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Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL Meu nome é Laís Fumincelli. Sou enfermeira graduada pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP) e doutora pelo Programa de Enfermagem Fundamental da mesma instituição. Atuei como enfermeira no Hospital Escola Municipal – Prof. Dr. Horácio Carlos Panepucci (Enfermaria e Pronto Atendimento Pediátrico) e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (Enfermaria Pediátrica e CTI Pediátrico). Claretiano – Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais Laís Fumincelli Batatais Claretiano 2019 ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL © Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP) Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia Aparecida Ribeiro • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 610.7362 F976e Fumincelli, Laís Enfermagem pediátrica e neonatal / Laís Fumincelli – Batatais, SP : Claretiano, 2019. 130 p. ISBN: 978-85-8377-576-8 1. Enfermagem pediátrica. 2. Recém-nascido. 3. Criança. 4. Adolescente. 5. Cuidados hospitalares. I. Enfermagem pediátrica e neonatal. CDD 610.7362 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação Título: Enfermagem Pediátrica e Neonatal Versão: fev./2019 Formato: 15x21 cm Páginas: 130 páginas SUMÁRIO CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 12 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 16 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 17 5. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 18 UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 21 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 22 2.1. ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE PEDIÁTRICA HOSPITALAR...................... 22 2.2. CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO ........................... 25 2.3. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE ......... 32 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 53 3.1. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA ................................................................................................. 54 3.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA NEONATAL ............................................................ 56 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 59 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 60 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 61 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 63 UNIDADE 2 – ESPECIFICIDADES DO CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 67 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 68 2.1. BRINQUEDO TERAPÊUTICO .................................................................... 68 2.2. CUIDADO DA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS DE SAÚDE: ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO .................................................................... 76 2.3. ASSISTÊNCIA À DOR EM PEDIATRIA ...................................................... 80 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 83 3.1. SEGURANÇA DO PACIENTE NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PEDIATRIA ................................................................................................. 83 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 86 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................. 88 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 89 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 90 UNIDADE 3 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA EM SITUAÇÕES DE RISCO E VULNERABILIDADE SOCIAL 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 95 2.1. SITUAÇÕES DE RISCO E VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA ................................ 96 2.2. VULNERABILIDADE SOCIAL, INFÂNCIA E A REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE ....................................................................................................... 98 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 102 3.1. PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA ....... 102 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 104 5. CONSIDERAÇÕES ............................................................................................ 106 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 106 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 107 UNIDADE 4 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 111 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ............................................................. 112 2.1. DISFUNÇÃO RESPIRATÓRIA.................................................................... 113 2.2. CHOQUE OU INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ............................................... 115 2.3. TRAUMA ................................................................................................... 117 2.4. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) ................................................ 118 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ................................................................ 124 3.1. SERVIÇOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ............................................. 124 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ....................................................................... 126 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 127 6. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 129 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 129 7 CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Conteúdo Cuidados de Enfermagem ao recém-nascido, à criança e ao adolescente na família e em instituições de ensino e atenção à saúde. Aspectos de estrutura, organização e funcionamento das unidades de atendimento à criança. Medi- das para proteção da criança e controle de infecções nas unidades de interna- ção neonatal e pediátrica. A recreação em unidades de internação pediátrica. A alimentação da criança hospitalizada. Cuidados de Enfermagem ao recém- nascido, à criança e ao adolescente nas situações de agravo à saúde. Bibliografia Básica FONSECA, A. S. Enfermagem Pediátrica. 1. ed. São Paulo: Martinari, 2013. HOCKENBERRY, M. J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. LOPEZ, F. A.; CAMPOS JR., D. C. (Orgs.). Tratado de Pediatria. 2. ed. Barueri: Manole, 2010. 2v. Bibliografia Complementar ALMEIDA, F. A. A; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. 1. ed. Manole: São Paulo, 2008. BOWDEN, V. R. Procedimentos de Enfermagem Pediátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Volume 1: Cuidados gerais. 2. ed. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 8 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO ELSEN, I.; SOUZA, A. J.; MARCON, S. Enfermagem à família: dimensões e perspectivas. Maringá: Eduem, 2011. FUJIMORI, E.; OHARA, C. V. S. Enfermagem e a saúde da criança na atenção básica. Barueri: Manole, 2009. É importante saber Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes: Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber. Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se- lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos, não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu- ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató- rios, para efeito de avaliação. 9© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1. INTRODUÇÃO Prezado aluno(a), seja bem-vindo(a)! Iniciaremos o estudo de Enfermagem Pediátrica e Neona- tal, por meio do qual você obterá as informações necessárias para o embasamento teórico da sua futura profissão e para as atividades que serão desenvolvidas. Procuramos elaborar um conteúdo capaz de proporcionar fun- damentos para o posicionamento humanista, ético e crítico-reflexivo de um futuro enfermeiro comprometido com a assistência à saúde do recém-nascido, da criança e do adolescente, com foco no cuidado centrado na família, em especial no ambiente hospitalar. Em uma situação de agravo à saúde, em que a hospital- ização se faz necessária, é importante que o enfermeiro esteja apto a avaliar o desenvolvimento da criança e planejar adequa- damente a abordagem e a assistência, bem como utilizar recur- sos que atendam às necessidades biopsicossociais e minimizem os efeitos danosos desse período de internação para a criança. Nesse sentido, é indispensável compreender as peculiari- dades de cada etapa da infância, assim como identificar e ofe- recer condições socioambientais favoráveis ao seu crescimento e desenvolvimento, mesmo durante um período de hospitaliza- ção. Por essa razão, o conhecimento sobre o crescimento e de- senvolvimento infantil é essencial para todos os profissionais da saúde que lidam com crianças. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que o termo "criança" indica indivíduos na faixa etária de zero a 12 anos incompletos, enquanto "adolescente" compreende os de 12 a 18 anos completos. