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Resumo de Botânica (Farmácia) Giovanni Ozaki - Monitória 2023.1 PRINCÍPIOS DE TAXONOMIA: Taxonomia - ramo da ciência que nomeia as diferentes espécies de seres vivos. Regras adotadas para nomes científicos: 1. São sempre escritos em latim (língua morta, logo não sofrem modificações ortográficas); 2. São compostos por duas palavras; 3. A primeira letra da primeira palavra é sempre escrita em letra maiúscula e representa o gênero da espécie; 4. A segunda palavra é sempre escrita em letras minúsculas e nomeia-se epíteto, diferencial para aquela espécie; 5. Digitalmente deve ser destacado com letras em negrito e/ou itálico e/ou grifado; 6. Manuscrito deve sempre ser grifado (mesmo que você escreva com letras tortas, um suposto itálico, isso não conta e você precisa grifar); ex: Passiflora incarnata A taxonomia é fundamental para a correta identificação da espécie utilizada. Muitas plantas compartilham o mesmo nome popular e há casos em que elas nem mesmo pertencem ao mesmo gênero ou família botânica. Sendo prejudicial o uso desses nomes populares, principalmente em relação a utilização com fins medicinais. Exemplo deste risco é a utilização sem conhecimento de espécies do gênero Aloe, composta por cerca de 500 espécies, sendo a maioria conhecida popularmente como babosa, dentre elas encontram-se plantas medicinais e plantas tóxicas. A devida identificação da espécie a ser utilizada é uma garantia de segurança ao paciente. OBS: A nomenclatura científica pode sofrer alterações em casos de plantas geneticamente modificadas. Ex: Hortelã (Mentha x piperita), híbrido de duas espécies e por isso há um “x” entre o gênero e o epíteto. HERBORIZAÇÃO E PREPARO DE EXSICATA: Herborização = prensagem, secagem e montagem. Antes da herborização o material vegetal deve ser coletado, para isso recomenda-se ● Não coletar em dias chuvosos ou primeiras horas da manhã, devido ao orvalho (materiais úmidos propiciam fungos e dificultam a secagem); ● O ideal é que sejam coletados ramos com parte do caule, folhas, flores e frutos; ● O ideal é coletar, no mínimo, 3 amostras. ● Todas as informações da coleta devem ser anotadas na hora e depois transferidas a lápis para a etiqueta da exsicata (local, nome do coletor, nome da espécie, nomes populares, data, características do solo e do clima, e quaisquer informações que se julga importante, como: cor das flores, número de pétalas, tipo de fruto, etc). Após isso o material será devidamente organizado em um papel com a etiqueta e em seguida prensado e armazenado para secagem. As exsicatas são depositadas em herbários e servem de testemunho para o pesquisador que coletou. ⚠ APLICAÇÕES NA ÁREA FARMACÊUTICA: Na RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) 2022, constam 11 medicamentos fitoterápicos. Sendo importante principalmente para os profissionais que visam trabalhar no SUS conhecer o nome destas espécies, uma vez que a correta prescrição deve conter o nome científico e nome popular da espécie vegetal. E em casos de aquisição por meio de pregões a licitação também utiliza-se do nome científico e popular. FITOTERÁPICOS DA RENAME 2022: ● Schinus terebinthifolia (Aroeira); ● Aloe vera (Babosa); ● Rhamnus purshiana (Cáscara-sagrada); ● Maytenus ilicifolia (Espinheira-santa); ● Harpagophytum procumbens (Garra-do-Diabo); ● Mikania glomerata (Guaco); ● Mentha x piperita (Hortelã); ● Glycine max (Soja); ● Plantago ovata (Plantago); ● Salix alba (Salgueiro); ● Uncaria tomentosa (Unha de gato); O município de Barreiras fornece gratuitamente pelas farmácias cidadãs e unidades de saúde, 3 destes fitoterápicos: ● Xarope de Mikania glomerata (Expectorante e broncodilatador), ● Cápsulas de Maytenus ilicifolia (Tratamento de gastrite e úlceras gástricas de grau leve); ● Comprimidos de Harpagophytum procumbens (anti inflamatório e analgésico em casos de dores nas articulações). RAÍZES: As principais funções das raízes são: fixação, absorção de água e nutrientes do solo e condução desses compostos para os demais órgão da planta. Porém há adaptações em algumas espécies em que elas podem exercer função de reserva de nutrientes, como a cenoura e a mandioca. O esquema abaixo é uma visão aproximada da extremidade de uma raíz, ele não está presente somente na raíz principal, essas regiões da raiz encontram-se em todas as extremidades de todas as ramificações da raiz. A coifa representa sempre a extremidade de uma raiz, ela é formada por meristema (células indiferenciadas) que estão em constante processo mitótico, permitindo a regeneração da raiz que acaba sendo lesada devido ao atrito com o solo durante o processo de alongamento. A zona lisa também é composta de meristema em multiplicação celular e ela permite o crescimento da raiz pelas profundezas do solo. A absorção de água e minerais ocorre única e exclusivamente nos pêlos absorventes (zona pilífera). A zona suberosa é de onde