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Fenomenologia - Empatia - Edith Stein

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA
PSICOTERAPIAS – ABORDAGEM FENOMELÓGICA
 
EDITH STEIN
 Orientador: Professor Daniel Francao Stanchi
 
SÃO PAULO
2023
Andrea Gonçalves - RGM: 23711001
Luis Gustavo Carvalho dos Santos - RGM: 29405769
Miriã Alice Francisco da Silva - RGM: 31417850
Patrícia dos Santos - RGM: 23215356
CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA
PSICOTERAPIAS – ABORDAGEM FENOMELÓGICA
EDITH STEIN
Texto apresentado como parte das exigências para aprovação na disciplina de Psicoterapias – Abordagem fenomenológica.
SÃO PAULO
2023
RESUMO
O presente trabalho solicitado pelo Professor Daniel Francao Stanchi foi desenvolvido para a disciplina Psicoterapias – Abordagem fenomenológica e tem como objetivo compreender o contexto de Edith Stein e a sua base fundamental de pensamento sobre a Empatia afim de relacionar o desenvolvimento de seu trabalho sobre a Empatia com obras, como a obra literária Pertencer de Clarice Lispector e Solilóquio de Amor de Santo Agostinho, o qual podemos notar a percepção à empatia de forma interna e externa podendo ter aspectos positivos que pode melhorar muitos aspectos do desenvolvimento humano; e aspectos negativos que podem trazer uma desconexão emocional com nós mesmos.
 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	5
DESENVOLVIMENTO	6
CONSIDERAÇÕES FINAIS	7
REFERENCIAL TEÓRICO	8
INTRODUÇÃO
 O presente trabalho solicitado tem a intenção de discorrer sobre o tema Fenomenologia da Empatia. Sabe-se que antigamente se falava das ciências do espírito, que depois passou a ser chamado de ciências da natureza, proposta pela psicologia da época, mas que de forma filosófica descobriu o que dava fundamento ao ser humano era o método fenomenológico , que buscava a individualização de cada ser humano; assim usou o método fenomenológico que segundo Edith Stein tinha dois passos: a redução eidética, que busca o sentido do fenômeno que se mostra a partir de si mesmo, a partir do époque (a abstenção do pensamento ante a constância do “espetáculo do mundo”), livre de seus preconceitos; e a redução transcendental que percebe a redução ao sujeito ao construir um mundo que está fora de si, com atos de vivência, registrando na consciência, na psique e no geist; no intelecto, na vontade e na razão, considerando o impacto do (geist, em alemão) espírito em cientizar o espírito da alma humana. Formado por três estruturas: corpo, psique e espírito, sendo a união desses dois último a alma humana.
 A questão era qual delas era a mais importante? As três são igualmente importante em sua totalidade. Neste campo infinito de investigações, Stein percebeu que não se pode colocar fora nem em dúvida a percepção da vivência e os correlatos, muito menos o fenômeno das coisas em sua plenitude. É preciso considerar que o “eu” está no mundo no qual tem-se vivências e percebê-las, assim como perceber a vivência do outro. 
 A empatia é uma qualidade permitida aos seres humanos que compreende os atos de vivência alheia, tanto nas esferas do indivíduo como nas vivências intersubjetivas, como na dimensão comunitária entre os sujeitos espirituais. 
 Portanto correlacionar a estudo de empatia de Edith Stein com as obras de Clarice Lispector e de Santo Agostinho, trás um aspecto enriquecedor para nosso estudo de Fenomenologia por sua visão; onde conhecemos a empatia desde seu lado de amor e dor do homem na alma, no corpo e na mente; como seu lado de amor e alegria, pois a empatia de qualquer forma carrega o amor, mas neste caso a realização, a união de sua vontade ao “eu interior” que apesar de não ser nos membros, passa a ser, ao regozijar-se consigo mesmo quando encontra um meio de satisfação também no outro.
 
DESENVOLVIMENTO
 Edith Stein era de família judia, nascida em Breslávia (1891 – 1942), foi uma das dez primeiras mulheres da Alemanha a obter o título de doutorado. Frequentou alguns círculos de pensadores da fenomenologia, foi assistente do filósofo Edmund Husserl. Trabalhou como auxiliar de enfermagem num hospital de doenças infecciosas pela Cruz Vermelha, na Áustria. Concluiu doutorado em filosofia na Alemanha defendendo a tese "Problema da Empatia” na Alemanha e foi a primeira estudiosa a receber o título de professora. Apesar de ter perdido a fé ainda muito jovem, Stein busca a verdade sobre quem é o ser humano e nesse processo independente que a faz criar praticamente uma antropologia filosófica, aborda o ser humano em sua totalidade pois em sua formação como professora considerava que para colocar-se à frente de uma sala de aula é necessário conhecer o ser humano. Se converte ao catolicismo após ter conhecido uma obra de Santa Teresa de Ávila. Atuou como professora, conferencista, tradutora e escritora, também se tornou freira Carmelita Descalço e por esse motivo seu nome mudou para Teresa Benedita da Cruz. Com 50 anos de idade foi capturada com sua irmã Rose, enviada ao campo de concentração de Auschwitz, onde foi assassinada na câmara de gás. Foi beatificada como santa pelo Papa João Paulo II e intitulada em 1999 com santa padroeira da Europa assim como outras santas, especialmente por sua vida cristã e seu pensamento filosófico dedicado à sociedade européia.
