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Saneamento Básico
Fernanda Cunha Maia
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento 
e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidência 
Rodrigo Galindo
Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão
Julia Gonçalves
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos
Diretoria de Produção e Responsabilidade Social
Camilla Veiga
Gerência Editorial
Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica
Renata Galdino
Supervisão da Disciplina
Francisco Ferreira Martins Neto
Revisão Técnica
Bárbara Nardi Melo 
Francisco Ferreira Martins Neto
Thamiris Mantovani CRB-8/9491 
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Maia, Fernanda Cunha
M217s Saneamento básico / Fernanda Cunha Maia. – Londrina : 
 Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
 208 p.
 
 ISBN 978-85-522-1600-1
 
 1. Sistema de abastecimento de água. 2. Sistema de 
 abastecimento de esgoto. 3. Resíduos sólidos urbanos. 
 I. Maia, Fernanda Cunha. II. Título. 
 CDD 628
Sumário
Unidade 1
Introdução ao saneamento e poluição aquática ........................................ 7
Seção 1
Saneamento e saúde pública ............................................................10
Seção 2
O meio aquático ................................................................................24
Seção 3
Poluição das águas ............................................................................40
Unidade 2
Águas para abastecimento ..........................................................................59
Seção 1
Os mananciais ...................................................................................61
Seção 2
Sistemas urbanos de água para abastecimento .............................78
Seção 3
Redes de distribuição de água .........................................................93
Unidade 3
Sistemas de tratamento para águas e esgotos ........................................111
Seção 1
Tratamento de águas para abastecimento ..................................112
Seção 2
Tratamento de Esgotos ..................................................................126
Seção 3
Reúso da água ................................................................................140
Unidade 4
Poluição atmosférica e terrestre ..............................................................157
Seção 1
A atmosfera ....................................................................................159
Seção 2
O solo ..............................................................................................174
Seção 3
Tratamento de resíduos sólidos ...................................................185
Palavras do autor
Caro aluno, iniciaremos os nossos estudos na disciplina de Saneamento Básico. Este não é só a destinação correta dos nossos dejetos, como podemos pensar em um primeiro momento. O 
saneamento básico, dentre outras definições, significa tornar um ambiente 
habitável, englobando todas as relações entre o meio em que vivemos e a 
população contida nele. Dessa forma, podemos pensar assim: enquanto 
o médico é o responsável pela saúde de um certo número de pessoas, o 
engenheiro é o responsável pela saúde e desenvolvimento da comunidade 
como um todo, a partir do saneamento. Além disso, como consequências 
dos conhecimentos e das medidas pró-saneamento, teremos cidades cada 
vez mais sustentáveis, usos mais racionais dos nossos mananciais, controle e 
destinações corretas dos resíduos sólidos, dentre outros aspectos.
Neste material, aprenderemos, primeiramente, sobre os conceitos de 
saneamento de forma geral e a relação direta entre este e a saúde pública. 
Na Unidade 1, compreenderemos os principais conceitos relacionados ao 
comportamento do meio aquático. Em seguida, na Unidade 2, abordaremos 
os estudos dos mananciais e começaremos a entender e dimensionar os 
sistemas urbanos de água para abastecimento. Já na Unidade 3, adentraremos 
nos tratamentos em si, entendo o funcionamento das chamadas estações de 
tratamento de água e esgoto. Por fim, na Unidade 4, estudaremos os conceitos 
relacionados à poluição atmosférica e terrestre, bem como os principais 
poluentes e tratamentos para ambas. Para finalizar esta unidade, teremos 
como destaque o tratamento de resíduos sólidos e os aterros sanitários. 
Sendo assim, como podemos observar, é de grande importância que o 
engenheiro civil entenda e aplique as concepções do saneamento nas suas 
atividades profissionais. 
Bons estudos!
Unidade 1
Fernanda Cunha Maia
Introdução ao saneamento e poluição aquática
Convite ao estudo
Frequentemente é comum associar as atividades de um engenheiro 
civil às construções. Quando nos tornamos estudantes de engenharia, 
começamos a entender a grandiosidade do curso e todas as suas ramifica-
ções. Nesse contexto, somos apresentados ao saneamento e descobrimos que 
o engenheiro civil também pode ser o responsável por uma parte da saúde 
da população. Nesta unidade temos como objetivo principal conhecer os 
principais conceitos relacionados ao saneamento e, consequentemente, sua 
relação com a saúde pública. Além disso, conheceremos a dinâmica energé-
tica das águas e os parâmetros que nos apresentam uma real situação do meio 
aquático e, por fim, compreenderemos, de forma aprofundada, a poluição 
das águas.
Como resultados de aprendizagem devemos entender o conceito de 
saneamento básico e suas implicações para a saúde da população, além da 
dinâmica energética do meio, isto é, como funciona a autodepuração e a 
poluição das águas.
Caro aluno, imagine que você é o engenheiro civil de uma empresa 
especializada em atividades e construções civis voltadas para a área de sanea-
mento. Dentre todas as atividades que a empresa executa, estão também os 
serviços de consultoria em saneamento e meio ambiente. 
Recentemente, a empresa foi contratada para prestar consultorias em 
saneamento para a prefeitura da cidade de Assú (Figura 1.1.a, localizada no 
Rio Grande do Norte). Este município fica a 214 km de Natal (Figura 1.2.b), 
tem aproximadamente 60 mil habitantes, apresenta clima semiárido (quente 
e seco), índice pluviométrico de 600 mm anuais e, no que se refere à água de 
abastecimento, esta provém da barragem Armando Ribeiro Gonçalves (Rio 
Piranhas-Assú). O prefeito contratou a empresa para realizar uma verdadeira 
curadoria em termos de saneamento para a cidade de Assú.
Figura 1.1 | Assú / RN: (A) Cidade; (B) Localização da cidade no estado do Rio Grande do Norte
Fonte: (a) Praça São João Batista – Açu (RN). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pra%.-
C3%A7a_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Batista_-_A%C3%A7u_(RN)_-_panoramio.jpg. Acesso em: 19 mar. 2019.
Fonte: (b) Rio Grande do Norte Município. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrann-
dedoNorte_Municip_Assu.svg. Acesso em: 19 mar. 2019.
A
B
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pra%C3%A7a_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Batista_-_A%C3%A7u_(RN)_-_panoramio.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pra%C3%A7a_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Batista_-_A%C3%A7u_(RN)_-_panoramio.jpg
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrandedoNorte_Municip_Assu.svg
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrandedoNorte_Municip_Assu.svg
Você e sua chefe foram designados para solucionar todos os problemas de 
Assú e terão que, dentre outros aspectos: 
1. Analisar a qualidade da água de abastecimento: possívelmudança do 
manancial utilizado. A água está poluída? Como a autodepuração do 
rio ajudaria a população nesse caso? 
2. Considerar uma possível mudança do tratamento que vem sendo 
realizado na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE): o mal cheiro 
da ETE está incomodando uma comunidade próxima ao local. O 
aparecimento de vetores no local se deve à presença da ETE?
3. Explicar aos moradores da cidade a importância dos cuidados com 
os resíduos sólidos produzidos, em especial, os provenientes da 
construção civil – atividade de destaque na cidade de Assú.
Na unidade a seguir veremos os conceitos relacionados ao saneamento, 
com foco nas doenças ligadas a este, e à saúde. Por exemplo, a poluição das 
águas afetará a vida da população da cidade? Como o processo de autodepu-
ração influenciará a escolha do manancial? E o aparecimento de vetores trará 
necessariamente doenças à comunidade?
Teremos muitos desafios durante esta jornada de aprendizado. 
Vamos lá?
10
Seção 1
Saneamento e saúde pública
Diálogo aberto
Caro aluno, podemos imaginar pelo nosso conhecimento prévio que o 
saneamento (ou a falta dele) traz consequências seríssimas a uma comuni-
dade. Sabemos que jogar o esgoto sem tratamento a um rio trará poluição 
a ele, e uma doença infecciosa pode ser transmitida, por exemplo, a uma 
população ribeirinha por este motivo. 
Você e sua chefe foram designados para solucionar todos os problemas de 
Assú. Ao começar a explorar todas as questões da cidade, foi descoberto mais 
um problema: Assú está passando por um surto de alguma doença infec-
ciosa. Os sintomas começaram a surgir quando uma indústria de cerâmica 
se instalou há 20 km do centro da cidade e está descartando seus dejetos 
no Rio Piranhas-Assú em um local anterior ao ponto de captação da água 
da cidade. Os dejetos dessa indústria são compostos basicamente de metais 
ferrosos e não ferrosos, além do esgoto produzido pelas pessoas que traba-
lham no local. Nesse período, a cidade estava passando por período chuvoso 
e alguns cidadãoes estavam reportando um grande número de ratos vistos 
no centro da cidade.
Os sintomas dessa doença são: diarreia, vômito, febre alta, olhos verme-
lhos, dores musculares e abdominais. Coincidentemente, todas as pessoas 
doentes moram no centro e tiveram suas casas alagadas ou contato direto 
com as águas das últimas chuvas. Nenhum funcionário da indústria ficou 
doente. A partir disso, você deverá elaborar uma cartilha informativa com 
o intuito de distribuir para a população, contendo as seguintes informações:
• A relação direta entre saúde pública e saneamento.
• O conceito de doenças infecciosas. Qual a doença que está afetando a 
população, bem como sua forma de contágio e prevenção.
A seguir, veremos todos os conceitos relacionados ao saneamento e sua 
relação direta com a saúde da população, bem como o controle de vetores e 
a poluição dos corpos hídricos nessa empreitada. Lembre-se de que, nesse 
contexto, o papel do engenheiro civil é fundamental para solucionar essas 
questões!
11
Não pode faltar
Ao procurarmos o conceito de saneamento na língua portuguesa, de 
acordo com o dicionário Aurélio (2018, [s.p.]), encontraremos a seguinte 
definição: “saneamento: sanar, tornar higiênico; salubrificar; remediar; 
tornar habitável. Tornar apto para a cultura, expurgar.”
