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Saneamento Básico
Fernanda Cunha Maia
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento 
e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidência 
Rodrigo Galindo
Vice-Presidência de Produto, Gestão e Expansão
Julia Gonçalves
Vice-Presidência Acadêmica
Marcos Lemos
Diretoria de Produção e Responsabilidade Social
Camilla Veiga
Gerência Editorial
Fernanda Migliorança
Editoração Gráfica e Eletrônica
Renata Galdino
Supervisão da Disciplina
Francisco Ferreira Martins Neto
Revisão Técnica
Bárbara Nardi Melo 
Francisco Ferreira Martins Neto
Thamiris Mantovani CRB-8/9491 
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Maia, Fernanda Cunha
M217s Saneamento básico / Fernanda Cunha Maia. – Londrina : 
 Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019.
 208 p.
 
 ISBN 978-85-522-1600-1
 
 1. Sistema de abastecimento de água. 2. Sistema de 
 abastecimento de esgoto. 3. Resíduos sólidos urbanos. 
 I. Maia, Fernanda Cunha. II. Título. 
 CDD 628
Sumário
Unidade 1
Introdução ao saneamento e poluição aquática ........................................ 7
Seção 1
Saneamento e saúde pública ............................................................10
Seção 2
O meio aquático ................................................................................24
Seção 3
Poluição das águas ............................................................................40
Unidade 2
Águas para abastecimento ..........................................................................59
Seção 1
Os mananciais ...................................................................................61
Seção 2
Sistemas urbanos de água para abastecimento .............................78
Seção 3
Redes de distribuição de água .........................................................93
Unidade 3
Sistemas de tratamento para águas e esgotos ........................................111
Seção 1
Tratamento de águas para abastecimento ..................................112
Seção 2
Tratamento de Esgotos ..................................................................126
Seção 3
Reúso da água ................................................................................140
Unidade 4
Poluição atmosférica e terrestre ..............................................................157
Seção 1
A atmosfera ....................................................................................159
Seção 2
O solo ..............................................................................................174
Seção 3
Tratamento de resíduos sólidos ...................................................185
Palavras do autor
Caro aluno, iniciaremos os nossos estudos na disciplina de Saneamento Básico. Este não é só a destinação correta dos nossos dejetos, como podemos pensar em um primeiro momento. O 
saneamento básico, dentre outras definições, significa tornar um ambiente 
habitável, englobando todas as relações entre o meio em que vivemos e a 
população contida nele. Dessa forma, podemos pensar assim: enquanto 
o médico é o responsável pela saúde de um certo número de pessoas, o 
engenheiro é o responsável pela saúde e desenvolvimento da comunidade 
como um todo, a partir do saneamento. Além disso, como consequências 
dos conhecimentos e das medidas pró-saneamento, teremos cidades cada 
vez mais sustentáveis, usos mais racionais dos nossos mananciais, controle e 
destinações corretas dos resíduos sólidos, dentre outros aspectos.
Neste material, aprenderemos, primeiramente, sobre os conceitos de 
saneamento de forma geral e a relação direta entre este e a saúde pública. 
Na Unidade 1, compreenderemos os principais conceitos relacionados ao 
comportamento do meio aquático. Em seguida, na Unidade 2, abordaremos 
os estudos dos mananciais e começaremos a entender e dimensionar os 
sistemas urbanos de água para abastecimento. Já na Unidade 3, adentraremos 
nos tratamentos em si, entendo o funcionamento das chamadas estações de 
tratamento de água e esgoto. Por fim, na Unidade 4, estudaremos os conceitos 
relacionados à poluição atmosférica e terrestre, bem como os principais 
poluentes e tratamentos para ambas. Para finalizar esta unidade, teremos 
como destaque o tratamento de resíduos sólidos e os aterros sanitários. 
Sendo assim, como podemos observar, é de grande importância que o 
engenheiro civil entenda e aplique as concepções do saneamento nas suas 
atividades profissionais. 
Bons estudos!
Unidade 1
Fernanda Cunha Maia
Introdução ao saneamento e poluição aquática
Convite ao estudo
Frequentemente é comum associar as atividades de um engenheiro 
civil às construções. Quando nos tornamos estudantes de engenharia, 
começamos a entender a grandiosidade do curso e todas as suas ramifica-
ções. Nesse contexto, somos apresentados ao saneamento e descobrimos que 
o engenheiro civil também pode ser o responsável por uma parte da saúde 
da população. Nesta unidade temos como objetivo principal conhecer os 
principais conceitos relacionados ao saneamento e, consequentemente, sua 
relação com a saúde pública. Além disso, conheceremos a dinâmica energé-
tica das águas e os parâmetros que nos apresentam uma real situação do meio 
aquático e, por fim, compreenderemos, de forma aprofundada, a poluição 
das águas.
Como resultados de aprendizagem devemos entender o conceito de 
saneamento básico e suas implicações para a saúde da população, além da 
dinâmica energética do meio, isto é, como funciona a autodepuração e a 
poluição das águas.
Caro aluno, imagine que você é o engenheiro civil de uma empresa 
especializada em atividades e construções civis voltadas para a área de sanea-
mento. Dentre todas as atividades que a empresa executa, estão também os 
serviços de consultoria em saneamento e meio ambiente. 
Recentemente, a empresa foi contratada para prestar consultorias em 
saneamento para a prefeitura da cidade de Assú (Figura 1.1.a, localizada no 
Rio Grande do Norte). Este município fica a 214 km de Natal (Figura 1.2.b), 
tem aproximadamente 60 mil habitantes, apresenta clima semiárido (quente 
e seco), índice pluviométrico de 600 mm anuais e, no que se refere à água de 
abastecimento, esta provém da barragem Armando Ribeiro Gonçalves (Rio 
Piranhas-Assú). O prefeito contratou a empresa para realizar uma verdadeira 
curadoria em termos de saneamento para a cidade de Assú.
Figura 1.1 | Assú / RN: (A) Cidade; (B) Localização da cidade no estado do Rio Grande do Norte
Fonte: (a) Praça São João Batista – Açu (RN). Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pra%.-
C3%A7a_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Batista_-_A%C3%A7u_(RN)_-_panoramio.jpg. Acesso em: 19 mar. 2019.
Fonte: (b) Rio Grande do Norte Município. Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrann-
dedoNorte_Municip_Assu.svg. Acesso em: 19 mar. 2019.
A
B
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pra%C3%A7a_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Batista_-_A%C3%A7u_(RN)_-_panoramio.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pra%C3%A7a_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_Batista_-_A%C3%A7u_(RN)_-_panoramio.jpg
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrandedoNorte_Municip_Assu.svg
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrandedoNorte_Municip_Assu.svg
Você e sua chefe foram designados para solucionar todos os problemas de 
Assú e terão que, dentre outros aspectos: 
1. Analisar a qualidade da água de abastecimento: possívelmudança do 
manancial utilizado. A água está poluída? Como a autodepuração do 
rio ajudaria a população nesse caso? 
2. Considerar uma possível mudança do tratamento que vem sendo 
realizado na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE): o mal cheiro 
da ETE está incomodando uma comunidade próxima ao local. O 
aparecimento de vetores no local se deve à presença da ETE?
3. Explicar aos moradores da cidade a importância dos cuidados com 
os resíduos sólidos produzidos, em especial, os provenientes da 
construção civil – atividade de destaque na cidade de Assú.
Na unidade a seguir veremos os conceitos relacionados ao saneamento, 
com foco nas doenças ligadas a este, e à saúde. Por exemplo, a poluição das 
águas afetará a vida da população da cidade? Como o processo de autodepu-
ração influenciará a escolha do manancial? E o aparecimento de vetores trará 
necessariamente doenças à comunidade?
Teremos muitos desafios durante esta jornada de aprendizado. 
Vamos lá?
10
Seção 1
Saneamento e saúde pública
Diálogo aberto
Caro aluno, podemos imaginar pelo nosso conhecimento prévio que o 
saneamento (ou a falta dele) traz consequências seríssimas a uma comuni-
dade. Sabemos que jogar o esgoto sem tratamento a um rio trará poluição 
a ele, e uma doença infecciosa pode ser transmitida, por exemplo, a uma 
população ribeirinha por este motivo. 
Você e sua chefe foram designados para solucionar todos os problemas de 
Assú. Ao começar a explorar todas as questões da cidade, foi descoberto mais 
um problema: Assú está passando por um surto de alguma doença infec-
ciosa. Os sintomas começaram a surgir quando uma indústria de cerâmica 
se instalou há 20 km do centro da cidade e está descartando seus dejetos 
no Rio Piranhas-Assú em um local anterior ao ponto de captação da água 
da cidade. Os dejetos dessa indústria são compostos basicamente de metais 
ferrosos e não ferrosos, além do esgoto produzido pelas pessoas que traba-
lham no local. Nesse período, a cidade estava passando por período chuvoso 
e alguns cidadãoes estavam reportando um grande número de ratos vistos 
no centro da cidade.
Os sintomas dessa doença são: diarreia, vômito, febre alta, olhos verme-
lhos, dores musculares e abdominais. Coincidentemente, todas as pessoas 
doentes moram no centro e tiveram suas casas alagadas ou contato direto 
com as águas das últimas chuvas. Nenhum funcionário da indústria ficou 
doente. A partir disso, você deverá elaborar uma cartilha informativa com 
o intuito de distribuir para a população, contendo as seguintes informações:
• A relação direta entre saúde pública e saneamento.
• O conceito de doenças infecciosas. Qual a doença que está afetando a 
população, bem como sua forma de contágio e prevenção.
A seguir, veremos todos os conceitos relacionados ao saneamento e sua 
relação direta com a saúde da população, bem como o controle de vetores e 
a poluição dos corpos hídricos nessa empreitada. Lembre-se de que, nesse 
contexto, o papel do engenheiro civil é fundamental para solucionar essas 
questões!
11
Não pode faltar
Ao procurarmos o conceito de saneamento na língua portuguesa, de 
acordo com o dicionário Aurélio (2018, [s.p.]), encontraremos a seguinte 
definição: “saneamento: sanar, tornar higiênico; salubrificar; remediar; 
tornar habitável. Tornar apto para a cultura, expurgar.”
Se analisarmos todas as palavras anteriores em conjunto teremos sempre 
uma mesma ideia do significado de saneamento: ato de garantir e manter 
um ambiente sadio para um certo grupo de pessoas. Nesse sentido, para que 
um ambiente seja considerado saudável, temos que levar em consideração 
diversos aspectos relacionados a ele, incluindo fatores sociais, econômicos e 
ambientais. Em outras palavras, além da saúde física de uma população, um 
ambiente sadio engloba um todo, um conjunto de fatores básicos e direitos 
fundamentais da comunidade.
Como poderemos entender o que é um meio ambiente sadio, sem antes 
compreender o que é o meio ambiente em si? Neste material, você verá o 
conceito de meio ambiente como um termo mais abrangente, sob uma ótica 
na qual o meio ambiente é a relação direta entre fatores naturais, artificiais e 
culturais que propiciam o desenvolvimento equilibrado da vida em todos os 
seus formatos (SILVA, 2008). 
Se analisarmos pelo ponto de vista da engenharia, para promover um 
meio ambiente sadio há um conjunto de ações operacionais que faz parte 
do saneamento básico. São elas: distribuição de água potável, tratamento 
de esgotos sanitários, limpeza urbana e destinação final de resíduos sólidos. 
Outro grande pilar do saneamento básico é a drenagem urbana de águas 
pluviais, abordado na disciplina Hidrologia e Drenagem (Figura 1.2).
Figura 1.2 | Pilares do saneamento básico
Fonte: elaborado pela autora.
Quando nos referimos à saúde pública, estamos nos referindo ao conjunto 
de práticas a favor da saúde da população e, entre essas medidas, estão as de 
saneamento básico. Ao garantir a uma comunidade todos os quatro pilares 
12
do saneamento básico bem estruturados, podemos observar a promoção da 
saúde pública, qualidade de vida e, consequentemente, melhora dos índices 
básicos de desenvolvimento humano. Uma regra que podemos adotar é: 
quanto mais se investe em saneamento básico, menores serão os gastos com 
a saúde da população.
Exemplificando
Após aprendermos o conceito do saneamento básico e todas as suas 
facetas, compreendemos o papel do engenheiro civil dentro desse 
contexto. É papel deste profissional o manejo correto dos recursos 
naturais disponíveis. A reutilização dos recursos disponíveis na natureza 
e a preservação do meio ambiente são consequências das nossas 
escolhas. Nossas ações, como engenheiros, serão responsáveis pela 
promoção do bem-estar, da qualidade de vida e do próprio desenvol-
vimento da população.
No Brasil, a Lei nº 11.445/2007, chamada de Lei Nacional do Saneamento 
Básico (BRASIL, 2007), é a responsável pelas diretrizes básicas do sanea-
mento no país. A partir desta lei foi estabelecido que a acessibilidade dos 
serviços públicos do saneamento deveria ser generalizada, ou seja, que os 
quatro pilares do saneamento (que já citamos anteriormente) fossem direitos 
da população; e esses serviços devem ser interligados com outras medidas de 
política pública. Assim, no Brasil, o saneamento se torna um direito básico 
para todo cidadão. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística (IBGE, 2010, p. 17), até 2007 cerca de 58% da população brasileira 
estava sem qualquer rede coletora de esgoto; nessa pesquisa, 15,3 milhões de 
pessoas que não tinham rede viviam só no Nordeste – local onde a situação 
era mais grave. 
Após mais de 10 anos da Lei Nacional do Saneamento Básico, a Secretária 
Nacional do Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (SNS/
MDR) em conjunto com o Sistema Nacional de Informações (SNIS) vem 
publicando atualizações anuais da situação do saneamento brasileiro. Nos 
diagnósticos dos serviços de água e esgotos, do manejo de resíduos sólidos 
urbanos, de drenagem e manejo das águas pluviais urbanas é possível notar 
alguns progressos na área. Em relação ao esgotamento sanitário e ao índice 
de pessoas que são atendidas por uma rede coletora de esgoto, em 2017, 
houve um aumento para 60,2% da população atendida: isso quer dizer que 
em 10 anos o percentual da população atendida por uma rede coletora de 
esgoto aumentou 18,2% (Figura 1.3). 
file:///C:\Users\daniela.mandu\Documents\1_Macros\Seção_1.1\U1S1_Elaborar1.docx#tituloExemplificando
13
Em termos de abastecimento de água, o índice de distribuição em cidades 
tem valores acima de 90% no Distrito Federal e em mais 18 estados brasi-
leiros: Pernambuco, Roraima, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, 
Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Goiás, Tocantins, São 
Paulo, Espirito Santo, Bahia, Sergipe, Piauí, Minas Gerais, Paraíba e Santa 
Catarina (SNIS, 2017). Em suma, 2.558 municípios brasileiros apresentam 
índice de atendimentourbano para 100% da população, isso significa 49,9% 
dos municípios da amostra. 
Contudo, em termos de eficiência desse sistema de abastecimento de água, 
ou seja, a quantidade de água potável que é perdida durante todo o percurso 
da estação de tratamento até casa do consumidor, podemos observar uma 
perda (desperdício) de 38,7% dessa água no país. Outros países do mundo 
apresentam índices por volta de 10% de perdas no sistema de abastecimento, 
como Alemanha e Japão, e até abaixo dos 10% de perdas, como Austrália e 
Nova Zelândia (SNIS, 2017, p. 53). Além disso, observamos diversas discre-
pâncias nos dados divulgados, isto é, há uma diferença de quase 40% de 
perda entre a região Norte e Sudeste – regiões com maiores e menores perdas 
no país (dados divulgados pelas empresas privadas locais).
Figura 1.3 | Índice de atendimento urbano no Brasil em 2017 (porcentagem)
Fonte: SNIS (BRASIL, 2017, p. 48).
14
Nos resíduos sólidos, os dados divulgados em 2017 pelo SNIS no Brasil 
demonstram que 98,8% da população urbana tem coleta domiciliar. Esse 
índice apresenta uma taxa de cobertura do serviço regular de coleta domici-
liar em relação à população urbana (considerando coleta direta e indireta). 
Embora o percentual indique um número alto de cobertura dos serviços de 
coleta de resíduos, estima-se que aproximadamente 2,3 milhões de habitantes 
urbanos não sejam atendidos por um serviço de coleta regular. 
Um parâmetro importante para avaliarmos as condições do saneamento 
de um país é o aparecimento de algumas doenças infecciosas, já que o modo 
de contágio destas está diretamente ligado aos sistemas de saneamento de 
uma cidade. Dessa forma, o índice de mortalidade causado pelas doenças 
também é considerado um reflexo da qualidade dos serviços de saneamento. 
Nesse contexto, podemos citar, por exemplo, o índice de mortalidade infantil 
(número de óbitos para crianças menores de um ano de idade por cada 1.000 
crianças nascidas vivas), comumente utilizado como reflexo da disponibi-
lidade e qualidade da infraestrutura socioeconômica de uma comunidade, 
tendo em vista que a população infantil é mais susceptível às condições do 
meio ambiente no qual está inserida.
Reflita
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou uma nova publi-
cação intitulada “Herdar um mundo sustentável: Atlas sobre a saúde das 
crianças e o meio ambiente” sobre os desafios contínuos e emergentes 
para a saúde ambiental das crianças.
Nesse contexto, qual é a relação entre saneamento e saúde? Por que 
podemos associar a presença do saneamento básico à saúde pública de 
uma cidade?
No Brasil, é divulgado anualmente uma evolução da mortalidade da 
população em um documento chamado “Tábua completa de mortalidade 
para o Brasil – 2017”. Nesse documento é possível ver uma nítida diminuição 
das taxas de mortalidade infantil ao longo dos anos (IBGE, 2017). Nas 
últimas décadas podemos observar uma grande diminuição das taxas de 
mortalidade infantil (Quadro 1.1). Todavia, dados da Organização Mundial 
da Saúde (OMS, 2017) indicam que uma em quatro mortes de crianças (até 
5 anos) é consequência direta do meio ambiente insalubre. Dentro dessas 
doenças 361 mil crianças morrem por ano no mundo por diarreia conse-
quente de águas poluídas, ou seja, apesar de observarmos avanços e mais 
acesso ao saneamento, ainda temos um grande desafio em termos de acessi-
bilidade ao saneamento em um âmbito mundial.
file:///C:\Users\daniela.mandu\Documents\1_Macros\Seção_1.1\U1S1_Elaborar1.docx#tituloReflita
15
Quadro 1.1 | Taxa de mortalidade infantil (por mil), taxa de mortalidade no grupo de 1 a 4 anos 
de idade (por mil) e taxa de mortalidade na infância (por mil) - Brasil - 1940/2017
Ano
Taxa de 
mortalidade 
infantil (por 
mil)
Taxa de 
mortalidade 
no grupo de 
1 a 4 anos de 
idade (por 
mil)
Taxa de 
mortalidade 
na infância 
(por mil)
Das crianças que 
morreram antes 
dos 5 anos, qual é 
a chance de falecer 
(%)?
Antes 
de 1 
ano
Entre 1 
a 4 anos
1940 146,6 76,7 212,1 69,1 30,9
1950 136,2 65,4 192,7 70,7 29,3
1960 117,7 47,6 159,6 73,7 26,3
1970 97,6 31,7 126,2 77,3 22,7
1980 69,1 16,0 84,0 82,3 17,7
1991 45,1 13,1 57,6 78,3 21,7
2000 29,0 6,7 35,5 81,7 18,3
2010 17,2 2,64 19,8 86,9 13,1
2017 12,8 2,16 14,9 85,7 14,3
D%( / )1940 2017 -91,3 -97,2 -93,0
D( / )1940 2017 -133,8 -74,5 -197,2
Fonte: IBGE (2008, p. 7).
Agora que aprendemos a relação entre saúde e saneamento, a seguir 
veremos quais são as principais doenças relacionadas à falta de saneamento. 
De acordo com a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2010), as doenças 
são chamadas de Doenças Relacionadas a um Saneamento Ambiental 
Inadequado (DRSAI). Podemos concluir que as DRSAI são aquelas que 
apresentam: transmissão fecal-oral, transmissão por vetores, transmissão por 
contato com a água contaminada, doenças relacionadas à falta de higiene da 
população, helmintíases e teníases. Para classificar as doenças como sendo 
DRSAI, é necessário avaliar o comportamento do agente etiológico no meio 
ambiente, pois esse é o principal fator que determina se as ações de sanea-
mento podem ou não influenciar o aparecimento dessas doenças em uma 
comunidade. Assim, a partir dessas classificações e do entendimento que o 
saneamento influencia diretamente na saúde de uma população, há a neces-
sidade de utilizar outros fatores como parâmetros para a eficácia dessa infra-
estrutura básica. Como exemplo, temos os índices de mortalidade infantil ou 
índice de mortalidade por doenças infecciosas tornando-se parâmetros da 
qualidade dos serviços de saneamento dos centros urbanos. A seguir, veja no 
Quadro 1.2 exemplos de DRSAI.
16
Quadro 1.2 | Exemplos de doenças infecciosas que têm relação com o saneamento inadequado 
(DRSAI)
Doença Transmissão Sintomas
Cólera Consumo de água contaminada Diarreia intensa e vômito
Dengue Picada do mosquito infectado
Dores abdominais, vômito e 
tonturas
Diarreia infecciosa Contato com fezes contaminada Febre, diarreia e falta de apetite
Doença do carrapato Picada do carrapato infectado
Anemia, dor no corpo e falta 
de apetite
Doença de Chagas Contato com fezes do inseto infectado
Febre, dor no corpo, aumento 
do fígado, náuseas e diarreia
Esquistossomose Contato com o caramujo infectado
Febre, dermatite, tosse, 
diarreia, enjoos e vômito
Febre tifoide Consumo de água contaminada
Febre, vômito, diarreia e dor 
de cabeça
Giardíase Contato com fezes contaminadas Dor abdominal, diarreia e febre
Hepatite A Contato com fezes contaminadas
Urina escura e amarelamento 
da pele
Leptospirose Contato com urina de ratos infectados
Febre alta, dores de cabeça, dor 
no corpo e vômito
Fonte: elaborada pela autora.
Os vetores são organismos que conduzem os agentes etimológicos e 
são responsáveis pelo aparecimento de algumas doenças infecciosas. Com 
a grande maioria da população vivendo em centros urbanos, os vetores 
são os responsáveis pelo aparecimento dessas doenças em cidades (como 
17
a febre amarela, por exemplo). Assim, temos a necessidade do controle da 
população desses organismos: se controlarmos o aparecimento dos vetores 
e sua infestação, conseguiremos erradicar a doença correlata. São vetores: 
alguns mosquitos, moscas, carrapatos, besouros, pulgas (Figura 1.4), caracóis, 
vermes, baratas, ratos e entre outros.
Figura 1.4 | Vetores: pulga andando na pele humana
Fonte: Shutterstock.
As medidas gerais de saneamento podem trazer uma diminuição da 
densidade populacional dos vetores, como uma rede de abastecimento de 
água com a etapa de desinfecção, tratamento e destinação final dos dejetos 
urbanos, coleta regular dos resíduos sólidos e até melhoria das moradias 
da população. Além disso, o meio ambiente também pode ser um fator 
contribuinte para a proliferação dos vetores, como a presença de água para 
desenvolvimento de larvas (podemos lembrar que o mosquito da dengue, 
nesse caso, precisa de água para seu desenvolvimento). Em outras palavras, 
alterando essas condições, alteraremos o desenvolvimentoe a reprodução 
dos vetores e, consequentemente, o seu aparecimento. De forma prática, 
temos o controle dos vetores de três formas: o controle biológico, o mecânico 
e o químico (Figura 1.5).
18
Figura 1.5 | Formas do controle de vetores
Fonte: elaborado pela autora.
Assimile
Doença infecciosa: são chamadas doenças infecciosas todas aquelas 
transmissíveis de uma pessoa para outra através de um agente etioló-
gico. Essas doenças podem ser transmitidas de diversas formas: por 
meio de vetores, da água contaminada, da comida, dentre outras. 
Agente etiológico: chamado também de agente infeccioso ou agente 
patogênico, trata-se do ser vivo que causará a doença. Comumente 
estão inseridos nas bactérias, nos vírus, nos fungos, nos protozoários e 
nos vermes (dos filos platelmintos e nematelmintos). 
Vetor: em saneamento chamamos de vetor o veículo (animal) portador 
do agente etiológico. Apesar de alguns deles conseguirem se proliferar 
nos próprios vetores, diferente dos agentes etiológicos, eles não trans-
mitem a doença em si. Podem ser moluscos, artrópodes, entre outros 
animais. A dengue, por exemplo, tem o mosquito como vetor e um vírus 
como agente etiológico.
Pesquise mais
Aluno, aprofunde seus conhecimentos sobre a relação do saneamento 
com a saúde pública lendo o capítulo 1 da seguinte referência, dispo-
nível na biblioteca virtual.
PHILIPPI JR, A.; MALHEIROS, T. F. Saneamento e saúde pública: 
integrando homem e ambiente. In: PHILIPPI JR, A. Saúde e ambiente: 
fundamentos para um desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 
2005. Capítulo 1, p. 3-31. [Minha Biblioteca]. 
Não esqueça de fazer o login na “Minha biblioteca”, na Biblioteca 
Virtual, antes de clicar no link.
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Sem medo de errar
Você e sua chefe foram designados para solucionar todos os problemas de 
Assú e, como primeira atividade, vocês devem elaborar uma cartilha infor-
mativa com o intuito de distribuir para a população, destacando a relação 
direta entre saúde pública e saneamento, o conceito de doenças infecciosas 
e a doença que está afetando a população, bem como sua forma de contágio 
e prevenção.
Conforme vimos nesta seção, as doenças infecciosas são aquelas trans-
missíveis de uma pessoa para outra através de um agente etiológico. Estas 
podem ser transmitidas de diversas formas: por meio de vetores, da água 
contaminada, da comida, dentre outras.
A falta de saneamento básico está diretamente ligada ao aparecimento de 
certas doenças infecciosas (aprendemos essa relação no início da Unidade 
1), por isso, comumente associamos o saneamento e a saúde pública de uma 
população. É importante frisar que, quando bem estruturados, os pilares 
do saneamento (abastecimento de água, tratamento de esgotos, coleta de 
resíduos e drenagem de águas pluviais) funcionam como verdadeiros “termô-
metros” da qualidade de vida de uma comunidade. 
Como os sintomas dessa doença temos: a diarreia, o vômito, a febre alta, 
os olhos vermelhos, as dores musculares e abdominais. Coincidentemente 
todas as pessoas doentes moram no centro e tiveram suas casas alagadas 
ou contato direto com as águas das últimas chuvas. Nenhum funcionário 
da indústria ficou doente. Nesse contexto, podemos concluir que as pessoas 
tiveram leptospirose por contato com a urina dos ratos infectados.
Na cartilha é importante destacarmos qual é essa doença, as formas de 
prevenção e contágio. 
Cartilha: Leptospirose – Assú 2019
• Qual é a doença: leptospirose, uma doença infecciosa causada por 
uma bactéria presente na urina de ratos infectados. 
• Transmissão: ela é transmitida por meio do contato com a urina dos 
ratos, ou águas que tiveram contato com essa urina contaminada. 
• Tratamento dos doentes: o tratamento dos doentes é realizado com 
antibióticos específicos, repouso e hidratação. 
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• Como evitar a doença: deve-se evitar o contato com as águas da 
inundação e com os ratos, além de fazer o controle de vetores. 
Devemos também higienizar o domicilio após a inundação e, ao 
realizar a limpeza, utilizar desinfetantes e luvas.
Avançando na prática
Nova doença acomete população ribeirinha dos 
arredores de Assú
Após o lançamento de sua cartilha a respeito da leptospirose, muitas 
pessoas dos arredores de Assú entraram em contato com você e sua equipe 
a respeito de outras possíveis doenças relacionadas à falta de saneamento 
básico. A população ribeirinha da cidade de Itajá, próxima a Assú, vem 
apresentando nos últimos 10 anos uma estabilização da mortalidade infantil, 
com índices de até 7 (por mil nascidos vivos, por ano) mortes no grupo de 
1 a 4 anos de idade – índice alto para dados atuais. A cidade não tem rede 
coletora de esgoto nem sistema de coleta de resíduos sólidos. A maioria das 
pessoas utiliza poços ou água de rios sem tratamento para abastecimento de 
água potável das residências, não sendo vistos vetores na cidade. 
Como poderíamos descobrir o porquê desse alto índice de mortali-
dade infantil que acomete a comunidade ribeirinha de Itajá? Indique alguns 
melhoramentos para que os índices de mortalidade infantil vistos atualmente 
sejam menores nos próximos anos.
Resolução da situação-problema
Se observarmos as características da comunidade ribeirinha da cidade 
de Itajá, podemos notar diversos pontos que podem contribuir para os 
altos índices de mortalidade infantil da comunidade. Conforme vimos ao 
longo desta seção, alguns pilares do saneamento provavelmente não estão 
sendo fornecidos à comunidade. Podemos, como engenheiros, analisar essas 
questões. 
Como melhoramento, deve-se fazer, primeiramente, uma análise da 
qualidade de água que a população vem consumindo, tanto a água dos poços 
(analisando o lençol freático utilizado por essas pessoas) quanto a água do 
rio que as pessoas utilizam como mananciais (mesmo sem o tratamento 
prévio). Provavelmente a água utilizada está contaminada em algum ponto: 
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seja pela ausência do tratamento de esgoto e água para abastecimento antes 
do consumo, seja pela ausência da coleta de resíduos sólidos (que podem 
também poluir um lençol freático). Como solução, é necessário um trata-
mento prévio da água para consumo, ter uma rede e um tratamento do esgoto 
produzido pela comunidade e uma coleta de resíduos com uma destinação 
final adequada.
Faça a valer a pena
1. Leia o trecho a seguir:
Dirigentes da ONU pediram nesta sexta-feira (22), Dia 
Mundial da Água, que países “não deixem ninguém para 
trás” no acesso a serviços de água potável e saneamento 
básico. Atualmente, estima-se que 2,1 bilhões de pessoas no 
mundo vivam sem água própria para o consumo humano. 
Organização alerta que degradação ambiental, crescimento 
populacional e mudanças climáticas poderão agravar desafios 
de oferta e disponibilidade dos recursos hídricos. (ONUBR, 
2019, [s.p.])
A disponibilidade de água potável, bem como os serviços básicos providos pelo 
saneamento básico são de extrema importância para a população mundial.
Assinale a alternativa que indica corretamente os quatro pilares básicos, ou seja, os 
quatro principais serviços providos pela infraestrutura oferecida pelo saneamento 
básico.
a. Saneamento ambiental, controle de vetores, controle de animais exóticos e 
distribuição de água.
b. Abastecimento e distribuição de água, controle de vetores, drenagem de águas 
pluviais e coleta de resíduos sólidos.
c. Saneamento ambiental, saneamento na construção civil, saneamento nos 
meios de transporte e saneamento em situações de emergência. 
d. Abastecimento e distribuição de água potável, drenagem de águas pluviais, 
coleta e destinação final de resíduos sólidos e tratamento de esgotos.
e. Controle de vetores, distribuição de esgotos sanitários, saneamento nos meios 
de transporte e abastecimento de água potável para a população.
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2. Leia o trecho a seguir:
De janeiro até 16 de março deste ano (2019), o Amapá regis-
trou queda nos casos confirmados de dengue,chikungunya 
e zika, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. 
Os números são do Ministério da Saúde (MS) com destaque 
para a queda de diagnóstico de dengue de 81,5%, em compa-
ração ao mesmo período de 2018. Os registros de dengue 
reduziram de 227 para 42. Nas confirmações de chikungunya, 
a queda foi de 40 para 17 casos, e de zika foram 6 casos em 
2018 e 3 neste ano. Ainda não houve mortes, nem casos de 
microcefalia em 2019, segundo relatório. (G1, 2019, [s.p.]).
Sabemos que o controle de vetores está diretamente associado ao aparecimento de 
certas doenças.
A seguir, assinale a alternativa que apresenta corretamente as doenças transmitidas 
por vetores.
a. Chikungunya, leptospirose e esquistossomose.
b. Amebíase, rinite e leptospirose.
c. Cólera, diarreia infecciosa e esquistossomose.
d. Dengue, chikungunya e giardíase.
e. Diarreia infecciosa, dengue e malária. 
3. Leia o trecho a seguir:
A melhora dos indicadores de saneamento das maiores 
cidades brasileiras tem sido mais lenta do que o necessário, 
segundo avaliação da Associação Brasileira de Engenharia 
Sanitária e Ambiental (Abes). A visão é de que o Brasil 
ainda tem grandes problemas com relação a tratamento de 
esgoto e destinação de resíduos sólidos. A entidade publica 
nesta quarta-feira (13/06/2918) os dados atualizados do 
seu ranking de universalização de saneamento, que avalia a 
situação das cidades com mais de 100 mil habitantes a partir 
dos dados enviados ao Sistema Nacional de Informações 
sobre Saneamento (SNIS), do governo federal. A novidade 
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desse ano é a criação de um segundo ranking, que envolve as 
cidades de pequeno e médio porte que enviaram ao sistema 
todas as informações necessárias para construção da lista. 
(REVISTA VALOR, 2018, [s.p.]).
A infraestrutura oferecida pelo saneamento básico tem como principal consequência 
o surgimento de um meio ambiente sadio, fato este que melhora as condições e a 
qualidade de vida da população.
Sobre o saneamento básico e sua relação com a saúde pública, assinale a alternativa 
correta.
a. O aparecimento de certas doenças infecciosas, de doenças transmitidas pela 
água e as doenças sexualmente transmissíveis podem ser evitadas pelo abaste-
cimento de água potável e tratamento de esgotos.
b. Apenas o tratamento de águas para abastecimento e esgotos sanitários é 
suficiente para que a população tenha o controle do aparecimento de doenças 
infecciosas relacionadas ao saneamento.
c. O controle de vetores e uma infraestrutura de tratamento de águas e esgotos, 
juntamente de coleta e tratamento do lixo urbano, são importantes aliados 
para a saúde e qualidade de vida da população.
d. O controle da drenagem de águas pluviais e a coleta dos resíduos sólidos são 
as principais medidas de saneamento básico e apresentam como principal 
consequência o controle total dos vetores.
e. O abastecimento de água potável, coleta e tratamento dos resíduos sólidos, a 
drenagem urbana das águas pluviais e o controle das doenças infecciosas são 
ações denominadas pilares do saneamento básico.
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Seção 2
O meio aquático
Diálogo aberto
Caro aluno, no nosso dia a dia, em locais próximos de onde vivemos é 
comum “ouvirmos falar” que um rio, um lago ou uma praia está apto ao 
banho. Porém, também é comum termos notícias de poluição de algum meio 
aquático. Mas como essa poluição ocorre? O que aconteceu nesse meio para 
que possamos classificar, ou identificar, um corpo hídrico como poluído? Nos 
próximos itens desta seção estudaremos especificamente as poluições das 
águas, ou seja, do meio aquático. Todavia, para entendermos como funciona 
a poluição aquática e, principalmente, como evitá-la, é necessário primeira-
mente aprendermos como esse meio funciona. Dessa forma, compreende-
remos toda a dinâmica que ocorre neste meio, as partes constituintes e tudo 
o que pode alterar o equilíbrio deste ecossistema. 
Voltando às suas questões como engenheiro de uma empresa que 
apresenta atividades na área do saneamento, temos os problemas que a 
cidade de Assú vem passando nessa área. Ao analisar as causas da doença 
que acometeu uma parte da população, você recebeu um relatório completo 
sobre a qualidade da água que está sendo utilizada para o abastecimento da 
população. Por meio das análises laboratoriais, foi possível entender que a 
água atende a todos os padrões de qualidade da água. Lembrando que as 
pessoas que ficaram doentes moravam somente em uma parte da cidade que 
tinha contato direto com os ratos. Além disso, lembre-se de que nenhum dos 
funcionários da indústria ficou doente. 
Um dos colaboradores da empresa lhe questiona sobre o porquê apenas 
parte da população ficou doente e se isso teria influência na distância do 
lançamento do efluente no rio. Assim, explique quais são as etapas da autode-
puração e sua possível relação com o surto da doença que acometeu Assú.
Como podemos imaginar, a poluição das águas é um assunto de muita 
relevância para a população em geral. Os engenheiros civis também são 
responsáveis pela manutenção e recuperação dos corpos hídricos ao redor do 
planeta. Nesse contexto, é imprescindível que entendamos como a poluição 
ocorre. A partir disso, vamos começar nossos estudos?
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Não pode faltar
Caro aluno, a adição de qualquer substância (ou forma energética) a um 
meio que tenha como resultado a impossibilidade da utilização deste pelas 
populações que ali vivem pode ser chamada de poluição. Além disso, temos 
presente, nesse contexto, o conceito de ecossistema, que é o conjunto das 
populações (fauna e flora) e o meio em que habitam vivendo juntos, por 
exemplo, os indivíduos de um certo espaço e o ambiente em que convivem. 
A poluição pode ocorrer em diversos ecossistemas e, de modo geral, pode 
ser encontrada em três meios: o meio aquático, o meio terrestre e o meio 
atmosférico. Dessa forma, aprenderemos, em especial, sobre a poluição das 
águas e, ao decorrer das próximas unidades, trataremos das poluições e de 
suas implicações no solo e no ar.
A água é um composto químico formado por hidrogênio e oxigênio, mais 
especificamente de dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, que 
originam a molécula da água ( H O2 ). Esta é essencial para a vida na Terra e, 
por esse motivo, a Organização das Nações Unidas (ONU) declara que a água 
potável é um direito fundamental de todos os seres humanos, juntamente 
com o acesso aos serviços de saneamento (ONU, 1992a).
Dentre os princípios recomendados pela Declaração de Dublin, tradu-
zida por Gnadlinger (1992a, [s.p.]), sobre a água e desenvolvimento susten-
tável da ONU, temos:
Princípio nº 1: a água doce é um recurso finito e vulne-
rável, essencial para sustentar a vida, o desenvolvimento 
e o meio ambiente.
Como a água sustenta a vida, o gerenciamento eficaz dos 
recursos hídricos exige uma abordagem holística, ligando 
o desenvolvimento social e econômico à proteção dos 
ecossistemas naturais. A gestão eficaz liga os usos da terra 
e da água em toda a área de captação ou no aquífero de 
águas subterrâneas.
Por esses motivos, é necessário entender a importância da água como um 
bem comum e a crescente preocupação mundial com esse recurso. Assim, 
compreenderemos como o meio aquático funciona. No entanto, faremos, 
primeiramente, uma breve revisão a respeito de alguns conceitos ecológicos 
relevantes.
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Assimile
O meio aquático é o lugar que tem a água como principal composto. 
Chamamos de meio aquático os rios, lagos, oceanos, mares, poços 
subterrâneos, entre outros, sendo muito importante para a manutenção 
da vida no planeta e considerado o local no qual diversos ecossistemas 
sobrevivem e cadeias alimentares (teia alimentar) se desenvolvem. Já 
a cadeia alimentar é a transmissão de energia em forma de matéria 
orgânica por meio da alimentação, funcionando, de forma sequencial, 
no que denominamos de cadeia. A cadeia alimentar, por sua vez, pode 
ocorrer em diversos ecossistemas, inclusive, no meio aquático, no qual 
observamos o desenvolvimentode teias alimentares completas.
Os organismos chamados de autotróficos são aqueles que apresentam a 
habilidade de produzir o próprio alimento. Já todos os outros organismos 
vivos que habitam o planeta precisam de algum alimento, isto é, de algum 
tipo de energia para sobreviver. Esta energia pode ser em forma de luz; com 
esta, os seres autotróficos utilizam para produzir seu alimento em forma de 
fotossíntese. Esses seres, posteriormente, podem se transformar em alimento 
a ser consumido pelos seres heterotróficos (e esse será considerado também 
um tipo de “energia”), os quais também podem ser consumidos por outros 
seres heterotróficos. 
Com os seres autotróficos, obtemos a cadeia alimentar. Todos os seres que 
fazem parte desta são divididos em níveis tróficos. Nesse sentido, o primeiro 
nível trófico é composto pelos seres autotróficos (as plantas), e o segundo, 
pelos organismos que se alimentam somente dos seres autotróficos (os herbí-
voros). Por fim, os organismos que se alimentam dos herbívoros fazem parte 
do terceiro nível trófico, podendo existir em uma cadeia alimentar diversos 
níveis (Figura 1.6).
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Figura 1.6 | Exemplos de cadeia alimentar
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Simplik-
fied_food_chain.svg. Acesso em: 25 abr. 2019.
Conceituamos, em saneamento, os organismos que produzem seu próprio 
alimento (os autotróficos) de produtores. Nos ecossistemas aquáticos, os 
produtores são as plantas e constituem a base da cadeia alimentar nesse 
meio. Todos os seres que não conseguem produzir seu alimento, ou seja, 
os heterotróficos, podem ser também chamados de consumidores. E, por 
último, temos os decompositores, organismos que se alimentam a partir 
da decomposição da matéria orgânica presente nos seres que estão mortos. 
Nesse contexto, vale acrescentar que os seres decompositores estão presentes 
em todos os níveis tróficos. 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Simplified_food_chain.svg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2b/Simplified_food_chain.svg
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A cadeia alimentar do meio aquático é composta por diversos organismos. 
Nesse meio encontramos plantas, vírus, fungos, bactérias, protozoários, 
peixes, anfíbios, mamíferos, crustáceos, algas, entre outros. Podemos classi-
ficar os organismos aquáticos com base na região aquática em que vivem. 
Os denominados plânctons vivem sem locomoção própria, movimentan-
do-se de acordo com o movimento das correntes, e podem ser divididos em 
fitoplâncton e zooplâncton, oriundos, respectivamente, do reino vegetal 
e animal. Já os néctons, diferentemente dos plânctons, são os próprios 
responsáveis pela sua locomoção no meio aquático, independentemente do 
movimento das correntes. Neste meio temos ainda a presença dos bentos, 
que vivem nos leitos (calhas) dos cursos d’água.
