Buscar

ENFERMAGEM EM TERAPIA NUTRICIONAL Conselho Regional de Enfermagem do Ceara

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Pesquise no Site
Estudos demonstram que a prevalência de pacientes desnutridos no âmbito Imprimir
07/02/2011
ENFERMAGEM EM TERAPIA NUTRICIONAL
Estudos demonstram que a prevalência de pacientes desnutridos no âmbito hospitalar encontra-se entre 40 a 50%,
sendo maior durante a internação. O Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional – IBRANUTRI , realizado, em
1996, pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE) em hospitais do SUS foi o primeiro
estudo brasileiro a mapear a desnutrição hospitalar no Brasil e representou alerta e indício de que pacientes não
eram avaliados da maneira como deveriam.
 
E sendo a desnutrição considerada o distúrbio da saúde de maior prevalência no hospital, justificam-se seu
diagnóstico e tratamento por meio de uma Terapia Nutricional, que é o conjunto de procedimentos terapêuticos
para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio da Nutrição Parenteral, por
cateteres intravenosos ou Enteral, por sondas enterais, de gastrostomias ou jejunostomias.
 
A atuação multidisciplinar na Terapia Nutricional (TN) é uma necessidade para o tratamento do paciente e foi
sentida, de início, nos Estados Unidos. Frente aos altos índices de desnutrição, em 1975, a Sociedade Norte-
Americana de Nutrição Parenteral e Enteral (ASPEN) criou um comitê científico multiprofissional voltado para a
melhoria no atendimento, educação e pesquisa em terapia nutricional, procurando nortear a formação de equipes
com diferentes profissionais. No Brasil, em pesquisa realizada pela SBNPE, verificou-se maior existência de
equipes formadas em São Paulo e no Rio de Janeiro desde 1978.
 
Mas foi somente em 1998 que o Ministério da Saúde, por meio de Portarias, determinou que instituições
hospitalares tivessem uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN), constituída de, pelo menos, um
profissional das áreas médica, enfermagem, nutrição e farmácia.
 
O Portal da Enfermagem conversou com a enfermeira Cláudia Matsuba, especialista em Nutrição Parenteral e
Enteral e em UTI, coordenadora técnico-administrativa da EMTN do Hospital do Coração, de São Paulo, e atual
presidente do Comitê de Enfermagem da SBNPE. Neste bate-papo, ela descreve a atuação da enfermagem
enquanto membro da EMTN, fala dos avanços na terapia nutricional, dos cuidados e responsabilidades que a
equipe multidisciplinar tem frente ao paciente, como é a especialização em enfermagem na área, dentre outros
assuntos relacionados ao tema.
 
 
 
Quem são os pacientes mais propensos à desnutrição hospitalar?
As principais situações que podem expor o paciente em risco de desnutrição estão relacionadas à: redução na
ingestão de alimentos (anorexia, náusea, vômitos, disfagia, dor, obstrução gastrointestinal, problemas
psicológicos), gasto energético aumentado (neoplasias, HIV, doenças inflamatórias, cirurgias, sepse, queimaduras,
úlceras e fístulas), alterações no metabolismo dos nutrientes (falência orgânica, traumatismos), perda de nutrientes
(doenças que evoluem com má absorção, hemorragias, diarréia, síndrome nefrótica, enteropatias, síndromes
consuptivas como o câncer) e fatores iatrogênicos (falha em diagnosticar a desnutrição ou pacientes em risco,
escasso controle e anotação de peso dos pacientes na admissão e no decorrer da internação, medicamentos,
terapia nutricional inadequada para a situação clínica do paciente, jejum prolongado e injustificado como para
cirurgias e exames etc.). Alguns autores também destacam o baixo nível sócio-econômico, nível educacional,
carência de informações sobre nutrição, nível funcional físico para satisfazer às atividades da vida diária, dentição e
até mesmo, isolamento.
 