Se analisarmos todas as palavras anteriores em conjunto teremos sempre 
uma mesma ideia do significado de saneamento: ato de garantir e manter 
um ambiente sadio para um certo grupo de pessoas. Nesse sentido, para que 
um ambiente seja considerado saudável, temos que levar em consideração 
diversos aspectos relacionados a ele, incluindo fatores sociais, econômicos e 
ambientais. Em outras palavras, além da saúde física de uma população, um 
ambiente sadio engloba um todo, um conjunto de fatores básicos e direitos 
fundamentais da comunidade.
Como poderemos entender o que é um meio ambiente sadio, sem antes 
compreender o que é o meio ambiente em si? Neste material, você verá o 
conceito de meio ambiente como um termo mais abrangente, sob uma ótica 
na qual o meio ambiente é a relação direta entre fatores naturais, artificiais e 
culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todos os 
seus formatos (SILVA, 2008). 
Se analisarmos pelo ponto de vista da engenharia, para promover um 
meio ambiente sadio há um conjunto de ações operacionais que faz parte 
do saneamento básico. São elas: distribuição de água potável, tratamento 
de esgotos sanitários, limpeza urbana e destinação final de resíduos sólidos. 
Outro grande pilar do saneamento básico é a drenagem urbana de águas 
pluviais, abordado na disciplina Hidrologia e Drenagem (Figura 1.2).
Figura 1.2 | Pilares do saneamento básico
Fonte: elaborado pela autora.
Quando nos referimos à saúde pública, estamos nos referindo ao conjunto 
de práticas a favor da saúde da população e, entre essas medidas, estão as de 
saneamento básico. Ao garantir a uma comunidade todos os quatro pilares 
12
do saneamento básico bem estruturados, podemos observar a promoção da 
saúde pública, qualidade de vida e, consequentemente, melhora dos índices 
básicos de desenvolvimento humano. Uma regra que podemos adotar é: 
quanto mais se investe em saneamento básico, menores serão os gastos com 
a saúde da população.
Exemplificando
Após aprendermos o conceito do saneamento básico e todas as suas 
facetas, compreendemos o papel do engenheiro civil dentro desse 
contexto. É papel deste profissional o manejo correto dos recursos 
naturais disponíveis. A reutilização dos recursos disponíveis na natureza 
e a preservação do meio ambiente são consequências das nossas 
escolhas. Nossas ações, como engenheiros, serão responsáveis pela 
promoção do bem-estar, da qualidade de vida e do próprio desenvol-
vimento da população.
No Brasil, a Lei nº 11.445/2007, chamada de Lei Nacional do Saneamento 
Básico (BRASIL, 2007), é a responsável pelas diretrizes básicas do sanea-
mento no país. A partir desta lei foi estabelecido que a acessibilidade dos 
serviços públicos do saneamento deveria ser generalizada, ou seja, que os 
quatro pilares do saneamento (que já citamos anteriormente) fossem direitos 
da população; e esses serviços devem ser interligados com outras medidas de 
política pública. Assim, no Brasil, o saneamento se torna um direito básico 
para todo cidadão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2010, p. 17), até 2007 cerca de 58% da população brasileira 
estava sem qualquer rede coletora de esgoto; nessa pesquisa, 15,3 milhões de 
pessoas que não tinham rede viviam só no Nordeste – local onde a situação 
era mais grave. 
Após mais de 10 anos da Lei Nacional do Saneamento Básico, a Secretária 
Nacional do Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/
MDR) em conjunto com o Sistema Nacional de Informações (SNIS) vem 
publicando atualizações anuais da situação do saneamento brasileiro. Nos 
diagnósticos dos serviços de água e esgotos, do manejo de resíduos sólidos 
urbanos, de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas é possível notar 
alguns progressos na área. Em relação ao esgotamento sanitário e ao índice 
de pessoas que são atendidas por uma rede coletora de esgoto, em 2017, 
houve um aumento para 60,2% da população atendida: isso quer dizer que 
em 10 anos o percentual da população atendida por uma rede coletora de 
esgoto aumentou 18,2% (Figura 1.3). 
file:///C:\Users\daniela.mandu\Documents\1_Macros\Seção_1.1\U1S1_Elaborar1.docx#tituloExemplificando
13
Em termos de abastecimento de água, o índice de distribuição em cidades 
tem valores acima de 90% no Distrito Federal e em mais 18 estados brasi-
leiros: Pernambuco, Roraima, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, 
Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, São 
Paulo, Espirito Santo, Bahia, Sergipe, Piauí, Minas Gerais, Paraíba e Santa 
Catarina (SNIS, 2017). Em suma, 2.558 municípios brasileiros apresentam 
índice de atendimentourbano para 100% da população, isso significa 49,9% 
dos municípios da amostra. 
Contudo, em termos de eficiência desse sistema de abastecimento de água, 
ou seja, a quantidade de água potável que é perdida durante todo o percurso 
da estação de tratamento até casa do consumidor, podemos observar uma 
perda (desperdício) de 38,7% dessa água no país. Outros países do mundo 
apresentam índices por volta de 10% de perdas no sistema de abastecimento, 
como Alemanha e Japão, e até abaixo dos 10% de perdas, como Austrália e 
Nova Zelândia (SNIS, 2017, p. 53). Além disso, observamos diversas discre-
pâncias nos dados divulgados, isto é, há uma diferença de quase 40% de 
perda entre a região Norte e Sudeste – regiões com maiores e menores perdas 
no país (dados divulgados pelas empresas privadas locais).
Figura 1.3 | Índice de atendimento urbano no Brasil em 2017 (porcentagem)
Fonte: SNIS (BRASIL, 2017, p. 48).
14
Nos resíduos sólidos, os dados divulgados em 2017 pelo SNIS no Brasil 
demonstram que 98,8% da população urbana tem coleta domiciliar. Esse 
índice apresenta uma taxa de cobertura do serviço regular de coleta domici-
liar em relação à população urbana (considerando coleta direta e indireta). 
Embora o percentual indique um número alto de cobertura dos serviços de 
coleta de resíduos, estima-se que aproximadamente 2,3 milhões de habitantes 
urbanos não sejam atendidos por um serviço de coleta regular. 
Um parâmetro importante para avaliarmos as condições do saneamento 
de um país é o aparecimento de algumas doenças infecciosas, já que o modo 
de contágio destas está diretamente ligado aos sistemas de saneamento de 
uma cidade. Dessa forma, o índice de mortalidade causado pelas doenças 
também é considerado um reflexo da qualidade dos serviços de saneamento. 
Nesse contexto, podemos citar, por exemplo, o índice de mortalidade infantil 
(número de óbitos para crianças menores de um ano de idade por cada 1.000 
crianças nascidas vivas), comumente utilizado como reflexo da disponibi-
lidade e qualidade da infraestrutura socioeconômica de uma comunidade, 
tendo em vista que a população infantil é mais susceptível às condições do 
meio ambiente no qual está inserida.
Reflita
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou uma nova publi-
cação intitulada “Herdar um mundo sustentável: Atlas sobre a saúde das 
crianças e o meio ambiente” sobre os desafios contínuos e emergentes 
para a saúde ambiental das crianças.
Nesse contexto, qual é a relação entre saneamento e saúde? Por que 
podemos associar a presença do saneamento básico à saúde pública de 
uma cidade?
No Brasil, é divulgado anualmente uma evolução da mortalidade da 
população em um documento chamado “Tábua completa de mortalidade 
para o Brasil – 2017”. Nesse documento é possível ver uma nítida diminuição 
das taxas de mortalidade infantil ao longo dos anos (IBGE, 2017). Nas 
últimas décadas podemos observar uma grande diminuição das taxas de 
mortalidade infantil (Quadro 1.1). Todavia, dados da Organização Mundial 
da Saúde (OMS, 2017) indicam que uma em quatro mortes de crianças (até 
5 anos) é consequência direta do meio ambiente insalubre. Dentro dessas 
doenças 361 mil crianças morrem por ano no mundo por diarreia conse-
quente de águas poluídas, ou seja, apesar de observarmos avanços e mais 
acesso ao saneamento, ainda temos um grande desafio em termos de acessi-
bilidade ao saneamento em um âmbito mundial.
file:///C:\Users\daniela.mandu\Documents\1_Macros\Seção_1.1\U1S1_Elaborar1.docx#tituloReflita
15
Quadro 1.1 | Taxa de mortalidade infantil (por mil), taxa de mortalidade no grupo de 1 a 4 anos 
de idade (por mil) e taxa de mortalidade na infância (por mil) - Brasil - 1940/2017
Ano
Taxa de 
mortalidade 
infantil (por 
mil)
Taxa de 
mortalidade 
no grupo de 
1 a 4 anos de 
idade (por 
mil)
Taxa de 
mortalidade 
na infância 
(por mil)
Das crianças que 
morreram antes 
dos 5 anos, qual é 
a chance de falecer 
(%)?
Antes 
de 1 
ano
Entre 1 
a 4 anos
1940 146,6 76,7 212,1 69,1 30,9
1950 136,2 65,4 192,7 70,7 29,3
1960 117,7 47,6 159,6 73,7 26,3
1970 97,6 31,7 126,2 77,3 22,7
1980 69,1 16,0 84,0 82,3 17,7
1991 45,1 13,1 57,6 78,3 21,7
2000 29,0 6,7 35,5 81,7 18,3
2010 17,2 2,64 19,8 86,9 13,1
2017 12,8 2,16 14,9 85,7 14,3
D%( / )1940 2017 -91,3 -97,2 -93,0
D( / )1940 2017 -133,8 -74,5 -197,2
Fonte: IBGE (2008, p. 7).
Agora que aprendemos a relação entre saúde e saneamento, a seguir 
veremos quais são as principais doenças relacionadas à falta de saneamento. 
