Buscar

TCC-final-com-carta-InAícia-Joeline

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 51 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
INÁCIA JOELINE DA SILVA AZEVEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONTEXTO DE EVENTOS NA PANDEMIA: Uma análise 
histórico descritiva à luz da Gripe Espanhola e da Covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2022 
 
INÁCIA JOELINE DA SILVA AZEVEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONTEXTO DE EVENTOS NA PANDEMIA: Uma análise 
histórico descritiva à luz da Gripe Espanhola e da Covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, 
apresentado ao Departamento de Ciências 
Administrativas, como pré-requisito para 
obtenção do grau de Bacharel em 
Administração. 
 
Orientadora: Profª. Msc. Thelma Pignataro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2022 
 
 
 
 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
 
 Azevedo, Inácia Joeline da Silva. 
 O contexto de eventos na Pandemia: uma análise histórico 
descritiva à luz da Gripe Espanhola e da Covid-19 / Inácia 
Joeline da Silva Azevedo. - 2022. 
 49f.: il. 
 
 Monografia (Graduação em Administração) - Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, 
Departamento de Administração. Natal, RN, 2022. 
 Orientadora: Profª Me. Thelma Pignataro. 
 
 
 1. Eventos - Monografia. 2. Pandemia - Monografia. 3. Gripe 
Espanhola - Monografia. 4. Covid-19 - Monografia. I. Pignataro, 
Thelma. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. 
Título. 
 
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 79:61 
 
 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
 
 
 
INÁCIA JOELINE DA SILVA AZEVEDO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CONTEXTO DE EVENTOS NA PANDEMIA: Uma análise histórico descritiva à luz 
da Gripe Espanhola e da Covid-19. 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, 
apresentado à Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte, como requisito para 
conclusão do Curso de Administração. 
 
Orientadora: Profª. Msc. Thelma Pignataro. 
 
 
 
Aprovada em: ____ / ____ / ________ 
 
 
 
 
Thelma Pignataro, M.Sc. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Orientadora 
 
 
 
Edna Maria da Silva Medeiros Oliveira, M.Sc. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Examinador 
 
 
 
Paula Gonçalves Serafini, M.Sc. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Examinador 
AGRADECIMENTOS 
 
A caminhada foi extensa e cansativa até aqui. Por várias vezes regrada com momentos difíceis, 
ora por momentos de felicidades e até que chegou seu fim. Agora é hora de comemorar, afinal 
são anos de dedicação, esforços, superação e representa a concretização de mais um sonho 
conquistado com muita luta e determinação. 
 
Antes de tudo, gostaria de agradecer primeiramente a DEUS, que me permitiu chegar até aqui, 
que me guiou e iluminou por toda essa trajetória, com força e sabedoria em todos os momentos 
da minha vida e agora não seria diferente. Muito obrigada meu Senhor! 
 
Aos meus queridos e amados pais, Joel Leocádio de Azevedo e Maria Rúbia da Silva Azevedo, 
que me deram a vida, me ensinaram a vivê-la com dignidade, intercedendo e acompanhando 
meus caminhos com afeto, dedicação e preocupação comigo e com meu futuro. Vocês foram 
essenciais em todo esse processo, em especial nessa fase final. Assim como também meu irmão, 
Hugo Leonardo, pelo carinho fraterno e irmandade apesar da distância. Herdei de vocês suas 
melhores qualidades, a coragem de correr atrás dos meus sonhos, a força para lutar contra os 
obstáculos da vida e a inteligência para discernir qual o melhor caminho a seguir. Não tenho 
nem palavras para expressar a gratidão do que fizeram e fazem por mim, vocês são muito mais 
que importantes e especiais na minha vida. Amo vocês! 
 
À minha família como um todo, pelo carinho, força e apoio dado mesmo à distância, em 
particular a Vozinha, tia Rute e tia Núbia. O carinho que sempre me acolhem, a atenção que 
dão aos meus pais e meu irmão quando não estou presente. Sou eternamente grata a vocês. 
Amo-as. 
 
Ao meu companheiro, amor, amigo, namorado Michel Ebrahim. Por toda paciência, ajuda, 
companhia especial, compreensão, apoio e força que me deu em todos os momentos, em 
especial nessa fase final que foi tão árdua e difícil. Sem palavras que consigam expressar e para 
te agradecer por TUDO. A ti o meu amor, carinho, respeito e companheirismo. Fui pro 
Pernambuco pela faculdade, voltei com conhecimento e um amor comigo. Te amo! 
 
À professora e orientadora Thelma Pignataro, que com sua experiência, sabedoria, paciência e 
compreensão me ajudou e orientou durante o processo de construção deste trabalho. A senhora 
acompanhou todas as batalhas e dificuldades que tive que passar no decorrer do processo e por 
vezes não desisti graças ao seu incentivo. Não só como orientadora, bem como em todo o 
decorrer da caminhada acadêmica no curso de administração como coordenadora do curso, no 
aprimoramento dos conhecimentos passados com dedicação. A senhora foi fundamental 
também no meu processo da mobilidade acadêmica. Minha admiração e gratidão são 
indescritíveis. 
 
Aos professores do curso de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
– UFRN, que foram essenciais no meu aprendizado nesses anos de busca por conhecimento. 
Assim como, aos também professores e coordenação do curso de Administração da 
Universidade Federal do Pernambuco – UFPE, onde pude ter a vivência junto a essa instituição 
com a mobilidade acadêmica. Obrigada pela aceitação do meu projeto, pela experiência, pelo 
conhecimento, por terem me feito trazer e levar o Pernambuco junto comigo, me tornando 
oficialmente uma Potiguar com coração Pernambucano. 
 
Aos meus queridos colegas de turma, pelos momentos compartilhados, pela amizade, pelas 
partilhas de trabalhos e sala de aula, e pelo apoio que tivemos uns pelos outros. Vocês são 
fundamentais nessa conquista, jamais me esquecerei de vocês. 
 
Não quero ser injusta e acabar por não lembrar de alguém, então, aos meus amigos de vida, 
pessoas queridas em geral, sejam de Parelhas ou de Natal ou de Recife, sejam os que estão perto 
ou estão longe... Obrigada pela compreensão por muitas vezes não poder estar tão presente, por 
não poder comparecer as comemorações, festejos, por muitas vezes mantermos contato somente 
virtual ou por telefone, pelo apoio moral que muitas vezes me deram seja em palavras ou em 
gestos, pela consideração que sempre tiveram comigo. Vocês são todos especiais para mim, não 
sabem o quanto. Gratidão a Deus por tê-los em minha vida! 
 
Considerando este trabalho como resultado de uma caminhada, agradecer não pode ser tarefa 
fácil, nem justa. Para não correr o risco da injustiça, agradeço a todos que de alguma forma 
passaram pela minha trajetória acadêmica até agora e que passaram também pela minha vida e 
contribuíram para a construção de quem sou. 
 
Palavras são poucas para expressar a gratidão que tenho. Sintam-se todo sinceramente 
agradecidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão... 
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, 
Que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim... 
E que valeu a pena”. 
 
Mário Quintana 
RESUMO 
 
Os eventos surgiram em um contexto onde o ser humano sentia a necessidade de explorar o 
desconhecido, buscando novas formas de diversão. Tratando-se de acontecimentos que tem sua 
origem na antiguidade clássica, chegando até o período contemporâneo, até se tornar uma 
atividade econômicae social, trazendo vários benefícios socioeconômicos. Caracterizam-se 
principalmente, pela reunião de pessoas ou entidades com o objetivo de celebrar 
acontecimentos importantes e significativos, seja qual for a sua motivação. Sempre estará 
atrelado a movimentação de grande número de pessoas e na maioria das vezes à atividade 
turística. O presente trabalho tem como objetivo central identificar os impactos sofridos pelo 
setor de eventos durante as pandemias dos séculos XX e XXI, com ênfase aos efeitos 
decorrentes da Gripe Espanhola e da COVID-19. Como objetivos específicos foram traçados 
alguns pontos, quais sejam: Apresentar um breve estudo sobre a realização de eventos ao longo 
da história, buscando demonstrar sua importância e identificando suas consequências ao setor 
de eventos. A metodologia se caracteriza como uma pesquisa descritiva e exploratória. O 
instrumento de coleta de dados utilizado é a pesquisa bibliográfica através de livros. As 
conclusões obtidas apontam que o setor de eventos foi um dos mais atingidos, tendo sido o 
primeiro a parar e provável último a retornar com as suas atividades. A partir de então, é 
possível concluir que as pandemias ocorridas em início do século XX e XXI atingiram todas as 
partes do globo, dizimando economias, mostrando que apesar de todo o desenvolvimento e 
tecnologia adquirida, nada supera a mãe natureza. Inúmeras empresas do ramo de eventos e 
prestação de serviço tiveram de fechar as portas, pois uma vez que suas atividades foram 
paralisadas, não tinham como se manter no mercado. Os eventos se reinventaram se 
apresentando sob novos formatos, adaptando-se à essa nova realidade que as pandemias 
trouxeram. 
 
 
 Palavras-chave: Eventos; Gripe Espanhola; Covid-19; Pandemia. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The events suffered in a context where human beings felt the need to explore the unknown, 
seeking new forms of entertainment. In the case of events that have their origin in classical 
antiquity, reaching the contemporary period, until becoming an economic and social activity, 
bringing various socioeconomic benefits. They are mainly characterized by the gathering of 
people or entities with the aim of celebrating important events and staying, whatever their 
motivation. It will always be linked to the movement of a large number of people and most of 
the time to tourist activity. The main objective of this work is to identify the impacts suffered 
by the events sector during the pandemics of the 20th and 21st centuries, with emphasis on the 
effects resulting from the Spanish Flu and COVID-19. As specific objectives, some points were 
drawn, namely: To present a brief study on the realization of events throughout History, seeking 
to demonstrate its importance and identify its consequences for the events sector. The 
methodology is characterized as a descriptive and exploratory research. The data collection 
instrument used is a bibliographical research through books. The directions point out that the 
events sector was one of the hardest hit, having been the first to stop and the first last to return 
with its activities. From then on, it is possible to conclude that the pandemics that occurred at 
the beginning of the 20th and 21st centuries will reach all parts of the globe, saying economies, 
showing that despite all the development and technology acquired, nothing beats mother nature. 
Numerous companies in the field of events and service provision had to close their doors, 
because once their activities were paralyzed, they could not remain in the market. Events have 
reinvented themselves, presenting themselves in new formats, adapting to this new reality that 
the pandemics have brought. 
 
