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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA PAPEL DA INCIDÊNCIA DE TREPADEIRAS E HERBIVORIA NO DESEMPENHO DE COMUNIDADES VEGETAIS RESTAURADAS DA CAATINGA Bruna Layz Carvalho de Mello Natal 2019 2 BRUNA LAYZ CARVALHO DE MELLO PAPEL DA INCIDÊNCIA DE TREPADEIRAS E HERBIVORIA NO DESEMPENHO DE COMUNIDADES VEGETAIS RESTAURADAS DA CAATINGA Dissertação Apresentada à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em cumprimento às exigências para obtenção do Título de Mestre Orientadora: Profª. Dra. Gislene Ganade Natal 2019 3 4 Agradecimentos Família A todos os familiares que fizeram e fazem parte do meu ser e da minha caminhada e, de alguma forma, contribuíram para que eu chegasse aqui. Agradeço em especial minha mãe, que sempre acreditou em mim e me apoiou da maneira que pode. Amigos Agradeço aos meus amigos confidentes Samara Medeiros, Luan Fonseca, Ana Amorim, Bruna Garrido e Edjane Damasceno que fizeram parte da minha vida acadêmica e hoje fazem parte da minha vida cotidiana. A Dandara Morais, Caio Lima, Gênedy Apolinário e Rayane Fernandes. Gratidão também aos colegas do LER (Laboratório de Ecologia da Restauração), por fazerem parte dessa estrada de aprendizado e evolução. Em especial Marina Vergara Fagundes, que sempre me auxiliou e me apoiou desde o período da graduação. Ao meu melhor amigo e companheiro Cleto Freire, pelo carinho e a ajuda nos momentos mais difíceis, sem sua presença a luta, as dores, as felicidades e as conquistas não seriam as mesmas. Um abraço enorme. Instituições e Professores A UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), melhor oportunidade e experiência de amadurecimento profissional e pessoal que tive em minha vida. Jamais esquecerei os anos que tive de graduação e mestrado. Ao CNPq pela oportunidade de bolsa por dois anos. A todo o corpo de professores que fizemos parte da minha formação, que não só influenciaram na Ecóloga que sou, mas também no crescimento do meu pensamento crítico. Agradeço à minha orientadora Gislene Ganade, sempre paciente e mostrando o melhor caminho nos momentos mais complicados do trabalho. Uma pessoa que não é apenas uma orientadora, mas também amiga e conselheira de seus alunos. Muito obrigada, minha admiração e respeito por você só cresceram. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. 5 Sumário Página Resumo ...................................................................................................... 6 Abstract ...................................................................................................... 7 Introdução .................................................................................................. 8 Objetivo Geral ........................................................................................... 11 Métodos ..................................................................................................... 11 Área de estudo ..................................................................................... 11 Espécies utilizadas ............................................................................... 12 Germinação e crescimento em casa de vegetação ............................... 12 Plantio e coleta de dados ...................................................................... 12 Análises estatísticas .............................................................................. 13 Resultados .................................................................................................. 15 Discussão ................................................................................................... 17 Conclusão .................................................................................................. 21 Bibliografia ................................................................................................ 21 Tabelas ....................................................................................................... 30 Figuras ....................................................................................................... 36 ANEXO 1: altura médias das espécies nos dois anos ............................... 45 6 Resumo Os ecossistemas semiáridos possuem alta susceptibilidade à degradação da paisagem. Entre eles a Caatinga é uma das regiões mais vulneráveis. O campo da restauração de Caatinga tem avançado com métodos bem-sucedidos como o uso da facilitação e de novas técnicas de plantio. Contudo, existem problemas pós plantio que interferem no sucesso dos programas de restauração, como a pressão por herbáceas trepadeiras e herbivoria por insetos que dificultam o estabelecimento e crescimento das mudas. O objetivo do trabalho é investigar como a incidência de herbivoria e a incidência de trepadeiras afetam a sobrevivência e o crescimento de diferentes espécies arbóreas nativas em um projeto de recuperação de área degradada da Caatinga. Foram plantadas 16 espécies nativas da Caatinga em 147 parcelas com 5 níveis de diversidade: 1, 2, 4, 8, 16 espécies. As mudas foram monitoradas ao longo de dois anos. Para todas as espécies obtivemos dados de sobrevivência, crescimento, incidência de herbivoria foliar e incidência de trepadeiras. A sobrevivência diferiu entre as espécies sendo que quatro espécies tiveram sua sobrevivência prejudicada pela incidência de trepadeiras. A incidência de trepadeiras não afetou o crescimento de nenhuma espécie. A incidência de herbivoria afetou positivamente a sobrevivência de duas espécies e negativamente a sobrevivência de uma espécie. Quanto ao crescimento, a incidência de herbivoria afetou positivamente apenas uma das espécies estudadas. Nem a diversidade do plantio, nem sua interação com a incidência de trepadeiras e herbivoria afetaram a sobrevivência e o crescimento das árvores nos estágios iniciais de restauração. Como apenas uma espécie foi afetada pela incidência de herbivoria, uma alternativa simples seria a não utilização de métodos de controle de herbívoros nos primeiros anos de restauração da Caatinga, ou que esses métodos fossem utilizados apenas nas poucas espécies mais susceptíveis. Este trabalho sugere que a diversidade não tem papel relevante para sobrevivência, crescimento e incidência de trepadeira ou herbivoria no início da restauração. Esse experimento demonstra que herbáceas trepadeiras podem ter efeito negativo sobre a sobrevivência de mudas transplantadas, mesmo com remoção anual das trepadeiras presas nas plantas. Desta forma novas técnicas de controle de trepadeiras devem ser desenvolvidas em trabalhos futuros de reflorestamento da Caatinga. Palavras-chave: plantas trepadeiras, restauração da Caatinga, herbivoria, diversidade, semiárido. 