O ambiente aquático: a dinâmica energética do meio aquático
Como a inclusão de um certo material implicará em uma possível poluição 
do meio aquático? Vejamos agora como funciona a relação entre matéria 
orgânica e energia – e sua influência para a poluição do meio aquático. 
Primeiramente, precisamos relembrar o conceito de matéria orgânica (M.O.), 
que significa toda matéria de origem animal ou vegetal (originada dos produ-
tores ou consumidores) que tem como base o carbono. Já o material mineral 
(M.M.), ou inorgânico, é aquele que tem, em sua composição, os minerais 
(e são disponibilizados em processos cíclicos na própria cadeia alimentar, 
pela ação dos organismos decompositores) e outros elementos químicos, por 
exemplo, potássio, nitrogênio, ferro, etc.
A partir da energia na forma de luz associada à disponibilidade de gás 
carbônico e alguns materiais minerais, os produtores darão início à cadeia 
alimentar aquática por meio do processo de fotossíntese. Nesse sistema, as 
plantas aquáticas e alguns tipos de bactérias serão os produtores. No próximo 
nível da cadeia, teremos a atuação dos organismos consumidores, que utili-
zarão a matéria orgânica proveniente dos produtores em conjunto com 
o oxigênio disponível no meio (dissolvido no meio aquático). Por fim, os 
decompositores transformarão a matéria orgânica presente nos produtores e 
consumidores em material mineral. Podemos observar como funciona essa 
dinâmica entre energia e matéria orgânica na Figura 1.7.
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Figura 1.7 | Transferência de energia e matéria orgânica nos ecossistemas
LUZ + CO2
M.O.M.M.
Produtores
Consumidores
Decompositores
M.O.M.O.
M.O.
O2
Fonte: elaborada pela autora.
Por meio do fluxograma da Figura 1.8 e entendendo um pouco sobre a 
cadeia alimentar aquática, podemos observar que todo o sistema funciona 
como um ciclo, e todos os organismos e materiais (orgânicos e inorgânicos) 
habitam em equilíbrio. No meio aquático, diversos fatores influenciarão na 
cadeia alimentar e, consequentemente, na sua eficiência energética. Esses 
fatores são denominados de parâmetros e estão interligados. Qualquer 
alteração em apenas um destes pode desencadear o desequilíbrio do meio, a 
modificação de outros parâmetros e uma possível poluição.
Os parâmetros são imprescindíveis para descobrirmos como funciona o 
meio aquático. Fatores como a disponibilidade de oxigênio dentro da água 
(chamado de saneamento de oxigênio dissolvido), a quantidade de alimentos 
(nutrientes) disponível e a intensidade da luz incidente são alguns exemplos. 
As características físicas e química também são consideradas como parâme-
tros e podem influenciar na cadeia alimentar e na vida aquática como um 
todo. Dessa forma, o pH e a temperatura, por exemplo, são relevantes para a 
manutenção do equilíbrio do meio. 
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Nesse sentido, todos os materiais lançados no meio aquático, e aqui 
podemos estender essa questão a todos os meios, serão causadores de 
poluição? A resposta é não, para todos os meios. É necessário entendermos 
que nem sempre os materiais lançados nos ecossistemas serão ruins. Alguns 
podem afetar positivamente a população de um meio, mas ainda sim ser um 
tipo de poluição. Vejamos um exemplo: a eutrofização é um processo no 
qual a introdução de alguns nutrientes (matéria orgânica) terá como conse-
quência o aumento significativo do número de algas em um ecossistema 
aquático. Este processo prejudicará outras populações e, dessa forma, pode 
ser considerado um tipo de poluição. Contudo, para as algas, é desejável ter 
essa oferta de nutrientes (motivo pelo qual elas crescem e se reproduzem). 
Sendo assim, a melhor resposta para a pergunta anterior é depende: a 
introdução desse material trará consequências maléficas para o sistema 
como um todo? Se a resposta for sim, esse material poderá ser chamado de 
poluente. Dado o conceito apresentado, a partir deste momento chamaremos 
de poluentes todos os materiais adicionados a um meio que causarão poluição 
neste. Uma observação importante: por um lado, se o meio apresentar um 
poluente que tem origem natural, ou seja, for oriundo de processos naturais, 
chamaremos esse fenômeno de contaminação. Por outro lado, se o poluente 
tiver efeito maléfico ao sistema e origem da interferência humana, ele será 
denominado poluição.
Reflita
Atualmente, a eutrofização é um dos grandes problemas que os ecossis-
temas aquáticos vêm enfrentando. Causado pelo grande número de 
nutrientes oferecidos ao meio, este processo traz diversas consequên-
cias maléficas. Mas podemos verificar algum ponto positivo no processo 
de eutrofização? Qual seria esse ponto? Ela sempre será causada pela 
interferência humana?
Dois processos biológicos são importantes para entendermos o controle e 
a movimentação dos poluentes no meio aquático. Consequentemente, esses 
processos terão influência na quantidade de materiais orgânicos e inorgâ-
nicos na cadeia alimentar aquática e, assim, consequências em uma futura 
poluição. Esses conceitos são chamados de bioacumulação e biomagnifi-
cação, que, apesar de serem comumente utilizados como sinônimos, são 
diferentes. A bioacumulaçãopode ser definida como um processo biológico 
no qual determinada substância é absorvida por um ser vivo. Já na biomag-
nificação, também um processo biológico, certa substância é absorvida 
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progressivamente pelos organismos ao longo da cadeia alimentar (ou em 
uma teia alimentar, que se trata de várias cadeias alimentares entrelaçadas). 
A principal diferença entre os dois é que a bioacumulação ocorre geral-
mente em apenas um nível trófico, ou seja, as substâncias são absorvidas 
por um organismo a partir da disponibilidade no meio ambiente (de forma 
direta) ou por meio da ingestão de alimentos que contenha essa substância 
(de forma indireta). Já a biomagnificação é um conceito mais amplo, com 
o qual analisamos os níveis de certa substância em uma cadeia alimentar 
completa (ou várias), de forma que os “últimos” animais da cadeia alimentar, 
consumidores em níveis tróficos mais avançados, terão em seus órgãos e 
tecidos uma concentração do composto acumulada, proveniente da bioacu-
mulação que ocorreu nos demais níveis tróficos. Muitas vezes, essa concen-
tração do composto está até mais alta que as concentrações encontradas no 
meio em si, fato este que caracteriza a biomagnificação. 
Ao entendermos os conceitos de bioacumulação e biomagnificação, 
classificaremos os poluentes de acordo com sua capacidade de ser metaboli-
zado por um organismo. Se uma certa substância for chamada de biodegra-
dável, isso significa que ela poderá ser catalisada como fonte de carbono, ou 
seja, metabolizada por um organismo. A substância biodegradável é consi-
derada inofensiva em termos de cadeia alimentar e biomagnificação. Já se o 
poluente for classificado como não biodegradável, isso significa que ele não 
será metabolizado por um organismo, podendo passar por diversos níveis 
tróficos sem que suas concentrações diminuam nas populações afetadas, fato 
este que caracteriza uma biomagnificação. 
A autodepuração
Caro aluno, até o momento vimos como a dinâmica energética do meio 
aquático funciona e como a alteração desse equilíbrio pode trazer um quadro 
de poluição para aquele ecossistema. Agora, é importante aprendermos um 
conceito importantíssimo para a compreensão, o planejamento e a estratégia 
para uma possível recuperação da qualidade dos cursos d’água: a autodepu-
ração. De acordo com Von Sperling (2005), o fenômeno de autodepuração 
pode ser entendido como o reestabelecimento natural do equilíbrio de um 
corpo d’água após ele ter recebido cargas poluidoras; geralmente esgotos 
sanitários, provenientes de um centro urbano. Em outras palavras, fazendo 
uma analogia, podemos entender a autodepuração como uma tentativa do 
corpo d’água de voltar ao seu estado, anterior àquela fonte poluidora. 
A autodepuração (Figura 1.8) parte de um pressuposto que um ecossis-
tema aquático está em um estado de equilíbrio prévio, anterior a uma fonte 
32
de poluição. Esse estado é composto pela estagnação dos seus parâmetros 
e pelo controle da população dos organismos que o compõem. Assim, o 
despejo de certa carga poluidora afetará negativamente esse equilíbrio, carac-
terizando-se como uma poluição. As cargas poluidoras, principalmente os 
esgotos sanitários, terão impactos simultâneos nesse ecossistema, principal-
mente nos diversos parâmetros que o compõe, alterando-os. 
Uma das principais e mais importantes alterações desse meio é a 
diminuição dos níveis de oxigênio dissolvido naquele sistema, componente 
importantíssimo para a manutenção da vida marinha e necessário para a respi-
ração dos animais. Por esse motivo, este oxigênio tornou-se um parâmetro 
de qualidade da água, sendo utilizado para medir o grau de poluição de um 
corpo de água: quanto menor forem suas concentrações, maior será seu nível 
de poluição. Ao estudarmos o processo de autodepuração dos cursos d’água, 
outro parâmetro importante é a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), 
uma medida indireta da quantidade de matéria orgânica disponível para a 
degradação pela ação de bactérias. Ao fazer uma analogia, a DBO seria um 
indicativo da quantidade de matéria orgânica que estaria “sobrando” no meio 
analisado.
Figura 1.8 | Processo de autodepuração
Fonte: Braga et al. (2005, p. 90).
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O processo de autodepuração pode ser dividido em quatro trechos, que 
podem ser observados ao longo do curso d’água e ao decorrer do tempo da 
poluição. A seguir, conheça cada um deles. 
• Zona de águas limpas: é a primeira zona do curso d’água, locali-
zada antes da fonte de poluição. Tem como principais características 
as concentrações elevadas de oxigênio dissolvido e populações dos 
organismos aquáticos vivendo em equilíbrio. 
• Zona de degradação: a segunda zona do curso d’água durante o 
processo de autodepuração é a zona de degradação, marcada pelo 
lançamento da fonte poluidora. É definida pela diminuição da 
concentração do oxigênio dissolvido e, dessa forma, os organismos 
menos resistentes começam a morrer.
• Zona de decomposição ativa: a zona de decomposição na autodepu-
ração é marcada pela menor concentração de oxigênio dissolvido do 
processo. Os organismos aeróbios (que respiram utilizando o oxigênio 
dissolvido no meio) mais resistentes morrem e apenas algumas bacté-
rias e alguns fungos sobrevivem. Os organismos que não utilizam o 
oxigênio dissolvido na sua respiração (denominados de anaeróbios) 
são os únicos que perduram nesta fase. 
• Zona de recuperação: zona na qual se inicia o processo de retomada 
do equilíbrio do ecossistema aquático. Há um aumento das concen-
trações do oxigênio dissolvido e reaparecimento de organismos 
aquáticos. Após a zona de recuperação, é possível observar uma nova 
zona de águas limpas.
Exemplificando
Em 2018, os moradores de Bauru estavam pescando tilápia em um 
rio que recebia esgoto da cidade. Após muitas queixas, a prefeitura 
do município mudou o ponto de descarte do esgoto para mais longe. 
Assim, com o tempo, a qualidade da água deste rio vem melhorando, 
devido ao processo de autodepuração dos corpos hídricos. No entanto, 
essa mudança ainda não é o suficiente para que haja melhorias nesse 
caso, pois ainda que mais longe, o esgoto deveria ser tratado antes do 
lançamento em um corpo hídrico.
34
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Como vimos anteriormente, o processo de autodepuração é muito 
importante para o meio aquático, na recuperação de um curso d’água 
poluído. Por esse motivo, aprenderemos um pouco mais sobre esse 
assunto e como comumente ele é analisado na prática nos rios? Faça 
seu login na nossa biblioteca virtual e procure o seguinte artigo: 
SARDINHA, D. S. et al. Avaliação da qualidade da água e autodepuração 
do ribeirão do meio, Leme (SP). Eng. Sanit. Ambient., v. 13, n. 3, Rio de 
Janeiro, 2008.
Sem medo de errar
Caro aluno, nesta seção aprendemos o funcionamento do meio aquático, 
com ênfase em suas dinâmicas energéticas e no processo de autodepuração. 
Este processo é um importante aliado para a recuperação dos corpos hídricos 
e pode ser definidido como: o restabelecimento do equilíbrio aquático após 
o lançamento de uma carga poluidora. Assim, podemos dizer que a autode-
puração é uma tentativa do corpo d’água voltar ao seu estado anterior à carga 
poluidora. 
Além disso, este processo pode ser dividido em quatro zonas principais, 
localizadas ao decorrer dos corpos hídricos. São as zona de águas limpas, 
zona de degradação, zona de decomposição ativa (ou degradação ativa) e 
zona de recuperação. Cada uma delas apresenta particularidades: 
• A zona de águas limpas, a primeira do processo, é localizada em uma 
posição anterior ao lançamento de uma fonte poluidora com níveis de 
oxigênio dissolvido altos e equilíbrio da fauna e flora. 
• A zona de degradação, a segunda do processo, é marcada pela 
diminuição da concentração do oxigênio dissolvido e, com isso, os 
organismos menos resistentes começam a morrer. 
• A zona de degradação ativa, a terceira do processo, é a que apresenta 
a menor concentração de oxigênio dissolvido no processo. Nela os 
animais mais resistentesmorrem e apenas algumas bactérias e fungos 
conseguem sobreviver. 
• Por fim, temos a zona de recuperação, a quarta do processo, na qual se 
inicia o processo de retomada do equilíbrio do ecossistema marinho. 
Nela há o aumento das concentrações do oxigênio dissolvido e reapa-
recimento de organismos aquáticos. Após a zona de recuperação, é 
possível observar uma nova zona de águas limpas. 
35
A partir do exposto, podemos fazer um paralelo com os problemas da 
questão do saneamento (mais especificamente com a questão do surto da 
doença infecciosa) na cidade de Assú e a autodepuração. Na questão, houve 
a suspeita de que os dejetos da indústria de cerâmica teriam contaminado a 
água de abastecimento da cidade. A partir de análises laboratoriais da água 
em diversos pontos de coleta após o despejo do esgoto proveniente da indús-
tria e de acordo com os princípios da autodepuração, depois de uma certa 
distância da fonte poluidora, os corpos d’água tendem a se recuperar. Assim, 
observando a recuperação dos parâmetros de qualidade ao longo do curso 
d’água, poderíamos afirmar que talvez a poluição causada pela indústria não 
tivesse chegado aos consumidores por causa do processo de autodepuração.
No entanto, para ter certeza de que as fontes poluidoras não apresentam 
mais influência na qualidade da água para abastecimento, é necessária uma 
análise completa de todos os parâmetros de qualidade da água ao decorrer 
das zonas da autodepuração e, em seguida, em uma nova zona de águas 
limpas. Assim, poderemos saber se o corpo hídrico obteve uma recuperação 
total dessa poluição.
Avançando na prática
A poluição e a dinâmica energética do meio 
aquático
Comumente, como engenheiros, seremos responsáveis por analisar a 
causa de uma poluição de um corpo hídrico. Ao alterarmos o meio energé-
tico, a dinâmica básica do meio aquático, todos os componentes desse 
ecossistema serão alterados e, consequentemente, observaremos a configu-
ração de uma poluição. Nesse sentido, observe a Figura 1.7 e responda: o que 
aconteceria com o meio aquático se o sistema parasse de receber luz? Haveria 
algum tipo de poluição decorrente deste fato? 
36
Figura 1.7 | Transferência de energia e matéria orgânica nos ecossistemas
LUZ + CO2
M.O.M.M.
Produtores
ConsumidoresDecompositores
M.O.M.O.
M.O.
O2
Fonte: elaborado pela autora.
Resolução da situação-problema
O sistema aquático está em equilíbrio. Se alterarmos qualquer parcela 
anteriormente apresentada, toda a cadeia alimentar será afetada. No caso da 
questão, se a luz fosse interrompida, os produtores, a base da cadeia alimentar, 
seriam os primeiros a sofrerem. Estes precisam de luz para sintetizar o 
próprio alimento e, sem essa energia, isso não será possível. Desprovidos de 
luz, os produtores começarão a morrer e, consequentemente, os próximos 
níveis tróficos também serão afetados e provavelmente morrerão. Dessa 
forma, estabelece-se um quadro de poluição.
Faça a valer a pena
1. A preocupação com o meio aquático é cada dia maior no nosso planeta. A 
alteração do equilíbrio de um ecossistema aquático constitui uma realidade muito 
comum nos rios, trazendo malefícios para esse ecossistema e, consequentemente, 
para todas as teias alimentares que ali sobrevivem. Uma das alterações que pode 
ocorrer no meio aquático é causada pela inserção de um poluente de procedência 
natural ou de um poluente que tem origem de processos naturais dos seres vivos que 
37
o compõem. Mesmo de origem natural, a inserção desse poluente causará desequi-
líbrio, apresentando malefícios às populações que vivem nesse meio, por exemplo, o 
processo de eutrofização.
O parágrafo anterior refere-se a um fenômeno que ocorre nos meios aquáticos. 
Assinale a alternativa que o apresenta corretamente.
a. Poluição.
b. Eutrofização.
c. Contaminação. 
d. Autodepuração.
e. Bioacumulação. 
2. Leia o trecho a seguir:
A agricultura moderna é responsável pela descarga de 
grandes quantidades de agrotóxicos, matéria orgânica e 
sedimentos em corpos hídricos. Essa poluição afeta bilhões 
de pessoas e gera custos anuais da ordem de bilhões de 
dólares, diz o estudo. “A agricultura é o maior produtor de 
águas residuais, por volume, e o gado gera muito mais excre-
mentos que os humanos. À medida que se intensificou o 
uso da terra, os países aumentaram enormemente o uso de 
pesticidas sintéticos, fertilizantes e outros insumos”, disseram 
Eduardo Mansur, diretor da divisão de terras e águas da FAO, 
e Claudia Sadoff, diretora-geral do instituto, na introdução do 
relatório. (EXAME, 2018, [s.p.])
O meio aquático é um sistema muito sensível a alterações que trazem prejuízos a ele, 
caracterizando uma poluição. Sobre as seguintes afirmativas, relacionadas ao meio 
aquático, julgue-as em (V), para verdadeiras, ou (F), para falsas.
( ) A água é um bem infinito e a capacidade de autodepuração aquática é responsável 
por garantir a recuperação de todos os rios. Assim, podemos afirmar que não existe 
a poluição desse meio.
( ) A cadeia alimentar aquática é composta por produtores (seres autotróficos), 
consumidores (heterotróficos) e decompositores (que decompõem a matéria 
orgânica morta).
38
( ) A bioacumulação pode ser definida como um processo biológico no qual determi-
nada substância é absorvida por um ser vivo. Já na biomagnificação, também consi-
derada um processo biológico, a substância é absorvida progressivamente ao longo 
da cadeia alimentar.
( ) Se o poluente for classificado como não biodegradável, isso significa que ele não 
será facilmente catabolizado por um organismo, podendo passar para diversos níveis 
tróficos sem que suas concentrações diminuam. 
A seguir, assinale a alternativa que apresenta a ordem correta.
a. F – F – V – F.
b. V – V – F – F.
c. F – F – F – V.
d. F – V – V – V.
e. V – V – V – V. 
3. Leia o trecho a seguir:
Buscamos essa comparação para ver como como os picos 
climáticos impactam na qualidade da água e no controle de 
poluentes. Existe uma percepção de que as chuvas aumentam 
a capacidade de autodepuração dos poluentes nos rios. Mas 
a gente tem notado que, nos últimos anos, as chuvas têm 
influenciado negativamente a qualidade da água em regiões 
urbanas, principalmente nas áreas metropolitanas, como São 
Paulo”, explica Malu Magalhães, coordenadora da Rede das 
Águas da Fundação SOS Mata Atlântica. (EXAME, 2016, 
[s.p.])
O processo de autodepuração é muito importante para entendermos o comporta-
mento dos rios diante de fontes poluidoras.
A respeito do processo de autodepuração dos corpos hídricos, assinale a alternativa 
correta.
a. A autodepuração é o processo de tentativa de recuperação dos corpos d’água 
pela volta do equilíbrio deste meio e caracteriza-se, principalmente, pela 
constância da concentração dos seus parâmetros de qualidade, inclusive, do 
oxigênio dissolvido.
b. A zona de águas limpas é a zona anterior à fonte poluidora, na qual há um 
equilíbrio do ecossistema. Contudo, chamamos também de zona de águas 
39
limpas aquela que vem logo após a de recuperação, na qual o ecossistema se 
restabelece.
c. A zona de decomposição ativa, ou degradação ativa, é a zona na qual há 
a maior desarmonia no processo. Além disso, esta é caracterizada pela 
oscilação dos níveis de oxigênio dissolvido e é considerada aquela na qual 
apenas pequenos peixes sobrevivem.
d. A zona de degradação é a zona na qual a fonte poluidora lança seus dejetos. 
Nesta etapa apenas os microrganismos sobrevivem e, além disso, esta zona é 
marcada por menores índices de oxigênio dissolvido no processo de autode-
puração. 
e. A zona de recuperação apresenta uma ordem estabelecida. Ela fica entre a 
zona de decomposição e decomposição ativa e é marcada pela total presença 
da fauna e flora do local, com o oxigênio dissolvido em níveis mais altos do 
que antes da poluição.
40
Seção 3
Poluição das águas
Diálogo aberto
Caro aluno, é comum analisarmos a água por meio de algumas caracte-
rísticas, sendo possível afirmarse ela está ou não apta ao consumo. Em outras 
palavras, intuitivamente, ao observar um curso d’água e suas características, 
por exemplo, odor ou cor, conseguimos fazer uma pré-avaliação da sua quali-
dade. Contudo, será que realmente este liquido está poluído? 
Na seção anterior, você foi apresentado a um conceito muito importante 
para a análise da qualidade da água: parâmetros. Estes podem ser definidos 
como fatores, indicadores ou substâncias presentes na água. Além, podem 
ser as caraterísticas químicas, físicas e biológicas, formadas por meio de 
processos que acontecem durante todo o percurso que a água faz, desde a 
nascente até seu consumidor final, sendo alteradas todas as vezes que algum 
evento (substância ou forma energética) é adicionado a este trajeto.
Nesta seção, nosso foco de estudo estará justamente relacionado aos 
parâmetros. Estudaremos também as causas e consequências das poluições 
no meio aquático, pois, com isso, verificaremos a existência dessa poluição 
com propriedade. 
A cidade de Assú vem apresentando diversos problemas em relação ao 
saneamento básico. Em consequência do surto da doença infecciosa já vista, 
muitas pessoas estão se recusando a utilizar a água distribuída pela conces-
sionária da cidade, boicotando o seu uso. Elas acreditam que a indústria de 
cerâmica é a grande responsável por deixar as pessoas doentes. Todavia, os 
parâmetros de qualidade da água foram divulgados pela concessionária e 
ela não apresenta nenhum deles fora do padrão de potabilidade, determi-
nados pela Portaria 2914 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Diante desse 
problema, você deverá incluir na cartilha (elaborada na Seção 1.1) também: 
O motivo pelo qual a água da concessionaria não está poluída. A partir 
disso, você deverá justificar sua resposta com base nas legislações vigentes no 
país em relação aos principais parâmetros para a distribuição de água para 
abastecimento (divulgados pela concessionária), relacionando-a com o tipo 
de dejeto descartado pela indústria (que contém níveis aceitáveis de metais 
ferrosos e não ferrosos).
A água da concessionária está apta ao consumo humano, no que diz 
respeito à ausência de coliformes totais (em 95% das amostras em 100 mL). 
41
Dessa forma, você deve incluir na cartilha a importância da relação deste 
parâmetro de qualidade da água para consumo humano com a transmissão 
de doenças infecciosas.
A partir dos conteúdos que serão aprendidos nesta seção, analisaremos, 
como engenheiros, todas as questões envolvendo não só a qualidade da água, 
mas também a cidade de Assú. Vamos iniciar os nossos estudos?
Não pode faltar
Os parâmetros de qualidade da água podem ser definidos como fatores, 
indicadores ou substâncias presentes na água, e se alcançam valores 
superiores aos estabelecidos para determinado uso, podem ser interpretados 
como um indício de poluição. Por sua vez, essa poluição implicará ou não 
na classificação de uma água como própria ou imprópria para o consumo 
humano. Contudo, vale ressaltar que, além da classificação para o consumo 
humano, temos ainda outras relacionadas aos recursos aquáticos de acordo 
com os seus usos. Por exemplo, não precisamos de uma água potável para o 
resfriamento de torres em uma indústria.
Vocabulário
• Água potável: apresenta os parâmetros de qualidade atendidos 
por lei, ou seja, é a água que atende ao padrão de qualidade 
determinado no local.
• Água para consumo humano: refere-se àquela propriamente 
consumida pela população. É a água potável designada para a 
ingestão, preparação de alimentos e higiene das pessoas.
• Água tratada: refere-se àquela que passou por algum tipo de 
tratamento com o objetivo de contemplar os padrões de potabi-
lidade. A água passará por uma série de processos físicos e (ou) 
químicos a fim de atender a esses padrões, que serão discutidos 
na Unidade 3.
Assim, é estabelecido pelo Ministério do Meio Ambiente, por meio 
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) (BRASIL, 2005), na 
Resolução nº 357, todas as classificações das águas doces, salinas e salobras, 
de acordo com o seu uso, elencadas no Quadro 1.2.
42
Quadro 1.2 | Resumo da classificação das águas e seus usos permitidos
Fonte: elaborado pela autora.
Por meio do Quadro 1.2, podemos refletir sobre os usos das águas e seus 
“graus” de qualidade. Os usos mais exigentes são atividades como a proteção 
e preservação dos ecossistemas aquáticos, além do consumo humano, que 
demandam uma qualidade da água “maior” para a proteção do ecossistema 
e saúde da população. Já os menos exigentes, por exemplo, atividades de 
navegação e paisagismo, podem utilizar águas com menor qualidade, ou seja, 
“mais poluídas”. Dessa maneira, os padrões apresentarão limites dos parâme-
tros diferentes para cada uma das classificações, de acordo com o grau de 
exigência do uso. Por exemplo, conforme a Resolução n° 357 (BRASIL, 
2005), o oxigênio dissolvido das águas doces, classe 1, deve ter, no mínimo, 
6 mg/L em qualquer amostra. Já para águas salobras, classe 3, deve ter, no 
mínimo, 3 mg/L.
Pesquise mais
Caro aluno, veremos alguns dos principais parâmetros de qualidade da 
água, porém temos diversos outros, que podem ser (e são) analisados 
na prática antes do uso de um corpo hídrico, de acordo com a sua neces-
sidade e classificação. Faça seu login na nossa biblioteca virtual e leia as 
páginas 150-155 e 427-433 no seguinte livro:
PHILIPPI JR, A. (org.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos 
para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005.
Adentrando na questão dos padrões de qualidade da água, por exemplo, 
vimos, na Seção 1.1, que baixas concentrações de oxigênio dissolvido são um 
indicativo de poluição dos corpos hídricos, tornando o ambiente inabitável 
para seres aquáticos. O oxigênio dissolvido é apenas um desses parâmetros 
43
de qualidade da água. Muitas vezes, são medidos por meio de análises de 
amostras coletadas em um laboratório, ou por sondas que fazem essa 
medição in loco.
Além do oxigênio dissolvido, temos diversos outros indicativos, por 
exemplo, pH, temperatura, cor, turbidez, gosto e odor, fluoreto, coliformes 
totais, cianotoxinas, dureza, manganês, amônia, nitrito, nitrato, etc.
Assimile
Alguns dos parâmetros são utilizados em conjunto para a determinação 
do Índice de Qualidade das Águas (IQA), recomendado pela Agência 
Nacional de Águas e adotado por diversos estados brasileiros. O IQA 
leva em consideração uma média ponderada dos resultados de nove 
parâmetros de qualidade em uma amostra e nos apresenta uma ideia 
de avaliação. Para conhecer seu cálculo, acesse o site do Portal da Quali-
dade das Águas e procure por Indicadores de Qualidade – Índice de 
Qualidade das Águas (IQA).
A seguir, vejamos como funciona a medição de alguns dos parâmetros da 
qualidade da água:
• pH: trata-se de um indicador químico que demonstra o potencial 
hidrogeniônico de uma água, ou seja, mede o quanto ácida ou alcalina 
ela é. O pH é medido de 0 a 14; o pH 7 é considerado neutro, abaixo 
deste número consideramos uma amostra ácida, enquanto que acima 
consideramos uma amostra alcalina. Além disso, vale acrecentar que 
o pH das águas doces de classe 1 devem ser de 6,0 a 9,0.
• Temperatura: a temperatura de um corpo hídrico influencia direta-
mente na dissolução de alguns gases. Nesse aspecto, a temperatura 
se torna um importante parâmetro da qualidade da água. O exemplo 
mais importante que podemos citar é a influência desta no oxigênio 
dissolvido: quanto maior a temperatura da água, menor a concen-
tração de oxigênio dissolvido. Não há uma medida de temperatura 
a ser seguida nas leis vigentes no país, sendo necessário seu acompa-
nhamento em conjunto com outros parâmetros.
• Oxigênio dissolvido: é um dos principais parâmetros de qualidade 
da água, uma vez que o ecossistema aquático depende dele para a sua 
sobrevivência. Os animais aquáticos necessitam desse oxigênio para 
realizar a sua respiração. Além disso, vale apresentar que este oxigênio 
tem sua origema partir de dois processos básicos: fotossíntese das 
plantas aquáticas e aeração por meio de contato com o ar atmosférico. 
44
Alguns processos físicos, químicos e biológicos interferem na concen-
tração do oxigênio dissolvido no meio aquático. Por fim, quanto à sua 
medição, esta acontece em mg/L, sendo 2 a 5 mg/L sua concentração 
mínima para a manutenção do ecossistema aquático. 
• Turbidez: é uma medida de passagem da luz através do meio aquático. 
Na prática, isso significa que a turbidez pode ser uma medida indireta 
da quantidade de partículas em suspensão que determinada amostra 
apresenta, caracterizando-a como mais ou menos turva. Além disso, 
a turbidez é mensurada por uma unidade especifica chamada de 
unidades nefelométricas, ou seja, Unidades de Turbidez (UNT). 
Nota-se que quanto mais calmo, quanto menor a velocidade de escoa-
mento da água, menores serão suas medidas de turbidez. O contrário 
também é válido: geralmente, quanto mais agitado um curso d’água, 
maior serão suas medidas de turbidez. Por fim, vale acrescentar que 
este parâmetro pode ser acrescido com o lançamento de esgotos 
durante o trajeto do curso d’água e, no que se refere à turbidez de 
águas doces, classe 1, esta deve ser de até 40 UNT. 
• Coliformes: como vimos na seção anterior, o meio aquático é 
composto por diversos organismos, entre eles estão os microrga-
nismos. Os coliformes são utilizados para observar a presença dos 
microrganismos em uma amostra e são divididos em dois grupos 
principais: os coliformes totais e os termotolerantes. Aqueles englobam 
um grupo maior de bactérias que não necessariamente transmitem 
doenças, já estes são utilizados como indicadores da presença de 
bactérias patogênicas, pois elas vivem normalmente no trato intes-
tinal de animais de sangue quente. Como elas não vivem muito tempo 
fora do intestino, sua presença indica uma infecção por fezes recente. 
Medidos de forma quantitativa, os coliformes totais e termotolerantes 
apresentam exigências diferentes para cada tipo de uso. Para água 
doce de distribuição após o tratamento, os totais devem estar ausentes 
em 100 mL de todas as amostras (nas estações de tratamento). Já para 
amostras colhidas na rede, ou em reservatórios, devem ser ausentes 
em 95% das amostras de 100 mL.
• DBO e DQO: as chamadas Demanda Bioquímica de Oxigênio 
(DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO) são medidas que 
indicam indiretamente a presença de matéria orgânica na água. Se 
lembrarmos da Figura 1.7, na seção anterior, podemos ver que o meio 
aquático tem uma dinâmica energética em equilíbrio. Quando temos 
um lançamento de esgoto com presença de matéria orgânica em um 
corpo hídrico, esse equilíbrio é alterado pela tentativa de voltar ao 
45
equilíbrio pelo consumo dessa matéria orgânica pelos organismos 
presentes (necessitando, além da MO, oxigênio dissolvido) – esse 
desequilíbrio caracteriza uma situação de poluição. As medidas de 
DBO e DQO funcionam como um indicativo deste tipo de poluição 
(presença exacerbada de MO). A DBO e DQO medem o quanto de 
oxigênio é necessário para uma estabilização da MO que a amostra 
contém, sendo, geralmente, medidos em mg/L. Assim, as medidas de 
DBO e DQO indicam a demanda de oxigênio dissolvido que o meio 
apresenta em relação a MO que está “sobrando”. Nesse contexto, vale 
acrescentar que a principal diferença entre DBO e DQO é o tipo de 
MO que será estabilizada. A DBO estará ligada à estabilização da MO 
por meio da ação dos microrganismos, enquanto que a DQO incluirá, 
além dos microrganismos, a estabilização promovida por reações 
químicas (por isso, o nome demanda bioquímica de oxigênio). A 
DBO será um valor sempre menor que o da DQO e leva ao todo um 
período de 5 dias e uma temperatura de 20°C para estabilizar. As 
águas doces de classe I devem ter a DBO (5 dias a 20°C) de até 3 mg/L.
Reflita
Como vimos, temos diversos parâmetros de qualidade da água sendo 
analisados e vários outros que estão surgindo ao longo dos anos, por 
meio do surgimento de novas tecnologias e novos poluentes. Nesse 
contexto, como os agrotóxicos podem se tornar parâmetros da quali-
dade da água? Como podemos medi-lo em um corpo hídrico? 
Parâmetros da qualidade da água: panorama internacional e 
legislação brasileira
No Brasil, chamamos de padrão de qualidade da água, ou padrão de 
potabilidade, aquele que tem os valores dos parâmetros analisados dentro 
do que é estabelecido pela lei vigente. Além disso, denominamos de padrão 
organoléptico a água que apresenta os valores dos parâmetros relacionados 
aos sentidos sensoriais (cor, odor e sabor) dentro dos limites da lei vigente. 
Diferentemente do padrão de potabilidade, o organoléptico pode apontar 
que determinada água está apta ao consumo, no entanto, nem sempre ele 
indicará que esta estará livre de riscos à saúde. Por exemplo: imagine uma 
amostra que apresente coliformes totais, contudo permanece aparentemente 
apta ao uso (límpida, sem cheiro ou sabor). Nesse exemplo a amostra tem 
padrões organolépticos atendidos, porém está fora dos de potabilidade.
46
No Brasil, a partir de 1977 foi promulgada a primeira legislação que 
tinha como objetivo elaborar normas e padrões necessários para determinar 
a potabilidade da água. Este foi o primeiro decreto em relação ao assunto 
e estabeleceu ao Ministério da Saúde a competência de elaborar normas e 
fiscalizar sua obediência no país. Atualmente, temos em vigência algumas 
normas que estabelecem os padrões de potabilidade. A mais importante 
delas é a antiga Portaria n° 2.914, de 2011, do Ministério da Saúde (BRASIL, 
2011), referida pela PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX, que 
dispõe, entre outros aspectos, os “procedimentos de controle de vigilância 
da qualidade de consumo humano e seu padrão de potabilidade” (BRASIL, 
2011). 
Além disso, temos a Resolução n° 357, do Conama (BRASIL, 2005), que 
estabelece “a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o 
seu enquadramento, bem como as condições e os padrões de lançamento de 
efluentes, e dá outras providências”, e é muito importante para entendermos 
as classificações dos corpos hídricos em relação a classes e usos, como vimos 
anteriormente. 
Todas essas normas/resoluções do nosso país estão passando por 
mudanças, sendo revisadas para novas atualizações com o objetivo de 
englobar parâmetros que vêm surgindo ao longo do tempo. Fora do país, 
mais precisamente nos Estados Unidos, as normas são elaboradas por 
agências especializadas e, posteriormente, tornam-se vigentes no país. Os 
padrões de potabilidade dos Estados Unidos apresentam um rigor maior em 
relação aos limites dos parâmetros adotados no Brasil, fato que se torna um 
grande desafio em termo de tratamento de água para abastecimento. 
Já na União Europeia observamos uma norma diretiva a todos os países 
constituintes, devendo todos serem responsáveis pelo cumprimento desta 
dentro dos limites de seu lugar de origem. Nesse contexto, observa-se uma 
linha mais restritiva em relação à concentração máxima de alguns parâme-
tros nas águas para consumo humano (podemos comparar alguns parâme-
tros e seus limites máximos para cada país na Quadro 1.3). Para a União 
Europeia, há um cuidado especial para as águas de abastecimento, bem como 
para a inclusão de parâmetros considerados recentes na literatura, como os 
pesticidas, por exemplo, parâmetro este que não é mencionado na Portaria n° 
2.914 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).
47
Quadro 1.3 | Concentrações máximas para alguns parâmetros químicos de padrões de potabi-
lidade em diversos países
Parâmetros Brasil (mg/L)
Canadá 
(mg/L)
Singapura 
(mg/L)
Israel 
(mg/L)
Chile 
(mg/L)
U.E. 
(mg/L)
Arsênio 0,033 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Bário 1,00 1,00 0,7 0,001 - -
Fluoreto 1,40 1,50 0,70 - - 1,50
Benzeno 0,005 0,005 0,003 0,005 - 0,001
Cromo 0,05 0,05 - 0,05 0,05 0,05
Cianeto 0,022 0,2 0,07 - - 0,05
Mercúrio 0,002 0,001 0,006 0,001 0,001 0,001
Fonte: adaptada de Quirino (2017, p. 1150).
Reflita
No Brasil,temos algumas legislações que vigiam a potabilidade e os 
padrões de potabilidade das águas, por exemplo, as federais, estaduais 
e municipais. Muitas vezes, os valores permitidos pelos parâmetros de 
qualidade da água divergem. Nesse caso, qual padrão deve prevalecer? 
Para tanto, você pode começar sua pesquisa com a PRC n° 5, de 28 de 
setembro de 2017, Anexo XX (BRASIL, 2017).
Poluição das águas: causas e consequências
Caro aluno, até o momento você foi apresentado a conceitos importantes, 
por exemplo, a poluição do meio aquático e os parâmetros necessários para 
avaliarmos o “grau” da qualidade de uma água. É imprescindível também 
que vejamos o que a presença de um poluente (ou um conjunto de poluentes) 
pode causar em termos de poluição de um meio aquático. A seguir, trata-
remos, em especial, da poluição das águas doces que têm como destino o 
consumo humano, tendo em vista que a poluição das águas salgadas requer 
um estudo mais aprofundado.
Cada poluente trará uma consequência diferente ao meio aquático e, 
assim, teremos poluições por ações distintas. Sabemos que o meio aquático 
apresenta um equilíbrio que será alterado pela introdução dessa substância. 
Dessa forma, saber identificar os poluentes é uma estratégia na escolha dos 
diversos tipos de tratamento de água e esgoto disponíveis. Nesse cenário, 
48
conheça os principais poluentes e as principais consequências de sua presença 
no meio aquático: 
• Matéria orgânica (MO): quando há o excesso de MO no meio 
aquático, a principal consequência será o consumo de oxigênio 
dissolvido juntamente com a degradação desta MO. Além da morte 
dos organismos que necessitam deste oxigênio, como os peixes, a 
degradação da MO libera no ecossistema nutrientes (MM) que atuam 
como uma fonte poluidora. 
• Nutrientes (eutrofização): a liberação de nutrientes nos corpos 
hídricos é um problema grave de poluição do meio. Os nutrientes 
(fósforo e nitrogênio) são consumidos por alguns vegetais aquáticos 
e algas, sendo a base da cadeia alimentar. O problema é que a oferta 
de nutrientes e luz solar tem como consequência o supercrescimento 
dessas algas e desses vegetais. Esse processo é denominado de eutro-
fização e traz a diminuição da passagem de luz solar por excesso de 
algas e, consequentemente, do oxigênio dissolvido, além da mortali-
dade dos organismos.
Assimile
A maré vermelha é uma contaminação, ou poluição, que ocorre pelo 
desequilíbrio da população de algas do tipo pirrófitas, resultados de 
uma proliferação exacerbada desta. Quanto à sua coloração, esta varia 
em tons de vermelhos a marrons.
• Assoreamento: o processo de poluição por assoreamento ocorre pelo 
acréscimo de substâncias minerais inertes ao meio aquático. Estas são 
geralmente lodos, areias ou argilas e, como consequência, diminuem 
a profundidade dos corpos hídricos, afetando o ecossistema.
• Metais: a presença de alguns metais (principalmente os pesados) 
nas águas podem trazer consequências à saúde humana, seja pelo 
consumo direto dessa água, ou pelo consumo indireto pelos processos 
de bioacumulação e biomagnificação, caracterizando um processo de 
poluição.
• Acidificação: o abaixamento do pH, por qualquer motivo, influenciará 
diretamente os ecossistemas devido à sensibilidade dos organismos a 
este parâmetro. Diversos animais aquáticos não sobrevivem a variação 
do pH, caracterizando a poluição. Por esse motivo, o parâmetro é 
monitorado pelos órgãos de fiscalização.
49
Em geral, o principal poluente das águas, incluindo também as salgadas 
e salobras, é o despejo de esgotos em corpos hídricos. Em saneamento, 
denominamos os esgotos provenientes das residências de um centro urbano 
efluentes domésticos, mais comumente conhecidos como esgotos sanitá-
rios. Os efluentes domésticos são compostos basicamente de dejetos prove-
nientes das necessidades fisiológicas e dos hábitos de higiene humana e 
constituídos como: matéria orgânica, nitrogênio e fósforo (que chamamos de 
nutrientes em saneamento) e microrganismos (patogênicos ou não).
As indústrias são também grandes emissores de poluidores nos corpos 
hídricos. Os esgotos provenientes destas são denominados de efluentes 
industriais ou esgotos industriais. Eles são produzidos a partir dos 
processos industriais e são particulares de cada indústria. Por esse motivo, 
todos os efluentes produzidos serão diferentes entre si. Usualmente, as indús-
trias de mesmo seguimento apresentarão efluentes parecidos e receberão 
tratamentos de efluentes semelhantes. Por exemplo, as indústrias de laticí-
nios têm como característica dos seus efluentes líquidos a presença de leite e 
seus compostos, por isso, terão altos índices de matéria orgânica (altos DBO 
e DQO), óleos, graxas e detergentes (indicados pela presença de fósforo 
no efluente), utilizados nas etapas de higienização da indústria (BRAILE; 
CAVALCANTI, 2011). 
