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Relacaoentrecomposicao-Nascimento-2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA 
 
 
 
 
 
RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL, BAIXA MASSA 
MUSCULAR E DESEMPENHO FÍSICO EM MULHERES DE MEIA-
IDADE E IDOSAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL 
 
 
 
 
 
RAFAELA ANDRADE DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2019
ii 
 
RAFAELA ANDRADE DO NASCIMENTO 
 
 
 
 
RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL, BAIXA MASSA 
MUSCULAR E DESEMPENHO FÍSICO EM MULHERES DE MEIA-
IDADE E IDOSAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Fisioterapia da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, como pré-requisito à obtenção do 
Título de Doutora em Fisioterapia. 
Orientador: Prof. Dr. Álvaro Campos 
Cavalcanti Maciel. 
Coorientadora: Prof. Dra. Saionara 
Maria Aires da Câmara. 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2019 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
iv 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia: 
Profª. Dra. Ana Raquel Rodrigues Lindquist 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2019 
v 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA 
 
 
 
RELAÇÃO ENTRE COMPOSIÇÃO CORPORAL, BAIXA MASSA 
MUSCULAR E DESEMPENHO FÍSICO EM MULHERES DE MEIA-
IDADE E IDOSAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
Prof. Dr. Álvaro Campos Cavalcanti Maciel (Presidente da Banca) – UFRN 
Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra (Membro Interno) – UFRN 
Profª Dra. Mª Thereza Albuquerque B. Cabral Micussi (Membro Interno) – UFRN 
Prof. Dr. Diego de Souza Dantas (Membro externo) – UFPE 
Dra. Ingrid Guerra Azevedo (Membro externo) – HUAB / HMWG 
 
 
 
 
 
NATAL-RN 
2019 
vi 
 
RESUMO 
Introdução: Dentre as mudanças clinicamente significativas que ocorrem 
durante o envelhecimento feminino, destacam-se aquelas que alteram a 
composição corporal, levando à diminuição da massa muscular e densidade 
óssea e também ao aumento da massa gorda, com modificações no padrão de 
distribuição da gordura corporal. Essas alterações causam impactos 
significativos no sistema musculoesquelético, com diminuição da força muscular 
e prejuízos no desempenho físico, capacidade funcional e na saúde das 
mulheres, a partir de meia-idade. Objetivo: Analisar a relação entre composição 
corporal, baixa massa muscular e desempenho físico em mulheres de meia-
idade e idosas residentes na comunidade. Métodos: Trata-se de um estudo 
observacional, analítico, de caráter transversal e natureza epidemiológica. A 
população foi constituída por mulheres com idade entre 40 e 80 anos, residentes 
nos municípios de Parnamirim e Santa Cruz, estado do Rio Grande do Norte, 
Brasil. A amostra fonte do estudo foi composta de 708 mulheres. Em seguida, 
para cada estudo realizado foi utilizado uma amostra alvo, sendo no primeiro 
artigo de 593 mulheres e no segundo de 368 mulheres. Foram realizadas coletas 
para a dosagem bioquímica, avaliações da composição corporal e desempenho 
físico, além da coleta de dados sociodemográficos, socioeconômicos e a prática 
regular de atividade física. Para as análises estatísticas, foram utilizadas 
medidas de tendência central e de dispersão, teste t de Student, Curva ROC, 
qui-quadrado, regressão logística, correlação de Pearson e correlação canônica. 
As variáveis dependentes do estudo foram baixa massa muscular, força de 
preensão palmar, velocidade de marcha, teste de sentar e levantar e escore total 
do SPPB (Short Physical Performance Battery). O grupo de variáveis 
vii 
 
independentes foi composta pelos índices antropométricos de adiposidade: IMC 
(índice de massa corporal), CC (circunferência de cintura), RCQ (relação cintura-
quadril), RCA (relação cintura-altura), IC (índice de conicidade), BAI (índice de 
adiposidade corporal), VAI (índice de adiposidade visceral) e LAP (produto de 
acumulação lipídica). Resultados: O resultado da presente tese originou dois 
artigos científicos. Quanto ao primeiro artigo pode-se observar que os pontos de 
corte dos índices antropométricos foram capazes de identificar a presença de 
baixa muscular (p<0,05), com exceção apenas do VAI. Após as análises de 
regressão, os índices CC, RCQ, RCA e BAI, estiveram associados a um maior 
risco de apresentar baixa massa muscular (6,2; 1,8; 5,0 e 14,5 respectivamente). 
Em relação ao segundo artigo, as três primeiras funções canônicas 
apresentaram significância estatística, sendo as mesmas responsáveis por 
97,54% da variância compartilhada entre os dois conjuntos de variáveis. No 
entanto, a primeira função foi a que melhor estimou a variância compartilhada, 
além de apresentar maior correlação canônica e maior índice de redundância (% 
variância cumulativa = 82,52, Lambda de Wilks = 0,66, correlação canônica = 
0,532, p valor <0,001). A partir da análise da primeira função canônica foi 
observada correlação inversa entre o IC (-0,59) com a força de preensão palmar 
(0,84) e o SPPB (0,68), além de correlação direta com a velocidade da marcha 
(-0,43). Conclusões: As alterações na composição corporal durante o processo 
de envelhecimento feminino estão associadas a baixa massa muscular e queda 
no desempenho físico em mulheres de meia-idade e idosas. Os pontos de corte 
dos índices antropométricos de adiposidade criados são eficazes na 
identificação de baixa massa muscular, evidenciando que incrementos nesses 
índices aumentam a chance de apresentar baixa massa muscular. Além do mais, 
viii 
 
pode-se observar que o desempenho físico sofre influência significativa das 
mudanças na composição corporal que ocorrem com o decorrer da idade. Os 
resultados apresentados possuem importante relevância clínica, uma vez que o 
melhor entendimento sobre essa temática é fundamental para fornecer subsídios 
científicos para o planejamento de políticas públicas de saúde, auxiliando a 
identificar e agir de forma preventiva nas mulheres com maior risco de apresentar 
baixa massa muscular. 
Palavras-chaves: envelhecimento, composição corporal, adiposidade, 
antropometria, força muscular, desempenho físico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
ABSTRACT 
Background: Among the clinically significant changes that occur during female 
aging, it is highlighted those that alter body composition and leads to decrease in 
muscle mass and bone density, as well as increase in fat mass, with changes in 
body fat distribution pattern. These changes cause significant impacts on the 
musculoskeletal system, with reduction of the muscle strength, impairments on 
physical performance, functional capacity and health of women from middle 
age. Objective: To analyze the relationship between body composition, low 
muscle mass and physical functional performance in middle-aged and elderly 
women living in the community. Methods: This is an observational, analytical and 
cross-sectional study with an epidemiological nature. The population consisted 
of women aged 40 to 80 years, residing in Parnamirim and Santa Cruz, state of 
Rio Grande do Norte, Brazil. The source sample of the study was composed of 
708 women. Then, for eavh study performed, a target sample was used, with 593 
women in first artivle and 368 women in the second. The data collection consist 
of biochemical dosage, body composition and physical performance evaluations. 
In addition, sociodemographic and socioeconomic data and regular practice of 
physical activity were also collected. For statistical analysis, measures of central 
tendency and dispersion, Student's t-test, ROC curve, chi-square, logistic 
regression, Pearson correlation and canonical correlation were used. The 
dependent variables of the study were low muscle mass, handgrip strength, 
walking speed, sitting and standingtest and total Short Physical Performance 
Battery (SPPB) score. The group of independent variables were composed by 
adiposity anthropometric indices: BMI (body mass index), WC (waist 
circumference), WHR (waist-hip ratio), RCA (waist-height ratio), CI (taper index), 
x 
 
BAI (body adiposity index), VAI (visceral adiposity index) and LAP (lipid 
accumulation product). Results: The results of this thesis created two scientic 
articles. Regarding the results of the first article, it was observed that the adiposity 
anthropometric indices cut-off points were able to identify the presence of low 
muscle (p <0.05), except for VAI only. After regression analysis, the CC, WHR, 
RCA and BAI indices were associated with a higher risk of low muscle mass (6.2; 
1.8; 5.0 and 14.5 respectively). Regarding the second article, the first three 
canonical functions were statistically significant. These accounted for 97.54% of 
the shared variance between the two sets of variables. However, the first function 
presented the best estimate of the shared variance. Moreover, it presented the 
highest canonical correlation and the highest redundancy index (percentage 
cumulative variance = 82.52, Wilks Lambda = 0.66, canonical correlation = 0.532, 
p value <0.001). From the analysis of the first canonical function, an inverse 
correlation was observed between the CI (-0.59) and handgrip strength (0.84) 
and SPPB (0.68), besides direct correlation with walking speed (-
0.43). Conclusions: Changes in body composition during women aging are 
related to decreasing of muscle mass and physical performance in middle-aged 
and elderly women. The cut-off points of the adiposity anthropometric indices 
created are effective in identifying low muscle mass. This shows that the 
increasing of these indices would increase the chance of present low muscle 
mass. Moreover, it was observed that physical performance is influenced by 
changes in body composition that occur with the rise in age. The results 
presented important clinical relevance. A better understanding of this theme is 
fundamental to provide scientific support for the planning of public health policies. 
xi 
 
Keywords: aging, body composition, adiposity, anthropometry, muscle strength, 
physical functional performance. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xii 
 
Lista de Figuras 
 
Figura 1: Mapa da localização do município de Parnamirim 
Figura 2: Mapa da localização do município de Santa Cruz 
Figura 3: Fluxogramas para seleção amostral 
Artigo 01 - Figura 1: Curvas ROC das medidas antropométricas para o rastreio 
de baixa massa muscular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiii 
 
