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Crescimento do Complexo Craniofacial Desenvolvimento Crescimento Ortodontia Visa prevenir, interceptar e tratar as alterações que ocorrem durante o crescimento, desenvolvimento e a maturação do complexo dentofacial Crescimento e Desenvolvimento Multiplicação ou aumento em dimensão, volume, quantidade ou intensidade. Nossos conhecimentos básicos acerca do crescimento craniofacial são fundamentais para o diagnóstico, planejamento e avaliação das terapias ortodônticas Crescimento = Desenvolvimento?? - O crescimento se refere ao aumento no número (hiperplasia) e no tamanho (hipertrofia) das células; - O desenvolvimento faz parte do crescimento, porém se refere ao aumento qualitativo das estruturas (diferenciação celular, levando ao surgimento de tecidos e órgãos); - Ambos ocorrem simultaneamente ao longo do período de crescimento ativo CRESCIMENTO: Resultado de processos biológicos (aumento de tamanho e número de células), através dos quais a matéria se torna maior. DESENVOLVIMENTO: Mudança de células ou tecidos generalizados em tecidos mais especializados, faz parte do crescimento, porém é o aumento qualitativo das estruturas (diferenciação celular, levando ao surgimento de tecidos e órgãos). MATURAÇÃO: Mudanças que ocorrem com o amadurecimento ou com a idade. Crescimento craniofacial é divido em: pré-natal e pós- natal. Crescimento e Desenvolvimento Pré Natal - Etiologia: fatores genéticos, ambientais e congênitos. - A maior parte das estruturas da face é derivada das células da crista neural. - Segundo Proffit, existem 5 estágios principais no desenvolvimento crânio facial: Estágio Tempo Síndromes relacionadas Formação das camadas germinativas e organização inicial das estruturas Dia 17 Síndrome fetal alcoólica (SFA) Formação do tubo neural Dia 18-23 Anencefalia Origem, migração e interação das populações celulares Dia 19-28 Mircrossomia hemifacial Disostose mandibulofacial Anomalias de membros Dia 28-38 Dia 42-55 Diferenciação final dos tecidos Dia 50 - nascimento Acondroplastia Síndromes sinostóticas Arco Branquial e Processo O primeiro arco branquial é o mandibular que se divide em dois processos: 1. O MAXILAR; - Maxila; - Arco zigomático; - Porção escamosa do temporal; 2. MANDIBULAR; - Mandíbula. 2º ARCO: hióide Osso hióide; Maturação Maxilar Mandibular N trigêmeo Músculos mastigatórios, mil-hioide Osso hioide Região adjacente do pescoço Músculos da face N. Facial Pavilhão Auditivo Músculos da face; Processo estiloide; Ligamento estiloide; Estribo; Parte posterior do digástrico; Nervo facial. Desenvolvimento do crânio O crânio pode ser divido em: Neurocrânio: - Abóboda craniana; - Base do crânio. Viscerocrânio: - Face. Formação do neurocrânio: - Formado a partir do mesenquimal da região occipital em torno da notocorda; - Centro de ossificação primário se dá por volta da sétima a oitava semana; - Termino da ossificação após nascimento; - A ossificação do neurocrânio é considerada mista: intramembranosa (A ossificação intramembranosa é um dos dois tipos de formação óssea existentes e é responsável pelo desenvolvimento dos ossos chatos ou laminados, especialmente aqueles que se encontram no crânio) e Endocondral (sincodroses – união de 2 ossos por uma cartilagem). Desenvolvimento da face - A ossificação do viscerocrânio é mista e oriunda da crista neural. - A cavidade oral devido ao rompimento da Membrana bucofaringe, foi formada devido o espessamento da endoderme e a aproximação do ectoderme. 1º Arco 2º Arco Parte Caudal do hioide M. Estilofaríngeo N. Glossofaríngeo Cartilagem da tireoide Músculos – elevadores do palato, palatoglosso, constritores da faringe N. Laríngeo 3º Arco 4º Arco Cartilagem de meckel: Da origem a mandíbula A tuberosidade (túber) e o processo alveolar são os principais locais de crescimento da maxila. Os locais de crescimento na mandíbula são a cabeça, o processo alveolar e a face posterior do ramo. 4ª semana: Espessamento no ectoderma do processo frontonasal; Migração anterior dos placódios olfatórios delimitando o orifício nasal; Processos nasais medial e lateral. 