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Indaial – 2021 ElEmEntos do REgistRo dE PEssoas natuRais, JuRídicas E dE títulos E documEntos Prof.a Lili de Souza 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof.a Lili de Souza Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: S729e Souza, Lili de Elementos do registro de pessoas naturais, jurídicas e de títulos e documentos. / Lili de Souza. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 260 p.; il. ISBN 978-65-5663-405-0 ISBN Digital 978-65-5663-401-2 1. Registro civil. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 340 aPREsEntação Iniciaremos uma nova etapa de estudos! É claro que você já ouviu falar sobre o REGISTRO CIVIL! Isso mesmo, você pode entender tanto o lugar – Cartório – onde são realizados os atos registrais, ou os próprios registros, como o do seu nascimento, por exemplo. Para entender um pouquinho a relevância deste assunto, você sabia que os registros eram feitos na igreja, antes de existirem os chamados Cartórios? Atualmente, temos o Registro Civil das Pessoas Naturais, das Pessoas Jurídicas e de Títulos e Documentos, isso, no tocante a nossa disciplina, porque existem outros. Em várias regiões do Brasil, os Registros, mesmo exercendo as mesmas atividades, são distintos por não conjugarem outras funções. Em algumas localidades, o Registro Civil, exerce somente a função de realizar os assentos relacionados às pessoas naturais (nascimento, emancipação, casamento, óbito); e já em outras, os Registros cumulam as funções de Registro Civil de Pessoas Naturais, Registro Civil de Pessoas Jurídicas e Registro de Títulos e Documentos. A novidade é que todos eles têm, atualmente, a competência como autoridade apostilante, ou seja, podem realizar o “Apostilamento da Haia”, que você será contemplado a compreendê-lo com segurança. Este livro foi minuciosamente preparado pensando como você receberá essas informações, de forma que os ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS, REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS E REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS, estão dispostos em três unidades, as quais, conterão: Na Unidade 1 abordaremos os Elementos do Registro Civil das Pessoas Naturais, para tanto, iniciaremos uma viagem no universo legislativo, iniciando na Lei Maior – a Constituição da República Federativa do Brasil, Lei de Registros Públicos, Código Civil, Lei dos Cartórios, inúmeros Provimentos da Corregedoria Geral de Justiça – CNJ. Faremos uma rápida análise na atividade registral e como se adquire o título de Oficial de Registro. Partimos para os Livros do Registro Civil das Pessoas Naturais, e, na sequência apresentaremos o “Apostilamento da Haia”; seguindo com o Nascimento. Questões sobre o natimorto também serão abordadas. Prosseguindo nossos estudos, temos o Casamento e a união estável, com suas implicações de vanguarda, inclusive culminando na conversão da união estável em casamento. Também nesta unidade, estudaremos questões sobre a mudança de gênero frente aos novos provimentos, retificações administrativas, alteração do prenome, e, ainda, o registro do óbito com alguns desdobramentos dessa matéria, como a “cremação”, o “registro tardio”, entre outros. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os Elementos do Registro das Pessoas Jurídicas. Sim! Vamos iniciar compreendendo o que é pessoa jurídica com conceitos que partem de abordagens doutrinárias tradicionais, com a ideia de uma pluralidade de pessoas naturais, por exemplo, até a moderna concepção civilista da possibilidade de uma só pessoa natural, tornar-se uma sociedade unipessoal, como uma das espécies de pessoa jurídica, a chamada EIRELI; invocando também a natureza jurídica, a função e as áreas da pessoa jurídica. Em seguida, apresentaremos os livros de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, os atos registrais, com o registro e averbação. Passando para os aspectos legais, como o Apostilamento da Haia e, então, adentraremos no estudo dos registros das seguintes entidades: Organizações Religiosas, Partidos Políticos, Sociedades, Sociedades Cooperativas, Associações, Fundações, Sindicatos e as Matrículas de Meios de Comunicações (jornais e outros periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e agências de notícia). Muito interessante perceber que uma matéria que parece de cunho empresarial possa estar aqui no nosso estudo de Registro, não é verdade (?), em especial quando abordarmos as Sociedades. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos os Elementos do Registro de títulos e documentos, abordaremos, também, o registro e averbação, os livros, os tipos de documentos e contratos: alienação fiduciária, condomínios, arrendamento – o que se registra e quais efeitos. O importante efeito da notificação extrajudicial. As demandas com os estrangeiros. Estudaremos também alguns dos princípios que norteiam os Registros Públicos, como a publicidade e a fé pública. Esta unidade é a terceira dimensão dos serviços dessa Serventia registral, e com ela encerraremos nossas atividades desta disciplina, com o objetivo de capacitá-lo para você seguir mais amparado ao mercado de trabalho, pois nós acreditamos em VOCÊ! Siga sempre em frente! Bons estudos! Prof.a Lili de Souza Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumáRio UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS ............... 1 TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/ APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/ NATIMORTO ................................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 LIVROS ..................................................................................................................................................9 3 APOSTILAMENTO DA HAIA ....................................................................................................... 11 3.1 ATOS NORMATIVOS .................................................................................................................. 11 3.1.1 Decreto nᵒ 8.660 de 29 de janeiro de 2016 ......................................................................... 11 3.1.2 Resolução nᵒ 228 de 22 de junho de 2016 ......................................................................... 13 3.1.3 Provimento nᵒ 62, de 14 de novembro de 2017 ............................................................... 14 3.2 NOÇÕES PRÁTICAS .................................................................................................................. 14 4 NASCIMENTO .................................................................................................................................. 16 4.1 NASCIMENTO DE ÍNDIO .......................................................................................................... 21 5 NATIMORTO ..................................................................................................................................... 22 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 27 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28 TÓPICO 2 — CASAMENTO/UNIÃO ESTÁVEL/CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO ................................................................................... 31 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 31 2 CASAMENTO .................................................................................................................................... 33 2.1 CAPACIDADE PARA O CASAMENTO .................................................................................. 33 2.2 IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS ......................................................................... 34 2.3 DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO E DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO ................ 36 2.3.1 Habilitação ............................................................................................................................ 36 2.3.1.1 Proclamas.................................................................................................................. 38 2.3.2 Celebração ............................................................................................................................. 40 2.3.3 Registro ................................................................................................................................. 41 2.4 ESPÉCIES DE CASAMENTO ..................................................................................................... 42 2.4.1 Casamento Nuncupativo .................................................................................................... 42 2.4.2 Casamento em caso de Moléstia Grave ............................................................................ 43 2.4.3 Casamento por procuração ................................................................................................ 