Lista de Tabelas 
 
Tabela 01: Lista das variáveis independentes 39 
Tabela 02: Lista de variáveis dependentes 40 
ARTIGO 01 
Tabela 01: Análise Descritiva (n=593). Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 66 
Tabela 02: Comparação dos valores dos índices antropométricos de 
adiposidade segundo a presença ou ausência de baixa massa muscular. 
Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 
67 
Tabela 03: Área sob a curva ROC (IC 95%), ponto de corte, sensibilidade e 
especificidade dos índices antropométricos de adiposidade para 
identificação de baixa massa muscular. Parnamirim/Santa Cruz, 2019 
68 
Tabela 04: Associação entre os índices antropométricos de adiposidade e 
baixa massa muscular segundo as covariáveis. Parnamirim/Santa Cruz, 
2019 
70 
ARTIGO 02 
Tabela 01: Análise Descritiva (n=368). Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 100 
Tabela 02: Correlações entre os índices antropométricos e as variáveis de 
desempenho físico em mulheres de meia-idade e idosas. Parnamirim/Santa 
Cruz, 2019. 
101 
Tabela 03: Análise de correlação canônica entre os índices antropométricos 
de adiposidade e as variáveis de desempenho físico em mulheres de meia-
idade e idosas. Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 
103 
Tabela 04: Correlações canônicas entre os índices antropométricos de 
adiposidade e as variáveis de desempenho físico em mulheres de meia-
idade e idosas. Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 
104 
 
xiv 
 
Lista de Abreviaturas 
 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
DEXA – Densitometria por Dupla Emissão de Raios-X 
TC – Tomografia Computadorizada 
IMC – Índice de Massa Corporal 
CC – Circunferência de Cintura 
CQ – Circunferência de Quadril 
RCQ – Relação Cintura-Quadril 
RCA – Relação Cintura-Altura 
IC – Índice de Conicidade 
BAI – Índice de Adiposidade Corporal 
VAI – Índice de Adiposidade Visceral 
LAP – Produto de Acumulação Lipídica 
ASM – Appendicular Skeletal Muscle Mass 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
FACISA – Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi 
HUAB – Hospital Universitário Ana Bezerra 
SM – Salário Mínimo 
DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos 
TG – Triglicerídeos 
HDL - Lipoproteínas de Alta Densidade 
SPSS – Statistical Package for the Social Science 
ROC – Receiver Operator Characteristics 
 
xv 
 
LISTA DE APÊNDICES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apêndice A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 132 
Apêndice B - Ficha de Avaliação 134 
xvi 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus e minha 
família, em especial meu pai 
(in memoriam), por me 
guiarem no caminho do amor 
e da honestidade e por serem 
sempre incentivo nos 
momentos de incertezas. 
 
xvii 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus, por me iluminar e sempre renovar minha fé. 
À minha família, pelo amor e apoio incondicional, por entenderem minha 
ausência e por compartilharem cada conquista minha como se fossem suas. 
Ao meu marido e sua família, pela paciência, compreensão e incentivo. 
Ao meu filho, por me fazer uma pessoa melhor diariamente. 
Aos membros da banca, Dr.a Ingrid, Prof.a Thereza, Prof. Ricardo e Prof. 
Diego pela disponibilidade, atenção e importantes considerações a este trabalho. 
Ao meu orientador, Prof. Álvaro Campos, pelos inúmeros ensinamentos, 
parceria e por compreender minhas limitações devido as jornadas de trabalho ao 
longo de todos esses anos. 
À Prof.a Mayle e a minha coorientadora Prof.a Saionara, por todo o 
conhecimento e ajuda desde a época do mestrado. 
Ao Lab 07, em especial Mari, Rafa Silva e Juliana pelo companheirismo e 
pelos desabafos sobre a vida acadêmica. 
Aos funcionários do Departamento de Fisioterapia, por sempre fazerem o 
possível para nos ajudar. 
Aos meus amigos e aos colegas de trabalho, por me auxiliarem nessa 
árdua tarefa de estudar e trabalhar, tornando a caminhada menos difícil. 
A todos os mestres, pelo conhecimento disseminado e fundamental para 
que me tornasse uma profissional consciente das minhas condutas. 
A todos os pacientes, muitos dos quais criei vínculos que mantenho até 
hoje, pelos ensinamentos de vida. 
E por fim, a todas as mulheres e funcionários envolvidos nesta pesquisa, 
por contribuírem para a melhoria do conhecimento científico. 
xviii 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO 19 
 1.1. Envelhecimento Feminino 20 
 1.2. Composição Corporal 22 
 1.3. Alterações do Sistema Musculoesquelético 24 
 1.4. Desempenho Físico 26 
2. JUSTIFICATIVA 29 
3. OBJETIVOS 32 
 3.1. Objetivo geral 33 
 3.2. Objetivos específicos 33 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 34 
 4.1. Delineamento do Estudo 35 
 4.2. Aspectos Éticos 35 
 4.3 Locais do Estudo 36 
 4.4 População e Amostra 37 
 4.5 Critérios de elegibilidade 38 
 4.6 Variáveis do Estudo 39 
 4.7 Instrumentos e Procedimentos 41 
4.7.1 Características sociodemográficas e socioeconômicas 42 
4.7.2 Prática Regular de Atividade Física 43 
4.7.3 Dosagem Bioquímica 43 
4.7.4 Medidas de Composição corporal 43 
4.7.5 Baixa Massa Muscular 46 
4.7.6 Desempenho Físico 47 
xix 
 
4.8 AnáliseEstatística 49 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 51 
6. CONCLUSÕES 117 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 119 
APÊNDICES 131 
ANEXOS 137 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
20 
1.1 Envelhecimento Feminino 
O envelhecimento é um processo discreto e lento que acompanha os 
indivíduos durante toda a vida e se baseia tanto no declínio progressivo das 
capacidades funcionais (MILJKOVIC et al., 2015), quanto na maior incidência de 
processos patológicos que podem acarretar à morte (FERREIRA et al., 2012). 
É explícito que o envelhecimento populacional nos últimos anos é 
decorrente, principalmente, do aprimoramento científico-tecnológico e/ou por 
melhoria das condições de vida (MARIA et al., 2017). Ademais, essa situação é 
consequência da rápida e contínua queda da fecundidade, sendo influenciada 
também pela redução da mortalidade em todas as idades (WHO, 2010). 
Durante este processo ocorrem mudanças graduais em todos os sistemas 
biológicos, as quais acarretam prejuízos físicos, funcionais, cognitivos e sociais 
(CARMELI, 2017). Essas modificações diminuem a capacidade de adaptação ao 
meio ambiente (FERREIRA et al., 2012) e favorecem o aumento de condições 
adversas, como a presença de doenças crônicas e diminuição da funcionalidade, 
com impactos negativos na qualidade de vida (ASADUROGLU et al., 2015; 
GLEIZE et al., 2015). 
Além disso, o envelhecimento altera a vida dos indivíduos, as dinâmicas 
e as estruturas familiares, trazendo maiores vulnerabilidades, que são 
diferenciadas por idade, raça, regiões geográficas, bem como pelas capacidades 
básicas adquiridas ao longo do curso da vida e pelo contexto social em que 
esses indivíduos estão inseridos (CAMARANO, 2005). 
Atualmente, vem sendo observado uma feminização do envelhecimento 
populacional, uma vez que as mulheres apresentam uma expectativa de vida 
 
 
 
21 
maior que a dos homens (RAJASI et al., 2016). Segundo o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, a população de idosos era de 30,2 
milhões, sendo as mulheres maioria nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos 
idosos), enquanto os homens idosos representavam 13,3 milhões (44% do 
grupo) (IBGE, 2017). 
Esse fato tem despertado interesse pelas questões relacionadas ao 
envelhecimento feminino, levando-se em consideração que os aspectos 
conceituais do envelhecimento diferem entre os gêneros (LIMA; BUENO, 2009). 
Devido à população feminina apresentar maior expectativa de vida se 
comparada à masculina, as mulheres convivem mais tempo com situações 
crônicas, o que limita a capacidade física e, consequentemente, afeta a 
qualidade de vida (SANTOS; DANTAS; MOREIRA, 2011). 
Nesse contexto, faz-se necessário um olhar mais ampliado, pois as 
mulheres além de apresentarem maior propensão às alterações fisiológicas, 
apresentam maior isolamento social e transtornos emocionais devido a fatores 
como aposentadoria, viuvez, dentre outros (LIMA; BUENO, 2009). 
Destaca-se ainda nas mulheres, a ocorrência de um importante marco 
biológico, que é a menopausa, no qual há a passagem da fase reprodutiva para 
a não-reprodutiva (FERREIRA et al., 2013), com importantes consequências 
fisiológicas, físicas e psicológicas (EL KHOUDARY et al., 2014). 
A menopausa representa a cessação permanente da menstruação, 
resultante da perda de atividade folicular ovariana, sendo precedida por um 
período de irregularidade do ciclo menstrual, conhecido como transição 
menopausal, que geralmente começa a partir da meia-idade (MESSIER et al., 
 
 
 
22 
2011). Ao longo dessa transição, ocorre diminuição dos níveis de hormônios 
sexuais, causando alterações relevantes na composição corporal e no sistema 
musculoesquelético (MALTAIS; DESROCHES; DIONNE, 2009), predispondo 
essa parcela da população a maiores níveis de fragilidade, comprometimento 
funcional e incapacidades (ASADUROGLU et al., 2015). 
 
1.2 Composição Corporal 
Dentre as mudanças clinicamente mais significativas que ocorrem durante 
o envelhecimento feminino, destacam-se as hormonais, que culminam em 
importantes alterações na composição corporal (ZSAKAI et al., 2016). Durante 
esse período, há diminuição dos hormônios sexuais, em particular o estradiol, 
levando à diminuição da massa magra, da densidade óssea e também ao 
aumento da massa gorda, com modificações no padrão de distribuição da 
gordura corporal (BEA et al., 2011; MOREIRA et al., 2016; SOWERS et al., 2007; 
VILAÇA et al., 2012). Como consequência, há um maior acúmulo de adipócitos, 
particularmente depositados na região intra-abdominal (visceral), causando um 
efeito negativo sobre a saúde das mulheres a partir da meia-idade (DE MORAIS 
et al., 2017). 
Quanto ao tecido adiposo, sabe-se que este desempenha não apenas 
função de armazenamento de energia sob a forma de gordura (HARTZ; HE; 
RIMM, 2012; SOWERS et al., 2007), mas também auxilia na produção de vários 
hormônios, funcionando como um órgão endócrino e se configurando, dessa 
 
 
 
