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Finanças Corporativas Professor Me. Antonio Carlos Lázaro Sanches Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE. Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020, publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020. Núcleo de Educação a Distância; SANCHES, Antonio Carlos Lázaro. Finanças Corporativas. Antonio. Carlos Lázaro Sanches. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 90 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTOR Professor Me. Antonio Carlos Lázaro Sanches ● Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia (Institutos LACTEC/UFPR Paraná). ● Bacharel em Ciências Contábeis (UEM). ● Especialista em MBA Executivo (UEM). ● Docente do curso de Administração, Gestão Comercial, Gestão da Produção Industrial e Logística (UniFCV). ● Professor de Pós-Graduação no Centro Universitário Cidade Verde (UniFCV). Longa experiência profissional na área administrativa em empresas da região de Maringá-PR, atuando no setor da indústria de confecção, atualmente na função de gerente de compras. Link lattes: http://lattes.cnpq.br/3274140889873136 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), que bom que você se interessou pelo assunto desta discipli- na, será o começo de uma jornada de conhecimento e experiências novas, que trarão um novo jeito de ver as finanças e como a utilizamos no dia a dia e nas empresas. Finanças Corporativas está presente em uma simples compra com desconto, em uma loja fazendo liquidação, e até nos complexos cálculos de juros compostos (exponenciais). Sugiro que se prepare e tenha em mãos uma boa calculadora para desvendar várias fórmulas da matemática financeira, análise de investimento e análise de sensibilidade. Nesta apostila, procurei abordar de forma prática esse conteúdo que é tão impor- tante em nosso cotidiano, seja na vida pessoal ou profissional. Quem nunca comprou parcelado? Quem nunca pensou em financiar um veículo? Você sabe calcular se os juros anunciados são efetivamente os juros cobrados? É muito importante que você, enquanto futuro profissional graduado na área de gestão, tenha uma calculadora financeira. Recomendo HP12C. Não é uma calculadora ba- rata, então, se você não pode comprar no momento, pode optar por acessar gratuitamente um emulador através do link: https://epxx.co/ctb/hp12c.html. Há também a possibilidade de baixar em seu smartphone um aplicativo de HP12C nas plataformas Android e IOS. Na Unidade I começaremos a explorar a matemática financeira e seus conceitos e importância no atual cenário financeiro. Depois serão demonstrados os cálculos de percen- tagem, taxa unitária e juros simples. E em seguida veremos o que é Desconto Racional e Desconto Comercial, um produto bancário muito utilizado pelas empresas no Brasil. Na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos aprofundando mais no concei- to de juros e partir para os juros compostos e descontos compostos, além de tratar também da correção monetária. Na Unidade III será conceituada a análise de investimento, seus métodos de análise e principalmente os tipos de formas, tais como: TMA (Taxa Mínima de Atratividade), VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno), suas vantagens e desvantagens. Na Unidade IV, a última e não menos importante, vamos aprender o que é análise de sensibilidade, os possíveis cenários para tomada de decisão e o processo de tomada de decisão. Espero contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! https://epxx.co/ctb/hp12c.html SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Matemática Financeira UNIDADE II ................................................................................................... 29 Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação UNIDADE III .................................................................................................. 51 Análise de Investimentos UNIDADE IV .................................................................................................. 72 Análise de Sensibilidade 6 Plano de Estudo: A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: - Percentagem - Taxa de Juros - Juros Simples - Simbologia - Desconto Racional ou Por Dentro - Desconto Comercial ou Por Fora Objetivos da Aprendizagem: - Estudar percentual e o uso em nossas vidas - Conhecer a utilidade de taxas de juros - Conhecer o que é juros simples - Estudar a simbologia e a convenção utilizada - Entender o que são os Descontos Racionais ou por dentro e sua utilidade para as empresas - Entender o que são os Descontos Comerciais ou por fora e sua utilidade para as empresas UNIDADE I Matemática Financeira Professor Me. Antonio Carlos Lázaro Sanches 7UNIDADE I Matemática Financeira INTRODUÇÃO É muito comum em nosso cotidiano lidarmos com os assuntos que serão abordados nesta unidade: cálculo percentual e de juros! Você vai ao comércio e logo vê uma placa: 50% de desconto à vista! Ou ainda: financie seu veículo com taxa de 0,99% ao mês! Você sabe fazer um cálculo de porcentagem? Usando a calculadora? Ou sabe fazer de cabeça ou através de fórmulas? É muito comum fazermos tais contas de maneira intuitiva. Uso um exemplo clássico que, com certeza, já ocorreu na sua família ou com algum conhecido: meu falecido avô paterno, quase sem nenhum estudo, mas a vida toda foi comerciante. Fazia contas dificílimas sem o auxílio de calculadora e ainda ficava bravo com os netos que a utilizavam. Cálculos percentuais exatos! Nós podemos treinar isto! Vamos lá? 8UNIDADE I Matemática Financeira 1 PERCENTAGEM Como podemos calcular qual foi o nosso aproveitamento em um determinado exa- me? Suponhamos que você tenha acertado em um exame 12 das 15 questões apresen- tadas. A razão entre o número de questões acertadas e o número total de questões é: 12 15 Isto significa que se dividirmos 12 por 15 chegaremos ao resultado de 0,8. O valor 0,8 significa 80%. Sabe por quê? Como o próprio nome já diz “PORCENTO”, SE MULTIPLI- CARMOS 0,8 POR 100, CHEGAMOS A 80%. Isto significa que seu aproveitamento foi de 80% ao acertar 12 questões num exame que continha 15. Vamos utilizar outro exemplo: Se você conseguisse acertar 25 questões num exame de 50? Divida o 25/50 e chegará ao resultado de 0,5 que se multiplicado por 100, revela seu aproveitamento de 50%. Tosi (2009) nos lembra que, na fórmula de matemática financeira, a taxa de juros deverá sempre ser informada na forma decimal, ou seja, dividida por 100. 9UNIDADE I Matemática Financeira SAIBA MAIS Na Calculadora HP-12C: 50 ENTER 25 %T Note que na HP-12C existe uma tecla “%T” além da tecla normal “%”. Nesse caso, em que queremos saber o quanto um número (por exemplo, 25) representa percentualmente de outro (50), digitamos primeiro o número 50 na sequência apertamos ENTER, lançamos o 25 e por último a tecla %T. Tente você mesmo! Exercícios resolvidos de percentagem: a) Quanto é 15% de 80? Multiplique 15 por 80 e divida por 100. 15 x 80 = 1200 1200/100 = 12 12 é 15% de80 Se você achar mais fácil, você pode simplesmente multiplicar 15% na sua forma decimal, que é 0,15 por 80: 0,15 x 80 = 12 Resposta: 15% de 80 é igual a 12. b) Quanto é 70% de 30? Multiplique 70 por 30 e divida por 100: 21 é 70% de 30 Ou então você pode multiplicar 70% na sua forma decimal, que é 0,70 por 30: 0,7 x 30 = 21 Resposta: 70% de 30 é igual a 21. 10UNIDADE I Matemática Financeira c) Quanto é 150% de 45? Multiplique 150 por 45 e divida por 100: 67,5 é 150% de 45 Você também pode simplesmente multiplicar 150% na sua forma decimal, que é 1,50 por 45: 1,50 x 45 = 67,5 Resposta: 150% de 45 é igual a 67,50. d) Expresse a razão de 19 para 25 como uma porcentagem. A razão de 19 para 25 pode ser expressa nestas duas formas: 19 ou 19:25 25 Ao realizarmos a divisão de 19 por 25 iremos obter o valor da razão: 19 25 = 0,76 Tal como procedemos no caso das razões centesimais, devemos multiplicar esse valor decimal por 100 e acrescentar o símbolo “%” para termos a representação da porcen- tagem, na verdade o multiplicamos por 100%: 0,76 x 100% = 76% e) 30% da população de uma cidade litorânea mora na área insular e os demais 337.799 habitantes moram na área continental. Quantas pessoas moram na ilha? Sabemos que 30% da população da cidade mora na ilha e o restante, ou seja, 70% mora no continente. Como 70% corresponde a 337.799 habitantes, podemos montar uma regra de três para calcularmos quantos habitantes correspondem aos 30% que moram na ilha: 337.799 está para 70, assim como x está para 30: Podemos resolver este exercício de uma outra forma. Se multiplicarmos 337.799 por 100 e dividirmos este produto por 70, iremos encontrar o número total de habitantes da cidade: 337.799 x 100 = 482.570 70 Ao calcular 30% de 482.570 iremos encontrar o número de habitantes da ilha: 482.570 x 30% = 482.570 x 30 = 144.771 100 11UNIDADE I Matemática Financeira 1.1 Elementos do Cálculo Percentual Vimos no exemplo do início desta unidade que: 12/15 = 80/100 Nesse exemplo, chamando o 12 de percentagem, o 15 de principal e o 80 de taxa, temos: Percentagem/principal = taxa/100 Daí, obtemos as seguintes definições: ● Taxa é o valor que representa a quantidade de unidades tomadas em cada 100. ● Percentagem é o valor que representa a quantidade tomada de outra, propor- cionalmente a uma taxa. ● Principal é o valor da grandeza da qual se calcula a percentagem. O principal, a percentagem e a taxa são os elementos do cálculo percentual. FIQUE POR DENTRO Na prática é muito comum: — empregarmos as palavras desconto, comissão, multa, parte, quota, abatimento, pre- juízo, lucro etc. em lugar de percentagem; — designarmos a taxa percentual simplesmente por percentagem. Assim, tanto faz di- zermos, em uma situação qualquer, que o lucro foi de R$ 80,00 ou de 20%. 