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Autores: Prof. Tarso Luís Cavazzana Prof. Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira Colaborador: Prof. José Carlos Morilla Instalações Prediais Hidráulicas Professores conteudistas: Tarso Luís Cavazzana / Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira Tarso Luís Cavazzana Natural de Araçatuba, São Paulo, é graduado em Engenharia Civil (2003) e mestre em Engenharia Civil (2006), ambos os títulos obtidos pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp – Ilha Solteira). Ministra aulas em cursos de Engenharia na UNIP desde 2012, tais como: Sistemas de Tratamento de Água e Esgoto; Hidráulica e Hidrologia; Saneamento Básico; Instalações Prediais; Estruturas e Solos. Atualmente é engenheiro da Prefeitura Municipal de Araçatuba e sócio diretor da T.L.C. Engenharia. Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira Engenheiro civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1977). Mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Fez atualização em Planejamento de Programas e Projetos – Modelo e Prática, pela Fundação Getúlio Vargas, com ênfase em planejamento e gestão de programas governamentais, tais com instalações de poupatempo e de novas unidades prisionais para o governo do Estado de São Paulo, em 2009. É professor da Universidade Paulista desde 2006, além de permanecer atuando na elaboração de projetos e na gestão de projetos complementares e de obras. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C376i Cavazzana, Tarso Luís. Instalações Prediais e Hidráulicas / Tarso Luís Cavazzana, Clovis Chiezzi Seriacopi Ferreira. – São Paulo: Editora Sol, 2020. 184 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Água fria. 2. Água quente. 3. Águas pluviais. I. Ferreira, Clovis Chiezzi Seriacopi. II. Título. CDU 696.1 W506.03 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Vitor Andrade Elaine Pires Bruna Baldez Bruno Barros Sumário Instalações Prediais Hidráulicas APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA ................................................................................................. 13 2 VAZÃO DE PROJETO E VOLUME DE RESERVA ...................................................................................... 24 2.1 Estimativas de consumo .................................................................................................................... 24 2.2 Volume de reserva e formas de armazenamento.................................................................... 29 2.3 Instalações de recalque ...................................................................................................................... 39 3 PERDAS DE CARGA EM INSTALAÇÕES PREDIAIS ............................................................................... 42 4 LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA FRIA ............................................................................................ 51 4.1 Traçado das linhas de distribuição de água fria ...................................................................... 53 4.2 Definição da vazão máxima em cada segmento da linha de distribuição ................... 62 4.3 Definição do diâmetro mínimo para os segmentos da linha de distribuição .............. 66 4.4 Determinação dos valores de perdas de carga nas linhas de distribuição ................... 70 4.5 Rotinas e planilhas............................................................................................................................... 81 Unidade II 5 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA QUENTE .......................................................................................... 86 5.1 Tipos de energia utilizados para o aquecimento de água ................................................... 94 6 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO .....................................................................................................108 6.1 Definição do traçado da instalação ............................................................................................112 6.2 Dimensionamento: definição das vazões de projeto ...........................................................115 7 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS ...................................................................................130 7.1 Definição das vazões de projeto ..................................................................................................130 8 INSTALAÇÕES PREDIAIS COMPLEMENTARES .....................................................................................147 8.1 Instalações prediais de prevenção e combate a incêndio .................................................147 8.2 Instalações prediais de gás .............................................................................................................158 7 APRESENTAÇÃO O principal objetivo desta disciplina é contribuir para que o aluno desenvolva seus conhecimentos e sua capacidade para elaborar os projetos das instalações hidráulico-sanitárias, de coleta e condução de águas pluviais e de prevenção e combate a incêndios, que são necessárias para qualquer tipo de edificação, desde a mais simples das residências até o mais complexo condomínio destinado a múltiplos propósitos. Com o intuito de cumprir esse objetivo, serão destacados os conceitos, os princípios básicos, as leis e as fórmulas que devem reger a concepção, o traçado, a definição, o dimensionamento e o detalhamento das instalações empregadas em edificações mais comuns no âmbito da construção civil. As normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que regulamentam a elaboração do projeto e a execução dessas instalações, bem como as recomendações específicas de concessionárias de prestação de serviços públicos serão mencionadas sempre que necessário, seja para o devido esclarecimento de especificações, seja para o conhecimento da correta terminologia técnica. Muito embora este livro-texto não tenha a pretensão de esgotar o assunto, é conveniente lembrar que o cumprimento das normas e das especificações pertinentes sempre deve ser integral e absoluto. O projeto das instalações hidráulico-sanitárias prediais, de sua concepção até o seu detalhamento, deve estar totalmente integrado com todo o processo de realização do empreendimento – a partir da elaboração do projeto arquitetônico até a conclusão de todos os demais projetos complementares. Assim, em face da complexidade das edificações atuais, a clássica divisão de trabalhos, que era utilizada para a elaboração dos projetos, constituída de etapas paralelas, consecutivase quase independentes, esquematicamente representada na figura a seguir, já não faz sentido, muito embora esse procedimento ainda ocorra com certa frequência. 1 2 3 5 6 4 Início Final Projeto arquitetônico Projeto pré-executivo Projeto executivo Projeto fundações Projeto estrutura Projeto hidráulico sanitário Projeto elétrico Projeto combate a incêndio Projeto telecomunicação e TI Projeto climatização Figura 1 – Rede CPM (Critical Path Metod – caminho crítico) para elaboração do projeto executivo de um edifício Atualmente, a elaboração de todos os projetos, principal e complementares, deve constituir um processo único, integrado, interativo e cíclico. Cada definição, em qualquer um dos projetos, pode afetar os demais. Assim, é necessário que o conhecimento de eventuais interferências circule, ou seja, torne-se uma retroalimentação para todos os outros. 8 Graças à tecnologia da informação, hoje é possível que essa retroalimentação ocorra em tempo real, evitando que alguma interferência entre instalações e estrutura tenha que ser solucionada durante a execução da obra. Nesse contexto, nunca é demais lembrar que a solução de toda e qualquer interferência, mesmo aquelas que eventualmente só sejam percebidas no decorrer da obra, sempre deve ser conduzida pelo autor do projeto principal, no caso de instalações prediais, o autor do projeto arquitetônico. INTRODUÇÃO Todos os projetos de engenharia que envolvem a hidráulica têm como ponto de partida a definição de um valor de vazão, em geral denominado vazão de projeto. A elaboração do projeto executivo de uma estrada, por exemplo, inclui projetos de drenagem, visando tanto à segurança na pista quanto à proteção de encostas e de aterros resultantes de terraplenagem. Para tanto, é necessário o levantamento prévio dos valores das prováveis máximas vazões de águas pluviais, devidas aos prováveis máximos valores de intensidade das precipitações que podem ocorrer nas respectivas regiões das obras. A concepção de uma usina hidroelétrica também requer um estudo prévio do regime de vazões do rio, na seção transversal onde ela será construída, mais profundo e com precisão ainda maior do que para outros tipos de obras. Esse estudo é indispensável, em primeiro lugar, para definir a capacidade instalada da futura hidroelétrica. A quantidade de energia elétrica gerada por uma turbina será apenas uma parte da parcela de energia cinética da água escoando através dela, ou seja, depende diretamente da quantidade de água que passará pela seção da barragem, por unidade de tempo. Portanto, deve-se prever o valor mínimo da vazão com que se poderá contar, de maneira firme, ao longo de todos os dias do ano, durante todos os anos, sobretudo nos períodos de maior estiagem. Da mesma forma, é necessário prever o valor da máxima vazão que poderá ocorrer ao longo dos anos, nos períodos das maiores cheias prováveis, para poder dimensionar, com a devida segurança, os canais vertedores e a bacia de dissipação de energia, por onde escoará o excedente de vazão, ou seja, as águas não utilizadas na geração de energia, quando o reservatório já estiver com seu volume máximo. O dado fundamental para os projetos de instalações prediais hidráulicas, bem como para os projetos de saneamento básico, tratamento de águas e de esgotos, também é o valor da vazão de projeto. Nesse caso, o valor da vazão corresponde à quantidade de água que será utilizada pela população a ser atendida, por alguma unidade de tempo, habitualmente expressa em litros por dia. No caso específico das instalações prediais hidráulicas, o dimensionamento de cada componente e de cada segmento de tubulação deve ser realizado a partir do valor da vazão que deve escoar por esse segmento ou componente, seja um tubo, um reservatório, uma bomba ou um aparelho de uso. 9 É indispensável lembrar com clareza o significado de vazão, isto é, o volume que escoa por certa seção transversal de um conduto, por unidade de tempo, expresso por: Vaz o Q V t ã Volume (V) tempo (t) ou seja, Q =( ) ,= O ponto de partida do projeto, via de regra, é a previsão do volume de água que será utilizado na edificação por dia. Essa previsão é definida considerando sua provável população média, estimada a partir de índices observados em edificações similares e dos hábitos de consumo em atividades também similares às atividades a que o edifício se destina. Esse valor de vazão, ou seja, de volume a ser utilizado por dia, norteará tanto o projeto de armazenamento e distribuição de água tratada, quente ou fria, para os diversos pontos de utilização, tais como torneiras, chuveiros e vasos sanitários, quanto o projeto de coleta e condução dos esgotos produzidos nesses mesmos pontos de utilização. Com relação ao projeto de coleta e condução das águas pluviais, o valor da vazão de projeto será estimado a partir dos valores de máximas intensidades de precipitações previstas para a região e da área de contribuição do edifício. Para o projeto de prevenção e combate a incêndio, os valores da vazão de projeto e do volume de reserva devem ser definidos com base em normas específicas, fixadas para cada tipo de ocupação e de atividades a serem exercidas no edifício. Trata-se de uma área bastante especializada e de tal importância que, na verdade, não deveria ser tratada apenas como um capítulo a mais dentro das demais instalações prediais. Serão tratadas aqui as instalações correspondentes às atividades mais básicas. O dimensionamento, em todos os casos, consiste basicamente em definir a tubulação necessária para conduzir o escoamento dentro de limites recomendados por normas ou especificações técnicas. O valor da vazão instantânea, isto é, aquela que de fato estará ocorrendo a cada instante em cada seção transversal da tubulação, determina a relação entre o valor da área (A) da seção ocupada pelo escoamento e o valor da velocidade média (v) desse escoamento, na mesma seção, de acordo com o princípio da continuidade, cuja equação é expressa por: Vazão (Q) = Área (A) x velocidade (v), ou seja, Q = A x v Contudo, as relações entre os valores de área da seção transversal do conduto, ocupada pelo escoamento, e os valores da velocidade média do escoamento em cada seção são determinados pelo tipo de escoamento, livre ou forçado, que ocorre em cada instalação. 10 Em condutos livres, sujeitos apenas à pressão atmosférica, a área ocupada tem liberdade para aumentar ou diminuir, enquanto a velocidade pouco varia. Assim, para vazões variáveis, quase que somente o valor da área se modifica. Em condutos forçados, sempre sujeitos à pressão interna superior à atmosférica, o conduto é obrigatoriamente fechado, o escoamento ocupa toda a área disponível, em cada seção transversal, e apenas a velocidade pode variar em função das variações de vazão. Em instalações hidráulicas prediais ocorrem os dois tipos de escoamento, em parte ilustrados na figura a seguir. Condutos forçados pinterna > patm Condutos livres pinterna = patm Figura 2 – Distribuição de água tratada e coleta de águas servidas Para as instalações de recalque, de distribuição de água fria, água quente e para combate a incêndio, o escoamento será em condutos forçados, representados na figura com cor azul. Para as instalações de esgoto e de águas pluviais, o escoamento será em condutos livres, representados em amarelo. A definição da tubulação para cada segmento das instalações em condutos forçados consiste em selecionar, dentre os tubos disponíveis no mercado, aqueles cuja área da seção transversal (A) permita o escoamento da vazão de projeto (Q) com valores de velocidade média (v) e de pressão (p), ou de carga de pressão (h), dentro dos limites estabelecidos por norma. De acordo com a equação da continuidade, Q = A x v = , onde A = x R e R =2� v Q A D � 2 11 Já a definição da tubulação para cada segmento das instalações em condutos livres consiste em selecionar, dentre os tubos disponíveisno mercado, aqueles cuja área da seção transversal (A) permita o escoamento da vazão de projeto (Q), com a velocidade (v) imposta pelas condições da instalação. O valor da máxima vazão que pode escoar por um conduto livre, sem que ocorra transbordamento, ou sua alteração para conduto forçado, denominado capacidade hidráulica do conduto, depende diretamente da velocidade média do escoamento na sua seção transversal. Em cada segmento da instalação, o valor da velocidade depende, basicamente, de sua declividade, do atrito entre o líquido e as paredes do conduto e da relação entre o valor da quantidade de líquido escoando e o valor de parcela desse líquido que sofre diretamente o atrito, denominada raio hidráulico da seção transversal. Assim, o dimensionamento de cada segmento da instalação consiste em comparar o valor da capacidade hidráulica do conduto selecionado com o valor da vazão de projeto prevista para o segmento, de forma que Capacidade hidráulica ≥ Vazão de projeto Com relação às instalações de gás, com mais razão ainda, o projeto deverá atender rigorosamente tanto as normas técnicas da ABNT quanto às normas de segurança e especificações da concessionária, para os casos de abastecimento de gás natural, por rede pública, ou das distribuidoras, para os casos de gás liquefeito de petróleo (GLP), fornecido aos domicílios em bujões. 