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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE NATAL/RN 2021 ChanaComChana: O dingbat como ferramenta de comunicação lésbica ANA CAROLINA DE PAULA SOUZA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE DESIGN CURSO DE DESIGN ANA CAROLINA DE PAULA SOUZA ChanaComChana: O dingbat como ferramenta de comunicação lésbica NATAL/RN 2021 ANA CAROLINA DE PAULA SOUZA ChanaComChana: O dingbat como ferramenta de comunicação lésbica Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Design pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. ORIENTADORA: Profa. Mª. LUIZA FALCÃO SOARES CUNHA NATAL/RN 2021 Gostaria de agradecer primeiramente a meus pais e meu irmão por todo o apoio que sempre me deram, por acreditarem no meu potencial e sempre verem o lado positivo de minhas escolhas. Agradeço a minha namorada Bruna Rodrigues pelo companheirismo,suporte, carinho e por ser minha companheira de vida e de luta. Agradeço aos amigos Rafael Veggi, Gabriel Malta, Izzy, Luiz Gonzaga, Daiana Martins pelo compa- nheirismo durante o curso de Design, por toda nossa amizade construída durante esses anos, por todos as conversas, risadas e momentos juntos, com toda certeza foram papel fundamental para que eu conseguisse chegar ao final desse curso. Agradeço a minha amiga Bruna Mello por sempre me apoiar, por não soltar minha mão nunca, por ser minha companheira durante esse curso, por trilhar esse caminho comigo desde o primeiro dia que pisei na universidade. Agradeço a Sofia Ohanna por todas nossas conversas e cafezinhos, por sempre me apoiar até mesmo nas ideias mais mirabolantes, e um futuro muito maior para mim. Agradeço a Paul Costa, Luisa Martins, Perside Ferreira e Gabriela Mavignier por estarem ao meu lado por tantos anos, por todos nosso momentos juntos e por sempre torcerem pelo meu melhor. Agradeço a minha amiga Giovanna Cavalcanti por sempre me apoiar, por todas as conversas sinceras e companheirismo e por ter voltado a fazer parte da minha vida. Agradeço a minhas amigas Deborah Custodio e Ana Karla por me ensinarem a sonhar mais, por mostra- rem que nada é impossível ou mirabolante demais, vocês me fazem acreditar que ainda existe fé no mundo. Agradeço ao meu amigo Matheus Nogueira por mesmo que não tenha concluído o curso comigo, sempre me apoiou em todos os trabalhos e estar disposto a me ajudar. Agradeço à minha Orientadora Luiza Falcão por me acompanhar desde os meus primeiros semestres da faculdade até agora e me orientar da melhor forma possível Agradeço a todas as mulheres lésbicas que lutaram e lutam por nosso espaço na sociedade para que se combata a lesbofobia no mundo, sem vocês eu teria coragem de ser quem eu sou e esse trabalho não estaria sendo feito. Por último gostaria de agradecer a todos os santos, deuses e energias do universo, por terem me dado força para conseguir concluir este trabalho em um período tão conturbado e obscuro que estamos passando. AGRADECIMENTOS A cultura LGBT possui pouca representatividade em estudos acadêmicos. O universo lésbico também possui uma escassez de estudos aprofundados sobre as suas nuances e representações. O estudo explora as possibi- lidades projetuais do dingbats através da criação de uma fonte com os simbolos mais representativos para as mulheres lésbicas. A metodologia da pesquisa consiste em uma adaptação da metodologia projetual de Bonsiepe (1983) alinhada com o método para a criação de dingbats a partir de uma referência concreta proposta por Falcão (2019). Por fim, a versatilidade do dingbat surge como a ferramenta ideal para uma construção tipográfica que acolhesse os símbolos mais representativos do universo lésbico, de forma a aumentar a repre- sentatividade e a visibilidade sobre o assunto. Palavras-chave: Dingbat; Tipografia; Lésbica; Cultura; ChanaComChana. RESUMO LGBT culture is under represented in academic studies. The lesbian universe also has a shortage of in-depth studies of its nuances and representations. The study explores the design possibilities of dingbat through the creation of a font with the most representative symbols for the lesbian community. The research methodo- logy consists of an adaptation of the design methodology of Bonsiepe (1983) aligned with the method for the creation of dingbats from a concrete reference proposed by Falcão (2019). Lastly, the versatility of dingbat emerges as the ideal tool for a typographic construction that would welcome the most representative elements of the lesbian universe, in order to increase representativeness and visibility about the subject. Keywords: Dingbat; Typography; Lesbian; Culture; ChanaComChana. ABSTRACT SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO Introdução Objetivos Justificativa 1 Dingbat 2 Identidade lésbica e representatividade 2.1 A mulher lésbica 2.2 Movimento Feminista Lésbico 2.3 Chanacomchana 3 Metodologia 4 Metodologia Aplicada 4.1 Problematização 4.2 Análise 4.3 Definição do Problema 4.4 Anteprojeto / Geração de Alternativas 4.5 Projeto 5 Dingbat ChanaComChana Considerações Cronograma Referência bibliográfica Apêndice 12 15 15 16 34 36 37 38 42 46 48 48 56 57 70 74 86 87 88 92 INTRODUÇÃO 1514 Em 2018, o grupo “Lesbocídio – As histórias que ninguém conta”, criado na universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou na 46º Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Combate à Discrinação de LGBT (CNDC/LGBT) o Dossiê sobre lesbocídio no Brasil. O documento buscou reunir todas as informações encontradas sobre mortes de lésbicas motivadas por lesbofobia. Em comparação com o ano de 1983 (ano em que se começou a registrar a morte de lésbicas no Brasil), entre 2000 e 2017, o aumento do lesbocídio no país foi de 2700%, sendo 83% dos casos de violência cometidos por homens. De acordo com Tatiana Lima (2019), professora do núcleo de acessibilidade e diversidade humana da Universidade Veiga de Almeida, uma das peças principais para se combater o preconceito e a desestigmatização das mulheres lésbicas na sociedade é a Visibilidade . O conceito de Visibilidade pode ser compreen- dido a partir da representatividade, que é entendido como o ato de ver algo ou alguém e se sentir acolhido e representado na sociedade. A Visibilidade surge sendo a consequência da representatividade, visto que quanto mais representatividade encontramos na sociedade sobre uma pauta, mais ela é vista e des- mitificada (Raquel, 2020; Sayuri, 2020; Lima, 2019; Romão, 2017). Este trabalho procura, por meio do