23 
forma, como um contribuinte ativo para alterações nos perfis metabólicos que 
afetam a saúde (HARTZ; HE; RIMM, 2012; ZSAKAI et al., 2016). 
Adicionalmente, outra característica metabólica é o aumento do conteúdo 
de lipídios no tecido muscular, ocasionando um aumento do estado inflamatório 
crônico por meio da secreção de citocinas pró-inflamatórias, contribuindo para o 
catabolismo muscular (MARTINS et al., 2012; MESSIER et al., 2011; RIVAS et 
al., 2016). 
 No Brasil, é notório o aumento nas taxas de sobrepeso e obesidade 
devido a mudanças no consumo nutricional nas últimas décadas (ANDRADE et 
al., 2016). Também deve-se levar em consideração que o estilo de vida e a falta 
de atividade física regular parecem estar ligados ao ganho de peso que ocorre 
durante o envelhecimento feminino (DE MORAIS et al., 2017). 
Para a avaliação do acúmulo e distribuição da gordura corporal, os 
métodos mais recomendados são a densitometria por dupla emissão de raios-X 
(DEXA) e a tomografia computadorizada (TC), os quais são mais precisos, 
porém dispendiosos e complexos (FARIA et al., 2018). Na indisponibilidade 
desses métodos, os índices antropométricos de adiposidade parecem ser uma 
boa alternativa para determinação da composição corporal (SANADA et al., 
2018). 
Neste sentido, diversos índices antropométricos têm sido utilizados na 
literatura tanto para avaliação da adiposidade corporal quanto central (visceral). 
Entre os mais conhecidos, estão o índice de massa corporal (IMC), a 
circunferência de cintura (CC), a relação cintura-quadril (RCQ) e a relação 
 
 
 
24 
cintura-altura (RCA) (ANDRADE et al., 2016; CHEN et al., 2018; SILVA et al., 
2018). 
No entanto, outros índices vêm sendo utilizados em estudos mais 
recentes, entre eles destacam-se o índice de conicidade (IC), índice de 
adiposidade corporal (BAI), índice de adiposidade visceral (VAI) e o produto de 
acumulação lipídica (LAP) (ABULMEATY et al., 2017; AMATO et al., 2010; 
BERGMAN et al., 2012; DAI et al., 2016; ZHANG et al., 2017; ZHOU et al., 2018). 
Evidências científicas suportam que o aumento do tecido adiposo é um 
fator de risco bem estabelecido para piores resultados em saúde, uma vez que 
tem sido associado à mortalidade e diminuição da funcionalidade (ASADUROGLU 
et al., 2015; SANADA et al., 2018), tendo impacto sobre as doenças 
cardiovasculares, dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes, entre outras 
(SIQUEIRA et al., 2017; RIVERA-MANCÍA et al., 2018; SANDEEP et al., 2010). 
 
1.3 Alterações do Sistema Musculoesquelético 
Durante o processo de envelhecimento, em relação ao sistema 
musculoesquelético, há diminuição da massa magra, com perda de unidades 
motoras e redução das fibras musculares, além da infiltração de gordura 
intramuscular, resultando em prejuízos na força e função muscular (NARICI; 
MAFFULLI, 2010; MESSIER etal., 2011; VON HAEHLING; MORLEY; ANKER, 
2012, DALLE; ROSSMEISLOVA; KOPPO, 2017). 
O decréscimo da força muscular deve-se principalmente à perda e 
redução do tamanho das fibras musculares do tipo II (HUNTER; PEREIRA; 
KEENAN, 2016). Esse tipo de fibra, denominada fibra de contração rápida, é 
 
 
 
25 
recrutada posteriormente, sendo responsáveis por atividades de maior 
intensidade, resultando, por exemplo, na capacidade de levantar-se de uma 
cadeira ou elevar um peso maior (TIELAND, TROUWBORST & CLARK, 2018). 
A perda progressiva de massa muscular inicia-se em torno dos 40 anos e 
é estimado que a cada década ocorra o decréscimo de 8% (KIM; CHOI, 2013). 
Após os 50 anos, a massa muscular diminui a uma taxa anual de 
aproximadamente 1 a 2%, e após os 60 anos essa taxa aumenta para 3% ao 
ano (ABELLAN VAN KAN, 2009). 
A massa muscular esquelética nas mulheres parece estar estreitamente 
correlacionada aos níveis de estradiol por meio de diferentes mecanismos. O 
estradiol atenua a ruptura pós-lesão e as respostas inflamatórias, desempenha 
papel protetor contra o estresse oxidativo e dano muscular, estimula a ativação 
e proliferação de células satélites, além de regular o metabolismo dos 
carboidratos e lipídios (HORSTMAN et al., 2012), evidenciando que as 
alterações hormonais durante o envelhecimento feminino estão relacionadas à 
diminuição da massa muscular (RONKAINEN et al., 2009; ZANANDREA et al., 
2014). 
Adicionalmente, a massa muscular sofre ainda a influência do aumento 
do conteúdo lipídico na sua estrutura com o envelhecimento (DALLE; 
ROSSMEISLOVA; KOPPO, 2017). Essa infiltração de gordura no músculo está 
relacionada a um aumento do estado inflamatório crônico, contribuindo para o 
declínio da força muscular, com prejuízos ao desempenho físico (CAULEY, 
2015), predispondo inclusive o surgimento da sarcopenia, que é definida como 
a perda de massa e força muscular decorrente do envelhecimento, em idades 
 
 
 
26 
mais precoces nas mulheres (LEE; LEE, 2013; MESSIER et al., 2011). Além 
disso, o déficit de massa muscular em mulheres parece estar associado a um 
maior risco de incapacidade ao realizar as atividades de vida diária do que em 
mulheres com índices normais de massa muscular (VISSER et al, 2005). 
De forma geral, durante o envelhecimento feminino, quanto ao sistema 
musculoesquelético, existe de um lado a diminuição da massa magra, com 
alterações nas propriedades contráteis dos músculos, e do outro um aumento no 
tecido adiposo, com acúmulo de gordura intramuscular (MESSIER et al., 2011; 
SOWERS et al., 2007). Ambas as situações levam a um declínio na massa 
muscular esquelética, com consequente perda de força muscular, gerando 
repercussões significativas no desempenho físico e capacidade funcional das 
mulheres (CAULEY, 2015; DODDS; SAYER, 2014; HUNTER; PEREIRA; 
KEENAN, 2016 ; MESSIER et al., 2011; NARICI; MAFFULLI, 2010). 
 
1.4 Desempenho Físico 
Como citado anteriormente, o processo do envelhecimento está 
relacionado a significativas mudanças na composição corporal (GADELHA et al., 
2016; WOO, 2011). Dentre os impactos dessas alterações, as relacionadas ao 
sistema musculoesquelético são de extrema relevância, haja vista sua 
contribuição para a queda no desempenho físico, culminando em redução da 
mobilidade, aumento no risco de quedas e fraturas, além de colaborar 
positivamente para o desenvolvimento da sarcopenia (ALWAN et al., 2010; 
DODDS; SAYER, 2014; MESSIER et al., 2011). 
O desempenho físico e funcionamento das extremidades inferiores e 
 
 
 
27 
superiores podem ser testados pela capacidade de executar uma ação ou 
atividade (CÂMARA et al., 2015a). A força de membros superiores tem sido 
mencionada como bom indicador para predizer a força muscular total, sendo 
considerada fator de risco para doenças crônicas e fundamental na manutenção 
da independência funcional e autonomia dos indivíduos idosos (CONFORTIN et 
al., 2018). Já a força de membros inferiores é importante para a locomoção, 
controle postural e equilíbrio, e seu declínio está associado a doenças crônicas 
e menor competência na execução das atividades básicas da vida diária 
(RIBEIRO; MELO, 2012). 
Adicionalmente, o desempenho físico parece ser influenciado tanto por 
características fisiológicas e clínicas, bem como pelo ambiente social 
(ASADUROGLU et al., 2015). Portanto, deve ser considerada a desigualdade de 
gênero, uma vez que as mulheres apresentam maiores chances de desenvolver 
incapacidade funcional (MECHAKRA-TAHIRI et al., 2012) e também o nível 
socioeconômico, no qual menores rendas e baixos níveis de escolaridade 
parecem estar associadas a um pior desempenho físico (SOUSA et al., 2014). 
Testes objetivos e padronizados de desempenho físico vêm sendo 
desenvolvidos e utilizados cada vez mais em estudos epidemiológicos 
(WAGNER et al., 2016), sendo sensíveis a perdas fisiológicas importantes 
relacionadas ao envelhecimento, presença de comorbidades e estilo de vida 
(RIBEIRO; MELO, 2012) e representando importantes marcadores de saúde na 
população idosa (COOPER et al., 2010). 
Perante o exposto, apesar de existir na literatura associação da gordura 
corporal com desfechos negativos de saúde, quanto aos índices antropométricos 
 
 
 
28 
de adiposidade, observa-se apenas pesquisas pontuais envolvendo suas 
relações com diferentes doenças e mortalidade (ABULMEATY et al., 2017; 
ANDRADE et al., 2016; CHEN et al., 2018; DAI et al., 2016). Dessa forma, este 
estudo objetiva realizar uma análise mais abrangente acerca da relação desses 
índices com a baixa massa muscular e com o desempenho físico, considerando 
as peculiaridades inerentes à população estudada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. JUSTIFICATIVA 
 
 
 
30 
O crescimento da população idosa nos últimos anos merece destaque 
devido as inúmeras condições crônicas que comprometem a saúde desses 
indivíduos. Em particular, nas mulheres, durante o processo de envelhecimento 
há uma diminuição dos hormônios sexuais a partir da meia-idade, gerando 
importantes alterações na composição corporal. 
Em relação a massa gorda, ocorre um aumento de gordura corporal 
associado a mudanças no padrão de sua distribuição, infiltração de adipócitos 
intramuscular e a redução da massa muscular esquelética, com consequente 
perda de força muscular, sendo que essas alterações se iniciam em idades mais 
precoces nas mulheres do que nos homens. 
Ademais, em função dessas modificações há maiores comprometimentos 
no desempenho físico e na capacidade funcional durante o envelhecimento 
feminino, relacionando-se a pior qualidade de vida e a maiores índices de 
morbimortalidade nessa população. Portanto, é de fundamental importância 
estudos que avaliem a relação entre composição corporal, baixa massa 
muscular e desempenho físico nas mulheres, tendo em vista o enorme impacto 
na função física e os dispendiosos custos em serviços de saúde. 
Para a avaliação do acúmulo e distribuição da gordura corporal, existem 
métodos bastante precisos, porém em sua maioria, são métodos caros, 
complexos e que por vezes expõem os indivíduos à radiação. Nesse cenário, os 
índices antropométricos de adiposidade parecem ser uma boa alternativa para 
determinação da composição corporal, tendo em vista que são medidas simples 
de serem calculadas, além de menos onerosas. 
 