Para a classificação final do efluente industrial, é recomendado que 
façamos uma análise completa, com diversos parâmetros diferentes, desse 
efluente. Assim, descobriremos a sua constituição, sendo escolhido, a partir 
dessa análise, o tratamento adequado a esse esgoto. Em âmbito nacional, a 
resolução do Conama n° 430, de maio de 2011, dá as diretrizes em relação 
aos lançamentos de efluentes em geral. O Art. 3° menciona que: “os efluentes 
de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos 
corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condi-
ções, aos padrões e às exigências” (BRASIL, 2011, p.1).
Exemplificando
Caro aluno, como engenheiros, será comum a avaliação de águas para 
classificação. Geralmente, teremos como função caracterizar se certo 
corpo hídrico estará apto, ou não, ao consumo humano. Por esse 
motivo, muito cuidado ao realizar essa tarefa: verifique atenciosamente 
se todos os parâmetros de qualidade da água estão sendo atendidos.
A poluição das águas tem consequências diretas aos ecossistemas que 
ali habitam e para a saúde da população. Por exemplo, concentrações baixas 
de oxigênio dissolvido (independentemente da causa) causam altas taxas de 
50
mortalidade dos peixes e de outros animais. Já o consumo da água que tenha 
a presença do grupo coliforme pode transmitir doenças à população, por 
exemplo, cólera, febre tifoide e disenteria bacteriana. A presença de algas 
provenientes do processo de eutrofização e altas concentrações de metais 
pesados na água é tóxica aos seres humanos e, em alguns casos, pode causar 
óbitos às pessoas que a consumir. Por isso, cabe aos órgãos responsáveis e 
a nós engenheiros ficarmos atentos ao monitoramento dos parâmetros de 
qualidade da água que consumimos.
Sem medo de errar
Caro aluno, qualquer avaliação de um determinado corpo hídrico 
começará pela análise dos parâmetros de qualidade da água. Sendo assim, a 
questão nos informa que a concessionária de Assú divulgou essas análises em 
resposta ao boicote daquela água, sendo constatado que ela não apresentava 
que nenhum dos limites dos padrões de potabilidade foi ultrapassado. Em 
síntese, isso significa que a água da concessionaria está apta ao consumo. 
Assim, a sua cartilha deve conter as seguintes informações: 
De acordo com a Resolução n° 357 do Conama (BRASIL, 2005), o corpo 
hídrico de Assú, distribuído pela concessionária na própria cidade, apresenta 
condição de qualidade, que assegura por lei que a qualidade da água de uma 
determinada amostra está apta ao uso conforme a classe preestabelecida 
desta amostra. 
Sendo assim, asseguramos, com base na lei, que a água fornecida pela 
concessionária não apresenta riscos à saúde da população e que seu uso em 
condições normais está liberado. Para que não haja dúvidas por parte do 
consumidor, basta observar o relatório que contém os parâmetros de quali-
dade da água divulgados: todos os limites de concentração dos parâmetros 
estão sendo atendidos. Os dejetos produzidos pela indústria em questão 
apresentam níveis aceitáveis de metais ferrosos e não ferrosos, ou seja: mais 
ummotivo pelo qual a água fornecida não apresenta riscos. 
Em relação ao surto da doença infecciosa que acometeu Assú e com 
base no conteúdo da Seção 1.3, o principal parâmetro de qualidade da água 
que verifica a presença de agentes infecciosos em uma amostra é a presença 
de coliformes. As bactérias do grupo coliformes são um parâmetro muito 
importante para identificar os agentes infecciosos, tendo em vista que elas 
vivem no trato intestinal de animais de sangue quente, fato este que configura 
uma infecção recente daquela água. Essas bactérias podem ser responsáveis 
pela contaminação e transmissão de doenças. Quando dizemos que uma 
51
amostra contém esse grupo de bactérias, isso significa que ela não está apta 
ao consumo humano. 
A água da concessionária de Assú está apropriada para o consumo 
humano, no que diz respeito à ausência de coliformes totais (em 95% das 
amostras em 100 mL). Assim, esse parâmetro assegura também que não 
haverá transmissão da doença por hora e que a água está segura em relação à 
transmissão dessa enfermidade em especial.
Avançando na prática
Avaliação da água de poço para consumo 
humano de uma família
Você trabalha em uma empresa, localizada no interior do Paraná, que 
realiza perfurações de poços freáticos, e recebeu um relatório com as análises 
de uma água de poço que será utilizada para de uma família de cinco pessoas 
de baixa renda. Como engenheiro, você deverá atestar se essa água está apta, 
ou não, ao consumo humano, levando em consideração o quadro a seguir 
(Quadro 1.4). Justifique sua resposta com base na Legislação n° 357 do 
Conama (BRASIL, 2005).
Quadro 1.4 | Parâmetros de qualidade analisados na amostra
Parâmetro analisado Resultado da análise
pH 5,9
Turbidez 15 UNT
Nitrato 4,5 mg/L
Coliformes totais Ausente em 100% das amostras
Fonte: elaborado pela autora.
Resolução da situação-problema
Se observarmos os valores permitidos, somente o parâmetro pH está 
fora das especificações da resolução do Conama n° 357 (BRASIL, 2005), 
para águas doces de classe 1. Dessa forma, nesse caso devemos fazer uma 
análise qualitativa e quantitativa dos dados apurados de todos os parâmetros 
analisados. Como o resultado do pH analisado está muito próximo do que 
é permitido, é seguro afirmar que a água analisada está apta ao consumo 
humano. Assim, é necessário monitorar este parâmetro (pensando na 
52
possibilidade de ter apenas uma amostra fora dos padrões da resolução em 
questão) ou recomendar à família que utilizará essa água uma correção do 
pH quando esta for utilizada.
Faça a valer a pena
1. Leia o trecho a seguir:
Estado de São Paulo e no Sul de Minas, a situação é 
semelhante, pois não existem mais córregos e rios onde a 
ação do homem ainda não tenha penetrado. A bióloga [Flávia 
Bottino] fala que, mesmo com águas cristalinas e aparente-
mente limpas, há um enriquecimento de nutrientes como o 
nitrogênio e o fósforo, devido à entrada do esgoto doméstico 
e da lixiviação das áreas de bacia de drenagem ocupadas por 
áreas de agricultura. (LOURENÇO, 2019, [s.p.])
Diversos parâmetros da qualidade da água são utilizados para avaliarmos qualita-
tivamente uma amostra. Em conjunto, eles atestam a aptidão de um curso d’água, a 
sua classificação e os usos permitidos. Um desses parâmetros é utilizado como uma 
avaliação do estágio da autodepuração desse meio, sendo importantíssimo para a vida 
aquática. Além disso, seus níveis baixos implicam na morte de peixes e de outros 
animais, já que esse parâmetro é essencial para processos respiratórios. Por fim, vale 
acrescentar que corpos hídricos que apresentam baixas concentrações são conside-
rados poluídos.
Assinale a alternativa correta que equivale ao parâmetro descrito anteriormente.
a. Coliformes termotolerantes. 
b. pH e temperatura.
c. Oxigênio dissolvido.
d. Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO).
e. Turbidez.
2. Leia o trecho a seguir:
Apesar da abundância de recursos hídricos, cresce a preocu-
pação no município, assim como em todo o país, com a 
53
preservação das fontes e uso racional da água, visando 
assegurar o abastecimento da cidade a médio e longo prazo. 
Neste sentido, foram criadas leis e normas para resguardá-los 
e estão sendo desenvolvidas várias ações para garantir o uso 
sustentável. (G1, 2017, [s.p.])
Há uma preocupação crescente com a poluição dos corpos hídricos mundial. A 
poluição do meio aquático pode ter diversas causas. De acordo com as informações 
apresentadas no quadro a seguir, faça a associação dos conceitos apresentados na 
Coluna A, que representa as causas de uma poluição aquática, com suas respectivas 
consequências na Coluna B.
Coluna A Coluna B
1. Matéria 
Orgânica
I. Esse processo de poluição ocorre pelo acréscimo de substâncias 
minerais inertes ao meio aquático. Geralmente, estas são lodos, 
areias ou argilas. Como consequência, diminuirão a profundidade 
dos corpos hídricos, afetando o ecossistema.
2. Eutrofização
II. A principal consequência deste poluente é o consumo do oxi-
gênio dissolvido. Além da morte dos organismos que necessitam 
deste oxigênio, como os peixes, a degradação da MO libera no ecos-
sistema nutrientes (MM) que atuam como uma fonte poluidora.
3. Assoreamento
III. Esses poluentes serão consumidos por alguns vegetais aquáticos 
e algas, sendo a base da cadeia alimentar. O problema é que a oferta 
destes, em conjunto com a luz solar, tem como consequência o 
supercrescimento dessas algas e vegetais.
4. Metais
IV. A presença desses poluentes nas águas pode trazer consequên-
cias à saúde humana, seja pelo consumo direto dessa água, ou pelo 
consumo indireto pelos processos de bioacumulação e biomagnifi-
cação, caracterizando um processo de poluição.
Fonte: elaborado pela autora.
Assinale a alternativa que contém a associação correta.
a. 1 – III; 2 – II; 3 – IV; 4 – I.
b. 1 – II; 2 – I; 3 – IV; 4 – III.
c. 1 – I; 2 – III; 3 – II; 4 – IV;
d. 1 – III; 2 – II; 3 – IV; 4 – I;
e. 1 – II; 2 – III; 3 – I; 4 – IV. 
54
3. A emissão de esgotos sem tratamento é o grande poluidor do meio aquático. 
Nesse sentido, é essencial que saibamos identificar as principais causas e entender 
como elas funcionam, a fim de que seu tratamento seja adequado.
Considerando o contexto, analise o excerto a seguir, completando suas lacunas.
Em geral, o principal poluente das águas, incluindo também as salgadas e salobras, é 
o despejo de esgotos em corpos hídricos. Em saneamento, denominamos os esgotos 
provenientes das residências de um centro urbano ____________. Esses efluentes 
são compostos basicamente de dejetos provenientes das necessidades fisiológicas e 
dos hábitos de higiene humana e constituídos como: _____________, nitrogênio e 
fósforo (que chamamos de ____________ em saneamento) e microrganismos (patogê-
nicos ou não). As indústrias são outros grandes emissores de poluidores nos corpos 
hídricos e os esgotos provenientes destas são denominados de _____________. Eles 
são produzidos a partir dos processos industriais e são particulares de cada indústria. 
Por esse motivo, todos os efluentes serão diferentes entre si.
Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente.
a. efluentes domésticos / matéria orgânica / nutrientes / efluentes industriais.
b. efluentes em geral / nutrientes / matéria orgânica / efluentes específicos.
c. efluentes domésticos / matéria inorgânica / matéria orgânica / efluentes 
industriais.
d. efluentes específicos / matéria inorgânica / nutrientes / efluentes específicos.
e. esgotos sanitários domésticos / matéria orgânica / matéria inorgânica / 
efluentes específicos.
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SANEAMENTO. In: DICIONÁRIO online do Aurélio. [s.l.], 2018. Disponível em: https://dicioo-
nariodoaurelio.com/saneamento. Acesso em: 2 jul. 2019.
SARDINHA, D. S. et al. Avaliação da qualidade da água e autodepuração do ribeirão do meio, 
Leme (SP). Eng. Sanit. Ambient., v. 13, n. 3, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: https://biblio -
teca-virtual.com/detalhes/eds/edsbas/edsbas.871AE6E9. Acesso em: 3 jul. 2019.
SILVA, J. A. da. Direito ambiental constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 2.
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segurança. 1. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2001. 
U.S. EPA – United States Environmental Protection Agency. Microbiological Methods for 
Monitoring the Environment: Water and Wastes. Cincinnati, Ohio: Environmental Monitoring 
and Support Laboratory, [s.d.].
UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2015/1787 da Comissão, de 6 de outubro de 2015. Que altera os 
anexos II e III da Diretiva 98/83/CE do Conselho. 2015.
UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 98/83/CE do Conselho, de 3 de novembro de 1998. Relativa à 
Qualidade da água destinada ao consumo humano. 1998.
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http://pnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx
http://eventos.ecogestaobrasil.net/congestas2017/trabalhos/pdf/congestas2017-et-07-001.pdf
https://www.valor.com.br/empresas/5592281/indicadores-de-saneamento-ficam-estagnados-aponta-ranking
https://www.valor.com.br/empresas/5592281/indicadores-de-saneamento-ficam-estagnados-aponta-ranking
https://dicionariodoaurelio.com/saneamento
https://dicionariodoaurelio.com/saneamento
https://biblioteca-virtual.com/detalhes/eds/edsbas/edsbas.871AE6E9
https://biblioteca-virtual.com/detalhes/eds/edsbas/edsbas.871AE6E9
Unidade 2
Fernanda Cunha Maia
Águas para abastecimento
Convite ao estudo
Prezado aluno, no nosso dia a dia, quando abrimos a torneira da nossa 
casa, nem imaginamos o caminho que a água percorreu. Até chegar a nossa 
residência, a água potável passou por diversos processos e etapas: captação 
no manancial de abastecimento, melhoramento de sua qualidade nas estações 
de tratamento, chegando, por fim, à distribuição propriamente dita. 
Enquanto engenheiros, devemos entender como o sistema de abaste-
cimento de água de área urbana funciona. Nesta unidade, você aprenderá 
como funciona esse sistema, desde a captação até o consumidor final – que 
são as pessoas em suas casas. Você verá quais são os tipos de mananciais, 
os modos de captação e de proteção contra poluição. Saberá também como 
funcionam as redes de distribuição de água para abastecimento e seu dimen-
sionamento com ênfase na otimização desse sistema.
Vamos retomar o caso da empresa de consultoria de saneamento e meio 
ambiente em que você trabalha como engenheiro e que está ajudando a cidade 
de Assu a solucionar todos os seus problemas em relação ao abastecimento de 
água. Você já descobriu, na primeira unidade, que a cidade vem passando por 
um surto de leptospirose e agora você terá que solucionar mais uma grande 
questão ambiental: a cidade enfrenta grandes problemas relacionados à água 
de abastecimento. 
Apesar de um recente período chuvoso, há alguns anos a cidade vem 
passando por uma seca incomum. A barragem que abastece a cidade (Figura 
2.1) está com níveis muito baixos, apesar de algumas chuvas recentes. Além 
disso, foi detectado que a rede de abastecimento está com perdas de água que 
chegam a 50% em alguns pontos. Diante disso, você e sua chefe começaram 
a pensar em algumas soluções para esses problemas. É importante ressaltar 
que há outro manancial disponível para o abastecimento da cidade – as águas 
subterrâneas em poços profundos. 
Figura 2.1 | (A) Barragem Armando Ribeiro Gonçalves-RN (B) Mapa: Açude Armando Ribeiro 
Gonçalves – ANA
Fonte: (A) https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/Barragem_Armando_Ribeiro_Gon%C3%Ar-
7alves%2C_04-2017%2C_Assu-Itaj%C3%A1_%28RN%29.jpg. Acesso em: 22 jul. 2019. (B) http://www3.ana.gov.
br/portal/ANA/sala-de-situacao/acudes-do-semiarido/acude-armando-ribeiro. Acesso em: 22 jul. 2019.
Na Unidade 2, você aprenderá alguns conceitos relacionados aos 
mananciais que podemos usar para o abastecimento de água, seja para uma 
residência ou uma cidade. Caberá a você, engenheiro, escolher o melhor, 
com base em tudo o que vai aprender no decorrer desta unidade. 
Bons estudos!
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/Barragem_Armando_Ribeiro_Gon%C3%A7alves%2C_04-2017%2C_Assu-Itaj%C3%A1_%28RN%29.jpghttps://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/Barragem_Armando_Ribeiro_Gon%C3%A7alves%2C_04-2017%2C_Assu-Itaj%C3%A1_%28RN%29.jpg
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/sala-de-situacao/acudes-do-semiarido/acude-armando-ribeiro
http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/sala-de-situacao/acudes-do-semiarido/acude-armando-ribeiro
61
Seção 1
Os mananciais
Diálogo aberto
Para saber qual a melhor escolha dentre os diversos mananciais que 
poderão abastecer uma cidade, é imprescindível coletar diversas informa-
ções sobre eles, como: qual é a qualidade e a quantidade de água disponível? 
Atentos a uma iminente crise no abastecimento de água da cidade de 
Assu, você e sua chefe tiveram acesso a informações sobre a falta de água que 
acomete a cidade e sobre alguns mananciais que podem ser utilizados em 
caso de emergência. Diante disso, foi analisada a qualidade da água de dois 
mananciais da cidade. Vocês, então, consultaram o mais recente relatório 
com os resultados das análises da qualidade da água que é distribuída pela 
concessionária da cidade. Esses estudos contemplaram, também, a água 
subterrânea, que pode funcionar como um manancial substituto caso a seca 
do açude fique mais grave (Quadro 2.1). 
Quadro 2.1 | Resultado das análises feitas nos mananciais de Assu-RN
Parâmetro Analisado Água 1: Armando Ribeiro Gonçalves Água 2: Poços profundos
Cloro Residual Livre (mg/L) 7,0 0,9
Turbidez (uT) 2,5 1,6
Cor Aparente (uH) 12 10
Coliformes Totais (ausência em 
95% das amostras) Sim Sim
pH 6,9 5,4
Ferro (mg/L) 1,5 0.2
Fonte: elaborado pela autora. 
Com base na legislação vigente no país em relação aos parâmetros de 
qualidade da água divulgados no Quadro 2.1, analise e justifique a melhor 
opção para o consumo da população com base apenas nessas informações. 
Além disso, quais medidas devem ser adotadas, visando à proteção dos 
mananciais e à manutenção dos padrões de qualidade da água?
Nesta seção, vamos aprender os pontos essenciais sobre os diversos 
mananciais que são utilizados comumente para abastecimento – seja para 
62
uma ou várias famílias. A partir disso, você precisa decidir sobre a seguinte 
questão: qual manancial deve ser escolhido para abastecer uma residência? 
Após o estudo desta unidade, você será capaz de tomar essa decisão. 
Bons estudos!
Não pode faltar
Os mananciais: ciclo hidrológico
Todos os seres humanos necessitam de água para sobreviver, e, por conta 
disso, todas as civilizações antigas se estruturaram próximas a locais com 
disponibilidade hídrica abundante. Com o avanço da tecnologia, populações 
que vivem em locais em que a água não é tão acessível podem contar com a 
disponibilidade desse recurso por meio de perfuração de poços cada vez mais 
profundos, de plantações com sistemas de irrigação que utilizam pouca água 
ou, ainda, por meio da crescente utilização de água da chuva, por exemplo.
Reflita
Sabemos que a quantidade de água do planeta é finita, ou seja, temos 
uma quantidade constante dentro de um ciclo, o ciclo hidrológico. Se a 
quantidade de água no planeta não varia, por que é comum ouvirmos 
que está cada vez mais escassa?
Como você pode ter observado, há atualmente uma crescente preocu-
pação com a água disponível no planeta, o que resulta em um maior cuidado 
com a qualidade dela. Os desafios para manter os padrões de potabilidade são 
muitos. Estima-se que no Brasil haja 12% da água doce superficial disponível 
no planeta (ANA, 2009). Desse modo, o país torna-se um dos que possuem 
proporcionalmente a maior concentração de águas superficiais doces do 
planeta. Por conta disso, temos a imensa responsabilidade de monitorar e 
manter a qualidade das águas dos cursos hídricos. As águas superficiais brasi-
leiras possuem diversas finalidades e são divididas em 12 regiões hidrográ-
ficas, que servem para facilitar o monitoramento em âmbito nacional (Figura 
2.2). É importante ressaltar que fica a cargo da Agência Nacional de Águas 
(ANA) o monitoramento das condições dessas regiões, tanto em relação às 
suas vazões quanto aos parâmetros de qualidade da água.
Assimile
Em saneamento, chamamos de manancial as fontes de água usualmente 
encontradas na natureza e que podem ser utilizadas para o abasteci-
63
mento urbano (consumo humano) e outras atividades (industriais, 
econômicas e públicas).
Durante o ciclo hidrológico, as águas provenientes das chuvas podem se 
infiltrar e ficar armazenadas no subsolo (nesse caso, são chamadas de águas 
subterrâneas). Podem escoar, ainda, pelos corpos hídricos de forma super-
ficial (são as chamadas águas superficiais). Uma parte dessas águas também 
pode evaporar durante os processos do ciclo. Essas águas se tornam os 
mananciais disponíveis para o consumo humano.
Figura 2.2 | Regiões hidrográficas do Brasil
Fonte: Wikipédia.
Tipos de mananciais: águas superficiais, subterrâneas 
e meteóricas
O manancial abastecedor é aquele utilizado por uma comunidade, 
que possui classificação como água potável e com vazão suficiente para o 
64
abastecimento. É cada vez mais comum utilizar como abastecedor mais de 
um manancial combinado. Essa medida é uma forma de manter o abasteci-
mento de água em períodos de escassez. 
Ao escolher uma fonte de água doce superficial ou subterrânea 
para se tornar o manancial abastecedor, é necessário observar algumas 
características da água e da comunidade que será atendida por ele. 
Além da qualidade da água disponível e da quantidade a ser utili-
zada, deve-se prever o consumo atual e futuro dessa população. Diante 
disso, é necessário considerar o crescimento populacional durante os 
anos para que seja possível atender a esse consumo futuramente. Essa 
medida é chamada de Período de Projeto , em que todos os sistemas 
de abastecimento, seja de água ou de coleta de esgoto, são projetados 
levando em consideração o crescimento da população (normalmente 
em um período de 20 a 50 anos). O Período de Projeto é essencial para 
o aproveitamento do sistema no futuro, evitando que necessite passar 
por melhoramentos em um tempo relativamente curto em relação ao 
período de vida do projeto.
Encontramos três tipos de mananciais disponíveis na natureza que 
servem para o abastecimento de água da população: os de águas superficiais, 
os de águas subterrâneas e os de águas meteóricas. 
• Mananciais superficiais: são aqueles cujas águas são encontradas 
na superfície da Terra; são os lagos (naturais ou artificiais), os cursos 
d’água, os rios e as águas do mar (dessalinizadas) (Figura 2.3). 
• Mananciais subterrâneos: originadas a partir de galerias de infiltra-
ções e nascentes, as águas subterrâneas podem ser captadas por meio 
de poços rasos ou profundos. 
• Mananciais meteóricos: ou de águas meteóricas, são aqueles prove-
nientes das águas de chuva, neve e granizo, armazenadas por meio de 
um sistema utilizando cisternas, calhas e a área superficial dos telhados. 
Mananciais superficiais
Quando pensamos em captação de água para o consumo humano, geral-
mente os mananciais superficiais são os primeiros que nos vêm à mente na 
forma de rios e lagos (Figura 2.3). Além disso, eles são os escolhidos para o 
abastecimento de centros urbanos.
65
Figura 2.3 | Manancial superficial − Rio Amazonas
Fonte: iStock. 
Atualmente, temos tecnologia disponível para a utilização de manan-
ciais superficiais de água salobra ou salgada para abastecimento, porém essa 
escolha é deixada como última opção. A sofisticação do processo de dessa-
linização o torna menos competitivo economicamente, e, por esse motivo, 
essas águas são utilizadas para o consumo humano apenas em último caso. 
Diante dessas informações, você deve estar se perguntando: quais outras 
características devemos levar em conta para a escolha de um manancial 
superficial? 
Além da quantidade e da qualidade da água, devemos levar em consi-
deração o gasto realizado para a implantação (e manutenção) do sistema de 
distribuição, a localização do manancial e a estabilidade do funcionamento. 
Devemos garantir que o sistemanão possua interrupções durante todo o 
processo, evitando problemas como uma má escolha do ponto de captação; 
obstruções em encanamentos; ou dificuldades relacionadas à estiagem. Nesse 
sentido, em relação à estabilidade do funcionamento e à disponibilidade 
hídrica, há três situações recorrentes (observe o Quadro 2.2):
66
Quadro 2.2 | Situações comuns em relação à disponibilidade hídrica
Fluxo contínuo Fluxo periódico Fluxo insuficiente
• Situação real.
• Vazão sempre 
suficiente para o 
abastecimento.
• Captação em rios 
perenes direto da 
correnteza.
• Fluxo baixo em 
épocas de seca.
• Fluxo suficiente em 
tempos de cheia.
• Adoção de um ar-
mazenamento para 
compensar a época 
de estiagem.
• Fluxo insuficiente 
em qualquer época 
do ano.
• Abastecimento de 
parte da população, 
com utilização de 
outro manancial 
para complementar 
o abastecimento.
Fonte: elaborado pela autora.
Reflita
Prezado aluno, qual é o melhor ponto de captação de água de manancial 
superficial em relação à profundidade do corpo hídrico? Reflita sobre 
como é escolhido esse ponto, levando em consideração as caracterís-
ticas físicas e químicas da água.
Como visto, para que possamos garantir o funcionamento ininterrupto 
no abastecimento, devemos ser cuidadosos em alguns pontos do projeto. 
Além das características já abordadas, há mais algumas questões impor-
tantes. Por exemplo: como deve ser feita a escolha do ponto de sucção no 
curso d’água? O ponto de sucção ou de captação da água é o ponto do curso 
hídrico de onde será retirada a água para o abastecimento. Ele deve estar 
sempre submerso, protegido por grades (para que não haja a entrada de 
peixes e plantas aquáticas), em uma velocidade da correnteza média prede-
terminada na fase de projeto e em local de fácil acesso aos operadores.
Pesquise mais
Caro aluno, para complementar seus estudos em relação ao sistema de 
captação de águas superficiais, faça seu login na nossa biblioteca virtual 
e procure o livro:
SHAMMAS, N. K.; LAWRENCE, K. W. Abastecimento de água e remoção 
de resíduos. Tradução Luiz Claudio de Queiroz Faria. 3. ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2018. p. 40-41; 47-50.
67
Mananciais subterrâneos 
Os mananciais subterrâneos (Figura 2.4) são utilizados como fontes de 
água desde os primórdios das civilizações. Atualmente, as águas subterrâ-
neas são cada vez mais utilizadas, seja como manancial abastecedor ou como 
manancial de emergência para períodos de escassez. As vantagens de um 
sistema que utiliza os mananciais subterrâneos estão na facilidade de acesso 
a essa água, pois, quando disponível, não necessita de grandes distâncias para 
chegar até o consumidor, tornando-se, assim, a opção mais econômica. Além 
disso, geralmente apresentam parâmetros de qualidade da água melhores que 
os das águas superficiais, tendo em vista que o solo pode servir como um 
verdadeiro filtro, fazendo que a água chegue mais limpa ao consumidor.
Figura 2.4 | Exemplo de poço raso
Fonte: iStock.
De modo geral, as águas subterrâneas são encontradas em reservatórios 
subterrâneos denominados lençóis, sendo extraídas de sistemas como os poços 
rasos ou profundos. Há situações em que o subsolo apresenta uma camada 
impermeável que tem como característica um solo rochoso mais rígido capaz 
de reter a água. As águas subterrâneas localizadas acima da camada imperme-
ável do solo estão localizadas nos denominados lençóis freáticos. 
Os poços rasos ou freáticos são aqueles que captam as águas de lençóis 
freáticos. Eles estão sujeitos à mesma pressão atmosférica que os solos 
68
daquela cota e seu nível é preestabelecido de acordo com o regime de chuvas 
do local, por exemplo: em períodos de seca mais estendida, seu nível pode ser 
encontrado em uma cota mais abaixo do que o comum. Esse tipo de lençol 
é mais suscetível a poluições oriundas de atividades próximas, pois, além de 
estar mais próximo às fontes poluidoras, não possui uma barreia física que 
impeça o contato do poluente com o manancial.
Os poços profundos ou artesianos captam a água subterrânea prove-
niente de lençóis artesianos, armazenada em aquíferos. Estão localizados no 
interior de duas camadas impermeáveis do solo e apresentam profundidades 
bem maiores que as dos poços freáticos. Eles são perfurados com a ajuda de 
perfuratrizes e estão submetidos a uma pressão maior que a pressão atmosfé-
rica – por esse motivo, geralmente, a água jorra do solo naturalmente.
Se por ventura a água do poço artesiano não jorrar de forma natural, 
então é necessário utilizar uma bomba para extrair a água (e o poço será 
denominado semiartesiano). Em geral, a água contida nos poços artesianos 
possui qualidade preservada por se localizar entre rochas. Entretanto, a 
própria constituição química da rocha pode contaminar a água armazenada 
no lençol por meio de reações químicas naturais.
Pesquise mais
Para aprender mais detalhes em relação aos poços e suas formas 
construtivas, faça seu login na Biblioteca Virtual e acesse o livro:
SHAMMAS, N. K.; LAWRENCE, K. W. Abastecimento de água e remoção 
de resíduos. Tradução Luiz Claudio de Queiroz Faria. 3. ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2018. p. 74-87.
Mananciais meteóricos
Geralmente esquecemos do potencial de abastecimento dos mananciais 
meteóricos, ou águas pluviais, mas as águas provenientes das chuvas podem 
(e devem) ser utilizadas como manancial de abastecimento (Figura 2.5). Esse 
cenário está mudando, principalmente em cidades em que há escassez de 
água, pois o consumo das águas pluviais está sendo cada vez mais estimu-
lado. Para tanto, o próprio congresso nacional incluiu no Artigo 2º da Lei n° 
9.443/1997 um trecho que promove e incentiva a captação, a preservação e o 
aproveitamento de águas pluviais.
69
Figura 2.5 | Manancial meteórico – água da chuva
Fonte: iStock.
A quantidade de água pluvial a ser captada depende de dois fatores: 
tamanho da área que vai coletá-la (dando-se preferência ao telhado) e regime 
de chuvas do local. Geralmente, essa água já possui boa qualidade, mas esse 
indicador melhora à medida que chove no mesmo dia, ou seja, os primeiros 
milímetros de chuva são os que fazem uma verdadeira “lavagem” da atmos-
fera e dos condutos de captação, o que faz com que sejam mais poluídos. 
Após certo tempo de chuva, a qualidade melhora consideravelmente. Diante 
disso, com um sistema de coleta, podemos descartar as primeiras águas, 
garantindo a qualidade desejada.
Pesquise mais
Faça seu login na nossa Biblioteca Virtual e complemente seus estudos 
em relação à captação de águas pluviais acessando o livro:
SHAMMAS, N. K.; LAWRENCE, K. W. Abastecimento de água e remoção 
de resíduos. Tradução Luiz Claudio de Queiroz Faria. 3. ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2018. p. 50-54.
70
Proteção dos mananciais
A expansão urbana influenciou negativamente a qualidade dos manan-
ciais de abastecimento próximos às cidades, o que trouxe como principal 
consequência a poluição dos mananciais de abastecimento. Em São Paulo, 
desde 1975 existem as Leis de Proteção aos Mananciais, que têm como 
objetivo a restrição da ocupação e do uso do solo próximo aos manan-
ciais. Antigamente, a utilização era liberada somente por meio de análise 
e aprovação prévia da Secretaria dos Negócios Metropolitanos. Nos dias 
atuais, no Brasil, é de competência estadual o cumprimento das medidas de 
proteção dos mananciais.
Essas medidas são necessárias para a proteção do entorno dos manan-
ciais superficiais, para que possamos manter a qualidade da água. Devemos 
evitar situações como o descarte de efluentes fora dos padrões de emissão, o 
acúmulo de resíduos sólidos nos entornos, a erosão do solo, além de constru-
ções em áreas próximas, principalmente a montante do ponto de captação 
para abastecimento (que são comumente feitas de forma ilegal). 
Com o mesmo objetivo, também devemos ter alguns cuidados em 
relação aos mananciais subterrâneos, principalmente para as águas subterrâ-
neas confinadas em lençóis freáticos. Configuradas como um dever estadual, 
asproteções de águas subterrâneas devem ter medidas de controle, o que 
envolve atividade agrícola com fertilizantes e agrotóxicos, implantação de 
lixões sem tratamento (armazenamento inadequado de resíduos sólidos) 
e descarte impróprio de efluentes em área de recarga do aquífero ou a 
montante de poços freáticos. Nesse sentido, os órgãos estaduais responsá-
veis devem agir para prevenir a poluição dos mananciais. Dessa forma, cada 
estado brasileiro tem suas premissas em relação ao assunto.
Exemplificando
Como engenheiro, você deve verificar se a área destinada a novas 
construções, como um loteamento, está localizada em uma área de 
proteção de mananciais. Antes da elaboração do projeto você deve 
entrar em contato com a prefeitura municipal, ou com o Distrito Federal, 
e comunicar a possibilidade de construção. Via de regra, ao longo de 
cursos d’água, é proibido construir numa faixa de até 15 metros de cada 
lado (a não ser que a legislação local tenha outras exigências).
Dimensionamento de cisternas (águas meteóricas)
É importante termos sempre em mente o grande potencial das águas 
meteóricas. A NBR 15.527 (ABNT, 2007) é responsável pelas diretrizes e 
71
pelos requisitos do aproveitamento de água de chuva de coberturas para fins 
não potáveis e indica seis métodos de dimensionamento de cisternas para 
aproveitamento de águas pluviais.
O sistema de coleta para aproveitamento de águas pluviais tem como 
componentes o telhado, as calhas e os condutores, a caixa de inspeção e o 
reservatório propriamente dito (chamado de cisterna). Um dos métodos 
indicados na NBR 15.527 (ABNT, 2007) é o método Azevedo Netto, conhe-
cido como Método Prático Brasileiro, que leva em consideração a precipi-
tação média anual (em mm), a área da coleta (área do telhado, em m²) e o 
número de meses com pouca ou nenhuma chuva. Assim, o volume do reser-
vatório V é dado por:
V=0,042×P×A×T
Em que:
V é o volume do reservatório em litros.
P é a precipitação média anual em mm . 
A é a área do telhado em 2m .
T é o número de meses de seca ou pouca chuva.
Outro método bastante utilizado no Brasil é o Método Rippl, que utiliza 
séries históricas mensais ou diárias da precipitação no local. Nesse método, o 
volume do reservatório S é dado por:
 S D Q= - 
Em que: 
S é o volume de água no reservatório durante um tempo t . 
D é a demanda de água durante um tempo t .
Q é o volume de chuva aproveitável durante um tempo t . 
O volume de chuva aproveitável no tempo t é calculado por meio 
da equação:
Q=C×precip.×área
Em que:
C é o coeficiente de escoamento superficial. 
.precip é a precipitação da chuva durante um tempo t . 
área é a área de captação (telhado).
72
A equação, a seguir, finaliza o cálculo do volume do reservatório V , 
sendo esse valor o somatório dos volumes de água no reservatório no tempo 
t em litros:
V= Så , somente para valores de S>0 , sendo que D Qå å< .
Figura 2.6 | Cisterna moderna para coleta de água da chuva em residências
Fonte: iStock.
Na grande maioria dos centros urbanos, o manancial de abastecimento 
é o superficial. Em geral, o manancial meteórico fornece um alívio imediato 
em relação à dificuldade na obtenção de água de boa qualidade. Assim, essa 
tecnologia deve ser cada vez mais aproveitada, tanto nos centros urbanos 
quanto no meio rural.
Sem medo de errar
Caro aluno, vamos relembrar as situações pelas quais Assu-RN está 
passando em relação ao saneamento da cidade? Começamos a analisar 
uma das complicações que a cidade atravessa: uma seca prolongada está 
ameaçando o abastecimento fornecido pela concessionária que capta água 
do manancial localizado na Barragem Armando Ribeiro Gonçalves. Foi 
sugerido, então, que um manancial subterrâneo proveniente de um poço 
profundo seja utilizado como manancial de emergência. Para isso, foi anali-
sada uma amostra dos dois mananciais, conforme o Quadro 2.1. 
73
Analisando os parâmetros fornecidos, é possível concluir que a água 
do poço profundo pode ser utilizada como manancial de abastecimento da 
cidade de Assu. Podemos afirmar isso porque, em relação aos parâmetros de 
qualidade da água observados, todos os valores estão de acordo com a PRC 
n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX (BRASIL, 2017). Contudo, o que 
chama a atenção no quadro são os valores de cloro residual livre e ferro das 
amostras de água da concessionária, provenientes da Barragem Armando 
Ribeiro Gonçalves, que estão um pouco acima do permitido pela referida lei.
 Pela PRC n° 5, o cloro residual livre precisa ter um limite de 5,0 mg/L 
(na amostra foi encontrado 7,0 mg/L), já o ferro tem como valor máximo 
permitido 0,3 mg/L (na amostra foi encontrado 1,5 mg/L). Então, vale 
salientar que, nos dois casos, as substâncias podem gerar riscos à saúde da 
população devido às concentrações encontradas nas análises. Diante disso, 
se levarmos em consideração apenas os parâmetros de qualidade da água, o 
poço profundo é uma opção melhor em termos de manancial.
As águas provenientes de poços profundos geralmente possuem qualidade 
boa e poucas medidas de proteção do manancial. Para mantermos a qualidade 
desse manancial, é importante que haja fiscalização do uso do solo próximo à 
recarga do aquífero, além de ser necessário restringir o uso dessas áreas, tendo 
em vista que a contaminação de poços profundos ocorre nesses espaços, e não 
necessariamente em regiões próximas ao aquífero em si, já que se encontram 
“protegidas” pelas camadas de solo impermeável. Nesse sentido, é dever dos 
órgãos públicos estaduais monitorar toda a área de recarga.
Avançando na prática
Dimensionamento de cisterna para 
aproveitamento de água da chuva
Você foi contratado para dimensionar a cisterna da casa de um cliente 
que reside na cidade de Campo Grande (MS). A casa possui área do telhado 
A = 80 2m e precipitação anual de 1449 mm , com três meses de pouca chuva, 
demanda mensal de 6 3m , coeficiente de escoamento de 0,8 e precipitação 
conforme o Quadro 2.3. Com base nessas informações, calcule o volume da 
cisterna que atenda a essa demanda. Utilize os métodos Rippl e Azevedo 
Netto no dimensionamento e escolha o mais econômico entre os dois (com 
base apenas na construção dos reservatórios).
74
Quadro 2.3 | Média de precipitação mensal de Campo Grande (MS)
Mês Precipitação (mm)
Janeiro 230
Fevereiro 150
Março 134
Abril 90
Maio 80
Junho 40
Julho 45
Agosto 30
Setembro 75
Outubro 150
Novembro 200
Dezembro 225
Fonte: elaborado pela autora.
Resolução da situação-problema
Conforme aprendemos nesta unidade, utilizando o Método Prático 
Brasileiro (Azevedo Netto) para calcularmos o volume da cisterna em 
questão, temos: 
V=0,042×P×A×T
Em que:
V é o volume do reservatório em litros.
P é a precipitação média anual em mm . 
A é a área do telhado em 2m .
T é o número de meses de seca ou pouca chuva.
Aplicando os valores fornecidos na questão, temos:
V=0,042×1449×80×3=14605,92 L = 14,6 m³
Para utilizar o método Rippl no dimensionamento e analisar a demanda 
e a oferta mês a mês, é recomendável elaborar uma tabela (Tabela 2.1). As 
colunas servirão como um passo a passo de cálculo, para que possamos 
chegar ao dimensionamento mais “facilmente”.
75
Tabela 2.1 | Dimensionamento utilizando o método Rippl, analisando mês a mês separadamente
Mês
Precipitação 
( )mm 
Demanda 
Mensal 
3( )m D- 
Área do 
Telhado 
2( )m
Volume 
mensal 
disponível 
3( )m Q- 
Diferença 
acumula-
da entre 
demanda e 
chuva
3( )m S- 
Diferença 
acumulada 
da coluna 6 
– somente 
dos valores 
positivos 
3( )m
Situação
Coluna 1 Coluna 2 Coluna 3 Coluna 4 Coluna 5 Coluna 6 Coluna 7 Colu-na 8
Janeiro 230 6 80 15,00 -9 0 E
Fevereiro 150 6 80 10,00 -4 0 E
Março 134 6 80 9,00 -3 0 E
Abril 90 6 80 6,00 0 0 E
Maio 80 6 80 5,00 1 1 D
Junho 40 6 80 3,00 3 4 D
Julho 45 6 80 3,00 3 7 D
Agosto 30 6 80 2,00 4 11 D
Setembro 75 6 80 5,00 1 12 D
Outubro 150 6 80 10,00 -4 8 S
Novem-
bro 200 6 80 13,00 -7 1 S
Dezem-
bro 225 6 80 14,00-8 0 E
TOTAL 1449 72 m³/ano 95 Volume da Cisterna: 12 m³
Fonte: elaborado pela autora.
Em que:
Coluna 1 = mês .
Coluna 2 = precipitação mensal ( mm ). 
Coluna 3 = semanda mensal de água da residência 3( )m D- .
Coluna 4 = área do telhado 2( )m .
Coluna 5 = (Coluna 2) x (Coluna 4) x (Coeficiente de escoamento) / (1000) Q- .
Coluna 6 = (Coluna 3) - (Coluna 5) - S . 
76
Coluna 7 = somatório acumulado, somente para valores maiores que 
zero, ou seja, (Coluna 7 mês anterior) + (Coluna 6 mês atual).
Coluna 8 = se (Coluna 7) for igual a zero, valor resultante E (reservatório 
extravasando). Se (Coluna 7 mês atual) for maior que (Coluna 7 mês 
anterior), valor resultante D (nível do reservatório descendo). Se (Coluna 7 
mês atual) for menor que (Coluna 7 mês anterior), valor resultante S (nível 
do reservatório subindo).
Volume da cisterna = maior volume encontrado na coluna 7.
Utilizando apenas a economia na construção dos reservatórios e partindo do 
pressuposto de que reservatórios menores são mais baratos, o mais econômico é o 
método Rippl de volume igual a 12 3m (contra 14,6 3m do método Azevedo Netto).