7 Abstract Semi-arid ecosystems are highly susceptible to landscape degradation. Among them, the Caatinga is one of the most vulnerable regions. Caatinga restoration has advanced with new successful methods like the use of facilitation and new techniques of planting. Nevertheless, there are after planting problems that interfere with restoration program success, such as climber plant interference and insect herbivory, which frequently have negative impact on transplant survival and growth. This work aims to investigate how insect herbivores and plant climbers affect growth and survival of different native tree species planted in a restoration project implemented at a degradedarea of Caatinga. Sixteen native tree species from Caatinga were planted in 147 plots with 5 diversity levels: 1, 2, 4, 8, 16 species. Seedlings were monitored over a two years period. For all planted individuals we measured survival, growth, incidence of leaf herbivory and incidence of plant climbers. Survival differed between species, however, four species had their survival impaired by the incidence of climbers. Climber occurrence did not affect the growth of any transplanted species. Herbivory has positively affected the survival of two species while one species had its survival negatively affected. Regarding growth, the incidence of herbivory positively affected only one of the studied species. Neither diversity nor its interaction with herbivory and climbers affected tree growth and survival during the initial stages of Caatinga restoration. Because only one plant species was affected by herbivory, we suggest that no method of herbivory control should be applied in the first years of Caatinga restoration, but if applied methods should target the most sensitive species. This work suggests that species diversity does not have a relevant role on the early phases of restoration regarding its influence on survival, growth, incidence of climber and incidence of herbivory of transplanted plants. This experiment shows that plant climbers can have a negative effect on survival of transplanted tree saplings, even after frequent removal management. Therefore, new techniques to control plant climbers should be developed in future Caatinga restoration projects. Key words: plant climbers, Caatinga restoration, herbivory, diversity, semi-arid. 8 Introdução A degradação dos ecossistemas semiáridos é um fenômeno complexo que envolve intensa atividade antrópica e incorre em uma alta susceptibilidade às mudanças climáticas previstas para as próximas décadas (Le Houérou, 1984). Vários problemas que acompanham a degradação da paisagem como a diminuição de produtividade (sobretudo de espécies nativas), perda de habitat, fragmentação, salinização e desertificação afetam diretamente a sustentabilidade ambiental e socioeconômica dos ecossistemas semiáridos (Pimentel et al., 1976; Liu e Shao, 2015). Embora a restauração de áreas degradadas esteja sendo realizada com o intuito de prevenir essa degradação e atenuar os efeitos das mudanças climáticas (Deng et al., 2014), nos ambientes áridos e semiáridos, a recuperação da vegetação na paisagem enfrenta desafios únicos (Wang et al., 2008; Marinho et al., 2016). A disponibilidade de água é o principal fator limitante nessas áreas degradadas afetando diretamente a sobrevivência da vegetação (Wang et al., 2008). Além da limitação hídrica, o pastoreio também é um dos principais responsáveis pela degradação da vegetação da Caatinga (Leal et al., 2005), já que os animais consomem a vegetação verde produzida na estação chuvosa afetando a resiliência da cobertura vegetal (Marinho et al., 2016). A região semiárida mais populosa do mundo é a Caatinga brasileira (Marengo, 2008). É o único ecossistema com limites geográficos restritos ao território Brasileiro e apresenta uma grande contribuição à biodiversidade (Silva et al., 2004). Dados do IPCC (2014) indicam que a Caatinga é uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas. Um estudo de Vieira et al. (2015) evidencia que em 2010 aproximadamente 40% da área de cobertura da Caatinga sofria altos riscos de desertificação. As áreas mais susceptíveis correspondiam aos municípios de Gilbués (PI), Irauçuba (CE), Cabrobó (PE) e Seridó (RN). Estima-se que 50% da cobertura original da vegetação da Caatinga já foi perdida (Antongiovanni et al., 2018) e 15% da região já se encontra desertificada (Castelletti et al., 2004). O processo de desertificação na Caatinga ocorre devido a exploração madeireira, má gestão das áreas de pastoreio, práticas de irrigação inadequadas e uso da terra inapropriado (Cavalvanti e Coutinho, 2005). A recuperação das áreas degradadas se faz necessária para não apenas mitigar a perda de habitat, mas também para garantir a preservação de serviços ecológicos benéficos como a permanência de espécies endêmicas e a manutenção de água potável (Manhães et al., 2017; Leal, 2005). 9 Programas de restauração da Caatinga tendem a ser financeiramente custosos, e devido ao cenário de perturbação extrema e desertificação, apresentam altas taxas de mortalidade de plantas (Perrow e Davy, 2002). A restauração deve lidar com uma lacuna entre a sua pesquisa e prática em campo, que encontra dificuldades em executar a teoria dos modelos planejados por questões operacionais, especialmente em larga escala (Souza e Batista, 2004). Alguns métodos mais atuais e adaptados ao semiárido utilizam plantas enfermeiras que facilitam o estabelecimento das plântulas jovens (Gómez-Aparicio, 2009; Suzán-Azpiri e Sosa, 2006; Paterno et al., 2016, Fagundes et al., 2018). A escassez de água também vem sendo superada por técnicas avançadas de cultivo, como a desenvolvida por Ganade et al. (dados não publicados, link do vídeo na bibliografia). Nessa técnica plantas são cultivadas em tubos de PVC com um metro de comprimento e 7,5 cm de diâmetro, forçando as raízes a se