Prévia do material em texto
INSTITUTO DE HISTÓRIA - Área de História - Departamento de História CURSO: GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DISCIPLINA: História do Renascimento (GHT04220) PROFESSOR RESPONSÁVEL: Silvia Patuzzi 1º SEMESTRE / 2018 (2a e 4a, 11:00-13:00) Nicolau Maquiavel e Erasmo de Roterdã: religião e política no Renascimento. I - APRESENTAÇÃO DO CURSO Quais foram os nexos entre religião e política na reflexão dos dois humanistas do Renascimento, Maquiavel e Erasmo? Em uma época dramática, a primeira metade do século XVI, as iniciativas de reforma e as guerras civis religiosas entrelaçaram de modo inédito religião e política, teologia e poder, até torná-las duas faces da mesma moeda, duas formas de comunicar programas de mudança e de dissenso econômico, político e moral, seja para intelectuais educados no patrimônio dos clássicos, como os dois em exame, seja para camponeses livres e artesãos. Maquiavel e Erasmo empenharam-se e posicionara-se em ambas as frentes, tornando públicas suas reflexões e intervindo nos processo de redistribuição do peso político europeu, bem como nas iniciativas de reforma da Igreja em curso. Seus escritos foram, e permaneceram por um bom tempo, ponto de referência para subsequentes reelaborações e/ou alvo de polêmicas e condenações. II – OBJETIVOS O curso possui como objetivo geral oferecer um roteiro inicial de leitura da produção historiográfica a respeito do conceito de Renascimento e exercitar a capacidade de análise e interpretação de textos literários, históricos e de tratados de filosofia moral redigidos por Maquiavel e Erasmo. Espera-se que a análise documental orientada pelo docente em sala de aula seja uma oportunidade para os graduandos cimentarem-se na pesquisa em História Moderna, desenvolvendo a capacidade de • verificar o significado que os contemporâneos atribuíam às transformações que estavam vivendo; • identificar as categorias lógicas de que dispunham para avaliá-las e enquadrá-las; • avaliar o impacto das guerras civis religiosas e das guerras modernas atentando para as relações entre política/religião/história/profecia; III - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Parte I: Renascimento - de mito político a categoria historiográfica Parte II: o humanismo entre Flandres e Florença Parte III: os homens e seus textos Maquiavel: - as terras incognitas - os sinais do céu e o livre arbítrio - Moisés e Savonarola: profetas armados e desarmados Erasmo: - não existe guerra justa - tirania e liberdade Parte IV: Papa Julio II aos olhos de Maquiavel e Erasmo IV – BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA *MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. M.J. Goldwasser. Rev. Z.A. Cardoso/ P.F. Aranovich/K. Jannini. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. *MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Trad. s/n. Rev. P.F. Aranovich. São Paulo: Martins Fontes, 2007. *MACHIAVELLI, Niccolò. Di Fortuna e Dell’Occasione. Tradução de P. F. Aranovich. In.: Cadernos de Ética e Filosofia Política, São Paulo, nº 18, pp. 231- 247, 1/2011. * ERASMO DE ROTTERDAM, O Papa expulso do céu. Trad. e notas de Hugo Prado. Rio de Janeiro: Livraria Antunes, 1938 / Giulio. Intr, trad e notas de Silvana Seidel Menchi. Versão bilíngue (iitaliano/latim) Torino: Einaudi, 2014; mas já publicado como Iulius exclusus no volume I-8 da Opera omnia , Leiden-Boston 2012 / The 'Julius Exclusus' of Erasmus. Trad. P. Pascal. Versão bilíngue (inglês/latim). Bloomington: Indiana University Press, 1968. * ERASMO DE ROTTERDAM, Queixa da Paz. Trad., intr. e notas de Marcos Eduardo M. dos Santos. Diss. de Mestrado/Letras Clássicas. Versão bilíngue (português/latim). São Paulo: USP, 2017. / O Protesto da Paz. In: DOLAN, John Patrick. A Filosofia de Erasmo de Roterdã. Madras, 2004. *ERASMO DE ROTTERDAM, Do Elogio da Loucura. Trad., introdução e notas de Elaine C. Sartorelli. São Paulo: Hedra, 2013. COMPLEMENTAR (I) ADVERSE, H. (Org.). Maquiavel: diálogo sobre a nossa língua e discurso sobre as formas de governo de Florença. