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AULA 1 FUNDAMENTOS DE SISTEMAS DE CONTROLE Prof. Alexandre Arioli 02 CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo à sua primeira aula de Fundamentos de Sistemas de Controle. Nesta primeira aula, abordaremos a evolução da automação industrial. Você conhecerá os primeiros sistemas de automação convencionais baseados em lógicas a relé e a origem do CLP (Controlador Lógico Programável). Analisaremos os principais componentes dos controladores e seu funcionamento. Por fim, apresentaremos as vantagens e as desvantagens da implementação da automação. Neste contexto, a ideia é que, ao final da aula, você tenha uma boa noção da evolução e dos principais componentes dos controladores lógicos programáveis. CONTEXTUALIZANDO A automação industrial é uma área que vem evoluindo muitos nos últimos anos e se utiliza de CLP para a implementação de comandos lógicos e de equipamentos eletroeletrônicos, pneumáticos e mecânicos para substituir atividades manuais e que envolvem decisões e comandos. O uso de soluções de automação tem grande repercussão em diversos setores, tais como: industrial, energético, saneamento, têxtil, siderúrgica, aéreo, predial, portuário, agrícola, entre outros. A implementação de sistema de automação não se resume à redução ou à substituição de trabalho humano, e sim tem como objetivo trazer melhoria para os processos, maior segurança na operação de sistema em ambientes perigosos, aumento da qualidade, otimização, redução de tempo de produção e custos. Porém, antes de mergulharmos nas novas tecnologias, vamos, nesta primeira aula, entender um pouco mais sobre a origem e a evolução dos sistemas de controle. TEMA 1 – EVOLUÇÃO DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL O princípio de tudo foi a mecanização das primeiras ferramentas, o que culminou com a revolução industrial, que ocorreu na Inglaterra em meados do século XVIII. A expansão do comércio no continente e o aprimoramento das técnicas de navegação, que incrementaram o comércio marítimo, aliados à farta mão de obra e ao controle do Estado por parte da burguesia – ingredientes estes que geraram grande acúmulo de capital –, permitiram a chamada Revolução das Máquinas. Neste período, surgiram a máquina de fiação, o tear mecânico, o motor 03 a vapor e a locomotiva. Por volta da segunda metade do século XIX, inicia-se a segunda revolução industrial, quando França, Alemanha, Itália, e ainda EUA, Japão e outros países também experimentam o glamour da industrialização. O grande marco deste período é a utilização, em grande escala, da energia elétrica e do petróleo. Novas tecnologias produzem ferramentas e máquinas mais modernas e eficazes. Aproximadamente na metade do século seguinte, a grande maioria das indústrias já está mecanizada e, ao final deste, a automatização de quase todos os processos já é realidade em totalidade. Alguns autores citam o início da terceira revolução industrial neste período, com o emprego generalizado dos computadores (Jesus; Silva). O termo automação foi criado na década de 1940 por um engenheiro da Ford Motor Company, que descreveu vários sistemas nos quais ações e controles automáticos substituíam o esforço e a inteligência humana. Nessa época, os dispositivos de controle eram eletromecânicos por natureza. A parte lógica era realizada por meio de relés e temporizadores intertravados, e a intervenção humana acontecia em alguns pontos de decisão. Por meio de relés, temporizadores, botões, posicionadores mecânicos e sensores, podiam ser realizadas sequências simples de movimento lógico ao ligar e desligar motores e atuadores (Lamb, 2015). No final da década de 1960 e início dos anos 1970, as fábricas automobilísticas não possuíam flexibilidade para mudanças constantes no processo de produção. Qualquer alteração no processo de fabricação dos automóveis, por menor que fosse, era trabalhosa e demorada. Dessa forma, para produzir um automóvel de cor ou modelo diferente, havia longa espera, uma vez que a produção era feita em grandes lotes. Nessa época, a tecnologia era a automação com lógica de contatos, utilizando painéis com reles eletromecânicos e muita fiação. Obviamente, essas fábricas não haviam sido projetadas para constantes modificações. Por causa das limitações tecnológicas, qualquer alteração na configuração da linha de produção tinha custo elevado, pois todos os intertravamentos para controle e segurança eram feitos com painéis de relés e contatores (Parede; Gomes, 2011). A utilização de lógica de contatos apresentava as seguintes desvantagens: Custo de modificações elevado – efetuar modificações nas linhas de produção significa alterar as lógicas implementadas a relés, 04 temporizadores e contatores. Tais modificações acarretam grandes modificações nos painéis existentes ou até mesmo a troca por um novo; Custo de manutenção e operação elevados – os painéis eram enormes e ocupavam áreas de igual tamanho nas fábricas, de modo que os componentes eletromecânicos eram suscetíveis a falhas, o que aumentava o custo de manutenção. Figura 1 – Painel de relés Fonte: Parede; Gomes (2015). TEMA 2 – CONTROLADORES LÓGICOS PROGRAMÁVEIS O primeiro controlador lógico programável foi desenvolvido para atender a uma demanda da General Motors que tinha como objetivo resolver os problemas existentes com os painéis a relé. Para tanto, a GM solicitou que a solução a ser produzida tivesse as seguintes características: baixo custo; ser fisicamente menor que painéis a relés para otimização de espaço no chão de fábrica; confiabilidade maior do que painéis a relés; facilidade de programação; facilidade na manutenção e reparo. Em 1969, a Bedford Associates apresentou para a General Motors um equipamento que atendia a suas necessidades, além de funcionar em operações distintas e ser de fácil programação. Esse equipamento era o MODICON (Modular 05 Digital Controller). O MODICON 084 foi o primeiro CLP comercial com essas tecnologias. Tal modelo proporcionou diversos benefícios à indústria, entre eles (Parede; Gomes, 2011): facilidade na implementação de modificações por ser facilmente programável; menor custo de manutenção; diminuição de espaços físicos; aumento do tempo de vida útil. Os CLPs foram introduzidos na indústria brasileira na década de 1980, inicialmente nas filiais de empresas multinacionais, que implantavam a tecnologia utilizada na matriz. Em pouco tempo, essa tecnologia proliferou e o CLP adquiriu grande aceitação no mercado. Em 1994, havia mais de 50 fabricantes de CLP, o que demonstrava seu sucesso e aceitação. A Tabela 1 mostra os principais eventos na evolução tecnológica do CLP (Parede; Gomes, 2011): Tabela 1 – Evolução do CLP Década Evento 1960 Surgimento do CLP em substituição aos painéis de controle com relés eletromecânicos – economia de energia, facilidade de manutenção, redução de espaço e diminuição de custos. 1970 O CLP adquiriu instruções de temporização, operações aritméticas, movimentação de dados, operações matriciais, terminais de programação, controle analógico PID. No final da década, foram incorporados recursos de comunicação, propiciando a integração entre controladores distantes e a criação de vários protocolos de comunicação proprietários (incompatíveis entre si). 1980 Redução do tamanho físico em virtude da evolução da eletrônica e adoção de módulos inteligentes de E/S, proporcionando alta velocidade e controle preciso em aplicações de posicionamento. Introdução da programação por software em microcomputadores e primeira tentativa de padronização do protocolo de comunicação. 1990 Padronização das linguagens de programação sob o padrão IEC 61131-3, introdução interface homem - máquina (IHM), softwares supervisores e de gerenciamento, interfaces para barramento de campo e blocos de funções. Fonte:Parede; Gomes (2011). Os CLPs foram desenvolvidos para o controle de sistemas com entradas e saídas binárias (ligado - desligado, alto - baixo etc.); porém, hoje têm adquirido muitas outras funções com alta confiabilidade, como é o caso de tratamento de sinais analógicos, controle contínuo multivariáveis, controle de posição de alta precisão etc. Como visto anteriormente, os CLPs nasceram para substituir relés na implementação de intertravamentos e controle sequencial, especializando-se 06 no tratamento de variáveis digitais. Segundo Jesus e Silva, algumas características mais relevantes dos CLPs são: Caráter modular dos CLPs: permite adequar o controlador para qualquer aplicação, já que o projetista especifica só o número e tipos de módulos necessários de acordo com o número de entradas, saídas e outras funções, que requer o processo a ser controlado, adequando-se o controlador à aplicação. Flexibilidade dada pela programação: pode ser aplicado a qualquer tipo de processo e facilmente alteradas as funções por meio do programa, sem mexer na instalação. Comunicação: cada fabricante possui redes de comunicação proprietárias e possibilidades para comunicação com outros CLPs ou componentes como inversores de frequência, o que possibilita a distribuição de tarefas de controle e a centralização das informações por meio de computadores que rodam aplicativos de supervisão. Diversos meios físicos são possíveis: fios trançados, fibras ópticas ou ondas de rádio. Redundância: quando o sistema assim o requer, são fornecidos módulos e CPUs (Unidade Central de Processamento) redundantes (com mais de uma CPU) que garantem uma altíssima confiabilidade de operação até nos processos mais exigentes. Figura 1 – CLP Fonte: O autor. 