alongarem, podendo assim acessar regiões mais úmidas que se encontram em maior profundidade no solo. Apesar dessa nova técnica ser bem-sucedida, existem outros problemas pós plantio que interferem no sucesso dos programas de restauração, como a influência negativa de herbivoria por insetos e plantas herbáceas trepadeiras. As trepadeiras em geral são bem-sucedidas na competição com espécies arbóreas e arbustivas de sucessão secundária em áreas com elevado distúrbio (Schnitzer et al., 2002). Esse sucesso se deve ao seu grande investimento em crescimento e produção de biomassa, o que leva a um acesso rápido à luz e outros recursos disponíveis na parte superior das florestas (Dubbelden e Oosterbeek, 1995). O fato das áreas restauradas se apresentarem bastante perturbadas, com solos enfraquecidos e incidência solar direta, faz com que esses ambientes ofereçam espaços que podem ser preenchidos por herbáceas trepadeiras de crescimento rápido e alto potencial de dispersão e dominância na comunidade vegetal (Martin et al., 2004). Nos estágios iniciais de recuperação florestal, as trepadeiras podem formar agrupamentos que prejudicam a regeneração da floresta jovem (Uhl et al., 1988). As trepadeiras podem ainda afetar a competição e o crescimento dos forófitos onde se estabelecem devido a sua interferência mecânica (Putz, 1984). Outros problemas causados pelas trepadeiras em suas hospedeiras são: redução de diâmetro, baixa fecundidade e alta mortalidade (Parren e Bongers, 2005). As trepadeiras podem ainda se espalhar horizontalmente e prender as copas das árvores jovens umas às outras, o que pode causar danos em cadeia com a queda concomitante de várias árvores (Putz e Chai, 1987). 10 A herbivoria por insetos pode ter efeito negativo na taxa de crescimento de árvores jovens (Warrington e Whittaker, 1985). Os impactos da perda do tecido aéreo da planta incluem perda de eficiência fotossintética e redução de alocação de carbono e nitrogênio (Bardgett e Wardle 2010). Nos estágios iniciais de estabelecimento de espécies arbóreas, a sensibilidade à herbivoria por insetos é maior do que nos estágios mais tardios (McNaughton, 1983). Além disso, são pouco comuns os casos onde a herbivoria por insetos causa a morte das árvores durante seu processo de estabelecimento (Crawley, 1989). Isto se dá porque a forma como os insetos afetam as plantas é diferente da forma como herbívoros vertebrados atuam, pois esses podem causar morte direta pela remoção ou pisoteio, enquanto que os insetos frequentemente causam perda parcial da cobertura foliar (Ernest, 1989; Passos e Oliveira 2002). Trabalhos queregistraram mortalidade de plantas por herbivoria de insetos mostraram maior impacto em indivíduos com perda de 50% ou mais de tecido foliar (Heitchel e Turner, 1976). Por exemplo, um estudo sobre uma espécie de carvalho Quercus rubra, demonstrou que sua taxa de mortalidade só aumentou após 90% de desfolhamento (Stalter e Serrao, 1983). Alguns estudos também indicam que as plantas herbáceas são mais tolerantes à herbivoria que as espécies arbóreas (Bejer, 1998). É importante salientar que estudos em ambientes semiáridos sobre todos os efeitos listados acima são escassos, e nenhum desses estudos foram realizados na Caatinga brasileira. A maneira pela qual mudas transplantadas são agrupadas no campo em termos de diversidade e composição de espécies poderia influenciar o sucesso de estabelecimento dessas comunidades restauradas. Os próprios efeitos das herbáceas trepadeiras e dos insetos herbívoros podem ser contornados através do uso de espécies arbóreas resistentes, ou do uso de combinações com alta diversidade de espécies em programas de restauração. Algumas espécies arbóreas sofrem menor influência de herbáceas trepadeiras por apresentarem rápido crescimento ultrapassando assim o alcance dessas trepadeiras (Clark e Clark, 1990). Entre as estratégias de tolerância à herbivoria podemos citar o crescimento compensatório de plantas para aumentar sua biomassa (Agrawal, 2000; McNaughton, 1983) e os diferentes atributos espécie-específicos que influenciam as taxas fotossintéticas, de absorção de nutrientes e de crescimento das plantas (Coley et al., 1985; Stowe et al., 2000). O papel da diversidade na resistência da comunidade à herbivoria por insetos pode ser exemplificado nas hipóteses da “concentração de recursos” e “inimigo”, ambas propostas por Root (1973). Na primeira, o plantio em diferentes níveis de 11 diversidade pode dificultar o acesso de insetos herbívoros que localizam melhor o recurso quando este está concentrado, no caso de monoculturas. Já na segunda, uma maior diversidade de plantas torna o ambiente propício ao surgimento de predadores de herbívoros, controlando sua população e assim diluindo a herbivoria. No que tange a resistência à trepadeiras, plantios com maiores diversidades podem ter uma maior quantidade de plantas de crescimento rápido nos estágios iniciais de sucessão. Essas espécies podem criar rapidamente uma copa que proporcione sombreamento, favorecendo o crescimento de plantas tardias e menos resistentes à luz (Kelty, 2006) e diminuindo as condições favoráveis para herbáceas trepadeiras. Objetivo Geral Essa dissertação visa testar como a incidência de herbivoria e a incidência de trepadeiras afetam a sobrevivência e o crescimento de diferentes espécies e em diferentes níveis de diversidade em um projeto de recuperação de área degradada da Caatinga. Desse modo, as seguintes perguntas serão respondidas: 1. Existe diferença na incidência de trepadeiras entre espécies plantadas? 2. Existe diferença na incidência de hebivoria entre espécies plantadas? 3. Existe diferença na sobrevivência e no crescimento entre as espécies plantadas? 4. Existe diferença na sobrevivência e no crescimento entre as parcelas de diferentes níveis de diversidade? 5. A sobrevivência e o crescimento das espécies respondem de forma diferente à incidência de trepadeiras e incidência de herbivoria? 