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Organização das Instituições Judiciárias

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Prévia do material em texto

Indaial – 2020
OrganizaçãO das 
instituições Judiciárias
Prof.ª Maria Teresa Fernandes Corrêa
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof.ª Maria Teresa Fernandes Corrêa
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C824o
 Corrêa, Maria Teresa Fernandes
 Organização das instituições judiciárias. / Maria Teresa Fernandes 
Corrêa. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 188 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-030-4
1. Instituições judiciárias. - Brasil. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 340
III
apresentaçãO
Olá, acadêmico! A sociedade, clama por seus direitos: como a 
segurança, a liberdade de ir e vir, a saúde, a educação, o trabalho, a democracia 
etc. A democracia, os direitos individuais e sociais necessitam de aparelhos, 
engrenagens que ajudem os cidadãos a se protegerem, defenderem etc. O 
Poder Judiciário como a face da justiça, da ordem jurídica, da convivência 
pacífica em sociedade, é a engrenagem que será vista aqui. 
Na Unidade 1, apresentamos o Poder Judiciário e como ele foi sendo 
estruturado, ao longo da história brasileira, até chegarmos na configuração 
atual. Também veremos como a legislação brasileira se atualizou adotando 
a obrigatoriedade da tentativa de buscar, através da prevalência do diálogo 
a solução dos conflitos. E, ainda veremos a carreira da magistratura e os 
tribunais superiores.
A seguir, na Unidade 2, você entenderá as Divisões da Justiça, de 
acordo com as matérias de direito: a grande divisão entre justiça comum e 
justiça especial ou especializada. Passearemos pela Justiça Federal e Estadual 
e seus respectivos Juizados Especiais, suas organizações, suas competências e 
as justiças especiais: a do Trabalho que cuida das reclamatórias envolvendo as 
relações de trabalho e as Justiças Militar e Eleitoral com suas peculiaridades.
Por último, na Unidade 3, veremos figuras essenciais: o Ministério 
Público e os papéis desempenhados por essa instituição, a Defensoria Pública 
criada para assegurar os direitos dos mais necessitados, a Advocacia Pública 
como defensora dos interesses do Estado e, por fim a figura do Advogado 
privado e da Ordem dos Advogados do Brasil, incessantes lutadores pelos 
direitos, democracia, ordem jurídica... sem essas figuras a justiça não se 
realiza, uma vez que a justiça carrega uma amplitude maior que é a do direito.
Maria Teresa Fernandes Corrêa
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.
Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 – O PODER JUDICIÁRIO ................................................................................................1
TÓPICO 1 – O PODER JUDICIÁRIO ....................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 O PODER JUDICIÁRIO NO BRASIL ................................................................................................3
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................23
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................25
TÓPICO 2 – A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS ..................................................................................27
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................27
2 OS TIPOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS ...................................................................................27
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................38
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................40
TÓPICO 3 – A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA BRASILEIRA ......................................................41
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................41
2 A MAGISTRATURA ............................................................................................................................41
3 OS TRIBUNAIS SUPERIORES ..........................................................................................................46
4 O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA......................................................................................55
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................................60
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................63
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................66
UNIDADE 2 – AS DIVISÕES DA JUSTIÇA ......................................................................................67
TÓPICO 1 – A JUSTIÇA FEDERAL .....................................................................................................69
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................69
2 A JUSTIÇA FEDERAL .........................................................................................................................69
3 OS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS ...........................................................................................77
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................81AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................83
TÓPICO 2 – A JUSTIÇA ESTADUAL ..................................................................................................85
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................85
2 A JUSTIÇA COMUM ESTADUAL ....................................................................................................85
3 OS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS E CRIMINAIS ......................................................................90
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................95
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................97
TÓPICO 3 – AS JUSTIÇAS ESPECIAIS INDIVIDUALIZADAS ..................................................99
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................99
2 A JUSTIÇA DO TRABALHO .............................................................................................................99
3 A JUSTIÇA MILITAR ........................................................................................................................104
4 A JUSTIÇA ELEITORAL ...................................................................................................................110
sumáriO
VIII
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................117
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................122
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125
UNIDADE 3 – AS FIGURAS ESSENCIAIS À JUSTIÇA ...............................................................127
TÓPICO 1 – O MINISTÉRIO PÚBLICO ...........................................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 O PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..........................................................................................130
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................151
TÓPICO 2 – A DEFENSORIA PÚBLICA E A ADVOCACIA PÚBLICA ....................................153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153
2 A DEFENSORIA PÚBLICA ..............................................................................................................153
3 A ADVOCACIA PÚBLICA ...............................................................................................................159
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................164
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................167
TÓPICO 3 – A ADVOCACIA PRIVADA ..........................................................................................169
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................169
2 A ADVOCACIA PRIVADA E A OAB .............................................................................................169
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................176
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................181
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................183
1
UNIDADE 1
O PODER JUDICIÁRIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer as bases históricas do atual Poder Judiciário brasileiro, os tribu-
nais superiores e suas competências e as classificações de jurisdição;
• aprender a função do Poder Judiciário, a definição de jurisdição e os 
meios para solução de conflitos;
• compreender o significado de justiça comum e justiça especial e o papel 
do Conselho Nacional de Justiça;
• entender o papel da magistratura e suas prerrogativas.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, 
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – O PODER JUDICIÁRIO
TÓPICO 2 – A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
TÓPICO 3 – A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA BRASILEIRA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O PODER JUDICIÁRIO
1 INTRODUÇÃO
A teoria da tripartição dos poderes foi formulada por Montesquieu, no 
século XVIII, ao defender a independência entre os poderes Executivo, Legislativo 
e Judiciário; essa independência é primordial para que ninguém aja com 
superioridade frente aos demais e, a Constituição do país deve criar mecanismos 
para proteger essa autonomia.
Nunca foram tão atuais, as palavras escritas por Montesquieu, em 1748:
Se examinarmos as formalidades da justiça em relação à dificuldade 
que um cidadão enfrenta para fazer com que devolvam seus bens 
ou para obter satisfação para um ultraje, acharemos sem dúvida que 
existem formalidades demais. Se as considerarmos em sua relação 
com a liberdade e a segurança dos cidadãos, acharemos que elas são 
muito poucas; veremos que as dificuldades, as despesas, o tempo e até 
mesmo os perigos da justiça são o preço que cada cidadão paga pela 
sua liberdade (MONTESQUIEU, 2000, p. 86).
Neste tópico veremos como os órgãos de justiça foram estruturados ao 
longo de nossa história até a configuração atual; pois o Poder Judiciário, tutelado 
pela Constituição de um país, permite ao cidadão seu acesso à justiça.
2 O PODER JUDICIÁRIO NO BRASIL
Conforme Guimarães (2012, p. 192-193) Poder Judiciário é explicado como o, 
Conjunto de órgãos destinados à administração da justiça, que tem 
o poder de julgar, como função do Estado, aplicar a lei e zelar pelo 
seu fiel cumprimento. São órgãos do Poder Judiciário: O Supremo 
Tribunal Federal (STF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunais 
Regionais Federais e Juízes Federais, os Tribunais e Juízes do Trabalho, 
os Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e Juízes Militares, os 
Tribunais e Juízes dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
O STF e os Tribunais Superiores têm sede em Brasília e jurisdição em 
todo o Território Nacional.
A função principal do Poder Judiciário é administrar a justiça, aplicando 
a lei ao caso concreto, por isso é necessário que se busque entender o significado 
de justiça, embora seja um conceito indeterminado e filosófico.
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
4
Etimologicamente, a palavra justiça vem do latim iustitia ou justitia, 
idealizada pela deusa grega Têmis, que está de olhos vendados (pois representa 
a igualdade de todos perante a lei), segurando uma balança (a fim de demonstraro equilíbrio entre as partes) e uma espada (para lembrar que a decisão tem de ser 
cumprida).
FIGURA 1 – DEUSA DA JUSTIÇA
FONTE: <http://twixar.me/qHsT>. Acesso em: 23 nov. 2019.
Passeando pelas concepções históricas de justiça, na Antiguidade, 
significava uma virtude que revelava o caráter de um homem (Grécia) e a 
prudência na atuação para equilíbrio nas relações (Roma). 
Na Idade Média, todas as normas de conduta eram oriundas da Igreja, 
baseadas na interpretação da justiça divina e a própria história nos ensina que, 
essas interpretações desencadearam atos horrendos, como os Tribunais da Santa 
Inquisição.
A ideia de justiça ligada aos deveres de respeito, bondade, igualdade 
etc., que um homem deve ter em relação ao outro, marcam a Idade Moderna 
e; na Idade Contemporânea, o significado de justiça está atrelado à equidade 
(igualdade de direitos) e ao bem-estar social.
Para Bobbio (1998, p. 660), “a justiça é um fim social, da mesma forma que 
a igualdade ou a liberdade ou a democracia ou o bem-estar”.
