental na construção do todo.
Dentre os valores éticos e morais presentes nesse princípio do coleguismo, 
pode-se citar a disciplina, respeito, dignidade, cordialidade, colaboração, lealdade, 
ética, transparência, sinergia, empatia, decoro, cooperação, fidelidade dentre 
muitos outros que denotem um comportamento que leva em consideração o outro 
profissional que atua junto ao operador do direito.
Lembre-se de que nunca trabalhamos sozinhos, sempre desenvolvemos 
nossa práxis profissional junto a outros profissionais, seja de forma interdisciplinar 
ou multidisciplinar. E esses ensejam os valores e princípios ético-morais elencados 
no parágrafo anterior.
4.7 PRINCÍPIO DO DESINTERESSE
O princípio do desinteresse demostra que, no desenvolvimento da práxis 
profissional dos operadores do direito, o que impera é o interesse da justiça em 
si e não os interesses pessoais, pois como cita Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 
apud LIMA, 2020, p. 7), “este princípio tem como peculiaridade fazer predominar 
o interesse da justiça sobre qualquer anseio de cobiça pessoal”. Aqui, o importante 
é compreender que prevalece o profissionalismo na busca da garantia dos direitos 
humanos, individuais e sociais nos casos concretos, assim, o deslinde da causa não 
pode ter influência e interesse pessoal do advogado ou do operador do direito.
Salienta-se que, para Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, 
p. 7), “o advogado, todavia, pode recusar determinadas causas em face de certas 
circunstâncias”. Demostrando que os profissionais do direito possuem autonomia 
de aceitar ou rejeitar certas demandas judiciais.
4.8 PRINCÍPIO DA FIDELIDADE
Esse preceito é muito importante no fazer profissional dos advogados, pois 
a fidelidade e comprometimento denota continuidade do trabalho profissional 
entre o cliente e seu procurador, o advogado. Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 
apud LIMA, 2020, p. 8) colocam-nos que esse princípio da fidelidade “refere-se, 
de forma abrangente, ao comprometimento do operador de Direito, no sentido de 
agir sempre com lealdade, verdade e transparência de seus atos e, principalmente, 
aos preceitos morais obrigatórios no ordenamento jurídico.” Esse empenho e 
esforço profissional refletem no resultado do caso concreto.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
169
Assim, os operadores de direito possuem como valor ético-moral a fidelidade, 
ou seja, ser fiel ao cliente e ao caso concreto. Conforme Ferreira (2008, p. 405), ser 
fiel é ser “digno de fé, leal honrado. Que não falha; com o qual se pode contar; 
seguro. Exato em fazer as coisas. Verídico, verdadeiro”. Demostrando constância 
e veracidade no desenvolvimento de sua instrumentalidade profissional, e assim 
proporcionará a fidelização do seu cliente.
4.9 PRINCÍPIO DA RESERVA
No que tange ao princípio da reserva, deve-se compreender que esse preceito, 
na verdade, é o princípio da legalidade, que, conforme Guimarães (2016, p. 591), é 
o que está “expresso na atual CF, pelo qual as pessoas não são obrigadas a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. De acordo com Cunha (2011, p. 
232), é o “princípio segundo o qual todas as pessoas são subordinadas à lei. Princípiosegundo o qual não há crime sem lei que o defina”. Demostrando que os operadores 
do direito desenvolvem suas atividades dentro dos preceitos legais estabelecidos.
Assim, no desenvolvimento da práxis profissional, a conduta deve ser 
pautada pela legalidade e, nesse sentido, veja a seguir alguns exemplos de preceitos 
legais que apresentam o princípio da legalidade no seu texto legal:
• Art. 5°, II da CF/1988: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei” (CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p. 3).
• Art. 5°, XXXIX da CF/1988: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem 
pena sem prévia cominação legal” (CÉSPEDES; ROCHA, 2020, p. 5).
• Art. 37 da CF19/88: “a administração pública direta, indireta ou fundacional, 
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade [...]” (CÉSPEDES; ROCHA ,2020, p. 15).
Nesse sentido, de acordo com Cunha (2011, p. 235), o Princípio da Reserva 
de lei ou Princípio da Reserva Legal é o “princípio que submete determinada 
imposição à existência da respectiva lei específica. Princípio segundo o qual a 
lei de regência é a do tipo indicado pela Constituição”. Em outros termos, todos 
os atos pessoais ou profissionais são regidos por princípios éticos e normativas 
constitucionais e infraconstitucionais.