44 2.4.4 Casamento religioso com efeitos civis .............................................................................. 44 2.5 PROVAS DO CASAMENTO ....................................................................................................... 46 2.6 EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO ................................................................................ 47 3 UNIÃO ESTÁVEL ............................................................................................................................ 50 3.1 CONCEITO .................................................................................................................................... 51 3.2 EFEITOS PESSOAIS E PATRIMONIAIS DA UNIÃO ESTÁVEL .......................................... 52 4 CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO ...................................................... 54 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 56 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 57 TÓPICO 3 — ALTERAÇÃO DE GÊNERO E NOME/ALTERAÇÃO DO NOME DA GENITORA E REGISTRO DE ÓBITO .................................................................... 59 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59 2 ALTERAÇÃO DE GÊNERO E NOME NO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS .......................................................................................................................................... 60 3 ALTERAÇÃO DO NOME DA GENITORA ................................................................................. 66 4 REGISTRO DE ÓBITO ..................................................................................................................... 73 4.1 CREMAÇÃO ................................................................................................................................. 76 4.2 REGISTRO TARDIO .................................................................................................................... 78 4.3 FINADO DESCONHECIDO ....................................................................................................... 79 4.4 PESSOAS FALECIDAS A BORDO DE NAVIO BRASILEIRO ............................................... 79 4.5 ÓBITOS VERIFICADOS EM CAMPANHA .............................................................................. 80 4.6 ÓBITO OCORRIDO EM HOSPITAL.......................................................................................... 81 4.7 BRASILEIRO FALECIDO NO EXTERIOR ................................................................................ 81 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 83 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 85 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 87 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 89 UNIDADE 2 — REGISTRO CIVIL DE PESSOA JURÍDICA ...................................................... 97 TÓPICO 1 — PESSOA JURÍDICA, LIVROS E ATOS REGISTRAIS ......................................... 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 PESSOA JURÍDICA ....................................................................................................................... 100 2.1 CONCEITO DE PESSOA JURÍDICA ....................................................................................... 100 2.2 NATUREZA JURÍDICA ............................................................................................................. 103 2.3 FUNÇÃO DA PESSOA JURÍDICA .......................................................................................... 104 2.4 ÁREAS DA PESSOA JURÍDICA ............................................................................................... 105 3 LIVROS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JURÍDICAS .............................................. 106 4 ATOS REGISTRAIS ........................................................................................................................ 110 4.1 REGISTRO ....................................................................................................................................110 4.2 AVERBAÇÃO .............................................................................................................................. 112 4.3 APOSTILAMENTO DA HAIA ................................................................................................. 112 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 117 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119 TÓPICO 2 — ASPECTOS LEGAIS, ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS E PARTIDOS POLÍTICOS .......................................................................................... 121 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121 2 ASPECTOS LEGAIS ....................................................................................................................... 122 3 ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS ................................................................................................. 126 3.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 127 3.2 DISPOSIÇÕES LEGISLATIVAS ................................................................................................ 129 3.2.1 Lei nᵒ 6.015 – Lei de Registros Públicos .......................................................................... 129 3.2.2 Lei nᵒ 10.406 – Código Civil ............................................................................................ 129 3.2.3 Lei nº 13.019 – Marco Regulatório do Terceiro Setor .................................................... 132 3.2.4 Decreto nº 7.107 .................................................................................................................. 134 3.2.5 Código de Direito Canônico ............................................................................................. 134 3.2.6 Projeto de Lei 5141/20........................................................................................................ 134 4 PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................................................................ 136 4.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 137 4.2 DISPOSIÇÕES LEGISLATIVAS ................................................................................................ 137 4.2.1 Constituição da República Federativa do Brasil ........................................................... 138 4.2.2 Lei nᵒ 9.096 – Lei dos Partidos Políticos ......................................................................... 139 4.2.3 Lei nᵒ 6.015 – Lei de Registros Públicos .......................................................................... 141 4.2.4 Lei nᵒ 10.406 – Código Civil ............................................................................................ 142 4.3 ASSOCIAÇÃO DOS NOTÁRIOS E REGISTRADORES (ANOREG) – BREVES NOTAS ......... 142 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 144 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 145 TÓPICO 3 — PESSOAS JURÍDICAS COM REGISTRO NO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS JURÍDICAS ...................................................................................... 147 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 147 2 ASSOCIAÇÕES ................................................................................................................................ 148 2.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 148 2.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS .................................................................................................... 148 2.2.1 Lei nᵒ 6.015 – Lei de Registros Públicos .......................................................................... 149 2.2.2 Lei nᵒ 10.406 – Código Civil ............................................................................................. 149 2.3 REGISTRO DAS ASSOCIAÇÕES ............................................................................................ 149 3 FUNDAÇÕES ................................................................................................................................... 151 3.1 CONCEITO ................................................................................................................................. 152 3.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS .................................................................................................... 152 3.2.1 Lei nº 6.015 – Lei de Registros Públicos ......................................................................... 153 3.2.2 Lei nᵒ 10.406 – Código Civil ............................................................................................. 153 3.3 REGISTRO DAS FUNDAÇÕES ................................................................................................ 