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Revista dos Profissionais de BPM, RPA , Artificial Intelligence e Digital Process Automation LATINO AMÉRICAM A G A ZI N E RPA Congress SP reúne entusiastas da tecnologia Intelligent AUTOMATION Hiperautomação: combinando tecnologias para potencializar a automação - pág 66 A Inteligência Artificial em nosso dia a dia - pág 46 A importância do Process Intelligence na automação de processos - pág 30 Ano 01 - Número 01 - Agosto-Setembro 2020 VIÉS: A nova fronteira de Inteligência Artificial Mitigar o comportamento tendencioso dos algoritmos tem sido um objetivo das empresas para alcançar resultados mais precisos em inteligência artificial Por Roberta Prescott www.iamagazine.com.br 2 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 3 2 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 4 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 www.informationmanagement.com.brwww.informationmanagement.com.br PUBLISHERS Eduardo David eduardo@iima.com.br Cezar Taurion cezar.taurion@iima.com.br DIRETOR DE REDAÇÃO Prado Jr. pradojr@iima.com.br CONSELHO EDITORIAL Cezar Taurion cezar.taurion@ ciatecnica.com.br David Dias david.dias@accenture.com Maurício Castro mauricio.castro@br.gt.com Martin Seefelder mseefelder@deloitte.com Carlos Barreto carlosba@optonline.net Alan Pelz-Sharpe alanpelzsharpe@ deep-analysis.net Gil Giardelli gilgiardelli@5era.com CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS ESTADOS UNIDOS Carlos Barreto carlosba@optonline.net ISRAEL Gabriel Eigner info@israbras.com CHILE Antonio Frieser Rojas afrieser@bilateral.cl PORTUGAL David N Cardoso david.cardoso@sparker.solutions INTELLIGENT AUTOMATION Magazine - Digital - é uma publicação bimestral do IIMA - Instituto Information Management com versões em Português, Espanhol e Inglês. Seu editorial aborda os avanços da Automação Inteligente de Processos Empresariais no Brasil e no Mundo, com aplicação das Tecnologias RPA - Robotics Process Automation, IA - Inteligência Artificial, Machine Learning, Deep Learning, NLP - Natural Language Process, BI, Analytics, Capture, BPM entre outras, que conduzem as Organizações em sua Jornada na Transformação Digital. A Revista INTELLIGENT AUTOMATION Magazine colabora com os principais tomadores de decisão nas organizações e empresas para: prever tendências, orientar estratégias, melhorar seus produtos e soluções, planejar a expansão do mercado, promover suas soluções para alcançar os clientes e tomar as decisões certas sobre seu futuro. A INTELLIGENT AUTOMATION Magazine não se responsabiliza por opiniões de artigos assinados, notícias, cases ou outros conteúdos enviados por seus autores como colaboração. Todo conteúdo da Revista pode ser reproduzido com a citação da fonte. INTELLIGENT AUTOMATION Magazine, se empenha em fornecer um conteúdo preciso, entretanto se exime de qualquer responsabilidade quanto a integridade ou adequação das informações, cabendo aos leitores a responsabilidade pelo uso que fará das informações. Atendimento aos Leitores: Mariana Dantas mariana@iima.com.br Comercial: Gicelia Azevedo gicelia@iima.com.br Produção Gráfica: Halan Prado halan@iima.com.br Web Designer: Igor de Freitas igor@iima.com.br Administração: Tadeu Nunes tadeu@iima.com.br ENVIE NOTÍCIAS PARA A REDAÇÃO Novidades, Artigos, Cases para o email: redacao@iamagazine.com.br EVENTOS Congresso INFORMATIONSHOW RPA & AI CONGRESS INTELLIGENT CAPTURE SOLICITAÇÃO DE ASSINATURA A assinatura é mediante o e-mail mariana@iima.com.br PUBLICAÇÕES Revista INFORMATION MANAGEMENT INTELLIGENT AUTOMATION Magazine PROMOVA SUA MARCA E SOLUÇÕES Solicite o Mídia Kit para o e-mail comercial@iamagazine.com.br FEIRAS/ EXPOSIÇÕES DIGITAL EXPO RPA + AI EXPO EXPEDIENTE M A G A ZI N E Intelligent AUTOMATION NOSSOS PRODUTOS EQUIPE DE OPERAÇÕES Rua Anhanguera, 627 Cep 01135-000 - Barra Funda São Paulo / SP - Brasil www.iima.com.br contato@iima.com.br Tel: 55 - 11 - 3392 4111 COMPARTILHE ESTA PUBLICAÇÃO: ÍN D IC E - ED 001 INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 5 4 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ÍNDICE - ED 001 Viés: A nova fronteira de Inteligência Artificial CAPA PÁG 08 Mitigar o comportamento tendencioso dos algoritmos tem sido um objetivo das empresas para alcançar resultados mais precisos em inteligência artificial Por Roberta Prescott Por que você deve acelerar sua transformação digital imediatamente PÁG 16 A importância do Process Intelligence na automação de processos PÁG 30 ÍN D IC E - ED 001 O PÓS-COVID PÁG 36 Automação de processos digitais dará um salto nos próximos cinco anos PÁG 20 RPA, a mínima complexidade das tecnologias digitais aplicada com o máximo de resultados PÁG 24 A Inteligência Artificial em nosso dia a dia PÁG 46 Tecnologia e Inteligência Artificial no combate à COVID-19 PÁG 50 Precisa-se de robôs inteligentes PÁG 56 UiPath expande hiperautomação no Brasil e no mundo com plataforma ainda mais robusta e recursos de conversação incorporados PÁG 58 Ayrton Senna é o piloto mais rápido dos últimos 40 anos na F1 PÁG 70 RPA: uma oportunidade (também) para alinhar processos e estratégia PÁG 44 Hiperautomação: combinando tecnologias para potencializar a automação PÁG 66 Como Iniciar a Automação de Processos na sua Empresa PÁG 62 Aprenda a tornar seu RH mais eficiente com automatização de processos PÁG 76 Testes Inteligentes e Automatizados de Software PÁG 78 6 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 www.informationmanagement.com.brwww.informationmanagement.com.br Esta é a primeira edição da Intelligent Automation Magazine, publicação bimestral do IIMA (Instituto Information Management), que sai em versões em português, espanhol e inglês. Fiquei muito feliz com o convite do Eduardo David para ser membro do conselho editorial e ao mesmo tempo compartilhar com ele o honroso papel de publisher. A IA, é um tema com o qual que venho trabalhando e estudando há muito tempo, desde os anos 80. Confesso que sou um entusiasta da IA. Lembro que na adolescência devorava livros de Isaac Asimov, como a famosa trilogia “Fundação” e, principalmente, “Eu, robô”. “Eu, robô” foi uma série de contos que são um marco na história da ficção científica, pela introdução das célebres Leis da Robótica, e por um olhar completamente novo a respeito das máquinas. Os robôs de Asimov conquistaram a cabeça e a alma de gerações de escritores, cineastas e cientistas, sendo até hoje fonte de inspiração de tudo o que lemos e assistimos sobre eles. Depois veio o inesquecível filme de Stanley Kubrick, “2001, uma odisséia no espaço” e com ele o HAL 9000 (Heuristically programmed ALgorithmic computer), que é um computador com avançada inteligência artificial, instalado a bordo da nave espacial Discovery e responsável por todo seu funcionamento. Os diálogos dele com os atores me deixaram realmente impressionado com que o futuro poderia nos trazer. Após um período de hibernação, a IA renasceu na última década, e a ênfase foi direcionada para as redes neurais. Já temos os dois fatores essenciais que a limitavam antes: capacidade computacional disponível e abundância de dados. O ponto de inflexão das redes neurais deu-se em meados dos anos 2000 com as pesquisas de Geoffrey Hinton, que descobriu maneiras eficientes de treinar várias camadas de redes neurais. Isto permitiu o rápido avanço de algoritmos de reconhecimento de imagem e fala. Surgiu o termo “deep learning” que hoje é o motor básico dos principais avanços na área de IA. O que vemos hoje? A rápida evolução da IA traz impactos tão significativos que ainda não percebemos sua amplitude. A IA hoje está como a Internet estava 25 anos atrás, em 1995. Amazon era uma pequena loja online de venda de livros, Google não existia e iPhone estava uns 12 anos ainda distante de ser lançado. Ninguém, em 1995, imaginaria o mundo digitalizado e conectado de hoje. Por isso, temosapenas especulações de como será o mundo daqui a 20 anos com a IA avançando nesse ritmo exponencial que vemos. Nem temos ideia de como será o mercado de trabalho nos próximos 10 a 20 anos, mas sabemos que a IA e a robótica vão mudar quase todas as modalidades de trabalho atuais, transformando as carreiras e profissões como as conhecemos hoje. Devemos ter em mente que os computadores não substituirão os humanos. Substituirão funções. Serão complementos para os humanos e não seus substitutos. Os negócios mais valiosos do mundo das próximas décadas serão desenvolvidos por empresas que usarão a IA para fortalecer as pessoas e não torná-las obsoletas. Serão vencedoras as empresas que souberem fazer com maestria com que os sistemas de IA ajudem os humanos a fazerem o que antes era considerado inimaginável. A IA não envolve uma equação de soma zero, humanos versus IA, mas sim de complementaridade, humanos mais IA gerando mais inteligência. O papel que queremos exercer aqui na Intelligent Automation Magazine é de incentivar os estudos, debates e aplicações da IA. A publicação é feita para e pelos seus leitores. Está aberta às ideias e contribuições de todos, sejam esses comentários ou artigos. Queremos incentivar a criação de uma comunidade de estudos e práticas de IA aqui no Brasil e para isso a publicação se propõe a servir de catalizador e megafone. Contamos com vocês! M A G A ZI N E Intelligent AUTOMATION EDITORIAL Por Cezar Taurion VP Consultoria e Inovação - CiaTécnicaPUBLISHER DA INTELLIGENT AUTOMATION MAGAZINE INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 7 6 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 cezar.taurion@ciatecnica.com.br VIÉS: A nova fronteira de CAPA Mitigar o comportamento tendencioso dos algoritmos tem sido um objetivo das empresas para alcançar resultados mais precisos em inteligência artificial Inteligência Artificial 8 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA A intensificação do uso de inte- ligência artificial (IA) aumentou a preocupação com os vieses (ou bias em inglês), termo