07 A implementação de sistemas automatizados tem como características mais relevantes, segundo Jesus e Silva: Fornecimento via projeto de integração; Sistema divido em diversas CPUs de CLPs a fim de obter melhor performance em aplicações críticas. Redundância proporcionada pela duplicação de cartões de I/O (entrada / saída), fontes e CPUs; Redes de comunicação antes proprietárias, agora buscam obedecer a padrões internacionais. Uso recente de fibras óticas; Total liberdade de escolha de parceiros de equipamentos e engenharia; Programação do supervisório independentemente da programação do CLP; As variáveis devem ser definidas duas vezes: na base de dados do SCADA e no programa do CLP; Tecnologia em geral aberta; Muito eficiente no tratamento de variáveis discretas com poder e flexibilidade crescentes no tratamento de variáveis analógicas; Hardware e software padrões de mercado; Custos globais baixos quando comparado a SDCD - Sistemas Distribuídos para Controle Digital. Figura 2 – Painel com CLP Fonte: O autor. 08 TEMA 3 – PRINCIPAIS COMPONENTES DOS CONTROLADORES A estrutura física do CLP é um conjunto de circuitos eletrônicos interligados formados por processadores, memórias, barramentos, dispositivos de entrada e saída, fonte de alimentação e terminal de programação. (Parede; Gomes, 2011). Ao analisarmos o CLP quanto à sua arquitetura e forma construtiva, podemos compará-lo com um computador especialmente adaptado para aplicações industriais. Em razão de suas características físicas, ele pode funcionar em ambientes industriais agressivos, pois suporta variações de temperatura, vibrações, ruídos elétricos, pequenas variações na tensão etc. Por tudo isso, é considerado um equipamento robusto (Parede; Gomes, 2011). Os principais módulos do CLP são os seguintes: Unidade Central de Processamento (UCP); Memórias; Módulos de Entrada e Saída. 3.1 Unidade central de processamento A unidade central de processamento (UCP) gerencia todo o sistema, controlando as operações realizadas pelas diferentes unidades funcionais. A principal função da UCP é controlar e executar instruções presentes na memória. Ela é responsável pelo gerenciamento total do sistema, controlando os barramentos de endereços, de dados e de controle (Parede; Gomes, 2011). Os primeiros CLPs usavam microprocessadores com lógica discreta. Alguns microprocessadores possuíam uma característica conhecida como microcoded, que foi muito importante para o desenvolvimento dos CLPs. Esses microprocessadores tinham seu conjunto de instruções formado pela combinação de um conjunto de operações básicas. Na década de 1980, os CLPs já eram utilizados normalmente em sistemas de automação que envolviam lógica e sequenciamento. Surgia, então, a necessidade de desenvolver novas aplicações para esses equipamentos. (Parede; Gomes, 2011) O surgimento de novas aplicações fez com que os CLPs sofressem evoluções, de início em razão da insuficiência de memória, das limitações do barramento e do aumento da complexidade do sistema. Para melhorar seu desempenho, associado à necessidade de maior processamento, os CLPs passaram a realizar multiprocessamento. (Parede; Gomes, 2011) 09 A introdução significativa de novos produtos e das redes de comunicação de CLPs, bem como a disponibilidade de processadores cada vez mais poderosos, fizeram com que muitas das tarefas executadas por processadores, antes localizados em módulos de entrada e saída inteligentes, fossem executadas em software pela unidade central de processamento. (Parede; Gomes, 2011) Figura 3 – Esquema de controle de processo em indústria Fonte: Delta Systems Engineering, 2017. 3.2 Memória Memória é o local em que são armazenados instruções e dados, ou seja, as informações necessárias para o funcionamento do CLP. As memórias podem ser classificadas em: Memória executiva ou do programa monitor; Memória do sistema; Memória imagem das entradas e saídas (E/S); Memória de dados; Memória do usuário ou de aplicação. A evolução da microeletrônica viabilizou o uso de memórias semicondutoras. No início, foram utilizadas as memórias RAM (random access Reactor 1 Thionite Mid-Run ON CLEAR Prod: State: Agit: Locks: Run Plan: Actual: IN OUT Balance Menus Main Menu Feed Sys Aux Sys Reactor 1 L2 Trend Control Comp A Comp B 72.0 80.0 2 HR Cool CPC CRM Rate Reactor 2 CRM-114 Mid-Run ON CLEAR Prod: State: Agit: Locks: Run Plan: Actual: Balance Comp A Comp B 60.0 68.0 2 HR Cool CPC CRM Rate IN OUT Hydrog A Bed A1 Bed A2 Suct Dsch OK OK OK CLEAR VIB: BRG: OIL: Locks: Cycle Comp A 470 500 F L O W 2 HR Hydrog B Bed B1 Bed B2 Suct Dsch OK OK OK CLEAR VIB: BRG: OIL: Locks: Cycle Comp B 470 500 F L O W 2 HR Alarms: ACK UNACK Toggle List /Summary P1 0 0 P2 1 0 P3 2 1 P4 4 1 Reactor 2 Hydrog A Hydrog B L3 L4 70 80 % 12 HR Key Performance Indicators Conversion Efficiency 0.5 1.0 12 HR Emissions Limit Ratio Feed A Feed B Feed C SynG Feed System Aux Systems Atv 1 Atv 2 Pres %IP Clr T-In T-Out Visc CWT CWP S10 PWR VentP VentT C57D Null-A Jup2 S200 MGA Grok 2 2 071608 08:55:07 RX2 LOW CRM –QUALITY EXC LVL LVL Reactor 1 Thionite Mid-Run ON CLEAR Prod: State: Agit: Locks: Run Plan: Actual: IN OUT Balance Menus Main Menu Feed Sys Aux Sys Reactor 1 L2 Trend Control Comp A Comp B 72.0 80.0 2 HR Cool CPC CRM Rate Reactor 2 CRM-114 Mid-Run ON CLEAR Prod: State: Agit: Locks: Run Plan: Actual: Balance Comp A Comp B 60.0 68.0 2 HR Cool CPC CRM Rate IN OUT Hydrog A Bed A1 Bed A2 Suct Dsch OK OK OK CLEAR VIB: BRG: OIL: Locks: Cycle Comp A 470 500 F L O W 2 HR Hydrog B Bed B1 Bed B2 Suct Dsch OK OK OK CLEAR VIB: BRG: OIL: Locks: Cycle Comp B 470 500 F L O W 2 HR Alarms: ACK UNACK Toggle List /Summary P1 0 0 P2 1 0 P3 2 1 P4 4 1 Reactor 2 Hydrog A Hydrog B L3 L4 70 80 % 12 HRKey Performance Indicators Conversion Efficiency 0.5 1.0 12 HR Emissions Limit Ratio Feed A Feed B Feed C SynG Feed System Aux Systems Atv 1 Atv 2 Pres %IP Clr T-In T-Out Visc CWT CWP S10 PWR VentP VentT C57D Null-A Jup2 S200 MGA Grok 2 2 071608 08:55:07 RX2 LOW CRM –QUALITY EXC LVL LVL 010 memory), que, por serem intrinsecamente voláteis, eram acompanhadas de baterias que as mantinham permanentemente alimentadas. Depois, as memórias PROM (programmable read only memory) passaram a ser empregadas, porém, não eram reprogramáveis. O próximo passo foi adotar as memórias não voláteis EPROM (erasable programmable read only memory), que eram apagadas pela exposição à luz ultravioleta. Surgiram, então, as memórias EEPROM (electrically erasable read only memory), que podiam ser apagadas eletricamente. (Parede; Gomes, 2011) 3.3 Módulos de entrada e saída (E/S) Os módulos de entrada e saída (E/S) são utilizados para permitir a comunicação entre o CLP e os dispositivos externos. Esses dispositivos podem ser divididos em dois grandes grupos, segundo Parede e Gomes (2011): Dispositivos de entrada – classificados como entradas digitais e entradas analógicas; Dispositivos de saída – classificados como saídas digitais e saídas analógicas. TEMA 4 – FUNCIONAMENTO DOS CONTROLADORES Os controladores apresentam 3 partes básicas para seu funcionamento: entradas, unidade central de processamento e saídas. Figura 4 – Estrutura básica dos CLPs Fonte: Zancan (2011). Nas entradas do CLP são conectados os transdutores, dispositivos que informam eletricamente as variáveis do processo à Unidade Central de Processamento (CPU). Esta, por sua vez, analisa as informações de entrada, a lógica de funcionamento do processo programada pelo usuário, ativando ou 011 desativando as saídas do CLP. As saídas do CLP são conectadas a elementos atuadores, dispositivos que interagem com o processo, a fim de controlá-lo. O controle e o processamento das informações de entrada e saída são realizados de forma sequencial, por meio de ciclos de varredura, conforme mostra a figura a seguir. Figura 5 – Ciclo de varredura do CLP Fonte: Zancan (2011). 4.1 Início Ao ligar o CLP, é verificado o funcionamento da CPU, as memórias, os circuitos auxiliares e a existência de programa, desativando todas as saídas (Zancan, 2011). 4.2 Verificando o estado das entradas O CLP faz a leitura do estado de cada uma das entradas, verificando se alguma foi acionada. Este procedimento dura alguns microssegundos (Zancan, 2011). 012 4.3 Transferência de dados para a memória Após realizar a leitura do estado das entradas, o CLP armazena as informações obtidas em uma memória chamada “memória imagem das entradas e saídas”. Esta memória será consultada pelo CLP durante o processamento do programa do usuário (Zancan, 2011). 4.4 Comparação com o programa do usuário Ao executar o programa do usuário, o CLP consulta a memória imagem das entradas, atualizando a memória imagem das saídas, de acordo com as instruções do programa do usuário (Zancan, 2011). Figura 7 – Exemplo de programa do usuário 4.5 Atualização das saídas Após atualizar a memória imagem das saídas, o CLP atualiza as interfaces ou módulos de saída, iniciando então um novo ciclo de varredura (Zancan, 2011). 013 TEMA 5 – VANTAGENS E DESVANTAGES DA IMPLEMENTAÇÃO DA AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL A seguir, apresentaremos as vantagens e as desvantagens que a implementação da automação industrial proporciona de acordo com a ideia de Lamb (2015). 