13 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Unidade I 1 INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA FRIA Um projeto de instalação predial para abastecimento de água fria consiste, basicamente, em manter água disponível em todos os pontos de utilização, isto é, em torneiras, vasos sanitários e chuveiros, com quantidade e pressão adequadas aos respectivos propósitos. Trata-se, portanto, de escoamento em condutos forçados, ou seja, em condutos fechados e com pressão interna superior à pressão atmosférica. A pressão interna, em cada ponto de utilização, pode ser devida tanto ao reservatório da própria rede pública, destacado em vermelho na imagem a seguir, quanto a um reservatório particular, exclusivo para a edificação, instalado no seu ponto mais elevado, como o destacado em azul. Figura 3 – Reservatórios, particular e público, que proporcionam pressão interna em cada ponto de utilização O reservatório particular, em geral instalado no local mais elevado da edificação, denominado reservatório superior, constitui o sistema mais utilizado no Brasil, basicamente por dois motivos fáceis de compreender. O primeiro é a possibilidade de garantir o abastecimento por mais tempo, em caso de eventuais faltas d’água na rede pública. Esses reservatórios costumam ser dimensionados para conter um volume equivalente ao valor do consumo diário previsto para a edificação. Contudo, também podem ter capacidade maior, caso seja hábito o suprimento na região falhar por mais dias consecutivos. O segundo motivo para a adoção desse sistema, com reservatório particular, é que ele proporciona níveis de pressão mais equilibrados nos pontos de utilização, por meios naturais, ou seja, apenas 14 Unidade I por ação da força de gravidade, dispensando pressurizadores e, assim, proporcionando economia de energia elétrica. O abastecimento domiciliar direto da rede pública, sem reservatório particular, esquematicamente representado na figura a seguir, é possível sempre que o valor mínimo da pressão, ou carga de pressão (Hdisponível), garantido pela concessionária no ponto de tomada, é suficiente para manter todos os pontos de utilização sob pressão interna adequada. ∆h (mca) Hdisponível (mca) Rede pública Figura 4 – Abastecimento predial direto da rede pública de água tratada Convém lembrar que em todo escoamento ocorrem perdas de carga, localizadas e distribuídas, ao longo da tubulação, e que, tanto as cargas quanto as perdas de carga podem ser medidas em metros, ou seja, em metros de coluna de água (mca). Para que o valor da pressão interna no ponto de utilização mais desfavorável seja adequado, é necessário que a diferença de carga (∆h) entre o valor da carga disponível (Hdisponível) e o valor da carga potencial nesse ponto seja suficientemente superior à soma de todas as perdas de carga entre a rede e esse ponto. O valor das perdas de carga depende da velocidade do escoamento, que, por sua vez, depende da vazão e do diâmetro e do comprimento da tubulação. Sendo assim, o cálculo das perdas de carga será visto mais adiante, após a definição e o detalhamento da instalação. Por ora, é importante apenas ter em mente esses conceitos fundamentais. Além das variações habituais da carga disponível na rede pública, que afetam o valor da pressão em todos os pontos de utilização, esse tipo de suprimento direto está sujeito a desabastecimento imediato em caso de falhas na rede. O sistema mais utilizado no nosso país, mesmo havendo carga disponível, é o sistema de abastecimento indireto, esquematicamente representado na figura a seguir, em que a água tratada é conduzida da rede pública para um reservatório particular e, a partir daí, é distribuída para os pontos de utilização. 15 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Rede pública Hdisponível (mca) ∆h (mca) Figura 5 – Abastecimento predial indireto – da rede pública para um reservatório particular Além de contar com uma reserva para eventuais falhas de abastecimento na rede pública, habitualmente dimensionada para um dia de consumo, pelo menos, as cargas nos pontos de utilização são definidas pelo nível d’água do reservatório. Assim, as variações de pressão nos pontos de utilização serão devidas apenas às variações entre o nível máximo e o nível mínimo do reservatório, que só ocorre quando a reserva estiver acabando. Nesse sentido, é importante lembrar que, de acordo com as leis de Stevin e de Pascal, a pressão em cada ponto no interior de um líquido em repouso é exercida igualmente em todas as direções e o seu valor é igual ao valor do seu peso específico (γ) multiplicado pelo valor da profundidade (z) do ponto em relação à superfície livre do líquido, como ilustra esquematicamente a figura a seguir. N.A. Z1 Z2 Z3 p1 = γ.z1 p2 = γ.z2 p3 = γ.z3 Figura 6 – Pressão em pontos genéricos no interior de um líquido em repouso Observando a figura anterior, é possível verificar que quanto mais baixo for instalado o reservatório, menor será o valor da pressão interna nos pontos de utilização. 16 Unidade I Considerando que o valor da carga cinética, em um ponto qualquer da água em movimento, equivale ao valor da carga hidrostática menos a soma das perdas de carga na tubulação, pode ocorrer insuficiência de carga em determinados pontos. Como o chuveiro costuma ser o ponto de utilização mais desfavorável de uma instalação doméstica, é nele que, em primeiro lugar, as insuficiências de pressão costumam ser percebidas. A manifestação mais conhecida é pouca quantidade de água, com temperatura elevada e frequente queima de resistências, em chuveiros elétricos. A solução pode ser obtida com a elevação do reservatório, aumentando a carga estática disponível; por um lado, tornar mais direto e mais curto o percurso do reservatório ao chuveiro, com tubulação de maior diâmetro, causando a redução da velocidade e, consequentemente, da soma das perdas de carga; por outro lado, ou ainda melhor, uma combinação de todas essas coisas. Exemplo de aplicação As tubulações de abastecimento do reservatório e de distribuição de água tratada para os aparelhos de utilização de uma residência são representadas, em corte esquemático, na figura a seguir. Considere as informações destacadas. I – A rede pública foi localizada 60 centímetros abaixo do nível em que ficará o pavimento térreo da casa, e o valor mínimo da sua carga disponível é cerca de 16 mca. II – O ponto de saída para o chuveiro será instalado 2 metros acima do piso do banheiro, e o do tanque, 1,10 metro acima do piso da cozinha. 0,80 m 0,60 m 2,80 m 2,80 m 1,10 m 0,90 m Rede pública Figura 7 – Corte esquemático da instalação hidráulica deágua fria de uma residência Com base nessas informações e assumindo o valor do peso específico da água como γ = 10kN/m2, determinar: 17 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS A) O valor máximo a que pode chegar o total das perdas de carga, localizadas e distribuídas, na linha de alimentação, para que seja possível fazer o abastecimento do reservatório direto da rede pública. B) Os valores da carga e da pressão hidrostáticas no ponto de saída para o chuveiro. C) Os valores da carga e da pressão hidrostáticas no ponto de saída para a torneira do tanque. Solução A) O valor total das perdas de carga, localizadas e distribuídas, não pode ser igual nem maior do que a diferença entre o valor da carga disponível na rede pública e o valor do desnível entre a entrada do reservatório e o ponto de tomada d’água nessa rede. Considerando a figura e os dados, verifica-se que o valor do desnível entre a entrada do reservatório e o ponto de tomada d’água na rede será ∆z = 0,80 m + 0,60 m + 2,80 m + 2,80 m + 0,60 m = 7,60 m Como o valor da carga disponível no ponto de tomada d’água na rede pública é H = 16 mca, o valor do saldo de carga que pode ser perdido na linha de alimentação será hf <∆z = Hdisponível - ∆z = 16 mca – 7,60 mca = 8,40 mca B) O valor da carga de pressão hidrostática é igual ao valor do desnível entre o ponto de utilização considerado e a superfície livre da água no reservatório. hchuveiro = 0,80 m + 0,60 m + 2,80 m – 2 m = 2,20 m = 2,20 mca O valor da pressão hidrostática é igual ao valor do peso específico (γ) da água multiplicado pelo valor do desnível entre o ponto de utilização considerado e a superfície livre da água no reservatório. pchuveiro = γágua x ∆zchuveiro = 10 KN/m 3 x 2,20 m = 22,0 KN/m2 C) O valor da carga de pressão hidrostática é igual ao valor do desnível entre o ponto de utilização considerado e a superfície livre da água no reservatório. htanque = 0,80 m + 0,60 m + 2,80 m + 2,80 m – 1,10 m = 5,90 m = 5,90 mca O valor da pressão hidrostática é igual ao valor do peso específico (γ) da água multiplicado pelo valor do desnível entre o ponto de utilização considerado e a superfície livre da água no reservatório. ptanque = γágua x ∆ztanque = 10 KN/m 3 x 5,90 m = 59,0 KN/m2 18 Unidade I Para o abastecimento direto da rede pública até um reservatório particular, como o representado esquematicamente na figura a seguir, o raciocínio é o mesmo. É necessário que a diferença de nível (∆z) entre a entrada do reservatório e o ponto de tomada d’água na rede, somada ao total das perdas de carga (hf) nessa tubulação, seja inferior à carga disponível naquele ponto da rede. ∆h> hf (mca) ∆z (m) Hdisponível (mca) Rede pública Figura 8 – Abastecimento do reservatório predial particular – direto da rede pública Lembrete A pressão num ponto qualquer no interior de um líquido em repouso é igual em todas as direções e o seu valor é igual ao valor do peso específico (γ) do líquido multiplicado pelo valor da profundidade (z) do ponto. Sempre que a pressão, ou a carga de pressão, no ponto de tomada d’água na rede pública não for suficiente para abastecer diretamente o reservatório superior, como é o caso de prédios altos, será necessário utilizar um reservatório para receber o suprimento direto, geralmente denominado reservatório inferior. A maior parte da reserva de água ficará armazenada nesse reservatório inferior. O reservatório superior é utilizado para proporcionar carga de pressão para a água a ser distribuída para os pontos de utilização. 19 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS O reabastecimento é realizado periodicamente, conforme o consumo, por meio de uma instalação de recalque, com bombas que conduzem a água do reservatório inferior para o superior, como ilustrado na figura a seguir. Reservatório superior Reservatório inferiorMotobomba Hdisponível (mca) Rede pública Figura 9 – Reservatórios, inferior e superior, e instalação de recalque empregados em prédios altos O dimensionamento das instalações de recalque também é realizado com base na diferença entre os níveis dos reservatórios. É importante salientar que o nível mais alto é a entrada do reservatório superior, situada próximo ao seu topo, enquanto o nível mais baixo se situa próximo ao fundo do reservatório inferior. 20 Unidade I A diferença entre esses níveis representa a parcela de carga potencial que deve ser fornecida à água para que ela suba. Porém, ao longo do percurso, haverá perda de carga. A soma da carga potencial com a soma das perdas de carga é a carga manométrica total que a bomba de recalque fornecer à água. A parcela de carga potencial é dimensionada diretamente, com base apenas nas dimensões verticais da edificação, conforme figura a seguir. Já o dimensionamento das perdas de carga depende do comprimento do percurso, das válvulas e conexões utilizadas, do diâmetro da tubulação e, sobretudo, do valor da vazão recalcada. Reservatório superior Reservatório inferior heRS htipo htipo htipo Co lu na d e di st rib ui çã o Re ca lq ue Motobomba Rede pública RN = 0,00 htérreo hestac hestac hestac Figura 10 – Corte esquemático de um prédio com representação de suas dimensões verticais O reservatório inferior pode ser instalado em qualquer ponto da edificação, desde que o seu abastecimento possa ser feito diretamente da rede pública. Em geral esse reservatório é instalado diretamente sobre o solo, no andar mais baixo do edifício. Esse costume, no entanto, não tem qualquer motivo de caráter hidráulico. Pelo contrário, do ponto de vista da hidráulica, o reservatório inferior deveria se situar no ponto mais elevado que ainda pudesse ser abastecido direto da rede pública. Assim, tanto a carga potencial quanto o total das perdas de carga poderiam ser minimizados. 21 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS A razão principal, via de regra, é a separação do reservatório do restante da estrutura. O peso do reservatório somado ao peso da água nele contida é bastante elevado e desproporcional ao restante das cargas presentes nas edificações mais usuais. Por outro lado, todo esse peso pode ser distribuído pela área da base do próprio reservatório, fazendo com que a tensão aplicada no terreno assuma valores facilmente suportáveis por grande parte dos solos habitualmente encontrados, sem sobrecarregar desnecessariamente as fundações do edifício. Observação A necessidade de utilizar reservatório inferior e instalação de recalque não depende propriamente da quantidade de andares ou da altura do prédio, mas sim da diferença entre a carga potencial na entrada de água no reservatório superior e a carga disponível no ponto de tomada d’água na rede pública. É importante verificar a possibilidade de evitar tais unidades, antes de iniciar o dimensionamento, pois elas significam elevados custos iniciais, relativos à sua construção e aos equipamentos, bem como custos mensais contínuos, ao longo da vida útil da edificação, devidos à manutenção e, sobretudo, ao consumo de energia. Exemplo de aplicação Um pequeno edifício residencial, de quatro andares, será construído num terreno em declive em relação à rua, cujo perfil é representado esquematicamente na figura a seguir. Nesse local, a rede pública de abastecimento de água potável apresenta uma carga de pressão mínima de 16 mca e, no ponto da ligação para o prédio, se situa 50 centímetros abaixo da referência de nível (RN = 0,00). Um traçado preliminar da linha de abastecimento do reservatório permite estimar que a tubulação linear terá cerca de 27 metros de comprimento e, também, estimar valores da soma dos comprimentos equivalentes (LEquiv) das válvulas e conexões necessárias, para diferentes diâmetros, apresentados a seguir: • para diâmetro de 20 mm (3/4”), Lequivalente = 10,5 m • para diâmetro de 25 mm (1”), Lequivalente = 13,5 m • para diâmetro de 32 mm (1¼ ”), Lequivalente = 17,8 m 22 Unidade I – 1,40 RN = 0,00 Rede pública 10 ,8 0 m 3, 00 m Figura 11– Perfil esquemático da linha de alimentação do reservatório desse prédio Com base em estimativa da vazão correspondente ao consumo diário, foram estimados os valores de perda de carga unitária (J), isto é, por metro de tubulação, apresentados a seguir: • para diâmetro de 20 mm, J = 0,084 mca/m • para diâmetro de 25 mm, J = 0,075 mca/m • para diâmetro de 32 mm, J = 0,062 mca/m Considerando essas informações, deve-se verificar a possibilidade de esse reservatório ser abastecido diretamente da rede pública, sem necessidade de reservatório inferior e de bombas de recalque. Solução Para que o abastecimento desse reservatório direto da rede pública sempre seja possível, ou seja, para que a água escoando pela tubulação de alimentação suba até a entrada do reservatório, é necessário que a carga mínima disponível no ponto de tomada na rede seja suficiente para vencer a diferença de carga potencial (∆z) entre os dois pontos e, também, para compensar as perdas de carga (hf) no escoamento. Em relação à referência de nível (RN = 0,00) indicada, a cota de nível da entrada do reservatório será Zreserv = – 1,40 m + 10,80 m + 3,00 m = + 12,40 m A cota de nível do ponto de tomada na rede pública é Zreserv = – 0,50 m 23 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Então, o valor da diferença de carga potencial (∆z) entre os dois pontos será ∆z = 12,40 m – (– 0,50 m) + 12,90 m Considerando que a carga mínima disponível na rede é Hdisp. = 16 mca, o valor da sobra de carga (∆h) para compensar as perdas na linha será cerca de ∆h = Hdisp – ∆z = 16 mca – 12,9 mca = 3,1 mca Lembrando que o valor das perdas de carga (hf) num escoamento em conduto forçado pode ser obtido multiplicando-se o valor do comprimento total da tubulação, linear mais equivalentes, pelo valor da perda de carga por metro de tubo, e é possível determinar esse valor para cada diâmetro de tubo escolhido. Para tubulação com diâmetro de 20 milímetros, o abastecimento direto não seria possível: Ltotal = Llinear + Lequivalente = 27 m + 10,5 m = 37,5 m hf = Ltotal x J = 37,5 m x 0,084 mca/m = 3,15 mca <∆h Para tubulação com diâmetro de 25 mm: Ltotal = Llinear + Lequivalente = 27 m + 13,5 m = 40,5 m hf = Ltotal x J = 40,5 m x 0,075 mca/m = 3,04 mca ≅ ∆h Contar com o abastecimento direto seria arriscado, pois os valores das perdas estão muito próximos do saldo disponível. Para tubulação com diâmetro de 32 milímetros, o abastecimento direto seria possível: Ltotal = Llinear + Lequivalente = 27 m + 17,8 m = 44,8 m hf = Ltotal x J = 44,8 m x 0,062 mca/m = 2,78 mca> ∆h Existem também os sistemas hidropneumáticos de distribuição de água para os pontos de utilização, que dispensam a necessidade do reservatório superior. A pressão adequada nos aparelhos de utilização é garantida pela inclusão de um pressurizador entre o reservatório inferior e a rede de distribuição. 