 
Quais foram os principais avanços da terapia nutricional?
O impacto negativo da desnutrição hospitalar é atualmente considerado um dos problemas mais graves da área da
saúde, com conseqüente aumento nas taxas de morbidade, mortalidade, tempo de internação e custos
hospitalares.
Existem inúmeros avanços desde as primeiras aplicações desta terapia. A terapia nutricional enteral precoce
poderia ser um dos grandes avanços, sendo entendido como a introdução da dieta nas primeiras 24 a 48 horas
após admissão hospitalar. Este conceito nasce a partir de estudos experimentais com objetivo de diminuir a
resposta inflamatória isquêmica, evitando liberação exagerada de citocinas, melhorar a função imunitária intestinal,
reduzir a produção de hormônios catabólicos e preservar o estado nutricional. Outro avanço está relacionado aos
imunonutrientes encontrados em determinados alimentos, responsáveis pela modulação da atividade do sistema
imunológico ou das conseqüências de sua ativação, como a arginina, a glutamina, os ácidos graxos (ômega 3), os
nucleotídeos e os antioxidantes (vitamina C, zinco e selênio). As fórmulas enterais e parenterais enriquecidas com
estes nutrientes específicos têm a propriedade de atenuar a resposta inflamatória aguda, aumentar a proliferação
de células de defesa e reduzir o estresse oxidativo celular, com efeitos benéficos em diversas situações clínicas. 
Graças a estes avanços, a dieta enteral e a nutrição parenteral passaram a ser denominadas de terapia nutricional,
sendo específica para cada condição clínica, como nas situações de sepse, pneumopatia, úlceras por pressão,
nefropatia, dentre outros. Concomitante a estas mudanças, observamos também os avanços tecnológicos
relacionados aos dispositivos e equipamentos, como as sondas gastrojejunais para pacientes com alto refluxo
permitindo alimentação pós-pilórica e bombas infusoras, garantindo acurácia e segurança na administração.
 
 
Em qual legislação está embasada a obrigatoriedade de uma Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional
(EMTN) nos hospitais brasileiros?
As legislações vigentes para a prática multiprofissional são descritas nas portarias do Ministério da Saúde: Portaria
nº. 272 de 08/04/1998 e Resolução da Diretoria Colegiada nº. 63 de 06/07/2000. Segundo as legislações, EMTN é
um grupo formal e obrigatoriamente constituído de, pelo menos um profissional médico, enfermeiro, nutricionista,
farmacêutico, habilitados e com treinamento específico para a prática da Terapia Nutricional (TN), podendo ainda
incluir profissionais de outras categorias a critério da unidade hospitalar.
 
 
Quais são as atribuições da EMTN?
Por tratar-se de um grupo de apoio especializado e regido por normatizações, a EMTN possui várias atribuições,
dentre elas:
– Estabelecer as diretrizes técnico-administrativas que devem nortear as atividades da equipe e suas relações com
a instituição;
– Criar mecanismos para o desenvolvimento das etapas de triagem e vigilância nutricional em regime hospitalar,
ambulatorial e domiciliar, sistematizando uma metodologia capaz de identificar pacientes que necessitam de terapia
nutricional, a serem encaminhados aos cuidados da EMTN;
– Atender às solicitações de avaliação do estado nutricional do paciente, indicando, acompanhando e modificando
a TN, quando necessário, em comum acordo com o médico responsável pelo paciente, até que sejam atingidos os
critérios de reabilitação nutricional pré-estabelecidos;
– Assegurar condições adequadas de indicação, prescrição, preparação, conservação, transporte e administração,
controle clínico e laboratorial e avaliação final da terapia nutricional enteral (TNE) e ou terapia nutricional parenteral
(TNP), visando obter os benefícios máximos do procedimento e evitar riscos;
– Capacitar os profissionais envolvidos, direta ou indiretamente, com a aplicação do procedimento, por meio de
programas de educação continuada, devidamente registrados;
– Estabelecer protocolos de avaliação nutricional, indicação, prescrição e acompanhamento da TNE e TNP;
– Documentar todos os resultados do controle e da avaliação da TNE e TNP visando a garantia de sua qualidade;
– Estabelecer auditorias periódicas a serem realizadas por um dos membros da EMTN, para verificar o
cumprimento e oregistro dos controles e avaliação da TNE e TNP;
– Analisar o custo e o benefício no processo de decisão que envolve a indicação, a manutenção ou a suspensão da
TNE e TNP.
 