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2010. ARANOVICH, Patrícia Fontoura. História e Política em Maquiavel. São Paulo: Discurso, 2007. AMES, José Luiz. Religião e Política no pensamento de Maquiavel. Revista Kriterion, Belo Horizonte, nº 113, p. 51-72, Jun/2006. BIGNOTTO, N. Maquiavel republicano. São Paulo: Loyola, 1991. CHABOD, Federico. Escritos sobre Maquiavelo. Trad. R. Ruzo. México: FCE, 1994. CICERO, M. T. Dos deveres. Tradução de Angélica Chiapeta. São Paulo: Martins Fontes, 1999. DÉTIENNE, M.; VERNANT J.-P. Métis: as astúcias da inteligência. Tradução de Filomena Hirata. São Paulo: Odysseus Editora, 2008. FOUCAULT, M. Sécurité, territoire et population : cours au collège de France : 1977-1978. Paris : Gallimard, 2004. GRANADA, Miguel Angel. Cosmologia, religion y politica en el Renacimiento –Ficino, Savonarola, Pomponazzi, Maquiavelo. Barcelona: Anthropos, 1988. GUICCIARDINI, F. Ricordi. Roma: Biblioteca Italiana, 2003. HALE, John R. Maquiavel e a Itália da Renascença. Trad. W. Dutra. Rio de Janeiro: Zahar, 1963. HIBBERT, Christopher. Ascensão e queda da casa dos Médici – O Renascimento em Florença. Trad. H. Feist. São Paulo: Cia. das Letras, 1993. LARIVAILLE, Paul. Itália no tempo de Maquiavel (Florença e Roma). Trad. J. Baptista Neto. São Paulo: Cia. das Letras, 1988. LAVAL, C. L’homme économique, essai sur les racines du néolibéralisme. Paris: Gallimard, 2007. MAQUIAVEL, Nicolau. A arte da guerra. Trad. s/n. Rev. P.F. Aranovich. São Paulo: Martins Fontes, 2006. MAQUIAVEL, Nicolau. Diálogo sobre nossa língua e Discurso sobre as formas de governo de Florença. Org. H. Adverse. Trad. H. Adverse/G. Pancera. Belo Horizonte: UFMG, 2010. MAQUIAVEL, Nicolau. História de Florença. Trad. s/n. Rev. P.F. Aranovich. São Paulo: Martins Fontes, 2007. MAQUIAVEL, Nicolau. “A vida de Castruccio Castracani de Lucca”. In: MAQUIAVEL, Nicolau. História de Florença. Trad. s/n. Rev. P.F. Aranovich. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 559-595. MAQUIAVEL, Nicolau. “Discurso sobre as coisas florentinas depois da morte de Lourenço Medici o jovem”. Trad. J.C. Bonin. Rev. J.L. Ames. Tempo da Ciência, v. 15, n. 30, 2008, pp. 09-20. MEINECKE, F. La idea de la razón de Estado en la edad moderna. Tradução de F.G. Vicen. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1983. MÉNISSIER, Thierry. Vocabulário de Maquiavel. São Paulo: Martins Fontes, 2012. POCOCK, John G.A. El momento maquiavelico – El pensamiento politico lorentino y la tradicion republicana atlantica. Trad. M. Vasquez-Pimentel/E. Garcia. Madrid: Tecnos, 2002. SAVONAROLA, G. Tratado sobre o regime e o governo da Cidade de Florença. Tradução de Maria Aparecia de Boni e Luis Alberto de Boni. Petrópolis: Vozes, 1991. SENELLART, M. Machiavélisme et raison d’État, Paris: PUF, 1989. TARANTO, Domenico. Le Virtù della Politica: Civismo tra Machiavelli e gli Antichi. Napoli: Bibliopolis, 2003. TENENTI, Alberto. Florença na época dos Médici – Da cidade ao Estado. Trad. V.H.A. Costa. São Paulo: Perspectiva, 1973. TENENTI, Alberto. La religione di Machiavelli. Studi Storici: Niccolò Machiavelli, Fondazione Istituto Gramsci, Anno 10, n. 4, pp. 709-748, Oct. - Dec., 1969. VILLARI, Pasquale. Maquiavelo, sua vida y su tiempo. Trad. A. Ramos-Oliveira/J. Luelmo. México: Biograias Gandesa, 1953. VIROLI, Maurizio. Machiavelli’s God. Princeton: Princeton University Press, 2010. VIROLI, Maurizio. O sorriso de Nicolau – História de Maquiavel. Trad. V.P. Silva. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. ZARKA, Y.C. Raison et déraison d’État. Paris: PUF, 1994. COMPLEMENTAR (II) BAINTON, R. .H. Erasmo da cristandade. Tradução de Regina S. Costa Ramalho. Lisboa: Fund. Calouste Gulbenkian, 1988. BATAILLON, Marcel. Erasmo y el erasmismo. Barcelona: Crítica, 1977. BATAILLON, Marcel. Erasmo y España. Estudios sobre la historia espiritual del siglo XVI. México Distrito Federal:Universidad de México, 1982. BEAUDUIN, Édouard. Mémorias de Erasmo. Rio de janeiro: Paz e Terra, 1991. BOUZA, Fernando. Corre manuscrito. Una historia cultural del Siglo de Oro, Madrid, 2001. CANTIMORI, Delio. Prospettive di storia ereticale italiana del ’500, (1960) ora in Id., Eretici italiani del Cinquecento e altri studi, Torino, 1992. CHOMARAT, Jacques. Un ennemi de la guerre: Érasme. Bulletin de l'Association Guillaume Budé: lettres d'Humanités. Vol. 33, 4, 1974, pp. 445-465. COSTRINO, Artur. A lição dos declamadores: Sêneca, o rétor, e as suasórias. Tese de mestrado em letras Clássicas. São Paulo, 2010. ERASMO DE ROTTERDAM, "Sermo de mendicis", "O alquimista e o mendingo" in Los Coloquios de Erasmo (Basiléia, 1524, tradução espanhola de 1529). ERASMO DE ROTTERDAM, Diálogo cujo título é O Ciceroniano, ou acerca do melhor gênero de discurso. Trad., introdução e notas de Elaine C. Sartorelli. São Paulo: Hedra, 2013. ERASMO DE ROTTERDAM, Opus Epistolarum Des. Erasmi Roterodami. Allen, P. S., ed. Oxford: Oxford University Press, 1906. ERASMO DE ROTTERDAM. A educação de um príncipe cristão. In: PORTO, Walter Costa (org.). Conselho aos governantes. Brasília-DF: Biblioteca do Senado Federal, 2007. ERASMO DE ROTTERDAM. Les Préfaces au Novum Testamentum (1516). Introdução e Comentários por Yves Delègue. Genève: Labor et Fides. 1990. ERASMO DE ROTTERDAM. Les Silènes d’Alcibiade. Tradução, introdução e notas por Jean-Claude Margolin. Paris: Les belles lettres, 1998. FEBVRE, Lucien. O problema da incredulidade no século XVI: a religião de Rabelais. Tradução de Maria Lúcia Machado. Tradução dos trechos em latim de José Eduado dos Santos Lohner. São Paulo-SP: Companhia das Letras, 2009. FIRPO, Massimo. «Disputar di cose pertinente alla fede». Studi sulla vita religiosa del Cinquecento italiano, Milano, 2003. GARIN, E. L’éducation de l’homme moderne 1400-1600. Tradução de Jacqueline Humbert. Paris: Plueriel, 1968. GARIN, Eugenio. Erasmo. Firenze: Ed. Culturali della pace, 1988 GILLY, C. Erasmo, la reforma radical y los heterodoxos radicales españoles, in T. Martìnez Romero (org.), Les lletres hispàniques als segles XVI, XVII i XVIII, Castelliò de la Plana, 2005, p. 225-376. HALKIN, Léon-E., Erasmo. Cidade do México: Fondo de Cultura Economica, 1992 LECLER, J. Histoire de la tolérance au siècle de la Réforme. Paris : Éditions Albin Michel, 1994. MARAVALL, José Antonio. Carlos V y el pensamiento político del Renacimiento. Madri: Boletín Oficial del Estado, 1999. MARTINS, José Vitorino de Pina. Humanismo e erasmismo na cultura portuguesa do Século XVI, Paris, 1973. MESNARD, P. La tradition érasmienne. Bibliothèque d'Humanisme et Renaissance, T. 15, No. 3 (1953), pp. 359-366. MORO. G (org.). Erasmo de Rotterdam. Mihi Placet Concordia: lettere sulla Riforma. Vol I (1516- 1520). Torino: Nino Aragno Editore, 2010. NASCIMENTO, S.F.d. Erasmo e Lutero: Distintas concepções de Livre-Árbítrio. São Paulo: PUC/SP, 2006 (tese apresentada ao departamento de Filosofia). NASSARO, Sílvio Lúcio Franco. O conceito de verdade em Erasmo. Mestrado (Filosofia). São Paulo: USP, 2005 OSÓRIO, Jorge Alves. O humanismo português e Erasmo. Os Colóquios de Erasmo editados em Coimbra no século XVI. Estudo e apresentação crítica do texto, II, Porto, 1978 (ed. policopiada) SANTINELLO, Giovanni. Studi sull'umanesimo europeo. Padova: Antenore, 1969. SEIDEL MENCHI, Silvana. Erasmo in Italia 1520-1580, Torino, 1987. SENELLART, Michel. As artes de governar: do regimem medieval ao conceito de governo. Tradução de Paulo Neves. São Paulo-SP: Ed. 34, 2006. TURCHETTI, Mario. Une question mal posée : Érasme et la tolérance, l’ideé de sygkatabasis. In: Bibliothèque d'Humanisme et Renaissance, T. 53, No. 2 (1991), pp. 379-395. VI – CRITÉRIOS DE APROVAÇÃO Durante o curso serão alternadas aulas frontais, seminários, debates em classe das leituras obrigatórias e outras atividades. Seu formato é interativo, prevendo exercícios práticos, de manipulação dos conceitos em análise, mas sobretudo de interpretação de documentos. O computo da nota final será composto pela média aritmética de uma prova individual, e as demais atividades de avaliação sugeridas ao longo do curso.