156 4 SOCIEDADES .................................................................................................................................. 157 4.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 158 4.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS .................................................................................................... 159 4.2.1 Lei nᵒ 6.015 – Lei de Registros Públicos .......................................................................... 160 4.2.2 Lei nᵒ 10.406 – Código Civil ............................................................................................. 160 4.3 REGISTRO DAS SOCIEDADES................................................................................................ 161 5 SINDICATOS ................................................................................................................................... 162 5.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 163 5.2 ASPECTO LEGISLATIVO .......................................................................................................... 164 5.3 REGISTRO DOS SINDICATOS ................................................................................................ 165 6 MATRÍCULA DE MEIOS DE COMUNICAÇÕES .................................................................... 166 6.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMIARES ......................................................................................... 167 6.2 ASPECTOS LEGISLATIVOS ..................................................................................................... 167 6.3 MATRÍCULA DE JORNAIS E OUTROS PERIÓDICOS ........................................................ 169 6.4 MATRÍCULAS DE OFICINAS IMPRESSORAS ..................................................................... 170 6.5 MATRÍCULA DE EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO ........................................................... 171 6.6 MATRÍCULA DE AGÊNCIA DE NOTÍCIAS ......................................................................... 172 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 174 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 180 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................182 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 184 UNIDADE 3 — REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ................................................. 189 TÓPICO 1 — BREVE HISTÓRICO / PRINCÍPIOS / ATRIBUIÇÕES E LIVROS .................. 191 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 191 2 BREVE HISTÓRICO DO REGISTRO DE TÍTULO E DOCUMENTO ................................. 192 2.1 O SURGIMENTO DA ESCRITA ............................................................................................... 192 2.2 A HISTÓRIA DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS NO BRASIL ................... 193 2.3 O REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS NA ATUALIDADE .................................. 194 3 PRINCÍPIOS QUE REGEM AS ATIVIDADES DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ........................................................................................................................... 196 3.1 PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO ....................................................................................... 196 3.2 PRINCÍPIO DA EFICÁCIA PREDETERMIADA ................................................................... 196 3.3 PRINCÍPIO DA FÉ PÚBLICA ................................................................................................... 196 3.4 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ................................................................................................ 197 3.5 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE ............................................................................................... 197 4 CONCEITO ....................................................................................................................................... 198 5 ATRIBUIÇÕES ................................................................................................................................. 199 5.1 REGISTRO .................................................................................................................................... 199 5.2 AVERBAÇÃO .............................................................................................................................. 200 5.3 CERTIDÃO .................................................................................................................................. 201 5.4 AUTENTICAÇÃO DE LIVRO SPED ..................................................................................... 202 5.5 APOSTILAMENTO DA HAIA ................................................................................................. 203 6 LIVROS .............................................................................................................................................. 204 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 207 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 208 TÓPICO 2 — DOCUMENTOS REGISTRÁVEIS ......................................................................... 211 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 211 2 IMPORTÂNCIA DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ................................... 212 3 VANTAGENS DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ........................................ 213 4 DOCUMENTOS REGISTRÁVEIS NO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS ............ 216 5 ESPÉCIES DE DOCUMENTOS REGISTRÁVEIS .................................................................... 217 5.1 ACORDO ..................................................................................................................................... 221 5.2 AGÊNCIA .................................................................................................................................... 221 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 223 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 224 TÓPICO 3 — NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL / REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS NA ATUALIDADE / CANCELAMENTO DO REGISTRO .................................................................................................................. 227 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 227 2 LEGISLAÇÕES PERTINENTES ................................................................................................... 228 2.1 LEIS FEDERAIS .......................................................................................................................... 229 2.2 DECRETOS FEDERAIS .............................................................................................................. 230 2.3 CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA ................................................................................. 231 2.3.1 Recomendações .................................................................................................................. 231 2.3.2 Provimentos ........................................................................................................................ 232 2.4 TRATADOS INTERNACIONAIS GARANTIDORES AO DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO ....................................................................................................................... 234 3 NOTIFICAÇÃO................................................................................................................................ 235 3.1 CONCEITO .................................................................................................................................. 235 3.2 PROCEDIMENTOS .................................................................................................................... 236 3.3 COMPETÊNCIA ........................................................................................................................ 238 3.4 CONSTITUIÇÃO DO DEVEDOR EM MORA ....................................................................... 239 3.4.1 Constituição em mora do devedor na compra de imóvel a prestação ....................... 240 3.4.2 Constituição em mora do devedor de Alienação Fiduciária sobre imóvel ............... 240 3.5 LOCAÇÃO X DIREITO DE PREFERÊNCIA X NOTIFICAÇÃO AO INQUILINO .......... 241 4 REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS NA ATUALIDADE ...................................... 241 5 CANCELAMENTO DO REGISTRO ........................................................................................... 