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Pedologia: Estudo do Solo

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Código Logístico
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6367-3
PED
O
LO
G
IA
 João V
ictor Pacheco G
om
es
IESDE BRASIL S/A
2018
Pedologia
João Victor Pacheco Gomes
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Capa: IESDE BRASIL S/A.
Imagem da capa: rawintanpin/iStockphoto
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
G614p 
2. ed. Gomes, João Victor Pacheco
Pedologia / João Victor Pacheco Gomes. - 2. ed. - Curitiba, PR : 
IESDE Brasil, 2018. 
178 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6367-3
1. Geologia. I. Título.
17-46684 CDD: 550CDU: 551
© 2018 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do 
autor e do detentor dos direitos autorais.
Apresentação
O solo é elemento essencial à vida e o seu estudo é objeto da geo-
grafia, da agronomia, da engenharia e de outras ciências, sob diferentes 
aspectos. Servindo de palco para as atividades humanas, o solo é fonte 
de recursos e morada para várias formas de vida, sendo elemento funda-
mental para o equilíbrio ambiental. O estudo do solo, portanto, é essen-
cial para que possamos compreender sua dinâmica, seu desenvolvimen-
to, seus potenciais e suas limitações, a fim de poder usar esse recurso de 
maneira sustentável.
O objetivo desta obra é apresentar o conteúdo básico da pedologia, 
uma das ramificações da ciência do solo. Assim, este é um material que 
traz os fundamentos para compreender a pedologia e que permite imple-
mentar pesquisas próprias para aprofundar o conhecimento. Além disso, 
tem por finalidade servir como referência aos estudantes de geografia, 
agronomia, biologia e áreas afins.
Esta obra está dividida em duas partes, sendo a primeira composta 
de cinco capítulos que contemplam o processo de formação e desenvol-
vimento do solo. O Capítulo 1 trata do contexto histórico e da importân-
cia do tema, o Capítulo 2 faz referência aos processos de formação do 
solo, seus horizontes e a interação com os fatores geobioclimáticos. Já no 
Capítulo 3 são apresentados os tipos de intemperismo e o seu papel na 
formação do solo, no Capítulo 4 são expostos os processos físicos do solo 
e, no Capítulo 5, os processos químicos.
A segunda parte do livro, composta de mais cinco capítulos, traz a 
classificação, o mapeamento e a conservação do solo. O Capítulo 6 apre-
senta a classificação de solos do Brasil, ao passo que o Capítulo 7 trata da 
dinâmica biológica do solo. No Capítulo 8 são abordados o levantamento 
e o mapeamento de solos, enquanto o Capítulo 9 apresenta os solos do 
Brasil e do mundo e o Capítulo 10 contempla a conservação dos solos.
Boa leitura!
Sobre o autor
João Victor Pacheco Gomes
Doutorando em Ciências Geodésicas pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR), mestre em Engenharia Cartográfica pelo Instituto Militar 
de Engenharia (IME), bacharel em Geografia pela Universidade Federal 
Fluminense (UFF) e licenciado em Geografia pela Universidade do Estado 
do Rio de Janeiro (UERJ). Tem experiência na área de Geociências, atuan-
do principalmente nos seguintes temas: cartografia, realidade aumenta-
da, RPA e sensoriamento remoto. 
6 Pedologia
SumárioSumário
1 Solo: conceitos e funções 9
1.1 Histórico da ciência do solo 10
1.2 Conceitos de solo e funções 14
1.3 Funções ecológicas do solo 18
2 Fatores e processos de formação do solo 25
2.1 Processos de formação do solo 26
2.2 Horizontes do solo 30
2.3 Fatores de formação do solo 38
3 Intemperismo 43
3.1 Intemperismo físico e químico 44
3.2 Reações do intemperismo químico 48
3.3 Agentes do intemperismo 52
4 Propriedades físicas do solo 59
4.1 Granulometria, densidade, consistência, presença de ar no solo 60
4.2 Propriedades da água e formas de retenção 63
4.3 Disponibilidade de água no solo; movimento da água no solo 66
5 Propriedades químicas do solo 75
5.1 Reações biogeoquímicas do solo, íons, ânions, cátions 76
5.2 Compostos orgânicos 80
5.3 Gases, pedogênese 83
Pedologia 7
Sumário
6 Classificações taxonômicas e utilitárias dos solos 91
6.1 Classificação dos solos 92
6.2 Sistema Brasileiro de Classificação de Solos 93
6.3 Ordem e subordem dos solos brasileiros 96
7 Matéria orgânica e organismos vivos 107
7.1 Matéria orgânica; acúmulo de húmus 108
7.2 Tipos de organismos 111
7.3 Fatores condicionantes para a presença de organismos 114
8 Cartografia de solos e suas aplicações 121
8.1 Levantamentos pedológicos 122
8.2 Produção de mapas de solos 128
8.3 Aplicação e interpretação do mapa de solos 136
9 Solos do Brasil e do mundo 143
9.1 Solos da Amazônia, do Nordeste e do Centro-Oeste 144
9.2 Solos do Sudeste e Sul 152
9.3 Solos do mundo 156
10 Os solos e as atividades humanas 163
10.1 Degradação dos solos 164
10.2 Erosão 167
10.3 Conservação dos solos 170
Pedologia 9
1
Solo: conceitos e funções
Ao pensarmos em solo, muitas vezes somos pegos por nossas pré-concepções de 
que o conceito é óbvio e trivial. Somos também levados a imaginar que o solo está ao 
nosso dispor sem a necessidade de implementarmos técnicas específicas de manejo 
desse recurso – e sequer o entendemos como recurso, muitas vezes. No entanto, essas 
são concepções modernas de característica urbana, de pessoas que não têm o costume 
dos povos de outrora, que plantavam e colhiam seus alimentos. 
Os povos de épocas passadas observavam o ambiente natural com mais acuidade 
que o homem moderno, identificando vantagens e limitações do solo como recurso. 
Essa visão atualmente é restrita aos profissionais que estudam e/ou trabalham direta-
mente com o solo, mas não deveria, pois esse recurso é fundamental para a existência 
humana e as ciências do solo têm um papel importantíssimo para que possamos enten-
der sua dinâmica e desenvolvimento. Neste capítulo, serão apresentados os temas fun-
damentais da pedologia: mostraremos um pouco do histórico das ciências do solo, os 
conceitos básicos dessa área e, por fim, uma visão ecológica desse recurso. Assim, é 
possível ter condições de trilhar os primeiros passos para o domínio da ciência do solo.
Solo: conceitos e funções1
Pedologia10
1.1 Histórico da ciência do solo 
1.1.1 O desenvolvimento da ciência do solo
A preocupação com a qualidade do solo e o seu potencial de uso e manejo 
não é recente. O solo é palco das atividades antrópicas e proporciona o cultivo 
de alimentos e armazenamento de água, algo que interessa a todos os organismos vivos da 
Terra. Além disso, o solo permite que seja extraído dele matérias-primas diversificadas para 
o desenvolvimento, servindo também como palco de nossas atividades. Por esse motivo, o 
interesse do homem pelo solo e suas propriedades remonta à pré-história (LEPSCH, 2010).
Os homens primitivos, cujos registros em fósseis e desenhos em cavernas (Figura 1) 
levam às conclusões existentes acerca de suas atividades, diferenciavam os solos de acor-
do com sua capacidade de gerar frutos. A qualidade dos solos podia ser evidenciada pela 
geração de frutos melhores que outros em determinados tipos de solo. Os diferentes tipos 
de solo também permitiam acesso a matérias-primas que possibilitavam a pintura – eviden-
ciadas pelos registros em caverna – , que podia ser feita em diferentes cores devido a essa 
variedade, além de permitir a confecção de objetos a partir deles. Dessa forma, concluímos 
que, desde muito cedo, a humanidade já enxergava o solo como fonte de recursos.
Figura 1 – Registro dos homens primitivos.
Fonte: koratmember/iStockphoto.
O solo é compreendido pela comunidade científica como um material envolto de com-
plexidades, fruto de estudos constantes. No entanto, do período pré-histórico até a atuali-
dade, o processo de desenvolvimento da ciência do solo demandou muitas observações e 
desenvolvimento dos métodos científicos para que fosse estabelecido (IBGE, 2015). Os ho-
mens primitivosnunca se preocuparam com a formação do material ou, até mesmo, com as 
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Solo: conceitos e funções
Pedologia
1
11
propriedades do que conhecemos como solo (LEPSCH, 2010). O interesse por essas questões 
somente surgiu com o desenvolvimento da humanidade. 
Quando os homens deixaram de ser nômades e passaram a se fixar em seus próprios 
territórios, há cerca de 10 mil anos, formando as primeiras cidades, surgiu também a prática 
da agricultura (LEPSCH, 2016). Era necessário plantar para manter a subsistência, e o conhe-
cimento do solo passou a ser fundamental para identificar as áreas que eram mais férteis e 
aquelas que proporcionavam os melhores frutos (IBGE, 2015). Foi um período mais calcado 
na observação, em que os homens adotavam a prática de tentativa e erro para identificar as 
melhores áreas. As primeiras observações mais atentas fizeram concluir que alguns solos 
possuíam grãos maiores do que outros e que alguns deles eram mais secos comparados a 
outros (LEPSCH, 2010).
Essas observações iniciais foram fundamentais para o desenvolvimento da humani-
dade, que estabeleceu as grandes cidades nas regiões que possuíam os solos com maior 
potencial de uso. Além disso, a proximidade a fontes de água era fator determinante para a 
escolha do lugar a ser habitado. Ao considerar essas características para estabelecer e desen-
volver uma cidade, o homem garantiu o sucesso de grandes civilizações, como é o caso da 
antiga Mesopotâmia (LEPSCH, 2016).
Também baseadas na observação, outras civilizações antigas – como as pré-colombia-
nas na América do Sul – utilizavam a agricultura e o manejo do solo para plantar. Os índios 
brasileiros derrubavam árvores e faziam queimadas para que as cinzas da vegetação quei-
mada fertilizassem o solo (IBGE, 2015). Esse procedimento garantia que uma área permane-
cesse fértil por 2 ou 3 anos em média (LEPSCH, 2010). Os incas formavam uma civilização 
mais desenvolvida e adotavam sistemas de irrigação do solo para obter uma agricultura 
permanente na região dos Andes.