 
E quais os principais benefícios desta implantação?
Na literatura e na prática clínica são descritos inúmeros trabalhos demonstrando os benefícios e resultados da
atuação das EMTNs. As principais vantagens encontradas são: normatização de condutas, cumprimento ao
acompanhamento de protocolos; redução de complicações mecânicas, infecciosas, gastrointestinais e metabólicas;
redução de custos com o controle do desperdício na preparação, padronização de prescrições, solicitação de
exames laboratoriais e uso de equipamentos específicos; melhor adequação nutricional atingindo aporte calórico-
proteico desejado e maior segurança e efetividade por meio do gerenciamento de riscos por profissionais
especialistas e capacitados.
 
 
Como se dá a escolha do profissional de enfermagem que atuará na Equipe?
A escolha ocorre geralmente por meio de indicação do coordenador clínico ou do gerente/diretor de enfermagem do
respectivo serviço, em consenso com os demais membros da EMTN. Pela especificidade da área, recomenda-se
que o enfermeiro possua especialização em TN ou desenvolva atividades correlacionadas para então atuar
juntamente ao grupo.
 
 
Há alguma legislação específica que norteia a atuação da enfermagem?
Sim, as portarias do Ministério da Saúde (RCD 63 de 06/07/2000 e Portaria 272 de 08/04/1998 direcionam para as
Boas Práticas de Administração da Terapia Nutricional Enteral e Parenteral pela equipe de enfermagem sob
supervisão do enfermeiro. A Resolução do Cofen nº 277 (16/06/2003) também aprova as normas de procedimentos
a serem utilizadas pela equipe de Enfermagem na Terapia Nutricional. É importante destacar que além de assumir
o acesso ao trato-gastrointestinal, o enfermeiro também possui a competência de sistematizar a assistência na
Nutrição Oral Especializada.
 
 
Os hospitais contam com uma EMTN ou há equipes distintas em determinadas áreas?
Atualmente observam-se hospitais com EMTNs atuantes na área adulta e pediátrica concomitantemente e àquelas,
com equipes distintas. Apesar desta distinção, na prática uma atuação conjunta parece ser mais favorável em
decorrência da uniformidade na elaboração de diretrizes e normatizações. No entanto, a atuação conjunta
dependerá da política institucional e do contrato de trabalho das equipes.
 
 
Em que momento começa a participação da enfermagem na terapia nutricional?
A participação da enfermagem encontra-se em todos os níveis de assistência, seja na área hospitalar, como
ambulatorial ou domiciliar. O enfermeiro exerce um papel fundamental, visto que é o profissional que
freqüentemente estabelece o primeiro contato com o paciente durante a hospitalização. Este profissional pode
detectar precocemente pacientes com perfil para terapia nutricional especializada por meio de uma avaliação
objetiva simples (Triagem Nutricional). As primeiras observações podem ocorrer durante a própria admissão
hospitalar, a partir do momento que o enfermeiro por meio dos instrumentos, como o Histórico de Enfermagem e a
Triagem Nutricional detecta algum sinal de desnutrição ou risco de desnutrição. A Triagem faz parte da terapia
nutricional e envolve o uso de técnicas simples de avaliação como exame físico e questionamento sobre hábitos
alimentares, variações de peso recente de peso, sintomas gastrointestinais e capacidade funcional; independente
do diagnóstico ou faixa etária e tem como base o uso de intervenções nutricionais específicas para prevenir ou
tratar uma doença, lesão ou condição.
Outro momento importante ocorre durante a própria hospitalização, onde a equipe deve acompanhar a aceitação
alimentar, assim como sintomas associados à intolerância do trato digestório (náuseas, vômitos e diarréia), perda
de peso corpóreo, disfagia e risco de broncoaspiração, e a própria condição clínica, como nos pacientes internados
em unidades de terapia intensiva, oncologia ou com riscos para formação de úlceras por pressão.
 
 
Quais são os procedimentos a serem seguidos pela equipe de enfermagem?
Considerando a TN como terapia de alta complexidade, é fundamental o conhecimento científico e colaboração da
equipe, promovendo uma assistência segura e de qualidade. Esse cuidado envolve prover e manter a via de
acesso escolhida; instalar e administrar a terapia prescrita em doses plenas (seja na forma gravitacional como em
bombas infusoras), controlar efetivamente os volumes infundidos em comparação com os volumes prescritos,
monitorar os efeitos das terapias e detectar e atuar precocemente, diante das intercorrências que os pacientes
possam apresentar. Outro ponto fundamental é acompanhar a efetividade/ tolerância às terapias por meio de
controles clínicos como controle da glicemia capilar, evolução do peso corpóreo, eliminação intestinal.
 
