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XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E 
TECNOLÓGICA DA UFRN - eCICT 2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXPEDIENTE
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
O Congresso de Iniciação Científica e Tecnológica (eCICT) é um evento 
aberto à comunidade no qual todos os aproximadamente 1.500 alunos de 
Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN (bolsistas e voluntários) apresentam 
os resultados de suas pesquisas desenvolvidas ao longo de um ano, como 
cumprimento de um plano de trabalho elaborado e orientado por um 
professor/pesquisador do quadro permanente da Instituição. 
 
O eCICT está entre as ações inseridas no âmbito do Programa 
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN, que 
possui entre seus objetivos: a) Contribuir para a formação e engajamento de 
recursos humanos em atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e 
inovação; b) Contribuir para a formação científica de recursos humanos que se 
dedicarão a qualquer atividade profissional; e c) Contribuir para a formação de 
recursos humanos que se dedicarão ao fortalecimento da capacidade inovadora 
das empresas no País. Em 2021, a Pró-Reitoria de Pesquisa da UFRN realizou 
a 32ª edição do Congresso em formato totalmente virtual. 
 
A 32ª edição do Congresso teve como tema “A Transversalidade da 
Ciência, Tecnologia e Inovações para o Planeta”, estando alinhada aos 17 
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Ao 
submeter os trabalhos ao Congresso, os alunos indicaram os objetivos da 
Agenda 2030 aos quais suas pesquisas estavam relacionadas. Essa iniciativa 
visa estimular a pesquisa científica e tecnológica voltada para a busca por 
soluções para os desafios sociais contemporâneos. 
 
Em uma etapa inicial, denominada de Mostra de Trabalhos e Vídeos de 
Ciência, Tecnologia e Inovação, foram realizadas as apresentações dos 
trabalhos submetidos pelos participantes do evento. As apresentações 
ocorreram de forma assíncrona, por meio de arquivos digitais (trabalho completo 
e vídeo), sendo disponibilizadas não só aos avaliadores do congresso pelos 
Sistemas da UFRN, mas também ao público em geral através do site do evento 
(www.cic.propesq.ufrn.br). Após essa etapa inicial, uma série de vídeos sobre a 
trajetória de sucesso dos pesquisadores destaques da UFRN no ano de 2021 foi 
disponibilizada (on demand) a todos os participantes, complementando as 
atividades remotas do evento. 
 
Os pesquisadores destaques da UFRN no ano de 2021 foram 
selecionados a partir do Prêmio Pesquisador Destaque da UFRN, certame 
instituído em 2019 por meio da Pró-Reitoria de Pesquisa e que é concedido 
anualmente aos pesquisadores da instituição que tenham apresentado 
relevantes contribuições para o desenvolvimento da ciência em cada uma das 
três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida; Ciências Exatas, da 
Terra e Engenharias; e Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes. Além de 
troféu e certificado, todos os premiados receberam auxílio no valor de R$ 
5.000,00 (cinco mil reais) para custear despesas específicas, discriminadas em 
edital. 
 
Ainda no eCICT 2021, os alunos concorreram ao 5ª Prêmio Destaque na 
Iniciação Científica e Tecnológica da UFRN, que foi instituído pela Pró-Reitoria 
de Pesquisa em 2017 para reforçar as ações dos programas institucionais de 
iniciação científica e tecnológica. O prêmio contemplou duas categorias: 
Trabalho Destaque de Iniciação Científica e Tecnológica e Vídeo Destaque de 
Divulgação Científica. Os premiados foram agraciados com bolsas mensais de 
até R$ 800,00 (oitocentos reais) durante o período de um ano. Os orientadores 
dos alunos premiados adquiriram precedência em relação aos demais para 
efeitos de concorrência no Edital de Bolsas de Pesquisa da UFRN em 2022. 
 
O evento cumpriu três funções valiosas para o desenvolvimento da ciência na 
instituição: inserção dos discentes em um ambiente acadêmico de publicação e 
apresentação dos resultados da pesquisa; divulgação científica por meio dos 
vídeos que utilizam uma linguagem científica, porém acessível a todos; e, por 
fim, a popularização da ciência. 
 
 
PROGRAMAÇÃO 
 
NOVEMBRO/2021 
23 a 25/11 Mostra de Trabalhos e Vídeos de Ciência, Tecnologia e Inovação do eCICT 2021 
JANEIRO/2022 
24 a 28/01 eCICT 2021 Virtual com conteúdos on demand 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FELCS 
Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências 
Sociais do Seridó 
 
XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN 
 
eCICT 2021 
 
 
 
 7 
 
 
CÓDIGO: HS0008 
AUTOR: PATRICIA MICARLA GUEDES DA SILVA 
ORIENTADOR: ANA MARIA DE OLIVEIRA PAZ 
 
 
TÍTULO: ESTUDO DAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO DIGITAL DO IDOSO EM 
TEMPOS DE PANDEMIA E AFASTAMENTO SOCIAL 
Resumo 
 
O idoso e suas indagações ficaram em evidência no cenário social, durante a 
pandemia e o isolamento social ocasionado pela COVID-19. A partir dessa nova 
realidade instaurada, potencializou-se, pelos idosos, usos de artefatos digitais, 
como: computadores, tablets e smartphones, objetivando atenuar as 
consequências das medidas governamentais de isolamento social. Assim, a 
pesquisa objetivou compreender os impactos das práticas de letramento digital 
no cotidiano das interações dos idosos em tempos de pandemia e afastamento 
social. Teoricamente, a investigação ancorou-se nos estudos à luz do letramento 
digital e dos idosos, e as concepções alusivas às interações sociais. Para tanto, 
utilizamos os pressupostos de Buzato (2006), Coscarelli (2007; 2016), Ribeiro 
(2009; 2018) dentre outros. Metodologicamente, a pesquisa situou- se no campo 
da Linguística Aplicada, seguindo orientações de natureza qualitativa (BOGDAN; 
BIKLEN, 1994) interpretativista (MOITA LOPES, 1994). Participaram da 
pesquisa 26 idosos, com idade mínima de 60 anos, residentes no interior do 
Estado do Rio Grande do Norte, através de entrevistas remotas mediante 
utilização do aplicativo WhatsApp e plataforma Google Meet. Como resultados, 
evidenciou-se o quanto o letramento digital e suas práticas foram imprescindíveis 
nas interações dos idosos em tempo de pandemia e afastamento social, 
motivados pelas necessidades de interação, construção de aprendizados e 
conhecimentos inerentes às diversas esferas sociais. 
 
 
Palavras-chave: Letramento digital. Idosos. Pandemia da COVID – 19. 
Distanciamento. 
TITLE: STUDY OF DIGITAL LITERACY PRACTICES OF THE ELDERLY IN 
TIMES OF PANDEMIC AND LOCKDOWN 
Abstract 
 
XXXII CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA DA UFRN 
 
eCICT 2021 
 
 
 
 8 
 
Elderly people and their inquiry’s gained prominence in the social scenario, during 
the pandemic and the lockdown caused by COVID-19. Based on this new reality, 
the use of digital artifacts of the elderly has increased, from the use of computers, 
tablets and smartphones, aiming to decrease the consequences of government 
lockdown measures. Thus, this work aimed to understand the impacts of digital 
literacy practices in the daily interactions of elderly people in times of pandemic 
and lockdown. Theoretically, this investigation was anchored on studies on digital 
literacy of elderly peoples, and on the conceptions about social interactions. 
Therefore, we use the theories of Buzato (2006), Coscarelli (2007; 2016), Ribeiro 
(2009; 2018) among others. Methodologically, this work was situated in the ambit 
of Applied Linguistics, following qualitative guidelines (BOGDAN; BIKLEN, 1994) 
interpretive (MOITA LOPES, 1994). Twenty-six elderly people, aged 60 years, 
living in the interior of the State of Rio Grande do Norte participated in the 
research. They were interviewed remotely through the WhatsApp and the Google 
Meet platform. The results showed that it was clear how much digital literacy and 
its practices were essential in the interactions of old peoples in the period of 
pandemic and lockdown, motivated by the interaction needs, construction of 
learning and knowledge in the different social spheres. 
 
