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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
NATAL/RN 2021
ChanaComChana:
 O dingbat como ferramenta de comunicação lésbica 
ANA CAROLINA DE PAULA SOUZA 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE DESIGN 
CURSO DE DESIGN
ANA CAROLINA DE PAULA SOUZA 
ChanaComChana:
 O dingbat como ferramenta de comunicação lésbica 
NATAL/RN
2021
ANA CAROLINA DE PAULA SOUZA 
ChanaComChana:
 O dingbat como ferramenta de comunicação lésbica 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Design pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
ORIENTADORA: Profa. Mª. LUIZA FALCÃO 
SOARES CUNHA
NATAL/RN
2021
Gostaria de agradecer primeiramente a meus pais e meu irmão por todo o apoio que sempre me deram, 
por acreditarem no meu potencial e sempre verem o lado positivo de minhas escolhas. Agradeço a minha 
namorada Bruna Rodrigues pelo companheirismo,suporte, carinho e por ser minha companheira de vida e 
de luta.
Agradeço aos amigos Rafael Veggi, Gabriel Malta, Izzy, Luiz Gonzaga, Daiana Martins pelo compa-
nheirismo durante o curso de Design, por toda nossa amizade construída durante esses anos, por todos as 
conversas, risadas e momentos juntos, com toda certeza foram papel fundamental para que eu conseguisse 
chegar ao final desse curso. 
 Agradeço a minha amiga Bruna Mello por sempre me apoiar, por não soltar minha mão nunca, por ser 
minha companheira durante esse curso, por trilhar esse caminho comigo desde o primeiro dia que pisei na 
universidade. 
Agradeço a Sofia Ohanna por todas nossas conversas e cafezinhos, por sempre me apoiar até mesmo nas 
ideias mais mirabolantes, e um futuro muito maior para mim. 
Agradeço a Paul Costa, Luisa Martins, Perside Ferreira e Gabriela Mavignier por estarem ao meu lado por 
tantos anos, por todos nosso momentos juntos e por sempre torcerem pelo meu melhor.
Agradeço a minha amiga Giovanna Cavalcanti por sempre me apoiar, por todas as conversas sinceras e 
companheirismo e por ter voltado a fazer parte da minha vida.
Agradeço a minhas amigas Deborah Custodio e Ana Karla por me ensinarem a sonhar mais, por mostra-
rem que nada é impossível ou mirabolante demais, vocês me fazem acreditar que ainda existe fé no mundo. 
 Agradeço ao meu amigo Matheus Nogueira por mesmo que não tenha concluído o curso comigo, sempre 
me apoiou em todos os trabalhos e estar disposto a me ajudar. 
 Agradeço à minha Orientadora Luiza Falcão por me acompanhar desde os meus primeiros semestres da 
faculdade até agora e me orientar da melhor forma possível 
 Agradeço a todas as mulheres lésbicas que lutaram e lutam por nosso espaço na sociedade para que se 
combata a lesbofobia no mundo, sem vocês eu teria coragem de ser quem eu sou e esse trabalho não estaria 
sendo feito. 
Por último gostaria de agradecer a todos os santos, deuses e energias do universo, por terem me dado força 
para conseguir concluir este trabalho em um período tão conturbado e obscuro que estamos passando. AGRADECIMENTOS
A cultura LGBT possui pouca representatividade em estudos acadêmicos. O universo lésbico também possui 
uma escassez de estudos aprofundados sobre as suas nuances e representações. O estudo explora as possibi-
lidades projetuais do dingbats através da criação de uma fonte com os simbolos mais representativos para 
as mulheres lésbicas. A metodologia da pesquisa consiste em uma adaptação da metodologia projetual de 
Bonsiepe (1983) alinhada com o método para a criação de dingbats a partir de uma referência concreta proposta 
por Falcão (2019). Por fim, a versatilidade do dingbat surge como a ferramenta ideal para uma construção 
tipográfica que acolhesse os símbolos mais representativos do universo lésbico, de forma a aumentar a repre-
sentatividade e a visibilidade sobre o assunto.
Palavras-chave: Dingbat; Tipografia; Lésbica; Cultura; ChanaComChana. RESUMO
LGBT culture is under represented in academic studies. The lesbian universe also has a shortage of in-depth 
studies of its nuances and representations. The study explores the design possibilities of dingbat through the 
creation of a font with the most representative symbols for the lesbian community. The research methodo-
logy consists of an adaptation of the design methodology of Bonsiepe (1983) aligned with the method for the 
creation of dingbats from a concrete reference proposed by Falcão (2019). Lastly, the versatility of dingbat 
emerges as the ideal tool for a typographic construction that would welcome the most representative elements 
of the lesbian universe, in order to increase representativeness and visibility about the subject.
Keywords: Dingbat; Typography; Lesbian; Culture; ChanaComChana. ABSTRACT
SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
Introdução
Objetivos
Justificativa
1 Dingbat
2 Identidade lésbica e representatividade
2.1 A mulher lésbica
2.2 Movimento Feminista Lésbico
2.3 Chanacomchana
3 Metodologia
4 Metodologia Aplicada
4.1 Problematização
4.2 Análise
4.3 Definição do Problema
4.4 Anteprojeto / Geração de Alternativas
4.5 Projeto
5 Dingbat ChanaComChana 
Considerações
Cronograma
Referência bibliográfica
Apêndice
12
15
15
16
34
36
37
38
42
46
48
48
56
57
70
74
86
87
88
92
INTRODUÇÃO 
1514
Em 2018, o grupo “Lesbocídio – As histórias que 
ninguém conta”, criado na universidade do Rio de 
Janeiro (UFRJ), apresentou na 46º Reunião Ordinária 
do Conselho Nacional de Combate à Discrinação 
de LGBT (CNDC/LGBT) o Dossiê sobre lesbocídio 
no Brasil. O documento buscou reunir todas as 
informações encontradas sobre mortes de lésbicas 
motivadas por lesbofobia. Em comparação com o ano 
de 1983 (ano em que se começou a registrar a morte 
de lésbicas no Brasil), entre 2000 e 2017, o aumento 
do lesbocídio no país foi de 2700%, sendo 83% dos 
casos de violência cometidos por homens. De acordo 
com Tatiana Lima (2019), professora do núcleo de 
acessibilidade e diversidade humana da Universidade 
Veiga de Almeida, uma das peças principais para se 
combater o preconceito e a desestigmatização das 
mulheres lésbicas na sociedade é a Visibilidade .
O conceito de Visibilidade pode ser compreen-
dido a partir da representatividade, que é entendido 
como o ato de ver algo ou alguém e se sentir acolhido 
e representado na sociedade. A Visibilidade surge 
sendo a consequência da representatividade, visto 
que quanto mais representatividade encontramos 
na sociedade sobre uma pauta, mais ela é vista e des-
mitificada (Raquel, 2020; Sayuri, 2020; Lima, 2019; 
Romão, 2017). 
Este trabalho procura, por meio do projeto de 
uma fonte dingbat, retratar os símbolos mais signi-
ficativos da cultura lésbica e contribuir para as ques-
tões de visibilidade e representatividade. Os dingbats 
são fontes tipográficas compostas por símbolos, cujos 
desenhos não possuem relação com os arquétipos 
formais dos caracteres do alfabeto, e que possuem 
um certo nível de maleabilidade quanto a coerência 
formal entre os seus caracteres. Inicialmente, tais 
caracteres tipográficos eram usados como ornamen-
tos em páginas de conteúdo textual, e, com o passar 
do tempo, seu uso ganhou outras facetas e possibili-
dades, a serem exploradas ao longo deste estudo. 