243 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 245 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 252 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 253 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 255 1 UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer os livros de registro civil de pessoas naturais; • compreender o Apostilamento da Haia; • identificar os requisitos para o registro de nascimento, requisitos e capacidade para declarar e prazo; • analisar o conceito de natimorto e as exigências legais para o registro civil; • conhecer o casamento, impedimentos e causas suspensivas e habilitaçãopara o casamento; • compreender a união estável com seus requisitos e também a conversão de união estável em casamento; • examinar as possibilidades de registro acerca da alteração de gênero; • registrar de que maneira se processa a alteração do nome da genitora; • identificar, quanto ao óbito, os requisitos para registro, prazo e lugar. Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/ APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO TÓPICO 2 – CASAMENTO/UNIÃO ESTÁVEL/CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO TÓPICO 3 – ALTERAÇÃO DE GÊNERO E NOME/ALTERAÇÃO DO NOME DA GENITORA E REGISTRO DE ÓBITO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/ APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/ NATIMORTO 1 INTRODUÇÃO Para que você, acadêmico, possa compreender melhor os Elementos do Registro Civil, é importante trazer um apanhado geral da atividade registral. Dessa forma, iniciaremos com a questão legislativa e alguns aspectos inerentes à serventia registral e ao registrador. A Lei nᵒ 6.015, de 31 de dezembro 1973, a qual regulamenta os assuntos relacionados às atividades registrais no Brasil, também é chamada “Lei de Registros Públicos”. Esta lei, em seu Art. 1ᵒ dispõe: Art. 1ᵒ Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei. § 1° Esses registros são: I- o registro civil de pessoas naturais; II- o registro civil de pessoas jurídicas; III- o registro de títulos e documentos; IV- o registro de imóveis; V- o registro de propriedade literária, científica e artística (BRASIL, 1973, grifo nosso). Você pode estar se perguntando: e como se inicia as atividades registrais? Então, acadêmico, essa é uma excelente pergunta! Porque a atividade registral é própria do Poder Público, que é exercida obrigatoriamente em caráter privado, após aprovação em concurso público, mediante delegação do Estado. Todavia, até a Constituição de 1988 não era assim! Foi a partir do texto constitucional, disposto a seguir, que os concursos públicos se tornaram obrigatórios: Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento). § 1ᵒ Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. § 2ᵒ Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. (Regulamento) UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 4 § 3ᵒ O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses (BRASIL, 1994). Cada Estado da Federação brasileira promove seus concursos para o preenchimento das vagas nessas Serventias públicas – os cartórios extrajudiciais –, que se sujeitam “aos princípios do Direito Administrativo, e visa garantir publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos” (NEVES, LOYOLA; ROQUETTO, 2013, p. 3). De um modo mais amplo, acadêmico, é bom você saber que esses princípios citados por Neves, Loyola e Roquetto (2013), fazem parte de todos os Registros Públicos, em especial o princípio da publicidade. Como o próprio nome já diz, seu objetivo é dar “publicidade” aos atos praticados; o que significa dizer, e, você já deve ter concluído que, em razão disso, qualquer pessoa pode pedir certidões e ter acesso às informações desses registros. Por exemplo, você pode ir ao Registro Civil e solicitar uma certidão de nascimento de outra pessoa que você tem necessidade ou interesse nesse documento, só precisa saber em qual Cartório você fará este pedido, compreendeu? A Lei nᵒ 8.935, de 18 de novembro de 1994, regulamenta o citado Art. 236 da Constituição Federal, e traz, já em seu Art. 1ᵒ, os princípios anteriormente mencionados, também destaca no Art. 3ᵒ que o “[...] oficial de registro, ou registrador são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro” (BRASIL, 1994). Porque vamos iniciar nossos estudos sobre Registro Civil, vale destacar o § 1ᵒ do Art. 4ᵒ dessa “Lei dos cartórios”, que reza: “O serviço de registro civil das pessoas naturais será prestado, também, nos sábados, domingos e feriados pelo sistema de plantão” (BRASIL, 1994). Perceba, acadêmico, que o serviço de registro civil funciona com sistema de “plantão”. É de suma importância que você tenha conhecimento disso! ATENCAO TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 5 A função do registrador goza de alguns atributos como a fé pública, autenticidade, publicidade e segurança jurídica. Esses atributos são muito importantes, porém, não iremos aqui esmiuçá-los. Todavia, como já deve ter despertado em você um gosto “de quero mais”, sugere-se que busque se aprofundar nos estudos sobre o registrador, pois você encontrará temas importantes. Vamos citar apenas alguns, para aguçá-lo ainda mais: • A serventia não tem personalidade jurídica, mas deve ter CNPJ para fins tributários e trabalhistas. • Quando os registradores são sucedidos, por qualquer razão, todas as pastas, papéis, livros e documentos com ele arquivados sofrem afetação pública e deverão ser transferidos ao novo, isentos de qualquer custo. Se houver alguma discussão entre o sucessor ou interino e o sucedido, serão resolvidas na via judicial e não administrativa. • O registrador precisa seguir as normas federais e estaduais impostas, porém, tem independência para a gestão administrativa e financeira da serventia. • É livre a contratação de colaboradores, os quais são regidos pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O registrador escolhe entre estes o substituto e escreventes, cujos nomes deverão ser encaminhados ao juízo competente, sendo que os escreventes só podem praticar os atos autorizados pelo registrador. E o substituto, responde nas ausências e impedindo do titular. • A atividade registral não é compatível com a advocacia ou com a intermediação de seus serviços, e também com emprego ou função pública. • O registrador é impedido de praticar atos de seu interesse, de seu cônjuge ou parentes, na linha reta ou colateral, sendo consanguíneos ou afins, até o terceiro grau. Parentesco em linha reta é quando as pessoas descendem umas das outras diretamente (filho, neto, bisneto etc.), e parentesco colateral quando as pessoas não descendem uma das outras, mas possuem um ancestral em comum (tios, primos etc.). NOTA Na Figura 1, você pode visualizar como é na prática essa situação do PARENTESCO EM LINHA RETA até o 3ᵒ grau: UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 6 FIGURA 1 – PARENTESCO EM LINHA RETA ATÉ 3ᵒ GRAU FONTE: Adaptada de <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/ publications/artigos/images/parentescoa11475341117.jpg>. Acesso em: 31 out. 2020. Você pode experienciar essa situação do parentesco em linha reta até o 3ᵒ grau, acadêmico, se colocando na posição do filho, depois vá observando, nessa linha, quem nasceu primeiro.Agora ficou mais tranquilo, quando você se coloca nessa posição, não é mesmo? INTERESSA NTE Na Figura 2, você encontrará o PARENTESCO COLATERAL até o 4ᵒ grau. Você deve estar pensando naquelas frases que ouvimos “fulano é meu primo em terceiro grau”. Agora, você vai saber como isso é na realidade, e que isso NÃO EXISTE. Observe: TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 7 FIGURA 2 – PARENTESCO EM LINHA COLATERAL ATÉ 4ᵒ GRAU FONTE: Adaptada de <https://thumbs.jusbr.com/filters:format(webp)/imgs.jusbr.com/ publications/artigos/images/parentesco11475341171.jpg>. Acesso em: 31 out. 2020. Percebeu que no desenho foi incluído o tio (irmão do pai, também filho do avô – por isso colateral – que fica ao lado) e o filho do tio, que é o primo? Então, agora ficou tranquilo para você fazer a diferença entre LINHA RETA e LINHA COLATERAL, não é mesmo? Agora que você já sabe o que é parentesco em linha colateral, você está sendo desafiado a se colocar no lugar do FILHO e perceber que parente seu tio é, e em que grau? Vamos lá! • O registrador, conforme a Lei dos Cartórios, tem direito de receber os emolumentos integrais. • A perda da delegação só acontece nos casos previstos em lei e nos casos em que a serventia for desmembrada, a escolha é do registrador se pretende ficar ou seguir para a nova. Emolumentos são taxas remuneratórias de serviços públicos, tanto notarial quanto de registro, configurando uma obrigação pecuniária, ou seja, em dinheiro, a ser paga pelo próprio requerente. Fundamentação: Arts. 98, § 2ᵒ; e 236, § 2ᵒ, ambos da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. NOTA UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 8 O registrador também tem seus deveres (BRASIL, 1994). Apontamos alguns: • cuidar dos livros, papéis e documentos da serventia e mantê-los em local