 
Keywords: DigitalLiteracy. Elderly peoples. COVID-19 Pandemic. Lockdown. 
Introdução 
De acordo com dados do IBGE (2019) a população brasileira está atingindo 
crescentes índices de longevidade, uma vez que, em muitas famílias de nosso 
país alguns de seus membros que já atingiram a terceira idade, ou seja, seus 60 
anos. Dessa maneira, muitas dessas pessoas passaram a dispor de mais tempo 
de interação com seus familiares, com amigos de grupos de atividades religiosas 
ou de convivência específica para integrantes da terceira idade. 
 
Com a pandemia e a implementação de isolamento social pelas instituições de 
saúde, os idosos foram bastante prejudicados quanto à sua mobilidade e às suas 
possibilidades de interação social, haja vista que as restrições impostas pelos 
órgãos de saúde proibiram a realização de quaisquer eventos ( reuniões e 
encontros presenciais tanto com familiares, quanto com amigos e outros grupos), 
privando essa parte da população do acesso a atividades de lazer, de práticas 
religiosas, dentre outras, em face dos riscos de transmissão e disseminação do 
vírus da COVID-19, cujos efeitos produziram grandes incidências de óbitos e a 
ocorrências de sequelas graves a muitos que sobreviveram à doença. 
 
Para tentar atravessar esse período de ausência de contatos presenciais, os 
idosos tiveram de repensar suas práticas de interações sociais. Nesse sentido, 
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passaram a substituir as conversas, mormente realizadas face a face, por outras 
no formato remoto, as quais possibilitavam a manutenção das relações sociais 
e não ofereciam riscos à saúde desse público específico. 
 
Assim sendo, os artefatos digitais (computadores, tablets e smartfones) 
conectados à internet com acesso às redes sociais e plataformas digitais (Google 
Meet, WhatsApp e Skype), dentre outros, surgiram como alternativa para que os 
idosos pudessem remotamente promover as suas interações com familiares, 
amigos, grupos religiosos e de convivência geralmente constituído por pessoas 
da terceira idade. 
 
Desse modo, a realidade instaurada em meio à pandemia, fez com que muitos 
idosos recorressem a artefatos digitais (computadores, tablets e smartfones) e 
às redes sociais na perspectiva de atenuar os impactos que as medidas 
governamentais de isolamento social provocaram em suas interações e na 
convivência com seus pares (familiares, amigos e demais grupos). 
 
Nesse sentido, procuramos centrar foco nos impactos das práticas de letramento 
digital no cotidiano das interações dos idosos no período do afastamento social. 
Para tanto, cumprimos como objetivo geral, compreender os impactos das 
práticas de letramento digital no cotidiano das interações sociais dos idosos no 
decorrer da pandemia. Em termos de objetivos específicos, procuramos: a) 
identificar as razões que conduziram os idosos a fazerem uso das práticas de 
letramento digital em período pandêmico. b) detectar as práticas de letramento 
mais recorrentemente utilizadas em interações por idosos em tempos de 
afastamento social. c) analisar como as práticas de letramento se efetivaram no 
cotidiano das interações sociais e sua contribuição para o bem estar dos idosos 
em tempos de isolamento. d) mapear as possíveis dificuldades enfrentadas por 
idosos em práticas de letramento digital, como também, as estratégias de 
superação utilizadas perante a essas dificuldades. 
 
A importância da pesquisa efetivada se justifica nas contribuições que trouxe 
para os âmbitos das discussões acadêmicas, com foco no aperfeiçoamento da 
formação de alunos pesquisadores quanto para a comunidade em geral por 
gerar dados relevantes sobre o Letramento digital, com ênfase nas práticas 
desenvolvidas por idosos, os quais compreendem uma expressiva parcela da 
população brasileira que, como tantas outras, foi alvo de grandes restrições por 
ocasião do enfrentamento à pandemia da COVID-19. 
 
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Metodologia 
 
Em termos metodológicos, a investigação se inseriu no domínio da pesquisa em 
Linguística Aplicada e, desse modo, seguiu os pressupostos das investigações 
de abordagem qualitativa (BOGDAN; BIKLEN, 1994) interpretativista (MOITA 
LOPES, 1994), uma vez que os pesquisadores procuraram construir sentido em 
relação às informações fornecidas pelos participantes da pesquisa, buscando 
inferir o que dados gerados sinalizavam, sem lançar mão da testagem de 
hipóteses e mensuração das recorrências observadas. 
 
A pesquisa se efetivou a partir dos dizeres dos participantes idosos acerca de 
suas práticas de letramentos digitais em entrevistas semiestruturadas aplicadas 
mediante o uso de artefatos digitais (computador e/ou celular), mais 
precisamente com o auxílio de chamadas de vídeos via WhatsApp como 
também por meio da plataforma Google Meet, no decorrer de três semanas do 
mês de dezembro de 2020, período em que o Brasil estava sob o efeito intenso 
da pandemia por COVID – 19. Dessa investigação participaram 26 idosos, 
inseridos numa faixa etária de 60 a 78 anos, todos residentes no interior do 
estado do Rio Grande do Norte (RN). 
 
O corpus de análise foi constituído pelo conteúdo das entrevistas devidamente 
transcritas com base nas orientações estabelecidas por Marcuschi (2007). O 
referido corpus compreendeu em sua totalidade um quantitativo de 23 páginas. 
 
Em termos éticos, a investigação proposta pautou-se nos encaminhamentos 
norteadores das pesquisas em Linguística Aplicada, uma vez que respeitou a 
adesão espontânea dos sujeitos participantes, o consentimento informado, bem 
como o direito à privacidade, ao sigilo e à proteção de fontes, conforme propõe 
Kleiman (2002). 
 
Resultados e Discussões 
 
Nesta seção, será exposto os resultados e discussões no que concerne 
respondermos os objetivos gerais e específicos elencados na pesquisa. Sendo 
assim, pretendemos com esses resultados evidenciar os impactos das práticas 
de letramento digital no cotidiano das interações dos idosos em tempos de 
pandemia e afastamento social. 
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No que diz respeito aos participantes da pesquisa, participaram na totalidade 26 
idosos, tanto do gênero feminino, quanto masculino, com idade mínima dos 60 
aos 78 anos. Dessa forma, todos os participantes residem nas cidades do Estado 
do Rio Grande do Norte-RN, sendo elas: Acari, Campo Redondo, Cerro Corá, 
Currais Novos, Florânia, Jardim do Seridó, Lagoa Nova, Martins e Natal. 
 
No que se refere ao grau de escolaridade dos participantes, todos eles têm o 
mínimo de escolaridade possível, o que possibilitou responder as perguntas que 
compunham o questionário da pesquisa. Sendo assim, os graus de escolaridade 
contemplados pelos participantes eram: Ensino Fundamental I incompleto, 
Ensino Fundamental II incompleto, Ensino Fundamental II Completo, Ensino 
Médio completo e Incompleto, e Graduação. 
 
Nesse sentido, os participantes idosos evidenciaram a partir dos seus relatos 
que o uso do celular e/ou computador conectado à internet fez diferença em seu 
cotidiano durante o período do afastamento social, pelo fato de facilitar a 
comunicação com familiares, amigos próximos ou que moravam distantes. Além 
disso, alguns idosos destacaram o fato de esses artefatos auxiliarem no trabalho 
docente, principalmente nesse período de ensino remoto, uma vez que as aulas 
eram ministradas através de plataformas digitais. Ainda apontaram que o uso 
dessas ferramentas conectadas à internet proporcionou uma conectividade com 
o mundo, de modo que eles muitas vezes, consideraram a internet como um 
canal de interação para não se sentirem sozinhos, o que nos leva a entender 
que as digitalidades contribuíram para o bem estar dos idosos durante o período 
pandêmico e de isolamento social. 
 
Nessa conjuntura, as práticas de letramentos digitaismais recorrentemente 
usadas em interações pelos participantes foram: assistir lives, participar de 
cursos online a fim de se aperfeiçoarem, trabalhar, realizar pagamentos e 
transferências bancárias, pesquisas sobre culinária, marcar consultas médicas, 
fazer compras nos supermercados e farmácias, utilizar as redes sociais 
(facebook, WhatsApp, Instagram) bem como plataformas digitais (Youtube, 
Google, Google Meet). Nessa perspectiva, essas práticas de letramentos digitais 
corroboram com os postulados de Ribeiro (2009), haja vista que o referido 
letramento requer dos indivíduos habilidades necessárias desenvolvidas por 
meio de suportes tecnológicos em ambientes digitais, de forma que a 
comunicação possa ser efetivada. 
 