5.1 Vantagens Operadores ou humanos com tarefas de trabalhos pesadas ou monótonas podem ser substituídos. Operadores humanos que realizam tarefas em ambientes perigosos, como aqueles com temperaturas extremas ou em atmosferas radioativas e tóxicas, podem ser substituídos. Tarefas que estão além da capacidade humana foram facilitadas. O manuseio de cargas grandes ou pesadas, a manipulação de elementos minúsculos ou as exigências para se fabricar um produto de forma muito rápida ou muito lenta são exemplos disso. A produção é mais rápida e os custos de mão de obra são menores por produto em comparação às operações manuais equivalentes. Os sistemas de automação conseguem incorporar facilmente inspeções e verificações a fim de reduzir o número de produtos fora de um determinado padrão de produção, permitindo o controle estatístico de processo que gerará produtos mais consistentes e uniformes. A automação serve de catalisador para melhoria da economia das empresas e da sociedade. Por exemplo, o produto nacional bruto e o padrão de vida da Alemanha e do Japão aumentaram drasticamente no século XX, em grande parte por esses países terem incorporado a automação em sua produção de armas, automóveis, têxteis e outros bens para exportação. Os sistemas de automação não tiram férias ou ficam doentes. 5.2 Desvantagens A tecnologia atual não é capaz de automatizar todas as tarefas desejadas. Certas tarefas não podem ser facilmente automatizadas, como a produção ou a montagem de produtos cujos componentes têm inconsistência de 014 tamanhos ou tarefas em que a habilidade manual é necessária. Alguns produtos precisam de manipulação humana. Algumas tarefas custam mais para serem automatizadas do que para serem realizadas de forma manual. A automação é aplicável em processos repetitivos, consistentes e que envolvem grandes volumes de produtos. É difícil prever com precisão o custo de pesquisa e desenvolvimento para automatizar um processo. Uma vez em que esse custo pode ter um grande impacto sobre a rentabilidade, geralmente se descobre que não houve vantagens econômicas na automação de um processo somente quando ela já esta implantada. No entanto, com o advento e a continuidade do crescimento de diferentes tipos de linhas de produção, é possível fazer estimativas mais precisas baseadas em projetos anteriores. Os custos iniciais são relativamente altos. A automação de um novo processo, ou a construção de uma nova planta, precisa de um investimento alto em comparação com o custo unitário do produto. Mesmo as máquinas que já possuem os custos de desenvolvimentos recuperados se tornam caras em termos de hardware e mão de obra. O custo pode ser proibitivo para as linhas de produção personalizadas, em que o manuseio de ferramentas e de produtos dever ser realizado. Geralmente, é necessário um departamento de manutenção qualificado para consertar e manter os sistemas de automação em bom funcionamento. Falhas no sistema de automação podem resultar em perdas totais de produção ou em uma produção defeituosa. 5.3 Análise das vantagens e desvantagens No geral, as vantagens parecem superar as desvantagens. Seguramente, é possível dizer que os países que adotaram a automação desfrutam de um padrão de vida mais elevado do que aqueles que não a adotaram. Independentemente das implicações sociais que possam ocorrer, não existem dúvidas de que a produtividade aumenta com a aplicação adequada de técnicas de automação (Lamb, 2015). 015 5.4 A sociedade do conhecimento É certo que todas essas mudanças tecnológicas desenvolveram novas formas de trabalho, e que trouxeram novas exigências de qualificação e perfil do trabalhador (Capelli, 2015). No final de século XX, a automação e a produtividade reduziram o percentual de funcionários que desempenham funções de trabalhos tradicionais, enquanto na demanda competitiva houve aumento dos que desempenham funções analíticas: engenharia, marketing, gerenciamento e administração. Mesmo os indivíduos ligados diretamente à produção e à prestação de serviços são valorizados por suas sugestões para melhorar a qualidade, reduzir custos e diminuir ciclos (Capelli, 2015). Essa competitividade nosleva, segundo Capelli (2015): A uma constante necessidade de investimento na formação de cada indivíduo; Certamente o capital intelectual é o bem mais precioso de qualquer empresa. Qualquer que seja o segmento industrial, a automação tornou-se necessária à sobrevivência em mercados dinâmicos e flexíveis, em que a presença humana é bem remunerada. FINALIZANDO Como vimos nesta primeira aula, apresentamos um pouco da evolução dos controladores lógicos programáveis e os desafios iniciais para a implementação deste produto em linhas de produção. A implantação de sistemas de automação nos impõe desafios que devem ser avaliados para que custos, serviços de desenvolvimento e implementação da solução de automação atinja a necessidade e a qualidade exigidas pelo cliente final. A partir da próxima aula, vamos nos aprofundar nas interfaces dos CLPs com o processo, sendo estas: entradas e saídas e sensores de campo. 016 REFERÊNCIAS PAREDE, I. M.; GOMES, L. E. L. Eletrônica 6: Automação Industrial. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. (Coleção Técnica Interativa. Série Eletrônica, v. 6) CAPELLI, A. Automação industrial: controle do movimento e processos contínuos. São Paulo: Editora Erica, 2015. LAMB, F. Automação industrial: na prática. Porto Alegre, RS: McGraw-Hill, 2015. ZANCAN, M. D. Controladores programáveis. 3 ed. Santa Maria, RS: Universidade Federal de Santa Maria; Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. JESUS JUNIOR, S. F.; SILVA, S. J. G. Evolução da automação industrial. Disponível em: <https://www.dca.ufrn.br/~affonso/FTP/DCA447/trabalho1/trabalho 1_18.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2017. AULA 2 FUNDAMENTOS DE SISTEMAS DE CONTROLE Prof. Alexandre Arioli 02 CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo à sua segunda aula de Fundamentos de Sistemas de Controle. Nesta segunda aula, abordaremos os sinais digitais/analógicos e os sensores. Você conhecerá as entradas e as saídas digitais e analógicas. Nós analisaremos os sensores discretos e analógicos e suas aplicações nos processos industriais. Neste contexto, a ideia é que, ao final da aula, você tenha uma boa noção dos tipos de sinal e dos sensores que podem ser utilizados para a automação de um processo. CONTEXTUALIZANDO Os controladores lógicos programáveis podem processar sinais analógicos e digitais, sendo estes tratados e interpretados pela UCP. Para o controle de um processo, os CLPs reagem a uma informação de entrada que é processada, analisada e resulta em uma atuação nas saídas. As entradas podem ser obtidas de forma discreta ou analógica. A utilização de sensores é essencial para o controle de processo industrial, energético, têxtil, alimentícios, petroquímico, entre outros. Por meio das informações provenientes dos sensores podemos controlar níveis, pressões, motores, esteiras, prensas e outros diversos equipamentos, componentes e processos. Os sensores também são utilizados na área de proteção de máquinas (NR12), para a qual existe uma legislação específica. Vamos, nesta segunda aula, entender um pouco sobre as interfaces digitais e analógicas dos CLPs, sensores e suas aplicações para controle de processos. TEMA 1 – ANALÓGICO E DIGITAL 1.1 Sinal Digital Os elementos básicos da lógica de automação são os estados digitais. Um interruptor e um sinal só podem estar ligados ou desligados (on ou off). Estes estados são representados por um sinal, sendo 0 para desligado e 1 para ligado. Existem muitos elementos em um esquema de automação representáveis por 1 ou 0: o estado de um interruptor ou de um sensor, o estado de um motor, de uma válvula, ou mesmo o estado de uma máquina (Lamb, 2015). 03 Figura 1 – Sinal digital Fonte: O autor. 1.2 Sinal analógico Muitas vezes, não é possível descrever os estados de diversos dispositivos de forma tão simples. Um motor pode estar ligado ou desligado, mas ele também apresenta outros parâmetros, como a velocidade – que só pode ser descrita numericamente. Para essa finalidade, uma representação analógica desse valor é usada. Dependendo do tipo dos números usados, um valor analógico pode ser representado por um número inteiro ou um número real com vírgula decimal. Os sinais das entradas analógicas assumem a forma de variações de tensão ou corrente. Um dispositivo analógico pode medir posição, velocidade, vazão ou outra característica física. Esses sinais são conectados a um circuito, o qual os converte em números digitais. Os sinais elétricos são convertidos em digitais a partir de entradas analógicas por meio de um circuito conversor analógico-digital (ADC - Analog to Digital Converter). Os sinais são convertidos de digitais em analógicos, utilizando um conversor digital-analógico (DAC - Digital to Analog Converter). Figura 2 – Conversão A/D Fonte: O autor. 04 1.2.1 Escala de conversão analógica Os valores analógicos devem ser convertidos em unidades de medidas para serem exibidos. A fórmula para tal é derivada da fórmula de uma reta, Y=mx+b, em que m é um escalar criado da divisão da unidade de engenharia pela faixa de corrente e tensão, x é o valor analógico obtido do sinal de entrada, e b é o deslocamento. Y é o valor das unidades de engenharia a ser exibido (Lamb, 2015). Como exemplo, suponhamos que temos uma entrada de 4 a 20mA representando determinado peso, em quilos. Em 4mA, temos que o valor lido é de 0 quilos, enquanto o valor de 20mA representa o valor de leitura de 100 quilos. Suponha que um cartão de 16 bits dê a leitura de 0 para 4 mA e de 65.536 para 20mA. Então, a faixa de peso é 100 e a faixa de corrente, 65.536. O escalar é, portanto, 100/65.536 = 0,0015259, o número de quilos por contagem digital. Neste exemplo, supõem-se um valor de 27.000 no cartão. Multiplicando pelo escalar, chegamos ao valor de 41,199 quilos (Lamb, 2015). Escalar da range de engenharia 100 (máximo) – 0 (mínimo) = 100. Escalar do range da entrada analógica do CLP 65.535 (máximo) – 0 (mínimo) = 65.535. M = Escalar da range de engenharia / Escalar do range da entrada analógica do CLP. B = 0, pois o valor inicial da escala é 0. X = 27.000. Y = 0,0015259*27.000+0. Y = 41,199 kg. A seguir, será apresentado um exemplo de conversão de escala em um CLP Rx3i da GE. Esta conversão foi desenvolvida para sinais inteiros e com casas após a vírgula (ponto flutuante). Variáveis da Fórmula MaxUE máximo da escala de engenharia; MinUE mínimo da escala de engenharia; MaxIO máximo da entrada analógica; MinIO mínimo da entrada analógica; Atual valor da entrada analógica. 