 
 
31 
Apesar de existirem diversos índices antropométricos descritos na 
literatura e sua associação a diferentes condições adversas de saúde, existe 
uma lacuna quanto a relação direta entre esses índices e a presença de baixa 
massa muscular, além da influência desses índices sobre o desempenho físico. 
Neste sentido, estudos que busquem avaliar essas relações poderiam ser 
clinicamente úteis para prevenir ou amenizar os efeitosadversos das alterações 
corporais durante o envelhecimento feminino, contribuindo para o 
aprimoramento de ações de prevenção e promoção da saúde, no campo da 
Fisioterapia, bem como de outras profissões envolvidas nessa área, além de 
fornecer subsídios para o planejamento de políticas públicas de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. OBJETIVOS 
 
 
 
33 
3.1 Objetivo Geral 
• Analisar a relação entre composição corporal, baixa massa muscular e 
desempenho físico em mulheres de meia-idade e idosas residentes na 
comunidade. 
 
3.2 Objetivos Específicos 
• Realizar análise descritiva dos índices antropométricos de adiposidade; 
• Definir pontos de corte dos índices antropométricos para identificar a 
presença de baixa massa muscular; 
• Apontar se os índices utilizados são eficazes em predizer a baixa massa 
muscular; 
• Explorar as relações entre os índices antropométricos e o desempenho 
físico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
 
 
35 
4.1 Delineamento do Estudo 
Trata-se de um estudo observacional analítico, de caráter transversal e 
natureza epidemiológica. 
 
4.2 Aspectos Éticos 
Este estudo faz parte de uma pesquisa longitudinal, denominada 
“Influência do status menopausal e dos níveis hormonais na funcionalidade, 
desempenho muscular e composição corpórea: um estudo longitudinal” 
(CÂMARA et al., 2015a; CÂMARA et al., 2015b), a qual foi previamente 
submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte e aprovada com os pareceres de número 387.737 e 1.875.802 
(Anexo A). 
As mulheres que concordaram em participar do estudo foram convidadas 
a ler e, se estivessem de acordo, a assinar o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE) (Apêndice A), conforme a resolução 466/12 do Conselho 
Nacional de Saúde. Este documento deixa explícito o convite às mulheres para 
participação do estudo, por via escrita, informando o direito de interromper sua 
colaboração na pesquisa, a qualquer momento, caso julgue necessário, sem que 
isso implique em constrangimento ou prejuízo de qualquer ordem. 
As participantes foram informadas previamente à aplicação do 
questionário (Apêndice B) e instrumentos, sobre os objetivos e procedimentos 
deste estudo, assim como do seu anonimato e da confidencialidade de suas 
respostas. 
 
 
 
36 
4.3 Locais do Estudo 
 Este estudo foi desenvolvido no Nordeste Brasileiro, em dois municípios 
localizados no estado do Rio Grande do Norte, Parnamirim e Santa Cruz. 
O município de Parnamirim situa-se na região metropolitana de Natal, 
capital do estado. Segundo dados do IBGE, esta cidade contém 202.456 
habitantes e uma área de 123,471 km2 (Figura 01). Já o município de Santa Cruz 
fica localizado a 120km de Natal, apresentando uma área de 624,356 km2 e 
cerca de 36 mil habitantes (Figura 02). 
 
 
Figura 01: Mapa da localização do município de Parnamirim 
 
 
 
37 
 
Figura 02: Mapa da localização do município de Santa Cruz 
 
Em Parnamirim, a coleta de dados foi realizada nas Unidades Básicas de 
Saúde e na Maternidade Divino Amor. Em Santa Cruz, a coleta foi realizada na 
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA) e no Hospital Universitário 
Ana Bezerra (HUAB), sendo o período da coleta compreendido entre 2013 e 
2017. 
 
4.4 População e Amostra 
A população foi constituída por mulheres com idade entre 40 e 80 anos, 
residentes no município de Parnamirim e Santa Cruz, Rio Grande do Norte. Para 
 
 
 
38 
composição da amostra, foi realizada divulgação do projeto nas unidades 
básicas de saúde, bem como nos centros comunitários, convidando as mulheres 
a participarem do estudo. 
Após a avaliação dos critérios de elegibilidade descritos abaixo, 708 
mulheres foram selecionadas para fazerem parte do estudo longitudinal inicial. 
 
4.5 Critérios de Elegibilidade 
Os critérios de inclusão para o estudo foram: ser mulher; ter entre 40 e 80 
anos de idade; ser residente na comunidade dos municípios de Parnamirim/RN 
ou Santa Cruz/RN; não ter realizado ooforectomia bilateral; não ter alterações 
cognitivas; não apresentar doenças neurológicas e/ou degenerativas como 
Parkinson, acidente vascular encefálico, doenças degenerativas medulares, 
fratura nos membros, processos dolorosos ou qualquer outra condição que 
pudesse comprometer a mensuração dos dados, identificada pelos 
pesquisadores no primeiro contato ou autorrelatada pela participante. 
A desistência ou impossibilidade de qualquer natureza em realizar algum 
dos procedimentos do protocolo de pesquisa foram consideradas como critérios 
de exclusão. 
Para o primeiro artigo, da amostra inicial de 708 mulheres, 115 foram 
excluídas por não apresentarem todos os dados necessários relacionados aos 
exames bioquímicos, totalizando 593 mulheres. Já no segundo artigo, foram 
incluídas apenas as mulheres entre 50 e 80 anos. Desse universo de 413 
participantes, 45 foram excluídas por não apresentarem todos os dados 
 
 
 
39 
relacionados aos exames bioquímicos e/ou desempenho físico, totalizando uma 
amostra final de 368 mulheres. 
 
Figura 03: Fluxogramas para seleção amostral 
 
4.6 Variáveis do Estudo 
 
Tabela 01: Lista das variáveis independentes 
Nome Descrição Tipo 
Idade Idade da voluntária em anos 
Quantitativa 
contínua 
Escolaridade 
Categorizada de acordo com os anos de 
estudo em: Até ensino fundamental (até 7 
anos), entre ensino fundamental e médio 
(mais do que 7 e menos do que 11 anos) e 
ensino médio ou mais (11 anos ou mais) 
Categórica 
ordinal 
União Estável Categorizada: Sim ou Não 
Categórica 
Nominal 
Renda 
familiar 
Categorizada: 
< 3 salários mínimos 
≥ 3 salários mínimos 
Categórica 
ordinal 
Artigo 01
40 – 80 ANOS 
(708 participantes) 
115 excluídas 
(exames 
bioquímicos) 
Amostra final de 
593 mulheres
Artigo 02
50 – 80 ANOS (413 
participantes) 
45 excluídas 
(exames bioquímicos 
e/ou desempenho 
físico) 
Amostra final de 
368 mulheres
 
 
 
40 
Etnia Branca, parda ou negra 
Categórica 
ordinal 
Atividade 
física 
Autorrelato de prática regular de atividade 
física: Sim ou Não 
Categórica 
nominal 
Peso 
Medida padronizada do peso, em 
quilogramas (Kg) 
Quantitativa 
contínua 
Altura Medida padronizada da altura (m) 
Quantitativa 
contínua 
IMC 
Quociente do peso pela altura elevada à 
segunda potência, em quilogramas por 
metro quadrado (Kg/m2) 
Quantitativa 
contínua 
CC 
Medida padronizada da circunferência de 
cintura (cm) 
Quantitativa 
contínua 
CQ 
Medida padronizada da circunferência de 
quadril (cm) 
Quantitativa 
contínua 
RCQ 
Relação Cintura - Quadril: 
Circunferência de cintura (cm) dividido pelo 
quadril (cm) 
Quantitativa 
contínua 
RCA 
Relação Cintura – Altura: 
Circunferência de cintura (cm) dividido pela 
altura (cm) 
Quantitativa 
contínua 
IC Índice de conicidade 
Quantitativa 
contínua 
BAI Índice de Adiposidade Corporal 
Quantitativa 
Contínua 
VAI Índice de Adiposidade Visceral 
Quantitativa 
contínua 
LAP Produto de Acumulação Lipídica 
Quantitativa 
contínua 
 
 
 
 
 
41 
Tabela 02: Lista das variáveis dependentes 
Nome Descrição Tipo 
Baixa Massa 
Muscular 
Déficit de massa muscular esquelética. 
Categorizada: SIM ou NÃO 
Categórica 
Nominal 
Força de 
preensão 
manual 
Medida com dinamômetro portátil, em 
quilogramas-força (Kgf) 
Quantitativa 
contínua 
Velocidade 
da marcha 
Avaliada em metros por segundo após 
caminhada em percurso de 4 metros 
Quantitativa 
contínua 
Teste de 
levantar-
sentar 
Tempo despendido para realizar atividade 
de levantar e sentar em umacadeira por 5 
vezes consecutivas 
Quantitativa 
contínua 
SPPB 
Short Physical Performance Battery – 
Bateria de testes que avalia o desempenho 
físico funcional de membros inferiores. 
Quantitativa 
contínua 
 
 
4.7 Instrumentos e Procedimentos 
Inicialmente, foi realizado um treinamento com todos os avaliadores a 
respeito dos protocolos de avaliação. As mulheres que se interessaram em 
participar foram avaliadas quanto aos critérios de elegibilidade do estudo em dia 
e horário previamente agendados. 
As mulheres incluídas no estudo foram convidadas a ler e assinar o TCLE. 
Por fim, a avaliação se deu por meio de um questionário estruturado, seguindo 
os procedimentos descritos abaixo. 
 
 
 
 
 
42 
4.7.1 Características sociodemográficas e socioeconômicas 
Para os dados sociodemográficos, foram coletadas informações sobre 
idade, escolaridade, união estável, etnia e renda familiar mensal, por meio do 
autorrelato das voluntárias. 
A idade foi considerada em anos. A escolaridade em: até o ensino 
fundamental (até sete anos de estudo), entre fundamental e médio (mais do que 
sete e menos do que onze anos de estudo) ou médio completo ou mais (onze 
anos ou mais de estudo) (CÂMARA et al., 2015a). 
A etnia e a união estável foram autorrelatadas pela participante como: 
branca, parda ou negra; e possuindo ou não união estável, respectivamente 
(MOREIRA et al., 2016). 
 O único dado socioeconômico coletado foi a renda familiar mensal. Foi 
coletada em valor bruto e, posteriormente, categorizada em salário mínimo (SM). 
A renda familiar foi dicotomizada em: menor que três SM e três SM ou mais. No 
período da coleta em Parnamirim (2013), o SM estava fixado em um valor de R$ 
678,00. No período da coleta em Santa Cruz (2016), o valor era de R$ 880,00. 
As categorias para renda familiar se deram na tentativa de separar 
aquelas mulheres que possuíam renda insuficiente para atender as 
necessidades de uma família das demais. Segundo o Departamento Intersindical 
de Estatística e Estudos Econômicos (DIEESE) o valor do salário mínimo na 
época da entrevista deveria ser pelo menos quatro vezes maior para poder 
atender as necessidades básicas de uma família no Brasil em relação à 
alimentação, moradia, higiene e transporte (DIEESE, 2017). 
 