4.10 PRINCÍPIO DA LEALDADE E DA VERDADE
Lealdade, fidelidade, constância, tradição são sinônimos de um 
comportamento profissional que denota o preceito ético e moral da sinceridade e 
honestidade, pois segundo Ferreira (2008, p. 510), leal é ser “sincero, franco e honesto. 
Fiel a seus compromissos”. Esses valores ético-morais proporcionam um fazer 
profissional dos operadores de direito pautados no comprometimento honesto frente 
aos compromissos profissionais, demostrando sua lealdade junto a seus clientes e 
colegas profissionais.
170
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
Nesse sentido, Negro e Rodrigues (2018, p. 31-204 apud LIMA, 2020, p. 8) 
expõe que “o princípio da lealdade preconiza ao advogado dizer a verdade ao seu 
cliente, seja ela alvissareira ou não”. Esse princípio da lealdade, para Guimarães 
(2016, p. 590), expressa “que as partes e os seus advogados têm a obrigação de 
serem verdadeiros na exposição dos fatos, leais no seu proceder e de boa-fé”. Sendo 
assim, deve ter transparência entre o profissional e seu cliente, e que o trabalho 
desenvolvido necessita ser leal e verdadeiro, respeitando a veracidade dos fatos, 
pois, Cunha (2011, p. 292) complementa expondo que a verdade são “as coisas tais 
como são”. Que denota a veracidade dos fatos e transmite confiança.
Segundo Guimarães (2016, p. 726), a verdade é estar em “conformidade 
da vontade declarada com os fatos. Qualidade do que se apresenta aos nossos 
sentidos como existente, de maneira inequívoca. Competem às partes e aos seus 
procuradores expor os fatos em juízo conforme a verdade”. A verdade é estar em 
“conformidade com o real” (FERREIRA, 2008, p. 812).
5 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO FUNDAMENTO 
DA ÉTICA JUDICIAL E DA JUSTIÇA
Partiremos do princípio que dentro da ética jurídica temos por premissa a 
dignidade da pessoa humana, pois ela é tida como um dos fundamentos da ética 
judicial e da própria justiça. 
Para Bezerra (2010, p. 272), “a justiça, pois, como expressão da verdade, 
busca concretizar o fundamento da ética, qual seja, a dignidade da pessoa humana, 
por meio da realização integral dos direitos humanos”. Em que, no âmbito da 
justiça está a garantia dos direitos humanos.
Um exemplo do princípio da lealdade e da verdade está exposto no Art.77, I 
do CPC/2015, que assim expõe: “expor os fatos em juízo conforme a verdade” (CÉSPEDES; 
ROCHA, 2020, p. 274).
NOTA
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
171
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
 Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Prezado acadêmico, a dignidade da pessoa humana é mais um dos 
fundamentos da Constituição do Brasil de 1988, na qual devemos compreender 
primeiramente algumas questões relativas ao próprio ser humano para depois 
desvelar o significado da dignidade da pessoa humana em si, pois de acordo 
com Pieritz (2012, p. 69, grifo nosso),
 
todos os homens fazem parte de uma sociedade, de um grupo social, 
de uma estrutura social, portanto, podemos dizer que os homens em 
sociedade convivem em grupo. Cada grupo social possui diferentes 
características culturais e morais, por exemplo: os povos indígenas, 
os orientais, os africanos, os alemães, os franceses, os italianos, os 
americanos, os brasileiros, entre muitos outros. Cada sociedade possui 
suas normas de conduta comportamental e seus princípios morais, ou 
seja, cada grupo social ou cada sistema social constituiu o que é certo e 
errado, o que é o bem e o mal para o seu povo. Portanto, nem sempre o 
que é certo para nós pode ser certo para outro grupo social, e vice-versa.
Pieritz (2012, p. 70) complementa expondo que:
o ser humano nunca conseguirá ser homem sem interagir diretamente 
com os outros homens, e que neste convívio ele deverá procurar o 
equilíbrio em seus comportamentos perante os outros, procurando 
constantemente se adaptar ao meio em que está inserido, ou seja, o 
ser humano necessita respeitar as diferenças para assim melhorar 
sua condição de vida e angariar sua dignidade humana.
Desse modo, podemos expor que, quando falamos da dignidade do ser 
humano, estamos nos referindo diretamente ao seu bem mais precioso, além da 
própria vida em si, pois a dignidade humana está intrínseca aos seus valores 
éticos e morais enquanto ser humano que vive e convive em sociedade.