6. A sobrevivência e o crescimento nas parcelas de diferentes níveis de diversidade respondem de forma diferente à incidência de trepadeiras e incidência de herbivoria? Métodos Área de estudo O experimento foi desenvolvido em uma área de 3,3 ha na Floresta Nacional de Açu (05º32’18,81”S – 36º56’49,9”O). A área de estudo era uma antiga fazenda incorporada posteriormente à FLONA de Açu. O histórico de uso de terra no local inclui 12 sucessivos cortes de vegetação, agricultura e pastejo. A área se apresentou degradada por 15 anos sem a regeneração natural de árvores (Figura 1). O clima da região é semiárido com média de precipitação no município de aproximadamente 750.8 mm/ano (IDEMA, 2008). O período chuvoso em Assú ocorre de março a abril (IDEMA, 2008). Na área de plantio ocorrem as trepadeiras Ipomoea longeramosa, Ipomoea bahiensis, Merremia aegyptia, Morremia tuberosa, Centrosena brasilianum, Macrofilium martii, Canavalia brasiliensis e Cardiospermum corindum (Franco, 2014). Os insetos herbívoros registrados na área são das ordens Hemiptera (15 espécies), Orthoptera (16 espécies), Coleoptera (6 espécies), Lepidoptera (7 espécies) e Phasmatodea (2 espécies) (Moura, 2019). Espécies utilizadas Selecionamos 16 espécies arbóreo-arbustivas nativas da Caatinga distribuídas em 10 famílias (Tabela 1). As espécies foram selecionadas seguindo o critério de disponibilidade de sementes e capacidade de produção em casa de vegetação. Germinação e crescimento em casa de vegetação Coletamos as sementes utilizadas na FLONA durante o ano de 2014 e 2015 e armazenamos em sala fria a 16°C para manter a viabilidade à medida que estas eram postas para germinar. Colocamos sementes em número suficiente para germinar até que tivéssemos 600 plântulas estabelecidas de cada uma das 16 espécies. Na casa de vegetação da FLONA, transferimos as plântulas germinadas para tubos de PVC de um metro de comprimento e 75 mm de diâmetro, para que crescessem até que suas raízes atingissem também um metro, técnica desenvolvida por Ganade et al. (dados não publicados). Este procedimento impede altas taxas de mortalidade por escassez de água, condição comum da região semiárida. Isso ocorre porque a raiz da muda chega às camadas mais profundas de solo que se apresentam mais úmidas. No total tivemos cerca de 10 mil mudas para plantio, 4.704 plantas para plantio imediato e o restante para reposição anual dos indivíduos mortos. As plantas permaneceram crescendo em casa de vegetação com irrigação diária por cerca de 6 meses antes do plantio na área degradada. Plantio e coleta de dados O plantio foi realizado no período de maio a julho de 2016. Plantamos 294 indivíduos de cada espécie sob o modelo de “partições aleatórias” (Bell, et al 2009). Nesse modelo cada espécie é retirada do pool disponível de espécies apenas uma vez para cada 13 composição. A ideia é que haja a mesma abundância e o mesmo número de repetições para cada espécie em todo o experimento, para que todas tenham a mesma chance de contribuir para o funcionamento do ecossistema. As plantas foram dispostas em 147 parcelas de 8 x 13 m com 32 indivíduos em cinco níveis de diversidade e diferentes composições (Tabela 2). Cada planta foi plantada há aproximadamente dois metros de distância uma da outra e as parcelas se encontram separadas por aproximadamente dois metros de distância entre si. Apenas as parcelas com 16 espécies possuem 15 réplicas. Por questões de logística, as demais composições foram limitadas a três réplicas. Os dados de sobrevivência foram coletados em julho de 2017, 1 ano após o plantio, contabilizando o número de indivíduos vivos e mortos. Os dados de crescimento representam diferenças em altura das plantas crescendo entre julho de 2017 e julho de 2018. Em 2017 e 2018 foram registrados para todas as 4.704 mudas transplantadas as seguintes variáveis respostas: número de folhas, número de folhas com herbivoria, presença/ausência de trepadeiras enroladas na planta e altura em metros. Ao longo do período de experimento, houve controle de crescimento das trepadeiras por meio de corte direto. Também haviam outras herbáceas e arbustos presentes no estrato herbáceo que não foram medidos nos dois anos de coleta. Para calcular a incidência de trepadeiras e herbivoria por espécie, foi feita uma porcentagem de indivíduos com presença de trepadeiras por espécie dentro de cada parcela e uma porcentagem de folhas herbivoradas em relação as folhas totais de cadaespécie dentro da parcela. Para calcular a incidência de trepadeiras e herbivoria por diversidade, foi feita uma porcentagem de indivíduos com presença de trepadeiras em relação aos indivíduos totais por parcela e uma porcentagem de folhas herbivoradas em relação as folhas totais das plantas na parcela. A sobrevivência e o crescimento entre as espécies e entre os diferentes níveis de diversidade das comunidades também foram avaliadas. Análises estatísticas Foram realizadas 12 ANOVAs one way para testar como a incidência de herbivoria e a incidência de trepadeiras nas mudas transplantadas poderiam ser afetadas pelas espécies da planta, e também como a incidência de herbivoria e a incidência de trepadeiras nas parcelas poderiam ser afetadas pelo nível de diversidade de plantas presentes na parcela. As ANOVAs one way realizadas foram: (1) Y é a incidência de 14 trepadeiras por planta em 2017 e X são espécies de plantas; (2) Y é a incidência de trepadeiras por planta em 2018 e X são as espécies de plantas; (3) Y é a incidência de herbivoria por planta em 2017 e X são as espécies de plantas; (4) Y é a incidência de herbivoria por planta em 2018 e X são as espécies de plantas; (5) Y é a incidência de trepadeiras por parcela em 2017 e X são os níveis de diversidade; (6) Y é a incidência de trepadeiras por parcela em 2018 e X são os níveis de diversidade; (7) Y é a incidência de herbivoria por parcela em 2017 e X são os níveis de diversidade; (8) Y é a incidência de herbivoria por parcela em 2018 e X são os níveis de diversidade; (9) Y é a taxa de sobrevivência por planta e X são as espécies; (10) Y é o crescimento em altura por planta e X são as espécies; (11) Y é a taxa de sobrevivência por parcela e X são os níveis de diversidade; (12) Y é o crescimento em altura médio por parcela e X são os níveis de diversidade. Foram executados quatro Modelos Lineares Generalizados (Generalized linear model, GLM). Antes da execução dos testes as variáveis independentes de incidência de herbivoria e trepadeira foram padronizadas com a função “scale” (Becker, 1988), que calcula a média e desvio padrão para todo o vetor, e então subtrai a média de cada valor e divide pelo desvio padrão. O