Atualmente, as fontes dingbats também podem 
ser entendidas como uma possibilidade para a cons-
trução de repositórios de ilustrações, uma vez que 
são facilmente distribuídas e armazenadas nos com-
putadores. Desta maneira, percebe-se que o projeto 
de uma fonte dingbat pode ser uma alternativa para 
o registro de um estudo iconográfico de uma região 
ou de uma cultura, por exemplo. O presente trabalho 
explora o dingbat como uma alternativa inovadora 
para a ilustração dos elementos mais representativos 
para as mulheres lésbicas, por ser um arquivo leve 
de fácil compartilhamento e utilização, e por sua 
versatilidade no uso, podendo compor cartazes,sinalizações, padronagens entre outros.
Ao longo desta pesquisa, foi observada uma 
escassez de materiais sobre os dingbats. As informa-
ções existentes se encontram em alguns parágrafos 
ou apêndices de livros sobre tipografia, ou em alguns 
artigos científicos sobre o assunto, conforme será 
explorado no capítulo 1. 
Também foi observada uma escassez de trabalhos 
tipográficos que possuem como objeto de estudo as 
mulheres lésbicas - em especial, não foi encontrado 
nenhum projeto de dingbat com essa temática. Sendo 
assim, uma das contribuições do projeto é dar mais 
espaço a trabalhos com essa abordagem no meio tipo-
gráfico e dar mais visibilidade ao tema.
Ao iniciar o estudo sobre a cultura lésbica no 
Brasil, foi encontrado o primeiro grupo feminista 
lésbico do Brasil, o LF (Lésbico-Feminista). O grupo 
foi fundado em 1979 por não haver um espaço dentro 
dos grupos que discutiam questões gays ou nos grupos 
feministas generalistas, para as discussões pautadas 
exclusivamente nas vivências lésbicas. Assim, o LF 
foi criado para suprir a demanda por uma organi-
zação exclusivamente voltada para a pauta lésbica. 
Uma das contribuições do primeiro movimentos 
lésbico no Brasil foi a criação da primeira publicação 
lésbica do país, a ChanaComChana, revista com 
conteudo exclusivamente lésbico. No capitulo 2 os 
asssuntos sobre o movimento feminista lésbico no 
Brasil e sobre a revista ChanaComchana serão mais 
aprofundados. 
 Este documento se trata, portanto, do 
memorial descritivo do projeto da fonte dingbat 
ChanaComChana, apresentando todas as etapas 
para a sua realização, desde os rascunhos iniciais até 
a geração do arquivo fonte. O trabalho será dividido 
em 4 capítulos. O primeiro capítulo trará a con-
ceituação do que é um dingbat e um panorama das 
suas possibilidades projetuais. No segundo capítulo 
será abordado o início dos primeiros movimentos 
feministas lésbicos no Brasil, a criação da revista 
ChanaComChana, seu papel social e o acontecimen-
to que deu origem ao Dia nacional do orgulho lésbico. 
No terceiro capítulo será apresentada a metodologia 
para a execução do projeto que terá como base o pro-
cesso metodológico de Bonsiepe (1984) em conjunto 
com o método de criação de dingbats de Falcão (2019). 
Por fim, no quarto capítulo será apresentada a meto-
dologia aplicada e o resultado final da fonte dingbat 
ChanaComChana, que traz em seus caracteres os 
símbolos mais representativos da cultura lésbica. 
 O desenvolvimento de um projeto de uma 
tipografia dingbat, é importante para enriquecer o 
acervo bibliográfico sobre o assunto, ajudando pro-
jetos e pesquisadores futuros. O projeto tem como 
tema as mulheres lésbicas e utiliza da visão delas 
para escolher quais os símbolos mais significativos 
da comunidade, trazendo mais representatividade e 
por consequência visibilidade para elas. 
Objetivos 
O objetivo geral deste trabalho é explorar mecanismos 
para trazer mais representatividade para a comunidade 
lésbica e homenagear a luta lésbica feminista no Brasil. 
 Para alcançar esse objetivo geral, é preciso ter objeti-
vos específicos para guiar o projeto. São eles: 
a) pesquisar sobre a cultura lésbica no Brasil. 
b) entender quais os símbolos mais 
representativos para as mulheres lésbicas 
brasileiras
c) entender o que são os dingbats e as suas 
funções; 
d) explorar possibilidades projetuais de um 
dingbat; 
e) criação de uma fonte dingbat, a partir 
da identificação dos símbolos mais 
representativos do universo lésbico.
Justificativa 
A escassez de estudos sobre dingbat, e mais ainda 
sobre representatividade lésbica na tipografia, trouxe 
à luz a possibilidade de inovação no desenvolvimento 
de um projeto que busca tornar o dingbat uma 
possível ferramenta de comunicação das questões 
lésbicas, a fim de aumentar a visibilidade da pauta e 
servir como instrumento pioneiro para novos proje-
tos e pesquisas sobre o tema.
DINGBAT1
19
Figura 1 
 FF Dingbats 2.0 Johannes Erler and Henning Skibbe 
Fonte <https://www.myfonts.com/fonts/fontfont/dingbats-2/>
 Ao se pesquisar sobre a definição do dingbat e sua his-
tória, percebe-se que há uma escassez sobre o assun-
to. A definição de dingbat aparece esporadicamente 
em livros do universo tipográfico, sendo apresentada 
em algum curto parágrafo ou no apêndice dos títulos, 
tais como o livro Elementos do Estilo Tipográfico de 
Bringhurst (2011) e A linguagem invisível da Tipografia 
de Spiekermann (2011), que trazem um curto pará-
grafo em seus apêndices com a definição de Dingbat. 
De forma sucinta, Bringhurst (2011) define em seu 
livro Elementos do Estilo Tipográfico, que o dingbat é 
um “Glifo ou símbolo tipográfico sujeito a desdém por 
não possuir nenhuma relação aparente com o alfabeto”. 
O autor (ibid.) também ressalta que alguns dingbats 
podem ser pictogramas por serem representações de 
igrejas, aviões, esquiadores, telefones (figura 1) , por 
exemplo, enquanto outros podem apenas ser símbolos 
mais abstratos como cruzes, naipes entre outros1.
1Pictogramas são desenhos que 
representam de forma simplifi-
cada pessoas, objetos, conceitos 
entre outros.
Símbolos são figuras que repre-
sentam um ser, objeto ou ideia 
abstrata.
2120
Os dingbats podem apresentar diversas funções, 
tais como sinalização, ornamentação, manifestações, 
registro iconográfico, homenagem entre outros. A 
fonte Litúrgica (Figura 2) é um exemplo de fonte cria-
da para sinalização e manifestação, foi criada quando 
se viu a necessidade de conseguir representar os perí-
odos do calendário litúrgico algo que as igrejas cristãs 
usam para nortear suas programações e cultos, mas 
que pouco se era explorado em materiais gráficos. 
A fonte apresenta não apenas com os períodos do 
calendário, mas também com representações de 
atividades feitas nas igrejas e símbolos importantes 
da religião. Dessa forma, ela pode ser amplamente 
utilizada, tanto para divulgação online e offline nas 
igrejas (figura 3), para sinalizações e manifestações 
Figura 2 
Litúrgica criada por Kaiky Fernandez
Fonte < http://pt.fontriver.com/font/liturgica/>
Figura 3 
Figura 3 - Divulgações utilizando a fonte Litúrgica.