 
 
43 
4.7.2 Prática Regular de Atividade Física 
Os dados referentes à prática regular de atividade física foram coletados 
a partir do autorrelato das participantes. Foi considerada prática regular quando 
a atividade física era realizada por pelo menos 30 minutos, três vezes por 
semana (CÂMARA et al., 2015b) 
 
4.7.3 Dosagem Bioquímica 
As mulheres foram orientadas a comparecer ao Hospital Maternidade 
Divino Amor, no caso das mulheres residentes em Parnamirim/RN e ao Hospital 
Universitário Ana Bezerra para as mulheres residentes em Santa Cruz/RN, em 
dia e horário previamente agendados, após jejum de 12 horas, sendo as 
amostras de sangue coletadas por técnicos de enfermagem capacitados. A 
dosagem dos parâmetros bioquímicos, triglicerídeos (TG) e Lipoproteínas de 
Alta Densidade (HDL), foi realizada por técnicos de laboratórios especializados 
a partir das amostras coletadas. Os resultados foram analisados por meio do 
método enzimático calorimétrico 
 
 
4.7.4 Medidas de Composição corporal 
Diversos índices antropométricos vêm sendo descritos e utilizados na 
literatura para estimar a gordura corporal ou central. Os mesmos podem 
englobar fórmulas utilizando apenas medidas como peso, altura, circunferência 
 
 
 
44 
de cintura e de quadril, outros podem utilizar além dessas medidas, resultados 
referentes a exames sanguíneos. 
Para a medida de peso, foi utilizada uma balança digital da marca Wiso®, 
W903 e a altura foi medida por meio de um estadiômetro, da marca Welmy®. 
Para medidas de circunferência de cintura e quadril, ambas dadas em 
centímetros, foi utilizado uma fita métrica "fiber glass", com divisões de um 
milímetro. Ademais, resultados dos exames de TG e HDL colesterol foram 
utilizados para calcular alguns dos índices antropométricos descritos abaixo. 
 
● Índices antropométricos de adiposidade 
Índice de Massa Corporal (IMC) 
O IMC (Kg/m²) é a medida de avaliação de adiposidade corporal mais 
conhecida e utilizada. Seu cálculo é obtido a partir do quociente entre a medida 
de altura (metros) e peso (kilogramas), sendo utilizada para classificar baixo 
peso, sobrepeso e obesidade em adultos (WHO, 2010). 
 
Circunferência de Cintura (CC), Circunferência de Quadril (CQ), Relação Cintura 
Quadril (RCQ) e Relação Cintura Altura (RCA) 
Todas essas medidas se caracterizam como índices antropométricos de 
adiposidade central, sendo considerados índices simples e convenientes para 
estudos epidemiológicos (CHEN et al., 2016). A CC foi mensurada no ponto 
médio entre a crista ilíaca e a última costela e a CQ mensurada na área mais 
proeminente das nádegas, ambas dada em centímetros (SILVA et al., 2018). 
 
 
 
45 
Para o cálculo do RCQ o valor da medida da CC (cm) foi dividido pelo valor da 
CQ (cm) e para o cálculo do RCA, o valor da CC foi dividido pela altura (cm) 
(JABLONOWSKA-LIETZ et al., 2017; SILVA et al., 2018; ZHOU et al., 2018). 
 
Índice de Conicidade (IC) 
 Determinado com base na medida de massa corporal, altura e 
circunferência abdominal, o IC representa um indicador de obesidade abdominal, 
sendo considerado um índice de adiposidade central (NETA et al., 2017). Esse 
índice é calculado a partir da equação (IC = CC (m) / [0,109 x √ {peso (kg) / Altura 
(m)}, onde 0,109 é uma constante que resulta da conversão de unidades de 
volume e massa em unidades de comprimento (ABULMEATY et al., 2017). 
 
Índice de Adiposidade Corporal (Body Adiposity Index-BAI) 
O BAI se caracteriza como um preditor de adiposidade corporal, uma vez 
que apresenta alta correlação com a medida de gordura corporal em adultos pelo 
DEXA. Esse índice se apresenta como uma alternativa ao IMC para estimar a 
porcentagem de gordura corporal, sendo calculado a partir da fórmula BAI: (CQ 
(cm) / ALTURA (m)1,5) -18 (BERGMAN et al., 2012; JABŁONOWSKA-LIETZ et 
al., 2017) . 
 
Índice de Adiposidade Visceral (VAI) e Produto de Acumulação Lipídica (LAP) 
Esses índices foram propostos como medidas indiretas de tecido adiposo 
central e que foram correlacionados a um maior risco cardiometabólico, doenças 
cardiovasculares e mortalidade (VOGEL et al., 2016). 
 
 
 
46 
Para o cálculo desses índices, foram utilizados parâmetros bioquímicos, 
além de medidas antropométricas (GUO et al., 2016). Os mesmos foram 
calculados de acordo com estudos prévios encontrados na literatura para 
mulheres (AMATO et al., 2010; DAI et al., 2016; ZHANG et al., 2017; ZHOU et 
al., 2018). 
 
VAI: [CC (cm) / 36,58 + (1,89 × IMC)] × (TG / 0,81) × (1,52 / HDL) 
LAP: (CC (cm) – 58) x TG 
Tanto o TG como HDL são expressos em mmol/l (milimol por litro) 
(ZHOU et al., 2018). 
 
4.7.5 Baixa Massa Muscular 
A massa muscular esquelética foi calculada por meio da técnica de análise 
de bioimpedância elétrica, por um analisador portátil de massa corporal InBody 
R20, por meio de equações de predição do fabricante (RECH et al., 2010). Essa 
medida foi realizada por um avaliador cego. 
As mulheres foram orientadas a se posicionarem sobre os eletrodos para 
os pés, na superfície da balança digital do aparelho, e instruídas a segurar os 
demais eletrodos que são acoplados a uma barra. Durante o teste, a voluntária 
foi orientada a permanecer na mesma postura (ereta), sem movimentos 
excessivos e a não falar. O teste tem duração de 40 segundos a um minuto 
(DEMURA et al, 2004). A voluntária foi instruída a vestir roupas leves, não se 
alimentar ou realizar exercícios físicos até duas horas antes do teste, e também 
 
 
 
47 
foi orientada a ir ao banheiro esvaziar a bexiga urinária antes do procedimento 
(CÂMARA et al, 2015a). 
A bioimpedânciaapresenta resultados da massa muscular de cada 
membro do indivíduo e se apresenta como uma alternativa confiável pois se 
correlaciona bem com as predições feitas por meio de Ressonância Nuclear 
Magnética (CRUZ-JENTOFT et al., 2010) e com o DEXA (RECH et al., 2010). 
A medida de massa muscular esquelética utilizada foi o somatório da 
massa dos quatro membros (ASM – Appendicular Skeletal Muscle Mass) 
ajustada pela altura (ASM/altura² - kg/m²) (BAUMGARTNER et al., 1998). Para 
definir o ponto de corte para baixa massa muscular foi utilizado o percentil 20 da 
amostra (CRUZ-JENTOFT et al., 2010). 
 
4.7.6 Desempenho físico 
 
Força de Preensão Palmar 
A força muscular foi avaliada pela força de preensão palmar, medida com 
dinamômetro manual hidráulico do tipo JAMAR (Sahen®), registrada em 
quilogramas-força (Kgf). A medida de preensão palmar foi obtida na mão 
dominante, sendo a participante posicionada sentada com o ombro totalmente 
aduzido, em rotação neutra e com o cotovelo fletido a 90º com o antebraço e 
punho em posições neutras (FESS, 1992; ROBERTS et al., 2011). Foram 
solicitadas contrações sustentadas de 5 segundos, com intervalo de 1 minuto 
entre as medições, sendo considerada a média aritmética de três medidas 
consecutivas (CÂMARA et al., 2015a). 
 
 
 
48 
Short Physical Performance Battery (SPPB) 
Para avaliação do desempenho físico foi utilizado o Short Physical 
Performance Battery (SPPB). Esse instrumento consiste de uma avaliação 
objetiva, padronizada e multidimensional, muito utilizado para avaliar o 
desempenho funcional. Foi utilizada a versão validada e adaptada para língua 
portuguesa, composta por três subtarefas: equilíbrio em pé, velocidade da 
marcha e força de membros inferiores (GURALNIK et al., 1994; NAKANO, 2007). 
Para o teste de equilíbrio em pé, foi solicitado às participantes que 
permanecessem em três posições progressivamente mais difíceis por 10 
segundos cada: na posição com os pés juntos, posição semi-tandem e posição 
tandem. A velocidade da marcha foi avaliada em passo habitual por quatro 
metros, no qual o menor tempo de duas tentativas foi registrado. A distância de 
4m foi dividida pelo menor tempo em segundos, obtendo a velocidade da marcha 
em m/s. E por último, para analisar a força de membros inferiores foi realizado 
o teste de sentar e levantar de uma cadeira, cinco vezes em sua velocidade 
máxima. O escore total do SPPB é alcançado pela soma das três subdivisões. 
Cada subtarefa apresenta 5 níveis (de 0 a 4), podendo a participante pontuar até 
4 pontos. Desse modo, o valor total do teste pode variar de 0 (pior desempenho) 
a 12 (melhor desempenho) (BUFORD et al., 2012; MORENO et al., 2016). 
No presente estudo, foram utilizados o escore total do SPPB e os valores 
individuais de velocidade da marcha e do teste de sentar e levantar. 
 