  Para Edith Stein era preciso considerar que o fenômeno (tudo que existe) não se dá somente com o corpo físico, porém também com o corpo próprio dotado de sensibilidade. Ela compreendia que os seres humanos, em relação ao entendimento, não são apenas mônadas (partes separadas), era preciso considerar o outro, em sua plenitude. 
 No centro da alma está o núcleo da pessoa, onde se percebe a formação da pessoa numa total unidade e devido sua decepção com a Psicologia sem base antropológica filosófica, já na época uma Psicologia de ciências exatas na estrutura do ser humano que desconsidera a alma humana. Para ela um ser humano sem alma não é um ser humano, observar um ser humano sem alma desconsidera sua razão, seu intelecto, sem ajuizamentos para decisões, reações, é apenas um ser humano tratado como um objeto e não como um sujeito.
 Edith Stein chega então à antropologia filosófica através do método fenomenológico onde encontra esta totalidade do ser humano, o sujeito com corpo, psique e espírito, e a união da psique e espírito formam a alma.
 Vejamos as Obras de Cecília Meireles e de Santo Agostinho para falarmos sobre a Empatia estudada por Edith Stein.
Pertencer (Cecília Meireles)
 “Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
 Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
 Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
 Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim.
 Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, pelo menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de “solidão de não pertencer” começou a me invadir como heras num muro.
 Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso o que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertencesse. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética.É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos – e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
 Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte.
 Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força – eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
 Embora eu tenha uma alegria: pertenço, por exemplo, a meu país, e como milhões de outras pessoas sou a ele tão pertencente a ponto de ser brasileira. E eu que, muito sinceramente, jamais desejei ou desejaria a popularidade – sou individualista demais para que pudesse suportar a invasão de que uma pessoa popular é vítima -, eu, que não quero a popularidade, sinto-me no entanto feliz de pertencer à literatura brasileira. Não, não é por orgulho, nem por ambição. Sou feliz de pertencer à literatura brasileira por motivos que nada têm a ver com literatura, pois nem ao menos sou uma literata ou uma intelectual. Feliz apenas por “fazer parte”.
 Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto tenho a sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
 No entanto, fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdoo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
 A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho.”
(Esta crônica faz parte do livro A descoberta do mundo, publicado pela editora Rocco.)
Tarde te amei (Oração de Santo Agostinho)
“1. Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui, porque Tu Te fizeste meu auxílio.2. Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…
3. Mas Tu me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido. Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse: “Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos debatemos em nossa carne”. Assim me encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.4. Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim. Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.
5. Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por Ti! Deus… de Quem separar-se é morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.
6. Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!
7. E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a Ti! Só ardo por Ti!…
8. Tarde te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!”
(Santo Agostinho, Confissões 10, 27-29)
Bildung ou ausbildung em alemão, é um termo amplo que significa formação, ensinamento, treinamento, que procede do interno para o externo, que começa na antologia da matéria, da forma, onde a forma penetra a matéria, uma necessidade da outra parte existir de forma integrativa e simultânea, de forma substancial. para Edith Stein “a força vital à alma penetra a matéria”, para se tornar um corpo vital; um organismo com potencialidade que vai se desenvolvendo a partir de um processo formativo e progressivo até atingir a estrutura do ser, a base ontológica num processo de dentro para fora como uma semente se tornando uma grande árvore. Na formação da pessoa só desenvolve as potencialidades através da força vital (alma), dentro do corpo, que também se desenvolve. 
 Edith Stein chama de desabrochar do sujeito o processo de nutrição que dá estrutura orgânica para ter saúde, físico, os órgãos do corpo. Na alma humana há propriedades espirituais, estas são: memória, imaginação, intelecto, vontade, sentido e sentimento; é possível notar as propriedades espirituais nas duas obras, porém segundo Stein tais propriedades podem se desenvolver para o bem ou mal da pessoa e do social; e construir essa estrutura faz parte da alma do ser humano, por isso desenvolvemos a música, artes, exercícios; a literatura como visto nestas obras.