usado em estatística para ex- pressar o erro sistemático ou tendenciosidade. As con- sequências do comportamento tendencioso dos algoritmos são vastas e aplicadas em diversos cam- pos. Isto porque, atualmente, as máqui- nas tomam decisões e avaliam cenários de forma assertiva e mais rapidamente. Contudo, os vieses podem ser prejudiciais e afetar vidas de forma definitiva. Uma sele- ção de pessoal por meio de ferramenta para recrutamento baseada em IA pode, por exemplo, privilegiar alguns em detrimento de outros; IA aplicada para definir senten- ças em processos jurídicos também pode- ria apresentar o mesmo problema, estando mais propensa a sentenciar alguns grupos em detrimento de outros por critérios socio- econômicos, raciais ou de gêneros. Em um contexto mais de negócios, os vieses podem gerar bolhas e dificultar a inclusão de produtos ou indicações. “A solução de IA indica produtos em um e-commerce ou a lista de recomendação de vídeos em sites baseado no perfil de consumo, o que gera uma bolha, que é consequência de um viés pessoal, porque a máquina reflete o seu pró- prio viés”, diz Leandro Nunes de Castro Silva, coordenador de desenvolvimento e inovação da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Contudo, os comportamentos tendencio- sos são consequências. A principal causa do viés está no dado usado para treinar o siste- ma, uma vez que o software de IA aprende a partir de alguma experiência passada ou interação com o sistema. “Para treinar um sistema de inteligência artificial para pou- sar um avião, você vai pegar dados histó- ricos de pousos em diferentes contextos, vai apresentá-los para máquina e mostrar o jeito para pousar. Com o passar do tempo, a máquina vai ab- sorver aquele conhecimento de como exe- cutar a tarefa e vai passar a fazê-la de forma autônoma. É neste ponto que está uma das INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 9 8 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Repórter Roberta Prescott 10 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA principais causas de bias. Se você apresentar para máquina dado enviesado, ela vai ficar enviesada. A escolha dos dados e do processo de treinamento são elementos centrais para evitar o viés das máquinas”, destacou Silva. Assim, um dos desafios está em criar máqui- nas e sistemas não enviesados. Mas como fazer isto quando as pessoas, que acabam selecionando os dados ou programando as ferramentas, são, por natureza, enviesadas? Uma das maneiras de se mitigar o enviesa- mento é trabalhar com amostras diversas e envolver no desenvolvimento profissionais de vários perfis. “O enviesamento humano, às vezes, é imperceptível. Então, quando se pegam diferentes fontes, consegue-se mitiga um pouco o viés. Um dos aspectos que toca bastante o viés de máquina é o ético”, pon- tua o especialista do Mackenzie. Ainda que a discussão da ética na inteligên- cia artificial seja antiga, o assunto ganhou, recentemente, muita visibilidade, basicamen- te porque IA conquistou mais espaço como ferramenta de automação. Os impactos éti- cos do viés têm sido um tema cada vez mais debatido. Qualquer atividade automatizada com inteligência artificial, se estiver enviesa- da, pode trazer sérios problemas de credibili- dade, confiança e reputação. “Ética, transparência e confiança são a base para a construção de uma IA justa que irá servir à sociedade”, diz Fabrício Lira, execu- tivo de dados e IA da IBM Brasil. Um estudo conduzido pela IBM denominado “From Ro- adblock to Scale: The Global Sprint Towards AI” entrevistou 4514 executivos dos EUA, Europa e China, em outubro de 2019, para entender os inibidores em escalar o uso de IA em suas empresas e 78% deles responderam que confiança que seus sistemas de IA pro- duzem resultados justos, seguros e confiáveis é um fator crítico para expandir o uso, en- quanto 83% responderam que é universal- mente importante saber explicar como a IA chegou a determinada decisão/julgamento. Por que existe viés Fabrício explica que pode haver diferentes causas para os vieses existirem quando se fala de inteligência artificial, sendo, usual- mente, duas linhas predominantes. “A pri- meira delas argumenta que o problema re- side na demografia dos times envolvidos na criação dos algoritmos, não contemplando um equilíbrio de gênero e racial. A segunda está ligada à existência de viés nos conjuntos de dados utilizados para treinar os algorit- mos, o que pode ocorrer de forma acidental “Ao treinar as máquinas para reproduzirem as tarefas e formas humanas de reação e interação, corremos o risco de reforçar e reproduzir os estereótipos e preconceitos também se não houver esse cuidado para que os sistemas recebam valores humanos com senso de diversidade e inclusão” INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 11 10 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA ou por questões históricas, carregando vieses raciais, de gênero ou ideológicos”, detalha. Os algoritmos de IA são cada vez mais usa- dos para ajudar os profissionais a tomar decisões em áreas como medicina, recursos humanos, justiça, varejo e finanças. Nesse contexto, eles podem reproduzir os vieses contidos nos dados em que são treinados. Contudo, diz Lira, os conjuntos de dados de treinamento podem conter traços históricos de discriminação sistêmica intencional, deci- sões tendenciosas devido a diferenças injus- tas entre grupos e discriminação não inten- cional, ou podem ser amostras de dados que não representam todo o conjunto desejado. “Ao treinar as máquinas para reproduzirem as tarefas e formas humanas de reação e in- teração, corremos o risco de reforçar e repro- duzir os estereótipos e preconceitos também se não houver esse cuidado para que os sis- temas recebam valores humanos com senso de diversidade e inclusão”, aponta. Rodrigo Kramper, líder da prática de advan- ced data & analytics solutions da ICTS Proti- viti, acrescenta que os vieses existem,geral- mente, em função das pessoas que podem trabalhar com dados sem qualidade ade- quada, sem objetividade ou em quantidade/ proporção inadequada. “Logo, quando utili- zamos dados imprecisos ou incompletos, te- mos uma exposição maior a errar nas respos- tas dos algoritmos. Aqui, com certeza, vale a máxima de TI do “garbage in, garbage out”, ou seja, dados ruins de entrada geram resul- tados ruins de modelos”, diz. Além da qualidade dos dados, Kramper aponta para o fator humano. “Todos temos uma visão de mundo e um erro comum é 12 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA tentar interpretar os dados segundo a nossa visão e a nossa expectativa; e não pelo que eles representam”, reconhece Kramper. O que fazer? Muito dos problemas de viés advêm de dis- torções ou inadequações na obtenção dos dados e de sensibilidade para analisar os re- sultados dos algoritmos. Evitar o viés não é ta- refa simples, porque nem sempre isso é obvio e perceptível durante o desenvolvimento, mas alguns cuidados ajudam a mitigar esses riscos. O primeiro é pensar em termos de propor- cionalidade entre classes. “Se, por exemplo, estou desenvolvendo um algoritmo de reco- nhecimento facial e, se tenho um predomínio de imagens de homens, provavelmente o al- goritmo terá dificuldades em reconhecer mu- lheres. O mesmo aconteceria com etnias. A escolha das variáveis que compõem o modelo merece atenção”, ensina Kramper. Nas companhias, o viés deve ser endereçado primeiro com transparência, adverte Kram- per, da ICTS Protiviti. “Equipes de ciências de dados têm de garantir a “explicabilidade” dos modelos, ou seja, mais e mais pessoas dentro da organização e de fora dos times de ciências de dados devem entender o ob- jetivo dos modelos, as decisões de negócios tomadas por trás deles, quais são os dados utilizados, quais são os resultados e como os modelos chegaram nesse resultado”, relata. Isso está longe de ser uma tarefa fácil, mas INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 13 12 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA Kramper também reforça a necessidade de uma abordagem de governança de mo- delos. “Da mesma forma, precisamos ter mais clareza em relação aos impactos que o uso do modelo implicará não só no negó- cio, mas na sociedade e ter consciência das eventuais limitações impostas pelos mode- los matemáticos”, completa. Expandir a base de dados de modo que fi- que o mais diversa possível é um passo im- portante para mitigar o viés. Por exemplo, em uma solução de recrutamento e sele- ção, é necessário que os dados que sejam representativos, com candidatos de todos os tipos de gênero, cor, condições socioe- conômicas etc. “Deve-se observar também que nem todo modelo, nem todo algoritmo de IA, vai dar um desempenho adequado para o problema, então, tem de escolher o algoritmo adequado à tarefa e treinar o mo- delo de forma adequada. Ou seja, tem de ser adequado e estar devidamente treinado. A escolha e o treinamento são importantes para mitigar o enviesamento”, aponta Le- andro Silva, do Mackenzie, explicando que é possível ter um algoritmo que seja bom, mas não estar bem preparado para resol- ver o problema. Para ele, as empresas estão olhando viés e ética de forma mais técnica e buscando meios de automatizar e melhorar, porque o viés é algo indesejado. Bruno Maia é diretor de inovação da SAS, lí- der em software e serviços de análise de ne- gócios e o maior fornecedor independente no mercado de inteligência de negócios. Ele acrescenta que as empresas, ao adotar Inte- ligência Artificial, deveriam colocar no ciclo operacional analítico a velocidade de produ- ção e processos de governança necessários para garantir que não haja subjugamento. “Hoje, para gerar dados em informação in- teligente e colocar ela na ponta para ser con- sumida, você passa pelo ciclo de produção operacional analítico. Ou seja, vai construir modelo, pensar em colocar em produção e, depois que coloca em produção, a API come- ça a tomar decisões. Mas você tem a neces- sidade