Dessa forma, os registros das civilizações antigas evidenciam que a agricultura era a 
principal atividade e o potencial de uso do solo para esse fim era o fator de diferenciação das 
categorias de solo. Registros indicam que na China, há 6.600 anos, os habitantes subdividi-
ram o solo em nove classes de acordo com o seu potencial produtivo, isso porque o tamanho 
e valor das propriedades estavam atrelados à produtividade do solo e serviam como base 
para calcular impostos sobre as áreas (LEPSCH, 2010). Registros da Grécia Antiga indicam 
que há 2.500 anos Aristóteles e, principalmente, seu discípulo Theofastes realizaram uma 
série de observações sobre as características do solo relacionadas ao desenvolvimento de 
plantas (LEPSCH, 2016). Os antigos romanos chegaram a elaborar documentos em que indi-
cavam técnicas e meios de se obter as melhores colheitas.
Esses acontecimentos estão relacionados a um período pré-ciência do solo, em que a 
observação era isenta de hipóteses e não era mensurável ou passível de ser provada. Após 
o período da Idade Média e do Iluminismo, a ciência começou a traçar novos rumos, elabo-
rando hipóteses para os fenômenos terrestres e/ou resgatando algumas teorias mais antigas 
e provando-as. As bases da ciência do solo só foram estabelecidas no ano de 1877, por meio 
do naturalista russo Vasily V. Dokuchaev (Figura 2), que teve a missão de estudar os solos 
da Ucrânia e das proximidades da floresta de Gorski. Dokuchaev percebeu que existiam 
Solo: conceitos e funções1
Pedologia12
diferenças consideráveis nos solos que estudava (IBGE, 2015) e que só foram percebíveis 
devido à grande extensão do país em que realizou seus estudos (LEPSCH, 2010).
Figura 2 – Vasily V. Dokuchaev.
Fonte: Wikimedia Commons.
Baseado nas observações das condições do ambiente nos lugares estudados, 
Dokuchaev concluiu que as características diferenciadas do solo estavam relacionadas ao 
clima. Além disso, ele também foi o responsável por identificar que o solo era dividido 
em camadas (Figura 3), que também se diferenciavam entre um solo e outro. Dessa forma, 
Dokuchaev estabeleceu as bases do que hoje conhecemos como pedologia (IBGE, 2015), a 
ciência que estuda formação, características e desenvolvimento dos diferentes tipos de 
solo. Outros estudos somaram-se a essa iniciativa, como a química do solo de Liebig dos 
tratados de Charles Darwin que indicavam a influência dos organismos vivos na formação 
do solo.
Figura 3 – Perfil de solo dividido em camadas.
Fonte: strixcode/iStockphoto.
Solo: conceitos e funções
Pedologia
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13
Essas teorias foram difundidas pelo mundo, inclusive nas Américas, para onde povos 
de diversas partes do mundo emigraram. O imperador Dom Pedro II fundou no Brasil, 
no ano de 1887, a Estação Agronômica de Campinas, que tinha como principal finalidade 
estudar os solos para a plantação de café, sobretudo na região de São Paulo (IBGE, 2015). 
No país, institutos para estudos da ciência do solo têm enorme importância devido às di-
mensões do território brasileiro e às diversas complexidades que influenciam no desenvol-
vimento e nas características dos nossos solos.
1.1.2 Diferentes ramos da ciência do solo
A ciência do solo não deve ser entendida apenas como pedologia; há diferentes ramos de 
atuação que estão agregados ao que se entende como ciência do solo (RESENDE et al., 2007). 
Como qualquer ciência, diferentes paradigmas e conceitos são estabelecidos para que seja pos-
sível realizar estudos focados em determinados aspectos (LEPSCH, 2010). Assim como um 
corpo humano – que na ciência é dividido em diversos ramos dedicados ao estudo do coração, 
do cérebro, dos pulmões, entre outro –, o solo também possui elevada complexidade e várias 
especialidades relacionadas.
Algumas subáreas da ciência do solo no Brasil são associadas aos estudos ligados à 
agronomia, com maior foco no cultivo de plantas (IBGE, 2015), sendo elas: biologia do solo, 
fertilidade do solo, física do solo, conservação do solo e nutrição de plantas. Além disso, 
existem as subdivisões consideradas pedagógicas para o estudo do solo, que são: gênese, 
classificação dos solos, levantamento de solos, morfologia, química do solo e mineralogia. 
Existem ainda outras divisões, sendo que as mais notáveis são do ramo acadêmico: a mecâ-
nica dos solos, a edafologia e a pedologia (RESENDE et al., 2007). 
A mecânica dos solos é um ramo oriundo da engenharia civil e está focada, principalmente, 
no estudo e na prevenção do comportamento do solo quando nele é implementado um em-
preendimento de construção civil. Essa disciplina atua no estudo dos maciços terrosos, cons-
tituídos de taludes e aterros, para identificar o potencial de movimento de massa mediante a 
implementação de força provocada por obras de engenharia (LEPSCH, 2010). É a área que se 
preocupa mais com a parte “escavável” do solo e com o quanto de força ele pode suportar.
Já a edafologia está relacionada com a fertilidade do solo e a nutrição das plantas; é uma 
área específica da agricultura que estuda formas de suprir os nutrientes da camada mais 
superficial do solo (LEPSCH, 2010). A concentração nessa camada está relacionada ao com-
primento das raízes das plantas, que precisam que os nutrientes estejam ali concentrados 
para o seu desenvolvimento. É também a área em que se concentram as análises químicas 
do solo, com o objetivo de estimar a quantidade de nutrientes e acidez dele e a necessidade 
de efetuar alguma correção ou fertilização.
A pedologia é um ramo que estuda o solo de forma mais abrangente, atuando desde a 
pedogênese até o estudo de sua estrutura, da camada mais superficial à mais profunda. 
Nesse ramo, o solo é visto como componente de um ecossistema que possui função fun-
damental para o equilíbrio do meio, sendo necessário entender o seu comportamento a 
partir de sua origem e também os fatores ambientais que agem no seu desenvolvimento 
Solo: conceitos e funções1
Pedologia14
(RESENDEet al., 2007). Para isso, é necessário também a espacialização dos diferentes 
tipos de solos, para que seja possível correlacioná-los com os fatores ambientais que in-
fluenciam na sua gênese. Dessa forma, a pedologia assume característica de ciência geo-
gráfica, não focando apenas em um aspecto do solo, mas em como os diferentes aspectos 
envolvidos contribuem na formação desse recurso e como ele impacta no desenvolvimen-
to ambiental e humano.
O foco deste livro está na pedologia como ciência e suas aplicações. O caráter geográfico 
dessa ciência será ressaltado nos capítulos subsequentes, por meio da correlação com outras 
ciências e na visão do solo como constituinte da paisagem geográfica. No entanto, antes de 
avançar, é necessário ter em mente alguns conceitos importantes e particulares dessa disci-
plina, que serão abordados a seguir.
1.2 Conceitos de solo e funções
1.2.1 Conceitos de solo
O conceito de solo não é tão simples quanto se pensa em um primeiro 
momento, pois deriva de questões específicas relacionadas a cada área de es-
tudo e interesse. Se tomarmos como exemplo os estudos relacionados à geologia, podemos 
dizer que o solo faz parte de um processo de desenvolvimento das rochas, ou seja, a sua ori-
gem está integrada ao que conhecemos como ciclo das rochas. Nesse aspecto, o solo é, então, o 
resultado de um processo geológico. Essa noção não está errada, no entanto, para pedologia, 
é necessário ir mais a fundo nesse contexto.
Outras formas de compreender o solo podem ser destacadas, como na engenharia civil, 
que entende o solo como material inconsolidado a ser removido ou que serve de base para a 
construção civil. Pode ser visto ainda como estrutura-base de um território, quando se trata de 
questões políticas, ou apenas como um elemento constituinte da paisagem. Para as ciências do 
solo, no entanto, existem outros conceitos que devem ser considerados. Um dos mais notáveis 
é apresentado pelo Soil Survey Manual (1951), traduzido por Lepsch, em que o solo constitui:
(...) corpos naturais que ocupam parte da superfície terrestre, os quais consti-
tuem um meio para o desenvolvimento das plantas e que possuem propriedades 
resultantes do efeito integrado do clima e dos organismos vivos, agindo sobre o 
material de origem e condicionado pelo relevo durante certo período de tempo. 
(LEPSCH, 2010, p. 39)
Esse é um conceito incompleto, que deixa de abordar questões importantes, como 
os limites físicos desses corpos no espaço. No entanto, é um conceito notável ao abordar 
a integração deles com o clima, que tem forte influência na formação dos diferentes ti-
pos de solo (como veremos nos capítulos mais à frente) e na integração dos organismos 
vivos. Nas ciências do solo, a vida é fundamental para conceituarmos o que se entende 
como solo, pois os estudos empreendidos e as atividades exercidas terão sempre como 
Vídeo
Solo: conceitos e funções
Pedologia
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15
finalidade, direta ou indiretamente, os organismos vivos, sendo eles partes constituintes 
do solo ou apenas receptores e/ou agentes ativos.
Guerra apresenta em sua obra clássica, Dicionário Geológico-Geomorfológico, a definição 
de solo como:
camada superficial de terra arável possuidora de vida microbiana. Algumas ve-
zes o solo é espesso, outras vezes pode ser reduzido a uma delgada película ou 
mesmo deixar de existir. As rochas que afloram na superfície do globo estão 
submetidas a ações modificadoras dos diversos agentes exodinâmicos. Um dos 
processos mais importantes na formação dos solos é a alteração do material ini-
cial, ficando no próprio local sem ter sido transportado. Isto tanto pode ser solo 
como pode ser uma rocha decomposta. A diferença primordial entre um e outro 
é que mesmo no estado mais avançado da decomposição a rocha não possui vida 
microbiana. Os solos possuem vida [...]. (GUERRA, 1966, p. 397)
É uma definição mais detalhada, mas que padece do mesmo problema apontado na 
definição anterior; os limites físicos do que se entende como solo não são abordados e é um 
fator importante para estabelecermos onde esses corpos começam e terminam. A definição 
apresentada por Guerra (1966) é também clássica, aborda a vida como parte fundamental 
na constituição do solo – a partir da vida microbiana, como o autor destaca. Também as in-
terações com agentes externos, como o clima, estão preservadas quando o autor ressalta as 
ações modificadoras devido a agentes exodinâmicos. Porém, como ressaltado, tal definição 
ainda carece de aspectos importantes.