E Abbagnano (2007, p. 593), diz que justiça “em geral, é a ordem das 
relações humanas ou a conduta de quem se ajusta a essa ordem”. E, complementa 
com a definição do jurisconsulto romano Ulpiano como a “vontade constante e 
perpétua de dar a cada um o que é seu”.
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
5
Nas definições mencionadas anteriormente, a justiça é “um fim social” 
ou “a conduta de quem se ajusta a ordem das relações humanas”, então se pode 
afirmar que há uma ligação sócio-histórica: pois o direito criado (no sentido de lei 
ou norma) retrata o buscar da justiça, naquele espaço e tempo.
Com o objetivo de buscar fazer a justiça e de dizer o direito, foi dado 
ao Estado a função jurisdicional, através do Poder Judiciário que, para Alvim 
(2016, p. 61) “é uma função do Estado, pela qual este atua o direito objetivo na 
composição dos conflitos de interesses, com o fim de resguardar a paz social e o 
império do direito”.
Dinamarco (2016, p. 78) afirma ser mais correto “qualificar a jurisdição 
como uma expressão do poder estatal, exercida com a função de pacificar e 
mediante as atividades disciplinadas pela Constituição e pela lei” (grifos do 
autor).
A jurisdição estatal tem três finalidades, segundo Didier (2015):
• jurídica: fazer cumprir as leis em busca da justiça;
• social: com a pacificação social, promover o bem comum;
• política: através da proteção das liberdades constitucionais, dadas aos cidadãos.
E, para cumprimento dessas finalidades, a jurisdição é una, ou seja, é 
atribuição exclusiva do Estado, pois somente ele tem a prerrogativa constitucional 
de prestar a justiça, através de seus órgãos. E esta unicidade, não impede que 
o Poder Judiciário se divida, até para melhor se organizar em sua prestação 
jurisdicional.
No Brasil, há a divisão em razão da matéria de direito a ser analisada, 
assim temos a:
• Justiça Comum: que compreende os órgãos das Justiças Federal e Estadual, 
obedecendo os procedimentos dos Códigos de Processo Civil e Penal e demais 
legislações pertinentes.
• Justiça Especial: composta pelos órgãos que exercem suas jurisdições, com 
base em normas processuais específicas: Eleitoral, Trabalhista e Militar.
Quanto à divisão administrativa, nos limitaremos aqui as da Justiça 
Comum, pois, ao longo desse Livro Didático, abordaremos as demais, em seus 
tópicos específicos.
A Justiça Estadual costuma ser dividida em:
• Comarca: é a área geográfica onde o magistrado exerce sua jurisdição, sua 
delimitação depende de fatores como, número de habitantes na(s) cidade(s), 
número de eleitores, extensão territorial do(s) município(s). Pode ser chamada 
de circunscrição judiciária.
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
6
• Vara: repartição judiciária, pela qual um magistrado é responsável. De acordo, 
com o número de habitantes no município, pode existir uma ou mais, como, 
também pode haver varas especializadas, em Direito de Família e Sucessões, 
Criminais etc. Se há, somente uma vara, o juiz julga todas as matérias de direito. 
• Entrância: relacionada ao número de Varas que a Comarca possui, a 
Entrância Inicial ou Primeira Entrância significa que há, somente, uma vara; a 
Intermediária ou Segunda Entrância, mais de uma vara e, ainda as Comarcas 
de Terceira Entrância ou Especial, que geralmente são as das capitais dos 
Estados-membros.
A Justiça Federal em:
• Seção Judiciária: é a divisão territorial, com base nos Estados-membros e 
Distrito Federal. Ex.: Seção Judiciária do Estado de Santa Catarina.
• Subseção Judiciária: assim chamadas, as varas federais existentes nos 
municípios pertencentes a seção judiciária.
E, por último, é importante a definição de Instância, que designa o grau 
de jurisdição em sua hierarquia, dentro do Poder Judiciário e, no Brasil temos três 
instâncias:
• Primeira Instância: é a jurisdição exercida, pelos juízes singulares.
• Segunda Instância: é a dos órgãos colegiados, os tribunais estaduais e federais. 
Julgam os recursos das decisões dadas, pela primeira instância.
• Terceira Instância: exercida, pelos Tribunais Superiores. Julgam os recursos 
das decisões dadas, pela segunda instância.
Antes de abordarmos a evolução da estrutura judicial no Brasil, é de ressaltar 
que só utilizaremos a expressão “Poder Judiciário” após 1824, pois é a Constituição que 
confere o status de “Poder” a essa função do Estado.
IMPORTANT
E
A organização do Poder Judiciário, em sua estrutura organizacional e 
funcional, também está atrelada ao momento sócio-histórico, como as leis. E, veremos 
que muitas das definições e papéis foram se aprimorando, ao longo da jornada.
No Brasil Colônia (1500 a 1808), a legislação aplicada era a portuguesa 
e, a justiça era aplicada pelo ouvidor: pessoa nomeada pelos donatários das 
capitanias hereditárias e, eram os donatários que julgavam os casos em grau de 
recurso; para as cortes de Lisboa iam, somente, os litígios que envolviam grande 
valor econômico.
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
7
Segundo Wolkmer (2002, p. 48): “[...] conhecidas como Ordenações Reais, 
que englobavam as Ordenações Afonsinas (1446), as Ordenações Manuelinas (1521) e as 
Ordenações Filipinas (1603)”.
NOTA
Com a instituição dos Governos-Gerais (1549) se criou uma justiça 
colonial mais bem estruturada: os casos cíveis e criminais eram julgados pelos 
Ouvidores-Gerais e, segundo Wolkmer (2002, p. 59), esses eram considerados um 
“funcionário real de confiança”. Para os recursos havia o Tribunal de Relação 
(órgão colegiado e seus membros chamados de desembargadores) e, como última 
instância de apelação: a Casa de Suplicação, em Lisboa.
No Brasil Colonial, havia dois Tribunais de Relação: na Bahia e no Rio de 
Janeiro, que julgavam todos os recursos do vasto território.
NOTA
Para Castro (2007), após a instalação dos Governos-Gerais até a 
Constituição de 1824, a estrutura pessoal da justiça estava organizada, em:
• Ouvidor: acumulava funções administrativas e judiciais, julgava processos 
cíveis e criminais, em que uma das partes interessadas fosse um juiz, fidalgo 
português e membros da Igreja e ainda, em grau de recurso julgava as apelações 
vindas dos juízes Ordinários e de Fora.
• Promotor: cuidava dos interesses da Coroa, tinha o papel de acusador.
• Juiz Ordinário ou da Terra: eram eleitos entre os “homens bons”, julgava 
processos cíveis e criminais nas vilas, injúrias verbais contra os vereadores e, 
em grau de apelação as decisões dos Almotacéis.
• Almotacéis: julgavam os assuntos urbanos (obras e construções), nas vilas e 
províncias.
• Juiz de Fora: julgavam processos envolvendo bens móveis e imóveis.
• Juiz de Órfãos: julgavam processos de inventário (bens deixados pelo falecido) 
e processos que envolviam menores ou incapazes.
• Juiz de Vintena: eram encarregados de redigir os testamentos.
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
8
Conforme Prado Jr. (1971), “homens bons” eram os membros da elite colonial, 
senhores de engenho, latifundiários, grandes comerciantes etc. todos de origem portuguesa.Os escravos eram considerados como bens móveis.
NOTA
NOTA
As exigências portuguesas para ocupação dos cargos na justiça estavam 
vinculadas à condição social, normalmente ocupados pelos filhos de fidalgos 
portugueses, pois era vedado aos descendentes de comerciantes, mestiços, 
mulatos e judeus (CASTRO, 2007) e aos magistrados era exigida a formação 
em Direito Civil ou Canônico pela Universidade de Coimbra, ter atuação na 
área por dois anos, no mínimo, e, prestar exame de ingresso no serviço público 
(WOLKMER, 2002).
Segundo Bueno (2013, p. 175):
No topo do sistema judiciário português se encontrava o Desembargo 
do Paço. Criado em fins do século XV para dar assessoria ao rei 
em todos os assuntos ligados a questões legais e administrativas, o 
Desembargo do Paço acabaria tornando-se o órgão burocrático central 
do Império, especialmente depois da reforma promovida por D. João 
III em 1534, através da qual a instituição passou a exercer controle 
absoluto sobre todos os funcionários ligados ao aparelho judiciário. 
Tal controle iniciava-se com o exame dos “letrados” para o exercício 
da magistratura (a chamada “leitura dos bacharéis”) e se estendia 
através dos pareceres requeridos para as suas promoções. Eram os 
desembargadores do Paço que autorizavam o exercício da advocacia, 
examinavam tabeliães e escrivães e ratificavam (ou não) seus 
provimentos (instruções ou determinações administrativas), além de 
confirmar as eleições dos novos juízes.
No Brasil Reino-Unido de Portugal e Algarves (1808 a 1822), com a vinda 
da família real para o Brasil e a Abertura dos Portos às Nações Amigas, é que 
teremos uma organização judiciária completa e desvinculada de Lisboa. 