05 Fórmula – Valor = (Escalar * Valor da entrada analógica) + Deslocamento Escalar ((MaxUE – MinUE) / (MaxIO – MinIO)); Valor da entrada analógica Atual (0 a 4095); Deslocamento valor inicial da unidade de engenharia (MinUE). Figura 3 – Exemplo de conversão de Escala no CLP Rx3i da GE Fonte: O autor. TEMA 2 – ENTRADAS E SAÍDAS DIGITAIS Para que um CLP, por meio de um programa, controle adequadamente determinado processo, é necessário que ele possua dispositivos de entrada e saída digitais compatíveis com as variáveis do processo e com as estratégias de controle desejadas. 06 2.1 Entradas digitais Apesar de as variáveis físicas, tais como temperatura, pressão, força, massa etc., terem comportamento analógico, a maioria dos processos é controlada por meio de informações digitais, provindas de sensores, botoeiras, chaves fim de curso, termostatos, pressostatos etc., tornando as entradas digitais as mais presentes e as mais utilizadas em CLPs (Zancan, 2011). As entradas digitais de um CLP estão aptas a identificar a presença ou não de um sinal elétrico provindo de determinado dispositivo, dentro de uma determinada faixa de valores, reconhecendo a presençado sinal, mas não sua amplitude. Os valores de tensão mais utilizados em entradas digitais são 24 Vcc e 110 a 220 Vca (Zancan, 2011). Para que a CPU possa interpretar corretamente as informações elétricas que chegam às entradas digitais, o CLP dispõe de módulos de entrada, responsáveis pela adequação elétrica dos sinais (Zancan, 2011). 2.1.1 Dispositivos para entradas digitais Os dispositivos para entradas digitais devem fornecer às entradas digitais do CLP informações elétricas binárias correspondentes a dois níveis diferentes de tensão, respeitando as especificações de valores do CLP. Como exemplo, podemos ter 0 Vcc para baixo nível (desativada) e 24 Vcc para alto nível (ativada) (Zancan, 2011). Como exemplo de dispositivos para entradas digitais, temos os interruptores, as botoeiras, chaves fim de curso, os termostatos, pressostatos, sensores digitais capacitivos, indutivos e fotoelétricos etc., conforme mostra a figura a seguir (Zancan, 2011). 07 Figura 4 – Dispositivos para entradas digitais: (1) interruptor; (2) botoeira; (3) chave fim de curso; (4) termostato; (5) pressostato; (6) sensor indutivo Fonte: Zancan (2011). 2.2 Saídas digitais As saídas digitais são as mais utilizadas em CLPs devido à sua simplicidade, uma vez que estas podem assumir somente duas situações: acionada ou desacionada. Quando uma saída digital está acionada, se comporta como uma chave fechada, energizando o dispositivo atuador. Quando desacionada, se comporta como uma chave aberta, desenergizando o dispositivo atuador. A comutação das saídas pode ser à transistor ou à relé, aplicando no dispositivo atuador a tensão fornecida à saída, geralmente 24 Vcc, 127 Vca ou 220 Vca (Zancan, 2011). 2.2.1 Dispositivos para saídas digitais Como as saídas digitais comportam-se como chaves abertas ou fechadas, podemos utilizá-las para comutar um circuito elétrico com tensão compatível com os terminais do CLP e com os equipamentos elétricos conectados à saída, acionando-os ou os desacionando. Entretanto, o CLP é um equipamento lógico, projetado para acionar pequenas cargas elétricas, geralmente dispositivos eletromecânicos ou eletrônicos de acionamentos, tais como contatores, lâmpadas 08 de sinalização, soft-starters, válvulas eletro-hidráulicas ou eletropneumáticas etc., capazes de acionar cargas elétricas de maior potência, como mostra a figura a seguir. Figura 5 – Dispositivos para saídas digitais: (1) contator; (2) soft-starter; (3) lâmpadas de sinalização; (4) válvula eletro-hidráulica Fonte: Zancan (2011). TEMA 3 – ENTRADAS E SAÍDAS ANALÓGICAS Para que um CLP, por meio de um programa, controle adequadamente determinado processo, é necessário que ele apresente dispositivos de entrada e saída analógicas compatíveis com as variáveis do processo e com as estratégias de controle desejadas. 3.1 Entradas analógicas As entradas analógicas de um CLP são geralmente empregadas em processos que exigem um controle mais preciso, identificando e atualizando, a cada varredura, o valor instantâneo da variável de entrada. As principais variáveis físicas medidas por entradas analógicas são de temperatura e pressão. Para isso, são utilizados alguns dispositivos, tais como os sensores de pressão e 09 termopares, que convertem as variáveis físicas em sinais elétricos proporcionais, cujas amplitudes são reconhecidas pelas entradas analógicas do CLP. Esses sinais elétricos podem ser de tensão ou corrente, cuja faixa de valores mais utilizada é, respectivamente, 0 a 10 Vcc e 4 mA a 20 mA (Zancan, 2011). 3.1.1 Dispositivos para entradas analógicas Os dispositivos para entradas analógicas devem ser compatíveis com as entradas analógicas do CLP, em relação ao tipo de sinal (corrente ou tensão) e à faixa de valores deste sinal, fornecendo ao CLP sinais elétricos variáveis, proporcionais à variação da grandeza física que está sendo medida (Zancan, 2011). Como exemplo de dispositivos para entradas analógicas, temos os potenciômetros, os sensores de pressão, sensores de vazão, sensores de distância, termopares etc., conforme mostra a figura a seguir (Zancan, 2011). Figura 6 – Dispositivos para entradas analógicas: (1) potenciômetro; (2) sensor de pressão; (3) termopar; (4) sensor de vazão; (5) sensor de distância Fonte: Zancan (2011). 010 3.2 Saídas analógicas As saídas analógicas de um CLP são geralmente utilizadas em processos que exigem um controle mais preciso, ajustando o funcionamento dos atuadores às necessidades do processo. Os sinais elétricos das saídas analógicas podem ser de tensão ou corrente, cujas faixas de valores mais utilizadas são, respectivamente, 0 a 10 Vcc e 4 mA a 20 mA. Dessa forma, os atuadores receberão das saídas analógicas sinais elétricos variáveis, não apenas energizando os equipamentos, mas, principalmente, definindo a intensidade de sua atuação no processo (Zancan, 2011). 3.2.1 Dispositivos para saídas analógicas Os dispositivos para saídas analógicas recebem do CLP sinais elétricos variáveis, de tensão ou corrente, controlando a atuação de um equipamento elétrico. Temos como exemplos: controle de temperatura, controle de nível, controle de rotação de motores elétricos etc. Para isso, são necessários circuitos ou equipamentos eletrônicos auxiliares que recebem a informação analógica do CLP, atuando diretamente no funcionamento dos equipamentos elétricos, como um conversor de frequência, equipamento eletrônico destinado ao controle de rotação de motores de indução. A figura a seguir mostra um conversor de frequência (Zancan, 2011). Figura 7 – Inversor de frequência Fonte: O autor. 011 TEMA 4 – SENSORES DISCRETOS Sinal quantificado que indica a existência ou não de um evento. Pode assumir os valores 0 (zero) ou 1 (um), bem como uma combinação destes. Os sensores discretos são utilizados para monitorar a ocorrência ou não de determinado evento. Apresentam, em sua saída, dois estados distintos, como ligado (on) ou desligado (off), ou a presença ou ausência de determinada grandeza elétrica (Fluentes, 2005). Figura 8 – Fim de curso Fonte: O autor. Podem ser dispositivos eletromecânicos simples e de baixo custo, como microswitchs e interruptores fim de curso. Há também os eletrônicos, como os sensores de proximidade indutivos e capacitivos (Fluentes, 2005). Conheça as características dos Sensores Discretos eletromecânicos e eletrônicos, segundo Fluentes (2005): Eletromecânicos Necessidade de contato físico com o alvo; Baixa velocidade de resposta; Baixa frequência de comutação; Vida útil limitada dos contatos; Baixo custo. Eletrônicos Não necessita de contato físico com o alvo; Alta velocidade de repostas; Não apresenta limitações de ciclos de operação; Custo elevado. 012 Os sensores de proximidade discretos detectam a presença de um objeto em determinada posição do espaço. Muitos sistemas de produção utilizam chaves eletromecânicas para a determinação da posição dos movimentos executados. Entretanto, estes componentes necessitam de contato físico e apresentam limitações quanto à velocidade de atuação. A atual tecnologia eletrônica permitiu o desenvolvimento de diversos modelos de sensores de proximidade com características específicas para as mais variadas aplicações (Fluentes, 2005). Tipos de sensores discretos: Magnéticos; Indutivos; Capacitivos; Ópticos. A seguir, apresentaremos alguns exemplos de aplicações em que os sensores discretos podem ser utilizados. Figura 9 – Detecção de posição Fonte: Fluentes (2005). Figura 10 – Contagem de peças Fonte: Fluentes (2005). Figura 11 – Detecção de nível Fonte: Fluentes (2005). 