de monitorar o modelo para o ecos- sistema ficar vivo e eficiente”, explica Maia. Entre os problemas a serem enfrentados está o tempo que o processo leva, porque o dado, quando criado, já está sendo deterio- rado. O quão mais rapidamente que puder ser e o quão mais cuidadoso e zeloso for será melhor para o modelo e mais precisa será a tomada de decisão. Os desafios, segundo Maia, podem ser di- vididos em três grandes blocos: o primeiro é a questão do dado, abordando o contex- to e qual bloco de significância de informa- ção que está fazendo tomar decisão mais adiante; o segundo é a normativa, qual é a regra que se seguirá; e o terceiro é a ras- treabilidade. “Se eu não cuido da base, da rastreabilidade da norma e da rastreabili- dade do contexto, não consigo nem enten- der se estou sendo permissivo na questão de bias”, enfatiza Bruno Maia. “Expandir a base de dados de modo que fique o mais diversa possível é um passo importante para mitigar o viés.” 14 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA Governança dos dados, portanto, mostra- -se fundamental para se conseguir voltar no processo e interpretar o machine lear- ning para saber os caminhos que ele fez, porque aquele comportamento automáti- co aconteceu, uma vez que a máquina não tem o sentimento e nem o contexto social que os humanos têm. “Tem de ficar clara a forma como a deci- são é tomada. Se você usar processo de governança e colocar ética e moralidade como pilares principais de sua empresa, fica bem administrável e bem provável que mantenha bias longe”, diz Maia, re- forçando que o monitoramento deve ser contínuo. “Devem-se detectar as falhas de bias, se possível, antes de entrar em produção, porque a máquina só toma de- cisão errada se você deixar, se você não rastrear. Então, tem de pensar até que ponto se pode reduzir a velocidade para obter processo mais seguro”, aponta. Ao usar dados de baixa qualidade para treinar os algoritmos, o resultado será comprometi- do, porque, se os dados carregarem vieses, os modelos irão reproduzir os mesmos vieses. “O modelo é a representação fiel daquilo que o ser humano o criou. Daí, a importância da mi- tigação de viés desde a fase de preparação dos dados de treinamento utilizando metodologia e ferramentas para mitigação dos riscos. Preci- samos continuar diversificando e ampliando o grupo de pesquisadores e cientistas que traba- lham nessa tecnologia. É imperativo que a IA de hoje reflita os valores das populações para as quais foi criada para servir. Devemos conti- nuar saindo de nossos silos, melhorando o de- sequilíbrio de gênero entre ciência da compu- tação e IA e injetar um espírito de diversidade e inclusão na IA que a torne mais justa, precisa e transparente para todos os indivíduos”, aponta Fabrício Lira, da IBM Brasil. A diversidade na construção e no treina- mento dos modelos de IA é extremamente Elementos essenciais para evitar viés: Qualidade dos dados: avaliar a confiabilidade e origem do dado que servirá de base. Representatividade: extremamente importante que o público-alvo que utilizará o algoritmo esteja representado no con- junto de dados. Se um algoritmo será desenvolvi- do para avaliar currículos profissionais, é preciso se certificar que o conjunto de dados de treinamento contenha uma representação diversa. INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 15 14 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 CAPA importante para diminuir os vieses. Mas, conforme ressalta Lira, não é apenas a quantidade que irá fazer a diferença. Ao falar de conjuntos de dados que serão fon- te para o treinamento de algoritmos, o exe- cutivo da IBM aponta elementos essenciais para evitar o viés: qualidade dos dados; representatividade; volume adequado; e testes (veja box). “Além disso, a boa práti- ca envolve o uso de ferramentas, métodos e processos que ajudam a mitigar esse ris- co seja em tempo de desenvolvimento ou posteriormente em tempo de execução.” À medida quea tecnologia evolui, novas formas de treinar a IA vêm sendo desen- volvidas com fins de facilitar a mitigação de vieses, bem como permitir maior facilidade de explicação dos modelos. Atualmente, diz Lira, modelos complexos consomem enormes volumes de dados e poder computacional, o que inviabiliza uma séria de aplicações. “Temas como “small data” e “one-shot learning” vêm evoluindo com velocidade. Isso irá trazer mais trans- parência e confiança para encorajar as em- presas ao uso da IA em casos de uso mais complexos”, aponta o executivo da IBM. Ademais, uma abordagem de curadoria de dados visa a garantir aspectos como rele- vância dos dados, precisão e atualidade dos dados e, por último, precisamos de avalia- ções periódicas de existência de viés. Isso se dá, por exemplo, com análises em relação a quais variáveis do modelo tem maior peso em seu resultado e validar se isso é adequa- do ou não, se faz sentido ou não, ou seja, precisamos alinhar a realidade com os da- dos usados para treinar o modelo. Se os resultados do modelo não são ade- rentes à realidade ou não condizem com a realidade, dados mais recentes e adequa- dos devem ser obtidos e utilizados. Elementos essenciais para evitar viés: Volume adequado: com o aumento da complexidade dos algo- ritmos, volumes maiores de dados de testes têm sido exigidos, o que torna mais difícil a tarefa de explicar como determinado algo- ritmo chegou a uma decisão, logo trabalhar com o volume adequado é fundamental. Testes por uma população diversa: é de suma importância que os resultados dos modelos sejam apreciados por um time diverso, multidisciplinar e multicultural dentro do possí- 16 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO N enhuma outra crise global no século passa-do afetou os negócios de tantas maneiras diferentes quanto a pandemia do COVID-19. As empresas tiveram um impacto crítico de 360 graus em seus negócios. A demanda caiu sig- nificativamente. O suprimento foi severamente restringido e pode precisar ser adquirido nova- mente no futuro. Recursos e sistemas internos desmoronaram. As empresas foram forçadas a migrar para tecnologias e plataformas digitais apenas para permanecerem operacionais. A reação inicial instintiva pode ter sido neces- sária para lidar com a evolução da situação em tempo real; no entanto, quando as coisas começarem a se estabilizar e estabilizar, você precisará determinar a estratégia e a aborda- gem corretas para proteger seus negócios no futuro. Você deve adotar uma abordagem ho- lística avaliando todos os vários motivos para fazer essa transformação, mas priorize as ne- cessidades de seus clientes. As empresas devem alavancar a transforma- ção digital com o objetivo principal de apri- morar a experiência do cliente. No entanto, a crise atual trouxe muitos outros aspectos rela- cionados com eficiência operacional que pre- cisam ser levados em consideração para que as empresas sobrevivam. Todos estes aspectos formarão a base da transformação digital ho- lística das empresas. Saúde, educação, comércio, segurança, co- municação e colaboração, minimizando o to- que humano e garantindo a continuidade dos negócios tornaram-se considerações críticas à medida que as empresas lutam para imple- mentar várias estratégias de transformação. Nesse novo paradigma, espera-se que sua empresa garanta a saúde e a segurança de todas as partes interessadas constituintes, co- meçando com seus clientes, funcionários e fornecedores. Portanto, você terá que investir e implementar novos processos e sistemas que possam fornecer proteção, prevenção e atendi- mento em tempo real a essas partes interessa- das. Para tornar esse novo e complexo requisito mais eficiente e eficaz, você precisa aproveitar Mauricio Castro Partner at Grant Thornton Brazil (Digital Tranformation Lead) Por que você deve acelerar sua transformação digital imediatamente INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 17 16 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO as tecnologias digitais integrando dispositivos IoT às plataformas de telessaúde. E para tornar isso transparente e sustentável, eles precisarão ser mais integrados aos sistemas de RH, administra- ção e instalações. Isso pode se tornar uma nova oportunidade para startups emergentes para fornecer hardware de IoT, software de telessaú- de e soluções integradas Durante a crise do COVID-19, as reuniões pes- soais caíram significativamente. Embora isso melhore com o tempo, a expectativa é que nunca mais voltemos a realizar reuniões 100% pessoalmente. Além disso, muitas empresas de tecnologia, como Twitter, Facebook, Google e outras, relegaram a maioria, senão todos os seus funcionários, a trabalhar remotamente. Isso requer plataformas robustas de comunica- ção digital. Não é à toa que “Zoom” se tornou um verbo para usar a comunicação de vídeo Zoom. E agora Google, Microsoft, Vonage e Facebook estão competindo por essa participa- ção de mercado com seus respectivos produtos: Meet, Teams, Meetings e Messenger Rooms. Alguns exigem o download de aplicativos e outros são totalmente baseados na Web, mas podem ter menos recursos. Você precisará ava- liar qual plataforma oferece mais flexibilidade, é mais fácil de usar e se integrará perfeitamente à maioria das outras plataformas e sistemas. Outra consideração importante são as preferên- cias de seus clientes. Nos últimos anos, a maioria dos clientes - e, portanto, as plataformas de in- teração com o cliente - tornaram-se omnichan- nel. No entanto, diferentes segmentos de clientes tendem a ter canais de comunicação preferidos. Você pode aproveitar os chatbots e as tecnologias avançadas de inteligência artificial e aprendizado de máquina (AI / ML) para aprimorar ainda mais a experiência do cliente. Para processos de back-office, existem soluções maduras de automação de processo robótico (RPA), como UiPath, Automation Anywhere, Por que você deve acelerar sua transformação digital imediatamente 18 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Blue