 
 
 
 
49 
4.8 Análise Estatística 
Para os resultados deste estudo, os dados foram analisados utilizando o 
software Statistical Package for the Social Science – SPSS, versão 20.0 (SPSS, 
Chicago, IL, USA). A normalidade dos dados foi verificada por meio do teste de 
Kolmogorov-Smirnov. Foi utilizada a estatística descritiva por meio das medidas 
de tendência central (média aritmética) e de dispersão (desvio padrão) para 
variáveis quantitativas e frequências absolutas e relativas para as variáveis 
categóricas. Em todos os testes foi utilizado um nível de significância ou p valor 
< 0,05 e intervalos de confiança de 95%. 
 No primeiro artigo, foi utilizado o teste t de Student para comparar as 
médias entre os índices antropométricos de adiposidade e a baixa massa 
muscular. A capacidade discriminatória desses índices para a baixa massa 
muscular foi avaliada pela área abaixo da curva receiver operator characteristics 
(Curva ROC). A sensibilidade e a especificidade foram calculadas para o 
estabelecimento dos pontos de corte dessas medidas. Em seguida, o teste de 
qui-quadrado foi realizado para verificar se os pontos de corte estabelecidos 
apresentavam associação com presença de baixa massa muscular. Por fim, 
análises de regressão logística foram realizadas para verificar o efeito dos 
índices antropométricos na variável dependente, ajustadas para as covariáveis 
que apresentaram associações com p <0,20 na análise bivariada. 
 Para o segundo artigo, a correlação de Pearson foi realizada para 
demonstrar a relação inicial entre os índices antropométricos e as variáveis de 
desempenho físico. No intuito de avaliar a relação entre o conjunto de índices 
 
 
 
50 
antropométricos de adiposidade e o conjunto de variáveis que compõe o 
desempenho físico, utilizou-se a análise de correlação canônica. Esta técnica 
permite a análise das inter-relações entre grupos de variáveis dependentes e 
independentes, com o objetivo de determinar combinações lineares entre os 
grupos de forma a maximizar a correlação (BASNIAK; CHAVES NETO, 2010). 
 O grupo de variáveis dependentes foi formado pelas variáveis de 
desempenho físico: força de preensão palmar, velocidade de marcha, teste de 
sentar e levantar e escore do SPPB. O grupo de variáveis independentes foi 
composta pelos índices antropométricos de adiposidade: VAI, BAI, IMC, RCQ e 
IC. Para seleção das funções canônicas apresentadas foi estabelecido o critério 
de significância estatística da função em p < 0,05. Em termos de resultados 
consideramos a função com maior poder explicativo, no caso a maior variância 
explicada. O valor de carga canônica que define as variáveis a serem analisadas 
dentro da função foi estabelecido a priori como ± 0,40 (MIGLIOLI et al., 2015). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
 
 
52 
Os resultados analisados neste estudo estão sob a forma de dois artigos 
científicos produzidos com os dados coletados. 
 
Artigo 01: “PONTOS DE CORTE DE ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS DE 
ADIPOSIDADE PARA IDENTIFICAR BAIXA MASSA MUSCULAR EM 
MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS.” O artigo será traduzido e submetido 
ao periódico Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle (Fator de impacto: 
12.511). 
 
Artigo 02: “EXPLORANDO AS RELAÇÕES ENTRE ÍNDICES 
ANTROPOMÉTRICOS DE ADIPOSIDADE E DESEMPENHO FÍSICO DE 
MULHERES: UMA ANÁLISE DE CORRELAÇÃO CANÔNICA.” O artigo será 
traduzido e submetido ao periódico Journal of of Aging and Health (Fator de 
impacto: 2.007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
ARTIGO 01: PONTOS DE CORTE DE ÍNDICES ANTROPOMÉTRICOS DE 
ADIPOSIDADE PARA IDENTIFICAR BAIXA MASSA MUSCULAR EM 
MULHERES DE MEIA-IDADE E IDOSAS 
 
RESUMO 
Introdução: Nas mulheres, com a queda dos hormônios sexuais femininos, 
observa-se alterações nas propriedades contráteis dos músculos além de 
infiltração de gordura no tecido muscular, com consequente declínio na força. 
Essas alterações relacionam-se a maiores níveis de comprometimento funcional 
e incapacidade física. Nesta perspectiva, diversos índices antropométricos vêm 
sendo utilizados para quantificar a gordura corporal e visceral. Objetivo: Criar 
pontos de corte dos índices antropométricos de adiposidade para identificar a 
baixa massa muscular, bem como analisar a relação entre esses índices e baixa 
massa muscular em mulheres de meia-idade e idosas. Métodos: Trata-se de um 
estudo transversal, o qual a amostra de 593 mulheres foi formada por 
conveniência e composta por mulheres entre 40 – 80 anos de idade, dos 
municípios de Parnamirim e Santa Cruz/RN. Foi realizada avaliação 
antropométrica, bioimpedância, dosagem bioquímica, além da coleta de dados 
sociodemográficos e da prática de atividade física. Foram realizadas estatísticas 
descritivas, teste t de Student, Curvas ROC, qui-quadrado e regressão logística 
(IC de 95% e p valor <0,05). Resultados: A partir da sensibilidade e 
especificidade dos índices antropométricosde adiposidade foram desenvolvidos 
pontos de corte capazes de identificar a presença de baixa massa muscular 
 
 
 
54 
(p<0,05), com exceção apenas para índice de adiposidade visceral (VAI). Após 
a regressão logística, o índice de adiposidade corporal (BAI), circunferência de 
cintura (CC), relação cintura-quadril (RCQ), relação cintura-altura (RCA) 
apresentaram associação com a baixa massa muscular (OR: 6,2; 1,8; 5,0 e 14,5 
respectivamente). Conclusão: Os pontos de corte dos índices antropométricos 
de adiposidade definidos pelo presente estudo foram relacionados a baixa 
massa muscular, evidenciando que os mesmos podem se tornar estratégias 
efetivas e de baixo custo para avaliar e gerenciar desfechos em saúde. 
Palavras-chaves: envelhecimento, composição corporal, adiposidade, sistema 
musculoesquelético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
ARTICLE 01: CUT-OFF POINTS OF ADIPOSITY ANTHROPOMETRIC 
INDICES FOR LOW MUSCLE MASS SCREENING IN MIDDLE AGED AND 
ELDERLY WOMEN 
 
ABSTRACT 
Background: The reduction of female sex hormones causes changes in the 
contractile properties of muscles as well as infiltration of fat in the muscle tissue. 
This results in a consequent decline in strength. These changes are related to 
higher levels of functional impairment and physical disability. Thus, several 
anthropometric indices have been used to quantify body and visceral fat. 
Objective: to create cut-off points for adiposity anthropometric indices in order to 
identify low muscle mass, as well as to analyze the relationship between these 
indices and the low muscle mass in middle-aged and elderly women. 
Methods: This is a cross-sectional analytical study composed of 593 women 
between 40 - 80 years old, from the municipalities of Parnamirim and Santa 
Cruz/RN. Data collection included anthropometric assessment, bioimpedance 
test and biochemical dosage. In addition, sociodemographic data and practice of 
physical activity was collected. Descriptive statistics, Student's t-test, ROC 
curves, chi-square and logistic regression (95% CI and p value <0.05) were 
performed. Results: Based on sensitivity and specifity of adiposity 
anthropometric indices, cut-off points were developed to identify the presence of 
low muscle mass (p <0.05), except for the visceral adiposity index (VAI). After 
logistic regression, body fat index (BAI), waist circumference (WC), waist-hip ratio 
(WHR), waist-height ratio (RCA) were associated with low muscle mass (OR: 6.2; 
 
 
 
56 
1, 8, 5.0 and 14.5 respectively). Conclusion: The study defined cut-off points for 
adiposity anthropometric indices, highlighting that they can become effective and 
cost-effective strategies for assessing and managing health outcomes. 
Keywords: aging, body composition, adiposity, musculoskeletal system. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
INTRODUÇÃO 
 
O envelhecimento feminino caracteriza-se principalmente por uma 
diminuição dos níveis de hormônios sexuais, que culmina na menopausa e 
ocasiona importantes mudanças na composição corporal e no sistema 
musculoesquelético (MALTAIS; DESROCHES; DIONNE, 2009; MESSIER et al., 
2011). Entre as principais mudanças biológicas estão o declínio da massa 
muscular esquelética e massa óssea, além do aumento da massa gorda (KIM et 
al., 2017; MALTAIS; DESROCHES; DIONNE, 2009; MOREIRA et al., 2016; 
SOWERS et al., 2007). 
 Nas mulheres, a partir da meia-idade, é comum uma aceleração da perda 
de massa e força muscular, o que não é observada para os homens na mesma 
proporção (CÂMARA et al., 2015a; FRONTERA, 2017; MESSIER et al., 2011), 
apontando forte correlação entre massa muscular esquelética e os níveis de 
estradiol (RONKAINEN et al., 2009; ZANANDREA et al., 2014). Ocorrem ainda 
alterações nas propriedades contráteis dos músculos e infiltração de gordura no 
tecido, com consequente declínio na força muscular (FRONTERA, 2017; 
MESSIER et al., 2011; NARICI; MAFFULLI, 2010; SOWERS et al., 2007). 
Em relação à massa gorda, sabe-se que seu excesso no organismo, 
conhecido como adiposidade, é um fator de risco bem estabelecido para piores 
resultados em saúde, por ser um contribuinte ativo de alterações nos perfis 
metabólicos (HARTZ; HE; RIMM, 2012; SOWERS et al., 2007). Ademais, ocorre 
modificação no padrão de distribuição da gordura corporal, passando a se 
 
 
 
58 
depositar mais na região abdominal, colaborando com o ganho de peso 
característico da transição menopausal (DE MORAIS et al., 2017). 
 Nesta perspectiva, diversos índices antropométricos vêm sendo utilizados 
para quantificar a gordura corporal e visceral (ABULMEATY et al., 2017; AMATO 
et al., 2011; BERGMAN et al., 2012; DAI et al., 2016; ZHANG et al., 2017; ZHOU 
et al., 2018). Essas medidas têm se mostrado eficazes na avaliação 
antropométrica em diversos estudos epidemiológicos por serem simples, 
seguras, de baixo custo e clinicamente úteis (SANADA et al., 2018), 
principalmente quando recursos mais sofisticados e onerosos não estão 
disponíveis (WHO, 1995). 
Entre os índices antropométricos mais comumente conhecidos, estão o 
índice de massa corporal (IMC), a circunferência de cintura (CC), relação cintura-
quadril (RCQ) e a relação cintura-altura (RCA) (ANDRADE et al., 2016; CHEN 
et al., 2018; SILVA et al., 2018). Porém, outros índices como os que utilizam 
antropometria por meio de fórmulas também vêm sendo utilizados, destacando-
se o índice de conicidade (IC) (adiposidade central) (ZHOU et al., 2018) e o 
índice de adiposidade corporal (BAI) (adiposidade corporal) (BERGMAN et al., 
2012), o índice visceral de adiposidade (VAI) e o produto de acumulação lipídica 
(LAP), sendo ambos marcadores de adiposidade central (GUO et al., 2016). 
Todas essas alterações corporais que ocorrem com o envelhecimento 
feminino relacionam-se a maiores níveis de fragilidade, comprometimento 
funcional e incapacidade (ASADUROGLU et al., 2015), uma vez que a perda de 
massa e força muscular iniciam-se mais cedo nas mulheres, além do mais esse 
 