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Sendo assim, ao mapearmos as possíveis dificuldades enfrentadas pelos idosos 
em práticas de letramento digital, conseguimos identificar que a maioria dos 
entrevistados apontaram ter dificuldades. Estas, por sua vez, estão associadas, 
tanto à falta de práticas com os equipamentos digitais, quanto ao manuseio 
desses artefatos. Além disso, os entrevistados também apontaram que essas 
dificuldades ocorriam, por três fatores: ausência significativa de conhecimentos 
sobre práticas digitais, problemas de esquecimento, e o uso de celulares 
considerados antigos por muito tempo. 
 
No intuito de lidar com essas dificuldades, os participantes relatam que contaram 
com a ajuda dos familiares e amigos, sendo eles: netos, filhos, cunhados, para 
lhes auxiliarem quanto ao uso do computador ou celular conectado à internet. 
Além disso, também relataram a adoção de iniciativas autônomas e intuitivas 
com vistas a superação dessas dificuldades quanto ao manuseio e 
funcionalidades dos aparelhos digitais. 
 
Mediante a análise sobre o modo como as práticas de letramento se efetivaram 
no seu cotidiano de interações sociais, pudemos identificar que os participantes 
da pesquisa fizeram uso com mais constância desses artefatos digitais 
(computador, smartphones, tablets) durante o período pandêmico, uma vez que 
tinham mais tempo disponível para manuseá-los, bem como usufruir de todas as 
possibilidades que eles disponibilizavam em termos de interação. Além disso, 
antes da pandemia os idosos podiam exercer suas atividades cotidianas de 
forma presencial, podendo ir ao trabalho, confraternizar com os amigos e 
familiares, inclusive viajar, por isso, os usos dos artefatos digitais ocorriam em 
menor frequência. 
 
Conclusão 
 
Ao finalizarmos as etapas de sistematização e a análise dos dados, observamos 
o quanto o letramento digital em tempos de pandemia e afastamento social foi 
imprescindível na vida dos idosos, principalmente no tocante às interações 
sociais. Além disso, notamos que o uso das ferramentas digitais conectadas à 
internet proporcionou a eles a oportunidade de se atualizarem em relação aos 
acontecimentos de mundo, o que contribuiu para a ampliação de seus 
aprendizados no que tange aos letramentos digitais, visto que esses letramentos 
impactam diretamente nas práticas sociais de interação. 
 
Ademais, a partir dessa pesquisa foi possível observarmos as principais 
dificuldades enfrentadas por esses idosos no tocante ao uso desses recursos 
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digitais, bem como saber o que eles fizeram no intuito de superar essas 
dificuldades. Dessa forma, as questões e objetivos da pesquisa contribuíram 
para corroborarmos a relevância desses letramentos, os quais possibilitaram não 
apenas que os idosos mantivessem contatos com amigos e familiares, mas 
também que tivessem acesso a informações da atualidade e conhecimentos 
capazes de aprimorar seus letramentos em geral. 
 
Diante o exposto, podemos concluir que o projeto, em sua completude, trouxe 
inteligibilidade à relatos dos participantes, para a ressignificação dada às 
práticas de cunho interacional dos idosos que, antes eram realizadas no formato 
presencial e, a partir do afastamento social, passaram a ser efetivadas 
remotamente, via dispositivos digitais, a fim de atender as orientações dos órgão 
de saúde em decorrência da pandemia por COVID-19, buscando evitar um 
número maior de óbitos de pessoas idosas no Brasil. 
 
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CÓDIGO: HS0017 
AUTOR: ANDREINA MICAELA DANTAS 
ORIENTADOR: MARCELO DA SILVA TAVEIRA 
 
 
TÍTULO: Turismo nas Cidades do Seridó: Gestão e Desenvolvimento Regional 
Resumo 
A pesquisa tem como objetivo avaliar os aspectos relacionados ao turismo e ao 
desenvolvimento regional nas pequenas cidades do Seridó Potiguar que compõem o 
Mapa do Turismo Brasileiro(2019-2021) e integram o Conselho de Turismo do Polo 
Seridó (Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Florânia, Jucurutu, Lagoa Nova, Serra 
Negra do Norte, Jardim do Seridó e São João do Sabugi). A metodologia utilizada foi uma 
análise de natureza qualitativa e quantitativa dos dados coletados por meio da aplicação 
de formulários juntos a atores de órgãos públicos, da iniciativa privada e terceiro setor. 
O estudo deu uma contribuição no sentido de elucidar questões pertinentes à natureza 
e ao conteúdo do desenvolvimento regional da região em análise, os efeitos 
pragmáticos das políticas públicas adotadas, o direcionamento e emprego dos recursos 
públicos e as implicações do turismo no contexto regional. Em decorrência disso, 
constatou-se que o turismo está se desenvolvendo de forma lenta e gradual, devido às 
dificuldades encontradas com destaque para a fragilidade de articulação política-
institucional entre os segmentos ligados ao poder público, à iniciativa privada, ao 
terceiro setor e às populações residentes na área de abrangência deste estudo. 
 
Palavras-chave: Turismo. Desenvolvimento regional. Pequenas cidades. Seridó 
Potiguar. 
TITLE: Tourism and Regional Development in Small Towns in the Seridó Potiguar 
Abstract 
The research aims to evaluate aspects related to tourism and regional development in 
the small towns of the Seridó Potiguar that make up the Mapa Brasileiro of the Turismo 
(2019-2021) and are part of the Conselho de Turismo of the Seridó Polo (Acari, Carnaúba 
dos Dantas, Cerro Corá, Florânia, Jucurutu, Lagoa Nova, Serra Negra do Norte, Jardim do 
Seridó and São João do Sabugi). The methodology used was a qualitative and 
quantitative analysis of the data collected through the application of forms together 
with actors from public agencies, the private sector and the third sector. The study made 
a contribution towards elucidating issues relevant to the nature and content of regional 
development in the region under analysis, the pragmatic effects of adopted public 
policies, the targeting and use of public resources and the implications of tourism in the 
regional context. As a result, it was found that tourism is developing slowly and 
gradually, due to the difficulties encountered, highlighting the fragility of political-
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institutional articulation between the segments linked to public power, private initiative, 
the third sector and the populations residing in the area covered by this study. 
 