projeto de uma fonte dingbat, retratar os símbolos mais signi- ficativos da cultura lésbica e contribuir para as ques- tões de visibilidade e representatividade. Os dingbats são fontes tipográficas compostas por símbolos, cujos desenhos não possuem relação com os arquétipos formais dos caracteres do alfabeto, e que possuem um certo nível de maleabilidade quanto a coerência formal entre os seus caracteres. Inicialmente, tais caracteres tipográficos eram usados como ornamen- tos em páginas de conteúdo textual, e, com o passar do tempo, seu uso ganhou outras facetas e possibili- dades, a serem exploradas ao longo deste estudo. Atualmente, as fontes dingbats também podem ser entendidas como uma possibilidade para a cons- trução de repositórios de ilustrações, uma vez que são facilmente distribuídas e armazenadas nos com- putadores. Desta maneira, percebe-se que o projeto de uma fonte dingbat pode ser uma alternativa para o registro de um estudo iconográfico de uma região ou de uma cultura, por exemplo. O presente trabalho explora o dingbat como uma alternativa inovadora para a ilustração dos elementos mais representativos para as mulheres lésbicas, por ser um arquivo leve de fácil compartilhamento e utilização, e por sua versatilidade no uso, podendo compor cartazes,sinalizações, padronagens entre outros. Ao longo desta pesquisa, foi observada uma escassez de materiais sobre os dingbats. As informa- ções existentes se encontram em alguns parágrafos ou apêndices de livros sobre tipografia, ou em alguns artigos científicos sobre o assunto, conforme será explorado no capítulo 1. Também foi observada uma escassez de trabalhos tipográficos que possuem como objeto de estudo as mulheres lésbicas - em especial, não foi encontrado nenhum projeto de dingbat com essa temática. Sendo assim, uma das contribuições do projeto é dar mais espaço a trabalhos com essa abordagem no meio tipo- gráfico e dar mais visibilidade ao tema. Ao iniciar o estudo sobre a cultura lésbica no Brasil, foi encontrado o primeiro grupo feminista lésbico do Brasil, o LF (Lésbico-Feminista). O grupo foi fundado em 1979 por não haver um espaço dentro dos grupos que discutiam questões gays ou nos grupos feministas generalistas, para as discussões pautadas exclusivamente nas vivências lésbicas. Assim, o LF foi criado para suprir a demanda por uma organi- zação exclusivamente voltada para a pauta lésbica. Uma das contribuições do primeiro movimentos lésbico no Brasil foi a criação da primeira publicação lésbica do país, a ChanaComChana, revista com conteudo exclusivamente lésbico. No capitulo 2 os asssuntos sobre o movimento feminista lésbico no Brasil e sobre a revista ChanaComchana serão mais aprofundados. Este documento se trata, portanto, do memorial descritivo do projeto da fonte dingbat ChanaComChana, apresentando todas as etapas para a sua realização, desde os rascunhos iniciais até a geração do arquivo fonte. O trabalho será dividido em 4 capítulos. O primeiro capítulo trará a con- ceituação do que é um dingbat e um panorama das suas possibilidades projetuais. No segundo capítulo será abordado o início dos primeiros movimentos feministas lésbicos no Brasil, a criação da revista ChanaComChana, seu papel social e o acontecimen- to que deu origem ao Dia nacional do orgulho lésbico. No terceiro capítulo será apresentada a metodologia para a execução do projeto que terá como base o pro- cesso metodológico de Bonsiepe (1984) em conjunto com o método de criação de dingbats de Falcão (2019). Por fim, no quarto capítulo será apresentada a meto- dologia aplicada e o resultado final da fonte dingbat ChanaComChana, que traz em seus caracteres os símbolos mais representativos da cultura lésbica. O desenvolvimento de um projeto de uma tipografia dingbat, é importante para enriquecer o acervo bibliográfico sobre o assunto, ajudando pro- jetos e pesquisadores futuros. O projeto tem como tema as mulheres lésbicas e utiliza da visão delas para escolher quais os símbolos mais significativos da comunidade, trazendo mais representatividade e por consequência visibilidade para elas. Objetivos O objetivo geral deste trabalho é explorar mecanismos para trazer mais representatividade para a comunidade lésbica e homenagear a luta lésbica feminista no Brasil. Para alcançar esse objetivo geral, é preciso ter objeti- vos específicos para guiar o projeto. São eles: a) pesquisar sobre a cultura lésbica no Brasil. b) entender quais os símbolos mais representativos para as mulheres lésbicas brasileiras c) entender o que são os dingbats e as suas funções; d) explorar possibilidades projetuais de um dingbat; e) criação de uma fonte dingbat, a partir da identificação dos símbolos mais representativos do universo lésbico. Justificativa A escassez de estudos sobre dingbat, e mais ainda sobre representatividade lésbica na tipografia, trouxe à luz a possibilidade de inovação no desenvolvimento de um projeto que busca tornar o dingbat uma possível ferramenta de comunicação das questões lésbicas, a fim de aumentar a visibilidade da pauta e servir como instrumento pioneiro para novos proje- tos e pesquisas sobre o tema. DINGBAT1 19 Figura 1 FF Dingbats 2.0 Johannes Erler and Henning Skibbe Fonte <https://www.myfonts.com/fonts/fontfont/dingbats-2/> Ao se pesquisar sobre a definição do dingbat e sua his- tória, percebe-se que há uma escassez sobre o assun- to. A definição de dingbat aparece esporadicamente em livros do universo tipográfico, sendo apresentada em algum curto parágrafo ou no apêndice dos títulos, tais como o livro Elementos do Estilo Tipográfico de Bringhurst (2011) e A linguagem invisível da Tipografia de Spiekermann (2011), que trazem um curto pará- grafo em seus apêndices com a definição de Dingbat. De forma sucinta, Bringhurst (2011) define em seu livro Elementos do Estilo Tipográfico, que o dingbat é um “Glifo ou símbolo tipográfico sujeito a desdém por não possuir nenhuma relação aparente com o alfabeto”. O autor (ibid.) também ressalta que alguns dingbats podem ser pictogramas por serem representações de igrejas, aviões, esquiadores, telefones (figura 1) , por exemplo, enquanto outros podem apenas ser símbolos mais abstratos como cruzes, naipes entre outros1. 1Pictogramas são desenhos que representam de forma simplifi- cada pessoas, objetos, conceitos entre outros. Símbolos são figuras que repre- sentam um ser, objeto ou ideia abstrata. 