Nesse sentido, Cunha (2011, p. 112) expõe que a dignidade pode ser 
compreendida como a “característica do que é digno”. E, portanto, digno é “o 
que é valoroso, merecedor de consideração e respeito. Aquele que age segundo 
a moral. Aquilo que é normalmente adequado. O que está acima de qualquer 
preço, e, por conseguinte, não admite equivalente” (CUNHA, 2011, p. 112).
Podemos compreender que ser digno é estar de bem consigo mesmo, 
honrando e agindo conforme seus próprios princípios éticos e morais, ou seja, 
ser honesto e correto com seus valores e princípios, o que reflete diretamente no 
respeito e consideração dos demais integrantes do seu convívio social.
[Pois] quando se fala, por exemplo, em dignidade, em sentimento, 
amor, ódio, conhecimento, intelectualidade, desejo, indiferença, 
está se falando em valores intrínsecos do ser humano, em valores 
que constituem um patrimônio subjetivo, visualizado no mundo 
172
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
exterior apenas nas manifestações que cada pessoa, em determinados 
momentos, deixa livremente exalar de seu corpo, de seu espírito, 
de sua alma, mostrando-se como verdadeiramente é, mostrando-se 
exclusivamente “ser” (MADJAROF, 2011 apud PIERITZ, 2012, p. 20).
A respeito da dignidade da pessoa humana, Mascarenhas (2008, p. 49) 
expõe que “a ninguém é dado o direito de violar os direitos do homem, e cabe 
ao Estado a proteção desses direitos e a garantia do exercício das liberdades 
individuais”. Em outros termos, podemos expor que a dignidade do ser 
humano não pode ser violada por ninguém e nem pelo próprio homem, e deve 
ser protegida pelo Estado.
E, portanto, a Carta Magna brasileira possui como um de seus 
fundamentos constitucionais a dignidade da pessoa humana, justamente no 
intuito de possibilitar a proteção incondicional de sua população.
Segundo Moraes (2001, p. 48):
A dignidade, no dizer de Alexandre de Moraes, é um valor espiritual 
e moral atinente à pessoa, que se manifesta singularmente na 
autodeterminação consciente e responsável da própria vida, e que 
traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, 
constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico 
deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam 
ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas 
sempre sem menosprezar a necessária estima quemerecem todas as 
pessoas enquanto seres humanos. 
Vale salientar ainda, prezado acadêmico, que essa questão da dignidade 
da pessoa humana não surgiu no Brasil, e sim adveio de uma preocupação 
mundial sobre o respeito e a valorização humana, ou seja, internacionalmente, “o 
Direito Internacional dos Direitos Humanos ergue-se no sentido de resguardar 
o valor da dignidade humana” (PIOVESAN, 2009, p. 112).
Agora, veremos no quadro a seguir o que significa a dignidade da 
pessoa humana.
QUADRO 16 – O QUE SIGNIFICA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA?
O QUE SIGNIFICA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA?
• A dignidade é essencialmente um atributo da pessoa humana 
pelo simples fato de "SER" HUMANA.
A PESSOA MERECE TODO O RESPEITO, 
independentemente de sua origem, raça, sexo, idade, estado 
civil ou condição social e econômica.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
173
• Muito se tem usado a expressão "dignidade da pessoa humana" 
para defender direitos humanos fundamentais, mas sem se 
chegar ao âmago do conceito.
• Daí a invocação da expressão em contextos diametralmente 
opostos, para justificar seja o direito à vida do nascituro, seja o 
direito ao aborto.
• Diante de tal paradoxo, é necessário trazer alguns elementos de 
reflexão sobre realidades e sofismas na fixação de um conceito 
de "dignidade da pessoa humana" que sirva de base sólida à 
defesa dos direitos essenciais do ser humano, sob pena de 
deixá-los sem qualquer amparo efetivo e, por conseguinte, sem 
garantia de respeito.
• Nesse sentido, o CONCEITO de dignidade da pessoa humana 
NÃO PODE SER RELATIVIZADO:
A PESSOA HUMANA, enquanto tal, NÃO PERDE SUA 
DIGNIDADE, quer por suas deficiências físicas, quer mesmo 
por seus desvios morais.
• Deve-se, nesse último caso, distinguir entre o crime e a pessoa 
do criminoso.
o O crime deve ser punido, mas a PESSOA do criminoso deve 
ser tratada com respeito, até no cumprimento da pena a que 
estiver sujeito.
Se o PRÓPRIO CRIMINOSO deve ser tratado com respeito, 
quanto mais a VIDA INOCENTE.
• RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS 
FUNDAMENTAIS.
Só é SUJEITO DE DIREITOS a pessoa humana
• Os DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS são o "mínimo 
existencial" para que possa se desenvolver e se realizar.
• Há, ademais, uma hierarquia natural entre os direitos humanos, 
de modo que uns são mais existenciais do que outros.
• E sua lista vai crescendo, à medida que a humanidade vai 
tomando consciência das implicações do conceito de dignidade 
da vida humana.
• Por isso, as sucessivas declarações dos direitos humanos 
fundamentais (a francesa de 1789 e a da ONU de 1948), 
desenvolvendo-se a ideia de diferentes "gerações" de direitos 
fundamentais:
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174
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
o Os DIREITOS FUNDAMENTAIS de 1ª GERAÇÃO, como:
▪ A VIDA;
▪ A LIBERDADE;
▪ A IGUALDADE;
▪ A PROPRIEDADE.
o Os DIREITOS FUNDAMENTAIS de 2ª GERAÇÃO, como:
▪ A SAÚDE;
▪ A EDUCAÇÃO;
▪ O TRABALHO.
o Os DIREITOS FUNDAMENTAIS de 3ª GERAÇÃO, como:
▪ A PAZ;
▪ A SEGURANÇA;
▪ O RESGUARDO DO MEIO AMBIENTE.
• Ora, só se torna direito humano fundamental a garantia de um 
meio ambiente saudável quando se TOMA CONSCIÊNCIA 
de que o descuido da natureza pode comprometer a existência 
do homem sobre o planeta.
• Assim, os direitos humanos de 3ª geração dependem 
necessária e inexoravelmente dos direitos de 1ª geração.
• Daí que, sendo o DIREITO À VIDA o mais básico e fundamental 
dos direitos humanos, não pode ser relativizado, em prol de 
outros valores e direitos.
SEM VIDA não há qualquer outro direito a ser resguardado.
• Assim, a defesa do aborto, em nome da dignidade da pessoa 
humana, ao fundamento de que uma vida só é digna de ser vivida 
se for em "condições ótimas de temperatura e pressão", é dos 
maiores sofismas que já surgiram, desde os tempos de Sócrates.
• Uma coisa é o SACRIFÍCIO VOLUNTÁRIO do titular do 
direito à vida, para salvar outra vida.
• Outra coisa bem diferente é a IMPOSIÇÃO DO SACRIFÍCIO 
por parte do mais forte em relação ao mais fraco, que não tem 
sequer como se defender, dependendo de que outros o façam 
por ele, por puro altruísmo.
FONTE: Adaptado de Martins Filho e Vieira (2008)
A
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TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
175
Assim, podemos expor que realmente este fundamento constitucional 
brasileiro, da dignidade da pessoa humana, é de suma importância na 
elaboração das demais normas de conduta do cidadão brasileiro.
Fonte: PIERITZ; Vera Lúcia Hoffmann; BONETTI, Joelma Crista Sandri; FRANZMANN, Neusa 
Mendonça. Direitos humanos e cidadania. Indaial: UNIASSELVI, 2016. (p. 78-83).
Ampliando um pouco mais nossa percepção correlacionada à dignidade 
da pessoa humana, vale ressaltar que, segundo Bezerra (2010, p. 268), “no período 
axial da história, nasce a ideia de uma igualdade essencial entre os homens. Na 
filosofia grega, segundo a tese de Aristóteles, é possível identificar um elemento 
comum a todos os indivíduos, que lhe é próprio, a racionalidade”. Igualdade essa 
que é fundamental para o convívio humano em sociedade.
Nessa perspectiva, Bittar (2007, p. 158) coloca-nos que “toda a responsabilidade 
ética na consciência individual, encontrando na ideia do dever pelo dever (imperativo 
categórico) o pilar sobre o qual faz assentar todo o fundamento do agir ético”. E que 
esse agir ético deve ser responsável e igualitário proporcionando e resguardando a 
dignidade da pessoa humana.
Para Comparato (2006, p. 494), o fundamento soberano da ética é a 
“dignidade da pessoa humana”, e acrescenta:
 
O movimento de aproximação de todos os povos na construção 
comunitária de um mundo livre, justo e solidário, fundado no respeito 
integral dos direitos humanos, vem crescendo sem descontinuar, e 
já começa a tecer uma densa rede de organizações transnacionais de 
resistência à dominação capitalista. A sua capacidade de expansão, 
ao contrário do que sucede com o movimento antagonista, existe não 
em função do poder – tecnológico, econômico ou militar –, mas da 
vigência efetiva dos grandes princípios éticos no mundo todo.