Fonte < https://www.behance.net/gallery/73928845/Igreja-Crista-Farol-Esperanca>
http://pt.fontriver.com/foundry/kaiky_fernandez/
http://pt.fontriver.com/font/liturgica/
2322
Figura 4 
Ornamentos usados em oficinas tipográficas 
Fonte <https://www.behance.net/gallery/77013721/Liturgica-Free-Dingbats-Font>
2524
A fonte Grande Vitorinha é um exemplo de 
dingbat projetado para fazer uma homenagem e 
um registro iconográfico de um local. O projeto 
propõe uma forma diferente para de representar a 
Região Metropolitana da Grande Vitória do estado 
do Espírito Santo, a partir de uma fonte minimalista 
que mostra a diversidade e a iconografia do local, que 
pode ser utilizada de diversas maneiras, tais como na 
criação de padrões, cartazes, artefatos, decoração, 
sinalização entre outros. Na figura 5 vemos a 
fonte sendo usada na criação de cartazes, xícaras e 
almofadas
Rocha (2003) traz alguns exemplos de fontes digi-
tais dingbat, tais como a Whirligi (Figura 06) criada por 
Zuzana Licko, que traz formas abstratas em formatos 
de mandala, que funcionam como padrões geométricos 
(figura 7) podendo ser utilizada para criação de cartazes, 
ornamentos em textos, roupas e tecidos.
Figura 5 
Utilizações da fonte Grande Vitorinha 
Fonte < https://www.grandevitorinha.com.br/ > 
24
https://www.grandevitorinha.com.br/
272626
Figura 6 
 Whirligi criada por Zuzana Licko 
Fonte: <https://en.fontke.com/image/734201//>
https://en.fontke.com/family/313399/
2928
Figura 7 
Whirligi criada por Zuzana Licko 
Fonte < https://www.emigre.com/Fonts/Whirligig > 
https://www.emigre.com/Fonts/Whirligig
3130
Figura 8 
Picture Yourself criada por Karin Huschka 
Fonte: < https://www.fonthaus.com/fonts/monotypeimaging/Picture-Yourself/MI36742695 >
(figura 4).
A Picture Yourself (Figura ) foi uma fonte 
revolucionária criada por Peter e Karin Huschka que 
recebeu menção honrosa no Concurso Internacional 
de Desenho Tipográfico de 2003, promovida pela 
Linotype Library. A fonte é dividida em 6 grupos e 
traz nela imagens que retratam vários movimentos, 
da natureza e do homem. Inspirada na música Lucy 
In The Sky With Diamonds dos Beatles e nas constru-
ções de Oscar Niemeyer, o dingbat foi projetado para 
que o usuário pudesse combinar os glifos da família 
para a criação de composições decorativas. 
No livro Manual de Tipos (2013), o autor John 
Kane não fala de forma direta sobre o que são os 
dingbats, mas em seu capítulo sobre a história do 
alfabeto apresenta:
“Um alfabeto é uma série de sinais - letras - definidas a partir de 
convenções culturais que representam sons específicos. Antes 
da criação do primeiro alfabeto pelos fenícios (povo mercantil 
navegante que vivia onde hoje é o Líbano) por volta de 1500 a.C. 
a linguagem escrita retrata palavras inteiras de uma vez só 
através de desenhos. A figura de um touro significava touro, 
independente de sua pronúncia.” (KANE, 2013, p. 16).
Uma vez que os dingbats podem ser representa-
ções de coisas que vemos, é possível considerar que 
sua origem está atrelada, de certa forma, ao momen-
to de desenvolvimento da escrita. 
 Porto (2006) acredita que o termo dingbat 
surgiu nas oficinas tipográficas, como uma onomato-
peia - ding sendo o barulho de quando se batia (to bat) 
nos ornamentos fixados na rama, pois antigamente 
a principal função do dingbat era preencher espaços 
https://www.linotype.com/425/karin-huschka.html
https://www.fonthaus.com/fonts/monotypeimaging/Picture-Yourself/MI36742695
https://www.fonthaus.com/fonts/monotypeimaging/Picture-Yourself/MI36742695
32
vazios dos textos nas chapas de metal. 
No livro Pensar com Tipos (2004), Lupton afirma 
que os dingbats não precisam necessariamente ser a 
representação de algo concreto, visto que surgiram 
como ornamentos para preencher lacunas, enqua-
drar e dividir o conteúdo nas chapas de metal usadas 
nas oficinas. 
Além disso, Porto (2006) ainda aponta que os 
dingbats costumavam ser apenas um elemento para se 
preencher os espaços, e, com o tempo, se tornou um 
componente tipográfico que acompanha os alfabetos, 
sendo integrado ao conjunto básico de caracteres, ou 
seja, independente. Com o avanço da tecnologia a 
partir da década de 1980, observaram-se a proliferação 
de alfabetos digitais exclusivamente compostos por 
símbolos, formas e ilustrações, os dingbats. 
 Priscila Farias, designer gráfica e professora 
da Universidade de São Paulo, afirma em seu livro 
Tipografia Digital: O impacto das novas tecnologias 
(1998) que as fontes digitais não são apenas um con-
junto de caracteres que reproduzem as letras, mas são 
o conjunto de formas visuais relacionadas as teclas 
do computador a partir da geração de um arquivo 
de fonte. Por isso é possível determinar uma relação 
entre caracteres específicos a vinhetas tipográficas 
específicas. Sendo assim, podemos definir um con-
junto de dingbats como uma fonte tipográfica, assim 
como uma fonte alfabética tradicional. 
Figura 10 
Ornamentos usados em oficinas tipográficas 
fonte:<https://medium.com/deadlines/uma-breve-introdução-a-tipografia-5ec4177cd8cc>
Figura 9 
Pintura rupestre encontrada na 
Argélia (África)
Fonte: < https://www.todamateria.
com.br/arte-rupestre/>
33
https://medium.com/deadlines/uma-breve-introdu%C3%A7%C3%A3o-a-tipografia-5ec4177cd8cc
https://www.todamateria.com.br/arte-rupestre/
https://www.todamateria.com.br/arte-rupestre/
IDENTIDADE LÉSBICA E 
REPRESENTATIVIDADE2
3736
2.1 A mulher lésbica
Lésbicas são mulheres que sentem atração e se rela-
cionam unicamente com mulheres. A palavra faz re-
ferência a poetisa Safo, que vivia na ilha de Lesbos na 
Grécia entre os séculos VI e VII a.c, e ficou conhecida 
por ser a primeira mulher a escrever poemas de amor 
dirigidos para mulheres, além de fundar uma escola 
de artes apenas para mulheres onde se praticava mú-
sica, dança e poesia. Mesmo sendo referenciada até 
hoje, considerada uma das maiores poetas de todos 
os tempos, seus trabalhos e sua história foram perse-
guida no decorrer dos séculos por líderes religiosos e 
muito se foi apagado (MILLS 2018).
A existência lésbica segundo Rich (1980) é a rejeição 
de um modo de vida compulsório no qual a heterossexu-
alidade é considerada a unica sexualidade existente para 
as mulheres. Se afirmar como lésbica é recusar o papel 
de submissão aos homens, é reivindicar o seu direito de 
existir e trazer visibilidade em uma sociedade que tenta 
ao maximo invisibilizar a existencia lésbica. Se afirmar 
como lésbica vai alem de levantar a bandeira de quais 
bocas beijamos, como conta a militante lésbica:
“Num determinado estágio da minha vida eu me vi mais 
esclarecida com mais conhecimento, mais independência, 
mais autonomia de vontades e desejos, a partir do momento 
que eu começo a conhecer as pautas de inclusão social e 
igualdade, o feminismo pra mim é um grande estandarte de 
revolução pra mim, por que me fez enxergar o mundo de uma 
maneira mais autônoma e independente de fato sem a égide 
da religião ou de qualquer coisa que seja me fez abrir a mente 
sobre ter o direito de escolha sobre o meu corpo, meus desejos 
minha vida. Só ano passado em 2016 passei a entender que 
de fato orientação sexual vem muito do desprazer do desejo 
e tudo mais e não meramente de um beijo na boca. Passei a 
entender de outras formas e me identificar e romper o estigma 
social dentro de mim e me aceitar como mulher como lésbica e 
socialmente como sapatão.“ MILITANTE LÉSBICA NÍSIA, 2017.