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2010), as doenças 
são chamadas de Doenças Relacionadas a um Saneamento Ambiental 
Inadequado (DRSAI). Podemos concluir que as DRSAI são aquelas que 
apresentam: transmissão fecal-oral, transmissão por vetores, transmissão por 
contato com a água contaminada, doenças relacionadas à falta de higiene da 
população, helmintíases e teníases. Para classificar as doenças como sendo 
DRSAI, é necessário avaliar o comportamento do agente etiológico no meio 
ambiente, pois esse é o principal fator que determina se as ações de sanea-
mento podem ou não influenciar o aparecimento dessas doenças em uma 
comunidade. Assim, a partir dessas classificações e do entendimento que o 
saneamento influencia diretamente na saúde de uma população, há a neces-
sidade de utilizar outros fatores como parâmetros para a eficácia dessa infra-
estrutura básica. Como exemplo, temos os índices de mortalidade infantil ou 
índice de mortalidade por doenças infecciosas tornando-se parâmetros da 
qualidade dos serviços de saneamento dos centros urbanos. A seguir, veja no 
Quadro 1.2 exemplos de DRSAI.
16
Quadro 1.2 | Exemplos de doenças infecciosas que têm relação com o saneamento inadequado 
(DRSAI)
Doença Transmissão Sintomas
Cólera Consumo de água contaminada Diarreia intensa e vômito
Dengue Picada do mosquito infectado
Dores abdominais, vômito e 
tonturas
Diarreia infecciosa Contato com fezes contaminada Febre, diarreia e falta de apetite
Doença do carrapato Picada do carrapato infectado
Anemia, dor no corpo e falta 
de apetite
Doença de Chagas Contato com fezes do inseto infectado
Febre, dor no corpo, aumento 
do fígado, náuseas e diarreia
Esquistossomose Contato com o caramujo infectado
Febre, dermatite, tosse, 
diarreia, enjoos e vômito
Febre tifoide Consumo de água contaminada
Febre, vômito, diarreia e dor 
de cabeça
Giardíase Contato com fezes contaminadas Dor abdominal, diarreia e febre
Hepatite A Contato com fezes contaminadas
Urina escura e amarelamento 
da pele
Leptospirose Contato com urina de ratos infectados
Febre alta, dores de cabeça, dor 
no corpo e vômito
Fonte: elaborada pela autora.
Os vetores são organismos que conduzem os agentes etimológicos e 
são responsáveis pelo aparecimento de algumas doenças infecciosas. Com 
a grande maioria da população vivendo em centros urbanos, os vetores 
são os responsáveis pelo aparecimento dessas doenças em cidades (como 
17
a febre amarela, por exemplo). Assim, temos a necessidade do controle da 
população desses organismos: se controlarmos o aparecimento dos vetores 
e sua infestação, conseguiremos erradicar a doença correlata. São vetores: 
alguns mosquitos, moscas, carrapatos, besouros, pulgas (Figura 1.4), caracóis, 
vermes, baratas, ratos e entre outros.
Figura 1.4 | Vetores: pulga andando na pele humana
Fonte: Shutterstock.
As medidas gerais de saneamento podem trazer uma diminuição da 
densidade populacional dos vetores, como uma rede de abastecimento de 
água com a etapa de desinfecção, tratamento e destinação final dos dejetos 
urbanos, coleta regular dos resíduos sólidos e até melhoria das moradias 
da população. Além disso, o meio ambiente também pode ser um fator 
contribuinte para a proliferação dos vetores, como a presença de água para 
desenvolvimento de larvas (podemos lembrar que o mosquito da dengue, 
nesse caso, precisa de água para seu desenvolvimento). Em outras palavras, 
alterando essas condições, alteraremos o desenvolvimentoe a reprodução 
dos vetores e, consequentemente, o seu aparecimento. De forma prática, 
temos o controle dos vetores de três formas: o controle biológico, o mecânico 
e o químico (Figura 1.5).
18
Figura 1.5 | Formas do controle de vetores
Fonte: elaborado pela autora.
Assimile
Doença infecciosa: são chamadas doenças infecciosas todas aquelas 
transmissíveis de uma pessoa para outra através de um agente etioló-
gico. Essas doenças podem ser transmitidas de diversas formas: por 
meio de vetores, da água contaminada, da comida, dentre outras. 
Agente etiológico: chamado também de agente infeccioso ou agente 
patogênico, trata-se do ser vivo que causará a doença. Comumente 
estão inseridos nas bactérias, nos vírus, nos fungos, nos protozoários e 
nos vermes (dos filos platelmintos e nematelmintos). 
Vetor: em saneamento chamamos de vetor o veículo (animal) portador 
do agente etiológico. Apesar de alguns deles conseguirem se proliferar 
nos próprios vetores, diferente dos agentes etiológicos, eles não trans-
mitem a doença em si. Podem ser moluscos, artrópodes, entre outros 
animais. A dengue, por exemplo, tem o mosquito como vetor e um vírus 
como agente etiológico.
Pesquise mais
Aluno, aprofunde seus conhecimentos sobre a relação do saneamento 
com a saúde pública lendo o capítulo 1 da seguinte referência, dispo-
nível na biblioteca virtual.
PHILIPPI JR, A.; MALHEIROS, T. F. Saneamento e saúde pública: 
integrando homem e ambiente. In: PHILIPPI JR, A. Saúde e ambiente: 
fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 
2005. Capítulo 1, p. 3-31. [Minha Biblioteca]. 
Não esqueça de fazer o login na “Minha biblioteca”, na Biblioteca 
Virtual, antes de clicar no link.
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Sem medo de errar
Você e sua chefe foram designados para solucionar todos os problemas de 
Assú e, como primeira atividade, vocês devem elaborar uma cartilha infor-
mativa com o intuito de distribuir para a população, destacando a relação 
direta entre saúde pública e saneamento, o conceito de doenças infecciosas 
e a doença que está afetando a população, bem como sua forma de contágio 
e prevenção.
Conforme vimos nesta seção, as doenças infecciosas são aquelas trans-
missíveis de uma pessoa para outra através de um agente etiológico. Estas 
podem ser transmitidas de diversas formas: por meio de vetores, da água 
contaminada, da comida, dentre outras.
A falta de saneamento básico está diretamente ligada ao aparecimento de 
certas doenças infecciosas (aprendemos essa relação no início da Unidade 
1), por isso, comumente associamos o saneamento e a saúde pública de uma 
população. É importante frisar que, quando bem estruturados, os pilares 
do saneamento (abastecimento de água, tratamento de esgotos, coleta de 
resíduos e drenagem de águas pluviais) funcionam como verdadeiros “termô-
metros” da qualidade de vida de uma comunidade. 
Como os sintomas dessa doença temos: a diarreia, o vômito, a febre alta, 
os olhos vermelhos, as dores musculares e abdominais. Coincidentemente 
todas as pessoas doentes moram no centro e tiveram suas casas alagadas 
ou contato direto com as águas das últimas chuvas. Nenhum funcionário 
da indústria ficou doente. Nesse contexto, podemos concluir que as pessoas 
tiveram leptospirose por contato com a urina dos ratos infectados.
Na cartilha é importante destacarmos qual é essa doença, as formas de 
prevenção e contágio. 
Cartilha: Leptospirose – Assú 2019
• Qual é a doença: leptospirose, uma doença infecciosa causada por 
uma bactéria presente na urina de ratos infectados. 
• Transmissão: ela é transmitida por meio do contato com a urina dos 
ratos, ou águas que tiveram contato com essa urina contaminada. 
• Tratamento dos doentes: o tratamento dos doentes é realizado com 
antibióticos específicos, repouso e hidratação. 
20
• Como evitar a doença: deve-se evitar o contato com as águas da 
inundação e com os ratos, além de fazer o controle de vetores. 
Devemos também higienizar o domicilio após a inundação e, ao 
realizar a limpeza, utilizar desinfetantes e luvas.
Avançando na prática
Nova doença acomete população ribeirinha dos 
arredores de Assú
Após o lançamento de sua cartilha a respeito da leptospirose, muitas 
pessoas dos arredores de Assú entraram em contato com você e sua equipe 
a respeito de outras possíveis doenças relacionadas à falta de saneamento 
básico. A população ribeirinha da cidade de Itajá, próxima a Assú, vem 
apresentando nos últimos 10 anos uma estabilização da mortalidade infantil, 
com índices de até 7 (por mil nascidos vivos, por ano) mortes no grupo de 
1 a 4 anos de idade – índice alto para dados atuais. A cidade não tem rede 
coletora de esgoto nem sistema de coleta de resíduos sólidos. A maioria das 
pessoas utiliza poços ou água de rios sem tratamento para abastecimento de 
água potável das residências, não sendo vistos vetores na cidade. 
Como poderíamos descobrir o porquê desse alto índice de mortali-
dade infantil que acomete a comunidade ribeirinha de Itajá? Indique alguns 
melhoramentos para que os índices de mortalidade infantil vistos atualmente 
sejam menores nos próximos anos.
Resolução da situação-problema
Se observarmos as características da comunidade ribeirinha da cidade 
de Itajá, podemos notar diversos pontos que podem contribuir para os 
altos índices de mortalidade infantil da comunidade. Conforme vimos ao 
longo desta seção, alguns pilares do saneamento provavelmente não estão 
sendo fornecidos à comunidade. Podemos, como engenheiros, analisar essas 
questões. 
Como melhoramento, deve-se fazer, primeiramente, uma análise da 
qualidade de água que a população vem consumindo, tanto a água dos poços 
(analisando o lençol freático utilizado por essas pessoas) quanto a água do 
rio que as pessoas utilizam como mananciais (mesmo sem o tratamento 
prévio). Provavelmente a água utilizada está contaminada em algum ponto: 
21
seja pela ausência do tratamento de esgoto e água para abastecimento antes 
do consumo, seja pela ausência da coleta de resíduos sólidos (que podem 
também poluir um lençol freático). Como solução, é necessário um trata-
mento prévio da água para consumo, ter uma rede e um tratamento do esgoto 
produzido pela comunidade e uma coleta de resíduos com uma destinação 
final adequada.
Faça a valer a pena
1. Leia o trecho a seguir:
Dirigentes da ONU pediram nesta sexta-feira (22), Dia 
Mundial da Água, que países “não deixem ninguém para 
trás” no acesso a serviços de água potável e saneamento 
básico. Atualmente, estima-se que 2,1 bilhões de pessoas no 
mundo vivam sem água própria para o consumo humano. 