 
Keywords: Events; Spanish Flu; Covid-19; Pandemic. 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - As máscaras de 1918 ............................................................................................. 34 
Figura 2 - Desfile dos Democráticos nas ruas do Rio em 1919 ........................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 
1.1 Problema de pesquisa ...................................................................................................... 11 
1.2 Objetivos da pesquisa ...................................................................................................... 12 
1.2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 12 
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 12 
1.3 Justificativa ...................................................................................................................... 12 
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 14 
2.1 Eventos .............................................................................................................................. 14 
2.1.1 UM BREVE HISTÓRICO .............................................................................................. 14 
2.1.2 CONCEITO E DEFINIÇÃO ........................................................................................... 15 
2.1.3 OS DIVERSOS TIPOS DE EVENTOS: GESTÃO E PRODUÇÃO .............................. 19 
2.2 Eventos em tempos de crise .............................................................................................. 21 
2.2.1 GRIPE ESPANHOLA (1918) - CONTEXTUALIZAÇÃO, REFLEXOS E 
CONSEQUÊNCIAS ................................................................................................................ 21 
2.2.2 COVID-19 (2019) - CONTEXTUALIZAÇÃO, REFLEXOS E CONSEQUÊNCIAS .. 24 
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 28 
3.1 Tipo de pesquisa, natureza e caracterização …….….................….………………....... 28 
3.2 Universo do estudo …………………………….…….…….…………............…........… 29 
3.3 Instrumento de coleta de dados ……………...……………….……………................... 29 
3.4 Tratamento estatístico ou análise dos dados ……...………………………................... 30 
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 32 
4.1 Impactos da Gripe Espanhola ......................................................................................... 32 
4.2 Impactos da COVID-19 ................................................................................................... 39 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 44 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 46 
 
11 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Vivemos em um mundo globalizado, onde as sociedades precisam se adaptar às 
mudanças e transformações se quiserem sobreviver. Em tempos de pandemia, isso chegou 
mesmo a se tornar uma premissa às instituições. 
Com a pandemia do Coronavírus – Covid-19, o setor de eventos foi um dos mais 
atingidos, tendo sido o primeiro a parar e provável último a retornar com as suas atividades. 
Segundo relata Teixeira (2020), os diversos tipos de eventos, desde campeonatos de esportes a 
shows e espetáculos foram sendo cancelados e adiados. Com o distanciamento social e as 
recomendações de combate a disseminação do coronavírus, o setor de eventos tem enfrentado 
estagnação. Acredita-se que o setor enfrenta uma de suas maiores crises já existentes. 
Também é preciso que entendamos que a humanidade não é, nem nunca foi estática. 
As sociedades sofrem influências e se alteram em decorrência destas. São essas alterações quevão influir, em maior ou menor grau, no modo como as atividades dos diversos setores serão 
desenvolvidas. Medidas protetivas, distanciamento das pessoas, uso obrigatório de E.P.I., 
álcool em gel, quantidade de pessoas por ambiente, profissionais de saúde, treinamento 
específico, primeiros socorros, muitas incertezas e inseguranças. Surge à nossa frente um novo 
"normal", onde o planejamento e a organização são as bases para adequação da retomada em 
uma nova realidade, pós pandêmica. 
 
1.1 Problema de pesquisa 
 
A necessidade de se trabalhar o modo pelo qual as pandemias impactaram as atividades 
do setor de eventos, analisando o modo como um evento pôde ser realizado e que ações foram 
tomadas na pandemia para a sua realização, fazendo uma análise descritiva entre os eventos na 
e pós pandemia, Além disso, poder ver os possíveis resultados e benefícios que o setor teve e 
terá, como por exemplo: Onde a pandemia impactou e tem impactado o segmento e que atitudes, 
ações e medidas foram e podem ser tomadas para retomada das atividades. 
Diante do cenário e das circunstâncias apresentadas, vê-se a seguinte problemática de 
pesquisa a ser abordada neste estudo: Quais os impactos sofridos pelo setor de eventos no 
período das pandemias dos séculos XX e XXI? 
 
 
 
12 
 
1.2 Objetivos da pesquisa 
 
1.2.1 OBJETIVO GERAL 
 
• Identificar os impactos sofridos pelo setor de eventos durante as pandemias dos séculos XX e 
XXI, com ênfase aos efeitos decorrentes da Gripe Espanhola e da COVID-19. 
 
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
• Apresentar um breve estudo sobre a realização de eventos ao longo da História; 
• Demonstrar a importância dos eventos para o desenvolvimento socioeconômico das 
sociedades; 
• Discorrer sobre as pandemias da Gripe Espanhola e da COVID-19, identificando suas 
consequências no setor de eventos; 
• Identificar os impactos das medidas restritivas anunciadas pelos estados para o setor de 
eventos. 
 
1.3 Justificativa 
 
A escolha do tema surgiu de algumas percepções aliadas à observação direta realizadas 
nos últimos anos, da vivência e experiência com trabalhos na área de eventos, e com a 
identificação com o tema. Aliado a isso, o fato de haver poucos estudos científicos na e aspectos 
pessoais que também influenciaram a escolha do assunto. Além de poder contribuir com o 
desenvolvimento do setor e conhecer como funcionou a atividade no século anterior. 
Devido à pandemia do Covid-19, que além de recente e ainda está em manifestação e 
do fato de haver poucos estudos científicos na área em todos os níveis, este estudo dentro dos 
aspectos teóricos, tende a contribuir com a temática. Bem como, houveram poucos estudos 
correlatos e descritivos entre a Gripe Espanhola e a Covid-19, sobre a temática, eventos de uma 
forma geral. Ele poderá contribuir como um material documental para futuras pesquisas, sejam 
elas de âmbito acadêmico ou de registro sobre as ações que foram desenvolvidas e poderão ser 
implementadas, demonstrando assim sua relevância tanto acadêmico-científica quanto social 
para o desenvolvimento do mercado. Aliado também ao interesse e curiosidade de buscar como 
foi o cenário na época de 1919/1920 e como está sendo atualmente para o retorno das atividades 
13 
 
do segmento, são as motivações mais fortes que levaram ao interesse em realizar uma pesquisa 
sobre o tema. 
A necessidade de se analisar o modo como a pandemia impactou e tem impactado a 
atividade do setor de eventos no século XX e no século atual; analisar as ações que foram e 
poderão ser tomadas no decorrer da pandemia para a recuperação do segmento, além de poder 
ver os possíveis resultados e benefícios que o setor gerou e poderá ter, podendo ainda verificar 
os possíveis resultados e contribuições que o setor teve e terá, entram como os aspectos práticos 
deste estudo. 
O estudo possibilitará, ainda dentro da análise comparativa, verificar os modelos e 
procedimentos que foram adotados, compreender a sua sistemática de implantação e, ao mesmo 
tempo, inferir sobre os processos e ações que levaram os eventos a ocorrerem e as formas pelas 
quais foram realizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
2. REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 Eventos 
 
2.1.1 UM BREVE HISTÓRICO 
 
Desde o início dos tempos, remontando ainda à Idade Antiga, quando as primeiras 
cidades começavam a se desenvolver, o homem já sentia necessidade de explorar o 
desconhecido, buscando novas formas de diversão, desbravando o conhecimento que se lhe 
descortinava a cada dia. (ABREU, 2013). 
O acontecimento de eventos, ao longo da História, da antiguidade aos tempos 
modernos, sempre envolveu um grande número de pessoas em sua fase organizacional, bem 
como atrai um grande número de participantes, acabando por gerar inúmeros benefícios para a 
região de sua ocorrência. Em outras palavras, um grande evento acaba por se tornar em uma 
atividade econômica e social, trazendo benefícios socioeconômicos para a população da região. 
Ainda na antiguidade clássica, na Grécia Antiga, pode-se registrar uma grande 
quantidade de deslocamento de pessoas quando da realização dos jogos olímpicos, que 
ocorriam no Santuário de Olimpia a cada 4 anos. 
 
Durante o decorrer dos jogos nenhum tipo de combate podia ser travado - 
período de paz. Pensa-se que os primeiros jogos olímpicos ocorressem no ano 
de 776 a.C. Estes acontecimentos de relevo estão na base da criação do 
turismo e principalmente do turismo de eventos. (MARQUES, 2005 apud 
ABREU, 2013, p. 31). 
 
Ainda sobre a ocorrência de eventos na antiguidade, António José Vitorino Abreu (2013) 
cita já a existência do chamado “turismo de eventos”, quando há o deslocamento de grande 
número de pessoas em direção a determinados lugares, seja com a intenção de visitar 
determinados lugares ou de participar de algum tipo de comemoração sazonal. 
 
Atualmente, sabe-se que durante o apogeu do império romano havia quem 
visitasse a Grécia antiga, atravessando o mar Mediterrâneo e também visitasse 
as célebres pirâmides de Gizé, localizadas no Egipto. Na China, verificavam-
se também fluxos turísticos "Turismo Doméstico", realizados principalmente 
por nobres e poderosos, os quais eram atraídos, para luxuosas residências de 
veraneio... Outro tipo de acontecimento identificado e de extrema importância 
foram as festas saturnálias, do ano de 500 a.C., das quais derivaram o carnaval. 
(LEAL, 2015, apud ABREU, 2013, p. 32). 
https://recil.ensinolusofona.pt/browse?type=author&value=Abreu%2C+Ant%C3%B3nio+Jos%C3%A9+Vitorino
15 
 
E assim a História avança e os eventos tornam-se cada vez mais frequentes e melhor 
estruturados, como cita Matias (2001). 
 