Prism e WDG Automation (recentemente adquirida pela IBM), que estão sendo ampla- mente utilizadas, fornecendo a essas startups o status de unicórnio no processo. No caso de interações com clientes de voz, a automação de serviços de conversação habilitada para AI, que se baseia no processamento de linguagem natural (PNL) e na análise de reconhecimento de fala, é uma tecnologia que está emergindo rapidamente. Alguns dos líderes nessa tecnolo- gia, como Uniphore, Conversica, SmartAction, Nexit e Smarkio ALTU, podem ser unicórnios no futuro. Embora existam muitas soluções para assistentes virtuais de IA, nem todas têm automação de interação do cliente de ponta a ponta. Quando totalmente implementado, isso tornará todo o processo do CX mais rápido e eficiente, eficaz e preciso, tornando-o uma proposta de valor atraente para grandes em- presas e organizações de contact center. Para estender as comunicações simples de voz e vídeo para uma colaboração total- mente interativa e sustentável entre as par- tes interessadas remotas, novas soluções estão sendo concebidas e desenvolvidas pela integração de comunicação por vídeo, colaboração de projetos e equipes com soluções de realidade mista, realidade au- mentada e realidade virtual (AR / VR). Essa é outra área de oportunidade emergente em que temos aconselhado as startups emer- gentes e ajudado as empresas tradicionais a adotar, dada a mudança predominante para o trabalho em casa (WFH). Startups emergentes como MeetinVR, Walkabout Workplace e Virtualist estão desenvolvendo soluções de nicho para pequenas e médias empresas, enquanto pioneiros como a Cisco estão mais focados em soluções escaláveis para grandes empresas. As indústrias de manufatura têm alavanca- do a automação e a robótica para produti- vidade e eficiência e para minimizar o toque humano, há muito tempo. No entanto, após essa crise, até as empresas de serviços preci- sarão acelerar os esforços paraminimizar o toque humano em seus processos de ponta a ponta e avançar para a automação. Para aumentar a eficácia e a eficiência de muitos desses processos, você precisará aprovei- tar as tecnologias de inteligência artificial e aprendizado de máquina (AI / ML) para obter uma vantagem competitiva. Isso pode ser al- cançado com o aproveitamento de soluções avançadas, como ferramentas cognitivas de IA e automação de processos robóticos. Outro ponto superimportante, que não deve ser desprezado é a segurança. Nunca estivemos com esse tema tão em voga. Le- gislações, discussões, privacidade e uso de dados estão cada vez mais presentes nos nossos noticiários, mas como inovar com esse novo mundo. Governança e controle devem ser pontos presentes nas discussões das empresas transformadoras, tecnologias como: Cibersegurança (técnicas e proteção aos nossos ativos digitais, Blockchain (tec- nologia baseada em registros distribuídos e com garantia da informação) e proteção aos dados vão ganhar muita força, ainda mais num mundo descentralizado, com muitos profissionais acessando sistemas corporati- vos nas suas residências e com os seus equi- pamentos pessoais. O objetivo principal da transformação digi- tal ainda é uma experiência aprimorada do cliente, mas a crise atual abriu caminho para alcançar isso mais complexo. Você precisará adotar uma abordagem mais holística para solucionar esse desafio complexo, manten- do os clientes no centro do palco. Por ou- tro lado, também criou oportunidades para startups e empreendedores desenvolverem soluções inovadoras para enfrentar esses de- safios. As novas tecnologias estarão presen- tes em tudo. Bem-vindo ao novo mundo! ARTIGO INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 19 18 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Ajudamos empresas a superar os desafios de seus negócios com tecnologia e simplicidade. Sua jornada RPA começa com a gente. ☎ (11) 4861-2300 ✉ s2m_comercial@s2m.com.br São Paulo Av. Ibirapuera, 2120 - 2º andar / CEP 04028-001 ANÚNCIO S2M.indd 1 21/07/2020 16:43:08 20 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 automação de processos DIGITAIS DARÁ UM SALTO NOS PROXIMOS CINCO ANOS ESTUDO INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 21 20 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Automatizar tarefas repetitivas economiza tempo e dinheiro. Os bots de automação de processos robóticos ampliam o valor de uma plataforma de automação, pois executam tarefas mais rápido, permitindo que os funcionários executem trabalhos de maior importância. A automação é uma área muito promissora para empresas que dependem de processos rápidos e eficientes para gerar melho- res experiências para usuários dos negócios e clientes finais. Existem muitos caminhos e possíveis pontos de entrada, de soluções de software autônomo a sistemas de gestão de pro- cessos de negócios sofisticados e terceirização completa. Cada uma das opções tem suas vantagens, desvantagens, possíveis benefícios e níveis de riscos. Uma tecnologia que recebe muita atenção é o RPA (Robotic Process Automation). O RPA é uma forma de automatizar com facilidade tarefas individuais e relativamente simples que, de outra forma, seriam feitas manualmente. Duas empresas de consultoria, a Forrester Research e Deep Analysis, lançaram es- tudos que projetam um crescimento dessa tecnologia para os próximos anos. Segundo pesquisa da Forrester, de 2017, o mercado de RPA deve chegar a 2,9 bilhões de dólares até 2021 (https://www. forrester.com/report/The+RPA+Market+Will+Reach+29+- Billion+By+2021/-/E-RES137229). O mercado começou com pequenas empresas (de 100 a 400 milhões de dólares) como UiPath, Automation Anywhere, Work Fusion, Blue Prism entre outras. Há também uma outra tendência. Grandes empresas globais estão comprando pequenas plataformas RPA ao redor do mundo. A Deep Analysis publicou, em 2019, um estudo sobre a evolu- ção do mercado de automação de processos ou DPA – Digital Process Automation (https://www.deep-analysis.net/wp-con- tent/uploads/2019/10/1910-DA-B-DPA-trends.pdf). Eles apon- tam que, desde 2014, o mercado de automação de processos digitais renasceu e foi renomeado. Tudo isso à medida que os produtos de gerenciamento de processos de negócios (BPM) se tornaram mais leves, fáceis e rápidos de implantar. Grande parte dessa mudança pode ser atribuída a abordagens de design ou desenvolvimento de baixo código pela comunidade de forne- cedores. Paralelamente, muitos clientes descartaram projetos de trans- formação Lean e Six Sigma em grande escala e adotaram esfor- ços de escopo menor, contando com metodologias iterativas e ágeis para um fluxo constante de melhorias de processo entre- gues em semanas, em vez de meses. Essa tendência de baixo código (que na verdade começou com o início do software BPM), juntamente com o lançamento da tecnologia de automação de processos robóticos (RPA) para tra- balho altamente manual e repetitivo, remodelou o mercado de automação de processos digitais de hoje. As três primeiras tendências – Maior concentração do compra- dor nos dados; Convergência de processos modelagem com cartografia de viagem, e outras inovações de fornecedores; Movimento de vendedores em processo aplicações comerciais – serão graduais. A quarta – Um aceno em perspectiva para a RPA e processo vendedores de automação – é fácil de prever, mas é muito mais difícil para antecipar como as fusões e aquisições terá impacto na paisagem do vendedor. A quinta tendência – A emergência da IA/ML no processo digital automatização – irá reformular o processo de hoje plataformas de automação, incluindo o processo concepção, automatização e gestão; captação de conteúdos e serviços; a entrega de expe- riências excepcionais dos clientes; e a tipo de trabalho realizado por seres humanos e robôs em processos reimaginados. O Instituto Information Management conversou com Alan Pelz-Sharpe, fundador da Deep Analysis e coautor do bestseller “Practical Artificial Intelligence – An Enterprise Playbook”. IM: Como você vê o rápido crescimento desse mercado? Alan: Acho que primeiro é importante observar que as proje- ESTUDO Segundo a consultoria Forrester Research, o mercado de RPA deve chegar a 2,1 bilhões de dólares até 2021 Por Prado Junior 22 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ções de pessoas como a Forrester são baseadas em avaliações de mercado, não em licenças ou vendas de receita. Mesmo assim, o RPA é um mercado em crescimento, mas acredito que veremos muita consolidação nos próximos anos. Muitas empresas de RPA sendo adquiridas, isso faz sentido, pois a RPA precisa encontrar seu lugar em um ecossistema de TI muito mais amplo e maior. IM: O que está por trás desse crescimento? Alan: O crescimento se deve ao fato de o RPA lidar com tarefas repetitivas que precisam ser automatizadas. O RPA enfrenta a montanha de tarefas manuais repetitivas peque- nas, mas importantes, que precisam ser automatizadas. Até recentemente, os forne- cedores de tecnologia se concentraram em resolver o gerenciamento de processos altamente complexos. Ao se concentrar em tarefas de nível inferior, mas não menos importantes, abriu um novo mercado. IM: Na sua opinião, a compra de pequenas plataformas RPA ao redor do mundo por grandes empresas globais está apenas começando? Alan: Sim, é apenas o começo, alguns dos maiores fornecedores de RPA podem fazer suas próprias aquisições, mas muitas empresas menores de RPA serão adquiridas. Te- nho certeza de que muitos negócios estão sendo explorados. IM: Você vê sinais de que outros gigantes globais estão no mesmo caminho? Alan: Novamente, sim, embora alguns deles possam criar seus próprios recursos de RPA. De qualquer maneira, dentro de um ano todas as principais empresas de tecnolo- gia terão construído ou adquirido recursos de RPA. IM: Andrew Ng disse que a Inteligência Artificial é uma tecnologia transformadora e terá tanto impacto na sociedade quanto a eletricidade. Você está de acordo com esta afirmação?Alan: Sim, absolutamente, mas IA é um tópico grande e complexo. Mas, em termos simples, o software que aprende já está causando um impacto enorme na sociedade. Nós interagimos com o aprendizado de máquina, por exemplo, em quase todas as interações de aplicativos em um dispositivo móvel, por exemplo. Mas a IA ainda tem um longo caminho a percorrer, embora a tecnologia em si seja muito avançada - o uso dela é muito imaturo. IM: Como você estima o crescimento da IA nos próximos anos? Alan: O RPA continuará a crescer, mas a taxa de crescimento provavelmente diminuirá. Isso será devido em parte ao RPA ser incorporado em outros produtos (e não vendido como um item independente). IM: Onde terá mais impacto nos negócios? Alan: Acho que qualquer atividade de negócios que envolva papelada (por exemplo, faturas, contratos, documentação de exportação etc.) será fortemente impactada pelo RPA em conjunto com abordagens existentes e mais recentes para a captura de docu- mentos. Estas são áreas de ineficiência e gargalos, há um alto valor comercial associado à melhoria, automatização ou remoção de atividades manuais de documentos. IM: Quais países você observa que estão na vanguarda desse processo? ESTUDO INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 23 22 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Alan: É uma pergunta difícil de responder porque os requisitos culturais, comerciais e regulamentares variam muito de país para país. Por padrão, isso significa que o uso de ferramentas como RPA é diferente. Mas, em minha experiência, encontrei equipes de implementação mais avançadas na Ásia, elas parecem realmente compreender as limitações e as vantagens do RPA. Certamente os EUA não estão na vanguarda, estão atrás de outras nações e regiões. IM: O que você destaca como mais relevante no estudo publicado pela Deep Analysis? Alan: Acho que foi importante para explicar como a AI/ML é, e continuará a ter um grande impacto no setor de automação de processos. No entanto, será um caminho acidentado à frente, pois muitas empresas e fornecedores de tecnologia não possuem as habilidades e muitos compradores de empresas não entendem como a AI/ML fun- ciona. Portanto, o impacto será grande, mas os desafios do mundo real reduzirão seu crescimento. IM: No futuro os Recursos Humanos se tornarão ROBON + HUMAN? Alan: Com certeza, além do importante elemento humano de selecionar o candidato certo para um emprego, grande parte do trabalho de RH envolve a papelada de en- trada ou saída de funcionários. Muitas dessas atividades são repetitivas e podem ser automatizadas por fluxos de trabalho simples, RPA e/ou Aprendizado de Máquina. Na verdade, essa tecnologia já está sendo implantada no RH e muitas outras soluções para automatizar grande parte do trabalho estão chegando ao mercado. IM: Quando falamos em Robôs ou RPA, surge o medo de que eles substituam os traba- lhadores. Como desmistificar essa ideia? Alan: Não acho que devamos desmistificar essa ideia, ela se baseia na verdade. Quan- do você automatiza uma tarefa manual/humana, não é necessário que um humano faça esse trabalho. Isso não quer dizer que todos perderão seus empregos, mas, re- alisticamente, alguns, senão muitos, se tornarão excedentes aos requisitos devido à automação. Acredito que é melhor ser aberto e honesto sobre isso do que tentar fingir que, de alguma forma, todos os empregos ficarão bem. IM: A automação já é uma realidade. Porém, é preciso saber fazer essa automação em uma empresa. Qual é a melhor forma de automatizar uma empresa. Faça tudo de uma vez ou analise o que deve ser automatizado? Alan: Esta é a pergunta mais difícil de todas - o que sabemos que com base na experi- ência de analisar tudo de uma vez não é produtivo, demora muito, é muito caro e na realidade você nunca analisa tudo. A boa notícia é que uma nova geração de tecnolo- gia está surgindo, chamada Process Mining, que aproveita o aprendizado de máquina e a inteligência artificial para automatizar essa análise. Dito isso, acho que uma aborda- gem prática para a automação é adotar uma abordagem simples e identificar gargalos conhecidos e caros. Não tente transformar tudo de uma vez, simplesmente conserte e automatize os pontos fracos mais visíveis. Novamente, esses pontos problemáticos podem ser simples e básicos, por exemplo, remover ou automatizar o processamento de algumas peças de papelada, mas eles são de alto valor e provavelmente irão gerar mais automação e envolvimento corporativo. ESTUDO ARTIGO 24 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 RPA, a mínima complexidade das tecnologias digitais aplicada com o máximo de resultados ARTIGO ARTIGO 24 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 25 C omo é do conhecimento de todos, es-tamos vivenciando uma situação sem precedentes, que de maneira abrupta, está transformando fundamentalmente e glo- balmente como vivemos em sociedade e de forma incrivelmente pessoal, como nos rela- cionamos, aprendemos e a forma como tra- balhamos e fazemos negócios. No cenário atual, nenhuma empresa consegue fa- zer projeções de resultados para horizontes longos. Algumas não conseguem sequer fazer projeções para 1 ou 2 meses. Inúmeras companhias abertas suspenderam suas projeções divulgadas ao merca- do (RI) devido à baixa visibilidade sobre a extensão e profundidade dos efeitos e impactos da crise e ... Algumas empresas não conseguirão se trans- formar na velocidade e escala, necessárias para sua sobrevivência! Superar este enorme desafio de se transfor- mar para sobreviver e conseguir estabelecer as bases para prosperar, depende do quanto os gestores são capazes de tomar decisões de forma rápida e menos equivocada possível, sem medo de agir na velocidade e escala que o negócio demandar para: reter e aumentar a receita; redesenhar e otimizar as operações; rever e preparar a organização e o capital hu- mano; acelerar a migração para as tecnolo- gias digitais em todos processos, interações e canais (omnichannel). Alfredo Araujo Engenheiro Elétrico, especialização em Automação e pós em Otimização da Logística & Distribuição (CELDi UC Berkeley).’ RPA, a mínima complexidade das tecnologias digitais aplicada com o máximo de resultados ARTIGO ARTIGOARTIGO Independente do tipo de negócio – setor/ segmento - tamanho - ciclo de vida etc., para situações como esta que as empresas estão enfrentando, o pensar como uma Start-up e aplicar os conceitos e modelos naturais a este universo de empreendedorismo da era digital e de negócios inovadores, disruptivos e expo- nenciais, ajudam na decisão por ações mais assertivas e eficazes em combinar o balance- amento entre a estratégia com foco nas dire- trizes de criação de valor, com as ações táticas necessárias a viabilidade e factibilidade do ne- gócio no dia a dia. Sejam essas ações planejadas (consideradas no horizonte de médio ou longo prazo da estratégia de negócio) que poderão ser an- tecipadas, bem como aquelas, que se quer haviam sido pensadas, como determinantes para a sobrevivência e sustentabilidade do negócio (Pivotantes).Neste prisma, mapas de geração de valor combinados a modelos de negócios, funcionam como aceleradores, que ajudam na identificação das mais objetivas e eficazes ações para sobrevivência. Sendo prio- ritariamente orientadas para retenção, atra- ção e aquisição de clientes. Como também, a velocidade para pensar – aplicar - testar e avaliar as mesmas, são tão importantes quan- to os resultados alcançados, ou seja, é neces- sário que essas ações sejam suficientemente rápidas e eficientes para que as empresas re- tenham, aumentem e diversifiquem suas re- ceitas no menor prazo possível. ARTIGO 26 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 27 ARTIGOARTIGO Permanecendo no foco das ações que geram valor e, ainda sob o olhar e mentalidade de Start-ups, onde cada centavo deve ser investi- do visando retorno imediato para o negócio, para conseguir se manter “vivo”e a frente da concorrência. Entendemos que é necessário para sobrevier, que toda a organização se mol- de (flexibilidade, escalabilidade etc.) para reagir em uma cadência cada vez mais rápida, as mu- danças de comportamento dos clientes e do mercado; continuamente repensando, melho- rando e avaliando os Processos – as Atividades – os Recursos Chave e a interação/integração com o ecossistema de Parceiros de Negócio (novos e estabelecidos), priorizando o aumento de receita e controlando/reduzindo os custos. A partir que tenhamos as diretrizes repensa- das e definidas, passamos ao plano tático; onde efetivamente se executam as ações “motores” da transformação, que podem ser aceleradas com o uso de tecnologias digitais (Cloud, Analytics, Mobile, Social). A combina- ção de algumas destas tecnologias tem ajuda- do as empresas no desenvolvimento e incor- poração de soluções digitais para melhorar a eficiência dos processos e aumentar o engaja- mento com clientes e parceiros. É para este propósito, que ressaltamos as carac- terísticas e benefícios da RPA - Robotic Process Automation (Automação de Processos Robóti- cos), como soluções que vinculam a inovação a componentes de tecnologias digitais de rápida aplicação, baixa complexidade, porém muito eficazes para melhoria e automação dos pro- cessos de qualquer tipo de negócio. A RPA - É uma força de trabalho digital, que utiliza robôs virtuais de software (Bots) com a capacidade de executar qualquer processo de negócio e interagir com qualquer sistema ou aplicativo da mesma forma que uma pessoa. Em efeito, sua aplicação otimiza a utilização do capital humano das organizações, minimi- zando as atividades executadas por humanos (Nível FAZER). Estes robôs de software combi- nados a camadas de inteligência (Inteligência Artificial e Cognitiva, Redes Neurais, Machine Learning etc.), são capazes de ser ensinados pelas pessoas - aprender em um ritmo muito mais rápido (Nível APRENDER) - e desenvol- ver um nível de conhecimento cada vez mais profundo com