 
Quais os principais cuidados que a enfermagem deve ter frente à terapia nutricional?
A experiência como enfermeira exclusiva de EMTN e como docente de um curso de pós-graduação em Terapia
Nutricional enriqueceram muito a prática profissional, permitindo implantar um serviço diferenciado e de qualidade
no HCor.
Os principais cuidados de enfermagem estendem além das descritas nas legislações. A assistência ao paciente em
uso desta terapia é ampla e deve ser sistematizada, permitindo visualizar/acompanhar todo o processo, desde a
realização da prescrição médica até a finalização da terapia.
De forma resumida, a sistematização do Plano de Cuidados pode ser dividida em etapas:
1) Cuidados que precedem a instalação da TN;
2)Cuidados na instalação da TN;
3)Cuidados durante a infusão da TN;
4) Cuidados na finalização da TN.
Na etapa 1, o cuidado inicia-se durante a realização das visitas da equipe e elaboração das prescrições médicas.
Pela responsabilidade na administração, é imprescindível que enfermeiros tenham conhecimento sobre as
indicações e efeitos secundários das diferentes fórmulas parenterais e enterais disponíveis no mercado, permitindo
detectar precocemente algum risco para intolerância.
A avaliação dos dispositivos e equipamentos para administração da TN no momento que precede a instalação é
atividade inerente do enfermeiro, procurando garantir segurança na manipulação das vias, menor desperdício e
risco de complicações e efetividade na infusão. Com auxílio do Serviço de Controle e Epidemiologia Hospitalar
(SCIEH), protocolos deverão ser elaborados quanto à periodicidade da troca dos dispositivos e dos frascos da dieta
enteral e nutrição parenteral, minimizando riscos de contaminação. Ainda nesta etapa, o enfermeiro deverá
proceder na colocação da sonda enteral ou auxiliar na seleção da via de acesso.
A etapa 2 inicia-se com o recebimento da dieta enteral e ou frasco da nutrição parenteral dos Setores de Nutrição e
ou Farmácia. Nesta fase, em várias instituições, inicia-se a dupla checagem das prescrições e das soluções
garantindo uso seguro e correto, envolvendo controle de temperatura dos frascos de nutrição parenteral e
instalação com técnica asséptica.
Durante a administração da TN (fase 3), o monitoramento deverá ser mais amplo. A assistência será realizada com
o paciente pela observação de sinais de intolerância às fórmulas e prevenção do risco de complicações; com os
dispositivos, pelo cumprimento de protocolos para prevenção de interações droga-nutrientes e complicações
mecânicas, troca de curativos peri-cateter ou sondas de gastrostomias minimizando riscos de contaminação e com
a infusão correta das soluções prescritas em doses plenas procurando atingir o aporte calórico-proteico calculado
pela EMTN. O planejamento educacional ao paciente e sua família deve se iniciar nesta etapa, sendo considerado
importante estratégia na prevenção de complicações.
A etapa final ocorrerá na transição da dieta enteral para via oral, após avaliação da efetividade da terapia, com
obtençãode resultados esperados ou no preparo do paciente para alta domiciliar, com a continuidade do processo
educacional. No preparo para alta domiciliar, o enfermeiro e sua equipe devem elaborar um plano de acordo com
as necessidades do paciente, garantindo que as orientações sejam cumpridas efetivamente no domicílio.
O Gerenciamento do cuidado também faz parte das etapas do processo porque permite avaliar o desempenho de
todas as atividades de enfermagem. Nesta etapa são coletados indicadores de qualidade, procurando verificar o
cumprimento das atividades clínicas e administrativas, identificar melhorias necessárias, elevar os níveis de
segurança dos pacientes, equipe de saúde e familiares e aumentar o nível da qualidade assistencial.
 