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
9
O Tribunal de Relação do Rio de Janeiro se transformou na Casa de 
Suplicação do Brasil, com competência e jurisdição idêntica ao da Casa de 
Suplicação de Lisboa, composto por nobres portugueses que vieram com a família 
real, assim a condição social, para ocupação dos cargos na justiça, continua a 
prevalecer.
Foi criado o Conselho Supremo Militar e de Justiça, para cuidar dos 
assuntos envolvendo militares da marinha e do exército e, ainda a função de 
Intendente Geral de Polícia a quem os juízes criminais se reportavam para obter 
aprovação de prisão ou soltura de investigados.
É interessante destacar a existência da figura do Juiz Conservador da 
Nação Britânica, de origem lusa, mas eleito por ingleses residentes no Brasil, com 
competência e jurisdição de processar casos envolvendo ingleses, que Castro 
(2007, p. 339) se refere como “uma das mais estranhas anomalias jurídicas”, mas 
a criação desse juiz especial era uma compensação pelo apoio e proteção dos 
ingleses, quando a família real portuguesa fugiu de Portugal para o Brasil; o 
mesmo foi extinto em 1844.
Toda essa estrutura de justiça será modificada, com a independência 
do Brasil e a outorga da Constituição de 1824, que criou um Poder Judiciário 
(chamado de Poder Judicial) dependente do Executivo e do Legislativo, embora 
o art. 151 previsse sua independência.
Constituição outorgada significa a imposição dela, pelo governante ao povo, 
por outro lado, a Constituição promulgada tem um caráter democrático, em que seu texto 
é redigido pelos representantes do povo, em Assembleia Constituinte.
NOTA
A Constituição de 1824, fugindo da tradicional tripartição dos poderes 
que os Estados modernos estavam adotando, previa quatro poderes: Executivo, 
Legislativo, Judicial e o Moderador. 
O imperador, pela Carta Constitucional, exercia dois poderes: o Executivo 
e o Moderador, esse último pertencia exclusivamente, ao imperador brasileiro e, 
com ele havia sua ingerência nos demais poderes.
A nomeação dos principais e mais importantes membros do Poder 
Judiciário, era realizada pelo imperador e, dos demais pelo Poder Legislativo, 
o que demonstrava não existir a apregoada independência dos Poderes, pela 
própria Carta de 1824.
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
10
De acordo com Villa (2011, p. 11):
Dentro desse perfi l autoritário, o imperador reservou apenas 14 
artigos constitucionais para o Judiciário – três a mais que os dedicados 
aos recursos pecuniários da família real – e restringiu o quanto pôde 
a autonomia dos juízes. Mesmo afi rmando que “o poder judicial é 
independente”, o artigo 154 determinava que o “Imperador poderá 
suspendê-los [os juízes] por queixas contra eles feitas, precedendo 
audiência dos mesmos juízes, informação necessária, e ouvido o 
Conselho de Estado”.
O Poder Judiciário foi organizado em três instâncias ou graus de jurisdição, 
de acordo com a Constituição Imperial de 1824 e o Código de Processo Criminal 
de 1832 foi estruturado conforme fi gura a seguir:
FIGURA 2 – PODER JUDICIÁRIO NO BRASIL IMPERIAL
FONTE: A autora
A primeira instância da justiça era realizada na Comarca, divisão judiciária 
que abarcava os Termos e os Distritos, se o município fosse muito populoso, ele 
era dividido em mais de uma comarca.
• Juízes de Direito: nomeados pelo Imperador, julgavam os processos cíveis e 
criminais, era exigida a formação jurídica e ser maior de vinte e dois anos. Era 
dada a preferência a quem já tivesse ocupado a função de Promotor Público ou 
Juiz Municipal. Presidia o Conselho de Jurados, sua competência era de aplicar 
a Lei e inspecionar os Juízes Municipais e de Paz.
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
11
Somente aos Juízes de Direito, a Constituição Imperial de 1824, dava a 
prerrogativa de vitaliciedade que se traduz na garantia de não perder o cargo, 
exceto por sentença condenatória.
Os Termos eram divisões judiciárias que poderiam abranger mais de um 
município, de acordo com o número de eleitores existente.
• Conselho de Jurados: eram os “homens bons, honrados, inteligentes e 
patriotas”, conforme Angelozzi (2009, p. 76), eleitos pelos vereadores e eleitores 
municipais. Nas sessões de julgamento eram sorteados dez dentre os trinta 
nos municípios e doze dentre os sessenta, nas capitais das províncias; sua 
competência era se pronunciar sobre o fato a que respondia o acusado, tanto 
em casos cíveis como criminais (quando se tratava de crimes era chamado de 
Tribunal do Júri, conforme determinava a Constituição de 1824 e o Código de 
Processo Criminal de 1832).
• Juiz Municipal: escolhido pelo Governador da Província, de acordo com uma 
lista tríplice enviada pela Câmara Municipal, tinha mandato de três anos, 
de acordo com o Código de Processo Criminal era dada preferência para 
quem tinha formação em Direito ou Advogados, mas também poderiam ser 
cidadãos conceituados e instruídos. Sua competência era executar as sentenças 
e mandados dos Juízes de Direito da Comarca, em casos eventuais como 
impedimentos ou faltas, substituíam os Juízes de Direito.
• Promotor Público: se sujeitava ao mesmo processo de escolha, dos Juízes 
Municipais, bem como o mandato que era de tempo igual. Dava-se preferência 
aos instruídos na Lei, mas também poderiam ser quaisquer dos cidadãos que 
estavam aptos a pertencer ao Conselho de Jurados. Sua competência era de 
acusar os infratores e denunciar crimes.
• Escrivão das Execuções: escolhido pelo Juiz Municipal, deveria ser maior de 
vinte e um anos, faziam cumprir as sentenças do Juiz Municipal e do Juiz de 
Direito, quando esse estivesse no município.
Para a existência de um Distrito, havia o critério de que houvesse, pelo 
menos, setenta e cinco casas habitadas, conforme Villa (2011).
• Juiz de Paz: eleito em cada distrito, tinham como competência a tentativa de 
conciliar (solução extrajudicial de conflitos) as questões cíveis (sem a conciliação 
não se podia iniciar um processo) e promover as investigações iniciais, referente 
aos crimes. Eram leigos, ou seja, não precisavam ter formação jurídica.
• Escrivão: o Juiz de Paz indicava nomes e a Câmara de Vereadores escolhia. 
Deveria ser maior de vinte e um anos, eram responsáveis pela redação de 
documentos, cumprimento de despachos, assistir as audiências etc.
• Inspetores: a indicaçãoera feita pelo Juiz de Paz e a Câmara de Vereadores 
escolhia, devia ser maior de 21 anos; mantinham a segurança nas vilas e 
municípios. O número de inspetores era na proporção de um para cada vinte 
casas habitadas, por isso eram chamados de “inspetores de quarteirão”.
• Oficiais de Justiça: escolhidos pelo Juiz de Paz, cumpriam diligências de 
intimações, prisões etc.
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
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Os Tribunais de Relação: representavam a segunda instância da justiça, 
existentes nas capitais das províncias, composto por dez desembargadores 
nomeados pelo Imperador, julgavam os recursos vindos das Comarcas, 
fiscalizavam a atividade jurisdicional e, conforme Mathias (2009, p. 151) podiam, 
ainda “[...] conceder licença para não formado advogar (quando não houvesse 
bacharéis no distrito)”.
A presença de juízes sem formação jurídica é explicável pela carência 
deles, pois, somente em 1827, é que são criados os dois primeiros cursos de 
Direito no Brasil, em Olinda e São Paulo, a partir de então, se tem o início de uma 
cultura jurídica brasileira; além do vasto território que necessitava ser organizado, 
judicialmente.
FIGURA 3 – PROVÍNCIAS IMPERIAIS
FONTE: <https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2018/05/1822-Mapa-do-
Brasil-com-Prov%C3%ADncias-Imperiais.png>. Acesso em: 23 nov. 2019.
https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2018/05/1822-Mapa-do-Brasil-com-Prov%C3%ADncias-Imperiais.png
https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2018/05/1822-Mapa-do-Brasil-com-Prov%C3%ADncias-Imperiais.png
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
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O Supremo Tribunal de Justiça: órgão máximo do Poder Judiciário e 
sucessor da Casa de Suplicação do Brasil, composto por dezessete juízes dos 
Tribunais de Relação, de acordo com o critério de antiguidade, com competência 
para apreciar os delitos cometidos pelos Ministros do Império, Presidentes das 
Províncias e membros do corpo diplomático, além de decidir os conflitos de 
jurisdição dos Tribunais de Relação. Seus juízes eram chamados de Conselheiros 
e eram nomeados pelo Imperador. Após, 1840, sua competência se estendeu para 
julgar recursos cíveis e criminais (Recurso de Revista), em casos de manifesta 
nulidade e notória injustiça.