2120 Os dingbats podem apresentar diversas funções, tais como sinalização, ornamentação, manifestações, registro iconográfico, homenagem entre outros. A fonte Litúrgica (Figura 2) é um exemplo de fonte cria- da para sinalização e manifestação, foi criada quando se viu a necessidade de conseguir representar os perí- odos do calendário litúrgico algo que as igrejas cristãs usam para nortear suas programações e cultos, mas que pouco se era explorado em materiais gráficos. A fonte apresenta não apenas com os períodos do calendário, mas também com representações de atividades feitas nas igrejas e símbolos importantes da religião. Dessa forma, ela pode ser amplamente utilizada, tanto para divulgação online e offline nas igrejas (figura 3), para sinalizações e manifestações Figura 2 Litúrgica criada por Kaiky Fernandez Fonte < http://pt.fontriver.com/font/liturgica/> Figura 3 Figura 3 - Divulgações utilizando a fonte Litúrgica. Fonte < https://www.behance.net/gallery/73928845/Igreja-Crista-Farol-Esperanca> http://pt.fontriver.com/foundry/kaiky_fernandez/ http://pt.fontriver.com/font/liturgica/ 2322 Figura 4 Ornamentos usados em oficinas tipográficas Fonte <https://www.behance.net/gallery/77013721/Liturgica-Free-Dingbats-Font> 2524 A fonte Grande Vitorinha é um exemplo de dingbat projetado para fazer uma homenagem e um registro iconográfico de um local. O projeto propõe uma forma diferente para de representar a Região Metropolitana da Grande Vitória do estado do Espírito Santo, a partir de uma fonte minimalista que mostra a diversidade e a iconografia do local, que pode ser utilizada de diversas maneiras, tais como na criação de padrões, cartazes, artefatos, decoração, sinalização entre outros. Na figura 5 vemos a fonte sendo usada na criação de cartazes, xícaras e almofadas Rocha (2003) traz alguns exemplos de fontes digi- tais dingbat, tais como a Whirligi (Figura 06) criada por Zuzana Licko, que traz formas abstratas em formatos de mandala, que funcionam como padrões geométricos (figura 7) podendo ser utilizada para criação de cartazes, ornamentos em textos, roupas e tecidos. Figura 5 Utilizações da fonte Grande Vitorinha Fonte < https://www.grandevitorinha.com.br/ > 24 https://www.grandevitorinha.com.br/ 272626 Figura 6 Whirligi criada por Zuzana Licko Fonte: <https://en.fontke.com/image/734201//> https://en.fontke.com/family/313399/ 2928 Figura 7 Whirligi criada por Zuzana Licko Fonte < https://www.emigre.com/Fonts/Whirligig > https://www.emigre.com/Fonts/Whirligig 3130 Figura 8 Picture Yourself criada por Karin Huschka Fonte: < https://www.fonthaus.com/fonts/monotypeimaging/Picture-Yourself/MI36742695 > (figura 4). A Picture Yourself (Figura ) foi uma fonte revolucionária criada por Peter e Karin Huschka que recebeu menção honrosa no Concurso Internacional de Desenho Tipográfico de 2003, promovida pela Linotype Library. A fonte é dividida em 6 grupos e traz nela imagens que retratam vários movimentos, da natureza e do homem. Inspirada na música Lucy In The Sky With Diamonds dos Beatles e nas constru- ções de Oscar Niemeyer, o dingbat foi projetado para que o usuário pudesse combinar os glifos da família para a criação de composições decorativas. No livro Manual de Tipos (2013), o autor John Kane não fala de forma direta sobre o que são os dingbats, mas em seu capítulo sobre a história do alfabeto apresenta: “Um alfabeto é uma série de sinais - letras - definidas a partir de convenções culturais que representam sons específicos. Antes da criação do primeiro alfabeto pelos fenícios (povo mercantil navegante que vivia onde hoje é o Líbano) por volta de 1500 a.C. a linguagem escrita retrata palavras inteiras de uma vez só através de desenhos. A figura de um touro significava touro, independente de sua pronúncia.” (KANE, 2013, p. 16). Uma vez que os dingbats podem ser representa- ções de coisas que vemos, é possível considerar que sua origem está atrelada, de certa forma, ao momen- to de desenvolvimento da escrita. Porto (2006) acredita que o termo dingbat surgiu nas oficinas tipográficas, como uma onomato- peia - ding sendo o barulho de quando se batia (to bat) nos ornamentos fixados na rama, pois antigamente a principal função do dingbat era preencher espaços https://www.linotype.com/425/karin-huschka.html https://www.fonthaus.com/fonts/monotypeimaging/Picture-Yourself/MI36742695 https://www.fonthaus.com/fonts/monotypeimaging/Picture-Yourself/MI36742695 32 vazios dos textos nas chapas de metal. No livro Pensar com Tipos (2004), Lupton afirma que os dingbats não precisam necessariamente ser a representação de algo concreto, visto que surgiram como ornamentos para preencher lacunas, enqua- drar e dividir o conteúdo nas chapas de metal usadas nas oficinas. Além disso, Porto (2006) ainda aponta que os dingbats costumavam ser apenas um elemento para se preencher os espaços, e, com o tempo, se tornou um componente tipográfico que acompanha os alfabetos, sendo integrado ao conjunto básico de caracteres, ou seja, independente. Com o avanço da tecnologia a partir da década de 1980, observaram-se a proliferação de alfabetos digitais exclusivamente compostos por símbolos, formas e ilustrações, os dingbats. Priscila Farias, designer gráfica e professora da Universidade de São Paulo, afirma em seu livro Tipografia Digital: O impacto das novas tecnologias (1998) que as fontes digitais não são apenas um con- junto de caracteres que reproduzem as letras, mas são o conjunto de formas visuais relacionadas as teclas do computador a partir da geração de um arquivo de fonte. Por isso é possível determinar uma relação entre caracteres específicos a vinhetas tipográficas específicas. Sendo assim, podemos definir um con- junto de dingbats como uma fonte tipográfica, assim como uma fonte alfabética tradicional. Figura 10 Ornamentos usados em oficinas tipográficas fonte:<https://medium.com/deadlines/uma-breve-introdução-a-tipografia-5ec4177cd8cc> Figura 9 Pintura rupestre encontrada na Argélia (África) Fonte: < https://www.todamateria. com.br/arte-rupestre/> 33 https://medium.com/deadlines/uma-breve-introdu%C3%A7%C3%A3o-a-tipografia-5ec4177cd8cc https://www.todamateria.com.br/arte-rupestre/ https://www.todamateria.com.br/arte-rupestre/ IDENTIDADE LÉSBICA E REPRESENTATIVIDADE2 3736 2.1 A mulher lésbica Lésbicas são mulheres que sentem atração e se rela- cionam unicamente com mulheres. A palavra faz re- ferência a poetisa Safo, que vivia na ilha de Lesbos na Grécia entre os séculos VI e VII a.c, e ficou conhecida por ser a primeira mulher a escrever poemas de amor dirigidos para mulheres, além de fundar uma escola de artes apenas para mulheres