Faça valer a pena
1. Os mananciais são as reservas hídricas responsáveis pelo abastecimento 
de água da população. A partir dos mananciais, fazemos a captação e o trata-
mento das águas que seguem para o consumidor final. Na natureza podemos 
encontrar três tipos de mananciais, que, sozinhos ou combinados, são a fonte 
de abastecimento hídrico da população.
Assinale a alternativa que apresenta os três tipos de mananciais encontrados 
na natureza.
a. Meteórico, superficial e subterrâneo.
b. Superficial, ambiental e dos rios perenes.
c. Subterrâneo, aparente e intermediário.
d. Dos rios perenes, dos rios temporários e de bacias.
e. Superficial perene, meteórico e intermitentes.
2. Imagine que você seja o engenheiro responsável pelo dimensionamento 
de cisternas para residências populares do programa Minha Casa Minha 
Vida para a cidade de Limeira, localizada no interior do estado de São Paulo. 
Limeira possui precipitação anual média de 1280 mm e 4 meses de seca. As 
casas possuem as medidas do telhado de 9x9 m . 
Assinale a alternativa que contém o volume calculado da cisterna em 3m :
a. 14,71 3m .
b. 174,24 2m .
77
c. 17,41 3m .
d. 17499,2 3m .
e. 18,21 3m .
3.
O município e Estância Turística de Ribeirão Pires tem todo o 
seu território inserido em área de proteção aos mananciais 
e constitui importante formador do reservatório Billings, 
um dos principais mananciais para abastecimento público 
da Região Metropolitana de São Paulo. A estação medirá, 
a cada 5 minutos, os parâmetros pH, oxigênio dissolvido, 
condutividade elétrica, turbidez e temperatura da água. A 
estação também conta com pluviômetro para medição de 
chuva. (SÃO PAULO (Estado), 2019, [s.p.]).
As áreas no entorno dos mananciais são muito importantes para sua proteção. 
Diante disso, analise as afirmativas a seguir:
I. O crescimento das cidades e a ocupação de áreas de proteção 
não colocam em risco a qualidade dos mananciais subterrâneos, 
somente dos mananciais superficiais.
II. O tratamento terciário dos esgotos sanitários, a infraestrutura básica 
do saneamento e a remoção de cobertura vegetal são medidas que 
protegem os mananciais.
III. Uma importante medida de proteção dos mananciais é o controle, a 
retirada e o armazenamento correto do lixo nas margens dos mananciais.
IV. A qualidade da água dos mananciais subterrâneos geralmente é 
boa, mas também é necessário realizar a proteção desse manancial 
nas áreas de recarga.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I e II, apenas.
b. III e IV, apenas.
c. II, III e IV, apenas.
d. I e IV, apenas.
e. I, II e III, apenas. 
78
Seção 2
Sistemas urbanos de água para abastecimento
Diálogo aberto
Caro aluno, como estudante de engenharia você deve se perguntar por quais 
processos e etapas a água passa até chegar à sua casa e quais são os caminhos 
e processos necessários para que o abastecimento não cesse. Nesta disciplina, 
você já aprendeu quais são os mananciais disponíveis para o consumo humano 
e os fatores que influenciam a escolha para o abastecimento. Após a escolha do 
manancial, segue-se para as etapas de tratamento e distribuição.
Nesta seção, você aprenderá como funciona o sistema de abastecimento 
de água potável em uma comunidade – desde a captação até a reservação 
(após o tratamento em uma estação de tratamento de água). Esse estudo é 
fundamental para que, futuramente, você aprenda a realizar o dimensiona-
mento da rede de distribuição em si.
Como engenheiro em uma empresa de consultoria, você está ajudando a 
prefeitura de Assu a resolver diversas questões relacionadas ao saneamento 
da cidade, incluindo o abastecimento de água. Por causa de uma possível 
crise de abastecimento, você deverá resumir para os funcionários da prefei-
tura como funciona o sistema de abastecimento de água do município, além 
de determinar se a vazão de captação do principal manancial de abasteci-
mento de Assu, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, é suficiente para 
suprir as necessidades da população.
As características da população e do manancial são:
• Regime de extração contínua com a presença de reservatório.
• Consumo per capita: 150 .L hab dia´ .
• População de 50 mil habitantes.
• 1 1,2k = . 
• 2 1,5k = .
• Vazão disponível para captação no manancial: 85L s .
• Vazão disponível para captação no manancial subterrâneo: 70L s .
Os sistemas de abastecimento de água têm diversas etapas, e é de funda-
mental relevância que você as entenda e as aplique de forma correta em seu 
dia a dia como engenheiro. Então, vamos lá?
79
Não pode faltar
Partes constituintes dos sistemas de abastecimento de água
Você já sabe que os sistemas de abastecimento de água em centros urbanos são 
compostos de várias etapas sequenciais. Essas etapas são implantadas de acordo 
com: as características da água a ser coletada, a quantidade de água demandada, a 
topografia do local, entre outros fatores. Assim, desde a escolha do manancial até 
a chegada às residências dos consumidores, essa água passa por diversas fases em 
um sistema complexo. Contudo, para o abastecimento de água em cidades que 
não têm um sistema completo, ou para a população rural, esse caminho é muito 
mais curto. As residências rurais brasileiras geralmente obtêm água por meio da 
utilização de poços ou da captação de um manancial em um sistema mais simples, 
provavelmente utilizando apenas reservatórios que a própria residência já tem.
Já nos grandes centros urbanos, o sistema apresenta várias fases – você 
pode observar o esquema de um completo sistema de abastecimento de água 
potável na Figura 2.7.
Figura 2.7 | Partes constituintes de um sistema de abastecimento de água
Legenda:
1. Manancial de abastecimento (represa).
2. Captação e Bombeamento (adutoras de água bruta).
3 a 7. Estação de tratamento de água.
8. Reservatório.
9. Distribuição (adutoras e estações elevatórias 
de água tratada).
10. Redes de distribuição.
11. Cidade.
Fonte: http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doctos/Tratamento_Agua_Impressao.pdf. Acesso 
em: 26 jul. 2019.
http://site.sabesp.com.br/uploads/file/asabesp_doctos/Tratamento_Agua_Impressao.pdf
80
O abastecimento de água de uma comunidade começa na escolha do 
manancial de abastecimento (item 1 da Figura 2.7). Após essa etapa, a água 
bruta é captada de reservatórios de água (represas) ou diretamente dos corpos 
hídricos e transportada através de bombas (adutoras) para as Estações de 
Tratamento de Água (ETA) (item 2 da Figura 2.7). Na ETA, a água passa por 
diversos processos de tratamento, escolhidos de acordo com as necessidades 
de melhoramento da qualidade da água bruta captada (itens 3 a 7 da Figura 
2.7). Assim, na Figura 2.7, as etapas de tratamento de água demonstradas na 
ETA são: pré-cloração, pré-alcalinização e coagulação (realizados no item 3), 
floculação (item 4), decantação(item 5), filtração (item 6), cloração e fluore-
tação (realizados no item 7). Podemos denominar água tratada justamente a 
água que passa por tratamentos em uma estação.
Assimile
Prezado aluno, a partir deste momento chamaremos de água bruta 
qualquer água captada de um manancial e que ainda não tenha passado 
por processos de tratamento em uma estação de tratamento de água. 
Após o tratamento, ao sair da estação de tratamento, chamaremos a 
água de água tratada.
Após a saída da ETA, a água “pronta” para o abastecimento é levada para 
um reservatório localizado geralmente próximo da estação de tratamento 
(item 8 da Figura 2.7). Posteriormente, a água é bombeada até outros reser-
vatórios menores e localizados em diversos pontos da cidade, denominados 
reservatórios de bairros (item 9). Desses reservatórios, a água segue para 
tubulações de grande porte, chamadas de adutoras, de onde é encaminhada 
para as redes de distribuição (item 10) e posteriormente para o resto da 
cidade (item 11), inclusive para as residências.
Reflita
Caro aluno, como é feita a escolha das etapas a serem implementadas 
em um sistema de abastecimento de água potável? Na construção de 
um projeto de implantação de uma rede de distribuição de água, o que 
levamos em consideração?
É de responsabilidade das concessionárias brasileiras manter a qualidade 
da água durante todo o seu trajeto, desde sua saída das estações de trata-
mento de água até sua entrada nas residências, ou seja, até o hidrômetro. 
Após o hidrômetro, é de responsabilidade do consumidor manter a quali-
dade da água. Isso significa que possíveis problemas em relação à qualidade 
81
da água dentro da residência do consumidor são de inteira responsabilidade 
dele. Cabe fazermos essa observação, pois em domicílios brasileiros é comum 
o uso de caixa d’água como reservatório de água. Então, é de inteira respon-
sabilidade do consumidor tanto manter a qualidade da água armazenada em 
caixa d’água quanto realizar as operações de higiene que ela exige.
Fatores que influenciam no consumo de água: estimativa 
de demandas
O consumo de água potável no mundo varia bastante, e diversos fatores 
influenciam a quantidade de água consumida em um país, como: o acesso 
à água potável, o grau de desenvolvimento do país em questão, o nível de 
renda da comunidade, entre outros. O consumo de água potável por uma 
pessoa que vive na Europa é diferente do consumo de uma pessoa que vive 
na África, por exemplo.
Geralmente, o consumo diário de água potável por uma pessoa é 
medido em litros por dia (L/dia), e, de acordo com a Organização Mundial 
da Saúde, são sugeridos no mínimo 50 L/dia por pessoa para que sejam 
mantidas as condições mínimas de saúde pública da comunidade e para que 
sejam atendidas às condições básicas de saúde e higiene de cada pessoa em 
locais que tenham acesso intermediário a recursos hídricos (WHO, 2017; 
GLEICK, 1993).
Além de fatores de origem social, como os já citados, outros compo-
nentes são importantes ao se elaborar um sistema de abastecimento de água. 
A demanda de água potável de uma comunidade pode ter origem:
• Doméstica: banho, cozimento.
• Comercial: hotéis, lojas.
• Industrial: processos industriais diversos, como indústrias farmacêu-
ticas, laticínios.
• Comunitária: manutenção de parques, limpeza pública.
• Combate a incêndio: reserva para emergências.
Ademais, devem ser consideradas características como: o tamanho da 
cidade, o crescimento populacional (Quadro 2.4), o clima (geralmente locais 
mais quentes e secos têm consumo maior de água potável), o horário do dia 
(o consumo de água é maior no início da manhã e no fim da tarde) e as 
perdas no sistema, que influenciam diretamente no consumo de água.
82
O consumo de água de uma comunidade pode ser estimado calculan-
do-se o produto do consumo per capita pelo número total de habitantes 
da população.
Quadro 2.4 | População e consumo per capita estimado
População (hab.) Consumo per capita ( .L hab dia´ )
2.000 100
20.000 200
200.000 250
Fonte: adaptado de Heller e Pádua (2010).
A seguir, você verá o passo a passo do cálculo para o dimensionamento de 
uma pequena rede de distribuição de água para uma comunidade. As águas 
utilizadas para o abastecimento de centros urbanos geralmente provêm de fontes 
superficiais. Por essa razão, consideraremos as águas superficiais para esse cálculo.
Há casos em que é necessário o armazenamento dessa água para suprir 
todas as demandas solicitadas pela população. A água bruta superficial 
pode ser captada de grandes reservatórios, como represas, lagos ou barra-
gens, bem como captada diretamente dos cursos d’água (bruta), sempre em 
uma fase anterior à dos tratamentos realizados na ETA – sem a necessidade 
de armazenamento.
Então, devemos primeiramente entender qual regime de adução será 
adotado no sistema.
A dução é a fase de deslocamento da água (seja bruta ou 
tratada) até o sistema de distribuição, por meio da utili-
zação de peças de encanamento.
A adução pode ocorrer de três formas:
1. Sistema de captação em extração contínua (proveniente de uma represa).
2. Extração contínua sem reservatório (represa).
3. Extração seletiva com a presença de um reservatório.
Em comunidades que se localizam próximas de cursos d’águas com vazão 
suficiente e águas de boa qualidade, esse manancial comumente será escolhido 
como manancial abastecedor, em um regime de extração contínua. Nesse caso, 
não serão necessários volumes armazenados em represas. Contudo, há situações 
em que os corpos hídricos têm uma vazão abaixo do necessário para o abasteci-
mento da população ou águas de qualidade inferior à desejada. Nesses casos, é 
83
necessário o armazenamento de parte dessa água, de modo a suprir a demanda 
de água nos períodos de estiagem, em um regime de extração seletiva.
Assimile
A extração contínua de um manancial ocorre quando um corpo hídrico 
está localizado próximo de um centro urbano. Nesse caso, o abasteci-
mento dessa comunidade pode ser realizado de forma contínua, sem 
interrupções. As limitações para esse tipo de captação serão a demanda 
da população e a qualidade da água a ser captada.
A quantidade de água consumida pela população varia muito, como 
vimos anteriormente, e o primeiro passo para o dimensionamento da rede 
de distribuição é determinar a vazão de captação.
A vazão de captação é a vazão média anual que atenderá às 
necessidades da população.
Ao determinar o regime de adução, podemos calcular a vazão de captação:
• Sistema de extração contínua com a presença de reservatório:
k1×P×qQcap=
86400
• Sistema de extração contínua sem a presença de reservatório:
k1×k2×P×qQcap=
86400
• Sistema de extração seletiva com a presença de reservatório:
k1×P×qQcap=
n×3600
Em que:
Q = vazão média anual, medida em L s .
P = população abastecida, medida em número de habitantes ( .)hab .
q = consumo diário por pessoa, medido em .L hab dia´ .
1k = coeficiente adimensional, do dia de maior consumo de água.
2k = coeficiente adimensional, da hora de maior consumo de água.
n = número de horas de funcionamento.
84
Reservatórios: tipos e formas
Após as etapas de captação (adução da água bruta) e tratamento de água (na 
ETA), é necessário o armazenamento da água tratada em reservatórios (preferen-
cialmente elevados). Com o objetivo de economizar energia e diminuir os custos 
da construção da estrutura, é preferível que a água tratada seja armazenada em 
locais de maior altitude (Figura 2.8) para que o próximo passo (a distribuição em 
si) seja feito aproveitando ao máximo a força da gravidade.
Figura 2.8 | Exemplo de reservatório elevado
Fonte: Shutterstock.
Para atingir a cota ou a distância da ETA até o reservatório, precisamos do 
auxílio de um conjunto de instalações composto de bombas e poços de sucção, 
cujo objetivo é transportar a água tratada da ETA em pontos mais baixos (ou 
mais distantes) até o reservatório, conjunto de instalações chamado de estações 
elevatórias. Além do transporte deáguas tratadas a reservatórios elevados, as 
estações elevatórias podem ser utilizadas para o transporte de longas distâncias 
da água bruta até a ETA, para o transporte de esgotos urbanos sanitários até as 
estações de tratamento ou para o transporte de outros líquidos.
Após o bombeamento pela estação elevatória, a água chega aos reservató-
rios. O armazenamento tem outros objetivos além da economia de energia pela 
ação da gravidade, como: regularizar a vazão ao longo das etapas de adução até 
a distribuição; estabilizar as pressões da água em toda a rede de distribuição; e 
ser utilizada para emergências (em casos de incêndios, por exemplo).
Nos sistemas de reservação, podemos observar alguns tipos de reservatório. 
Em relação à sua localização no sistema de abastecimento de água, ele pode se 
encontrar antes (a montante) ou após (a jusante) a rede de distribuição. A montante 
é o modelo mais utilizado no país, pois apresenta como vantagem o fato de toda 
85
a água passar por ele antes da distribuição, mantendo vazão e pressão constantes. 
Os modelos a jusante reservam a água que “sobrou” da distribuição e têm como 
vantagens a redução da necessidade de cotas mais altas do reservatório e o fato de 
funcionarem como complementação do abastecimento caso a demanda aumente.
Sobre sua localização no terreno, os reservatórios podem ser: elevados, 
standpipe, enterrados, semienterrados ou apoiados. Sua escolha depende da 
cota do terreno onde ele será construído em relação à rede de distribuição, 
para que sejam mantidas as condições de pressão ao longo da rede. Se o 
terreno do reservatório for plano em relação à rede, então é usual que esse 
reservatório seja construído acima da cota terreno, ou seja, elevado (Figura 
2.8 e Figura 2.9). Se o terreno em que o reservatório for construído tiver uma 
cota naturalmente maior do que a da rede, não há necessidade de elevá-lo – 
assim, há economia na construção de sistemas de bombeamento.
Figura 2.9 | Tipos de reservatórios
Fonte: Shammas e Lawrence (2018, p. 256).
86
Por fim, há a classificação considerando sua forma e o material utilizado 
na construção. Em relação à forma do reservatório, há a predominância 
das formas circulares e retangulares (parâmetro que é levado em conta no 
cálculo do volume do reservatório). Usualmente, se o reservatório for do 
tipo elevado, utiliza-se a forma circular; mas se ele for do tipo enterrado 
ou semienterrado, a forma mais utilizada é a retangular. E em relação 
ao material de construção escolhido, a grande maioria dos reservatórios é 
construída utilizando concreto armado.
Pesquise mais
Acesse sua Biblioteca Virtual e complemente seus estudos de reser-
vação lendo sobre medições históricas de consumo (e outros tipos de 
reservação), apresentadas nas páginas 252 a 263 do livro a seguir:
SHAMMAS, N. K.; LAWRENCE, K. W. Abastecimento de água e remoção 
de resíduos. Tradução de Luiz Claudio de Queiroz Faria. 3. ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2018.
Volume do reservatório
O volume do reservatório calculado no dimensionamento representa a 
soma dos volumes úteis de todos os reservatórios (caso haja mais de um) do 
sistema de abastecimento, em toda sua extensão. Na concepção do reserva-
tório, é calculado o excedente de água (a água que “sobrou” do sistema), uma 
vez que as demandas de uso podem variar (devido a vários fatores). 
Assim, para determinarmos o volume mínimo dos reservatórios, temos 
dois caminhos: o primeiro, quando temos a curva de consumo de água; e o 
outro, quando não estão disponíveis os dados de consumo.
A curva de consumo de água da população representa a 
variação de vazão do sistema (consumo de água) ao longo 
de um dia. 
Resumidamente, o volume do reservatório será equivalente a uma fração 
do consumo diário da população, em que uma parte apenas do volume 
consumido pela população deve ser igual ao excedente da captação (o 
volume excedente de produção deve ser armazenado na fase de enchimento 
do reservatório) (Figura 2.10).
Além de parte do volume de abastecimento da população, a reservação 
deve prever também os volumes de emergência, como em casos de incêndio. 
Os volumes de incêndio são previstos de acordo com as recomendações do 
87
corpo de bombeiros local, pois devemos levar em consideração a quantidade 
de pessoas que transitam no local (densidade populacional), com volumes de 
15 a 30L s .
Figura 2.10 | Curva de consumo de água de uma população ao longo de 24 horas em um sis-
tema de adução contínua
Fonte: adaptada de Heller e Pádua (2010, p. 595).
Exemplificando
O cálculo do volume do reservatório de uma população de 25 mil 
habitantes, cujo consumo per capita é de 150 .L hab dia´ e o coeficiente 
de dia de maior consumo é igual a 1,2, para um reservatório do tipo 
apoiado e abastecido por uma adutora de recalque, será dado por:
Em sistema de extração contínua, com a presença de reservatório, 
abastecido por uma adutora de recalque:
k1×P×q 1,2×25.000×150Qcap= = =52,1 L/s
86400 86400
em que o Qcap representará também a vazão do dia de maior consumo.
O volume do reservatório é dado por:
1 1V= ×Qcap×86.400= 52,1×86.400=1.500.480 L
3 3
V 1.500 m³@
O volume de reservação, nesse caso, será igual a um terço do volume 
captado no dia de maior vazão.
88
Podemos notar que o dimensionamento do nosso sistema de abasteci-
mento ainda não está completo. 
Até este momento, você já aprendeu como o sistema funciona, desde a 
captação até a reservação, ou seja, agora você já tem a base necessária para 
aprender como funcionam as redes de distribuição em si.
Sem medo de errar
Por causa de uma possível crise de abastecimento, você (como engenheiro 
da empresa que está ajudando a prefeitura de Assu nas questões de sanea-
mento) deverá determinar se a vazão de captação do principal manancial de 
abastecimento de Assu, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, é suficiente 
para suprir as necessidades da população.
Resumidamente, nos centros urbanos, o sistema de abastecimento de 
água tem várias fases, começando na escolha do manancial de abastecimento. 
Após essa etapa, a água bruta é captada de reservatórios de água (represas) 
ou diretamente dos corpos hídricos e transportada através de bombas 
(adutoras) para as Estações de Tratamento de Água (ETA). A água “pronta” 
para o abastecimento é levada para um reservatório localizado geralmente 
próximo da estação de tratamento. Depois, a água é bombeada até outros 
reservatórios, menores e localizados em diversos pontos da cidade, denomi-
nados reservatórios de bairros. Dos reservatórios, a água é transportada em 
tubulações de grande porte, chamadas de adutoras, onde será encaminhada 
para as redes de distribuição e posteriormente para o resto da cidade e para 
as residências.
As características da população e do manancial são:
• Regime de extração contínua com a presença de reservatório.
• Consumo per capita: 150 .L hab dia´ .
• População de 50 mil habitantes.
• 1 1,2k = .
• Vazão disponível para captação no manancial: 85L s .
• Vazão disponível para captação no manancial subterrâneo: 70L s .
Você aprendeu, nesta seção, que a vazão de captação de um sistema de 
extração contínua com a presença de reservatório se dá por:
k1×P×qQcap=
86400
89
Em que:
Q = vazão média anual, medida em L s .
P = população abastecida, medida em número de habitantes (hab.).
q = consumo diário por pessoa, medido em .L hab dia´ .
1k = coeficiente adimensional, do dia de maior consumo de água.
Assim, a vazão que atende às demandas da cidade será dada por:
1,5×50.000×150Qcap=
86400
Qcap=130,20 L/s
Qcap> Qdisponível
Assim, como o manancial tem uma vazão disponível para abastecimento 
de 85,0L s , então o manancial não será suficiente para o abastecimento da 
cidade, pois ele precisa de uma vazão de captação de no mínimo 130,20L s . 
Logo, será necessário complementar o abastecimento com o outro manancial 
disponível, o manancial subterrâneo, que tem disponível 70,0L s . Somando 
os dois mananciais, teremos disponível 155,0Ls . Então, será necessária a 
utilização dos dois mananciais para suprir a necessidade da cidade.
Avançando na prática
Vazão de captação
Imagine que você será o responsável por determinar a vazão de captação 
de um manancial de abastecimento e o volume do reservatório de uma 
pequena cidade. A cidade tem um sistema de extração contínua, com a 
presença de um reservatório (do tipo apoiado, abastecido por adutora). A 
população dessa cidade é de 50 mil pessoas, com consumo diário de 
200 .L hab dia´ , com 1 1,5k = . Qual é a vazão de captação mínima para 
atender à demanda dessa cidade?
Resolução da situação-problema
A vazão de captação em um sistema de extração contínua, com reserva-
tório, é dada por:
90
k1×P×qQcap=
86400
Em que:
Q = vazão média anual, medida em L s .
P = população abastecida, medida em número de habitantes ( .)hab .
q = consumo diário por pessoa, medido em .L hab dia´ .
1k = coeficiente adimensional, do dia de maior consumo de água.
Assim, a vazão de captação será igual a:
1,5×50.000×200Qcap= =173,61 L/s
86400
Ou seja, a vazão de captação mínima para atender às demandas da 
população da cidade é de 173,61L s . 
Para o caso, o reservatório deve ter capacidade de armazenamento de 1 3 
do volume do dia de maior consumo:
1 1V= ×Q×86.400= 173,61×86.400
3 3
V 5.000.000 L 5.000 m³@ =
Assim, o reservatório deve ter um volume de 35.000m .
Faça valer a pena
1. A água é um recurso indispensável para as atividades do cotidiano, princi-
palmente a água encanada (aquela que chega às torneiras das residências). 
Para chegar até a casa da população, a água para o abastecimento percorre 
um caminho complexo, entre processos, equipamentos e fases do sistema de 
abastecimento.
Uma das etapas do processo de abastecimento de água consiste em um 
conjunto de equipamentos e estruturas, localizadas no próprio manancial 
de abastecimento, cuja principal função é retirar a água desse local e levá-la 
através de tubulações até a estação de tratamento de água.
Assinale a alternativa que representa a etapa de abastecimento de água descrita.
a. Reservatório elevado.
b. Estação elevatória.
91
c. Rede de distribuição. 
d. Captação.
e. Adução de água tratada.
2. Imagine que você seja o engenheiro responsável por estimar o consumo de 
água diário por pessoa em São Roque. A cidade de São Roque, localizada no 
interior do estado de São Paulo, tem aproximadamente 70 mil habitantes e um 
sistema de captação de água com extração seletiva e presença de reservatório. 
A vazão de captação média anual é de 350L s , o coeficiente de maior consumo 
do dia é 1,2 e o sistema de funcionamento na captação é de 12 horas.
Assinale a alternativa que representa o consumo diário por pessoa da cidade 
de São Roque.
a. 200 .L hab dia´ .
b. 150 .L hab dia´ .
c. .100 L hab dia´ .
d. 80 .L hab dia´ .
e. 180 .L hab dia´ .
3. O sistema de abastecimento de água de uma cidade envolve diversas 
etapas. Cada uma funciona de forma sequencial, e todas garantem a quali-
dade da água desde sua saída das estações de tratamento até sua chegada nas 
residências. Cada etapa é importante para a manutenção do sistema.
De acordo com as informações apresentadas, faça a associação dos conceitos 
apresentados na coluna A com seus respectivos parâmetros técnicos, na coluna B.
Coluna A Coluna B
I. Captação
A. É composta de um conjunto de bombas e poços de 
sucção que têm como finalidade o bombeamento da 
água para cotas mais altas.
II. Estação elevatória B. É a etapa do sistema de abastecimento responsável pelo recolhimento da água bruta do manancial.
III. Estação de tratamento
C. É a fase do abastecimento de água que distribui a água 
às residências, por meio de um conjunto de tubulações 
de menor porte.
IV. Rede de distribuição
D. É a etapa do sistema que tem como objetivo aplicar 
uma série de processos químicos e físicos que visam 
tornar a água potável.
Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre colunas.
92
a. I-B; II-C; III-A; IV-D.
b. I-A; II-C; III-B; IV-D.
c. I-B; II-A; III-D; IV-C.
d. I-B; II-A; III-C; IV-D.
e. I-A; II-D; III-B; IV-C.
93
Seção 3
Redes de distribuição de água
Diálogo aberto
Caro aluno, chegamos à última seção desta unidade, que tratará de um 
conteúdo muito importante na vida de um engenheiro civil: as redes de 
distribuição de água potável. A rede de distribuição é a última etapa do 
sistema de abastecimento de água potável, em que a água chegará finalmente 
às residências. O engenheiro civil é o profissional responsável pelo projeto, 
dimensionamento e execução da obra que implantará as redes de distribuição 
nas comunidades e centros urbanos.
Você trabalha em uma empresa que presta consultoria à prefeitura de 
Assu. E por meio da sua avaliação da qualidade das águas da cidade, a 
prefeitura decidiu manter o seu abastecimento utilizando a água do açude 
Armando Ribeiro Gonçalves (com mudanças no tratamento da água) em 
conjunto com a instalação de cisternas para aproveitamento das águas 
pluviais no período da chuva.
Porém, ao saber da boa qualidade que as águas subterrâneas possuem, a 
prefeitura decidiu fazer a instalação uma pequena rede de abastecimento de 
água em uma comunidade mais afastada do centro da cidade, a comunidade 
de Linda Flor, utilizando esse manancial. Essa comunidade não possui água 
encanada até o momento e a população utiliza água de caminhões-pipa. Com 
base nas informações a seguir, determine o diâmetro da rede ramificada, as 
pressões da rede e as cotas piezométricas.
A comunidade possui as seguintes características:
• Rede de distribuição do tipo ramificada.
• População de 1000 habitantes.
• Consumo per capta: 250 L/hab.xdia .
• Coeficiente do dia de maior consumo: 1 1,20K = .
• Coeficiente da hora de maior consumo: 2 1,50K = .
• Na Figura 2.11 a seguir, temos a cota do terreno e o comprimento dos 
trechos de rede, além do posicionamento da futura rede de distribuição. 
O primeiro trecho (saída do reservatório) não possui abastecimento.
94
Figura 2.11 | Esboço da rede de distribuição da comunidade de Linda Flor (Assu/RN)
Fonte: elaborada pela autora.
Uma dica para você: o completo entendimento desta seção se dará com 
base em diversos conceitos aprendidos na disciplina hidráulica e hidrome-
tria, como os conceitos de perda de carga, cota piezométrica, pressão, entre 
outros, então é importante que você os relembre.
O dimensionamento e etapas de construção das redes de distribuição 
são comuns na vida do engenheiro civil. Após o estudo desta seção, você 
dominará esse conteúdo tão importante. Vamos lá?
Não pode faltar
Redes de distribuição: classificação e traçados das redes
Após a reservação, a próxima (e última) etapa dos sistemas de distri-
buição de água são as redes de distribuição. As redes funcionam de forma 
interligada, com suas tubulações postas em diversas configurações, por esse 
motivo recebem o nome de redes.
Assimile
Relembrando o conceito que você viu na seção anterior, a rede de distri-
buição é a última etapa do sistema de abastecimento de água, em que 
a água chegará às residências. A rede de distribuição é composta de 
tubulações e outros acessórios, desde a saída do reservatório de água 
tratada até a torneira das nossas casas.
As redes podem ser classificadas de acordo com algumas características 
intrínsecas, como:
• Traçado: o traçado da rede de distribuição é o formato ou caminho que 
os condutos (tubulação) irão percorrer e pode ser basicamente de três 
95
formas (ramificada, malhada e mista). As redes ramificadas geralmente 
são adotadas para pequenas áreas e possuem um conduto principal e 
condutos secundários, assemelhando-se ao formato “espinha de peixe”. 
Enquanto as redes malhadas possuem a distribuição dos condutos em 
forma de “malhas”, mais comum em grandes centros urbanos.
• Reservatório: as redes de distribuição podem estar localizadas a 
montante do reservatório, a jusante deles, ou possuir dois reservató-
rios no sistema (um a montante e outro a jusanteda rede). Também 
há configurações que não utilizam reservatórios em seus sistemas de 
abastecimento de água, situação comum em diversos países.
• Qualidade da água distribuída: atualmente algumas cidades podem 
possuir duas redes de distribuição ocorrendo em paralelo, que são 
denominadas de redes simples ou redes duplas. As redes simples 
possuem a distribuição de água potável somente, enquanto as redes 
duplas possuem uma rede de água potável e uma rede de água com 
qualidade inferior (que podem servir para usos menos nobres).
• Zona de pressão: as zonas de pressão são as zonas nas quais a rede 
de distribuição (ou parte da rede) irá atender aos limites de pressões 
estabelecidos em projeto. Em relação às zonas, as redes podem 
possuir zonas únicas ou múltiplas. As zonas de pressão múltiplas são 
aplicadas às áreas de maior diferença de cotas (desníveis acentuados) 
dos centros urbanos.
• Conduto distribuidor: em relação aos condutos distribuidores, 
podem ser únicos, auxiliares ou laterais. Os distribuidores auxiliares 
são aqueles que possuem o conduto principal com no mínimo 
400 mm de diâmetro. Os distribuidores laterais são adotados para 
ruas com largura maior que 18 m , na qual possuem maior tráfego.
No Brasil, o projeto das redes de distribuição segue a NBR 12218:2017 
– Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público, respon-
sável pelas diretrizes necessárias ao dimensionamento. Nessa norma também 
são indicados alguns elementos básicos para o dimensionamento, que são 
pré-requisitos importantes para que o projeto atenda a suas demandas 
(demonstrados no Quadro 2.5).
E na literatura, são recomendados alguns métodos de dimensionamento 
para redes de distribuição em geral, como o método nodal com convergência 
por iteração de pressões, o método nodal com convergência (pela técnica de 
Newton-Raphson), o método dos seccionamentos fictícios, o método Hardy-
Cross de iterações de vazões, o método trecho a trecho, entre outros. Cada 
método possui certas limitações, e eles são adotados de acordo com a rede a 
ser dimensionada. Por exemplo, o método Hardy-Cross é mais utilizado para 
96
o dimensionamento de redes malhadas. Ademais, atualmente, é crescente 
o desenvolvimento de softwares e inteligências artificiais que auxiliam o 
dimensionamento total da rede.
Pesquise mais
Caro aluno, para aprofundar seus estudos em relação aos métodos de 
dimensionamento de redes de distribuição, faça seu login na nossa 
Biblioteca Virtual e consulte a obra referenciada a seguir: 
SHAMMAS, N. K.; WANG, L. K. Abastecimento de água e remoção de 
resíduos. Tradução: Luiz Claudio de Queiroz Faria. 3. ed. Rio de Janeiro: 
LTC, 2018. p. 188 a 199.
Quadro 2.5 | Elementos necessários ao desenvolvimento do projeto das redes de distribuição 
em um sistema de abastecimento de água
Estudo de concepção do sistema de abastecimento, elaborado conforme a NBR 12.211:1992.
Projetos de outras partes do sistema de abastecimento já elaborados.
Definição das etapas de implantação.
Levantamento planialtimétrico da área do projeto com detalhes do arruamento, 
tipo de pavimento, obras especiais, interferências e cadastro da rede existente.
Plano de urbanização e legislação relativa ao uso e ocupação do solo.
Fonte: ABNT (2017, p. 2).
Algumas condições de projeto devem ser obedecidas no dimensiona-
mento, funcionando como recomendações para que o sistema opere perfei-
tamente. Segundo a NBR 12218 (ABNT, 2017), por exemplo, é recomendável 
que os condutos (Figura 2.12) tenham uma velocidade mínima de 0,6 m/s e 
uma velocidade máxima igual a 3,5 m/s . Já se o conduto principal possuir 
diâmetro superior a 300 mm deve ser prevista a utilização de condutos secun-
dários, com diâmetro mínimo (dos condutos secundários) de 50 mm (Figura 
2.12). E na verificação do funcionamento da rede em métodos interativos, 
devem ser garantidos uma vazão residual máxima de 0,1 L/s e carga piezo-
métrica de 0,5 kPa .
97
No sistema de distribuição de água potável, conceituamos a área especí-
fica como sendo uma área que possui a predominância de ocupação com 
alguma atividade, seja área (específica) residencial, área comercial, área 
industrial ou área mista. Isto é, a área específica possuirá os usuários da água 
com padrão de consumo parecidos e atividades semelhantes em sua maioria. 
Outro conceito importante é o das zonas de pressão. As zonas de pressão 
podem ser conceituadas como as partes da rede de distribuição responsáveis 
por manter a pressão dentro dos limites estabelecidos em projeto e são as 
zonas onde iremos realizar as verificações de pressão. Normalmente elas 
possuem limites entre 15 e 50 m.c.a .
Ademais, as redes de distribuição possuem outros elementos (além dos 
tubos e conexões), como diversas válvulas, ventosas, cabeçotes, hidrantes, 
entre outros, de modo que, nesse sentido, também temos algumas recomen-
dações para seguir. Por exemplo, é necessário a presença de uma válvula de 
fechamento para trechos (três ou mais) que possuam um nó. O nó é o ponto 
da rede de distribuição que possui consumo de água, ou é o ponto de ligação 
de dois ou mais trechos. O trecho e as válvulas de descarga deverão possuir o 
mesmo diâmetro (e no máximo o diâmetro de 100 mm ).
Reflita
As redes de distribuição de água, além dos usos mais comuns (como 
domésticos e industriais), devem prever e transportar as reservas de 
segurança contra incêndio. Os componentes do sistema de incêndio e a 
vazão disponível são previstas no dimensionamento das redes de distri-
buição. Nesse sentido, quais são os pré-requisitos necessários para o 
projeto de hidrantes próximos a uma comunidade de 1.000 habitantes?
Dimensionamento de redes: as redes ramificadas
A seguir, aprenderemos o dimensionamento de redes de distribuição 
simples utilizando o método de dimensionamento trecho a trecho. O método 
de dimensionamento trecho a trecho tem como aplicação pequenas comuni-
dades, que possuam no máximo 20 hectares, e o dimensionamento é feito, 
como o próprio nome diz, trecho a trecho. As redes ramificadas (Figura 
2.12) possuem uma vantagem no seu dimensionamento em relação às redes 
malhadas: nós sabemos qual é o sentido do seu escoamento, de jusante para 
montante, e assim podemos considerar que as vazões vão sendo acumuladas 
ao longo da rede.
98
Figura 2.12 | Esquema de uma rede de distribuição ramificada
Fonte: Tsutiya (2006, p. 390).
O método trecho a trecho tem como base algumas orientações: adotamos 
um consumo de água uniforme em todos os trechos. As vazões vão se acumu-
lando do fim para o início da rede (onde ficará o reservatório). O diâmetro 
das tubulações se dará pela vazão calculada, velocidade máxima e perdas de 
carga de cada trecho (calculadas utilizando a fórmula e Hazen-Williams, 
Tabela 2.2). Calculamos também a vazão de distribuição total ( Qd ), e em 
cada trecho a vazão específica ( qm ) pelo comprimento total até o trecho, que 
tem como base a distribuição por metro de tubulação.
Vejamos a sequência de cálculo necessária para o dimensionamento:
1. Vazão total de distribuição, Qd (análoga à vazão de captação), em 
/sL :
1 2
Qd
86.400
P q k k´ ´ ´=
Onde:
Qd = vazão total de distribuição, medida em /L s .
P = população abastecida, medida em número de habitantes ( .hab ).
 
 = consumo diário por pessoa, medido em L hab. dia´ .
1k = Coeficiente adimensional, do dia de maior consumo de água.
2k = Coeficiente adimensional, da hora de maior consumo de água.
2. Vazão específica de distribuição ( qm ), em / .L s m :
P×q×k1×k2
qm=
86.400×L
99
Comprimento total ( L ), em metros:
3. O comprimento total do trecho é a soma de todos os arruamentos 
da rede (principais mais secundários). Não contabilizamos o trecho 
inicial que não houver distribuição.
4. Vazão nos trechos:
Primeiramente, numerar os trechos no sentido do fim da rede para o 
início (onde encontra-se o reservatório). A vazão no trecho ( Qt ), em 
/L s , será o produto da vazão específica de distribuição pelo compri-
mentodo trecho. E no mesmo sentido dos trechos iremos somar as 
vazões, que são acumulativas. Chamamos, então, de vazão acumulada 
o somatório das vazões nos trechos anteriores (a jusante, Qj ), em 
/L s . E finalmente calculamos a vazão média do trecho, Qmédia , que 
será igual à vazão acumulada (no trecho) mais a metade da vazão do 
trecho, em /L s :
Qt = qm × L
Qj = Qt (anteriores)å
Qmédio = Qj + (Qt / 2)
5. Dimensionamento nos trechos:
O dimensionamento final se dará pela vazão média do trecho e 
o diâmetro recomendado, especificados na Tabela 2.2: para cada 
vazão média (chamada de vazão máxima), teremos um diâmetro do 
conduto recomendado.
6. Outras verificações: para facilitar a verificação dos limites planejados 
de outros parâmetros, como as de pressão principalmente, sugere-se 
elaborar uma tabela com as colunas representando as informações 
dos trechos: comprimento, vazão, cota piezométrica, velocidade, 
perda de carga, pressão disponível e diâmetro da tubulação. A tabela 
elaborada no dimensionamento servirá como uma verificação dos 
limites impostos aos parâmetros requeridos no projeto.
Tabela 2.2 | Limites de velocidade, perda de carga e vazão para tubulações em redes de distribuição
D ( mm )
Velocidade 
máxima ( /m s )
Vazão máxima 
( /L s )
Perda de carga unitária em 
/100 m m ( 130C = )
Q Q/2
50 0,70 1,4 1,49 0,41
75 0,90 4,0 1,44 0,39
100
100 1,00 7,9 1,25 0,34
150 1,00 17,7 0,77 0,21
200 1,10 35 0,65 0,18
250 1,10 54 0,50 0,14
300 1,20 85 0,48 0,13
350 1,30 125 0,46 0,13
400 1,40 176 0,45 0,13
Fonte: adaptada de Heller e Pádua (2010, p. 636).
Dimensionamento de redes: as redes malhadas
As redes ramificadas são mais fáceis de dimensionarmos. Contudo, as 
redes malhadas são indicadas em alguns casos, como os que possuem vazão 
total da área acima de 25 L/s , área de alcance da rede de distribuição acima 
de 1 km² condutos paralelos consecutivos que possuem uma distância entre 
si acima de 250 m . Além dessas indicações, algumas redes possuem em suas 
extremidades o início de outro trecho de distribuição, assim se configuram 
em formato de malhas (circuito fechado). Veja o esquema de uma rede 
malhada na Figura 2.13.
Figura 2.13 | Esquema de uma rede de distribuição malhada
Fonte: Tsutiya (2006, p. 391).
Um método de dimensionamento muito utilizado para as redes malhadas 
é o do seccionamento fictício, que consiste em basicamente separar a rede 
em pequenas áreas, com o objetivo de transformar as áreas que por ventura 
possuam uma rede do tipo malhada em ramificadas (que são naturalmente 
mais simples). Desse modo, conseguimos simplificar os cálculos do dimen-
sionamento. Outro princípio desse método é a área atendida dimensionada, 
que deverá possuir no máximo 5.000 habitantes. Como podemos observar, o 
método de seccionamento fictício possui algumas limitações e nem sempre 
101
poderemos utilizá-lo, pois em alguns casos não será possível simplificar as 
redes malhadas, como é o caso das redes mistas (Figura 2.14).
Figura 2.14 | Esquema de uma rede de distribuição mista
Fonte: Tsutiya (2006, p. 395).