seguro; • o atendimento às pessoas deve acontecer de forma cordial, com presteza, urbanidade e de forma eficiente, priorizando as demandas das autoridades judiciais e administrativas; • manter um arquivo sempre atualizado de leis, regulamentos, provimentos e qualquer outro material que diga respeito a sua atividade; • manter sigilo quanto aos atos praticados e quanto a qualquer assunto que tenha conhecimento em razão do seu trabalho; • manter afixado em local visível e cumprir a tabela de emolumentos e custas, emitindo recibo dos valores recebidos; • não extrapolar prazos previstos em lei para prestação dos serviços; • fiscalizar o recolhimento de impostos sobre atos que venha a praticar. Visto esse rol de direitos e deveres do registrador, você deve concluir a tamanha responsabilidade dessa função, não é mesmo, acadêmico? Mas não se pode deixar de esclarecer que o registrador tem sim grande responsabilidade! Essa responsabilidade é civil, penal e administrativa, podendo uma mesma conduta se enquadrar em uma ou em todas essas esferas. A extinção da atividade registral só ocorrerá, conforme o Art. 39 da Lei nᵒ 8.935/1994, que apresenta as hipóteses: morte; aposentadoria facultativa; invalidez; renúncia; nos casos de perda da delegação e descumprimento comprovado de regras de gratuidade. Será nomeado o substituto mais antigo para responder pela serventia até novo concurso. O órgão fiscalizador da atividade registral é o Poder Judiciário, e cabe à Corregedoria Geral de Justiça do Estado que delegou a função a realização das correições extraordinárias, que independem de aviso prévio. Todavia, as correições ordinárias acontecem pelo juiz corregedor, que marca data e horário previamente, sendo que na maioria dos Estados, ocorre uma vez ao ano (NEVES, LOYOLA; ROQUETTO, 2013, p. 9). Com essa necessária introdução, você deve ter ficado muito curioso para seguir e saber o que se faz no Registro Civil. Então, na sequência falaremos dos LIVROS do Registro Público. Seguimos! TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 9 2 LIVROS É no Registro Civil que são realizados e ficam arquivados os registros de nascimento, casamento e óbito e outros atos da vida civil da pessoa. Os dados são escritos em livros que são conservados indefinidamente. Conforme informação da Central do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Rio Grande do Sul (SINDIREGIS, 2020), existem registros que possuem mais de 100 anos. Os atos praticados pelo Registro Civil são escriturados em livros encadernados, seguindo o que estabelece a Lei de Registro Público. O tamanho do livro é de escolha do registrador, dentro das dimensões: 22 a 40 cm de largura; 33 a 50 cm de altura, que pode ser manuscrito, datilografado ou informatizado. Por ter independência na organização dos livros, conforme disposição do Art. 41 da Lei dos Cartórios, o registrador não precisa de autorização para modificar a forma com que se escritura o livro, ou usar livro de folhas soltas. Os livros deverão ter termo de abertura e de encerramento, além de todas as folhas numeradas e rubricadas pelo registrador. Quando um livro termina, o seguinte conterá a mesma letra, seguida de número crescente. Exemplo: A1, A2, A3..., já, o número dos assentos segue indefinidamente, quando se tratar da mesma espécie. Estes são os livros do Cartório de Registro Civil que devem conter 300 folhas: • Livro A – Registro de Nascimento. • Livro B – Registro de Casamento. • Livro B Auxiliar – Registro de Casamento Religioso com Efeitos Civis. • Livro C – Registro de Óbito. • Livro C Auxiliar – Registro de Natimorto. • Livro D – Registro de Proclamas (resumo dos editais). • Livro E – (com 150 folhas) – Registo dos atos relativos ao estado civil das pessoas naturais que não são transcritos nos livros supracitados (interdições, opções de nacionalidade, sentença de morte presumida entre outros) (NEVES, LOYOLA; ROQUETTO, 2013, p. 19). Os livros devem ser escriturados em ordem cronológica de apresentação. Neles, acadêmico, não se deve usar abreviaturas, nem algarismos. O Provimento nᵒ 45, de 13 de maio de 2015, determina a necessidade do Livro Diário Auxiliar, Visitas e Correições e Controle de Depósito Prévio pelos titulares de delegações e responsáveis interinos do serviço extrajudicial de notas e registros públicos. UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 10 Nas lições de Neves, Loyola e Roquetto (2013, p. 20) vamos colher que havendo “omissão ou erro de modo que seja necessário fazer adição ou emenda, estas serão feitas antes da assinatura ou ainda em seguida, mas antes de outro assento, sendo a ressalva novamente por todos assinada”. Cada registro tem seu número de ordem sequencial e infinita. IMPORTANT E Com exceção das averbações e anotações obrigatórias, os atos de registros serão praticados mediante: ordem judicial; requerimento verbal ou escrito dos interessados; ou por requerimento do Ministério Público. Agora, você já se questionou do tempo que esses livros devem permanecer ali? Por quanto tempo você acredita que os livros e papéis de uma serventia precisam ficar ali quando acontecer o desmembramento desse serviço, por exemplo, a cidade cresce e o serviço vem a ser dividido, sendo criados dois cartórios? Os livros e papéis devem pertencer indefinidamente ao arquivo da serventia, mesmo que ocorra desmembramento. QUADRO 1 – TIPOS DE ATOS ATOS REGISTRÁVEIS ATOS AVERBÁVEIS ATOS GRATUITOS Nascimentos Sentenças de Separação Registro Civil de Nascimento Casamentos Divórcio Assento de Óbito Óbitos Restabelecimento de Sociedade Conjugal Emancipações Nulidade e Anulação de Casamento Interdições Atos Judiciais e Extrajudiciais que Declarem ou Reconheçam a Filiação Sentenças Declaratórias de Ausência Opções de Nacionalidade Sentenças que deferirem a legitimação adotivaFONTE: A autora TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 11 3 APOSTILAMENTO DA HAIA O Apostilamento da Haia é um assunto novo e vem se tornando cada vez mais comentado em nossos dias, por essa razão, acadêmico, incluímos no seu material didático. Para você compreender bem a temática, fique atento a todas as dicas, e busque sempre se atualizar, pois em razão das questões eletrônicas, devem aparecer novidades em breve por aí, já que ainda se exige: “[...] deverá ser impressa em papel seguro fornecido pela Casa da Moeda do Brasil” (CNJ, 2016, p. 6). O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), responsável por coordenar e regulamentar a aplicação da Convenção da Apostila da Haia no Brasil, expõe em seu sítio eletrônico que esse tratado “tem o objetivo de agilizar e simplificar a legalização de documentos entre 112 países signatários, permitindo o reconhecimento mútuo de documentos brasileiros no exterior” (HCCH, 2020, s. p.) e vice-versa. E também apresenta: A palavra Apostila (em português) é de origem francesa, sendo grafada “Apostille”, que provém do verbo “apostiller”, que significa anotação. Assim sendo, apesar do significado corrente na Língua Portuguesa que tem o significado de uma publicação, um significado adicional é que uma apostila consiste numa anotação à margem de um documento ou ao final de uma carta, por exemplo. Neste caso, a Apostila é definida como um certificado emitido nos termos da Convenção da Apostila que autentica a origem de um Documento Público (HCCH, 2020, s. p., grifo do original). 3.1 ATOS NORMATIVOS A Conferência da Haia de Direito Internacional Privado, criada em 1893, na cidade da Haia – Holanda, “é uma organização intergovernamental, integrada por países com diferentes tradições jurídicas, que tem por missão harmonizar as regras jurídicas entre estes Estados. [...] O Brasil tornou-se oficialmente membro da Conferência da Haia em 27 de janeiro de 1972” (SEMINÁRIO [...], 2015). O Apostilamento da Haia iniciou no Brasil em 2016. 