 
 
59 
grupo também parece estar sujeito a sarcopenia em idades mais precoces 
(CÂMARA et al., 2015a; NARICI; MAFFULLI, 2010). 
 Está bem estabelecido que existem associações significativas entre 
baixa massa muscular, alterações na composição corporal e aumento da 
mortalidade (BROWN; HARHAY; HARHAY, 2016; FRONTERA, 2017; KANG et 
al., 2019; KELLEY; KELLEY, 2017; M, 2013; ROSHANRAVAN et al., 2017; 
WESTBURY et al., 2018). 
 Entretanto, quanto aos índices antropométricos, pode-se observar que 
as pesquisas realizadas são pontuais, envolvendo um ou mais índices 
antropométricos e suas relações com risco cardiometabólico, doenças e 
funcionalidade (ABULMEATY et al., 2017; ANDRADE et al., 2016; CHEN et al., 
2018; CÂMARA et al., 2015a; DAI et al., 2016). 
 Neste sentido, existe na literatura uma lacuna de conhecimento sobre a 
relação direta dos índices antropométricos e a baixa massa muscular. Além 
disso, considerando que, as alterações de composição corporal na mulher se 
iniciam durante a meia-idade, período em que geralmente ocorre a menopausa, 
é fundamental explorar esses processos tanto durante o envelhecimento como 
em fases imediatamente anteriores ao seu início. 
 Portanto, diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo criar 
pontos de corte que identifiquem a baixa massa muscular segundo os índices 
antropométricos utilizados, bem como analisar a relação entre esses índices e a 
presença de baixa massa muscular em mulheres de meia-idade e idosas. 
 
 
 
 
 
60 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 Trata-se de um estudo transversal, observacional e analítico realizado 
em dois municípios, Parnamirim e Santa Cruz, localizados no estado do Rio 
Grande do Norte, Brasil. 
 
População e Amostra 
 Em Parnamirim, a coleta de dados foi realizada nas Unidades Básicas 
de Saúde e em Santa Cruz, a coleta foi realizadana Faculdade de Ciências da 
Saúde do Trairi (FACISA), sendo o período da coleta compreendido entre 2013 
e 2017. 
 A população do estudo foi composta por mulheres entre 40 – 80 anos 
de idade, residentes nos munícipios de Parnamirim e Santa Cruz. Para serem 
elegíveis para o estudo as participantes deveriam atender aos seguintes critérios 
de inclusão: não ter realizado ooforectomia bilateral ou histerectomia e não 
apresentar doenças neurológicas ou outras condições que pudessem 
comprometer qualquer etapa da avaliação dos dados. 
 O projeto foi divulgado nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios, 
sendo a amostra formada por conveniência. Foram coletadas 708 participantes, 
das quais 115 foram excluídas por não apresentarem todos os dados 
necessários relacionados aos exames bioquímicos, totalizando 593 mulheres. 
 
Aspectos Éticos 
 
 
 
61 
 O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte (nº 387.737). Todos as participantes receberam 
informações sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa no primeiro contato 
e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. 
 Este estudo foi realizado de acordo com as diretrizes estabelecidas na 
Declaração de Helsinque. 
 
Procedimentos 
As participantes foram avaliadas por fisioterapeutas treinados utilizando 
protocolos padronizados e as amostras de sangue coletadas por técnicos de 
enfermagem capacitados. O protocolo de avaliação incluiu avaliação 
antropométrica, bioimpedância elétrica para análise da massa muscular, 
dosagem bioquímica, além da coleta de dados sociodemográficos e sobre a 
prática de atividade física, conforme descrito a seguir. 
 
Índices Antropométricos de adiposidade 
 
• Índice de Massa Corporal (IMC) 
O IMC (kg/m2) foi calculado a partir da medida de altura (m) e peso (kg) 
(WHO, 2010). A medição de peso (kg) foi obtida por meio de uma balança digital 
Wiso®, modelo W903. A altura (m) foi registrada com uso de um estadiômetro 
Welmy®. 
 
 
 
62 
• Circunferência de Cintura (CC), Circunferência de Quadril (CQ), Relação 
Cintura-Quadril (RCQ) e Relação Cintura-Altura (RCA) 
Para medidas de circunferência de cintura (cm) e quadril (cm), foi utilizada 
uma fita métrica "fiber glass", com divisões de 1 mm. A CC foi mensurada no 
ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela, e a CQ medida na área mais 
proeminente das nádegas (SILVA et al., 2018). Para o cálculo do RCQ, o valor 
da medida da circunferência de cintura foi dividido pelo valor da circunferência 
do quadril e para o cálculo do RCA, o valor da circunferência de cintura foi 
dividido pela altura (JABŁONOWSKA-LIETZ et al., 2017). No caso do RCA, a 
altura foi considerada em centímetros (ZHOU et al., 2018). 
 
• Índice de Conicidade (IC) 
 O IC foi calculado usando a equação (IC = CC (m) / [0,109 x √ {peso (kg) 
/ Altura (m)}, onde 0,109 é uma constante que resulta da conversão de unidades 
de volume e massa em unidades de comprimento (ABULMEATY et al., 2017). 
 
• Índice de Adiposidade Corporal (BAI), Índice de Adiposidade Visceral 
(VAI) e Produto de Acumulação Lipídica (LAP) 
As medidas foram calculadas de acordo com estudos prévios encontrados 
na literatura (AMATO et al., 2011; BERGMAN et al., 2012; DAI et al., 2016; 
ZHANG et al., 2017; ZHOU et al., 2018). As medidas de TG e HDL são expressas 
em mmol/l (milimol por litro) (ZHOU et al., 2018). 
 
 
 
63 
BAI: (CQ (cm) / ALTURA (m)1,5) -18 
VAI: [CC (cm) / 36,58 + (1,89 × IMC)] × (TG / 0,81) × (1,52 / HDL) 
LAP: (CC (cm) – 58) x TG 
 
Baixa Massa Muscular 
A massa muscular esquelética foi calculada por meio técnica de análise 
de bioimpedância elétrica, com um analisador portátil de massa corporal InBody 
R20, por meio de equações de predição do fabricante (RECH et al., 2010). A 
bioimpedância apresenta resultados da massa muscular de cada membro do 
indivíduo. A medida de massa muscular esquelética utilizada foi o somatório da 
massa dos quatro membros ajustada pela altura (ASM/altura² - kg/m²) 
(BAUMGARTNER et al., 1998). O ponto de corte estabelecido no presente 
estudo foi calculado pelo percentil 20 da amostra (FIELDING et al, 2011), sendo 
de 5.97 kg/m². A avaliação da baixa massa muscular foi realizada por um 
avaliador cego. 
 
Dosagem Bioquímica 
As mulheres foram orientadas a comparecer ao Hospital Maternidade 
Divino Amor (Parnamirim/RN) ou Hospital Universitário Ana Bezerra (Santa 
Cruz/RN), de acordo com o município que residiam, em dia e horário 
previamente agendados, após jejum de 12 horas, onde foram coletadas 
amostras de sangue, por técnicos de enfermagem capacitados. A dosagem dos 
 
 
 
64 
parâmetros bioquímicos utilizados, triglicerídeos e lipoproteínas de alta 
densidade (HDL), foram analisados por meio do método enzimático calorimétrico 
por técnicos de laboratório especializados. 
 
Covariáveis 
 Dados sociodemográficos como idade, união estável, escolaridade e 
renda familiar foram coletados por meio de questionário estruturado. A união 
estável foi categorizada em sim ou não. A educação foi categorizada em: menos 
de Educação Básica (até 7 anos), entre Educação Básica e Secundária (mais 
que 7 e menos que 11 anos) e Secundária ou mais (11 anos ou mais) e a renda 
familiar foi dicotomizada em receber menos de 3 salários mínimos (SM) ou 3 SM 
ou mais, de acordo com o salário mínimo brasileiro no momento da pesquisa 
(CÂMARA et al., 2015a). 
Além do mais, dados referentes à prática de atividade física também foram 
coletados por autorrelato. As participantes foram questionadas sobre a 
participação em esportes, exercícios ou outras atividades físicas, pelo menos 
três vezes por semana e por trinta minutos ou mais de cada vez, sendo 
caracterizado como sim ou não (CÂMARA et al., 2015b). 
 
Análise de Dados 
 As análises foram realizadas pelo programa SPSS, versão 20.0 (SPSS, 
Chicago, IL, EUA). Inicialmente, as estatísticas descritivas das variáveis foram 
 
 
 
65 
apresentadas. O teste t de Student foi utilizado para comparar as médias entre 
os índices antropométricos e a baixa massa muscular. 
 A capacidade discriminatória dos índices antropométricos na variável de 
desfecho baixa massa muscular foi avaliada pela área abaixo da curva receiver 
operator characteristics (Curva ROC). A sensibilidade e a especificidade foram 
então calculadas para o estabelecimento dos pontos de corte dos índices 
antropométricos. Em seguida, o teste de qui-quadrado foi realizado para verificar 
se os pontos de corte estabelecidos apresentavam associação com baixa massa 
muscular. 
 Por fim, realizou-se análise de regressão logística para verificar o efeito 
dos índices antropométricos na baixa massa muscular, ajustadas para as 
covariáveis que apresentaram associações com p <0,20 na análise bivariada. 
Foi adotado um intervalo de confiança de 95% e um p valor de 0,05 para 
significância estatística dos dados. 
 
RESULTADOS 
 A amostra foi composta por 593 mulheres, com média de idade de 53,11 
(± 8,89) anos. A maior parte das mulheres estudou até o ensino fundamental 
(45,2%) e possuía renda familiar menor que 3 salários mínimos (71,0%). A 
prevalência de baixa massa muscular foi de 19,4 %. As demais características 
da amostra, incluindo as medidas de composição corporal, estão descritas na 
Tabela 01. 
 