Construção e otimização de redes
Os sistemas de abastecimento e distribuição de água possuem perdas 
físicas durante o sistema, totalizando grandes volumes desperdiçados 
durante o trajeto percorrido, e isso é um dos maiores problemas do setor. 
As perdas ocorrem principalmente na etapa da rede de distribuição no 
sistema, em forma de vazamentos, consumos fora do previsto (ou consumos 
ilegais/irregulares) e erros de medição. O controle e diminuição das perdas é 
importante para situações de carência de água em cidades e divergências ou 
conflitos em relação ao uso de água.
Estimar as perdas do sistema de distribuição de água é um meio de 
medir a eficiência do sistema como um todo, sendo a forma mais comum 
de observar essa eficiência. Estima-se que, no Brasil, o sistema possua uma 
perda de 38,5% do volume produzido (TRATA..., 2018), enquanto países 
desenvolvidos apresentam índices abaixo de 10%.
As perdas podem ser observadas em algumas situações de vazamento, 
como o aparecimento de fissuras nas tubulações, que são pequenas, porém 
contínuas (totalizando vazões elevadas). Outra situação comum é o apareci-
mento de grandes vazamentos, que geralmente são notificados pelos consu-
midores. Nesses casos as vazões podem ser maiores, contudo, o tempo de 
duração é curto. E um terceiro tipo de volume perdido em vazamento é o 
aparecimento de vazamentos não observados a olho nu, e assim só o monito-
ramento do consumo na rede de distribuição o indica. Esse último tem vazão 
e duração indeterminadas, totalizando, em alguns casos, grandes perdas, por 
isso a necessidade da modernização do sistema.
102
O gerenciamento dos sistemas de distribuição é essencial para a otimi-
zação do sistema de distribuição e redução das perdas (Quadro 2.6). Medidas 
de gerenciamento podem começar pelo conhecimento total da rede de distri-
buição e investimento em equipamentos que avaliam vazão distribuída – 
avaliando alterações bruscas de consumo, por exemplo. O próximo passo 
indicado pode ser realizar as investigações nos próprios locais onde identi-
ficou-se os consumos anormais, e o seu reparo (no caso de vazamento, por 
exemplo). Um último passo, pode ser o planejamento de ações a médio prazo 
e estimativa de custos de implantação dessas ações.
Quadro 2.6 | Gerenciamento das perdas nos sistemas de distribuição
• Fase I: corresponde ao diagnóstico da situação atual, feito com base na análise dos 
dados disponíveis, fornecidos pelo próprio operador, e na investigação de campo para 
atestar dados e verificar in loco a situação do sistema de abastecimento de água e das 
instalações administrativas e de apoio técnico.
• Fase II: corresponde a um conjunto de ações desenvolvidas em uma área piloto, onde 
são feitas pesquisas de campo para identificação e avaliação das perdas, bem como 
implementadas ações de combate a elas, cujos resultados servem de base para a propo-
sição de um plano global de ação para o operador.
• Fase III: corresponde à proposição de ações de curto e médio prazos, com previsão de 
custos, estimativa dos benefícios e avaliação econômico-financeira.
Fonte: Heller e Pádua (2010, p. 819).
Em um futuro próximo, a redução de perdas nos sistemas de abasteci-
mento de água deixará de ser somente uma otimização do sistema e passará a 
ser uma realidade no mundo. Entre os grandes desafios nesse quesito estão as 
perdas no sistema e a necessidade da entrega de uma água com cada vez mais 
rigor em termos de limites dos parâmetros da sua qualidade. Na próxima 
unidade entenderemos como se dão os tratamentos de água e esgoto – para 
que as condições de qualidade sejam atendidas.
Sem medo de errar
A comunidade Linda Flor, próximo a Assu, não possui água encanada 
e por esse motivo ganhará uma pequena rede de distribuição. Você será o 
responsável pelo dimensionamento dos condutos, que será feito de acordo 
com o método trecho a trecho, aprendidos nesta seção. Por esse motivo 
precisamos calcular a vazão média de cada trecho A comunidade apresenta 
as seguintes características:
• Rede de distribuição do tipo ramificada.
• População de 1000 habitantes.
103
• Consumo per capta: 250 L/hab.xdia .
• Coeficiente do dia de maior consumo: 1 1,20K = .
• Coeficiente da hora de maior consumo: 2 1,50K = .
• O primeiro trecho (saída do reservatório) não possui abastecimento.
Primeiramente devemos calcular as vazões de distribuição ( Qd ) e a 
vazão específica de distribuição ( qm ):
P × q × k1× k2k 1000 × 250 × 1, 20 × 1, 50Qd = = = 5, 2 L / s
86.400 86.400
50 50 50 50 200 mL= + + + =L , lembrando que os trechos iniciais que 
não possuem abastecimento não entram no cálculo.
P × q × k1× k2 5, 2qm = = = 0, 026 L / s × m
86400 × L 200
E então, vamos enumerar os trechos e calcular as vazões de cada um deles 
(Figura 2.15):
Figura 2.15 | Enumeração dos trechos da rede
Fonte: elaborada pela autora.
Para o cálculo das vazões por trecho, coluna 4, observamos primeira-mente a vazão no fim da rede, que para o caso é zero (a jusante é 0Qj= ), e a 
vazão do trecho vai ser o produto da vazão de distribuição acumulada pelo 
comprimento ( Qt qm L= ´ ):
Qt1 = qm × L = 0, 026×50 = 1, 3 L / s
Assim, as vazões: Qt2 = Qt3 = Qt4 = 0, 026 × 50 = 1, 30 L / s
Não calculamos o 5Qt , pois não há abastecimento no trecho (então o 
5Qt será igual a somatória dos trechos anteriores).
104
• O próximo passo é elaborar a tabela de verificação dos parâmetros e 
calcular as vazões acumuladas ( Qj ), demonstradas na coluna 3, que 
serão a soma das vazões dos trechos a jusante.
• E as vazões médias ( Qm ), coluna 5, que serão a soma da vazão 
acumulada ( Qj ) mais a vazão do trecho, dividido ( Qt ) por dois.
• O diâmetro das tubulações (coluna 6) será escolhido com base nas vazões 
que são encontradas em tabelas, como as recomendadas na Tabela 2.3.
Tabela 2.3 | Dimensionamento da rede de distribuição de Linda Flor, com base no método 
trecho a trecho
Trecho
Col 1
L
( m )
Col 2
Qj
( /L s )
Col 3
Qt
( /L s )
Col 4
Qmédio
( /L s )
Col 5
D ( mm )
Col 6
1 50 0,00 1,30 0,65 50
2 50 0,00 1,30 0,65 50
3 50 2,60 1,30 3,25 75
4 50 0,00 1,30 0,65 50
5 100 5,2 1,30 5,85 100
Fonte: elaborada pela autora.
Avançando na prática
Otimização dos sistemas de distribuição de 
água, em especial da rede de distribuição
Imagine que você é o engenheiro responsável pela otimização da rede de 
distribuição de água que possui perdas elevadas, em uma cidade de 50 mil 
habitantes. Essa cidade possui perdas não identificadas, que totalizam 40% 
desperdiçado do volume total produzido. Como engenheiro, a curto e médio 
prazo, quais são as medidas que podem ser adotadas para diminuir as perdas 
no sistema de distribuição de água, especialmente as redes de distribuição?
Resolução da situação-problema
Atualmente as concessionárias do país possuem um grande desafio, o de 
diminuir as perdas de água durante o sistema de abastecimento de água nas 
cidades. As perdas, por sua vez, podem ser definidas como a diferença entre 
os volumes que são produzidos nas estações de tratamento de água e a soma 
105
das medições do consumo das residências. Os volumes perdidos podem ser 
observados em situações diversas, como vazamentos (de diversos tipos) e 
irregularidades no consumo não contabilizado da água (frequentemente 
oriundas de consumos ilegais).
A otimização dos sistemas de distribuição de água são consequência de 
algumas ações no sentido. O primeiro ponto a ser implantado, na situação 
descrita no problema, seria o gerenciamento das vazões e identificação 
dos problemas pontuais, como a identificação de problemas de excesso de 
pressão na rede (o que provoca vazamentos). Ao monitorar e identificar os 
pontos críticos, poderemos realizar os devidos reparos, que podem variar 
desde a troca de hidrômetros desregulados à troca de tubulações.
Outras medidas de otimização são decorrentes de um sistema bem 
monitorado, que é a identificação de consumos irregulares (fraudes) no 
sistema. Com o monitoramento da rede, podemos identificar alterações de 
consumo anormais, como o aumento abrupto do consumo em determinado 
ponto. Assim, com o sistema de distribuição monitorado, é mais comum a 
fiscalização de pontos com atividade suspeita.
As medidas de monitoramento podem ser implantadas a curto prazo. 
Já como medidas de otimização a médio prazo, a troca e renovação dos 
condutos também é uma medida de otimização da rede, pois com o tempo 
essa estrutura vai se deteriorando, ocasionando perdas. Sendo assim, essa 
medida é importante para modernização e otimização do sistema.
Faça valer a pena
1. A rede de distribuição é a última etapa dos sistemas de distribuição de 
água potável, na qual a água tratada finalmente chegará aos consumidores. 
Seu projeto e dimensionamento levam em consideração alguns parâmetros, 
que são importantes para seu funcionamento pleno.
Sobre os principais aspectos de projeto, levados em consideração no dimen-
sionamento das redes de distribuição, assinale a alternativa correta.
a. O consumo da população atendida não pode ser alterado, pois é um 
fator intrínseco da comunidade e deve ser mantido a qualquer custo.
b. Ao longo da rede de distribuição do tipo ramificada, observamos um 
aumento da carga, proveniente do aumento de pressão no fim da rede.
c. O dimensionamento das redes de distribuição é feito a partir da vazão 
calculada, sendo esse, considerado o principal parâmetro de projeto.
106
d. As redes são projetadas a partir das chamadas zonas de pressão e, 
nesses pontos, as pressões mínimas e máximas podem ficar acima das 
estimadas em projeto.
e. A medição das vazões in loco é o principal parâmetro de dimen-
sionamento de outras das redes de distribuição e, assim, impedem 
consumo exagerado da água.
2. As redes de distribuição são classificadas de acordo com as suas caracte-
rísticas intrínsecas. Conforme informações apresentadas na tabela a seguir, 
faça a associação dos conceitos apresentados na coluna A com seus respec-
tivos parâmetros técnicos de classificação na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
É o tipo que possui duas redes em paralelo e classificação em simples ou 
dupla – uma dessas com água somente para usos menos nobres. Traçado.
É a classificação das redes que atendem as solicitações e limites de pressão, 
em únicas ou múltiplas. Reservatório.
Pode possuir um ou dois receptores e armazenadores da água, a montan-
te, a jusante da rede de distribuição ou os dois.
Qualidade da 
água.
É a classificação que leva em consideração o caminho que os condutos 
irão percorrer (ramificada, malhada ou mista).
Zonas de 
pressão.
Assinale a alternativa que contém a associação correta.
a. 1-III; 2-IV; 3-II; 4-I.
b. 1-II; 2-IV; 3-III; 4-I.
c. 1-I; 2-II; 3-III; 4-IV.
d. 1-IV; 2-III; 3-I; 4-II.
e. 1-III; 2-II; 3-IV; 4-I.
3. A rede de distribuição é composta por um “emaranhado” de condutos e 
equipamentos responsáveis pela distribuição de água propriamente dita. É a 
partir dessa etapa que a água chega às torneiras das pessoas.
Com base nas redes de distribuição, analise as afirmativas a seguir.
I. As redes ramificadas são aquelas que se assemelham a uma espinha 
de peixe, são indicadas para comunidades menores, e a vazão no 
trecho será conhecida em projeto.
107
II. As redes malhadas possuem a seguinte vantagem: se ocorrer alguma 
interrupção do fornecimento de água, o fim da rede talvez não seja 
afetado.
III. Nas redes malhadas, diferentemente das redes ramificadas, nós 
sabemos o sentido do escoamento, pois ele é fixo.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. I, II e III, apenas.
Referências
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que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Disponível em: http://www.planalto.
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à acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à 
acumulação de resíduos industriais, cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de 
Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4o da 
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Unidade 3
Fernanda Cunha Maia
Sistemas de tratamento para águas e esgotos
Convite ao estudo
Prezado aluno, até o momento você aprendeu alguns conceitos impor-
tantíssimos para o engenheiro civil. Na primeira unidade, vimos a impor-
tância do saneamento básico para a saúde pública e as consequências de sua 
ausência para a população. Na segunda unidade, nós focamos os sistemas de 
abastecimento de água potável, desde a captação até as redes de distribuição, 
e entendemos como esse sistema funciona. Nós já sabemos o caminho que a 
água percorre até chegar ao consumidor final, mas você sabe o que acontece 
nas estações de tratamento de água e esgoto?
Nesta unidade, você aprenderá o que acontece nessas estações e como 
podemos aplicar os conceitos de reúso de água no seu cotidiano como 
engenheiro. Começaremos a primeira seção entendendo o funcionamento das 
Estações de Tratamento de Água (ETA) em geral. Você irá aprender as etapas 
de tratamento das ETAs, como acontecem as etapas de filtração e desinfecção, 
por exemplo. Em seguida, na segunda seção, aprenderemos como funcionam 
os sistemas de coleta e tratamento de esgoto nas ETEs (Estações de Tratamento 
de Esgoto), incluindo também o funcionamento das principais etapas de trata-
mento dos esgotos. Finalmente, iremos entender os requisitos necessários ao 
reúso da água e como podemos adotar medidas nesse sentido.
Como engenheiro civil de uma empresa de engenharia que realiza traba-
lhos de saneamento, você é o responsável pelas questões da cidade de Assú, 
localizada no interior do Rio Grande do Norte, que vem passandopor grandes 
problemas na área de saneamento. Você e sua equipe já solucionaram alguns 
dos problemas que apareceram, como a questão relacionada ao surto de uma 
doença infecciosa, às questões relacionadas aos mananciais disponíveis e 
redes de abastecimento. A próxima etapa dessa empreitada são as questões 
relacionadas aos tratamentos da água de abastecimento e do esgoto sanitário 
que a cidade produz.
Como você pode observar, esta unidade será essencial para a assimilação 
dos sistemas de abastecimento de água e coleta de esgoto como um todo. 
Como engenheiros, podemos afirmar que estes conteúdos serão uns dos 
mais importantes para a sua formação. Bons estudos!
112
Seção 1
Tratamento de águas para abastecimento
Diálogo aberto
Caro aluno, você já sabe que o sistema de abastecimento de água possui 
basicamente (e resumidamente) as etapas de: captação, tratamento, reser-
vação e redes de distribuição. Nós já aprendemos como funciona esse sistema, 
contudo, ainda não vimos o que acontece com as águas de abastecimento nas 
estações de tratamento de água propriamente dita. Como as águas captadas 
nos mananciais chegam e saem das ETAs? Nós temos a impressão de que é 
nessa etapa que iremos “limpar” as águas, não é verdade? Nesta seção você 
aprenderá todas essas questões envolvendo às ETAs (Estações de Tratamento 
de Água): desde as etapas mais básicas de tratamento a possíveis configura-
ções finais mais sofisticadas.
Lembrando que na empresa de engenharia, você é o engenheiro civil 
responsável pelas questões de saneamento da cidade de Assú. Já observamos 
que a água captada na barragem Armando Ribeiro Gonçalves, após o trata-
mento na ETA da cidade, ainda possui uma alta concentração de Ferro (que 
foi detectada por meio das análises demonstradas no Quadro 2.1 da unidade 
anterior).
Quadro 2.1 | Resultados das análises feitas nos mananciais de Assú / RN
Parâmetro Analisado Água 1: Armando Ribeiro Gonçalves
Água 2: Poços 
profundos
Cloro Residual Livre (mgl/L) 7,0 0,9
Turbidez (uT) 2,5 1,6
Cor Aparente (uH) 12 10
Coliformes Totais (ausência em 95% das 
amostras) Sim Sim
pH 6,9 5,4
Ferro (mg/L) 1,5 0.2
Fonte: elaborado pela autora.
Provavelmente os dejetos da indústria de cerâmica localizada na região 
contribuem para essa alta concentração de ferro. Diante disso, o prefeito e o 
113
CEO da empresa de cerâmica solicitaram um relatório contendo as possíveis 
soluções para esse problema. Você ficou responsável por elaborar um relatório 
técnico com os possíveis tratamentos adequados para as que possuem altas 
concentrações de metais ferrosos e por sugerir uma nova configuração para 
a ETA da cidade (que atenda a essa demanda de tratamento). Atualmente, 
a ETA possui as etapas de pré-tratamento, coagulação, floculação, flotação, 
filtração lenta e desinfecção por cloro. Foi notado um pequeno problema 
na etapa de coagulação: a sua mistura completa (no ressalto hidráulico) está 
insuficiente à mistura. No seu relatório técnico, informe, também, os limites 
de concentração desse poluente e os padrões de potabilidade que devem ser 
atendidos para o abastecimento. Ao final desta seção, você será capaz de 
realizar o relatório técnico requerido.
Bons estudos!
Não pode faltar
Estações de tratamento de água (ETA): noções gerais de tratamento
Basicamente, as estações de tratamento de água possuem um objetivo: 
tornar as águas captadas nos mananciais próprias para o consumo humano 
(ou seja, potáveis). Na Unidade 1, nós aprendemos que as águas captadas 
nem sempre possuem os padrões de potabilidade atendidos, pois podem se 
encontrar em situações de poluição. Naquela seção, você viu também que 
devemos realizar diversos testes analíticos para identificarmos se uma água 
estará ou não apta ao consumo humano, verificando se as concentrações dos 
poluentes estão de acordo com os padrões de potabilidade.
Assimile
Água potável
As águas potáveis são aquelas que estão de acordo com o padrão de 
potabilidade estabelecidos por lei (ou portarias locais) e, por esse 
motivo, estão aptas ao consumo humano. É responsabilidade das 
concessionárias entregar à população a água de abastecimento dentro 
dos padrões de potabilidade local, desde a captação até as redes de 
distribuição.
Vale destacar que, atualmente, possuímos tecnologias de tratamento 
de água cada vez mais sofisticadas, sendo capazes de tratar qualquer tipo e 
qualidade. É preferível, entretanto, que as águas captadas sejam as melhores 
possíveis no local, pois, assim, as estações de tratamento terão operações mais 
114
simples e mais econômicas, bem como uma maior facilidade de manutenção. 
As estações de tratamento de água podem ser definidas como uma etapa 
do sistema de abastecimento em que ocorre uma série de procedimentos e 
operações utilizando técnicas específicas com a finalidade de tornar as águas 
captadas próprias ao consumo humano, garantindo além da boa qualidade, 
a quantidade necessária às atividades humanas. Veja, na Figura 3.1, uma 
fotografia aérea da Estação de Tratamento de Água (ETA), localizada em 
Guaraú, São Paulo.
Figura 3.1 | Fotografia aérea da Estação de Tratamento de Água Guaraú, São Paulo
Fonte: Sabesp (2012, [s.p.]).
Reflita
Neste momento você poderá estar se perguntando o que encarece as 
etapas de tratamento de água. Podemos adiantar que quanto maior 
o grau de sofisticação do sistema, maior será seu custo de operação 
e manutenção. Mas o que especificamente? Quais são os produtos e 
equipamentos utilizados nas ETA que encarecem essa etapa do sistema 
de abastecimento de água?
Dentro das operações de tratamento nas ETA, há uma variedade de 
produtos químicos sendo utilizados de forma específica e em quantidades 
pré-calculadas (Quadro 3.1), sendo eles: oxidantes, alcalinizantes, coagu-
lantes, desinfetantes, entre outros. Todos esses produtos devem ser manuse-
ados cuidadosamente, já que podem ser perigosos, devendo ser seguidas as 
instruções de cada um com rigor.
115
Quadro 3.1 | Alguns dos produtos químicos utilizados na ETA
Fonte: elaborado pela autora.
Etapas de tratamento de água
Dentro das estações de tratamento de água, podemos dividir as operações 
em algumas etapas. 
• Pré-tratamento: A primeira etapa é chamada de pré-tratamento, que 
consiste na retirada de materiais grosseiros e flutuantes que tenham 
sido captados em mistura com as águas brutas, entre eles: folhas, algas, 
galhos menores, areia fina, argila e até matéria orgânica em pequena 
quantidade. Os sólidos grosseiros são retirados por meio do uso de 
grades e caixa de areia para sedimentação de material particulado. A 
presença ou não desse conteúdo na água bruta torna a etapa faculta-
tiva, ou seja, só será feita se houver necessidade. É na etapa de pré-tra-
tamento que fazemos análises de pH, cor e turbidez da água, pois para 
as próximas etapas esses parâmetros serão essenciais, garantindo o 
funcionamento correto do tratamento e a avaliação de sua eficácia. 
Caso seja necessário, devem ser adicionados alcalinizantes na água 
bruta para a correção do pH.
• Coagulação: A próxima etapa do tratamento da água é a coagulação, 
em que é adicionado o produto químico chamado de coagulante. 
Essa adição na água bruta tem a função de “juntar” as partículas 
dissolvidas (coloidais) que estão “espalhadas” na água, agregando-as. 
Por meio de reações químicas, essas partículas formarão flocos em 
uma câmara, denominada câmara de mistura rápida, que deverá 
possuir alta turbulência para que haja uma aeração de forma não 
mecânica. Para isso, muitas vezes, é utilizada a própria configuração 
física da câmara para atingi-la, acarretando na mistura completa do 
coagulante com o material particulado presente na água. Quando 
não há a possibilidade de turbulência a partir da configuração física, 
podemos inserir uma aeração mecânica, por meio de equipamentos 
como sopradores ou compressores de ar. Geralmente é construído 
um ressalto hidráulico, chamado de Calha Parshall, que além de 
promover a mistura completa, ainda possibilitaa leitura da vazão 
que entra na ETA. Para que a coagulação ocorra perfeitamente, é 
116
necessário que o pH da água esteja de acordo com a faixa de ação do 
próprio coagulante, localizada em uma faixa de neutra a básica (e 
recomendada pelo fabricante).
• Floculação: Após a mistura do coagulante à água bruta, a etapa 
seguinte é a floculação. Os flocos irão se formar em uma câmara 
(denominada de câmara de mistura lenta). Muitas vezes são utilizados 
agitadores mecânicos em velocidade controlada. É recomendado que 
a floculação possua agitação moderada, pois se ocorrer em demasia, 
os flocos formados podem se quebrar.
• Decantação (Sedimentação) e flotação: Também chamada de 
sedimentação, a etapa de decantação em conjunto com a flotação 
tem como finalidade a retirada dos flocos formados na etapa anterior. 
Todavia, há uma pequena diferença entre os processos de decantação 
e flotação. Chamamos de flotação o processo que irá retirar os flocos 
formados mais leves (ou seja, menos densos que a água) pela super-
fície do tanque (decantador). Esse pode ocorrer por meio da’ adição 
de bolhas que fazem os flocos boiarem. Já no processo de decantação/
sedimentação, os flocos formados são mais densos que a água e, por 
isso, afundam devido à ação da força da gravidade. Podem existir 
diversos tipos de decantadores e, durante o procedimento, os flocos 
formados são retirados do decantador pelo fundo, com o auxílio 
de raspadores mecânico. Nesta etapa não são adicionados produtos 
químicos à água.
• Filtração: Após a retirada dos flocos pela decantação/flotação, a 
água é levada para a etapa de filtração. A filtração consiste em passar 
a água pelos filtros, que são compostos por diversas camadas consti-
tuídas de materiais como areia e pedregulhos. A filtração tem como 
objetivo produzir uma água com uma turbidez bem menor (menos 
turva) e, além disso, consegue retirar alguns agentes patológicos. A 
filtração pode ser classificada de acordo com algumas características, 
como em relação ao fluxo de passagem da água decantada: de baixo 
para cima se chama “fluxo descendente” (Figura 3.2), enquanto que 
de cima para baixo, “fluxo ascendente”. Outra classificação se dá em 
relação à taxa de filtração, que pode ser filtração lenta ou filtração 
rápida.
117
Figura 3.2 | Esquema vertical de um filtro com escoamento descendente
Fonte: adaptada de Di Bernardo (1993, p.570).
De acordo com Heller (2010), o processo de filtração lenta ocorre, como o 
próprio nome diz, de forma lenta (com taxas de filtração de 3 a 6 m³/m²/dia). 
Assim, para a escolha desse tipo de filtro, são necessárias pequenas vazões a 
serem tratadas, ou grandes áreas (para que a etapa trate grandes volumes). 
Tais fatos podem inviabilizar a sua escolha, contudo, vale salientar que o 
filtro lento é uma tecnologia simples e muito eficaz em termos de tratamento 
de água (em comparação com os filtros de alta taxa).
Exemplificando
A taxa de filtração (T) pode ser definida como sendo igual à vazão (Q) 
dividida pela área total de filtração (A). Logo, se em uma ETA possui uma 
vazão de 5.000 m³/dia e uma área de filtração de 1.250 m², qual seria a 
taxa de filtração deste filtro?
5000 4,0 ³ / ²
1250
QT m m dia
A
= = = ´
Logo, esse filtro possui uma taxa de filtração de 4,0 ³ / ²m m dia´ .
Já os filtros de alta taxa, ou filtração rápida, possuem taxas de filtração 
entre 150 e 300 ³ / ²m m dia´ e, como podemos imaginar, são capazes de filtrar 
grandes volumes de água diariamente.
Durante o dia, ao decorrer de sua operação, os filtros vão retendo a sujeita 
acumulada provenientes da própria água tratada. Assim, é necessário que os 
filtros sejam lavados de tempos em tempos, geralmente algumas vezes ao dia, 
dependendo da vazão tratada). A lavagem dos filtros consiste em aplicar uma 
vazão de lavagem contrária à aplicação da água, por exemplo: se for um filtro 
118
ascendente, é aplicada uma vazão de lavagem em fluxo descendente. Essa 
água de lavagem fica armazenada em um canal de descarga e, assim, passa a 
ser possível limpar os filtros a partir do desprendimento da sujeira que ficou 
acumulada.
Apesar de retirar alguns agentes patogênicos na etapa da filtração, não 
podemos garantir que a água estará livre de todos. Por isso é necessário que 
ocorra a etapa de desinfecção.
• Desinfecção: A desinfecção é a etapa que garantirá a segurança 
sanitária da água, certificando que estará livre da ação de agentes 
patogênicos; o que a torna própria para o consumo humano. A desin-
feção, então, é a etapa de esterilização da água filtrada, podendo ser 
feita de alguns modos:
 – Adição de cloro: a desinfecção pode ocorrer por meio do processo 
de adição de formas de cloro, chamado de cloração. A cloração 
geralmente é utilizada em ETA, pois é um processo econômico e 
eficaz, tendo em vista que o cloro age como um poderoso oxidante 
e alvejante bactericida. O cloro adicionado pode ser adquirido 
em diversas formas: líquido (hipoclorito) ou gasoso (em cilin-
dros que possuem a forma gasosa e líquida). O cloro necessita de 
uma concentração e um tempo de contato mínimo com a água 
para agir. As concentrações pré-estabelecidas ao longo de toda a 
reservação e rede de distribuição devem ser mantidas. Esse cloro 
encontrado ao longo da rede é chamado de cloro residual e tem o 
objetivo de garantir os efeitos desinfetantes. 
 – Ozônio desinfetante: o ozônio também é outro elemento que 
pode ser utilizado como agente desinfetante nas estações de trata-
mento. Ele é um composto com poder oxidante maior que o cloro 
em si – sendo então mais eficaz. Além disso, necessita de um 
tempo de contato menor que o cloro, tornando a etapa de desin-
feção mais rápida. Porém, o custo de implantação dos sistemas de 
desinfecção utilizando o ozônio são mais caros que os utilizando 
o cloro, pois o ozônio é um material instável, o que dificulta seu 
armazenamento, devendo ser produzido no local.
Na grande maioria das estações de tratamento de águas brasileiras, a 
desinfeção é uma etapa obrigatória.
Etapas finais (fluoretação e correção de pH)
Todas as etapas que possuem a adição de algum produto químico neces-
sitam operar com uma faixa de pH ótimo, o que favorece a eficácia de suas 
119
reações químicas. Assim, muitas vezes, é necessária a adição de um composto 
para que seja atingido esse pH desejado, fase que chamamos de correção de 
pH. Usualmente é utilizada a cal para a correção de pH.
Além das etapas já citadas, a legislação brasileira impõe que sejam 
adicionadas às águas tratadas concentrações de flúor de até 1,5 mg/L (Brasil, 
2017). No caso a água de abastecimento, essa etapa é chamada de fluore-
tação. A adição de flúor se dá como forma preventiva ao aparecimento de 
cáries dentárias, tendo em vista que estudos comprovam a redução do apare-
cimento dessa moléstia em populações expostas a concentrações de flúor 
constantes, desde a infância até idades mais avançadas. Além disso, a medida 
beneficia todas as classes sociais, pois a água de abastecimento possui um 
alcance enorme nas cidades.
Outros tratamentos: membranas filtrantes
Além das etapas já citadas, atualmente encontramos algumas tecnologias 
mais avançadas em termos de tratamento de água, capazes de tratar águas 
com qualidade inferior, tornando-as próprias para o consumo humano. Uma 
dessas tecnologias é o uso de membranas filtrantes, que, diferentemente do 
uso de material particulado (como areia e pedregulhos), utiliza membranas 
que atuam como barreiras permitindo passagem de determinados compo-
nentes da água. 
Algumas membranas possuem uma tecnologia tão avançada que podem 
deixar passar somente alguns íons, tratamento este indicado para processos 
de dessalinização (para águas salgadas e salobras). As membranas, portanto, 
conseguem retirar praticamente todos os poluentes da água. Esse tipo de 
tratamento costuma ser aplicado no caso de poluentes mais difíceis de serem 
retirados no tratamento convencional, como os fármacos e os hormônios. 
Apesar de sua eficácia, trata-sede um tratamento caro, o que faz com que as 
membranas não sejam largamente utilizadas. É importante destacar, ainda, 
que seu uso é comum em processos sofisticados de filtração, como microfil-
tração, ultrafiltração, nanofiltração, osmose reversa, eletrodiálise e eletrodiá-
lise reversa e pervaporação.
Pesquise mais
Para aprofundar seus estudos em membranas filtrantes, acesse o 
seguinte livro em sua biblioteca virtual:
BITTENCOURT, C.; PAULA, M. A. S. de. Tratamento de água e efluentes: 
fundamentos do saneamento ambiental e gestão de recursos hídricos. 
São Paulo: Erica, 2014. p. 143-144.
120
Estações de tratamento de água (ETA): configurações
Aluno, você aprendeu até o momento o que ocorre nas principais 
etapas de tratamento de água para abastecimento. Devemos destacar nesse 
momento, que as etapas escolhidas para as ETA dependem de alguns fatores, 
como por exemplo, a qualidade da água bruta e qualidade da água a ser 
alcançada no fim do tratamento. Então, algumas das etapas serão incluídas 
nas ETA somente para aquelas águas nas quais haja a necessidade da mesma. 
Veja as principais etapas de tratamento de água no Quadro 3.2.
Quadro 3.2 | Etapas convencionais em uma Estação de Tratamento de Água (ETA)
Fonte: elaborado pela autora.
A ETA convencional ou clássica é aquela que possui o tratamento 
ocorrendo em tanques separados. Em uma ETA convencional (Figura 3.3), 
a filtração é inserida com o objetivo de remover as partículas residuais em 
suspensão, que por ventura não foram retidas nas fases de decantação/
flotação. Já as ETA chamadas de compactas são aquelas que possuem 
pequenas vazões a serem tratadas, por isso, geralmente são feitas de materiais 
metálicos, fibra de vidro ou polipropileno. As ETA compactas geralmente são 
vendidas para pequenos empreendimentos, como shoppings, hotéis, condo-
mínios, entre outros, e possuem o objetivo de tratar e armazenar água em 
pequenos compartimentos, podendo ser utilizadas para fins potáveis ou não.
121
Figura 3.3 | Esquema de ETA convencional
Fonte: adaptada de Heller (2010, p. 573).
Caro aluno, você aprendeu até o momento o que ocorre durante todo o 
sistema de abastecimento de água completo, inclusive o que acontece com a 
água durante as etapas de tratamento na ETA. A seguir, na próxima unidade, 
você aprenderá o que ocorre nas ETE, estações de tratamento de esgotos. Já 
é possível adiantar que os processos são um pouco diferentes.
Sem medo de errar
Já sabemos que a água captada na barragem Armando Ribeiro Gonçalves 
mesmo após o tratamento na ETA da cidade, ainda possui uma alta concen-
tração de ferro (1,5 mg/L). Assim, o seu relatório técnico para esse problema 
deve conter as seguintes informações:
A alta concentração do ferro tornará a água imprópria para ao consumo 
humano, pois o limite desse composto na água tem como valor máximo 
permitido 0,3 mg/L (na amostra foi encontrado 1,5 mg/L) pela PRC n° 5, de 
28 de setembro de 2017, Anexo XX, (Brasil, 2017).
Atualmente, a ETA possui as etapas de pré-tratamento, coagulação, flocu-
lação, flotação, filtração lenta e desinfecção por cloro. Foi notado um pequeno 
problema na etapa de coagulação: a sua mistura completa (no ressalto hidráu-
lico) está insuficiente à mistura. Então provavelmente o problema da ETA 
para tratar a presença de Ferro é esse: o ressalto hidráulico está insuficiente, 
ou ausência de uma etapa de aeração.
O Ferro (em forma de sais de ferro), tanto quanto o Manganês, geral-
mente são insolúveis na água quando há um pH adequado e presença de 
Oxigênio. Podemos encontrar algumas formas de Ferro dissolvido na água 
(sais ferrosos, que são solúveis), e o mesmo acontece para o Manganês, 
122
que configurarão uma cor avermelhada (no caso do Ferro) ou púrpura (no 
caso do Manganês). Esse fato acontece por causa da falta de Oxigênio no 
meio, e um pH mais ácido. Inclusive, é comum o fato de encontrarmos ferro 
dissolvido em algumas águas subterrâneas, pelos mesmos motivos (falta de 
oxigênio e pH mais ácido).
Para que ele volte à sua forma insolúvel, o Ferro e o Manganês necessi-
taram de mistura completa com o oxigênio presente na atmosfera e uma fase 
de correção de pH. Assim, deve ser implantado na ETA de Assú, um maior 
ressalto hidráulico na fase de coagulação, ou uma fase “extra” de aeração, o 
que irá facilitar a coagulação deste composto neste caso, pois ao entrar em 
contato com o oxigênio, os sais ferrosos tornam-se insolúveis novamente, 
então irão precipitar (e podem ser retirados ao descartarmos o fundo preci-
pitado). Então, outra mudança necessária seria a mudança da Flotação para 
uma etapa de Decantação, pois os sais insolúveis irão precipitar em conjunto 
com os outros flocos, e assim são de fácil retirada nessa fase.
Assim, a nova configuração para a ETA da cidade que atenda essa neces-
sidade de tratamento seria:
Pré-tratamento (com correção de pH) – Coagulação (com Aeração 
eficaz) – Floculação – Decantação – Filtração – Desinfecção.
Obs.: a inclusão da aeração no processo não exclui a necessidade das 
outras fases (floculação, decantação, filtração e desinfecção). Já que a ETA da 
cidade não tratará apenas as águas provenientes da fábrica de cerâmica, além 
do ferro haverá vários outros parâmetros a ser tratados.
Os limites de concentração deste poluente (Materiais Ferrosos) são de 0,3 
mg/L, pela PRC n° 5, de 28 de setembro de 2017, Anexo XX, (Brasil, 2017). E 
para atingir padrões de potabilidade de água para o abastecimento, a concen-
tração deste poluente deve ser menor que 0,3 mg/L.
Avançando na prática
Escolha do sistema de filtração em uma Estação 
de Tratamento de Água
Imagine que você é o engenheiro de projetos em uma empresa de 
engenharia que está elaborando o projeto de uma ETA na cidade de 
Petrópolis, localizada no Rio de Janeiro. A Estação de Tratamento de Água 
será implantada em uma área pequena, de aproximadamente 18.000 m² ao 
123
total. Você será o responsável pela escolha do sistema de filtração da ETA, 
que precisará filtrar uma vazão de 120.000 m³/dia. Além dos tanques de 
filtração, a ETA terá ainda as etapas de pré-tratamento, coagulação, decan-
tação e desinfecção. Assim, qual será o sistema de filtração implantado capaz 
de atender essas condições?
Resolução da situação-problema
A taxa de filtração se dá pela divisão da vazão a ser tratada pela área de 
implantação. No problema, sabemos que a ETA tem uma área total de 18.000 
m² e uma vazão de 120.000 m³/dia a ser tratada. Então, primeiramente vamos 
descobrir qual a área necessária ao filtro se aplicarmos as taxas de filtração de 
filtros lentos e de alta taxa:
1. Filtro Lento (adotando a taxa de 6 ³ / ²m m dia´ - situação que demanda 
a menor área de implantação):
Q QT A
A T
= ® =
120000 20000 ²
6
QA m
T
= = =
2. Filtro Rápido (adotando a taxa de 150 ³ / ²m m dia´ - situação que 
demanda uma maior área de implantação):
120000 800 ²
150
A m= =
Assim, se observarmos a área necessária para a implantação de uma 
filtração lenta (20.000 m²), esta seria maior que a própria ETA (que só tem 
disponível 18.000 m²). Então, a solução é adotar a filtração rápida, que no 
caso pode ter no máximo 800 m².
Faça valer a pena
1.
As estações de tratamento de água (ETAs) da Sabesp 
funcionam como verdadeiras fábricas para produzir água 
potável. Das 240 estações: 28 abastecem a Região Metro-
politana de São Paulo, e as outras 212 fornecem água aos 
municípios do interior e litoral do Estado. Atualmente, 
são tratados até 119 mil litros de água por segundo. É um 
número bem expressivo, mas que ainda pode aumentar. 
Projetos de extensão e melhorias dos sistemas de abaste-
124
cimento estão em andamento. O processo convencional 
de tratamento de água é dividido em fases. Em cada uma 
delas existe um rígido controle de dosagem de produtos 
químicos e acompanhamento dos padrões de qualidade. 
(SABESP, 2019, [s.p.]).
Sobre as Estações de Tratamento de Água, assinale a alternativa correta.
a. Nunca poderemos adotar em uma ETA somente as etapas decloração e 
fluoretação, pois independente da qualidade da água ser ótima, a etapa de 
coagulação é obrigatória.
b. A etapa de filtração é aquela à qual adicionamos o cloro gasoso para a desin-
fecção. Caso se trate de cloro líquido, podemos adicioná-lo só na etapa de 
desinfecção.
c. Um dos principais fatores levados em conta na escolha das etapas de trata-
mento em uma ETA é a qualidade da água bruta, por isso podemos dispensar 
algumas etapas de tratamento. 
d. Algumas análises realizadas na água bruta são fundamentais para a escolha 
da configuração da ETA, exceto pH, cor e turbidez, que podem ser realizadas 
esporadicamente.
e. A desinfecção é uma etapa essencial na ETA, sendo obrigatória em pratica-
mente todos os casos, é a etapa que torna a água livre de patogênicos pela 
adição de Cal.
2. A Estação de Tratamento de Água (ETA) de Valinhos, em São Paulo, adotou em 
seu sistema operacional um sistema de filtração lenta. A ETA possui uma área dispo-
nível para a filtração de 12.000 m² (área disponível para os filtros).
Assinale a alternativa abaixo que indica a vazão máxima que essa ETA pode tratar 
nessas condições.
a. 2.000 m³/dia.
b. 14.000 m³/dia.
c. 36.000 m³/dia.
d. 72.000 m³/dia.
e. 120.000 m³/dia.
125
3. As Estações de Tratamento de Água (ETA) transformam as águas brutas em águas 
tratadas e, assim, próprias para o consumo humano. Dentro da ETA existem várias 
operações que possuem objetivos diferentes.
Com relação às operações existentes em uma Estação de Tratamento de Água, 
complete as lacunas a seguir:
As operações de uma ETA clássica (completa) começam com o ____________, 
que consiste na retirada de material grosseiro e flutuante que tenha sido captado 
em mistura com as águas brutas. Depois é adicionado o ____________, que tem a 
função de juntar o material espalhado, formando flocos, que serão retirados na etapa 
seguinte que ocorre no tanque chamado de ____________. Depois a água ainda 
passará pelo processo de ____________, que diminui consideravelmente a turbidez 
e alguns dos patológicos. Contudo, a água só ficará livre totalmente dos patológicos 
com a ____________. Finalmente, a água receberá o ____________, que é obriga-
tório na legislação brasileira, com a finalidade de tratar doenças dentárias.
Assinale a alternativa que completa as lacunas corretamente:
a. medição de vazão e pré-tratamento / alcalinizantes / filtro / desinfecção / 
decantador / flúor.
b. pré-tratamento / coagulantes / decantador / filtração / desinfecção / flúor.
c. pré-tratamento / alcalinizantes / decantador / desinfecção / correção de pH 
/ cloro.
d. pré-tratamento / coagulantes / decantador / filtração / desinfecção / cloro.
e. medidor de vazão / alcalinizantes / filtro / correção de pH / desinfecção / 
flúor.
126
Seção 2
Tratamento de Esgotos
Diálogo aberto
Prezado aluno, ao longo deste livro você aprendeu (dentre outros 
assuntos) como funcionam os sistemas completos de abastecimento de água, 
inclusive, o funcionamento das Estações de Tratamento de Água (ETA). A 
seguir, nesta seção, nós iremos aprender como funcionam os sistemas de 
coleta e tratamento de esgotos.
O que acontecem com nossos dejetos após acionarmos as “descargas” 
dos nossos banheiros? Nesta seção, iremos assimilar todo o trajeto que nosso 
esgoto faz – desde a nossa casa até as famosas Estações de Tratamento de 
Esgotos (ETE). Veremos também quais são as etapas de tratamento dentro 
das ETE. Vale frisar: sim, as etapas de tratamento de esgotos são diferentes 
das etapas de tratamento de águas, bem como os parâmetros de qualidade da 
água que utilizamos para a caracterização dos esgotos.