 
Quais são as modalidades de terapia nutricional e do que trata cada uma?
A TN pode ser dividida em Terapia Nutricional Enteral e Terapia Nutricional Parenteral.
A TNE é um conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do
paciente por meio da nutrição enteral. A dieta enteral é definida como alimento para fins especiais, com ingestão
controlada de nutrientes, na forma isolada ou combinada, de composição definida ou estimada, especialmente
formulada e elaborada, industrializada (sistema fechado) ou não (sistema aberto), utilizada exclusiva ou
parcialmente para substituir ou complementar a alimentação em pacientes desnutridos ou não, conforme suas
necessidades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos
tecidos, órgãos ou sistemas. Este tipo de terapia pode ser administrada para uso por sondas enterais, sondas de
gastrostomias ou sondas de jejunostomias ou por via oral por meio de suplementos.
A TNP é um conjunto de procedimentos terapêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do
paciente por meio da nutrição parenteral, sendo uma solução ou emulsão, composta basicamente de carboidratos,
aminoácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou plástico,
destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou não, em regime hospitalar, ambulatorial ou
domiciliar visando a síntese ou manutenção dos tecidos, órgãos ou sistemas. Atualmente são classificadas em dois
tipos de sistemas: o sistema individualizado (quando prescrita formulação específica para cada paciente) e
formulações padrão (padronizadas para cada grupo de patologias ou pacientes). Outra denominação amplamente
utilizada é a nutrição parenteral industrializada (pronta para uso- “read-to-use”). A nutrição parenteral pode ser
administrada por meio de cateteres intravenosos de curta permanência (inserção periférica ou centrais de inserção
periférica) ou de longa permanência (tuneilizados ou implantáveis), conforme a rotina institucional.
 
 
A enfermagem também orienta o paciente e seus familiares?
O plano educacional é outra atribuição essencial do enfermeiro porque através da comunicação é possível
minimizar complicações e garantir maior segurança ao paciente, familiar e ou cuidador. Este processo é bastante
enriquecedor porque permite avaliar as necessidades do paciente e os riscos potenciais para que o cuidado não
seja cumprido efetivamente no domicílio. Como rotina das atividades de enfermeira da EMTN, a abordagem
educacional ocorre desde o momento em que inicia-se a terapia sendo uma estratégia para maior entendimento e
colaboração do paciente e familiar, estabelecendo também um vínculo com o grupo pois as visitas do grupo no
HCor ocorrem diariamente.
 
 
A senhora escreveu a obra “Enfermagem em Terapia Nutricional”. Conte-nos um pouco sobre esta
experiência e a importância desta leitura para os colegas que atuam em terapia nutricional.
Foi uma experiência bastante enriquecedora, pois contou com o apoio e colaboração dos enfermeiros do Comitê de
Enfermagem da SBNPE e de enfermeiras da Federação Latino-Americana de Nutrição Parenteral e Enteral
(FELANPE). A necessidade surgiu da procura de um livro específico e direcionado à equipe de enfermagem.
Participei como co-autora em inúmeras obras da área multiprofissional, mas observava carência de literatura
quando o tema era voltado à enfermagem e terapia nutricional, escrito por profissionais especialistas. Minha
preocupação inicial foi elaborar um livro abrangente e de fácil compreensão e, na finalização desta obra tive uma
grande surpresa, deparei-me com um conteúdo altamente rico, pois constava desde as primeiras práticas até sua
evolução na América Latina. Esta obra pode proporcionar ao leitor uma viagem pela história da enfermagem na TN,
procura esclarecer dúvidas sobre as atuais legislações, descreve o papel das fórmulas enterais e parenterais
utilizadas na prática clínica, apresenta os avanços tecnológicos quanto aos dispositivos mais utilizados e também
discute sobre o gerenciamento de riscos. Atualmente o livro está sendo utilizado como referência para várias
faculdades em cursos de graduação e pós-graduação, para EMTNs de diversos hospitais e até mesmo para
público multiprofissional que desconhecia a atuação do enfermeiro na Terapia Nutricional.
 
 
Como é a especialização nesta área?
Há duas formas para obtenção do título de especialista em terapia nutricional. A primeira pode ser obtida por meio
de prova de título de especialista em Nutrição Parenteral e Enteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral
e Enteral (SBNPE). A obtenção do título pela Sociedade ocorre por meio de nota em prova aplicada por esta
associação, análise curricular e comprovante de atuação na área por no mínimo dois anos. Outra forma é a pós-
graduação multiprofissional em Terapia Nutricional em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação e Cultura
(MEC), com carga horária acima de 360 horas promovidos por instituições reconhecidas em nosso meio, como, por
exemplo, o Instituto de Metabolismo e Nutrição (IMeN) e o Grupo de Apoio à Nutrição Enteral e Parenteral
(GANEP). Nos cursos de pós-graduação, a estrutura curricular engloba fundamentos de nutrição; terapia nutricional
especializada nas diferentes situações clínicas, farmacologia, assistência de enfermagem, dentre outros.
 