12UNIDADE I Matemática Financeira 2 TAXA UNITÁRIA Vimos que a taxa percentual se refere a 100, isto é: 25/100 = 25% Porém, na resolução de muitas questões, é mais prático (e, algumas vezes, ne- cessário) tomarmos como valor referencial a unidade, obtendo o que chamamos de taxa unitária (simbolizada por i). Assim: Temos então: 25 = i => i = 25 = 0,25 100 1 100 13UNIDADE I Matemática Financeira 3 JUROS SIMPLES Juros são definidos como sendo a remuneração do capital a qualquer título. Assim, são válidas as seguintes expressões como conceitos de juros: A. remuneração do capital empregado em atividades produtivas; B. custo do capital de terceiros; C. remuneração paga pelas instituições financeiras sobre o capital nelas aplicado. Os juros são fixados por meio de uma taxa percentual que sempre se refere a uma unidade de tempo (ano, semestre, trimestre, mês, dia). Exemplos: 12% ao ano = 12% a.a. 4% ao semestre = 4% a.s. 1% ao mês = 1% a.m. Os regimes de juros estudados na Matemática Financeira são conhecidos como juros simples e juros compostos. No regime de juros simples apenas o capital inicial, também chamado de principal, rende juros. Juros não são capitalizados e, consequentemente, não rendem juros. 14UNIDADE I Matemática Financeira No regime de juros compostos, somam-se os juros do período ao capital para o cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Juros são capitalizados e passam a render juros. O regime de juros compostos será apresentado na Unidade II. Tosi (2009) nos lembra que o valor dos juros simples é igual em todos os períodos de cálculo, o que nos possibilita dizer que ele é linear em relação ao prazo. Veja a demons- tração gráfica: Figura 1 - Juros Simples Fonte: Tosi (2009). FIQUE POR DENTRO O Valor do Dinheiro no Tempo A Matemática Financeira está diretamente ligada ao valor do dinheiro no tempo, que, por sua vez, está interligado à existência da taxa de juros. Do ponto de vista da Matemática Financeira, $1.000,00 hoje não são iguais a $1.000,00 em qualquer outra data, pois o dinheiro cresce no tempo ao longo dos períodos, devido à taxa de juros por período. Assim, um capital de $1.000,00 aplicado hoje, com uma taxa de juros de 8% a.a., im- plicará um rendimento anual de $80,00, proporcionando um montante de $1.080,00 no final de um ano. Pode-se dizer que considerando uma taxa de juros de, por exemplo, 8% a.a., é indife- rente termos $1.000,00 hoje ou $1.080,00 daqui a um ano. Um capital de $1.000,00 hoje somente será igual a $1.000,00 daqui a um ano na hipótese irreal da taxa de juros ser considerada igual a zero. 15UNIDADE I Matemática Financeira 4 A SIMBOLOGIA QUE ADOTAREMOS A simbologia e a convenção utilizada em todo esse material didático serão idênticas àquelas adotadas por todas as calculadoras da marca HP, inclusive pela HP-12C. As grandezas monetárias podem ser representadas no fluxo de caixa de acordo com as convenções de final de período e de início de período, que são apresentadas a seguir. A calculadora HP-12C adota as seguintes convenções e simbologias para definir os elementos do Diagrama Padrão do Fluxo de Caixa: Número de períodos de capitalização de juros, expresso em anos, semes- tres, bimestres, mês ou dias, podendo tomar os valores 0,1, 2, 3... Taxa de juros por período de capitalização, expressa e percentagem, sempre mencionando a unidade de tempo considerada (ano, semestre, trimestre, bimestre, mês ou dia). Valor presente (Presente Value), ou seja, valor do capital inicial (principal) aplicado. Representa, na escala horizontal do tempo, o valor monetário colocado na data inicial, isto é, no ponto correspondente a n = 0. 16UNIDADE I Matemática Financeira Valor futuro (Future Value), ou seja, valor do montante acumulado no final de períodos de capitalização, com a taxa de juros i. Representa, na escala horizontal do tempo, os valores monetários colocados nas datas futuras, isto é, nos pontos correspondentes a n = 1, 2, 3... Valor de cada prestação da Série Uniforme (Periodic PaymenT) que ocor- re no final de cada período (Série Postecipada). Representa, na escala horizontal do tempo, o valor de cada prestação igual à que ocorre no final dos períodos 1, 2, 3... No regime de juros simples, os juros de cada período são obtidos pela aplicação da taxa de juros i sempre sobre o principal PV, fazendo com que os juros tenham o mesmo valor em todos os períodos. Assim, temos: ● juros de cada período: PV x i ● juros de n períodos: n x PV x i O valor futuro FV, também chamado de montante, é resultante da aplicação de um principal PV, durante n períodos, com uma taxa de juros i por período. No regime de juros simples, FV é obtido pela expressão: FV = montante = principal + juros = PV + n x PV x i ou seja: FV = PV (1 + i x n) Em que a unidade referencial de tempo da taxa de juros i deve coincidir com a unidade referencial de tempo utilizada para definir o número de períodos n. A Expressão Genérica FV = PV (1 + i x n) podeser verificada, considerando PV = 1.000,00 e i = 8% ao ano, o montante FV, no final de cada ano é: ● • n = 1 => FV = 1.000,00 (1 + 0,08 x 1) = 1.080,00 ● • n = 2 => FV = 1.000,00 (1 + 0,08 x 2) = 1.160,00 17UNIDADE I Matemática Financeira E assim por diante. Observe que o montante FV corresponde ao saldo no final de cada ano após o pagamento. Exemplo: 1. Um comerciante tomou emprestado num banco estatal a importância de R$ 18.000,00 pelo prazo de dois anos a uma taxa de juros de 30% ao ano. Qual será o valor dos juros e o montante a serem pagos? PV = R$ 18.000,00 FV = ? n = 2 anos i = 30% aa ou 30/100 = 0,3 FV = PV (1 + i x n) FV = 18.000,00 (1 + 0,3 X 2) FV = 18.000,00 x 1,6 FV = 28.800,00 18UNIDADE I Matemática Financeira SAIBA MAIS Em relação aos elementos do Diagrama Padrão, são relevantes os seguintes comentários: a) os intervalos de tempo de todos os períodos são iguais. Assim, por exemplo, to- dos os meses têm a mesma duração de 30 dias; b) a unidade referencial de tempo da taxa de juros i deve necessariamente coincidir com a unidade referencial de tempo utilizada para definir o número de períodos n; c) os problemas comuns de Matemática Financeira envolvem, em geral, apenas quatro elementos, sendo que dois deles são obrigatoriamente a taxa de juros i e o número de períodos n. Os outros dois elementos a serem relacionados podem ser PV com FV, PV com PMT, e FV com PMT; d) as fórmulas desse compêndio são desenvolvidas apenas para esse Diagrama Padrão, assumindo a convenção de final de período. Os problemas que se en- quadram nessa situação têm solução imediata. Os demais problemas deverão ser enquadrados nesse Diagrama Padrão mediante desdobramentos e outros artifícios que não alteram o enunciado do problema; e) a Calculadora HP-12C está preparada para resolver os problemas que se enqua- dram nesse Diagrama Padrão, com a convenção de final de período. Ressaltamos os seguintes pontos: ● A calculadora está preparada para utilizar a convenção de final de período quan- do a função END estiver ativa (acione as teclas g e END e verifique se a palavra BEGIN não aparece indicada no visor); ● A calculadora deve apresentar sempre a letra C indicada no visor (pressione concomitantemente as teclas STO e EEX), para que realize todos os cálculos a juros compostos, independentemente do valor de n ser um número inteiro ou fracionário; ● Os valores monetários, sejam de PV, FV ou PMT, devem ser registrados na cal- culadora sempre de acordo com a convenção de sinal, isto é, as entradas de caixa (recebimentos) devem ter o sinal positivo (+), e as saídas de caixa (paga- mentos) devem ter o sinal negativo (–); ● Os problemas que envolvem apenas quatro elementos devem ser resolvidos com o registro do número zero para o elemento monetário (PV, FV ou PMT) que não participa do problema; ● Os valores do número de períodos n podem ser números inteiros ou fracionários. Por exemplo, n pode ser registrado em anos, fração de ano, fração de mês etc.; ● O registro de uma taxa de juros de 8%, por exemplo, deve ser feito com a colo- cação do número 8 na tecla correspondente a i. A calculadora, internamente, faz as operações com 8%, isto é, com 8/100 = 0,08; ● A calculadora sempre interliga os cinco elementos (n, i, PV, PMT e FV). Por exem- plo, no caso de obtenção do PV, a HP-12C calcula a seguinte relação: PV = valor presente de FV + valor presente de PMT Fonte: Puccini e Puccini (2009). 