Keywords: Tourism. Regional development. Small cities. Seridó Potiguar. 
Introdução 
De acordo com o Ministério do Turismo (2019) e da Organização Mundial do Turismo 
(OMT), o turismo é um setor que está em constante desenvolvimento no cenário 
mundial, em 2018 obteve-se o segundo melhor resultado dos últimos 10 anos, atingindo 
a marca de 1,4 bilhões de chegadas internacionais no mundo. Conforme Oliveira (2020) 
há que se registrar que a COVID-19 (também conhecida como SARS-CoV-2) diz respeito 
a um vírus com alta taxa de transmissão que, após seu primeiro caso em Wuhan, na 
província de Hubei, na China, causou impactos sistêmicos nas relações interpessoais, na 
saúde e, na economia mundial. E com a intenção de diminuir a propagação do vírus, em 
11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde – OMS anunciou oficialmente a 
pandemia, ocasionando a paralisação dos serviços de transportes e restringindo as 
atividades de hospedagem, lazer, comércio, dentre outros. Segundo o Ministério do 
Turismo (2021 o índice de atividades turísticas no país voltou a crescer, após ter 
interrompido, em dezembro de 2020, uma sequência de sete altas consecutivas na 
movimentação econômica do setor. Assim, em janeiro de 2021, o índice subiu 0,7%, 
impulsionado, principalmente, pelo segmento de transporte aéreo, que registrou alta 
de 11,1%. De acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas - FGV (2020), as perdas 
econômicas, em comparação ao PIB do setor em 2019, totalizarão R$ 116,7 bilhões no 
biênio 2020-2021, o que representa perda de 21,5% na produção total do período. 
Vários países fecharam suas fronteiras para estrangeiros, inclusive o Brasil. Com o 
intuito de amplificar o turismo no Brasil, o Ministério do Turismo por meio do Programa 
de Regionalização do Turismo (PRT) visando a expansão, desenvolvimento e 
descentralização da atividade turística, definiu o Mapa Brasileiro de Turismo a partir de 
áreas prioritárias (polos) para atuação de políticas públicas do setor para agir de forma 
mais efetiva nessas regiões com potencial a ser desenvolvido. As regiões turísticas são 
identificadas por características similares e aspectos que assinalam como região, ou 
seja, que tenham uma identidade histórica, cultural, econômica e/ou geográfica em 
comum (MTUR, 2019). Assim, busca-se descentralizar por meio da regionalização o 
turismo predominante no Nordeste, O mapa do Turismo Brasileiro, atualmente, é 
composto por cinco polos: Costa Branca, Costa das Dunas, Serrano, Agreste-Trairí e 
Seridó. O Polo Turístico Seridó situa-se na região de mesmo nome (no Seridó Potiguar), 
interior do Estado do Rio Grande do Norte. Conforme o PDITS - Plano de 
Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (2011), a região Seridó insere-se na 
história da colonização do Brasil a partir dos movimentos lentos e graduais de 
deslocamento de famílias proprietárias de terras que não possuíam espaço social ou 
econômico no litoral nordestino, dominado pelo latifúndio canavieiro, desde a Bahia até 
o Ceará. O turismo surge, atualmente, como uma nova forma de desenvolvimento 
econômico para as pequenas cidades do Seridó Potiguar. Segundo Beni (2006, p. 67) “o 
turismo promove o desenvolvimento intersetorial, em função do efeito multiplicador 
dos investimentos e dos acréscimos da demanda interna e receptiva. É um elemento 
importante para o planejamento regional ou territorial”. O objetivo da pesquisa foi 
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avaliar os aspectos relacionados ao turismo e ao desenvolvimento regional nas 
pequenas cidades do Seridó Potiguar. Apresentar a situação do desenvolvimento da 
atividade turística nas pequenas cidades, evidenciando os números do turismo e a 
atuação das esferas pública, privada e terceiro setor em busca desse desenvolvimento. 
O turismo, além de ser uma atividade econômica geradora de renda, proporciona um 
crescimento de forma sustentável, com valores ao meio ambiente e a conservação dos 
patrimônios culturais das populações nativas das regiões turísticas (NODARI, 2007 p. 
15). 
 
Metodologia 
 
A metodologia adotada na elaboração desta pesquisa foi uma análise de natureza 
qualitativa e quantitativa dos dados coletados sobre os indicadores de desenvolvimento 
socioeconômico e seus impactos na qualidade de vida das populações residentes nas 
pequenas cidades, e, consequentemente no setor turístico regional. Na primeira fase da 
pesquisa foi realizado um levantamento preliminar de referências bibliográficas sobre o 
objeto estudado para o embasamento teórico da pesquisa. O estudo também se baseia 
no caráter empírico por meio de observações realizadas in loco e por meio de contato 
direto com a população de cada cidade. Buscando assim, evidenciar a realidade de cada 
cidade com maior confiabilidade dos dados gerados. No tocante à pesquisa documental, 
foram realizadas consultas a textos oficiais dos governos Federal, Estadual e Municipais 
como relatórios técnicos, programas, projetos e ações institucionais relacionados ao 
desenvolvimento do turismo no Polo Seridó, documentos elaborados por instituições de 
pesquisa e ensino. Na segunda fase foram realizadas pesquisas in loco nas pequenas 
cidades, com até 20.000 habitantes. Estas fazem parte do Polo de Turismo Seridó (2017- 
2021), região que compõe o Mapa Brasileiro de Turismo. A região turística do Seridó é 
composta por doze municípios, mas a pesquisaaborda apenas as pequenas cidades, 
conforme Fernandes (2018) a conceituação e a classificação das pequenas cidades 
alteram entre as regiões em países mais extensos, desse modo, Santos (1989) e Pereira 
(2007) acreditam que o nível máximo para ser uma pequena cidade é de vinte mil 
habitantes, método utilizado pelas estatísticas internacionais para classificar esse tipo 
de cidade, bem como pelo IBGE (2010) que define pequena cidade àquelas com até 
20.000 habitantes. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários 
semiestruturados e específicos para cada setor. Os mesmos foram aplicados com os 
gestores públicos de diferentes secretarias, com a iniciativa privada e com 
representantes do terceiro setor de cada município, aplicou-se a empresas que atuam 
diretamente com a atividade turística, aos gestores públicos dos municípios e as 
empresas que atuam no terceiro setor. Em seguida, foram realizadas a tabulação e 
análise dos dados coletados com base em diferentes abordagens para melhor projetar 
os resultados da investigação e analisar os fenômenos complexos da sociedade e da 
realidade em estudo. 
 