maior capacidade analítica e cognitiva (Nível PENSAR), garantindo maior eficiência e melhores resultados. A Solução RPA – Atende a completude das disciplinas de transformação digital do negó- cio, aliada a integração e automação dos pro- cessos. Habitualmente a RPA é parte de uma estratégia digital mais abrangente e não são raras às vezes, que é proposta pela própria área de negócio. De forma geral, os processos mais viáveis para utilização da RPA são os que envolvem signi- ficativo número de horas de trabalho huma- no (mão de obra própria ou subcontratada) e/ou operações em vários turnos ou extra ao horário comercial e/ou com alta densidade de informações e/ou que requerem tempo e es- forços significativos para executar e gerenciar. Por exemplo: • Tarefas repetitivas altamente manuais, reali- zadas muitas vezes por dia, geralmente resul- tando em altas taxas de erro; • Execução de transações em aplicativos (web, ERP e outros sistemas de back-office); • Integração por APIs e interoperação de vá- rios sistemas para executar as tarefas; • Extração e conversão de mídias em dados es- truturados (imagens, PDF digitalizado, PPT etc.); • Abrir e-mail e anexos, geração em massa de e-mails e arquivamento; 26 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 28 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGOARTIGO • Busca, extração e arquivamento de Dados e documentos; • Execução de processos de conciliação e va- lidação entre documentos e arquivos digitais; • Ler e gravar em bancos de dados, copiar/ colar e preencher formulários; • Garimpar e coletar dados da Web (cotações, estatísticas conteúdos de mídia social); • Seguir regras de decisões “if/then” explici- tas, fazer cálculos e operar resultados; • E muitos outros. Sabendo-se que a “DOR” frequentemente é a principal fonte motivadora de mudanças e as empresas estão ficando sem “opção” para encontrar meios de reter e aumentar a receita e reduzir ou eliminar custos. As estratégias de Adoção da RPA com foco no “valor” agregado e não em “custo” está ocupando cada vez mais espaço nas organizações, como alternativa para maior eficiência com eliminação de custos que antes não se podia pensar em eliminar e ainda mais esses benefícios: • Aumento da produtividade (mais resultados com menos recursos); • Redução de erros humanos (maior assertivi- dade mesmo em grandes volumes); • Flexibilidade (agnóstico quanto Indústria, Função e sistema); • Ciclo do processo reduzido (execução em menor tempo, menos retrabalho); • Escalabilidade, elasticidade e flexibilidade; • Conformidade governamental, regula- mentar e fiscal; • Força de trabalho virtual “twenty-four se- ven” (24x7x365); • Conveniência (a qualquer hora e canal); • Implementação rápida e baixo custo de aquisição (menor necessidade de investimen- tos, CAPEX e TCO); • ROI (efetivo, tangível e no curto prazo) e ou- tros potenciais ganhos. Outro fator preponderante, é que cada vez mais descomplicado adquirir e implantar a RPA. Existe atualmente diferentes formas de adotar a RPA, inúmeros fornecedores (locais e globais) e, di- versificadas modalidades de contratação dessas soluções (Plataforma, Software, Software como Serviço, Processos como Serviço etc.). Somente para efeito de exemplo (qualquer orga- nização também pode fazê-lo). Nós desenvolve- mos e estabelecemos uma “Fábrica de Automa- ção Digital” interna com equipes multifuncionais de processos e tecnologia, dedicadas a criar solu- ções de negócio combinada às práticas da RPA. Usando métodos ágeis - cultura “Lean” e prá- ticas aceleradoras, para criar soluções que fun- cionam como blocos de construção (tal como um Lego), que são os artefatos utilizados para construir novas soluções rapidamente (2 a 4 se- manas), com o objetivo de: • Melhoria e automação do TRABALHO que somente os seres humanos podem fazer; • Soluções para DESENVOLVER - MELHORAR os processos e seus respectivos resultados; • ZERO ERRO (taxas de erro próximas de zero), mesmo para grandes volumes de tarefas e dados; • BAIXO IMPACTO nenhuma alteração signifi- cativa na infraestrutura de TI atual; 28 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO • RÁPIDA IMPLANTAÇÃO, nenhuma altera- ção significativa nas interfaces e integrações existentes; • REDUZIR a necessidade de INTEGRAÇÃO entre aplicativos; • COLABORAR com os esforços de reduzir custos e/ou torná-los variáveis; • NÃO REQUERER um investimento inicial (CA- PEX) massivo e GARANTIR um baixo TCO (To- tal Cost of Ownership); • GARANTIR o alinhamento de todos os “stakeholders” com os objetivos. Para as empresas em sua tarefa de repensar quais medidas e contramedidas, tomar, as novas disci- plinas e “mindset” de Start-ups tem se mostrado de grande valia para os gestores. Esta forma de pensar o negócio, aliada as soluções de rápida implementação para melhoria e automação dos processos como a RPA e a inteligência de negó- cio, tem contribuído para as empresas economi- zarem muito tempo e dinheiro no desafio de se transformar para sobrevier e prosperar. ARTIGOARTIGO INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 29 30 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO A importância do Process Intelligence na automação de processos INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 31 30 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Após ter participado de inúmeros projetos de automação de processos baseados em do- cumentos ao longo de mais de 15 anos, percebi que definitivamente não existem documentos sem processos e tão pouco existem processos sem documentos. E é exatamente por existir esta forte relação entre processos e documentos, que muitos fornecedores de software perceberam esta lacuna e entenderam que precisavam co- nectar melhor estes dois elementos oferecendo mecanismos para descoberta, análise e monito- ramento de processos de negócio, até mesmo quando o escopo destes processos permeasse outros sistemas ou estivesse fora do tradicional fluxo de digitalização de umdocumento. E exata- mente por esta razão que chegamos ao Process Mining, Process Intelligence. Mas o que é exa- tamente Process Mining e Process Intelligence? Qual a diferença entre estes dois termos? Antes mesmo de explicar a diferença entre estes termos é importante esclarecer que ambas defi- nições fazem parte de uma disciplina maior cha- mada Data Science, na qual compreende uma série de outras tecnologias e áreas correlatas, tais como Data Mining, Machine Learning, Estatística, Bancos de Dados, Algoritmos, etc. Estas diferen- tes áreas visam explorar dados produzidos pelas empresas com intuito de gerar valor ao negócio, permitindo responder algumas perguntas como: • (Relatório) O que aconteceu? • (Diagnóstico) Por que aconteceu? • (Predição) O que acontecerá? • (Recomendação) O que deve acontecer para se ob- ter o melhor resultado? Essas perguntas normalmente precisavam ser respondidas por cientistas de dados que utili- zam o seu elevado conhecimento técnico para fazer uso combinado de várias técnicas e ferra- mentas. Esta análise normalmente é feita com base em dados de eventos obtidos através de logs transacionais e nos modelos de processo em si. Porém estes recursos estavam limitados a um seleto grupo de especialistas. A maioria das empresas buscam atingir um maior nível de eficiência através da automação de processos, porém muitas empresas ainda se deparam com perguntas difíceis de serem res- pondidas, como por exemplo: • Quais processos podem ser melhorados? • Quais processos precisam serem automatizados? • Conhecemos de fato o caminho dominante dos nossos processos? • Nossos processos são executados em conformida- de com as regras e regulamentações exigidas? • Como vamos medir, comparar e avaliar os possíveis ganhos pós automação? • A automação do processo de fato atingiu os objeti- vos almejados sem impactar outras áreas? De acordo com o Professor Wil van der Aalast da Universidade de Eindhoven, pioneiro nesta disciplina, o Process Mining está relacionado a capacidade de coletar dados de eventos para analisar modelos de processos com intuito de avaliar conformidade e performance dos proces- sos. Em alguns estudos e pesquisas, este termo também é relacionado a capacidade de desco- berta automática de processos. As ferramentas de Process Mining de primeira geração estão focadas na reconstrução automática do esque- ma do fluxo de processo, o que é muito bem aplicado a processos estruturados, porém esta mesma abordagem já não é tão recomendada ARTIGO A importância do Process Intelligence na automação de processos Claudio Chaves Jr. Diretor Regional LATAM - ABBYY 32 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 para processos complexos e aleatórios (ad-hoc), que são aqueles onde não se pode prever as ro- tas das instancias do fluxo de processo. O Process Intelligence representa a próxima gera- ção do Process Mining, pois combina métricas se- melhantes ao BI para análise de negócios, visando fornecer insights sobre os processos de ponta a ponta e ainda ajuda a preencher as lacunas entre os diferentes sistemas corporativos. Com o Pro- cess Intelligence, os usuários corporativos podem visualizar e analisar padrões em seus processos. Em vez de apenas usar suposições e dados histó- ricos para implementar mudanças, a visualização dos processos em tempo real permite ao dono do processo economizar tempo e dinheiro, aumen- tando assim a eficiência dentro da empresa. O Process Intelligence está sustentado basica- mente em três pilares fundamentais: • Descoberta: Coletar dados de eventos de di- ferentes fontes e descobrir automaticamente pa- drões de processos, sejam eles estruturados ou totalmente aleatórios. • Análise: Promover análise de processos através de ferramentas prontas e voltadas para os analistas de negócio e gestores de processo, sem a necessi- dade de programação ou conhecimento avançado em TI, estatística ou BI. • Monitoramento: Promover o monitoramento de processos em execução permitindo a detecção