Nesse sentido, você pode perceber que o pano de fundo do comportamento 
ético, moral e jurídico é a dignidade da pessoa humana.
Segundo Lenza (2014, p. 1.399), a dignidade da pessoa humana é considerada 
a “regra matriz dos direitos fundamentais, tema [...] que pode ser bem definido como o 
núcleo essencial do constitucionalismo moderno. Assim, diante de colisões, a dignidade 
servirá para orientar as necessárias soluções de conflitos”.
IMPORTANT
E
176
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
Prezado acadêmico, não deixe de ler esses dois documentos que tratam da 
questão da Dignidade da Pessoa Humana:
• A Carta das Nações Unidas (1945). Na íntegra em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/1930-1949/D19841.htm.
• A Declaração Universal dos Direitos Humanos. Na íntegra em: http://www.mp.go.
gov.br/portalweb/hp/7/docs/declaracao_universal_dos_direitos_do_homem.pdf. 
Convidamos você, ainda, a realizar as seguintes leituras: Deontologia jurídica: ética das 
profissões de Elcias Ferreira da Costa e A deontologia jurídica e a sua aplicação no âmbito 
do direito moderno de Tiago Ferreira da Silva.
FIGURA – DEONTOLOGIA JURÍDICA
FONTE: <https://bit.ly/2OdE6g2> Acesso em: 24 fev. 2021.
FONTE: COSTA, E. F. da. Deontologia jurídica: ética das profissões jurídicas. 2. ed. São Paulo: 
Forense, 2008.
DICAS
A DEONTOLOGIA JURÍDICA E A SUA APLICAÇÃO NO ÂMBITO DO 
DIREITO MODERNO
Tiago Ferreira da Silva
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como intuito a tratativa acerca do tema da 
“Deontologia Jurídica”, assim como os aspectos e as características inerentes ao 
âmbito da Deontologia e do Direito. A Deontologia Jurídica é sinônimo de Ética 
Profissional, uma vez que esse instituto jurídico tem como objeto o estudo do 
comportamento ético das profissões do Direito, para que haja uma adequação 
no exercício desses profissionais.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
177
Assim, será observadoa grande importância da Deontologia Jurídica no 
âmbito do Direito, bem como a problemática relacionada à sua plena aplicação 
no plano jurídico moderno, resultante de pensamentos antropocêntricos, tendo 
em vista a dificuldade que vem sendo dada à sua aplicação pelos operadores do 
Direito nos dias atuais, pois muito se observa a falta de ética e de boa-fé desses 
profissionais para com os seus colegas de profissão, atingindo, inclusive, terceiros 
que necessitam de uma tutela jurídica efetiva.
Obstante a essas práticas, a deontologia jurídica deve servir de ferramenta 
para que a profissão jurídica seja exercida plenamente, respeitando devidamente 
os seus princípios e valores, afastando a corrupção e a desonestidade advinda de 
juízes, advogados, promotores, defensores públicos e tantos outros profissionais 
que possuem o papel essencial de proporcionar a satisfação do interesse público.
2 A DEONTOLOGIA E SEUS ASPECTOS
Inicialmente, cumpre decifrar o que seria o termo deontologia, cuja 
etimologia deriva do grego “déon” ou “deontos” com significado de dever 
ou obrigação e “logos”, que pode ser discurso ou tratado. Portanto, além da 
deontologia ser conhecida como tratado ou conjunto de deveres e da moral, 
também pode ser compreendida como ciência do dever e da obrigação, termo 
este que está interligado intrinsecamente com a filosofia, a ética e a moral, tendo 
como fim, modelar o exercício de determinados grupos de profissionais.
Sabe-se que para se viver plenamente em uma sociedade é necessário 
que sejam interpostas determinadas regras de condutas, proporcionando, 
assim, a delimitação de como se deve ou não agir e punindo os que desrespeitem 
as referidas regras, proporcionalmente. O mesmo ocorre em determinados 
grupos profissionais, onde para que prevaleçam a honestidade e a probidade 
dos agentes, faz-se necessário haver uma regulação de condutas, com o fito de 
conduzir o comportamento desses grupos, evitando-se que tais práticas possam 
se reproduzir gerando desonra à ética que se propõe.