Resultados e Discussões 
 
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Das cidades pesquisadas, observa-se que Acari se encontra na melhor posição de 
desenvolvimento humano, entre as cidades nos rankings nacional ela estar na posição 
de 2462° e estadual na posição de 8° lugar, enquanto Lagoa Nova, comparada aos dois 
rankings, ocupa a posição mais baixa de desenvolvimento humano, em 4.515° no 
ranking nacional e no estadual na posição de 127°. Acari apresenta o maior índice de 
desenvolvimento humano, seguido por Jardim do Seridó, Carnaúba dos Dantas e São 
João do Sabugi; Dentre as nove cidades pesquisadas, as especificidades do 
desenvolvimento humano de Lagoa Nova também o classificam com menor índice. 
Carnaúba dos Dantas apresenta melhor índice de longevidade de 0,796. De acordo com 
a gestão pública do município, esse índice teve melhoras no período de 2010 devido ao 
apoio social financeiro para a população e a medidas de saúde pública. No indicativo de 
renda, os melhores posicionados são os municípios de Jardim do Seridó (0,647), Acari 
(0,633) e Carnaúba dos Dantas (0,624), decorrentes principalmente do comércio local, 
indústrias ceramistas e dos cargos comissionados no setor público. Acari possui o melhor 
indicador de acesso à educação (0,634), Acari é uma das cidades que mais se 
desenvolveu. Durante as visitas nas cidades, os gestores das organizações público e 
privado do setor turístico, fizeram apontamentos em relação às dificuldades de 
desenvolver o turismo na região e, também, sobre as problemáticas existentes nos 
municípios. Na cidade de Lagoa Nova, por exemplo, a maior dificuldade destacada pela 
gestão do turismo foi à falta de apropriação cultural dos moradores com a história do 
local. A lagoa que dá nome a cidade encontra-se em propriedade privada, dificultando 
o acesso da comunidade, por esse motivo, o apego histórico-cultural com a lagoa é 
esquecido. Nas cidades de Jardim do Seridó e São João do Sabugi, a gestão pública 
manifesta sua insatisfação sobre a falta de sensibilidade da iniciativa privada na questão 
de firmar parcerias, afirmam que a população espera que o turismo seja implantado 
apenas pelo setor público. Destacam ainda que a falta de investimentos ao longo do 
tempo dificulta a implantação de ações efetivas sobre o turismo, pois quando ocorre a 
troca de gestores, eles não dão continuidade aos planos e projetos já iniciados pela 
antiga gestão. Em Serra Negra do Norte, os órgãos públicos destacaram a problemática 
do que se refere à produção ilegal de bonés. A cidade possui inúmeras fábricas de bonés, 
no entanto, em média 40% são legalizadas. Desse modo, não geram arrecadação de 
impostos para o município, comprometendo o investimento público na cidade. Em 
Acari, aponta-se o problema da seca que assola a região, que prejudicou o seu principal 
atrativo, o açude Gargalheiras, além de prejudicar a economia pesqueira local. Devido à 
seca, vários empreendimentos gastronômicos e hoteleiros foram prejudicados e 
acabaram fechando. Alguns eventos periódicos não estão sendo realizados devido à 
essa problemática, como por exemplo o Festival do Pescado. Quanto à iniciativa privada, 
os apontamentos sobre a falta de investimentos do setor público para o 
desenvolvimento do turismo predominaram em todas as cidades. Os empreendedores 
veem como o principal motivo que impossibilita o sucesso dos equipamentos de turismo 
presentes nos municípios. Dentre as nove cidades pesquisadas, o município de Acari 
apresentou o maior número de ações e a terceira cidade com o maior investimento do 
setor público de turismo. Em 2017, registrou-se 20 ações voltadas para o 
desenvolvimento do turismo na cidade, com um total de valor investido de 634.040 
reais. No ano de 2020, as ações desenvolvidas pelo município, foi a confecção de placas 
turística, manutenção do Terminal Turístico, incentivo ao Cadastur, turismo mais 
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responsável e turismo mais protegido, e a participação da Famtur, que realiza visita 
técnica exploratória com agentes de viagens, com o intuito de mostrar o que estão 
oferecendo ao cliente. É uma forma de preparação onde os agentes de viagens têm a 
chance de conhecer os destinos. O orçamento foi de 1.497.000,00 reais e o valor 
executado foi de 853.910,00 reais. No município de Carnaúba dos Dantas, não foram 
encontrados no portal da transparência do município, os valores investidos nas ações 
de desenvolvimento voltadas para o turismo. No entanto, foi possível localizar as 
principais ações realizadas no ano de 2017. Durante a visita in loco os gestores públicos 
enfatizaram a importância da revitalização e urbanização do atrativo Monte do Galo, no 
qual se tornou um dos maiores símbolos religiosos da região Seridó. Não sendo possível 
encontrar no portal da transparência parte das ações e valores investidos em turismo 
na cidade de Cerro Corá, os gestores complementaram em forma de lista as ações que 
têm maior destaque no que se trata ao desenvolvimento do turismo na cidade serrana. 
O fortalecimento no turismo de eventos impulsionou no crescimento e reconhecimento 
de eventos sociais da cidade, como por exemplo, o festival de inverno e a tradicional 
festa de São João Batista. Em 2021 foi realizado um formulário com objetivo de atualizar 
os dados da pesquisa, cujo entrevistado não soube informar quais foram as ações 
desenvolvidas do setor público do turismo no município no ano de 2020, pois, ele 
integrou à gestão municipal no período anterior (2017 a 2019). Em relação à previsão 
orçamentária para o setor turístico em 2021, no portal da transparência a Secretaria 
Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo gastou 541.326,84, porém, não 
expõe o valor gasto no setor do Turismo. Em Florânia, assim como as demais cidades, 
aborda as principais ações desenvolvidas para o desenvolvimento do turismo de acordo 
com os gestores do município e o portal da transparência do órgão público (os valores 
investidos não estão disponibilizados na página web). Entre as ações mencionadas, 
destaca-se a reforma ao Santuário de Nossa Senhora das Graças, no qual recebe dezenas 
de visitantes semanalmente. Em relação às nove cidades pesquisadas, o município de 
Lagoa Nova apresentou o maior investimento do setor público de turismo. Em 2017, 
registrou-se dez ações voltadas para o desenvolvimento do turismo na cidade, com um 
total de valor investido de R$ 3.009.020. O maior investimento na cidade foi a 
construção do Mirante Santuário que custou R$ 1.001.000, segundo o portal da 
transparência. Essa ação se tornou o atrativo mais visitado do município. No ano de 2020 
foram desenvolvidas sete ações, a realização da LIVE do tradicional dia 02 de janeiro, 
data que Lagoa Nova celebrou seus 57 anos de EmancipaçãoPolítica, a FSFA 2020, via 
LIVES. Contemplando a realização do projeto de iluminação da Praça João Marinho, ao 
longo dos 11 dias de eventos, apoio aos empresários do segmento, com assessoria e 
capacitações, atuação junto ao Conselho Municipal de Turismo, estudos e definições 
junto ao Conselho do Polo Seridó sobre a formalização da Instância de Governança, 
rodada de negócios junto ao SEBRAE, AIHB e SETUR-RN no município de Lagoa Nova, e 
a formalização do Consórcio Público Intermunicipal Geoparque Seridó junto aos seis 
municípios integrantes. Com previsão orçamentária para o ano de 2020 da Secretaria 
Municipal de Turismo, Cultura, Desportos e Desenvolvimento Econômico, chegando ao 
montante de R$ 1.569.852,00, sendo executado o valor de R$ 58.171,00. Os valores 
investidos nas ações desenvolvidas no turismo na cidade de Serra Negra do Norte não 
estavam registrados no portal da transparência. Mas, os funcionários da secretaria de 
turismo do município justificaram que 70% dos projetos realizados na cidade estão 
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voltados para o turismo ecológico. Partindo do pressuposto que o município é a única 
cidade do Seridó que contempla uma estação ecológica. No ano de 2020 as ações 
desenvolvidas pelo setor público do município foi a elaboração do plano de turismo, e a 
previsão orçamentária para o setor turístico foi de 3,5% do valor total. Quanto às ações 
e investimentos do turismo na cidade de Jucurutu, não foram encontrados registros de 
ações e de valores investidos no portal da transparência. Durante as visitas no município, 
a secretaria de turismo da cidade mostrou-se indisponível para responder os formulários 
que auxiliariam na aquisição das informações sugeridas sobre as ações de 
desenvolvimento de turismo no município. O município de Jardim do Seridó, no ano de 
2017, segundo o portal da transparência da cidade, investiu mais de R$796.000 em 
ações para o desenvolvimento do turismo. De acordo com o secretário de turismo da 
cidade, apesar de que o apoio aos eventos não somarem o maior investimento dentre 
as ações desenvolvidas, mas são os eventos em Jardim do Seridó que torna a cidade 
reconhecida nacionalmente. O secretário afirma ainda que os eventos são responsáveis 
pela maior geração de renda informal no município. Logo, destaca os eventos Jardim 
Junino e Jardim Motofest. A cidade de São João do Sabugi, mostra que os valores 
investidos das ações para o desenvolvimento do turismo no município não foram 
encontrados no portal da transparência nem fornecidos em pesquisa in loco. O jovem 
secretário de turismo da cidade afirma que foi no último semestre de 2019 que se 
iniciaram os projetos para o reconhecimento do potencial turístico do município. A 
criação do Conselho Municipal de Turismo, segundo o secretário, foi a melhor ação até 
o momento desenvolvida. Dos municípios pesquisados, sete possuem inventário da 
oferta turística (Acari, Lagoa Nova, Florânia, Cerro Corá, Serra Negra do Norte, Carnaúba 
dos Dantas e Jucurutu). Esse levantamento foi realizado por meio de parceria entre 
órgão público municipal de turismo e os cursos de turismo da UFRN (Universidade 
Federal do Rio Norte) e da UERN (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte). 
Partindo dos dados em anexo, observa-se que a maior parte dos investimentos no setor 
turístico é a realização de obras de infraestrutura turística. Seja por meio de revitalização 
de obras antigas, construção de novos espaços (praça de eventos, por exemplo), ou 
construção e manutenção de infraestrutura específica nos atrativos. O fomento aos 
eventos também são ações relevantes. O turismo engloba inúmeras atividades, sejam 
elas direta ou indiretamente associadas. O setor de Alimentação é o que mais emprega 
pessoas no turismo no Brasil, com cerca de 790.040 milhões de empregos informais e 
481.892 formais. Os setores de Alimentação, Aluguel de Transportes, Cultura e Lazer e 
Transporte marítimo cresceram na proposta de empregos formais no turismo. Já os 
setores que aumentaram os empregos informais do turismo foram: alimentação, 
alojamento, transporte aéreo, aluguel de transportes, cultural e lazer. Logo, o emprego 
informal cresceu mais do que o emprego formal no setor do turismo no Brasil até 2019. 
No contexto da iniciativa privada do setor turístico das pequenas cidades do Seridó, 
pode-se apontar que, os municípios possuem mais equipamentos de alimentos e 
bebidas. Seguidos dos meios de hospedagem de pequeno porte, agências de viagens e 
alguns empreendimentos de lazer. Quando questionados sobre os pontos positivos, que 
o turismo traria para a cidade, os empresários apontaram: a geração de emprego e 
renda na cidade, aumento da circulação do capital financeiro, o incentivo ao 
empreendedorismo, implantação de equipamentos mais estruturados para atender a 
demanda, melhoria na infraestrutura da cidade e a valorização da cultura da região 
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Seridó. Quanto aos aspectos negativos, os mais citados foram: o aumento da violência 
(criminalidade e uso de drogas), o aumento no consumo de água (recurso escasso na 
região devido à seca predominante na região), a geração de lixo e a poluição, o 
congestionamento no trânsito e o aumento de vendedores ambulantes e a 
desvalorização da cultura local, isso ocorreria, segundo os entrevistados, devido ao 
maior fluxo de pessoas circulando nas cidades. A maioria dos clientes é composta pela 
população residente, esse número tem destaque devido à grande quantidade de 
empreendimentos de alimentos e bebidas que é utilizado pela população no dia a dia. 
Os 33% dos clientes é composto por comerciantes que, por motivo de trabalho, 
pernoitam nas cidades. Os turistas representam 32% dos clientes. Os meses de maiores 
fluxos identificados foram entre agosto com 19% de fluxo turístico e dezembro com 
17%, período de realização de vários eventos nas cidades. E em razão do período de 
férias. Muitos dos eventos são relativos a festas dos santos padroeiros de cada cidade, 
são eventos que já são consolidados e que atraem turistas de vários locais, neles reúnem 
conteúdo de fé, devoção e entretenimento. 
 