19UNIDADE I Matemática Financeira 5 DESCONTO RACIONAL OU DESCONTO POR DENTRO Tosi (2009, p. 98) conceitua que “o desconto simples é efetuado com base no regime de capitalização simples, ou seja, utilizando-se taxas de juros lineares, nessa modalidade está incluído o desconto racional (por dentro)”. A taxa de juros i, também denominada taxa de rentabilidade ou, ainda, taxa de desconto “por dentro”, pode ser obtida a partir da relação a seguir, que fornece: O valor do desconto, expresso em $, corresponde aos juros acumulados no tempo. Assim, genericamente, ele pode ser obtido pela diferença entre o valor futuro FV, ou mon- tante, e o valor presente PV, ou principal, ou seja: Desconto = FV − PV O valor do desconto “por dentro” (Dd), ou racional, é obtido multiplicando-se o valor presente PV pela taxa de desconto i, e esse produto pelo prazo da operação n, ou seja: Dd = PV X i X n 20UNIDADE I Matemática Financeira Na prática, entretanto, o valor presente é sempre a incógnita, sendo normalmente conhecidos o valor futuro FV, o prazo n e a taxa de desconto i. Vamos, a seguir, deduzir a fórmula que permite obter o valor do desconto racional a partir das variáveis conhecidas. O valor do desconto “por dentro”, ou racional, é também obtido pela aplicação da expressão geral para desconto, isto é: Dd = FV – PV A partir da expressão, podemos chegar na seguinte relação: Substituindo o PV dessa última equação, na equação anterior, temos: Vamos resolver alguns exercícios? a) Calcule o número de meses necessário para um capital dobrar de valor, com uma taxa de juros de 2% ao mês, no regime de juros simples. Solução: Supondo o valor de PV = $ 100,00, então teríamos FV = $ 200,00, e os dados do problema seriam os seguintes: PV= $100,00; 21UNIDADE I Matemática Financeira FV = 2 X 100,00 = $200,00; i = 2% ao mês = 0,02; n = ? Pela Relação apresentada anteriormente temos: FV = 200,00 = PV (1 + i X n) = 100,00 (1 + 0,02 X n) 200,00 = 100 + 2n 200 – 100 = 2n 2n = 100 n = 100 2 Assim temos que n = 50 meses. b) Calcule o valor da taxa mensal de desconto “por dentro” usada numa operação de desconto de 60 dias de um título cujo valor de resgate é $ 10.000,00 e cujo valor do principal é $ 9.750,00. Solução: Os dados do problema são os seguintes: PV= $9.750,00; FV = $10.000,00; n = 60 dias = 2 meses; i = ? (% ao mês) 22UNIDADE I Matemática Financeira i = FV - 1 x 1 PV n i = 10.000 - 1 x 1 9.750 2 i = 0,01282 Precisamos multiplicar o resultado por 100 para ficar em percentual. Assim, temos 1,282% ao mês. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Veja que sempre utilizamos as mesmas unidades de tempo, se nos derem o tempo em dias e a taxa em meses, temos que converter um ou outro para as mesmas unidades. Vai depender de como o problema pede. Se pedir em meses, transforme dias em meses, isto é, 60 dias = 2 meses. Outra coisa importante é que quando fazemos o cálculo do i no problema anterior, o resultado sai na forma unitária e se quisermos apresentar na forma percentual é só mul- tiplicar por 100, isto é, 0,01282 X 100 = 1,282%. c) Calcule o valor do desconto simples de um título de $ 1.000,00, com vencimento para 60 dias, sabendo-se que a taxa de desconto “por dentro” é de 1,2% ao mês. Solução: Os dados do problema são os seguintes: FV = $1.000,00; n = 60 dias; i = 1,2% ao mês = 1,2%/30; temos ao dia = 0,04% a.d. = 0,0004 23UNIDADE I Matemática Financeira Desconto = FV – PV = ? PV = FV (1 + i X n) PV = 1.000,00 = $ 976,56 (1 + 0,0004 X 60) e, portanto, o desconto “por dentro” é igual a (1.000,00 − 976,56) = $23,44. d) Um empresário tem uma conta de cheque especial num banco que permite saques a descoberto e que cobra 1,5% ao mês sobre o saldo devedor, a juros simples, pelos dias que a conta ficar descoberta. Calcule o montante de juros cobrado no mês de abril, assumindo que a conta tem saldo zero no final de março e que em abril são emitidos os seguintes cheques: Solução: Os dados do problema são os seguintes: i = 1,5% ao mês = 1,5%/30 = 0,05% ao dia = 0,0005 a.d. I) Calculando os juros devidos por período: ● Juros de 1º de abril a 10 de abril => durante esses 10 dias o saldo devedor é de $ 2.000,00, portanto: Juros = 2.000,00 X 0,0005 X 10 = $10,00 ● Juros de 11 de abril a 20 de abril => durante esses 10 dias o saldo devedor é de $ 3.000,00, portanto: Juros= 3.000,00 X 0,0005 X 10 = $15,00 ● Juros de 21 de abril a 30 de abril => durante esses 10 dias o saldo devedor é de $ 4.000,00, portanto: Juros = 4.000,00 X 0,0005 X 10 = $20,00 24UNIDADE I Matemática Financeira Assim, o total de juros devidos no mês de abril é igual a: Juros do mês de abril = (10,00 + 15,00 + 20,00) = $45,00 II. Utilizando o conceito de saldo médio: O saldo devedor médio no mês de abril é obtido pela relação: SALDO MÉDIO = (2000 x 10 + 3000 x 10 + 4000 x 10) / 30 O que nos dá o valor de $ 3000,00 25UNIDADE I Matemática Financeira 6 DESCONTO COMERCIAL OU DESCONTO POR FORA Tosi (2009, p. 117) conceitua que “o desconto composto é efetuado com base no regime de capitalização composta, ou seja, utilizando-se taxas de juros exponenciais”. No regime de juros simples, os descontos de cada período são obtidos pela aplica- ção da taxa de desconto d sempre sobre o valor futuro FV, ou montante, fazendo com que os descontos tenham o mesmo valor em todos os períodos. Assim, temos: desconto de cada período: FV x d desconto de n períodos: n x FV x d Observe que a taxa de desconto d (“por fora”) é aplicada sobre o valor futuro FV para produzir o valor presente PV, ao passo que a taxa de desconto i (“por dentro”), ou taxa de rentabilidade, é aplicada sobre o valor presente PV para produzir o valor futuro FV. Assim, o valor do desconto “por fora” (Df), ou comercial, é obtido multiplicando-se o valor futuro FV pela taxa de desconto d por período, e esse produto pelo número de períodos de desconto n, ou seja: Df = FV x d x n 26UNIDADE I Matemática Financeira O valor presente PV, ou principal, resultante do desconto “por fora” sobre o mon- tante FV, durante n períodos, com uma taxa de desconto d por período, é obtido, a juros simples, pela expressão: PV = montante −descontos = FV − n x FV x d ou seja: PV = FV (1 − d x n) Em que a unidade referencial de tempo da taxa de desconto d deve coincidir com a unidade referencial de tempo utilizada para definir o número de períodos n. Vejamos um exemplo a) Calcule o valor do desconto simples de um título de $ 1.000,00, com vencimento para 60 dias, sabendo-se que a taxa de desconto “por fora” é de 1,5% ao mês. Solução: Os dados do problema são os seguintes: FV = $1.000,00; n = 60 dias; d = 1,5% ao mês = 1,5%/30 ao dia = 0,05% a.d. = 0,0005 a.d. Desconto = FV − PV = ? Sabemos que: PV = FV (1 − d x n) = $1.000,00 x (1 − 0,0005 x 60) = $970,00 portanto, o desconto “por fora” é igual a (1.000,00 - 970,00) = $ 30,00. 27UNIDADE I Matemática Financeira CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), nesta unidade trabalhamos as principais fórmulas do regime de juros simples e demonstramos algumas de suas aplicações em diversos problemas do mercado. É importante lembramos que, no regime de juros simples, a taxa de desconto d (“por fora”, ou comercial) é comumente utilizada apenas com o nome de taxa de desconto, por ser este o método consagrado pelo mercado nas operações de desconto de títulos comerciais. A taxa de juros i (taxa de desconto “por dentro”, ou racional) é mais conhecida como taxa de rentabilidade. Tanto a taxa de desconto por dentro, quanto a taxa de desconto por fora são valores que não correspondem à “verdadeira” taxa de juros (taxa efetiva) da operação, pelo fato do regime de juros simples ser conceitualmente incorreto, na medida em que só remunera o capital inicial (principal) aplicado. O valor nominal de um título (valor de resgate) descontado a juros simples (descon- to comercial) representa o valor que será creditado na conta corrente do investidor. Esse é o valor presente do título. Para conhecer a taxa efetiva de desconto da operação é preciso comparar o valor presente do título com o seu valor nominal, por meio do cálculo da taxa interna de retorno, que é feita a juros compostos. A HP-12C dispõe de funções especiais para realizar cálculos no regime de juros simples. Entretanto os exemplos desta unidade foram desenvolvidos sem o uso dessas operações especiais da calculadora, pois as fórmulas e expressões de juros simples são de fácil solução com as operações convencionais de qualquer calculadora. 28UNIDADE I Matemática Financeira MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Matemática Financeira: objetiva e aplicada. Autores: Abelardo de Lima Puccini e Adriana Puccini. Editora: Compacta. São Paulo: Saraiva. Ano: 2009. Sinopse: A maioria dos livros de Matemática Financeira tende a apresentar a matéria com uma simbologia complexa, e com o desenvolvimento de fórmulas para cada situação específica, crian- do, assim, um mito de dificuldade para seu aprendizado. Em sua 10ª edição, este clássico do tema enfatiza o aspecto prático do assunto, apresentando os conceitos por meio de exemplos resol- vidos pela calculadora HP-12C e pela planilha eletrônica Excel. Com este enfoque simples e prático, os conhecimentos adquiridos neste livro permitem a solução de problemas que envolvem o ma- nuseio de qualquer fluxo de caixa, independentemente do grau de complexidade. Essa especificidade faz da obra referência no meio acadêmico e em concursos públicos de relevantes instituições do governo. FILME/VÍDEO Título: Até que a sorte nos separe Ano: 2012 Sinopse: Tino (Leandro Hassum) é um pai de família comum que vê sua vida virar de ponta a cabeça após ganhar na loteria. Le- vando uma vida de ostentação ao lado da mulher, Jane (Danielle Winits), ele gasta todo o dinheiro em 15 anos. Ao se ver quebrado, Tino aceita a ajuda do vizinho Amauri (Kiko Mascarenhas), um consultor de finanças super burocrático e que por sinal vive seu próprio drama ao enfrentar uma crise no casamento com Laura (Rita Elmôr). Tentando evitar que Jane descubra a nova situação financeira, afinal ela está grávida do terceiro filho não pode passar por fortes emoções, Tino se envolve em várias confusões para fin- gir que tudo continua bem. Para isso, conta com ajuda do melhor amigo, Adelson (Aílton Graça), e dos filhos. 