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) – Portaria nº 10 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 1.130/2015 –, por sua vez, considera a criança como o indivíduo na faixa etária de zero a nove anos e a primeira infância com- preendendo de zero a cinco anos. Neste estudo, vamos consid- erar os seguintes estágios de crescimento e desenvolvimento: recém-nascido (do nascimento a 30 dias de vida), lactente (de 30 dias a um ano de idade), infante/toddler (de um a três anos), pré-escolar (de três a cinco anos), escolar (de seis a 12 anos) e adolescente (de 12 a 18 anos). Vale ressaltar que a atenção à saúde da criança e do ado- lescente no país está se transformando em função de influências do período histórico, de mudanças nos perfis epidemiológicos e demográficos da população, de avanços no conhecimento técni- co-científico, de maior participação de pais/responsáveis e famí- lia nos cuidados de saúde e de envolvimento de vários agentes e segmentos da sociedade. Conforme relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef (2015), nestes últimos anos, a proporção de crianças e adolescentes em relação à população brasileira vem diminuindo em razão da tendência de envelhecimento do país. Atualmente, o Brasil possui aproximadamente 60 milhões de cri- anças e adolescentes entre zero e 19 anos. Conforme o Censo Demográfico de 2010, de 1991 a 2010, a parcela de cidadãos de até 19 anos caiu de 45% para 33%. Essa transformação demográ- fica encontra explicações na redução de duas taxas importantes: a de fecundidade e a de mortalidade. O modelo de atenção à saúde centrado na criança e em sua família é abordado no decorrer das quatro unidades. A im- portância do crescimento e do desenvolvimento, das reações psicossociais na infância e adolescência, da interação com o meio ambiente em que cresce e se desenvolve a criança, da ne- 11© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO cessidade de educar, de compreender o impacto emocional da doença e da hospitalização na criança, no adolescente e na famí- lia são aspectos extremamente relevantes no cuidado em saúde e, em especial, na assistência de Enfermagem. A equipe de saúde em uma unidade de internação pedi- átrica busca oferecer uma assistência atraumática, ou cuidado sem trauma. Trata-se de uma filosofia do cuidado terapêutico que utiliza intervenções que minimizam o desconforto físico, psi- cológico, emocional e cultural que as crianças e seus familiares experimentam no sistema de atenção à saúde. Tais intervenções variamconforme a faixa etária, com abordagens psicológicas es- pecíficas, como a preparação das crianças para os procedimen- tos e para as intervenções físicas, até a provisão de espaço para o universo da criança, como brinquedoteca. Entre os cuidados realizados pela equipe de Enfermagem, coordenada pelo enfermeiro, é possível citar: medidas para fa- cilitar o relacionamento entre pais e filhos; preparação prévia da criança para qualquer tratamento e procedimento; controle da dor; garantia de privacidade da criança; oferecimento de ativi- dades lúdicas para que ela possa expressar seus medos e sua agressividade; minimização da perda de controle; e respeito às diferenças individuais, familiares e culturais. A doença e a hospitalização constituem as primeiras crises com as quais as crianças e suas famílias se deparam. Trata-se de uma situação crítica para qualquer indivíduo, com maior rele- vância e impacto na vida da criança, uma vez que acarreta mu- danças de vida para toda a família. Na Unidade 1, trabalharemos a estrutura e a organização de uma unidade hospitalar pediátrica. Desse modo, poderemos prosseguir na discussão e nos estudos sobre os aspectos relacio- 12 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO nados aos cuidados de Enfermagem a recém-nascidos, crianças e adolescentes, considerando uma assistência em saúde centrada na família que seja de qualidade e garanta a segurança da criança e dos familiares, bem como a humanização e os aspectos éticos e legais. Nesse sentido, inserimos as demais unidades de estudo com pontos específicos do cuidado em saúde e assistência de Enfermagem, tais como situações de vulnerabilidade e urgência e emergência infantojuvenil. A assistência à saúde da criança ain- da se encontra em processo de construção, juntamente com a assistência à saúde em geral, do modelo centrado na patologia e na criança para um modelo de construção de redes e inclusão da família no cuidado integral. Vamos iniciar esse desafio? Convidamos você a percorrer as unidades de estudo, sem esquecer-se da grande responsabi- lidade que terá de agora em diante ao trabalhar os cuidados de Enfermagem pediátrica e neonatal. 2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí- nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci- mento dos temas tratados. 1) Acidente: evento causador de injúria não intencional, ocorrido por acaso ou oriundo de causas desconheci- das ou por um acontecimento desastroso em razão de falta de cuidado, atenção ou ignorância. 2) Avaliação de Enfermagem: a avaliação envolve o exa- me de todas as outras etapas do processo de Enfer- magem. A avaliação crítica é chave para a excelência 13© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO na Enfermagem, ou seja, é necessária uma avaliação cuidadosa, deliberada, dos vários aspectos para que o paciente receba um plano de cuidado individualizado, qualificado e eficaz. 3) Choque ou insuficiência cardíaca: transferência ina- dequada de oxigênio e nutrientes para atender às de- mandas metabólicas dos tecidos, com consequências fisiológicas de hipotensão, hipóxia do tecido e acidose metabólica. 4) Coleta de dados: processo permanente, iniciado na admissão do paciente e que continua até a alta. No primeiro momento, coletam-se as informações sobre o estado de saúde do paciente por meio de pessoas sig- nificativas (familiares, profissionais de saúde, entre ou- tros), registros clínicos anteriores, entrevista e exame físico. Em seguida, identificam-se os dados significati- vos e as partes relacionadas das informações obtidas são agrupadas para ajudar a identificar e decidir como estabelecer as prioridades conforme as necessidades básicas do indivíduo. 5) Crescimento infantil: consiste no aumento de massa corporal e nas modificações quantitativas decorren- tes de hipertrofia e hiperplasia celular, podendo ser mensurável. 6) Crianças com necessidade especiais de saúde: pacien- tes que necessitam de cuidados especiais no domicí- lio, além daqueles oferecidos a crianças e adolescentes em desenvolvimento. 7) Cuidado centrado na família: cuidado que reconhe- ce a família como uma constante na vida da criança, 14 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO devendo os profissionais de saúde apoiar, respeitar e encorajar, potencializando a sua força e competência, desenvolvendo uma parceria com os pais. 8) Desenvolvimento infantil: processo de aquisição de novas funções, que leva a modificações qualitativas e graduais e à expansão nas atividades do indivíduo. 9) Diagnósticos de Enfermagem: diagnóstico em que são identificadas as necessidades básicas afetadas e o grau de dependência do paciente em relação à Enferma- gem para o seu atendimento. 10) Disfunção respiratória: trata-se de uma dificuldade respiratória caracterizada por sinais de aumento do trabalho respiratório, incluindo taquipneia, batimento de asa nasal, uso de musculatura acessória da respira- ção e retrações inspiratórias. 11) Família: grupo social que consiste de pais ou pais subs- titutos e crianças. 12) Hospitalização: unidade destinada à acomodação e à assistência de pacientes internados, pacientes que ne- cessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas. 13) Implementação de Enfermagem: prescrição de Enfer- magem posta em ação, ou seja, o processo de colocar o plano de cuidados em prática e avaliar seus resultados. 14) Neonatologia: subespecialidade de Pediatria, voltada para a criança recém-nascida. 15) Pediatria: especialidade médica voltada à manutenção da saúde e à oferta de cuidados médicos às crianças, desde o nascimento até a adolescência. 15© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO 16) Parada cardiorrespiratória: quadro de desconforto respiratório e suas consequências imediatas, a falên- cia respiratória e o estado de choque compensado ou trauma acentuado. 17) Planejamento de Enfermagem: processo de atender às prioridades urgentes, esclarecer as metas e os re- sultados esperados, decidir sobre os problemas que devem ser registrados, determinar as intervenções de Enfermagem individualizadas e garantir que o plano seja adequadamente registrado. 18) Pré-operatório imediato: período que compreende as 24 horas imediatamente anteriores à cirurgia. 19) Período transoperatório: período que compreende desde o momento em que o paciente é recebido na unidade de centro-cirúrgico até sua saída da sala de operações. 20) Período intra-operatório: período que compreende do início ao término do procedimento anestésico-ci- rúrgico, incluído no período transoperatório. 