Outra definição, mais recente, foi apresentada no Soil taxonomy: a Basic System of 
Soil Classification for Making and Interpreting Soil Surveys (1999) e é adotada pelo Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como aquela que mais se adapta ao levantamen-
to pedológico:
solo é a coletividade de indivíduos naturais, na superfície da terra, eventualmente 
modificado ou mesmo construído pelo homem, contendo matéria orgânica viva 
e servindo ou sendo capaz de servir à sustentação de plantas ao ar livre. Em sua 
parte superior, limita-se com o ar atmosférico ou águas rasas. Lateralmente, limi-
ta-se gradualmente com rocha consolidada ou parcialmente desintegrada, água 
profunda ou gelo. O limite inferior é talvez o mais difícil de definir. Mas o que 
é reconhecido como solo deve excluir o material que mostre pouco efeito das 
interações de clima, organismos, material originário e relevo, através do tempo. 
(IBGE, 2015, p. 39)
Essa definição apresenta a visão adotada neste livro. Cabe ressaltar que existem outros 
termos de uso recorrente que são utilizados por cientistas do solo e/ou de outras áreas do 
conhecimento e que têm como base o conceito apresentado de forma simplificada ou que se 
referem a outros aspectos do solo. O IBGE relaciona esses termos em seu Manual técnico de 
pedologia (2015), os quais são apresentados a seguir com uma breve explicação:
• Solo: de um modo geral, pessoas e cientistas de outras áreas não se referem a solo 
com base no mesmo contexto abordado neste livro. O conceito de solo, para eles, é 
Solo: conceitos e funções1
Pedologia16
mais simplificado, sendo entendido como o material mineral e/ou orgânico incon-
solidado na superfície da terra que serve como meio natural para o crescimento 
e desenvolvimento de plantas terrestres. Cabe ressaltar que, quando empregado 
em sistemas taxonômicos1, o termo solo se refere a todas as partes do perfil do solo 
(Figura 4) existentes na parte superior ao material de origem (IBGE, 2015). 
Figura 4 – Partes constituintes de um perfil de solo.
Horizonte – O → Horizonte orgânico
Horizonte – A → Solo com acúmulo de húmus
Horizonte – B → Subsolo
Horizonte – C → Fragmentos de rocha resistentes
Horizonte R → Rocha-base.
Fonte: ttsz/iStockphoto.
• Solum: termo comumente utilizado para se referir à camada arável, mais super-
ficial e, consequentemente, também à mais intemperizada. Na Figura 4, essa ca-
mada é representada pelos horizontes A e B. O termo solum é o mais adequado ao 
conceito de solo apresentado por Guerra (1966), como visto anteriormente.
• Solo autóctone, alóctone e pseudoautóctone: esses termos referem-se ao de ori-
gem específica. O solo autóctone está relacionado ao que tem como material de 
origem as rochas imediatamente subjacentes. O solo alóctone não é formado a par-
tir dessas rochas, podendo ter natureza distinta ou compatível com elas. Já o solo 
pseudoautóctone é o solo originado de rochas locais, contendo material externo 
proveniente de processos erosivos (RESENDE et al., 2007).
Ainda existem outros termos relacionados que são comumente utilizados e que serão 
apresentados nos capítulos subsequentes, nos momentos oportunos e com a devida explica-
ção. Os termos e conceitos explicitados nesta seção são de conhecimento-base para o estudo 
da ciência do solo e a visão destacada neste capítulo será a linha de conhecimento para os 
estudos e exemplos apresentados nesta obra.
1 De taxonomia, que é o estudo teórico da classificação,incluindo sua base, princípios e regras (IBGE, 1999).
Solo: conceitos e funções
Pedologia
1
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1.2.2 Funções do solo
Para melhor compreender as funções do solo, deve-se primeiro entender o contexto no 
qual ele está inserido. O limite superior do solo faz parte do que é conhecido como biosfera, 
a união de todos os espaços onde há vida na Terra (ROSS, 2014), ficando entrelaçado com 
a atmosfera. As partes do solo em contato com a água encontram o que se conhece como 
hidrosfera. Todas as partes que compõem o solo estão localizadas naquilo que se define como 
litosfera, a parte sólida da estrutura terrestre (GUERRA, 1966).
Os diferentes tipos de solo, portanto, estão situados em um contexto que inclui biosfera, 
atmosfera, hidrosfera e litosfera, partes que compõem aquilo que se conhece como pedosfera. 
Portanto, a pedosfera engloba todos os diferentes tipos de solos existentes, funcionando 
ainda como palco ou alicerce da vida, onde os organismos existentes, inclusive o homem, 
desenvolvem-se, colhem alimentos e exercem suas atividades.
Nesse contexto, o solo tem diversas funções, impactando diretamente no nosso cotidia-
no. E a primeira delas está relacionada aos alimentos, os vegetais, que nascem e crescem na 
pedosfera por meio dos nutrientes existentes nos solos. E a qualidade dos materiais dispostos 
na pedosfera é diretamente proporcional à qualidade dos alimentos por ela fornecidos. Isso se 
reflete também na água, pois, em contato direto com esse material, ela também adquire suas 
características. Dessa forma, pode-se dizer que a qualidade da água está relacionada, mas não 
somente, às características do solo no qual tem contato.
O solo funciona também como base fixadora dos vegetais, os quais fornecem frutos 
necessários às diversas formas de vida (RESENDE et al., 2007), sendo que o homem usa esse 
recurso na criação de alimentos para a sociedade. A agricultura sempre fez parte da história 
humana e, no período recente da história do Brasil, fornece produtos que atuam como as 
principais commodities2 brasileiras. Ressalta-se, com isso, o potencial econômico que deve ser 
observado pelos elementos que compõem a pedosfera. 
Nesse sentido, como base da vida, a pedosfera sempre foi a morada do homem, apare-
cendo como um potencial econômico na contemporaneidade, também devido ao mercado 
de construção civil (RESENDE et al., 2007). Na engenharia, os solos são estudados para iden-
tificar se são adaptados ou adaptáveis à prática de construção civil. Não são todos os tipos 
de solo adequados para moradia e esse fator pode influenciar na qualidade da construção e 
também no seu valor agregado. 
Essa visão não é muito explorada na pedologia, que é focada nos aspectos naturais da 
pedosfera. Sempre que possível, no entanto, este livro vai abordar exemplos relacionados a 
essas questões do âmbito da mecânica dos solos quando os temas trabalhados se relaciona-
rem diretamente com os aspectos sociais e naturais, conectando essas áreas.
Na pedologia, portanto, a pedosfera é estudada com base nas relações do solo com os or-
ganismos vivos, seus nutrientes e com os fatores ambientais, como o clima, a geomorfologia 
2 Commodities: plural de commodity, palavra da língua inglesa que significa mercadoria. Commodities é 
uma terminologia econômica utilizada para designar produtos de baixo valor agregado, ou seja, aque-
les que não sofreram alteração, como metais, frutas e cereais.
Solo: conceitos e funções1
Pedologia18
e os fenômenos geológicos. Para compreender como o solo se desenvolve e atua nessas cir-
cunstâncias, a pedologia se preocupa com o processo de formação do solo, características do 
material constituinte e as formas de vida ali presentes.
Atualmente, o solo possui demandas específicas que extrapolam as necessidades huma-
nas, sendo importante também para a manutenção do ecossistema, pois o solo é parte fun-
damental dele e também sofre consequências das ações impactantes. Tendo grande impor-
tância no desenvolvimento da vida em diferentes escalas, o solo é um recurso em constante 
desenvolvimento e mudanças na escala de tempo geológico.
1.3 Funções ecológicas do solo
A ecologia é uma área que estuda a relação entre os organismos e o meio 
ambiente (RESENDE et al., 2007). Formado a partir de um sistema de relações 
entre os organismos, o clima e o solo, o meio ambiente deve ser entendido 
como um sistema conectado de interdependência. No que se refere aos or-
ganismos, a ecologia deve ser entendida como uma relação entre a fauna e a 
flora com o ambiente, assim como as atividades antrópicas diversas. Nesse sentido, princi-
palmente os aspectos socioeconômicos devem ser considerados, por envolverem atividades 
que podem impactar negativamente uma região.
A Figura 5 apresenta esquematicamente as relações de dependência entre os quatro 
vértices do tetraedro, tendo por objetivo representar o sistema de relações que formam o 
meio ambiente. Na base do tetraedro encontram-se relacionados os fatores ecológicos: orga-
nismos, solo e clima; no vértice superior do tetraedro encontram-se as características socioe-
conômicas, podendo se relacionar com qualquer um dos três vértices da base. 
Figura 5 – Inter-relações dos fatores ecológicos.
Influência dos aspectos 
socioeconômicos
Organismos
Solo Clima
Fonte: RESENDE et al., 2007, p. 5. Adaptado.
No tetraedro, as inter-relações são representadas pelas arestas que fazem a ligação entre 
um fator e outro(s). A aresta que liga o solo com os organismos, por exemplo, representa uma 
inter-relação de desenvolvimento entre ambos, na qual um depende do outro mutuamente. 
Vídeo
Solo: conceitos e funções
Pedologia
1
19
Da mesma forma, a aresta que liga o solo aos aspectos socioeconômicos representa a impor-
tância do solo para as atividades socioeconômicas ou como a ação antrópica pode interferir 
diretamente na qualidade do solo.