Organização alerta que degradação ambiental, crescimento 
populacional e mudanças climáticas poderão agravar desafios 
de oferta e disponibilidade dos recursos hídricos. (ONUBR, 
2019, [s.p.])
A disponibilidade de água potável, bem como os serviços básicos providos pelo 
saneamento básico são de extrema importância para a população mundial.
Assinale a alternativa que indica corretamente os quatro pilares básicos, ou seja, os 
quatro principais serviços providos pela infraestrutura oferecida pelo saneamento 
básico.
a. Saneamento ambiental, controle de vetores, controle de animais exóticos e 
distribuição de água.
b. Abastecimento e distribuição de água, controle de vetores, drenagem de águas 
pluviais e coleta de resíduos sólidos.
c. Saneamento ambiental, saneamento na construção civil, saneamento nos 
meios de transporte e saneamento em situações de emergência. 
d. Abastecimento e distribuição de água potável, drenagem de águas pluviais, 
coleta e destinação final de resíduos sólidos e tratamento de esgotos.
e. Controle de vetores, distribuição de esgotos sanitários, saneamento nos meios 
de transporte e abastecimento de água potável para a população.
22
2. Leia o trecho a seguir:
De janeiro até 16 de março deste ano (2019), o Amapá regis-
trou queda nos casos confirmados de dengue,chikungunya 
e zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. 
Os números são do Ministério da Saúde (MS) com destaque 
para a queda de diagnóstico de dengue de 81,5%, em compa-
ração ao mesmo período de 2018. Os registros de dengue 
reduziram de 227 para 42. Nas confirmações de chikungunya, 
a queda foi de 40 para 17 casos, e de zika foram 6 casos em 
2018 e 3 neste ano. Ainda não houve mortes, nem casos de 
microcefalia em 2019, segundo relatório. (G1, 2019, [s.p.]).
Sabemos que o controle de vetores está diretamente associado ao aparecimento de 
certas doenças.
A seguir, assinale a alternativa que apresenta corretamente as doenças transmitidas 
por vetores.
a. Chikungunya, leptospirose e esquistossomose.
b. Amebíase, rinite e leptospirose.
c. Cólera, diarreia infecciosa e esquistossomose.
d. Dengue, chikungunya e giardíase.
e. Diarreia infecciosa, dengue e malária. 
3. Leia o trecho a seguir:
A melhora dos indicadores de saneamento das maiores 
cidades brasileiras tem sido mais lenta do que o necessário, 
segundo avaliação da Associação Brasileira de Engenharia 
Sanitária e Ambiental (Abes). A visão é de que o Brasil 
ainda tem grandes problemas com relação a tratamento de 
esgoto e destinação de resíduos sólidos. A entidade publica 
nesta quarta-feira (13/06/2918) os dados atualizados do 
seu ranking de universalização de saneamento, que avalia a 
situação das cidades com mais de 100 mil habitantes a partir 
dos dados enviados ao Sistema Nacional de Informações 
sobre Saneamento (SNIS), do governo federal. A novidade 
23
desse ano é a criação de um segundo ranking, que envolve as 
cidades de pequeno e médio porte que enviaram ao sistema 
todas as informações necessárias para construção da lista. 
(REVISTA VALOR, 2018, [s.p.]).
A infraestrutura oferecida pelo saneamento básico tem como principal consequência 
o surgimento de um meio ambiente sadio, fato este que melhora as condições e a 
qualidade de vida da população.
Sobre o saneamento básico e sua relação com a saúde pública, assinale a alternativa 
correta.
a. O aparecimento de certas doenças infecciosas, de doenças transmitidas pela 
água e as doenças sexualmente transmissíveis podem ser evitadas pelo abaste-
cimento de água potável e tratamento de esgotos.
b. Apenas o tratamento de águas para abastecimento e esgotos sanitários é 
suficiente para que a população tenha o controle do aparecimento de doenças 
infecciosas relacionadas ao saneamento.
c. O controle de vetores e uma infraestrutura de tratamento de águas e esgotos, 
juntamente de coleta e tratamento do lixo urbano, são importantes aliados 
para a saúde e qualidade de vida da população.
d. O controle da drenagem de águas pluviais e a coleta dos resíduos sólidos são 
as principais medidas de saneamento básico e apresentam como principal 
consequência o controle total dos vetores.
e. O abastecimento de água potável, coleta e tratamento dos resíduos sólidos, a 
drenagem urbana das águas pluviais e o controle das doenças infecciosas são 
ações denominadas pilares do saneamento básico.
24
Seção 2
O meio aquático
Diálogo aberto
Caro aluno, no nosso dia a dia, em locais próximos de onde vivemos é 
comum “ouvirmos falar” que um rio, um lago ou uma praia está apto ao 
banho. Porém, também é comum termos notícias de poluição de algum meio 
aquático. Mas como essa poluição ocorre? O que aconteceu nesse meio para 
que possamos classificar, ou identificar, um corpo hídrico como poluído? Nos 
próximos itens desta seção estudaremos especificamente as poluições das 
águas, ou seja, do meio aquático. Todavia, para entendermos como funciona 
a poluição aquática e, principalmente, como evitá-la, é necessário primeira-
mente aprendermos como esse meio funciona. Dessa forma, compreende-
remos toda a dinâmica que ocorre neste meio, as partes constituintes e tudo 
o que pode alterar o equilíbrio deste ecossistema. 
Voltando às suas questões como engenheiro de uma empresa que 
apresenta atividades na área do saneamento, temos os problemas que a 
cidade de Assú vem passando nessa área. Ao analisar as causas da doença 
que acometeu uma parte da população, você recebeu um relatório completo 
sobre a qualidade da água que está sendo utilizada para o abastecimento da 
população. Por meio das análises laboratoriais, foi possível entender que a 
água atende a todos os padrões de qualidade da água. Lembrando que as 
pessoas que ficaram doentes moravam somente em uma parte da cidade que 
tinha contato direto com os ratos. Além disso, lembre-se de que nenhum dos 
funcionários da indústria ficou doente. 
Um dos colaboradores da empresa lhe questiona sobre o porquê apenas 
parte da população ficou doente e se isso teria influência na distância do 
lançamento do efluente no rio. Assim, explique quais são as etapas da autode-
puração e sua possível relação com o surto da doença que acometeu Assú.
Como podemos imaginar, a poluição das águas é um assunto de muita 
relevância para a população em geral. Os engenheiros civis também são 
responsáveis pela manutenção e recuperação dos corpos hídricos ao redor do 
planeta. Nesse contexto, é imprescindível que entendamos como a poluição 
ocorre. A partir disso, vamos começar nossos estudos?
25
Não pode faltar
Caro aluno, a adição de qualquer substância (ou forma energética) a um 
meio que tenha como resultado a impossibilidade da utilização deste pelas 
populações que ali vivem pode ser chamada de poluição. Além disso, temos 
presente, nesse contexto, o conceito de ecossistema, que é o conjunto das 
populações (fauna e flora) e o meio em que habitam vivendo juntos, por 
exemplo, os indivíduos de um certo espaço e o ambiente em que convivem. 
A poluição pode ocorrer em diversos ecossistemas e, de modo geral, pode 
ser encontrada em três meios: o meio aquático, o meio terrestre e o meio 
atmosférico. Dessa forma, aprenderemos, em especial, sobre a poluição das 
águas e, ao decorrer das próximas unidades, trataremos das poluições e de 
suas implicações no solo e no ar.
A água é um composto químico formado por hidrogênio e oxigênio, mais 
especificamente de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, que 
originam a molécula da água ( H O2 ). Esta é essencial para a vida na Terra e, 
por esse motivo, a Organização das Nações Unidas (ONU) declara que a água 
potável é um direito fundamental de todos os seres humanos, juntamente 
com o acesso aos serviços de saneamento (ONU, 1992a).
Dentre os princípios recomendados pela Declaração de Dublin, tradu-
zida por Gnadlinger (1992a, [s.p.]), sobre a água e desenvolvimento susten-
tável da ONU, temos:
Princípio nº 1: a água doce é um recurso finito e vulne-
rável, essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento 
e o meio ambiente.
Como a água sustenta a vida, o gerenciamento eficaz dos 
recursos hídricos exige uma abordagem holística, ligando 
o desenvolvimento social e econômico à proteção dos 
ecossistemas naturais. A gestão eficaz liga os usos da terra 
e da água em toda a área de captação ou no aquífero de 
águas subterrâneas.
Por esses motivos, é necessário entender a importância da água como um 
bem comum e a crescente preocupação mundial com esse recurso. Assim, 
compreenderemos como o meio aquático funciona. No entanto, faremos, 
primeiramente, uma breve revisão a respeito de alguns conceitos ecológicos 
relevantes.
26
Assimile
O meio aquático é o lugar que tem a água como principal composto. 
Chamamos de meio aquático os rios, lagos, oceanos, mares, poços 
subterrâneos, entre outros, sendo muito importante para a manutenção 
da vida no planeta e considerado o local no qual diversos ecossistemas 
sobrevivem e cadeias alimentares (teia alimentar) se desenvolvem. Já 
a cadeia alimentar é a transmissão de energia em forma de matéria 
orgânica por meio da alimentação, funcionando, de forma sequencial, 
no que denominamos de cadeia. A cadeia alimentar, por sua vez, pode 
ocorrer em diversos ecossistemas, inclusive, no meio aquático, no qual 
observamos o desenvolvimentode teias alimentares completas.
Os organismos chamados de autotróficos são aqueles que apresentam a 
habilidade de produzir o próprio alimento. Já todos os outros organismos 
vivos que habitam o planeta precisam de algum alimento, isto é, de algum 
tipo de energia para sobreviver. Esta energia pode ser em forma de luz; com 
esta, os seres autotróficos utilizam para produzir seu alimento em forma de 
fotossíntese. Esses seres, posteriormente, podem se transformar em alimento 
a ser consumido pelos seres heterotróficos (e esse será considerado também 
um tipo de “energia”), os quais também podem ser consumidos por outros 
seres heterotróficos. 