Conclusão 
 
O turismo é uma nova perspectiva para a visibilidade da região Seridó Potiguar, surgindo 
como uma nova atividade econômica a ser estimulada, isso porque ela é capaz de 
impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e sustentável dos locais onde acontece 
essa prática. A partir da análise dos resultados apresentados, pode-se considerar que o 
turismo está evoluindo de forma lenta e gradual nas pequenas cidades. O setor público 
atua como principal agente incentivador do desenvolvimento do turismo por meio de 
ações que visam o crescimento da atividade turística na região. De fato, a maior 
participação é o do poder público municipal das pequenas cidades que se dá, 
principalmente, através da realização de obras de infraestrutura turísticas e não 
turísticas. Em relação ao setor privado, pode-se concluir que houve crescimento no 
âmbito de equipamentos, porém, é um setor que convive com inúmeras dificuldades, 
como a seca e a crise econômica, que ocasionam o baixo fluxo turístico na região, 
dificultando a permanência dessas empresas no mercado. Os empresários do setor 
lamentam a falta de infraestrutura das cidades, de investimentos no turismo e de apoio 
do setor público à iniciativa privada. Assim, são diversos fatores que afetam o 
crescimento da atividade turística nas pequenas cidades do Seridó. Observou-se que os 
três setores não estão atuando de forma conjunta para o desenvolvimento do turismo, 
e isso pode ser um fator que está dificultando o crescimento do turismo na região, 
planos e projetos devem ser desenvolvidos para que haja esse engajamento dos setores. 
A inclusão da população na atividade também é um fator ainda a ser trabalhado. 
Portanto, a finalidade da pesquisa foi apresentar asituação do desenvolvimento da 
atividade turística nas pequenas cidades da região do Seridó Potiguar, evidenciando os 
números do turismo e a atuação das esferas pública, privada e terceiro setor em busca 
desse desenvolvimento. As dificuldades ao realizar a elaboração deste estudo foram 
principalmente a limitação do tempo da pesquisa e a ausência de informações do setor 
público para o levantamento de dados de empregos e equipamentos voltados ao 
turismo nas cidades de Jardim do Seridó e São João do Sabugi. Essas cidades não 
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possuem inventário turístico ou registros documentais para o levantamento das 
informações necessárias. Devido a pandemia, as atualizações foram realizadas por 
contato virtual, utilizando o e-mail, porém, alguns municípios, não retornaram contato 
para as atualizações do ano de 2020 e 2021. Logo, a partir das evidências deste estudo, 
é possível considerar que esta pesquisa pode ser um meio para contribuir para outros 
estudos na área, tanto para a academia quanto para os poderes legislativos e executivos 
das cidades. Sugere-se que novas pesquisas no setor sejam desenvolvidas para que 
possam, identificar novas questões que impactam o desenvolvimento do turismo nessa 
região e gerar possíveis soluções para os desafios encontrados. 
 
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Anexos 
 
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Tabela 1. População residente das cidades pesquisadas 
 
 
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Figura 1. Mapa com a localização das cidades e o recorte espacial da pesquisa. 
 
 
Figura 3. Posição das cidades pesquisadas em rankings estadual e nacional, 2013. 
 
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Figura 4. IDHM das cidades pesquisadas, 2013. 
 
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Figura 7. IDHM de longevidade das cidades pesquisadas. 
 
 
Figura 8. Indicativo de renda das cidades pesquisadas. 
 
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Figura 9. Indicativo de acesso à educação das cidades pesquisadas. 
 
 
Quadro 2. Quadro funcional dos órgãos municipais de turismo (2021) 
 
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Quadro 3. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Acari, 
2017. Parte um 
 
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Quadro 3. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Acari, 
2017. Parte dois 
 
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Quadro 4. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Carnaúba 
dos Dantas, 2017. 
 
 
Quadro 5. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Cerro Corá, 
2017. 
 
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Quadro 6. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Florânia, 
2017. 
 
 
Quadro 7. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Lagoa 
Nova, 2017. 
 
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Quadro 8. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Serra Negra 
do Norte, 2017. 
 
 
Quadro 9. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Jucurutu, 
2017. 
 
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Quadro 10. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de Jardim 
do Seridó, 2017. 
 
 
Quadro 11. Ações e investimentos do setor público do turismo no município de São João 
do Sabugi, 2017. 
 
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Gráfico 5. Número de empresas privadas no setor do turismo nas pequenas cidades 
(2010). 
 
 
Gráfico 6. Número de empresas privadas no setor do turismo nas pequenas cidades 
(2019). 
 
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Gráfico 7. Empregos formais no turismo nas pequenas cidades (2016 - 2020). 
 
 
Gráfico 7. Perfil dos clientes dos empreendimentos do setor turístico. 
 
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Gráfico 8. Meses de maiores fluxos turístico nas pequenas cidades. 
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CÓDIGO: HS0031 
AUTOR: MARCIA MICHELE JUSTINIANO LUIZ 
ORIENTADOR: ANDRE TESSARO PELINSER 
 
 
TÍTULO: MODULAÇÕES CONTEMPORÂNEAS DO REGIONALISMO 
LITERÁRIO BRASILEIRO NA FICÇÃO DE MARIA VALÉRIA REZENDE 
Resumo 
Este trabalho analisa a obra Outros cantos (2016), de Maria Valéria Rezende, 
investigando como a tradição literária regionalista manifesta-se no romance, a partir da 
representação do espaço sertanejo e de símbolos que se inserem nessa tradição. Para 
tanto, examina-se como a personagem principal constrói sua identidade ao 
experimentar o sertão e suas regionalidades. Investiga-se, ainda, como a crítica literária 
tem discutido a presença do regionalismo na contemporaneidade e como tal discussão 
reflete na adesão ou recusa da autora à vertente regionalista. Com isso em vista, são 
analisadas duas entrevistas concedidas por Valéria Rezende ao jornal Paraíba Já (2016) 
e ao blogue Livro & Café (2020). Constata-se que há ressonâncias da tradição 
regionalista no texto de Rezende, pelo diálogo com topoi literários caros a essa vertente, 
como os símbolos culturais, as identidades locais e o duelo entre o tradicional e o 
moderno, embora a autora rejeite o qualificativo de regionalista e qualquer relação da 
sua obra com essa corrente literária. 
 
Palavras-chave: Regionalismo. Regionalidade. Outros cantos. Maria Valéria 
Rezende. 
TITLE: MODULATIONS OF BRAZILIAN LITERARY REGIONALISM IN THE 
FICTION BY MARIA VALÉRIA REZENDE 
Abstract 
This work analyzes the novel Outros cantos (2016), by Maria Valéria Rezende, 
investigating how the regionalist literary tradition manifests itself in the novel, through 
the representation of the hinterland as well as through the use of symbols that are part 
of that this literary tradition. For such, the paper examines how the main character 
builds up her identity through the experience of being in contact with the hinterland and 
its regionalities. It also investigates how literary criticism has discussed the presence of 
regionalism in contemporaneity and how such discussion reflects on the author’s 
adherence or refusal to being associated to regionalism. Bearing that in mind, two 
interviews granted by Valéria Rezende to the newspaper Paraíba Já (2016) and to the 
blog Livro & Café (2020) are analyzed. The article concludes that there are resonances 
of the regionalist tradition in Rezende’s work, which can be seen in the use of literary 
themes that concern that literary branch, such as cultural symbols, local identities and 
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the feud between the traditional and the modern, although the author rejects the 
qualification of regionalist and any relation between her work and this literary strand. 
 