O Poder Judiciário, como vimos, estava atrelado ao Poder Legislativo 
uma vez que eram as Câmaras de Vereadores que escolhiam a maioria de seus 
integrantes, conforme Wolkmer (2002, p. 93):
Na prática, o poder judicial estava identificado com o poder político, 
embora, institucionalmente, suas funções fossem distintas. O governo 
central utilizava-se de mecanismos de nomeação e remoção de juízes 
para administrar seus interesses, fazendo com que a justiça fosse 
partidária, e o cargo, utilizado para futuros processos eleitorais 
(fraudes e desvios) ou mesmo para recompensar amigos e políticos 
aliados.
A Constituição Republicana de 1891 inaugura a divisão da justiça em: 
comum (estadual e federal) e especial, dando competências distintas a cada uma. 
Aos juízes foram dadas as garantias da:
• Vitaliciedade: manteve a previsão da Constituição Imperial, sem prazo para a 
aquisição.
• Irredutibilidade de vencimentos: os vencimentos dos juízes seriam 
determinados por lei e sujeitos aos descontos legais, como o imposto de renda.
• Inamovibilidade: a promoção ou remoção de um juiz, somente podia se dar 
com seu consentimento.
Essas garantias são consideradas importantes, para que os juízes possuam 
a liberdade de decidir, conforme o caso, possibilitando a imparcialidade e a 
independência.
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
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FIGURA 4 – O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DE 1891
FONTE: A autora
À Justiça Federal foi dada a competência nas causas em que uma das 
partes fosse a União, crimes políticos, questões de direito internacional e direito 
marítimo. Todos os litígios que não fossem da Justiça Federal, seriam julgados 
pela Estadual. 
Ainda, previa a Constituição de 1891 que: os recursos das decisões dadas 
pela primeira instância ou primeiro grau seriam julgados, pelos Tribunais. Os 
ofícios da justiça, ou seja, os serventuários (funções, cargos, salários) eram os 
Tribunais e Juízes que tinham a competência e responsabilidade de organizar.
A carreira e o ingresso na magistratura federal eram regulados pelo 
Decreto nº 3.084/1898, em que o Supremo Tribunal Federal elaborava uma lista 
tríplice de bacharéis em Direito e o Presidente da República escolhia; havia a 
exigência de, no mínimo, quatro anos de experiência na advocacia.
Na Justiça Estadual, a maioria adotou a livre nomeação pelo Presidente 
do Estado-membro, de acordo com listas apresentadas pelos Tribunais de Justiça, 
como exceção se tem: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e 
São Paulo, onde o ingresso se dava, por meio de concurso público.
A Justiça Militar aparece na primeira Constituição republicana, como uma 
justiça especializada e autônoma, para processar e julgar militares do exército e 
da marinha.
A partir de 1916, com a edição do Código Civil, se tem a fi gura do Juiz de 
Paz para a realização do casamento civil, tornado obrigatório para fi ns sucessórios, 
era eleito pela Câmara dos Vereadores.
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
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A instituição do casamento civil é resultante da separação entre Igreja e Estado 
(Estado Laico), pois até 1916, a Igreja Católica era responsável pelos assentamentos de 
nascimento, óbito e casamentos e, esses eram considerados válidos para fi ns de direito, 
inclusive os sucessórios.
NOTA
O Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da justiça federal e estadual, 
era composto por quinze juízes de notório saber e reputação, nomeados pelo 
Presidente da República e aprovados pelo Senado Federal; após a aprovação 
um desses membros exerceria a função de Procurador-Geral da República, por 
nomeação do Presidente da República.
A competência determinada ao Supremo Tribunal Federal era a de julgar 
os crimes cometidos pelo Presidente da República, Ministros, Diplomatas; litígios 
envolvendo a União ou um dos Estados-membros com país estrangeiro; confl itos de 
competência entre juízes e tribunais federais e estaduais; receber e julgar recursos 
vindos dos tribunais de segunda instância. E, como guardião da Constituição, ou 
seja, julgar questões que envolvessem o próprio texto constitucional.
A Constituição de 1934 traz inovações no Poder Judiciário com a Justiça 
Eleitoral, a mudança de nome do Supremo Tribunal Federal para Corte Suprema, 
deu competência ao Legislativo para criar lei sobre as carreiras da justiça: adoção 
do concurso público e vencimentos. E, ainda, proibiu aos juízes o exercício de 
outra função pública, mas permitia o magistério.
FIGURA 5 – O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DE 1934
FONTE: A autora
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
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A Corte Suprema deveria ser composta por onze ministros, de notório 
saber jurídico (aqui difere da Constituição de 1891, que não exigia o saber 
jurídico), nomeados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado 
Federal, exclusivos a brasileiros natos, eleitores com mais de trinta e cinco anos e 
menos de sessenta e cinco.
O Tribunal Superior Eleitoral seria presidido pelo Vice-Presidente 
da Corte Suprema e composto por 1/3 de Ministros da Corte Suprema; 1/3 de 
Desembargadores do Distrito Federal, todos esses por sorteio e 1/3 de cidadãos 
de notório saber jurídico e reputação ilibada, dentre uma lista sêxtupla 
apresentada pela Corte Suprema e por nomeação do Presidente da República. 
A mesma composição era prevista para os Tribunais Regionais Eleitorais, com 
Desembargadores das Justiças Federal e Estadual e os cidadãos, apresentados 
pelos Tribunais de 2º grau de jurisdição seriam também, escolhidos pelo 
Presidente da República.
É interessante destacar que a Corte Suprema poderia receber e julgar 
recursos de decisões do Tribunal Superior Eleitoral, assim, a Justiça Eleitoral 
apresentava quatro graus de jurisdição ou instâncias, bem como não havia juízes 
exclusivos, previa que em momentosanteriores às eleições juízes de direito e 
serventuários acumulariam função.
À Justiça Militar foi dada três graus de jurisdição, sendo incorporada às 
Juntas Militares (Juízes Militares, como 1º grau de jurisdição).
A Constituição de 1934 trouxe, em seu texto, as Juntas de Conciliação 
e Julgamento, com competência para dirimir os litígios entre os trabalhadores, 
chamou de Justiça do Trabalho, mas lhe faltavam as prerrogativas de um Poder 
do Estado, se apresentando mais como um órgão administrativo, nas palavras 
de Castro (2009, p. 462) “Sequer estava a ‘justiça do trabalho’ no capítulo do 
judiciário. O método a ser utilizado por esta era jurisdicional, mas nada mais 
tinha de justiça de fato”.
Ainda, nas Juntas de Conciliação e Julgamento, previu a composição 
paritária de empregados e empregadores, surgindo a figura do juiz classista ou 
vogal, que eram leigos (sem exigência de formação jurídica) escolhidos pelos 
sindicatos de trabalhadores e empregadores, seus mandatos eram temporários.
As Juntas de Conciliação e Julgamento eram compostas, por um juiz de 
direito, um juiz classista patronal e um juiz classista dos empregados, esses dois últimos é 
que julgavam os processos trabalhistas e, o juiz de direito (juiz-presidente) votava em caso 
de divergência entre os classistas e fazia a sentença.
NOTA
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
17
A Constituição de 1937 (Estado Novo), como resultado da ditadura 
pessoal de Getúlio Vargas, não previa a separação de Poderes:
 Art. 73 – O Presidente da República, autoridade suprema do Estado, 
coordena a atividade dos órgãos representativos, de grau superior, 
dirige a política interna e externa, promove ou orienta a política 
legislativa de interesse nacional, e superintende a administração do 
País (BRASIL, 1937, p. 19).
O Poder Judiciário teve sua estrutura reduzida, com a supressão da Justiça 
Federal, a Corte Suprema voltou a ser chamada de Supremo Tribunal Federal e, a 
Justiça Militar até então autônoma passa a ter o Supremo Tribunal Federal, como 
última e superior instância.
As demandas e processos tramitando na Justiça Federal passaram para a 
Justiça Estadual.
NOTA
Segundo Wolkmer (2002, p. 113-114),
[...] implantou uma ditadura do Executivo (todos os poderes 
concentrados nas mãos do presidente da República) que se permitia 
legislar por decretos-leis e reduzir arbitrariamente a função do 
Congresso Nacional, bem como a dirigir a economia do país, intervir 
nas organizações sociais, partidárias e representativas, além de 
restringir a prática efetiva e plena dos direitos dos cidadãos (grifo 
nosso).
FIGURA 6 – O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DE 1937
FONTE: A autora
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
18
O Tribunal de Segurança Nacional, vinculado à Justiça Militar tinha 
como competência julgar crimes contra o Estado, a economia popular e, como 
todo tribunal de exceção serviu para perseguir políticos, intelectuais etc., que se 
contrapunham à ditadura de Vargas, embora nas palavras de Iglésias (1986, p. 
59): “O Estado Novo é rico no signifi cado político, social e econômico. Do ângulo 
constitucional, no entanto, é quase nulo”. 
A redemocratização traz a Constituição de 1946 e, uma nova estrutura 
para o Poder Judiciário, aprimorando e absorvendo a estrutura da Constituição 
de 1934, com a restauração da autonomia e a previsão das justiças especiais 
individualizadas: Eleitoral, do Trabalho (agora vinculada do Poder Judiciário) e 
Militar, além de extinguir o Tribunal de Segurança Nacional.