onde se praticava mú- sica, dança e poesia. Mesmo sendo referenciada até hoje, considerada uma das maiores poetas de todos os tempos, seus trabalhos e sua história foram perse- guida no decorrer dos séculos por líderes religiosos e muito se foi apagado (MILLS 2018). A existência lésbica segundo Rich (1980) é a rejeição de um modo de vida compulsório no qual a heterossexu- alidade é considerada a unica sexualidade existente para as mulheres. Se afirmar como lésbica é recusar o papel de submissão aos homens, é reivindicar o seu direito de existir e trazer visibilidade em uma sociedade que tenta ao maximo invisibilizar a existencia lésbica. Se afirmar como lésbica vai alem de levantar a bandeira de quais bocas beijamos, como conta a militante lésbica: “Num determinado estágio da minha vida eu me vi mais esclarecida com mais conhecimento, mais independência, mais autonomia de vontades e desejos, a partir do momento que eu começo a conhecer as pautas de inclusão social e igualdade, o feminismo pra mim é um grande estandarte de revolução pra mim, por que me fez enxergar o mundo de uma maneira mais autônoma e independente de fato sem a égide da religião ou de qualquer coisa que seja me fez abrir a mente sobre ter o direito de escolha sobre o meu corpo, meus desejos minha vida. Só ano passado em 2016 passei a entender que de fato orientação sexual vem muito do desprazer do desejo e tudo mais e não meramente de um beijo na boca. Passei a entender de outras formas e me identificar e romper o estigma social dentro de mim e me aceitar como mulher como lésbica e socialmente como sapatão.“ MILITANTE LÉSBICA NÍSIA, 2017. 2.2 Movimento Feminista Lésbico O grupo SOMOS foi o primeiro grupo de defesa aos direitos LGBT do Brasil, fundado em 1978, e majori- tariamente composto por homens homossexuais.O SOMOS recebeu em fevereiro de 1979 um grupo de mulheres lésbicas que permaneceram apenas 3 meses no coletivo, por perceberem atitudes machistas e discriminatórias dentro da organização. As mulheres sentiram a necessidade de ter um espaço separado para se discutir as questões lésbicas e feministas, por não se sentirem incluídas nos movimentos feministas da época. Elas defendiam que as mulheres deveriam lutar pelo direito de expressar sua sexualidade e pelo direito de romper com a opressão e subordinação masculina que não defendia a heterossexualidade como única para todas as mulheres. Por isso foi criado dentro do SOMOS, o sub-grupo Lesbico-Feminista (LF), pioneiro por tratar questoes homossexuais dentro do feminismo no Brasil e responsaveis posteiormente pela primeira publicação lésbica do país.O movimento feminista é importante para a comunidade lésbica mas se faz necessario um espaço distinto como nos conta a publicação do boletim ChanaComChana: “Existe a consciência de que a difusão das ideias feministas é importante para nós porque quanto mais espaços e direitos conquistarmos, enquanto sexo, mais mobilidade social teremos, em todos os aspectos, enquanto mulheres lésbicas. Daí a importância de apoiarmos a luta feminista. Entretanto, nossas questões específicas, as questões de nosso dia-a-dia, têm que ser igualmente encaminhadas não só em encontros feministas como também incorporadas às discussões do feminismo e da sociedade em geral” BOLETIM CHANACOMCHANA, 1987, p.5. Figura 11 Capa da 8º da Revista CHANACOMCHANA Fonte: <http://reporterpopular.com.br/ agosto-um-mes-que-nos-ensina-a-lutar/> 3938 2.3 Chanacomchana Segundo Elizabeth Cardoso, a imprensa feminista brasileira pós-1974 pode ser dividida em duas fases. A primeira pautada em questões sociais de classe, e a segunda fase pautada em questões de gênero. O boletim ChanaComChana criado em 1981 pelo grupo Lesbico-Brasileiro (LF) seencontra na segunda fase da imprensa feminista brasileira pós-1974. Sendo dis- tribuida nacionalmente entre 1981 e 1989 contou com 12 edições, nas figuras 11,12,13 e 14 vemos as capas de algumas edições, tratava especificamente sobre o universo lesbico feminista, trazendo visibilidade as pautas lesbicas, sendo assim a primeira publicação lesbica do país. A Chanacomchana tinha um caráter anarquista e punk, não seguia uma regularidade entre suas edições, podia ter entre 11 e 36 páginas e instabilidade entre a sua periodicidade, distribuída trimestralmente ou quadrimestral. O conteúdo era composto por artigos que traziam relatos sobre a vi- vência lesbica, questões lésbicas-feministas e legisla- ção. A grande maioria de seu material era escrito por Miriam Martinho e Rosely Roth. Miriam Martinho, uma das idealizadoras da revista, explica: “Nosso principal objetivo, com o Chanacomchana, é quebrar o muro de preconceitos que envolve e isola as mulheres lésbicas(...) “ - Miriam martinho (uma das pioneiras do movimento homossexual no Brasil) para entrevista do portal UOL. O boletim ChanaComChana era comercializado no Ferro’s bar, localizado no centro de São Paulo. O bar era majoritariamente frequentado por mulheres lésbicas, que além de festejar, desenvolviam o ativis- mo lésbico, em meio à ditadura militar brasileira. Na época, a organização lésbica não foi tolerada, as mulheres foram perseguidas e hostilizadas, e em 23 de julho de 1983 foram expulsas do Ferro’s bar pela organização, que chamou a polícia no local alegando que o grupo era desordeiro e desrespeitoso. Como forma de resistência a repressão, às mulheres da Ação lésbica-feminista emcabeçado por Rosely Roth organizaram uma ocupação do espaço do ferro’s bar no dia 19 de agosto de 1983, forçaram a entrada no espaço e leram o manifesto sobre os direitos das mu- lheres lésbicas. Miriam Martinho, uma das pioneiras do movimento homossexual no Brasil, explica: “Chegamos no dia 19 de agosto e tentamos entrar no Ferro’s. O porteiro fechou a porta para que a gente não entrasse. Passamos a conversar com as mulheres que estavam do lado de fora do bar, juntamos gente, mais os grupos que estavam dando apoio, tentamos de novo. O porteiro enfiou a mão na cara de uma das integrantes do GALF, pela porta entreaberta. Um homem aproveitou e jogou fora o boné do porteiro, ele se distraiu e entramos todos”.