013 4.1 Sensores indutivos Os sensores de proximidade indutivos são dispositivos eletrônicos capazesde detectar a aproximação de peças metálicas, em substituição às tradicionais chaves fim de curso. A detecção ocorre sem que haja contato físico, aumentando a vida útil do sensor por não possuir peças móveis sujeitas a desgastes mecânicos (Fluentes, 2005). 4.2 Sensores capacitivos O sensor capacitivo tem como principal vantagem poder detectar objetos metálicos e não metálicos, ao contrário do indutivo, que só detecta objetos metálicos. Outra vantagem é que essa detecção pode ser realizada com objetos que estejam dentro de recipientes não metálicos. Esses sensores são usados geralmente na indústria de alimentos e para verificar os níveis de fluidos e sólidos dentro de tanques. Os sensores capacitivos não são tão precisos quanto os indutivos, além de serem mais sensíveis à variação do ambiente. 4.3 Sensores fotoelétricos Os sensores fotoelétricos, também conhecidos por sensores ópticos, manipulam a luz de forma a detectar a presença do acionador, que, na maioria das aplicações, é o próprio produto (Fluentes, 2005). 4.3.1 Sistema de barreira O transmissor e o receptor estão em unidades distintas e devem ser dispostos um frente ao outro, de modo que o receptor possa constantemente receber a luz do transmissor. O acionamento da saída ocorre quando o objeto a ser detectado interrompe o feixe de luz. 014 Figura 12 – Barreia de luz instalada em uma prensa Fonte: O autor. 4.3.2 Sistema por difusão (fotosensor) Neste sistema, o transmissor e o receptor são montados na mesma unidade. O acionamento da saída ocorre quando o objeto a ser detectado entra na região de sensibilidade e reflete para o receptor o feixe de luz emitido pelo transmissor (Fluentes, 2005). 4.3.3 Sistema retro-refletivo Este sistema apresenta o transmissor e o receptor em uma única unidade. O feixe de luz chega ao receptor somente após ser refletido por um espelho prismático, e o acionamento da saída ocorrerá quando o objeto a ser detectado interromper este feixe (Fluentes, 2005). 015 Figura 13 – Sensor retro-refletivo Fonte: Fluentes (2005). 4.3.4 Informações sobre os sensores ópticos A seguir serão apresentados alguns conceitos para a utilização de sensores ópticos. Background: Alguns sensores ópticos podem apresentar supressores de background, ou seja, serão insensíveis ao fundo brilhante. Portanto, se houver um fundo brilhante, isso pode confundir a detecção do objeto, mesmo que este fundo esteja fora da distância sensora máxima. Zona Morta: Existe uma área próxima ao sensor onde não é possível a detecção do objeto, pois, nesta região, a reflexão da luz não consegue chegar ao receptor. A zona morta normalmente é de 10 a 20% da distância sensora. Interferências do meio: Os sensores ópticos não são 100% imunes à iluminação do ambiente. Algumas recomendações são: não colocar lâmpada fluorescente muito próximo do sensor, nem deixar luz solar incidir diretamente sobre as lentes. Fator de redução: Alguns catálogos de sensores apresentam tabelas de fatores de correção em função do material e da cor do objeto a ser detectado. Ajuste de Sensibilidade: Todos os modelos fotossensores apresentam um potenciômetro para ajuste de sensibilidade, o qual tem como função ajustar a distância sensora de modo que o sensor discrimine somente o objeto a ser detectado. TEMA 5 – SENSORES ANALÓGICOS Os sensores analógicos produzem uma saída proporcional a uma propriedade de medida. Frequentemente, há compensações e erros lineares 016 associados aos sensores analógicos que ser precisam ser levados em conta ao se utilizar de medidas resultantes, e uma calibração em relação a um padrão conhecido costuma ser requerida (Lamb, 2015). 5.1 Ultrassônicos Os sensores ultrassônicos transmitem pulsos de som em uma alta frequência e avaliam o eco recebido de volta ao sensor. Os sensores calculam o intervalo de tempo entre o sinal e o eco recebido para determinar a distância na qual se encontra um objeto (Lamb, 2015). Os sensores ultrassônicos são usados para medir distâncias, sendo comuns em aplicações que medem líquidos e níveis de tanque. Essa tecnologia é limitada pelas formas das superfícies e pela densidade ou consistência de um material. Por exemplo, a espuma na superfície de um fluído em um tanque pode distorcer uma leitura (Lamb, 2015). Figura 14 – Sensor ultrassônico Fonte: O autor. 5.2 Sensor de temperatura O dispositivo mais comum para medir a temperatura é o termopar. Os termopares são empregados na ciência e na indústria. Algumas aplicações incluem medidas de temperatura de fornos e na moldagem de plásticos por injeção, medidas de temperatura exaustivas de turbinas a gás e vários outros processos industriais (Lamb, 2015). 017 Figura 15 – Sensor PT100 Fonte: O autor. 5.3 Sensor de pressão Os sensores de pressão são utilizados em aplicações que incluem medidas de pressão de tanques, rede de distribuição de água, circuitos hidráulicos e vários outros processos industriais. Figura 16 – Sensor de pressão Fonte: O autor. 5.4 Sensor radar Com os sensores radares, é possível medir os níveis, a velocidade e o volume, por exemplo, de um tanque. Os sensores radares funcionam em ambientes com muita poeira, podendo ser utilizados na medição de tanques, silos entre outras aplicações. Esse sensor possui a capacidade de isolar partículas soltas, assim como as características do ambiente de medição (tanques, silos entre outros), focando no nível real de material dentro dele. Figura 17 – Sensor radar Fonte: O autor. 018 FINALIZANDO Nesta segunda aula, apresentamos um pouco sobre os tipos de sinais existentes, que são interpretados pelos controladores lógicos programáveis, os tipos de interface (entradas e saídas) que os CLPs utilizam para aquisitar/comandar sinais de campo, e os tipos de sensores discretos e analógicos existentes para detecção de elementos e medições de variáveis de um processo, tais como: temperatura, níveis, pressão, entre outras. As análises dos dispositivos corretos para interface com os elementos de um processo nos impõem desafios que devem ser avaliados para que o resultado final do controle atinja necessidade e qualidade exigidas pelo cliente final. 019 REFERÊNCIAS CAPELLI, A. Automação Industrial: controle do movimento e processos contínuos. São Paulo, Erica, 2015. FLUENTES, R. C. Apostila de Automação Industrial. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria; Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2005. Disponível em: <http://w3.ufsm.br/fuentes/index_arquivos/CA03.pdf>. Acesso em: 2 nov. 2017. LAMB, F. Automação Industrial: na prática. Porto Alegre, RS: McGraw-Hill, 2015. ZANCAN, M. D. Controladores programáveis. 3 ed. Santa Maria, RS: Universidade Federal de Santa Maria; Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2011. AULA 3 FUNDAMENTOS DE SISTEMAS DE CONTROLE Prof. Alexandre Arioli 02 CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo à sua terceira aula de Fundamentos de Sistemas de Controle. Nesta aula, abordaremos os sistemas de numeração e 4 tipos de linguagem de programação existentes na norma 61131-3. Analisaremos os tipos de linguagem textuais (lista de instrução e texto estruturado), linguagem gráfica de diagrama de blocos de funções e sequenciamento gráficos de funções. Neste contexto, a ideia é que, ao final da aula, você tenha uma boa noção dos tipos de métodos de programação que podem ser utilizados para a automação de um processo. CONTEXTUALIZANDO Os controladores lógicos programáveis podem apresentar tipos/formato de dados e tipos de programação que devem ser de conhecimento dos técnicos e dos engenheiros que trabalham com tais equipamentos. Para a área de automação industrial, existe uma norma direcionada aoscontroladores lógicos programáveis, a IEC61131-3, que é de muita importância, pois ajuda os técnicos iniciantes em determinada área a fazer o serviço técnico da melhor forma possível, e possibilita aos técnicos experientes comprovar seus métodos de trabalho. Na implementação das lógicas de controle nos CLPs, podemos utilizar mais de uma forma de programação, sendo que esta condição deve ser avaliada pelo corpo técnico na etapa de planejamento do projeto. Vamos, então, nesta terceira aula, entender um pouco sobre os tipos/formatos dos dados e conhecer os 4 tipos de programação descritos na norma IEC61131-3. TEMA 1 – SISTEMA DE NUMERAÇÃO Vários sistemas são usados para a representação numérica no mundo da automação. Alguns deles são configurados para facilitar o uso pelos sistemas baseados em computadores ou em microprocessadores, enquanto outros são mais voltados para a alta precisão ou têm intuito de facilitar a interpretação pelos seres humanos (Lamb, 2015). 03 1.1 Binário ou booleano O sistema de numeração binário é um sistema de base 2, em que em cada dígito pode ser somente 0 ou 1. Os computadores usam esse sistema internamente devido à natureza lógica das portas ou switches dos sistemas de computação. Os números 1 e 0 podem ser agrupados de tal maneira que facilite a conversão em outros sistemas de numeração (Lamb, 2015). Embora não estejam relacionadas de forma direta com o sistema de numeração binária, as operações lógicas, em uma sequência de caracteres binários, são chamadas de booleanos ou operações bit a bit. Por essa razão, o sistema binário é, em alguns momentos, citado como sistema booleano (Lamb, 2015). Quadro 1 – Potência de base 2 Fonte: Lamb (2015). Tabela 1 – Conversão binário decimal Fonte: Lamb (2015). 04 1.2 Decimal O sistema numérico ao qual as pessoas estão mais habituadas é o sistema decimal, ou sistema de base 10. Esse sistema possui uma raiz de 10 e permite que números fracionários sejam representados convenientemente, utilizando um ponto de raiz na base 10 ou um ponto decimal (Lamb, 2015). Figura 1 – Potência de base 10 Fonte: Lamb (2015). 