2.2 Movimento Feminista Lésbico 
O grupo SOMOS foi o primeiro grupo de defesa aos 
direitos LGBT do Brasil, fundado em 1978, e majori-
tariamente composto por homens homossexuais.O 
SOMOS recebeu em fevereiro de 1979 um grupo de 
mulheres lésbicas que permaneceram apenas 3 meses 
no coletivo, por perceberem atitudes machistas e 
discriminatórias dentro da organização. As mulheres 
sentiram a necessidade de ter um espaço separado para 
se discutir as questões lésbicas e feministas, por não se 
sentirem incluídas nos movimentos feministas da 
época. Elas defendiam que as mulheres deveriam lutar 
pelo direito de expressar sua sexualidade e pelo direito 
de romper com a opressão e subordinação masculina 
que não defendia a heterossexualidade como única 
para todas as mulheres. Por isso foi criado dentro 
do SOMOS, o sub-grupo Lesbico-Feminista (LF), 
pioneiro por tratar questoes homossexuais dentro do 
feminismo no Brasil e responsaveis posteiormente 
pela primeira publicação lésbica do país.O movimento 
feminista é importante para a comunidade lésbica mas 
se faz necessario um espaço distinto como nos conta a 
publicação do boletim ChanaComChana: 
“Existe a consciência de que a difusão das ideias feministas 
é importante para nós porque quanto mais espaços e direitos 
conquistarmos, enquanto sexo, mais mobilidade social 
teremos, em todos os aspectos, enquanto mulheres lésbicas. 
Daí a importância de apoiarmos a luta feminista. Entretanto, 
nossas questões específicas, as questões de nosso dia-a-dia, 
têm que ser igualmente encaminhadas não só em encontros 
feministas como também incorporadas às discussões do 
feminismo e da sociedade em geral” 
BOLETIM CHANACOMCHANA, 1987, p.5.
Figura 11
Capa da 8º da Revista CHANACOMCHANA
Fonte: <http://reporterpopular.com.br/
agosto-um-mes-que-nos-ensina-a-lutar/>
3938
2.3 Chanacomchana 
Segundo Elizabeth Cardoso, a imprensa feminista 
brasileira pós-1974 pode ser dividida em duas fases. 
A primeira pautada em questões sociais de classe, 
e a segunda fase pautada em questões de gênero. O 
boletim ChanaComChana criado em 1981 pelo grupo 
Lesbico-Brasileiro (LF) seencontra na segunda fase 
da imprensa feminista brasileira pós-1974. Sendo dis-
tribuida nacionalmente entre 1981 e 1989 contou com 
12 edições, nas figuras 11,12,13 e 14 vemos as capas de 
algumas edições, tratava especificamente sobre o 
universo lesbico feminista, trazendo visibilidade as 
pautas lesbicas, sendo assim a primeira publicação 
lesbica do país. A Chanacomchana tinha um caráter 
anarquista e punk, não seguia uma regularidade 
entre suas edições, podia ter entre 11 e 36 páginas e 
instabilidade entre a sua periodicidade, distribuída 
trimestralmente ou quadrimestral. O conteúdo era 
composto por artigos que traziam relatos sobre a vi-
vência lesbica, questões lésbicas-feministas e legisla-
ção. A grande maioria de seu material era escrito por 
Miriam Martinho e Rosely Roth. Miriam Martinho, 
uma das idealizadoras da revista, explica:
“Nosso principal objetivo, com o Chanacomchana, é quebrar o 
muro de preconceitos que envolve e isola as mulheres lésbicas(...) “ 
- Miriam martinho (uma das pioneiras do movimento homossexual 
no Brasil) para entrevista do portal UOL. 
O boletim ChanaComChana era comercializado 
no Ferro’s bar, localizado no centro de São Paulo. O 
bar era majoritariamente frequentado por mulheres 
lésbicas, que além de festejar, desenvolviam o ativis-
mo lésbico, em meio à ditadura militar brasileira. 
Na época, a organização lésbica não foi tolerada, as 
mulheres foram perseguidas e hostilizadas, e em 23 
de julho de 1983 foram expulsas do Ferro’s bar pela 
organização, que chamou a polícia no local alegando 
que o grupo era desordeiro e desrespeitoso. Como 
forma de resistência a repressão, às mulheres da 
Ação lésbica-feminista emcabeçado por Rosely Roth 
organizaram uma ocupação do espaço do ferro’s bar 
no dia 19 de agosto de 1983, forçaram a entrada no 
espaço e leram o manifesto sobre os direitos das mu-
lheres lésbicas. Miriam Martinho, uma das pioneiras 
do movimento homossexual no Brasil, explica: 
“Chegamos no dia 19 de agosto e tentamos entrar no Ferro’s. 
O porteiro fechou a porta para que a gente não entrasse. 
Passamos a conversar com as mulheres que estavam do 
lado de fora do bar, juntamos gente, mais os grupos que 
estavam dando apoio, tentamos de novo. O porteiro enfiou 
a mão na cara de uma das integrantes do GALF, pela porta 
entreaberta. Um homem aproveitou e jogou fora o boné do 
porteiro, ele se distraiu e entramos todos”.- Miriam martinho 
(uma das pioneiras do movimento homossexual no Brasil) para 
entrevista do portal UOL. 
Rosely Roth, uma das pioneiras e mais ativas 
no movimento lésbico no Brasil, e líder da ocupação 
do dia 19 de agosto de 1983 no ferro’s bar, morreu em 
1990. No dia 19 de agosto de 2003, a data foi lançada 
como o Dia Nacional do Orgulho Lésbico.
 A história do Chanacomchana e o Dia Nacional 
do orgulho lésbico, foram tomados como o ponto de 
partida do projeto da fonte ChanaComChana, que 
utilizou os icones representativos da cultura lésbica 
brasileira para o desenvolvimento de um dingbat. O 
projeto será apresentado a seguir.
Figura 12
Capa da 7º Edição da revista CHANACOMCHANA
Fonte:<https://pt.org.br/conheca-o-stonewall-brasileiro-o-
-levante-liderado-por-lesbicas-e-apoiado-por-feministas/>
4140
Figura 14
Edição do chanacomchana sobre o acontecimento no 
ferro’s bar
Fonte:<https://pt.org.br/conheca-o-stonewall-brasileiro-o-
-levante-liderado-por-lesbicas-e-apoiado-por-feministas/> 
Figura 13
Capa de uma das edições da revista 
CHANACOMCHANA 
Fonte:<https://musicnonstop.uol.com.br/uma-viagem-pe-
la-cena-noturna-lgbt-de-sao-paulo-nos-ultimos-100-anos/
chana-com-chana/> 
METODOLOGIA3
44
Para o alcance dos objetivos propostos neste traba-
lho foi utilizada uma adaptação da metodologia 
projetual de Bonsiepe (1983) em junção com o método 
para a criação de dingbats a partir de uma referência 
concreta proposta por Falcão (2019). A junção deles 
originou um método projetual próprio capaz de aten-
der ao objetivo principal do trabalho: desenvolver 
uma fonte dingbat com ícones representativos das 
mulheres lésbicas. 