- Miriam martinho (uma das pioneiras do movimento homossexual no Brasil) para entrevista do portal UOL. Rosely Roth, uma das pioneiras e mais ativas no movimento lésbico no Brasil, e líder da ocupação do dia 19 de agosto de 1983 no ferro’s bar, morreu em 1990. No dia 19 de agosto de 2003, a data foi lançada como o Dia Nacional do Orgulho Lésbico. A história do Chanacomchana e o Dia Nacional do orgulho lésbico, foram tomados como o ponto de partida do projeto da fonte ChanaComChana, que utilizou os icones representativos da cultura lésbica brasileira para o desenvolvimento de um dingbat. O projeto será apresentado a seguir. Figura 12 Capa da 7º Edição da revista CHANACOMCHANA Fonte:<https://pt.org.br/conheca-o-stonewall-brasileiro-o- -levante-liderado-por-lesbicas-e-apoiado-por-feministas/> 4140 Figura 14 Edição do chanacomchana sobre o acontecimento no ferro’s bar Fonte:<https://pt.org.br/conheca-o-stonewall-brasileiro-o- -levante-liderado-por-lesbicas-e-apoiado-por-feministas/> Figura 13 Capa de uma das edições da revista CHANACOMCHANA Fonte:<https://musicnonstop.uol.com.br/uma-viagem-pe- la-cena-noturna-lgbt-de-sao-paulo-nos-ultimos-100-anos/ chana-com-chana/> METODOLOGIA3 44 Para o alcance dos objetivos propostos neste traba- lho foi utilizada uma adaptação da metodologia projetual de Bonsiepe (1983) em junção com o método para a criação de dingbats a partir de uma referência concreta proposta por Falcão (2019). A junção deles originou um método projetual próprio capaz de aten- der ao objetivo principal do trabalho: desenvolver uma fonte dingbat com ícones representativos das mulheres lésbicas. A metodologia projetual de Bonsiepe (1983) apresenta 5 fases principais. A saber: 1. Problematização 2. Análise 3. Definição de problema 4. Anteprojeto/Geração de alternativas 5. Projeto O método para criação de dingbats a partir de um referencial concreto proposto por Falcão (2019) consiste em 11 fases, a saber: • Pesquisa iconográfica; • Categorização e seleção das referências concretas; • Esboços iniciais manuais; • Definição da relação entre a espessura das hastes, a proporção vertical e a proporção horizontal; • Definição da regra de funcionamento da caixa-alta e da caixa-baixa da fonte; • Desenhos manuais de alguns caracteres; • Criação de um grid digital em um software de desenho vetorial; • Desenho digital de todos os caracteres den- tro dos parâmetros definidos anteriormen- te em um software de desenho vetorial; • Transposição para o software de geração de fontes; • Definição espacejamento lateral; • Geração do arquivo fonte. Diante do exposto, a metodologia utilizada neste trabalho concilia as macrofases da metodologia projetual de Bonsiepe (1984) com uma adaptação do método projetual proposto por Falcão (2019) em seu direcionamento projetual para a criação da fonte dingbat (Tabela 01). Macrofases - Bonsiepe (1984) Microfases - Falcão (2019) Etapas do Projeto • Problematização ------- • Definir o do tema pelo desejo e necessidade de enriquecer o acervo de dingbat e expandir a discussão sobre a comunidade lésbica e trazendo mais representação • Análise • Pesquisa iconográfica • Realizar dois mapas mentais - um sobre dingbat e um sobre a cultura lésbica; • Aplicar questionário para pesquisar quais símbolos são mais representativos para as mulheres lésbicas brasileiras. • Definição do problema • Categorização e seleção das referências concretas; • Organizar as respostas obtidas no questionário em oito categorias • Selecionar 26 símbolos citados no questionário, a partir das duas categorias com mais respostas das participantes (natureza e objetos) • Anteprojeto • Geração de alternativas • Esboços iniciais manuais; • Produzir um moodboard com os símbolos escolhidos para servir de referência para os desenhos. • Produzir esboços manuais de três caracteres (caminhão, orquídea e sapato). • Definição da regra de funcionamento da caixa-alta e da caixa-baixa da fonte • Definir Caixa baixa como forma e Caixa alta Contra forma por ser algo amplamente utilizado em outras fontes de dingbats • Definição da relação entre a espessura das hastes, a proporção vertical e a proporção horizontal; • Desenhar vetorialmente os primeiros caracteres • Criação de um grid digital em um software de desenho vetorial. • Definir grid de 1000ptx1000pt para a derivação dos demais caracteres ------- • Aplicar questionário de validação com o público-alvo após a geração da primeira versão da fonte para entender se os símbolos escolhidos são facilmente identificáveis • Ajustar a fonte para aperfeiçoar o desenho dos caracteres a partir dos problemas identificados após o questionário • Projeto • Desenho digital de todos os caracteres dentro dos parâmetros definidos anteriormente em um software de desenho vetorial; • Desenhar digitalmente os 26 símbolos definidos para compor a fonte; • Transposição para o software de geração de fontes; • Transposição DO adobe ILLUSTRATOR PARA O FONT LAB ; • Definição espacejamento lateral; • Definir espaçamento lateral em 1/20 do M da fonte; • Geração do arquivo fonte. • Gerar o arquivo fonte Chanacomchana Tabela 01 Fonte: Autora 2020 METODOLOGIA APLICADA4 4948 Neste capítulo será apresentado o desenvolvimento do projeto da fonte ChanaComChana, a partir da me- todologia projetual de Bonsiepe (1984) e do método para criação de dingbats proposto por Falcão(2019). 4.1 Problematização Este trabalho teve origem a partir de uma identificação pessoal e aproximação com a área da tipografia e o tema abordado no projeto. Nas pesquisas iniciais, ficou clara a escassez de referencial teórico sobre os dingbats, e não foram encontrados trabalhos na área que relacionassem com o universo lésbico. Este foi definido como o ponto de partida para a definição do problema. 4.2 Análise O primeiro passo para a elaboração do projeto foi a realização de pesquisas iconográficas sobre a cultura lésbica e sobre os dingbats. Inicialmente foram realizados dois mapas mentais, um para cada um dos temas. No mapa mental sobre dingbats (Figura 15), foram colocados diversos projetos de fontes dessa natureza, com o intuito de explorar as possibilidades projetuais dos dingbats para inspirar o projeto. FORMAS ORGÂNICAS/NATUREZA Figura 15 Mapa mental feito com o tema dingbat, com vários estilos diferentes para se conhecer melhor as possibilidades projetuais. Fonte: Autora DINGBAT REGIONALISMO ORNAMENTAL PICTOGRAMA CARROCERIA DE CAMINHÃO 5150 ATIVISMO SENTIMENTOS NATUREZA ANIMAIS FORMAS ORGÂNICAS O segundo mapa mental foi feito, inicialmente, com figuras conhecidos da cultura lésbica a partir de um repertório pessoal sobre o assunto (Figura 16). OBJETOS COTIDIANO PERSONALIDADES SENSAÇÕES REBUCETEIO SAPATÃO COLA VELCRO RACHA CAMINHONEIRO 69 EXPRESSÕES EXPRESSÕES PEJORATIVAS Figura 16 Mapa mental feito com o figuras conhecidas da cultura lésbica. Fonte: Autora Mulheres Lésbicas do Brasil 5352 Para um aprofundamento do assunto, foi elaborado e aplicado um questionário com as mu- lheres lésbicas brasileiras, para entender como elas se enxergam e para descobrir quais simbolos são mais representativos da cultura lésbica para elas. O questionário buscou trazer as mulheres lésbicas para a construção do projeto, com o intuito de representar essa comunidade de maneira mais fidedigna. O questionário, (Apêndice A), foi curto e objetivo, e foi divulgado majoritariamente nas redes sociais twitter e whatsapp, conseguindo assim atingir 13 estados do Brasil e 105 respostas. Para filtrar o público lésbico em relação às outras pessoas que pudessem responder o questionário, estabeleceu-se que a primeira pergunta seria direcio- nada ao seguinte questionamento: ‘’ Você se identifica como uma mulher lésbica?’’