FIGURA 7 – O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DE 1946
FONTE: A autora
Inova o texto constitucional de 1946, dispondo sobre o Ministério Público 
da União para atuação junto às justiças comum e às especiais, para representar a 
União, com ingresso mediante concurso público.
Também é de se destacar, a participação da Ordem dos Advogados 
do Brasil (OAB) para composição do Tribunal Federal de Recursos, dos nove 
membros nomeados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado, 2/3 
seriam de magistrados e 1/3 entre advogados e membros do Ministério Público 
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
19
e nos Tribunais de Justiça (Estadual) a reserva para advogados e membros do 
Ministério Público era de 1/5, além de participar na elaboração dos concursos 
públicos organizados pelos Tribunais de Justiça para juízes.
Conhecido como “quinto constitucional”, ou seja, 20% (vinte por cento) das 
vagas, nos Tribunais de Justiça, devem ser ocupados por membros do Ministério Público e 
Advogados, sem necessidade de concurso público a que estão sujeitos os juízes de direito. 
Conforme “art. 124, V – na composição de qualquer Tribunal, um quinto dos lugares será 
preenchido por advogados e membros do Ministério Público, de notório merecimento e 
reputação ilibada, com dez anos, pelo menos, de prática forense. Para cada vaga, o Tribunal, 
em sessão e escrutínio secretos, votará lista tríplice. Escolhido um membro do Ministério 
Público, a vaga seguinte será preenchida por advogado” (BRASIL, 1946, p. 77). Permanece 
até hoje, no art. 94 da Constituição de 1988, para os Tribunais de Justiça Estaduais, os 
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho.
NOTA
A Justiça Eleitoral previu a participação de dois cidadãos na composição 
do Tribunal Superior e no Tribunal Regional, eram indicados por esses tribunais e 
nomeados pelo Presidente da República, mediante lista sêxtupla. Da mesma forma 
que o disposto na Constituição de 1934, a justiça eleitoral não teria magistrados e 
serventuários próprios, acumulariam funções em épocas de pleito.
Quanto à Justiça Estadual, dava a liberdade para criação dos Tribunais de 
Alçada que, em grau de jurisdição estavam ao lado dos Tribunais de Justiça e, sua 
competência eram as mesmas para os recursos, porém estava vinculado ao valor 
da causa. Somente MG, PR, RJ, RS e SP criaram Tribunais de Alçada.
Segundo Guimarães (2012, p. 259), “Valor da Causa: quantum em dinheiro que 
o autor pede ao réu. A determinação do valor da causa tem como objetivo a determinação 
do rito processual e da competência, por isso deverá sempre constar da petição inicial”.
NOTA
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
20
A Justiça do Trabalho passa a fazer parte do Poder Judiciário e amplia 
para todos os seus órgãos de jurisdição, a paridade de representação entre 
empregados e empregadores.
O Supremo Tribunal Federal mantinha sua composição com onze 
Ministros, indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Senado, 
voltando a ser o guardião da Constituição e julgando recursos das justiças comum 
e especial quando, em sentenças houvesse desrespeito a dispositivos do texto 
constitucional.
A Constituição de 1967, outorgada pelo Ato Institucional 02/65, vigorou 
durante a ditadura militar (1964 a 1985), para Castro (2007, p. 528): “[...] entre 31 
de março e primeiro de abril de 1964, o país dobrou o cabo da democracia em 
direção a uma ditadura que se tornaria cada vez mais fechada, mais violenta e 
disposta a não reconhecer a linha divisória entre a legalidade e a ilegalidade”.
A Constituição de 1967 teve grande alteração promovida pela Emenda 
Constitucional 1/69, na visão de Mendes e Branco (2018, p. 151): “Não poucos autores veem 
na Emenda nº 1/69 uma nova Constituição, outorgada pela Junta Militar”.
NOTA
Para se entender o texto constitucional de 1967, Iglésias (1986, p. 75-76) 
descreve com maestria: 
A chamada Constituição de 67 não segue a linha liberal dos 
documentos anteriores (só tem certo parentesco com o de 37). Falseia 
os princípios federalistas e democráticos. Fortalece ao máximo a figura 
do presidente da República, que tudo pode, sobreposto ao Legislativo 
e ao Judiciário, que ficam sob sua mira, podendo ser atingidos no 
exercício de suas atribuições. 
[...] Amplia os poderes da Justiça Militar. [...] pouco adianta firmar 
alguns princípios, se todo o país está sob o domínio da polícia, que 
fiscaliza, censura, prende, exila, quando a administração aplica penas 
como as de cassação dedireitos políticos e mandatos de modo sumário, 
sem processo, sem julgamento, sem apelação.
Quanto à organização do Poder Judiciário, mantém a mesma da 
Constituição de 1946, as mudanças realizadas se deram, para controlar quem 
estava acostumado aos princípios de justiça, garantia de direitos etc.:
TÓPICO 1 | O PODER JUDICIÁRIO
21
• A composição do Supremo Tribunal Federal passou de onze) para dezesseis 
Ministros, o Tribunal Federal de Recursos passou de nove para treze. Esse 
aumento proporcionou que os escolhidos estivessem alinhados à ideologia dos 
militares.
• Retirou as prerrogativas de vitaliciedade e inamovibilidade dos juízes.
• Domínio da Justiça Militar, que recebeu a competência para processar e julgar 
os crimes contra a segurança nacional.
Acadêmico, indicamos o documentário “O dia que durou 21 anos”, sobre os 
fatos que desencadearam a ditadura militar no Brasil, no link: https://www.youtube.com/
watch?v=4ajnWz4d1P4, e outro sobre a “abertura política”, que expõe os fatos que marcaram 
a volta da democracia, no link: https://www.youtube.com/watch?v=fIZ5uUBQyOc.
DICAS
A Constituição de 1988, inaugura a volta da democracia e das liberdades 
no Brasil, dispondo a separação dos Poderes, como cláusula pétrea e, segundo 
Castro (2007, p. 564): “O Judiciário voltou a ter independência (Título IV, Capítulo 
III), com autonomia funcional, administrativa e financeira, bem como as garantias 
de vitaliciedade, inamovibilidade, irredutibilidade”.
Conforme Sidou et al. (2016, p. 199), “CLÁUSULA PÉTREA. Dir. Polit. Dispositivo 
de instrumento pactual que impõe a irremovibilidade de determinados preceitos. No 
campo do Direito Constitucional, diz-se das disposições que a Carta de princípios erige 
como insuscetíveis de ser abolidas por emenda. Dita tb. cláusula de supremacia. OBS. 1. Na 
CF, art. 60, § 4º, relativamente à forma federativa do Estado; ao voto direto, secreto, universal 
e periódico; à separação dos Poderes; e aos direitos e garantias individuais. 2. Em razão 
de não prevalecer disposição perpétua no campo do Direito das Obrigações, a “cláusula 
pétrea” é infensa aos contratos”.
NOTA
https://www.youtube.com/watch?v=4ajnWz4d1P4
https://www.youtube.com/watch?v=4ajnWz4d1P4
https://www.youtube.com/watch?v=fIZ5uUBQyOc
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
22
FIGURA 8 – O PODER JUDICIÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
FONTE: A autora
Não vamos fazer a exposição, de cada um dos órgãos e divisões, do Poder 
Judiciário dado pela atual Constituição, pois os exploraremos ao longo deste livro 
e, no próximo tópico, veremos as formas utilizadas para solucionar confl itos, 
como forma de administrar a justiça. 
23
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Poder Judiciário é uma das funções do Estado, composto por órgãos e 
pessoas para administrar a justiça, através da aplicação e cumprimento da lei, 
com jurisdição determinada pela Constituição.
• Justiça, hoje, significa igualdade de direitos e bem-estar social.
• Jurisdição é função estatal, que habilita o detentor de julgar e/ou emitir uma 
decisão ou parecer, conforme o direito (leis).
• A jurisdição é una, por ser monopólio do Estado, mas comporta divisões para 
facilitar o acesso à justiça, pelo cidadão.
• No Brasil Colonial (1500 a 1808), os órgãos da justiça eram vinculados a Portugal 
e suas leis eram aplicadas aqui (as Ordenações Reais).
• Com os Governos Gerais (1549), há a criação de cargos especializados para 
aplicar a justiça, na colônia: ouvidor, promotor, juiz ordinário, almotacéis, juiz 
de fora, de órfãos e de vintena.
• Os ocupantes dos cargos, na justiça colonial, pertenciam a elite portuguesa 
que moravam no Brasil; para os juízes era exigido a formação dada pela 
Universidade de Coimbra (Portugal) e, a aprovação para compor o serviço 
público.
• No Brasil Reino Unido (1808-1822), há a desvinculação da justiça portuguesa, 
com a criação da Casa de Suplicação do Brasil.
• Com a independência do Brasil (1822), temos a primeira Constituição (1824) 
e a criação do Poder Judiciário, mas esse era dependente do Executivo e do 
Legislativo.