38º dia: Formação do centro nasal, anterior da maxila, palato primário, lábios; Fissura labial: fatores genéticos/ambientais; Falta de coalescência (junção, aderência) dos processos nasais; Mediais e os processos maxilares. Fatores genéticos / ambientais: Falta de coalescência dos processos nasais mediais e os processos maxilares fissura labial Desenvolvimento do palato 7ª e 8ª semana: Origina-se pelo levantamento e fusão medial das cristas palatinas dos processos maxilares. Importância rebaixamento da língua para a fusão dos processos palatinos. Falha na sincronização das cristas palatinas e no rebaixamento da língua → afeta o fechamento normal do palato = FISSURA. Desenvolvimento da Mandíbula 7ª e 8ª semana: o processo mandibular contém a cartilagem de Meckel. Ossificação em torno do aspecto lateral da cartilagem. Condensação do ectomesênquima. Ossificação intramembranosa. Crescimento anterior até a linha média e posteriormente 0ª a 14ª semana: aparecem 3 cartilagens. O Condilar: ossificação endocondra Coronóide: invadido pelo processo de ossificação intramembranosa. Ossificação endocondral. Inicialmente, a mandíbula é consideravelmente maior que a maxila. Na 8ª semana, a maxila sobre passa a mandíbula. Na 11ª semana, a maxila e mandíbula ficam aproximadamente do mesmo tamanho. Ao nascimento, a mandíbula apresenta-se mais retrognática em relação à maxila. Gradiente cefalocaudal (estabelece que o desenvolvimento psicomotor ocorre da cabeça para a parte inferior do tronco, logo, a cabeça e encéfalo do bebê se desenvolvem primeiro) de crescimento Cartilagem de Meckel Da origem a mandíbula Porção Média Origina o ligamento esfeno-mandibular Extremidades posteriores Origina o martelo e bigorna Dois terços anteriores Dão suporte para ossificação intra- menbranosa da mandíbula Extremidades anteriores Formação endocondral da sínfise mandibular Cartilagens secundárias Sinfisária, angular, coronóide e condilar Crescimento e Desenvolvimento Pós Natal Implicações clínicas do crescimento: as más oclusões são consequências de alterações esqueléticas localizada em regiões afetadas dos arcos dentais. - O crescimento é influenciado por fatores genéticos e ambientais como: Hormônios; Condições alimentares; Hábitos; Influências ambientais; Hereditariedade Teoria de Crescimento Teoria da remodelação óssea. Remodelação da superfície de um osso em direção oposta à da sua translação (Translação é o movimento que um objeto realiza de um ponto a outro. É o deslocamento paralelo, em linha reta na mesma direção e no mesmo sentido, de um objeto ou figura, em função de um vetor percorrendo a mesma distância) pelo crescimento das estruturas adjacentes. Teoria da dominância sutural (Sicher – 1947) - As suturas que unem a área facial do crânio e às regiões da base craniana, empurram o complexo nasomaxilar para frente para adaptar seu crescimento ao da mandíbula. - Considerava a proliferação do tecido conjuntivo fator responsável pelo deslocamento das partes envolvidas em direções opostas. Teoria da matriz funcional 1 - Matriz Neurocranial - Representada pelo cérebro, meninges e liquor. 2 – Matriz orofacial - Formada pelos espaços funcionais, bucal, nasal e faríngeo.- Na maxila, o crescimento das suturas produziria a separação dos ossos envolvidos causando o deslocamento da maxila como um todo para frente e para baixo. Teoria do septo nasal (Scott – 1948). - O principal mecanismo responsável pelo crescimento do complexo nasomaxilar é a cartilagem do septo nasal. Os fatores reguladores do crescimento se fazem presentes apenas na cartilagem e no periósteo. O crescimento sutural é de natureza secundaria e, portanto, depende de influências externas. - Para Scott, todos os tecidos cartilaginosos (septo, côndilo, sincondroses) são centros primários de crescimento, pela habilidade destes tecidos sofrerem expansão intersticial. - Secundariamente a esta força gerada pelo crescimento, há deposição ao nível das suturas Teoria da matriz funcional Controle genético: - Matriz funcional (tecidos moles + função) e osso + cartilagem são passivos. De acordo com o conceito de matriz funcional, o crescimento craniano é a combinação da atividade morfogenética primaria de ambos os tipos de matriz, e se processa por modificação de forma e deslocamento espacial. - Moss sentia que o osso e a cartilagem cresciam em resposta ao crescimento intrínseco de tecidos associados (matrizes funcionais). - A codificação genética para o crescimento esquelético craniofacial está fora do esqueleto ósseo. - Cada componente de uma matriz realiza uma função (respiração, mastigação, fonação), enquanto os tecidos esqueléticos suportam e protegem as matrizes associadas. Divide a cabeça óssea numa série de discretos componentes funcionais, cada um contendo uma matriz funcional e uma unidade esquelética associada. - O TECIDO ESQUELÉTICO CRESCE APENAS EM RESPOSTA AO