 
 
 
 
66 
Tabela 01: Análise Descritiva (n=593). Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 
TG: Triglicerídeos – HDL: Lipoproteínas de Alta Densidade - IMC: Índice de Massa Corporal – CC: Circunferência de 
Cintura – CQ: Circunferência de Quadril – RCQ: Relação Cintura-Quadril - RCA: Relação Cintura-Altura – IC: índice de 
conicidade - BAI: Índice de Adiposidade Corporal – VAI: Índice de Adiposidade Visceral – LAP: Índice de Acumulação 
Lipídica 
Variáveis n (%) 
Média (±DP) 
Idade (anos) 53,11 (8,89) 
União estável 
Sim 414 (69,8) 
Não 179 (30,2) 
Escolaridade 
Até EnsinoFundamental 268 (45,2) 
Entre Fundamental e Médio 224 (37,8) 
Ensino Médio ou mais 101 (17,0) 
Renda Familiar 
<3SM 421 (71,0) 
≥3SM 172 (29,0) 
Atividade Física 
Sim 187 (31,5) 
Não 406 (68,5) 
TG 149,98 (72,02) 
HDL 49,22 (13,55) 
IMC (kg/m2) 28,49 (5,17) 
CC (cm) 95,35 (10,39) 
CQ (cm) 104,67 (9,13) 
RCQ 0,92 (0,05) 
RCA 0,63 (0,07) 
IC 1,33 (0,07) 
BAI 37,61 (5,46) 
VAI 7,48 (4,25) 
LAP 68,46 (38,04) 
Baixa Massa Muscular 
Sim 115 (19,4) 
Não 478 (80,6) 
 
 
 
67 
A diferença entre as médias dos índices antropométricos de acordo com 
a presença de baixa muscular está descrita na Tabela 02. Observou-se 
diferenças estatisticamente significativas para as variáveis analisadas, com 
exceção apenas para o VAI. 
Tabela 02: Comparação dos valores dos índices antropométricos de 
adiposidade segundo a presença ou ausência de baixa massa muscular. 
Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 
IMC: Índice de Massa Corporal – CC: Circunferência de Cintura – RCQ: Relação Cintura-Quadril - RCA: Relação 
Cintura-Altura – IC: índice de conicidade - BAI: Índice de Adiposidade Corporal – VAI: Índice de Adiposidade Visceral – 
LAP: Índice de Acumulação Lipídica 
 
Como forma de identificar possíveis pontos de corte que pudessem 
discriminar ter ou não baixa massa muscular, a Tabela 03 mostra as áreas sob 
a curva ROC, pontos de corte, sensibilidade e especificidade das variáveis de 
Variáveis Baixa Massa Muscular 
 Sim (115) Não (478) p valor 
IMC (kg/m2) 31,82 (5,34) 28,31 (4,42) <0,001 
CC (cm) 100,23 (10,69) 94,68 (10,11) <0,001 
RCQ 0,93 (0,05) 0,90 (0,05) 0,001 
RCA 0,68 (0,06) 0,61 (0,06) <0,001 
IC 1,35 (0,07) 1,31 (0,06) <0,001 
BAI 42,79 (5,04) 36,28 (4,36) <0,001 
VAI 7,61 (6,32) 8,09 (7,86) 0,51 
LAP 73,38 (37,7) 63,36 (37,7) 0,02 
 
 
 
68 
composição corporal em relação a baixa massa muscular. A única variável em 
que não foi possível identificar a presença de significância estatística para a 
curva ROC foi o VAI. 
 
Tabela 03: Área sob a curva ROC (IC 95%), ponto de corte, sensibilidade e 
especificidade dos índices antropométricos de adiposidade para 
identificação de baixa massa muscular. Parnamirim/Santa Cruz, 2019. 
IMC: Índice de Massa Corporal – CC: Circunferência de Cintura – RCQ: Relação Cintura-Quadril - RCA: Relação Cintura-Altura 
– IC: índice de conicidade - BAI: Índice de Adiposidade Corporal – VAI: Índice de Adiposidade Visceral – LAP: Índice de 
Acumulação Lipídica 
 
De forma complementar, a Figura 01 mostra o comportamento das curvas 
ROC, onde se observa que o BAI foi a variável com a maior área sob a curva, 
enquanto que o VAI apresentou a menor área sob a curva. 
VARIÁVEIS Área sob Curva 
(IC 95%) 
Ponto 
de Corte 
Sensibilidade Especificidade p 
valor 
IMC 0,69 (0,63-0,75) 29,4 0,63 0,68 <0,001 
CC 0,65 (0,59-0,70) 94,3 0,53 0,75 <0,001 
RCQ 0,61 (0,54-0,67) 0,91 0,54 0,67 0,001 
RCA 0,78 (0,73-0,83) 0,64 0,73 0,74 <0,001 
IC 0,64 (0,46- 0,75) 1,34 0,68 0,58 <0,001 
BAI 0,83 (0,79-0,88) 39,1 0,76 0,80 <0,001 
VAI 0,50 (0,44-0,56) - - - 0,98 
LAP 0,59 (0,54-0,65) 51,4 0,47 0,73 0,03 
 
 
 
69 
Figura 1 – Curvas ROC das medidas antropométricas para o rastreio de 
baixa massa muscular. 
 
 
IMC: Índice de Massa Corporal – CC: Circunferência de Cintura – RCQ: Relação Cintura-Quadril - RCA: Relação 
Cintura-Altura – IC: índice de conicidade - BAI: Índice de Adiposidade Corporal – VAI: Índice de Adiposidade Visceral – 
LAP: Índice de Acumulação Lipídica 
 
A Tabela 04 traz os resultados da regressão logística, que foi realizada a 
fim de analisar o poder preditivo das variáveis antropométricas juntamente com 
a idade, sobre a baixa massa muscular. Pode-se observar que após as análises 
de regressão, a CC, RCQ, RCA e BAI relacionaram-se a um maior risco de 
apresentar baixa massa muscular (6,2; 1,8; 5,0 e 14,5 respectivamente). 
 
 
 
70 
Tabela 04: Associação entre os índices antropométricos de adiposidade e 
baixa massa muscular segundo as covariáveis. Parnamirim/Santa Cruz, 
2019. 
 
 
Variáveis 
OR 
Intervalo de 
Confiança (95%) 
p valor 
IDADE (Acima de 60 anos) 3,8 2,2 – 6,8 0,001 
CC (Acima de 94,3) 6,2 1,4 - 28,1 0,001 
RCQ (Acima de 0,91) 1,8 1,0 – 3,4 0,04 
RCA (Acima de 0,64) 5,0 1,0 – 23,7 0,04 
BAI (Acima de 39,1) 14,5 6,6 – 31,7 0,001 
OR – odds ratio 
COVARIÁVEIS: união estável, escolaridade, renda familiar e atividade física. 
IMC: Índice de Massa Corporal – CC: Circunferência de Cintura – RCQ: Relação Cintura-Quadril - RCA: Relação 
Cintura-Altura – IC: índice de conicidade - BAI: Índice de Adiposidade Corporal – VAI: Índice de Adiposidade Visceral – 
LAP: Índice de Acumulação Lipídica 
 
 
DISCUSSÃO 
A partir dos achados do presente estudo, diferentes pontos de corte de 
índices antropométricos de adiposidade foram propostos para identificar baixa 
massa muscular em uma amostra de mulheres de meia-idade e idosas. Além 
disso, os pontos de corte estabelecidos foram associados a presença de baixa 
massa muscular após ajustes por variáveis de confundimento em análise de 
regressão logística. 
 Nossos resultados demonstram que as mulheres com baixa massa 
muscular apresentaram maiores valores nos índices de adiposidade (IMC, BAI, 
 
 
 
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CC, RCQ, RCA, IC e LAP) quando comparadas as participantes com adequada 
massa muscular. Esses achados estão de acordo com a literatura vigente que 
vem apontando que obesidade não só está relacionada a desfechos metabólicos 
adversos (ASHWELL; GUNN; GIBSON, 2012; DUTRA et al., 2017; JIA et al., 
2017; MORA-GARCÍA et al., 2014; RAPOSO; SEVERO; SANTOS, 2018; 
RIVERA-MANCÍA et al., 2018), mas também afeta negativamente a musculatura 
esquelética (BENAVIDES-RODRÍGUEZ et al., 2017; PASDAR et al., 2019). 
 Todavia, há carência de estudos que tenham averiguado a relação entre 
massa muscular com distintos índices de adiposidade, o que dificulta a 
comparabilidade com nossos resultados, uma vez que os índices de adiposidade 
mais frequentes na literatura são o IMC e a medida de CC (ARSENAULT; 
DESPRÉS; BOEKHOLDT, 2017; DE ALMEIDA ROEDIGER et al., 2019; KANG 
et al., 2015; KLEIN et al., 2007). 
 Nossos achados corroboram com o estudo de Dabak et al. (2019) que 
encontrou em mulheres obesas (IMC > 30 kg/m2) menores valores de massa 
muscular (DABAK et al., 2019). Além disso, no estudo The São Paulo Ageing & 
Health (SPAH) Study, idosas com baixa massa muscular também apresentaram 
maiores valores de IMC e em adição a isso, na análise multivariada a medida de 
adiposidade visceral foi um preditor importante (MACHADO et al., 2019). No 
entanto, no estudo de Abramowitz (2018) foi observado que as pessoas com 
baixa massa muscular apresentaram menor IMC – 22,4 kg/m² - do que pessoas 
com massa muscular preservada – 28,2 kg/m², porém quando o IMC foi 
categorizado, a prevalência de baixa massa muscular diminuiu acentuadamente 
com o aumento do IMC demonstrando que a massa muscular esquelética é um 
 
 
 
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importante mediador e modificador de efeito da relação do IMC com a 
mortalidade (ABRAMOWITZ et al., 2018). 
 Em relação a CC, o estudo de Siervo et al. (2012) com mulheres a partir 
dos 18 anos reforça os nossos achados, demonstrando que independente do 
grupo etário (< 60 anos ou > 60 anos) a circunferência de cintura maior que 88 
cm pode discriminar melhor mulheres com baixa massa muscular associada a 
alta adiposidade do que o IMC maior que 30 kg/m2 (SIERVO et al., 2012). 
 Um estudo realizado em idosos obesos e com sobrepeso com síndrome 
metabólica, de ambos os sexos, encontrou uma relação direta entre CC e massa 
apendicular esquelética se opondo aos nossos achados que apontam mulheres 
com maior CC apresentando menores valores de massa magra (MESINOVIC et 
al., 2019). No entanto, os mesmos indivíduos com maiores valores de CC 
também apresentaram uma pior qualidade muscular nos testes de desempenho 
físico, sugerindo talvez que o índice de adiposidade visceral,

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