Com os seres autotróficos, obtemos a cadeia alimentar. Todos os seres que 
fazem parte desta são divididos em níveis tróficos. Nesse sentido, o primeiro 
nível trófico é composto pelos seres autotróficos (as plantas), e o segundo, 
pelos organismos que se alimentam somente dos seres autotróficos (os herbí-
voros). Por fim, os organismos que se alimentam dos herbívoros fazem parte 
do terceiro nível trófico, podendo existir em uma cadeia alimentar diversos 
níveis (Figura 1.6).
27
Figura 1.6 | Exemplos de cadeia alimentar
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Simplik-
fied_food_chain.svg. Acesso em: 25 abr. 2019.
Conceituamos, em saneamento, os organismos que produzem seu próprio 
alimento (os autotróficos) de produtores. Nos ecossistemas aquáticos, os 
produtores são as plantas e constituem a base da cadeia alimentar nesse 
meio. Todos os seres que não conseguem produzir seu alimento, ou seja, 
os heterotróficos, podem ser também chamados de consumidores. E, por 
último, temos os decompositores, organismos que se alimentam a partir 
da decomposição da matéria orgânica presente nos seres que estão mortos. 
Nesse contexto, vale acrescentar que os seres decompositores estão presentes 
em todos os níveis tróficos. 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Simplified_food_chain.svg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Simplified_food_chain.svg
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A cadeia alimentar do meio aquático é composta por diversos organismos. 
Nesse meio encontramos plantas, vírus, fungos, bactérias, protozoários, 
peixes, anfíbios, mamíferos, crustáceos, algas, entre outros. Podemos classi-
ficar os organismos aquáticos com base na região aquática em que vivem. 
Os denominados plânctons vivem sem locomoção própria, movimentan-
do-se de acordo com o movimento das correntes, e podem ser divididos em 
fitoplâncton e zooplâncton, oriundos, respectivamente, do reino vegetal 
e animal. Já os néctons, diferentemente dos plânctons, são os próprios 
responsáveis pela sua locomoção no meio aquático, independentemente do 
movimento das correntes. Neste meio temos ainda a presença dos bentos, 
que vivem nos leitos (calhas) dos cursos d’água.
O ambiente aquático: a dinâmica energética do meio aquático
Como a inclusão de um certo material implicará em uma possível poluição 
do meio aquático? Vejamos agora como funciona a relação entre matéria 
orgânica e energia – e sua influência para a poluição do meio aquático. 
Primeiramente, precisamos relembrar o conceito de matéria orgânica (M.O.), 
que significa toda matéria de origem animal ou vegetal (originada dos produ-
tores ou consumidores) que tem como base o carbono. Já o material mineral 
(M.M.), ou inorgânico, é aquele que tem, em sua composição, os minerais 
(e são disponibilizados em processos cíclicos na própria cadeia alimentar, 
pela ação dos organismos decompositores) e outros elementos químicos, por 
exemplo, potássio, nitrogênio, ferro, etc.
A partir da energia na forma de luz associada à disponibilidade de gás 
carbônico e alguns materiais minerais, os produtores darão início à cadeia 
alimentar aquática por meio do processo de fotossíntese. Nesse sistema, as 
plantas aquáticas e alguns tipos de bactérias serão os produtores. No próximo 
nível da cadeia, teremos a atuação dos organismos consumidores, que utili-
zarão a matéria orgânica proveniente dos produtores em conjunto com 
o oxigênio disponível no meio (dissolvido no meio aquático). Por fim, os 
decompositores transformarão a matéria orgânica presente nos produtores e 
consumidores em material mineral. Podemos observar como funciona essa 
dinâmica entre energia e matéria orgânica na Figura 1.7.
29
Figura 1.7 | Transferência de energia e matéria orgânica nos ecossistemas
LUZ + CO2
M.O.M.M.
Produtores
Consumidores
Decompositores
M.O.M.O.
M.O.
O2
Fonte: elaborada pela autora.
Por meio do fluxograma da Figura 1.8 e entendendo um pouco sobre a 
cadeia alimentar aquática, podemos observar que todo o sistema funciona 
como um ciclo, e todos os organismos e materiais (orgânicos e inorgânicos) 
habitam em equilíbrio. No meio aquático, diversos fatores influenciarão na 
cadeia alimentar e, consequentemente, na sua eficiência energética. Esses 
fatores são denominados de parâmetros e estão interligados. Qualquer 
alteração em apenas um destes pode desencadear o desequilíbrio do meio, a 
modificação de outros parâmetros e uma possível poluição.
Os parâmetros são imprescindíveis para descobrirmos como funciona o 
meio aquático. Fatores como a disponibilidade de oxigênio dentro da água 
(chamado de saneamento de oxigênio dissolvido), a quantidade de alimentos 
(nutrientes) disponível e a intensidade da luz incidente são alguns exemplos. 
As características físicas e química também são consideradas como parâme-
tros e podem influenciar na cadeia alimentar e na vida aquática como um 
todo. Dessa forma, o pH e a temperatura, por exemplo, são relevantes para a 
manutenção do equilíbrio do meio. 
30
Nesse sentido, todos os materiais lançados no meio aquático, e aqui 
podemos estender essa questão a todos os meios, serão causadores de 
poluição? A resposta é não, para todos os meios. É necessário entendermos 
que nem sempre os materiais lançados nos ecossistemas serão ruins. Alguns 
podem afetar positivamente a população de um meio, mas ainda sim ser um 
tipo de poluição. Vejamos um exemplo: a eutrofização é um processo no 
qual a introdução de alguns nutrientes (matéria orgânica) terá como conse-
quência o aumento significativo do número de algas em um ecossistema 
aquático. Este processo prejudicará outras populações e, dessa forma, pode 
ser considerado um tipo de poluição. Contudo, para as algas, é desejável ter 
essa oferta de nutrientes (motivo pelo qual elas crescem e se reproduzem). 
Sendo assim, a melhor resposta para a pergunta anterior é depende: a 
introdução desse material trará consequências maléficas para o sistema 
como um todo? Se a resposta for sim, esse material poderá ser chamado de 
poluente. Dado o conceito apresentado, a partir deste momento chamaremos 
de poluentes todos os materiais adicionados a um meio que causarão poluição 
neste. Uma observação importante: por um lado, se o meio apresentar um 
poluente que tem origem natural, ou seja, for oriundo de processos naturais, 
chamaremos esse fenômeno de contaminação. Por outro lado, se o poluente 
tiver efeito maléfico ao sistema e origem da interferência humana, ele será 
denominado poluição.
Reflita
Atualmente, a eutrofização é um dos grandes problemas que os ecossis-
temas aquáticos vêm enfrentando. Causado pelo grande número de 
nutrientes oferecidos ao meio, este processo traz diversas consequên-
cias maléficas. Mas podemos verificar algum ponto positivo no processo 
de eutrofização? Qual seria esse ponto? Ela sempre será causada pela 
interferência humana?
Dois processos biológicos são importantes para entendermos o controle e 
a movimentação dos poluentes no meio aquático. Consequentemente, esses 
processos terão influência na quantidade de materiais orgânicos e inorgâ-
nicos na cadeia alimentar aquática e, assim, consequências em uma futura 
poluição. Esses conceitos são chamados de bioacumulação e biomagnifi-
cação, que, apesar de serem comumente utilizados como sinônimos, são 
diferentes. A bioacumulaçãopode ser definida como um processo biológico 
no qual determinada substância é absorvida por um ser vivo. Já na biomag-
nificação, também um processo biológico, certa substância é absorvida 
31
progressivamente pelos organismos ao longo da cadeia alimentar (ou em 
uma teia alimentar, que se trata de várias cadeias alimentares entrelaçadas). 
A principal diferença entre os dois é que a bioacumulação ocorre geral-
mente em apenas um nível trófico, ou seja, as substâncias são absorvidas 
por um organismo a partir da disponibilidade no meio ambiente (de forma 
direta) ou por meio da ingestão de alimentos que contenha essa substância 
(de forma indireta). Já a biomagnificação é um conceito mais amplo, com 
o qual analisamos os níveis de certa substância em uma cadeia alimentar 
completa (ou várias), de forma que os “últimos” animais da cadeia alimentar, 
consumidores em níveis tróficos mais avançados, terão em seus órgãos e 
tecidos uma concentração do composto acumulada, proveniente da bioacu-
mulação que ocorreu nos demais níveis tróficos. Muitas vezes, essa concen-
tração do composto está até mais alta que as concentrações encontradas no 
meio em si, fato este que caracteriza a biomagnificação. 
Ao entendermos os conceitos de bioacumulação e biomagnificação, 
classificaremos os poluentes de acordo com sua capacidade de ser metaboli-
zado por um organismo. Se uma certa substância for chamada de biodegra-
dável, isso significa que ela poderá ser catalisada como fonte de carbono, ou 
seja, metabolizada por um organismo. A substância biodegradável é consi-
derada inofensiva em termos de cadeia alimentar e biomagnificação. Já se o 
poluente for classificado como não biodegradável, isso significa que ele não 
será metabolizado por um organismo, podendo passar por diversos níveis 
tróficos sem que suas concentrações diminuam nas populações afetadas, fato 
este que caracteriza uma biomagnificação. 
A autodepuração
Caro aluno, até o momento vimos como a dinâmica energética do meio 
aquático funciona e como a alteração desse equilíbrio pode trazer um quadro 
de poluição para aquele ecossistema. Agora, é importante aprendermos um 
conceito importantíssimo para a compreensão, o planejamento e a estratégia 
para uma possível recuperação da qualidade dos cursos d’água: a autodepu-
ração. De acordo com Von Sperling (2005), o fenômeno de autodepuração 
pode ser entendido como o reestabelecimento natural do equilíbrio de um 
corpo d’água após ele ter recebido cargas poluidoras; geralmente esgotos 
sanitários, provenientes de um centro urbano. Em outras palavras, fazendo 
uma analogia, podemos entender a autodepuração como uma tentativa do 
corpo d’água de voltar ao seu estado, anterior àquela fonte poluidora. 