primeiro teste foi um GLM de erro binomial para testar se a sobrevivência das espécies no primeiro ano respondia de forma diferente em relação à incidência de trepadeiras e incidência de herbivoria: o Y representou a proporção de sobrevivência (indivíduos vivos e indivíduos mortos) e o X representou a interação entre incidência de trepadeira e espécies e a interação entre incidência de herbivoria e espécies. O segundo modelo testou se o crescimento das espécies no primeiro ano respondia de forma diferente em relação à incidência de trepadeiras e a incidência de herbivoria: o Y foi o crescimento em altura e o X a interação entre incidência de trepadeira e espécies e a interação entre incidência de herbivoria e espécies. O terceiro modelo foi também um GLM de erro binomial e testou como a sobrevivência nas parcelas de diferentes níveis de diversidade respondia à incidência de trepadeiras e incidência de herbivoria: o Y foi a proporção de sobrevivência (indivíduos vivos e indivíduos mortos) e o X representou a interação entre incidência de trepadeira e diversidade e a interação entre incidência de herbivoria e diversidade. O quarto modelo testou como o crescimento nas parcelas de diferentes níveis de diversidade respondeu à incidência de trepadeiras e à incidência de herbivoria: o Y representou o crescimento em altura e o X representou a interação entre incidência de trepadeira e diversidade e a interação entre incidência de herbivoria e 15 diversidade. Os modelos de GLM foram utilizados para testar como a incidência de trepadeiras e a incidência de herbivoria afetam a sobrevivência e crescimento das espécies e das parcelas de diferentes níveis de diversidade. Sendo assim, os efeitos isolados da incidência de trepadeiras, da incidência de herbivoria, das espécies e da diversidade não foram considerados no modelo. Todas as análises foram realizadas no R 3.5.1 (R Core Team, 2015), e foi utilizado o pacote “car” (John & Weisberg, 2011) para obter as tabelas de anova os GLM’s. Resultados A incidência de trepadeiras diferiu entre as espécies tanto no primeiro ano (F = 3,63, gl = 15; 525, p < 0,001) quanto no segundo (F = 2,515, Gl = 15; 511, p = 0,001). No primeiro ano, a incidência de trepadeiras foi alta para todas as espécies, estando entre 60% e 100% (Figura 2.A, barras vermelhas). Em comparação ao primeiro ano, a incidência de trepadeiras foi menor no segundo ano. (Figura 2.A, barras cinza). Anadenathera colubrina, Bauhinia cheilantha, Psendobombax margnatum, Amburana cearenses, Zziphus joazeiro, e Cynophala hastata apresentaram incidência de trepadeira abaixo de 40%. Já o restante apresentou incidência de trepadeira entre 40% e 60%. A incidência de herbivoria variou entre as espécies no primeiro (F = 19,56, Gl = 15; 509, p < 0,001) e segundo ano (F = 18,96, Gl = 15; 483, p < 0,001) do experimento. Nos dois anos a maioria das espécies apresentaram incidência de herbivoria entre 50% e 100% (Figura 2.B). No primeiro ano, as espécies com incidência de herbivoria abaixo de 50% foram Ziziphus joazeiro, Cynophala hastata e Sebastiania macrocarpa (Figura 2.B, barras vermelhas). No segundo ano apenas Amburana cearenses, Cochlospermim vitifolium e Sebastiania macrocarpa tiveram menos de 50% das folhas herbivoradas (Figura 2.B, barras cinza). Não houve diferença de incidência de trepadeiras entre os níveis de diversidade em nenhum dos dois anos de experimento (F = 2,303, Gl = 4; 142, p = 0,061; F = 0,521, Gl = 4; 142, p = 0,72). De modo geral, a incidência de trepadeira foi menor no ano de 2018 (Figura 3.A, barras cinza). A incidência de herbivoria também não diferiu entre os níveis de diversidade em nenhum dos anos (F = 1,628, Gl = 4; 142, p = 0,14; F = 1,15, Gl = 4; 142, p = 0,336). 16 No primeiro ano a taxa sobrevivência das mudas diferiu entre as espécies (F = 9,375, Gl = 15; 560, p <0,001). A sobrevivência se dividiu em grupos com espécies com taxas de sobrevivência entre 80% e 95%, entre 60% e 70% e a Amburana cearensis, com pouco menos de 50% (Figura 4.A). No segundo ano o crescimento também diferiu entre as espécies (F = 9,113, Gl = 15;492, p <0,001). A espécie com maior crescimento foi Mimosa tenuiflora. O crescimento médio entre a maioria das espécies variou de 0,1 m a 0,2 m, com exceção da Sebastiana macrocarpa com crescimento quase zero e das espécies Pseudobombax marginatum, Libidibia ferrea, Commiphora leptophloeos e Amburana cearenses que perderam altura (Figura4.B). Para detalhes sobre a altura das espécies nos dois anos, ver ANEXO 1. Tanto a taxa sobrevivência (F = 0,831, Gl = 4; 142, p = 0,507) quanto o crescimento (F = 0,426, Gl = 4; 142, p = 0,79) não diferiram em relação aos níveis de diversidade. A taxa sobrevivência geral entre os níveis de diversidade se manteve próximo de 80% (Figura 5.A). Já o crescimento foi um pouco maior nas parcelas com quatro e 16 espécies, mas a diferença não foi significativa, com um aumento de aproximadamente 0,02m/0,03m (Figura 5.B). A sobrevivência das espécies variou com o aumento da incidência de trepadeiras (F = 2,02, Gl = 15; 477, p = 0,013, Tabela 3). A maioria das espécies demonstrou uma tendência de decréscimo na taxa de sobrevivência em relação ao aumento da incidência de trepadeiras. Contudo, apenas as espécies Anadenanthera colubrina, Cynophala hastata, Amburana cearenses e Mimosa tenuiflora foram significativamente afetadas, com pouco mais de 20% dos indivíduos mortos (Figura 6.C, linhas com asterisco). A incidência de trepadeiras não influenciou na variação do crescimento em altura de nenhuma das espécies (F = 0,447; Gl = 15; 433, p = 0,964, Tabela 4). A taxa sobrevivênciadas espécies variou com o aumento da incidência de herbivoria (F = 2,22, Gl = 15; 477, p = 0,005, Tabela 3). As espécies Sebastiania macrocarpa, Cynophalla hastata e Ziziphus joazeiro foram significativamente afetadas (Figura 7.A e 7.C, linhas com asterisco). Anadenanthera colubrina e Cynophalla hastata tiveram um aumento de sobrevivência em mais de 20% (Figura7.A). A Ziziphus joazeiro teve a taxa de sobrevivência reduzida em mais de 30% (Figura 7.C). A incidência de herbivoria também afetou o crescimento de algumas espécies no experimento (F = 1,72, Gl = 15; 433, p = 0,045, Tabela 4). No entanto, apenas a Libidibia ferrea foi 17 significativamente afetada, com aumento de quase um