CRESCIMENTO DO TECIDO MOLE. Princípio do V de Enlow - O crescimento sobre os extremos livres aumenta a distância entre eles mesmos. Indicou a possibilidade de distinguir as áreas ósseas onde ocorresse aposição endosteal ou periosteal. Observa-se um movimento de crescimento e aumento simultâneos por adição de osso internamente e remoção na parte externa. O V move- se e ao mesmo tempo aumenta suas dimensões globais. A direção do movimento está voltada para a extremidade ampla do V. Exemplo do deslocamento cortical. Ajuda a entender a remodelação em ossos com formato irregular. Os ossos faciais têm uma configuração em V. A deposição (+) ocorre na superfície interna, e a reabsorção (-) na externa. A medida que o V se movimenta,ele aumenta de tamanho. Teoria do servo sistema. - O crescimento das várias regiões craniofaciais é o fruto da interação de uma série de mudanças causais e mecanismos de feedback. Detectou uma predeterminação não genética no comprimento final da mandíbula, em que a direção e magnitude da variação do crescimento Condilar foram percebidas com respostas quantitativas ao aumento da maxila. Os mecanismos de controle do crescimento condilar agem como um Servossistema (sistema de controle automático). O modelo cibernético de PETROVIC, representando o controle do crescimento condilar, está baseado no seguinte princípio: “as adaptações estruturais regionais são destinadas ao estabelecimento e à manutenção de uma oclusão mais eficaz. Esses mecanismos regulatórios exprimem-se em termos de fluxos de informações e de retroalimentação ("feedback")”. - A arcada superior é a grandeza a seguir, ela é a "referência constantemente mutável", ou seja, à medida que vai crescendo, vai mudando de posição, e a sua posição serve de referência para o crescimento dos outros elementos, os quais são a "porção escrava" (são os servos) do sistema. O crescimento da mandíbula segue o da maxila. Se algo interferir no crescimento da maxila, isto vai se refletir no crescimento da mandíbula. - O crescimento ânteroposterior da maxila é controlado pelo hormônio do crescimento, pela somatomedina, pelo crescimento da cartilagem do septo nasal, pelo crescimento da língua Crescimento Maxilar - Depende diretamente do crescimento do terço médio da face. Há deposição óssea nas suturas (sítios de crescimento) e remodelação óssea superficia. - A maxila é mais susceptível do que a base craniana às influências funcionais, porém, menos susceptível do que a mandíbula. - Depende da erupção dos dentes, principalmente os posteriores. - A maxila é de certa forma uma continuação da base craniana. Crescimento Mandibular - A mandíbula é a estrutura esqueletal mais importante da face e a principal contribuição para o perfil facial de um indivíduo. - Seu crescimento ocorre principalmente com sua rotação, deposição óssea nos côndilos mandibulares e remodelação óssea no ramo e base mandibular. - Não precisa-se ou não pode-se estimular significativamente o crescimento mandibular, deve-se permitir sua expressão e direciona-lo, agindo na rotação da mandíbula durante a fase de crescimento. - Dentição mista: grande perda de dimensão vertical e “janela aberta” para a ação terapêutica. - Padrões favoráveis de rotação mandibular devem ser mantidos. Padrões desfavoráveis devem ser camuflados ou corrigidos. Padrões de crescimento - Padrões de crescimento crânio-facial são específicos para cada idade, para cada sexo e para cada grupo étnico. - A literatura ortodôntica é rica na descrição destes padrões. Entretanto, os dados devem um grau de variância que impossibilita a individualização preditiva. - Divide-se os pacientes ortodônticos em 3 classes de crescimento facial: Crânio braquicéfalo e face euriprosópica. Crânio mesocéfalo e face mesoprosópica. Crânio dolicocéfalo e face leptoprosópica. - Em cada um dos tipos faciais deve-se entender as dificuldades encontradas pela mecânica ortodôntica empregada. Posição Dentária O osso alveolar é a estrutura do complexo crânio-facial mais flexível às adaptações impostas por uma terapia ortodôntica. Entretanto, sua morfologia deve ser compatível com o envelope tecidual, especialmente muscular, que a envolve. Deve-se primeiro entender o que acontece com o osso alveolar e sua fisiologia, ante de mover dentes. Expansão das arcadas alveolares deve ser criteriosamente realizada para que não haja grande risco de recidiva. Podemos aumentar a distância inter-canina em até 2mm de cada um dos lados da arada (4mm no total) até por volta dos 10 anos