21) Período pós-operatório imediato: período que com- preende as primeiras 24 horas após o procedimento anestésico-cirúrgico, incluindo o tempo de permanên- cia na sala de recuperação pós-anestésica. 22) Período pós-operatório imediato: período iniciado após as primeiras 24 horas e comumente descrito como primeiro, segundo, terceiro, e assim sucessiva- mente, dias de pós-operatório (por exemplo, 1º PO). 23) Período pós-operatório tardio: período que varia de acordo com o tipo e a complexidade da cirurgia, po- 16 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO dendo compreender desde 15 dias até cerca de um ano após o procedimento anestésico-cirúrgico. 24) Segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitá- vel, do risco de um dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. 25) Serviços de saúde da criança: serviços organizados para proporcionar assistência integral à saúde da crian- ça, abrangendo seus aspectos físico, psíquico e social. 26) Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE): atividade privativa do enfermeiro, o qual, por um mé- todo e uma estratégia de trabalho científico, realiza a identificação das situações de saúde/doença, subsi- diando a prescrição e a implementação das ações de assistênciade Enfermagem, que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilita- ção em saúde do indivíduo, da família e da comunida- de. A SAE requer do enfermeiro interesse em conhecer o paciente como indivíduo, utilizando para isso seus conhecimentos e habilidades, além de orientação e treinamento da equipe de Enfermagem para a imple- mentação das ações sistematizadas. 27) Trauma cranioencefálico (TCE): processo patológico que, em decorrência de uma força mecânica, atinge crânio, meninges ou cérebro. 3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei- tos mais importantes deste estudo. 17© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO Figura 1 Esquema de conceitos-chave de Enfermagem Pediátrica e Neonatal. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, F. A. A.; SABATÉS, A. L. (Orgs.). Enfermagem Pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. 1. ed. Manole: São Paulo, 2008. ARAÚJO, J. P. et al. História da saúde da criança: conquistas, políticas e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 67, n. 6, p. 1000-1007, nov./dez. 2014. ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. 18 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL CONTEÚDO INTRODUTÓRIO BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. (Cadernos de Atenção Básica, n. 33). HOCKENBERRY, J.; WILSON, D. (Eds.). Wong – Fundamentos de Enfermagem Pediátrica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 5. E-REFERÊNCIAS FIGUEIREDO, G. L. A.; MELLO, D. F. Atenção à saúde da criança no Brasil: aspectos da vulnerabilidade programática e dos direitos humanos. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 15, n. 6, p. 1171-1176, nov./dez. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ rlae/v15n6/pt_17.pdf>. Acesso em: 4 out. 2018. UNICEF – FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. ECA 25 anos: Estatuto da Criança e do Adolescente. Avanços e desafios para a infância e a adolescência no Brasil. Unicef, 2015. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/pt/ECA25anosUNICEF. pdf>. Acesso em: 3 out. 2018. 19 UNIDADE 1 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Objetivos • Compreender a organização das unidades hospitalares pediátricas. • Definir e compreender a assistência de Enfermagem a recém-nascido, criança e adolescente. • Integrar e aplicar conhecimentos teóricos ao contexto da criança e da famí- lia na experiência da doença, utilizando o raciocínio clínico. • Identificar e analisar as ações de Enfermagem nas principais situações clí- nicas e cirúrgicas em Pediatria. Conteúdos • Aspectos relacionados à hospitalização de crianças e adolescentes. • Estrutura e organização das unidades hospitalares pediátricas. • Assistência de Enfermagem a recém-nascido, criança e adolescente. • Principais implicações da hospitalização nas faixas etárias infantojuvenis. • Principais intercorrências clínicas e cirúrgicas e os respectivos cuidados de Enfermagem. • Sistematização da assistência de Enfermagem em Pediatria. © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; bus- que outras informações em referências bibliográficas, apresentadas ao fi- nal de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamen- to pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual e a sua prática profissional. 2) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador. 21© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR 1. INTRODUÇÃO Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo, você está preparado? Nesta unidade, abordaremos a composição e o di- mensionamento de uma unidade de internação pediátrica e sua equipe. A infância é marcada por etapas com diversas mudanças fí- sicas, emocionais, cognitivas e espirituais; trata-se de um proces- so dinâmico que abrange diversas dimensões inter-relacionadas. Nesse sentido, a família torna-se célula fundamental na manuten- ção dos cuidados em saúde da criança. A Enfermagem deve atuar junto aos familiares da criança, uma vez que a necessidade de uma hospitalização interfere diretamente no cotidiano de recém- -nascidos, crianças, adolescentes e de suas famílias. Salienta-se a importância da atuação do enfermeiro junto à família para a trans- formação da realidade para além do âmbito hospitalar, com uma assistência em saúde de qualidade, eficaz e segura. É importante que você observe como a equipe de Enfer- magem Pediátrica trabalha na proteção e promoção da paren- talidade desde o período gestacional, parto, puerpério e até a adolescência, com muita atenção ao crescimento e ao desenvol- vimento físico, psicológico e emocional de toda a sua vida. Essas características conferem oportunidade para que se reconheçam as modificações próprias desses períodos da vida e os potenciais agravos e riscos à saúde, garantindo que pais e profissionais de saúde atuem e invistam em ações de promoção e prevenção à saúde integral da criança. 22 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su- cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteú- do Digital Integrador. 2.1. ORGANIZAÇÃO DA UNIDADE PEDIÁTRICA HOSPITALAR Na maioria das vezes, o processo de hospitalização torna- -se uma situação perturbadora para a criança e sua família, prin- cipalmente nos primeiros anos de vida, uma vez que inclui uma série de fatores, como o declínio da condição atual de saúde e o afastamento do contexto familiar e social. Tal fato ganha maiores proporções, pois as crianças possuem um número limitado de mecanismos de enfrentamento para resolver os estressores de uma internação (GOMES et al., 2014; WEGNER et al., 2017). Os principais estressores incluem a ansiedade causada pela separação do ambiente familiar e dos pais/responsáveis, a perda de controle, a lesão corporal e a dor. Nesse contexto, a uni- dade pediátrica hospitalar é um local que busca a integração de saberes e ações dos diferentes profissionais de saúde, compon- do um corpo de conhecimento amplo e transdisciplinar. O prin- cipal objetivo é garantir o cuidado integral de saúde ao recém- -nascido, à criança, ao adolescente e à sua família por meio de humanização, ética, respeito e segurança na assistência prestada (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O enfermeiro que opta pelo cuidar em Pediatria deve bus- car e aprimorar sua compreensão do fenômeno e do relacio- namento entre recém-nascido, criança, adolescente, família e 23© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR comunidade. Deve apoiar, proteger e fortalecer o vínculo entre paciente, família e equipe durante a hospitalização, para o bem- -estar psicoemocional da criança no processo de saúde-doença (ALMEIDA; SABATÉS, 2008). A Resolução da Diretoria Colegiada 50 (RDC/50) define hospitalização como "unidade destinada à acomodação e à assis- tência do paciente internado, pacientes que necessitam de assis- tência direta programada por período superior a 24 horas" (AN- VISA, 2002). A internação pediátrica compreende um ambiente mais complexo, uma vez que a criança é um ser de brincadeiras, descobertas e está em constante crescimento e desenvolvimen- to físico, emocional, intelectual, cultural e social. A unidade de internação pediátrica é estabelecida confor- me as normas da Agência Nacionalde Vigilância Sanitária (An- visa) e da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A unidade compõe parte do prédio hospitalar, próxima da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, do Centro Cirúrgico e com acesso aos serviços de farmácia, laboratório, nutrição, radiologia e, tam- bém, aos elevadores de transporte (FONSECA, 2013). Conforme os parâmetros estabelecidos pela Anvisa (2002), a unidade de internação pediátrica deve conter os seguintes am- bientes: posto de enfermagem, área de prescrição médica, sala de exames e curativos, enfermaria de lactente (15% dos leitos da unidade), quarto e enfermaria de adolescente, área de recrea- ção, ala de lazer, refeitório, área