Com o declínio da civilização antiga, surge a ascensão do cristianismo. O 
principal legado deixado por esta civilização trata-se principalmente da sua 
elevada hospitalidade, infraestruturas de acessibilidade e a concretização dos 
primeiros espaços/locais de eventos, tais como: Coliseus, Teatros, Estâncias 
Termais e Balneários. (MATIAS, 2001, p. 25). 
 
Dessa forma, 
 
Os eventos tratam-se de acontecimentos que têm a sua origem na antiguidade 
clássica e que atravessaram diversificados períodos da história da civilização 
humana, chegando até ao período contemporâneo. (MATIAS, 2001, p. 25). 
 
Segundo Abreu (2013), a queda do Império Romano representou o apogeu do 
cristianismo e o consequente advento do período denominado pelos historiadores de Idade 
Média. Neste período, uma série de acontecimentos se sucederam, culminando com o advento 
das feiras livres, que em muito influenciaram a ocorrência dos eventos de massa. 
Como cita Matias (2001), 
 
Ao nível do turismo de eventos, a Idade Média estabeleceu as bases, para o 
desenvolvimento de uma série de eventos, principalmente de cariz religioso e 
comercial, que conduziram à deslocação para o efeito de um elevado número 
de cidadãos,membros do clero, mercadores, comerciantes, mecenas, etc. 
(MATIAS, 2001, p. 26). 
 
No entanto, ainda segundo o autor, 
 
A maior expansão de eventos deu-se com a criação das feiras e festividades 
comerciais típicas da Idade Média, consolidando-se efetivamente como 
atividade, a partir do século XX, com a criação de alguns subgéneros e 
tipologias, tais como: Eventos desportivos, Feiras, Amostras, Exposições 
universais. (MATIAS, 2001, p. 26). 
 
As inúmeras viagens efetuadas por alguns grandes personagens históricos como Marco 
Pólo, em direção à China, proporcionaram não só o conhecimento de novos espaços, mas 
também a interação com outros povos, o que proporcionou a aquisição de novos conhecimentos 
que vieram colaborar para a melhoria na execução dos eventos. 
Avançamos no tempo, chegamos ao século XVIII. O advento da Revolução Industrial 
trouxe inúmeras novas possibilidades, quando se passou de um estilo de vida socioeconómico 
16 
 
de cariz manual para o mecanizado, quando as forças de trabalho, tanto humana, quanto animal 
foram substituídas por outras tipologias de energia, tais como: o vapor e a combustão. (ABREU, 
2013). 
Estes tipos de mudanças trouxeram inúmeras transformações aos setores econômicos, 
em especial ao de transportes e comunicações, o que beneficiou de forma bastante significativa 
a realização de eventos técnicos e/ou científicos. Assim, em inícios do século XIX tiveram 
início as primeiras organizações efetivas para a realização de grandes eventos. Uma das áreas 
que teve bastante expansão neste período foi a do “Turismo de eventos”. Como exemplo, cita-
se a viagem de comboio organizada pelo inglês Thomas Cook, em 1841, que levou 570 
congressistas às cidades de Leicester e Loughborough, com o objetivo de participarem de um 
congresso antialcoólico. 
Devido ao aumento significativo de feiras e festividades, após a revolução industrial, 
surgem consecutivamente novos espaços adaptados e construídos quase exclusivamente 
destinados ao usufruto desta tipologia de eventos, ou seja, desenvolveram-se efetivamente os 
pilares do turismo de Eventos. (ABREU, 2013, p. 34). 
Segundo os autores Matias (2001) e Abreu (2013) o avanço das tecnologias de 
informação dos meios de comunicação ao longo do século XX, bem como a Revolução ocorrida 
nos meios de transporte neste período, como por exemplo o advento de automóveis e mais tarde 
do avião, possibilitou mais agilidade e segurança e claro conforto, isso gerou grande 
desenvolvimento ao setor turístico e consequentemente ao setor de eventos voltados a este 
público. 
O primeiro pavilhão de exposições e feiras de nível mundial a ser construído foi o 
Palácio de Cristal localizado em Londres no ano de 1851. Para sua construção foram aplicadas 
as novas tecnologias à época, em uma combinação de ferro, aço e vidro, dentre outros materiais, 
tendo sido desenhado pelo arquiteto em inglês se Joseph Paxton. (ROCHA, 2012) 
O local serviu para abrigar grandes feiras e exposições mundiais, que ocorreram entre 
os séculos XIX e XX. Esses eventos serviram de motivação para o deslocamento de grande 
número de pessoas, momento em que os eventos passaram a ter também uma conotação 
comercial (BAHL, 2003). O primeiro evento ocorrido no Palácio de Cristal, historicamente 
conhecido como “a Grande Exposição de 1851”, reuniu em torno de 14.000 expositores e um 
grande número de visitantes, como jamais havia ocorrido até então. Thomas Cook marca o 
início do desenvolvimento do turismo de eventos e da sua consolidação, através da organização 
de uma viagem com 165.000 pessoas, com a finalidade de assistirem à exposição mundial, 
primeiro evento efetuado/realizado no Palácio de Cristal. (BAHL, 2003). 
17 
 
Ainda no século XIX, no ano de 1896, o barão Pierre de Coubertin, juntamente com 
alguns idealistas, resolveram retomar a organização e realização dos Jogos Olímpicos. Vale 
ressaltar que a última edição dos jogos havia ocorrido no ano de 393 d.C. ainda na antiguidade. 
O evento tomou grandes proporções, tornando-se um dos maiores acontecimentos a nível 
mundial e atraindo um grande número de pessoas entre espectadores e participantes. Esta nova 
edição dos Jogos ficou conhecida como “Jogos Olímpicos da Era Moderna”, sendo a primeira 
edição realizada na cidade de Atenas, passando a ocorrer de quatro em quatro anos, como na 
antiguidade. (RUBIO, 2011) 
 
2.1.2 CONCEITO E DEFINIÇÃO 
 
Como muitos autores citam, a ocorrência de grandes eventos estará sempre atrelada a 
movimentação de grande número de pessoas e na maioria das vezes à atividade turística. Assim 
o turismo de eventos vem a cada dia ganhando mais atenção por parte por parte dos investidores, 
que veem nesta atividade, uma forma de obter alta produtividade para a atividade turística. 
Vários estudos afirmam que o turismo de eventos se tem posicionado como um 
segmento crescente na indústria do turismo (ABREU, 2013). “Este crescimento no mercado de 
eventos tem permitido o aparecimento de novas oportunidades de negócios e carreiras, tal qual 
aconteceu com o aparecimento de diversas empresas relacionadas com a prestação desses 
serviços.” (GETZ, 1997, p.2). 
A produção e execução de eventos podem inclusive vir a ter significação emocional para 
participantes e/ou para quem os organiza. O fato é que, segundo Renato Brenol Andrade, 
 
Os eventos constituem parte significativa na composição do produto turístico, 
atendendo as exigências de mercado em matéria de entretenimento, lazer, 
conhecimento, descanso e tantas outras motivações. Podem representar, 
quando adequadamente identificados com o espaço onde se realiza, a 
valorização de conteúdos locais, tornando-os parte destacada da cultura. Mas 
podem também ser constituídos por iniciativas fundamentadas apenas num 
cenário de atendimento às exigências do mercado consumidor. (ANDRADE, 
2002, p.41). 
 
Sendo assim, Soraya Sousa de Albuquerque (2004) define evento como “o fundamento 
multiplicador de negócio pelo seu potencial de gerar novos fluxos de visitantes, ou ainda, evento 
é todo fenômeno capaz de alterar determinada dinâmica da economia” ALBUQUERQUE, 
2004, p. 25). 
 
18 
 
Já segundo Marcia Alberton (2011), evento seria, 
 
Uma concentração ou reunião formal e solene de pessoas e/ou entidades 
realizada em data e local especial, com objetivo de celebrar acontecimentos 
importantes e significativos, além de estabelecer contatos de natureza 
comercial, cultural, esportiva, social, familiar, religiosa, científica etc. 
(ALBERTON, 2011, p. 03) 
 
Ou ainda, evento pode ser “qualquer tipo de acontecimento onde as pessoas se reúnem 
visando troca de ideias, intercâmbios, confrarias. avaliação de projetos. Normalmente 
comungam com a mesma ideia e têm o mesmo objetivo.” (GONÇALVES, 2003, p. 05). 
Não raro, alguns autores mencionam que as regiões e /ou empresas que fazem parte de 
organizações organizadoras de eventos possuem um conjunto de planejamentos, cujo objetivo 
seria trazer benefícios, não apenas para comissão organizadora do evento, mas para as 
comunidades locais, na medida em que impacta os meios de hospedagem, restaurantes 
transportes, e nas demais atividades econômicas da região onde ocorrem, gerando renda. 
Eventos, sejam eles turísticos ou de negócio, atraem pessoas e essas pessoas irão 
demandar serviços. Elas precisam se hospedar, elas frequentam bares, restaurantes, lojas locais, 
movimento o mercado de consumo. 
Segundo Grécia Costa de Oliveira (2022), “o mercado de eventos é um estimulador de 
procura de acomodações, e o que mais facilita essa busca, são os espaços de eventos próximos 
aos hotéis, como centro de convenções e até mesmo os espaços que existem dentro dos próprios 
hotéis.” (OLIVEIRA, 2022, p. 24). 
Uma pesquisa efetuada pelo Ministério do Turismo (MTUR, 2020), indica que o 
faturamento advindo de turistas estrangeiros em viagens de negócios e eventos chega a ser de 
33,4% maisdo que em viagens de lazer. (MTUR, 2020). Esta acaba por ser a saída a que muitas 
redes hoteleiras recorrem com o intuito de driblar a sazonalidade e manter a o nível de ocupação 
de leitos de forma estável, mesmo em período de baixa estação. 
 