29 Plano de Estudo: - Capitalização e Desconto Compostos - Depreciação - O que é Amortização? Objetivos da Aprendizagem: - Conhecer o que é juros sobre juros (juros compostos) - Conhecer sobre Depreciação (desgaste ou perda de utilidade pelo uso dos produtos) - Estudar a perda do valor dos bens imateriais em razão do tempo (Amortização) UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Professor Me. Antonio Carlos Lázaro Sanches 30UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação INTRODUÇÃO Certa vez resolvi trocar meu veículo por um novo, mas como eu não tinha todo o dinheiro para pagar à vista, resolvi financiar uma parte. A concessionária anunciava em sua vitrine uma taxa de juros de 0,99% ao mês para o financiamento do carro, em 12 parcelas mensais. Como ando sempre com minha HP-12C, fui conferir, fazendo os cálculos. Con- versando com o gerente da loja, ele me informou o seguinte: para financiar o valor de R$ 15.000,00, que correspondia à metade do valor de um carro, eu iria pagar 12 parcelas mensais de R$ 1.375,00, sendo a primeira 30 dias após do fechamento do negócio. Com essas informações e com a calculadora HP-12C, em alguns segundos, eu pude conferir se aquela taxa de 0,99% ao mês, divulgada pela empresa vendedora, era a taxa que realmente custava para mim, como consumidor. Vamos lá, pegue a sua calculadora HP-12C ou no emulador on-line (que já passei o link na apresentação deste material) e faça junto comigo: 1. Primeiramente ligue a HP: tecla ON. 2. Apague todas as memórias financeiras de sua HP, pois ela poderá pegar dados armazenados e fazer o cálculo errado. Para isso aperte duas teclas: digite pri- meiro a tecla f (amarela) e depois a tecla CLx. Faça isso sempre que você for começar um novo cálculo. (f CLx). 3. Digite a tecla f e a tecla do número 2 para aparecer duas casas decimais na HP. Se você quiser que apareça mais casas decimais é só teclar f e número desejado.(f 2) 4. Observe se no visor está aparecendo o termo BEGIN (ele não deve aparecer, pois ele serve para cálculos com uma parcela de entrada, que não é o caso, esse financiamento é sem entrada). Assim, se você digitar a tecla g (azul) e depois a tecla do número 7 (BEG) irá aparecer o termo BEGIN que serve para cálculos quanto você já paga uma parcela no ato da compra. Nesse caso, digite 31UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação a tecla g e depois 8 (END), o termo BEGIN irá desaparecer e o cálculo será feito considerando um financiamento sem entrada, como é esse caso. (g 8) 5. Digite 12, que é o número de parcelas do financiamento e aperte a tecla n. (12 n) 6. Digite 15000, que é o valor financiado, aperte a tecla CHS para ele ficar negativo (-15.000,00) e digite PV. (15000 CHS PV) 7. Agora digite 1375, que é o valor de cada parcela, e depois a tecla PMT. (1375 PMT) 8. Por último, digite a tecla i, que é a informação que você deseja que a HP-12C calcule, ou seja, a taxa de juro. (i) Observe que no visor apareceu 1,50. Caso não tenha aparecido esse valor, fique tranquilo, refaça todos os passos bem devagar e com cuidado que vai dar certo. Dessa forma, podemos concluir que a taxa custa 1,50% ao mês para quem comprar esse carro financiado. Bem diferente da taxa de 0,99% estampada nas vitrines da loja. Mas, por que você acha que isso acontece? Neste caso, foi porque a loja informou apenas a taxa de juro do negócio e não informou que havia outros custos a mais para fazer o financiamento, como o Imposto sobre Operações Financeiras, taxa para fazer o cadastro do cliente consumidor, taxa para a aber- tura de crédito etc. Essas outras informações não são apresentadas de maneira clara para você que é o consumidor, mas estão todas escondidas e são acrescentadas diretamente no valor das prestações. Se você não ficar atento, pagará todas elas sem perceber e sem saber que está pagando. Por isso é muito importante que você saiba fazer o cálculo da taxa correta, pois, assim, você mesmo descobrirá se há mais valores sendo cobrados no seu financiamento e não ficará dependendo das informações que lhe forem passadas. Esse é um exemplo de armadilha que o mercado prepara para os consumidores. Se você estiver preparado, não será surpreendido(a) por nenhuma delas. Tosi (2009) explica que a capitalização composta ocorre quando os juros de cada período são incorporados ao capital, de forma que o resultado renda juros no próximo período. Veja a representação gráfica: 32UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Figura 1 - Juros Compostos Fonte: Tosi (2009). Vamos agora verificar estas situações e aprender a nos preparar! 33UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação 1 CAPITALIZAÇÃO E DESCONTO COMPOSTOS Veremos nesta unidade que o conceito de juros compostos é muito importante, uma vez que esse é o sistema indicado para efetuar análises e transformações de fluxos de caixa de forma conceitualmente correta. Inicialmente, apresentaremos o problema da capitalização composta, que trata da valorização do dinheiro ao longo do tempo. Em segui- da, apresentaremos o problema inverso, ou seja, o da diminuição das grandezas futuras, na medida em que são trazidas para o valor presente, mediante as operações de desconto composto. Nos dois casos, os estudos incluem deduções de fórmulas genéricas e suas aplica- ções em exemplos numéricos, cujas soluções são apresentadas pelo Simulador da HP-12C. No regime de juros compostos, os juros de cada período, quando não são pagos no final do período, devem ser somados ao capital e, consequentemente, também passam a render juros. A esse processo dá-se o nome de capitalização de juros, e como ele acontece no regime de juros compostos, costuma ser chamado de capitalização composta. No regime de juros compostos, os juros de cada período são obtidos pela aplicação da taxa de juros i sobre o capital, aplicado no início do período de capitalização. 34UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Assim, temos: A. no 1° período de capitalização (n = 1) capital no início do período = PV juros do período = PV x i capital no final do período = FV = PV +PV x i = PV (1 + i) B. no 2° período de capitalização (n = 2) capital no início do período = PV (1 + i) juros do período = PV (1 +i) x i capital no final do período = FV = PV (1 +i) +PV (1 + i) x i = = PV (1 +i) x (1 +i) portanto: FV = PV (1 +i)² C. no 3° período de capitalização (n = 3) A expressão para o valor futuro FV, ou montante, no final do 3° período de capitali- zação pode ser deduzida de forma análoga, e toma o seguinte aspecto: FV = PV (1 +i)³ D. no enésimo período de capitalização A expressão genérica do valor futuro FV, ou montante, resultante da aplicação de um principal PV durante n períodos de capitalização, com uma taxa de juros i por período, no regime de juros compostos é: FV = PV (1 +i)n em que a unidade referencial de tempo da taxa de juros i deve coincidir com a unidade referencial de tempo utilizada para definir o número de períodos n. 35UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação 1.1 Desconto Racional ou Por Dentro A taxa de desconto i (por dentro, ou racional) é usualmente denominada taxa de desconto e é muito utilizada pelo mercado financeiro. Temos que: PV = FV (1 + i) n que fornece o valor do principal PV a partir de FV, em função dos parâmetros n e i. O valor do desconto “por dentro” (Dd), ou racional, expresso em $, é obtido pela aplicação da Expressão Genérica para desconto, combinada com a Relação, isto é Se temos PV, achemos, então, FV. O problema envolvendo o cálculo do valor futuro FV a partir do valor presente PV consiste na solução da Expressão Genérica (5.1), em que a relação (1 +i)n precisa ser calculada para os parâmetros i e n. A expressão (1+i)n pode ser calculada para qualquer valor de i e de n, com a utilização da HP-12C, basta utilizar das teclas a seguir: Vamos exemplificar? Calcule o valor acumulado no final de seis anos, no regime de juros compostos, com uma taxa efetiva de 10% ao ano, a partir de um investimento inicial (principal) de $ 1.000,00. 36UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Solução: n = 6 anos; i = 10% ao ano; PV = $1.000,00; FV = ? O primeiro passo é limpar a calculadora: f Clx O segundo passo é digitar 1000 (que é o valor principal), inverter o sinal clicando em CHS. Isso deve ser feito, pois a calculadora reconhece a partir da inversão do sinal, que isto foi a entrada, o principal, como se fosse uma saída de caixa. Terceiro passo é digitar 10 i Quarto passo é digitar 6 n E, por fim, tecle em FV. A calculadora lhe dará o número 1.771,56. Isto significa que após 6 anos, o capital de 1000 acumulará 771,56 de juros, permitindo um montante de 1.771,56. Quando o problema pedir o contrário, dado FV para achar PV. Faça os mesmos passos, apenas trocando a tecla PV por FV, inclusive mantenha a troca de sinal utilizando CHS. Vamos a mais um exercício? O montante de $ 1.000,00, colocado no final do 4° mês do diagrama indicado a seguir, deve ser capitalizado e descontado com a taxa de 1% ao mês, no regime de juros compostos. 37UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Calcule: a. o valor acumulado no final do 7° mês, pela capitalização do montante de $ 1.000,00 indicado no diagrama; b. o valor que deve ser investido no final do 1° mês, para se obter o montante de $ 1.000,00 indicado no diagrama. Solução: a. montante no final do 7° mês Assim, o valor de $ 1.000,00 fica colocado no ponto zero da nova escala de tempo e deve ser tratado como um valor presente PV, que precisa ser capitalizado três meses para atingir o final do 7° mês. Na HP-12C: ● 1000 CHS PV ● 3 n● 1 i ● FV O resultado será 1.030,30. b) principal no final do 1° mês Nesse caso, para enquadrarmos o problema no Diagrama Padrão, precisaremos colocar o valor PV (a ser determinado) no ponto zero da nova escala de tempo, conforme indicado a seguir: 38UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Assim, o valor de $ 1.000,00 fica colocado no ponto 3 da nova escala de tempo, e deve ser tratado como um valor presente FV, que precisa ser descontado três meses para atingir o final do 1° mês. Na HP-12C: ● 1000 CHS FV ● 3 n ● 1 i ● PV O resultado será 970,59. 39UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação 2 DEPRECIAÇÃO 2.1 O que é Depreciação? É a diminuição do valor dos bens corpóreos em decorrência de desgaste ou perda de utilidade pelo uso, ação da natureza ou obsolescência. Expressa a perda de valor que os valores imobilizados de utilização sofrem no tempo, por força de seu emprego na gestão. O encargo da depreciação poderá ser computado como custo ou despesa operacio- nal, conforme o caso. A depreciação dos bens utilizados na produção será custo, enquanto a depreciação dos demais bens há de ser registrada como despesa operacional. O lançamento pode ser D = DESPESA DE DEPRECIAÇÃO Ou C = DEPRECIAÇÃO ACUMULADA Segundo as leis brasileiras, segue uma tabela de depreciação: Tabela 1 - Tabela de Depreciação Fonte: Dominium Contabilidade (2020). Alguns bens não se depreciam, como: ● Terrenos, salvo em melhoramentos ou construções; ● Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obra de arte; ● Prédios e construções não alugados nem utilizados por seu proprietário na produção de seus rendimentos ou imóveis destinados à venda. 40UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação 2.2 Como Calculamos Depreciação? 2.2.1 Método linear (ou quotas constantes) É o método que contabiliza, como despesa ou custo, uma parcela constante do valor do bem em cada período. Exemplo: A empresa comprou, no início de janeiro, um veículo com vida útil estimada de 5 anos pelo valor de $ 30.000,00, sem valor residual estimado. Qual será o valor da depre- ciação? No final do primeiro ano, deverá reconhecer a despesa de depreciação de $30.000,00 : 5 = $ 6.000,00 por ano. Para calcularmos o valor da depreciação mensal, para efeito de apuração de resul- tados mensais, basta dividir o valor da depreciação anual por 12: R$ 6.000,00 : 12 = R$ 500,00 por mês. Se considerarmos um valor residual de R$ 3.000,00, o valor anual da depreciação será: ($ 30.000,00 - $ 3.000,00) : 5 = $ 5.400,00 por ano. 41UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Para calcularmos o valor da depreciação mensal, para efeito de apuração de resul- tados mensais, basta dividir o valor da depreciação anual por 12: R$ 5.400,00 : 12 = R$ 450,00 por mês. A contabilização do valor da depreciação mensal será efetuada da seguinte forma: débito de despesa de depreciação e crédito da conta Depreciação Acumulada, portanto o lançamento será: Débito – Despesa de Depreciação $ 450,00 Crédito – Depreciação Acumulada $ 450,00 No final do primeiro ano, o Ativo Imobilizado da empresa deverá ser apresentado no Balanço Patrimonial da seguinte forma: Veículos $ 30.000,00 (-) Depreciação Acumulada ($ 6.000,00) $ 24.000,00 Dessa forma, o leitor do balanço saberá a idade aproximada do Ativo Imobilizado da empresa. 2.2.2 Método soma dos dígitos Esse método consiste em somar os algarismos desde a unidade até o algarismo que representa o número de anos da vida útil do bem. No exemplo do item anterior, sem considerar o valor residual, teríamos: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 Quota do 1o. Ano = 5/15 x $ 30.000 = $ 10.000 Quota do 2o. Ano = 4/15 x $ 30.000 = $ 8.000 Quota do 3o. Ano = 3/15 x $ 30.000 = $ 6.000 Quota do 4o. Ano = 2/15 x $ 30.000 = $ 4.000 Quota do 5o. Ano = 1/15 x $ 30.000 = $ 2.000 soma = $ 30.000 42UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Nesse método, o valor mensal da depreciação: no primeiro ano, seria de R$ 10.000,00 : 12 = R$ 833,33. no segundo ano, seria de R$ 8.000,00 : 12 = R$ 666,67. no terceiro ano, seria de R$ 6.000,00 : 12 = R$ 500,00. no quarto ano, seria de R$ 4.000,00 : 12 = R$ 333,33. no quinto ano, seria de R$ 2.000,00 : 12 = R$ 166,67 2.2.3 Método saldo decrescente Também denominado método de Matheson ou Exponencial, ou ainda método da porcentagem fixa sobre o valor contábil. Em que n é o número estimado de anos da vida útil do bem. Usando o exemplo anterior e supondo um valor residual de R$ 1.500, teríamos: % anual = 1 – 0,54928 % anual = 0,45072 ou 45,072% Quota do 1o. Ano = 45,072% x 30.000 = $ 13.521,60 Quota do 2o. Ano = 45,072% x 16.478,40 = $ 7.427.15 Quota do 3o. Ano = 45,072% x 9.051,25 = $ 4.079,58 Quota do 4o. Ano = 45,072% x 4.971,67 = $ 2.240,83 Quota do 5o. Ano = 45,072% x 2.730,84 = $ 1.230,84 Total = $ 28.500,00 43UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Nesse caso, a depreciação mensal seria de: No primeiro ano = R$ 13.521,60 : 12 = R$ 1.126,80 No segundo ano = R$ 7.427,15 : 12 = R$ 618,93 No terceiro ano = R$ 4.079,58 : 12 = R$ 339,97 No quarto ano = R$ 2.240,83 : 12 = R$ 186,74 No quinto ano = R$ 1.230,84 : 12 = R$ 102,57 O inconveniente desse método é a necessidade de um valor residual para proceder o cálculo da depreciação. SAIBA MAIS Exemplo de depreciação de um Congelador • Vida útil determinada pelo empresário = 4 anos • Valor de aquisição = 4.800 • Valor residual (valor do mesmo congelador com 4 anos de uso) = 2.400 • Valor Depreciável = Valor contábil - Valor residual • Valor Depreciável = 4.800 - 2.400 = 2.400 • Taxa anual de depreciação = 25% a.a. • Depreciação no primeiro ano = 600 • No segundo ano: • Valor contábil = 4.800 - 600 = 4.200 • Valor residual do congelador, agora para 3 anos = 1.800 (valor deve ser avaliado ano a ano) • Valor depreciável = 4.200 - 1.800 = 2.400 • Taxa de depreciação no segundo ano = 33,3333% • Depreciação no segundo ano = 800 • No terceiro ano: • Valor contábil = 4.200 - 800 = 3.400 • Valor residual do congelador, agora com 2 anos de uso e mais dois anos a usar = 1.000 • Valor depreciável = 3.400 - 1000 = 2.400 • Taxa de depreciação no terceiro ano = 50% • Depreciação no terceiro ano = 1.200 • No último ano: • Valor contábil = 3.400 - 1.200 = 2.200 • Valor residual, nesta data, é igual ao valor de mercado = 1.100 • Valor Depreciável = 2.200 - 1.100 = 1.100 • Taxa de depreciação no quarto ano = 100% • Depreciação no quarto ano = 1.100 Como consequência, o valor contábil estará refletindo o valor recuperável do ativo. Caso o empresário resolva continuar a usar o congelador, deverá ele estipular nova vida útil e o valor contábil de partida será os 1.100. Autor (2020). 44UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação 3 O QUE É AMORTIZAÇÃO? É a perda do valor dos bens imateriais em razão do tempo. Enquanto a depreciação é usada para os bens materiais (tangíveis), a amortização é usada para os bens imateriais (intangíveis), como benfeitorias e imóveis de terceiros, marcas e patentes, despesa de organizações etc. A amortização dos componentes do intangível sujeita-se a dois prazos: ● Um mínimo de cinco anos, para fins fiscais; ● Um máximo de dez anos, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas que possuam escrituração contábil regular. O LANÇAMENTO SER D = AMORTIZAÇÃO E C = AMORTIZAÇÃO ACUMULADA 3.1 Quais são os métodos de amortização? Os dois métodos mais utilizados são: Sistema de Amortização Progressivo (SAP, PRICE ou Sistema Francês) e Sistema de Amortização Constante (SAC). O primeiro método, conhecido também como Price ou Francês, utiliza-se da Tabela Price e é um método usado em amortização de empréstimo, cuja principal característica é apresentar prestações (ou parcelas) iguais. O método foi apresentadoem 1771 por Richard Price em sua obra Observações sobre Pagamentos Remissivos (em inglês: Observations on Reversionary Payments). 45UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação O método foi idealizado pelo seu autor para pensões e aposentadorias. No entanto, foi a partir da 2ª Revolução Industrial que sua metodologia de cálculo foi aproveitada para cálculos de amortização de empréstimo. A Tabela Price usa o regime de juros compostos para calcular o valor das parcelas de um empréstimo e, dessa parcela, qual é a proporção relativa aos pagamentos dos juros e a amortização do valor emprestado. Tomemos como exemplo um empréstimo de $ 1.000,00, com taxa de juros de 3% ao mês a ser pago em 4 parcelas mensais. Para calcular o valor da parcela, deve-se usar a fórmula de juros compostos combinada com a da progressão geométrica, resultando em: Um mês depois do empréstimo, o saldo devedor cresce 3% indo para $ 1.030,00, porém, como também deve ocorrer o pagamento de $ 269,03, o saldo devedor passa a ser $ 760,97. Perceba que o pagamento da parcela cobriu os juros de $ 30,00 e também fez a amortização de $ 239,03 (269,03 - 30,00) do valor emprestado. O mesmo ocorre nos meses seguintes, porém, como o saldo devedor diminui a cada mês, o valor das parcelas relativo ao pagamento dos juros é decrescente. 46UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Quadro 1 - Tabela de Amortização Fonte: o autor. SAIBA MAIS Tabela Price no Brasil No Brasil, a interpretação matemática da existência de juro composto na Tabela Price fica condicionada a fórmula anterior, que estabelece como regra geral na formação dos juros embutidos nas parcelas uma progressão Geométrica decrescente, ou seja, do maior para o menor. Vale ressaltar que juros compostos é uma unidade de medida, assim como juros contínuos ou juros simples. Em uma mesma série de pagamentos, podemos medir o custo financeiro por diversas unidades de medida, especialmente ju- ros compostos e juros contínuos. A proibição legal no Brasil é a cobrança de juros sobre juros já cobrados do mutuário. Apesar de amplamente utilizada em todo o mundo ocidental, a metodologia de cálculo é discutida em alguns países do mundo, por ser o único sistema que permite o pagamento em parcelas iguais e periódicas ao longo do prazo do empréstimo. Embora a tabela Price seja também muito utilizada no Brasil pelo mercado e segmentos financeiros, seu uso tem sido contestado perante o judiciário, uma vez que a legislação brasileira permite o uso de juros compostos somente em determinadas operações que possuam previsão legal. “A aplicação da Tabela Price aos contratos de prestações diferidas no tempo impõe excessiva onerosidade aos mutuários devedores do SFH, pois no sistema em que a mencionada Tabela é aplicada, os juros crescem em progressão geométrica, sendo que, quanto maior quantidade de parcelas a serem pagas, maior será a quantidade de vezes que os juros se multiplicam por si mesmos, tornando o contrato, quando não impossí- vel de se adimplir, pelo menos abusivo em relação ao mutuário, que vê sua dívida se estender indefinidamente e o valor do imóvel exorbitar até transfigurar-se inacessível e incompatível ontologicamente com os fins sociais do Sistema Financeiro da Habitação.” (Delgado, 2005) Porém, este é o único método que permite pagamentos iguais ao longo do período. É muito conhecido o trecho do texto de Price para definir a transferência de renda pelo juro composto de suas tabelas: Um centavo de libra emprestado na data de nascimento de nosso Salvador a um juro composto de cinco por cento teria, no presente ano de 1781, resultado em um montan- te maior do que o contido em DUZENTOS MILHÕES de Terras, todas de ouro maciço. Porém, caso ele tivesse sido emprestado a juro simples ele teria, no mesmo período, totalizado não mais do que SETE XELINS E SEIS CENTAVOS. (Nogueira, 2002, Tabela price da Prova Documental e Precisa elucidação de seu anatocismo) Fonte: Wikipedia (2020b). 47UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação 3.2 Sistema de Amortização Constante (SAC) Sistema de Amortização Constante (SAC) é uma forma de amortização de um em- préstimo por prestações que incluem os juros, amortizando, assim, partes iguais do valor total do empréstimo. Nesse sistema o saldo devedor é reembolsado em valores de amortização iguais. Dessa forma, no sistema SAC o valor das prestações é decrescente, já que os juros dimi- nuem a cada prestação. O valor da amortização é calculado dividindo-se o valor do principal pelo número de períodos de pagamento, ou seja, de parcelas. O SAC é um dos tipos de sistema de amortização utilizados em financiamentos imobiliários. A principal característica do SAC é que ele amortiza um percentual fixo do saldo devedor desde o início do financiamento. Esse percentual de amortização é sempre o mesmo, o que faz com que a parcela de amortização da dívida seja maior no início do financiamento, fazendo com que o saldo devedor caia mais rapidamente do que em outros mecanismos de amortização. Exemplo Um empréstimo de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) a ser pago em 12 meses a uma taxa de juros de 1,0% ao mês (em juros simples), aplicando a fórmula para obtenção do valor da amortização iremos obter um valor igual a R$ 10.000,00. Essa fórmula é o valor do empréstimo solicitado dividido pelo período, sendo, nesse caso: R$ 120.000,00 / 12 meses. Logo, a tabela SAC fica: Quadro 2 - Sistema de Amortização Constante Fonte: o autor. 48UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação Note que o juro é sempre 1,0% do saldo devedor do mês anterior, a prestação é a soma da amortização e o juro. Sendo assim, o juro é decrescente e diminui sempre na mesma quantidade, R$ 100,00. O mesmo comportamento tem as prestações. A soma das prestações é de R$ 127.800,00. Gerando juros de R$ 7.800,00. Outra coisa a se observar é que as parcelas e juros diminuem em progressão aritmética (PA) de r = -100. SAIBA MAIS Fórmulas: A=cte Rk=[(n-k+1).i+1].P/n Rk=A+Jk A=P/n Jk=(n-k+1).i.P/n em que: P: Financiamento n: Quantidade de Prestações i: taxa de juros Rk: Prestação A: Parcela da Amortização Jk: Parcela do Juro k Fonte: Wikipedia (2020a). 49UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), esta unidade trouxe os conceitos mais importantes sobre capita- lização e desconto compostos, bem como depreciação e amortização. São conceitos que você utilizará muito em sua vida profissional. Atualmente muitas empresas de assessoria financeira e/ou contábil contratam profissionais dessa área, pois muitas pessoas não gostam ou não sabem trabalhar com esses temas. Pense que isso pode ser um diferencial muito importante na sua carreira. 50UNIDADE II Juros Compostos, Descontos Compostos, Amortização e Depreciação MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Introdução À Matemática Financeira Autores: Clovis de Faro; Gerson Lachtermacher; Jonathan Her- nandes Marcantonio. Editora: Saraiva Ano: 2012 Sinopse: Este livro examina conceitos fundamentais da matemá- tica financeira: juros (simples e compostos), regimes de capitaliza- ção, diversos tipos de taxas (proporcionais, equivalentes, efetivas, nominais, reais, aparentes, over), operações de desconto, equiva- lência financeira, anuidades (constantes e variáveis), amortização de débitos, correção monetária (indexação) e avaliação e seleção de projetos. Nos numerosos exercícios, muitos dos quais solucio- nados passo a passo, adota-se o uso da calculadora científica HP 12C e do Excel, aproximando o conteúdo à realidade do mercado. Fruto da organização conjunta de Clovis de Faro e Gerson La- chtermacher, autores com vasta experiência no assunto, trata-se de obra essencial para estudantes e profissionais das áreas de administração, engenhariade produção, informática, economia e contabilidade. FILME/VÍDEO Título: JURO COMPOSTO - Vivendo a Matemática - Professora Angela Data: 16/04/2020 Descrição do Vídeo: Olá Pessoal!!! A pedidos de inscritos o vídeo de hoje é sobre JURO COMPOSTO. Dando continuidade no estudo da semana passada, este conteúdo sobre matemática financeira é muito estudado para as avaliações de concursos. Podemos dizer que a diferença entre Juro Simples e Juro Composto é que o juro simples é calculado sobre o capital a uma determina- da taxa de juro em certo período de tempo, já o juro composto é calculado sobre o capital apenas no primeiro período; nos demais períodos é calculado sobre o montante obtido no período anterior. Neste vídeo temos três exemplos que irão explicar essa diferença de forma simples e fácil. Espero que vocês gostem do vídeo e cliquem em gostei para que mais pessoas possam visualizá-lo e aprender com ele. Obrigada e um grande abraço. Professora Angela. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PoPgLqVZKro 51 Plano de Estudo: - Método determinístico de Análise de Investimentos - Método de Valor Anual Uniforme Equivalente - Taxa de Atratividade (TMA) - Método do Valor Presente Líquido (VPL) - Método da Taxa Interna de Retorno (TIR) - Métodos não Exatos - Árvore de Decisão Objetivos da Aprendizagem: - Conhecer qual método será utilizado para Análise de Investimento - Conhecer uma série uniforme equivalente a todos os custos e receitas - Medir a Taxa Mínima de Atratividade e analisar se o investidor está obtendo ganhos financeiros - Conhecer as Vantagens e Desvantagens do Valor Presente Líquido - Estudar os métodos não exatos - Estudar a árvore de decisão UNIDADE III Análise de Investimentos Professor Me. Antonio Carlos Lázaro Sanches 52UNIDADE III Análise de Investimentos INTRODUÇÃO Diversas pessoas que lidam com projetos de investimentos se deparam com a es- colha de alternativas que envolvem estudos econômicos. E o pior, é muito comum vermos essas pessoas fazerem suas escolhas sem que o custo do capital empregado seja consi- derado de maneira correta. Somente um estudo econômico pode confirmar a viabilidade de projetos tecnicamente corretos. Neste material, nós veremos parte do que os estudiosos chamam de “Engenharia Econômica”. Tal engenharia objetiva a análise econômica de decisões sobre investimentos e tem muitas aplicações, pois os investimentos poderão ser de empresas privadas, públicas ou mesmo investimentos pessoais. Alguns exemplos de problemas que estudaremos são: ● Temos o dinheiro, é melhor comprar o veículo a vista ou a prazo ● Construir uma indústria com esteira para transportar materiais ou fazer o trans- porte manualmente ● Utilizar tubo de maior ou menor diâmetro para a construção de uma rede de abastecimento de águas REFLITA É importante entender que as técnicas de avaliação de investimentos são tão somente instrumentos de apoio à tomada de decisão. Outros fatores de decisão, como objetivos estratégicos, aspectos econômicos, políticos e gerenciais, são também relevantes na seleção de projetos de investimentos. Fonte: Puccini e Puccini (2011). Sempre que formos fazer uma análise sobre investimentos, devemos considerar seus os aspectos econômicos, ou seja, devemos nos preocupar com a rentabilidade. Apli- cando corretamente os critérios econômicos, poderemos saber quais investimentos são rentáveis ou não. Ou ainda como poderemos aplicar dinheiro de maneira a obter maior retorno. 