A metodologia projetual de Bonsiepe (1983) 
apresenta 5 fases principais. A saber: 
1. Problematização 
2. Análise
3. Definição de problema 
4. Anteprojeto/Geração de alternativas 
5. Projeto 
O método para criação de dingbats a partir de 
um referencial concreto proposto por Falcão (2019) 
consiste em 11 fases, a saber: 
• Pesquisa iconográfica;
• Categorização e seleção das referências 
concretas;
• Esboços iniciais manuais;
• Definição da relação entre a espessura das 
hastes, a proporção vertical e a proporção 
horizontal;
• Definição da regra de funcionamento da 
caixa-alta e da caixa-baixa da fonte;
• Desenhos manuais de alguns caracteres;
• Criação de um grid digital em um software 
de desenho vetorial;
• Desenho digital de todos os caracteres den-
tro dos parâmetros definidos anteriormen-
te em um software de desenho vetorial;
• Transposição para o software de geração 
de fontes;
• Definição espacejamento lateral;
• Geração do arquivo fonte.
 Diante do exposto, a metodologia utilizada 
neste trabalho concilia as macrofases da metodologia 
projetual de Bonsiepe (1984) com uma adaptação do 
método projetual proposto por Falcão (2019) em seu 
direcionamento projetual para a criação da fonte 
dingbat (Tabela 01).
Macrofases - Bonsiepe (1984) Microfases - Falcão (2019) Etapas do Projeto 
• Problematização -------
• Definir o do tema pelo desejo e necessidade de enriquecer 
o acervo de dingbat e expandir a discussão sobre a 
comunidade lésbica e trazendo mais representação
• Análise • Pesquisa iconográfica 
• Realizar dois mapas mentais - um sobre dingbat e um 
sobre a cultura lésbica;
• Aplicar questionário para pesquisar quais símbolos são 
mais representativos para as mulheres lésbicas brasileiras. 
• Definição do problema • Categorização e seleção das 
referências concretas;
• Organizar as respostas obtidas no questionário em 
oito categorias
• Selecionar 26 símbolos citados no questionário, a partir 
das duas categorias com mais respostas das participantes 
(natureza e objetos) 
• Anteprojeto
• Geração de alternativas
• Esboços iniciais manuais; • Produzir um moodboard com os símbolos escolhidos para 
servir de referência para os desenhos.
• Produzir esboços manuais de três caracteres (caminhão, 
orquídea e sapato). 
• Definição da regra de 
funcionamento da caixa-alta e da 
caixa-baixa da fonte
• Definir Caixa baixa como forma e Caixa alta Contra 
forma por ser algo amplamente utilizado em outras 
fontes de dingbats
• Definição da relação entre a 
espessura das hastes, a proporção 
vertical e a proporção horizontal;
• Desenhar vetorialmente os primeiros caracteres
• Criação de um grid digital em um 
software de desenho vetorial.
• Definir grid de 1000ptx1000pt para a derivação dos 
demais caracteres
------- • Aplicar questionário de validação com o público-alvo 
após a geração da primeira versão da fonte para entender 
se os símbolos escolhidos são facilmente identificáveis
• Ajustar a fonte para aperfeiçoar o desenho dos caracteres 
a partir dos problemas identificados após o questionário
• Projeto • Desenho digital de todos os 
caracteres dentro dos parâmetros 
definidos anteriormente em um 
software de desenho vetorial;
• Desenhar digitalmente os 26 símbolos definidos para 
compor a fonte;
• Transposição para o software de 
geração de fontes;
• Transposição DO adobe ILLUSTRATOR PARA O FONT 
LAB ;
• Definição espacejamento lateral; • Definir espaçamento lateral em 1/20 do M da fonte;
• Geração do arquivo fonte. • Gerar o arquivo fonte Chanacomchana
Tabela 01 
Fonte: Autora 2020
METODOLOGIA
APLICADA4
4948
Neste capítulo será apresentado o desenvolvimento 
do projeto da fonte ChanaComChana, a partir da me-
todologia projetual de Bonsiepe (1984) e do método 
para criação de dingbats proposto por Falcão(2019).
4.1 Problematização
 Este trabalho teve origem a partir de uma identificação 
pessoal e aproximação com a área da tipografia e o tema 
abordado no projeto. Nas pesquisas iniciais, ficou clara 
a escassez de referencial teórico sobre os dingbats, e não 
foram encontrados trabalhos na área que relacionassem 
com o universo lésbico. Este foi definido como o ponto 
de partida para a definição do problema. 
4.2 Análise 
O primeiro passo para a elaboração do projeto foi a 
realização de pesquisas iconográficas sobre a cultura 
lésbica e sobre os dingbats. Inicialmente foram 
realizados dois mapas mentais, um para cada um dos 
temas. No mapa mental sobre dingbats (Figura 15), 
foram colocados diversos projetos de fontes dessa 
natureza, com o intuito de explorar as possibilidades 
projetuais dos dingbats para inspirar o projeto.
FORMAS ORGÂNICAS/NATUREZA
Figura 15 
Mapa mental feito com o tema dingbat, com 
vários estilos diferentes para se conhecer 
melhor as possibilidades projetuais.
Fonte: Autora
DINGBAT
REGIONALISMO
ORNAMENTAL
PICTOGRAMA
CARROCERIA DE CAMINHÃO
5150
ATIVISMO
SENTIMENTOS
NATUREZA
ANIMAIS
FORMAS ORGÂNICAS
O segundo mapa mental foi feito, inicialmente, 
com figuras conhecidos da cultura lésbica a partir de 
um repertório pessoal sobre o assunto (Figura 16). 
OBJETOS
COTIDIANO
PERSONALIDADES
SENSAÇÕES
REBUCETEIO
SAPATÃO
COLA VELCRO
RACHA
CAMINHONEIRO
69
EXPRESSÕES
EXPRESSÕES PEJORATIVAS
Figura 16 
Mapa mental feito com o figuras conhecidas da cultura lésbica.
Fonte: Autora
Mulheres Lésbicas do Brasil
5352
Para um aprofundamento do assunto, foi 
elaborado e aplicado um questionário com as mu-
lheres lésbicas brasileiras, para entender como elas 
se enxergam e para descobrir quais simbolos são 
mais representativos da cultura lésbica para elas. O 
questionário buscou trazer as mulheres lésbicas para 
a construção do projeto, com o intuito de representar 
essa comunidade de maneira mais fidedigna. O 
questionário, (Apêndice A), foi curto e objetivo, e foi 
divulgado majoritariamente nas redes sociais twitter 
e whatsapp, conseguindo assim atingir 13 estados do 
Brasil e 105 respostas. 
Para filtrar o público lésbico em relação às outras 
pessoas que pudessem responder o questionário, 
estabeleceu-se que a primeira pergunta seria direcio-
nada ao seguinte questionamento: ‘’ Você se identifica 
como uma mulher lésbica?’’. Essa primeira questão 
era decisiva para dar continuidade a pesquisa, uma 
vez que aqueles que marcassem a opção negativa, 
não teriam acesso ao restante do questionário. Sendo 
assim, do total de 105 respostas, 7 foram de pessoas 
que não se identificam como lésbicas e 98 de mu-
lheres lésbicas. As respostas do questionário foram 
utilizadas como insumo para a alimentação do mapa 
mental sobre a cultura lésbica (Figura 17). 