Dentro da hotelaria o setor de eventos, tem como um dos principais tipos de 
eventos realizados, o voltado para o turismo de negócios... o hotel se ver 
beneficiado pela realização dos eventos voltados para a área de negócios 
dentro das suas instalações, uma vez que, além do aluguel dos espaços, muitos 
participantes acabam se alocando nas Unidades Habitacionais (UH) do hotel, 
aumentando as rendas, especialmente nos momentos de baixa demanda. 
(OLIVEIRA, 2022, p. 25). 
 
 
19 
 
2.1.3 OS DIVERSOS TIPOS DE EVENTOS: GESTÃO E PRODUÇÃO 
 
Não raro que, ao falarmos do termo evento, imediatamente este seja associado a um 
determinado acontecimento, um lugar e tempo especifico. O fato é que eventos são 
acontecimentos temporais, planejados e divulgados com antecedência e, em sua quase 
totalidade, projetados para ocorrerem em lugares específicos, seja em instalações fechadas, 
locais abertos e até mesmo em muitos locais. 
A classificação dos eventos difere de acordo com a sua natureza e ou finalidade. Por 
vezes, leva-se em consideração também a dimensão e mesmo os impactos políticos, econômicos 
e sociais que, sejam positivos ou negativos, surgirão após sua realização. Existem ainda, os 
eventos que alguns autores consideram como “Megaeventos”, que seriam 
 
Ocasiões sem caráter fixo, de duração fixa, que atraem um grande número de 
visitantes, com um elevado impacto mediático, acarretam enormes custos e 
impactos no ambiente e na população que os rodeia. Inclui eventos desportivos 
e não desportivos, mas exclui os eventos que se repitam no mesmo local. 
(MÜLLER, 2015, p. 639) . 
 
Existem controvérsias acerca das implicações que estes eventos podem trazer para a 
sociedade. Este foi um dos principais assuntos discutidos na conferência promovida pela 
International Association of Scientific Experts in Tourism ocorrida em 1987. O termo pode ser 
relativo, pois segundo Getz 
 
Se nós equipararmos o mega a um tamanho grande, então geralmente são os 
Jogos Olímpicos, feiras mundiais e outros grandes eventos desportivos dos 
quais falamos. Megaeventos, por seu tamanho de importância, são aqueles que 
atingem níveis extraordinários de turismo, cobertura da imprensa, prestígio ou 
impacto económico para a comunidade anfitriã, local ou organização. (GETZ, 
2007, p.25). 
 
Ainda sobre a classificação de eventos, ressalta-se que é muito variável, podendo 
ocorrer de acordo com a finalidade (institucional ou promocional), periodicidade (esporádicos, 
periódicos, únicos, abrangência (regionais, nacionais, internacionais), público alvo 
(corporativos, consumidores finais), por área (artística, cultural, desportivo, folclórico, cívico, 
turístico, dentre outras categorias), em relação à dimensão (grande, médio ou pequeno porte). 
No que tange a tipologia, estes podem ser do tipo: Assembleia, Brainstorming, Brunch, 
Colóquio, colóquio, desfiles, cocktail, convenções, exposições, Happy Hour, Megaeventos, 
20 
 
carnaval, dentre outros. Quanto aos objetivos, destacamos aqueles de caráter econômico, os de 
assistência/participação, os de qualidade. (ABREU, 2013) 
Abreu (2013) cita ainda, a importância dos patrocinadores para o bom andamento dos 
eventos, uma vez que são eles que disponibilizam grande parte dos valores necessários à sua 
execução. 
 
Os patrocínios são extremamente importantes, num plano de eventos. Os 
patrocinadores disponibilizam fundos monetários a favor de um determinado 
evento, recebendo em contrapartida, a exibição/afixação dos seus logótipos, 
das suas marcas, dos seus diversificados produtos ou serviços, ou seja toda a 
sua identidade. Atualmente verifica-se um aumento substancial, do 
envolvimento das organizações nesta tipologia de negócio, estas esperam um 
payback positivo, quer para a sua imagem, quer para os seus resultados. 
(ABREU, 2013, p. 45) 
 
Segundo Hoyle Junior (2006), para que o evento seja bem sucedido, é imprescindível 
que haja a promoção (divulgação) do mesmo. Afinal, o público precisa se convencer de que o 
valor monetário a ser investido no mesmo é compensatório frente aos benefícios oferecidos. De 
uma forma mais ampla, esta divulgação é efetuada a partir dos patrocínios e parcerias 
estabelecidas pelos organizadores dos eventos. O sucesso dos eventos, dependem, a maioria das 
vezes, da sua promoção, que é elemento fundamental para uma boa participação e demonstração 
ao participante, de que o valor monetário investido, compensa em função dos benefícios oferecidos. 
(HOYLE JR., 2006). 
 
Sobre o assunto, Abreu (2013) comenta que 
 
O patrocínio era uma área inexplorada do marketing. Atualmente, é 
claramente aceite, como parte integrante do Marketing-Mix, de diversificadas 
organizações. Podem ser por exemplo, investimentos de clubes desportivos, 
em atividades comunitárias ou governamentais... Um outro procedimento 
efetuado pelos patrocínios, pode ser o câmbio monetário ou de brindes, pela 
exploração comercial do evento. Como conclusão, nota-se cada vez mais que, 
os patrocínios são as principais fontes de payback da quase totalidade dos 
eventos, sejam estes novos ou já existentes, daí que os gestores de eventos 
realizem frequentemente tarefas, que identifiquem os patrocinadores, 
preparem propostas e marquem reuniões de discussão de ideias/propostas. 
(PEDRO, 2012 apud ABREU, 2013, 45). 
 
 
 
 
21 
 
2.2 Eventos em tempos de crise 
 
2.2.1 GRIPE ESPANHOLA (1918) - CONTEXTUALIZAÇÃO, REFLEXOS E 
CONSEQUÊNCIAS 
 
A Gripe Espanhola, ocorreu no início do século XX. Foi a primeira de muitas que 
ocorreriam neste século. Em virtude de sua ocorrência, houve um grande avanço na área da 
medicina, inaugurando diversas inovações tecnológicas no setor iniciando uma nova era no 
combate às doenças. 
O ano era 1918. A humanidade enfrentava a grande tarefa de sobreviver aos desafios 
de estar em meio a uma guerra mundial, a Primeira grande Guerra Mundial. Em determinado 
momento, soldados começaram a ser vitimados, não por balas de fuzil ou escopeta, mas por 
uma enfermidade até então desconhecida de todos, um vírus mortal, que se propagou 
rapidamente pelo front e se estendeu para além dos limites da guerra, indo além das fronteiras 
do continente europeu, se espalhou pelos continentes da África, Ásia e América (KIND; 
CORDEIRO, 2020). 
 
Recebeu o nome no Brasil de “Gripe Espanhola”, aleatoriamente, não porque 
a origem dela fosse a Espanha, mas porque aquele país, sem alinhamento com 
os lados que estavam no conflito e com uma imprensa mais livre para noticiar 
o que acontecia na guerra e para além dela, foi quem primeiro divulgou a 
dimensão de uma doença que mataria cinco vezes mais do que a própria 
guerra. (CAMPOS FILHO, 2020, p.5). 
 
Um fato no mínimo curioso foi que, dentre os países envolvidos nos conflitos de 
guerra, a notícia sobre a tal doença e a propagação de sua gravidade foram censuradas, 
simplesmente para não disseminar o pânico ou mesmo para que as tropas não esmorecessem. 
Alguns autores acreditam que a origem desta doença tenha se dado nos Estados Unidos 
e os soldados, já infectados, levaram o vírus para as trincheiras da Europa. O fato é que em 
pouco tempo o vírus, mais tarde identificado como o vírus da influenza, se espalhou 
rapidamente por todos os continentes. 
 
A gripe, influenza, gripetta, cortesã, malmatelo, afecção catarral (Synochus 
Catarrhalis), febre de três dias, febre das trincheiras, febre dos combatentes, 
febre de Flandres, febre siberiana ou russa, febre chinesa, catarro espanhol, 
espanhola, ou qualquer outro nome dado por médicos ou pelo povo no 
decorrer dos tempos, é um mal, que, segundo os manuais epidemiológicos, 
data de cerca de 400 d.C, sendodescrita por Hipócrates. No decorrer dos anos 
22 
 
de 870 s 1173 teria sido a gripe o mal que acometera diversas populações 
europeias, como a da França, em 1311 e da Itália, em 1323, apesar do 
obscurantismo dos fatos apresentados”. (GOULART, 2003, p. 33). 
 
Apesar de algumas inovações, no final do século XIX e início do século XX, as grandes 
cidades ainda se mostravam pouco desenvolvidas no sentido de comportar todos aqueles que 
se predispunham a viver por ali. As pessoas viviam em condições precárias de moradia e saúde, 
fatores estes que contribuíram para a proliferação de vírus e bactérias, facilitando a proliferação 
de doenças. 
 
Os relatos lidos são unânimes em afirmar como eram aterradores a velocidade 
do contágio e o número de pessoas que eram acometidas pela moléstia. Era 
apavorante a rapidez com que ela invadia os corpos, devido ao curto período 
de incubação. (GOULART, 2003, p.55). 
 
Os números apurados para este período chegam a ser alarmantes. “Ao todo, os 
especialistas do assunto apontam que a quantidade mínima de pessoas que morreram de gripe 
espanhola, entre 1918 e 1919, tenha sido de 50 milhões, mas algumas estatísticas elevam esse 
total para até 100 milhões de pessoas” (CAMPOS FILHO, 2020, p. 8). 
Outros autores divergem no que se refere a esta quantidade. 
 
Apesar das dificuldades de precisão dos números, cálculos modestos apontam 
que a gripe matou 20 milhões de pessoas em todo o mundo ... Matou mais 
gente do que os quatros anos sangrentos da Primeira Guerra Mundial, de 1914-
1918, que vitimou, aproximadamente, oito milhões de pessoas. (KIND; 
CORDEIRO, 2020, p. 4). 
 