53UNIDADE III Análise de Investimentos Mas de nada adianta analisarmos a rentabilidade dos rendimentos se não possuir- mos o dinheiro para aplicar, nem termos a possibilidade de conseguir financiamentos. Os investimentos mais rentáveis deverão ser analisados de acordo com critérios financeiros, os quais mostraram os efeitos do investimento na situação financeira da empresa, ou seja, como o investimento poderá afetar o capital de giro da empresa. Além do supracitado, existem fatores a serem analisados que não são conversíveis em dinheiro. A decisão de se implantar um projeto deve considerar três critérios relevantes: ● Econômico: rentabilidade do investimento; ● Financeiro: disponibilidade de recursos; ● Imponderáveis: fatores não conversíveis em dinheiro. Esse último critério trata das repercussões de um investimento que não são direta- mente conversíveis em dinheiro, por isso chamado de imponderáveis. Um exemplo: investir para manter o nível de emprego. Manter a satisfação do cliente, dentre outros. Geralmente quem faz a análise desse último critério não somos nós, gestores do projeto, mas sim a alta administração da organização. De acordo com Filho e Kopittke (2008), é conveniente ter em mente que para se fazer um estudo econômico adequado, alguns princípios básicos devem ser considerados, como: ● Observar alternativas de investimento. De nada adianta calcular se é vantajoso comprar algo a vista se não há condição de conseguir dinheiro para isso. ● Expressar as alternativas sempre em dinheiro. Não há como comparar 200 ho- ras/mensais de mão de obra com 200 Kwh de energia. Convertendo os dados em dinheiro teremos um denominador comum muito prático. ● Considerar apenas as alternativas. Por exemplo, numa análise para decidir sobre o tipo de motor a comprar, não é relevante saber o consumo de energia se for igual para os dois. ● Mensurar sempre os juros sobre o capital empregado. Sempre existe alguma maneira de empregar o dinheiro de modo que ele renda alguma coisa. Quando aplicamos o dinheiro em um projeto devemos ter certeza de ser esta a coisa mais rentável a se fazer. ● Não considerar o passado, pois o que interessa é o presente e o futuro. Não posso dizer: “este carro não pode ser vendido por menos que 30.000,00, pois eu gastei muito com ele em oficina”. Isto não existe. O que realmente importa é o valor de mercado do carro. 54UNIDADE III Análise de Investimentos 1 MÉTODO DETERMINÍSTICOS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS Para que o método de análise de um projeto seja definido, temos antes que definir qual é o objetivo da empresa que está elaborando e analisando o projeto. Não faz muito tempo, as empresas apenas pensavam no lucro ao final do ano ao fazerem um projeto. Porém os objetivos das empresas mudaram, assim como mudaram também os modelos de gestão com o passar dos tempos. REFLITA O método determinístico é um modelo matemático que resulta em um conjunto de saí- das, com base no conjunto de entradas iniciais conhecidas. Fonte: Render et al. (2017). Para uma análise sob esse enfoque, é necessário utilizarmos o conceito de “custo de recuperação do capital”. De acordo com Filho e Kopittke (2008), antigamente as empre- sas normalmente utilizavam a contabilidade de custos conjugada à contabilidade financeira. Com isso, todo investimento feito era amortizado em determinada quantidade de anos, sob a forma de depreciação. A recuperação do capital era lançada a uma taxa zero. 55UNIDADE III Análise de Investimentos Pelo conceito de equivalência, deve haver uma taxa tal que torne equivalente o investimento feito e sua recuperação. E é esta taxa que determina o custo do capital investido a ser lançado como despesa. Por isso é interessante que a empresa separe as contabilidades! Utilizamos três1 métodos de análises de investimentos que se ajustam a tais conceitos: 1. Método do Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE): consiste em achar uma série uniforme equivalente a todos os custos e receitas para cada alternativa. A alternativa que tiver o maior saldo positivo é a melhor. 2. Método do Valor Presente Líquido (VPL): calcula o valor presente equivalente das saídas de fluxo de caixa de cada alternativa, somando-o ao investimento inicial. A opção que apresentar o Valor Presente Líquido Total mais positivo é a melhor. A taxa utilizada para descontar o fluxo de caixa é a TMA2. 3. Método da Taxa Interna de Retorno (TIR): taxa para qual a saída dofluxo de caixa proveniente de um investimento é equivalente ao valor inicial investido, ou seja, é a taxa que zera os ganhos do investidor. Esse método calcula a TIR de todas as alternativas para compará-las com a TMA definida. Os investimentos com TIR maior que a TMA são consideráveis rentáveis. Esses métodos são equivalentes e, se bem aplicados, conduzem ao mesmo resul- tado. Porém cada um se adapta melhor a um determinado tipo de problema. Veremos cada um deles brevemente. 1 O nosso objetivo não é aprofundar nos métodos, pois você terá esses conteúdos aprofundados em seu curso mais adiante, em outras disciplinas. 2 Taxa Mínima de Atratividade é a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros. É uma taxa associada a um baixo risco, ou seja, qualquer sobra de caixa pode ser aplicada, na pior das hipóteses, na TMA. Geralmente é utilizada a SELIC (taxa básica de juros da economia), a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) e/ou a TR (Taxa Referencial). 56UNIDADE III Análise de Investimentos 2 MÉTODO DE VALOR ANUAL UNIFORME EQUIVALENTE (VALUE) Como já mencionado, o VALUE consiste em achar uma série uniforme equivalente a todos os custos e receitas para cada alternativa. A alternativa que tiver o maior saldo posi- tivo é a melhor. Porém os mais utilizados são a TIR e o VPL. Como custo de oportunidade, temos o conceito de TMA que veremos adiante. 57UNIDADE III Análise de Investimentos 3 A TAXA DE ATRATIVIDADE (TMA) Como já mencionado, ao considerarmos uma proposta de investimentos, devemos levar em conta que estamos perdendo a oportunidade de aplicarmos esses recursos em outras coisas. Por exemplo, se eu investir $ 100 mil na compra de um equipamento, eu posso ter que deixar de investir esse dinheiro em ações ou na própria poupança, e ainda quem sabe num outro projeto. Porém, como as oportunidades são várias, nós devemos levar em consideração algumas opções de fácil acesso e um tanto quanto seguras. No Brasil, para pessoas físicas, é comum a TMA ser igual à rentabilidade da pou- pança. Para pessoas jurídicas, a determinação da TMA é mais complexa e depende do prazo do investimento ou da importância estratégica das alternativas. Agora, quando vamos fazer comparações de curto prazo, como comprar uma com- ponente da produção hoje com desconto ou daqui a dez dias sem desconto, utilizamos a remuneração dos títulos bancários de curto prazo como os CDBs. 58UNIDADE III Análise de Investimentos 4 MÉTODO DO VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) De acordo com Groppelli e Nikbakht (2006), existem vantagens e desvantagens neste método. O método do valor presente líquido tem três vantagens importantes. Primeira, ele usa os fluxos de caixa em lugar dos lucros líquidos. Fluxos de caixa (lucros líquidos + depreciação) incluem a depreciação como uma fonte de fundos. Isso funciona porque a de- preciação não é um desembolso de caixa no ano em que o ativo é depreciado. Ao contrário da contabilidade, no campo das finanças considera-se o fluxo de caixa em lugar dos lucros líquidos. Portanto, a abordagem do VPL, ao contrário do método da taxa média de retorno, é consistente com a moderna teoria financeira. Segunda, o método do VPL, ao contrário dos métodos da taxa média de retorno e do período de amortização (payback), reconhece o valor do dinheiro no tempo. Quanto maior o tempo, maior o desconto. Ou, simplificando, se os fluxos de caixa de um projeto, com risco médio, são descontados a 10%, um outro projeto com um maior grau de risco deve ser descontado a uma taxa superior à de 10%. Portanto, o valor do dinheiro no tempo para um projeto está refletido na taxa de desconto que deve ser selecionada com cuidado pelo analista financeiro. Geralmente, a taxa de desconto tende a se elevar caso a oferta monetária esteja escassa e haja expectativa de elevação da taxa de juros. Terceira, aceitando somente projetos com VPL positivos, a companhia também aumentará o seu valor. Um aumento no valor da companhia, na realidade, é um aumento no 59UNIDADE III Análise de Investimentos preço das ações ou na riqueza dos acionistas. O método do VPL do orçamento de capital deve, portanto, no final das contas, acarretar maior riqueza aos acionistas. Já que o objetivo da moderna administração financeira é aumentar, continuamente, a riqueza dos acionistas, o método do VPL deve ser visto como a técnica mais moderna de orçamento de capital. Existem, entretanto, algumas limitações à abordagem do VPL. O método supõe que a administração seja capaz de fazer previsões detalhadas dos fluxos de caixa dos anos futuros. Na realidade, entretanto, quanto maior o período, mais difícil a estimativa dos fluxos de caixa futuros. Os fluxos de caixa futuros são influenciados pelas vendas futuras, pelos custos da mão-de-obra, dos materiais e dos custos indiretos de fabricação, pelas taxas de juros, pelos gostos dos consumidores, pelas políticas governamentais, pelas mudanças demográficas etc. A superestimação ou subestimação dos fluxos de caixa futuros podem levar à aceitação de um projeto que deveria ser rejeitado, ou à rejeição de um projeto que deveria ser aceito. Além do mais, o método do VPL supõe que a taxa de desconto seja a mesma durante todo o projeto. No exemplo precedente você descontou os fluxos de caixa a 10% durante quatro anos, porém uma taxa de desconto de 10% pode não ser realista. A taxa de desconto de um projeto, tal como a taxa de juros, na realidade, muda de um ano para o outro. A taxa de desconto pode ser afetada por oportunidades de reinvestimento de fluxos de caixa futuros, pelas taxas de juros futuras e pelos custos de levantamento de novos capitais. O problema pode ser resolvido pela previsão das taxas de juros futuras e, então, pelo desconto do fluxo de caixa de cada ano futuro pela taxa de desconto prevista. Embora essa seja uma sugestão inteligente, você há de concordar que a predição de uma taxa de juros para os próximos cinco ou dez anos é tão incerta quanto os resultados de se lançar uma moeda cinco ou dez vezes! Contudo, não obstante tais limitações, o método do VPL é ainda o melhor método de orçamento de capital. 