Formulário:
Como você enxerga o universo lésbico? 
1. Você se identifica como uma mulher lésbica? 
❏ Sim
❏ Não
2. Qual a sua idade? 
❏ Até 14 anos anos
❏ De 15 até 20 anos
❏ De 21 até 30 anos
❏ De 31 até 40 anos
❏ De 41 até 50 anos
❏ Acima de 51 anos
3. Em qual unidade federal você mora? 
❏ AC
❏ AL
❏ AM
❏ AP
❏ CE
❏ DF
❏ ES
❏ GO
❏ MA
❏ MG
❏ MS
❏ MT
❏ PA
❏ PB
❏ PE
❏ PI
❏ PR
❏ RJ
❏ RN
❏ RO
❏ RR
❏ RS
❏ SC
❏ SE
❏ SP
❏ TO
❏ EXTERIOR
4. Com que idade se identificou como lésbica? 
❏ Até 10 anos
❏ De 11 até 15 anos
❏ De 16 até 20 anos
❏ De 21 até 30 anos
❏ De 31 até 40 anos
❏ De 41 até 50 anos
❏ Acima de 51 anos
5. O que te ajudou a se entender como lésbica? 
6. Qual sua área de atuação? 
❏ Administração
❏ Artes e Design
❏ Ciências Exatas e Informática
❏ Ciências Sociais e Humanas
❏ Comunicação e Informação
❏ Engenharias
❏ Meio Ambiente
❏ Saúde e Bem-estar
❏ Outros
7. Se você precisasse identificar o universo 
lésbico com 5 elementos quais você 
escolheria? (Objetos, pessoas, elementos 
da natureza,entre outros) 
5554
ATIVISMO
SENTIMENTOS
NATUREZA
ANIMAIS
FLORES
FORMAS ORGÂNICAS
OBJETOS
TATUAGEM
COTIDIANO
PERSONALIDADES
SENSAÇÕES
COLA VELCRO
RACHA
MARIA MACHO
CAMINHONEIRO
EXPRESSÕES
EXPRESSÕES PEJORATIVAS
FAMÍLIA
Figura 17 
Mapa mental feito com o figuras conhecidas da cultura lésbica, alimentado 
com as respostas obtidas no questionario.
Fonte: Autora
REBUCETEIO
SAPATÃO
CHUPA CHARQUE
MULHER MACHO69
EXPRESSÕES
Mulheres Lésbicas do Brasil
5756
4.3 Definição do Problema 
Após a problematização e aprofundamento sobre 
o tema escolhido, foi definido que o trabalho con-
sistiria em uma fonte tipográfica dingbat, com os 
símbolos mais representativos do universo lésbico, 
como forma de trazer mais representatividade e 
visibilidade ao tema homenageando os movimentos 
feministas lésbicos e o Dia da visibilidade lésbica 
Brasil. Foi decidido que a fonte trabalhará com forma 
na caixa baixa e contra forma na caixa alta.
A aplicação do questionário possibilitou uma 
visualização das referências visuais mais recorren-
tes da cultura lésbica, conforme pode ser visto no 
mapa mental da Figura 17, exposta anteriormente. 
A Caminhão N Caixa de ferramentas
B Sapato O Símbolo da vênus
C Orquídea P Velcro
D Tesoura Q lírio 
E Cachoeira R Laranja
F Sapo S Fogo
G Cerveja T Trinco de unha
H Triângulo invertido U Lua
I Machado labris V Vibrador
J Concha X Camisa 
K Panela W Mão
L Violão Y Espada
M Gato Z ChanaComChana
Tabela 2 
Fonte: Autora 2020 
A partir das referências visuais fornecidas pelas mu-
lheres lésbicas, idealizou-se uma tabela (Apêndice 
A) dividindo as respostas em 8 categorias: Objetos, 
Expressões, Natureza, Sensações/Sentimentos, 
Símbolos, Personalidades, Cores e outros. Foi 
observada uma grande diferença na quantidade 
de respostas que se enquadraram nas categorias 
 “Objetos” e “Natureza”, que se sobressaíram em 
relação às demais. Desta forma, essas duas cate-
gorias foram escolhidas para serem exploradas 
na elaboração da fonte, 26 símbolos citados nelas 
foram selecionados 26 elementos para compor a 
fonte dingbat. São eles (tabela 02):
4.4 Anteprojeto / Geração de Alternativas. 
Uma vez que foi realizada a designação dos 
símbolos a serem representados em cada 
um dos caracteres da fonte, foi realizado 
um moodboard de imagens (figura 18) para 
servir de inspiração para os esboços iniciais.
Os primeiros desenhos foram realizados em um 
papel milimetrado, pode ser visualizado nas figuras 
19 e 20, para auxiliar no entendimento das propor-
ções a serem exploradas na representação dos símbo-
los escolhidos, e possibilitar a definição de um grid. 
Escolheu-se como direcionamento para o projeto a 
representação simplificada dos símbolos seleciona-
dos. Desta forma, foi essencial o entendimento dos 
detalhes estilísticos necessários para a identificação 
de cada um deles.
Figura 18
Moodboard dos símbolos mais citados no questionário. 
Fonte: Autora 2020
5958
Figura 19 
Esboços manuais
Fonte: Autora 2020
Figura 20 
Esboços manuais
Fonte: Autora 2020
6160
Na primeira geração de alternativas utilizou-se 
o Adobe Illustrator, software digital de desenho 
vetorial, a partir da criação de um arquivo com a di-
mensão de 1000X1000px. Tentou-se trabalhar apenas 
com formas fechadas e sem nenhum detalhamento 
formal dentro do desenho (figura 21). No entanto, 
não se obteve um resultado satisfatório, uma vez que 
os caracteres não refletiram uma unidade formal 
entre si, e foi percebido que era necessário um de-
talhamento maior para facilitar o entendimento do 
que estava sendo representado. 
Na segunda geração de alternativas foram 
criados desenhos mais detalhados (figura 22). Aqui 
conseguiu-se uma unidade maior entre os caracteres, 
sendo este o caminho escolhido para o desenvolvi-
mento dos demais caracteres da fonte. 
Após a definição do caminho projetual a ser 
seguido, foi definido que a espessura das hastes do 
desenho seria de 10pt, e foi criado um grid em uma 
página com as dimensões de 1000X1000px com 13 
linhas na vertical e 13 linhas nahorizontal espaçadas 
igualmente para auxiliar na construção dos demais 
caracteres (figura 23). Essas definições foram essen-
ciais para conseguir uma unidade visual na fonte.
Conforme mencionado anteriormente, traba-
lhar com a forma na caixa baixa e a contra forma 
na caixa alta foi uma das especificações projetuais. 
Inicialmente a caixa alta não teria detalhes, seria 
apenas a silhueta dos caracteres para que dessa forma 
pudessem ser sobrepostos e usados em conjunto. 
No entanto, dessa forma a caixa alta perdia sua au-
tonomia e não era possibilitada a identificação das 
representações, como é possível visualizar na figura 
24, que mostra a caixa baixa e caixa alta de um dos 
caracteres e como funcionam em conjunto. 
Figura 21 
Primeira geração de alternativas
Fonte: Autora
Figura 22 
Segundo geração de alternati-
vas para os caracteres da fonte. 
Fonte: Autora 
Figura 23 
Grid de construção da fonte 
Fonte: Autora 2020
6362
Figura 24 
Geração de alternativas da caixa alta e como seriam usadas com a caixa baixa. 