O termo foi introduzido pelo filósofo e jurista Jeremy Bentham, o qual 
propôs tratar a ética como fundamento do dever e das normas. Observa-se 
o porquê que a deontologia também é conhecida como “Teoria do Dever”, 
onde mais uma vez demonstra-se o destaque no campo das profissões, sendo 
necessário se constituir códigos de condutas com fundamentos éticos e morais, 
para que assim seja possível nortear o cumprimento das atribuições acerca dessas 
profissões. É possível calcular a grande importância da deontologia quando se 
mede o papel em determinados grupos profissionais, podendo abarcar, em sua 
espécie, a Deontologia Jurídica, Médica, Farmacêutica, Contábil e muitas outras 
existentes. Portanto, o entendimento que se deve extrair da deontologia é que 
este instituto abarca princípios e regras de condutas e deveres, sendo necessário 
que cada profissional seja regulamentado por um contexto deontológico 
específico, onde sejam delimitadas suas formas de agir e exercer a referida 
178
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
profissão. Assim ocorre com os Códigos de Ética, por exemplo, criados com 
o fito de se ter uma prestação de serviço plena e confiável em relação as suas 
relações pessoais e sociais, onde não seria possível se não houvesse a presença 
da ética e da moral.
Como se vê, a deontologia está entrelaçada com a ética e a moral, tendo-as 
como fundamento de seu estudo, uma vez que estes institutos são destaques da 
ciência filosófica. Vale a diferenciação de cada um destes institutos para melhor 
compreensão do tema aqui abordado: A origem etimológica de Ética é o vocábulo 
grego "ethos", a significar "morada", "lugar onde se habita", mas também quer 
dizer "modo de ser" ou "caráter" (NALINI, 2009, p. 19).
Nas palavras de Nalini, ética se faz mediante condutas reiteradas de 
uma dada sociedade, baseada nos costumes sociais e no caráter das pessoas, ou 
seja, é considerada como algo já inserido nos costumes dos cidadãos, mediante 
um hábito bondoso, empírico e virtuoso, que é passada de geração para geração, 
evoluindo juntamente com a sociedade. A ética, diferentemente da moral, possui 
uma natureza mais ampla onde abrange o próprio entendimento de “ciência da 
práxis”, assim como disciplinava filosoficamente Platão e Aristóteles. Portanto, 
a ética não possui natureza coercitiva, na verdade, sua função é de formalizar e 
prever os valores, costumes e princípios construídos por uma dada sociedade 
como o ser e o dever ser, fazendo com que esses valores sejam perpetuados e 
adequados ao meio social presente, dando ênfase às normas morais.
A moral do romano “mores” pode ser compreendida também como 
“costumes”, que mais propriamente se refere ao conjunto de normas que visam 
regulamentar as condutas e o comportamento humano. Há na moral uma concretude 
maior do que na ética, onde se há a presença de normas com fito de guiar o homem, 
diferenciando o certo do errado, o moral do imoral, de modo mais coercitivo.
Destaca-se, pois, que a deontologia se assemelha à ética, onde o seu 
intuito é buscar constituir e adequar às normas morais existentes. Nos dias atuais, 
pode-se conhecer a deontologia como a “Ética Profissional”, instituto utilizado 
como ferramenta de diversas áreas profissionais, tendo o objetivo justamente 
de suplementar as ações dos homens, evitando-se que estes atuem de forma 
incorreta e injusta um para com os outros.
3 A DEONTOLOGIA JURÍDICA
Como demonstrado anteriormente, a deontologia tem função de 
regulamentar certos grupos profissionais englobando a ética e a moral na sua 
prática. Logo, seria um equívoco afirmar que o Direito não está abarcado pela 
Deontologia, que neste caso trata-se, mais especificamente, da Deontologia Jurídica.
Consoante as escritas do professor Luiz Lima Langaro (2008, p. 152), 
este dispõe acerca do conceito de deontologia jurídica, a saber:
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
179
"Podemos, então, dizer que, etimologicamente, o conceito de deontologia é 
a"ciência dos deveres "ou simplesmente "tratado de deveres". Consequentemente, 
Deontologia Jurídica é a disciplina que trata dos deveres e dos direitos dos agentes 
que lidam com o Direito, isto é, dos advogados, dos juízes e dos promotores de 
justiça, e de seus fundamentos éticos e legais".