No Brasil, a Gripe Espanhola chegou por mar. Trazendo pessoas infectadas da Europa, 
o navio inglês Demerara atracou nos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. A partir destes 
locais então, por viagens de trens, navios ou barcos, a gripe se espalhou pelo Brasil. Em relação 
às notícias que circulavam sobre a doença, Goulart (2005) cita que, 
 
Quando as primeiras notícias sobre a gripe chegaram ao Brasil, foram tratadas 
“com descaso e em tom pilhérico, até mesmo em tom de pseudocientificidade 
ilustrando um estranho sentimento de imunidade face à doença”. De forma 
geral, os textos apontam que os governantes no Brasil minimizaram a doença, 
propalando que era apenas uma gripe comum, passageira e benigna. 
(GOULART, 2005 p. 102). 
 
A verdade é que a doença era ainda desconhecida dos pesquisadores. Pouco se sabia 
sobre as formas de contagio, transmissão e muito menos sobre terapias que surtissem efeito 
23 
 
positivo. Em decorrência, os governos demoraram a se pronunciar sobre o que estava 
ocorrendo, em uma época em que não havia sequer o rádio e o único meio de comunicação era 
o jornal impresso, as notícias demoravam a circular. Mesmo os jornais noticiando sobre a 
doença e instruindo sobre meios de prevenção e possíveis tratamentos, há ainda de se considerar 
que cerca de 65% da população brasileira era analfabeta e, sem acesso as informações 
veiculadas, cada vez mais difícil era o controle da doença. 
Se pensarmos que a humanidade enfrentou duas catástrofes em um só momento, a 
guerra e uma pandemia, pode-se até pensar que os estragos foram leves, mas na realidade, 
nenhuma catástrofe pode ser considerada leve. Os danos são sempre pesados para aqueles que 
enfrentam o problema de forma direta. E neste caso, quem pagou o preço foi a economia 
mundial, que enfrentou uma das piores recessões da história do mundo moderno. 
 
A junção dessas duas catástrofes alterou as condições socioeconômicas 
daquela época, mas inegavelmente beneficiou aqueles países que souberam 
melhor tratar a epidemia, procurando criar condições que dificultassem a 
disseminação do vírus e não causassem um número muito elevado de mortes. 
(CAMPOS FILHO, 2020, p. 8). 
 
Saiu na frente aqueles que conseguiram melhor administrar a crise. O rápido controle 
da expansão da gripe foi um ato essencial, as cidades que realizaram o isolamento social foram 
as primeiras a se recuperarem da crise, mesmo que de forma lenta. 
 
As questões socioeconômicas das nações afetadas pela Gripe Espanhola foram 
duramente alteradas; houve queda abrupta na expectativa de vida e altas taxas 
de mortalidade em comunidades pobres e desfavorecidas; e a procura por 
melhores condições de saneamento básico, de vida e de saúde (já precárias) 
(CAMPOS FILHO, 2020, p. 8). 
 
A ocorrência da Gripe Espanhola trouxe à tona discussões no campo da medicina e 
investimentos por parte do Estado que viessem a evitar e/ou minimizar os efeitos causados por 
doenças desse nível. Também abriu espaço às discussões sobre políticas públicas que 
beneficiassem os menos favorecidos, uma vez que estes foram os que mais sofreram durante a 
ocorrência da Gripe Espanhola. 
 
A alta taxa de óbitos atingiu especialmente os mais pobres, moradores de 
cortiços, vilas operárias e comunidades, com maior letalidade da faixa-etária 
de 20 a 40 anos. “acossada pela carestia, abatida pela fome, desalojada pelas 
reformas urbanas (aglomerada em lugares mal arejados, úmidos e escuros) e 
alquebrada por epidemias precedentes” (SOUZA, 2005 p. 92 apud KIND; 
CORDEIRO, 2020, p. 6). 
24 
 
Para a historiadora Gabrielle Werenicz Alves houve 
 
O espalhamento da doença por causa da dificuldade de medidas de isolamento 
social, devido à falta de amparo ao trabalhador. Em 1918, não houve essa 
preocupação em relação ao isolamento social. Era recomendado evitar 
aglomerações desnecessárias, mas não se impôs nada tão rígido à população 
como as medidas que estão sendo colocadas em prática atualmente. Foi a 
quantidade de pessoas doentes ao mesmo tempo que acabou gerando a 
paralização não intencional do cotidiano das cidades. (ALVES, 2020) 
 
Assim, como no presente, durante a ocorrência da Gripe Espanhola, eventos tiveram 
de ser cancelados, as pessoas tiveram de se isolar em suas casas e esperar a doença ir embora. 
Mesmo que naquela época os eventos fossem menos grandiosos que na data de hoje, eles 
ocorriam. O principal deles aqui no Brasil, o carnaval carioca, foi cancelado no ano de 1918. 
Diferente da atual pandemia que enfrentamos, a Gripe Espanhola, foi embora tão 
rápido quanto chegou e, ao final do ano de 1918, já se podia respirar mais aliviado. A cidade 
do Rio de Janeiro, então capital do país foi a que mais sofreu com as perdas, não bastasse as 
perdas de guerra, a cidade e todo o Brasil encontrava-se ainda chorando seus mortos em 
decorrência da pandemia. O presidente eleito Rodrigues Alves morreu em decorrência da gripe 
antes de tomar posse. 
Mas em meio ao choro, o brasileiro e os cariocas vislumbravam já uma luz, uma 
melodia, e em 1º março, eclodiu o carnaval, que o escritor Ruy castro, em seu livro “O carnaval 
da guerra e da gripe” (2020). denominou de “Carnaval da Revanche – a grande desforra contra 
a peste que dizimara a cidade”. Depois de chorar pelos mortos, tudo o que as pessoas queriam 
era celebrar a vida. (CRUZ, 2021) 
 
2.2.2 COVID-19 (2019) - CONTEXTUALIZAÇÃO, REFLEXOS E CONSEQUÊNCIAS 
 
Cidade de Wuhan, China, 08 de dezembro de 2019. Este foi o local e a data em que 
se registraram os primeiros casos de uma pseudopneumonia, causada por um patógeno ainda 
desconhecido. O que se acreditava ser apenas mais uma virose, a que o organismo do ser 
humano já estava familiarizado, revelou-se em apenas alguns meses, como um vírus letal. 
Posteriormente à esta data, o novo vírus foi identificado como uma nova variação do 
betacoronavirus, hoje identificado como síndrome respiratória aguda grave de coronavírus 2 
(SARS-CoV-2), conhecido por todos pelo nome de COVID-19 (GUAN et al. 2020). 
25 
 
Segundo Azevedo e Cavalcante, “a COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) é uma 
infecção respiratória provocada pelo Coronavírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 
(SARS-CoV-2).” (AZEVEDO; CAVALCANTE; CAVALCANTE, 2021, p. 43). 
No quetange aos sintomas deste novo vírus, tem-se que 
 
Se assemelham aos de uma gripe e pode, ou não apresentar tosse, febre e 
dificuldades de respiração. Em casos mais graves, podem atacar órgão 
internos, como o coração, o pulmão e até mesmo o fígado ou o intestino. Sua 
propagação se dá através de gotículas presentes no ar ou em superfícies 
sólidas. (BRASIL, 2020). 
 
O novo vírus provou ser resistente a todo tipo de medicação até então conhecida e 
avançou de forma rápida. Em menos de um mês, 44 casos foram confirmados na China, e após 
este período, a situação só se agravou se propagou por outras cidades, indo além do continente 
asiático, chegando às grandes cidades da Europa. 
No Brasil, as únicas informações eram as disponibilizadas pelos noticiários e ou o que 
conseguíamos ver na rede. Pessoas morriam todos os dias em decorrência de uma doença até 
então desconhecida e para a qual ainda não havia cura. Ainda, o vírus causador de tal doença 
era rápido e ágil em efetuar novos contágios. 
Na data de 30 de janeiro de 2020 foi emitido um alerta internacional foi emitido pela 
OMS (Organização Mundial de Saúde), tratava do perigo e dos danos que este novo vírus estava 
causando e poderia vir a causar em todo o mundo. 
 
Em 30 de janeiro de 2020, a OMS declarou que o surto do novo 
coronavírus constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância 
Internacional (ESPII) – o mais alto nível de alerta da Organização, conforme 
previsto no Regulamento Sanitário Internacional. Essa decisão buscou 
aprimorar a coordenação, a cooperação e a solidariedade global para 
interromper a propagação do vírus. (OPAS, 2022). 
 