Fonte: Autora 2020
Figura 25 
Definição da caixa alta 
Fonte: Autora 2020
Portanto, foi decidido manter os detalhes na 
contraforma para possibilitar o uso da caixa alta in-
dividualmente, e o funcionamento da sobreposição 
da caixa alta com a caixa baixa, como é possível ver 
na figura 25.
Após a definição da espessura das linhas, da 
malha de construção e de como funcionaria a relação 
entre caixa alta e caixa baixa, o restante dos carac-
teres foram desenvolvidos seguindo os parâmetros 
estabelecidos, como pode ser visto na figura 26.
Após a realização dos desenhos vetoriais, foi re-
alizada a transposição dos caracteres feitos do Adobe 
Illustrator para o FontLab (figura 27), software espe-
cializado na geração do arquivo fonte. Foi decidido 
alinhar os caracteres pela linha de base para que o 
usuário conseguisse enxergar a fonte de uma forma 
alinhada para se ter um conforto visual melhor. 
Figura 26 
Todos os caracteres desenhados no adobe illustrator, 
com a caixa baixa sobrepondo a caixa alta que está 
pintada de vermelho. 
Fonte: Autora 2020 
6564
A primeira versão da fonte (figura 28) foi compos-
ta por 52 caracteres - 26 na caixa baixa (figura 29) e 26 
na caixa alta (figura 30) - trazendo os elementos mais 
representativos para as mulheres lésbicas do Brasil. 
Para validar a primeira versão da fonte, foi elabo-
rado um questionário para descobrir se os desenhos 
estavam sendo corretamente identificados. Nele, foram 
apresentados todos os caracteres para que os responden-
tes descrevessem, em poucas palavras, o que cada um 
significava. Foram coletadas 37 respostas, considerado 
um número suficiente por terem sido identificadas 
muitas repetições nas respostas. Após a coleta dos dados 
do questionário, foi desenvolvida uma tabela (Apêndice 
A) para perceber quais caracteres foram identificados 
mais facilmente e quais eram os mais críticos.
Figura 28 
Fonte completa no FontLab
Fonte: Autora 2020
Figura 27 
Caractere transferido para o Fontlab
Fonte: Autora 2020
Os caracteres com porcentagem de respostas 
corretas entre 94,6% e 100% não sofreram grandes 
alterações ou revisão de formato. Apenas 4 caracteres 
tiveram um percentual de respostas abaixo do limite 
de 90% que fora estabelecido para a acuracidade do 
projeto: a cachoeira (letra E), o velcro (letra P) e o 
vibrador (letra V) e o ChanaComChana (letra Z). Os 
três primeiros foram redesenhados para melhorar 
sua identificação. Na figura 31 é possível visualizar 
a versão antiga dos caracteres e o redesenho após o 
questionário. O dingbat da letra Z, que estampa o 
título da revista ChanaComChana, teve a menor por-
centagem de identificação (21,6%), o que demonstra 
falta de conhecimento da comunidade lésbica acerca 
da história do seu movimento no Brasil.
Figura 29
Caixa baixa da versão beta da fonte Chanacomchana 
Fonte: Autora
Figura 30
Caixa alta da versão beta da fonte Chanacomchana 
Fonte: Autora
6968
4.5 Projeto 
Após o redesenho dos caracteres mais críticos, 
buscou-se fornecer uma maior unidade formal entre 
todos eles. Para isso, detalhes foram removidos de 
alguns dingbats para manter uma estética minima-
lista. Foram eles: o caminhão (letra A), a cerveja 
(letra G), o machado labrys (letra I) e a espada (letra 
Y). Na figura 32 vemos o comparativo entre a versão 
beta dos caracteres e sua versão 2 após a remoção de 
alguns detalhes. 
Outros dingbats, por sua vez, tiveram detalhes 
adicionados, visto que sua estética muito simplista fu-
gia da unidade que se buscava encontrar para a fonte. 
Dessa forma, o triângulo invertido (letra H) e o fogo 
(letra S) foram reajustados, na figura 33 podemos ver o 
comparativo entre a versão beta dos caracteres e a ver-
são 2 após a adição de mais detalhes.. Além disso, foi 
feita uma revisão geral na fonte, com ajustes na altura 
e largura de todos os caracteres, a fim de encaixá-los 
melhor no grid anteriormente criado.
Após toda a revisão da fonte no programa de dese-
nho vetorial Adobe iIlustrator, foi feita a transposição 
dos caracteres para o FontLab, software especializado 
na geração do arquivo fonte da mesma que foi que 
ocorreu anteriormente na primeira versão da fonte. 
Os caracteres foram alinhados pela linha de base e 
com um espaçamento lateral em 1/20 do eme da fonte 
de cada lado foi definido para evitar a proximidade dos 
caracteres durante a digitação da fonte. Na figura 34 
vemos todos os caracteres da fonte ChanaComChana 
finalizados, caixa alta e caixa baixa. 
Figura 32 
Comparativo entre a versão beta de alguns caracteres e depois sua versão final após a remoção de 
alguns detalhes para manter uma unidade formal maior entre toda a fonte. 
Fonte: Autora
Figura 31
Comparativo entre a versão beta dos caracteres que 
sofreram alteração e sua versão 2 após o redesign
Fonte: Autora
Figura 33
Comparativo entre a versão beta de alguns caracteres 
e depois sua versão final após a adição de alguns de-
talhes para manter uma unidade formal maior entre 
toda a fonte. fonte: Autora
46 O eme é a distância equivalente 
de um tipo, foi utilizada a letra N 
da fonte que possui 1000 pontos 
de largura, para determinar que o 
espaçamento lateral da fonte seria 
de 50 pontos, ou seja, 1/20 do eme.
Figura 34
Todos os caracteres da fonte 
ChanaComChana finalizada, caixa alta 
e caixa baixa uma do lado da outra em 
ordem alfabética.
Fonte: Autora
DINGBAT
CHANACOMCHANA5
75
5.1 Manifesto
Diante da necessidade de aumentar a representa-
tividade e a visibilidade do universo lésbico para 
diversos fins, mas principalmente para livrar a 
mulher homossexual do lesbocídio, foi criada a 
fonte ChanaComChana. Muito mais do que apenas 
uma fonte tipográfica, a ChanaComChana é uma 
homenagem à luta lésbica, é uma forma cultural e 
inovadora de representatividade, além de ser uma 
grande homenagem à revista ChanaComChana, 
um ponto de enorme importância na história e na 
cultura da mulher lésbica brasileira.
5.2 
A fonte criada para representar o universo lésbico 
é extremamente plural e pode ser utilizada em 
cartazes, artefatos, intervenções artísticas no meio 
urbano, roupas, acessórios, dentre outros. Na caixa 
baixa os desenhos dos caracteres possuem as formas 
definidas com linhas. A caixa alta é a contraforma 
da caixa baixa, podendo assim serem sobrepostas 
quando utilizadas, aumentando a versatilidade da 
fonte, que já funciona individualmente sem perder 
o sentido. Como a fonte será disponibilizada gratui-
tamente, o uso criativo desta fica a cargo de quem 
também, assim como a sua criadora, luta por mais 
visibilidade lésbica. 
5.3
A ideia inicial de lançamento da fonte consiste em 
seu uso como Figurinhas para as redes sociais, de 
modo a serem disponibilizadas facilmente para, 
assim, despertar o interesse daqueles que se identifi-
cam com a temática. Futuramente se pretendefazer 
intervenções pela cidade com cartazes produzidos 
com os caracteres da fonte, além da criação de um 
espaço para divulgar as produções elaboradas com a 
fonte por mulheres lésbicas. Para explorar as diver-
sas formas de aplicação da fonte, foram convidados 
alguns designers amigos para utilizá-la. Foi realizada 
uma contextualização do projeto e informado o 
propósito da fonte. Destaca-se que eles tiveram total 
liberdade para fazer qualquer tipo de peça gráfica ou 
artefato que desejassem com a fonte. 