A autodepuração (Figura 1.8) parte de um pressuposto que um ecossis-
tema aquático está em um estado de equilíbrio prévio, anterior a uma fonte 
32
de poluição. Esse estado é composto pela estagnação dos seus parâmetros 
e pelo controle da população dos organismos que o compõem. Assim, o 
despejo de certa carga poluidora afetará negativamente esse equilíbrio, carac-
terizando-se como uma poluição. As cargas poluidoras, principalmente os 
esgotos sanitários, terão impactos simultâneos nesse ecossistema, principal-
mente nos diversos parâmetros que o compõe, alterando-os. 
Uma das principais e mais importantes alterações desse meio é a 
diminuição dos níveis de oxigênio dissolvido naquele sistema, componente 
importantíssimo para a manutenção da vida marinha e necessário para a respi-
ração dos animais. Por esse motivo, este oxigênio tornou-se um parâmetro 
de qualidade da água, sendo utilizado para medir o grau de poluição de um 
corpo de água: quanto menor forem suas concentrações, maior será seu nível 
de poluição. Ao estudarmos o processo de autodepuração dos cursos d’água, 
outro parâmetro importante é a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), 
uma medida indireta da quantidade de matéria orgânica disponível para a 
degradação pela ação de bactérias. Ao fazer uma analogia, a DBO seria um 
indicativo da quantidade de matéria orgânica que estaria “sobrando” no meio 
analisado.
Figura 1.8 | Processo de autodepuração
Fonte: Braga et al. (2005, p. 90).
33
O processo de autodepuração pode ser dividido em quatro trechos, que 
podem ser observados ao longo do curso d’água e ao decorrer do tempo da 
poluição. A seguir, conheça cada um deles. 
• Zona de águas limpas: é a primeira zona do curso d’água, locali-
zada antes da fonte de poluição. Tem como principais características 
as concentrações elevadas de oxigênio dissolvido e populações dos 
organismos aquáticos vivendo em equilíbrio. 
• Zona de degradação: a segunda zona do curso d’água durante o 
processo de autodepuração é a zona de degradação, marcada pelo 
lançamento da fonte poluidora. É definida pela diminuição da 
concentração do oxigênio dissolvido e, dessa forma, os organismos 
menos resistentes começam a morrer.
• Zona de decomposição ativa: a zona de decomposição na autodepu-
ração é marcada pela menor concentração de oxigênio dissolvido do 
processo. Os organismos aeróbios (que respiram utilizando o oxigênio 
dissolvido no meio) mais resistentes morrem e apenas algumas bacté-
rias e alguns fungos sobrevivem. Os organismos que não utilizam o 
oxigênio dissolvido na sua respiração (denominados de anaeróbios) 
são os únicos que perduram nesta fase. 
• Zona de recuperação: zona na qual se inicia o processo de retomada 
do equilíbrio do ecossistema aquático. Há um aumento das concen-
trações do oxigênio dissolvido e reaparecimento de organismos 
aquáticos. Após a zona de recuperação, é possível observar uma nova 
zona de águas limpas.
Exemplificando
Em 2018, os moradores de Bauru estavam pescando tilápia em um 
rio que recebia esgoto da cidade. Após muitas queixas, a prefeitura 
do município mudou o ponto de descarte do esgoto para mais longe. 
Assim, com o tempo, a qualidade da água deste rio vem melhorando, 
devido ao processo de autodepuração dos corpos hídricos. No entanto, 
essa mudança ainda não é o suficiente para que haja melhorias nesse 
caso, pois ainda que mais longe, o esgoto deveria ser tratado antes do 
lançamento em um corpo hídrico.
34
Pesquise mais
Como vimos anteriormente, o processo de autodepuração é muito 
importante para o meio aquático, na recuperação de um curso d’água 
poluído. Por esse motivo, aprenderemos um pouco mais sobre esse 
assunto e como comumente ele é analisado na prática nos rios? Faça 
seu login na nossa biblioteca virtual e procure o seguinte artigo: 
SARDINHA, D. S. et al. Avaliação da qualidade da água e autodepuração 
do ribeirão do meio, Leme (SP). Eng. Sanit. Ambient., v. 13, n. 3, Rio de 
Janeiro, 2008.
Sem medo de errar
Caro aluno, nesta seção aprendemos o funcionamento do meio aquático, 
com ênfase em suas dinâmicas energéticas e no processo de autodepuração. 
Este processo é um importante aliado para a recuperação dos corpos hídricos 
e pode ser definidido como: o restabelecimento do equilíbrio aquático após 
o lançamento de uma carga poluidora. Assim, podemos dizer que a autode-
puração é uma tentativa do corpo d’água voltar ao seu estado anterior à carga 
poluidora. 
Além disso, este processo pode ser dividido em quatro zonas principais, 
localizadas ao decorrer dos corpos hídricos. São as zona de águas limpas, 
zona de degradação, zona de decomposição ativa (ou degradação ativa) e 
zona de recuperação. Cada uma delas apresenta particularidades: 
• A zona de águas limpas, a primeira do processo, é localizada em uma 
posição anterior ao lançamento de uma fonte poluidora com níveis de 
oxigênio dissolvido altos e equilíbrio da fauna e flora. 
• A zona de degradação, a segunda do processo, é marcada pela 
diminuição da concentração do oxigênio dissolvido e, com isso, os 
organismos menos resistentes começam a morrer. 
• A zona de degradação ativa, a terceira do processo, é a que apresenta 
a menor concentração de oxigênio dissolvido no processo. Nela os 
animais mais resistentesmorrem e apenas algumas bactérias e fungos 
conseguem sobreviver. 
• Por fim, temos a zona de recuperação, a quarta do processo, na qual se 
inicia o processo de retomada do equilíbrio do ecossistema marinho. 
Nela há o aumento das concentrações do oxigênio dissolvido e reapa-
recimento de organismos aquáticos. Após a zona de recuperação, é 
possível observar uma nova zona de águas limpas. 
35
A partir do exposto, podemos fazer um paralelo com os problemas da 
questão do saneamento (mais especificamente com a questão do surto da 
doença infecciosa) na cidade de Assú e a autodepuração. Na questão, houve 
a suspeita de que os dejetos da indústria de cerâmica teriam contaminado a 
água de abastecimento da cidade. A partir de análises laboratoriais da água 
em diversos pontos de coleta após o despejo do esgoto proveniente da indús-
tria e de acordo com os princípios da autodepuração, depois de uma certa 
distância da fonte poluidora, os corpos d’água tendem a se recuperar. Assim, 
observando a recuperação dos parâmetros de qualidade ao longo do curso 
d’água, poderíamos afirmar que talvez a poluição causada pela indústria não 
tivesse chegado aos consumidores por causa do processo de autodepuração.
No entanto, para ter certeza de que as fontes poluidoras não apresentam 
mais influência na qualidade da água para abastecimento, é necessária uma 
análise completa de todos os parâmetros de qualidade da água ao decorrer 
das zonas da autodepuração e, em seguida, em uma nova zona de águas 
limpas. Assim, poderemos saber se o corpo hídrico obteve uma recuperação 
total dessa poluição.
Avançando na prática
A poluição e a dinâmica energética do meio 
aquático
Comumente, como engenheiros, seremos responsáveis por analisar a 
causa de uma poluição de um corpo hídrico. Ao alterarmos o meio energé-
tico, a dinâmica básica do meio aquático, todos os componentes desse 
ecossistema serão alterados e, consequentemente, observaremos a configu-
ração de uma poluição. Nesse sentido, observe a Figura 1.7 e responda: o que 
aconteceria com o meio aquático se o sistema parasse de receber luz? Haveria 
algum tipo de poluição decorrente deste fato? 
36
Figura 1.7 | Transferência de energia e matéria orgânica nos ecossistemas
LUZ + CO2
M.O.M.M.
Produtores
ConsumidoresDecompositores
M.O.M.O.
M.O.
O2
Fonte: elaborado pela autora.
Resolução da situação-problema
O sistema aquático está em equilíbrio. Se alterarmos qualquer parcela 
anteriormente apresentada, toda a cadeia alimentar será afetada. No caso da 
questão, se a luz fosse interrompida, os produtores, a base da cadeia alimentar, 
seriam os primeiros a sofrerem. Estes precisam de luz para sintetizar o 
próprio alimento e, sem essa energia, isso não será possível. Desprovidos de 
luz, os produtores começarão a morrer e, consequentemente, os próximos 
níveis tróficos também serão afetados e provavelmente morrerão. Dessa 
forma, estabelece-se um quadro de poluição.
Faça a valer a pena
1. A preocupação com o meio aquático é cada dia maior no nosso planeta. A 
alteração do equilíbrio de um ecossistema aquático constitui uma realidade muito 
comum nos rios, trazendo malefícios para esse ecossistema e, consequentemente, 
para todas as teias alimentares que ali sobrevivem. Uma das alterações que pode 
ocorrer no meio aquático é causada pela inserção de um poluente de procedência 
natural ou de um poluente que tem origem de processos naturais dos seres vivos que 
37
o compõem. Mesmo de origem natural, a inserção desse poluente causará desequi-
líbrio, apresentando malefícios às populações que vivem nesse meio, por exemplo, o 
processo de eutrofização.
O parágrafo anterior refere-se a um fenômeno que ocorre nos meios aquáticos. 
Assinale a alternativa que o apresenta corretamente.
a. Poluição.
b. Eutrofização.
c. Contaminação. 
d. Autodepuração.
e. Bioacumulação. 
2. Leia o trecho a seguir:
A agricultura moderna é responsável pela descarga de 
grandes quantidades de agrotóxicos, matéria orgânica e 
sedimentos em corpos hídricos. Essa poluição afeta bilhões 
de pessoas e gera custos anuais da ordem de bilhões de 
dólares, diz o estudo. “A agricultura é o maior produtor de 
águas residuais, por volume, e o gado gera muito mais excre-
mentos que os humanos. À medida que se intensificou o 
uso da terra, os países aumentaram enormemente o uso de 
pesticidas sintéticos, fertilizantes e outros insumos”, disseram 
Eduardo Mansur, diretor da divisão de terras e águas da FAO, 
e Claudia Sadoff, diretora-geral do instituto, na introdução do 
relatório. (EXAME, 2018, [s.p.])