No Brasil, frente aos alertas emitidos pela OMS, o Governo Federal também emitiu 
alertas preventivos, conforme Lei de nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020, a qual “Dispõe 
sobre as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância 
internacional decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019”. (BRASIL, 2020). 
Na data de 29 de fevereiro do mesmo ano, tinha-se o primeiro caso de COVID-19 
confirmado no Brasil. Enquanto na Europa o Coronavírus se expandia, no Brasil gerou 
especulações em meio a população e aos diversos setores de nossa sociedade, gerando medidas 
preventivas em todos os estados da federação. 
https://www.paho.org/pt/news/30-1-2020-who-declares-public-health-emergency-novel-coronavirus
https://www.paho.org/pt/news/30-1-2020-who-declares-public-health-emergency-novel-coronavirus
26 
 
Em 11 de março, a OMS emitiu novo comunicado, o qual decretava o estado de 
Pandemia, (momento em que a doença já se distribuiu geograficamente por todos os 
continentes) “em virtude da alta taxa de transmissão do vírus e sua propagação em nível 
mundial, possuindo letalidade média por volta de 5%.” (AZEVEDO; CAVALCANTE, 2021, 
p. 43). 
Desde então, por todo o mundo, o que se viu foi a adoção de medidas de restrições e 
isolamento social, como o intuito de diminuir a propagação do vírus. 
Sobre estas medidas, pode-se citar que 
 
Incluem o isolamento de casos; o incentivo à higienização das mãos, à adoção 
de etiqueta respiratória e ao uso de máscaras faciais caseiras; e medidas 
progressivas de distanciamento social, com o fechamento de escolas e 
universidades, a proibição de eventos de massa e de aglomerações, a restrição 
de viagens e transportes públicos, a conscientização da população para que 
permaneça em casa, até a completa proibição da circulação nas ruas, exceto 
para a compra de alimentos e medicamentos ou a busca de assistência à saúde. 
(AQUINO, 2020, p. 2424) 
 
No Brasil, foi implementada a Lei nº 13.979/2020, de 07 de fevereiro de 2020, que 
dispõe sobre as medidas para enfrentamento da COVID-19 no país. (AQUINO, 2020). O autor 
ainda comenta que apesar da lei supracitada “o presidente Jair Bolsonaro tem minimizado sua 
importância, mantendo-se como um dos poucos dirigentes mundiais que se recusam a 
reconhecer a ameaça que ela constitui.” (AQUINO, 2020, p. 2450) 
Embora o Governo Federal tenha se omitido da maioria das decisões restritivas, 
governos estaduais e municipais determinaram em suas jurisdições, a restrição da continuidade 
de diversas atividades (econômicas ou não) não consideradas essenciais, afetando shoppings 
centers, indústrias, escritórios, escolas e até mesmo serviços públicos. (AQUINO, 2020, p. 
2450) 
Nenhuma das medidas adotadas foi suficiente para conter sua propagação e por todo 
o ano de 2020 a incidência de novos casos aumentou a um nível até então, inimaginável, 
trazendo consigo um elevado número de mortes por COVID-19. Em novembro de 2020 já se 
acumulava um total de 1.388.528 mortos em nível mundial e de 69.485 apenas no Brasil. (OMS, 
2020). 
 
Devido ao grande avanço da contaminação da doença, várias autoridades 
governamentais vêm adotando diversas estratégias, com a intenção de reduzir 
o ritmo da progressão da doença... Entre estas estratégias, a primeira medida 
adotada foi o distanciamento social, evitando aglomerações a fim de manter 
27 
 
no mínimo um metro e meio de distância entre as pessoas, como também a 
proibição de eventos que ocasionem um grande número de indivíduos 
reunidos (e. g., escolas, universidades, shows, shoppings, academias 
esportivas, eventos esportivos, entre outros). (AZEVEDO; CAVALCANTE;, 
2021, p. 43). 
 
O fato é que nem mesmo a sociedade mais desenvolvida estava, ou está preparada para 
tal evento. Sempre existiram doenças infectocontagiosas, mas nenhuma atingiu proporções tão 
gigantescas em tão pouco tempo. A reação dos governantes teve de ser rápida, e inúmeras 
medidas emergências foram implantadas em um curto espaço de tempo, na busca para que o 
impacto na sociedade fosse o menor possível. 
Diferente de tudo que havia sido visto até o momento, a COVID-19, em oposição a 
outras epidemias, apresentou-se de forma radical ao ser humano. Conforme citam Ian Pogan e 
Sebastião Gonçalves Feitosa (2021), 
 
Ao contextualizar as epidemias entre os séculos XX e XXI, percebe-se uma 
diminuição na letalidade e no número de infectados. A pandemia de Covid-19 
rompeu com essa sequência histórica, e, mais do que isso, ela é um evento que 
coloca em risco o “modus operandi” pós-moderno, uma vez que: evidenciou 
a fragilidade do Estado, do Mercado e aduziu a indiferença de muitas esferas 
do poder quanto aos efeitos danosos na estrutura econômica e social das 
populações – principalmente de grupos de menor renda e com maior 
vulnerabilidade social. (POGAN; FEITROSA, 2021, p. 86) 
 
Apesar de já ser possível mensurar alguns dados e danos causados pela pandemia do 
COVID-19, ainda é cedo para totalizar o cálculo, uma vez que a pandemia, apesar de ter 
retrocedido em números, ainda se apresenta como uma sombra a pairar sobre nossas cabeças, 
não tendo sido ainda erradicada de nossas vidas. 
Os reflexos da pandemia do novo coronavírus vão muito além da área da Saúde. Os 
setores sociais, econômicos e políticos de todas as sociedades também sentiram os efeitos 
propagados pelo novo coronavírus. Isolamento social, distanciamento, desemprego, além das 
mortes provocadas pela doença são apenas alguns dos efeitos, reflexos causados pelo vírus. 
Segundo Azevedo e Cavalcante (2021, p. 44), “os impactos históricos e sociais provocados pela 
pandemia ainda estão sendo ‘construídos’ e ‘analisados’.” 
Ao longo do ano de 2020, os países tentaram, a duras penas, reerguer suas economias 
e ao longo dos meses buscavam divulgar suas taxas de crescimento da economia, 
Dados divulgados pelo Banco Mundial, deixam a percepção do quão atroz foi o efeito 
causado pela pandemia. um impacto muito maior que a crise de 2007/2008, iniciada junto ao 
sistema hipotecário americano e que se alastrou pelas demais economias ao redor do mundo. 
28 
 
3. METODOLOGIA 
 
Aplicados na pesquisa realizada sobre o contexto dos eventos nas pandemias dos 
séculos XX e XXI da Gripe Espanhola e daCovid-19, com o objetivo de identificar os impactos 
por elas causados ao setor, este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos. Desde o 
tipo de pesquisa, à natureza e caracterização dela, universo da pesquisa, os instrumentos 
utilizados na coleta de dados, o tratamento e análise de dados nela empregada. 
 
3.1 Tipo de pesquisa, natureza e caracterização 
 
De modalidade monografia, este estudo muito se insere e se identifica como sendo 
uma pesquisa descritiva, exploratória e interpretativa no que tange à sua tipologia. Pois sua 
finalidade foi ampliar o conhecimento sobre a área pesquisada e é tida como descritiva por 
descrever as características do tema abordado. 
Sobre o assunto, Gil (2002) afirma que uma pesquisa exploratória teria por objetivo 
desenvolver conceitos, esclarecendo-os e mesmo modificando-os, com o intuito de formular 
problemas precisos e passiveis de serem pesquisados. Ainda afirma que este tipo de pesquisa 
possui um planejamento menos rígido, uma vez que seu objetivo principal é apenas aproximar 
o pesquisador do objeto estudado e não o decifrar por completo. Para Gil (2022), a pesquisa 
exploratória “tem como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de 
intuições.”. 
Os pesquisadores buscam por ideias que possam facilitar a percepção do sentido do 
objeto pesquisado, possibilitando ao pesquisador obter um conhecimento mais aprofundado dos 
fatos, facilitando a elaboração de problemas e hipóteses de forma mais precisa. 
De abordagem qualitativa, sua natureza visou analisar por meio das informações 
encontradas na pesquisa realizada. A pesquisa qualitativa, uma vez que se utiliza de dados, 
procurando analisá-los sob a ótica do determinado assunto ou acontecimento, avaliando o 
contexto em que se encontra o objeto de estudo, bem como analisa não só a aparência, mas 
também a sua essência. 
Considerando, no entanto, que a abordagem qualitativa, enquanto exercício de 
pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a 
imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos 
enfoques (GODOY, 1995, p. 20). 
29 
 
A pesquisa qualitativa visa compreender os significados presentes nas ações humanas 
e não as explicar, justificando assim, a escolha para a sua utilização nesta pesquisa (SILVA, M. 
S., 2021). 
 
3.2 Universo do estudo 
 
A pesquisa foi realizada tendo como universo do estudo as pandemias da Gripe 
Espanhola e da Covid-19, seus contextos históricos e impactos gerados, principalmente ao que 
se refere ao setor de eventos. 
Na pesquisa qualitativa, a seleção previamente planejada do universo ou objetos da 
pesquisa, ajudam o pesquisador a entender o problema e a questão de pesquisa. Também não é 
obrigatória uma amostragem de um grande número de objetos do estudo (SILVA, M.S., 2021). 
Os dados sendo recolhidos diretamente com os sujeitos da pesquisa, de modo a serem 
consideradas suas respectivas declarações, constituindo assim, uma fonte primária de dados 
(ZANELLA, 2013). 
 
3.3 Instrumento de coleta de dados 
 
Tendo abordagem qualitativa e topologia descritiva e exploratória, este trabalho teve 
como instrumento de coleta de dados utilizados desde livros, publicações, documentos, 
netnografia e semiótica, utilizados através de pesquisa bibliográfica. 
Esse tipo de coleta de dados é tida pelos estudiosos da área como um tipo de coleta de 
dados secundária e que toma por fonte, contribuições técnicas-cientificas publicadas e ou 
difundidas por estudiosos da área pesquisada (OLIVEIRA, 2011). 
Sobre a ideia de uma pesquisa bibliográfica Lakatos e Marconi citam que, 
 
“[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema 
estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, 
pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua 
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi 
escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...]” (LAKATOS; 
MARCONI, 2011, p. 183). 
 
Para Vergara, (2005), a pesquisa bibliográfica evolui a partir de materiais já 
produzidos, sejam livros ou artigos científicos. Sua importância ao meio científico se dá 
mediante a necessidade que existe em fomentar e propagar o conhecimento em suas fontes. 
30 
 
Faz-se necessário frisar que o pouco tempo disponível para a realização da pesquisa - já 
que tratou-se de um tema ligeiramente novo, a pandemia da Covid-19 ainda não é considerada 
terminada, consequentemente demandando uma disposição maior de tempo para buscar a fundo 
as informações ou até para fundamentá-las. Resultou assim em uma amostra de resultados 
relativamente pequena, principalmente nos impactos sobre no setor de eventos sob a ótica da 
Covid-19 pequena em relação a importância da temática do trabalho. 
 