Ao analisarmos o triângulo-base do tetraedro, percebemos que todos os fatores se co-
nectam de alguma forma, representando a ideia de inter-relação e interdependência que 
ocorre no meio ambiente (RESENDE et al., 2007). O solo encontra-se conectado com todos 
os outros fatores, formando o que se chama de inter-relação global, o que demonstra a im-
portância dele como fator ecológico.
Dessa forma, entendendo o solo como um dos principais fatores ecológicos, é necessá-
rio compreender sua dinâmica e como esse recurso varia com o passar do tempo, com as 
alterações no clima e pela ação dos organismos, ou seja, em função das condições ambien-
tais. O solo faz parte de um sistema em constante transformação e suas condições físicas e 
químicas variam no decorrer da escala de tempo geológico.
O tempo pode alterar as inter-relações solo-organismos-aspectos socioeconômicos, 
pois, como será visto a seguir, o desenvolvimento do solo envolve aspectos químicos que 
podem levar milhares de anos para modificar o seu material de origem (RESENDE et al., 
2007). No entanto, os organismos e os aspectos socioeconômicos estão sujeitos a uma escala 
de tempo menor que os minerais, variando em algumas décadas ou séculos. Dessa forma, as 
inter-relações mencionadas revelam aspectos de desenvolvimento em uma escala de tempo 
observável e/ou mensurável. Do ponto de vista geológico, é possível estimar que os solos do 
território brasileiro, por exemplo, devem sofrer grandes alterações nos próximos decênios.
As características diferenciadas dos solos são resultado de mudanças no tempo e no 
espaço, que criam condições de desenvolvimento variadas dependendo da localidade 
(RESENDE et al., 2007). Essas diferenças podem ser notadas em grande e pequena escala e 
vão determinar substancialmente os padrões de uso do solo em questão, seja para ativida-
des antrópicas ou para a própria natureza. Cabe lembrar que as primeiras conclusões sobre 
o uso do solo em alguma atividade foram oriundas da capacidade de observação que estava 
indiretamente relacionada à agregação desses fatores mencionados.
É possível afirmar que muitos atributosdo solo são identificados mais facilmente a par-
tir de observações de campo do que usando técnicas laboratoriais. Um exemplo de observa-
ção prática em campo é a identificação da presença de hematita3 pela cor do solo (RESENDE 
et al., 2007). A cor, como será visto mais à frente, é um dos primeiros indícios observáveis de 
diversas alterações na química do solo. Um solo de cor vermelha, muito oxidado, como facil-
mente encontrado na região do quadrilátero ferrífero em Minas Gerais, indica a presença de 
metal em sua composição, que dá a coloração avermelhada ao solo ao oxidar na sua camada 
superficial – um ímã pode confirmar essa presença de metal por meio da magnetização: ao 
esfregar o imã no solo, o metal presente em sua composição é atraído, outro fator que está 
relacionado à observação.
Atualmente, a tecnologia auxilia no desenvolvimento de estudos que confirmam as 
teorias existentes oriundas do processo de observação, mas, ainda hoje, a observação de 
3 Hematita: um minério de ferro que possui coloração preta ou até mesmo azul, brilho metálico e traço 
vermelho. Quando na forma em pó, aparece com coloração avermelhada.
Solo: conceitos e funções1
Pedologia20
fenômenos é preponderante no estudo de solos. No dia a dia, é possível verificar diver-
sos exemplos observáveis da dinâmica do espaço influindo no desenvolvimento do solo. 
Se olharmos para uma trincheira no solo, será possível identificar as camadas sucessivas, 
dispostas verticalmente e diferenciáveis entre si, que seriam os horizontes do solo, produto 
de processo de desenvolvimento variável ao longo do tempo. A superfície vertical exposta 
na trincheira, com o seu conjunto de camadas ou horizontes expostos, é o que conhecemos 
como perfil do solo.
O perfil, portanto, apresenta o que se chama de anisotropia, que é a característica física 
ou química de um determinado corpo que aparece de maneira diferenciada em várias dire-
ções; é uma característica própria de certos minerais. O solo possui anisotropia no sentido 
horizontal e vertical, sendo, por isso, considerado um corpo tridimensional.
As funções ecológicas do solo passam pelo aspecto de sua tridimensionalidade e pelas 
inter-relações anteriormente mencionadas, formando um recurso complexo e fundamental 
para os ecossistemas terrestres. A anisotropia do solo é alta em relação aos atributos climato-
lógicos e ao teor de água. O principal traço climatológico responsável pelo desenvolvimento 
de diferentes tipos de solo é a temperatura. Uma temperatura elevada com presença de água 
no solo provoca reações químicas que vão desencadear um processo de desenvolvimento no 
solo, que é fundamental para a estrutura de determinados tipos de vegetação ou para o seu 
uso antrópico. As vegetações dependem da presença de um solo bem desenvolvido e com 
água disponível em suas camadas subsuperficiais.
Ao contrário do que se imagina, as camadas superficiais do solo possuem muitos nu-
trientes, mas podem ser também as mais inóspitas. A razão disso é o seu contato direto com 
a atmosfera, com a incidência de raios solares e dos fatores geológicos/geomorfológicos que 
podem desencadear um processo de erosão da camada superficial (RESENDE et al., 2007). 
Por esse motivo, também, a camada superficial é rica em matéria orgânica, já que alguns tipos 
de vegetação não conseguem criar raízes muito profundas e acabam por não se desenvolver, 
formando parte da matéria orgânica que se encontra nos primeiros milímetros do solo. 
Essas constatações servem como base para orientar as atividades exercidas sobre o solo, 
para que ele não seja impactado, e também os estudos de laboratório que identificar outras 
características além de encontrar formas de extrair ao máximo os nutrientes fornecidos pelo 
solo para fins de agricultura. O ser humano precisa que o solo mantenha sua capacidade de 
render frutos e de fornecer acesso à água, além de compreender sua dinâmica, para susten-
tação de sua própria existência. Um recurso de tamanha importância necessita de estudos e 
experimentos, para que seja possível usufruir dele de maneira sustentável.
Alguns dos aspectos relativos a essa temática serão tratados no decorrer deste livro; 
outros, mais relacionados à agricultura, não fazem parte da abordagem desta obra. Todavia, 
alguns experimentos são importantes e serão relatados, sendo comuns às duas disciplinas, 
como a questão do manejo, o comportamento de variedades de erosão, entre outras. Esses 
estudos têm como fundamento os fatores ecológicos mencionados e devem seguir ritos e 
condições semelhantes no uso das experimentações.
Solo: conceitos e funções
Pedologia
1
21
Tanto cuidado é necessário devido à finitude do recurso solo, não sendo possível a sua 
recuperação em uma escala de tempo humana. O solo, como entendemos na pedologia, só 
é possível de ser encontrado na Terra, já que o material que compõe o terreno de Marte ou 
da Lua, por exemplo, não é considerado solo do ponto de vista da pedologia, pois, para 
tanto, necessita de vida e nutrientes. É importante observar esse conceito, pois o comprome-
timento da qualidade do solo vai impactar diretamente na vida das pessoas, a começar pela 
alimentação, que poderá ser afetada se as plantas não encontrarem os recursos necessários 
para o seu desenvolvimento.
Ainda seguindo esse raciocínio, tudo na Terra tem origem no solo, desde um papel 
– que vem da vegetação e que, por sua vez, depende do solo – até os circuitos de compu-
tador, que precisam dos metais encontrados no solo em subsuperfície e, que são proces-
sados em seguida. A ecologia do solo é, portanto, um assunto fundamental e pertinente, 
permeando nosso estudo sempre que necessário ao ser apontada alguma atividade restri-
tiva no uso do solo ou que seja impactante para o ecossistema e, até mesmo, na discussão 
de sustentabilidade desse recurso. 
A sustentabilidade é um conceito que surgiu no final do século XX com a 
compreensão de que as ações antrópicas estavam destruindo recursos que não teriam ca-
pacidade de se recuperar em uma escala de tempo humana, impedindo que gerações fu-
turas tivessem acesso a eles. Desenvolver de modo sustentável é permitir que as gerações 
futuras tenham acesso aos mesmos recursos, não os tornando escassos. 
Esse conceito, no entanto, é geralmente relacionado às questões hídricas, de demanda 
de energia ou de vegetação, e o solo não tem feito parte desse discurso por não ser visto pela 
maior parte da população como um sistema impactado. No entanto, ele é fundamental para 
a vida e para a existência de recursos inerentes a ela, portanto a sustentabilidade, em para-
lelo com a ecologia do solo, deve ser trabalhada e discutida, para que possamos resguardar 
a qualidade do solo para as próximas gerações.
Conclusão 
Este capítulo teve como objetivo introduzir às bases da pedologia. Para isso, na primei-
ra parte foi apresentado o histórico da ciência do solo, ressaltando-se os principais eventos 
históricos que levaram ao desenvolvimento dessa disciplina. Os conceitos de solo e suas 
funções, abordadas na segunda parte, tiveram o objetivo de apresentar as primeiras teo-
rias e os conceitos relacionados a esse assunto. Por fim, a terceira parte abordou as funções 
ecológicas do solo, delineando a sua importância, necessidade de preservação e papel no 
ambiente. O capítulo construiu as bases para o conhecimento que será apresentado a seguir, 
delineando a forma de pensamento expressa nesta obra e mostrando a estrutura técnica 
fundamental do trabalho subsequente. 
Solo: conceitos e funções1
Pedologia22
A escola de Liebig e a “lei do mínimo”
(LEPSCH, 2016, p. 31)
Em meados do século XVII, o químico alemão Justus Von Liebig e sua 
equipe emitiram vários conceitos científicos sobre como as plantas se 
nutriam do solo. Para isso, trabalharam com amostras de materiais 
removidos de diversos solos e colocados ou em frascos de ensaio, den-
tro de laboratórios, ou em vasos, dentro de casas de vegetação. A par-
tir daí muitas de suas teorias sobre anutrição dos vegetais foram com-
provadas, concluindo-se que as plantas se alimentavam, além de água, 
também de muitos elementos minerais. Comprovou-se também que o 
húmus era somente um produto transitório entre a matéria orgânica e 
esses nutrientes minerais. As teorias derivadas dos estudos de Liebig 
são corretas e foram cientificamente revolucionárias, com grande aplica-
ção prática, o que estabeleceu a base para o uso de fertilizantes minerais. 