Alma tem mais que propriedades, tem o estado da alma humana, ou estado de ânimo;alegria, felicidade, tristeza, nostalgia; e isto é potência a ser desenvolvida através da percepção e empatia que foi tema de doutorado de Stein, tudo isso também é possível notar em contraponto nas obras de Cecília Meireles e Santo Agostinho numa empatia oposta numa obra em relação a outra pelos tipos de estado de ânimo.
 Temos as disposições originais; os dons pelas artes, música, desenho, etc, que são tendências que se mostram desde pequeninos e a escola impacta nisso. Através da profundidade ou superficialidade da interioridade da pessoa ocorre um movimento onde se sentindo consciente do que está acontecendo consigo e ao seu redor percebe-se a qualidade: pureza, nobreza. E por fim o centro e uma periferia que Stein descobriu em Santa Tereza de Ávila na obra “O Castelo Interior”, o qual podemos estar fora do muro vedado do castelo e nunca entrar nele, na alma humana e é preciso chegar nesse centro, “na alma da alma”, base qualitativa com sete moradas através do autoconhecimento: autocentro, escuta, decisão, presença real de Deus, oração de quietudes, enamoramento espiritual e matrimônio místico. Autocentro como a própria paz. Escuta, ser capaz de ouvir suas próprias vivências. Decisão, descobrir as qualidades de amor, bondade em si mesmo e em outras pessoas. Presença real de Deus, só pode vir (de Deus) de um criador; Santo Agostinho quer dizer em sua obra que só amamos o que conhecemos e como reflexo de Deus, aberto a subjetividade do outro como de si mesmo com características próprias, a originalidade, a individualidade de cada ser humano. A oração de quietude onde muitas vezes não nos valorizamos porque não nos conhecermos. Enamorando o espírito, é ajudar através dum processo de colaboração e formação do ser humano. Espírito e matrimônio para se tornar aquilo que o sujeito nasceu para ser; chegando no ponto essencial do eu em vocação, dons, talentos; para Santo Agostinho, sensação, percepção e memórias são faculdades da alma que se utilizam do corpo para realizá-los. Tudo isso para Stein a base e destaque de seus escritos estava na questão do ser humano e suas relações, onde pode se evidenciar a empatia quando um ser humano desperta com olhar solidário para outro ser; e aberto para comunicar o outro de forma transcendental, ou seja, de forma pura, antecedente a sua própria experiência.
 Husserl falava sobre um mundo objetivo e exterior que era vivenciado intersubjetivamente ou seja por uma pluralidade individual situado num "intercâmbio cognoscitivo” (transição na capacidade de conhecer) que ele chamava de “einfühlung (empatia) e não dava muitas explicações. Edith Stein quis saber mais sobre “einfühlung” que tematizou empatia em seus aspectos positivos e negativos chegando ao conhecimento da consciência alheia, colhendo informações sobre experiência alheia vivida e ao perceber a essência dos fatos através dos graus de atuação da empatia; a mesma eufühlung que nos faz perceber os aspectos negativos na obra de Cecília Meireles. Os graus de empatia que atuam são três: a emersão da vivência pela forma dita; a sua explicação completa com um estado de altruísmo envolvido; a objetivação compreensiva de vivência explicada, envolvendo um observar correlativo de consciência.
 A vivência alheia de forma originária como se fosse de quem ouve a vivência, permitindo uma percepção pura, conhecendo, compreendendo com uma apreensão da vivência do outro para si, de forma que a empatia para Edith Stein não podia ter um caráter de percepção externa como se estivesse apenas diante de uma vivência, é onde ela percebeu que a empatia encontra a consciência de identidade como se recordasse presencialmente a vivência emergindo como originária atingindo uma clareza de compreensão como se fosse a própria vivência ligando um ser ao outro como vemos na obra de santo Agostinho Santo Agostinho, implementando a recordação, como se fosse sua com reciprocidade dos sujeitos e levando esperança e a fantasia para aperfeiçoamento dos sentimentos e trazendo uma ação do outro.