ou predição de violações no processo que exijam notificação e/ou acionamento imediato de aplica- ções ou bots que executarão ações preventivas. O Process Intelligence não visa substituir ou- tras tecnologias e ferramentas de análise de dados, porém adiciona grande valor e con- texto as informações do processo. Estes são exemplos da limitação de escopo de algumas tecnologias correlatas: • BI, Business Intelligence: Não suportam o conceito de processo, pois apenas analisam um passo do processo por vez. A análise de dados de eventos é um grande desafio de ser implementada em uma ferramenta de BI. • RPA ou BPMS: Estas plataformas somente têm acesso aos dados que elas próprias controlam e raramente são implementadas em processos de ponta a ponta. A plataforma de Process Intelligence ABBYY Ti- meline utiliza uma abordagem única baseada na análise da linha do tempo (Timeline AnalysisTM) que permite capturar, organizar e apresentar dados de eventos do processo mesmo que te- nham sido gerados por diferentes sistemas. Essa poderosa metodologia reconstrói suas instâncias de processo originais, passo a passo, a partir de dados de eventos registrados em logs transacio- nais, no momento em que foram executados e, em seguida oferece o monitoramento da execu- ção do processo em tempo real. Um dos grandes desafios das empresas é conhecer na prática como os seus processos estão de fato sendo executados, e este tra- balho muitas vezes é realizado com base em uma abordagem tradicional que exige horas e horas de reuniões para levantamento e ma- peamento manual de processos, para então chegar no conhecido modelo “AS-IS”. Com ferramentas de Process Intelligence como o ABBYY Timeline é possível reconstruir de for- ma automática o esquema do seu processo e descobrir todos os possíveis caminhos de todas as instâncias analisadas, levando a efe- tiva identificação do caminho dominante do seu processo. Este processo pode ser feito de forma totalmente automática e remota, pois baseia-se na importação e análise dos logs transacionais dos sistemas envolvidos no processo, podendo apresentar resultados em apenas alguns dias/semanas e não em meses. Em tempos de pandemia, como o que vivemos hoje com a contaminação global do vírus CO- VID-19, todas as empresas foram obrigadas a se submeterem ao isolamento social e ao tra- balho remoto de seus colaboradores, e certa- mente estas atividades de mapeamento e aná- lise de processos foram fortemente afetadas. ARTIGO INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 33 32 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 Uma vez que os dados destes logs tenham sido carregados na plataforma ABBYY Timeline, é possível identificar facilmente gargalos, interva- los entre eventos, atividades com alto custo e/ou índice de repetição ou maior esforço de proces- samento/duração, e com isso determinar de for- ma clara a performance do seu processo e em que condições ocorreram violações nas regras dos processos, permitindo assim agir de forma rápida e proativa. Com base em todos os benefícios e recursos ofe- recidos por uma plataforma de Process Intelligen- ce como o ABBYY Timeline, elencamos abaixo 5 (cinco) fortes razões para adoção desta tecnologia: #1 Transparência de ponta a ponta A descoberta e análise convencional de pro- cessos, requer um grande esforço manual para tentar integrar todas as fontes de dados e ajus- tá-las para um “caminho feliz”. Essa aborda- gem falha e consome muito tempo para mos- trar todos os casos especiais envolvidos em um processo. Encontrar esses casos especiais é fun- damental para as operações, pois eles podem representar um grande fator de risco, altos cus- tos e ainda levar a clientes insatisfeitos. #2 Melhoria contínua Buscar a melhoria contínua de processos é algo sempre almejado pelas empresas. Ao implementar alterações nos processos é muito importante ana- lisar o desempenho pós implementação e compa- rá-los com o cenário inicial. Monitorar o desem-penho do processo auxilia no encadeamento de processos corretivos, que podem ser executados por bots implementados em plataformas de RPA. #3 Redução do tempo A descoberta manual de processos exige que um colaborador identifique o processo a ser analisado e realize de forma manual algumas ARTIGO 34 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 tarefas, como por exemplo, determinar os cri- térios de desempenho, observar o processo, realizar entrevistas, criar um mapa do fluxo do processo, analisar os dados, etc. Esse processo pode levar de 1 a 4 meses, em comparação com as 2 a 4 semanas de dura- ção média que o software normalmente leva. Durante este tempo, o processo pode ter sido alterado ou novos regulamentos de conformi- dade podem ter sido implementados, e por esta razão, o mapeamento feito inicialmente pode acabar não fornecendo premissas válidas e nem auferindo os resultados esperados. #4 Redução de custos Reduz o custo da análise de processos e facilita a identificação de oportunidades de melhoria de alto valor. Além disso é possível adicionar atributos de custos variáveis (baseados em tempo) ou fixos (baseados em transação) para rastrear os custos relacionados a um processo e identificar qual processo está custando mais e onde estão as oportunidades de melhoria. 5# Redução de riscos Tradicionalmente, as verificações de conformi- dade são feitas com uma checagem pontual, que usa uma instância aleatória de um processo e serve como um indicador para determinar se todas as outras demais foram executadas em conformidade. Embora esta abordagem pontu- al economize tempo e dinheiro, não é possível retratar com precisão o que de fato está acon- tecendo. Normalmente, a não conformidade só é identificada e considerada um problema quando já é tarde demais para ser corrigida e já causou problemas operacionais. O ABBYY Ti- meline oferece uma abordagem única, pois per- mite que o usuário receba alertas quando as re- gras definidas por ele forem quebradas. O dono do processo pode acompanhar imediatamente para garantir que isso não aconteça novamente. Em resumo, antes de selecionar um processo de negócio, propor melhorias e tomar a de- cisão de investimento em uma tecnologia de automação, utilize uma plataforma de Process Intelligence como o ABBYY Timeline para des- cobrir seus processos e identificar quais são suas reais oportunidades de melhoria e automação, usando para isso, dados reais do seu processo e eliminando suposições e conclusões subjetivas. Após identificar as oportunidades de melhoria, selecione os componentes de automação ade- quados, mas não esqueça de monitorar e medir os resultados para garantir que os objetivos pla- nejados inicialmente estão de fato sendo alcan- çados e principalmente que nenhum efeito co- lateral está sendo sofrido pelo resto da empresa. Para conhecer mais sobre a plataforma de Pro- cess Intelligence ABBYY Timeline clique aqui. A ABBYY foi eleita nos últimos dois anos como líder no segmento de processamento inteligente de documentos pelo Everest Group. A ABBYY vem há mais de 30 anos desenvolvendo tec- nologia própria para automação de processos baseados em documentos. Milhares de organi- zações e mais de 50 milhões de pessoas de mais de 200 países e regiões usam produtos, tecno- logias, soluções e serviços da ABBYY. A ABBYY fornece soluções e serviços para um terço das 100 empresas da Forbes que estão implantando sistemas de automação robótica de processos (RPA) para obter automação inteligente. Claudio Chaves Jr., Sr. Partner Enablement Mana- ger, LATAM & US na ABBYY USA Especialista em gestão da informação com MBA em Ge- renciamento de Projetos pela FGV, especialização em Inteligência Artificial pelo MIT, possui várias certificações emitidas pela AIIM Internacional incluindo o título de ECM Master, desenvolveu projetos de RFID, ECM, BPMS e captu- ra de dados usando diversos componentes de automação em várias indústrias no Brasil, América Latina e Estados Uni- dos. Recebeu em 2006 o título de Profissional do Ano na área de GED/ECM, pelo extinto CENADEM. ARTIGO https://www.abbyy.com/pt-br/solutions/process-intelligence/ INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 35 34 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 www.tcgprocess.com (11) 3522-6604 Automatizamos: Benefícios: AUMENTO DA PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA EM PROCESSOS DOCUMENTAIS. REDUÇÃO DO TEMPO DE PROCESSAMENTO ENTRE UM 50% A 500%. PROJETOS IMPLEMENTADOS EM SEMANAS E NÃO EM MESES. SOLUÇÃO TOTALMENTE COMPLEMENTAR E DE FÁCIL INTEGRAÇÃO COM QUALQUER SISTEMA. PROPORCIONA DECISÕES DE NEGÓCIOS MAIS RÁPIDAS E OPORTUNAS. PROPORCIONA CONTROLE DE PONTA A PONTA NOS PROCESSOS DOCUMENTAIS. Diculdade no processamento de documentos? Amplie a inteligência do seu negócio. T C E N N OC C O L L E C T DOCUMENTOS ARQUIVOS E-MAIL WEB-SERVICE CELULAR/TABLET SISTEMAS LEGADO BPM ERP CRM DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO CONTRATOS DE COMPRA COMPROVANTES CERTIFICADOS ESCRITURAS NOME NÚMERO DO RG DATA DE EMISSÃO RG NOTA FISCAL DATA ORDEM DE COMPRA VALOR NÚMERO NOME NÚMERO RG VALOR HOLERITE QUALQUER PROCESSO QUE DEPENDA DE INFORMAÇÃO CONTIDA EM DOCUMENTOS. CONTROLE E INSPEÇÃO DE DOCUMENTOS. EXTRAÇÃO DE CAMPOS E COMPARAÇÕES AUTOMÁTICAS DE TODOS OS TIPOS DE DOCUMENTOS. CAPTURA E CLASSIFICAÇÃO INTELIGENTE DE TODOS OS TIPOS DE DOCUMENTOS (FÍSICOS OU DIGITAIS) info.bra@tcgprocess.com 36 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO O PÓS-COVID Cezar Taurion VP Consultoria e Inovação - CiaTécnica PUBLISHER DA INTELLIGENT AUTOMATION MAGAZINE INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 37 36 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO O PÓS-COVID O COVID-19 está provocando muitas mudanças na sociedade. Nunca se parou um planeta como dessa vez. Reativá-lo no pós-pandemia será uma experiência única, pelo qual nunca passamos. Um grande desafio é: como será este novo cenário? É impossível saber o que vai acontecer. Mas pode- mos considerar as lições do passado, de crises an- teriores, e com base nisso, pensar sobre o futuro. Bem, vou arriscar uns pitacos. Vamos lá: 1) Talvez vejamos um repensar sobre as cadeias globais de suprimento e a excessiva dependên- cia da China, provocando uma maior demanda para regionalização e produção local. A maneira como as cadeias de suprimentos globais operam criou esta vulnerabilidade insólita. As empresas ficaram vulne- ráveis porque não conseguem os componentes que precisam. As cadeias de suprimentos criadas com base no inventário just-in-time e na produção distri- buída de componentes (concentradas na China) fo- 38 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 38 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ram interrompidas pela crise. Mas, para pro- duzir localmente as fábricas vão precisar ser competitivas, para competir com a eficiente cadeia de produção chinesa e isso deve levar a um aumento do uso da automação, IoT, IA e robótica. Veremos a tal indústria 4.0 se trans- formando de experiências isoladas em prática corriqueira. 