Lembrando que você é o engenheiro civil de uma empresa responsável 
pelas questões de saneamento da cidade de Assú, localizada no interior 
do Rio Grande do Norte. A prefeitura o notificou sobre outro problema: a 
comunidade da COHAB localizada próxima à Estação de Tratamento de 
Esgoto de Assú relata que o mau cheiro exalado nas redondezas está insupor-
tável (veja o mapa da de localização na Figura 3.4). A ETE de Assú possui 
dentre as etapas de tratamento:
• Pré-tratamento.
• Decantador primário.
• Reator uasb.
• Decantador secundário.
• Despejo de efluente no corpo receptor.
A ETE está localizada em um espaço grande que pode ser adaptado para 
construções de novos reatores. Escolha uma sequência de tratamento com uma 
possível adaptação do tratamento existente ou aponte uma nova configuração 
que cesse (ou diminua) o mau cheiro que vem incomodando os moradores da 
comunidade da COHAB. Fundamente a importância e a eficácia teórica da 
configuração escolhida, indicando-a para a adaptação da ETE em um esquema, 
e aponte onde ficariam os novos reatores – se for o caso.
127
Figura 3.4 | Mapa da localização da comunidade e da ETE
Fonte: elaborada pela autora.
Com o nosso conhecimento prévio, sabemos que a coleta e o tratamento de 
esgoto de um centro urbano são muito importantes, não só como prevenção de 
doenças, mas também como influência indireta no desenvolvimento de uma 
comunidade (conforme aprendemos na Unidade 1 deste livro).
Bons estudos!
Não pode faltar
Os sistemas de abastecimento funcionam basicamente retirando a água 
de seus cursos, tratando as águas brutas em ETA, fazendo, assim, com que 
cheguem às residências da população. Podemos dizer então, que os sistemas 
de coleta de esgoto funcionam basicamente em um sistema “contrário”: 
coletando os dejetos produzidos nas residências, tratando os esgotos em 
ETE, e devolvendo os esgotos tratados para os cursos d’água (que preferen-
cialmente deverão ser diferentes dos cursos d’água de captação de água para 
abastecimento). Em saneamento, os cursos d’águas que recebem os esgotos 
tratados são chamados de corpos receptores.
Assimile
É fundamental assimilar algumas nomenclaturas que iremos utilizar no 
decorrer desta seção. Chamaremos de águas servidas (ou águas residu-
árias) o esgoto coletado das residências domésticas (ou outros pontos 
produtores de esgoto, como comércio, shoppings, indústrias).
Denominaremos as águas servidas que estão chegando nas estações de 
tratamento de esgotos (ETE) pelas redes coletoras de esgoto. Por fim, 
efluentes é a nomenclatura dada aos esgotos tratados (águas servidas 
tratadas), ou seja, é o esgoto tratado que saiu da ETE.
128
Observação: No saneamento, também é comum a equivalência dos termos 
esgotos e efluentes, sendo utilizado como sinônimos. Na nossa abordagem, 
entretanto, chamaremos de efluentes somente o esgoto tratado.
Assim, os sistemas de abastecimento de água, coleta e tratamento de 
esgoto se completam, funcionando em um grande e complexo conjunto de 
operações. Podemos observar que, nesses sistemas, a água pode ser “uma 
só”, e esse fato traz uma preocupação ainda maior a essa conjuntura: deve-se 
garantir a eficiência de todos os processos. Analise a Figura 3.5 a seguir:
Figura 3.5 | Esquema geral de um sistema de abastecimento de água e coleta e tratamento de 
esgoto.
Fonte: elaborada pela autora.
Sistema de Esgotamento Sanitário
Os sistemas de coleta e tratamento de esgoto (também chamado de 
Sistema de Esgotamento Sanitário) podem ser definidos como uma série 
de obras, equipamento e instalações, em um conjunto de operações que 
possuem a finalidade de coletar e tratar os esgotos, levando-os – após o trata-
mento – para uma destinação correta.
Esse sistema começa a funcionar a partir do momento em que os esgotos 
são formados, sejam nas residências, comércios, indústrias, ou qualquer 
outra atividade geradora. No âmbito das nossas casas, as águas servidas são 
aquelas que provêm de atividades relacionadas ao uso das águas potáveis: 
129
provenientes dos banhos, lavagens de roupas, cozimento de alimentos, 
descargas dos vasos sanitários e pias em geral. Os esgotos provenientes das 
residências são chamados de esgotos domésticos.
Já as atividades industriais produzem os denominados esgotos industriais. Cada 
esgoto industrial é diferente, pois cada atividade (e seus processosindustriais) diferem 
entre si. Por exemplo, a indústria de bebidas produz um esgoto muito diferente do 
produzido a partir de uma indústria do setor de galvanoplastia, seja em termos de 
quantidade produzida ou em relação aos elementos químicos contidos nesse esgoto.
É importante frisar que o esgoto doméstico é diferente do industrial e 
é importante fazer essa diferenciação. Igualmente às etapas de tratamento 
escolhidas em uma estação de tratamento de água, as etapas de tratamento de 
esgoto a serem escolhidas na ETE dependem exclusivamente das caracterís-
ticas que irão tratar (seja na quantidade ou nos seus compostos).
Posto isso, vejamos qual o caminho que o esgoto percorre observando a 
Figura 3.6. Ao ser produzido, o esgoto doméstico é coletado por meio de uma 
série de instalações e tubulações nas residências, chamada de ligação domici-
liar. A rede coletora, os coletores-tronco e a tubulação, chamada de interceptor 
(Figura 3.6), reúnem os esgotos das residências em uma série de ramais e 
tubulações com maiores diâmetros, que levam os esgotos sanitários às ETE.
Assim como os sistemas de abastecimento de água, muitas vezes os sistemas 
de esgotamento sanitário utilizam-se preferencialmente da ação da força da 
gravidade para levar os esgotos sanitários às estações de tratamento. Caso não 
seja possível utilizar a força gravitacional em determinados locais (ou partes do 
sistema), são utilizas estações elevatórias para bombear esse esgoto, que, muitas 
vezes, atuam indiretamente no desentupimento da rede coletora.
Figura 3.6 | Sistemas urbanos de coleta de esgoto
Fonte: http://site.sabesp.com.br/UserFiles/redes_gde.jpg. Acesso em: 22 ago. 2019.
http://site.sabesp.com.br/UserFiles/redes_gde.jpg
130
Pesquise mais
Para entender como funciona o projeto e o dimensionamento dos 
sistemas de coleta de esgoto acesse o livro indicado a seguir na sua 
biblioteca virtual:
SHAMMAS, N. K.; WANG, L. K. Abastecimento de água e remoção 
de resíduos. Tradução de Luiz Claudio de Queiroz Faria. 3. ed. Rio de 
Janeiro: LTC, 2018. p. 471-486
Estações de tratamento de efluentes (ETE): etapas do tratamento
Ao chegar às estações de tratamento, os esgotos sanitários (esgotos 
brutos) passarão por uma série de operações, semelhante as dos sistemas de 
abastecimento de água. O tratamento possui a finalidade de cumprir uma 
série de exigências, no sentido de atender aos padrões de qualidade da água 
para o lançamento de efluentes (esgotos tratados) nos corpos receptores.
De acordo com a resolução n°430 do Ministério do Meio Ambiente 
(CONAMA, 2011, p.1), que é a resolução que dá as diretrizes em relação aos 
padrões de qualidade na emissão dos efluentes:
Art. 3o Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente 
poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores 
após o devido tratamento e desde que obedeçam às condi-
ções, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em 
outras normas aplicáveis.
Parágrafo único. O órgão ambiental competente poderá, a 
qualquer momento, mediante fundamentação técnica: I - 
acrescentar outras condições e padrões para o lançamento 
de efluentes, ou torná-los mais restritivos, tendo em vista 
as condições do corpo receptor; ou
II - exigir tecnologia ambientalmente adequada e economi-
camente viável para o tratamento dos efluentes, compa-
tível com as condições do respectivo corpo receptor.
Ademais, a referida norma ainda indica quais são esses padrões de quali-
dade a serem atendidos. Esses padrões variam de acordo com as classes nas 
quais os corpos receptores estiverem enquadrados. Os efluentes lançados 
jamais devem possuir uma qualidade inferior à encontrada nos corpos 
receptores, apresentando, no mínimo, uma qualidade equivalente.
131
Reflita
Nos estudos do sistema de abastecimento de água, você aprendeu 
que pelo menos 2 parâmetros de qualidade são fundamentais para o 
monitoramento da eficiência do sistema: pH e turbidez. Para os sistemas 
de esgotamento sanitários, alguns outros parâmetros são bastante utili-
zados com essa mesma finalidade: verificação rápida da eficiência do 
tratamento. Nesse caso, quais seriam esses parâmetros de qualidade? 
Lembre-se de que o esgoto possui outros compostos a serem monito-
rados dentro do tratamento, como a presença de matéria orgânica e 
nutrientes.
Vejamos as principais etapas de tratamento de esgotos, começando pelo 
tratamento preliminar (ou pré-tratamento), passando pelo primário e 
finalizando pelos chamados tratamentos secundários e terciários.
Tratamento Preliminar
Atualmente, existem diversas tecnologias de tratamento de esgotos 
sanitários. A primeira etapa é denominada tratamento preliminar e é consti-
tuída, basicamente, por grades e desarenadores. Similar ao tratamento de 
água para abastecimento, essa é a primeira fase no tratamento de efluentes e 
tem como objetivo a remoção de sólidos grosseiros (como papéis, plásticos, 
fios de cabelo, entre outros) e sólidos em suspensão (como areia).
Tratamento Primário
O tratamento primário nas ETE é a etapa que utiliza os decantadores 
primários para a retirada de sólidos em suspensão que não foram retirados 
no tratamento preliminar. Os decantadores primários se utilizam de uma 
velocidade de escoamento baixa e, assim, por densidade, os sólidos em 
suspensão decantam, enquanto que os óleos e graxas (menos densos que a 
água) sobem para superfície, de onde serão retirados.
Tratamento Secundário.
Enquanto o tratamento primário utiliza processos físico-químicos para 
a retirada de compostos indesejados dos afluentes, o tratamento secundário 
pode ser entendido como a utilização de processos biológicos utilizados com 
a mesma finalidade. Ou seja, o processo de tratamento secundário dispõe 
da ação de microrganismos para a remoção da matéria orgânica (M.O.), que 
também é um composto indesejado aos efluentes. A estabilização/remoção 
da matéria orgânica (em conjunto com a redução da DBO, DQO) é feita por 
reações realizadas pelos microrganismos – aeróbios ou anaeróbios – análogas 
aos processos que ocorrem durante a autodepuração dos corpos hídricos. O 
132
tratamento secundário pode ser feito por meio de diversos processos, em 
tanques chamados de reatores biológicos. Vejamos quais são os principais:
• Lagoas de Estabilização: apresentam uma configuração simplificada 
para os tratamentos de esgoto, armazenando-o em lagoas de dimen-
sões (e principalmente profundidades) pré-determinadas. Ao longo 
de um tempo, também pré-determinado, os processos naturais de 
remoção/estabilização da M.O. ocorrem. Temos diversos tipos de 
lagoas, como a facultativa; a anaeróbia; a aerada facultativa e a de 
maturação.
a. Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Manta de Lodo (UASB 
ou DAFA): é um tipo de reator biológico que fornece condições 
de tratamento pela ação de bactérias anaeróbias. Por esse motivo, 
tanques que não possuem oxigênio e as bactérias formam um manto 
de lodo, que tratarão o esgoto. Nesse processo é produzido um gás 
malcheiroso (por ser um processo anaeróbio), devido à presença de 
compostos sulfídricos, que deverá ser coletado por canaletas próprias 
para esse fim. Além disso, o gás pode ser aproveitado como biogás.
b. Lodos Ativados: os sistemas de lodos ativados podem ser divididos 
em convencional e de aeração prolongada, e basicamente os dois tipos 
atuam na remoção de M.O. por meio da ação de microrganismos 
aeróbios presentes no tanque. Por serem aeróbios, os microrganismos 
necessitam de oxigênio – por isso possuem tanques aerados mecani-
camente – e seus microrganismos vão se multiplicando no tanque. 
Em geral, quanto maior a concentração de bactérias acumuladas no 
tanque, maior é seu poder de tratamento.
Assimile
Lodo
Denomina-se de “lodo” gerado em uma ETE todas as impurezas decan-
tadas, provenientes do próprio tratamento nos processos diversos. De 
tempos em tempos, esse lodo deverá ser retirado do tanque, onde será 
tratado em etapas de tratamento específicas e, assim, levado a sua 
destinação final.
É denominada de “lodo biológico”a massa de microrganismos (massa 
microbiana) resultante dos processos de tratamento de esgotos sanitários.
Tratamento Terciário
O tratamento terciário é um tipo de tratamento mais sofisticado que tem 
como objetivo a remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo, que por ventura 
133
não tenham sidos removidos no tratamento secundário) e a desinfecção do 
efluente (para casos de reúso de efluentes). Você irá aprender um pouco mais 
sobre o tratamento terciário na próxima seção.
Estações de tratamento de efluentes (ETE): configurações usuais
Como já citado, a configuração da ETE dependerá do nível de tratamento 
requerido, levando em consideração os parâmetros de qualidade do esgoto 
produzido (a ser tratado) e a qualidade (classe) do corpo receptor do efluente 
tratado. Assim, é comum a adaptação das etapas de tratamento de acordo 
com essas duas características básicas, por exemplo: se não são necessárias 
etapas de tratamento terciário, elas não serão implantadas no sistema, barate-
ando os custos de operação e manutenção da ETE.
Figura 3.6 | Configuração usual em uma ETE que utiliza pré-tratamento, lagoa aerada de mistura 
completa e lagoa de decantação
Fonte: elaborada pela autora.
Pesquise mais
Para assimilar as configurações dos tanques de tratamento mais usuais 
nas ETE, acesse a biblioteca virtual e consulte o livro indicado a seguir:
PHILIPPI JR. A (ed.). Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para 
um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005. (Coleção 
Ambiental). p.204-217.
Sistema de tratamentos de esgotos individuais: dimensionamento de 
fossas sépticas
Se formos analisar as condições da instalação de um sistema de coleta em 
esgoto para populações que vivem muito distantes de centros urbanos, logo 
chegaremos à conclusão de que essa instalação não é viável. Então, qual a 
solução para pequenas contribuições de águas servidas para uma população 
que vive nessa situação?
Para esses cenários (ou em casos em que não há um sistema de esgota-
mento sanitário na comunidade), a melhor solução para que não haja a 
contaminação do solo (ou do lençol freático) é adotar a construção de um 
tanque séptico. Esse recurso pode ser considerado um sistema individual de 
tratamento de esgoto, pois atua como um tratamento biológico anaeróbio: 
134
suas bactérias atuam na remoção de parte da M.O. Diante disso, o dimensio-
namento dos tanques sépticos (ou fossas sépticas) se torna uma alternativa 
importante. No Brasil, a NBR 7.229/1997 dita seu dimensionamento, que se 
dá por:
1000 ( )V N C T K Lf= + ´ + ´
Onde:
V = volume útil (litros).
N = número de pessoas atendidas (ou unidades de contribuição).
C = contribuição de despejos (em /L pessoa dia´ , conforme Tabela 1, da 
NBR 7.229/1993).
T = período de detenção (em dias, conforme Tabela 2 da NBR 7.229/1997).
K = taxa de lodo digerido acumulado (em dias), equivalente ao lodo 
acumulado (conforme Tabela 3, da NBR 7.229/1997).
Lf = contribuição de lodo fresco (em /L pessoa dia´ ).
Onde a construção dos tanques sépticos pode possuir diversos formatos: 
prismáticos ou circulares, conforme referida norma.
Pesquise mais
Para assimilar as tabelas citadas que fazem parte da NBR 7.299/1997, 
incluindo também como são escolhidos e dimensionados os formatos 
dos tanques sépticos, acesse nossa biblioteca virtual e consulte: 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7.229: Projetos, 
construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro, 
1997. p. 3-14.
Exemplificando
Qual é o volume útil de um tanque séptico para uma família de 5 
pessoas, vivendo em clima quente (T>20 °C), com uma contribuição de 
despejos de 130 /L pessoa dia´ , Lf = 1,0; T = 1,0; intervalo de limpeza 
de 1 ano, k = 57.
1000 ( )V N C T K Lf= + ´ + ´
1000 5(130 1,0 57 1,0)V = + ´ + ´
1935 2,0 ³V L m= »
135
Como você viu no decorrer desta seção, o sistema de esgotamento 
sanitário é essencial para a manutenção da saúde da população. Essa complexa 
série de etapas deverá ocorrer de forma eficiente e apropriada, de acordo 
com o esgoto produzido. Dentro desse cenário, como poderíamos reutilizar 
de algum modo as águas servidas? A seguir, neste livro, vamos aprender os 
pré-requisitos necessários ao reúso de água.
Sem medo de errar
Analisando as questões da ETE de Assú, como engenheiro de uma 
empresa, você observou que, dentre as etapas de tratamento, há um reator 
UASB – tratamento secundário anaeróbio. O reator USAB foi escolhido para 
a ETE devido a sua alta capacidade de tratamento, principalmente em relação 
à remoção de matéria orgânica, que é uma característica do esgoto produzido 
em Assú. Como a ETE está localizada em um espaço grande, que pode ser 
adaptado para construções de novos reatores (conforme a Figura 3.4), você 
começou a verificar algumas opções para solucionar a questão do mau cheiro 
que incomoda a comunidade local.
Primeiramente, relembrando que se trata de um reator USAB, o Reator 
Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Manta de Lodo (UASB ou DAFA) é 
um tipo de reator biológico que fornece condições de tratamento pela ação 
de bactérias anaeróbias, classificado como um tratamento secundário. Esse 
procedimento produz um gás malcheiroso (por ser um processo anaeróbio), 
que deverá ser coletado por meio de canaletas próprias para esse fim, além 
disso, o gás pode ser aproveitado como biogás.
Você entrou em contato com outras Estações de Tratamento de Esgoto 
(ETE) que também utilizam um reator UASB e descobriu que, apesar de 
ser um dos reatores que possui um do tratamento de esgoto eficaz; o UASB 
possui alguns problemas em relação ao gerenciamento de emissão de gases – 
justamente o que vem incomodando a comunidade que vive próxima à ETE. 
Assim, em parceria com a prefeitura, você sugeriu a mudança de reator 
UASB para um Reator de Lodos Ativados de aeração prolongada (que possui 
como característica diminuição de mau cheiro produzido) e a transformação 
do decantador primário em decantador secundário (os sistemas de lodos 
ativados de aeração prolongadas não necessitam de um decantador primário 
em seu sistema). Relembrando também que os lodos ativados são os sistemas 
que atuam na remoção de matéria orgânica por meio da ação de micror-
ganismos aeróbios presentes no tanque. Por serem aeróbios, os microrga-
nismos necessitam de oxigênio.
136
Assim, a sequência de tratamento com a nova configuração, objetivando 
cessar o mau cheiro que vem incomodando os moradores da comunidade da 
COHAB, pode ser (Figura 3.7):
Figura 3.7 | Nova configuração da ETE de Assú/RN
Fonte: elaborada pela autora.
Desta forma, a ETE reutilizará seu decantador primário, transforman-
do-o em decantador secundário e precisará construir o reator de Lodos 
Ativados. Assim, a ETE cessará seus problemas com o mau cheiro exalado.
Avançando na prática
Dimensionamento de Fossa Séptica
Como engenheiro da sua família, você foi procurado pela sua tia para 
projetar uma fossa séptica. A fossa ficará em uma casa de praia que acomoda 
até 10 pessoas em um grande terreno. O local é utilizado poucas vezes por 
ano e está situado no litoral do Paraná (temperatura de 10°C a 20°C nos 
meses frios). O consumo de água é de 160 L/pessoa x dia, Lf = 1. Por ser uma 
casa frequentada poucas vezes ao ano, sua tia pediu que o intervalo entre as 
limpezas da fossa seja de 5 anos. O tanque deverá ter forma prismática, uma 
profundidade de 1,5 m e uma proporção comprimento/largura de 2:1 a 4:1.
Resolução da situação-problema
Para o dimensionamento de tanques sépticos, de acordo com a NBR 
7.229/1997, temos que:
1000 ( )V N C T K Lf= + ´ + ´
A contribuição diária se dará por todas as pessoas da casa, sendo igual a 
160 (contribuição de uma pessoa) vezes 10 (número total de pessoas), que 
é igual a 1.600 L/dia. Pela Tabela 2 da referida norma e com a contribuição 
diária neste caso, o Tempo de Detenção T = 0,92. E pela Tabela 3 desta mesma 
137
norma, o valor de K (de acordo com a temperatura ambiente no mês mais 
frio e intervalo de limpezade 5 anos) é de 225. Logo:
1000 10(160 0,92 225 1)V = + ´ + ´
4722V L=
4,8 ³V m»
O volume de um prisma é igual a:
V h b c= ´ ´
Já sabemos que a profundidade do tanque é de h = 1,5 m. Adotando uma 
proporção comprimento/largura (b/c) de aproximadamente 2:1, temos:
4,8 1,5 b c= ´ ´
3,2b c´ =
1,25b m=
2,56c m=
Logo as dimensões do tanque projetado, para atender essa demanda são: 
1,5 m de profundidade, 1,25 m de largura e 2,56 m de comprimento.
Faça valer a pena
1. O tratamento de esgotos é um dos grandes pilares do saneamento. O sistema de 
esgotamento sanitário possui diversas operações, como: coleta, tratamento de águas 
servidas e correta destinação final. Dentro do tratamento, temos uma série de tanques 
e reatores que, juntos, farão o tratamento dos efluentes produzidos.
Sobre o tratamento de esgotos e suas operações, assinale a alternativa correta.
a. A remoção dos microrganismos patogênicos se dá apenas durante o trata-
mento terciário.
b. A remoção da areia e de outros sólidos em suspensão se dá somente no 
pré-tratamento.
c. O tratamento de lodo que foi produzido se dá sempre após o tratamento terci-
ário.
d. No tratamento secundário, a ação dos microrganismos remove a matéria 
orgânica.
e. No tratamento primário, ocorre a remoção de lodo juntamente com os metais 
pesados.
138
2. Sobre os sistemas de esgotamento sanitário, analise as afirmações a seguir:
I. A utilização de estações elevatórias na coleta de esgoto serve para bombear 
o esgoto e evitar pequenos entupimentos na rede, sendo muito comum nos 
centros urbanos.
II. O tratamento primário é o responsável pela remoção de sólidos grosseiros 
(pelas grades) e areia (desarenador). Trata-se de uma fase obrigatória nos 
sistemas de tratamento de esgoto.
III. O tratamento de esgoto domiciliar unitário por meio do uso de tanques 
sépticos é uma forma de evitar a contaminação do lençol freático, utilizando 
premissas de um tratamento anaeróbio.
Assinale a alternativa a seguir que apresenta somente as afirmações corretas.
a. I, somente.
b. II, somente.
c. I e II, somente.
d. I e III, somente.
e. I, II e III.
3. O tratamento de esgoto pode ser dividido em algumas etapas, escolhidas a partir 
das características que o próprio esgoto possui.
De acordo com as informações apresentadas na tabela a seguir, faça à associação dos 
conceitos apresentados na coluna A com suas respectivas descrições na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
I. Pré-tratamento
1. Dispõe da ação de microrganismos para a remoção da ma-
téria orgânica, que é feita de forma análoga aos processos 
que ocorrem durante a autodepuração dos corpos hídricos.
II. Tratamento 
primário
2. Tem como objetivo a remoção de nutrientes (nitrogênio 
e fósforo, que por ventura ainda não tenham sidos remo-
vidos no tratamento anterior), e a desinfecção do efluente 
(para casos de reúso de efluentes).
III. Tratamento 
secundário
3. É constituído basicamente das grades e desarenadores e 
tem como objetivo a remoção de sólidos grosseiros (como 
papéis, plásticos, fios de cabelo, entre outros) e sólidos em 
suspensão (como areia).
139
IV. Tratamento 
terciário
4. Utiliza decantadores para a retirada de sólidos em 
suspensão. Os decantadores dessa fase utilizam veloci-
dade de escoamento baixa. Por densidade, os sólidos em 
suspensão decantam, enquanto os óleos e graxas sobem 
para superfície, de onde serão retirados.
Assinale a alternativa que apresenta a associação correta entre colunas.
a. I-3; II-4; III-1; IV-2. 
b. I-3; II-1; III-4; IV-2.
c. I-4; II-3; III-2; IV-1.
d. I-4; II-3; III-1; IV-2.
e. I-3; II-4; III-2; IV-1.
140
Seção 3
Reúso da água
Diálogo aberto
Caro aluno, até agora você aprendeu como funcionam todos os 
mecanismos de um sistema de abastecimento de água potável, coleta e 
tratamento de esgotos. No decorrer desta unidade, você assimilou todas as 
fases do caminho que a água percorre em uma comunidade. A Figura 3.8 
demonstra esse percurso.
Figura 3.8 | Caminho que a água percorre em uma comunidade
Fonte: elaborada pela autora.
Após tanta informação, você pode estar pensando: como podemos 
melhorar o consumo de água em uma residência? E no âmbito de uma cidade 
grande, como podemos otimizar o consumo de água para que haja menos 
desperdício? Como reutilizar a água? Nesta seção você verá as características 
do reúso e como essa ação pode diminuir (e muito) as crises de abasteci-
mentos ao redor do planeta.
Vamos lembrar que a empresa de engenharia em que você trabalha está 
prestando uma consultoria para a prefeitura da cidade de Assú / RN. Os 
agricultores estão relatando que os custos da irrigação das plantações estão 
inviabilizando os plantios e, por esse emotivo, querem contratar uma nova 
consultoria na área de reúso da água. Em parceria com a prefeitura da cidade, 
141
eles buscam a aplicação do esgoto tratado na cidade para a irrigação na 
agricultura. Em um primeiro momento, estavam utilizando o esgoto bruto 
para a irrigação sem nenhum cuidado. 
Diante desse cenário, você, como engenheiro, deverá explicar os seguintes 
pontos aos agricultores:
• A forma como deve ser feita essa irrigação.
• As vantagens que o reúso da água pode trazer em termos de consci-
ência ambiental e economia de água.
• As legislações vigentes em relação ao reúso direto e indireto no Brasil.
• Os principais cuidados utilizados para o reúso em termos de proteção 
sanitária na produção dos alimentos.
Você está vendo como esse assunto é urgente na vida de muitas pessoas 
que enfrentam a escassez de água? A partir desta seção você será capaz de 
interferir nesse tipo de situação. Bons estudos!
Não pode faltar
Em um contexto em que os problemas relativos à escassez de água são 
cada vez mais comuns, o desenvolvimento de novas tecnologias de reapro-
veitamento se torna essencial. É na certeza de que precisamos de um desen-
volvimento sustentável, pensando sempre na preservação do meio ambiente, 
que temos a urgência de utilizar as técnicas de reúso da água.
Reúso
O chamado reúso, ou reaproveitamento, é um método de reutilização 
das águas servidas. Dependendo da finalidade para a qual será utilizada, 
essa água pode ser ou não tratada em uma ETA. A água de reúso pode ser 
aproveitada para fins menos nobres, que exigem uma menor qualidade (fins 
não potáveis), ou usos que exigem a potabilidade (fins potáveis).
A reutilização da água traz uma série de benefícios a uma comunidade, 
englobando desde esferas sociais e econômicas a esferas ambientais. Veja a 
seguir alguns desses benefícios:
• Diminuição dos volumes de esgotos (quando não há tratamentos 
em ETE) ou efluentes tratados (quando há tratamento via ETE) 
nos corpos receptores. Mesmo em casos em que há tratamento de 
efluentes, a diminuição dos volumes traz grandes benefícios aos 
142
corpos receptores. Mesmo passando por tratamentos, o despejo de 
efluentes pode piorar a qualidade do corpo receptor, alterando sua 
classe.
• Por consequência, há também a redução da utilização de águas 
potáveis. Esse fato aumenta a disponibilidade de águas potáveis para 
fins mais nobres, como o próprio abastecimento humano.
• Como resultado dos itens anteriores, também há uma menor 
captação de águas provenientes dos mananciais de abastecimento; o 
que melhora a preservação dos recursos hídricos.
• Em termos de benefícios econômicos, há uma redução dos custos de 
produção industrial, já que as águas de reúso são majoritariamente 
mais baratas que as águas oferecidas pelas concessionárias.
• Além disso, em termos de benefícios econômicos, podemos ter uma 
maior competitividade dos produtos brasileiros no mercado interna-
cional, por adequação a normas ambientais internacionais que, em 
muitos casos, são mais rigorosas que as normas ambientais brasileiras.
Assimile
O certificado ISO 14046, por exemplo, é um selo internacional que 
garante aos produtos os padrões de economia no consumo da água 
usada na sua fabricação (em toda sua cadeia produtiva). Geralmente, ele 
fica estampado no rótulo doproduto. O selo, portanto, é uma garantia 
de que houve economia de água em todo o processo de produção, além 
da obediência aos padrões de reutilização de águas industriais.
• No âmbito residencial, o reúso promove economia, devido à redução 
do consumo, e benefícios para a esfera social, estimulando novos 
padrões de consumo e a consciência ambiental da população.
• Melhoria da imagem de uma empresa/indústria junto aos consumi-
dores, bem como o surgimento de toda uma rede de novos fornece-
dores e equipamentos.
Como você pode notar, os benefícios em se utilizar o reúso da água são 
vários.
Aplicação da água de reúso
Observe a Figura 3.9 e veja onde podemos aplicar a água de reúso, seja em 
centros urbanos, em indústrias ou nas nossas próprias residências.
143
Assimile
Conforme aprendemos na Unidade 1, o Conselho Nacional do Meio 
Ambiente - CONAMA, em sua Resolução 357 (BRASIL, 2005), divide 
as águas em: doces, salinas e salobras. Além disso, na referida 
resolução, as águas são classificadas de acordo com seu uso, podendo 
ser enquadradas em classes especiais, 1, 2, 3 e 4. A classificação dos 
corpos hídricos se dá por meio do atendimento aos limites impostos 
aos diversos parâmetros de qualidade que a água deve ter. As classes 
especiais atendem a usos mais rigorosos (como consumo humano), e as 
classes 3 e 4 a usos menos rigorosos (usos não potáveis), por exemplo: 
para o parâmetro DBO: as águas doces de classe 1 devem possuir DBO 
máxima de 3 mg/L, já as de classe 2 devem possui DBO de até 5 mg/L, 
enquanto que as de classe 3 a DBO deve ser de até 10 mg/L.
Figura 3.9 | Algumas situações comuns na utilização da água de reúso
Reúso em centros urbanos:
• Irrigação de parques, jardins, chafarizes, fontes.
• Lavagem de quadras esportivas. 
• Lavagem de veículos.
• Reserva de incêndio.
• Construção civil.
• Recreação.
Reúso nas indústrias:
• Resfriamento de torres.
• Sistemas de ar condicionado.
• Lavagens em geral (sem contato com o produto).
– Limpeza de tubulações.
– Limpeza de pisos.
Reúso nas residências
• Reaproveitamento em vasos sanitários.
• Reaproveitamento para lavagens de pisos e garagens.
• Reaproveitamento para jardinagem.
• Reaproveitamento para lavagem de roupas (depende da 
água de reúso).
Fonte: adaptada de Shutterstock .
144
Parâmetros necessários para o reúso
Como você pôde ver, as utilizações das águas de reúso são diversas, mas 
não se aplicam a todas as situações. Existem algumas regras para o seu uso, 
que variam de acordo com a qualidade (nas classes nas quais estão inseridas) 
e o destino.
Nesse sentido, acompanhar as concentrações (se for o caso) de alguns 
parâmetros de qualidade da água será muito importante. Por exemplo, se 
pensarmos em utilizar a água proveniente de lavagens de roupas para lavagens 
de pisos, provavelmente não haverá grandes problemas. Se essa água, entre-
tanto, fosse proveniente de vasos sanitários, não haveria a possibilidade de 
reúso. Nesse caso, a presença de microrganismos patogênicos, o mau cheiro, 
entre outras características, inviabilizariam o reaproveitamento. Embora haja 
todos esses empecilhos, as águas provenientes dos vasos sanitários podem 
servir para alguns tipos de reúso, como é o caso da irrigação, com alguns 
cuidados na segurança do operador.
Nesse contexto, alguns parâmetros de qualidade da água devem ser obser-
vados antes de reutilizá-la. Em geral, são eles: o pH; a presença de micror-
ganismos (coliformes); a turbidez; a temperatura; a presença de matéria 
orgânica (DBO, DQO) e de nutrientes (nitrogênio e fósforo).
Reflita
Em linhas gerais, os esgotos domésticos se comportam de maneiras 
parecidas em relação às concentrações dos parâmetros de qualidade da 
água. Assim, quais seriam concentrações desses principais parâmetros? 
Será que em outros países esses dados são os mesmos?
Além disso, podemos prever o comportamento de alguns parâmetros de 
qualidade levando em consideração os usos das águas servidas. Podemos 
prever, por exemplo, que as concentrações dos parâmetros de qualidade em 
águas provenientes das diversas lavagens de roupas serão parecidas entre si. 
Então, de acordo com Otterpohl (2001) apud Bazzarella (2005), as classifica-
ções das águas contidas no esgoto sanitário domésticos serão:
• Águas cinzas: águas servidas em geral, exceto o esgoto proveniente 
dos vasos sanitários.
• Águas negras: esgoto proveniente dos vasos sanitários, contendo 
fezes, urina e papel higiênico.
• Águas amarelas: esgotos que contém somente a urina.
145
• Águas marrons: esgotos que contém somente as fezes.
Dessa maneira, essa classificação nos dá a opção de, rapidamente, identi-
ficar o comportamento dos parâmetros de qualidade que normalmente 
encontramos nos esgotos. Porém, lembre-se: essa classificação servirá para os 
esgotos domésticos, pois os esgotos industriais possuem características que 
variam de indústria para indústria, proveniente de propriedades intrínsecas 
aos seus processos de produção. Então, para utilizar os esgotos industriais 
para reúso, devemos realizar uma completa caracterização dos parâmetros 
de qualidade da água.
Figura 3.10 | Sistema de reaproveitamento das águas cinzas
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2e/Greywater_Recycling_Heat_Recovery_Syse-
tem_1.jpg. Acesso em: 22 ago. 2019.
Formas de Reúso
O reúso da água pode ser realizado de algumas formas, e sua classificação 
se dará de acordo com a potabilidade ou com a presença (ou não) de uma 
etapa de diluição. Em relação à potabilidade, o reúso pode ser classificado 
em reúso potável e reúso não potável. O último se refere aos usos que não 
necessitam da potabilidade da água para seus processos, mas a água, nesse 
caso, deve passar por tratamento em ETE. Trata-se de uma situação muito 
comum, como os seguintes casos:
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2e/Greywater_Recycling_Heat_Recovery_System_1.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2e/Greywater_Recycling_Heat_Recovery_System_1.jpg
146
• Irrigações em geral: de modo bem grosseiro, o reúso não potável do 
esgoto tratado pode se comportar como um verdadeiro “fertilizante” 
(salve alguns cuidados com a segurança do operador, como a utili-
zação de EPI), podendo ser utilizado na irrigação de cultura agrícola, 
plantas frutíferas, rega de jardins, campos de esportes, entre outros.
• Processos industriais: alguns processos não necessitam de água 
potável, como a refrigeração ou o aquecimento sem contato com o 
produto final, a utilização em caldeiras, lavagem de pisos e equipa-
mentos, entre outros.
• Dentro dos centros urbanos: atividades que não possuem contato 
direto com a população, como: descargas sanitárias, lavagem de 
automóveis, lavagem de ruas, fontes e lagoas ornamentais, entre outros.
• Outras ocasiões: recarga de aquíferos subterrâneos, manutenção de 
vazões, aquiculturas (criação de peixes, com certos cuidados).
Exemplificando
Você deve ter reparado que algumas das atividades que abrangem o 
reúso não potável, envolvem alguns cuidados, que se referem, majori-
tariamente à possibilidade de transmissão de algumas doenças por 
contato com essas águas. Assim, na prática, é importante destacar 
que os operadores das águas de reúso devem ter instruções básicas a 
respeito do manejo, bem como o uso correto de EPI para que não haja 
contato direto ou indireto (mesmo passando por tratamento em ETE). 
Além disso, em alguns casos, é necessário o cuidado com os equipa-
mentos que farão a distribuição das águas de reúso não potável, como 
tanque e tubulações, que devem ser destinados somente para esse uso 
e precisam ser devidamente identificados.
Reúso potável
Já o reúso potável, como o próprio nome diz, é uma forma em que suas 
águas serão utilizadas para fins potáveis (águas destinadas ao consumo 
humano). Pode ser realizado de duas formas: reúso potável direto ou reúso 
potável indireto.
• Reúso Potável Direto: acontece quando os esgotos domésticos serão 
tratados de forma avançada, em alguns casos emuma ETE e em 
seguida em uma ETA e, após esse tratamento avançado, as águas de 
reúso são levadas diretamente para o sistema de abastecimento de 
água potável. Resumidamente, a água de reúso direto são tratadas e 
147
encaminhadas diretamente ao sistema de abastecimento de água em 
um tratamento avançado, onde todos os parâmetros de potabilidade 
são atendidos.
• Reúso Potável Indireto: acontece quando os esgotos domésticos após 
tratados em ETE, são levados para um corpo receptor (que pode ser 
superficial ou subterrâneo) onde são diluídos. Se o reúso indireto 
potável ocorrer em uma situação prevista, então ele é chamado de 
reúso potável indireto planejado. Caso contrário, é denominado de 
reúso potável indireto não planejado.
Em muitos casos de reúso potável indireto, na diluição haverá um 
complemento do tratamento iniciado em ETE, por processos de autode-
puração e, assim, essas águas podem se tornar potáveis novamente. Após a 
etapa de diluição, essas águas serão captadas para o sistema de abastecimento 
de água (por isso esse processo se chama reúso indireto), onde pode haver ou 
não a necessidade de um tratamento em ETA para tornar a água potável. Veja 
a classificação das formas de reúso na Figura 3.11.
Figura 3.11 | Classificação das formas de reúso
Fonte: Rezende (2016, p. 11).
148
Panoramas nacionais e internacionais de reúso
Em um cenário em que a preservação dos nossos recursos hídricos é 
urgente, o reúso se torna primordial. Há uma tendência mundial do aumento 
da prática do reúso, e muitos locais no mundo já o utilizam como fonte 
potável. Há casos de reúso potável direto na literatura há pelo menos 40 
anos. Por exemplo, o reúso potável direto é adotado em algumas cidades dos 
Estados Unidos e África do Sul, como cita Hespanhol (2015).
No Brasil, ainda não possuímos uma legislação técnica especificamente 
voltada para o reúso direto no sistema de abastecimento humano, salvo caso 
de reúso direto não potável, disponibilizado pela Resolução n° 54 do Conselho 
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH, 2005), já que no país há certo precon-
ceito em relação a sua utilização para consumo humano. Além disso, a grande 
maioria das ETE não possui um grau de tratamento que atenda a todos os 
parâmetros de potabilidade que viabilize o reúso para consumo humano. Para 
os demais casos, comumente (quando é necessário), são adotados padrões 
internacionais de referência para o reúso – que é majoritariamente utilizado 
em empresas privadas. De acordo com Hespanhol (2015, p. 86):
Sistemas de reúso indireto não planejado e, na grande maioria 
das vezes, inconsistentes são praticados extensivamente 
no Brasil. Exemplos típicos são os lançamentos de esgotos 
(tratados ou não) e a coleta a jusante para tratamento e 
abastecimento público, praticados em cadeia, por diversos 
municípios, ao longo do Rio Tietê e do Rio Paraíba do Sul.
Ademais, é indispensável que o reúso seja normatizado no Brasil. As 
concessionárias devem desenvolver estudos, pesquisas e os critérios para a 
utilização do reúso a âmbito nacional.
Pesquise mais
Para complementar nossos estudos a respeito do reúso na esfera inter-
nacional, acesse a biblioteca virtual e consulte o livro:
MANCUSO, P. C. S.; SANTOS, H. F. dos (ed.). Reúso de Água. Barueri, SP: 
Manole, 2003
Caro aluno, após esta unidade, nós finalizamos mais uma etapa de conhe-
cimento na área do saneamento.
149
Sem medo de errar
Lembrando que como engenheiro de uma empresa, você deverá elaborar 
uma consultoria na área de reúso da água para os agricultores locais, que 
estavam se queixando do valor alto da água para irrigação. Na consultoria, 
você deverá explicar aos agricultores como deve ser feita essa irrigação com 
água de reúso, explicando a eles uma série de vantagens que essa prática 
pode trazer (eles estavam utilizando esgoto bruto sem maiores cuidados 
com a água de irrigação). Você deve explicar, também, quais são as legisla-
ções vigentes em relação ao reúso direto e indireto no Brasil, enfatizando os 
principais cuidados utilizados para o reúso em termos de proteção sanitária 
na produção dos alimentos.
Primeiramente, podemos citar as grandes vantagens de se utilizar o 
reúso, que são: redução dos volumes de esgotos (quando não há tratamentos 
em ETE) ou efluentes tratados (quando há tratamento via ETE) nos corpos 
receptores e redução da utilização de águas potáveis. Além disso, promove 
benefícios econômicos, pois há uma redução dos custos de irrigação, já que 
as águas de reúso são majoritariamente mais baratas que as águas oferecidas 
pelas concessionárias. Pode haver, ainda, uma maior competitividade dos 
produtos brasileiros no mercado internacional, por meio da adequação a 
normas ambientais internacionais, que, em muitos, casos são mais rigorosas 
que as brasileiras. É importante ressaltar, também, os benefícios sociais, pois 
há um melhoramento da imagem das empresas/indústrias junto aos consu-
midores, bem como o surgimento de toda uma rede de novos fornecedores 
e equipamentos.