O meio aquático é um sistema muito sensível a alterações que trazem prejuízos a ele, 
caracterizando uma poluição. Sobre as seguintes afirmativas, relacionadas ao meio 
aquático, julgue-as em (V), para verdadeiras, ou (F), para falsas.
( ) A água é um bem infinito e a capacidade de autodepuração aquática é responsável 
por garantir a recuperação de todos os rios. Assim, podemos afirmar que não existe 
a poluição desse meio.
( ) A cadeia alimentar aquática é composta por produtores (seres autotróficos), 
consumidores (heterotróficos) e decompositores (que decompõem a matéria 
orgânica morta).
38
( ) A bioacumulação pode ser definida como um processo biológico no qual determi-
nada substância é absorvida por um ser vivo. Já na biomagnificação, também consi-
derada um processo biológico, a substância é absorvida progressivamente ao longo 
da cadeia alimentar.
( ) Se o poluente for classificado como não biodegradável, isso significa que ele não 
será facilmente catabolizado por um organismo, podendo passar para diversos níveis 
tróficos sem que suas concentrações diminuam. 
A seguir, assinale a alternativa que apresenta a ordem correta.
a. F – F – V – F.
b. V – V – F – F.
c. F – F – F – V.
d. F – V – V – V.
e. V – V – V – V. 
3. Leia o trecho a seguir:
Buscamos essa comparação para ver como como os picos 
climáticos impactam na qualidade da água e no controle de 
poluentes. Existe uma percepção de que as chuvas aumentam 
a capacidade de autodepuração dos poluentes nos rios. Mas 
a gente tem notado que, nos últimos anos, as chuvas têm 
influenciado negativamente a qualidade da água em regiões 
urbanas, principalmente nas áreas metropolitanas, como São 
Paulo”, explica Malu Magalhães, coordenadora da Rede das 
Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. (EXAME, 2016, 
[s.p.])
O processo de autodepuração é muito importante para entendermos o comporta-
mento dos rios diante de fontes poluidoras.
A respeito do processo de autodepuração dos corpos hídricos, assinale a alternativa 
correta.
a. A autodepuração é o processo de tentativa de recuperação dos corpos d’água 
pela volta do equilíbrio deste meio e caracteriza-se, principalmente, pela 
constância da concentração dos seus parâmetros de qualidade, inclusive, do 
oxigênio dissolvido.
b. A zona de águas limpas é a zona anterior à fonte poluidora, na qual há um 
equilíbrio do ecossistema. Contudo, chamamos também de zona de águas 
39
limpas aquela que vem logo após a de recuperação, na qual o ecossistema se 
restabelece.
c. A zona de decomposição ativa, ou degradação ativa, é a zona na qual há 
a maior desarmonia no processo. Além disso, esta é caracterizada pela 
oscilação dos níveis de oxigênio dissolvido e é considerada aquela na qual 
apenas pequenos peixes sobrevivem.
d. A zona de degradação é a zona na qual a fonte poluidora lança seus dejetos. 
Nesta etapa apenas os microrganismos sobrevivem e, além disso, esta zona é 
marcada por menores índices de oxigênio dissolvido no processo de autode-
puração. 
e. A zona de recuperação apresenta uma ordem estabelecida. Ela fica entre a 
zona de decomposição e decomposição ativa e é marcada pela total presença 
da fauna e flora do local, com o oxigênio dissolvido em níveis mais altos do 
que antes da poluição.
40
Seção 3
Poluição das águas
Diálogo aberto
Caro aluno, é comum analisarmos a água por meio de algumas caracte-
rísticas, sendo possível afirmarse ela está ou não apta ao consumo. Em outras 
palavras, intuitivamente, ao observar um curso d’água e suas características, 
por exemplo, odor ou cor, conseguimos fazer uma pré-avaliação da sua quali-
dade. Contudo, será que realmente este liquido está poluído? 
Na seção anterior, você foi apresentado a um conceito muito importante 
para a análise da qualidade da água: parâmetros. Estes podem ser definidos 
como fatores, indicadores ou substâncias presentes na água. Além, podem 
ser as caraterísticas químicas, físicas e biológicas, formadas por meio de 
processos que acontecem durante todo o percurso que a água faz, desde a 
nascente até seu consumidor final, sendo alteradas todas as vezes que algum 
evento (substância ou forma energética) é adicionado a este trajeto.
Nesta seção, nosso foco de estudo estará justamente relacionado aos 
parâmetros. Estudaremos também as causas e consequências das poluições 
no meio aquático, pois, com isso, verificaremos a existência dessa poluição 
com propriedade. 
A cidade de Assú vem apresentando diversos problemas em relação ao 
saneamento básico. Em consequência do surto da doença infecciosa já vista, 
muitas pessoas estão se recusando a utilizar a água distribuída pela conces-
sionária da cidade, boicotando o seu uso. Elas acreditam que a indústria de 
cerâmica é a grande responsável por deixar as pessoas doentes. Todavia, os 
parâmetros de qualidade da água foram divulgados pela concessionária e 
ela não apresenta nenhum deles fora do padrão de potabilidade, determi-
nados pela Portaria 2914 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Diante desse 
problema, você deverá incluir na cartilha (elaborada na Seção 1.1) também: 
O motivo pelo qual a água da concessionaria não está poluída. A partir 
disso, você deverá justificar sua resposta com base nas legislações vigentes no 
país em relação aos principais parâmetros para a distribuição de água para 
abastecimento (divulgados pela concessionária), relacionando-a com o tipo 
de dejeto descartado pela indústria (que contém níveis aceitáveis de metais 
ferrosos e não ferrosos).
A água da concessionária está apta ao consumo humano, no que diz 
respeito à ausência de coliformes totais (em 95% das amostras em 100 mL). 
41
Dessa forma, você deve incluir na cartilha a importância da relação deste 
parâmetro de qualidade da água para consumo humano com a transmissão 
de doenças infecciosas.
A partir dos conteúdos que serão aprendidos nesta seção, analisaremos, 
como engenheiros, todas as questões envolvendo não só a qualidade da água, 
mas também a cidade de Assú. Vamos iniciar os nossos estudos?
Não pode faltar
Os parâmetros de qualidade da água podem ser definidos como fatores, 
indicadores ou substâncias presentes na água, e se alcançam valores 
superiores aos estabelecidos para determinado uso, podem ser interpretados 
como um indício de poluição. Por sua vez, essa poluição implicará ou não 
na classificação de uma água como própria ou imprópria para o consumo 
humano. Contudo, vale ressaltar que, além da classificação para o consumo 
humano, temos ainda outras relacionadas aos recursos aquáticos de acordo 
com os seus usos. Por exemplo, não precisamos de uma água potável para o 
resfriamento de torres em uma indústria.
Vocabulário
• Água potável: apresenta os parâmetros de qualidade atendidos 
por lei, ou seja, é a água que atende ao padrão de qualidade 
determinado no local.
• Água para consumo humano: refere-se àquela propriamente 
consumida pela população. É a água potável designada para a 
ingestão, preparação de alimentos e higiene das pessoas.
• Água tratada: refere-se àquela que passou por algum tipo de 
tratamento com o objetivo de contemplar os padrões de potabi-
lidade. A água passará por uma série de processos físicos e (ou) 
químicos a fim de atender a esses padrões, que serão discutidos 
na Unidade 3.
Assim, é estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio 
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) (BRASIL, 2005), na 
Resolução nº 357, todas as classificações das águas doces, salinas e salobras, 
de acordo com o seu uso, elencadas no Quadro 1.2.
42
Quadro 1.2 | Resumo da classificação das águas e seus usos permitidos
Fonte: elaborado pela autora.
Por meio do Quadro 1.2, podemos refletir sobre os usos das águas e seus 
“graus” de qualidade. Os usos mais exigentes são atividades como a proteção 
e preservação dos ecossistemas aquáticos, além do consumo humano, que 
demandam uma qualidade da água “maior” para a proteção do ecossistema 
e saúde da população. Já os menos exigentes, por exemplo, atividades de 
navegação e paisagismo, podem utilizar águas com menor qualidade, ou seja, 
“mais poluídas”. Dessa maneira, os padrões apresentarão limites dos parâme-
tros diferentes para cada uma das classificações, de acordo com o grau de 
exigência do uso. Por exemplo, conforme a Resolução n° 357 (BRASIL, 
2005), o oxigênio dissolvido das águas doces, classe 1, deve ter, no mínimo, 
6 mg/L em qualquer amostra. Já para águas salobras, classe 3, deve ter, no 
mínimo, 3 mg/L.
Pesquise mais
Caro aluno, veremos alguns dos principais parâmetros de qualidade da 
água, porém temos diversos outros, que podem ser (e são) analisados 
na prática antes do uso de um corpo hídrico, de acordo com a sua neces-
sidade e classificação. Faça seu login na nossa biblioteca virtual e leia as 
páginas 150-155 e 427-433 no seguinte livro:
PHILIPPI JR, A. (org.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos 
para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.
Adentrando na questão dos padrões de qualidade da água, por exemplo, 
vimos, na Seção 1.1, que baixas concentrações de oxigênio dissolvido são um 
indicativo de poluição dos corpos hídricos, tornando o ambiente inabitável 
para seres aquáticos. O oxigênio dissolvido é apenas um desses parâmetros 
43
de qualidade da água. Muitas vezes, são medidos por meio de análises de 
amostras coletadas em um laboratório, ou por sondas que fazem essa 
medição in loco.
Além do oxigênio dissolvido, temos diversos outros indicativos, por 
exemplo, pH, temperatura, cor, turbidez, gosto e odor, fluoreto, coliformes 
totais, cianotoxinas, dureza, manganês, amônia, nitrito, nitrato, etc.