24 Unidade I A redução no custo inicial, representada pela ausência do reservatório superior, não é significativa para as instalações prediais mais usuais, pois além do custo inicial do equipamento, esse sistema implica custos permanentes do consumo de energia elétrica e de manutenção periódica. Muito embora todas essas considerações sejam apenas conceituais, baseadas em princípios, estudos preliminares e estimativas, elas são fundamentais para dar início à elaboração de um bom projeto. A simples utilização de rotinas de cálculo, tabelas, planilhas e até mesmo de softwares para o dimensionamento não garantem uma instalação predial hidráulica adequada aos usuários se não forem precedidas pelas considerações, definições e concepções mais adequadas a cada caso. A partir das considerações e definições preliminares, o primeiro passo para a elaboração de um projeto hidráulico é a determinação da vazão de projeto, que no caso de instalações prediais hidráulicas de água tratada corresponde ao volume de água necessário por dia para a edificação. 2 VAZÃO DE PROJETO E VOLUME DE RESERVA 2.1 Estimativas de consumo O valor da vazão de projeto para instalações de distribuição de água fria em uma edificação, denominado consumo diário (Cd), é definido com base na quantidade de usuários previstos para esse prédio, usualmente denominada população (P), e o consumo estimado para cada pessoa, a cada dia, nesse tipo de edificação, em geral é denominado consumo diário per capita ou por pessoa (Cp). O valor do consumo diário (Cd) será obtido pela expressão Cd = P x Cp A previsão de consumo diário per capita (Cp) é estimada com base em índices médios de consumo em edifícios já existentes, com características e atividades similares, encontrados em tabelas consagradas pelo uso, como a tabela a seguir. Tabela 1 – Estimativa de consumo diário de água (por pessoa ou per capita) Natureza Consumo por pessoa Casas populares ou rurais 120 litros/dia Residências 150 litros/dia Residências de luxo 300 litros/dia Apartamentos 200 litros/dia Asilos ou orfanatos 150 litros/dia Creches – prédios públicos 50 litros/dia Escolas estaduais 1º e 2º grau 25 litros/aluno/dia Escolas semi-internatos 100 litros/aluno/dia 25 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Natureza Consumo por pessoa Escolas internatos 150 litros/aluno/dia Prédios públicos, comerciais e de escritórios 50 litros/dia Hospitais (sem lavanderia) 500 litros/leito/dia Hospitais (com lavanderia) 750 litros/leito/dia Hotéis (sem cozinha e sem lavanderia) 120 litros/hóspede/dia Hotéis (com cozinha e lavanderia) 300 litros/hóspede/dia Prédios com alojamentos provisórios, cozinha e lavanderia 120 litros/dia Mercados 5 litros/m2/dia Cinemas e teatros 2 litros/lugar/dia Restaurantes e similares 25 litros/refeição/dia Lavanderias 30 litros/kg de roupa seca Adaptada de: Macintyre (1988). Considerando que os índices de consumo médio são variáveis, de acordo com a região, o clima, os hábitos e até o nível sociocultural da população, tais tabelas devem ser empregadas com os devidos cuidados. A previsão da população (P) para a edificação é estimada com base em índices médios de ocupação em edifícios com características e atividades similares, que também podem ser encontrados em tabelas como as apresentadas a seguir. Tabela 2 – Estimativa de ocupação conforme a natureza do local Tipo de edifício População (P) Escritórios 1 pessoa a cada 9 m2 Lojas 1 pessoa a cada 3 m2 Hotéis 1 pessoa a cada 15 m2 Hospitais 1 pessoa a cada 15 m2 Apartamentos ou casas P = 2 x Nd + Ne ou 5 pessoas por residência Nd = quantidade de dormitórios Ne = quantidade de dormitórios de serviço Fonte: Ilha e Gonçalves (1994). Tabela 3 – Estimativa de população do prédio Tipo de edifício População (P) Bancos 1 pessoa a cada 5 m2 Escritórios 1 pessoa a cada 6 m2 Lojas – pavimentos térreos 1 pessoa a cada 2,5 m2 Lojas – pavimentos superiores 1 pessoa a cada 5 m2 Museus e bibliotecas 1 pessoa a cada 5,5 m2 26 Unidade I Tipo de edifício População (P) Salas de hotéis 1 pessoa a cada 5,5 m2 Restaurantes 1 pessoa a cada 1,4 m2 Salas de operação (hospital) 8 pessoas Teatros, cinemas e auditórios 1 cadeira a cada 0,7 m2 Adaptada de: Creder (2006). Nesse caso, considerando as contínuas transformações nas formas e tempos de usos nas edificações, ainda com mais razão, tais tabelas devem ser empregadas com o devido cuidado e eventuais adaptações, sobretudo em relação a ocupações nelas não previstas. Para escritórios, por exemplo, a tabela estimativa de ocupação conforme a natureza do local recomenda considerar uma área de 9 m2 ocupada por pessoa. Já a última tabela recomenda 6 m2 por pessoa, o que resulta numa população 50% mais elevada para o mesmo prédio. Observados diversos escritórios atuais, destinados a atender ou a captar clientes por telefone, genericamente denominados call centers, verifica-se que a sua ocupação é significativamente maior do que a recomendada em ambas as tabelas. Em tais instalações é bem possível que a área média ocupada por cada pessoa, incluindo as áreas de circulação, seja pouco maiordo que 2 m2. Outro exemplo, não menos relevante, é representado pelas denominadas praças de alimentação, hoje encontradas em praticamente todos os centros comerciais, sobretudo nos médios e nos grandes centros urbanos. Nesses locais são instalados os mais diversos tipos de restaurantes, desde os mais tradicionais, à la carte, em que cada refeição é preparada de acordo com a solicitação do cliente e servida na mesa por um garçom; as lanchonetes que servem sanduíches semiprontos; e restaurantes que mantêm diversos tipos de comidas dispostas em um grande bufê, para que o próprio cliente se sirva à vontade e vá comer em alguma disponível. Para restaurantes e similares, a primeira tabela deste livro-texto indica um consumo diário de 25 litros por refeição servida. A última tabela destaca uma ocupação média de 1,4 m2 por pessoa. Em primeiro lugar, não é possível estimar a quantidade de refeições sem saber quantas vezes por dia o mesmo lugar será ocupado por diferentes clientes. Quando se trata de um estabelecimento único e específico, a melhor informação pode ser dada pelo próprio dono, ou seja, em seu plano de negócio ele já fez uma previsão do potencial para o novo estabelecimento. Quando se trata de um novo local, com múltiplos propósitos, como é o caso de uma praça de alimentação, os diferentes estabelecimentos e seus proprietários não estão definidos antes da elaboração do projeto hidráulico. Por outro lado, é evidente que o volume de água necessário para preparar uma refeição à la carte e para lavar panelas, pratos e talheres é bastante diferente do volume exigido para servir um sanduíche semipronto em uma embalagem de papelão, que será descartada após o uso. 27 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Ainda que os diversos estabelecimentos já estivessem definidos, é fácil verificar que, na prática, parte dos novos restaurantes e similares encerram suas atividades algum tempo depois de abrirem. Estando em uma praça de alimentação, eles darão lugar a outro restaurante ou similar, cujo tipo e respectivo consumo de água pode não ser tão similar ao do anterior. Em casos assim, é possível que os dados mais confiáveis sejam oferecidos pelo próprio plano de negócios do empreendimento, que, em geral, faz suas projeções de potencial com base em empreendimentos similares já em funcionamento. De qualquer forma, não é uma tarefa fácil acertar completamente os valores dessas estimativas de consumo diário. Exemplo de aplicação Um conjunto residencial, constituído de 15 prédios de 4 andares, com 6 apartamentos de 2 dormitórios por andar, e 8 prédios de 4 andares, com 4 apartamentos de 3 dormitórios por andar, serão semelhantes ao representado na figura a seguir. – 2,34 RN = 0,00 Rede pública Figura 12 – Perfil esquemático dos prédios Determinar os valores do consumo de água tratada previstos para cada tipo de prédio, bem como para todo o conjunto habitacional. Solução O valor da previsão de consumo diário (Cd) é obtido pela expressão Cd = P x Cp O valor do consumo diário por pessoa, morando em apartamentos, de acordo com a primeira tabela deste livro-texto, é estimado em Cp = 200 litros 28 Unidade I A população (P) prevista para cada tipo de prédio, de acordo com a segunda tabela, pode ser estimada supondo 2 pessoas por dormitório ou 5 pessoas por unidade habitacional. Para apartamentos com 2 dormitórios: Papto = 2 dormitórios x 2 pessoas/dormitório = 4 pessoas P = 4 andares x 6 apartamentos andar x 4 pessoas = 96 ppr dioé eessoas Para os apartamentos com 3 dormitórios, • considerando 2 pessoas por dormitório: Papto = 3 dormitórios x 2 pessoas/dormitório = 6 pessoas P = 4 andares x 4 apartamentos andar x 6 pessoas = 96 ppr dioé eessoas • considerando 5 pessoas por apartamento: P = 4 andares x 4 apartamentos andar x 5 pessoas pr dioé apartameento = 80 pessoas O valor do consumo diário previsto para cada tipo de prédio será assim: Para apartamentos com 2 dormitórios: Cd = P x Cp = 96 pessoas x 200 litros/pessoa = 19.200 litros Para os apartamentos com 3 dormitórios, • considerando 2 pessoas por dormitório: Cd = P x Cp = 96 pessoas x 200 litros/pessoa = 19.200 litros • considerando 5 pessoas por apartamento: Cd = P x Cp = 80 pessoas x 200 litros/pessoa = 16.000 litros O valor do consumo previsto para todo o conjunto habitacional será igual à soma do consumo estimado para os 15 prédios com apartamentos de 2 dormitórios e os 8 prédios com apartamentos de 3 dormitórios. 29 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Cd = 15 x 19.200 l + 8 x 19.200 l = 441.600 l = 441,6 m 3 Cd = 15 x 19.200 l + 8 x 16.000 l = 416.000 l = 416 m 3 2.2 Volume de reserva e formas de armazenamento A reserva de água nas instalações prediais hidráulicas tem a finalidade básica de garantir um suprimento mais prolongado no caso de faltas d’água, eventuais ou frequentes, na rede pública de abastecimento. O reservatório instalado na parte mais alta da edificação tem a função adicional de proporcionar pressões mais equilibradas nos pontos de utilização, apenas por ação da força da gravidade, gratuita, dispensando a necessidade de equipamentos de pressurização. Com essa forma de instalação, o valor da pressão hidrostática (p) disponível em cada ponto de utilização dependerá apenas da diferença de nível (z), entre o ponto e a superfície livre do reservatório, como ilustra esquematicamente a figura a seguir. p1 = γ x z1 p2 = γ x z2 p3 = γ x z3 z3 z2 z1 Figura 13 – Pressão hidrostática nos pontos de utilização 30 Unidade I Mesmo em caso de desabastecimento, a variação do nível da superfície livre do reservatório superior será lenta, gradual e pequena, ou seja, limitada à altura útil desse reservatório, em geral inferior a 3 metros. O valor do volume de reserva é dimensionado em função do valor do consumo diário (Cd), isto é, do volume previsto para um dia de uso na edificação. Caso a região onde o prédio será construído não apresente faltas d’água habituais no abastecimento da rede pública, a reserva será feita para um dia de consumo. Se o prédio será construído numa região em que as falhas no abastecimento público são frequentes, a reserva deverá ser proporcional ao tempo que costuma durar a falta d’água, isto é, à quantidade de dias consecutivos sem fornecimento. Esse conceito deve ser bem compreendido, para que não ocorram erros graves de dimensionamento. O que importa não é a quantidade de dias com falta de abastecimento por ano, por mês nem por qualquer intervalo de tempo. Ainda que toda semana falte água, a base de cálculo será a quantidade de dias consecutivos. Se há falta d’água na rede, quase todas as semanas, durante um dia, o volume a ser reservado será o de um dia de consumo, para falhas eventuais, mais o de um dia para as falhas habituais. Caso as falhas ocorram com intervalos irregulares, uma vez a cada dois ou três meses, por exemplo, ou apenas nas épocas do ano com estiagem prolongada, mas essas falhas costumem durar até três dias consecutivos, então o volume a ser reservado será o de um dia de consumo, para suprir falhas eventuais, mais o de três dias para suprir as falhas habituais. Com relação à forma de reservar, sempre que o abastecimento da rede pública direto para o reservatório superior seja possível, é melhor que toda a reserva fique nesse reservatório, para evitar os custos de instalação, utilização e manutenção de um reservatório inferior e de uma instalação de recalque. Quando for necessária a instalação de um reservatório inferior, considerando que o peso do reservatório superior será suportado pela estrutura da edificação, o ideal é manter nele apenas uma parte do volume necessário para o dia, já que a quantidade utilizada poderá ser gradualmente reposta pela bomba de recalque. Por outro lado, é conveniente que a parcela reservada no reservatório superior não seja muito pequena, para evitar que falte água nos momentos de maior uso e, também, que a reposição seja muito frequente, o que poderia causarum excessivo acionamento da bomba ao longo do dia. O valor recomendado para a parcela a ser mantida no reservatório superior é cerca de 40% do volume necessário para o consumo diário. Todo o volume restante, sobretudo o volume reservado para os dias de falhas no abastecimento público, deve permanecer no reservatório inferior, até o momento em que a sua utilização seja necessária. 31 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Observação É essencial nunca confundir o volume mantido à disposição para uso com a reserva para utilização eventual, em caso de necessidade. Como será visto mais adiante, a consideração desse conceito é vital tanto para o projeto quanto para a execução, sempre que a reserva para combate a incêndio for armazenada no mesmo reservatório superior destinado ao consumo. A reserva para combate a incêndio jamais pode ser utilizada para consumo, mesmo em caso de completa falta d’água. Compreendendo bem esses conceitos, além de se tornar mais difícil cometer erros, nem será necessário decorar fórmulas recomendadas para o cálculo dos volumes dos reservatórios superior e inferior, tais como: Volume do reservatório superior: VRS = 0,4 x Cd + VCIH + VAC Volume do reservatório inferior: VRI = 0,6 x Cd + N x Cd + VCIS + VAC Nessas expressões: • Cd é o valor do consumo diário. • VCIH é o valor do volume reservado para combate a incêndio com hidrantes, fornecido pelo projeto específico de prevenção e combate a incêndio, como será visto mais adiante. • VAC é o valor do volume de água necessário para ar-condicionado, quando o sistema empregado for central, que também será fornecido por projeto específico. • N é a quantidade de dias consecutivos em que poderá ocorrer falta de água na rede pública de abastecimento. • VCIS é o valor do volume reservado para combate a incêndio com sprinklers, fornecido pelo projeto específico de prevenção e combate a incêndio, caso o tipo de ocupação e as características da edificação exijam tal equipamento. 