De modo geral, o uso do esgoto tratado como reúso não potável pode 
se comportar como um verdadeiro “fertilizante” natural, então a cultura 
irrigada irá se beneficiar desses nutrientes contidos no efluente tratado. Por 
não necessitar de uma potabilidade de suas águas, esse tipo de reúso carac-
teriza-se como reúso não potável, e a água resultante pode ser utilizada na 
irrigação de culturas agrícolas, plantas frutíferas, entre outros.
Na consultoria, é necessário ressaltar que, em termos de proteção 
sanitária, os operadores das águas de reúso devem ter instruções básicas a 
respeito do manejo e do uso correto de EPI para que não haja contato direto 
ou indireto, pois pode haver transmissão de doenças por contato. Além disso, 
em alguns casos, é preciso ter cuidado com os equipamentos que farão a 
distribuição das águas de reúso não potável, como os reservatórios e tubula-
ções, que devem ser destinados somente para esse tipo (devidamente identi-
ficados para que os operadores não confundam). Em relação às culturas 
irrigadas, não deve haver riscos à população que irá consumir os produtos, 
150
por isso, dependendo do caso, deverão ser processados antes do consumo 
(não podendo ser consumidos crus), a depender também da qualidade da 
água de reúso que será utilizada.
No Brasil, ainda não possuímos uma legislação técnica especificamente 
voltada para o reúso potável direto. Como é o caso de reúso direto não 
potável, a Resolução n° 54 e Resolução n° 121 do Conselho Nacional de 
Recursos Hídricos (CNRH, 2005 e 2010) dispõe das diretrizes que permite o 
reúso para fins agrícolas (aplicação de água de reúso para produção agrícola), 
em que maiores especificações deverão ser impostas por órgãos competentes, 
como a própria prefeitura da cidade.
Avançando na prática
Esta água pode ser utilizada para quais fins?
Uma fábrica de peças automotivas está comprando água de reúso de 
uma ETE em São Carlos, SP. Essa água pode servir para vários fins dentro 
da fábrica: potáveis e não potáveis. Você, como engenheiro civil, a partir dos 
ensaios dos parâmetros de qualidade da água da ETE (descritos na Tabela 
3.1 a seguir), deverá indicar se pode ser utilizada para reúso. Você deve 
apresentar os tipos de reúso permitidos. É importante considerar que não se 
sabe em qual classe se encontra a água adquirida para reúso.
Tabela 3.1 | Análise dos parâmetros de qualidade das águas utilizadas para reúso
Parâmetros analisados Valores encontrados
1. Turbidez 35 uT
2. Temperatura 20°C
3. pH 6,1
4. Nitrato 5 mg/L
5. DBO 20 mg/L
6. Coliformes termoto-
lerantes
Presença de 2000 coliformes em 95% das amostras de 100 
mL.
Fonte: elaborada pela autora.
151
Resolução da situação-problema
Os parâmetros de qualidade da água são muito importantes para deter-
minar o uso final da água de reúso. Assim, geralmente são observados parâme-
tros de qualidade como: o pH, a presença de microrganismos (coliformes), 
a turbidez, a temperatura, a presença de matéria orgânica(DBO, DQO) e 
de nutrientes (nitrogênio e fósforo) – que é o caso em questão. De acordo 
com a divisão de classes, pré-determinadas pela Resolução n° 357 CONAMA 
(BRASIL, 2005), as águas de classe 1 são aquelas que podem ter contato 
direto com as pessoas, em relação aos seguintes parâmetros de qualidade:
• Em relação à presença de coliformes termotolerantes: para o uso de 
recreação de contato primário, não deverá ser excedido um limite de 
200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de 
pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com 
frequência bimestral.
• Possuir a DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2.
• Turbidez até 40 unidades nefelométrica (UNT).
• PH: 6,0 a 9,0.
Por possuir as concentrações dos parâmetros de qualidade descritas na 
Tabela 3.1, as águas não podem ser classificadas como classe I, por esse motivo 
não podemos ter contato direto com essa água. Dessa forma, estão descartados 
os reúsos potáveis (se não houver outras etapas de tratamento). A água poderá 
ser utilizada como reúso não potável – para os fins diversos. É importante 
lembrar o cuidado necessário com o manejo por parte dos operadores.
Faça valer a pena
1. Além de contribuir para a diminuição do desperdício da água potável de abasteci-
mento, o reúso da água se torna uma opção rentável para as Estações de Tratamento de 
Esgotos (ETE), já que a água de reúso produzidas nas ETE pode ser comprada e possui 
um valor mais baixo do que as águas de abastecimento que são distribuídas pelas conces-
sionárias de água potável. Assim se torna vantajoso para quem as compra também.
A respeito das águas de reúso, assinale a alternativa correta.
a. O efluente tratado por tratamento secundário em uma ETE já pode ser aprovei-
tado como recarga de aquífero e uso potável de abastecimento.
b. No reúso indireto, os efluentes tratados devem ser diluídos em corpo hídrico, 
e então serão novamente tratados em Estações de Tratamento de Água para 
novo uso.
152
c. Dentro das indústrias, as águas servidas (ou efluentes industriais) não podem 
ser utilizadas para uso não potável sem antes passar pela ETE.
d. Dentro do reúso da água, mesmo passando por tratamentos avançados, uma 
mesma água não poderá ser utilizada mais que 5 vezes em uma cidade.
e. No reúso indireto, os efluentes tratados em Estações de Tratamento de Efluentes 
devem ser levados diretamente para os reservatórios de água tratada.
2. Podemos dividir o reúso da água em dois tipos básicos, o reúso direto e o reúso 
indireto. A respeito disso, analise o excerto a seguir, completando as lacunas.
O reúso ____________ dá-se no momento em que os efluentes, após tratamento, são 
encaminhados de forma ____________ aos ____________, para serem armazenadas 
provisoriamente de maneira predeterminada em uma situação de diluição.
O Reúso ____________ dá-se no momento em que os efluentes, após tratamento, são 
levados do seu ____________ até o local de sua ____________, não havendo a descarga 
nos corpos hídricos. É a situação comum em reúso de indústrias e irrigação plantações.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas.
a. direto; descontrolada; reservatórios; indireto; receptor; descarte.
b. indireto; planejada; reservatórios; direto; produtor; descarte.
c. indireto; descontrolada; corpos hídricos; indireto; produtor; reutilização.
d. indireto; planejada; corpos hídricos; direto; produtor; reutilização.
e. direto; planejada; corpos hídricos; indireto; receptor; reutilização.
3. 
O consumo de água da lavanderia de uma indústria de 
confecções de Votorantim (SP) é de 14 milhões de litros, o 
equivalente a quase seis piscinas olímpicas e representa 90% 
de todo o volume de água utilizado na empresa. Para evitar 
o desperdício de água após a lavagem das roupas, a empresa 
conta com uma estação de tratamento que consegue reapro-
veitar 70% da água suja. “A gente não consegue imaginar a 
empresa sem a água de reúso porque com água limpa você 
gastaria muito e não conseguiria competir no mercado”, 
explica o diretor Felipe Cavaliunas Ferreira. (G1, 2018, [s.p.])
O reúso já uma realidade em empresas. Sobre esse assunto, analise as afirmações a 
seguir:
153
I. Em uma crise de abastecimento, o reúso direto potável da água é uma opção 
válida, contudo no Brasil essa opção ainda não é permitida pelos órgãos 
públicos.
II. No reúso das águas servidas, o tratamento da água em ETA é opcional e será 
determinado pelo uso que essa água terá.
III. Atualmente, há no mercado tecnologias disponíveis para a transformação do 
esgoto diretamente em águas potáveis, com segurança e sem risco nenhum 
ao consumidor.
Assinale a alternativa que contenha as afirmações corretas.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II e III, apenas.
e. I, II e III.
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CC BY-NC-SA 3.0 IGO
Unidade 4
Fernanda Cunha Maia
Poluição atmosférica e terrestre
Convite ao estudo
Caro aluno, ao decorrer das unidades anteriores, você desenvolveu 
algumas habilidades fundamentais para o engenheiro civil e sua atuação na 
área do saneamento básico. Nós já aprendemos conteúdos importantes, por 
exemplo, como ocorrem os tratamentos de água e esgoto, a relação entre 
saneamento e saúde; como se dá o sistema completo de abastecimento de 
água em uma cidade. Nesta unidade veremos mais alguns pontos essenciais 
para a nossa jornada nessa área. Você já se perguntou quais são as caracterís-
ticas e como ocorre a poluição dos meios atmosférico e terrestre?
Nesta unidade, aprenderemos a reconhecer a poluição atmosférica e a 
poluição dos solos, suas causas e tratamentos, além de adentrarmos no 
âmbito dos resíduos sólidos: conceito, coleta e disposição final, compreen-
dendo os tipos de resíduos sólidos e o funcionamento dos aterros sanitários 
e seu conceito.
Assim, na Seção 1, começaremos nosso aprendizado no âmbito do meio 
atmosférico, compreendendo seu funcionamento e, brevemente, iremos 
aprender as camadas da atmosfera e suas dinâmicas. Por fim, serão expla-
nados os mecanismos que acarretam a poluição desse meio e como evitá-la 
(nas formas de tratamento).
Nas Seções 2 e 3, vamos focar outro grande pilar do saneamento básico: 
os resíduos sólidos. Iremos começar entendendo como funciona o meio 
terrestre, suas dinâmicas e como podemos verificar uma situação de poluição 
nesse meio. E, por fim, iremos aprender o que são os resíduos sólidos (e o 
porquê de serem tão importantes no contexto atual, ambientalmente falando), 
para, então, discorrer sobre os conceitos relacionados aos aterros sanitários, 
sua importância e funcionalidade como tratamento. Finalizaremos nossos 
estudos entendendo, também, como a construção civil produz os resíduos e, 
como engenheiros, o que devemos fazer para evitar as situações de poluição.
A empresa de engenharia que você trabalha presta consultorias de 
saneamento, e foi contratada pela prefeitura da cidade de Assú, localizada 
no interior do Rio Grande do Norte. Você e sua equipe já solucionaram 
alguns dos problemas que a cidade vem apresentando. Para finalizar essa 
série de questões que a cidade enfrenta em relação ao saneamento, ficaram 
pendentes as questões relacionadas à poluição do ar e do solo. A indústria 
de cerâmica (conhecida nas unidades anteriores) está causando mais alguns 
problemas ambientais, sendo que os moradores que transitam nas proximi-
dades da indústria fizeram algumas denúncias sobre ela, notando que ela 
vem produzindo uma fumaça escura. Além disso, também há relatos de que 
seus resíduos sólidos estão sendo destinados inadequadamente, sem cuidado 
algum, em um terreno mais afastado da sua propriedade.
Sendo assim, você deverá solucionar todas essas questões. E será capaz 
disso, após nossos estudos, que como foi possível perceber, são importantís-
simos para os engenheiros civis.
159
Seção 1
A atmosfera
Diálogo aberto
Prezado aluno, se você reside emuma “cidade grande”, ou se já esteve em 
alguma dessas cidades, provavelmente você já sofreu algum efeito negativo 
advindo da poluição atmosférica. Sejam eles provenientes da crescente 
frota de carros, ou provenientes das indústrias, os poluentes atmosféricos 
ocasionam problemas à população e as consequências para a saúde em geral, 
em relação à exposição a esse tipo de poluição, serão grandes.
Esse é o assunto que trataremos nesta seção: a poluição atmosférica. 
Então, primeiramente, teremos como objetivos de aprendizagem entender 
como funciona esse meio, suas características e camadas. Posteriormente, 
assimilaremos como ocorre a poluição atmosférica e os seus principais 
poluentes. Além disso, veremos brevemente como funcionam os tratamentos 
para os emissores desses poluentes.
Para aplicar os conhecimentos, lembre-se de que você trabalha em uma 
empresa de engenharia, que presta consultorias na área de saneamento e 
tem diversos clientes (como a prefeitura de Assú). E com a possibilidade de 
autuações (multas) e sanções dos órgãos ambientais, a indústria de cerâmica 
da cidade de Assú-RN também contratou a empresa que você trabalha para 
resolver um problema, pois eles estão emitindo uma fumaça escura, que está 
ocasionando transtornos aos vizinhos da fábrica, essa fumaça é originada da 
produção da cerâmica e possui muito material particulado. Assim, você deve 
procurar uma solução para o tratamento da fumaça preta, explicando, em 
uma reunião com os diretores da fábrica, qual é a classificação desse poluente 
(oriundo da indústria de cerâmica). Indique, também, as consequências de se 
ter contato com essa fumaça para a saúde da população vizinha, finalizando 
com a apresentação de alguns tratamentos para o poluente produzido.
Você já deve estar percebendo a importância de um engenheiro civil 
qualificado, que obtenha as informações da área do saneamento no contexto 
ambiental atual. Assim, iremos iniciar mais um desafio da área, dessa vez no 
âmbito atmosférico. Vamos iniciar nossos estudos?
160
Não pode faltar
Falar da atmosfera (e consequentemente sua possível poluição) é um 
assunto relativamente novo. De acordo com Russo (2010), até o início do 
século XX, esse tópico era pouco abordado pela comunidade científica, não 
sendo tratado de forma eficiente, já que se tinha como certo que o ar dispo-
nível estaria em condições adequadas para a manutenção dos seres vivos. 
Todavia, diversas atividades (seja em decorrência de processos naturais, ou 
produzidos pelo homem), alteraram significativamente a qualidade do ar 
para pior.
Principalmente para a população que reside em grandes centros 
urbanos, por exemplo, é notório o aumento da frota de automóveis e de 
indústrias (se houver), que ocorreu nas últimas décadas, e, como consequ-
ência, a piora da qualidade do ar dessas localizações. Mas como funciona a 
dinâmica atmosférica para que ocorra uma situação de poluição?
Assimile
A atmosfera pode ser conceituada como um conjunto de diversas 
camadas de ar, em uma mistura de gases propriamente dita. Esses 
gases, como o nitrogênio, oxigênio, hélio, dióxido de carbono, ozônio, 
entre outros, envolvem toda a superfície terrestre.
Primeiramente é preciso assimilar como funciona a atmosfera em si. A 
atmosfera pode ser dividida em algumas camadas por faixas de extensão. 
As camadas partindo da superfície são: troposfera, estratosfera, mesosfera, 
termosfera e exosfera (Figura 4.1).
161
Figura 4.1 | Algumas camadas da atmosfera e sua extensão
Fonte: Barry e Chorley (2009, p. 33).
As camadas da atmosfera possuem basicamente a função de proteger a 
superfície da Terra da radiação solar, sem elas não suportaríamos as altas 
temperaturas decorrente da radiação ultravioleta. Além disso, as camadas da 
atmosfera ainda regulam a temperatura da superfície – permitindo a vida 
no planeta. Elas possuem algumas particularidades entre si. De acordo com 
Philippi Junior (2005), a troposfera é a camada que parte da superfície e vai 
até 15 km aproximadamente, onde ocorrem todos os fenômenos meteoro-
lógicos (como as chuvas), vivem todos os seres vivos do planeta e ocorre 
o tráfego aéreo. Já a estratosfera é a camada que está entre as faixas de 15 
a 50 km, na qual está concentrado o gás ozônio. A mesosfera está compre-
endida entre 50 a 80 km da superfície, e essa camada protege a superfície 
contra meteoros. Os meteoros que caem na atmosfera entram em atrito com 
essa camada, que possui também uma baixa temperatura, explodindo. Já a 
162
termosfera é a camada que vai da faixa de 80 km a 300 km da superfície e 
possui um ar rarefeito. 
Causas da poluição atmosférica: fontes naturais e antrópicas.
De acordo com Philippi Junior (2005), a poluição atmosférica é um 
fenômeno definido como a presença de matéria ou energia na atmosfera, de 
forma que a torna imprópria aos usos em geral, causando prejuízos princi-
palmente para os usos antrópicos, à saúde pública e ao ecossistema natural.
E a poluição atmosférica pode ocorrer basicamente por ação de duas 
fontes: as denominadas fontes antrópicas, consequentes das atividades 
humanas, ou fontes naturais, oriundas de processos naturais (Figura 4.2). 
Podemos dizer que geralmente as fontes naturais possuem um grau menor 
de risco oferecido aos seres vivos (PHILIPPI JUNIOR, 2005). Veja alguns 
exemplos de fontes naturais e antrópicas no Quadro 4.1. Além disso, as fontes 
dos poluentes podem ser as fontes pontuais (em só um ponto), lineares ou 
em área (vários pontos ao longo de um espaço “maior”); estacionárias (fixas, 
como as indústrias) ou móveis (se locomovem, como os automóveis). 
Quadro 4.1 | Exemplos de fontes de poluição atmosférica
Fontes antrópicas Fontes naturais
• Queima de combustíveis em geral.
• Poluentes gasosos oriundos de proces-
sos industriais.
• Gases provenientes de inseticidas.
• Erupções vulcânicas.
• Incêndios florestais.
• Odores oriundos da decomposição de 
matéria orgânica.
• Suspensão de material particulado pela 
ação do vento.
Fonte: elaborado pela autora.
Figura 4.2 | Incêndio florestal como exemplo de uma fonte natural de poluição atmosférica
Fonte: Shutterstock.
163
Mas quais são as substâncias que causam a poluição atmosférica? A 
presença de certas substâncias, denominadas poluentes atmosféricos, quando 
em concentrações pertinentes, causam uma situação de poluição. Assim, 
chamamos de poluentes atmosféricos quaisquer materiais que, quando 
presentes na atmosfera, trarão prejuízos ao meio ambiente e à saúde da 
comunidade (se encontrados na atmosfera com concentrações relevantes). 
A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1999) divide os poluentes em 
algumas categorias, por exemplo, de acordo com a formação química, temos: 
• Poluentes primários: têm como principal característica a emissão 
direta das fontes, e estão quimicamente já formados, como o dióxido 
de carbono (CO2), proveniente da queima da gasolina em automóveis.
• Poluentes secundários: são aqueles formados a partir de reações 
químicas, ou condensação de vapores, do contato da substância (que 
poderá ou não ser um poluente primário) com outros gases presentes 
na atmosfera, transformando-se, assim, em um poluente, que no 
caso será secundário. Como exemplo podemos citar a formação de 
dióxido de nitrogênio (NO2), oriundo de uma reação química entre o 
monóxido de nitrogênio (NO), proveniente da queima de combustí-
veis, e do oxigênio (O2) presente na atmosfera.
Além dessa classificação, a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1999), 
também classifica os poluentes de acordo com seu tamanho e estado físico, 
que pode ser: material particulado ou gases e vapores. Vejamos algumas de 
suas características:
• Material particulado: é um composto que se encontra em estado físico 
sólido ou líquido. É emitido por fontes diversas (poluentes primários) 
ou formados na atmosfera (poluentes secundários). Podem ser classi-
ficados como material particulado as partículas totais em suspensão, 
as partículas inaláveis, as partículas inaláveis finase as fumaças. 
Assim, são exemplos de material particulado as poeiras em geral, 
que podem ser provenientes de diversos processos, como os indus-
triais; as poeiras de compostos em geral (como a poeira de cimento); 
as fumaças oriundas de “fumos” em geral (provenientes da conden-
sação de substâncias gasosas como fumos de alumínio), a fumaça 
(compostos sólidos provenientes da queima de combustíveis fósseis) 
e névoas (composto líquido que pode ser oriundo da dispersão de 
ácidos e óleos).
• Gases e vapores: poluentes gasosos, como o próprio nome diz, que 
podem ser classificados também como sendo compostos orgânicos 
voláteis. São poluentes que se encontram em forma de moléculas, 
164
como os monóxidos de carbono e nitrogênio, dióxidos de carbono, 
nitrogênio e enxofre, óxidos de nitrogênio, entre outros.
Em termos gerais, o material particulado inclui as partículas de 0 a 100 
micrômetros (Figura 4.3), em que os materiais menores que 10 micrôme-
tros são os que mais apresentam riscos à saúde humana, como o apareci-
mento de doenças respiratórias, além de prejudicar alguns equipamentos nos 
processos industriais. 
Figura 4.3 | Principais tipos de particulados atmosféricos com suas dimensões (j ) aproxima-
das comparadas numa escala dada em micrômetros ( mm )
Fonte: Baird (1998 apud Baird e Cann, 2011, p. 130).
Pesquise mais
Para aprofundar os seus conhecimentos nas consequências da poluição 
atmosférica à saúde humana, acesse nossa biblioteca virtual e procure 
o livro referenciado a seguir:
165
PHILIPPI JUNIOR, A. P. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos 
para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005, p. 
457 a 463 – (Coleção Ambiental; 2).
Além dos danos causados aos humanos, os poluentes podem causar, 
ainda, danos ao meio ambiente como um todo. Um dos grandes malefícios 
causados pela poluição atmosférica é o aumento do chamado “buraco” na 
camada de ozônio. A camada de ozônio é uma concentração desse gás na 
camada estratosfera, que tem basicamente a função de proteger a superfície 
da Terra dos raios ultravioletas provenientes do Sol, sendo a principal barreira 
terrestre contra eles. A emissão de alguns poluentes na atmosfera – como os 
chamados clorofluorcarbonos (CFCs), provenientes de aerossóis, e o gás 
carbônico ( 2CO ) – destroem o ozônio, uma vez que, por maior afinidade 
química, são originados outros compostos (ClO + 2O ). 
Outra consequência para o meio ambiente seria a redução da visibi-
lidade em decorrência da alta concentração dos materiais particulados na 
atmosfera, tendo em vista que esse fenômeno pode atrapalhar outros como a 
própria fotossíntese das plantas em geral.
Geralmente, em fontes pontuais há o aparecimento de plumas, que são 
conceituadas como sendo uma coluna de um poluente em um jato contínuo. 
As plumas, em geral, apresentam algumas formas predeterminadas, de 
acordo com as condições atmosféricas daquele local (como a velocidade 
do vento), quantidade do poluente emitido, temperatura do poluente, entre 
outros. As partículas mais pesadas contidas nas plumas irão cair em direção 
ao solo mais rapidamente, enquanto as mais leves demoram mais para perder 
a sua energia cinética e cair. Assim, as plumas também podem ser um indica-
tivo da eficiência da dispersão dos poluentes na atmosfera. 
Condições meteorológicas que interferem na poluição at-
mosférica
O aparecimento, aumento da concentração e permanência dos poluentes 
atmosféricos em certa localização dependem fortemente das condições 
meteorológicas daquele local. As situações de pouco vento, baixa umidade e 
baixa altitude podem facilitar a permanência de situações de poluição atmos-
férica (Figura 4.4). Além disso, as condições meteorológicas podem facilitar 
o aparecimento de fenômenos como a inversão térmica e a chuva ácida – 
comuns em áreas que possuem poluição atmosférica.
166
Figura 4.4 | Poluição atmosférica visível na cidade de São Paulo / SP
Fonte: Shutterstock .
A inversão térmica, por exemplo, é um fenômeno em que uma camada 
de ar quente se forma acima da cidade, prendendo o ar abaixo dessa camada, 
confinando e concentrando, assim, os poluentes na camada inferior, impedin-
do-os de dispersarem para outros locais. Já a chuva ácida é um fenômeno que 
ocorre em decorrência da precipitação de poluentes presentes da atmosfera 
(como o gás carbônico), que são literalmente lavados da atmosfera com a 
chuva, tornando-a, contudo, mais ácida.
Assimile
A água da chuva é naturalmente ácida, porém, a presença dos poluentes 
a tornam mais ácida do que normalmente são, causando prejuízos aos 
seres vivos que habitam o local atingido, bem como alguns monumentos 
que possam ali existir.
Poluição atmosférica: principais tratamentos
Após aprendermos como funciona o meio atmosférico e como as situa-
ções de poluição atmosférica podem ocorrer, veremos agora como podemos 
evitá-las, a partir de duas abordagens: em uma situação mais geral e outra em 
uma situação mais direta.
Em termos gerais, podemos pensar em algumas soluções que podem 
ser adotadas para grandes áreas, como medidas de redução da poluição 
167
atmosférica de uma cidade como um todo, por meio de políticas públicas. 
Então, de acordo com Philippi Junior (2005, p. 441), o enfoque necessário a 
uma situação mais geral de poluição atmosférica é:
• O estabelecimento de políticas que priorizem ações integradas na 
reversão dessa problemática.
• O desenvolvimento de programas de educação ambiental formal e 
não formal.
• A minimização da produção de resíduos, por meio da mudança nos 
padrões de consumo e de produção.
• A definição e aplicação de procedimentos adequados, do ponto de 
vista da proteção ambiental e responsabilidade social, de tratar 
resíduos gerados.
• Repensar a forma de ocupação e uso do solo, respeitando os limites 
de capacidade de suporte e do tempo de autodepuração dos espaços. 
Já em termos de situações mais pontuais, podemos pensar em aborda-
gens mais diretas, que tratam de forma imediata o problema de pequenas 
contribuições, ou seja, em pequenos lançamentos de poluentes. No país, a 
Resolução do CONAMA n° 382/2006 dá as diretrizes em relação aos limites 
máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas (BRASIL, 
2006). As indústrias, por exemplo, representam o caso mais comum e neces-
sitam entrar em conformidade com padrões de lançamento desses poluentes.
Reflita
Os limites de emissão de poluentes variam de acordo com vários 
parâmetros, como o grau de industrialização local e os processos de 
geração de calor. Como são escolhidos esses parâmetros? E como esses 
limites são estabelecidos? Qual é a legislação vigente em relação a esses 
limites no estado que você reside?
Assim, veja alguns equipamentos que tratam a emissão de poluentes, 
de acordo com sua classificação no Quadro 4.2. Os equipamentos para o 
controle de poluentes geralmente são estudados previamente de acordo com 
as peculiaridades de cada processo industrial e adquiridos conforme alguns 
fatores, como preço, durabilidade, operação, manutenção, área disponível 
para implantação, entre outros.
168
Quadro 4.2 | Equipamentos utilizados para o tratamento de lançamento de poluentes, de acor-
do com a classificação do poluente emitido
Controle de material particulado
Controle de gases e 
vapores
Sistema seco Sistema úmido
– Coletores gravitacionais – Lavador com pré-atomi-zação (tipo torre de spray) 
– Torres de absorção (torres 
de enchimento; torres de 
prato)
– Coletores inerciais – Lavador com atomização pelo gás (tipo venturi) – Leitos de adsorção 
– Coletores centrífugos 
(ciclones) – Torre de enchimento
– Incineradores de gases 
(catalíticos e de chama)
– Filtros de tecidos (man-
gas)
– Lavador de disco ou 
ciclônico
– Condensadores
– Precipitadores eletros-
táticos – Filtro eletrostático úmido
Fonte: adaptado de Philippi Junior (2005, p. 471).
Exemplificando
Como você deve estar imaginando, os equipamentos citados que 
tratam os poluentes atmosféricos são escolhidos deacordo com o 
poluente produzido durante o processo produtivo (se for o caso de uma 
indústria). Citando o caso de uma indústria que produz alguns metais, 
é comum a utilização de coletores gravitacionais, que são câmaras que 
recolhem os materiais particulados de tamanho maior por ação gravi-
tacional. O coletor gravitacional possui como vantagens o baixo custo, 
baixa perda de carga e operação e manutenção simples. No que diz 
respeito às desvantagens, temos a baixa eficiência para material parti-
culado menor (abaixo de 50 micrômetro) e grandes áreas necessárias 
para operar.
Vimos, ao decorrer desta seção, os principais pontos a respeito da 
dinâmica da atmosfera, como esse meio funciona e como ocorrem as situa-
ções de poluição atmosférica. Estamos a dois passos de terminar nossa 
jornada, a qual se trata dos conhecimentos em relação à poluição do solo – 
assunto que veremos a seguir.
169
Sem medo de errar
Lembrando que você trabalha em uma empresa de engenharia que 
foi contratada para evitar que uma indústria de cerâmica, localizada em 
Assú-RN, levasse multa por alta emissão de um poluente atmosférico. Esse 
poluente é uma fumaça preta e está incomodando muito os vizinhos da 
fábrica, que possui basicamente material particulado oriundo dos processos 
de fabricação de cerâmica. Assim, durante uma reunião com os diretores da 
fábrica, você deve indicar:
Como é uma fumaça, o poluente expelido pela indústria de cerâmica é 
classificado como um material particulado que pode ser definido como um 
composto que se encontra em estado físico sólido ou líquido, emitido por 
fontes diversas (poluentes primários) ou formado na atmosfera (poluentes 
secundários).
Os materiais particulados, por vez, possuem uma subclassificação: as 
partículas totais em suspensão, as partículas inaláveis, as partículas inaláveis 
finas e fumaças. Ademais, são exemplos de material particulado as fumaças 
em geral, que são compostos sólidos provenientes da queima de combustíveis 
fósseis, que é o ocorre na indústria de cerâmica.
Para a saúde humana, podemos ter algumas consequências pelo contato 
direto com essa fumaça, a depender da concentração do poluente produzido, 
além do tempo que a pessoa passou exposto a essa situação. Via de regra, essa 
exposição contínua à fumaça pode causar diversos problemas respiratórios 
para a população vizinha como: rinites, alergias, inflamações, entre outros.
Na sua participação na reunião, você explicou que diferentemente de 
possíveis medidas gerais de prevenção da poluição atmosférica (no caso de 
cidades por exemplo), as fontes de poluentes fixas, ou seja, as indústrias, 
podem adquirir alguns equipamentos que diminuam a emissão da fumaça. 
Assim, encontramos no mercado alguns equipamentos (Quadro 4.3) que 
servem para o tratamento do poluente atmosférico expelido pela indústria, 
de acordo com sua classificação (que são os materiais particulados).
Além disso, você descobriu que um dos poluentes presente no material 
particulado expelido pela indústria possui em sua composição a sílica (SiO2), 
que é um componente encontrado em rochas e areias, podendo ter diversas 
formas, entre elas a cristalizada (que é o caso da indústria de cerâmica). A 
sílica inspirada por pessoas em altas concentrações e durante muitos anos 
pode ocasionar diversos problemas respiratórios, como o endurecimento dos 
pulmões. Além da sílica, a indústria ainda expele dióxido de carbono (CO2), 
que é um composto resultante da queima de combustíveis fósseis, processo 
170
também utilizado na fábrica. O CO2 é um gás que contribui para o aqueci-
mento global e efeito estufa.
Ao fim da reunião, você primeiramente sugeriu que nos ambientes internos 
da indústria fossem instalados lavadores e coletores gravitacionais, próximos 
aos locais de queima da cerâmica, para que diminua o risco aos quais os seus 
operários que trabalham ali estão expostos. E, além disso, para o caso da 
vizinhança da fábrica você sugeriu alguns equipamentos (Quadro 4.3).
Quadro 4.3 | Equipamentos sugeridos para o controle de material particulado
Controle de material particulado
Sistema seco Sistema úmido
– Coletores gravitacionais – Lavador com pré-atomização (tipo torre de spray)
– Coletores inerciais – Lavador com atomização pelo gás (tipo venturi)
– Coletores centrífugos (ciclones) – Torre de enchimento
– Filtros de tecidos (mangas) – Lavador de disco ou ciclônico
– Precipitadores eletrostáticos – Filtro eletrostático úmido
Fonte: elaborado pela autora.
Os equipamentos geralmente são estudados previamente com base no 
processo industrial de cada indústria e adquiridos de acordo com alguns 
fatores como: o preço, a durabilidade, a operação, a manutenção, a área 
disponível para implantação, entre outros. Levando em consideração esses 
fatores, você sugeriu que um filtro de manga fosse adquirido pela empresa.
Avançando na prática
Política pública para a diminuição da poluição 
atmosférica
A prefeitura de João Pessoa-PB o contratou para que você realizasse uma 
consultoria em termos de poluição atmosférica: a cidade precisa diminuir a 
emissão de poluentes atmosféricos como um todo, pois seus níveis de emissão 
171
estão críticos (caracterizando uma situação de poluição atmosférica), princi-
palmente nas áreas próximas às indústrias que se localizam nos arredores 
da cidade. Essas medidas de política pública necessitam ser adotadas com 
urgência, pois foram realizados levantamentos os quais mostraram que nos 
últimos 12 meses elevou-se o nível de poluição, coincidindo com a insta-
lação e operação de novas indústrias no local. Diante disso, indique quais 
seriam as medidas que podem ser adotadas em uma abordagem que diminua 
a emissão em grandes extensões.
Resolução da situação-problema
Em termos de uma abordagem mais geral, aplicação indicada para 
uma cidade como o do caso apresentado, temos medidas de prevenção da 
poluição atmosférica diferentes das abordagens pontuais (como é o exemplo 
de indústrias). Assim, de acordo com Philippi Junior (2005), o enfoque para 
essa situação pode ter como medidas:
• O estabelecimento de políticas que priorizem ações integradas na 
reversão dessa problemática.
• O desenvolvimento de programas de educação ambiental formal e 
não formal.
• A minimização da produção de resíduos, por meio da mudança nos 
padrões de consumo e de produção.
• A definição e aplicação de procedimentos adequados, do ponto de 
vista da proteção ambiental e responsabilidade social, de tratar 
resíduos gerados.
• Repensar a forma de ocupação e uso do solo, respeitando os limites 
de capacidade de suporte e do tempo de autodepuração dos espaços.
Faça valer a pena
1. A poluição atmosférica pode ocorrer pela ação dos chamados poluentes 
atmosféricos. Os poluentes podem ser classificados de algumas formas 
e entre essas formas está a sua classificação de acordo com seu tamanho e 
estado físico. Um dos poluentes possui estado físico sólido ou líquido e é 
emitido por diversas fontes, sendo consideradas partes dele as poeiras em 
geral, as fumaças e as névoas.
Assinale a alternativa que indica corretamente o tipo de emissão descrito no 
texto:
172
a. Emissão de gás ozônio.
b. Emissão de gás carbônico.
c. Emissão de material particulado.
d. Emissão de gases.
e. Emissão de vapores.
2. A respeito dos poluentes, eles podem ser classificados de duas formas 
básicas, de acordo com seu estado físico:
I. ____________: são compostos que se encontram em estado físico, 
sólido ou líquido. E são exemplos desses poluentes: ____________, 
que podem ser provenientes de diversos processos, como os indus-
triais, e ____________, oriundos (as) da condensação de substâncias 
gasosas.
II. ____________: são classificados, também, como sendo compostos 
orgânicos voláteis. São poluentes que se encontram em forma de 
moléculas, como ____________, ____________, entre outros.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas:
a. Material particulado – vapores – gases – Poeiras e fumaças – 
monóxidos– ozônio.
b. Material empoeirado – monóxidos – fumaças – Gases e vapores – 
poeira – dióxidos.
c. Gases e vapores – monóxidos – dióxidos – Material particulado – 
poeiras - fumaças
d. Material particulado – poeiras – fumaças – Gases e vapores – 
monóxidos – dióxidos.
e. Gases e vapores – material empoeirado – material particulado – 
Monóxidos – dióxidos – fumaça.
3. A respeito da poluição atmosférica, analise as afirmativas a seguir:
I. Os materiais particulados podem ser emitidos por fontes diversas 
(poluentes primários) ou formados na atmosfera (poluentes secun-
dários).
II. As condições meteorológicas podem facilitar o aparecimento de 
fenômenos como a inversão térmica e chuva ácida – comuns em 
áreas que possuem poluição atmosférica.
173
III. A inversão térmica, por exemplo, é um fenômeno em que uma 
camada de ar quente se forma acima da cidade, prendendo o ar abaixo 
dessa camada, confinando e concentrando, assim, os poluentes na 
camada inferior, impedindo-os de dispersarem para outros locais.
É correto o que se afirma em:
a. Apenas I e II.
b. Apenas II e III.
c. Apenas a I.
d. Apenas a III.
e. I, II e III.
174
Seção 2
O solo
Diálogo aberto
Caro aluno, no decorrer das unidades anteriores, nós aprendemos 
alguns dos pilares do saneamento básico, incluindo o sistema completo 
de abastecimento de água e como funciona o tratamento de esgoto em 
centros urbanos. Nesta seção, você aprenderá como funciona o solo em 
um contexto ambiental, ou seja, no âmbito do saneamento básico. Em 
seu cotidiano, você já deve ter ouvido falar que certa área está com o seu 
solo poluído. Essa não é uma situação incomum. Mas o que isso quer 
dizer? O que ocorreu nesse solo para que seja configurada uma situação 
de poluição? E, por fim, o que podemos fazer para que haja o controle 
dessa poluição?
Em uma reunião com a equipe de engenharia da empresa que você 
trabalha, ficou determinado que você irá elaborar uma perícia para a 
prefeitura, juntamente da população da cidade de Assú (localizada no 
interior do Rio Grande do Norte), explicando alguns pontos sobre a 
poluição do solo.
Uma indústria de cerâmica está enterrando resíduos sólidos contendo 
metais pesados no solo sem nenhum tratamento ou cuidado. Inclua, 
então, na perícia, a possível relação desse tipo de atitude com a quali-
dade da água localizada no lençol freático. A sua perícia deve conter, 
também, um pequeno resumo de como funcionam as principais medidas 
de controle da poluição do solo para a poluição por metais pesados.
Você está preparado para mais esse grande desafio? Após essa 
seção você será capaz de identificar e solucionar esse tipo de problema. 
Bons estudos.
Não pode faltar
O homem desenvolve grande parte de suas atividades na superfície 
da Terra, na camada exterior da crosta do planeta, denominada solo. O 
solo faz parte do meio terrestre, possui diversas características e compo-
sições próprias, e é onde diversos ecossistemas sobrevivem. De acordo 
com Botkin e Keller (2005), o solo pode ser definido, ainda, como o 
175
material particulado composto em parte por rocha, que sofreu processos 
de erosão (intemperismo), e parte por matéria orgânica degradada e 
outros minerais, que cobrem grande parte da superfície da Terra. É nessa 
camada, também, que diversas dinâmicas acontecem, por exemplo, a vida 
vegetal, a agricultura, a construção civil. Ela é fonte de minérios, é o local 
para o qual destinamos os resíduos sólidos.
O solo é formado a partir da ação do intemperismo, combinada com 
ações do tempo, do homem, de animais, ventos, chuvas, entre outros, em 
uma rocha “original”, denominada de rocha-mãe (ou rocha não alterada). 
A partir da ação dos fatores já citados, a rocha-mãe vai sendo trans-
formada, e dividida em algumas camadas, chamadas de horizontes – e, 
assim, o solo (propriamente dito) vai surgindo. Em processos com alguns 
aspectos semelhantes, no âmbito da geomorfologia, também são desen-
volvidos o relevo e os ecossistemas que, por ventura, viverão ali, além de 
ser nessa fase que a composição química do solo é estabelecida. O solo 
desempenha diversas funções fundamentais para os ecossistemas, tais 
como (PHILIPPI JUNIOR, 2005, p. 490):
• Substrato essencial à vida terrestre.
• Fator de controle natural dos ciclos de elementos e energia 
dos ecossistemas.
• Filtro bioquímico essencial nas trocas entre a atmosfera e a litosfera.
• Um grande reservatório natural de água doce.
• Substrato essencial para a produção de alimentos e matérias-primas.
• Substrato essencial à vida animal e humana.
De acordo com Lepsch (2010), os horizontes (camadas do solo) são 
classificados em O, A, E, B e C, respectivamente, da superfície para o 
centro. O Horizonte C contém o material rochoso inconsolidado de rocha 
alterada, muito similar à rocha-mãe. Já o Horizonte B contém cor mais 
forte e material coeso. O Horizonte E contém cor mais clara onde há a 
perda de materiais para o horizonte B, como argila e óxidos de ferro. Já o 
Horizonte A concentra húmus. E, por fim, o Horizonte O é o aquele que 
contém solos minerais e material orgânico. Veja os horizontes e a rocha-
-mãe, na Figura 4.5.
176
Figura 4.5 | Esquema de um perfil de solo com os diversos horizontes
Fonte: Lepsch (2010, p. 31).
Na composição do solo podemos encontrar as três fases químicas da 
matéria: sólida, liquida e gasosa, além de muitos outros elementos, como 
nutrientes, elementos minerais, matéria orgânica viva, matéria orgânica em 
decomposição, água e ar. A estrutura varia de solo para solo, em decorrência de 
características como: dimensão dos grãos existentes, tipo de grãos existentes, 
tipo de organismos que ali vivem, precipitação pluviométrica, entre outros.
Segundo Philippi Junior (2005), o solo é constituído de elementos minerais, 
perfazendo aproximadamente 45% da sua composição, estando divididos em:
• Macronutrientes (na forma iônica): nitrogênio, fósforo, potássio, 
cálcio, magnésio, enxofre, entre outros.
• Micronutrientes (na forma iônica): boro, manganês, zinco, cobre, 
ferro, molibdênio, cloro. 
• Minerais: óxidos hidratados como a bauxita, silicatos hidratados 
como a caulinita, óxidos de alumínio, óxidos de ferro.
Além disso, outros elementos que também o constituem são: a água 
(hidrogeológica e absorvida), a qual representa 25% de sua composição; o 
ar (mistura de gases como oxigênio, nitrogênio, dióxido de carbono, etc.), 
compondo 25% do solo; e a matéria orgânica viva (animal e vegetal) e morta 
(decomposta por microrganismos formando complexos coloidais), perfa-
zendo 5% da composição total do solo.
Chamamos de solo fértil aquele que apresenta em sua composição 
diversos nutrientes minerais disponíveis, em especial os de bases de cálcio, 
potássio e magnésio. Já o solo infértil é aquele que mais de 50% dos íons de 
hidrogênio são predominantes (PHILIPPI JUNIOR, 2005).
177
Pesquise mais
Para aprofundar a questão da dinâmica dos organismos do solo, acesse 
nossa biblioteca virtual e consulte as páginas do livro referenciado a seguir:
PHILIPPI JUNIOR, A. P. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para 
um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005, p. 494-499.
O solo, propriamente dito, é um ambiente que possui uma situação de equilí-
brio entre os seres que ali habitam, os seres classificados como terrestres. De forma 
geral, é na superfície (no solo) que há a maior atividade biológica e, semelhante 
ao meio aquático, há no meio terrestre diversas teias alimentares, em que são 
utilizadas as mesmas denominações para os seres vivos que ali habitam: produ-
tores, consumidores (primários, secundários e terciários) e os decompositores.