metro de comprimento em altura (Figura 7.D, linha com asterisco). A sobrevivência dos diferentes níveis de diversidade em relação a incidência de trepadeiras não diferiu estatisticamente (Figura 8.A) (F = 0,29, Gl = 4; 132, p = 0,885, Tabela 5). O crescimento nas parcelas de diferentes níveis de diversidade também não variou em relação ao aumento da incidência de trepadeiras (F = 1,43, Gl = 4; 132, p = 0,227, Tabela 6). Embora as retas também apresentem uma tendência da sobrevivência variar com a incidência de herbivoria nos diferentes níveis de diversidade (Figura 9.A), a mesma não diferiu significativamente (F = 1,25, Gl = 4; 132, p = 0,291, Tabela 5). A herbivoria também não influenciou no crescimento nas parcelas de diferentes níveis de diversidade (F = 0,49, Gl = 4; 132, p = 0,734, Tabela 6). Discussão A incidência de trepadeiras no primeiro ano foi bastante alta em todas as espécies, embora tenha diferido entre espécies. As espécies com menores incidências tiverem pouco mais de 60% de infestação de trepadeira (Ziziphus joazeiro e Cynophala hastata). A presença abundante dessas herbáceas pode indicar que o ambiente ainda se encontra com alto grau de perturbação, devido sua fisiologia adaptada a essas condições (Letcher e Chazdon, 2009). No segundo ano a incidência de trepadeiras foi consideravelmente menor em todas as espécies. A redução na incidência de trepadeiras era esperada por ter havido controle por meio de corte a medida que as trepadeiras se enrolavam nas mudas. Além do controle das trepadeiras, a maior infestação no primeiro ano em relação ao segundo pode indicar também uma redução natural da abundância das trepadeiras pela mudança das condições favoráveis. Um estudo de DeWalt et al. (2000) mostrou que a abundância de trepadeiras declinou com a idade da floresta. Características de florestas mais jovens, como alta temperatura, grande entrada de luz, gradientes de evaporação e menores índices de humidade são bem suportadas por trepadeiras e facilitam sua colonização (Mulkey e Wright, 1996; Putz e Canham, 1992). A maioria das espécies de trepadeiras de ambientes semiáridos também são dispersas pelo vento (Gentry, 1991) e, com o aumento do dossel das espécies hospedeiras, a ação do vento na floresta vai diminuindo e dificultando a dispersão de trepadeiras. As menores incidências de trepadeira em Pseudobombax marginatum e Amburana cearensis, podem estar 18 relacionadas ao diâmetro do caule. Em um trabalho não publicado de Fagundes, essas duas espécies possuem dois dos maiores diâmetros de caule em relação a outras espécies também utilizadas em nosso experimento. A relação da abundância de trepadeiras com o diâmetro do caule já foi reportada (Carsten et al., 2002), contudo, não há muitas evidências de relações espécie específicas entre trepadeiras-hospedeiro que explique o grau de infestação. Do grupo com maiores incidências de herbivoria (60%-90%) no primeiro ano, seis são da família Fabaceae: Poincianella gardneriana, Amburana ceasenses, Bauhinia cheilantha, Libidibia ferrea, Anadenanthera colubruna e Piptadenia stinulacea. Boa parte das Fabaceaes são fixadoras de nitrogênio atmosférico (Lambers et al., 2004). Essas espécies normalmente são preferência dos herbívoros, pelo grau nutritivo foliar que apresentam (Dubey et al., 2011). As espécies não leguminosas que tiveram altas taxas de incidência de herbivoria (Combretum leprosum, Pseudobombax marginatum, Handroanthus impetiginosus e Aspidosperma pyrifolium), poderiam também oferecer nutrientes aos herbívoros por transferência através do solo pelas espécies leguminosas. Um estudo de Ayres et al. (2007), demonstrou que a desfolhação por herbivoria sofrida pela espécie Trifolium repens permitiu o enriquecimento de nitrogênio no solo e, consequentemente, a transferência de nitrogênio para as plantas vizinhas. Já em relação às espécies com menores incidências de herbivoria (40%-60%), algumas possuem compostos fenólicos e taninos que podem repelir ou atrair algumas espécies de herbívoros, como seria o caso de Mimosa tenuiflora (Rivera-Arce et al.,2007), Cochlospermim vitifolium (Sánchez-Salgado et al., 2006) e Ziziphus joazeiro (Brito et al., 2014), mas mesmo assim herbívoros tolerantes a compostos fenólicos devem estar presentes, dado que ainda ocorre a desfolhação. Não encontramos registros na literatura que pudessem explicar os índices de herbivoria das espécies Commiphora leptophloeos, Cynophalla hastata e Sebastiana macrocarpa. No caso da Cynophalla hastata e Sebastiania macrocarpa, as baixas incidências de herbivoria no primeiro ano contrastam com as altas incidências de herbivoria no segundo ano, podemos sugerir que talvez os herbívoros tivessem preferência pelas trepadeiras herbáceas em relação a essas duas espécies hospedeiras. No segundo ano a incidência de herbivoria foi maior para algumas espécies, especialmente em duas das espécies com menores incidências, como Ziziphus joazeiro e Cynophalla hastata. O crescimento na incidência de herbivoria entre primeiro e segundo ano em Ziziphus joazeiro pode ser um indicativo de que com dois anos de 19 experimento podem ter surgido mais herbívoros tolerantes aos compostos fenólicos. Se considerarmos que a incidência de trepadeiras no primeiro ano foi bastante alta no geral, as trepadeiras podem ter diluído a pressão de herbivoria sobre algumas espécies arbóreas, o que talvez não tenha acontecido no segundo ano com a redução significativa da incidência de trepadeiras. Tivemos dois grupos com médias de sobrevivência aproximadas, o primeiro com média entre 80% e 95% e o segundo grupo com média entre 60% e 70%, a Amburana cearensis apresentou a média mais baixa de sobrevivência, com pouco menos de 50%. Os números altos mostram mais uma vez a eficiência do cultivo em tubos de PVC desenvolvido por Ganade (dados não publicados). Era esperado que espécies com estágio sucessional tardio como Sebastiania macrocarpa, Handroanthus impetiginosus (Maia, 2012) e Ziziphus joazeiro (Oliveira et al., 2017) tivessem um desempenho um pouco inferior. Contudo, Anadenanthera colubrina também é uma espécie tardia (Maia, 2012) e teve uma média alta de sobrevivência, por outro lado, Amburana cearensis é uma espécie pioneira (Maia, 2012) e apresentou a menor média de sobrevivência entre todas. A sobrevivência da Amburana