32 Unidade I Como é possível verificar, prescindindo-se dos volumes fornecidos por projetos específicos, a distribuição do volume total da reserva, nessa fórmula genérica, corresponde a 40% do consumo diário (Cd) mantido no reservatório superior e todo o restante no reservatório inferior, ou seja, VRS = 0,4 x Cd e VRI = 0,6 x Cd + N x Cd Ainda há uma importante questão relativa à forma de armazenar a reserva de água em condomínios, sobretudo naqueles destinados a múltiplos propósitos, que diz respeito tanto à poupança de energia elétrica quanto a uma tarifação justa dos serviços utilizados. A compreensão dessa questão pode ser mais fácil empregando-se um exemplo concreto, como o condomínio empresarial representado em planta na figura a seguir. Av. Uno A A 92,00 N RN = 100,00 Passeio público 99,00 98,00 101,00 102,00 100,00 101,7897,65 102,34 Rua Três 50,64 50 ,0 0 Figura 14 – Planta de um condomínio empresarial lançada no levantamento topográfico do terreno Esse condomínio será constituído de: • Um prédio para escritórios, com 18 andares. • Um prédio para um hotel, com 16 andares. • Um centro comercial, com lojas, restaurantes e lanchonetes, bem como as dependências destinadas à administração do condomínio, situadas no andar térreo, representado em cinza-escuro na planta da figura anterior. • Quatro andares para estacionamento, situados abaixo do pavimento térreo, representados em cinza-claro na mesma planta. 33 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS A figura a seguir ilustra um perfil esquemático desse condomínio, que inclui a linha indicativa do perfil natural do terreno (PNT), traçado a partir do corte A-A, também indicado na última figura. Corte A-A PNT Passeio Figura 15 – Perfil esquemático do condomínio, traçado a partir do corte A-A Imaginando essa edificação, com base nas duas figuras, de imediato fica claro que os reservatórios superiores devam ser separados, cada um oferecendo vazão e pressão para cada prédio. Contudo, considerando os volumes e os tipos de consumo, verifica-se que a melhor separação não seria tão simples assim. Para restaurantes e lanchonetes, a água é como que uma matéria-prima indispensável para os produtos que eles oferecem. Para o hotel, embora essencial para os serviços que ele presta, a água não é uma matéria-prima. Já para os escritórios e as lojas, mesmo sendo muito importantes, os serviços prestados podem prosseguir mesmo com uma interrupção temporária no abastecimento. Assim, torna-se interessante dividir os reservatórios superiores de acordo com os tipos de atividades. Com esse raciocínio, uma vantagem técnica adicional pode ser logo percebida. A água para as atividades do andar térreo não precisa ser recalcada por cerca 50 ou 60 metros de altura para depois ser distribuída. Esse tipo de complexo costuma dispor de um andar técnico entre o teto do andar térreo e o primeiro pavimento dos prédios. Esse andar técnico pode ser o local ideal para a instalação de reservatórios para restaurantes, lojas e administração. 34 Unidade I Lembrando que esse andar técnico pode situar-se a uma altura inferior a 10 metros em relação ao ponto de tomada na rede pública, nem sequer reservatório inferior e instalação de recalque serão necessários, reduzindo-se significativamente o custo fixo para tais atividades. Adicionando-se a questão da tarifação dos serviços utilizados a esse raciocínio, seria ainda mais justo que cada restaurante ou lanchonete tivesse o seu próprio reservatório, com entrada e hidrômetro exclusivos, fazendo com que cada um dos estabelecimentos fosse responsável apenas pelo seu próprio consumo. É bem verdade que, atualmente, a tarifação pode e vem cada vez mais sendo feita individualmente, para cada domicílio, inclusive com medição por telemetria. Todavia, caso um dos condôminos não possa pagar a sua conta, todos os demais terão que ratear essa conta, para não correr o risco de interrupção do fornecimento, pois como há uma única entrada, para a concessionária, o condomínio é o responsável pela conta inteira. Havendo uma entrada para cada restaurante, a interrupção no suprimento, por falta de pagamento, atingiria apenas o estabelecimento inadimplente, sem que os demais precisassem arcar com suas dívidas. A situação ideal para os consumidores seria aquela em que cada domicílio fosse o único responsável pelo seu consumo. Para as concessionárias, no entanto, seria impensável a instalação de tantas entradas e tantos medidores em cada endereço. Para restaurantes, porém, essa segmentação já se torna razoável, sobretudo em face do elevado valor do seu consumo diário. Dessa forma, reservatório inferior e instalações de recalque serão necessários apenas para o hotel e para o prédio de escritórios. Considerando tanto razões técnicas quanto tarifárias, continua sendo mais interessante separar as entradas, os reservatórios inferiores e as instalações de recalque. Do ponto de vista técnico, observando a planta do condomínio, nota-se que cada reservatório inferior pode ser instalado o mais próximo possível do núcleo do respectivo prédio, o que permite traçar a linha de recalque mais curta e mais direta, visando reduzir o total das perdas de carga, localizadas e distribuídas, e assim minimizar a altura manométrica necessária para as bombas de recalque. A disposição dos reservatórios, das suas linhas de abastecimento e das linhas de recalque, definidas com base nessas considerações, são esquematicamente representadas na figura a seguir. 35 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Corte A-A PNT Passeio 1 2 3 4 Figura 16 – Perfil esquemático dos reservatórios, abastecimento e instalações de recalque 1 – Reservatório superior para distribuição de água para os pontos de utilização do centro comercial e da administração do condomínio, com abastecimento e medição independente, direto da rede pública. 2 – Reservatórios superiores para distribuição para os pontos de utilização de restaurantes e lanchonetes, com abastecimento e mediçõesindependentes, direto da rede pública. 3 – Reservatório inferior, com abastecimento e medição independente, vinda da rede pública, e instalação de recalque para o reservatório superior do prédio de escritórios. 4 – Reservatório inferior, com abastecimento e medição independente, vinda da rede pública, e instalação de recalque para o reservatório superior do hotel. Exemplo de aplicação Para dimensionar o sistema de reserva de água potável para o condomínio empresarial apresentado anteriormente, foram levantadas as seguintes informações adicionais: • O empreendimento será construído em uma região onde o abastecimento de água na rede pública quase nunca falha e, quando ocorre, dura no máximo um dia. 36 Unidade I • O prédio para escritórios terá 18 andares, com área útil de 540 m2 por andar. • O prédio para o hotel terá 16 andares, com 123 quartos para 2 hóspedes, 234 quartos para 3 hóspedes, dos quais 56 podem acomodar uma cama extra, para um quarto de hóspede. Não serão oferecidos serviços de lavanderia nem almoço ou jantar. • O centro comercial terá uma área de 1.860 m2 destinada às lojas e ao espaço para a instalação de 14 restaurantes ou lanchonetes, cuja previsão é servir algo entre 2 mil e 3 mil refeições por dia. • Para a administração do condomínio, também situada no andar térreo, são previstos cerca de 40 funcionários. Definir e determinar os volumes dos reservatórios necessários para fornecer vazão e pressão adequadas em todos os pontos de utilização desse condomínio, empregando as duas primeiras tabelas deste livro-texto, para as estimativas de consumo diário de água e de população nas suas diversas dependências. Solução O primeiro passo consiste em determinar os valores de consumo diário (Cd) previstos para cada tipo de atividade, obtido pela expressão Cd = P x Cp Para o prédio de escritórios: P = 18 andares x 540 m andar x 1 pessoa 9 m = 1.080 pessoas 2 2 Cp = 50 litros/pessoa C = 1.080 pessoas x 50 litros pessoa = 54.000 l = 54 md 3 Para o hotel deve ser considerada a ocupação máxima: P = 123 x 2 hóspedes + 234 x 3 hóspedes + 56 hóspedes = 1.004 hóspedes Cp = 120 litros/hóspede Cd = 1.004 hóspedes x 120 litros/hóspede = 120.480 l 120,5 m 3 Para o conjunto de lojas do centro comercial: 37 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS P = 1.860 m x 1 pessoa 3 m = 620 pessoas2 2 Cp = 50 litros/pessoa C = 620 pessoas x 50 litros pessoa = 31.000 l = 31 md 3 Para a administração do condomínio: C = 40 pessoas x 50 litros pessoa = 2.000 l = 2 md 3 Para restaurantes e lanchonetes, deverá ser usada a previsão máxima de refeições a servir: C = 25 litros refeip ção C = 3.500 refei litros refeid ções x ção l m50 175 000 175 3= =. Considerando que podem ocorrer faltas d’água por um dia na rede pública, a reserva deve ser feita para um dia de consumo, para falhas eventuais, e mais um dia para essas falhas já esperadas. O sistema de reserva de água potável para esse condomínio pode ser definido com mesmas as divisões feitas anteriormente, da forma relacionada a seguir. 1 – O consumo do pessoal da administração, sendo tão baixo em relação aos demais, poderia ser incluído no consumo do centro comercial, demandando apenas o reservatório superior, com abastecimento e medição independente, direto da rede pública. Cd = 31 m 3 + 2 m3 = 33 m3 VRS = Cd + Cd = 33 m 3 + 33 m3 = 66 m3 2 – Para os restaurantes e lanchonetes, também é possível utilizar apenas os reservatórios superiores, com abastecimento e medições independentes, direto da rede pública, um para cada estabelecimento. Dada a impossibilidade de prever com maior precisão, o consumo diário de cada um poderá ser admitido como o valor do consumo total dividido pela quantidade de estabelecimentos. 38 Unidade I C = 175 m = 12,5 md 3 3 14 VRS = Cd + Cd = 12,5 m 3 + 12,5 m3 = 25 m3 3 – Para o prédio de escritórios serão necessários os dois reservatórios, superior e inferior, já que a carga na rede pública é insuficiente para abastecer diretamente o superior. Para o valor do consumo diário, Cd = 54 m 3, os respectivos volumes serão: VRS = 0,4 x Cd = 0,4 x 54 m 3 = 21,6 m3 VRI = 0,6 x Cd + 1 x Cd = 32,4 m 3 + 54 m3 = 86,4 m3 4 – Para o hotel, pelo mesmo motivo, também serão necessários os dois reservatórios, superior e inferior. Para o valor do consumo diário, Cd = 120,5 m 3, os respectivos volumes serão: VRS = 0,4 x Cd = 0,4 x 120,5 m 3 = 48,2 m3 VRI = 0,6 x Cd + 1 x Cd = 72,3 m 3 + 120,5 m3 = 192,8 m3 É importante salientar que esses volumes correspondem apenas aos volumes necessários para utilização de água potável. Outras reservas, objeto de projetos específicos, tais como de prevenção e combate a incêndio, ou sistema de ar-condicionado central, não foram considerados. Os reservatórios devem ser constituídos de dois compartimentos, ou células, para possibilitar a continuidade do funcionamento das instalações, mesmo em caso de necessidade de limpeza ou de manutenção. Assim, o serviço pode ser realizado em um dos compartimentos enquanto o outro continua em funcionamento. As próximas duas figuras apresentam, em planta, corte e vista externa da composição básica de um reservatório inferior predial, com a linha de alimentação, proveniente da rede pública, e as bombas de recalque para o reservatório superior. Bo m ba s d e re ca lq ue Bomba de descarga Canaleta de descarga Descarga Descarga Vem da rede pública VG VR VGVG Vai para o reservatório superior Reservatório inferior VG = Válvula de gaveta VR = Válvula de retenção Rede pública Figura 17 – Planta e corte esquemáticos do reservatório inferior, alimentação e recalque 39 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Vai para o reservatório superior Bombas de recalque Bomba de descarga VRVR VGVG Figura 18 – Vista externa do reservatório com o início da instalação de recalque 2.3 Instalações de recalque As instalações de recalque têm a finalidade de conduzir a água do reservatório inferior para o superior, por meio das bombas de recalque. Da mesma forma que os reservatórios devem ter dois compartimentos, para possibilitar a continuidade do funcionamento, a instalação de recalque também deve sempre contar com duas bombas. Nesse caso, porém, as bombas devem funcionar apenas uma de cada vez, ficando a outra de reserva. O funcionamento deve ser intermitente, ou seja, uma trabalha por uma quinzena, por exemplo, enquanto a outra fica parada. Na quinzena seguinte, a ordem se inverte, para que nenhuma delas permaneça muito tempo sem funcionar. O valor da vazão de recalque é definido em função do valor do consumo diário. A norma NBR 5626:1998 especifica que a bomba tenha capacidade para elevar, pelo menos, 15% do volume de consumo diário (Cd) em uma hora (ABNT, 1998). Para o edifício de escritórios do exemplo apresentado anteriormente, cujo volume para consumo diário será de 54 m3, o valor mínimo da vazão requerida para a instalação de recalque seria Q C hora m h m h l s l sd 15 15 100 54 1 8 10 8 100 3 600 2 25 3 3% , / . . , / Já para o hotel apresentado no mesmo exemplo, cujo volume para consumo diário será de 120,5 m3, o valor mínimo da vazão requerida para a instalação de recalque seria Q C hora m h m h l s l sd 15 15 100 120 5 1 18 08 8 080 3 600 5 02 3 3% , , / . . , / 40 Unidade I Tendo o valor da vazão de recalque, o diâmetro da tubulação deve ser definido de modo que a velocidade do escoamento permaneça entre 0,6 e 3 m/s. O diâmetro mínimo da tubulação de recalque pode ser determinado por meio da fórmula de Forchheimer, que relaciona o valor diâmetro (D), em metros, com o valor da vazão de recalque (Qr), em m3/s, e com o período de funcionamento diário (h), em horas, estimado para a bomba de recalque. D Qr h 13 24 4, Para a vazão mínima especificada pela norma, o tempo de funcionamento para elevar todo o volume correspondente ao consumo diário será de 6,7 horas. Para o referido edifício de escritórios,por exemplo, o valor mínimo do diâmetro requerido para a instalação de recalque seria D m s h h m 13 8 10 3 600 6 7 24 0 045 3 4, , . , , O diâmetro nominal (DN) imediatamente superior a esse é de 50 milímetros ou 0,050 metros. O valor da velocidade média do escoamento para a vazão mínima, com esse diâmetro de tubulação, seria Qr A m s m m s 8 10 3 600 0 025 115 3 2 , / . , , / Tendo o valor da vazão de recalque e do diâmetro da tubulação, é possível determinar o valor mínimo de altura manométrica (Hm) necessária para a bomba de recalque, ou seja, para fornecer a quantidade de energia necessária para que a água seja elevada do fundo do reservatório inferior até a entrada do reservatório superior, situada pouco acima do seu nível d’água máximo. O valor da altura manométrica, medida em metros de coluna de água (mca), é obtido com a soma do valor da diferença (∆z), em metros, entre o nível da entrada no reservatório superior e o nível da tomada d’água no reservatório inferior, com o valor da soma de todas as perdas de carga (hf), localizadas e distribuídas, que ocorrem ao longo da tubulação de recalque, expressa por Hm = ∆z + hf (em mca) A diferença (∆z), entre os níveis mencionados, é obtida diretamente do projeto da edificação, como o representado esquematicamente na figura a seguir. 41 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Reservatório superior Reservatório inferiorBomba 3. 00 4. 00 3. 50 9. 50 3. 50 Figura 19 – Corte esquemático da instalação de recalque de um edifício Observação O valor da diferença de níveis (∆z) corresponde à parcela de carga potencial na equação de Bernoulli, baseada no princípio de conservação da energia, expressa por 42 Unidade I h z p g z p g hf 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 constante O valor da perda de carga (hf) corresponde à parcela que completa tal equação, para os líquidos reais, como a água. Exemplo de aplicação As diversas alturas indicadas na figura anterior, medidas em metros, de piso a piso, correspondem a um prédio para escritórios, que terá 24 andares-tipo, como andar térreo e 3 andares abaixo do térreo para estacionamento. Determinar o valor da parcela de carga potencial (∆z) da linha de recalque correspondente à diferença entre os níveis dos pontos de tomada de água no reservatório inferior e de chegada no reservatório superior. Solução Considerando que a laje de fundo do reservatório inferior se situará no nível do piso do andar mais baixo, a diferença de altura entre o ponto de tomada d’água e o ponto de saída, calculada com os dados da figura anterior, será conforme descrito a seguir: Tabela 4 3 andares de estacionamento com 3 m de altura 9 m Andar térreo com 4 m de altura 4 m 24 andares-tipo com 3,50 m de altura 84 m Altura da saída do recalque, acima do teto do último andar 9,50 m Total 106,50 m O valor da parcela de carga potencial será ∆z = 106,50 m = 106,50 mca Para definir o valor mínimo de altura manométrica para a bomba de recalque, é preciso determinar o valor da parcela referente às perdas de carga na linha. 