3.1.1 Decreto nᵒ 8.660 de 29 de janeiro de 2016 O Decreto nᵒ 8.660/2016 promulga a Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, firmada pela República Federativa do Brasil, em Haia, em 5 de outubro de 1961, tornando-se assim signatário da Convenção de Haia, conforme os termos do Decreto: UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 12 A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o Art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e Considerando que a Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros foi firmada em Haia, em 5 de outubro de 1961; Considerando que o Congresso Nacional aprovou a Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, por meio do Decreto Legislativo nᵒ 148, de 6 de julho de 2015; Considerando que o Governo brasileiro depositou, junto ao Ministério das Relações Exteriores dos Países Baixos, em 2 de dezembro de 2015, o instrumento de adesão da República Federativa do Brasil à Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros; e Considerando que a Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros entrará em vigor para a República Federativa do Brasil, no plano jurídico externo, em 14 de agosto de 2016; DECRETA: Art. 1ᵒ Fica promulgada a Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, firmada em Haia, em 5 de outubro de 1961, anexa a este Decreto (BRASIL, 2016, grifo nosso). A Convenção anexa a este Decreto, referida no Art. 1ᵒ do Decreto supracitado, traz o seguinte teor, que diz respeito aos atos registrais, consequentemente a todos os REGISTROS, inclusive o REGISTRO CIVIL, que é a nossa temática aqui: CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DA EXIGÊNCIA DE LEGALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS PÚBLICOS ESTRANGEIROS (Celebrada em 5 de outubro de 1961) Os Estados Signatários da presente Convenção, Desejando eliminar a exigência de legalização diplomática ou consular de documentos públicos estrangeiros, Decidiram celebrar uma Convenção com essa finalidade e concordaram com as seguintes disposições: Artigo 1ᵒ A presente Convenção aplica-se a documentos públicos feitos no território de um dos Estados Contratantes e que devam produzir efeitos no território de outro Estado Contratante. No âmbito da presente Convenção, são considerados documentos públicos: a) Os documentos provenientes de uma autoridade ou de um agente público vinculados a qualquer jurisdição do Estado, inclusive os documentos provenientes do Ministério Público, de escrivão judiciário ou de oficial de justiça; b) Os documentos administrativos; c) Os atos notariais; d) As declarações oficiais apostas em documentos de natureza privada, tais como certidões que comprovem o registro de um documento ou a sua existência em determinada data, e reconhecimentos de assinatura. Entretanto, a presente Convenção não se aplica: a) Aos documentos emitidos por agentes diplomáticos ou consulares; b) Aos documentos administrativos diretamente relacionados a operações comerciais ou aduaneiras (BRASIL, 2016). TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 13 Para ler na íntegra os dispositivos citados – inclusive, a CONVENÇÃO traz o “modelo” da “Apostille”, no qual a apostila terá a forma de um quadrado com lados medindo no mínimo nove centímetros –, acesse o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2016/decreto/d8660.htm DICAS A partir daí, o Poder Judiciário brasileiro, sendo detentor dessa competência em razão da matéria, tem, no Conselho Nacional de Justiça, a Instituição que coordena, regulamente e aplicação do Apostilamento da Haia, resolve publicar a Resolução nᵒ 228/2016. 3.1.2 Resolução nᵒ 228 de 22 de junho de 2016 Essa Resolução vem para regulamentar a aplicação, no âmbito do Poder Judiciário, da Convenção sobre a Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, celebrada na Haia, em 5 de outubro de 1961 (Convenção da Apostila). O Art. 1ᵒ já dispõe a data do início do Apostilamento da Haia, que será realizado a partir de 14 de agosto de 2016, exclusivamente por meio da aposição de apostila. A disposição do Art. 3ᵒ dessa Resolução dispõe que “Não será exigida a aposição de apostila quando, no país onde o documento deva produzir efeitos, a legislação em vigor, tratado, convenção ou acordo de que a República Federativa do Brasil seja parte afaste ou dispense o ato de legalização diplomática ou consular” (CNJ, 2016, p. 3). Percebe-se que há casos em que o Brasil tem acordo diplomático, pode ser dispensado o apostilamento. Também, e bem importante para nosso estudo é que no Art. 6ᵒ a Resolução determina a competência do Registro Civil das Pessoas Naturais para “aposição de apostila em documentos públicos [...] (CNJ, 2016, p. 2)” Art. 6ᵒ São autoridades competentes para a aposição de apostila em documentos públicos produzidos no território nacional: [...] II– os titulares dos cartórios extrajudicias, no limite das suas atribuições (CNJ, 2016, p. 4). A partir daí, o CNJ também edita o Provimento nᵒ 62/2017, dispondo sobre a uniformização do apostilamento. UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 14 3.1.3 Provimento nᵒ 62, de 14 de novembro de 2017 Esse provimento tem o objetivo de uniformizar os procedimentos em todo território nacional, inclusive de como a autoridade apostilante contrata o papel com a Casa da Moeda, entre outras informações. Entretanto destacamosa disposição sobre a competência: Art. 4ᵒ Os titulares do serviço notarial e de registro são autoridades apostilantes para o ato de aposição de apostila nos limites de suas atribuições, sendo-lhes vedado apostilar documentos estranhos a sua competência. 1ᵒ O ato de apostilamento de documentos públicos produzidos no território nacional obedecerá estritamente às regras de especialização de cada serviço notarial e de registro, nos termos da Lei n. 8.935, de 18 de novembro de 1994. 2ᵒ O serviço de notas e de registro poderão apostilar documentos estranhos a sua atribuição caso não exista na localidade serviço autorizado para o ato de apostilamento. 3ᵒ O registrador civil de pessoa natural, ao apostilar documento emitido por registrador sediado em ente da Federação diverso, deverá verificar a autenticidade da assinatura mediante consulta à Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional) (CNJ, 2017, s. p., grifo nosso). Acadêmico, tudo isso é importante e relevante para lastrear seu conhecimento, porém, sabemos que não basta saber, não é mesmo? Por essa razão concluiremos este tema com noções práticas do APOSTILAMENTO DA HAIA. 3.2 NOÇÕES PRÁTICAS O que vem a ser isso, o tal APOSTILAMENTO DA HAIA? Como acontece na prática? Essas perguntas e outras devem estar rondando seu imaginário, não é mesmo? Vamos esclarecer: Imagine que você se formou aqui na UNIASSELVI e com seu DIPLOMA ou CERTIFICADO você vai estudar no exterior. Como isso era feito até agosto de 2016? Obrigatoriamente você dependeria do corpo diplomático do Brasil no exterior e vice-versa, para apresentar seus documentos com as respectivas traduções juramentadas etc. Muita burocracia, além da demora, considerando a escassez dos Escritórios de Representação do Ministério das Relações Exteriores no Brasil, fora do Itamaraty, em Brasília/DF. TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 15 FIGURA 3 – PALÁCIO ITAMARATY FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/brasilia-brasil-aug-26-2018- itamaraty-1170908053>. Acesso em: 4 jan. 2021. O que mudou com o Apostilamento da Haia? Todos os documentos: certidões, documentos de identidade, documentos escolares (diplomas, certificados, histórico escolar) etc., você apresenta a um cartório (no caso aqui do nosso estudo, o de Registro Civil das Pessoas Naturais – mas pode ser em QUALQUER cartório TABELIONATO DE NOTAS ou REGISTRO), com tradução juramentada do idioma do país que você irá estudar, e CADA DOCUMENTO receberá a APOSTILA DA HAIA. Isso é feito na hora, na maioria dos casos, em todo território nacional. E o preço? Geralmente segue uma tabela publicada pela Corregedoria Geral de Justiça de cada Estado, que varia entre os Estados membros da Federação. Esse tema é novo, acadêmico, esperamos que você tenha gostado, mas alertamos que o assunto não se esgota aqui, busque saber mais, assista à webinar realizada pela Escola Nacional de Notários e Registradores (ENNOR), em: https://www.youtube.com/ watch?v=HwLGwizaMBA Saiba mais sobre o Sistema Apostila, desenvolvido especialmente para o Apostilamento da Haia, que está sendo utilizado pelos cartórios, sob a orientação do Conselho Nacional de Justiça. No sítio eletrônico do CNJ, acadêmico, a matéria é bastante esmiuçada e contém vídeo explicativo, muito didático. Confira acessando o link a seguir: https://www.cnj.jus.br/poder-judiciario/relacoes-internacionais/apostila-da-haia/ DICAS UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 16 Concluímos nosso estudo sobre o APOSTILAMENTO DA HAIA, considerando que já foram apostilados desde 2016 mais de 5 milhões e 200 mil documentos, conforme informações do CNJ; e que temos aproximadamente 13.000 cartórios no Brasil que, em tese, são autoridades apostilantes. Seguimos agora com o tema NASCIMENTO, mais um dos principais elementos, senão o mais importante, do Registro Civil das Pessoas Naturais. ESTUDOS FU TUROS 4 NASCIMENTO Vamos iniciar apontando duas informações importantes, que você deverá aprender e assimilar bem. Primeira é a que dispõe a Lei de Registros Públicos no Art. 50: “Todo nascimento que ocorrer no território nacional deverá ser dado a registro” (BRASIL, 1973). Perceba, acadêmico, não é uma faculdade, é uma obrigação. Então, todos nós que somos brasileiros devemos estar registrados no cartório do local do nosso nascimento. E a segunda é a que você já aprendeu em Direito Civil. Isso mesmo, lembra daquele estudo de quando nasce a personalidade? Você lembrou! Isso aí: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida. Isso está escrito lá no Art. 2ᵒ do Código Civil. O mesmo Código, no Art. 9ᵒ também dispõe no inciso I que “Serão registrados em registro público: os nascimentos” (BRASIL, 2002). Feita essa construção, os autores Mario de Carvalho