Assimile
Conforme já estudado, as chamadas teias alimentares são diversas 
cadeias alimentares entrelaçadas, em que o mesmo organismo pode estar 
em diversas cadeias alimentares.
A poluição do solo.
Uma situação de poluição pode ser definida como sendo aquela em que 
uma substância estranha ou forma energética é adicionada a um meio em 
equilíbrio.Essa definição, assim como no meio aquático e no meio atmos-
férico, também é aplicada ao meio terrestre. Tendo em vista que o meio é 
utilizado para diversas atividades (sejam elas naturais ou antrópicas), então, 
o solo também é passível de situações de poluição.
E assim como no meio aquático, para a avaliação e monitoramento do 
grau da poluição do solo, são utilizados alguns indicadores (parâmetros), 
levantados por meio de análises laboratoriais. No caso de qualidade do solo, 
os indicadores podem ser: biológicos, como a permanência de ecossistemas 
em um local; físicos, utilizando a quantidade de água no solo, a taxa que 
algum líquido infiltrará no solo, entre outros. Ou, então, podem ser indica-
dores da presença de compostos, como concentração de matéria orgânica 
(ou outros elementos químicos), e químicos, como a avaliação do pH do solo.
As fontes de poluição do solo podem ser classificadas de acordo com 
sua origem: provenientes de processos naturais ou antrópicos. Basicamente 
podemos ter duas fontes de poluição do solo:
• Fontes naturais: provenientes de processos naturais do meio, processos 
de erosão, inundações (maremotos), vendavais, terremotos, material 
vulcânico, altas concentrações de material inorgânico, entre outros.
178
• Fontes antrópicas: provenientes da atividade humana, a ocupação do solo 
por urbanização, atividades industriais diversas, mineração, agricultura, 
pecuária, lançamento de esgotos diversos no solo (ou efluentes), dispo-
sição de resíduos sólidos no solo sem tratamento qualquer.
As fontes de poluição do solo podem gerar alguns poluentes em comum, 
que ao transmitir esse poluente para ele irão configurar uma possível situação 
de poluição. Um exemplo é o caso de diferentes indústrias que podem 
armazenar de forma errada um mesmo poluente no solo (como os metais 
pesados). Assim, alguns dos principais poluentes do solo são: fertilizantes, 
defensivos agrícolas, esgotos, resíduos sólidos, metais pesados, fármacos, 
acidez, sais, gases de aterros. Veja as principais origens e os efeitos desses 
poluentes no solo, bem como o seu possível controle no Quadro 4.4.
Quadro 4.4 | Alguns dos principais poluentes da poluição do solo, origem, efeito e controle
Fonte: elaborado pela autora.
179
Algumas medidas são adotadas para que se diminua o impacto da 
poluição do solo, como usar a rotação de culturas, policultura, evitar o uso 
indiscriminado de defensivos agrícolas, adotar adubos naturais, tratar e 
armazenar corretamente os resíduos sólidos, tratar e despejar corretamente 
os efluentes tratados, etc.
Consequência da poluição do solo
Muitas vezes, o solo pode funcionar como um verdadeiro filtro, devido 
a sua propriedade de porosidade. Ainda, tal condição pode acarretar a 
contaminação dos lençóis freáticos existentes no local, já que os poluentes 
podem transitar entres esses espaços vazios. Assim, a localização final de um 
poluente no solo dependerá de alguns fatores do próprio solo e do poluente.
Por exemplo, existem fatores que influenciam a permanência do poluente 
no solo, são eles: a densidade do poluente, a porosidade do solo, o pH do 
solo, o tipo de solo, a temperatura do poluente, a permeabilidade do solo, 
entre outros. 
Em relação a poluentes líquidos, a densidade influenciará na sua locali-
zação final. Os menos densos podem permanecer no sobrenadante do lençol 
freático, enquanto os mais densos podem atingir as camadas mais profundas.
Pesquise mais
Caro aluno, para aprofundar a questão dos poluentes e o controle da 
poluição do solo, acesse nossa biblioteca virtual e consulte as páginas 
do livro referenciado a seguir:
PHILIPPI JUNIOR, A. P. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos 
para um desenvolvimento sustentável. Barueri, SP: Manole, 2005, p. 
509 a 513.
Como citado, a poluição do solo pode se dar por diversos processos, a 
própria agricultura pode ser uma fonte de poluição. De acordo com Rattner 
(2009), algumas atividades agrícolas podem provocar problemas no solo, 
como erosão, salinização, empobrecimento por utilização de monoculturas 
por muito tempo e/ou pelo uso de sistemas de irrigação inadequados. Este 
último, ainda, pode resultar na poluição do solo. 
Em relação aos metais pesados, eles podem estar presentes em decor-
rência dos processos industriais, ou, então, naturalmente, em rochas e solos. 
Contudo, em termos de atividades agrícolas, a aplicação de metais pesados 
vem sendo cada vez maior em decorrência do uso de corretivos e adubos 
180
agrícolas, acarretando maior proximidade desses poluentes das cadeias 
alimentares e do homem em si (FERNANDES et al., 2007). 
Vale ressaltar que esse poluente é perigoso devido a sua capacidade de 
bioacumulação e biomagnificação. Observe o comportamento de alguns 
poluentes do solo e sua localização final, na Figura 4.6:
Figura 4.6 | Diversos poluentes do solo e sua possível migração para os lençóis freáticos
Fonte: CETESB (2019, [s.p.]).
Reflita
Atualmente, a propriedade do solo se comporta como um verda-
deiro “filtro” de poluentes líquidos, juntamente da ação das plantas, é 
aproveitada para tratar parte dos esgotos produzidos. São as chamadas 
Wetlands, método que também é conhecido como jardins filtrantes, em 
que é utilizado um meio filtrante (como o solo), junto de vegetais, para 
a realização de tratamento de esgotos. Como esse sistema funciona? 
Quais são suas limitações e aplicações?
Você deve ter observado que ao longo desta seção não nos demoramos 
muito na questão dos resíduos sólidos em si (tipos, tratamentos, correta 
destinação, entre outros). Isso se deve ao fato de que na próxima seção esse 
será o grande tema. Então, até lá!
Sem medo de errar
Lembre-se que em uma reunião com a equipe de engenharia da empresa 
que você trabalha, ficou determinado que você irá elaborar uma perícia 
181
para a prefeitura junto da população local, explicando alguns pontos sobre a 
poluição do solo. Uma indústria de cerâmica está enterrando resíduos sólidos 
contendo metais pesados no solo sem nenhum tratamento ou cuidado, confi-
gurando um crime ambiental.
Na sua perícia, você deve incluir as consequências de se enterrar esse 
tipo de resíduos sólidos sem tratamento. Inclua, também, nesse material, a 
possível relação desse tipo de atitude com a qualidade da água localizada no 
lençol freático. A perícia deve conter também um pequeno resumo de como 
funcionam as principais medidas de controle da poluição do solo poluído 
com metais pesados.
Primeiramente, você deve iniciar a perícia explicando como os princi-
pais poluentes referentes à poluição do solo funcionam, explicando como 
as diversas fontes de poluição podem transmitir o poluente ao solo, confi-
gurando uma possível situação de poluição. Por exemplo, as indústrias que, 
por ventura, armazenam de forma errada um poluente no solo (como os 
metais pesados) irão configurar uma situação de poluição do solo por metais 
pesados. Alguns dos principais poluentes do solo são: os fertilizantes, defen-
sivos agrícolas, esgotos, resíduos sólidos, metais pesados, fármacos, acidez, 
sais, gases de aterros.
Após essa introdução você pode inserir o que seria a poluição do solo 
propriamente dita, que é: uma situação em que uma substância estranha, ou 
forma energética, é adicionada a um meio em equilíbrio. E tendo em vista 
que o meio terrestre é utilizado para diversas atividades (sejam elas naturais 
ou antrópicas), então o solo também é passível de situações de poluição.
Na perícia, você também deve inserir o conceito de metais pesados: 
os denominados metais pesados são os metais que possuem uma densi-
dade maior do que geralmente é encontrado nos demais metais. E são eles 
comumente: mercúrio, chumbo, cromo, cadmio, arsênio, entre outros. Além 
disso, também é preciso explicar o perigo dos metais pesados para a saúde 
humana, para os que consomem alimentos e água contendo esses elementos: 
é um poluente perigoso também devido a sua capacidade de bioacumulação 
e biomagnificação.
Assim, a periculosidade dosmetais pesados atualmente pode estar ligada 
à presença deles em decorrência dos processos industriais (que é o que ocorre 
no caso apresentado), ou devido àqueles que estão presentes naturalmente 
em rochas e solos. Contudo, em termos de atividades agrícolas, sua aplicação 
vem sendo cada vez maior em decorrência do uso de corretivos e adubos 
agrícolas. Sendo assim, esse poluente está cada vez mais próximo das cadeias 
alimentares e do homem em si.
182
Ademais, finalmente, você deve explicar no documento da sua perícia 
como a poluição do solo pode ser transferida para a água daquela localização, 
já que o solo muitas vezes pode funcionar como um verdadeiro filtro. Devido 
a sua propriedade porosa, por exemplo, também é comum a contaminação 
dos lençóis freáticos existentes no local, já que os poluentes podem transitar 
entre esses espaços vazios.
E então você deve destacar na sua perícia a grande importância do correto 
armazenamento de metais pesados no momento do descarte, que é a medida 
mais importante de controle desse tipo de poluente no solo, além do reapro-
veitamento do metal em outros processos industriais, caso seja possível fazer 
a sua reciclagem.
Avançando na prática
Soluções para poluição por fertilizantes
Em uma pequena cidade no interior do Mato Grosso, foi constatado 
que o rio que abastece a cidade está em uma situação de eutrofização, além 
de conter uma elevada concentração de metais pesados (no caso, cádmio e 
chumbo). Após analises da situação, foi descartado que a eutrofização desse 
rio aconteceu pelo despejo do efluente tratado na ETE da cidade no rio, já 
que a ETE da cidade está atendendo todos os parâmetros de enquadramento 
de despejo nos corpos hídricos. Contudo, foi descoberto que o lençol freático 
que fica abaixo das plantações da cidade possui uma alta concentração de 
formas de nitrogênio, fósforo, cádmio e chumbo. Com base no que foi dito, 
qual seria a opção mais plausível para que tenha acontecido a poluição 
por eutrofização do rio da cidade? Cite algumas opções para o controle 
dessa poluição.
Resolução da situação-problema
As situações de eutrofização de rios e altas concentrações de nitro-
gênio, fósforo, cádmio e chumbo no lençol freático abaixo das plantações 
nos sugerem que a poluição pode ser decorrente do uso indiscriminado de 
fertilizantes – que, além dos compostos nitrogenados, possui ainda alguns 
metais pesados. Sendo assim, podemos inferir que o solo também deve estar 
contaminado, já que a sua porosidade pode servir como um verdadeiro filtro 
– levando, consequentemente, à alta concentração de nutrientes para o rio 
da cidade.
183
A poluição de corpos d’água pelo uso de fertilizantes é um dos motivos 
pelos quais o uso de fertilizantes artificiais deve ser controlado e bem plane-
jado. Como medida para a diminuição do uso de fertilizantes, podemos 
substituir os fertilizantes químicos por fertilizantes naturais, utilizar sistemas 
de revezamento de culturas, monitoramento das concentrações dos fertili-
zantes no solo, entre outros.
Faça valer a pena
1. A poluição do solo está associada ao tipo de utilidade e ocupação do 
solo daquele local. Ela tem fontes naturais e antrópicas, por meio da ação e 
concentração de diversos poluentes no solo. Um desses poluentes é muito 
comum nas cidades e indústrias, promove a proliferação de organismos 
patogênicos, bem como o aumento da matéria orgânica, e em menor concen-
tração, os nutrientes no local afetado.
Assinale a alternativa que representa o tipo de poluente descrito.
a. Fertilizantes sintéticos.
b. Metais pesados.
c. Esgotos infiltrados.
d. Solo ácido.
e. Salinização do solo.
2. A respeito da poluição do solo e seus diversos poluentes, faça a associação 
dos conceitos apresentados na coluna A com seus respectivos parâmetros 
técnicos na coluna B.
COLUNA A COLUNA B
I. Fertilizantes
1. Quando armazenados de forma inadequada, conta-
minam os lençóis freáticos, são comuns em cidades 
e indústrias.
II. Resíduos sólidos 2. Provocam desequilíbrio de nutrientes, possível eutrofização da água de rios próximos.
III. Metais pesados
3. Usados para controle de pragas, podem ser tóxicos 
para a população que consome os subprodutos 
(como as culturas).
IV. Defensivos agrícolas 4. São tóxicos e cancerígenos para o homem, prove-nientes de processos industriais e mineração.
184
Assinale a alternativa que contém a associação correta.
a. I – 2; II – 3; III – 1; IV – 4.
b. I – 2; II – 1; III – 4; IV – 3. 
c. I – 1; II – 3; III – 2; IV – 4.
d. I – 2; II – 1; III – 3; IV – 4.
e. I – 1; II – 4; III – 2; IV – 3.
3. Com base nos seus conhecimentos acerca da poluição do solo, suas causas 
e consequências, analise as afirmativas a seguir:
I. O esgoto doméstico pode infiltrar pelas tubulações nos solos, carac-
terizando uma forma comum de poluição do solo, em que uma 
medida de controle seria trocar as tubulações defeituosas e tratar o 
esgoto em ETE.
II. Assim como no meio aquático, para o monitoramento do grau da 
poluição do solo são utilizados alguns parâmetros de qualidade do 
solo. Os indicadores podem ser biológicos, como a permanência de 
ecossistemas em um local. E podem ser indicadores químicos, como 
a concentração de elementos químicos.
III. O solo não funciona como um filtro, já que não é poroso, então é 
comum que a contaminação do solo fique somente nele, assim não 
ocorre contaminação dos lençóis freáticos existentes no local.
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. II e III, apenas.
185
Seção 3
Tratamento de resíduos sólidos
Diálogo aberto
Caro aluno, você já deve ter observado ao seu redor o grande impacto que 
os resíduos sólidos causam no meio ambiente. Seja nos processos industriais 
ou nas nossas casas, é difícil distanciar o estilo de vida atual de uma atividade 
que não produza nenhum tipo de resíduo. Diante disso, podemos adiantar 
que o grande desafio para a otimização da preservação dos recursos naturais 
nesse momento é a gestão e diminuição dos resíduos sólidos.
Por esse motivo, nesta seção, você aprenderá sobre os resíduos sólidos 
na ótica do saneamento básico, seus tipos, a legislação brasileira e a correta 
destinação dos resíduos. Além disso, iremos finalizar nossos aprendizados 
com os conceitos e o funcionamento dos aterros sanitários.
Lembre-se que você está prestando consultorias para a prefeitura de 
Assú-RN, sendo que uma das atividades que mais crescem nessa região é a 
construção civil. Por esse motivo, as ruas estão com muitos entulhos e com 
a presença de caçambas de entulho encostadas nas calçadas. Para finalizar 
a consultoria da cidade, o prefeito de Assú chamou você e sua equipe para 
realizar uma palestra para a população. Nessa palestra, vocês terão que 
explicar para a população, para as construtoras que ali atuam e para os operá-
rios da construção civil alguns pontos sobre os resíduos produzidos por essa 
atividade, desenvolvendo um panfleto com uma série de informações que 
será distribuído para os ouvintes na ocasião da palestra, contendo as princi-
pais características dos resíduos sólidos oriundos da construção civil:
• O que são os resíduos da construção civil.
• Os principais resíduos produzidos.
• Classificação dos resíduos da construção civil.
• Possibilidade de reciclagem / reuso do resíduo produzido.
• Destinação final apropriada de cada um deles.
Notou o grande desafio que esta seção possui para o engenheiro civil, 
visto que os resíduos sólidos são um grande problema para nós, engenheiros? 
E assim finalizaremos nosso livro. Vamos lá? Bons estudos!
186
Não pode faltar
Os resíduos sólidos
O exagerado consumo de bens materiais, atrelado ao desenvolvimento 
tecnológico tem contribuído para que as alterações no meio ambiente sejam 
cada vez mais intensificadas, sendo responsáveis (em grande parte) pelos 
impactos ambientais, como a alta produção do resíduo sólido (MUCELIN; 
BELLINI; 2008).
Assim, podemosafirmar que atualmente um dos maiores problemas 
ambientais é o denominado resíduo sólido e os “fins” (descarte) que ele 
possui na nossa vida cotidiana: o que será que acontece com o resíduo após 
o descarte nas residências?
Assimile
Antes de entendermos qual é o tamanho desse problema, é importante 
compreender a definição de resíduos sólidos.
O que algum tempo atrás era chamado simplesmente de lixo, atual-
mente foi dividido em duas partes: os resíduos sólidos e o rejeito. Os 
resíduos sólidos correspondem à parte do lixo que de alguma forma 
poderá ser majoritariamente reaproveitada, enquanto os rejeitos 
compreendem a parte do lixo que não é reaproveitada. 
No Brasil, a lei n° 12.305, sancionada em 2010 (BRASIL, 2010) é a respon-
sável pelo regimento dos resíduos sólidos. Essa lei é conhecida como Política 
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e no seu artigo 3° define, também, o 
resíduo sólido como:
Inciso XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto 
ou bem descartado resultante de atividades humanas em 
sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe 
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido 
ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e 
líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lança-
mento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, 
ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente 
inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. (BRASIL, 
2010, [s.p.]) 
187
Perceba que, ao analisarmos o conceito de resíduos sólidos dentro da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos, ele se torna um pouco mais amplo, 
incluindo os resíduos líquidos e gasosos (se contidos em recipientes). Então, 
você pode estar se perguntando, qual a diferença entre os resíduos sólidos e os 
esgotos? Os resíduos líquidos não podem ser descartados em rede de esgoto 
comum, devido ao potencial poluidor, dada sua composição. Muitas vezes 
os líquidos caracterizados resíduos (ou contidos nos resíduos), apresentam 
elevada concentração, necessitando de tratamento específico antes do lança-
mento (caso seja viável) em um corpo receptor.
Dentro da lei também são feitas algumas classificações dos resíduos 
sólidos, por exemplo, em relação à sua origem (BRASIL, 2010):
• Resíduos domiciliares: originados das residências urbanas. Podem 
ser secos (plásticos, papeis, metais, vidros, e outras embalagens) 
ou úmidos (resíduos orgânicos como restos de alimentos, cascas, 
sementes, entre outros).
• Resíduos de limpeza urbana: originados da limpeza urbana de vias 
públicas e outros serviços urbanos.
• Resíduos sólidos urbanos: junção dos resíduos domiciliares e dos 
resíduos de limpeza urbana. 
• Resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, 
que não se encaixam nos resíduos já citados (ou seja, exceto os prove-
nientes de limpeza urbana, resíduos dos serviços públicos de sanea-
mento básico, resíduos de serviços de saúde, resíduos da construção 
civil, resíduos de serviços de transporte).
• Resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: são os resíduos 
oriundos de atividades do saneamento básico, exceto os resíduos 
sólidos urbanos.
• Resíduos industriais: oriundos de processos industriais (produção e 
instalações).
• Resíduos de serviços da saúde: são aqueles resíduos oriundos dos 
serviços da saúde, listados em normas estabelecidas por órgãos do 
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e do Sistema 
Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS).
Pesquise mais
Para descobrir alguns dos resíduos sólidos classificados como os prove-
nientes de serviços de saúde, acesse nossa biblioteca virtual e leia da 
página 149 à página 154 do livro referenciado a seguir:
188
BARBOSA, R. P.; IBRAHIN, F. I. D. Resíduos sólidos: impactos, manejo e 
gestão ambiental. São Paulo: Érica, 2014.
• Resíduos da construção civil: aqueles que são oriundos da construção 
civil, de demolições, reformas ou reparos, em que também se incluem 
os resíduos de etapas de preparação e escavação de terrenos para 
obras em geral.
• Resíduos agrossilvopastoris: aqueles oriundos das atividades agrope-
cuárias e silviculturais, além dos insumos que por ventura foram utili-
zados nesse tipo de atividade. Podem ser orgânicos (restos de vegetais, 
ou resíduos de animais abatidos) e inorgânicos (agrotóxicos, fertili-
zantes, embalagens, entre outros).
• Resíduos de serviços de transportes: são os resíduos oriundos de ativi-
dades em portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e 
ferroviários, além das fronteiras em geral.
• Resíduos de mineração: são aqueles oriundos de atividades de 
pesquisas, extrações ou beneficiamentos de minérios como um todo. 
Além da classificação em relação à origem, a PNRS ainda faz uma 
distinção entre os resíduos em relação ao seu grau de periculosidade, sendo 
classificados em resíduos perigosos e não perigosos. Os resíduos classificados 
como perigosos são aqueles que apresentam características que os tornam: 
inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos, patogênicos, carcinogênicos, 
teratogênicos e mutagênicos, atrelados a algum risco à saúde das pessoas ou à 
qualidade ambiental. E de forma oposta, todos os resíduos considerados não 
perigosos são aqueles que não se classificam como perigosos. Os resíduos 
radioativos não são tratados na PNSR, possuindo uma legislação específica.
Ainda de acordo com a sua periculosidade, a Norma Brasileira, ABNT 
– NBR 1004/2004 (ABNT, 2004) divide os resíduos em classes, Classe I 
(perigosos) e Classe II (não perigosos). Na Classe II eles podem ser, ainda, 
subdivididos em Classe II – A (não inertes) e Classe II – B (inertes).
Reflita
Os resíduos perigosos são os que apresentam algum risco à saúde das 
pessoas que os manuseiam. Mas como é feita essa classificação? O que 
é necessário para que um resíduo seja considerado um resíduo infla-
mável?
189
Os resíduos sólidos devem ser descartados de forma correta. Para isso, 
deve-se possuir uma etapa de planejamento, de gerenciamento de resíduos 
sólidos que, de acordo com a PNRS, é: 
Inciso X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de 
ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de 
coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação 
final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e 
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, 
de acordo com plano municipal de gestão integrada de 
resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de 
resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei. (BRASIL, 
2010, [s. p.])
Note que é na fase do gerenciamento de resíduos sólidos que estão englo-
badas todas as ações que buscam soluções em termos de coleta, transporte, 
tratamento e destinação final desses resíduos, estando inclusos também na 
gestão dos resíduos as dimensões políticas, ambientais, econômicas, cultu-
rais e sociais (BRASIL, 2010). E, assim, é elaborado um plano de gestão ou 
gerenciamento de resíduos, que irá demonstrar à sociedade (e à comunidade 
internacional) o que se planeja fazer para o controle e destinação final dos 
resíduos gerados no país. Incluindo as comunidades rurais, que devem ser 
inseridas nos planos municipais de integração dos resíduos sólidos.
De acordo com a PNRS, a destinação final ambientalmente adequada 
seria um destino que leva, também, em consideração (em ordem prefe-
rencial) as situações de: não geração, reutilização, reciclagem, tratamento e 
disposição final dos rejeitos.
Pesquise mais
Caro aluno, para aprofundar seus conhecimentos a respeito do geren-
ciamento de resíduos sólidos, acesse nossa biblioteca virtual e leia da 
página 146 à página 149, e da 155 à 161 do livro referenciado a seguir:
BARBOSA, R. P.; IBRAHIN, F. I. D. Resíduos sólidos: impactos, manejo e 
gestão ambiental. São Paulo: Érica, 2014.
Mas o que seria a etapa de tratamento dos resíduos? O tratamento engloba 
uma série de técnicas (ou operações) que utilizam tecnologias apropriadas 
para que seja reduzida a quantidade final dos resíduos, com a finalidade de 
diminuir os impactos ambientais negativosque eles produzem.
190
Quando não são tratados corretamente, os resíduos sólidos promovem 
uma série de problemas ambientais, desde a poluição de lençóis freáticos, 
até a proliferação de vetores e transmissão de doenças. E com o aumento dos 
problemas relacionados ao descarte inadequado dos resíduos, tem-se cada 
vez mais a necessidade de um tratamento eficaz.
Atualmente temos disponíveis alguns tipos de tratamento, divididos 
essencialmente em tratamentos físicos e bioquímicos. Os tratamentos do 
tipo físico englobam processos térmicos e mecânicos. Os tratamentos físicos 
do tipo térmico utilizam técnicas envolvendo temperaturas altas, em que 
o principal objetivo é a redução do volume do resíduo e a eliminação de 
microrganismos. Já os do tipo mecânico utilizam processos como trituração 
e quebra para a diminuição da granulometria dos resíduos. 
Já os tratamentos biológicos, também chamados de bioquímicos em 
alguns casos, utilizam organismos (como minhocas) e microrganismos para 
a decomposição das partículas. Veja os diversos tratamentos e suas principais 
características no Quadro 4.5.
Quadro 4.5 | Principais tratamentos de resíduos sólidos
Tratamento 
físico
Térmicos
Incineração: queima pela ação de um combustível, 
causando a oxidação da matéria orgânica.
Secagem: utilização de correntes de ar para a retirada da 
umidade do resíduo.
Pirólise: decomposição do resíduo pela ação de altas 
temperaturas em um ambiente com pouco ou sem 
oxigênio.
Plasma: gás formado pela queima do resíduo, sendo um 
gás ionizado.
Coprocessamento: utilização das cinzas produzidas 
na queima de resíduos para aproveitamento em outro 
produto, como o cimento por exemplo.
Mecânicos
Centrifugação: processo mecânico de separação pela 
ação da força centrífuga.
Separação gravitacional: processo que utiliza um 
líquido com densidade intermediária para a separação de 
diferentes compostos.
Redução de partículas: processo que visa a diminuição 
do tamanho das partículas, utilizando equipamentos 
(como moinhos e peneiras).
191
Tratamento biológico
Biodigestão: decomposição da matéria orgânica em am-
biente anaeróbio, em locais chamados de biodigestores.
Compostagem: decomposição da matéria orgânica em 
ambiente aeróbio, como em usinas de compostagem.
Fonte: adaptado de Barbosa e Ibrahin (2014, p. 134).
Os aterros sanitários
Todos os resíduos sólidos residenciais são transportados por empresas 
especializadas e credenciadas pela prefeitura para as fases seguintes, como 
as de tratamento e destinação final. Antigamente era comum a prática de 
descartar os resíduos sólidos em locais chamados de Lixões. Os lixões são 
áreas “ao ar livre”, de disposição final dos resíduos sólidos, os quais são descar-
regados sem cuidado, planejamento ou proteção ao meio ambiente. Por essas 
características, você já pode perceber que os lixões são áreas impróprias ao 
armazenamento e destinação final dos resíduos. Diante disso, a PNRS deter-
minou desde 2010 que os lixões devem ser extintos.
Comumente, talvez você já tenha ouvido falar que os termos lixões e 
aterros são sinônimos. Contudo, os aterros sanitários possuem grandes 
diferenças em relação aos lixões (Figura 4.7). E quais são essas diferenças? 
Confira o conceito de aterros sanitários a seguir.
Assimile
O aterro sanitário é um local planejado que tem como objetivo o 
armazenamento dos resíduos sólidos em um espaço pré-determinado, 
alternando camadas de um material inerte (comumente sendo utilizado 
o solo), com camadas de resíduos. O aterro sanitário possui proteção 
da base e das laterais pela utilização de um material impermeável, 
impedindo a contaminação do lençol freático e dos solos próximos ao 
local, bem como a coleta e tratamento de gases que ali são produzidos 
e dos líquidos gerados.
Já os denominados aterros controlados são locais que os resíduos são 
armazenados e também possuem certa impermeabilização e camadas 
de solo intercaladas com os resíduos. Contudo, é um tipo de destinação 
final semelhante aos lixões, em que pode haver ou não a drenagem dos 
líquidos produzidos.
192
Figura 4.7 | Disposição final de resíduos sólidos: lixões / aterros sanitários
Fonte: Shutterstock.
Nos aterros (Figura 4.8), diferentemente dos lixões, há uma preocupação 
com o solo e os lençóis freáticos próximos ao local. Por isso, há a utilização 
de mantas impermeáveis na base, para a proteção dessas áreas, bem como 
a drenagem dos seus líquidos. Os líquidos provenientes dos aterros sanitá-
rios são chamados de lixiviado, percolado ou comumente de chorume. O 
lixiviado é um liquido de cor escura, proveniente da decomposição do resíduo 
sólido somado à precipitação que possa ter ocorrido no local, possuindo pH 
ácido, malcheiroso e concentrado – com altas concentrações de DBO, DQO, 
compostos nitrogenados, compostos tóxicos e microrganismos patogênicos. 
O lixiviado coletado nos aterros sanitários deve ser tratado em ETE ou no 
próprio aterro antes do descarte em corpos receptores.
Reflita
Os processos de decomposição dos resíduos sólidos geram líquidos, que 
são os lixiviados, e gases. Em aterros, o controle desses gases é uma 
atividade comum. E, além disso, os gases podem ser reaproveitados. 
Porém, porque esses gases podem ser reaproveitados? Como ocorrem 
os processos de reaproveitamento de gases produzidos nos aterros?
Os aterros funcionam realizando parte do tratamento, em que há uma 
decomposição dos resíduos pela ação de microrganismos anaeróbios. Uma 
das desvantagens do aterro sanitário é a sua demanda por grandes áreas, que 
serão inutilizadas para muitas atividades após a desativação do empreendi-
mento, como construções que demandam fundações profundas. Além disso, 
o aterro em geral demanda uma área grande para sua implantação. Caso 
não seja viável economicamente a implantação do aterro em uma cidade, é 
comum que algumas cidades dividam o mesmo aterro, e o resíduo é trans-
portado até ele.
193
Figura. 4.8 | Esquema vertical comumente utilizado em aterros sanitários
Fonte: Rocha (2010, p. 230 apud. BRAGA, 2005, p. 150).
Os resíduos sólidos provenientes da construção civil (RCC)
A construção civil é uma das atividades que mais produzem resíduos 
sólidos atualmente, seja em atividades de construção de estruturas ou de 
demolições. Na literatura, existem menções de que a parcela dos RCC no 
resíduo total seja de 51% a 70% (NETO, 2005). Os resíduos são majoritaria-
mente restos de alvenaria, asfaltos, gessos, argamassas e concretos, restos de 
fiações, madeiras e materiais metálicos. De forma geral, o grande problema 
dos resíduos provenientes da construção civil está em seu grande volume. 
Porém, são atividades em que é possível reciclar diversos materiais, como 
o reaproveitamento de aço, madeira, e o próprio concreto. O CONAMA, 
em sua Resolução 307/2002 (BRASIL, 2002), classifica os RCC em algumas 
classes, A, B, C e D. De acordo com Cardoso, Galatto e Guadagnin (2014, p. 
2):
• Classe A - São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, 
como os de: 
– Construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de 
outras obras de infraestrutura, até mesmo solos provenientes de 
terraplanagem. 
194
– Construção, demolição, reformas e reparos de edificações: compo-
nentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, 
etc.), argamassa e concreto.
– Processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em 
concreto (blocos, tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros 
de obras.
• Classe B - São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais 
como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras, gesso 
e outros.
• Classe C - São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas 
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a 
sua reciclagem/recuperação.
• Classe D - São os resíduos perigosos oriundos do processo de 
construção, tais como: tintas, solventes, óleos, lâmpadas fluorescentes, 
pilhas e baterias ou aqueles contaminados oriundos de demolições, 
reformase reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais, 
telhas de amianto e outros.
Exemplificando
Um exemplo de relevância da construção civil no contexto dos resíduos 
sólidos é o seu grande papel na reciclagem de materiais, sendo gerados 
diversos benefícios nessa atividade, em que podemos observar uma 
redução não só do consumo de matéria-prima, mas a redução de: 
consumo da poluição como um todo, do consumo de energia e redução 
de áreas destinadas a aterros sanitários. Por exemplo, atualmente, no 
país, observamos empresas que produzem agregados (como cascalhos, 
areia e pedras) a partir de entulhos da construção civil, em um processo 
de reciclagem, em que esses entulhos viram matéria prima para a fabri-
cação de concreto e estradas (pavimentação).
Como você pôde observar, é de grande responsabilidade o papel do 
engenheiro civil, desde a geração, até destinação final dos resíduos sólidos. 
É fundamental, antes da destinação final dos resíduos, verificar a filosofia 
dos 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar, principalmente em nossas atividades 
como engenheiro.
E, assim, finalizamos nossos estudos em saneamento básico, com o 
grande desafio dos engenheiros do futuro: desenvolver ambientes modernos 
195
e construções funcionais, sem deixar de lado a sustentabilidade e o cuidado 
com o meio ambiente durante as nossas atividades.
Sem medo de errar
Durante uma consultoria para a prefeitura de Assú-RN, você desco-
briu que as ruas da cidade estão com muitos entulhos e com a presença 
de caçambas de entulho encostadas nas calçadas, todos provenientes da 
construção civil (atividade que está expandindo muito na cidade).
Então, você e sua equipe precisam realizar uma palestra para a população 
sobre esse tipo de resíduo sólido. Na palestra, vocês terão que explicar 
para a população, para as construtoras que ali atuam e para os operá-
rios da construção civil alguns pontos sobre os resíduos produzidos pela 
construção civil.
Assim, primeiramente, vocês explicarão aos presentes na palestra e entre-
garão um panfleto com algumas informações sobre os resíduos oriundos da 
construção civil, por exemplo:
O que são os resíduos da construção civil
No Brasil, a lei n° 12.305, sancionada em 2010 (BRASIL, 2010) é a 
responsável pelo regimento dos resíduos sólidos nacionalmente e conceitua 
os resíduos sólidos provenientes da construção civil como aqueles que são 
oriundos da construção civil, da demolição, da reforma ou do reparo, em 
que também se incluem os resíduos de etapas de preparação e escavação de 
terrenos para obras em geral.
Os principais resíduos produzidos
Os resíduos são majoritariamente restos de alvenaria, restos de 
asfaltos, de gessos e argamassas e concretos, restos de fiações, madeiras e 
materiais metálicos.
A classificação dos resíduos da construção civil
O CONAMA, em sua Resolução 307/2002 (BRASIL, 2002), classifica os 
RCC em algumas classes (A, B, C e D). De acordo com Cardoso et. al. (2014, 
p.2):
• Classe A - São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, 
como os de: 
– Construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de 
outras obras de infraestrutura, até mesmo solos provenientes de 
terraplanagem. 
196
– Construção, demolição, reformas e reparos de edificações: compo-
nentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, 
etc.), argamassa e concreto.
– Processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em 
concreto (blocos, tubos, meios-fios, etc.) produzidas nos canteiros 
de obras.
• Classe B - São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais 
como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras, gesso 
e outros.
• Classe C - São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas 
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a 
sua reciclagem/recuperação.
• Classe D - São os resíduos perigosos oriundos do processo de 
construção, tais como: tintas, solventes, óleos, lâmpadas fluorescentes, 
pilhas e baterias ou aqueles contaminados oriundos de demolições, 
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais, 
telhas de amianto e outros.
Possibilidade de reciclagem / reuso do resíduo produzido
Todos os resíduos classificados como sendo de classe A e B podem ser 
reciclados. Os de classe A, por exemplo, podem ser reciclados para uma 
atividade na própria construção civil. Já os de classe B podem ser reciclados 
para outras atividades. Os resíduos de classe A podem ser restos de alvenaria, 
restos de concreto, restos de argamassa, cerâmicas, entre outros. Enquanto os 
de classe B incluem os plásticos, o papelão e os vidros.
Destinação final apropriada de cada um deles
Sabendo que os resíduos das classes A e B podem (e devem) ser reciclados, 
a sua destinação apropriada deve ser a reciclagem – e/ou suas reutilizações. 
Sendo assim, eles devem ser separados para tal fim. Já os resíduos de classe 
C e D, como não possuem potencial para ser reciclados, devem ser coletados 
para que tenham um tratamento adequado (dependendo de sua natureza, 
toxicidade, periculosidade, entre outros) e um armazenamento correto.
197
Avançando na prática
O aterro sanitário
A cidade de Ponta Grossa-PR está com a água do rio que abastece a 
cidade poluída. Foi descoberto que o uso indiscriminado de lixões nas suas 
margens foi o que ocasionou a contaminação. Diante disso, o prefeito da 
cidade o contratou para que você apontasse, como engenheiro civil, uma 
solução para que todos os lixões da cidade sejam desativados. Ele sugeriu que 
fossem adotados aterros controlados, em vez dos lixões, e pediu a sua opinião 
também sobre esse assunto. Assim, descreva qual a melhor solução para o 
problema de Ponta Grossa, apontando qual seria a melhor técnica para cessar 
a poluição do rio que abastece a cidade.
ideal é que na cidade sejam construídos aterros sanitários, pois nos 
aterros, diferentemente dos lixões e de alguns aterros controlados, há uma 
preocupação com o solo e os lençóis freáticos próximos ao local. Por isso há 
a utilização de mantas impermeáveis na base, para a proteção dessas áreas, 
bem como a drenagem do lixiviado produzido, que é a causa da poluição do 
rio próximo à cidade. Assim, você indicou a construção dos aterros sanitá-
rios, explicando o porquê da não indicação dos aterros controlados.
Resolução da situação-problema
Antes de apontar a melhor solução para o problema de Ponta Grossa-PR, 
primeiramente é fundamental que seja verificado a viabilidade econômica 
da implantação do aterro sanitário na cidade, analisando também se há uma 
área disponível na região para que isso seja feito.
Então, você explicou ao prefeito quais são os conceitos de lixões, aterros 
controlados e finalmente aterros sanitários:
• Lixões: os lixões são áreas “ao ar livre”, de disposição final dos resíduos 
sólidos, onde os resíduos são descarregados sem cuidado, sem plane-
jamento ou proteção ao meio ambiente.
• Aterros controlados: os denominados aterros controlados são locais 
nos quais os resíduos são armazenados que também possuem certa 
impermeabilização e camadas de solo intercaladas com os resíduos. 
No entanto, é um tipo de destinação final semelhante aos lixões, onde 
pode haver ou não a drenagem dos líquidos produzidos.
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• Aterro sanitário: o aterro sanitário é um local planejado que tem 
como objetivo o armazenamento dos resíduos sólidos em um espaço 
pré-determinado, alternando camadas de um material inerte (sendo 
o solo comumente utilizado), com camadas de resíduos. O aterro 
sanitário possui proteção da base e das laterais pela utilização de um 
material impermeável, impedindo a contaminação do lençol freático 
e dos solos próximos ao local, bem como a coleta e tratamento de 
gases que ali são produzidos e dos líquidos gerados.
Assim, você explicou ao prefeito que embora os aterros controlados 
possam parecer uma opção um pouco melhor do que os lixões, o ideal é que 
na cidade sejam construídos aterros sanitários, pois nos aterros, diferente-
mentedos lixões e de alguns aterros controlados, há uma preocupação com 
o solo e os lençóis freáticos próximos ao local. Por isso há a utilização de 
mantas impermeáveis na base, para a proteção dessas áreas, bem como a 
drenagem do lixiviado produzido, que é a causa da poluição do rio próximo 
à cidade. Assim, você indicou a construção dos aterros sanitários, explicando 
o porquê da não indicação dos aterros controlados.
Faça valer a pena
1. Milhares de toneladas de resíduos sólidos são coletados no Brasil diaria-
mente, formando uma alta porcentagem atendida por esse serviço nos 
centros urbanos. Contudo, a porcentagem de residências rurais atendidas 
pela coleta de resíduos cai drasticamente. No Plano Nacional de Resíduos 
Sólidos é estabelecida uma destinação correta para todos os resíduos sólidos.
Assinale a alternativa que apresenta a destinação correta dos resíduos sólidos 
domésticos urbanos, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
a. Lixões em geral, localizados na cidade.
b. Acomodação em qualquer terreno vazio.
c. A população deve levar até os aterros sanitários.
d. Transportado por empresa de coleta até o aterro sanitário.
e. Acomodação em qualquer local da cidade, tendo coleta ou não.
2. Os resíduos sólidos são classificados de acordo com a sua periculosidade 
em: Classe I e Classe II (Classe II – A e Classe II – B). Com as informações 
apresentadas no quadro a seguir, faça a associação dos conceitos apresen-
tados na coluna A com seus respectivos parâmetros técnicos na coluna B.
199
COLUNA A COLUNA B
I – Classe I 1 – Não perigosos em geral
II – Classe II 2 – Perigosos em geral
III – Classe II – A 3 – Não perigosos e inertes
IV – Classe II – B 4 – Não perigosos e não inertes
Assinale a alternativa que contém a associação correta:
a. I – 2; II – 3; III – 1; IV – 4.
b. I – 1; II – 3; III – 2; IV – 4.
c. I – 2; II – 1; III – 3; IV – 4.
d. I – 1; II – 4; III – 2; IV – 3.
e. I – 2; II – 1; III – 4; IV – 3.
3. Atualmente, um dos maiores problemas ambientais dos centros urbanos 
é o manejo e destinação final dos resíduos sólidos, por isso, no Brasil, foi 
criada a lei conhecida como A Política Nacional dos Resíduos Sólidos. A 
respeito desse tema, analise as afirmativas a seguir:
I. Na Política Nacional de Resíduos Sólidos, há diretrizes a respeito da 
gestão dos resíduos em toda sua totalidade, exceto os rejeitos radia-
tivos, que possuem regulação específica.
II. Na Política Nacional de Resíduos Sólidos há a classificação dos 
resíduos sólidos de acordo com sua origem como os domiciliares, os 
de serviços da saúde, os de limpeza urbana e os perigosos.
III. Na Política Nacional de Resíduos Sólidos, há uma ordem de priori-
dade a respeito do gerenciamento dos resíduos sólidos, o qual deve 
ser seguido com rigor, que é dado por: não geração, reutilização, 
reciclagem, tratamento e disposição final.
Considerando o contexto apresentado, é correto o que se afirma em:
a. Somente a I.
b. Somente a I e II.
c. Somente a I e III.
d. Somente a II e III.
e. Somente a III.
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