Keywords: Regionalism. Regionality. Outros cantos. Maria Valéria Rezende. 
Introdução 
Os costumeslocais, as tradições rurais, as paisagens e os símbolos culturais estão 
presentes na literatura brasileira desde o século XIX, principalmente durante o 
Romantismo, que tinha o propósito de se diferenciar da Europa e conquistar uma 
independência nacional e literária. Desse modo, os românticos evidenciaram várias 
características locais, recorrendo a imagens e metáforas da natureza para cantar a nação 
brasileira, originando os traços que ficariam conhecidos como cor local. 
A cor local acabou gerando uma crença de que na natureza, no campo e no interior se 
poderia encontrar a brasilidade autêntica, de modo que os habitantes desses espaços 
passaram a ser considerados representantes da nacionalidade. De maneira semelhante à 
forma que os românticos cultuaram o indígena como herói nacional, a figura do homem 
do campo também foi mitificada como herói e representante das regiões que 
supostamente não haviam sido afetadas pelos costumes estrangeiros. 
No entanto, nem todos colaboraram com essa ideia; Mário de Andrade, por exemplo, foi 
um dos que condenaram a tradição literária regionalista, afirmando que ela não poderia 
ser nacional: 
 
[...] o regionalismo, esse não adianta nada nem para a consciência de nacionalidade. Antes a conspurca e 
depaupera, lhe estreitando por demais o campo de manifestações e por isso a realidade. O regionalismo é 
uma praga antinacional (ANDRADE, 2008, p. 554, grifos nossos). 
 
Nesse viés, Mário de Andrade delimita a corrente regionalista como incompatível com 
uma arte nacional, afirmando que o regionalismo é uma arte restrita, caracterizada pela 
descrição ou documentação da realidade. Ele passa a tratar essa tradição literária como 
um “inimigo” a ser combatido, e, ao aderir a essa posição, acaba fazendo reverberar um 
problema, pois praticamente nega os espaços regionais e as suas diferenças. 
Essa visão consolidou uma repulsa ao rótulo de regionalista e fez com que escritores 
nacionais contemporâneos negassem sua vinculação a essa corrente literária, haja vista 
que não desejam ser associados a uma literatura em que suas obras sejam consideradas 
ruins. Maria Valéria Rezende, escritora do premiado romance Outros cantos (2016), é 
uma das autoras que possuem relação tensa com essa corrente e com o qualificativo de 
regionalista. Em algumas entrevistas veiculadas em domínios midiáticos, Rezende 
frequentemente expressa sua rejeição à classificação regionalista, a exemplo daquela 
concedida ao jornal Paraíba Já: 
 
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Eu acho que esse é um rótulo que pode ter tido algum sentido há meio século atrás, mas que na verdade 
jamais me pareceu importante. [...] Essa mania de querer botar rótulo é uma maneira de afastar a 
concorrência. Hoje em dia não tem cabimento. [...] A literatura com letra grande, [sic] é a que escrevem os 
homens brancos de determinada região do Brasil. O resto é regionalismo, é literatura feminina, é literatura 
negra, é literatura da periferia, é literatura gay (PARAÍBA JÁ, 2016). 
 
Ao passo que a escritora rejeita o qualificativo de regionalista, ela examina a construção 
dos rótulos na literatura brasileira, comentando que no geral a Literatura dispensa 
qualquer rótulo. Em outras palavras, entende-se que devemos esquecer as classificações, 
para conseguirmos ter uma Literatura autêntica, não adjetivada. Decorre dessas 
considerações, a mesma problemática do discurso fundante da crítica literária. 
 
Metodologia 
 
As literaturas regionais, feminina, negra, gay, etc., possuem especificidades relevantes 
para a história literária e até mesmo para as lutas e causas sociais. Assumir uma única 
Literatura é inviabilizar esses temas, questões e autores. Nessa óptica, apagar os rótulos 
significa apagar parte dessas especificidades, e, ao fazer isso, “o resto” vai sendo avaliado 
(diga-se julgado) de forma negativa. Portanto, vale ressaltar que a tradição literária 
regionalista é recuperada pelo diálogo de imagens e temas do passado, e pela forma que 
esse conteúdo é trabalhado é que podemos relacioná-lo ou não com essa tradição. 
Como sinalizado, ao longo da história literária, a crítica tem considerado o regionalismo 
como uma manifestação de má qualidade artística, ligando ao arcaísmo, ruralismo e à cor 
local. Esse discurso fundante continua sendo reverberado e acaba influenciando os 
escritores contemporâneos, que costumam recusar a vinculação das suas obras à essa 
vertente. Dessa forma, buscamos investigar os pontos de contato entre a tradição 
regionalista e a produção literária atual. 
Para tanto, nosso objeto de estudo foi a obra Outros cantos (2016), da escritora Maria 
Valéria Rezende, em que analisamos como se manifestam imagens e símbolos da tradição 
regionalista na obra. Além disso, fizemos um levantamento de entrevistas concedidas por 
Rezende, buscando assinalar como a autora adere ou recusa o regionalismo em seu texto. 
Desse modo, ocorreram reuniões quinzenais divididas em dois momentos. O primeiro foi 
dedicado à leitura e discussão de textos críticos sobre o regionalismo literário brasileiro. 
Já no segundo momento, discutimos textos acadêmicos sobre as novas conceituações 
advindas das ciências sociais, a partir dos temas: memória, identidade, diferença e 
alteridade. Esses estudos renderam participações em eventos com apresentação de 
trabalhos. Face ao exposto, explanaremos sobre os resultados e discussões que foram 
alcançados no período da execução deste projeto de pesquisa. 
 
Resultados e Discussões 
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A relação de identidade e pertencimento é produzida em toda a narrativa de Outros 
cantos. A história se constrói pelo retorno da personagem Maria ao sertão nordestino de 
Olho d’Água, para realizar uma palestra em um sindicato rural. Em uma viagem que 
oscila entre presente e passado, a personagem, agora com 70 anos, reconta e revive, por 
meio de flashes de memória, sua primeira vez naquele interior como professora infiltrada 
no Mobral em tempos de ditadura militar. 
Relembrando um cenário cheio de dificuldades econômicas, políticas e sociais, Maria 
ressignifica suas vivências, confrontando-as com o momento presente da narrativa, um 
cenário pós-moderno repleto de “correria, pressa e velocidade” (REZENDE, 2016, p. 72). 
Ao dialogar com o discurso local do sertão de Olho d’Água, Maria adentra em uma 
negociação identitária, refazendo e constituindo sua história. 
 
Quando decidi tomar o caminho de volta para minha terra e entranhar-me no sertão, escolhendo o exílio 
para dentro, [...] pretendi saber tudo de antemão, o já acontecido e o ainda por vir, lendo tudo o que as 
literaturas me ofereciam. Mergulhar mais fundo na terra e abrir os olhos sob a superfície, porém, permitia 
ver uma vida miúda, insuspeitável, que não chegava à tona nos livros. A cada passo um espanto, obrigando-
me a perguntar tudo a todos (REZENDE, 2016, p. 18, grifos nossos). 
 
