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Responsabilidade do Empregador após Alta Previdenciária

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Ágatha Bárbara Belo Lima 
A presente pesquisa trata da responsabilidade civil do empregador que impede o retorno do empregado ao trabalho, após alta médica conferida pela previdência social, quando da interrupção da percepção do benefício do empregado que ainda se encontra inapto ao trabalho. A problemática abordada é a situação de limbo jurídico previdenciário-trabalhista em que se encontra o trabalhador.
A figura do limbo previdenciário pode ser compreendida como o momento em que o empregador e o INSS discordam quanto à aptidão do empregado para retorno às atividades após o período de afastamento em gozo do benefício previdenciário.
Tal situação ocorre quando o empregado, após perícia médica no INSS, é considerado apto ao trabalho, ou seja, tem alta médica do benefício por incapacidade, seja ele auxílio-doença comum (B61) ou acidentário (B91), e no momento do retorno ao trabalho é atestada, pelo médico da empresa, a sua inaptidão. 
Certo é que quando um funcionário é afastado pelo INSS o empregador fica responsável pelo pagamento do salário referente aos 15 (quinze) primeiros dias (art. 75, decreto 3.048/99), sendo que o INSS paga o salário do empregado a partir do 16º dia e até a data da "aptidão", cessando o benefício após a alta médica pela autarquia. 
Vale destacar que a alta previdenciária é ato administrativo com presunção de legitimidade e veracidade, sendo que o ônus, nestes casos, é do empregador, de demonstrar que, ao contrário do entendimento do INSS, o empregado ainda se encontra inapto para o exercício de suas atividades e deve continuar recebendo benefício previdenciário.
Neste sentido, o empregador deverá informar a sua conclusão à autarquia previdenciária, bem fundamentada e acompanhada de relatório médico, e o empregado deverá apresentar recurso administrativo com a finalidade de restabelecimento do benefício. Caso o recurso administrativo seja acolhido, resultando na reversão da alta previdenciária com o reconhecimento da manutenção da incapacidade laboral do empregado, o INSS restabelecerá o benefício pagando todos os valores retroativos desde a data da alta previdenciária, sendo possível ao empregador acordar com o empregado que eventuais valores pagos pela empresa, entre a alta previdenciária e o restabelecimento do benefício, serão restituídos por este. Se o recurso for rejeitado e o INSS mantiver a sua decisão quanto à alta previdenciária, é possível à empresa ingressar com ação judicial para desconstituir a alta médica indevida. Caso a decisão do INSS seja revertida na esfera judicial, a empresa pode se valer de ação regressiva contra o órgão para se ressarcir dos valores pagos ao empregado.
Pelos julgados acima expostos, fica claro o entendimento de que, uma vez suspensa a benesse do segurado-empregado por alta previdenciária, sem que haja determinação judicial de restabelecimento do benefício, é obrigação do empregador aceitar o trabalhador na empresa, sendo devidos seus salários.
Além disso, é de responsabilidade total do empregador o pagamento dos salários durante o período em que o empregado se encontrou no limbo previdenciário. Isso ocorre por que a empresa contratante assume os riscos do negócio, sendo sua responsabilidade a readaptação do trabalhador em seu serviço. Ademais, entende-se que a simples transferência do problema para o empregador fere o princípio da dignidade humana e o direito social ao trabalho, colocando a parte mais vulnerável em situação de risco quanto a sua subsistência e de sua família.
aponta que a partir do momento que o empregado recebe alta da Previdência, a responsabilidade dos pagamentos de seu salário é do empregador, pois há o fim do período de inaptidão do trabalhador, havendo, portanto, o fim da responsabilidade do Instituto Nacional do Seguro Social de fornecer o benefício.

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