2) As empresas aprenderam que precisam ser mais resilientes (aguentar trancos), ágeis, adaptáveis e elásticas. Falava-se muito em transformação digital, mas na prática pou- co se fazia de concreto. O atual cenário mos- trou que está claro e premente a necessidade das empresas começarem a transformação dos seus negócios. Muitos executivos com os quais converso demonstram claramente que sabiam que, ao longo dos anos, suas empre- sas acabaram se acomodando, fazendo o que sempre fizeram, com apenas algumas melho- rias incrementais. Agora eles têm certeza que se ainda se mantiverem aferrados a esse rit- mo de mudanças graduais, suas organizações se tornarão irrelevantes em pouco tempo. Entendem que é a própria sobrevivência do negócio que está em jogo e que a revolução digital vai implicar em mudanças significativas e não apenas evolucionárias. Na prática não foram os CEOs que começarama transforma- ção digital, mas o próprio vírus. 3) O crescimento do online para todas as nossas atividades vai incentivar o que podemos chamar de “contactless economy”. A epidemia SARS-COV-1 de 2003 alavancou o comércio eletrônico na China, transforman- do o país e criando potências comerciais como Alibaba e outras empresas. O artigo “The SARS epidemic threatened Alibaba’s survival in 2003—here’s how it made it through to be- come a $470 billion company” mostra como isso aconteceu. Nada impede, que com a atu- al pandemia, mudanças como essas também ocorram em muitos outros lugares, como aqui no Brasil. Com a quarentena vimos que mui- tos hábitos que adotávamos eram desneces- sários e poderíamos fazer tudo on-line. Nos acostumamos com o delivery de alimentação, com as compras on-line, com as transações financeiras via apps, com telemedicina, aulas online, fazemos videoconferências e trabalha- mos em casa. Hoje, está se tornando possível imaginar um mundo de negócios - do chão de fábrica ao consumidor individual - no qual o contato humano é minimizado. Já existiam empresas que trabalham 100% remoto, mas eram vistas como curiosidades excêntricas. Um exemplo está aqui neste artigo: “The firm with 900 staff and no office”. Mas isso significa que o contato humano será eliminado? Absolutamente não acredito nis- ARTIGO INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 39 38 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 38 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 isso aconteceu. Nada impede, que com a atu- al pandemia, mudanças como essas também ocorram em muitos outros lugares, como aqui no Brasil. Com a quarentena vimos que mui- tos hábitos que adotávamos eram desneces- sários e poderíamos fazer tudo on-line. Nos acostumamos com o delivery de alimentação, com as compras on-line, com as transações financeiras via apps, com telemedicina, aulas online, fazemos videoconferências e trabalha- mos em casa. Hoje, está se tornando possível imaginar um mundo de negócios - do chão de fábrica ao consumidor individual - no qual o contato humano é minimizado. Já existiam empresas que trabalham 100% remoto, mas eram vistas como curiosidades excêntricas. Um exemplo está aqui neste artigo: “The firm with 900 staff and no office”. Mas isso significa que o contato humano será eliminado? Absolutamente não acredito nis- so. Para muitas pessoas, voltar ao normal in- cluirá entrar novamente nas lojas e supermer- cados. Os encontros presenciais continuarão a existir. Somos seres sociáveis por natureza. Pacientes com necessidades complexas ainda irão pessoalmente consultar seus médicos, e muitos tipos de trabalhos não são automati- záveis. Mas as tendências provavelmente são irreversíveis. Podemos agora ter mais opções. Não será obrigatório estar no escritório, mas poderemos exercer atividades em casa e nos escritórios. Tarefas operacionais de execução podem ser perfeitamente serem executadas remotamente. Mas provavelmente as que demandam criatividade, inovação e colabora- ção continuarão a ser presenciais. O artigo “The impact of the ‘open’ workspa- ce on human collaboration” demonstra que colaboração e criatividade são incentivadas quanto as pessoas interagem diretamente. 4) As regulações provavelmente serão revistas. A crise provocou a necessi- dade de mudanças em muitos aspectos re- gulatórios, como aqui no Brasil com o uso da telemedicina. O PL 696/2020 é um exemplo. Pelo texto, “telemedicina é o exercício da me- dicina mediado por tecnologias para assistên- cia, pesquisa, prevenção de doenças e lesões e promoção de saúde. Ao sugerir esse recur- so, o médico deve esclarecer ao paciente as limitações disso, como a impossibilidade de realizar exames que exijam coleta de material, por exemplo. Também deve informar, se for o caso, as formas de pagamento. O projeto prevê ainda a ampliação do servi- ço de telemedicina após o fim da pandemia, com a regulamentação dessa modalidade de atendimento pelo Conselho Federal de Medi- cina”. Com a evolução rápida das tecnologias wearables e dispositivos que facilitem exames, ARTIGO 40 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO veremos uma abrangência maior no seu uso. A educação também deverá ser revista. Um recente relatório do World Economic Forum, “Schools of the Future”, mostrou que o Bra- sil está muito atrasado e despreparado para competir no novo mundo que se desenha. O “novo normal” será diferente do que estamos habituados e as habilidades e capacitações para este novo mundo, cada vez mais digital, ágil, incerto e resiliente, demanda uma mu- dança radical na educação. A regulação terá que permitir essas transformações e agilidade no sistema educacional. 5) O novo mundo pós-COVID vai nos obrigar a repensar muitos dos atuais paradigmas e valores que adotamos na vida empresarial, profissional e pessoal. O objetivo de empresas, como startups, de crescerem rápido, apenas suportado por dinheiro de investidores, e se tornar um unicórnio muito provavelmente ficará como um símbolo de uma época que passou. As startups precisam ser resilientes, reais e, claro, muitas precisam de investimentos. Mas não podem viver ex- clusivamente do dinheiro dos investidores. No novo mundo veremos os ícones do mundo de startups saírem da fantasia dos unicórnios para o mundo real dos camelos. Os livros de sucesso serão tipo “como construir um came- lo: resiliência, elasticidade e agilidade serão as regras do jogo”. O artigo “Forget Unicorns. Startups Should Be Camels” é uma amostra desse novo pensar. As corporações como um todo também serão analisadas mais de perto com relação aos seus propósitos e ações du- rante a crise. Muitas que falavam em parcerias e ecossistemas abandonaram por completo o ecossistema e seus parceiros, e olharam ape- nas para si mesmas. Podem sobreviver, mas as cicatrizes das feridas ficarão. 6) Setores por completo serão transfor-mados. Em 1996, fazem mais de 20 anos, li um livro fantástico, chamado “Only the Paranoid Survive”, do então CEO da In- tel, Andrew Grove. No livro, que considero um clássico em gestão e skills gerenciais e de liderança, ele mostra que as empresas devem estar constantemente alertas para mudanças inesperadas, e tem que, muito rapidamente, se adaptar ou simplesmente irão desaparecer. Ele fala em Ponto de Inflexão Estratégico, que pode ser desencadeado por qualquer coisa, seja uma mudança na regulação ou uma ino- vação tecnológica, à primeira vista, distante do seu atual “core business”. Quando um Ponto de Inflexão Estratégico é alcançado, as regras comuns dos negócios, o “business as usual” perdem a validade. No entanto, se gerenciado corretamente, um Ponto de Infle- xão Estratégico pode ser uma oportunidade de vencer no mercado e emergir mais forte do que nunca. Essa lição continua mais válida que nunca nos dias de hoje, com a disrupção digital provocada pelo COVID-19 batendo às portas. As regras do jogo de negócios estão sendo reescritas e as atuais irão desaparecer em breve. As fronteiras ente setores se des- INTELLIGENT AUTOMATION 01 | 41 40 | INTELLIGENT AUTOMATION 01 ARTIGO tel, Andrew Grove. No livro, que considero um clássico em gestão e skills gerenciais e de liderança, ele mostra que as empresas devem estar constantemente alertas para mudanças inesperadas, e tem que, muito rapidamente, se adaptar ou simplesmente irão desaparecer. Ele fala em Ponto de Inflexão Estratégico, que pode ser desencadeado por qualquer coisa, seja uma mudança na regulação ou uma ino- vação tecnológica, à primeira vista, distante do seu atual “core business”. Quando um Ponto de Inflexão Estratégico é alcançado, as regras comuns dos negócios, o “business as usual” perdem a validade. No entanto, se gerenciado corretamente, um Ponto de Infle- xão Estratégico pode ser uma oportunidade de vencer no mercado e emergir mais forte do que nunca. Essa lição continua mais válida que nunca nos dias de hoje, com a disrupção digital provocada pelo
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