de idade Áreas de Crescimento - As superfícies ósseas estão cobertas por vários tecidos osteogênicos membranosos ou cartilagíneos. - O programa genético para o crescimento ósseo não está contido dentro do tecido ósseo e sim nos tecidos que o revestem (músculos, tegumento, vasos, nervos, tecido conjuntivo, cêrebro, etc.) - As atividades e taxas de crescimento variadas destas áreas são a base para o processo de crescimento diferencial que produz ossos com forma irregular. O.B.S. - Não há teoria única que possa explicar todo o crescimento e desenvolvimento craniofacial. - O crescimento pode ser redirecionado e portanto, temporariamente, sofre influencias genéticas e epigenéticas - A irregularidade é uma resposta às funções variadas impostas ao osso pelas inserções musculares, articulações suturais, inserção dos dentes, etc. Suturas faciais (a, b,c, d, f) Côndilo mandibular (e) Tuberosidade maxilar (h) Sincondrose esfeno-occiptal (i) Osso alveolar (g) Gradiente Cefalocaudal de Crescimento - Na vida fetal, por volta do terceiro mÍs de desenvolvimento intrauterino, a cabeca representa quase 50% do comprimento total do corpo. - O crânio é relativamente maior que a face e representa mais da metade do total da cabeça. Em contraste, os membros ainda são embrionários e o tronco está subdesenvolvido. - Na Época do nascimento, o tronco e os membros cresceram mais rápido do que a cabeça e a face, de tal maneira que a proporção do corpo inteiro compreendida pela cabeçadecresceu cerca de 30%. - O padrão total de crescimento, consequentemente, segue este curso, com uma redução progressiva do tamanho relativo da cabeça para cerca de12% no adulto. - Há um crescimento maior dos membros inferiores do que dos superiores durante a vida pós-natal. - Todas essas mudanças, que são uma parte do padrão de crescimento normal, refletem a “gradiente cefalocaudal do crescimento”. Isto simplesmente significa que há um eixo de aumento do crescimento estendendo-se da cabeça para os pés. - Mesmo na cabeça e na face, o gradiente cefalocaudal de crescimento afeta fortemente as proporções e leva a mudanças na proporção com o crescimento. Quando o crânio de um recém-nascido é comparado proporcionalmente com o de um adulto, é fácil ver que a criança tem o crânio relativamente maior e a face menor. Esta mudança na proporcionalidade, com ênfase no crescimento da face em relação ao crânio, é um aspecto importante do padrão de crescimento facial. Mecanismos de Crescimento ósseo - Todo o crescimento ósseo é uma mistura de dois processos básicos: Deposição; Reabsorção. - Que são realizados pelas áreas de Crescimento, que pertencem aos tecidos moles que revestem o osso. - Quando a quantidade de deposição é maior que a de reabsorção, ocorre o aumento do osso e o seu deslocamento. Remodelação - É a atividade diferencial de crescimento necessária para dar forma ao osso, e envolve simultaneamente deposição e reabsorção em todas as superfícies internas e externas do osso todo - É controlada pelo crescimento e função dos tecidos moles - Promove alterações regionais na forma, dimensão e proporções, tamanho e posição do osso. Realiza ajustes regionais para manter a perfeita adaptação entre os ossos dentro de seu ambiente de crescimento. - A remodelação óssea consiste nos processos especializados de aposição óssea em um lado da Gancho G1: Primeiras evidências radiopacas Psiforme (Psi) superfície cortical (onde há a direção do crescimento) e de reabsorção óssea na superfície oposta, promovida pelos osteoblastos e osteoclastos, respectivamente. Movimentos de Crescimento - Há dois tipos de movimentos durante o crescimento: o deslizamento e o deslocamento. Deslizamento - é o movimento gradual da área de crescimento ósseo provocado pela combinação dos processos de aposição e reabsorção óssea (remodelação óssea). Deslocamento - é o movimento físico do osso inteiro, à medida que ele remodela. - Primário: deslocamento do osso como um todo causado pelo crescimento das matrizes funcionais com ele relacionadas. - Secundário: deslocamento do osso em decorrência de alterações de crescimento que estão ocorrendo em outras áreas. Deslizamento Cortical - É o movimento gradual da área óssea que está em crescimento. Surge em virtude da: Deposição: Ocorre na superfície da direção do crescimento; Reabsorção: Ocorre na superfície oposta. Indicadores Esqueléticos - Crescimento Epifisário: - Ossificação do Rádio - Ossificação do Carpo O.B.S. O fator chave para a remodelação é a RECOLOCAÇÃO ÓSSEA.