3 PERDAS DE CARGA EM INSTALAÇÕES PREDIAIS As perdas de carga ao longo de um escoamento são causadas tanto pelo atrito entre o líquido e as paredes do conduto quanto pela turbulência do próprio escoamento, em especial nos locais em que há mudanças na direção do fluxo. 43 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS O valor das perdas de carga sofre influência direta da rugosidade das paredes do conduto e também da velocidade do escoamento. Para facilitar o seu estudo, tais perdas são divididas em dois tipos: • Perdas de carga distribuídas, que ocorrem principalmente ao longo de todos os segmentos retilíneos da tubulação, devidas sobretudo ao atrito. • Perdas de carga localizadas, que ocorrem predominantemente nos locais em que há mudanças de direção no escoamento, devidas sobretudo à turbulência. Os valores das perdas de carga distribuídas podem ser calculados a partir de um valor unitário, isto é, de um valor por metro de tubulação, obtido em função da rugosidade do conduto e da velocidade do escoamento, que depende apenas da vazão e da área da seção transversal do tubo, ou seja, de seu diâmetro. Existem diversas formas de obter esse valor de perda de carga unitária, desenvolvidas experimentalmente por diversos pesquisadores ao longo do tempo, desde que Darcy e Weisback propuseram sua fórmula geral, por volta de 1850. h =f L D v 2gf 2 × × Uma das mais utilizadas é a fórmula de Hazen-Williams, apresentada em 1903, com o sobrenome dos dois pesquisadores que a desenvolveram, com base no tratamento estatístico dos resultados de uma ampla quantidade de experimentos, realizados por eles e também por outros pesquisadores de épocas anteriores. Essa fórmula, que se tornou uma das mais aceitas por causa de seu bom ajuste aos resultados obtidos na prática, relaciona o valor da perda de carga unitária (J), isto é, o valor da carga perdida em um metro de tubulação linear, com o valor da vazão (Q) do escoamento, o valor do diâmetro da tubulação (D) e o valor de um certo coeficiente (C), que depende tanto do material constituinte quanto da idade do tubo, sendo expressa por J Q C D 10 643 185 185 4 87, , , , O valor da perda de carga unitária (J) será obtido em metros de coluna de água por metro linear de tubulação (mca/m), devendo-se utilizar o valor da vazão (Q) em m3/s e o valor do diâmetro em metros (m). O valor do coeficiente C, para diversos tipos de material, com diferentes idades, são encontrados em tabelas obtidas experimentalmente, tais como a parcialmente apresentada a seguir, apenas a título de exemplo. 44 Unidade I Tabela 5 – Valores do coeficiente C para a fórmula de Hazen-Williams Material do tubo Novo 10 anos de uso 20 anos de uso Plástico (PVC) 140 135 130 Cobre 140 135 130 Aço galvanizado roscado 125 100 – Aço soldado com revestimento epóxico 140 130 115 Concreto com acabamento liso 130 – – Concreto com acabamento rugoso 130 120 110 Adaptada de: Azevedo Netto (2015). Tendo-se o valor da perda de carga unitária (J), em mca/m, e o valor total do comprimento (L) da tubulação linear, em m, que é obtido diretamente do projeto da linha, o valor total da parcela de perda de carga (hf) distribuída será obtido por hf = J x L (em mca) Com relação aos valores de perdas localizadas, seria bastante complexo calcular individualmente, tanto devido à sua multiplicidade quanto à variabilidade dos valores em função do material utilizado e da velocidade do escoamento. Uma solução bastante prática foi obter experimentalmente valores de perdas de carga localizada para as peças e materiais mais utilizados nas instalações comuns, para diferentes valores de velocidade média de escoamento, e estabelecer equivalências entre o tipo de peça e o comprimento de tubo linear que apresente o mesmo valor de perda. Sendo assim, para cada projeto de instalação hidráulica, o cálculo das perdas de carga localizada, em cada uma das singularidades, seria substituída por um valor de comprimento linear equivalente, somado aos comprimentos lineares. Ltotal = Llinear + Lequivalente (em m) Para calcular a perda de carga total, o valor da soma dos comprimentos, lineares e equivalentes, é multiplicado pelo valor da perda de carga unitária. hf = J x Ltotal (em mca) Dessa forma, foram geradas as denominadas tabelas de comprimentos equivalentes, para as singularidades dos materiais e diâmetros mais utilizados, como as tabelas apresentadas a seguir. 45 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Ta be la 6 – C om pr im en to s eq ui va le nt es , e m m et ro s, pa ra p er da s de c ar ga lo ca liz ad as e m t ub ul aç ão d e co br e ou d e PV C Di âm et ro Co to ve lo Cu rv a Tê 9 0º En tr ad a em tu bo Sa íd a de tu bo Vá lv ul a de p é e cr iv o Vá lv ul a de re te nç ão Re gi st ro de g lo bo Re gi st ro deg av et a Re gi st ro de â ng ul o 90 º 45 º 90 º 45 º Sa íd a di re ta Sa íd a de la do Sa íd a bi la te ra l N or m al Co m bo rd a Ti po le ve Ti po pe sa da m m po l 15 1/ 2 1, 1 0, 4 0, 4 0, 2 0, 7 2, 3 2, 3 0, 3 0, 9 0, 8 8, 1 2, 5 3, 6 11 ,1 0, 1 5, 9 20 3/ 4 1, 2 0, 5 0, 5 0, 3 0, 8 2, 4 2, 4 0, 4 1, 0 0, 9 9, 5 2, 7 4, 1 11 ,4 0, 2 6, 1 25 1 1, 5 0, 7 0, 6 0, 4 0, 9 3, 1 3, 1 0, 5 1, 2 1, 3 13 ,3 3, 8 5, 8 15 ,0 0, 3 8, 4 32 11 /4 2, 0 1, 0 0, 7 0, 5 1, 5 4, 6 4, 6 0, 6 1, 8 1, 4 15 ,5 4, 9 7, 4 22 .0 0, 4 10 ,5 40 11 /2 3, 2 1, 3 1, 2 0, 6 2, 2 7, 3 7, 3 1, 0 2, 3 3, 2 18 ,3 6, 8 9, 1 36 ,8 0, 7 17 ,0 50 2 3, 4 1, 5 1, 3 0, 7 2, 3 7, 6 7, 6 1, 5 2, 8 3, 3 23 ,7 7, 1 10 ,8 37 ,9 0, 8 18 ,5 60 21 /2 3, 7 1, 7 1, 4 0, 8 2, 4 7, 8 7, 8 1, 6 3, 3 3, 5 25 ,0 8, 2 12 ,5 38 ,0 0, 9 19 ,0 75 3 3, 9 1, 8 1, 5 0, 9 2, 5 8, 0 8, 0 2, 0 3, 7 3, 7 26 ,8 9, 3 14 ,2 40 ,0 0, 9 20 ,0 10 0 4 4, 3 1, 9 1, 6 1, 0 2, 6 8, 3 8, 3 2, 2 4, 0 3, 9 28 ,6 10 ,4 16 ,0 42 ,3 1, 0 22 ,1 12 5 5 4, 9 2, 4 1, 9 1, 1 3, 3 10 ,0 10 ,0 2, 5 5, 0 4, 9 37 ,4 12 ,5 19 ,2 50 ,9 1, 1 26 ,2 15 0 6 5, 4 2, 6 2, 1 1, 2 3, 8 11 ,1 11 ,1 2, 8 5, 6 5, 5 43 ,4 13 ,9 21 ,4 56 ,7 1, 2 28 ,9 Ad ap ta da d e: M ac in ty re (2 01 0) . 46 Unidade I Ta be la 7 – C om pr im en to s eq ui va le nt es p ar a tu bu la çã o de a ço g al va ni za do o u de f er ro f un di do Di âm et ro Co to ve lo d e 90 ª Co to ve lo Cu rv a 90 º Cu rv a 45 º En tr ad a tu bu la çã o Sa íd a do tu do Re gi st ro de ga ve ta Re gi st ro de gl ob o Re gi st ro de ân gu lo Tê 9 0º Vá lv ul a de p é e cr iv o Vá lv ul a de re te nç ão m m po l Ra io lo ng o Ra io m éd io Ra io cu rt o Ra io lo ng o Ra io m éd io N or m al Co m bo rd a Sa íd a di re ta Sa íd a la te ra l Sa íd a bi la te ra l Ti po le ve Ti po pe sa da 13 1/ 2 0, 3 0, 4 0, 5 0, 2 0, 2 0, 3 0, 2 0, 2 0, 4 0, 4 0, 1 4, 9 2, 6 0, 3 1, 0 1, 0 3, 6 1, 0 1, 6 19 3/ 4 0, 4 0, 6 0, 7 0, 3 0, 3 0, 4 0, 2 0, 2 0, 5 0, 5 0, 1 6. 7 3, 6 0, 4 1, 4 1, 4 5, 6 1, 6 2, 4 25 1 0, 5 0, 7 0, 8 0, 4 0, 3 0, 5 0, 2 0, 3 0, 7 0, 7 0, 2 8, 2 4, 6 0, 5 1, 7 1, 7 7, 3 2, 1 3, 2 32 11 /4 0, 7 0, 9 1, 1 0, 5 0, 4 0, 6 0, 3 0, 4 0, 9 0, 9 0, 2 11 ,3 5, 6 0, 7 2, 3 2, 3 10 ,0 2, 7 4, 0 38 11 /2 0, 9 1, 1 1, 3 0, 6 0, 5 0, 7 0, 3 0, 5 1, 0 1, 0 0, 3 13 ,4 6, 7 0, 9 2, 8 2, 8 11 ,6 3, 2 4, 8 50 2 1, 1 1, 4 1, 7 0, 8 0, 6 0, 8 0, 4 0, 7 1, 5 1, 5 0, 4 17 ,4 8, 5 1, 1 3, 5 3, 5 14 ,0 4, 0 6, 4 63 21 /2 1, 3 1, 7 2, 1 0, 9 0, 8 1, 0 0, 5 0, 9 1, 9 1, 9 0, 4 21 ,0 10 ,0 1, 3 4, 3 4, 3 17 ,0 4, 8 8, 1 75 3 1, 6 2, 1 2, 5 1, 2 1, 0 1. 3 0, 6 1, 1 2, 2 2, 2 0, 5 26 ,0 13 ,0 1, 6 5, 2 5, 2 20 ,0 6, 4 9, 7 10 0 4 2, 1 2, 8 3, 4 1, 5 1, 3 1, 6 0, 7 1, 5 3, 2 3, 2 0, 7 34 ,0 17 ,0 2, 1 6, 7 6, 7 23 ,0 8, 1 12 ,9 12 5 5 2, 7 3, 7 4, 2 1, 9 1, 6 2, 1 0, 8 2, 0 4, 0 4, 0 0, 9 43 ,0 21 ,0 2, 7 8, 4 8, 4 30 ,0 9, 7 16 ,1 15 0 6 3, 4 4, 5 4, 9 2, 1 1, 9 2, 5 1, 1 2, 5 5, 0 5, 0 1, 1 51 ,0 26 ,0 3, 4 10 ,0 10 ,0 39 ,0 12 ,9 19 ,5 Ad ap ta da d e: M ac in ty re (1 98 2) . 47 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Exemplo de aplicação O levantamento de um projeto de instalação de recalque, a ser executada com tubos de PVC e registros e válvulas de cobre, indica que ela terá, em cada linha, cerca 58 metros de tubos instalados na direção vertical, 9 metros em direção horizontal e as válvulas e conexões relacionadas a seguir. • 1 válvula de pé e crivo. • 3 registros de gaveta. • 1 válvula de retenção tipo leve. • 7 cotovelos de 90º. • 1 Tê de passagem direta. • 2 Tê de saída lateral. • 1 saída de tubulação. Determinar o valor do comprimento total dessa tubulação, para efeitos de cálculo de perdas de carga, com tubos e conexões de 50 e de 60 milímetros de diâmetro. Solução O valor do comprimento total será Ltotal = Llinear + Lequivalente (em m) O valor do comprimento linear será igual à soma dos comprimentos de tubos instalados tanto na direção vertical quanto na horizontal. Llinear = 58 m + 9 m = 67 m O valor do comprimento equivalente será igual à soma dos comprimentos equivalentes de todas as singularidades empregadas. Para a instalação com diâmetro de 50 milímetros, seria: Tabela 8 1 válvula de pé e crivo 23,7 m 3 registros de gaveta (3 x 0,8 m) 2,4 m 1 válvula de retenção tipo leve 7,1 m 7 cotovelos de 90º (7 x 3,4 m) 23,8 m 48 Unidade I 1 Tê de passagem direta 2,3 m 2 Tê de saída lateral (2 x 7,6 m) 15,2 m 1 saída de tubulação 3,3 m Total 77,8 m Para a instalação com diâmetro de 60 milímetros, seria: Tabela 9 1 válvula de pé e crivo 25 m 3 registros de gaveta (3 x 0,9 m) 2,7 m 1 válvula de retenção tipo leve 8,2 m 7 cotovelos de 90º (7 x 3,7 m) 25,9 m 1 Tê de passagem direta 2,4 m 2 Tê de saída lateral (2 x 7,8 m) 15,6 m 1 saída de tubulação 3,5 m Total 83,3 m O valor do comprimento total, para cada diâmetro, será: Para 50 mm: Ltotal = 67 m + 77,8 m = 144,8 m Para 60 mm: Ltotal = 67 m + 88,3 m = 155,3 m Retomando a questão do condomínio empresarial em estudo, tendo os valores mínimos da vazão de recalque e do diâmetro dessa tubulação para o prédio de escritórios, torna-se possível determinar os valores de perda de carga unitária e total dessa instalação. Para utilizar a fórmula de Hazen-Williams, considerando tubulação de PVC para mais de vinte anos, deve-se utilizar C = 130. O valor da vazão deve ser expresso em m3/s e o diâmetro em metros. Nesse caso, Q m s m s= =8 10 3 600 0 0023 3 3, . , / Para tubulação de 50 milímetros, D = 0,050 m J Q C D 10 643 10 643 0 0023 130 0 050 185 185 4 87 185 185 4, , , , , , , , , ,887 0 037 , /mca m 49 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Para tubulação de 60 milímetros, D = 0,060 m J Q C D 10 643 10 643 0 0023 130 0 060 185 185 4 87 185 185 4, , , , , , , , , ,887 0 015 , /mca m Com o valor da perda de carga unitária (J) e o valor do comprimento total da tubulação de recalque, linear mais equivalentes, o valor da perda de carga total (hf) pode ser obtido pela multiplicação hf = J x Ltotal (em mca) Para calcular o comprimento da tubulação vertical da linha de recalque para esse prédio, esquematicamente representado na figura a seguir, desde o nível do fundo do seu reservatório inferior (3) até a saída, no alto do reservatório superior, serão consideradas as alturas relacionadas a seguir. 1 2 3 Figura 20 – Corte esquemático da linha de recalque desse edifício 50 Unidade I Tabela 10 4 andares de garagens x 3 m de altura, de piso a piso 12 m 1 andar térreo x 6 m de altura, de piso a piso 6 m 1 andar técnico x 3 m de altura, de piso a piso 3 m 18 andares-tipo x 3,50 m de altura, de piso a piso 63 m Altura da última laje até a saída da linha 9,60 m Total 93,60 m É interessante salientar que o comprimento da tubulação vertical (Lvertical) e o desnível geométrico, que representa a parcela de carga potencial necessária (∆z), têm o mesmo valor, neste caso, 93,60 milímetros. Para o comprimento da tubulação instalada na direção horizontal, seria preciso ter o traçado completo da linha de recalque. Para esse caso, será suposto um valor aproximado de 5 metros. Assim, o valor da parcela de comprimento de tubulação linear será Llinear = Lvertical + Lhorizontal = 93,60 + 5 m = 98,60 m Para o cálculo do comprimento equivalente aos registros e conexões, também seria necessário o traçado completo da linha. Para não repetir cálculosfeitos há pouco, será admitida a mesma composição já calculada no exemplo de aplicação anterior, cujo comprimento equivalente é de 77,80 milímetros, para D = 50 milímetros. Sendo assim, para o cálculo da perda de carga na linha, o comprimento total da tubulação seria Ltotal = Llinear + Lequivalente = 98,60 + 77,80 m = 176,40 m Considerando que o valor da perda de carga unitária para a tubulação de PVC com 50 milímetros de diâmetro seja J = 0,037 mca/m, o valor da perda de carga nessa linha de recalque será h J L mca m m mcaf Total 0 037 176 40 6 53, , , A título de comparação, se fosse utilizada tubulação com 60 milímetros de diâmetro, o valor do comprimento linear continuaria o mesmo. Contudo, o total de comprimentos equivalentes passaria para 83,3 milímetros, e o valor do comprimento total seria Ltotal = Llinear + Lequivalente = 98,60 + 83,30 m = 181,90 m 51 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Como o valor da perda de carga unitária passaria a ser J = 0,015 mca/m, o valor da perda de carga nessa linha de recalque se tornaria h J L mca m m mcaf total 0 015 18190 2 73, , , Assim, é possível verificar que, ao aumentar o diâmetro da tubulação, cresceram os valores dos comprimentos equivalentes, mas tanto o valor da perda de carga unitária quanto o da perda de carga total diminuíram. O motivo para isso é que, quanto maior o diâmetro da tubulação, maior será a área da seção transversal e, de acordo com a equação da continuidade, para a mesma vazão, menor será a velocidade do escoamento, o que afeta diretamente tanto a resistência por atrito quanto a turbulência no fluxo. Adotando-se o diâmetro de 50 milímetros, o valor da carga monométrica (Hm) mínima para a bomba de recalque será Hm = ∆z + hf = 93,60 mca + 6,53 mca = 100,13 mca Com esse valor e o valor da mínima vazão de recalque exigida para esse prédio, calculada logo no início, ficam estabelecidos os dois parâmetros indispensáveis para a especificação da sua bomba de recalque. Q > 8,10 m3/h = 2,25 l/s e Hm> 100,13 mca Essa especificação significa que, para o prédio de escritórios do condomínio em estudo, a bomba de recalque deve ser capaz de, no mínimo, elevar uma vazão não inferior a 8,10 m3/s, ou 2,25 l/s, com uma carga manométrica superior a 100,13 mca. Lembrete Para uma dada vazão, quanto maior for o diâmetro da tubulação, menor será o valor da velocidade média do escoamento e, também, menor será o valor da perda de carga na linha. 4 LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA FRIA As linhas de distribuição de água fria compõem o conjunto de tubos e conexões responsáveis por manter a água potável disponível em cada ponto de utilização, em quantidade e com pressão adequadas ao uso. A quantidade disponível é definida basicamente em função do valor previsto para o consumo diário. O valor da pressão em cada ponto de utilização, durante o uso, ou seja, o valor da pressão 52 Unidade I dinâmica, definido pela carga hidrodinâmica (H) exercida no ponto, é determinado pela diferença entre o valor da carga hidrostática (∆z) disponível e o valor total das perdas de carga (hf) na linha de abastecimento desse ponto. H = ∆z – hf Para residências unifamiliares com reservatório próprio, alimentado diretamente da rede pública, como a representada na figura a seguir, o dimensionamento tanto da carga hidrostática (∆z) quanto das perdas de carga (hf) são razoavelmente simples. Hchuveiro = ∆zchuveiro – hf chuveiro Hbacia = ∆zbacia – hf bacia Hpia = ∆zpia – hf pia RN = 0,00 Rede pública zsaída ∆zchuveiro ∆zbacia ∆zpia 6,00 NA 3,20 0,40 Figura 21 – Perfil esquemático da linha de distribuição de água fria em uma residência Definindo-se as dimensões do reservatório e a posição da sua instalação, que deve ser a mais alta possível, bem como as posições dos pontos de utilização, o valor da carga hidrostática disponível para cada ponto estará definido, podendo ser medido diretamente, por diferença de alturas (∆z). Para o dimensionamento das perdas de carga, no entanto, não basta a definição de um perfil esquemático. O valor das perdas de carga depende da rugosidade do tubo, da velocidade do escoamento e do comprimento da tubulação. Sendo assim, para detalhar o projeto das linhas de distribuição de água fria, para qualquer tipo de prédio, dentro das especificações das normas técnicas, é preciso definir essas três variáveis: • A rugosidade, que será definida pelo material que constitui a tubulação. • A velocidade, que será definida, em cada seção, pelo valor da vazão e do diâmetro da tubulação. • O comprimento, linear mais equivalente, de cada segmento da tubulação com vazão constante. Antes de tudo, portanto, torna-se indispensável a definição do traçado das linhas de distribuição, desde o reservatório superior até cada ponto de utilização. 