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Aula5 - Evolução Histórica da Criminologia

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Curso	Ênfase	©	2019
CRIMINOLOGIA	–	PAULO	SUMARIVA
AULA5	-	EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DA	CRIMINOLOGIA
1.	INTRODUÇÃO
Viu-se,	nas	aulas	passadas,	o	que	é	a	criminologia,	a	diferença	entre	criminologia
e	 direito	 penal,	 os	 objetos	 da	 criminologia,	 sua	 função	 e	 seu	 método.	 Do	 atual
momento	 em	 diante,	 será	 analisada	 a	 evolução	 histórica	 da	 criminologia,	 assunto
frequente	nos	concursos.
2.	EVOLUÇÃO	HISTÓRICA	DA	CRIMINOLOGIA
2.1	PERÍODO	PRÉ-CIENT ÍFICO
O	primeiro	passo	da	evolução	histórica	da	criminologia	é	diferenciar	o	período
pré-científico	do	científico.
O	período	pré-científ ico 	abrange	desde	a	Antiguidade	(textos	esparsos)	até	o
surgimento	 dos	 trabalhos	 científicos	 específicos	 (Beccaria	 e	 Lombroso).	 Nele,	 são
encontrados	 dois	 enfoques	 da	 Criminologia:	 criminologia	 clássica	 e	 criminologia
empírica.
•	A	crim inologia	clássica	é	form ada	por	ideias	do	Ilum inism o	e	dos	reform adores,
através	do	cham ado	Direito	Penal	Clássico.
•	A	crim inologia	empírica	é	form ada	por	trabalhos	realizados	pelos	fisionom istas,
frenólogos,	antropólogos	e	psiquiatras.	Nessa,	inicia-se	substituição	da	especulação
pela	dedução,	trabalhando	com 	o	m étodo	indutivo	e	não	m ais	com 	o	form al.
O	período	pré-científico	termina	com	o	surgimento	das	obras	de	Lombroso.
2.2	PERÍODO	CIENT ÍFICO
Tem	 início	com	o	surgimento	das	obras	de	Lombroso,	embora	alguns	aleguem
que	 seja	 por	 Beccaria.	 O	 primeiro	 passo	 importante	 na	 evolução	 histórica	 da
criminologia	é	a	Antiguidade.
2.2.1	ANT IGUIDADE
A	Antiguidade	é	pobre	em	relação	a	conhecimentos	e	estudos,	 trabalhando-se
frequentemente	 com	 ideias,	 "achismos"	 e	 textos	 esparsos,	 no	 entanto,	 é	 importante
conhecê-la.
Crim inologia	–	Paulo	Sum ariva
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Existem	 pontos	 importantes,	 como	 o	 Código	 de	 Hamurabi,	 no	 qual	 constava
divisão	 de	 julgamentos	 -	 Pobres	 e	 Ricos	 eram	 julgados	 de	 maneiras	 distintas.	 Além
disso,	há	ausência	de	estudos	sistematizados	sobre	o	crime	e	o	criminoso,	sendo	muito
encontradas	 na	 antiguidade	 explicações	 sobrenaturais	 ou	 religiosas	 sobre	 o	 mal	 e	 o
crime.
O	Crime	é	visto	como	tabu	ou	pecado,	avaliado	em	termos	éticos	e	morais,	além
de	 se	 mencionar	 frequentemente	 o	 demonismo,	 que	 é	 a	 visualização	 do	 criminoso
como	 indivíduo	 de	 personalidade	 diabólica,	 procurando-se	 a	 explicação	 do	 mal	 por
intermédio	da	existência	do	demônio.
2.2.2	SÉCULO	XVI
No	 século	 XVI,	 emerge	 o	 estudo	 de	 Thomas	 Morus,	 chamado	 de	 Utopia.	 Tal
estudo	considerava	o	crime	como	um	reflexo	da	própria	sociedade,	isto	é,	relacionava
à	desorganização	social,	vinculando	a	pobreza	à	delinquência.	Afirmava-se	que	o	ouro
era	 a	 causa	 de	 todos	 os	 males	 por	 meio	 do	 raciocínio	 de	 que	 a	 riqueza	 era	 tão
procurada	que	trazia	malefícios.
Já	 mencionava-se	 o	 conceito	 de	 sociedade	 desorganizada	 como	 reflexo	 do
crime	na	sociedade,	estabelecendo	um	vínculo	entre	pobreza	e	delinquência.
2.2.3		SÉCULO	XVIII
Os	pensadores	que	se	destacaram	nesse	século	foram	Della	Porta	(1535-1616)	e
Kaspar	Lavater	(1741-1801),	os	quais	se	preocupavam	com	a	f isionomia,	isto	é,	com	o
estudo	da	aparência	externa	do	indivíduo,	defendendo	haver	inter-relação	entre	essa,
o	corpo	e	o	psíquico	do	agente.