. Essa primeira questão era decisiva para dar continuidade a pesquisa, uma vez que aqueles que marcassem a opção negativa, não teriam acesso ao restante do questionário. Sendo assim, do total de 105 respostas, 7 foram de pessoas que não se identificam como lésbicas e 98 de mu- lheres lésbicas. As respostas do questionário foram utilizadas como insumo para a alimentação do mapa mental sobre a cultura lésbica (Figura 17). Formulário: Como você enxerga o universo lésbico? 1. Você se identifica como uma mulher lésbica? ❏ Sim ❏ Não 2. Qual a sua idade? ❏ Até 14 anos anos ❏ De 15 até 20 anos ❏ De 21 até 30 anos ❏ De 31 até 40 anos ❏ De 41 até 50 anos ❏ Acima de 51 anos 3. Em qual unidade federal você mora? ❏ AC ❏ AL ❏ AM ❏ AP ❏ CE ❏ DF ❏ ES ❏ GO ❏ MA ❏ MG ❏ MS ❏ MT ❏ PA ❏ PB ❏ PE ❏ PI ❏ PR ❏ RJ ❏ RN ❏ RO ❏ RR ❏ RS ❏ SC ❏ SE ❏ SP ❏ TO ❏ EXTERIOR 4. Com que idade se identificou como lésbica? ❏ Até 10 anos ❏ De 11 até 15 anos ❏ De 16 até 20 anos ❏ De 21 até 30 anos ❏ De 31 até 40 anos ❏ De 41 até 50 anos ❏ Acima de 51 anos 5. O que te ajudou a se entender como lésbica? 6. Qual sua área de atuação? ❏ Administração ❏ Artes e Design ❏ Ciências Exatas e Informática ❏ Ciências Sociais e Humanas ❏ Comunicação e Informação ❏ Engenharias ❏ Meio Ambiente ❏ Saúde e Bem-estar ❏ Outros 7. Se você precisasse identificar o universo lésbico com 5 elementos quais você escolheria? (Objetos, pessoas, elementos da natureza,entre outros) 5554 ATIVISMO SENTIMENTOS NATUREZA ANIMAIS FLORES FORMAS ORGÂNICAS OBJETOS TATUAGEM COTIDIANO PERSONALIDADES SENSAÇÕES COLA VELCRO RACHA MARIA MACHO CAMINHONEIRO EXPRESSÕES EXPRESSÕES PEJORATIVAS FAMÍLIA Figura 17 Mapa mental feito com o figuras conhecidas da cultura lésbica, alimentado com as respostas obtidas no questionario. Fonte: Autora REBUCETEIO SAPATÃO CHUPA CHARQUE MULHER MACHO69 EXPRESSÕES Mulheres Lésbicas do Brasil 5756 4.3 Definição do Problema Após a problematização e aprofundamento sobre o tema escolhido, foi definido que o trabalho con- sistiria em uma fonte tipográfica dingbat, com os símbolos mais representativos do universo lésbico, como forma de trazer mais representatividade e visibilidade ao tema homenageando os movimentos feministas lésbicos e o Dia da visibilidade lésbica Brasil. Foi decidido que a fonte trabalhará com forma na caixa baixa e contra forma na caixa alta. A aplicação do questionário possibilitou uma visualização das referências visuais mais recorren- tes da cultura lésbica, conforme pode ser visto no mapa mental da Figura 17, exposta anteriormente. A Caminhão N Caixa de ferramentas B Sapato O Símbolo da vênus C Orquídea P Velcro D Tesoura Q lírio E Cachoeira R Laranja F Sapo S Fogo G Cerveja T Trinco de unha H Triângulo invertido U Lua I Machado labris V Vibrador J Concha X Camisa K Panela W Mão L Violão Y Espada M Gato Z ChanaComChana Tabela 2 Fonte: Autora 2020 A partir das referências visuais fornecidas pelas mu- lheres lésbicas, idealizou-se uma tabela (Apêndice A) dividindo as respostas em 8 categorias: Objetos, Expressões, Natureza, Sensações/Sentimentos, Símbolos, Personalidades, Cores e outros. Foi observada uma grande diferença na quantidade de respostas que se enquadraram nas categorias “Objetos” e “Natureza”, que se sobressaíram em relação às demais. Desta forma, essas duas cate- gorias foram escolhidas para serem exploradas na elaboração da fonte, 26 símbolos citados nelas foram selecionados 26 elementos para compor a fonte dingbat. São eles (tabela 02): 4.4 Anteprojeto / Geração de Alternativas. Uma vez que foi realizada a designação dos símbolos a serem representados em cada um dos caracteres da fonte, foi realizado um moodboard de imagens (figura 18) para servir de inspiração para os esboços iniciais. Os primeiros desenhos foram realizados em um papel milimetrado, pode ser visualizado nas figuras 19 e 20, para auxiliar no entendimento das propor- ções a serem exploradas na representação dos símbo- los escolhidos, e possibilitar a definição de um grid. Escolheu-se como direcionamento para o projeto a representação simplificada dos símbolos seleciona- dos. Desta forma, foi essencial o entendimento dos detalhes estilísticos necessários para a identificação de cada um deles. Figura 18 Moodboard dos símbolos mais citados no questionário. Fonte: Autora 2020 5958 Figura 19 Esboços manuais Fonte: Autora 2020 Figura 20 Esboços manuais Fonte: Autora 2020 6160 Na primeira geração de alternativas utilizou-se o Adobe Illustrator, software digital de desenho vetorial, a partir da criação de um arquivo com a di- mensão de 1000X1000px. Tentou-se trabalhar apenas com formas fechadas e sem nenhum detalhamento formal dentro do desenho (figura 21). No entanto, não se obteve um resultado satisfatório, uma vez que os caracteres não refletiram uma unidade formal entre si, e foi percebido que era necessário um de- talhamento maior para facilitar o entendimento do que estava sendo representado. Na segunda geração de alternativas foram criados desenhos mais detalhados (figura 22). Aqui conseguiu-se uma unidade maior entre os caracteres, sendo este o caminho escolhido para o desenvolvi- mento dos demais caracteres da fonte. Após a definição do caminho projetual a ser seguido, foi definido que a espessura das hastes do desenho seria de 10pt, e foi criado um grid em uma página com as dimensões de 1000X1000px com 13 linhas na vertical e 13 linhas nahorizontal espaçadas igualmente para auxiliar na construção dos demais caracteres (figura 23). Essas definições foram essen- ciais para conseguir uma unidade visual na fonte. Conforme mencionado anteriormente, traba- lhar com a forma na caixa baixa e a contra forma na caixa alta foi uma das especificações projetuais. Inicialmente a caixa alta não teria detalhes, seria apenas