53 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS 4.1 Traçado das linhas de distribuição de água fria A definição das linhas de distribuição de água fria deve ser imaginada e traçada a partir das plantas e cortes do projeto arquitetônico, com a indicação da posição do reservatório e de todos os aparelhos de utilização a abastecer. Com as plantas e cortes do sobrado-tipo de um conjunto de casas geminadas, representadas pela figura a seguir, por exemplo, é possível ter uma visão abrangente, o que permite imaginar os percursos possíveis para a tubulação. Planta do pavimento superior A A B RG B B B A A Planta do pavimento térreo Figura 22 – Plantas do andar térreo e do superior da residência-tipo de um conjunto Os cortes A-A e B-B, indicados nessas plantas, foram definidos para permitir, em conjunto com as próprias plantas, a visualização de todos os pontos de utilização, permitindo a escolha do melhor traçado. Convém destacar que o melhor traçado será o mais direto e com a menor quantidade de singularidades possível, considerando sobretudo o percurso entre o reservatório e o ponto mais desfavorável em termos da carga dinâmica necessária para o seu bom funcionamento. Esse ponto, habitualmente, é um chuveiro, por ser o ponto com menor carga hidrostática (∆z) disponível. Como esse valor é limitado pelo projeto arquitetônico, ou seja, pela altura da cumeeira do 54 Unidade I telhado e pela altura do chuveiro, quanto menores forem as perdas de carga (hf) na linha que o abastece, maior será a carga dinâmica (H) resultante. O corte A-A, representado pela figura a seguir, permite visualizar percursos desde o reservatório superior até o tanque de lavar roupas, bem como medir segmentos lineares verticais e parte dos segmentos horizontais. Corte A-A RG RG Figura 23 – Corte A-A da residência-tipo Para permitir a visualização de possibilidades de linhas de distribuição para o banheiro com chuveiro, inclusive do traçado de uma linha exclusiva, que torne as suas condições de uso independentes da utilização no andar inferior, é necessário o corte B-B, indicado nas plantas ilustradas na figura das plantas do andar térreo. Os dois cortes representados na figura a seguir ilustram duas possibilidades para as linhas de distribuição para o banheiro com chuveiro: a primeira é uma linha ramificada de um ramal único, para toda a casa, denominada sub-ramal; e a outra é uma linha exclusiva, vinda direto do reservatório e tornando suas condições de uso independentes das utilizações no andar inferior. 55 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Corte B-B Corte B-B RG RGRG RG RP RP ∆z ∆z Figura 24 – Corte B-B da residência-tipo, com opções de linhas de distribuição O comprimento total da tubulação linear, horizontal e vertical, bem como o tipo e a quantidade de singularidades existentes em cada segmento, para a determinação dos seus comprimentos equivalentes, devem ser identificados e relacionados por meio da observação simultânea das plantas e de todos os cortes da edificação. Exemplo de aplicação Observando as opções de linhas de distribuição de água fria para o banheiro, apresentadas nos dois cortes da figura anterior, determinar o valortotal do comprimento da tubulação, linear mais equivalentes, do reservatório até o ponto de utilização do chuveiro, para o cálculo das perdas de carga em cada caso. Em ambos os casos, considerar que a tubulação seja de PVC, com diâmetro de 20 milímetros (3/4”), e que as alturas da entrada de água na tubulação, do registro de pressão (RP) e do ponto para a instalação do chuveiro, em relação ao piso do banheiro, respectivamente, sejam 3,80, 1,20 e 2,10 metros. Considerar também que a distância entre o registro de pressão e o segmento de tubo horizontal que alimenta apenas o chuveiro será cerca de 10 centímetros. Para a primeira opção, à esquerda, considerar que a soma dos comprimentos de tubos instalados na horizontal seja cerca de 1,90 metros, enquanto para a segunda opção, à direita, esse comprimento seja cerca de 80 centímetros. 56 Unidade I Solução Observando as figuras, é possível verificar que o valor dos comprimentos de tubos instalados na vertical, para as duas opções, será igual à diferença entre as alturas da entrada de água na tubulação e a altura do tubo horizontal que alimenta apenas o chuveiro, mais a diferença de alturas entre esse tubo e o ponto de instalação do chuveiro. Lvertical = (3,80 m – 1,10 m) + (2,10 m – 1,10 m) = 3,70 m Para a primeira opção, as singularidades e os valores de seus comprimentos equivalentes, de acordo com a tabela de comprimentos equivalentes para tubulação de cobre ou PVC, para tubo com 20 milímetros de diâmetro, são os seguintes: Tabela 11 1 entrada de água na tubulação, com borda 1 m 2 registros de gaveta (2 x 0,2 m) 0,4 m 1 registro de pressão 11,4 m 4 cotovelos de 90º (2 x1,2 m) 4,8 m 2 T com saída lateral (2 x 2,4 m) 4,8 m Soma dos comprimentos equivalentes 22,8 m Para calcular o valor da perda de carga nesse caso, o valor do comprimento total da tubulação será Ltotal = Lvertical + Lhorizontal + Lequivalente Ltotal = 3,70 m + 1,90 m + 22,80 m = 28,40 m Para a segunda opção, as singularidades e os valores de seus comprimentos equivalentes, de acordo com a tabela de comprimentos equivalentes para tubulação de cobre ou PVC, para o mesmo tubo com 20 milímetros de diâmetro, serão os seguintes: Tabela 12 1 entrada de água na tubulação, com borda 1 m 1 registro de gaveta 0,4 m 1 registro de pressão 11,4 m 3 cotovelos de 90º (3 x 1,2 m) 3,6 m 1 T com saída lateral 2,4 m Soma dos comprimentos equivalentes 18,8 m Para calcular o valor da perda de carga nesse caso, o valor do comprimento total da tubulação será 57 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Ltotal = Lvertical + Lhorizontal + Lequivalente Ltotal = 3,70 m + 0,80 m + 18,80 m = 23,30 m Para edifícios altos, com múltiplos andares semelhantes, como os destinados a uso residencial ou para prestação de serviços, a definição das linhas de distribuição de água fria é mais complexa do que para as residências de pequeno porte, mas deve seguir basicamente esses mesmos princípios. A tubulação tem início no reservatório superior, é dividida em tubos verticais que descem servindo todos os andares, denominados colunas de distribuição, de onde saem os ramais de distribuição para cada domicílio, os quais se subdividem em sub-ramais, destinados a abastecer os pontos de utilização por setores, ilustrados esquematicamente na figura a seguir. Reserva para uso diário Reserva para hidrantes Ramal de distribuição Medição Co lu na d e di st rib ui çã o Hidrantes Sub-ramal banheiro Aquecedor Figura 25 – Perfil esquemático de linhas de distribuição de água fria em prédio de múltiplos andares 58 Unidade I As diferenças começam já no reservatório superior. Esses prédios, qualquer que seja a sua finalidade, devem contar com uma rede de hidrantes para combate a incêndio, e, em geral, a reserva de água para os hidrantes fica junto com a água destinada a alimentar os pontos de utilização. Contudo, todo o volume de reserva para combate a incêndios tem que ser permanente, jamais podendo ser utilizado para qualquer outro fim. A separação dos volumes é feita de um modo bastante simples e engenhoso, esquematicamente representado na figura a seguir. Reserva para uso diário Reserva para hidrantes Hidrantes Limpeza/extravazor Co lu na d e di st rib ui çã o Co lu na d e di st rib ui çã o 7 8 1 3 2 4 5 6 Figura 26 – Detalhe do barrilete A entrada da tubulação de distribuição de água fria é instalada no nível correspondente ao nível máximo do volume da reserva para os hidrantes. Dessa forma, mesmo em caso de completa falta d’água, tanto no reservatório inferior quanto na rede pública, a água reservada para o combate a incêndio com os hidrantes não entrará na linha de distribuição. O reservatório superior, bem como o inferior, deve sempre ser constituído de dois compartimentos independentes, também denominados células, de modo a possibilitar as operações de limpeza e de eventuais manutenções, sem interromper o abastecimento dos pontos de utilização. O barrilete, isto é, a tubulação que liga o reservatório às colunas de distribuição, deve ser dotado de um conjunto de registros dispostos de modo a permitir todas as operações necessárias ao abastecimento contínuo do edifício. 59 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Observando esse conjunto em detalhe, representado na figura anterior, é possível imaginar o seu funcionamento para as mais diversas situações. Para uma limpeza periódica ou alguma manutenção do compartimento à direita, por exemplo, a sequência de operações nesse conjunto é a descrita a seguir: • Fechar o reabastecimento desse compartimento. • Fechar o registro 1, para que toda a água utilizada passe a vir apenas do compartimento à direita, de modo que todo o seu volume destinado ao uso diário possa ser aproveitado. • Fechar o registro 6, para que a água do compartimento à esquerda não passe para o compartimento à direita. • Fechar o registro 2 e reabrir o registro 1, para que o abastecimento das colunas de distribuição continue, agora vindo apenas do compartimento à esquerda. • Abrir o registro 8 da tubulação de limpeza, para esvaziar completamente esse compartimento. Assim, o abastecimento das linhas de distribuição permanece sem interrupção enquanto a limpeza ou o reparo são realizados. Ao fim, com o registro 8 já fechado, o reabastecimento desse compartimento e os registros 2 e 6 podem ser reabertos, normalizando o funcionamento do sistema. Caso seja necessário um reparo em alguma das colunas de distribuição, basta fechar seu respectivo registro, 3 ou 4 na figura, sem interromper o funcionamento normal da outra, ou outras, caso haja mais do que duas colunas. As colunas de distribuição são os condutos verticais que alimentam os ramais de distribuição, em geral um para cada domicílio, apartamento ou escritório. Cada ramal se divide em sub-ramais, visando dividir o abastecimento dos pontos de utilização por setores, tais como banheiros, cozinha e lavanderia, como os apresentados na figura do perfil esquemático de linhas de distribuição. Em edificações mais antigas, era comum o emprego de diversas colunas de distribuição, uma para cada setor, que visava economizar no comprimento da tubulação utilizada em cada ramal. Atualmente, porém, o custo da água e a tarifação justa tornaram-se bem mais significativos do que o custo da tubulação. Sendo assim, a distribuição mais correta passou a ser a instalação de apenas um ramal de distribuição para cada domicílio, com um medidor de consumo logo em sua entrada, fazendo com que cada domicílio seja o único responsável pelo seu consumo e, também, o principal beneficiado por sua economia. 60 Unidade I A localização ideal para as colunas de distribuição, por tais motivos e sobretudo para facilitar serviços de manutenção, é em um duto vertical, também conhecido por shaft, situado em área comum, geralmente no hall de escadas e elevadores, ilustrado na figura a seguir. 2. 00 .8 0 .2 0 .8 0 2. 00 1. 60 1. 00 1. 60 .6 0 .4 0 2. 40 1. 00 2.40 .4 0 .90 2.20 5.80 Ra m al d e di st rib ui çã o Colunas de distribuição 3.60 3.40 1.80 1.80.80 4.40 3.40 1.00 2.20 1.40 3.60 .80 1.20.90.4 0 .6 0 2. 60 1. 60 2. 80 3. 20 1. 00 1. 00 2. 00 .8 0 1. 80 1. 30 Figura 27 – Localização das colunas de distribuição em planta A quantidade de colunas de distribuição instaladas em cada edifício depende, basicamente, do consumo diário previsto, bem como do nível de conforto esperado. Considerando que cada coluna abastece toda uma prumada de domicílios, a rigor, bastaria uma coluna de distribuição. Em prédios residenciais, onde costumam ocorrer picos de consumo em certos horários, a elevação da vazão, concentrada em apenas uma coluna de distribuição, pode se tornar insuficiente para atender às vazões mínimas requeridas para cada aparelho de utilização. 61 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS O mínimo recomendável em qualquer prédio é a instalação de duas colunas ou de, pelo menos, uma coluna de distribuição para duas prumadas de apartamentos, como a instalação representada na figura anterior. O percurso dos ramais e sub-ramais de distribuição também deve ser traçado para facilitar a manutenção e eventuais reparos. Nos prédios mais recentes, a instalação mais usual é a tubulação percorrer pelo teto o máximo possível do caminho entre a coluna de distribuição e os pontos de utilização, descendo apenas já bem próximo a eles, como o representado esquematicamente na figura a seguir. Sub-ramal banheiro Ramal de distribuição Co lu na d e di st rib ui çã o Medição Aquecedor Figura 28 – Perfil esquemático da instalação de um ramal de distribuição Convém lembrar que o projeto de instalações hidráulicas deve respeitar o projeto arquitetônico e evitar toda interferência com os demais projetos complementares. Assim, o traçado da linha de distribuição de água fria deve considerar, em planta, os outros projetos, sobretudo o estrutural, evitando pilares como os ilustrados na figura a seguir e, sempre que possível, sem atravessar vigas, descendo por dutos, também conhecidos por shafts. Aquecedor Medição Figura 29 – Planta com o traçado da instalação de um ramal de distribuição Definido o traçado, é possível dar início ao dimensionamento propriamente dito da tubulação, o que significa definir o diâmetro necessário em cada segmento para obter-se a vazão e a pressão adequada para cada ponto de utilização. 62 Unidade I Esse dimensionamento deve ser realizado para cada segmento com vazão constante, em função do valor da vazão máxima prevista para o segmento, definida com base em valores de vazão especificados para os aparelhos de utilização situados a jusante, ou seja, que serão abastecidos através desse segmento. 4.2 Definição da vazão máxima em cada segmento da linha de distribuição A determinação do valor da vazão máxima em cada segmento de uma linha de distribuição de água fria deve seguir um dos critérios descritos a seguir: • critério do consumo máximo possível; • critério do consumo máximo provável. O critério do consumo máximo possível é empregado nas instalações prediais em que o uso mais comum é o total dos pontos de utilização serem acionados ao mesmo tempo. É o caso das instalações hidráulicas de vestiários de ginásios de esportes ou de indústrias, esquematicamente representadas na figura a seguir, por exemplo. A situação mais comum para essas instalações é aquela em que, ao fim de cada jogo, cada treino ou ao fim de cada turno de trabalho, todos os aparelhos serão utilizados ao mesmo tempo. Aquecedor de baixa pressão A B C F D G E H I J K Figura 30 – Perfil esquemático de linha de distribuição de água fria em vestiários Para esse tipo de instalação, a vazão máxima em cada segmento da tubulação equivale à soma das vazões especificadas para os aparelhos abastecidos por ele. A vazão máxima prevista para o segmento A-B, por exemplo, será apenas a vazão especificada para uma bacia sanitária. Para o segmento E-F, o valor da vazão máxima equivale à soma dos valores das vazões detalhadas para duas bacias e três lavatórios. Já para o segmento I-K, essa soma deve incluir mais quatro chuveiros. Contudo, para a maior parte das instalações prediais, a utilização de todos os aparelhos não costuma ser simultânea. O habitual é que um banheiro, por exemplo, seja utilizado por uma pessoa de cada vez, que não estará usando todos os aparelhos, ou seja, chuveiro, bacia sanitária e lavatório ao mesmo tempo. 