3.4 Tratamento estatístico ou análise de dados 
 
O procedimento adotado neste trabalho como tratamento estatístico foi a análise de 
conteúdo, partindo da afirmação feita por Bardin (1977), de que este tipo de estudo se utiliza 
de técnicas de análise do enriquecimento da ideia comunicativa e teria por objetivo principal 
extrair a essência por traz da mensagem. Dessa forma, uma possível definição da análise de 
conteúdo seria, 
 
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando a obter, por 
procedimentos, sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo de 
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de 
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis 
inferidas) dessas mensagens (apud OLIVEIRA, 2011, p. 47). 
 
A técnica de análise de conteúdo é constituída por um conjunto de técnicas de análise 
que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. A 
intenção da análise de conteúdo é a dedução (inferência) de conhecimentos relativos às 
condições de produção ou de recepção, a qual recorre a indicadores quantitativos ou não. 
(SILVA, M. S, 2021 apud MOZZATO; GRZYBOVSKI, 2011). Por consequência, a 
pesquisadora buscou por ideias que puderam facilitar a percepção do sentido do objeto 
pesquisado, possibilitando obter um conhecimento mais aprofundado dos fatos, facilitando a 
elaboração de problemas e resultados de forma mais precisa. 
Utilizando-se da análise de conteúdo em soma com a exploração bibliográfica, fez-se 
fazer um levantamento acerca do setor de eventos como um todo e dos impactos sofridos pelo 
mesmo durante os períodos de grandes pandemias, especificamente da pandemia da Gripe 
Espanhola e a da Covid-19. 
 
“A leitura efectuada pelo analista, do conteúdo das comunicações, não é, ou 
não é unicamente, uma leitura “à letra”, mas antes o realçar de um sentido que 
31 
 
se encontra em segundo plano. Não se trata de atravessar significantes para 
atingir significados, à semelhança da decifração normal, mas atingir através 
de significantes ou de significados (manipulados), outros “significados 
[...]”.(BARDIN, 1977, p.41). 
 
Segundo Trivinõs (1987), este tipo de metodologia de pesquisa pode ser aplicado tanto 
para pesquisas quantitativas, quanto qualitativas. É um método, como dito acima, que busca 
outros significados, analisando tudo aquilo que está em segundo plano na leitura estudada. 
(apud OLIVEIRA, 2011, p. 47). 
Segundo Silva (2001), este tipo de estudo, e do pesquisador que o elabora, tem por 
características a objetividade, a capacidade de sintetização, a quantitividade de elementos com 
teor significativo. 
Todo o material escolhido foi organizado de forma que apenas conteúdos relevantes 
foram considerados e instrumentalizados. Após a leitura e releitura rigorosa de todo o material, 
foi definida a análise. Ao dar prosseguimento ao tratamento dos dados, realizou-se um estudo 
mais aprofundado com base nos acontecimentos empregado no referencial teórico utilizado na 
pesquisa e emseguida procedeu-se ao tratamento, interpretação e inferências dos resultados. 
 
32 
 
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 
4.1 Impactos da Gripe Espanhola 
 
 Conhecida por ter sido a pandemia mais devastadora e letal da história, com o maior 
número de mortos e feridos até então, a Gripe Espanhola deixou um rastro de pânico, causou 
uma mudança na vida cotidiana de boa parte do planeta na época. 
Em todo o mundo, a pandemia acabou agravando a miséria de parte da população, e 
essas pessoas que mais sofreram com toda a situação provocada pela grande gripe. Ainda teve 
impacto negativo nos níveis de atividade econômica, emprego e renda. A interrupção das 
atividades econômicas e de tantas outras inerentes aos surtos epidêmicos não foram evitadas e 
nem houve planejamento para aplacar os efeitos da ‘espanhola’. 
Medici (2020), relata que dados econômicos da época, mesmo que escassos, estimam 
que o impacto negativo da gripe espanhola no PIB mundial foi de 6%, e no consumo agregado, 
este impacto chegou a 8%. Manchetes dos jornais comentavam que a Gripe Espanhola teve um 
impacto adverso no mercado de trabalho, dando uma taxa de mortalidade maior entre as pessoas 
em idade ativa (15 a 49 anos de idade) levando trabalhadores que estavam no auge de suas vidas 
funcionais à morte. 
 Segundo Alves (2020), a Gripe Espanhola arrasou todo o globo em um contexto de 
liberalismo econômico. Como não existia uma legislação trabalhista que obrigasse os patrões a 
pagar o salário dos funcionários que não fossem trabalhar, por estarem doentes. Empresas não 
realizavam o pagamento dos salários dos trabalhadores infectados pela enfermidade, a situação 
que estes se encontravam era de agravamento da miséria. Empregados que estavam doentes iam 
ao trabalho por precisarem de dinheiro. 
A escassez de mão de obra causada pela pandemia levou a um aumento dos salários e 
dos rendimentos nos pequenos negócios. Se por um lado, a reorganização da indústria trazida 
pela 1ª Guerra gerava mais trabalho, por outro, a elevada mortalidade de trabalhadores trazida 
pela gripe fez os salários subirem para aqueles que sobreviveram. (MEDICI, 2020) 
 Na época, cada governador dos Estados do Brasil tinha autonomia para determinar quais 
medidas eram necessárias para combater a pandemia. Alguns deles criaram estratégias e ações 
de combate a pandemia: Como a realização de inspeções e desinfecções de locais suspeitos de 
estarem contaminados; criação de enfermarias; divisão da cidade em quarteirões sanitários, com 
cada quarteirão possuindo um médico que era ajudado por estudantes; paralização das 
atividades com isolamento. Alguns outros governos não decretaram isolamento, apenas 
33 
 
suspenderam aulas. Foram fechadas casas de diversões, como teatros, cinemas, cafés. (ALVES, 
2020) Dentre esses fechamentos foi paralisada a realização de eventos, a fins de evitar o 
acumulo e aglomeração de pessoas, consequentemente a disseminação da doença e o aumento 
no número de mortos e infectados. 
Há registro de um grande evento realizado no decorrer da pandemia da Gripe Espanhola 
na Filadélfia nos EUA em 1918. Como o G1(2020) relembra, o único evento público realizado 
durante a pandemia, provocou mais de 4.500 mortes. O evento chamado Fourth Liberty Loan 
Drive, ocorreu em 28 de setembro de 1018. Foi um desfile para arrecadar fundos para as tropas 
americanas que estavam em combate na I Guerra Mundial, levou cerca de 200 mil pessoas as 
ruas da cidade para ver os militares, escoteiros e bandas marciais. 72 horas depois, estavam 
lotados todos os 31 hospitais da Filadélfia. Consequentemente, ficou clara a importância de se 
evitar aglomerações no decorrer da pandemia naquele ano. A Filadélfia foi uma das cidades 
mais afetadas dos Estado Unidos. 
Alves (2020), ainda relata como consequência da Gripe Espanhola, que o governo no 
Brasil criou um órgão de caráter assistencialista, o Comissariado de Abastecimento e Socorros 
Alimentícios. Ele serviu para prestar socorro a pessoas mais pobres em suas casas, que 
estivessem passando por necessidades para tentar minimizar o problema da carência no 
abastecimento da cidade e da especulação em torno dos preços dos gêneros de cesta básica, 
estabeleceu o preço máximo de venda de alimentos e de medicamentos. 
 Mesmo assim, os esforços do Governo do Estado do RS e da Intendência Municipal de 
Porto Alegre de suas ações não foram suficientes para melhorar a situação da população mais 
pobre, que padecia em função da doença em si e devido à falta de comida. (ALVES, 2020) 
 Damacena Neto (2020) retrata que, a principal medida estipulada na grande Gripe 
Espanhola foi a quarentena e o isolamento social. As consequências dessas medidas ocasionam 
desde o recolhimento das pessoas em suas casas, ao fechamento do comércio, a proibição de 
aglomerações públicas ou privadas (inserem-se aqui os eventos), até a paralisação das aulas. 
Sendo assim, suspensos os cotidiano/dia-a-dia das sociedades atacadas pela pandemia. 
A pandemia da Gripe espanhola, junto com a guerra, provocou também mudanças nas 
mulheres e na forma como a sociedade as percebia. Elas agora lidavam diretamente com esses 
acontecimentos e participavam de atividades produtivas, trabalhando em fábricas, escritórios e 
hospitais. Foi nessa época que nos Estados Unidos aprovaram a emenda que deu direito ao voto 
das mulheres. (Bermudez, 2022) 
Dentre as principais mudanças de saúde que a pandemia de 1918 trouxe na vida das 
pessoas, Bermudez (2022) descreve hábitos que mudaram desde então: 
34 
 
• O uso de copos descartáveis – Antes da gripe, era comum que prédios públicos dos 
Estados Unidos por exemplo, tivessem um copo de metal conhecido como "concha de 
lata". O mesmo copo era usado para servir e beber água para todos, ou seja, várias 
pessoas usavam o mesmo copo todos os dias. Com a pandemia esse hábito foi 
erradicado, sendo os copos de metal substituídos por copos descartáveis, sendo 
propagados como medida necessária para proteção da doença. 
 
• Cobrir a boca ao tossir e espirrar – Esse foi outro hábito que se generalizou durante a 
pandemia. Mensagens como: “Tosses e espirros espalham doenças", "tão perigosos 
quanto uma bomba envenenada" eram slogans adotados e impressos em cartazes. 
 
• Evitar cuspir em locais públicos - Até a chegada da Gripe Espanhola, cuspir em locais 
públicos era um hábito socialmente aceitável. Com ela, esse hábito teve de ser 
praticamente extinto. 
 
• Ventilar os espaços - Embora os médicos começassem a entender que havia doenças 
que eram transmitidas pelo ar, ainda havia alguma confusão sobre como isso acontecia. 
"Se você estivesse em um bonde em uma cidade como Filadélfia ou Nova York e 
estivesse frio, não ia querer abrir as janelas e, além disso, havia alguns médicos que 
recomendavam mantê-las fechadas porque temiam que os vírus se espalhavam pelo ar 
(Davis apud Bermúdez, 2022). Isso acontecia, mas não por causa do vento, mas sim por 
causa da proximidade das pessoas, consequentemente a respiração perto uns dos outros. 
Com o tempo se entendeu que o ar fresco e a luz do sol eram bons para os pacientes. 
 