Os	fisionomistas	utilizavam	o	juízo	de	valor	proposto	pelo	imperador	romano	de
nome	Valério,	o	qual	reinou	no	século	 IV,	denominado	“Édito	de	Valério”,	que	consistia
em:	“quando	houvesse	dúvida	entre	dois	indivíduos	presumidamente	culpados,	haveria
de	ser	condenado	o	mais	feio”.
A	 fisionomia	 originaram	 um	 estudo	 interessante	 dentro	 da	 criminologia:	 a
cranioscopia,	 sendo	 difundida	 por	 Franz	 Joseph	 Gall	 (1758-1828)	 e	 John	 Gaspar
Spurzheim	 (1776-1832).	 Posteriormente,	 seus	 estudos	 evoluíram	 para	 uma	 análise
interna	 da	 mente,	 dando	 origem	 ao	 que	 chamamos	 atualmente	 de	 frenologia,
precursora	da	moderna	Neurofisiologia	e	da	Neuropsiquiatria.
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A	criminologia	desde	os	tempos	antigos,	encontra-se	sempre	muito	conectada	à
Medicina	 e	 à	 doença.	 Sendo	 assim,	 quando	 se	 trata	 do	 século	 XVIII,	 é	 importante
identificar	a	fisionomia,	a	cranioscopia	e	a	frenologia.
2.3	ESCOLA	CLÁSSICA
Originou-se	no	 final	do	século	XVIII,	 sendo	 formada	por	um	conjunto	de	 ideias,
teorias	 políticas,	 filosóficas	 e	 jurídicas	 sobre	 as	 principais	 questões	 penais.	 Dela,
manifestaram-se	 pensadores	 de	 grande	 renome,	 os	 quais,	 certamente,	 já	 foram
estudados	pelos	alunos	durante	a	graduação:	Cesare	Beccaria	(1764),	que	escreveu	a
obra	“Dos	Delitos	e	das	Penas”,	bem	como	Francesco	Carrara	e	Giovanni	Carmignani.
Para	alguns	estudiosos,	tal	escola	dá	inicio	ao	período	científico,	no	entanto,	não
se	 trata	 de	 corrente	 predominante.	 O	 período	 científico	 se	 inicia,	 na	 realidade,	 com
Lombroso,	e	o	surgimento	da	escola	Positiva.
O	 importante	 quanto	 à	 escola	 Clássica	 é	 o	 fato	 de	 traçar	 a	 responsabilidade
penal	com	fundamento	no	livre	arbítrio.	Por	esse	motivo,	Beccaria,	em	sua	obra,
defendia	 que	 o	 inimputável	 deveria	 ser	 considerado	 penalmente	 irrelevante.	 Desse
modo,	 caso	 o	 indivíduo	 com	 livre	 arbítrio	 deseje	 praticar	 o	 crime,	 por	 consequência,
sofrerá	sanção.		
Emerge	a	ideia	de	que	a	pena	é	um	mal	justo	se	contrapondo	a	um	mal	injusto
(crime).	O	indivíduo	pratica	o	crime	porque	deseja,	logo,	deverá	sofrer	a	consequência
(responsabilização)	dos	atos	praticados.	O	inimputável	não	sabe	o	que	faz,	portanto,	é
criminalmente	irrelevante	para	a	escola	Clássica.
2.4	SÉCULO	XIX
O	 século	 XIX	 apresenta	 três	 aspectos	 relevantes:	 1)	 o	 surgimento	 da	 escola
moral,	2)	o	surgimento	das	teses	de	Philippe	Pinel	e	3)	a	ideia	da	criminologia	socialista.
1)	 A	 escola	 moral	 é	 o	 entendimento	 que	 o	 criminoso	 é	 um	 indivíduo	 com
alterações	em	suas	faculdades	afetivas	(no	seu	senso	moral).
O	pensador	Esquirol	escreveu	a	obra	“Alucinação”	defendendo	essa	ideia.
2)	 Philippe	 Pinel	 e	 o	 pensador	 Félix	 Voisin	 entendiam	 que	 a	 criminalidade	 se
manifestava	por	alterações	no	sistema	nervoso	central	dos	indivíduos.
3)	 	 A	 criminologia	 socialista	 vinculava	 o	 criminoso	 como	 sendo	 produto	 das
condições	econômicas	do	indivíduo	(Teoria	Marxista).
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No	 século	 XIX,	 emerge	 a	 escola	 Positiva	 italiana,	 dando	 início	 ao	 período
científico	da	criminologia,	a	ser	estudada	na	próxima	aula.

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