 
A senhora sabe nos dizer quantos enfermeiros são especialistas em nutrição enteral e parenteral no Brasil?
Segundo publicação realizada por Santos & Ceribelli, em 2006, foi verificado que havia 47 enfermeiros
especialistas em Terapia Nutricional, com titulação obtida pela SBNPE. Nos levantamentos atuais da respectiva
sociedade, temos percebido que anualmente vários profissionais realizam prova para título de especialista. No
momento, acreditamos que existam cerca de 60 especialistas em todo o Brasil.
 
 
Como presidente do Comitê de Enfermagem da SBNPE, o que pode nos contar sobre a atuação deste
departamento dentro da Sociedade?
É um departamento que surgiu concomitante à criação da SBNPE na década de 70, com as enfermeiras Maria
Isabel Pedreira de Freitas, Ymiracy Nascimento de Souza Polak e Suely Itsuko Ciosak. O espaço obtido na área
hospitalar com atuação exclusiva foi também graças à atuação das respectivas enfermeiras, pela elaboração de
protocolos de enfermagem, normatização de produtos para administração das terapias e realização de inúmeras
pesquisas com resultados satisfatórios. Com objetivo de fortalecer o comitê, a atual gestão tem procurado realizar
uma ampla divulgação desta especialidade durante os congressos promovidos pela sociedade, nos workshops
práticos para enfermeiros, nos cursos promovidos em diversos hospitais enfocando a prática deste profissional e
recentemente, otimizado com o lançamento do primeiro livro especializado para enfermagem. Recentemente, o
grupo também participou na coordenação dos trabalhos para elaboração das Diretrizes em Terapia Nutricional
(DITEN), promovido pela SBNPE. O DITEN foi um projeto multiprofissional que procurou estabelecer diretrizes e
normatizações atualizadas, seguindoas principais recomendações das sociedades norte-americana e europeia. O
departamento também tem sua representatividade, atuando ativamente na Federação Latino-Americana de
Nutrição Parenteral e Enteral (FELANPE) com grupos de enfermeiras na América Latina, como Argentina,
Colômbia, Peru, Uruguai, dentre outros. Em parceria com este grupo, recentemente lançou um Guia de Estándares
de Enfermagem, onde aborda a prática assistencial e as principais recomendações.
 
 
Quais foram as conquistas para a enfermagem?
Tivemos várias conquistas graças ao pioneirismo das enfermeiras na SBNPE. Os resultados foram o maior
reconhecimento da atuação por demais profissionais da equipe; a importância da exclusividade dos enfermeiros
nas EMTNs, reconhecimento como profissionais especialistas para tomada de decisões como na seleção e
aquisição de materiais e equipamentos em TN e atuação efetiva na minimização dos efeitos da desnutrição. Nós,
enfermeiras de EMTN começamos a ter um olhar criterioso quanto aos pacientes em risco de desnutrição tanto no
momento da admissão como durante a hospitalização; procuramos sistematizar o cuidado com o objetivo de que
pacientes tenham o aporte calórico-proteico desejado e implantamos programas de educação continuada para que
a equipe de enfermagem tivesse maior adesão e segurança no cumprimento das rotinas de forma efetiva e o
paciente/família, maior aceitação dos propósitos da terapia. Outro ponto fundamental é o gerenciamento de riscos
em todas as etapas da Terapia Nutricional, seja avaliando as prescrições médicas, seja durante a administração da
terapia ou até mesmo na finalização, implantando processos de melhoria e evitando uso inadequado por
imprudência, imperícia ou negligência.
 