• O Poder Judiciário do Império possuía três graus de jurisdição: o 1º exercido 
nas Comarcas, o 2º nos Tribunais de Relação e o 3º pelo Supremo Tribunal de 
Justiça, órgão máximo e aos juízes foi dado a garantia da vitaliciedade.
• A Constituição Republicana de 1891, organizou o Poder Judiciário com órgãos 
de justiça comum (Federal e Estadual) e especial (Militar). O Supremo Tribunal 
Federal era o órgão máximo do Poder.
RESUMO DO TÓPICO 1
24
• Aos juízes foram dadas as garantias de vitaliciedade, irredutibilidade de salário 
e inamovibilidade.
• Na Constituição de 1934, o Supremo Tribunal Federal passou a se chamar de 
Corte Suprema; manteve a Justiça Federal e Estadual, como comum e além da 
Justiça Militar, foi criada a Justiça Eleitoral, como especial.
• A Justiça Eleitoral não tem juízes e servidores próprios, as funções são exercidas 
pelos titulares da Justiça Estadual, em períodos eleitorais.
• São criadas as Juntas de Conciliação e Julgamento, para matéria trabalhista, 
mas não estavam vinculadas ao Poder Judiciário.
• A Constituição de 1937 (Estado Novo, ditadura de Getúlio Vargas) não previu 
a separação dos Poderes.
• A Justiça Federal desapareceu do texto constitucional e seus processos e 
competência passam para a Justiça Estadual.
• Criou o Tribunal de Segurança Nacional (tribunal de exceção), arma da 
ditadura de Vargas para perseguição de seus opositores.
• O Poder Judiciário, pela Constituição de 1946, trazia como justiça comum: a 
Federal e a Estadual e, como justiça especial: a Eleitoral, do Trabalho e a Militar, 
todas tendo como último grau de recurso ao Supremo Tribunal Federal.
• Surgiu o chamado “quinto constitucional”, para nomeação e participação de 
membros do Ministério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 
nos tribunais.
• A Constituição de 1967 (ditadura militar, 1964-1985) manteve a estruturação 
organizacional do Poder Judiciário de 1946, mas retirou as garantias de 
vitaliciedade e inamovibilidade dos juízes e instaurou o domínio da Justiça 
Militar, com a volta do Tribunal de Segurança Nacional, que dava suporte à 
ideologia dos militares.
• A Constituição de 1988 prevê como cláusula pétrea a separação dos Poderes; o 
Poder Judiciário é dividido em órgãos de justiça comum (Federal e Estadual) 
e de justiça especial (Eleitoral, do Trabalho e Militar) e, como órgão máximo o 
Supremo Tribunal Federal.
• Reestabelece as garantias de vitaliciedade, irredutibilidade de vencimentos e 
inamovibilidade aos juízes.
25
1 Sobre a função jurisdicional do Estado é CORRETO afirmar que:
a) ( ) É de competência de todos os Poderes, para a busca do bem comum.
b) ( ) Compete ao Poder Judiciário pacificar os conflitos, promover a paz 
social e preservar o direito.
c) ( ) Compete ao Poder Executivo, através de políticas para composição dos 
conflitos.
d) ( ) Compete ao Poder Legislativo e ao Executivo, para manutenção da paz.
e) ( ) Compete ao Poder Judiciário, pela presença de órgãos e pessoas que 
defendem o Estado.
2 Conforme afirma Angelozzi (2009, p. 64): “A implantação da Casa de 
Suplicação do Brasil representou um marco no processo jurídico brasileiro”. 
Sua criação, em 1808, é importante porque:
a) ( ) Determinou a criação dos primeiros cursos de Direito, no Brasil.
b) ( ) Os juízes que atuavam eram brasileiros.
c) ( ) Previu as garantias da vitaliciedade, irredutibilidade de salários e 
inamovibilidade aos juízes.
d) ( ) Julgava os casos envolvendo militares da marinha e do exército.
e) ( ) Promoveu a independência da justiça brasileira, para as apelações que 
antes eram julgadas em Lisboa.
3 É CORRETO afirmar que a primeira Constituição brasileira a organizar o 
Poder Judiciário, em justiça comum e justiça especial foi a de:
a) ( ) 1946. 
b) ( ) 1937.
c) ( ) 1934. 
d) ( ) 1891.
e) ( ) 1824.
4 O Poder Judiciário, independente, com autonomia funcional, administrativa 
e financeirae a separação dos Poderes, como cláusula pétrea é contemplado, 
na Constituição Republicana de:
a) ( ) 1988. 
b) ( ) 1967.
c) ( ) 1946. 
d) ( ) 1937.
e) ( ) 1934.
AUTOATIVIDADE
26
27
TÓPICO 2
A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Os confl itos existem desde que o homem se descobriu como ser pensante, 
a caminhada foi longa para que abandonasse: o fazer justiça com as próprias 
mãos, embora saibamos que alguns países permitam e, não raras vezes, são 
noticiados casos de linchamento no Brasil.
Ao Estado foi dado o poder jurisdicional de aplicar a justiça, fazer cumprir 
as leis para a manutenção da paz, segurança e proteção dos direitos de seus 
cidadãos e, neste tópico veremos os meios para solucionar os confl itos inerentes 
ao viver e conviver em sociedade.
2 OS TIPOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
As formas de solução de confl itos mais conhecidas, são as 
heterocompositivas, em que se forma uma triangulação: em lados opostos o 
Autor (que reclama seu direito) e o Réu (contra quem o autor se coloca), que levam 
a uma terceira pessoa imparcial (Juiz de Direito ou Árbitro) suas divergências 
e argumentos, para que esse decida a quem o direito protege. São formas de 
heterocomposição: o processo judicial e a arbitragem.
FIGURA 9 – HETEROCOMPOSIÇÃO
FONTE: A autora
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
28
Na autocomposição, a resolução dos litígios se dá pelos próprios 
contendores, pode haver a participação de um terceiro imparcial, mas esse não 
decidirá, mas conduzirá um processo dialógico para que a decisão seja dos 
próprios sujeitos que estão em confl ito. São formas autocompositivas: a mediação 
e a conciliação.
FIGURA 10 – AUTOCOMPOSIÇÃO
FONTE: A autora
A heterocomposição, por PROCESSO JUDICIAL, é a forma mais usual; é 
o Estado exercendo sua função de juiz, para solucionar os confl itos sendo revestido 
dos poderes jurisdicionais: de decisão, em que afi rma a existência ou não de um 
direito; de coerção, para se fazer cumprir suas decisões e, de documentação, de 
todos os atos determinados para a solução.
 Para o exercício dos poderes jurisdicionais, o Estado-Juiz deve 
obedecer aos seguintes princípios jurisdicionais:
• Princípio da Investidura: só pode exercer a jurisdição para solucionar um 
confl ito, quem foi designado por uma autoridade competente do Estado, de 
acordo com a previsão legal.
De acordo com Sidou et al. (2016, p. 567), “INVESTIDURA. S. f. (De investir, v.) 
Ato de dar ou tomar posse num cargo ou função. A cerimônia de posse. Cf. CF, art. 37(II)”.
NOTA
TÓPICO 2 | A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
29
• Princípio da aderência ao território: o poder para decidir um conflito está 
adstrito ao espaço geográfico determinado para sua atuação (jurisdição 
territorial). A Constituição determina, por exemplo, que o Supremo Tribunal 
Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território brasileiro.
• Princípio da indelegabilidade: decorre do princípio da investidura, é a 
impossibilidade de delegar as atribuições que lhe foram dadas ou sua 
competência para conhecer e julgar os conflitos.
• Princípio da indeclinabilidade: também está ligado à investidura, sendo vedado 
negar a tutela jurisdicional, para quem solicita uma decisão ao conflito.
• Princípio do juiz natural: significa propiciar igualdade de condições para 
receber uma decisão imparcial. 
• Princípio da inércia: segundo Alvim (2016), seria melhor chamar esse princípio 
de “dependência de provocação”, uma vez que o Estado-Juiz só pode intervir 
em um conflito, se for exigido dele, uma decisão; embora haja exceções na 
legislação, em que o Estado-Juiz possa agir de ofício.
• Princípio do acesso à justiça: se resume no direito de todos os cidadãos, 
buscarem o Estado-Juiz para terem assegurados a defesa de seus direitos.
 
A doutrina costuma classificar ou tipificar a jurisdição do Estado-Juiz 
quanto:
 
• À gradação de seus órgãos: jurisdição inferior são as exercidas, pelos juízes 
singulares e a jurisdição superior, pelos tribunais.
• À matéria: jurisdição penal, nessa a lide é de natureza penal (criminal) e 
jurisdição civil, que responde por todas as matérias que não as penais: civil, 
administrativa, constitucional, trabalhista etc.
• À origem: a jurisdição legal é a investidura do juiz, com caráter de permanência, 
é o juiz togado responsável pelas decisões nos processos de sua competência e, 
a jurisdição convencional que é momentânea, é o árbitro nomeado pelas partes 
para servir de “juiz”, na controvérsia entre as partes.