e antecâmara de acesso ao quar- to de isolamento e sala de aula. As condições para um adequado funcionamento da uni- dade pediátrica devem considerar um planejamento do espaço funcional em consonância com atividades desenvolvidas, fluxo de pessoas e materiais, atendimento às normas, conforto, segu- 24 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR rança e flexibilidade. Contudo, deve-se incluir a humanização na assistência à criança e à sua família (WEGNER et al., 2017). Neste momento, você pode estar se perguntando: mas como incluir algo tão subjetivo em estruturas totalmente palpá- veis? Apesar de o processo de humanizar ser qualitativo, ao adi- cionar uma poltrona para acompanhante ou uma brinquedoteca para criança, promovemos essa humanização. Esses são apenas alguns exemplos entre muitos outros. Humanizar é tornar huma- no, ou seja, é considerar o universo infantil no ambiente hospita- lizar (BRASIL, 2004). Vale ressaltar que os parâmetros para dimensionar o quan- titativo de profissionais de Enfermagem para as atividades são definidos conforme a Resolução nº 0527/2016 do Conselho Fe- deral de Enfermagem – Cofen. Na unidade de internação pediá- trica, todo recém-nascido e criança menor de 6 anos deve ser considerado como cuidado intermediário, independentemente da presença do acompanhante. A criança – seja ela recém-nascida, lactente, infante, pré- -escolar, escolar ou adolescente –, ao ser internada na unidade de Pediatria, é recepcionada e acolhida, geralmente, pela equipe de Enfermagem, e encaminhada ao leito (berço/cama infantil), em que é acomodada. Também é realizada a identificação da criança (por exemplo, por pulseira de identificação), a qual con- tém nome completo, data de nascimento, registro, número do leito e nome da unidade (WEGNER et al., 2017; SOUZA, 2014). Posteriormente, são mensurados os sinais vitais e conferi- dos peso e estatura; são realizados também anamnese, exame físico e todas as orientações quanto ao funcionamento da Enfer- maria e aos riscos de queda e infecção cruzada ao acompanhan- te e à criança, quando esta tiver condições para isso. 25© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Na próxima seção, vamos discutir as mudanças significati- vas nos períodos de desenvolvimento e crescimento neonatal e infantojuvenil e a atuação do enfermeiro em cada fase. Para fins didáticos, começaremos pelo recém-nascido, nos estendendo até a adolescência. Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom- panhar as normas vigentes para composição de internação pediátrica e o dimensionamento da equipe de Enfermagem. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado. 2.2. CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO No início desta unidade, realizamos uma abordagem inicial sobre a organização de uma unidade pediátrica hospitalar. Neste momento, você terá a oportunidade de estudar a assistência de Enfermagem ao recém-nascido (RN) a termo, isto é, do nasci- mento aos 30 dias de vida, perpassando os atendimentos desde a sala de parto, o alojamento conjunto e a unidade de internação pediátrica. Nesse sentido, a avaliação do RN após o parto exige do profissional enfermeiro uma observação clínica habilidosa e completa, uma vez que o RN passa da transição da circulação fetal para a respiração independente. Esta é uma alteração fi- siológica significativa que ocorre e exige um ajuste satisfatório à vida extrauterina (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; SOUZA, 2014). A avaliação física do RN inicia-se por meio do índice de Apgar. Trata-se de um índice que afere frequência cardíaca, es- forço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor em 26 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR um, cinco e 10 minutos após o nascimento, com exames repeti- dos até a condição do RN se estabilizar. A cada item atribui-se um escore de 0, 1 ou 2, aplicado nas cinco categorias mencionadas. Um escore total de 8 a 10 indica ausência de dificuldade extrau- terina; de 4 a 6, uma dificuldade de grau moderado; e de 0 a 3, um sofrimento grave. Ressalta-se que, se o escore for inferior a sete no quinto minuto, aplica-se a cada cinco minutos até 20 minutos de vida (BRASIL, 2014; HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias, deve-se fixar o clamp (de 2 a 3 cm do anel umbilical), envolver o coto com gaze com álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5% e retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou com água. Afastam-se as pálpebras e instila-se uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho (BRASIL, 2014). Neste momento, realiza-se o exame físico geral, com men- suração de peso, comprimento e perímetros cefálico, torácico e abdominal. É realizada a prevenção do sangramento por de- ficiência de vitamina K por meio da administração de 1 mg de vitamina K1 por via intramuscular ou subcutânea (BRASIL, 2014). Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) re- gulamenta, deve-se fazer a identificação do RN por meio do regis- tro da impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe. Além disso, registra-se a avaliação da idade gestacional relaciona- da ao peso ao nascer como método de dados para incidência de morbidade e mortalidade perinatais (CARVALHO, 2012). A idade gestacional (IG) é um critério importante e permite a classificação do RN como a termo, pré-termo ou pós-termo. Considera-se um RN a termo de 37 semanas de gestação com- pletas até menos de 42 semanas completas; pré-termo, com 27© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR até 37 semanas completas; e pós-termo, com 42 semanas com- pletas ou mais. A IG possibilita o estabelecimento de risco de comprometimento neonatal ou de desenvolvimento em longo prazo. É obtida por meio do cálculo da amenorreia, que pode ser confirmada por métodos como ecografia fetal, avaliação clínica e/ou neurológica, entre outros (BRASIL, 2014; HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Na sala de parto, após o clampeamento do cordão umbili- cal, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax mater- no, o que oferece uma fonte de calor por meio do corpo da mãe e permite os primeiros movimentos respiratórios efetivos. Em seguida ao nascimento, inicia-se o processo de amamentação com sucção efetiva. Esse contato deve ser precoce, propiciado e incentivado pelo enfermeiro e pela equipe de saúde (BRASIL, 2014; CARVALHO, 2012). As primeiras interações entre RN e mãe, pai ou familiar, por meio do contato pele a pele, são enfatizadas pelo Método Canguru. Trata-se de uma estratégia preconizada pelo Ministério da Saúde (MS), a qual visa a diminuição da mortalidade infan- til, estabelecimento do vínculo afetivo, melhor desenvolvimento do RN, alta hospitalar precoce, aumento da segurança dos pais e estímulo do aleitamento materno (BRASIL, 2014; CARVALHO, 2012). A promoção do aleitamento materno também constituiu um marconesse percurso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Mistério da Saúde promovem ativamente o aleita- mento materno como a melhor fonte de nutrição para RN, lac- tentes e crianças pequenas. Recomenda-se sua exclusividade nos primeiros seis meses de vida e, depois, a inclusão de outros alimentos e nutrientes à dieta do lactente. 28 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR O leite materno consiste de diversos micronutrientes que são digeríveis pelo intestino do neonato e absorvidos para pro- dução de energia e crescimento, além de ser fonte de várias pro- priedades imunológicas. O apoio do enfermeiro nesse processo de amamentação proporciona, além de vínculo e envolvimento da mãe, a parentalidade (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O enfermeiro é um dos profissionais de saúde imprescindí- veis nesse percurso de transição para a parentalidade. Entende- -se por parentalidade (do inglês parenting), o conjunto de ativi- dades desempenhadas pelos adultos responsáveis pela criança no seu processo de formação biopsicossocial, com início anterior à concepção, percorrendo a gestação, o puerpério e permane- cendo durante toda a vida. Os cuidados de Enfermagem surgem inicialmente para orientar, apoiar e preparar para a mudança e prevenir os efeitos negativos (WEGNER et al., 2017). Nesse estágio, o enfermeiro orienta o posicionamento ade- quado do rosto do RN (de frente para a mama), a pega eficaz e a adaptação do RN na sucção do leite e também resolve, em con- junto com a mãe, algumas dificuldades que podem surgir, como ingurgitamento mamário, extração manual ou mecânica de leite. No alojamento conjunto, um sistema de assistência hospitalar à puérpera e a seu bebê no pós-parto, estes são mantidos juntos e estimula-se a mulher a amamentar e a cuidar do filho tão logo possível. Nesse espaço, o enfermeiro promove o vínculo, esti- mula o aleitamento e diminui os índices de infecção neonatal (PIMPÃO et al., 2012). Quando o RN não apresentar dificuldades na avaliação clí- nica inicial, o exame físico completo deverá ser realizado prio- ritariamente antes de completar 12 horas de vida. Na busca de achados clínicos mais