 
Quais são as suas competências enquanto coordenadora técnico-administrativa da EMTN do Hospital do
Coração?
Para esta função, o enfermeiro deve, preferencialmente, possuir título de especialista reconhecido em área
relacionada à TN e, como coordenadora da equipe, conhecer as atribuições de cada membro (médico,
nutricionista, farmacêutico).
As atividades desenvolvidas como enfermeira especialista de área somam às competências como coordenadora
técnica da EMTN-HCor, sendo cumpridas efetivamente:
– Assegurar condições para o cumprimento das atribuições gerais da equipe e dos profissionais, visando a
qualidade e efetividade da Terapia Nutricional;
– Representar a equipe em assuntos relacionados com as atividades da EMTN;
– Promover e incentivar programas de educação continuada, para todos os profissionais envolvidos na Terapia
Nutricional, devidamente registrados;
– Padronizar indicadores de qualidade em Terapia Nutricional, para aplicação pela EMTN;
– Gerenciar aspectos técnico-administrativos das atividades da Terapia Nutricional;
– Gerenciar aspectos relacionados a custo-efetividade das terapias implantadas.
Estas competências se estendem além das normatizações do Ministério da Saúde, porque também cumprimos as
recomendações de um programa de acreditação internacional, garantindo maior segurança aos nossos processos
e aos colaboradores. Outro ponto fundamental como enfermeira de EMTN foi também disseminar os resultados
positivos desta prática e formar novos colaboradores por meio de um grupo de estudos de enfermagem no HCor.
Compartilhe
esta
Página:
Tweet
Veja Mais
03/05/2022 16:44 
Enfermagem e ministro da Saúde discutem dotação orçamentária do PL do Piso
02/05/2022 14:31 
IV Encontro reúne auxiliares e técnicos de Enfermagem em Fortaleza
29/04/2022 09:21 
Sede do Coren-CE estará fechada na tarde desta sexta-feira (29/04)
28/04/2022 12:00 
Coren Itinerante inicia atendimentos em Pedra Branca
27/04/2022 19:19 
Nota de Esclarecimento
© Copyright 2012 Conselho Regional de Enfermagem do Ceará 
Desenvolvido por: DTIC/ASCOM do Cofen
Ir para o topo
Instagram Facebook
Contatos do Conselho Regional e Subseções
Sede
Rua Mário Mamede,609,Fátima ,
coren.cesecretaria@gmail.com
Fortaleza/Ceará - CEP: 60415-000
Telefone: (85)3105-7850
Horário de Atendimento: 08h às 17h com
entrega de senhas até às 16h
Subseção Noroeste – Horário
de Atendimento: 08h às 12h e
de 14h às 17h.
Rua Jornalista Deolindo Barreto, 580
– Centro , Sobral / Ceará 
CEP: 62011-172 .
Telefone: (88) 3611.3780
Subseção de Baturité – Horário
de Atendimento: 08h às 12h e
de 14h às 17h.
Rua Senador João Cordeiro, 1390 -
Altos, centro - Baturité-CE , / Ceará 
CEP: 62.760-000 .
Telefone: (85) 99279.0463
Please enter an Access Token on the Instagram
Feed plugin Settings page.
123
Institucional Inscrição Fiscalização Legislação Imprensa Serviços Online ReTEP Carteira Pronta
http://www.coren-ce.org.br/
https://api.whatsapp.com/send?phone=5585987469624
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/print/
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/print/
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/#
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-e-ministro-da-saude-discutem-dotacao-orcamentaria-do-pl-do-piso/
http://www.coren-ce.org.br/iv-encontro-reune-auxiliares-e-tecnicos-de-enfermagem-em-fortaleza/
http://www.coren-ce.org.br/sede-do-coren-ce-estara-fechada-na-tarde-desta-sexta-feira-29-04/
http://www.coren-ce.org.br/coren-itinerante-inicia-atendimentos-em-pedra-branca/
http://www.coren-ce.org.br/nota-de-esclarecimento-9/
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd_UTZBDglkMU4H7r0jErSSWo6o3YSZ4O4AT_5RHD5Xa1vTdw/viewform?vc=0&c=0&w=1
http://www.cofen.gov.br/aviso-e-dimensionamento
http://ouvidoria.cofen.gov.br/coren-ce/transparencia/
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/#
http://www.coren-ce.org.br/subsecao-noroeste/
http://www.coren-ce.org.br/subsecao-de-baturite-horario-de-atendimento-08h-as-12h-e-de-14h-as-17h/
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/
http://www.coren-ce.org.br/enfermagem-em-terapia-nutricional/

Continue navegando