63 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Para essas instalações, o critério empregado é o do máximo consumo provável, no qual a vazão em cada segmento de tubulação equivale a uma média ponderada da probabilidade de uso simultâneo das peças alimentadas por ele. As probabilidades de uso dos aparelhos sanitários mais comuns, determinadas estatisticamente a partir de dados experimentais, constituem um sistema de pesos, especificados pela norma brasileira NBR 5626:1998, conforme a tabela a seguir. Tabela 13 – Valores de pesos atribuídos a aparelhos sanitários em função da vazão mínima requerida Aparelho sanitário Peça de utilização Vazão (l/s) Peso Bacia sanitária Caixa de descarga 0,15 0,3 Válvula de descarga 1,70 32 Banheira Misturador (água fria) 0,30 1,0 Bebedouro Registro de pressão 0,10 0,1 Bidê Misturador (água fria) 0,10 0,1 Chuveiro ou ducha Misturador (água fria) 0,20 0,4 Chuveiro elétrico Registro de pressão 0,10 0,1 Lavadora de pratos ou de roupas Registro de pressão 0,30 1,0 Lavatório Torneira ou misturador 0,15 0,3 Mictório cerâmico Com sifão Sem sifão Válvula de descarga 0,50 2,8 Caixa de descarga 0,15 0,3 Mictório tipo calha Caixa de descarga ou registro de pressão 0,15/metro de calha 0,3 Pia Torneira ou misturador (água fria) 0,25 0,5 Torneira elétrica 0,10 0,1 Tanque Torneira 0,25 0,7 Torneira de jardim ou lavagem em geral Torneira 0,20 0,4 Fonte: ABNT (1998). O valor da vazão (Q) máxima provável, para cada segmento de tubulação, previsto pelos métodos das somas dos pesos, com base na soma dos pesos (P) atribuídos a todos os aparelhos sanitários que serão abastecidos por esse segmento, é obtido por meio da expressão Q P eml s 0 3, / Exemplo de aplicação O traçado da instalação de distribuição de água fria de certo imóvel residencial é representado esquematicamente na figura a seguir. 64 Unidade I Co lu na d e di st rib ui çã o Medição Aquecedor A B C E F G D K M H J I Ramal de distribuição Figura 31 – Perfil esquemático de linha de distribuição de água fria em certo imóvel residencial Considerando os valores constantes da tabela anterior e empregando o método da soma dos pesos, determinar os valores das vazões máximas previstas para os segmentos D-C, H-G, H-J, D-H e K-D. Solução O valor da vazão máxima provável, para um segmento de tubulação, é previsto com base na soma dos pesos atribuídos a todos os aparelhos sanitários que serão abastecidos por esse segmento, por meio da expressão Q P eml s 0 3, / Observando o desenho e a tabela anterior, verifica-se que os aparelhos sanitários que serão abastecidos através de cada um desses segmentos, seus valores de vazão mínima e seu peso serão Para o segmento D-C: • 1 chuveiro elétrico com registro de pressão: Q = 0,10 l/s (peso = 0,1) • 1 lavatório com misturador: Q = 0,15 l/s (peso = 0,3) • 1 bacia sanitária com caixa de descarga: Q = 0,15 l/s (peso = 0,3) Sendo assim, a vazão máxima prevista para o segmento D-C será Q l s 0 3 0 3 0 3 0 1 0 3 0 7 0 251, , , , , , , / Para o segmento H-G: • 1 pia com misturador (água fria): Q = 0,25 l/s (peso = 0,5) 65 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS • 1 lavadora de pratos com registro de pressão: Q = 0,30 l/s (peso = 1) • 1 filtro (bebedouro com registro de pressão: Q = 0,10 l/s (peso = 0,1) Dessa forma, a vazão máxima prevista para o segmento H-G será Q l s 0 3 0 5 1 0 0 1 0 3 16 0 38, , , , , , , / Para o segmento H-J: • 1 lavadora de roupas com registro de pressão:Q = 0,30 l/s (peso = 1) • 1 tanque com torneira: Q = 0,25 l/s (peso = 0,7) Então, a vazão máxima prevista para o segmento H-J será Q l s 0 3 1 0 0 7 0 3 17 0 39, , , , , , / Para o segmento D-H, os pesos serão iguais às somas dos pesos nos segmentos que ele abastecerá, ou seja, H-G e H-J: • 1 segmento H-G: soma de pesos = 1,6 • 1 segmento H-J: soma de pesos = 1,7 Sendo assim, a vazão máxima prevista para o segmento D-H será Q l s 0 3 16 17 0 3 3 3 0 55, , , , , , / Para o segmento K-D, os pesos serão iguais às somas dos pesos nos segmentos que ele abastecerá, ou seja, D-C e D-H: • 1 segmento D-C: soma de pesos = 1,0 • 1 segmento D-H: soma de pesos = 3,3 Então, a vazão máxima prevista para o segmento K-D será Q l s 0 3 1 0 3 3 0 3 4 3 0 63, , , , , , / 66 Unidade I Lembrete A definição do valor da vazão máxima em um segmento qualquer de uma instalação hidráulica predial deve utilizar um dos critérios expostos a seguir. Critério do consumo máximo possível, para instalações em que a situação mais comum corresponde a todos os pontos de utilização sendo acionados ao mesmo tempo, como é o caso de vestiários. Critério do consumo máximo provável, para a maior parte das instalações, nas quais a situação mais comum, em cada sub-ramal, corresponde ao uso de um aparelho de utilização de cada. A determinação dos valores de vazão máxima previstos para cada segmento deve prosseguir dessa forma, de jusante para montante, dos sub-ramais para os ramais, desses para a coluna de distribuição e para o barrilete, até o início da tubulação, situada no reservatório superior. 4.3 Definição do diâmetro mínimo para os segmentos da linha de distribuição Tendo os valores de vazão máxima e a especificação dos limites de velocidade média para o escoamento, é possível definir o valor mínimo de diâmetro necessário para cada segmento da tubulação, por meio da equação da continuidade. Q v A A Q v � � � � A velocidade média do escoamento, especificado pela norma NBR 5626:1998 para as instalações de água fria, em qualquer seção da tubulação, não deve ser inferior a 0,60 m/s nem superior a 3 m/s (ABNT, 1998). Com o valor mínimo de área da seção (A) necessário para cada segmento, o valor do diâmetro (D) mínimo necessário é obtido por A R D D D A 2 2 2 2 4 4 Entre os diâmetros nominais (DN) encontrados no mercado, o diâmetro a ser utilizado deve ser, no mínimo, aquele imediatamente superior ao valor calculado. 67 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Convém lembrar, no entanto, que o valor das perdas de carga é diretamente proporcional à velocidade média do escoamento. Assim, é permitido utilizar uma tubulação com diâmetro maior do que o obtido dessa forma, visando reduzir os valores de perda de carga em qualquer segmento das linhas de distribuição. Exemplo de aplicação O traçado da instalação de distribuição de água fria para um apartamento, cujo perfil esquemático já foi apresentado no exemplo anterior, bem como os valores de vazões máximas para alguns dos seus segmentos, também já calculados, são reapresentados a seguir. Co lu na d e di st rib ui çã o Medição Aquecedor A B C E F G D K M H J I Ramal de distribuição Figura 32 – Perfil esquemático de linha de distribuição de água fria em certo imóvel residencial • Segmento D-C: Qmáx = 0,25 l/s • Segmento H-G: Qmáx = 0,38 l/s • Segmento H-J: Qmáx = 0,39 l/s • Segmento D-H: Qmáx = 0,55 l/s • Segmento K-D: Qmáx = 0,63 l/s Considerando tais valores e o valor máximo de 3 metros/segundo para a velocidade média de escoamento, permitido pela norma, definir os valores mínimos de diâmetro nominal (DN) para cada um desses segmentos. Solução Os valores das áreas de seção (A), mínimos para cada segmento, podem ser obtidos em função dos valores da vazão (Q) e da velocidade (v) máximas, com a equação da continuidade, expressa por 68 Unidade I Q v A A Q v � � � � Com o valor mínimo necessário para a área da seção (A), o valor mínimo para o diâmetro (D) será obtido por A R D D D A 2 2 2 2 4 4 Em primeiro lugar, é necessário converter os valores para unidades compatíveis entre si, já que a vazão está expressa em litros/segundo e a velocidade em metros/segundo. Como o valor do diâmetro nominal é expresso em milímetros, o mais simples é passar litros para cm3, lembrando que 1 l = 1000 cm3, e metro para centímetro; acentua-se que 1 metro = 100 centímetros. Assim, os diâmetros nominais (DN) para os respectivos segmentos serão: • Para o segmento D-C: A Q v cm s cm s cm D cm cm cm � � � � � � � � 251 300 0 84 4 0 84 1 070 1 034 3 2 2 2 / / , , , , � 110 34, mm O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 15 milímetros. • Para o segmento H-G: A Q cm s cm s cm D cm cm cm 380 300 127 4 127 1627 127 1 3 2 2 2 / / , , , , 22 7, mm O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 15 milímetros. 69 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS • Para o segmento H-J: A Q cm s cm s cm D cm cm cm 390 300 130 4 130 1655 129 1 3 2 2 2 / / , , , , 22 9, mm O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 15 milímetros. • Para o segmento D-H: A Q cm s cm s cm D cm cm c 550 300 1833 4 1833 2 334 1528 3 2 2 2 / / , , , , mm mm15 3, O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 20 milímetros. • Para o segmento K-D: A Q cm s cm s cm D cm cm cm 630 300 2 10 4 2 10 2 674 1635 3 2 2 2 / / , , , , 116 35, mm O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 20 milímetros. Os valores mínimos de diâmetro nominal (DN) obtidos para cada segmento de uma instalação precisam ser respeitados, mas não rigorosamente obedecidos. É necessário verificar também o valor das perdas de carga nas linhas de abastecimento, para que a carga dinâmica resultante seja adequada para o bom funcionamento dos aparelhos de utilização. 70 Unidade I Eventualmente, por economia de escala ou qualquer outro motivo, é permitido o emprego de tubulação de maior diâmetro. Observação Considerando que a velocidade do escoamento influi diretamente no valor das perdas de carga, qualquer outro diâmetro nominal maior do que o assim obtido pode ser adotado, desde que o valor da velocidade média do escoamento não se torne inferior ao mínimo especificado. 4.4 Determinação dos valores de perdas de carga nas linhas de distribuição Após as definições do traçado da linha de distribuição de água fria, dos valores de vazão máxima e de diâmetro para cada segmento, bem como do material constituinte dos tubos e conexões, torna-se possível determinar os valores das respectivas perdas de carga e, também, da carga mínima resultante em cada ponto de utilização. A forma recomendada para determinar o valor da perda de carga (hf) em tubulações de água fria, como já foi visto, é definir o valor da perda de carga unitária (J), ou seja, da perda por metro de tubulação, e multiplicá-lo pelo valor do comprimento total (L), linear mais equivalentes, da tubulação, expresso por hf = J x (Llinear + Lequivalente) A perda de carga depende da velocidade do escoamento, e, por isso, o valor da perda de carga unitária (J) é calculado por segmentos de tubulação com diâmetro constante, para a vazão máxima prevista para cada segmento. Apesar de muitos projetistas preferirem a fórmula de Hazen-Williams para determinar o valor da perda de carga unitária, a norma NBR 5626:1998 recomenda o emprego da fórmula universal, caso os valores de rugosidade da tubulação sejam conhecidos, ou as expressões de Fair-Whipple-Hsiao, em caso contrário (ABNT, 1998). Com tais expressões, considerando o valor da vazão (Q) em litros/segundo e o valor do diâmetro interno (D) em milímetros, os valores de perda de carga unitária (J), em kPa/m, serão obtidos da seguinteforma: • para tubos rugosos, de aço carbono, galvanizado ou não J Q D 20 2 10 6 188 4 88 , , , 71 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS • para tubos lisos, de plástico, de cobre ou de liga de cobre J Q D 8 69 10 6 175 4 75 , , , O valor mínimo de pressão em qualquer ponto de utilização, estabelecido pela norma NBR 5626:1998, para condições dinâmicas, ou seja, com escoamento, é de 10 kPa, o que equivale a, aproximadamente, 1 mca. Em casos excepcionais, tais como caixas de descarga, é admitido um valor mínimo de 5 kPa, que equivale a, aproximadamente, 0,5 mca (ABNT, 1998). Já para a condição estática, o valor da pressão em qualquer ponto de utilização não deve ser superior a 400 kPa, o que equivale a 40 mca, aproximadamente. Para situações transitórias, devidas a transientes hidráulicos, conhecidos também por Golpe de Aríete, por exemplo, o valor máximo de pressão admitido é de 200 kPa. Exemplo de aplicação O projeto do sobrado-tipo de um conjunto de casas geminadas, contendo o traçado das linhas de distribuição de água fria, é representado, em plantas e corte, pelas duas figuras a seguir. No sub-ramal que abastece a cozinha e a área de serviços estão previstos pontos de utilização para uma máquina de lavar louças (LL) e outra de lavar roupas (LR). 1,15 1, 70 1, 10 1,1 5 2,00 A A A RG A 3,80 Planta do pavimento superior Planta do pavimento térreo Figura 33 – Plantas do sobrado-tipo, com aparelhos de utilização e linhas de distribuição de água fria 72 Unidade I 4, 30 1, 201, 40 RG C B A RG RPD RG Corte A-A 1, 00 0, 72 Figura 34 – Corte A-A, com aparelhos de utilização e linhas de distribuição de água fria Com base nessas informações, determinar A) Os valores de vazão máxima nos trechos entre os pontos A-B, B-C e B-D. B) Os valores mínimos de diâmetros nominais (DN) para esses trechos. C) Os valores das perdas de carga até o ponto de utilização do chuveiro e o da máquina de lavar roupas. D) Os valores de carga dinâmica, em condições normais de uso, no ponto do chuveiro e da máquina de lavar roupas. E) Os valores de carga dinâmica no ponto do chuveiro e da máquina de lavar roupas, quando o nível do reservatório estiver apenas 10 centímetros acima da entrada da linha de distribuição. Solução A) Para determinar os valores de vazão máxima nesse tipo de instalação, o critério a ser empregado é o das vazões máximas prováveis, cujo valor para cada segmento é estimado pelo método da soma de pesos, com a fórmula 73 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Q P eml s 0 3, / Observando os desenhos e a última tabela, verifica-se que os aparelhos sanitários que serão abastecidos através de cada um desses segmentos, seus valores de vazão mínima e seu peso serão: Para o trecho B-C: • 1 pia com torneira (água fria): Q = 0,25 l/s (peso = 0,5) • 1 lavadora de pratos com registro de pressão: Q = 0,30 l/s (peso = 1) • 1 tanque com torneira: Q = 0,25 l/s (peso = 0,7) • 1 lavadora de roupas com registro de pressão: Q = 0,30 l/s (peso = 1) Sendo assim, a vazão máxima prevista para o trecho B-C será Q l s 0 3 0 5 1 0 0 7 1 0 0 3 3 2 0 537, , , , , , , , / Para o trecho B-D: • 1 lavatório com misturador: Q = 0,15 l/s (peso = 0,3) • 1 bacia sanitária com caixa de descarga: Q = 0,15 l/s (peso = 0,3) • 1 chuveiro elétrico com registro de pressão: Q = 0,10 l/s (peso = 0,1) Então, a vazão máxima prevista para o trecho B-D será Q l s 0 3 0 3 0 3 0 1 0 3 0 7 0 251, , , , , , , / Para o trecho A-B, os pesos serão iguais às somas dos pesos nos trechos que ele abastecerá, ou seja, B-C e B-D: • 1 trecho B-C: soma de pesos = 3,2 • 1 trecho B-D: soma de pesos = 0,7 Dessa forma, a vazão máxima prevista para o segmento A-B será Q l s 0 3 3 2 0 7 0 3 3 9 0 592, , , , , , / 74 Unidade I B) O valor mínimo de diâmetro nominal (DN) para cada segmento é determinado a partir da equação da continuidade, com as fórmulas a seguir. Q A A Q D A 4 Para o trecho B-C: A Q l s m s cm s cm s cm D cm 0 537 3 0 537 300 179 4 179 2 3 2 2 , / , / / / , , ,2279 1510 15 102cm cm mm , , O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 20 milímetros. Para o trecho B-D: A Q cm s cm s cm D cm cm c 251 300 0 837 4 0 837 0 266 0 516 3 2 2 2 / / , , , , mm mm 5 16, O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 15 milímetros. Para o trecho A-B: A Q cm s cm s cm D cm cm c 592 300 1973 4 1973 2 513 1585 3 2 2 2 / / , , , , mm mm15 85, 75 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS O diâmetro nominal imediatamente superior a esse valor é DN = 20 mm. C) O valor da perda de carga (hf) até o ponto de utilização é determinado a partir dos valores de perda de carga unitária (J) e do comprimento total (L), linear mais equivalente, da linha que abastece esse ponto, com a fórmula hf = J x L O valor da perda de carga unitária para tubos lisos de plástico (PVC) pode ser obtido com a fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, em função do valor da vazão máxima prevista e do diâmetro da tubulação. J Q D 8 69 10 6 175 4 75 , , , O valor do comprimento total (Ltotal), linear mais equivalente, é