Elas deram origem à “lei do mínimo”4, que até hoje é seguida. Em seu 
livro Química e sua aplicação à agricultura e fisiologia, Liebig afirma que as 
plantas assimilam nutrientes minerais do solo e propõe o uso de ferti-
lizantes minerais para fortificar solos deficientes. Com isso, iniciava-se 
o aperfeiçoamento das técnicas de cultivo do solo utilizando conheci-
mento de vários ramos da ciência, como a química e a geologia, e as 
técnicas de experimentação. 
[...]
4 Lei do mínimo: a quantidade de alimento produzida por uma planta está relacionada ao nu-
triente que se encontra no solo em menor, e insuficiente, quantidade.
 Ampliando seus conhecimentos
O trecho a seguir, do livro 19 lições de pedologia, de Igo F. Lepsch, destaca a lei do míni-
mo, um conceito importante para o desenvolvimento da ciência do solo. A lei do mínimo 
possibilitou o estabelecimento da agricultura como a conhecemos hoje, com o uso de subs-
tâncias químicas para aumentar o potencial de produção.
Solo: conceitos e funções
Pedologia
1
23
 Atividades
1. O desenvolvimento da pedologia como ciência teve como base a necessidade de cul-
tivo de bons frutos para a sobrevivência humana e a observação para a identifica-
ção dos solos com essas habilidades. No entanto, foi o trabalho desenvolvido por 
 Dokuchaev que mais contribuiu para a formação de uma ciência do solo. Explique 
qual foi o trabalho que Dokuchaev desenvolveu e qual a sua importância.
2. Das diferentes definições de solo, apresente aquela que é adotada pelo IBGE, ressal-
tando os motivos pelos quais é a que mais se adapta à pedologia.
3. Para melhor compreensão dos aspectos físicos, químicos e biológicos que compõem 
a superfície terrestre e a camada que sustenta a vida no planeta, foi realizada uma 
subdivisão didática da qual a pedosfera faz parte. Explique o que é a pedosfera e sua 
importância nos estudos pedológicos.
4. Especifique as principais relações de interdependência que representam os fatores 
ecológicos e o papel do solo nesse contexto.
 Referências 
GUERRA, A. J. T. Dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: IBGE, 1966.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de pedologia. 3. ed. Rio de 
Janeiro: IBGE, 2015.
LEPSCH, I. F. Formação e conservação dos solos. São Paulo: Oficina de textos, 2010.
______. 19 lições de Pedologia. São Paulo: Oficina de Textos, 2016.
REZENDE, M. et al. Pedologia: base para distinção de ambientes. NEPUT – Núcleo de Estudos de 
Planejamento e Uso da Terra. Viçosa, Minas Gerais 2007.
ROSS, J. L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2014.
 Resolução 
1. Dokuchaev realizou estudos dos solos de um país de grande extensão territorial. Des-
sa forma, foi possível observar como o clima influenciou na formação dos diferentes 
tipos de solo. Esses estudos foram fundamentais para a estruturação da ciência do 
solo, uma vez que o clima é determinante das reações químicas que desenvolvem o 
solo e fornece a eles características diferenciadas.
2. A definição adotada pelo IBGE é a seguinte:
Solo é a coletividade de indivíduos naturais, na superfície da terra, eventualmente 
modificado ou mesmo construído pelo homem, contendo matéria orgânica viva 
e servindo ou sendo capaz de servir à sustentação de plantas ao ar livre. Em sua 
Solo: conceitos e funções1
Pedologia24
parte superior, limita-se com o ar atmosférico ou águas rasas. Lateralmente, limi-
ta-se gradualmente com rocha consolidada ou parcialmente desintegrada, água 
profunda ou gelo. O limite inferior é talvez o mais difícil de definir. Mas o que é 
reconhecido como solo deve excluir o material que mostre pouco efeito das intera-
ções de clima, organismos, material originário e relevo, através do tempo. (IBGE, 
2015, p. 39)
 Essa definição é adotada por abordar de forma mais completa os fatores determinan-
tes na formação do solo e os seus limites.
3. A pedosfera é uma divisão que inclui biosfera, atmosfera, hidrosfera e litosfera, além 
de todos os solos existentes na superfície terrestre. É a base para a sustentação da vida 
e, na pedologia, tem a sua relação com os organismos vivos como base para os estudos.
4. As relações de interdependência representadas são dadas por organismos, solo e cli-
ma e as características socioeconômicas. O papel do solo nesse contexto é representar 
a base em que ocorrem todas as relações e ser fundamental à vida.
Pedologia 25
2
Fatores e processos de 
formação do solo
O solo é um produto oriundo de diferentes fenômenos que ocorrem no planeta de 
forma desigual. Com isso, tem-se uma multiplicidade de solos com diferentes níveis 
de desenvolvimento nas condições mais adversas. O solo não é inerte aos fenômenos 
que ocorrem na superfície terrestre, ao contrário, eles influenciam em seu desenvol-
vimento, formando diferentes camadas de solo com colorações variadas e qualidades 
distintas. O processo de formação do solo não é simplório e envolve etapas que podem 
durar milhares de anos. Neste capítulo, será apresentada a teoria do processo de for-
mação do solo e alguns aspectos referentes à análise em campo. 
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia26
2.1 Processos de formação do solo 
A formação do solo é um processo que resulta da interação das rochas que 
compõem a litosfera com a camada da atmosfera (LEPSCH, 2016). A exposição 
das rochas aos fenômenos atmosféricos – como a chuva, mudança de temperatu-
ra e insolação – resulta em processos degenerativos da estrutura agregada que as 
formam. O efeito biológico também deve ser considerado, em superfície ou em 
subsuperfície, uma vez que a força implementada pelos organismos pode desencadear proces-
sos de desagregação do material rochoso (REZENDE et al., 2007).
Os fenômenos citados formam o intemperismo, processo no qual o material consolida-
do da rocha se transforma em um semiconsolidado, dando início à chamada pedogênese, 
que resulta na formação do solo (LEPSCH, 2016). Esse processo inicial de alteração da rocha 
forma o regolito. Do grego rhegos = manto + lithos = rocha, o regolito é um material incon-
solidado e decomposto que não sofreu erosão, ele forma um capeamento natural da rocha 
matriz e é composto por fragmentos de rocha e material residual. É o que alguns pedólogos 
chamam de solo cru (LEPSCH, 2016). 
O solo é formado na parte superior do regolito, e na área de transição entre o regolito e 
o solo pode se formar o saprolito. Do grego sapros = podre + lithos = rocha, o saprolito é uma 
rocha intemperizada, de um material argiloso, friável, de cores que variam entre o amarelo, 
avermelhado ou em tons de cinza. A variação nas características do saprolito e da sua es-
pessura depende da ação do clima e da composição da rocha original, podendo apresentar 
dezenas de metros de espessura. Um material normalmente oriundo do saprolito é o sai-
bro, utilizado com o cimento e a areia na 
construção civil (REZENDE et al., 2007).
A formação do solo, portanto, é um 
processo que envolve a degradação da 
rocha, formada em circunstâncias de 
altas temperaturas e pressão, quando é 
disposta a condições ambientais total-
mente diferentes do quadro de origem 
em subsuperfície. A partir dos fenôme-
nos intempéricos (que serão estudados 
com mais detalhes no Capítulo 3) é que 
se dá a formação do solo, e os restos de 
folhas caídas formam o húmus, mate-
rial oriundo do seu processo de decom-
posição. Os minerais que resistem aos 
fenômenos intempéricos formam as 
argilas, que possibilitam a infiltração 
da água das chuvas, também facilita-
da pelaexistência de vegetação no solo 
Vídeo
Figura 1 – Infiltração da água auxiliada pela vegeta-
ção e camada superior composta por húmus.
Fonte: tuk69tuk/iStockphoto.
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
2
27
(Figura 1). A infiltração da água promove a translocação de material da parte mais super-
ficial para outras mais profundas.
O solo se forma sob a ação de fenômenos físicos, químicos e biológicos. Com a degrada-
ção do material homogêneo – a rocha e o saprolito –, o solo se forma em camadas, também 
denominadas de horizontes (Figura 2). As camadas estão dispostas umas sobre as outras, 
paralelamente à superfície, e a sequência entre elas é visível, embora a transição não seja tão 
evidente. Essas camadas possuem também variações de espessura e de dimensão, já que os 
processos de transformações pelos quais a rocha passa não são homogêneos e dependem de 
outros fenômenos – climáticos, principalmente – para que seja estabelecida a variabilidade e 
velocidade das transformações (LEPSCH, 2016).
Figura 2 – Formação do solo e as camadas dispostas paralelamente.
Fonte: ttsz/iStockphoto.
As transformações pelas quais a rocha passa no processo de formação do solo têm 
maior intensidade nas camadas superiores, diminuindo quanto maior é a profundidade es-
tabelecida. Dessa forma, quanto maior a profundidade, mais parecida é a rocha com o seu 
material de origem. Desde que esteja menos disposto aos fenômenos intempéricos, um solo 
com poucas camadas, ou com camadas extremamente finas, pode não apresentar essas ca-
racterísticas, podendo ser mais homogêneo.
A formação do solo, portanto, é resultante de um conjunto de fatores biológicos e 
ambientais que degradam a rocha ao longo do tempo geológico e devido aos fenômenos 
intempéricos. Pode-se dividir os tipos de processos que formam os solos e suas camadas 
em: podzolização, latolização, calcificação, hidromorfismo e halomorfismo, conforme ve-
remos a seguir.