1.3 Hexadecimal O sistema hexadecimal é um sistema de base 16. Seu principal uso é como uma apresentação facilmente conversível em grupos de dígitos binários. Ele utiliza 16 símbolos: 0 até 9 para representar os 10 primeiros dígitos, e de A até F para os valores entre 10 e 15. Uma vez que cada dígito representa quatro dígitos binários, ele serve como uma abreviação dos valores na base 2 (Lamb, 2015). Tabela 2 – Conversão hexadecimal binário Fonte: Lamb (2015). 05 1.4 Ponto flutuante e real Os números considerados não inteiros são representados por pontos flutuantes ou números reais. Normalmente, esses números se apresentam utilizando 32 bits e também são conhecidos como precisão simples de 32 bits (Lamb, 2015). Os números de ponto flutuante permitem que um ponto da raiz seja variável, o que depende de um número muito grande ou muito pequeno a ser representado. Como o ponto da raiz pode ser colocado em qualquer lugar em relação aos seus dígitos significativos do número, os números de ponto flutuante conseguem suportar faixas de valores muito maiores do que as dos pontos fixos e dos inteiros (Lamb, 2015). A representação de ponto flutuante é vantajosa, pois suporta uma faixa de valores bem maior. Porém, o formato de um ponto flutuante requer um pouco mais de armazenamento para codificar os pontos da base (Lamb, 2015). Figura 2 – Representação do ponto flutuante Fonte: Lamb (2015). 1.5 Bytes e palavras Os bits podem ser agrupados, por conveniência, em 8 bits, ou 1 byte, ou em 16 bits, ou 1 palavra (Word). Essas estruturas numéricas são convenientes para a passagem de pacotes de informação que incluem números e caracteres de texto. Os bytes ainda são subdivididos em 4 bits (nibbles), utilizados para representar hexadecimais. Palavras duplas de 32 bits, ou inteiros duplos, também são usadas em técnicas de agrupamento (Lamb, 2015). 06 1.6 ASCII O ASCII é um padrão de codificação utilizado para representar palavras e caracteres de texto. Ele é implementado como um esquema de codificação de caracteres, principalmente em computadores e equipamentos de comunicação. O ASCII inclui definições para 128 caracteres. Desses, 33 são de controle não imprimíveis, em sua maior parte obsoletos, que afetam a forma como o texto é processado; 94 são de impressão, e o espaço é considerado um gráfico invisível (Lamb, 2015). TEMA 2 – NORMA 61131-3 Em 1992, a International Electrotechnical Commission (IEC – Comissão Internacional de Eletrotécnica) publicou edição da norma IEC61131 com o objetivo de estabelecer padrões para os controladores programáveis. Essa norma, em vários capítulos, possibilitou a definição de critérios para cada um dos tópicos relacionados aos CLPs (Parede; Gomes, 2011). Os capítulos são os seguintes: 61131-1 – Informações gerais sobre os CLPs; 61131-2 – Requisitos de hardware; 61131-3 – Linguagem de programação; 61131-4 – Guia de orientação ao usuário; 61131-5 – Comunicação. São abordados aqui os padrões de linguagens de programação de CLPs apresentados na IEC 61131-3. Vale ressaltar que, mesmo que se trate de um capítulo à parte, a IEC 61131-3 especifica as semânticas e sintaxes para as linguagens de programação dos controladores definidos na IEC 61131-1 no que se refere aos conceitos gerais. A IEC 61131-5 trata da comunicação de dados internos, uma vez que esses tópicos estão indiretamente interligados (Parede; Gomes, 2011). A primeira edição da IEC 61131-3 foi publicada em dezembro de 1993, e a segunda, em 2003. Essa norma define que, para um CLP estar de acordo com os padrões por ela estabelecidos, deve possuir ao menos duas linguagens gráficas e duas linguagens de texto para sua programação. Assim, em consenso entre os atuais fabricantes, é preciso, segundo Parede e Gomes (2011), trabalhar com as seguintes linguagens: 07 Textuais IL – instruction list ou lista de instruções; ST – structured text; Gráficas LD – ladder diagram ou diagrama Ladder; FDB – function block diagram ou diagrama de blocos de funções. Um quinto modo de programar alguns equipamentos de mercado é o SFC – sequential function chart ou sequenciamento gráfico de funções –, que possui elementos para organizar programas de maneira sequencial e permite também o controle paralelo de processos. Entre essas linguagens de programação, alguns parâmetros são definidos para que realmente haja certa compatibilidade entre os equipamentos. Tais parâmetros, de acordo com Parede e Gomes (2011), podem ser definidos como dados, variáveis, configuração e organização das unidades de programa. 2.1 Dados Segundo Parede e Gomes (2011), a norma prevê os seguintes tipos de dados: Grupo de bits: grupo de valores binários (on/off). BOOL: 1 bit; BYTE: 8 bits; WORD: 16 bits; DWORD: 32 bits; LWORD: 64 bits. Inteiros: números inteiros e reais. SINT: curto (1 byte); INT: inteiro (2 bytes); DINT: duplo inteiro (4 bytes); LINT: longo inteiro (8 bytes). Real: ponto flutuante, ou seja, considera fracionários na utilização do número, conforme a IEC 559 (1982). REAL: 4 bytes; LREAL: 8 bytes. Tempo: duração de timers e processos. 08 Data e hora do dia. DATE: data do calendário; TIME_OF_DAY: hora local; DATE_AND_TIME: data e hora local. String: caracteres que podem ser expostos em cotas únicas – normalmente para a transmissão de caracteres ASCII (american standard code for information interchange) para outros dispositivos. WSTRING: permitir o envio de várias strings; ARRAYS: múltiplos valores armazenados na mesma variável; SUB RANGES: definir limites de valorespara a entrada ou para a saída de dados – por exemplo, sinais de 4 a 20 mA. 2.2 Variáveis Ainda, para Paredes e Gomes (2011), as variáveis podem ser do tipo: Global: serve a todo o programa e não necessariamente só a uma parte dele; Local: serve somente a uma parte do programa; I/O mapping: mapeamento de todas as entradas e saídas em relação a posições de memória predefinidas; External: mapeamento definido exclusivamente como pontos de entrada e saída de dados. Temporary: usados momentaneamente durante a execução de parte do programa. 2.3 Configuração Recursos de hardware e vínculos específicos para o processamento dos dados e dos programas. Recursos: reserva de memória ou índices de processamento para determinada parte do programa; Tarefas: podem seguir paralelas, sendo executadas simultaneamente pela UCP; Programas: podem ser executados ciclicamente, em determinado período ou quando ocorrer certo evento (Parede; Gomes, 2011). 09 2.4 Organização das unidades de programa Definidos pelas funções básicas, blocos básicos e possibilidade de criação de funções e blocos de acordo com a necessidade da programação. Funções padrão como: ADD, SQRT, SIN, COS, GT, MIN, MAX, AND, OR, entre outras; Funções customizadas: campo no qual o programador pode criar funções ou utilizar mais de uma função preexistente para a criação de outra função em sua programação; Blocos de funções: padrões iguais aos apresentados nas funções, só que em linguagem de bloco; Blocos customizados: campo para a elaboração ou utilização de mais de uma função preexistente na criação de blocos. Podem ser compostos também por blocos comercializados por outros fabricantes ou por empresas especializadas; Programas: programas e sub-rotinas específicos. Podem ser armazenados em funções ou blocos criados pelo programador e utilizados mais de uma vez na atual aplicação ou posteriormente em outros programas (Parede; Gomes, 2011). TEMA 3 – LINGUAGENS TEXTUAIS 3.1 IL – Lista de Instrução É basicamente a transcrição do diagrama de relés (Ladder), ou seja, a passagem de uma linguagem gráfica para uma linguagem escrita. Essa etapa foi importante nos primórdios do CLP, pois, na época, não existiam terminais gráficos que permitiam desenhar o diagrama Ladder na tela, usando o mouse. Antigamente, os terminais de vídeo e os displays dos terminais de programação eram alfanuméricos; por isso, o programador precisava projetar o diagrama Ladder no papel e depois convertê-lo para a linguagem IL. Um compilador se encarregava de traduzir o IL para a linguagem de máquina (Assembler) do processador utilizado no CLP (Parede; Gomes, 2011). A Tabela 1 apresenta as instruções mais comuns empregadas nessa linguagem. 010 Tabela 3 – Lista de comandos na linguagem IL contidas na IEC 61131-3 Fonte: Parede; Gomes (2011). Dado o diagrama de comandos elétricos da Figura 3, que já está na linguagem Ladder (exceto pela simbologia), vamos transcrevê-lo para a linguagem IL. Figura 3 – Exemplo de diagrama de comandos elétricos Fonte: Parede; Gomes (2011). 011 Analisando a Figura 3, fazemos a seguinte leitura: havendo continuidade elétrica de A ou B e também de C ou D, X deve ser acionado. Podemos traduzir essa lógica em lista de instruções segmentando o problema, segundo Parede e Gomes (2011): LD A – Carrega o valor de A em acumulador; LD B – Carrega o valor de B em um acumulador; OR B – Executa a lógica booleana OR entre A e B e armazena o resultado em B; LD C – Carrega o valor de C em um acumulador; LD D – Carrega o valor de D em um acumulador; OR D – Executa a lógica booleana OR entre C e D e armazena o resultado em D; AND B – Executa a lógica booleana AND entre B e D (últimos acumuladores gravados) e armazena o resultado em B; ST X – Armazena o valor de B em X. Percebe-se que tal lógica utiliza uma única instrução por linha de programação, o que dificulta a elaboração de grandes programas. Desse modo, faz-se necessário um controle muito eficiente na utilização dos registradores e das respectivas interfaces de entrada e saída para não haver falhas durante a confecção do programa (Parede; Gomes, 2011). 