Verificado o conceito, destaca-se mais uma vez que a ética se assemelha 
com a deontologia, uma vez que, o objeto da primeira, versa sobre as orientações 
de condutas morais, já a segunda, tem como seu objeto as regras morais ou 
jurídicas que visam controlar as ações de membros de um determinado grupo 
profissional. Desse modo, ambas as ciências acrescem à conduta um dever com 
fundamento na moral, pois um profissional regulado pela ética terá o instinto de 
agir de forma positiva, tendo ele, portanto, que observar se seus atos praticados 
estão de acordo ou não com a moral, fazendo com que se sinta limitado na sua 
forma de agir. Portanto, se na prática o profissional internamente já qualifica a 
sua pretendida ação como positiva, deverá ele segui-la por ser a mais correta, 
cristalizando o entendimento proposto pela deontologia jurídica.
Para melhor compreensão, dispõe Nalini (2009, p. 135), com as palavras 
de Manuel Santaella López (1992):
(...) a deontologia jurídica há de compreender e sistematizar, 
inspirada em uma ética profissional, o status dos distintos 
profissionais e seus deveres específicos que dimanam das disposições 
legais e das regulações deontológicas, aplicadas à luz dos critérios 
e valores previamente decantados pela ética profissional. Por isso, 
há que distinguir os princípios deontológicos de caráter universal 
(probidade, desinteresse, decoro) e os que resultam vinculados a cada 
profissão jurídica em particular: a independência e imparcialidade do 
juiz, a liberdade no exercício profissional da advocacia, a promoção 
da justiça e a legalidade cujo desenvolvimento corresponde ao 
Ministério Público etc.
Diante do quanto observado, conclua-se que não é o bastanteque o 
(a) bacharel em Direito tenha uma grande educação moral, pois mesmo que 
este possua uma boa orientação educacional transmitida pelos seus pais ou 
pelos dogmas religiosos, isto não será o suficiente para fazer com que aquele 
profissional saiba se portar durante o exercício da sua profissão, uma vez 
que para aquela profissão, em especial, é sempre necessário haver um estudo 
aprimorado de comportamento profissional. Desse modo, faz-se imprescindível 
que o profissional seja doutrinado de maneira ética, porém especificadamente de 
acordo com a profissão que exerça, como ocorre, por exemplo, na medicina e na 
advocacia, vez que cada uma delas terá o seu respectivo estilo ético de trabalhar 
obedecendo as diretrizes que lhes foram ensinadas durante a graduação, sempre 
em prol de que seja resguardado o cumprimento de suas obrigações para com os 
seus pacientes ou clientes, respectivamente.
180
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
4 A IMPORTÂNCIA DA DEONTOLOGIA JURÍDICA PARA OS JURISTAS
Como se observou nos capítulos anteriores, a deontologia aplicada ao 
estudo do Direito tem grande relevância na serventia do dia a dia do profissional, 
não só do advogado, como também, das demais figuras públicas que se vinculam 
ao campo jurídico. Assim, sendo a deontologia a ciência dos deveres, a Deontologia 
Jurídica trata mais propriamente sobre os direitos e obrigações dos operadores 
do Direito, sejam eles os advogados, juízes, promotores, defensores públicos, 
delegados, bem como as demais figuras públicas vinculadas ao âmbito do Direito.
De acordo com o princípio fundamental da deontologia forense, o profissional 
do Direito deve ter em mente que ele possui uma grande responsabilidade, não só 
a de aplicar a lei no caso concreto, mas a de saber como aplica-la da maneira mais 
correta e efetiva. Não obstante ao conhecimento técnico e apurado do Direito, será 
ainda necessário que o profissional jurídico atue com zelo aos princípios e valores 
sociais devendo impor comportamentos voltados para as mudanças e avanços que 
a sociedade lhe propõe, sempre atuando em respeito à ciência, com consciência 
perante seus colegas e jurisdicionados. Além do princípio da deontologia forense 
supramencionado, há também outros como o da dignidade, do decoro profissional, 
do coleguismo, da correção profissional, da diligência, da confiança, da fidelidade 
e etc. Na obra de Miguel Reale (2002, p. 163), cumpre manifestar o entendimento 
previsto pelo professor Sílvio de Macedo (1982):
"O homem pelo Direito, adquire uma inserção no processo social e 
adquire uma consciência aguda da transformação da comunidade. Não é ele 
apenas o técnico do Direito, quando tem vocação deontológica. O Direito não 
se exaure como função técnica, porque se completa deontologicamente. E essa 
autoconsciência reflexa não é uma imposição profissional, e sim algo além do 
pragmatismo jurídico, um privilégio de quem tem algo a dar à humanidade."