A personagem, que anteriormente já havia se exilado fora do Brasil, ao cruzar a fronteira 
para dentro, percebe um lugar totalmente diferente do centro urbano nacional, bem como 
de outros países e culturas que já havia conhecido. Assim, ela considera estar em uma 
situação de exílio – em seu próprio país –, ao enxergar a posição de diferença entre si e 
os sertanejos, entre a cidade e o campo. 
Esse espanto constitui um jogo de oposições que ocorre desde o título até o final da 
história. A disposição linguística do pronome indefinido “outro” movimenta um 
confronto entre passado e presente e uma comparação entre o sertão e outros lugares do 
mundo, onde a personagem também esteve. Ademais, mobiliza um contraste entre Maria 
e os sertanejos, como podemos observar no trecho: “lembro-me, no meu primeiro 
encontro com aquele povo [...] aquela gente que não havia me chamado, não precisavam 
de mim” (REZENDE, 2016, p. 24, grifos nossos). 
De maneira análoga,o substantivo “canto(s)” também ganha sentido polissêmico. 
Presente no título da obra e em diversas passagens da narrativa, a expressão recebe 
significado popular para denominar algum lugar ou região, como também abarca o 
significado de cantoria. Em suas lembranças, Maria revive suas experiências na Argélia 
e no México, confrontando esses “cantos” com sua estadia no sertão. As vozes presentes 
nesses países se reproduzem em Olho d’Água, quando Maria precisa lidar novamente 
com um lugar desconhecido: 
 
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Riam à minha volta, com a alegria de quem descobre pela primeira vez o hipopótamo no zoológico. Eu 
sabia como eles se sentiam, eu também tinha rido assim, bobamente, quando me deparei, havia pouco 
tempo ainda, com meu primeiro camelo solto, bamboleando livre num palmeiral da Argélia e chegando 
cada vez mais perto de mim (REZENDE, 2016, p. 15, grifo nosso). 
 
Percebendo que tanto fora quanto dentro do Brasil há visões de mundo diferentes, 
poderíamos dizer que a personagem fica deslocada ao ter que lidar novamente com um 
lugar desconhecido e aprender com ele. Bauman (2005, p. 19) salienta que “Estar 
totalmente ou parcialmente ‘deslocado’ em toda parte, não estar totalmente em lugar 
algum [...] pode ser uma experiência desconfortável, por vezes perturbadora”. Nesse 
contexto, Maria já havia presenciado a diferença nesses espaços, ao ter que lidar com 
outras vozes e culturas distintas da sua. 
Assim sendo, quando Maria se exila no sertão, um local distante da sua realidade e cheio 
de regionalidades desconhecidas, o sentimento de diferença se reproduz novamente: “Eu 
havia escolhido voltar à minha terra, pensava, e ela me respondia com uma estranheza 
tão maior que todas as outras terras que eu havia percorrido” (REZENDE, 2016, p. 13, 
grifos nossos). Nesse ínterim, ela terá que experimentar as diferenças culturais, físicas, 
sociais, econômicas e políticas, precisando novamente negociar sua identidade diante de 
um “outro canto”, isto é, o sertão e as vozes de seu povo. 
A partir da imagem do outro, inicia-se uma relação entre diferença e alteridade, entre 
aproximação e espanto, que confronta Maria (“eu”) e os sertanejos (“aqueles”, “eles”, 
“outros”). Tomaz Tadeu da Silva (2000, p. 82) explica que esses pronomes não são 
simples categorias gramaticais, mas são evidentes indicadores de posições-sujeitos 
fortemente marcados por relações de poder. De um lado, temos Maria na condição de 
intelectual, letrada, que sai da cidade para o campo e, do outro lado, temos os sertanejos 
“inexperientes de outra vida” (REZENDE, 2016, p. 104), em que a maioria apenas 
conhecia a realidade do trabalho campestre. 
É nessa conjuntura que Maria passa a compreender como o mundo se ordena e como 
fronteiras são delimitadas, as quais, por sua vez, só reforçam posições e relações de poder 
no tocante ao mundo e ao espaço de que esses personagens fazem parte. Tais relações de 
poder podem ser vistas como vetores de privilégios e desigualdades: 
 
Aprendia eu, a cada dia, muito mais e indispensáveis saberes para a teimosa vida nos mais hostis cantos do 
mundo do que as letras que eu viera trazer-lhes, úteis apenas em mínimas ilhas de privilégio desigualmente 
espalhadas no globo terrestre (REZENDE, 2016, p. 28, grifo nosso). 
 
Nesse percurso de tensão e confronto, a personagem vai afirmando uma imagem de 
alteridade que assinala sua relação com aquele espaço, mas também lhe dá a possibilidade 
de reconstruir sua identidade. Como explica Michael Pollak, 
 
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A construção de identidade é um fenômeno que se produz em referência aos outros, em referência aos 
critérios de aceitabilidade, de admissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociação direta 
com os outros (POLLAK, 1992, p. 204, grifo nosso). 
 
No entanto, essa negociação vai sendo construída concomitantemente. Maria, por meio 
das suas histórias, apresenta o mundo aos sertanejos, e eles, da mesma maneira, 
apresentam a lógica do sertão a Maria: “Eles me ofereciam assim suas histórias, 
duramente realistas ou risonhamente fabulosas, entremeadas com as minhas, compondo 
novo xadrez, de mundos diferentes” (REZENDE, 2016, p. 32). Essa relação de troca, de 
negociação com esse mundo diferente, ensina a Maria como aprender “o que era 
pertencer, de fato, a um povo” (REZENDE, 2016, p. 32). 
Dessa forma, para garantir sobrevivência e sucesso em sua missão de professora 
revolucionária, Maria irá precisar aprender os meandros da vida do sertão. Vemos, 
contudo, que não será tarefa fácil, uma vez que a vida sertaneja segue uma lógica que lhe 
é peculiar: 
 
Se havia inverno, explicavam, três curtos meses de chuva, então tudo verdejava, sertão afora, e se colhia o 
que se conseguisse semear [...]. Mais que tudo, alegravam-se com a água a escorrer pelas telhas e a encher 
sem cobrar tostão, quantos potes, fôrmas, bacias, baldes e panelas [...]. Se não havia inverno [...] só o Dono 
os podia salvar. [...] O que poderia eu dizer contra um poder invisível? (REZENDE, 2016, p. 33-34). 
 
As práticas do campo, os símbolos e os costumes se refletem em questionamentos sobre 
as práticas de vida e sobre as “leis” estabelecidas naquele espaço. No trecho acima, por 
exemplo, a chegada do inverno no sertão é marcada pelas práticas do campo: o semear e 
o colher. Ao mesmo tempo que sem o inverno seria impossível cultivar a agricultura, que 
sustenta a vida dos sertanejos. Logo, entender o sertão é compreender todo um modo de 
vida. 
Disso temos que a noção de identidade não é construída apenas pela diferença entre Maria 
e os sertanejos, mas, também, pelo contraste dentro da própria região. A dificuldade 
climática aparece associada a um quadro de poder que reverbera as desigualdades sociais 
no sertão. Maria percebe que, caso não chova, os sertanejos estão à mercê do Dono – 
fazendeiro rico – que regulamenta a vida do sertão, através da sua riqueza, estabelecendo 
regras de sobrevivência e determinando as condições de vida em Olho d’Água. 
Assim, as práticas do campo que são evidenciadas não são mera ambientação, mas 
estruturam a própria narrativa e fornecem matéria prima para a construção de todo o 
drama humano que ali se coloca. Com efeito, a região atua como elemento estruturante 
do texto literário: 
 
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[...] embora ficcional, o espaço regional criado literariamente aponta, como portador de símbolos, para um 
mundo histórico-social e uma região geográfica existentes. Na obra regionalista, a região existe como 
regionalidade e esta é o resultado da determinação como região ou província de um espaço ao mesmo tempo 
vivido e subjetivo [...], momento estrutural do texto literário, mais do que um espaço exterior a ele 
(CHIAPPINI, 1995, p. 158). 
 
Portanto, Maria, ao enredar o tempo passado, apresenta-se de forma conflituosa no que 
tange ao sertão. Essa relação é comumente vista em obras atuais da tradição regionalista, 
pelo conflito entre centro e periferia, frequentemente posto em cena por personagens 
urbanos que não pertencem ao sertão e que, ao conhecer ou retornar ao interior, ficam 
aflitos em tentar pertencer a algum lugar. Além disso, todas essas práticas de campo e os 
saberes locais apontam para uma regionalidade específica, que até então era desconhecida 
pela personagem. 
Experimentando aprender sobre os percalços do cotidiano sertanejo e na responsabilidade 
de se sustentar, enquanto não havia capital inicial e material para seu trabalho como 
professora, Maria se empenha em diminuir sua diferença com o povoado de Olho d’Água, 
tentando se acostumar com o espaço e seu povo. Para tanto, quem ajuda a personagem a 
compreender as regionalidades locais é a sertaneja Fátima, conforme Maria descreve no 
seguinte episódio: 
 
[...]

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