A fonte ChanaComChana está disponível no 
link abaixo:
https://drive.google.com/drive/folders/13rfz-
QHu4YiNTQDhdwcuFkLAA7aX6zega?usp=sharing
Figura 35
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Daina Martins
https://drive.google.com/drive/folders/13rfzQHu4YiNTQDhdwcuFkLAA7aX6zega?usp=sharing
https://drive.google.com/drive/folders/13rfzQHu4YiNTQDhdwcuFkLAA7aX6zega?usp=sharing
Figura 36
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Luiz Gonzaga
Figura 38
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Bruna Mello
Figura 37
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Bruna Mello
Figura 39
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Daina Martins
Figura 40
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Bruna Mello
Figura 41
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Daina Martins
Figura 43
Aplicação da fonte ChanacomChana 
por Daina Martins
Figura 42
Aplicação da fonte ChanaComChana 
por Ana Carolina de Paula Souza
87
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Existem poucas referências acerca da origem do 
dingbat. Neste trabalho foi feito um compilado de 
informações a partir das obras de diversos autores, 
tais como Buggy, Falcão, dentre outros. Procurou-se 
entender melhor o que são os dingbats e suas possíveis 
funcionalidades. Este trabalho contribui, então, para a 
expansão da bibliografia existente sobre o tema e pode 
ajudar futuros pesquisadores e entusiastas da área 
da tipografia e do design. Percebeu-se que tais fontes 
possuem caráter versátil e que suas possibilidades 
projetuais são incontáveis. Os dingbats podem ser 
utilizados de diferentes formas, dentro ou fora de um 
texto, e seus caracteres podem ou não ser representação 
de algo concreto. 
Um dos objetivos principais deste trabalho, além 
de expandir o estudo sobre dingbat e ampliar o acervo 
sobre o tema, consistia em trazer mais representati-
vidade para as mulheres lésbicas e conhecer mais 
sobre a história da luta feminista lésbica no Brasil. 
Desta forma, foi exposta uma das produções mais 
importantes feitas pelas pioneiras no movimento 
lésbico brasileiro: a revista ChanaComChana. 
A revista era distribuída por todo Brasil e abordava 
apenas questões lésbicas e feministas, sendo a primeira 
publicação lésbica do país. Mesmo diante de tamanha 
importância, foi detectado, através de uma questio-
nário aplicado apenas a mulheres lésbicas, que pouco 
se conhece sobre a revista ChanaComChana. Diante 
do exposto, foi reconhecida então a importância e a 
necessidade de realizar um trabalho que tratasse sobre a 
revista, para se manter viva uma parcela tão importante 
da luta dos movimentos lésbicos feministas no Brasil.
A volubilidade dos dingbats tornou a ferramenta 
ideal para a construção de um trabalho inovador e pio-
neiro que abrigasse os símbolos mais representativos 
do universo lésbico, ajudando a ampliar a discussão 
sobre o tema, trazendo visibilidade e desmistificação 
da mulher lésbica. Foi desenvolvida neste trabalho a 
fonte dingbat ChanaComChana, contendo 26 carac-
teres em caixa baixa e 26 em caixa alta.
Algumas dificuldades foram encontradas du-
rante o processo, devido à falta de familiaridade com 
o software de geração de fontes escolhido, o FontLab. 
Na transposição dos caracteres do Adobe Illustrator 
para o FontLab, observou-se que o software estava 
alterando as formas dos caracteres. O problema foi 
contornado após a revisão de todos os caracteres e a 
transformação destes em Forma.
Outra dificuldade encontrada ao longo do 
desenvolvimento do projeto foi a de conseguir uma 
quantidade suficiente de pessoas para a aplicação do 
segundo questionário que, por ser mais extenso, teve 
menos adesão que o primeiro, mesmo sendo divulga-
do nas mesmas plataformas digitais.
Com esse projeto espera-se que a fonte dingbat 
ChanaComChana possa ter desdobramentos poste-
riores que ultrapassem a produção acadêmica, po-
dendo ser utilizada pelo público em projetos gráficos 
diversos, que sirvam para protestos, intervenções 
urbanas, e que abordem questões lésbicas para com-
bater o preconceito e naturalizar o amor e afeto entre 
mulheres. 
REFERÊNCIA 
BILIOGRÁFICA
9190
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https://medium.com/@tosi.marcela/19-de-agosto-dia-nacional-do-orgulho-l%C3%A9sbico-8c11223d471f
https://medium.com/@tosi.marcela/19-de-agosto-dia-nacional-do-orgulho-l%C3%A9sbico-8c11223d471f
93
APÊNDICE
Objetos Expressões Natureza
Sensações/
Sentimento Símbolos Personalidades Cores OUTROS
Álcool 69 (em libras) Água Afeto
Bandeira 
Labris The L word Preto Amizade
Anel de coco Caminhoneira
Animais de 
Estimação Amor Bruxa
Adriana 
Calcanhotto Roxo Astrologia
Baixo (instrumento) Rebuceteio Arco-íris Calmaria Coração Ana Carolina Vermelho Beijo
Boné Cachoeira Calor Punho erguido Angela Ro Ro Cabelo curto
Botas de Couro Clítoris Cheiro
Símbolo da 
Vênus Audre Lurdes Elegância
caixa de ferramentas Concha Conexão Sorriso Cara Delevingne Feminismo
Caminhão Dedos Cuidado
Triângulo 
invertido Cassandra Rios Ferro’s bar
Camisa X Flores Empatia Unicórnio Cassia Eller Gordofobia
Cerveja Fogo Força
Docinho (Meninas 
Super-poderosa) Luta
Cigarro Folhas Intensidade Ellen degeneres Parada LGBT
Espada Frutas Liberdade Ellen Page Paraíso
Éter Garça Toque Fletcher Precipício
Guitarra Gatos união Girl in red Resistência
Livro Jacaré Hailey Kioko Samba
Machado Laranja Jennifer Beals
Panela Língua Judith Butler
Piercing Lírio Letrux
Pincel Lua Louie ponto
Roupa de Couro Mão Marina Lima
Sapato Mar
O quadro do 
nascimento da 
Vênus
Tatuagem
Mata 
Fechada Rosely Roth
APÊNDICE A 
Categorização de todas as respostas da pergunta “Se você precisasse identificar o universo lésbico com 
5 elementos quais você escolheria? (Objetos, pessoas, elementos da natureza,entre outros) “ do Formulário. 
9594
Objetos Expressões Natureza
Sensações/
Sentimento Símbolos Personalidades Cores OUTROS
Tesouro MULHER Safo
Trinco de unha olhos Sally Ride
Velcro Ostra She-ra
Vibrador Pássaros
Vinho
Pedra 
Granada
violão Plantas
Prata
Raízes
Rios
Sapo
Tangerina
Vagina
Vento
Ventre
Vulva
Orquídea
APÊNDICE B 
Grafico do resultado da pergunta “Você se identifica como uma mulher lésbica?” do Formulário. 
	capa.pdf
	TCC_v02.pdf
	_9ru6vn441lgg
	_h818nxy6vuph
	_urkfjrpiodr0
	_lv8m1dkh9rs0
	_ujevczwncnqb
	_y1ehf5pu0h42
	_47f2pcz1t2ex

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