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia28
2.1.1 Podzolização
Esse processo consiste na translocação de materiais de uma camada superior para uma 
inferior, os chamados horizontes. Se no processo de translocação a matéria orgânica for de 
um horizonte a outro e, junto com ela, também forem translocados óxidos de ferro e alumí-
nio (algo comum em solos que não possuem grande quantidade de argila) e a drenagem do 
solo for deficiente, forma-se um solo com horizonte podzol. A esse processo de translocação 
dá-se o nome de eluviação1, enquanto o processo de formação desse tipo de solo é chamado 
de podzolização. Dessa forma, um solo podzólico é chamado assim quando é formado total, 
parcialmente ou sob a influência do processo de podzolização (REZENDE et al., 2007).
O podzol constitui um grupo de solos de cor cinza entre uma camada orgânica e um 
mineral lixiviado2, que se assenta sobre uma camada iluvial3 marrom. A sua ocorrência se 
dá em condições geobioclimáticas típicas de latitudes médias, em regiões de temperaturas 
baixas e clima temperado. 
A vegetação típica desse bioma são as coníferas, no entanto, algumas condições locais 
de climas quentes podem contribuir para a formação desse tipo de solo, que pode ser en-
contrado nos platôs litorâneos da região do Pantanal ou em alguns trechos da Bacia do Rio 
Negro, na Amazônia.
Esse tipo de solo é considerado muito pobre, pois, além de ser um material pouco ar-
giloso, a vegetação, quando começa a se decompor, libera muita acidez. Como o material 
de origem é pobre, a acidez liberada pelo processo de decomposição da vegetação faz com 
que o solo se torne ácido também. Dessa forma, o podzol é uma classe pobre e ácida. É pos-
sível, no entanto, que o material translocado seja mais argiloso. Com isso, ele é depositado 
sobre as partículas da camada, formando um horizonte textural, mais fértil que o podzol 
(REZENDE et al., 2007).
2.1.2 Latolização
A latolização consiste em processos de remoção de sílica4 e de bases da camada após a 
ação dos fenômenos intempéricos. Os solos formados por esses processos criam uma cama-
da latossólica, de solos mais velhos e desenvolvidos. São materiais que ficaram muito tempo 
expostos na paisagem, sofrendo a ação dos fenômenos atmosféricos, e por esse motivo se 
desenvolvem mais. São geralmente encontrados em regiões mais elevadas, como os planal-
tos (REZENDE et al., 2007).
1 Eluviação: processo pelo qual soluções ou colóides se movimentam de cima para baixo nos solos. 
Esse processo ocorre quando o volume de chuvas se sobrepõe ao de evaporação.
2 Lixiviado: processo no qual a rocha ou mineral sofre a lixiviação, ou seja, quando são “lavados” pela 
água da chuva. Com o tempo, o mineral extremamente lixiviado pode se tornar estéril (GUERRA, 1966).
3 Iluvial: de iluviação; processo que resulta na formação de um horizonte constituído de uma camada 
compacta formada a partir de colóides e substâncias que vêm de cima (GUERRA, 1966).
4 Sílica: substância polimorfa que pode se apresentar em vários estados na natureza. É um composto 
estável e que somente o ácido fluorídrico é capaz de decompô-lo. Entra na formação de grande parte 
dos minerais, sendo considerado o eixo de todo o reino mineral.
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
2
29
Os latossolos, oriundos desse processo que cria uma camada latossólica, são solos com 
elevada profundidade, extremamente intemperizados e com pouca diferenciação entre as 
camadas. Possuem aspecto maciço poroso e estrutura granular pequena, além de grande 
resistência à erosão, maciez e elevado nível de umidade.
2.1.3 Calcificação
Nessa classe, os processos consistem em translocação de carbonato de cálcio (CaCO3) no 
perfil, o que provoca maior concentração dessa substância em alguma parte do solo. A trans-
locação, portanto, faz com que ocorra uma redistribuição de material ao longo do perfil.
O ambiente geobioclimático típico desse tipo de solo são regiões em que a precipita-
ção não ocorre em quantidades suficientes para que haja a total remoção dos carbonatos. 
A vegetação característica são as pradarias, típicas de regiões de clima temperado. Ocorre 
um acúmulo de matéria orgânica enriquecendo os horizontes superficiais, tornando-os 
férteis – também pela presença de minerais primários (REZENDE et al., 2007).
A maior limitação desse tipo de solo é a baixa precipitação nas regiões em que é en-
contrado. Apesar do potencial de uso devido aos horizontes extremamente férteis, eles só 
podem ser aproveitados em um ambiente com regime de precipitação regular. No Brasil, 
esse solo é encontrado nas regiões menos úmidas e mais secas.
A calcificação é, também, o nome dado a um processo de correção da acidez do solo para 
fins de agricultura. Essa correção é feita a partir da aplicação do calcário5 moído. Em solos tro-
picais, a aplicação do calcário pode ser mais importante do que a aplicação do adubo, devido 
ao baixo custo do calcário em relação ao adubo.
2.1.4 Hidromorfismo
Essa classe está relacionada aos solos que possuem elevado nível de água, fazendo com 
que ele adquira características diferenciadas. Uma delas é o arejamento deficiente, uma vez 
que o ar não consegue penetrar entre os poros, fazendo com que a decomposição da matéria 
orgânica seja mais lenta. Dessa forma, essa matéria se acumula e cria um ambiente de redu-
ção, liberando ferro e manganês em forma solúvel, processo que pode facilitar a absorção 
desse material tóxico para as plantas (REZENDE et al., 2007).
A presença de ferro reduzido faz com que o solo tenha aparência acinzentada, esver-
deada ou gley6 abaixo da camada de matéria orgânica. Esse tipo de solo é característico de re-
giões de depressão, ou seja, a parte mais baixa do terreno. Quando é drenado naturalmente 
ou artificialmente, apresenta deficiência de ferro e manganês, embora seja levado para fora 
do alcance das raízes das plantas e mantenha o aspecto gley.
5 Calcário: rocha formada de carbonato de cálcio, de origem sedimentar, utilizada na produção de ci-
mento, cal e mármores, alémda calcificação dos solos para diminuição da acidez. Geomorfologicamente 
possui grande importância, pois as rochas calcárias têm alta dissolução, formando relevos específicos.
6 Gley: conotativo de excesso de água, as camadas com coloração gleizadas são aquelas que possuem 
cinzentas ou azuladas. O termo vem de um nome local russo.
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia30
2.1.5 Halomorfismo
Essa classe está relacionada à elevada presença de sais, que também atribuem caracte-
rísticas específicas. Os solos halomórficos estão presentes em depressões do terreno, onde 
ocorre o acúmulo de água e de sais temporariamente. Os sais são oriundos das rochas e que, 
no seu processo de intemperismo, desagregam e são levados pela água da chuva, até serem 
depositados em uma área mais baixa do relevo.
Os sais em excesso podem formar os chamados solos salinos. Se o excesso de sal for re-
movido de alguma maneira, podem sobrar apenas os íons de sódio (Na), formando um solo 
alcalino, chamado de solonetz (REZENDE et al., 2007). 
2.2 Horizontes do solo
Os horizontes do solo constituem um tipo de classificação das diferentes 
seções que formam o solo e suas especificidades. De acordo com o Manual 
técnico de pedologia: 
por horizonte do solo deve-se entender uma seção de constituição mineral ou 
orgânica, à superfície do terreno ou aproximadamente paralela a esta, parcial-
mente exposta no perfil e dotada de propriedades geradas por processos forma-
dores do solo que lhe confere características de inter-relacionamento com outros 
horizontes componentes do perfil. (IBGE, 2015, p. 47)
Os horizontes costumam se dividir em cinco tipos, que são chamados de horizontes prin-
cipais, identificados pelas letras maiúsculas: O, A, E, B e C. As letras minúsculas são usadas 
como sufixos para qualificar distinções específicas dos horizontes ou camadas principais, 
diagnósticos ou não. De acordo com o Manual técnico de pedologia: sufixos numéricos são usa-
dos para subdivisão de horizontes principais em profundidade. A divisão é feita a partir da 
parte superior do horizonte, de forma sucessiva, sendo o símbolo numérico colocado após 
todas as letras usadas para designar o horizonte. Ex. A1, A2, E, Bt1, Bt2, Bt3, BC e C (IBGE, 
2015, p. 48).
A Figura 3 mostra um perfil de solo com os principais horizontes delimitados pelos 
processos pedogenéticos. Nela, o horizonte E não está representado, mas, quando presente, 
ele se localiza entre os horizontes A e B e possui espessura baixa. Nem sempre todos os ho-
rizontes estarão presentes em um perfil de solo, isso vai depender de aspectos relacionados 
ao tipo de rocha ou clima. O horizonte E, por exemplo, não aparece em muitos tipos de solo. 
Quando em um perfil de solo faltar algum horizonte, diz-se que o solo é pouco desenvol-
vido, ou que tem o perfil incompleto. Existe ainda um horizonte H (também chamado de 
hístico), que possui grande espessura e ocorre em regiões em que o solo é encharcado. 
Vídeo
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
2
31
Figura 3 – Perfil de solo com os horizontes principais.
Matéria orgânica
Matéria orgânica 
misturada com minerais
Material que ainda não sofreu 
intemperismo
Mistura de areia, silte ou argila
Material parental
Rocha não alterada
Regolito
Subsolo
Superficial
Orgânico
Fonte: ttsz/iStockphoto.
Antes de tratar com maior especificidade as características dos horizontes principais, 
convém tratarmos primeiramente da morfologia do solo, pois as características morfológicas 
são de grande auxílio na delimitação dos horizontes e nas análises laboratoriais (LEPSCH, 
2016). A morfologia faz parte do processo de descrição do solo, e a análise de suas caracterís-
ticas é importante para as primeiras impressões visíveis a olho nu acerca do solo. 
2.2.1 Morfologia do solo
As características morfológicas determinam a anatomia do solo, sendo de fundamental 
importância para a identificação do solo em trabalhos de campo para posterior complemen-
tação de testes laboratoriais. É o domínio dessas características que permitirão ao profis-
sional identificar corretamente os tipos de solo e os horizontes em uma análise de campo 
(REZENDE et al., 2007). 
A morfologia é o primeiro estágio do processo de descrição do solo que trata de sua 
aparência na paisagem, além de considerar fatores como tipo de terreno (característica geo-
morfológica), vegetação existente e tipos de rochas presentes. A seguir temos uma breve 
descrição das características a serem observadas do ponto de vista morfológico.