fidedignos, parte do exame físico deve ser 29© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR realizado com o RN dormindo ou mantido calmo e, se necessário, no colo da mãe ou responsável (BRASIL, 2014; HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Inicia-se pela inspeção estática e dinâmica geral. A postura do RN normalmente é simétrica e fletida, semelhante à posição fetal. Observa-se presença de malformação, síndromes e sinais de angústia respiratória (como gemidos inspiratórios ou expira- tórios, batimento de aletas nasais, retrações de fúrcula ou torá- cica). O aspecto geral, a intensidade do choro, a movimentação e o estado de hidratação são outras informações relevantes que devem constar no exame físico (SOUZA, 2014; JARVIS, 2002). Em seguida, deve-se avaliar o sistema tegumentar quanto às características relacionadas a textura, integridade, umidade, coloração, presença de milium, vérnix, mancha mongólica, icterí- cias e outras anomalias. As mucosas também são avaliadas nesse momento, por meio das particularidades de cor, umidade e pre- sença de lesões. Além disso, o controle da temperatura corporal é de extrema importância, uma vez que é um dos aspectos crí- ticos na estabilidade termodinâmica do RN. Verifica-se a tempe- ratura axilar, um método de fácil acesso e seguro para a criança (BRASIL, 2014). Em relação à musculatura, ressalta-se que o tônus muscu- lar está relacionado à idade gestacional. Por exemplo, o RN a ter- mo em decúbito dorsal apresenta cabeça lateralizada e membros fletidos com as mãos cerradas. Avaliam-se também as estruturas ósseas e articulações quanto à presença de deformidades, ina- dequações de mobilidade e dor à palpação (CARVALHO, 2012). No crânio, observa-se a presença de assimetrias e realiza-se a palpação das fontanelas, com atenção para aspectos relacionados a tamanho, abaulamentos ou depressões e pulsações. No RN há seis 30 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR fontanelas: uma anterior, uma posterior, duas esfenoidais e duas mastoides. Ao nascer, as esfenoidais e mastoides já estão fechadas. Todavia, quando abaulada, sugere aumento da pressão intracrania- na, como ocorre na meningite, hidrocefalia, edema cerebral ou he- morragia intracraniana. A presença de depressão, por sua vez, está associada a desidratação (SOUZA, 2014; JARVIS, 2002). A avaliação neurológica do RN compreende, inicialmen- te, postura, movimentação espontânea, resposta ao manuseio e choro. Os reflexos primitivos característicos do RN podem ser avaliados, uma vez que revelam informações importantes sobre seu estado de saúde. São caracterizados por resposta motora in- voluntária a um estímulo e estão presentes desde o nascimento até cerca de 6 meses de vida (SOUZA, 2014; BRASIL, 2014). Os principais reflexos são de sucção (os lábios tocados por algum objeto apresentam movimentos de sucção), preen- são (pressão leve na palma das mãos e abaixo dos dedos do pé), marcha (extensão das pernas fletidas em posição ortostática ao contato das plantas do pé com a superfície) e moro (resposta de extensão-abdução dos membros superiores por meio de algum estímulo brusco) (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Quanto às estruturas cefálicas: nos olhos, observam-se dis- tância entre os olhos, entre os cantos internos das pálpebras e presença de sobrancelhas, cílios e epicanto; nos ouvidos, verifi- cam-se forma, consistência, implantação dos pavilhões auricula- res e reflexo cócleo-palpebral por meio da emissão de um ruído próximo ao ouvido do RN que responde, piscando os olhos; no nariz, pode-se observar a presença de anormalidade e a permea- bilidade nasal ao ar inspirado e expirado; na boca, examinam-se simetria, mucosas, palato e integridade e a língua quanto ao ta- manho e a mobilidade (BRASIL, 2014). 31© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Seguindo o exame físico na direção céfalo-caudal, a inspe- ção do tórax do RN é realizada atentando-se para forma cilíndri- ca e o diâmetro transverso. A frequência respiratória (FR) consis- te na contagem, em um minuto, dos movimentos respiratórios, geralmente do tipo costoabdominal. Espera-se que o número de movimentos seja entre 40 e 60 por minuto. A palpação, a per- cussão e a ausculta são realizadas em toda a área de extensão pulmonar (BRASIL, 2017). Quanto ao sistema cardiorrespiratório, a frequência car- díaca (FC) varia, em média, de 120 a 140 batimentos por minuto. A verificação do pulso apical é indicada em RN. Além disso, é essencial a palpação cuidadosa dos pulsos periféricos. Ressalta- -se que tanto FR quanto FC podem ser afetadas por estímulos externos (SOUZA, 2014; BRASIL, 2014). O exame antropométrico compreende os perímetros ce- fálico e torácico, e também peso, comprimento e circunferência abdominal. A inspeção abdominal apresenta abdômen semiglo- boso, com perímetro abdominal de cerca de 2 a 3 cm menor que o cefálico. Inspecionam-se, ainda, as condições do coto umbilical: inicialmente apresenta-se gelatinoso, depois, seco e mumifica-se entre o terceiro ou quarto dia de vida. Desprende-se do corpo em torno do sexto ao 15º dia de vida do RN (CARVALHO, 2012). Nesse contexto, a enfermagem orienta mãe e família sobre a higiene da região umbilical com álcool a 70% e reforça a importân- cia da proteção contra infecção. Após a limpeza, pode-se observar hiperemia transitória da pele, porém não há risco de integridade ao RN (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; CARVALHO, 2012). A palpação abdominal deve ser suave e superficial, nor- teando-se da fossailíaca em direção ao rebordo costal. Após a palpação superficial, realiza-se uma palpação mais profunda. Ge- 32 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR ralmente, é possível palpar a borda do fígado com cerca de 2 cm e descreve-se as características, tais como: consistência, superfí- cie e borda. Na ausculta do abdome, verifica-se, na maioria das vezes, ruídos hidroaéreos (JARVIS, 2002). Quanto ao aparelho geniturinário, a primeira diurese cos- tuma ocorrer na sala de parto ou nas primeiras 48 horas de vida. O exame da genitália deve ser feito, sempre que possível, com a presença de um dos pais ou de um acompanhante. Em relação ao gênero masculino, o pênis mede cerca de 2 a 3 cm e a bolsa escrotal apresenta-se rugosa. Na palpação, verifica-se a presen- ça dos testículos, conforme sensibilidade, tamanho e consistên- cia, com tamanho de cerca de 1 cm (BRASIL, 2014). No gênero feminino, afastam-se os grandes lábios e avalia- -se o sulco entre os grandes e pequenos lábios. Examina-se o hí- men e o tamanho do clitóris, geralmente pequeno. É importante observar os orifícios uretral e vaginal. Rotineiramente, realiza-se a inspeção do ânus, com cerca de 1 cm da borda inferior da vulva ou da implantação do escroto (SOUZA, 2014; BRASIL, 2014). As leituras e simulações indicadas no Tópico 3. 2 tratam da avaliação do RN pré-termo e dos cuidados com os familia- res, que são foco central na atuação de enfermeiro nesse perí- odo de vida da criança e da família. Neste momento, você deve realizar essas atividades para aprofundar o tema abordado. 2.3. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE Após discutirmos os cuidados com o recém-nascido, passaremos à criança e ao adolescente. 33© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Cuidado centrado na família Nas hospitalizações pediátricas, as crescentes complexida- des dos cuidados de saúde desafiam a equipe de Enfermagem a implementar estratégias de uma assistência em saúde não cen- trada na doença ou apenas no paciente e em seu desenvolvi- mento, e sim com a família como foco de cuidado (FONSECA, 2013). As famílias têm sido reconhecidas pelos serviços de saúde com a implementação de atividades de proteção e ajuda, por conta de seu papel de provedoras de cuidado informal e sua cen- tralidade na função desse mesmo papel, constituindo um mem- bro importante na rede social de apoio (WRIGHT; LEAHEY, 2011). Em Pediatria, os cuidados centrados na família, mais do que um objetivo a alcançar, são uma realidade, reconhecendo-se atual- mente a importância da permanência da família junto da criança para a melhoria do seu estado de saúde (GOMES et al., 2014). A Enfermagem tem o compromisso e a obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. Evidências teóricas, práticas e de pesquisa em relação ao significado que a família dá ao bem-estar e à saúde aos seus membros, bem como a influência sobre a doença, leva os enfer- meiros a considerar os cuidados centrados na família como par- te integrante da prática diária de Enfermagem (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; CARVALHO, 2012). Essas definições conduzem a pressupostos para o cuidado centrado na família em Pediatria, tais como: reconhecer a família como uma constante na vida da criança; facilitar a colaboração entre pais e profissionais no cuidado à saúde; respeitar e valo- rizar a diversidade cultural, racial, étnica e socioeconômica da família; respeitar os diferentes métodos de enfrentamento; res- 34 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR ponder às necessidades de desenvolvimento da criança e da fa- mília; planejar um cuidado competente e que responda às reais necessidades da família; e encorajar o suporte familiar e redes de apoio (FONSECA, 2013). Portanto, o objetivo dos cuidados centrados na família é manter a força dos papéis e laços familiares com a criança, de forma a promover o bem-estar da unidade familiar. O apoio pro- fissional à criança e à família ocorre por um processo de envolvi- mento, participação e parceria, alicerçado pela capacitação das famílias e pela negociação dos cuidados. Avaliação do desenvolvimento e crescimento infantojuvenil pelo enfermeiro A infância é marcada por etapas com diversas mudanças fí- sicas, emocionais, cognitivas e espirituais. Trata-se de um proces- so dinâmico que abrange diversas dimensões inter-relacionadas pelos laços com a família e pelo ambiente em que vive. Por essa razão, o conhecimento das peculiaridades do crescimento e de- senvolvimento infantojuvenil é essencial para todos os profissio- nais da saúde que atuam em Pediatria (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Com esse conhecimento, o enfermeiro pode predizer de- mandas e respostas da criança, a fim de identificar suas necessi- dades e alterações de crescimento e comportamentos esperados para a idade, além de propor ações de cuidados adequadas, para criar oportunidades favoráveis ao processo de desenvolvimento. A orientação aos familiares é outra ação extremamente impor- tante da Enfermagem, ajudando-os a compreender as demandas e respostas da criança, como abordado anteriormente (CARVA- LHO, 2012; FUJIMORI; OHARA, 2009). 35© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Em cada período da infância, a criança manifesta diferen- tes formas de crescer e se desenvolver. O crescimento consiste no aumento de massa corporal e nas modificações quantitati- vas decorrentes de hipertrofia e hiperplasia celular, podendo ser mensurável. Já o desenvolvimento é processo de aquisição de novas funções, que levam a modificações qualitativas e graduais e a expansão nas atividades do indivíduo. Decorre de uma com- plexa e dinâmica interação entre crescimento, amadurecimen- to e aprendizagem, considerando o sujeito e o meio social, com suas normas e hábitos culturais (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Esses processos são inter-relacionados, simultâneos e con- tínuos. Trata-se de uma sequência de influências endócrinas, ge- néticas, nutricionais, constitucionais, sociais, familiares, culturais e ambientais. Além disso, há padrões definidos e previsíveis de crescimento e desenvolvimento contínuos, ordenados e progres- sivos. Desse modo, o crescimento e o desenvolvimento ocorrem regularmente e em direções relacionadas e refletem o desen- volvimento físico e a maturação das funções neuromusculares (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O conhecimento por parte do profissional da saúde, como o enfermeiro, das necessidades e das características de cada fase de desenvolvimento da criança norteará seu trabalho quanto às ações na assistência de saúde nos diferentes grupos etários. Inicialmente, o recém-nascido e o lactente caracterizam- -se pela fase oral, o pensamento de acordo com as sensações do corpo (sensório-motor) e o desenvolvimento do senso de con- fiança versus desconfiança (ALMEIDA; SABATÉS, 2008). Durante o primeiro ano de vida, grande parte das ativida- des motoras reflexas, de forma gradativa, passam aos movimen- tos voluntários, com início da locomoção e apreensão de objetos 36 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR quando entre 10 e 14 meses de idade. A linguagem se inicia com choro e sons reflexos e de três a cinco palavras com significa- do quando entre 11 e 12 meses. Nessa fase, o enfermeiro, por exemplo, deve permanecer algum tempo com o bebê antes de realizar algum procedimento, evitar movimentos bruscos, com contato firme e agradável, permitir que a mãe/responsável fique perto e estimular a conversa com a criança, o que ajudará a de- senvolver o senso de confiança (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Já o infante/toddleré caracterizado pela fase anal, pensa- mento concreto egocêntrico com estágio pré-operacional, com noção de causa-efeito e senso de autonomia versus dúvida. Tra- ta-se de uma extrema exploração do ambiente e, no final do pe- ríodo, é possibilitada a independência motora da criança. Nessa fase, a criança adquire maior tolerância à separação dos pais/ responsáveis, toma consciência de sua imagem corporal, com início de julgamento moral e intenso desenvolvimento da verba- lização. Nesse sentido, o enfermeiro pode reportar-se à criança, relatando que irá realizar o procedimento com palavras e frases curtas; fornecer algo para a criança olhar, segurar ou brincar du- rante o procedimento; focar a informação nela e sugerir que os pais fiquem próximos e conversem com ela e lhe deem a mão (FUJIMORI; OHARA, 2009). Em relação ao pré-escolar, temos uma caracterização de fase fálica, pensamento concreto egocêntrico e funcional, com senso de iniciativa versus culpa. As habilidades adquiridas são aprimoradas e ampliadas (motora e postural), isto é, a criança brinca para conhecer a si e aos outros; aprende normas sociais de comportamento; está apta ao aprendizado escolar e a hábi- tos determinados pela cultura; e desenvolve bem a linguagem. O desenvolvimento espiritual é mediado pelas pessoas com quem convive. Além disso, nos anos pré-escolares, diferentes dimen- 37© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR sões e estilos paternos têm efeitos sobre diferentes aspectos do desenvolvimento social e das personalidades das crianças: au- toestima, desenvolvimento moral, conduta pró-social, autocon- trole, entre outros (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O enfermeiro deve explicar o procedimento tantas vezes quantas forem necessárias, pouco tempo antes de sua realiza- ção, permitir que a criança veja e manipule, se possível, o equi- pamento antes do procedimento ou utilize o brinquedo terapêu- tico, desenhos ou música para explicar a situação. O escolar caracteriza-se pela fase de latência, pensamen- to lógico e funcional com desenvolvimento da industriosidade. Torna-se mais sociável, capaz de dominar os símbolos e de uti- lizar a memória das experiências anteriores na intepretação do presente. Os amigos e adultos são uma fonte de apoio e segu- rança nessa fase. Desenvolve a percepção de si, de sua imagem corporal (CARVALHO, 2012). Nessa fase, o profissional deve fazer uma explanação sim- ples e honesta da necessidade específica do procedimento e de como ele é, antes da realização, ou de como faz parte do trata- mento. A criança tem a habilidade de pensar de uma maneira lógica e compreender relacionamentos; ela pode ser um par- ticipante ativo do procedimento, com fornecimento de tarefas simples e tempo para perguntas. Além disso, o brinquedo pode sustentar a conversa sobre seus sentimentos e funcionar como um método de lidar com as ansiedades. Deve-se permitir que pais/responsáveis segurem as mãos da criança e falem com ela durante o procedimento, pois são uma fonte de apoio e tranqui- lidade para a criança (BRASIL, 2012). Já na adolescência, temos a fase de sexualidade adulta, pensamento lógico-dedutivo e abstrato com egocentrismo sob 38 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR situação de estresse, identidade versus confusão de papel (preo- cupação com autoimagem e mutilação). Trata-se de um período de transformação entre infância e idade adulta, caracterizado por intenso desenvolvimento tanto anatômico como psicológico e social. Diante dessa transformação, o adolescente busca refú- gio dentro de si e em alguns momentos de concretização defen- siva de pensamento, o que interfere em seu grau de compreen- são por perdas da capacidade de abstração e do pensamento simbólico (BORGES; FUGIMORI, 2009). Nessa fase, o enfermeiro deve se atentar para promover o máximo de informações que o adolescente deseja sobre o pro- cedimento (antes ou como parte de um tratamento), e contar- -lhe sobre como ele pode ajudar; conversar com adolescente, considerando suas reais preocupações a respeito de o quanto o procedimento pode alterar sua imagem e sua integridade; pro- videnciar privacidade e permitir escolhas possíveis a respeito do tratamento ou procedimento; pedir aos pais/responsáveis que acompanhem ou aguardem, de acordo com a escolha do adoles- cente (BRASIL, 2013; BORGES; FUGIMORI, 2009). O crescimento infantil representa um dos sinais mais im- portantes da saúde da criança, sendo considerado um dos pa- râmetros essenciais para qualquer estratégia de ação em saú- de e bem-estar infantil. Nesse contexto, a avalição completa da criança considera uma oportunidade de promoção de saúde, observando crescimento, desenvolvimento, vacinação e alimen- tação. Demanda capacitação específica do profissional, devendo o enfermeiro ter conhecimento das características e de alguns aspectos importantes da história de saúde de uma criança hospi- talizada (ALMEIDA; SABATÉS, 2008). 39© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR A entrevista deve buscar identificar dados mais completos e detalhados relativos aos seguintes aspectos: dados pessoais de iden- tificação da criança e dos pais; endereço completo com referência; dados socioeconômicos, sanitários e de habitação; composição e an- tecedentes familiares de saúde; história pré-natal e perinatal; motivo da consulta e queixas; hábitos de vida diária da criança (alimentação, eliminações, sono e repouso, atividades, recreação e lazer); higiene corporal e do vestuário; técnicas de banho de sol; medicação admi- nistrada à criança; história vacinal; planejamento familiar; dinâmica familiar; e impressões do entrevistador (SOUZA et al., 2013). As informações sobre episódios pregressos (antecedentes perinatais) e o atual da doença, somadas às obtidas no exame físico, ajudam a caracterizar as alterações reais e potenciais a que a criança está sujeita, bem como a gravidade do quadro, orientando a seleção das condutas de Enfermagem apropriadas. Ressalta-se que se deve valorizar a fala e a impressão da mãe/ responsável. Além disso, é preciso oferecer oportunidade para que expresse de forma livre essa impressão, em vez de se pren- der apenas a perguntas diretas sobre sinais e sintomas (CARVA- LHO, 2012; SOUZA et al., 2013). A investigação dos principais sinais se faz segundo: presen- ça de tosse (úmida, seca, rouca, produtiva); dispneia; presença de secreção; otalgia; dor de garganta; dor abdominal; ruídos res- piratórios adventícios; exposição a agentes irritantes e/ou fato- res de risco; anorexia; alergias; funcionamento gastrointestinal; problemas respiratórios recorrentes; febre (duração e intensida- de); rigidez de nuca e sinais meníngeos; mudança de comporta- mento; administração de medicamentos; sinais de desidratação (como sede e redução do volume urinário); estado vacinal; nível de conforto da criança; e dor torácica (CARVALHO, 2012; FUJI- MORI; OHARA, 2009). 40 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Para avaliação física da criança, devem ser focados sinais de aparência geral, frequência respiratória de acordo com a ida- de (menor de 2 meses, igual ou superior a 60 rpm; de 2 a 12 meses, igual ou superior a 50 rpm; de 1 a 5 anos, igual ou supe- rior a 40 rpm); tosse, secreção ou obstrução nasal; temperatura; movimentos respiratórios (características da expiração/inspira- ção como profundidade, ritmo e simetria); ruídos adventícios; coloração da pele (geralmente associada a hipoxemia); retrações torácicas; batimentos de asas nasais; sudorese; mucosa; amigda- las faríngeas; dificuldade para deglutir; linfonodos cervicais; dis- tensão abdominal; peso; frequência cardíacae pressão arterial (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). No contexto do adolescente, deve-se considerá-lo como um ser social e histórico, particular e coletivo. Requer uma abor- dagem multiprofissional, por meio de um enfoque interdiscipli- nar. Nesse sentido, o enfermeiro assume um papel importante, tanto com relação à organização do processo de trabalho quanto aos serviços de Enfermagem. Durante o exame físico, deve-se ga- rantir escuta ampliada, privacidade e confidencialidade. O esta- belecimento de parcerias, com base em confiança mútua entre enfermeiro/adolescente/família, é fundamental para encorajá- -los a assumir um papel ativo no plano de cuidados. O empode- ramento parte da ideia de dar aos adolescentes poder, liberda- de, responsabilidade e informação necessária para que possam participar ativamente na tomada de decisão a respeito de sua vida, em seus diferentes aspectos (SOUZA et al., 2013; BORGES; FUGIMORI, 2009). Os elementos a serem abordados na entrevista com ado- lescentes são: antecedentes pessoais e familiares; condições de vida, estrutura e relações familiares; nutrição, hábitos alimenta- res e distúrbios nutricionais; sono, repouso, eliminações, higiene 41© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR corporal; alterações sistêmicas; recreação e atividades físicas; vida e rendimento escolar; participação e vida social; atividade em grupo; espiritualidade; condições psicoemocionais; trabalho; atividade, valores e comportamentos sexuais; uso e abuso de drogas; autoimagem e aceitação corporal; imunização; expecta- tivas em relação ao futuro e projetos de vida (SOUZA et al., 2013; BORGES; FUGIMORI, 2009). A avaliação do crescimento físico adequado é uma forma importante de conhecer o estado geral da saúde de uma crian- ça e o desenvolvimento socioeconômico, familiar e de saúde da comunidade em que ela vive. O crescimento e o desenvolvimen- to constituem o eixo central do atendimento prestado à criança, uma vez que essa atividade permite evidenciar, de maneira pre- coce, os transtornos que afetam a saúde, a nutrição e o desen- volvimento da criança (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O exame físico é realizado, em geral, após a entrevista, como uma estratégia para avaliação anatomofisiológica da crian- ça. Para tanto, são utilizados os quatro passos propedêuticos: inspeção, palpação, percussão e ausculta, com o objetivo de identificar sinais de normalidade e anormalidades. Um exame físico completo da criança (descrito no Tópico 2. 2, referente ao exame físico do RN) deve ser realizado na admissão da criança/ adolescente na enfermaria. Ressalta-se a discussão de alguns procedimentos específicos frequentemente recomendados para o exame físico da criança nos primeiros 10 anos de vida (HOC- KENBERRY; WILSON, 2014; BOWDEN, 2013). Até os dois anos de idade, peso, estatura, comprimento e perímetro cefálico da criança devem ser aferidos e pontuados nos gráficos de crescimento. Entre 2 e 10 anos de idade, deve-se aferir peso, altura e índice de massa corporal – IMC (BRASIL, 2012). 42 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Em relação aos sistemas respiratório e cardiovascular, os valores das frequências cardíaca e respiratória considerados nor- mais são descritos no Quadro 1. Quadro 1 Frequência cardíaca e respiratória segundo faixa etária. Frequência cardíaca normal Idade Variação Média normal Recém-nato De 70 a 170 120 11 meses De 80 a 160 120 2 anos De 80 a 130 110 4 anos De 80 a 120 100 6 anos De 75 a 115 100 8 anos De 70 a 110 90 10 anos De 70 a 110 90 Frequência respiratória normal De 0 a 2 meses Até 60mrm De 2 a 11 meses Até 50mrm De 12 meses a 5 anos Até 40mrm De 6 a 8 anos Até 30mrm Acima de 8 anos Até 20mrm Fonte: Brasil (2012, p. 65) Deve-se, ainda, inspecionar o tórax quanto a tamanho, for- mato, simetria, movimento e desenvolvimento mamário. O de- senvolvimento mamário puberal ocorre em meninas entre 10 e 14 anos. Os pulsos centrais são geralmente mais fortes que os periféricos e as arteriais têm maior calibre por estarem mais pró- ximas ao coração (BRASIL, 2012). Na região abdominal, os lactentes são mais propensos a hér- nias umbilicais, ventrais e diástases. O exame da genitália é realiza- do logo após a avaliação do abdome. Na genitália masculina, obser- 43© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR vam-se integridade, higiene, meato urinário, tamanho, coloração do pênis, prepúcio e glande peniana. O desenvolvimento puberal ocor- re por volta de 11 a 15 anos, com crescimento de pelos na base do pênis e crescimento deste em comprimento e largura (JARVIS, 2002; FUJIMORI; OHARA, 2009; HOCKENBERRY; WILSON, 2014). Já o desenvolvimento puberal feminino se dá por volta de 9 a 14 anos, quando se inicia o nascimento de pelos pubianos. A inspeção feminina inicia-se pelos órgãos externos e observam-se também integridade, higiene, coloração da pele, mucosa e tama- nho (BRASIL, 2012; HOCKENBERRY; WILSON, 2014). O cuidado à criança deve perpassar a prestação do cuidado físico, buscando sempre preservar e respeitar as necessidades emocionais e sociais da criança e da família. É na elaboração do histórico de Enfermagem que se aplica a entrevista e o exame físico. Desse modo, permite ao enfermeiro a interação com a fa- mília e a criança, com a criação de vínculos que auxiliarão nos cuidados básicos e na elaboração da Sistematização da Assistên- cia de Enfermagem (SAE). Principais infecções e intercorrências clínicas em Pediatria No Brasil, as doenças respiratórias são responsáveis por aproximadamente 16% de todas as hospitalizações, sendo 50% delas por conta de pneumonia. Outra problemática evidenciada relaciona-se às morbidades e hospitalizações por causas evitá- veis no país. Entre as causas predominantes de morbidades que acometem crianças menores de quatro anos no Brasil, destacam- -se afecções respiratórias, seguidas por doenças infecciosas ou parasitárias, doenças do aparelho digestivo, por causas externas e doenças do aparelho geniturinário (WEGNER et al., 2017; AL- MEIDA; SABATÉS, 2008). 