Camargo Neto e Marcelo Salaroli de Oliveira (2014, p. 112), arrematam: Em outras palavras, o registro de nascimento não produz efeitos constitutivos, sendo certo que o nascimento e aquisição de personalidade independem dele, mas produz efeitos declarativos, especialmente probatórios, conferindo ao nascimento a adequada publicidade e oponibilidade, com todas suas características – data, hora e local do nascimento, filiação e nome do registrado etc., garantindo-lhe segurança e eficácia, tanto para o registrado, quanto para terceiros. No Subtópico 2, quando você teve a oportunidade de verificar os livros obrigatórios que devem compor uma serventia registral, pôde perceber que o nascimento é escriturado no Livro “A”, e este registro, então, dá origem à certidão de nascimento, que como você já deve imaginar é um documento necessário ao exercício da cidadania, e por isso é gratuita. TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 17 Neves, Loyola e Roquetto (2013, p. 21) nos informa que “o registro independe da nacionalidade dos pais, desde que estes não estejam a serviço de outro país.” E assevera também que “o reconhecimento de filho feito no assento de nascimento é irrevogável. Somente os pais podem reconhecer os filhos. Se ocorrer nascimento de criança com vida e morrer após o parto, haverá dois assentos, no livro A e no livro C (nascimento e óbito). INTERESSA NTE Regras de prazos para registro: • Dentro do prazo: se o registro for lavrado dentro do prazo (15 dias), pode ser feito onde ocorreu o parto ou no local de residência dos pais; mas, será ampliado para até três meses, para lugares distantes mais de 30 quilômetros da sede do Cartório, conforme Art. 50 da LRP. • Fora do prazo: registrado no local de residência dos pais ou interessado. Se os pais morarem em lugares diferentes, pode ser registrado no lugar de residência do pai ou da mãe, pela igualdade constitucional atribuída entre ambos. No caso de morte de criança com menos de um ano, o oficial deve verificar se foi feito o registro de nascimento da mesma. Se não foi, deve lavrar o assento de nascimento e, posteriormente, o do óbito. São crimes, as condutas dispostas nos Arts. 241 e 242 do Código Penal: • registrar criança inexistente; • dar parto alheio como próprio; • registrar como seu o filho de outrem; • ocultar nascido ou substitui-lo. As pessoas obrigadas a fazer a declaração de nascimento estão dispostas no Art. 52 da Lei de Registros Públicos: Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: (Renumerado do Art. 53, pela Lei nᵒ 6.216, de 1975). 1ᵒ) o pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto no § 2o do Art. 54; (Redação dada pela Lei nᵒ 13.112, de 2015) 2ᵒ) no caso de falta ou de impedimento de um dos indicados no item 1o, outro indicado, que terá oprazo para declaração prorrogado por 45 (quarenta e cinco) dias; (Redação dada pela Lei nᵒ 13.112, de 2015) 3ᵒ) no impedimento de ambos, o parente mais próximo, sendo maior achando-se presente; UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 18 4ᵒ) em falta ou impedimento do parente referido no número anterior os administradores de hospitais ou os médicos e parteiras, que tiverem assistido o parto; 5ᵒ) pessoa idônea da casa em que ocorrer, sendo fora da residência da mãe; 6ᵒ) finalmente, as pessoas (VETADO) encarregadas da guarda do menor. (Redação dada pela Lei nᵒ 6.216, de 1975). § 1° Quando o oficial tiver motivo para duvidar da declaração, poderá ir à casa do recém-nascido verificar a sua existência, ou exigir a atestação do médico ou parteira que tiver assistido o parto, ou o testemunho de duas pessoas que não forem os pais e tiverem visto o recém-nascido. § 2ᵒ Tratando-se de registro fora do prazo legal o oficial, em caso de dúvida, poderá requerer ao Juiz as providências que forem cabíveis para esclarecimento do fato. § 3ᵒ O oficial de registro civil comunicará o registro de nascimento ao Ministério da Economia e ao INSS pelo Sistema Nacional de Informações de Registro Civil (Sirc) ou por outro meio que venha a substitui-lo (Incluído pela Lei nᵒ 13846, de 2019) (BRASIL, 1973). A Declaração de Nascido Vivo foi implantada pela Lei nᵒ 12.662, de 5 de junho de 2012, é emitida por profissional de saúde responsável pelo acompanhamento da gestação, do parto ou do recém-nascido, inscrito no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) ou no respectivo Conselho profissional e é válida em todo território nacional. Interessante, acadêmico, como percebemos que a legislação ou o conjunto de leis, se entrelaçam. Perceba a quantidade de leis que já falamos até aqui, e ainda vamos citar muito mais, sem falar nos Provimentos do CNJ e Enunciados. Tudo isso para você ter uma percepção mais ampla desse universo. E sabe o que essa Declaração de Nascido Vivo, precisa conter? Vamos ver: Art. 4ᵒ A Declaração de Nascido Vivo deverá conter número de identificação nacionalmente unificado, a ser gerado exclusivamente pelo Ministério da Saúde, além dos seguintes dados: I- nome e prenome do indivíduo; II- dia, mês, ano, hora e Município de nascimento; III- sexo do indivíduo; IV- informação sobre gestação múltipla, quando for o caso; V- nome e prenome, naturalidade, profissão, endereço de residência da mãe e sua idade na ocasião do parto; VI- nome e prenome do pai; e VII- outros dados a serem definidos em regulamento. § 1ᵒ O prenome previsto no inciso I não pode expor seu portador ao ridículo. § 2ᵒ Caso não seja possível determinar a hora do nascimento, prevista no inciso II, admite-se a declaração da hora aproximada. § 3ᵒ A declaração e o preenchimento dos dados do inciso VI são facultativos. § 4ᵒ A Declaração de Nascido Vivo deverá conter inscrição indicando que o registro civil de nascimento permanece obrigatório, não sendo substituído por esse documento. § 5ᵒ A Declaração de Nascido Vivo deverá conter campo para que sejam descritas, quando presentes, as anomalias ou malformações congênitas observadas. (Incluído pela Lei nᵒ 13685, de 2018) (Vigência) (BRASIL, 2012). TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 19 Perceba que o § 4ᵒ supracitado traz expressamente que a Declaração de Nascido Vivo deve conter indicação que “o registro civil de nascimento permanece obrigatório, não sendo substituído por esse documento” (BRASIL, 2012). ATENCAO Já o assento de nascimento deve conter: Art. 54. O assento do nascimento deverá conter: (Renumerado do Art. 55, pela Lei nᵒ 6.216, de 1975). 1°- o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la, ou aproximada; 2°- o sexo do registrando; (Redação dada pela Lei nᵒ 6.216, de 1975). 3°- o fato de ser gêmeo, quando assim tiver acontecido; 4°- o nome e o prenome, que forem postos à criança; 5°- a declaração de que nasceu morta, ou morreu no ato ou logo depois do parto; 6°- a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome que existirem ou tiverem existido; 7°- Os nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e cartório onde se casaram, a idade da genitora, do registrando em anos completos, na ocasião do parto, e o domicílio ou a residência do casal. (Redação dada pela Lei nᵒ 6.140, de 1974) 8°- os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos; 9°- os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas testemunhas do assento, quando se tratar de parto ocorrido sem assistência médica em residência ou fora de unidade hospitalar ou casa de saúde; (Redação dada pela Lei nᵒ 13.484, de 2017) 10°- o número de identificação da Declaração de Nascido Vivo, com controle do dígito verificador, exceto na hipótese de registro tardio previsto no Art. 46 desta Lei; e (Redação dada pela Lei n o13.484, de 2017) 11°- a naturalidade do registrando. (Incluído pela Lei nᵒ 13.484, de 2017) § 1o Não constituem motivo para recusa, devolução ou solicitação de retificação da Declaração de Nascido Vivo por parte do Registrador Civil das Pessoas Naturais: (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) I- equívocos ou divergências que não comprometam a identificação da mãe; (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) II- omissão do nome do recém-nascido ou do nome do pai; (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) III- divergência parcial ou total entre o nome do recém-nascido constante da declaração e o escolhido em manifestação perante o registrador no momento do registro de nascimento, prevalecendo este último; (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) IV- divergência parcial ou total entre o nome do pai constante da declaração e o verificado pelo registrador nos termos da legislação civil, prevalecendo este último; (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) V- demais equívocos, omissões ou divergências que não comprometam informações relevantes para o registro de nascimento. (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 20 § 2o O nome do pai constante da Declaração de Nascido Vivo não constitui prova ou presunção da paternidade, somente podendo ser