Facilmente se observa a importância da ética profissional no exercício dos 
operadores do Direito. O juiz é uma das figuras que deve atuar inteiramente com 
a deontologia jurídica, pois ao julgar um processo o que estará em jogo será os 
interesses de um particular, muitas vezes com extrema necessidade, como casos 
de vida ou morte. Seria um bom exemplo, quando o advogado requer um pedido 
de tutela cautelar, porém a situação exigia a concessão de uma tutela antecipada 
de urgência. Nesses casos, é plenamente cabível a aplicação do princípio da 
fungibilidade pelo juiz, acatando a tutela com efeito diverso, ou seja, da que se 
pretendia. Além do juiz, a figura do promotor também é inteiramente importante 
que atue com probidade, uma vez que este tem como papel principal a fiscalização 
da fiel execução da lei, ou seja, deverá atuar com lealdade, transparência e com 
respeito tanto à Carta Magna presente no ordenamento jurídico brasileiro e as 
demais legislações, quanto aos seus colegas (juízes e defensores). Outro exemplo 
de figura imprescindível à administração da justiça é o defensor público, pois 
terá ele o papel de assegurar os direitos dos assistidos hipossuficientes que não 
possuem condições financeiras para custear um advogado particular.
TÓPICO 2 — DEONTOLOGIA JURÍDICA
181
O Código de Ética e Disciplina da OAB (Ordem dos Advogados do 
Brasil), em seu Capítulo I “Das Regras Deontológicas Fundamentais”, no seu 
artigo 2º dispõe:
"Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor 
do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da 
Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à 
elevada função pública que exerce. Parágrafo único. São deveres do advogado:
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, 
zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, 
lealdade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e 
profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;"
Outro princípio que reforça a grande importância dos valores inerentes 
às figuras jurídicas citadas anteriormente é o da função social, que terá como 
seu objeto a transformação da sociedade em prol da consciência e da satisfação 
jurídica de todos os cidadãos. Complementa o professor Sílvio de Macedo (1982) 
na obra de Miguel Reale (2002, p. 162): “Ao Jurista, consciente dessa responsabilidade 
na sua profissão, se lhe pode atribuir o "papel" de agente transformador da sociedade”.
A função social do advogado ocorre quando este presta efetivamente o 
seu papel jurídico, atuando de forma consciente e se pautando nas fontes, nas 
leis e nos princípios jurídicos existentes. O advogado deve buscar atender aos 
direitos fundamentais previstos na Carta Magna inerentes a todos os cidadãos, 
devendo fazer com que estes direitos sejam reconhecidos pelo judiciário quando 
forem feridos por algo ou alguém. A função social do advogado visa preservar 
a ordem jurídica e a justiça social assegurando a plena aplicação das leis com 
lealdade e transparência. O professor Sílvio de Macedo (1982, p.164) ressalta: 
“Com essa consciência deontológica, o Jurista não respeita tabus, nem preconceitos. É 
uma força inteligente em ação, a serviço da transformação da sociedade.”
Logo, o advogado tem a típica função de administrar e aplicar a justiça, 
possibilitando que o seu patrocinado tenha a plena tutela jurisdicional do Estado, 
devendo este confiar no papel do causídico. Deverá o advogado atuar de forma ética, 
buscando por todos os meios jurídicos possíveis assegurar os direitos do seu cliente, 
compondo, portanto, a angularização processual (Estado-juiz, advogado e parte).
5 A DEONTOLOGIA JURÍDICA NO ÂMBITO DA ADVOCACIA MODERNA
O Direito brasileiro moderno vem enfrentando diversos problemas no que 
tange à sua fiel aplicação ética, problemas estes advindos das figuras dos juízes, 
advogados e dos membros do Ministério Público, tornando-se estatísticas no âmbito 
da improbidade administrativa e dos crimes voltados para a ordem econômica 
brasileira. São, portanto, atos que vão de encontro com os ditames da deontologia 
jurídica e da Lei Maior que rege todo o território nacional. Apesar de todo conteúdo 
182
UNIDADE 2 — A ÉTICA JURÍDICA
ético demonstrado e a importância dos valores referentes à deontologia jurídica, 
muitas vezes os operadores do Direito, que deveriam prestar um serviço público 
adequado, íntegro e efetivo, agem em desacordo com a lei para se locupletar à 
custa do Estado, acarretando grande prejuízo, não só para a Administração Pública, 
como também para o interesse público presente. Tal fato demonstra a problemática 
existente em relação ao fiel cumprimento da Ética Profissional, onde a visão dos 
homens tornou-se cada vez mais egoísta e antropocentrista.
O Direito é ferramenta imprescindível

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