a silhueta dos caracteres para que dessa forma pudessem ser sobrepostos e usados em conjunto. No entanto, dessa forma a caixa alta perdia sua au- tonomia e não era possibilitada a identificação das representações, como é possível visualizar na figura 24, que mostra a caixa baixa e caixa alta de um dos caracteres e como funcionam em conjunto. Figura 21 Primeira geração de alternativas Fonte: Autora Figura 22 Segundo geração de alternati- vas para os caracteres da fonte. Fonte: Autora Figura 23 Grid de construção da fonte Fonte: Autora 2020 6362 Figura 24 Geração de alternativas da caixa alta e como seriam usadas com a caixa baixa. Fonte: Autora 2020 Figura 25 Definição da caixa alta Fonte: Autora 2020 Portanto, foi decidido manter os detalhes na contraforma para possibilitar o uso da caixa alta in- dividualmente, e o funcionamento da sobreposição da caixa alta com a caixa baixa, como é possível ver na figura 25. Após a definição da espessura das linhas, da malha de construção e de como funcionaria a relação entre caixa alta e caixa baixa, o restante dos carac- teres foram desenvolvidos seguindo os parâmetros estabelecidos, como pode ser visto na figura 26. Após a realização dos desenhos vetoriais, foi re- alizada a transposição dos caracteres feitos do Adobe Illustrator para o FontLab (figura 27), software espe- cializado na geração do arquivo fonte. Foi decidido alinhar os caracteres pela linha de base para que o usuário conseguisse enxergar a fonte de uma forma alinhada para se ter um conforto visual melhor. Figura 26 Todos os caracteres desenhados no adobe illustrator, com a caixa baixa sobrepondo a caixa alta que está pintada de vermelho. Fonte: Autora 2020 6564 A primeira versão da fonte (figura 28) foi compos- ta por 52 caracteres - 26 na caixa baixa (figura 29) e 26 na caixa alta (figura 30) - trazendo os elementos mais representativos para as mulheres lésbicas do Brasil. Para validar a primeira versão da fonte, foi elabo- rado um questionário para descobrir se os desenhos estavam sendo corretamente identificados. Nele, foram apresentados todos os caracteres para que os responden- tes descrevessem, em poucas palavras, o que cada um significava. Foram coletadas 37 respostas, considerado um número suficiente por terem sido identificadas muitas repetições nas respostas. Após a coleta dos dados do questionário, foi desenvolvida uma tabela (Apêndice A) para perceber quais caracteres foram identificados mais facilmente e quais eram os mais críticos. Figura 28 Fonte completa no FontLab Fonte: Autora 2020 Figura 27 Caractere transferido para o Fontlab Fonte: Autora 2020 Os caracteres com porcentagem de respostas corretas entre 94,6% e 100% não sofreram grandes alterações ou revisão de formato. Apenas 4 caracteres tiveram um percentual de respostas abaixo do limite de 90% que fora estabelecido para a acuracidade do projeto: a cachoeira (letra E), o velcro (letra P) e o vibrador (letra V) e o ChanaComChana (letra Z). Os três primeiros foram redesenhados para melhorar sua identificação. Na figura 31 é possível visualizar a versão antiga dos caracteres e o redesenho após o questionário. O dingbat da letra Z, que estampa o título da revista ChanaComChana, teve a menor por- centagem de identificação (21,6%), o que demonstra falta de conhecimento da comunidade lésbica acerca da história do seu movimento no Brasil. Figura 29 Caixa baixa da versão beta da fonte Chanacomchana Fonte: Autora Figura 30 Caixa alta da versão beta da fonte Chanacomchana Fonte: Autora 6968 4.5 Projeto Após o redesenho dos caracteres mais críticos, buscou-se fornecer uma maior unidade formal entre todos eles. Para isso, detalhes foram removidos de alguns dingbats para manter uma estética minima- lista. Foram eles: o caminhão (letra A), a cerveja (letra G), o machado labrys (letra I) e a espada (letra Y). Na figura 32 vemos o comparativo entre a versão beta dos caracteres e sua versão 2 após a remoção de alguns detalhes. Outros dingbats, por sua vez, tiveram detalhes adicionados, visto que sua estética muito simplista fu- gia da unidade que se buscava encontrar para a fonte. Dessa forma, o triângulo invertido (letra H) e o fogo (letra S) foram reajustados, na figura 33 podemos ver o comparativo entre a versão beta dos caracteres e a ver- são 2 após a adição de mais detalhes.. Além disso, foi feita uma revisão geral na fonte, com ajustes na altura e largura de todos os caracteres, a fim de encaixá-los melhor no grid anteriormente criado. Após toda a revisão da fonte no programa de dese- nho vetorial Adobe iIlustrator, foi feita a transposição dos caracteres para o FontLab, software especializado na geração do arquivo fonte da mesma que foi que ocorreu anteriormente na primeira versão da fonte. Os caracteres foram alinhados pela linha de base e com um espaçamento lateral em 1/20 do eme da fonte de cada lado foi definido para evitar a proximidade dos caracteres durante a digitação da fonte. Na figura 34 vemos todos os caracteres da fonte ChanaComChana finalizados, caixa alta e caixa baixa. Figura 32 Comparativo entre a versão beta de alguns caracteres e depois sua versão final após a remoção de alguns detalhes para manter uma unidade formal maior entre toda a fonte. Fonte: Autora Figura 31 Comparativo entre a versão beta dos caracteres que sofreram alteração e sua versão 2 após o redesign Fonte: Autora Figura 33 Comparativo entre a versão beta de alguns caracteres e depois sua versão final após a adição de alguns de- talhes para manter uma unidade formal maior entre toda a fonte. fonte: Autora 46 O eme é a distância equivalente de um tipo, foi utilizada a letra N da fonte que possui 1000 pontos de largura, para determinar que o espaçamento lateral da fonte seria de 50 pontos, ou seja, 1/20 do eme. Figura 34 Todos os caracteres da fonte ChanaComChana finalizada, caixa alta e caixa baixa uma do lado da outra em ordem alfabética. Fonte: Autora DINGBAT CHANACOMCHANA5 75 5.1 Manifesto Diante da necessidade de aumentar a representa- tividade e a visibilidade do universo lésbico para diversos fins, mas principalmente para livrar a mulher homossexual do lesbocídio, foi criada a fonte ChanaComChana. Muito mais do que apenas uma fonte tipográfica, a ChanaComChana é uma homenagem à luta lésbica, é uma forma cultural e inovadora de representatividade, além de ser uma grande homenagem à revista ChanaComChana, um ponto de enorme importância na história e na cultura da mulher lésbica brasileira. 