 A empatia se depara com a questão ética de respeito e consideração pela vivência alheia, faz compreender e conhecer os fins para os quais a natureza do sujeito se conduz livremente, mostra que não há um mesmo padrão e isso é fundamental, 
 Exercer a liberdade significa dizer ao amadurecer que o sujeito é responsável pelo seu “eu posso”, sem interferências, cada um desperto para sua qualidade de vida, de mundo. A possibilidade de intervenção por empatia, para quem está num mundo pobre e fragmentado como na obra de Cecília Meireles, de forma bem orientada, convida o outro a imaginar ou fantasiar, traçar um mundo alternativo ajudando a enxergar novos horizontes, fazer do próprio objetivo, os objetivos alheios de forma mútua, conjunta, solidária, encontrando a si mesmo e o outro, como coletivo e individual, que ao amar o outro se ama e vice-versa, reconhecendo como singularidade humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No poema "Pertencer" de Clarice Lispector a escritora descreve sua sensação de desejar pertencer existir desde criança, mas que infelizmente esse desejo a acompanhava como fome, como medo de se revelar, como vazio, como inveja, como pessoa pobre, contudo dizia ter corpo e alma, descobrindo que havia em si mais do que todo esse vazio que a acompanhava, com um pouco dela mesmo quando escrevia, porém sentia-se triste e solitária. Essa falta de empatia emocional consigo mesmo era negativa e vazia pois não a abraçava, ou seja não a acolhia, fazendo com que se sentisse perdida no jeito de ser gente, percebendo que ainda faltava algo ou alguém mais forte. Em "Pertencer" embora revelasse ser criada com amor e esperança, a autora carregava uma culpa de não ter realizado a missão de curar a mãe de uma doença, e a falta de amor por si mesmo como desertora, como quem tem sede no deserto, mas que sem perceber fala de alguns últimos goles de água no cantil por pertencer a vida quando a vivi numa medida que ainda assim perde um pouco do que pertence; isso significa uma empatia disfuncional incapaz de sair dos próprios limites, para entender que os pais compreendiam que não havia milagre diante da superstição que atribuíram a ela sobre a cura e sim o amor por ela.
Contrário ao poema de Santo Agostinho, que descobre sua beleza interior após 30 anos, com remissão, compadecimento, compreendendo que passear pelo próprio interior é enxergar, as falhas, os erros, o vazio, a deformidade do homem que busca felicidade em tudo que está fora, ao ler a carta de São Paulo aos Romanos. Santo Agostinho chega a uma empatia compassiva pois aquelas palavras revelavam onde ele havia buscado a felicidade assim como os outros homens, que se debatiam na carne, porém ao encontrar um Cristo interior que lhe conhecia suas atitudes e buscas, também sabia que buscava algo que não achava, era o Cristo interior, compassivo, que se revelou tirando-o da cegueira, construindo a si mesmo naquilo que Edith Stein chamaria de desabrochar do sujeito na maturidade formada pelas estruturas de corpo, psiquê e espírito, porém a união desses dois últimos formariam a alma humana. Santo Agostinho percebe que a transparência não oculta os erros e falhas, mas transcende, ressuscita, trás esperança através da verdade e autocompaixão, trazendo como benefício viver a beleza de um amor que já estava dentro de si; benefício que segundo Santa Tereza de Ávila (protetora dos professores) estudada e admirada por Edith Stein, chamou de "alma da alma".
 Portanto concluímos que não há uma forma de amenizar a dor de Cecília Meireles em Pertencer, temos uma empatia negativa, empobrecida, pois não temos técnicas e nem conseguimos mensurar a dor de Cecília apesar de termos uma empatia sobre a dor dela, pela forma que a descreve, tão pura e nobre, somos apenas meros espectadores diante de sua obra literária, diante do dom com o qual nasceu, mas que não temos como retirar- lhe a dor. Já diante da obra de Santo Agostinho mais que a nossa empatia, sua auto empatia é alcançada através da descrição,compreensão e sentido quando se debruça e mergulha sobre sua própria dor, assim alcança a compreensão de como resolver dentro de si mesmo quando comparado a uma busca externa e tão igual ao seu redor, em outros seres humanos que não se dão a oportunidade de se olhar internamente e com coragem, sentimento nobre, para encontrar o melhor de si dentro de si, resolvendo questões de uma forma tão simples, ao entender após ouvir e sentir o sujeito, sua dor interna e chegar a se consolar. Santo Agostinho quando vazio de si mesmo, sem julgar sua própria história e dor, faz a escuta de si mesmo, sendo mais que um espectador, mas um acolhedor de si mesmo ao perceber sua pureza e nobreza que o dignifica dentro de si e que pode amenizar a dor de outros sujeitos que assim como ele procuram o sentido da alma fora de si; nos faz compreender e sentir ao ler esta obra literária, despidos de nós mesmo e com empática reflexão, que Santo Agostinho encontra sua alma refletida por Deus e percebe que sempre esteve ali dentro de si. 
 Esta era a Fenomenologia empática que Edith Stein gostaria que a Psicologia da época alcançasse.
REFERENCIAL TEÓRICO
A Descoberta do Mundo . 2. Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1984.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Edith_Stein
https://www.pensador.com/clarice_lispector_pertencer/#:~:text=23-,Pertencer%20n%C3%A3o%20vem%20apenas%20de%20ser%20fraca%20e%20precisar%20unir,uma%20pessoa%20ou%20uma%20coisa.&text=pr%C3%B3xima.,que%20em%20mim%20n%C3%A3o%20%C3%A9.
https://franciscanos.org.br/rondinha/tarde-te-amei-oracao-de-santo-agostinho/#gsc.tab=0
https://repositorio.ufsm.br/handle/1/9149

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