Assimile
Alguns dos parâmetros são utilizados em conjunto para a determinação 
do Índice de Qualidade das Águas (IQA), recomendado pela Agência 
Nacional de Águas e adotado por diversos estados brasileiros. O IQA 
leva em consideração uma média ponderada dos resultados de nove 
parâmetros de qualidade em uma amostra e nos apresenta uma ideia 
de avaliação. Para conhecer seu cálculo, acesse o site do Portal da Quali-
dade das Águas e procure por Indicadores de Qualidade – Índice de 
Qualidade das Águas (IQA).
A seguir, vejamos como funciona a medição de alguns dos parâmetros da 
qualidade da água:
• pH: trata-se de um indicador químico que demonstra o potencial 
hidrogeniônico de uma água, ou seja, mede o quanto ácida ou alcalina 
ela é. O pH é medido de 0 a 14; o pH 7 é considerado neutro, abaixo 
deste número consideramos uma amostra ácida, enquanto que acima 
consideramos uma amostra alcalina. Além disso, vale acrecentar que 
o pH das águas doces de classe 1 devem ser de 6,0 a 9,0.
• Temperatura: a temperatura de um corpo hídrico influencia direta-
mente na dissolução de alguns gases. Nesse aspecto, a temperatura 
se torna um importante parâmetro da qualidade da água. O exemplo 
mais importante que podemos citar é a influência desta no oxigênio 
dissolvido: quanto maior a temperatura da água, menor a concen-
tração de oxigênio dissolvido. Não há uma medida de temperatura 
a ser seguida nas leis vigentes no país, sendo necessário seu acompa-
nhamento em conjunto com outros parâmetros.
• Oxigênio dissolvido: é um dos principais parâmetros de qualidade 
da água, uma vez que o ecossistema aquático depende dele para a sua 
sobrevivência. Os animais aquáticos necessitam desse oxigênio para 
realizar a sua respiração. Além disso, vale apresentar que este oxigênio 
tem sua origema partir de dois processos básicos: fotossíntese das 
plantas aquáticas e aeração por meio de contato com o ar atmosférico. 
44
Alguns processos físicos, químicos e biológicos interferem na concen-
tração do oxigênio dissolvido no meio aquático. Por fim, quanto à sua 
medição, esta acontece em mg/L, sendo 2 a 5 mg/L sua concentração 
mínima para a manutenção do ecossistema aquático. 
• Turbidez: é uma medida de passagem da luz através do meio aquático. 
Na prática, isso significa que a turbidez pode ser uma medida indireta 
da quantidade de partículas em suspensão que determinada amostra 
apresenta, caracterizando-a como mais ou menos turva. Além disso, 
a turbidez é mensurada por uma unidade especifica chamada de 
unidades nefelométricas, ou seja, Unidades de Turbidez (UNT). 
Nota-se que quanto mais calmo, quanto menor a velocidade de escoa-
mento da água, menores serão suas medidas de turbidez. O contrário 
também é válido: geralmente, quanto mais agitado um curso d’água, 
maior serão suas medidas de turbidez. Por fim, vale acrescentar que 
este parâmetro pode ser acrescido com o lançamento de esgotos 
durante o trajeto do curso d’água e, no que se refere à turbidez de 
águas doces, classe 1, esta deve ser de até 40 UNT. 
• Coliformes: como vimos na seção anterior, o meio aquático é 
composto por diversos organismos, entre eles estão os microrga-
nismos. Os coliformes são utilizados para observar a presença dos 
microrganismos em uma amostra e são divididos em dois grupos 
principais: os coliformes totais e os termotolerantes. Aqueles englobam 
um grupo maior de bactérias que não necessariamente transmitem 
doenças, já estes são utilizados como indicadores da presença de 
bactérias patogênicas, pois elas vivem normalmente no trato intes-
tinal de animais de sangue quente. Como elas não vivem muito tempo 
fora do intestino, sua presença indica uma infecção por fezes recente. 
Medidos de forma quantitativa, os coliformes totais e termotolerantes 
apresentam exigências diferentes para cada tipo de uso. Para água 
doce de distribuição após o tratamento, os totais devem estar ausentes 
em 100 mL de todas as amostras (nas estações de tratamento). Já para 
amostras colhidas na rede, ou em reservatórios, devem ser ausentes 
em 95% das amostras de 100 mL.
• DBO e DQO: as chamadas Demanda Bioquímica de Oxigênio 
(DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO) são medidas que 
indicam indiretamente a presença de matéria orgânica na água. Se 
lembrarmos da Figura 1.7, na seção anterior, podemos ver que o meio 
aquático tem uma dinâmica energética em equilíbrio. Quando temos 
um lançamento de esgoto com presença de matéria orgânica em um 
corpo hídrico, esse equilíbrio é alterado pela tentativa de voltar ao 
45
equilíbrio pelo consumo dessa matéria orgânica pelos organismos 
presentes (necessitando, além da MO, oxigênio dissolvido) – esse 
desequilíbrio caracteriza uma situação de poluição. As medidas de 
DBO e DQO funcionam como um indicativo deste tipo de poluição 
(presença exacerbada de MO). A DBO e DQO medem o quanto de 
oxigênio é necessário para uma estabilização da MO que a amostra 
contém, sendo, geralmente, medidos em mg/L. Assim, as medidas de 
DBO e DQO indicam a demanda de oxigênio dissolvido que o meio 
apresenta em relação a MO que está “sobrando”. Nesse contexto, vale 
acrescentar que a principal diferença entre DBO e DQO é o tipo de 
MO que será estabilizada. A DBO estará ligada à estabilização da MO 
por meio da ação dos microrganismos, enquanto que a DQO incluirá, 
além dos microrganismos, a estabilização promovida por reações 
químicas (por isso, o nome demanda bioquímica de oxigênio). A 
DBO será um valor sempre menor que o da DQO e leva ao todo um 
período de 5 dias e uma temperatura de 20°C para estabilizar. As 
águas doces de classe I devem ter a DBO (5 dias a 20°C) de até 3 mg/L.
Reflita
Como vimos, temos diversos parâmetros de qualidade da água sendo 
analisados e vários outros que estão surgindo ao longo dos anos, por 
meio do surgimento de novas tecnologias e novos poluentes. Nesse 
contexto, como os agrotóxicos podem se tornar parâmetros da quali-
dade da água? Como podemos medi-lo em um corpo hídrico? 
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e 
legislação brasileira
No Brasil, chamamos de padrão de qualidade da água, ou padrão de 
potabilidade, aquele que tem os valores dos parâmetros analisados dentro 
do que é estabelecido pela lei vigente. Além disso, denominamos de padrão 
organoléptico a água que apresenta os valores dos parâmetros relacionados 
aos sentidos sensoriais (cor, odor e sabor) dentro dos limites da lei vigente. 
Diferentemente do padrão de potabilidade, o organoléptico pode apontar 
que determinada água está apta ao consumo, no entanto, nem sempre ele 
indicará que esta estará livre de riscos à saúde. Por exemplo: imagine uma 
amostra que apresente coliformes totais, contudo permanece aparentemente 
apta ao uso (límpida, sem cheiro ou sabor). Nesse exemplo a amostra tem 
padrões organolépticos atendidos, porém está fora dos de potabilidade.
46
No Brasil, a partir de 1977 foi promulgada a primeira legislação que 
tinha como objetivo elaborar normas e padrões necessários para determinar 
a potabilidade da água. Este foi o primeiro decreto em relação ao assunto 
e estabeleceu ao Ministério da Saúde a competência de elaborar normas e 
fiscalizar sua obediência no país. Atualmente, temos em vigência algumas 
normas que estabelecem os padrões de potabilidade. A mais importante 
delas é a antiga Portaria n° 2.914, de 2011, do Ministério da Saúde (BRASIL, 
2011), referida pela PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX, que 
dispõe, entre outros aspectos, os “procedimentos de controle de vigilância 
da qualidade de consumo humano e seu padrão de potabilidade” (BRASIL, 
2011). 
Além disso, temos a Resolução n° 357, do Conama (BRASIL, 2005), que 
estabelece “a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o 
seu enquadramento, bem como as condições e os padrões de lançamento de 
efluentes, e dá outras providências”, e é muito importante para entendermos 
as classificações dos corpos hídricos em relação a classes e usos, como vimos 
anteriormente. 
Todas essas normas/resoluções do nosso país estão passando por 
mudanças, sendo revisadas para novas atualizações com o objetivo de 
englobar parâmetros que vêm surgindo ao longo do tempo. Fora do país, 
mais precisamente nos Estados Unidos, as normas são elaboradas por 
agências especializadas e, posteriormente, tornam-se vigentes no país. Os 
padrões de potabilidade dos Estados Unidos apresentam um rigor maior em 
relação aos limites dos parâmetros adotados no Brasil, fato que se torna um 
grande desafio em termo de tratamento de água para abastecimento. 
Já na União Europeia observamos uma norma diretiva a todos os países 
constituintes, devendo todos serem responsáveis pelo cumprimento desta 
dentro dos limites de seu lugar de origem. Nesse contexto, observa-se uma 
linha mais restritiva em relação à concentração máxima de alguns parâme-
tros nas águas para consumo humano (podemos comparar alguns parâme-
tros e seus limites máximos para cada país na Quadro 1.3). Para a União 
Europeia, há um cuidado especial para as águas de abastecimento, bem como 
para a inclusão de parâmetros considerados recentes na literatura, como os 
pesticidas, por exemplo, parâmetro este que não é mencionado na Portaria n° 
2.914 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
47
Quadro 1.3 | Concentrações máximas para alguns parâmetros químicos de padrões de potabi-
lidade em diversos países
Parâmetros Brasil (mg/L)
Canadá 
(mg/L)
Singapura 
(mg/L)
Israel 
(mg/L)
Chile 
(mg/L)
U.E. 
(mg/L)
Arsênio 0,033 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Bário 1,00 1,00 0,7 0,001 - -
Fluoreto 1,40 1,50 0,70 - - 1,50
Benzeno 0,005 0,005 0,003 0,005 - 0,001
Cromo 0,05 0,05 - 0,05 0,05 0,05
Cianeto 0,022 0,2 0,07 - - 0,05
Mercúrio 0,002 0,001 0,006 0,001 0,001 0,001
Fonte: adaptada de Quirino (2017, p. 1150).
Reflita
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