• Aquecedor sob a janela - A prática de abrir as janelas para manter os quartos arejados 
levou a outra prática de colocar um aquecedor de aço sob as janelas. Como as 
recomendações sanitárias seriam de manter as janelas abertas mesmo nos dias mais frios 
do inverno, os engenheiros pensaram nas formas de manter os cômodos aquecidos e 
essa seria a maneira mais eficaz de aquecer o ar frio que entrava pelas janelas. Essa 
prática permanece até hoje. 
 
• Uso de máscaras – Surgido durante a pandemia, esse hábito não continuou ao longo do 
tempo. Se comparadas com as máscaras de hoje em dia, as da época eram primitivas. 
35 
 
Esperava-se que as pessoas as usassem em casa com camadas de gaze ou pano e após o 
uso as lavassem antes de usá-las novamente. Contudo, poucas pessoas se preocupavam 
emfazê-las e lavá-las adequadamente. 
 
Houveram casos de sucesso, como em São Francisco (EUA), onde as autoridades 
aplicaram regulamentações rígidas sobre o uso de máscaras e conseguiram manter um baixo 
índice de infecções e mortes. 
 
Depois eles relaxaram a regra e tiveram um grande aumento nas mortes porque 
as pessoas não queriam colocar suas máscaras de volta depois de pararem de 
usá-las. Elas se recusaram usando muitos dos mesmos argumentos que 
ouvimos agora. Ficou muito claro que as máscaras eram muito eficazes em 
locais onde seu uso era necessário. (Davis apud Bermúdez, 2022) 
 
 
Figura 1 – As máscaras de 1918 
 
Fonte: Biblioteca de La Universidade de Oregon apud Bermúdez (2022). 
 
36 
 
Embora os hábitos de saúde pública impostos pelo governo tenham sido incorporados 
ao dia a dia da sociedade no decorrer da pandemia da Gripe Espanhola, o trauma que ela foi 
grande ao ponto de ser ignorada por anos, sendo somente depois de meio século o seu tema ser 
revisto pela ciência. "A sociedade americana passou por algo terrível que não queria repetir, 
mas também não queria pensar nisso, e acho que é por isso que essa pandemia foi esquecida há 
muito tempo", diz Davis (apud Bermúdez, 2022). O que pôde se perceber é que não só a 
sociedade americana, mas a mundial ficou com esse trauma. 
Enquanto na saúde, hospitais ficaram lotados. No entretenimento, grandes eventos tipo 
campeonatos de futebol foram cancelados, assim como o carnaval. Quando o ano de 1918 
chegou ao fim, os sobreviventes haviam criado imunidade contra a doença e assim os casos 
foram diminuindo. 
 Ruy Castro apud Granchi (2022), definiu como “a grande desforra contra a peste que 
dizimara a cidade”, o primeiro dia de março que começou a festa da hora de “tirar o atraso”. 
Celebrar o que não havia sido possível nos anos de 1916 e 1917 que foram marcados pelas 
chuvas e 1918 pela crise econômica, guerra e pela doença da Gripe Espanhola. 
 Granchi (2022) cita que, em uma estimativa feita pelo jornal A Noite na época, apontava 
que o evento do Carnaval de 1919 levou cerca de 400 mil pessoas ao centro do Rio de Janeiro. 
“Hoje sabemos que a ‘Espanhola’ foi embora em fins de novembro daquele ano e não voltou. 
Mas eles que a viveram, não sabiam se ela voltaria ou não – o Carnaval de 1919 podia ser o seu 
último. Era uma atmosfera de fim do mundo. O negócio então era aproveitar ao máximo”. Disse 
Ruy Castro em entrevista à BBC (2020, apud Granchi, 2022). 
 Ruy Castro (2020) ainda comenta que em 1919, os blocos de carnaval de rua como são 
conhecidos hoje não existiam. Os grandes grupos eram chamados de sociedades, que 
geralmente eram formados pela elite com acompanhamento popular, levavam milhares de 
pessoas às ruas do Rio de Janeiro, principalmente da capital (apud Granchi, 2022). 
 
37 
 
Figura 2 – Desfile dos Democráticos nas ruas do Rio em 1919
 
Fonte: Revista Careta/Biblioteca Nacional apud Granchi (2022). 
 
Ainda nos relatos de Granchi (2020), ela diz que ainda há uma certa memória construída 
por cronistas sobre o grande evento do carnaval de 2019. “A imagem passada por autores como 
Nelson Rodrigues e Mário Filho é da festa menos conservadora que já havia ocorrido até então, 
inclusive em termos de liberação sexual”. Granchi (2020) ainda descreve que outros autores 
dizem que a visão pode ser mais mítica que a realidade. “Também teve um lado sombrio que 
pouco se fala, com a ocorrência de estupros, muitas crianças desaparecidas e crimes violentos 
em consequência dessa loucura, do êxtase”, diz Pilla apud Granchi (2020). 
Santos (2005), expõe também sobre esse contexto do primeiro evento no Brasil e maior 
da pós pandemia da Gripe Espanhola, que foi o carnaval do Rio de Janeiro de 1919: “Parece 
que os cariocas não se intimidaram e caíram na farra”. Ele ainda descreve que os jornais 
documentaram a alegria que tomou conta da cidade, muitos qualificando o Carnaval de 1919 
como um dos mais animados que o Rio de Janeiro teve: desde bailes, batalhas de confete e 
incontáveis blocos espalhados pelos bairros. “Houve uma dramatização carnavalesca da 
situação que os vitimara. Tudo era motivo de alegria e riso. A 'Espanhola' atacara também 
outras cidades, mas o Rio de Janeiro conheceu este fenômeno interessante: o Carnaval de 1919”, 
ainda completou. 
Dentro do contexto dos eventos culturais e ligados as artes, a Gripe Espanhola deixou 
consequências visíveis. Com os museus e casas de artes fechadas, usavam dos espaços de sua 
casa para poderem externar o que estavam sentindo, mesmo sem ter que pudessem vislumbrá-
las ou visualizá-las. Spröer (2020) cita como exemplificação dessa situação, o pintor Egon 
38 
 
Schiele. Ele deixou um dos testemunhos mais chocantes da pandemia. Seu quadro "A Família" 
o mostra, com a esposa Edith e uma criança, que nunca nasceu. Edith morreu grávida vítima da 
pandemia, assim como o próprio pintor três dias depois. O quadro foi pintado nesse interim e 
posteriormente encontrado e posteriormente após a pandemia, exposto par conhecimento. 
Spröer ainda cita Arnold Schönberg, que criou um sistema musical completo com o 
dodecafonismo, que justifica o método em função de valores sociais, usando da realidade de 
que todos são iguais, não havendo hierarquia entre as notas, coisa que com a gripe não existia. 
Ela não fazia distinção de classe ou hierarquia entre seus contaminados. 
Depois do ápice da pandemia, as manifestações culturais sobre a gripe também 
adquiriram um caráter híbrido. Lisboa (2020), descreveu que o medo da doença e da morte por 
ela ocasionada, abriu as portas para à efusividade e ao prazer catártico, de libertação. Mais uma 
vez, o primeiro carnaval posterior à Gripe Espanhola, em 1919 no Rio de Janeiro, foi 
mencionado, classificado e tido como memorável. Marchinhas, blocos e convites para os 
eventos de bailes de carnaval faziam referência ao tema da pandemia. Um exemplo que se 
entoava em versos foi o do bloco Democráticos: 
 
Assim é que é! Viva a folia! Viva Momo – Viva a Troça! Não há tristeza que 
possa suportar tanta alegria. Quem não morreu da Espanhola, quem dela pode 
escapar. Não dá mais tratos à bola. Toca a rir, Toca a brincar… 
(Democráticos,1919 apud Lisboa, 2020) 
 
 Os eventos religiosos também deixaram de ocorrer e as pessoas não podiam ir à igreja 
ou se movimentar livremente. Tinham que usar máscaras e ter entre outros cuidados. 
Bermudez (2022), traz que a sociedade reagiu com vontade das coisas voltarem a 
normalidade. "As pessoas queriam esquecer a guerra, a pandemia e suas terríveis perdas, mas 
também queriam se divertir". Nesse trecho, ela vê uma ligação clara entre esses traumas e o 
surgimento dos míticos ‘20 anos’, época associada ao jazz e à agitada vida noturna. 
 Um dos impactos também sentido na pandemia da Gripe Espanhola foi em relação aos 
eventos fúnebres, devido a impossibilidade de se ‘aglomerar’ e assim não podendo ocorrer os 
rituais que acompanham a morte. “O luto, o velório e o enterro, que sucedem ao falecimento, 
além de comporem a solidariedade entre as pessoas, eram, para as comunidades, uma maneira 
de assegurar uma passagem tranqüila para a vida eterna” (SANTOS, 2005). A prática desses 
rituais e crenças religiosas reforçava a solidariedade social. Sendo a sociedade impossibilitada 
de seguir as regras dos sepultamentos, os vivos aumentaram o temor da morte. 
39 
 
 Com o fim da gripe em novembro de 1918, as pessoas começaram a sair de casa com 
cautela, retomando o seu cotidiano. Com isso, desencadeando-se um mix de sentimentos e 
atitudes da população em relação a pandemia, que era alimentado por esse medo da morte, 
comentando anteriormente, e a alegria. Damasceno Neto (2020) cita que esse período foi 
marcado pelo medo do outro, o medo do vírus invisível e onipresente, do vírus onipotente. 
“Durante um prazo maior, os ‘ritos cotidianos’ voltaram a sua ‘normalidade’ e o ‘cotidiano 
epidêmico’ entrará para

Outros materiais