2.2.2 Cor
A cor é a característica visual mais evidente das feições pedológicas. Como é de fácil 
visualização, a sua interpretação correta pode proporcionar um rápido entendimento das 
características do solo analisado. Muitos tipos de solos carregam nomes relacionados a cores 
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia32
específicas, como a “terra roxa” (que vem do italiano rossa = vermelha, o que significa que o 
solo tem o tom avermelhado, e não roxo), “terras pretas” etc. (LEPSCH, 2016). 
No Brasil, o sistema de classificação atribui a cor como característica em muitas nomen-
claturas (como será visto nos capítulos seguintes), e possui grande utilização para delimitar 
os diferentes horizontes. A cor possui padrões para a sua descrição e, na pedologia, o esque-
ma de cores utilizado para a interpretação do solo é a tabela Munsell. Esse esquema de cores 
faz parte do livro Munsell Book of Color, no qual a parte dedicada à porção de cores utilizada 
para a classificação de solos é também denominada Munsell Soil Color Charts (IBGE, 2015). 
Em um esquema de cores, três elementos básicos compõem cada uma: tom, luminosida-
de e saturação, também chamados de matiz, valor e croma. O matiz é a cor pura ou fundamen-
tal, referente ao tom, condicionada aos comprimentos de onda da luz refletida na amostra 
de solo e captada pelo olho humano na identificação da cor específica. O valor, ou lumino-
sidade, está relacionado à claridade ou aos tons de cinza, presentes entre branco e preto. 
O croma, ou saturação, corresponde à mistura da cor com as tonalidades de cinza e está 
relacionado à pureza da cor. Desses aspectos, o matiz é o mais importante para a pedologia.
O sistema Munsell se baseia em cinco principais matizes: vermelho (R), amarelo (Y), 
verde (G), azul (B), e roxo (P), e existem mais cinco matizes intermediários representando 
pontos entre cada dois matizes principais: vermelho-amarela (YR), amarela-verde (GY), 
verde-azul (BG), azul-roxo (PB) e roxo-vermelho (RP). Dessa forma, o sistema de cores 
Munsell apresenta dez matizes utilizados na descrição das cores do solo (IBGE, 2015). 
Cada um desses matizes é dividido em quatro segmentos de mesma dimensão e diferen-
ciado por números que aparecem como prefixos ao símbolo do matiz (Figura 4).
Figura 4 – Sistema de cores Munsell.
Fonte: IBGE, 2015, p. 60.
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
2
33
No campo, o profissional deve ter uma carta de cores Munsell para solos, que pode ser 
montada ou adquirida em locais especializados – a fim de comparar em campo o solo com 
as cores dispostas em retângulos na carta (Figura 5). Segundo o Manual técnico de pedologia 
(IBGE, 2015), as principais edições do Munsell Soil Color Charts [ou carta de cores Munsell] 
contêm sete notações de matiz, somando 199 padrões de cores que se organizam com base 
nas variáveis matiz, valor e croma e que são apresentadas na forma de caderno ou caderneta 
(IBGE, 2105, p. 45).
Figura 5 – Carta de cores Munsell.
Fonte: IBGE, 2015, p. 61.
Após a observação e comparação, os elementos devem ser anotados em forma de letras 
seguidas de números, da seguinte forma: 10R 3/4, que significa vermelho-escuro na tabela 
de cores (LEPSCH, 2016). Dessa forma, 10R é o matiz referente à cor vermelha, o 3/4 é um 
indicativo de que a cor está misturada com o valor 3 (que corresponde ao cinza) e tem-se 
ainda o croma 4 (indicando a saturação do vermelho).
2.2.3 Textura
O soloé composto de pequenas partículas minerais unitárias que em condições naturais 
aparecem agregadas umas às outras. As partículas têm tamanho variável e em alguns casos 
é perfeitamente visível a olho nu a variação de tamanho, enquanto em outros é necessária a 
utilização de uma lente de aumento ou microscópio.
No campo, a primeira avaliação da textura pode ser feita por meio do tato. Quando 
se pega uma amostra de solo, deve-se molhá-la e friccioná-la com as mãos ou os dedos. 
Depois que for suficientemente trabalhada, observa-se o comportamento da amostra nas 
mãos, verificando se ela desliza ou escorrega entre os dedos. 
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia34
Nas amostras em que há predominância de areia, a sensação é de aspereza, enquanto 
que nas amostras em que há prevalência de argila é de um material pegajoso, que pode ser 
enrolado e dobrado. Nas amostras em que o silte7 predomina, a sensação é de um material 
sedoso, formando rolos com dificuldade e quebradiços. Nos materiais com textura média, 
há sensação de aspereza e plasticidade, rolos podem ser formados, mas se quebram quan-
do dobrados. Esse método de campo é rápido e necessita de perícia e treino para que seja 
 bem-executado (IBGE, 2015).
No laboratório, a análise da textura pode ser feita com maior precisão, sendo definidas 
as proporções relativas, em porcentagem, do material que compõe o solo, que é identificado 
e classificado graficamente a partir de diagramas triangulares (Figura 6) elaborados para 
esse fim.
Figura 6 – Diagrama triangular para determinação da textura.
100
100
100
80
80
80
60
Porcentagem de areia
Po
rc
en
ta
ge
m
 d
e a
rg
ila Porcentagem
 de silte60
60
40
40
40
20
20
20
0
0
0
 Muito argilosa
 Argilosa
 Média
 Arenosa
 Siltosa
Fonte: LEPSCH, 2016, p. 40. Adaptado.
A textura de um horizonte de solo somente pode ser modificada se houver translocação 
de material de um horizonte a outro. Esse processo ocorre naturalmente em uma escala de 
tempo geológico, mas pode acontecer mais rapidamente com o uso de equipamentos para 
arar o solo, que podem movimentar o material de um horizonte a outro.
2.2.4 Estrutura
Na pedologia, a estrutura se refere ao agrupamento de partículas e seu formato, que 
tem relação com a natureza físico-química das partículas do solo. Os agregados do solo pos-
suem tamanhos variáveis e encontram-se separados por fendilhamento8 (LEPSCH, 2016). Na 
7 Silte: “Partícula de sedimentos clásticos não consolidados, com diâmetro variando, na escala de 
Wentworth, entre 0,0039 mm e 0,062 mm” (IBGE..., p. 282).
8 Fendilhamento: ato de abrir pequenas fendas.
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
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atividade de campo, utiliza-se uma faca para separar os agregados, seleciona-se com os dedos 
aqueles que possuem fraca ligação natural uns com os outros e, depois de separados, verifica-
-se sua forma e coesão. A classificação dos agregados se dá com base na sua estrutura visual, 
podendo ser granular, prismática, colunar, blocos ou laminar, por exemplo (Figura 7). 
Figura 7 – Tipos de estrutura.
Material de solo agregado
Tipo Subtipo Exemplo Tipo Subtipo Exemplo
Granulas
Granular
Prismática
Prismática
Grumosa
Blocos
Angulares Colunar
Subangulares
ParalelepipédicaLaminar
Cuneiforme
Material de solo não agregado
Tipo Exemplo Tipo Exemplo
Grão simples Maciça
Fonte: IBGE, 2015, p. 77.
A estrutura é importante, pois pode determinar a porosidade do solo, uma vez que o 
tamanho e o grau de desenvolvimento dos agregados determinam essa característica. Além 
disso, a velocidade das ações físicas e químicas que ocorrem em subsuperfície, dependem 
da estrutura do material.
2.2.5 Consistência
A consistência é a resistência dos torrões a alguma forma que tenta rompê-los, ela está 
relacionada ao grau de adesão e coesão entre as partículas. A consistência do solo varia em 
função das características anteriormente citadas, além da presença de matéria orgânica ou 
óxidos de ferro, que podem fragilizar ou intensificá-la.
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia36
Nos horizontes, ela pode ser determinada a partir de três estados específicos de umida-
de, que podem ser observados a partir da manipulação do material entre os dedos: molhado, 
úmido e seco. A manipulação do material molhado avalia a plasticidade e a pegajosidade; 
o material úmido, quando manipulado, vai permitir observar a friabilidade; o material seco 
faz com que seja possível avaliar a dureza ou a tenacidade (IBGE, 2015).
2.2.6 Os horizontes principais
Podem ser de diversos tipos quanto a sua espessura e composição. A identificação dos 
horizontes é feita com letras maiúsculas, que representam características específicas, segui-
das de sufixos em letras minúsculas (Quadro 1), que complementam as características dos 
horizontes, representando aspectos secundários. 
O horizonte O compõe a parte orgânica do solo, é um horizonte delgado que recobre 
certos solos minerais. Também chamado de serapilheira, é constituído por folhas e galhos 
que caem das árvores, gerando um material em decomposição. Esse horizonte impede que 
a erosão desgaste o solo, além de armazenar água e regular as temperaturas. Na parte mais 
superficial, chamada de horizonte Oo, encontra-se o material orgânico recém-caído e não 
decomposto. O sub-horizonte O, denominado Od, armazena a matéria orgânica já decom-
posta ou em estado de fermentação. Conhecida como terra vegetal, é muito procurada para o 
cultivo de plantas em vasos (LEPSCH, 2016).
Quadro 1 – Sufixos que complementam a classe dos horizontes do solo.