3.2 ST – Texto estruturado É uma linguagem mais elaborada, considerada de alto nível, que usa o princípio de criação de sentenças para definir e informar ao CLP qual a lógica necessária em determinado ponto. Como possibilita a utilização de mais de uma instrução por linha, agiliza e facilita a tarefa dos programadores em projetos mais complexos (Parede; Gomes, 2011). Com estrutura similar à de linguagens de programação, como o C++ e o Pascal, permite o uso de comandos específicos para a definição de laços de controle, ou seja, funções ou operações lógicas que devem ser executadas até que determinado evento ocorra ou que determinada contagem seja atingida (funções REPEAT-UNTIL, DO-WHILE, entre outras) (Parede; Gomes, 2011). Possibilita a utilização de instruções condicionais, referindo-se a reações preestabelecidas do programa para o caso de certos eventos ocorrerem, desde 012 que previamente considerados (funções IF-THEM-ELSE, CASE) e, também, por apresentar uma linguagem mais rica, o emprego de equações trigonométricas (SIN – função seno) e matemáticas (SQRT – raiz quadrada). Mesmo sendo uma linguagem mais fácil de ser compreendida e escrita, ainda demanda mão de obra especializada para a confecção e a manutenção de programas (Parede; Gomes, 2011). Levando em conta o exemplo apresentado na Figura 3, podemos definir a lógica de programação em linguagem estruturada da seguinte forma: X: = (A OR B) AND (C OR D) Ou seja, X é o resultado da operação booleana AND de dois resultados distintos: lógica OR entre A e B e lógica OR entre C e D (Parede; Gomes, 2011). TEMA 4 – FDB DIAGRAMA DE BLOCOS FUNCIONAIS Utilizada na programação de CLPs, é uma linguagem gráfica baseada na interligação de blocos funcionais previamente disponibilizados pelos fabricantes e que permite ao próprio programador construir os blocos a serem utilizados (Parede; Gomes, 2011). As entradas e saídas são conectadas a esses blocos, criando malha de interconexões, o que possibilita a obtenção dos mesmos resultados de outras lógicas de programação (Parede; Gomes, 2011). Uma das grandes vantagens dos blocos funcionais é a reutilização de blocos dentro de um programa. Suponha que um projeto use vários motores, todos com o mesmo princípio de funcionamento, conforme lógica predefinida de acionamento de um motor em partida direta (Figura 4). Uma vez construído o bloco funcional de partida do motor, ele poderá ser utilizado várias vezes no programa, adotando entradas e saídas distintas, que, por sua vez, controlarão motores distintos (Parede; Gomes, 2011). 013 Figura 4 – Diagrama de comandos elétricos da ligação de um motor Fonte: Parede; Gomes (2011). A Figura 5 mostra como configurar esse bloco de acionamento de motor, e a Figura 6 exemplifica a utilização de um mesmo bloco em mais de um motor, considerando essa distinção de variáveis (Parede; Gomes, 2011). Figura 5 – Montagem de um bloco de nome “BLOCO MOTOR” baseado em blocos primários AND e OR Fonte: Parede; Gomes (2011). Figura 6 – Utilização de vários “BLOCO MOTOR” dentro de um programa em diagrama de blocos funcionais Fonte: Parede; Gomes (2011). 014 Para fixar o conceito de programação em diagrama de blocos funcionais, são apresentados, nas Figuras 7 e 8, outros exemplos de programas de fabricantes distintos (Parede; Gomes, 2011). Figura 7 – Exemplo de bloco de função criado por programador Fonte: Parede; Gomes (2011). TEMA 5 – SFC SEQUENCIAMENTO GRÁFICO DE FUNÇÕES O SFC é uma linguagem gráfica de programação muito poderosa. Proporciona umarepresentação das sequências do processo controlado na forma de um diagrama. É utilizado para dividir um problema de controle, permitindo uma visão geral do processo e facilitando o diagnóstico. Outra grande vantagem é o suporte para sequências alternativas e paralelas, tornando possível que sub- rotinas que servem ao interesse do processo controlado sejam executadas de maneira paralela, sem a necessidade de parada da lógica principal de controle (Parede; Gomes, 2011). Em resumo, o SFC vai além de uma programação gráfica usada em CLPs: é uma forma de estruturar a lógica e as sequências de eventos desejadas em um processo a ser automatizado. O SFC é elaborado com blocos funcionais dispostos como um fluxograma, possibilitando a confecção e o estudo dos processos por meio de ações e transições que devem ocorrer. Isso permite que um processo seja aberto ao menor nível de análise até que se tenha o modelo desejado mapeado em detalhes (Parede; Gomes, 2011). Também conhecido como GRAFCET, o SFC é baseado no conceito de analise binária das redes de Petri, levando em consideração, para ações futuras, os atuais estados de variáveis monitoradas. De forma prática, podemos analisar o funcionamento de uma lógica produzida em SFC observando a Figura 8 (Parede; Gomes, 2011). Na lógica apresentada na Figura 8, os retângulos representam os passos a serem executados no controle do processo e, entre alguns retângulos, está a 015 condição necessária para que se chegue ao novo passo. Desse modo, podemos garantir que determinado passo nunca ocorre sem que uma transição esteja concluída (Parede; Gomes, 2011). Analisando o exemplo da Figura 8, para que o passo 1 seja concluído, é necessário que sua resposta seja positiva, ou seja, “o tanque está cheio”. Enquanto o tanque estiver vazio, ele permanecerá monitorando essa etapa do processo (Parede; Gomes, 2011). Figura 8 – Exemplo de lógica em SFC Fonte: Parede; Gomes (2011). Cada um dos blocos poderá ser programado na linguagem que for mais conveniente ao programador, pensando nas seguintes facilidades: Gerar o código do programa; Garantir que outras pessoas compreendam o programa; Fazer manutenção e alterações no software. No entanto, vale ressaltar que, se a tarefa envolver lógica simples, poderá ser conveniente o uso do diagrama Ladder; e, se contiver muitas fórmulas matemáticas, será mais conveniente uma linguagem do tipo texto estruturado (Parede; Gomes, 2011). FINALIZANDO Nesta terceira aula, apresentamos um pouco sobre os tipos/formato de dados que são interpretados pelos controladores lógicos programáveis, os tipos de programação textuais que os CLPs utilizam, o tipo de programação gráfica de blocos de funções e o tipo de programação que utiliza o sequenciamento gráfico 016 de funções. A análise da linguagem ou linguagens de programação corretas na implementação de um sistema deve ser avaliada pela equipe e traz benefícios, como a redução de desperdício de recursos em treinamentos; solução de problemas por meio de reutilização de softwares, eliminação de dificuldades de entendimento e utilização de melhores técnicas de programação. 017 REFERÊNCIAS LAMB, F. Automação Industrial: na prática. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2015. PAREDE, I. M.; GOMES, L. E. L. Eletrônica 6: automação industrial. São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. (Coleção Técnica Interativa. Série Eletrônica, v. 6) AULA 4 FUNDAMENTOS DE SISTEMAS DE CONTROLE Prof. Alexandre Arioli 02 CONVERSA INICIAL Caro aluno, seja bem-vindo à sua quarta aula de Fundamentos de Sistemas de Controle. Nesta aula, abordaremos a linguagem de programação Ladder. Analisaremos os fundamentos da linguagem Ladder, as instruções de contatos e bobinas, os contadores e comparadores, os temporizadores, as operações matemáticas básicas e as funções especiais. Neste contexto, a ideia é que, ao final da aula, você tenha uma boa noção da linguagem de programação Ladder, a qual pode ser utilizada para a automação de um processo. CONTEXTUALIZANDO A linguagem de programação deve traduzir as funções a serem executadas e, para isso, ela precisa ser a mais simples possível. A linguagem pode usar abreviações, Figuras ou identificações de forma a tornar-se acessível a todos os níveis de tecnológicos. A linguagem Ladder é uma representação gráfica da linguagem de programação do CLP. Também conhecida como lógica de diagrama de contatos, a linguagem Ladder consiste em um sistema de representação que mais se assemelha à tradicional notação de diagramas elétricos, e permite desenvolver lógicas combinacionais, sequenciais ou ambas. Utiliza como operadores para essas lógicas: entradas, saídas, estados auxiliares e registros numéricos. Vamos, nesta quarta aula, entender um pouco da linguagem de programação Ladder descrita na norma IEC61131-3. TEMA 1 – PROGRAMAÇÃO LADDER A Ladder foi a primeira linguagem destinada à programação de CLPs, criada para permitir que técnicos e engenheiros da área de automação com conhecimentos de lógica de relés e nenhum de programação conseguissem programar o CLP. Por esse motivo, ela se tornou a linguagem mais popular entre os programadores (Parede; Gomes, 2011). 1.1 Funcionamento básico da linguagem Ladder As variáveis associadas aos elementos de entrada, saída, memória, temporizadores e contadores são denominados operandos. O programa executa operações lógicas e aritméticas com esses operandos. 