44 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR Já entre os adolescentes, as principais causas de interna- ções para o gênero feminino são gravidez e parto; para adoles- centes do sexo masculino, destacam-se lesões, envenenamentos e outras consequências de causas externas. Além disso, para am- bos os gêneros os casos de doenças sexualmente transmissíveis têm aumentado nessa faixa etária (MARTINS, 2013). A equipe de Enfermagem, liderada pelo enfermeiro, preci- sa conhecer as principais implicações e intercorrências clínicas, para propor intervenções de Enfermagem pertinentes pautadas no conhecimento das características dos pacientes submetidos à hospitalização nas diversas faixas etárias para a adequação de um plano de cuidados individualizado a criança e família. Um dos principais agravos no período de internação, espe- cialmente em crianças menores de 5 anos, é o trato respiratório. A equipe de Enfermagem, que permanece 24 horas nos cuidados contínuos ao paciente, deve reconhecer sinais de intercorrências respiratórias, tais como: esforço respiratório (tiragem intercostal, batimentos de aletas nasais, gemência, balanço toracoabdomi- nal e retração xifóidea), toxemia, cianose, hipoxemia, irregulari- dade respiratória, apneia, dificuldade de se alimentar, vômitos e desidratação. Destacam-se, ainda, alterações do sensório como sonolência, confusão mental, irritabilidade, instabilidade hemo- dinâmica (pulsos finos, perfusão lenta) e taquicardia importante. É importante ressaltar que pode haver hipoxemia sem cianose e palidez cutânea é um sinal mais precoce dehipoxemia do que a cianose (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; ALMEIDA; SABATÉS, 2008). Dentre os principais manejos da disfunção respiratória es- tão a oxigenoterapia, que visa manter a ventilação e maximizar a distribuição de oxigênio e corrigir a hipoxemia e a hipercapnia. 45© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR A escolha do equipamento de administração de oxigênio será feita conforme comprometimento respiratório da criança, pre- ferência, idade e capacidade de uso do equipamento específico. Pode ser administrada pelo uso de cânula nasal, cateter nasofa- ringe, máscara ou câmara. Além disso, a fisioterapia respiratória, quando corretamente indicada, e a aspiração frequente de vias aéreas são adotadas para minimizar a gravidade do quadro. Nes- se caso, o enfermeiro ou fisioterapeuta podem realizá-las, sendo indicadas para facilitar a remoção do excesso de secreções da periferia dos pulmões por meio de técnicas de vibração e percus- são (HOCKENBERRY; WILSON, 2014; BOWDEN, 2013). Um dos sintomas mais comuns de doença nas crianças é a temperatura elevada. O principal motivo para tratar a febre é o alívio do desconforto. As medidas de alívio incluem intervenção farmacológica ou ambiental, sendo a mais eficiente o uso de an- tipiréticos para diminuir o ponto de ajuste. Nesse contexto, o enfermeiro deve medir novamente a temperatura 30 minutos depois do antipirético para avaliar seu efeito, e as medições devem ser repetidas; o nível de desconfor- to da criança é a melhor indicação para continuar o tratamento. Em relação às medidas ambientais, destacam-se esfriamento por meio do uso de um mínimo de roupas, exposição da pele ao ar, redução da temperatura ambiente e aumento da circulação. As convulsões associadas a febre/hipertermia ocorrem em 3 a 4% das crianças, geralmente entre os 3 meses e os 5 anos de idade. Nesses casos, ocorrem distúrbios transitórios, associa- dos à febre, que geralmente excede 38,8 °C. Embora a maioria das crianças nunca tenha convulsões febris depois da primeira ocorrência, uma idade mais jovem no início ou histórico familiar de convulsões febris são associadas a episódios recorrentes. As 46 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR intervenções de Enfermagem devem se concentrar em maneiras de aumentar o conforto durante uma doença febril (HOCKEN- BERRY; WILSON, 2014). Os cuidados de Enfermagem ao paciente pediátrico e ado- lescente com distúrbio convulsivo devem ponderar as esferas fa- miliar, social, educacional e cultural de modo que incluam: pro- teger a criança durante a convulsão (colocar travesseiro sob a cabeça da criança, remover óculos ou objetos duros da área de contato e proteger a língua de mordeduras, porém evitar colo- car objetos na boca da criança após o início da crise); não movi- mentar ou conter a criança durante uma crise convulsiva tônico- -clônica; reduzir estimulação sensorial (diminuir a intensidade de iluminação, reduzir barulhos no ambiente); manter a criança em decúbito lateral após a convulsão (facilita a drenagem e aju- da a manter a via aérea pérvia); identificar fatores deflagrado- res (flash de câmera, ruídos altos e súbitos, desidratação, fadiga, estresse emocional e hipoglicemia); educar a família quanto à identificação de fatores deflagradores da crise e cuidados ini- ciais, além de auxiliar na aderência ao plano farmacoterápico, inclusão social e orientação escolar, promovendo a integração da criança (WEGNER et al., 2017; BOWDEN, 2013). A perda de apetite também é uma das intercorrências co- muns na maioria das doenças. Uma vez que a doença aguda ge- ralmente tem curta duração, o estado nutricional raramente é comprometido. Forçar a criança internada a comer pode precipi- tar náusea e vômito e, na maioria dos casos, pode ser permitido que a criança determine sua necessidade de comida. Para crian- ças menores, a perda de apetite pode estar relacionada à ausên- cia dos pais, e a preocupação dos pais com a alimentação pode piorar o problema. Quando a criança começa a se sentir melhor, o apetite geralmente retorna. É melhor aproveitar as vantagens 47© ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR de qualquer período de fome, servindo lanches e alimentos mais nutritivos (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). A equipe de Enfermagem pode oferecer pequenas quanti- dades dos líquidos favoritos em intervalos frequentes e fornecer alimentos salgados (que aumentem a sede), se permitido. Se a diarreia estiver presente, deve-se evitar líquidos ricos em carboi- dratos, porque podem agravar a situação por seu efeito osmóti- co. Uma persuasão delicada com as bebidas preferidas geralmen- te obtém sucesso. O uso de técnicas lúdicas também pode ser muito eficiente. Nesse sentido, os profissionais de Enfermagem devem tornar as refeições agradáveis, evitando procedimentos imediatamente antes ou depois de comer e certificando-se de que a criança está descansada e não sente dor (FONSECA, 2013). Diante das intercorrências abordadas, vale ressaltar que, para desenvolver atividades de cuidado de qualidade e eficazes e promover a recuperação da criança, a família torna-se célula fun- damental na manutenção dos cuidados no ambiente hospitalar. Principais situações e intercorrências cirúrgicas em Pediatria O ato cirúrgico provoca em qualquer organismo algumas reações fisiológicas. Elas variam em tipo e intensidade, confor- me idade, estado nutritivo e de hidratação em que se encontra a criança na ocasião da cirurgia, bem como associação de doenças, condições pulmonares, cardiológicas, hepáticas e psicológicas. A resposta metabólica no pós-cirúrgico também irá depender do fator de traumatismo cirúrgico (HOCKENBERRY; WILSON, 2014). A assistência de Enfermagem à criança e ao adolescente em cuidados cirúrgicos deve ter a ênfase em minimizar o estres- se pré-operatório, a própria hospitalização, monitorar as possí- 48 © ENFERMAGEM PEDIÁTRICA E NEONATAL UNIDADE 1 – ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A RECÉM-NASCIDO, CRIANÇA E ADOLESCENTE NA REDE HOSPITALAR veis intercorrências cirúrgicas e assegurar uma rápida e efetiva recuperação pós-operatória. O enfermeiro é o coordenador da assistência de Enfermagem prestada no centro cirúrgico e, como tal, deve ser o líder da implementação e da avaliação da assistên- cia prestada ali (SCHMITZ, 2001). Nesse sentido, a criança e o adolescente internados, para se submeter a uma cirurgia, devem ser vistos no seu aspecto glo- bal, e ao enfermeiro cabe a responsabilidade de ampliar a as- sistência para além do fator cirúrgico, investigando e cuidando do paciente como um todo. Também é importante e necessário que o enfermeiro tenha conhecimentos sobre a cirurgia de um modo geral e sobre cada uma especificamente, além de conheci- mentos básicos sobre anestésicos, processo de anestesia, perda e reposição de fluidos e drenagens (CARVALHO, 2006). O período perioperatório consiste de três períodos que começam e terminam em um ponto específico na sequência de eventos da experiência cirúrgica. Eles definem as diferentes in- tervenções de Enfermagem que têm como objetivo promover um cuidado qualificado. Assim sendo, a Enfermagem periopera- tória inclui uma ampla variedade de funções e deve estar atenta às particularidades de cada fase do ato cirúrgico, assim como ao desenvolvimento e crescimento da criança e do adolescente. O preparo adequado da criança no pré-operatório é considerado como a primeira e mais importante etapa do tratamento pós- -operatório (SANTOS et al., 2013). O pré-operatório imediato compreende as 24 horas ime- diatamente anteriores à cirurgia. Conforme as condições da criança, intercorrências podem intervir na execução da cirurgia. Relatos de mal-estar, apatia, febre, tosse e coriza devem
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