• À forma: se tem a jurisdição contenciosa, quando há litígio entre as partes e a 
jurisdição voluntária, quando o juiz homologa ou decide a vontade declarada, 
mas não há litígio entre os interessados.
No Processo Judicial, a parte autora provoca o Estado-Juiz formalizando 
sua pretensão (ação), alegando a violação de um direito em face do réu para que, 
ao final, se tenha uma sentença (decisão).
Algumas definições são importantes, para que você possa entender a 
tramitação de um Processo Judicial:
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
30
Não são exaustivas, em face da complexidade e especifi cidades de um 
processo judicial.
NOTA
• Procedimento: são atos e ritos consecutivos que dão materialidade ao processo, 
possuem prazos e formalidades previstas na lei processual aplicável (civil, 
penal etc.).
• Processo: é o ato jurídico, dialógico e coordenado, com base nos procedimentos. 
É a ação (pretensão) em movimento.
• Autos do processo: é a documentação de todos os procedimentos realizados, 
comprovando de que o rito exigido (pela lei processual) foi observado no 
processo, pode ser físico ou eletrônico.
• Sentença: é a decisão dada pelo Juiz singular (jurisdição inferior). Pode ser 
procedente: quando é favorável ao autor da pretensão; improcedente: ao negar 
os pedidos do autor; e parcialmente procedente: quando autor e réu têm, ao 
mesmo tempo, reconhecidas suas alegações.
• Acórdão: decisão emanada pelos tribunais, que são órgãos colegiados de 
jurisdição superior.
FIGURA 11 – JURISDIÇÃO: PODERES, PRINCÍPIOS E CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
FONTE: A autora
TÓPICO 2 | A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
31
A heterocomposição por ARBITRAGEM é a forma de solução dos 
conflitos mais antiga que a humanidade conhece; depende das partes conflitantes 
a nomeação de um árbitro, mas uma vez aceita a arbitragem, as partes se sujeitam 
a decisão proferida pelo árbitro.
Para Scavone Jr. (2014, p. 17), 
A arbitragem pode ser definida, assim, como o meio privado e 
alternativo de solução de conflitos decorrentes de direitos patrimoniais 
e disponíveis por meio do árbitro, normalmente um especialista na 
matéria controvertida, que apresentará uma sentença arbitral que 
constitui título executivo judicial.
Direitos patrimoniais disponíveis são aqueles que possuem valor econômico, 
as partes podem transacionar e que decorrem de contratos ou das declarações unilaterais 
de vontade.
Segundo Sidou et al. (2016, p. 1017), “TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. Dir. 
Proc. Civ. Reconhecimento expresso de um direito que dá base à sua efetivação, a saber: 
decisão proferida em juízo cível ou penal, transitada em julgado; sentença homologatória 
de autocomposição judicial; decisão homologatória de autocomposição extrajudicial de 
qualquer natureza, sentença arbitral; sentença estrangeira homologada pelo STJ; formal e 
certidão de partilha. Novo CPC, art. 515”.
NOTA
NOTA
A arbitragem é mais utilizada pelas empresas (em contratos nacionais ou 
internacionais), em razão da celeridade e dos custos menores, os árbitros ou as 
câmaras arbitrais pertencem à iniciativa privada, ou seja, não pertencem ao Poder 
Judiciário, mas são considerados como auxiliares da justiça.
É importante a distinção quanto ao momento de opção pela arbitragem, 
conforme Scavone Jr. (2014, p. 88), 
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
32
Cláusula arbitral (ou compromissória): escrita no próprio contrato, em 
documento anexo ou em aditivo contratual, se caracteriza pelo pacto 
de levar futuras e eventuaiscontrovérsias decorrentes de direitos 
patrimoniais disponíveis à solução arbitral. Portanto, sua principal 
característica é nascer antes da controvérsia entre as partes.
Compromisso arbitral: é o pacto entre as partes que, diante de um 
conflito já existente, se obrigam a submetê-lo à arbitragem. Portanto, 
sua principal característica é nascer quando já existe um conflito a ser 
dirimido, permitindo, assim,
que a arbitragem, inclusive, resolva conflitos não contratuais, desde 
que decorrentes de direitos patrimoniais disponíveis. O compromisso 
pode ser:
a) Judicial: as partes encerram o procedimento judicial e submetem o 
conflito à arbitragem; e,
b) Extrajudicial: firmado depois do conflito, mas antes da propositura 
de ação judicial.
Sua regulação está na Lei nº 9.307/96 e, em apertada síntese, os pontos 
principais são:
• As partes na assinatura de seu contrato negocial, inserem a cláusula 
compromissória de se sujeitarem à arbitragem: “Art. 4º A cláusula 
compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato 
comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, 
relativamente a tal contrato” (BRASIL, 1996, p. 1728-1729).
• Para ser árbitro, não há necessidade da formação jurídica, conforme estabelece 
o “Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das 
partes” (BRASIL, 1996, p. 1729).
• A sentença arbitral é irrecorrível: “Art. 18. O árbitro é juiz de fato e de direito, e 
a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder 
Judiciário” (BRASIL, 1996, p. 1730). E, seus efeitos: “Art. 31. A sentença arbitral 
produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença 
proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui 
título executivo” (BRASIL, 1996, p. 1731).
Também é importante registrar que a arbitragem não segue os 
procedimentos impostos aos processos judiciais, tendo liberdade para estipular a 
condução dos trabalhos para chegar a uma decisão.
Na heterocomposição, a decisão cabe a um terceiro e na autocomposição, 
o terceiro conduz o diálogo entre as partes conflitantes e, é a condução do diálogo 
que diferencia a Mediação de Conciliação.
A CONCILIAÇÃO e a MEDIAÇÃO , considerados como 
“equivalentes jurisdicionais” (DIDIER, 2015), foram instaurados pelo Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ), através da Resolução nº 125/2010, que contemplou 
o chamado sistema multiportas, ou seja, a oferta de meios alternativos para a 
solução de conflitos, além do processo judicial, como forma de atender à garantia 
constitucional de acesso à justiça e a pacificação social. E, nesse compasso, o atual 
Código de Processo Civil, contemplou em seu texto:
TÓPICO 2 | A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
33
O Sistema Multiportas é inspirado na justiça estadunidense, que prevê um 
acesso (porta) adequado para cada tipo de conflito, em busca da satisfação de seu direito.
NOTA
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual 
dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual 
de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores 
públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do 
processo judicial (BRASIL, 2015a, p. 361).
A Resolução nº 125/2010 ainda previu a criação de Núcleos Permanentes 
de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NUPEMECs), em cada 
Tribunal de Justiça, para a efetivação dessa política pública, através dos Centros 
Judiciários de Solução Consensual de Conflitos (CEJUSCs) e, que foi incorporada 
ao diploma processual civil:
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual 
de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências 
de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas 
destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo 
respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de 
Justiça.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não 
houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o 
litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento 
ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que 
houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a 
compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que 
eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si 
próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos (BRASIL, 
2015a, p. 381).
Os Princípios que regem a Conciliação e Mediação:
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
34
 Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios 
da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, 
da confi dencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão 
informada. 
[...]
 § 1º A confi dencialidade estende-se a todas as informações produzidas 
no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fi m 
diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.
 § 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador 
e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão 
divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação 
ou da mediação [...] (BRASIL, 2015a, p. 381, grifo nosso).
143
Figura 113: Centros Judiciários de Solução de Conflitos na Justiça Estadual, por tribunal
TJAL
TJAM
TJRN
TJRR
TJMS
TJAP
TJSE
TJPI
TJRO
TJAC
TJPB
TJTO
TJPA
TJES
TJPE
TJSC
TJDFT
TJMA
TJGO
TJCE
TJMT
TJBA
TJRJ
TJRS
TJPR
TJMG
TJSP
1
7
8
8
9
11
12
17
23
25
29
42
10
12
17
20
21
21
32
36
41
130
35
46
108
143
224
0 50 100 150 200 250
A Justiça que mais faz conciliação é a Trabalhista, que solucionou 24% de seus casos por meio de acordo - valor 
que aumenta para 39% quando apenas a fase de conhecimento de primeiro grau é considerada. O TRT2 apresentou 
o maior índice de conciliação do Poder Judiciário, com 31% de sentenças homologatórias de acordo. Ao considerar 
apenas a fase de conhecimento do 1º grau, o maior percentual é verificado no TRT9 com 48%
Na fase de conhecimento dos juizados especiais, o índice de conciliação foi de 16%, sendo de 18% na Justiça 
Estadual e de 11% na Justiça Federal. Na execução dos juizados especiais, os índices são menores e alcançam 13%.
No 1º grau, a conciliação foi de 13,2%. No 2º grau, a conciliação é praticamente inexistente, apresentando índices 
muito baixos em todos os segmentos de justiça (Figura 115). As sentenças homologatórias de acordo representaram, 
em 2018, apenas 0,9% do total de processos julgados. O tribunal com maior índice de acordos no 2º grau é o TRT11, 
com 5,8%.