cearensis decresceu com o aumento da incidência de trepadeiras. Essa espécie possuía uma das menores médias de altura em relação as outras espécies e como reportado no trabalho de Ramos et al. (2004), ela cresce pouco. Como descrito por Putz (1985), espécies de crescimento lento são mais afetadas pelas trepadeiras. A Ziziphus joazeiro teve sua sobrevivência afetada pela herbivoria, embora tenha tido uma das menores incidências. A espécie possui crescimento lento e defesas fisiológicas, adotando uma estratégia “de baixo-crescimento”, segundo teoria descrita por Coley et al. (1985), logo sua taxa de reposição foliar é lenta, o que pode explicar o modo como a herbivoria provocou um decréscimo em sua sobrevivência. Cynophalla hastata teve sua sobrevivência afetada positivamente pela incidência de herbivoria e negativamentepela incidência de trepadeiras, e a Sebastiania macrocarpa também foi positivamente afetada pela herbivoria, reforçando a possibilidade da herbivoria diluir o efeito das trepadeiras para algumas espécies. A teoria da “resistência associativa” (Tahvanainen e Root 1972), relata que uma planta não muito palatável pode ser ignorada pelos herbívoros caso esteja associada a outra planta mais palatável, assim o efeito da herbivoria seria diluído, e poderia mesmo ser positivo, auxiliando uma planta na competição contra outra. Além disso, em algumas espécies, a herbivoria pode estimular o aumento do fitness da planta, em uma sobre compensação (Agrawal, 2000; 20 McNaughton). A Anadenathera colubrina e Mimosa tenuiflora tiveram suas sobrevivências reduzidas pelas trepadeiras, contudo, ambas estavam entra as maiores médias de sobrevivência. Elas possuem crescimento rápido e são boas competidoras pelas características pioneiras, assim, ganham vantagem sobre as trepadeiras. O crescimento diferiu entre as espécies estudadas, mas não houve qualquer relação com a incidência de trepadeiras e apenas Libidibia ferrea teve o crescimento influenciado pela incidência de herbivoria. A Mimosa tenuiflora teve o maior crescimento em comparação a todas as outras espécies. Essa espécie tem facilidade em colonizar áreas degradadas (Araújo Filho e Carvalho, 1996) e em outros estudos também apresentou maior crescimento e sobrevivência em comparação a outras espécies pioneiras (Sales, 2008; Figueiredo, 2010). Anadenanthera colubrina, Piptadenia stinulacea e Cochlospermum vitifolium são plantas pioneiras (Maia, 2012) que não apresentaram um crescimento tão forte quanto Mimosa tenuiflora, mas estavam na média de crescimento positivo das demais, e elas também configuravam entre as espécies mais altas nos dois anos de monitoramento. Handroanthus impetiginosus e Ziziphus joazeiro são espécies com alta demanda de luz (Oliveira et al., 2012), e a redução nas trepadeiras pode ter permitido o seu crescimento no segundo ano. A Libidibia ferrea teve a maior redução de altura no segundo ano e também foi positivamente afetada pela herbivoria, aumentando sua altura. Ela também era uma das espécies mais altas do experimento, e estava entre as espécies com maiores taxas de sobrevivência. A herbivoria pode afetar o crescimento e a forma da planta sem afetar sua sobrevivência (Crawley, 1989). A redução de altura na Libidibia ferrea pode ter sido provocada pela herbivoria, e seguida de posterior compensação, visto que a altura passou a aumentar com a incidência de herbivoria. Ou a redução pode ser resultado da inibição (Quinn e Dunham 1983) por parte de herbáceas presentes no momento do monitoramento e que não foram medidas. Essas herbáceas podem ter inibido também o crescimento da Pseudobombax marginatum, Combretum leprosum, Sebastiania macrocarpa e Amburana cearensis, visto que também perderam altura (por morte e quebra) e não tiveram qualquer relação com a incidência de trepadeiras e herbivoria. Não houve diferença na sobrevivência e crescimento entre os níveis de diversidade. A incidência de trepadeiras e de herbivoria também não influenciou a sobrevivência ou o crescimento das espécies nos diferentes níveis de diversidade. Esperávamos encontrar um nível de diversidade onde houvesse um aumento da 21 produtividade (Tilman et al., 1996; Hector et al., 1999) que promovesse maior tolerância à incidência de trepadeiras e herbivoria e, consequentemente, proporcionaria maior sobrevivência e crescimento. O aumento da diversidade também diminuiria a “concentração de recursos” e poderia trazer predadores para os herbívoros (Root, 1973), fazendo com que a herbivoria fosse menor nas parcelas com maior diversidade. No entanto, a comunidade em recuperação ainda é jovem, e seria necessário esperar mais alguns anos para a diversidade atuar no funcionamento do ecossistema. O efeito da concentração de recursos não foi observado nesse trabalho. Muitos são os fatores que podem influenciar a atração dos herbívoros por monoculturas, como as características da planta hospedeira e as necessidades dos herbívoros (Root, 1973). No que diz respeito a herbivoria ser menor nas parcelas com maior diversidade devido à atração dos inimigos naturais dos herbívoros, esse padrão não foi constatado neste estudo. A probabilidade de predadores naturais dos herbívoros aparecerem depende da complexidade do habitat (Root, 1973) e a complexidade do habitat aumenta com a sua idade (Larsen et al. 2008; Bradford e Kastendick, 2010). A comunidade no experimento ainda é jovem, e é provável que predadores venham a aparecer com o tempo. Conclusão Este trabalho nos deu uma importante visão do que acontece nos primeiros anos de um projeto de restauração. Inicialmente a infestação por herbáceas trepadeiras será alta devido as condições favoráveis. O controle de herbáceas por corte será necessário, mas com um plantio bem estabelecido e com grande sobrevivência das espécies, a incidência de trepadeiras poderia ir diminuindo com o tempo. A incidência de trepadeiras se mostrou negativa apenas para quatro espécies e a incidência de herbivoria para uma. É uma opção utilizar apenas as espécies que não foram afetadas ou que mesmo afetadas, mantiveram sua sobrevivência e crescimento altos. Bibliografia Agrawal A. A. (2000) Over compensation of plants in response to herbivory and the by- product benefits of mutualism. Trends Plant Sci (5), 309–313. 