5.2 A fonte criada para representar o universo lésbico é extremamente plural e pode ser utilizada em cartazes, artefatos, intervenções artísticas no meio urbano, roupas, acessórios, dentre outros. Na caixa baixa os desenhos dos caracteres possuem as formas definidas com linhas. A caixa alta é a contraforma da caixa baixa, podendo assim serem sobrepostas quando utilizadas, aumentando a versatilidade da fonte, que já funciona individualmente sem perder o sentido. Como a fonte será disponibilizada gratui- tamente, o uso criativo desta fica a cargo de quem também, assim como a sua criadora, luta por mais visibilidade lésbica. 5.3 A ideia inicial de lançamento da fonte consiste em seu uso como Figurinhas para as redes sociais, de modo a serem disponibilizadas facilmente para, assim, despertar o interesse daqueles que se identifi- cam com a temática. Futuramente se pretendefazer intervenções pela cidade com cartazes produzidos com os caracteres da fonte, além da criação de um espaço para divulgar as produções elaboradas com a fonte por mulheres lésbicas. Para explorar as diver- sas formas de aplicação da fonte, foram convidados alguns designers amigos para utilizá-la. Foi realizada uma contextualização do projeto e informado o propósito da fonte. Destaca-se que eles tiveram total liberdade para fazer qualquer tipo de peça gráfica ou artefato que desejassem com a fonte. A fonte ChanaComChana está disponível no link abaixo: https://drive.google.com/drive/folders/13rfz- QHu4YiNTQDhdwcuFkLAA7aX6zega?usp=sharing Figura 35 Aplicação da fonte ChanaComChana por Daina Martins https://drive.google.com/drive/folders/13rfzQHu4YiNTQDhdwcuFkLAA7aX6zega?usp=sharing https://drive.google.com/drive/folders/13rfzQHu4YiNTQDhdwcuFkLAA7aX6zega?usp=sharing Figura 36 Aplicação da fonte ChanaComChana por Luiz Gonzaga Figura 38 Aplicação da fonte ChanaComChana por Bruna Mello Figura 37 Aplicação da fonte ChanaComChana por Bruna Mello Figura 39 Aplicação da fonte ChanaComChana por Daina Martins Figura 40 Aplicação da fonte ChanaComChana por Bruna Mello Figura 41 Aplicação da fonte ChanaComChana por Daina Martins Figura 43 Aplicação da fonte ChanacomChana por Daina Martins Figura 42 Aplicação da fonte ChanaComChana por Ana Carolina de Paula Souza 87 CONSIDERAÇÕES FINAIS Existem poucas referências acerca da origem do dingbat. Neste trabalho foi feito um compilado de informações a partir das obras de diversos autores, tais como Buggy, Falcão, dentre outros. Procurou-se entender melhor o que são os dingbats e suas possíveis funcionalidades. Este trabalho contribui, então, para a expansão da bibliografia existente sobre o tema e pode ajudar futuros pesquisadores e entusiastas da área da tipografia e do design. Percebeu-se que tais fontes possuem caráter versátil e que suas possibilidades projetuais são incontáveis. Os dingbats podem ser utilizados de diferentes formas, dentro ou fora de um texto, e seus caracteres podem ou não ser representação de algo concreto. Um dos objetivos principais deste trabalho, além de expandir o estudo sobre dingbat e ampliar o acervo sobre o tema, consistia em trazer mais representati- vidade para as mulheres lésbicas e conhecer mais sobre a história da luta feminista lésbica no Brasil. Desta forma, foi exposta uma das produções mais importantes feitas pelas pioneiras no movimento lésbico brasileiro: a revista ChanaComChana. A revista era distribuída por todo Brasil e abordava apenas questões lésbicas e feministas, sendo a primeira publicação lésbica do país. Mesmo diante de tamanha importância, foi detectado, através de uma questio- nário aplicado apenas a mulheres lésbicas, que pouco se conhece sobre a revista ChanaComChana. Diante do exposto, foi reconhecida então a importância e a necessidade de realizar um trabalho que tratasse sobre a revista, para se manter viva uma parcela tão importante da luta dos movimentos lésbicos feministas no Brasil. A volubilidade dos dingbats tornou a ferramenta ideal para a construção de um trabalho inovador e pio- neiro que abrigasse os símbolos mais representativos do universo lésbico, ajudando a ampliar a discussão sobre o tema, trazendo visibilidade e desmistificação da mulher lésbica. Foi desenvolvida neste trabalho a fonte dingbat ChanaComChana, contendo 26 carac- teres em caixa baixa e 26 em caixa alta. Algumas dificuldades foram encontradas du- rante o processo, devido à falta de familiaridade com o software de geração de fontes escolhido, o FontLab. Na transposição dos caracteres do Adobe Illustrator para o FontLab, observou-se que o software estava alterando as formas dos caracteres. O problema foi contornado após a revisão de todos os caracteres e a transformação destes em Forma. Outra dificuldade encontrada ao longo do desenvolvimento do projeto foi a de conseguir uma quantidade suficiente de pessoas para a aplicação do segundo questionário que, por ser mais extenso, teve menos adesão que o primeiro, mesmo sendo divulga- do nas mesmas plataformas digitais. Com esse projeto espera-se que a fonte dingbat ChanaComChana possa ter desdobramentos poste- riores que ultrapassem a produção acadêmica, po- dendo ser utilizada pelo público em projetos gráficos diversos, que sirvam para protestos, intervenções urbanas, e que abordem questões lésbicas para com- bater o preconceito e naturalizar o amor e afeto entre mulheres. REFERÊNCIA BILIOGRÁFICA 9190 BUGGY, L. O MECO. Tipo: método de ensino de desenho coletivo decaracteres tipográficos. Recife: Edição do autor, 2007. BONSIEPE, G. Metodologia experimental: desenho industrial. Brasília: CNPq/ Coordenação editorial; 82 p. 1984. BONSIEPE, G. Metodologia experimental: desenho industrial. Brasília: CNPq/ Coordenação editorial; 82 p. 1984. Bringhurst, R. (2005). Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Cosac Naify CARDORO, Elizabeth. (2004). Imprensa feminista brasileira pós-1974. Vol. 12, ano 2004, Número especial - Publicações Feministas. 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(Objetos, pessoas, elementos da natureza,entre outros) “ do Formulário. 9594 Objetos Expressões Natureza Sensações/ Sentimento Símbolos Personalidades Cores OUTROS Tesouro MULHER Safo Trinco de unha olhos Sally Ride Velcro Ostra She-ra Vibrador Pássaros Vinho Pedra Granada violão Plantas Prata Raízes Rios Sapo Tangerina Vagina Vento Ventre Vulva Orquídea APÊNDICE B Grafico do resultado da pergunta “Você se identifica como uma mulher lésbica?” do Formulário. capa.pdf TCC_v02.pdf _9ru6vn441lgg _h818nxy6vuph _urkfjrpiodr0 _lv8m1dkh9rs0 _ujevczwncnqb _y1ehf5pu0h42 _47f2pcz1t2ex