Sufixos aplicados aos símbolos de horizontes
Sufixos Descrição Exemplo
b Horizonte enterrado Ab
c Concreções ou nódulos endurecidos Bc
d Acentuada decomposição da matéria orgânica Od
e Escurecimento externo dos agregados por material orgânico Be
f Presença de plintita Bf, Cf
g Horizonte glei (ou Gley) Bg, Cg
h Acumulação iluvial de matéria orgânica Bh
i Desenvolvimento incipiente do horizonte B Bi
j Presença de ácidos sulfatados (tiomorfismo) Bj
k Presença de carboidratos Ck
m Horizonte extremamente cimentado Bm
n Acumulação de sódio Bn
o Material orgânico mal ou não decomposto Oo
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
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Sufixos aplicados aos símbolos de horizontes
Sufixos Descrição Exemplo
p Horizonte arado ou revolvido Ap
q Acumulação de sílica Bq
r Rocha branda ou saprolito Cr
s Acumulação iluvial de sesquióxidos de ferro e de alu-mínio com matéria orgânica Bs
t Acumulação de argila iluvial Bt
u Modificações antropogênicas 
v Argilas expansíveis ou características verticais Bv
w Intenso intemperismo do horizonte B Bw
x Cimentação aparente que se desfaz quando umedecido Bx
y acumulação de sulfato By
z Acumulação de sais mais solúveis que sulfato de cálcio Bz
Fonte: LEPSH, 2016, p. 201.
O horizonte A é uma camada mineral, em sua quase totalidade, mais próxima da super-
fície. Possui um grande acúmulo de matéria orgânica, seja ela parcial ou até mesmo humifi-
cada, e perda de material para o horizonte B devido à translocação ou eluviação (REZENDE 
et al., 2007). A coloração é escura, pela quantidade de húmus presente no material. Quando 
utilizado para fins de agricultura, pode se misturar com outros horizontes ao ser revolvido, 
quando isso acontece, recebe o sufixo p, sendo referido como Ap. 
Já o horizonte B é o que possui maior desenvolvimento de cor e estrutura (se não tiver 
sido exposto à superfície), além de material translocado do horizonte A (ou horizonte E, que 
será especificado mais à frente). Com a translocação de material, a água e o material translo-
cado se acumulam e ficam retidos no horizonte B, em um processo conhecido como iluviação.
O horizonte C corresponde ao saprolito, rocha pouco alterada pelos agentes intempé-
ricos. Esse horizonte armazena as características mais próximas do material de origem do 
solo – como dito anteriormente, o saprolito constitui a parte de transição entre o material deorigem e o solo.
Existem ainda outros horizontes de ocorrência variável, como o horizonte H, orgânico 
ou hístico. O horizonte E é presente em alguns solos, possui tonalidade mais clara, e nele 
ocorre perda de material que é translocado para os horizontes inferiores, como o horizonte B. 
O processo de translocação que ocorre no horizonte E é chamado de eluviação, por isso esse 
horizonte é considerado uma camada eluvial. O R é a simbologia reservada para designar a 
rocha inalterada.
Quando um horizonte é muito espesso, a sua definição não fica restrita aos símbolos já 
citados; números são adicionados à nomenclatura para auxiliar a subdivisão, que é possível 
devido à espessura, que irá proporcionar diferenças consideráveis entre a camada superior 
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia38
e a inferior, como um horizonte Bt que pode ser subdividido em Bt1, Bt2 e assim sucessiva-
mente, com pequenas diferenças entre uma subdivisão e outra, muitas vezes relacionadas 
à tonalidade.
2.3 Fatores de formação do solo
Os fatores que determinam a formação de um solo são representados 
pelo tetraedro (ver Capítulo 1) e formam os aspectos da paisagem. Sendo, 
então, um elemento geográfico extremamente variável e dinâmico, a paisa-
gem possui descontinuidades acentuadas que vão determinar a formação e 
o desenvolvimento do solo. Neste tópico, serão ressaltadas algumas carac-
terísticas da paisagem que podem determinar a variabilidade entre os tipos de solo e seus 
diferentes graus de desenvolvimento.
2.3.1 Relevo
O relevo influencia na formação do solo ao controlar a exposição do material de ori-
gem aos agentes geobioclimáticos. O tempo é fundamental para a formação do relevo e 
pela determinação de como ele vai influenciar a pedogênese. Sabe-se que o relevo é mol-
dado em uma escala de tempo geológico e, por isso, é necessário determinar sua influência 
(REZENDE et al., 2007). 
As partes consideradas mais “velhas” do relevo são aquelas expostas a mais tempo aos 
agentes intempéricos, geralmente são regiões grandes, altas e chapadas, comumente encon-
tradas no Brasil. Nessas regiões, o solo é muito lixiviado e ocorre a presença de vegetação 
de cerrado. As partes rejuvenescidas são mais baixas e também mais acidentadas, pois o 
material de origem ainda não foi totalmente degradado.
A Figura 8 mostra a relação da idade do relevo com o desenvolvimento do solo. Cabe 
ressaltar também que o latossolo ocorre em superfície regular, sem descontinuidade. O solo 
B textural está em elevações com superfície irregular, onde se encontram descontinuidades 
como rupturas e declives.
Figura 8 – Relação solo-relevo.
Mais velho
Mais novo
R
el
ev
o
Latossolos
Solos com B textura
A
um
en
to
 d
a 
id
ad
e
Cambissolos
Aluviais
Fonte: Elaborada pelo autor.
Vídeo
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
2
39
2.3.2 Vegetação e clima
As condições climáticas são de fundamental importância para o desenvolvimento do 
solo. As reações químicas da natureza dependem de um regime regular de chuvas – para 
que a água seja armazenada – e também de temperaturas elevadas que podem ocasionar os 
fenômenos necessários para a pedogênese (REZENDE et al., 2007). Por esse motivo, regiões 
mais quentes tendem a ter um solo mais desenvolvido do que as regiões frias.
Quando os dados climatológicos não são suficientes para que o profissional possa tra-
çar um perfil do clima da região, então a análise da vegetação deve ser feita, já que ela, refle-
te as condições do clima que predomina na região e pode apresentar um quadro histórico ou 
do presente do que se encontra como condição climatológica. As fases da vegetação podem 
indicar a vegetação-clímax da área, ainda que a região tenha sofrido alterações climatoló-
gicas ou antrópicas. Nesse aspecto, ainda que uma ação antrópica esteja ocorrendo ou que 
a área esteja abandonada, a vegetação irá representar os diferentes estágios climatológicos 
da região.
2.3.3 Aspectos socioeconômicos
Os aspectos socioeconômicos possuem estreita relação com o solo, pois a ocupação da 
sociedade ocorre em regiões de solo mais desenvolvido e com maior qualidade. As regiões 
em que o solo possui mais nutrientes abrigam as maiores concentrações populacionais 
(REZENDE et al., 2007).
Entre alguns exemplos notáveis nesse aspecto, pode-se ressaltar o desenvolvimento de 
São Paulo, com seus solos podzólicos vermelho-amarelos, de textura média desenvolvidos 
no arenito bauru e o latossolo roxo e a terra roxa estruturada. São solos de alta capacidade 
de utilização e que proporcionaram um alto desenvolvimento econômico para a região.
O desenvolvimento tecnológico tem contribuído para que os solos com baixa capaci-
dade de utilização possam ser corrigidos e utilizados. Pesquisas têm sido realizadas nesse 
sentido, principalmente pela Embrapa9. Elas podem ter grande impacto futuramente, na 
medida em que os solos com elevada capacidade de uso vão exaurindo os seus nutrientes e 
o investimento nessas tecnologias pode ter grande impacto na sociedade.
Conclusão 
Com base no conhecimento apresentado neste capítulo, é possível compreender que a 
formação do solo trata de um processo envolto de complexidades e que os diferentes tipos 
de solo se são oriundos de fatores externos de origem geológica e antrópica. Além disso, a 
formação do solo e sua subdivisão em horizontes permite ter, de forma didática, o conheci-
mento dos diferentes aspectos de desenvolvimento.
9 A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) é uma instituição pública de pesquisa 
voltada para o setor de agricultura.
Fatores e processos de formação do solo2
Pedologia40
As atividades aqui descritas, principalmente no que se refere às de campo, devem ser 
efetuadas pelo profissional para o qual esta obra serve como base de consulta. Mas não deve 
se limitar a ele, pois a pedologia é uma área em constante expansão, o profissional/estudan-
te, deve se sentir motivado a aprofundar os seus conhecimentos em atividades de campo e 
com experimentos.
 Ampliando seus conhecimentos
Entre os diferentes materiais existentes, Igo F. Lepsch apresenta em seu livro detalhes 
acerca do tamanho das partículas constituintes do solo, que auxiliam a análise da textura.
Formação e conservação dos solos
(LEPSCH, 2016, p. 39)
[...]
Para que as partículas possam ser convenientemente estudadas, é cos-
tume classificá-las em frações cujos limites convencionais mais utilizados 
no Brasil são:
Fração Diâmetro médio
Calhaus (ou pedras) 200 a 20 mm
Cascalho De 20 a 2 mm
Areia De 2 a 0,5 mm
Silte (ou limo) 0,05 a 0,002 mm
Argila Menor que 0,002 mm
Algumas vezes a fração de areia é subdividida em outras duas: areia 
grossa (2 a 0,2 mm) e areia fina (0,2 a 0,5 mm). Mais detalhadamente pode 
ser subdividida em cinco subfrações: 
a) areia muito grossa (2 a 1 mm); 
b) areia grossa (1 a 0,5 mm); 
c) areia média (0,5 a 0,25 mm); 
d) areia fina (0,25 a 0,1 mm); 
e) areia muito fina (0,1 a 0,05 mm).
[...]
Fatores e processos de formação do solo
Pedologia
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 Atividades
1. Leia o trecho a seguir:
A formação do solo é um processo que resulta da interação das rochas que com-
põem a litosfera com a camada da atmosfera. A exposição das rochas aos fenô-
menos atmosféricos – como a chuva, mudança de temperatura e insolação – re-
sulta em processos degenerativos da estrutura agregada que as formam.
 A partir da leitura do trecho, e considerando o que foi apresentado neste capítulo, 
explique os principais processos que envolvem a formação do solo.
2. Releia o trecho do livro: 
A morfologia faz parte do processo de descrição do solo, e a análise de suas ca-
racterísticas é importante para as primeiras impressões visíveis a olho nu acerca 
do solo. 
 Os horizontes do solo se diferenciam entre si, principalmente pelas características mor-
fológicas do solo. Explique qual o papel da cor nesse contexto e como ela é utilizada.
3. Conforme visto no capítulo:
Os horizontes principais podem ser de diversos tipos

Outros materiais