lançado no registro de nascimento quando verificado nos termos da legislação civil vigente. (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) § 3o Nos nascimentos frutos de partos sem assistência de profissionais da saúde ou parteiras tradicionais, a Declaração de Nascido Vivo será emitida pelos Oficiais de Registro Civil que lavrarem o registro de nascimento, sempre que haja demanda das Secretarias Estaduais ou Municipais de Saúde para que realizem tais emissões. (Incluído pela Lei nᵒ 12.662, de 2012) § 4o A naturalidade poderá ser do Município em que ocorreu o nascimento ou do Município de residência da mãe do registrando na data do nascimento, desde que localizado em território nacional, e a opção caberá ao declarante no ato de registro do nascimento (Incluído pela Lei nᵒ 13.484, de 2017) (BRASIL, 1973). Segundo Neves, Loyola e Roquetto (2013, p. 25) o Provimento nᵒ 16, de 2012, do CNJ, ainda vigente, “trouxe grande inovação ao reconhecimento da paternidade, facilitando e muito a vida do cidadão”. Veja que interessante, acadêmico, os autores continuam descrevendo que por esse provimento: [...] as mães podem se dirigir à serventia mais próxima de sua residência e indicar o nome do suposto pai. O oficial se encarrega de remeter o pedido ao juiz competente (desde que a mãe preencha um formulário com os dados pessoais do filho e do suposto pai, além de exibir a certidão de nascimento do filho), que notificará o pai para quedeclare, em juízo, se assume ou não a paternidade. Afirmado de modo absoluto o vínculo paterno, o juiz remete informação ao oficial, que incluirá o nome do pai na certidão. Não confirmando a paternidade ou não comparecendo em 30 dias na presença do juiz, o caso será enviado ao Ministério Público ou à Defensoria Pública para que se dê início à ação de investigação de paternidade (NEVES; LOYOLA; ROQUETTO, 2013, p. 25). O Provimento nᵒ 16/2012 também inovou a possibilidade de o pai poder ter a iniciativa de se apresentar ao oficial mais próximo de sua residência e informar os dados do termo de reconhecimento. A mãe e o filho – quando maior – serão inquiridos, sendo confirmado o vínculo, a situação será encaminhada ao Ofício em que a criança foi registrada, para incluir o nome do pai na certidão, por meio de averbação. Se o filho já constar com mais de 18 anos, é obrigatória o seu consentimento, sob pena de nulidade. TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 21 Quando o filho que foi reconhecido, atingir a maioridade ou for emancipado, terá quatro anos para impugnar o reconhecimento. IMPORTANT E 4.1 NASCIMENTO DE ÍNDIO Acadêmico, você sabia que os ÍNDIOS eram chamados de SILVÍCOLAS no Código Civil de 1916 que estava em vigência até 2002? Art. 6ᵒ São incapazes, relativamente a certos atos (Art. 147, I), ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela Lei nᵒ 4.121, de 27.8.1962) [...] III - os silvícolas. (Redação dada pela Lei nᵒ 4.121, de 27.8.1962) Parágrafo único. Os silvícolas ficarão sujeitos ao regime tutelar, estabelecido em leis e regulamentos especiais, o qual cessará à medida que se forem adaptando à civilização do País. (Redação dada pela Lei nᵒ 4.121, de 27.8.1962) (BRASIL, 1962). Note, na pesquisa de Feijó (2014, p. 7), a autora especifica essa condição do índio: [...] o Código Civil de 1916 põe fim a tutela orfanológica da época imperial determinando expressamente a incapacidade relativa dos índios para os atos da vida civil, sujeitando-os ao regime tutelar a ser disciplinado em lei específica, salientando que esta incapacidade cessaria à medida que fossem se adaptando à civilização do País (parágrafo único). A autora aponta já no resumo que: [...] a Constituição de 1988 realizou uma transformação sem precedentes no universo do direito indigenista, abandonando definitivamente o paradigma da assimilação cultural dos índios e reconhecendo sua identidade cultural como algo indissociável da materialização de sua dignidade humana. [...] (FEIJÓ, 2014, p. 1). Todavia, a Lei de Registros Públicos não sofreu muita influência desse “reconhecimento” da “identidade cultural [...] de sua dignidade humana” (BRASIL, 1973), visto que, o Art. 50, dispõe, em seu “§ 2ᵒ Os índios, enquanto não integrados, não estão obrigados a inscrição do nascimento. Este poderá ser feito em livro próprio do órgão federal de assistência aos índios” (BRASIL, 1973). Seguimos com o estudo do natimorto. UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 22 5 NATIMORTO O conceito de natimorto que colhemos das lições de Hildebrand (2007, p. 205 apud LOPOMO, 2018, s. p.) menciona: “O natimorto é aquele que nasceu morto, isto é: ‘Diz-se de, ou aquele que, tendo vindo à luz com sinais de vida, logo morreu”. Acadêmico, nessa linha de pensamento de Hildebrand, você já concluiu que o natimorto já foi um nascituro, assim, pelo Código Civil, tinha seus direitos resguardados: “Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro” (BRASIL, 2002). E para você, acadêmico? Qual sua opinião? O natimorto teve vida? Sim, claro! A doutrina majoritária entende que a vida se inicia com a concepção. Logo, tem direitos enquanto nascituro. O que nos resta estabelecer agora é a respeito do registro do natimorto. Todavia, o Provimento nᵒ 63, de 14 de novembro de 2017, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual foi alterado pelo Provimento nᵒ 83, de 14 de agosto de 2019, do CNJ, elucida a questão, embora essa alteração em nada afeta o assunto, assim dispõe: “Art. 2ᵒ, §2ᵒ A certidão de inteiro teor, de natimorto e as relativas aos atos registrados ou transcritos no Livro E deverão ser emitidas de acordo com o modelo do Anexo V” (CNJ, 2017, s. p.). Acadêmico, é imperioso destacar que a temática ainda é assunto que tem debruçado doutrinadores e políticos a respeito, em especial quanto ao nome e registro do natimorto. Embora a Lei nᵒ 6.015 mantém seu Art. 53 com a seguinte redação: “No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito” (BRASIL, 1973). E em seus parágrafos sustenta que nascendo morta, o registro será no livro C Auxiliar, porém, se morreu na ocasião do parto, ou seja, tendo respirado, será feito dois registros: o nascimento e o óbito. Estão tramitando projetos de lei que alteram a redação da LRP, trazendo novidades do assunto, fique atento! Você pode acompanhar no Congresso Nacional! INTERESSA NTE Veja na Figura 4 a Certidão do natimorto, modelo do Anexo V do Provimento nᵒ 63 do CNJ: TÓPICO 1 — LIVROS DO REGISTRO CIVIL DE PESSOAS NATURAIS/APOSTILAMENTO DA HAIA/REGISTRO DE NASCIMENTO/NATIMORTO 23 FIGURA 4 – CERTIDÃO DO NATIMORTO FONTE: <https://atos.cnj.jus.br/files//provimento/provimento_63_14112017_19032018150944.pdf>. Acesso em: 5 jan. 2021. Estamos concluindo este primeiro tópico, seguramente você compreendeu que o assunto não foi esgotado, nem se conseguiria, porque é muito vasto e tem muitas peculiaridades. Todavia, traçamos umas linhas mestras para norteá-lo acadêmico, e aguçá-lo a buscar mais e mais... O artigo a seguir é sobre o natimorto, justamente para que você tenha mais material sobre o assunto. E também é interessante você perceber, acadêmico, que o autor apresenta, segundo ele, o primeiro casal brasileiro que levou a registro um natimorto – o registro de Sara, nascida em Barueri (SP). Ainda, neste artigo, há referência sobre o Projeto de Lei nᵒ 5.171/2013, que propunha alteração no § 1ᵒ UNIDADE 1 — ELEMENTOS DO REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS 24 do Art. 53 da Lei de Registros Públicos. Todavia, esta iniciativa não prosperou, pois, embora com o crivo e análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados e remessa ao Senado Federal, em 30 de junho de 2015, com publicação no Diário Oficial da União (DOU) em 1ᵒ de julho de 2015, a proposição foi vetada. Por aqui nos despedimos e nos encontramos no próximo tópico, no qual falaremos sobre o casamento. Até lá! O NOME AO NATIMORTO É UM DIREITO HUMANITÁRIO Jones Figueirêdo Alves Ao nascituro que nasce sem vida, feto que falece no interior do útero ou no parto, como tal havido natimorto, após uma gestação superior a vinte semanas, não é dado alcançar direito personalíssimo ao nome e sobrenome. Cumpre-se somente o registro do óbito fetal, em livro próprio – “C-Auxiliar” (Lei 6.015/1973, Art. 53) –, com indicação dos pais, dispensado o assento de nascimento. O filho, já esperado pelo nome que lhe seria dado, torna-se apenas o registro do feto que feneceu como sombra de si mesmo e feto, enquanto tal, por não ter vindo à luz com vida, mesmo que por mínima fração de tempo. Embora comece do nascimento com vida a personalidade civil da pessoa (Art. 2ᵒ, Código Civil), certo é, porém, que desde a concepção são ressalvados os direitos do nascituro, como a alimentos, dispondo este, por isso, de uma personalidade jurídica formal. Em período inferior de gestação, onde se tem ocorrente o aborto espontâneo ou o induzido – caso diverso ao natimorto
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