22 Antongiovanni, M., Venticinque, E. M. e Fonseca, C. R. (2018) Fragmentation patters of the Caatinga drylands. Landscape Ecol. (8), 1353-1367. Araújo Filho, J. A. e Carvalho, F. C. (1996) Desenvolvimento sustentado da caatinga. In: Alvarez V., V. H., Fontes, L.E.F. e Fontes, M.P.F., eds. O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado. 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Família Nome científico Nome popular Sigla Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Pereiro A.pyr Bignoniaceae Handroanthus impetiginosus Ipê-roxo H.imp Bixaceae Cochlospermum vitifolium Algodão C.vit Burseraceae Commiphora leptophloeos Imburana C.leo Capparaceae Cynophala hastata Feijão-bravo C.has Combretaceae Combretum leprosum Mofumbo C.lep Euphorbiaceae Sebastiania macrocarpa Burra-leiteira S.mac Fabaceae - Caesalpinoideae Bauhinia cheilantha Mororó B.che Fabaceae - Caesalpinoideae Libidibia ferrea Jucá L.fer Fabaceae - Caesalpinoideae Poincianella gardneriana Catingueira P.gar Fabaceae - Mimosoideae Anadenanthera colubrina Angico-vermelho A.col Fabaceae - Mimosoideae Mimosa tenuiflora Jurema-Preta M.ten Fabaceae - Mimosoideae Piptadenia stinulacea Jurema-branca P.sti Fabaceae - Papilionoideae Amburana cearensis Cumaru A.cea Malvaceae Pseudobombax marginatum Imbiratanha P.mar Rhamnaceae Ziziphus joazeiro Joazeiro Z.joa 31 Tabela 2: As parcelas foram organizadas de forma que cada composição possuísse três réplicas, com exceção das parcelas com 16 espécies. Inicialmente todas as composições teriam 15 réplicas, mas por limitações logísticas houve necessidade de permanecer nas três réplicas para a maioria das composições. N espécies Réplicas Total 1 3 48 2 3 48 4 3 24 8 3 12 16 15 15 147 32 Tabela 3: Tabela do GLM de erro binomial referente a taxa de sobrevivência de cada espécie em relação à taxa de herbivoria e percentual relativo de trepadeiras. Fator Gl F P Herbivoria 1 0,142 = 0,707 Trepadeira 1 0,120 = 0,729 Espécie 15 36,771 < 0,001*** Herbivoria:Espécie 15 2,22 = 0,005** Trepadeira:Espécie 15 2,022 = 0,013* 33 Tabela 4: Tabela do GLM referente à resposta em crescimento de cada espécie em relação à incidência de herbivoria e incidência de trepadeiras. As variáveis utilizadas foram a porcentagem de trepadeira por espécie dentro da parcela, a porcentagem de herbivoria por espécie dentro da parcela e o crescimento em altura de cada espécie dentro da parcela. Os efeitos isolados das variáveis não foram considerados para os resultados. Fator Gl F P Herbivoria 1 0,012 = 0,913 Trepadeira 1 0,018 = 0,894 Espécie 15 8,966 < 0,001*** Herbivoria:Espécie 15 1,716 = 0,045* Trepadeira:Espécie 15 0,447 = 0,964 34 Tabela 5: Tabela do GLM referente à resposta em sobrevivência de cada nível de diversidade em relação à incidência de herbivoria e incidência de trepadeiras. As variáveis utilizadas foram a porcentagem de trepadeira por parcela, a porcentagem de herbivoria por parcela e a sobrevivência definida pela proporção entre indivíduos vivos e mortos dentro de toda a parcela. Os efeitos isolados das variáveisnão foram considerados para os resultados. Fator Gl F P Herbivoria 1 0,271 = 0,603 Trepadeira 1 0,599 = 0,44 Diversidade 4 0,469 = 765 Herbivoria:Diversidade 4 1,255 = 0,291 Trepadeira:Diversidade 4 0,288 = 0,885 35 Tabela 6: Tabela do GLM referente à resposta em crescimento de cada nível de diversidae em relação à incidência de herbivoria e incidência de trepadeiras. As variáveis utilizadas foram a porcentagem de trepadeira por parcela, a porcentagem de herbivoria por parcela e o crescimento em altura por parcela. Os efeitos isolados das variáveis não foram considerados para os resultados. Fator Gl F P Herbivoria 1 3,317 = 0,071 Trepadeira 1 10,497 = 0,002** Diversidade 4 0,5014 = 0,735 Herbivoria:Diversidade 4 0,489 = 0,734 Trepadeira:Diversidade 4 1,430 = 0,227 36 Figura 1: Mapa de acesso ao experimento através da Floresta Nacional de Açu e imagem aérea do experimento mostrando as parcelas experimentais. 37 Figura 2: A. Incidência de trepadeiras por espécie no ano de 2017 (barras vermelhas) e 2018 (barras cinza). B. Incidência de herbivoria por espécie no ano de 2017 (barras vermelhas) e 2018 (barras cinza). Para nomes completos das espécies ver Tabela 1. Os dados de 2017 e 2018 foram plotados juntos com intuito comparativo visual. As ANOVA’s de 2017 e 2018 foram plotadas no mesmo gráfico para efeito comparativo. As barras de erro são do erro padrão. 38 Figura 3: A. Incidência de trepadeira por nível de diversidade no ano de 2017 (barras vermelhas) e 2018 (barras cinza). B. Incidência de herbivoria por nível de diversidade no ano de 2017 (barras vermelhas) e 2018 (barras cinza). As ANOVA’s de 2017 e 2018 foram plotadas no mesmo gráfico para efeito comparativo. As barras de erro são do erro padrão. 39 Figura 4: A. Sobrevivência por espécie no ano de 2017. B. Crescimento por espécie do ano de 2017 para o ano de 2018. Para nomes completos das espécies ver Tabela 1. Barras de erro padrão presentes no gráfico. 40 Figura 5: A. Sobrevivência por nível de diversidade no ano de 2017. B. Crescimento por nível de diversidade do ano de 2017 para o ano de 2018. Barras de erro padrão presentes no gráfico. 41 Figura 6: Sobrevivência (A, B e C) e crescimento (D) das diferentes espécies em relação à incidência de trepadeiras. 42 Figura 7: Sobrevivência (A, B e C) e crescimento (D, E e F) das diferentes espécies em relação à incidência de herbivoria. 43 Figura 8: Sobrevivência (A) e crescimento (B) nos diferentes níveis de diversidade em relação à incidência de trepadeiras. 44 Figura 9: Sobrevivência (A) e crescimento (B) nos diferentes níveis de diversidade em relação à incidência de herbivoria. 45 ANEXO 1 Altura média (m) das espécies no primeiro e no segundo ano de monitoramento. Espécie 1° Ano 2° Ano Amburana cearensis 0,46 0,48 Anadenanthera colubrina 0,80 1,19 Aspidosperma pyrifolium 0,90 0,54 Bauhinia cheilantha 0,64 0,69 Cochlospermum vitifolium 0,83 1,03 Combretum leprosum 0,87 0,87 Commiphora leptophloeos 0,93 1,00 Cynophala hastata 0,65 0,61 Handroanthus impetiginosus 0,69 0,67 Libidibia ferrea 0,89 1,45 Mimosa tenuiflora 0,86 1,98 Piptadenia stinulacea 0,83 1,89 Poincianella gardneriana 0,69 0,57 Pseudobombax marginatum 0,95 0,75 Sebastiania macrocarpa 0,66 1,19 Ziziphus joazeiro 0,59 0,78
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