Não houve variações significativas no indicador de conciliação no 2º e 1º grau em relação ao ano anterior, obser-
vando-se aumento de 0,2 ponto percentual no 2º grau e redução de 0,7 ponto percentual no 1º grau.
A Figura 116 apresenta o indicador de conciliação por tribunal, distinguindo as fases de conhecimento e de 
execução. As maiores diferenças entre as fases são observadas na Justiça Trabalhista, que possui 39% no conhe-
cimento e 8% na execução, ou seja, diferença de 31 pontos percentuais. Na Justiça Estadual, os índices são de 14% 
no conhecimento e de 5% na execução. A Justiça Federal é a que apresenta percentuais mais próximos entre ambas 
GRÁFICO – CENTROS JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NA JUSTIÇA ESTADUAL, 
POR TRIBUNAL
FONTE: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/conteudo/arquivo/2019/08/justica_em_
numeros20190919.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2019.
TÓPICO 2 | A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
35
A CONCILIAÇÃO, já existia no Brasil Imperial (1822 a 1889) como vimos 
no Tópico 1, os juízes de paz deveriam buscar primeiro a conciliação, entre as partes, 
nãohavendo é que se partia para a instauração de um processo. Na Conciliação, 
o terceiro imparcial pode interferir e até sugerir alternativas, na condução do 
diálogo, mas a solução ao impasse será decidida pelas partes. Utilizada, quando 
não houver vínculo anterior entre as partes (afetivo ou emocional), de acordo 
com o disposto no art. 165, § 2º do Código de Processo Civil.
A Conciliação, tem sido muito utilizada nas relações de consumo, em 
acidentes de trânsito dos quais só resultou danos materiais, confl itos patrimoniais 
e, na área trabalhista que desde a edição da Consolidação das Leis do Trabalho 
(BRASIL, 1943, p. 982) é obrigatória: “Art. 764 - Os dissídios individuais ou 
coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à 
conciliação” (grifo nosso). Ainda, na seara trabalhista, a Lei nº 9.588/2000 incluiu 
os arts. 625-A ao 625-H na CLT, facultado às empresas e sindicatos a criação das 
Comissões de Conciliação Prévia, composta por representantes dos empregados 
e dos empregadores (composição paritária), para solução de confl itos individuais.
A MEDIAÇÃO é regulada pela Lei nº 13.140/2015, em que o terceiro 
imparcial utiliza técnicas para facilitar o diálogo entre os confl itantes, esclarecendo 
questões decorrentes do próprio confl ito, a fi m de que as próprias partes cheguem 
a uma solução. E, aplicável quando houver vínculo anterior entre as partes, 
conforme o art. 165, § 3º do Código de Processo Civil. (Ex.: um casal divorciado). 
Podem ser levadas à mediação as questões confl ituosas que o art. 3º da Lei nº 
13.140/2015 prescreve:
Art. 3º Pode ser objeto de mediação o confl ito que verse sobre direitos 
disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação.
§ 1º A mediação pode versar sobre todo o confl ito ou parte dele.
§ 2º O consenso das partes envolvendo direitos indisponíveis, mas 
transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a oitiva do 
Ministério Público (BRASIL, 2015b, p. 2030).
Ao prever “[...] ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação”, 
em um primeiro momento parece ser um equívoco do legislador, pois em regra 
os direitos indisponíveis não admitem sua alienação por estarem atrelados a 
dignidade da pessoa e possuírem proteção especial do Estado.
São exemplos de direitos indisponíveis: direito à vida, à liberdade, à saúde, os 
familiares (fi liação, adoção, poder familiar, alimentos, direitos sucessórios etc.), os relativos 
ao meio ambiente etc.
NOTA
UNIDADE 1 | O PODER JUDICIÁRIO
36
A doutrina e a jurisprudência, tem admitido que a transação (concessões 
recíprocas) pode ser realizada quanto às situações ou obrigações decorrentes 
dos direitos indisponíveis e, por isso a necessidade de homologação pelo Poder 
Judiciário. Como exemplo, a decisão a seguir:
Ementa: Agravo. Decisão Monocrática que nega provimento a Agravo 
de Instrumento. Direito de Família. Ação de Divórcio. Partilha de 
bens pendente de apreciação judicial. Fixação de aluguéis pelo uso 
exclusivo de bem comum. Impossibilidade. Encaminhamento dos 
autos para o Núcleo de Conciliação e Mediação do Foro Central. 
Cabimento. Medida que representa uma possibilidade de resolução 
do conflito de forma satisfatória para ambas as partes. Decisão da 
Relatora chancelada pelo Colegiado. Agravo Desprovido. (Agravo Nº 
70061397683, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 24/09/2014) (grifo nosso).
Para a atuação como mediador, a Lei nº 13.140/2015 faz a distinção entre a 
mediação judicial e extrajudicial:
Art. 9º Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer 
pessoa capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para 
fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de 
conselho, entidade de classe ou associação, ou nele inscrever-se.
[...]
Art. 11 Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, 
graduada há pelo menos dois anos em curso de ensino superior de 
instituição reconhecida pelo Ministério da Educação e que tenha obtido 
capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores, 
reconhecida pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de 
Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos 
mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto 
com o Ministério da Justiça (BRASIL, 2015b, p. 2031, grifos nossos).
Arbitragem Conciliação Mediação
Meio de 
Solução
Heterocomposição Autocomposição. Autocomposição.
Objeto 
conflitante
Direitos 
patrimoniais 
disponíveis.
Direitos patrimoniais 
disponíveis e direitos 
indisponíveis (reflexos).
Direitos patrimoniais 
disponíveis e direitos 
indisponíveis (reflexos).
Posição do 
Terceiro
O Árbitro decide a 
controvérsia.
O Conciliador pode 
sugerir a solução, mas as 
partes é que decidem.
O Mediador utiliza 
técnicas dialógicas, para 
que as partes reflitam e 
decidam.
Utilização 
costumeira
Meio empresarial 
(contratos).
Direito do Consumidor, 
Danos materiais, Direito 
Trabalhista.
Direito de Família.
Importante
Utilizado quando não há 
envolvimento afetivo ou 
emocional, entre as partes.
Utilizada quando há um 
histórico de relacionamento 
entre as partes.
Legislação Lei nº 9.307/1996 Código de Processo Civil. Código de Processo Civil e Lei nº 13.140/2015.
QUADRO – MEIOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS
FONTE: A autora
TÓPICO 2 | A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
37
A adoção dos meios alternativos para a solução dos conflitos é, em uma 
análise simplista, uma tentativa do Poder Judiciário de cumprir com sua função 
de pacificação, diante da morosidade e do número assustador de cidadãos que 
buscam o processo judicial, para satisfação de seus direitos. No relatório, Justiça em 
Números, com dados do ano de 2018 foi apontada a existência de “78,7 milhões de 
processos em andamento ainda sem solução” (CNJ, 2019, p. 79), se considerarmos 
que somos 210 milhões de brasileiros, temos arredondando: 1 processo para cada 
3 brasileiros que aguarda solução.
No próximo tópico começaremos a explorar a organização judiciária 
brasileira, conforme a estruturação dada, pela Constituição Federal de 1988, 
veremos a Magistratura, os Tribunais Superiores e o Conselho Nacional de Justiça.
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A heterocomposição se caracteriza pela presença de uma terceira pessoa 
imparcial, que decide o conflito existente entre as partes.
• Na autocomposição são as partes que decidem o conflito e, podem contar com 
a presença de uma terceira pessoa imparcial ao litígio.
• O Processo Judicial é a forma mais comum e conhecida de solução 
heterocompositiva, é o Estado atuando como juiz para solucionar os conflitos 
de seus cidadãos.
• O Estado-Juiz possui os poderes jurisdicionais de decisão, de coerção e de 
documentação.
• São princípios jurisdicionais: o da investidura (pessoa designada e com 
autoridade), da aderência ao território (espaço geográfico determinado), 
da indelegabilidade (de suas atribuições e competência para julgar), da 
indeclinabilidade (proibição de negar a prestação jurisdicional), do juiz natural 
(tratamento igualitário às partes e imparcialidade), da inércia (intervenção no 
conflito mediante provocação) e o do acesso à justiça (garantia constitucional).
• A jurisdição é inferior, quando exercida pelos juízes singulares e superior, 
quando exercida pelos órgãos colegiados (tribunais).
• Quanto à matéria, a jurisdição se divide em penal e civil (abarca todas as que 
não são criminais).
• Quanto à origem, a jurisdição legal é permanente e exercida por um juiz que 
pertence aos quadros da magistratura e, a jurisdição convencional é exercida 
por qualquer pessoa, para determinada solução de um litígio.
• A jurisdição contenciosa se caracteriza pela existência de um conflito e, na 
jurisdição voluntária não há controvérsia entre as partes.
• A arbitragem é outra forma de heterocomposição, em que as partes contratam 
um terceiro imparcial, conhecedor da matéria objeto do litígio, para decidir.

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