60UNIDADE III Análise de Investimentos 5 MÉTODO DA TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) De acordo com Groppelli e Nikbakht (2006), existem vantagens e desvantagens nesse método, veja a seguir. 5.1 Vantagens e Desvantagens Numerosas pesquisas têm mostrado que, na prática, o método da TIR é mais uti- lizado que a abordagem do VPL. A razão disso pode ser atribuída à facilidade de cálculo da TIR, parecida com a TMR; porém, ao usar os fluxos de caixa e ao reconhecer o valor do dinheiro no tempo, parece-se com o VPL. Em outras palavras, embora a TIR seja fácil e compreensível, ela não possui as restrições da TMR e do período de amortização (payba- ck), pois ambos os métodos ignoram o valor do dinheiro no tempo. O principal problema com o método da TIR é que ele, muitas vezes, fornece taxas de retorno não-realistas. Suponha uma taxa mínima de retorno de 11% e uma TIR calculada de 40%. Isso significa que a administração deve aceitar imediatamente o projeto por causa da sua TIR de 40%? A resposta é não! Uma TIR de 40% implica em a companhia ter uma oportunidade de reinvestir seus fluxos de caixa futuros à taxa de 40%. Se a experiência passada e a economia indicarem que os 40% representam uma taxa não-realista para futuros investimentos, então uma TIR de 40% é suspeita. Falando francamente, uma TIR de 40% é muito boa para ser verdade! A menos que a TIR calculada seja uma taxa razoável 61UNIDADE III Análise de Investimentos para reinvestimento dos fluxos de caixa futuros, ela não deve servir como parâmetro de aceitação ou rejeição de um projeto. Um outro problema com o método da TIR é que ele pode fornecer diferentes taxas de retorno. Suponha que haja duas taxas de desconto (duas TIRs) que tornem o valor pre- senteigual ao investimento inicial. Nesse caso, qual taxa deve ser usada na comparação com a taxa mínima? A finalidade dessa pergunta não é resolver os casos em que haja diferentes TIRs, mas que você saiba que o método da TIR, não obstante sua popularidade no mundo dos negócios, apresenta mais problemas do que imagina um profissional. 62UNIDADE III Análise de Investimentos 6 MÉTODO NÃO EXATOS Os três métodos exatos, VPL, VALUE e TIR são equivalentes e ajustam-se per- feitamente ao conceito de “equivalência” da matemática financeira. Alguns analistas, no entanto, ainda utilizam métodos não exatos. Não é nosso interesse nos aprofundar, mas sim passar brevemente por eles apenas para conhecimento. O principal método não exato é o do tempo de recuperação do capital investido, o famoso PAYBACK. Ele mede o tempo necessário para que o somatório das parcelas anuais seja igual ao investimento inicial. Esse método não leva em consideração a vida do inves- timento, e pode ser dificultada sua aplicação quando o investimento inicial se der por mais de um ano ou quando os projetos comparados tiverem investimentos iniciais diferentes. Veja um exemplo baseado em Groppelli e Nikbakht (2006): A Companhia ABC planeja investir num projeto que tem um desembolso inicial de $ 3.700. Ela previu que o projeto proporcionará entradas de caixa regulares de $ 1.000 no ano 1, de $ 2.000 no ano 2, de $ 1.500 no ano 3 e de $1.000 no ano 4. Se a empresa tivesse como meta um período de amortização (payback) de três anos, você recomendaria que esse projeto fosse aceito? 63UNIDADE III Análise de Investimentos Solução: As informações anteriores devem ser reescritas no seguinte formato: Quadro 1 - Fluxo de Caixa Fonte: o autor. Você pode ver por essa informação que após dois anos a empresa terá recuperado $ 3.000 dos seus $ 3.700 investidos. Então, calculemos a proporção do terceiro ano que a empresa precisará para recuperar os $ 700 restantes do seu investimento inicial ($3.700 – $3.000 = $700). Para fazer isso, simplesmente dividimos os $ 700 pela entrada de caixa do terceiro ano: 700/1.500 = 0,47 Em termos redondos, 0,47 de um ano é, aproximadamente, 24 semanas (0,47 x 52 semanas = 24 semanas), perfazendo um total de 2 anos e 24 semanas antes que o investimento seja recuperado. A seguir, compare esse período de recuperação com o período-meta para ver se a empresa deve prosseguir com o investimento. Nesse caso, o período de recuperação efetivo (2 anos e 24 semanas) é menor que o período-meta de 3 anos. Portanto, o projeto é aceitável. Ainda de acordo com os autores existem vantagens e desvantagens na utilização do método. 6.1 Vantagens e Desvantagens O método do período de recuperação do investimento tem várias vantagens e des- vantagens. A principal vantagem é que esse método é fácil de usar. Não é necessário fazer cálculos complicados para encontrar quantos anos um projeto demora para recuperar o seu investimento inicial. O período de recuperação do investimento também é fácil entender. 64UNIDADE III Análise de Investimentos Portanto, quando os analistas precisam de uma medida rápida do risco, eles podem usar o método do período de recuperação para ver se o capital investido será recuperado em um período razoável de tempo. O método do período de recuperação do investimento, não obstante sua simpli- cidade, pode ser de valia mesmo para as maiores corporações multinacionais. Para tais empresas, eventos políticos — tais como a nacionalização de setores num país estrangeiro — são as principais fontes de risco. Em termos de possíveis eventos políticos, então, quanto menor o período de recuperação do investimento, menor o risco do projeto. O método do período de recuperação de investimento, portanto, pode ajudar as empresas a medir o risco de perder o capital em países estrangeiros. A principal desvantagem desse método é ignorar completamente o valor do dinhei- ro no tempo. No método do período de recuperação de investimento, não existe diferença entre o valor de uma entrada de caixa de $ 100 no primeiro ano e o mesmo montante de entrada de caixa um ano depois. Além do mais, o método do período de recuperação não leva em consideração as entradas de caixa produzidas após o período em que o investi- mento inicial foi recuperado. Por causa desses graves obstáculos, o método do período de recuperação de investimento não deve ser visto como uma abordagem muito boa ao orçamento de capital. Vimos os métodos convencionais mais utilizados para a análise de um projeto. De acordo com esses métodos, o trabalho do gestor seria basicamente avaliar o risco, escolher uma taxa de desconto apropriada e calcular o valor presente dos fluxos de caixa. De acordo com Samanez (2009), na prática, essa tarefa não é tão simples e vai muito além disso. Uma vez conhecidas as possíveis falhas do projeto, o gestor pode decidir se investe mais em informação, como uma melhor pesquisa de mercado, por exemplo. Pode-se decidir investir mais em um novo processo tecnológico com o objetivo de confirmar a qualidade, durabilidade, resistência etc. Ou seja, o projeto não é algo estático! Sendo assim, abordaremos algumas técnicas usadas no planejamento e controle de um projeto de investimento, de modo que o gestor possa ter uma visão melhor da sen- sibilidade do empreendimento às mudanças nas principais variáveis. De acordo com Samanez (2009), para conseguir uma análise econômica robusta, deve-se examinar o impacto das diversas fontes de risco sobre o VPL do projeto. Isso pode ser feito por meio de algumas técnicas, das abordaremos nesta unidade. 65UNIDADE III Análise de Investimentos 7 ÁRVORE DE DECISÃO A árvore de decisão é uma metodologia gráfica de verificar as consequências de decisões atuais e futuras, bem como os eventos aleatórios relacionados. Esse método nos possibilita o entendimento e o controle de um número expressivo de problemas de investimentos sujeitos a riscos. De acordo com Samanez (2009), essa metodologia consiste num meio de mostrar a anatomia de uma decisão de investimento, assim como a interação entre decisão pre- sente, eventos possíveis, atitudes de competidores e possíveis decisões futuras e suas consequências. Esse método aborda dois elementos essenciais para a análise real de investimentos, sendo eles a incerteza e o investimento sequencial. Vejamos a estrutura da árvore de decisão: Figura 1 - Árvore de Decisão Fonte: adaptado de Filho e Kopittke (2008). 66UNIDADE III Análise de Investimentos Os nós quadrados representam as decisões e os nós redondos representam nós de incerteza, ou seja, eventos aleatórios. De acordo com Filho e Kopittke (2008), nos ramos de uma árvore de decisão devem ser levados em conta: ● As probabilidades após os nós de incerteza ● Os valores de investimentos nos nós de decisão ● Os retornos no final dos ramos Veja o exemplo adaptado de Filho e Kopittke (2008): Um vendedor ambulante está considerando a possibilidade de vender camisas esportivas. As camisas seriam compradas por $ 10.00 e vendidas por $ 35.00. Como a qualidade do material é baixa estima-se que haja 30% de perda para o vendedor ambulan- te. Independentemente da quantidade adquirida, seus custos de transporte e manutenção serão de $ 1000.00 por dia. As camisas não vendidas terão um valor residual de $ 2.00. A demanda diária pelas camisas depende das condições de vigilância nas ruas: se a vigilância for ostensiva, o vendedor somente consegue vender 50 camisas, vendendo 4 vezes mais se a vigilância das ruas for fraca. Caso a vigilância for média, o vendedor consegue colocar 120 camisas. As camisas só podem ser compradas em lotes pré-determinados: 80, 160, 240 ou 320 unidades. A experiência tem mostrado que há 40% de chance de que a vigilância seja fraca contra 30% de vigilância ostensiva. Em consequência ela é média 30% das vezes. Calcule: a. Qual a quantidade de camisas que
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