obtido a partir da soma dos comprimentos de segmentos lineares (Llinear) de tubos com o total dos comprimentos equivalentes (Lequivalente) das válvulas e das conexões existentes na linha que abastece esse ponto. Com as dimensões lineares obtidas em plantas e cortes e os valores constantes da tabela de comprimentos equivalentes para tubulação de cobre ou PVC, o comprimento total será Ltotal = Lvertical + Lhorizontal + Lequivalente Valores da perda de carga unitária (J): Para o trecho A-B, Q = 0,592 l/s e D = 20 mm: J kPa mca m 8 69 10 0 592 20 2 295 0 23 6 175 4 75 , , , , / , , Para o trecho B-C, Q = 0,537 l/s e D = 20 mm: J kPa mca m 8 69 10 0 537 20 1935 0 194 6 175 4 75 , , , , / , , Para o trecho B-D, Q = 0,251 l/s e D = 15 mm: J kPa mca m 8 69 10 0 251 15 2 005 0 20 6 175 4 75 , , , , / , , 76 Unidade I Valor do comprimento total da tubulação desde a entrada, no reservatório, até o ponto B: Trecho A-B, com D = 20 mm: Lhorizontal = 1,15 m + 1,70 m + 1,15 m = 4 m Lvertical = 1 m Comprimentos equivalentes, conforme a tabela de comprimentos equivalentes para tubulação de cobre ou PVC, para D = 20 mm: Tabela 14 1 entrada de água na tubulação, com borda 1 m 1 registro de gaveta 0,2 m 1 cotovelo de 45º 0,5 m 2 cotovelos de 90º (2 x 1,2 m) 2,4 m 1 Tê de passagem direta 0,8 m Tê com saída lateral 2,4 m Soma dos comprimentos equivalentes 7,3 m Ltotal = Lhorizontal + Lvertical + Lequivalente Ltotal = 1,00 m + 4,00 m + 7,30 m = 12,30 m Valor do comprimento total da tubulação desde o ponto B até o ponto de utilização do chuveiro (Ch): Trecho B-Ch, com D = 15 mm: Lhorizontal = 1,15 m + 2,00 m + 3,15 m Lvertical = 1,40 m + 1,20 m = 2,60 m Comprimentos equivalentes, conforme a tabela de comprimentos equivalentes para tubulação de cobre ou PVC, para D = 15 mm: Tabela 15 1 registro de gaveta 0,1 m 1 registro de pressão (globo) 11,1 m 4 cotovelos de 90º (4 x 1,1 m) 4,4 m 2 Tê de passagem direta (2 x 0,7 m) 1,4 m Soma dos comprimentos equivalentes 17 m 77 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Ltotal = Lhorizontal + Lvertical + Lequivalente Ltotal = 3,15 m + 2,60 m + 17,00 m = 22,75 m Valor do comprimento total da tubulação desde o ponto B até o ponto de utilização da máquina de lavar roupas (LR): Trecho B-LR, com D = 20 mm: Lhorizontal = 3,80 m + 1,10 m = 4,90 m Lvertical = 4,30 m Comprimentos equivalentes, conforme tabela de comprimentos equivalentes para tubulação de cobre ou PVC, para D = 20 mm: Tabela 16 1 registro de gaveta 0,2 m 3 cotovelos de 90º (3 x1,2 m) 3,6 m 3 Tê de passagem direta (3 x 0,8 m) 2,4 m Soma dos comprimentos equivalentes 6,2 m Ltotal = Lhorizontal + Lvertical + Lequivalente Ltotal = 4,90m + 4,30 m + 6,20 m = 15,40 m O valor da perda de carga até o ponto de utilização do chuveiro será igual à soma das perdas de carga nos trechos A-B e B-Ch. Trecho A-B: h J L mca m m mcaf A B 0 23 12 30 2 83, , , Trecho B-Ch: h J L mca m m mcaf B Ch 0 20 22 75 4 55, , , Trecho A-Ch: hf (A – Ch) = hf (A – B) + hf (B – Ch) = 2,83 mca + 4,55 mca = 7,38 mca 78 Unidade I O valor da perda de carga até o ponto de utilização da máquina de lavar roupas será igual à soma das perdas de carga nos trechos A-B e B-LR. Trecho B-LR: h J L mca m m mcaf B LR 0 194 15 40 2 99, , , Trecho A-LR: hf (A – Ch) = hf (A – B) + hf (B – LR) = 2,83 mca + 2,99 mca = 5,82 mca D) O valor da carga dinâmica (H) num ponto de utilização é igual ao valor da carga estática (∆z) disponível nesse ponto menos o valor da perda de carga (hf) que ocorre ao longo do escoamento até esse ponto. H = ∆z – hf O valor da carga estática (∆z) é igual ao valor da diferença de nível entre o ponto de utilização e a superfície livre do reservatório. Observando o corte A-A é possível verificar que, em condições normais de uso, essa diferença de nível para o ponto do chuveiro será ∆z = 0,72 m + 1,00 m + 1,40 m – 1,20 m = 1,92 m = 1,92 mca Considerando o valor da perda de carga no escoamento do reservatório até o ponto do chuveiro, calculado no item C, o valor da carga dinâmica será H = ∆z – hf (A – Ch) = 1,92 m = 7,38 mca = – 5,46 mca É importante interpretar corretamente o significado desse resultado. O valor da pressão, ou da carga de pressão dinâmica resultante, além de ser inferior a 1 mca, ou 10 kPa, que é o valor mínimo estabelecido pela norma NBR 5626:1998 (ABNT, 1998), é também negativo. Essa situação, obviamente, não significa que a água escoaria até o ponto em que o valor da carga estática e o das perdas de carga se igualam e, a seguir, retornaria ou pararia por falta de carga. É certo que a água não pode perder 7,38 mca de carga, já que ela tem apenas 1,92 mca disponível para perder. 79 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS De fato, ao esgotar a carga estática disponível, cessa o escoamento e cessa a perda de carga. Como a saída do chuveiro também fica sujeita apenas à pressão atmosférica, assim como a superfície livre do reservatório, passa a ocorrer uma nova diferença de níveis, uma nova pressão estática e, de acordo com o princípio dos vasos comunicantes, um novo escoamento teria início. Na prática, essas etapas, por assim dizer, não ocorrem isoladamente, mas sim numa sequência imperceptível, que se manifesta apenas no resultado, com a água saindo lentamente, em pouca quantidade e com baixa velocidade. É nesses casos em que costumam ocorrer sucessivas quebras da resistência de chuveiros elétricos, principalmente nos meses de inverno. Para que isso não ocorra, ou para corrigir tais situações, há três soluções possíveis e fáceis de perceber observando-se a fórmula da pressão ou carga de pressão dinâmica. H = ∆z – hf A primeira é aumentar o valor da carga estática (∆z) disponível, elevando-se a posição do reservatório, por exemplo. A segunda possibilidade é reduzir o valor total das perdas de carga (hf), traçando um percurso mais direto, em primeiro lugar, e aumentando o diâmetro da tubulação, para reduzir a velocidade do escoamento, pois ela influi diretamente tanto no atrito quanto na turbulência do movimento, ambos responsáveis pelas perdas de carga. A terceira possibilidade é fazer as duas coisas, ou seja, aumentar a carga estática e reduzir as perdas de carga. Nesse exemplo em estudo, bem como em qualquer outro caso ainda em fase de projeto, a terceira possibilidade é plenamente viável e a mais recomendável. Existe ainda uma quarta possibilidade, inadmissível para obras ainda em fase de projeto, mas aceitável para construções já existentes, que é a introdução de um pressurizador na linha de distribuição. O motivo principal para evitar um pressurizador é a elevação do consumo de energia elétrica, sobretudo para uma época em que o correto é buscar a redução. Para determinar o valor da carga dinâmica, em condições normais de uso, no ponto da máquina de lavar roupas, observando o corte A-A é possível verificar que a diferença de nível entre a superfície do reservatório e esse ponto será ∆z = 0,72 m + 1,00 m + 4,30 m = 6,02 mca Considerando o valor da perda de carga no escoamento do reservatório até o ponto da máquina de lavar roupas, também calculado no item C, o valor da carga dinâmica será 80 Unidade I H = ∆z – hf (A – Ch) = 6,02 mca – 5,82 mca = 0,20 mca <0,50 mca Mesmo para esse ponto, que dispõe de uma carga estática (∆z) bem mais elevada do que a do chuveiro, a carga dinâmica é insuficiente. Sendo assim, a única conclusão lógica é providenciar as alterações previstas na terceira possibilidade examinada há pouco: • Elevar a cumeeira do telhado, aumentando sua inclinação, por exemplo, para permitir a elevação do reservatório, aumentando o valor da carga estática (∆z) disponível. • Refazer o traçado das linhas de distribuição, buscando um percurso mais direto para o chuveiro, que é o ponto mais desfavorável, aumentar o diâmetro da tubulação e, se necessário, criar uma linha direta para o chuveiro, visando reduzir ao máximo as perdas de carga (hf). E) Para determinar o valor da carga dinâmica (H) nesses pontos de utilização quando o nível do reservatório estiver apenas 10 centímetros acima da entrada da linha de distribuição, ou seja, quando houver falta d’água na rede pública e a água do reservatório estiver acabando, a única diferença será o valor da carga estática (∆z) disponível em tais pontos. O valor das perdas de carga (hf) ao longo do escoamento serão os mesmos. Para o ponto do chuveiro: ∆z = 0,10 m + 1 m + 1,40 m – 1,20 m = 1,32 m = 1,32 mca H = ∆z – hf (A – Ch) = 1,32 mca – 7,38 mca = – 6,06 mca Para o ponto da máquina de lavar roupa: ∆z = 0,10 m + 1 m + 4,30 m = 5,42 mca H = ∆z – hf (A – Ch) = 5,42 mca – 5,82 mca = – 0,40 mca Para o projeto das linhas de distribuição de água fria para edifícios com múltiplos andares, os princípios e conceitos fundamentais, bem como os procedimentos e cálculos, são os mesmos empregados até esse ponto. Contudo, a elaboração do projeto para essas edificações é significativamente mais complexa e trabalhosa. Considerando que o engenheiro autor do projeto deve manter consigo um memorial de cálculo com todo o seu dimensionamento, a norma NBR 5626:1998 (ABNT, 1998) recomenda o emprego de uma rotina e planilhas padronizadas, exemplificadas a seguir. 81 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS Saiba mais Orientações e informações mais amplas e detalhadas sobre as possibilidades de rotinas e planilhas podem ser encontradas no Anexo A da norma NBR 5626:1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5626 – Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. 4.5 Rotinas e planilhas A primeira providência recomendada é dispor de desenhos da edificação, em escala, contendo as posições dos aparelhos de utilização e, de preferência, já com o projeto de formas da estrutura, com localização de dutos, vigas e pilares. Esses desenhos podem ser perspectivas isométricas ou plantas e cortes. As linhas de recalque e de distribuição devem ser traçadas nesses desenhos, considerando as conexões disponíveis no mercado, evitando interferências com a estrutura, mas sempre visando ao percurso mais direto e mais curto possível até os pontos de utilização. A seguir, cada uma das derivações de tubos, denominadas nós, e cada ponto de utilização devem ser identificados por uma letra ou um número, de preferência em ordem crescente de montante para jusante. Dessa forma, será possível identificar cada trecho em que o diâmetro e a estimativa de vazão máxima serão constantes. Então, o dimensionamento de cada trecho, devidamente identificado, poderá ser realizado na sequência adequada, passo a passo, com o resultado de cada passo lançado em planilhas iguais ousemelhantes à apresentada a seguir. Quadro 1 – Modelo de planilha Trecho A-B B-C C-D D-E Soma dos pesos Vazão estimada (l/s) Diâmetro (mm) Velocidade (m/s) Perda de carga unitária (kPa/m) Comprimento linear horizontal (m) Comprimento linear vertical (m) Comprimento equivalente (m) Comprimento total (m) 82 Unidade I Trecho A-B B-C C-D D-E Perda de carga (kPa) Diferença de cotas (∆z em m) Pressão dinâmica resultante (kPa) Pressão dinâmica requerida (kPa) Adaptado de: ABNT (1998, p. 32). Resumo Tratamos os principais assuntos relativos ao abastecimento de água potável para as edificações em geral. Os princípios e conceitos básicos que norteiam as instalações prediais hidráulicas foram expostos e exemplificados, tanto do ponto de vista da própria hidráulica quanto do ponto de vista da economia de energia, da preservação e do conforto ambiental, ou da justa tarifação para remunerar o serviço prestado. Foram ilustradas questões relativas ao volume de consumo diário, variável em função do clima e dos próprios hábitos regionais, bem como em função do uso e da finalidade da edificação. Também foi estudado o dimensionamento tanto do volume necessário para o abastecimento regular quanto do volume a reservar para falhas eventuais ou frequentes no sistema de abastecimento público. A seguir, foi exemplificado um roteiro completo e detalhado de cada etapa do dimensionamento da instalação predial de água fria, a fim de manter água potável disponível em todos os pontos de utilização, em quantidade e pressão adequadas a cada tipo de uso. Exercícios Questão 1. (FURB 2019, adaptada) Tendo a NBR 5626:1998 como referência, analise as afirmativas sobre os reservatórios prediais de água fria e registre V para as verdadeiras e F para as falsas: ( ) O volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no mínimo, o necessário para 24 horas de consumo normal no edifício, sem considerar o volume de água para combate a incêndio. ( ) O volume de água reservado para residências de pequeno tamanho, recomendado pela referida norma, é de, no mínimo, 500 litros. ( ) O volume de água reservado para edifícios de grande porte, recomendado pela referida norma, é de, no máximo, 15.000 litros. 83 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS ( ) A extremidade da tomada de água no reservatório deve ser elevada em relação ao fundo desse reservatório para evitar a entrada de resíduos eventualmente existentes na rede predial de distribuição. Assinale a alternativa com a sequência correta: A) F – F – V – F. B) V – V – V – F. C) F – V – F – V. D) V – V – F – V. E) V – V – V – V. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas (V) O volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no mínimo, o necessário para 24 horas de consumo normal no edifício, sem considerar o volume de água para combate a incêndio. Justificativa: o item 5.2.5.1 informa que o volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no mínimo, o necessário para 24 horas de consumo normal no edifício, sem considerar o volume de água para combate a incêndio. (V) O volume de água reservado para residências de pequeno tamanho, recomendado pela referida norma, é de, no mínimo, 500 litros. Justificativa: o item 5.2.5.1 recomenda que, no caso de residência de pequeno tamanho, a reserva mínima deve ser de 500 litros. (F) O volume de água reservado para edifícios de grande porte, recomendado pela referida norma, é de, no máximo, 15.000 litros. Justificativa: o volume é reservado em função da localização do edifício. Caso a região onde o prédio for construído não apresente faltas d’água habituais no abastecimento da rede pública, a reserva será feita para um dia de consumo. Se o prédio for construído numa região em que as falhas no abastecimento público são frequentes, a reserva deverá ser proporcional ao tempo que costuma durar a falta d’água, isto é, à quantidade de dias consecutivos sem fornecimento. (V) A extremidade da tomada de água no reservatório deve ser elevada em relação ao fundo desse reservatório para evitar a entrada de resíduos eventualmente existentes na rede predial de distribuição. 84 Unidade I Justificativa: o item 5.2.5.6 informa que a extremidade da tomada de água no reservatório deve ser elevada em relação ao fundo desse reservatório para evitar a entrada de resíduos eventualmente existentes na rede predial de distribuição. Questão 2. (FCC 2017) Para a instalação de um chuveiro foram utilizados 4,4 m de tubulação de diâmetro de 19 mm, 1 Tê de saída de lado, 1 Tê de passagem direta, 5 cotovelos de 90º e 2 registros de gaveta abertos. Os comprimentos equivalentes das singularidades são: Tê de saída de lado: 1,4 m; Tê de passagem direta: 0,4 m; cotovelo de 90º: 0,7 m e registro de gaveta aberto: 0,1 m. As perdas por singularidade representam, em relação às perdas por atrito da tubulação retilínea, o percentual de: A) 125%. B) 150%. C) 110%. D) 90%. E) 75%. Resposta correta: alternativa A. Análise da questão Tabela 17 Item Quantidade Perda de carga unitária Perda de carga total Tubulação 4,4 m 1 m 4 m Tê de saída lateral 1 1,4 m 1,4 m Tê de passagem 1 0,4 m 0,4 m Cotovelo 90º 5 0,7 m 3,5 m Registro 2 0,1 m 0,2 m As perdas de carga referentes às singularidades estão na tabela a seguir: Tabela 18 Item Quantidade Perda de carga unitária Perda de carga total Tê de saída lateral 1 1,4 m 1,4 m Tê de passagem 1 0,4 m 0,4 m Cotovelo 90º 5 0,7 m 3,5 m Registro 2 0,1 m 0,2 m Perda de carga referente às singularidades 5,5 m 85 INSTALAÇÕES PREDIAIS HIDRÁULICAS A relação percentual (R%) entre a perda de carga das singularidades (hs) e a perda de carga da tubulação (hT) fica: R h h R m m R s T % % % , % % % � � � � � 100 5 5 4 100 125