03 Na linguagem Ladder, as linhas de contatos (instruções) possuem a aparência de degraus (rungs) de uma escada (ladder), e podem ser associadas a uma estrutura de colunas e linhas, conforme ilustra a Figura 1. Em cada linha, as instruções correspondem ao programa, ou seja, ao processamento dos operandos, e o resultado é atribuído a outro operando no bloco “Saída”, à direita (Parede; Gomes, 2011). Figura 1 – Diagrama Ladder Fonte: Parede; Gomes (2011). O número de linhas e colunas, ou elementos e associações que cada rung admite, varia conforme o fabricante do CLP e pode variar também de acordo com a UCP utilizada. Em geral, esses limites devem ser avaliados pelo técnico ou engenheiro no desenvolvimento do programa de aplicação, pois, se o limite for ultrapassado, o software de programação apresentará uma mensagem de erro durante a compilação do programa. Os operandos podem ser divididos em três classes: Memória (M) – Servem para o armazenamento dos resultados parciais, valores de constantes, dados de transmissão, valores de referência, receitas etc. Esses operandos podem ser livremente lidos e escritos pelo programa; Entradas (I) – Estão associados aos módulos de entrada. Podem ser lidos pelo programa, mas escritos apenas pelos módulos de entrada; Saídas (Q) – Estão associados aos módulos de saída. Podem ser livremente lidos e escritos pelo programa. 04 Os operandos, por sua vez, são divididos, inicialmente, em cinco tipos, segundo sua utilização e número de bits: Bits (X) – Utilizados para a implementação de lógica, ocupam 1 bit de memória; Bytes (B) – Utilizados para o armazenamento de caracteres ASCII, ocupam 8 bits; Words (W) – Utilizados para o armazenamento de valores numéricos inteiros, ocupam 16 bits; Double word (D) – Semelhante ao tipo W, ocupa 32 bits; Word long (L) de 64 bits – Semelhante ao tipo W, ocupa 64 bits. Originalmente, na linguagem Ladder, cada instrução correspondia aos contatos NA ou NF dos relés, cujo estado era definido pelo valor do operando (do tipo B) a ele associado. Na mesma época, as saídas eram as bobinas (operando tipo B). Com o tempo, os blocos de instruções passaram a contemplar contadores, temporizadores, operações aritméticas etc., que exigiram a criação dos tipos de operando citados anteriormente. Mesmo tendo sido a primeiralinguagem destinada especificamente à programação de PLCs, a Linguagem Ladder mantém-se, ainda, como a mais utilizada, estando presente praticamente em todos os PLCs disponíveis no mercado. Por ser uma linguagem gráfica, baseada em símbolos semelhantes aos encontrados nos esquemas elétricos (contatos e bobinas), as possíveis diferenças existentes entre os fabricantes de PLCs quanto à representação das instruções são facilmente assimiladas pelos usuários (Oliveira, 2017). Cada Elemento (contato ou bobina, por exemplo) da Lógica de Controle representa uma Instrução da Linguagem Ladder sendo alocada em um endereço específico e consumindo quantidade determinada de memória (word) disponível para armazenamento do Programa de Aplicação, conforme a CPU utilizada. Um mesmo símbolo gráfico da Linguagem Ladder (Contato Normalmente Aberto, por exemplo) pode representar Instruções diferentes, dependendo da localização na Lógica de Controle (Oliveira, 2017). A Figura 2 apresenta a equivalência entre o Programa de Aplicação em Linguagem Ladder e o mesmo Programa em Linguagem de Lista de Instruções (Linguagem de Máquina – mnemônicos). Como pode ser visto, cada Instrução utilizada na Linguagem Ladder ocupou apenas um endereço de memória, o que é verificado pelo incremento simples de endereço em Linguagem de Lista de 05 Instruções. Porém, há instruções que ocupam mais de um endereço de memória, conforme a CPU utilizada (Oliveira, 2017). Figura 2 – Equivalência de linguagens Fonte: Oliveira (2017). A relação entre o símbolo gráfico da Linguagem Ladder e a Instrução a ser executada pode ser verificada nos Endereços 0 e 1 do Programa em Linguagem de Lista de Instruções. Neste caso, a representação em Linguagem Ladder para os Elementos XO e X2 são Contatos Normalmente Abertos idênticos. Porém, a localização de cada um na Lógica de Controle determina Instruções diferentes, ou seja, o Contato Normalmente Aberto de XO, por iniciar o rung, determina a Instrução 'Store' (STR XO). Por sua vez, o Contato Normalmente Aberto de X2 (com representação gráfica idêntica à de XO), por estar em paralelo com XO, determina a Instrução 'Or' (OR X2). Esta característica da Linguagem Ladder normalmente facilita o desenvolvimento do Programa de Aplicação, uma vez que o usuário precisa certificar-se apenas se a associação desejada é aceita pela CPU utilizada, não se prendendo à Instrução propriamente dita (Oliveira, 2017). Os conceitos apresentados em seguida são necessários para o correto desenvolvimento de Programas de Aplicação em Linguagem Ladder. Eles são aplicados a todos os PLCs, independentemente de fabricante e de recursos disponíveis na CPU utilizada (Oliveira, 2017). 06 Figura 3 – Exemplo e lógica Ladder – CLP Ge Rx3i Fonte: Oliveira (2017). TEMA 2 – CONTATOS E BOBINAS O diagrama de contatos Ladder funciona como um esquema elétrico cujos principais elementos são o contato normalmente aberto, o contato normalmente fechado e a bobina do relé. 2.1 Contatos NA Essa instrução funciona do seguinte modo: quando o bit associado a um contato normalmente aberto for acionado, o contato fechará; caso contrário, ele permanecerá aberto. Outra maneira de entender é imaginando um botão com o contato normalmente aberto: enquanto esse botão estiver solto, o contato ficará aberto, porém, ao ser pressionado, o contato do botão fechará (Parede; Gomes, 2011). Caso o botão NA esteja em um circuito elétrico, ocorrerá a passagem de corrente elétrica nos componentes do circuito. Se houver uma carga em série com esse botão e uma tensão de alimentação, a carga será acionada (Parede; Gomes, 2011). A Figura 4 mostra o circuito elétrico, e a Figura 5, a representação gráfica de um contato NA em diagrama Ladder. Note que, na Figura 5, em cima da instrução NA, aparece o endereço do operando relacionado a ela (Parede; Gomes, 2011). 07 Figura 4 – Circuito elétrico – contato NA Fonte: Parede; Gomes (2011). Figura 5 – Representação contato NA – Linguagem Ladder Fonte: Parede; Gomes (2011). Na Figura 5, o contato NA relacionado ao operando I0.0 (entrada) estará aberto se a entrada estiver desacionada (nível lógico 0), e fechado se a entrada estiver acionada (nível lógico 1) (Parede; Gomes, 2011). 2.2 Contatos NF Essa instrução funciona do seguinte modo: quando o bit associado a um contato normalmente fechado for acionado, o contato abrirá; caso contrário, ele permanecerá fechado. Outra maneira de entender é imaginar um botão com o contato normalmente fechado: enquanto esse botão estiver solto, o contato ficará fechado, porém, ao ser pressionado, o contato do botão abrirá (Parede; Gomes, 2011). Caso o botão NF esteja em um circuito elétrico, não ocorrerá passagem de corrente elétrica. Se houver uma carga em série com esse botão e uma tensão de alimentação, a carga será desligada (Parede; Gomes, 2011). A Figura 6 mostra o circuito elétrico, e a Figura 7, a representação gráfica de um contato NF em diagrama Ladder. Note que, na Figura 7, em cima da instrução NF, aparece o endereço do operando relacionado a ela (Parede; Gomes, 2011). 08 Figura 6 – Circuito elétrico – Contato NF Fonte: Parede; Gomes (2011). Figura 7 – Representação contato NF – Linguagem Ladder Fonte: Parede; Gomes (2011). Na Figura 7, o contato NF relacionado ao operando I0.1 (entrada) estará fechado se a entrada estiver desligada (nível lógico 0), e aberto se a entrada estiver acionada (nível lógico 1) (Parede; Gomes, 2011). 2.3 Bobina de Saída A saída tem por base a ideia de continuidade lógica a ser garantida entre os extremos das linhas de programação. Uma saída será verdadeira se todas as instruções declaradas na linha lógica forem verdadeiras (Parede; Gomes, 2011). 2.3.1 Bobina NA Essa instrução, ao ser acionada, transfere para o endereço associado a ela o valor da tensão que estiver em sua entrada. Por exemplo, em circuitos elétricos, utilizam-se diretamente relés ou contatores para acionar cargas como motores, resistências etc. Na Figura 8, quando aciona-se o botão 1, energiza-se a bobina do relé 1, o que, consequentemente, fecha os contatos 13 e 14, acionando a carga (Parede; Gomes, 2011). O relé 1 representa uma saída normalmente aberta, que tem como operando o endereço de saída Q0.0. A Figura 9 mostra a representação gráfica de uma saída normalmente aberta. Note que, em cima da instrução bobina, aparece o endereço do operando relacionado a ela (Parede; Gomes, 2011). 09 Figura 8 – Circuito elétrico para acionamento de uma carga Fonte: Parede; Gomes (2011). Figura 9 – Representação bobina NA – Linguagem Ladder Fonte: Parede; Gomes (2011). 2.3.2 Bobina NF Essa instrução, ao ser acionada, transfere para o endereço associado a ela o valor de tensão oposto ao de sua entrada. Na Figura 10, quando acionamos o botão 1, energizamos a bobina do relé 1, o que, consequentemente, abre os contatos 21 e 22, desligando a carga. Nesse caso, o relé 1 representa uma saída normalmente fechada que tem como operando o endereço de saída Q0.1. A Figura 11 mostra a representação gráfica de uma saída normalmente fechada. Note que, em cima da instrução bobina, aparece o endereço do operando relacionado a ela (Parede; Gomes, 2011). Figura 10 – Circuito elétrico para desacionar uma carga Fonte: Parede; Gomes (2011). Figura 11 – Representação bobina NF – Linguagem Ladder Fonte: Parede; Gomes (2011). 010 2.4 Exemplos de Funcionamento Contato e Bobina NA Faça o diagrama Ladder para o circuito da Figura 12. Figura 12 – Exemplo diagrama elétrico contato NA Fonte: Parede; Gomes (2011). 2.4.1 Solução O programa começa com a identificação das entradas e das saídas. Monte uma tabela mostrando cada um desses endereços e relacione-os a uma simbologia que identifique
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