surgem as raízes secundárias. Noções de anatomia vegetal: Os órgãos das plantas em geral são formados por 3 sistemas: ● Sistema dérmico (Corresponde às extremidades); ● Sistema fundamental (Tudo que há entre o sistema dérmico e o tecido de condução); ● Sistema vascular (Xilema e floema); Nas raízes, as células do sistema fundamental são impregnadas de lipídios (hidrofóbico), obrigando a água e os nutrientes que os pelos absorverem do solo, a se transportarem por dentro das células (transporte simplasto), assim ela consegue ter mais controle do que entra dentro dela e o quanto ela vai conduzir até o xilema para distribuição para os demais órgãos. Caracterização quanto à origem: ● Raiz embrionária: aquela que brota diretamente da semente; ● Raiz adventícia: surgem do meristema caulinar. Caracterização quanto ao tipo de sistema radicular: ● Axial ou pivotante: Há nitidamente uma raiz principal e nela surgem raízes secundárias (comum em dicotiledônea). ● Fasciculado ou em cabeleira: A raíz principal atrofia e dela surge uma série de raízes de tamanhos e espessuras semelhantes, formando uma "peruca" (comum em monocotiledônea). Caracterização quanto ao Habitat. AÉREAS: ● Cinturas ou estranguladoras: crescem enrolando-se em outras plantas, porém utilizam-se delas como suporte, não havendo parasitismo; Ex: Cipós e mata-pau. ● Suportes ou fúlcreas: raízes adventícias que crescem em direção diagonal ao solo e auxiliam na sustentação da planta. Ex: Milho e cana-de-açúcar. ● Assimiladoras: presentes em epífitas (plantas que crescem sobre outras plantas, sem parasitá-las), absorvem a água e nutrientes por meio do vapor/umidade do ar. Essas raízes são geralmente brancas, pois como são expostas a alta luminosidade, a coloração branca é um mecanismo de reflexão da luz para protegê-las da desidratação e outros danos solares. Ex: Orquídeas e bromélias ● Grampiformes: raízes capazes de se fixar em superfícies como “grampos”, não absorvem água por meio de vapor, devendo obrigatoriamente ter partes de suas raízes em contato com o solo. Ex: Hera. ● Respiratórias ou pneumatóforos: Raízes de áreas alagadas, como manguezais, é uma estratégia para trocas gasosas. Apresentam orifícios em sua extensão chamadas lenticelas. Ex: Plantas de mangue ● Tabulares: Crescem em forma de tábuas perpendiculares ao solo auxiliando na sustentação da árvore. Ex: Samauma. ● Sugadoras ou haustórios: São plantas parasitas que por meio de enzimas que desagregam a parede celular vegetal e a membrana plasmática, conseguem penetrar nas células do floema (holoparasitas) ou do xilema (hemiparasitas). Ex: erva-de-passarinho. AQUÁTICAS: ● Desenvolvem-se em ambientes aquáticos e são adaptadas para suportar o excesso de água. Anatomicamente caracterizam-se pela presença de parênquima aerífero (bolsões de ar no espaço extracelular), que os tornam mais leves e permitem que a planta flutue na água. Ex: arroz e vitória régia. ✻ Parênquima aerífero. SUBTERRÂNEAS: ● Tuberosas: raízes dilatadas devido ao acúmulo de nutrientes. podendo ser: raiz axial tuberosa (ex: cenoura e beterraba), raiz secundária tuberosa(batata-doce) e raiz fasciculada tuberosa (mandioca) No geral, as raízes são incapazes de germinar, porém como tudo na natureza há exceções, existem raízes adaptadas, nomeadas de raízes germinadoras, as quais conseguem germinar, exemplo: batata-doce. ⚠ APLICAÇÕES NA ÁREA FARMACÊUTICA: No geral as raízes estão mais voltadas para a área de alimentos, como a bromatologia e a tecnologia de alimentos. Mas algumas espécies utilizam do extrato vegetal da raíz para a fabricação de fitoterápicos, como: ● Valeriana officinalis (Valeriana); ● Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz); ● Harpagophytum procumbens (Garra-do-Diabo); ● Panax ginseng (Ginseng) ● Taraxacum officinale (Dente-de-leão) ● Arctium lappa (Bardana); ● Echinacea angustifolia (Equinácea); ● Polygala senega (Polígala); Todas as espécies acima possuem monografias no formulário nacional de fitoterápicos 2ª edição da farmacopéia brasileira. Referência bibliográfica: ALCÂNTARA, J.R.; BEZERRA, A.N.; CARVALHO, N.S. Aplicações clínicas do uso de Aloe vera e relatos de toxicidade. Nutrivisa. v. 1, n. 3, 2022. ANVISA. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 2ª edição. 2021. BARBOSA, F.P. et.al. Teste de toxicidade da Aloe succitrina (Babosa) em Artêmia salina. Estequi. 2013. CORREDOR-PRADO, J.P. et.al. Biologia reprodutiva e ausência de frutificação de Aloe saponaria (Aiton) Haw. (Xanthorrhoeaceae) fora do local de origem. Rev. Bras. Pl. Med. v. 17, n. 4, p. 713-721, 2015. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais 2022. 1ª ed, 2022. MONTEIRO, S.C. & BRANDELLI, C.L.C. Farmacobotânica: aspecto teóricos e aplicação. Artmed, 2017. VIDAL, W.N.; VIDAL, M.R.R. Botânica Organografia: Quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos. 4.ed. Viçosa. UFV, 2003.
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