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Apostila Contabilidade inter

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AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE 
INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Ivanes da Glória Mattos 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Esta é a disciplina de Contabilidade Internacional, que busca demonstrar 
os principais aspectos e técnicas para padronizar os relatórios contábeis às 
normas internacionais de relatórios financeiros, de modo a proporcionar o 
entendimento e análise destes pelos interessados. 
Nos anos de 1970, nasceram as Normas Internacionais de Contabilidade – 
IAS, para mais tarde, em 2001, passarem a ser chamadas de International 
Financial Reporting Standarts (IFRS) – Normas Internacionais de Relatórios 
Financeiros, que são regras, fundamentos e princípios que unificam os padrões 
contábeis. 
Com o processo da globalização, que tem como objetivo diminuir as 
barreiras existentes entre os países, a contabilidade passou a exercer um novo 
papel, que é o de buscar um consenso sobre as informações financeiras e, para 
tanto, foi necessário adequar as demonstrações para uma linguagem universal 
dos negócios. Dentro desse contexto, a Lei n. 11.638/2007 estabeleceu as bases 
para que as IFRS possam ser aplicadas pelas empresas brasileiras. 
Para as empresas mundiais, a adoção de normas internacionais de 
contabilidade traz vantagens econômicas na forma de atração de maior volume 
de investimentos, uma vez que as informações contábeis passam a ser mais 
confiáveis e comparáveis para resistir à variedade de transações e operações do 
mercado internacional. 
O foco da nossa disciplina será o conhecimento das normas internacionais 
de contabilidade, o processo de sua aplicação e a interação com os 
pronunciamentos técnicos emitidos pelos Comitê de Pronunciamentos Contábeis. 
Nesta aula, vamos abordar os seguintes assuntos: 
1. Organismos responsáveis pela contabilidade no mundo; 
2. Causas das divergências na contabilidade; 
3. Processo de harmonização no Brasil; 
4. Comitê de pronunciamentos contábeis; 
5. Vantagens e desvantagens da harmonização das normas. 
TEMA 1 – ORGANISMOS RESPONSÁVEIS PELA CONTABILIDADE NO MUNDO 
O avanço da globalização da economia fez com que a interdependência 
dos negócios entre os países se tornasse cada vez maior, de modo a exigir dos 
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3 
envolvidos permanentes atenção às mudanças e à normatização das informações 
contábeis e financeiras. A observância dos princípios, regras e procedimentos 
contábeis ajuda os interessados no processo de tomada de decisões, desde que 
estas sejam transparentes e claras, para evitar diferentes interpretações que 
possam diminuir a credibilidade dos relatórios econômicos e financeiros. 
Muito embora cada país tenha as suas normas e procedimentos contábeis 
que devem ser adotados internamente, são grandes as dificuldades de transpor 
as contas da empresa de um país para outro. Por isso, foi necessário às empresas 
adotar uma harmonização das normas brasileiras às normas dos outros países, 
com a elaboração de demonstrações contábeis com regras uniformes e 
homogêneas para que todos os interessados possam se utilizar de informações 
comparáveis e confiáveis nos seus processos de decisão. 
Para viabilizar essa harmonização global, o International Accounting 
Standards Board – IASB emitiu um conjunto de normas contábeis denominado 
International Financial Reporting Standards – IFRS. 
A adoção das Normas Internacionais de Contabilidade permite solucionar 
vários problemas para os investidores que pretendem realizar transações e 
investimentos externos, uma vez que cada país possui seus princípios e técnicas 
e que causam entraves para o entendimento e adaptação dos relatórios contábeis. 
Dentro do contexto da globalização, a contabilidade é fundamental, pois ela 
traz os elementos necessários para formar um entendimento comum das 
informações de natureza financeira, econômica e patrimonial, ou seja, é um tipo 
de linguagem universal dos negócios. 
Assim, quanto às normas internacionais de contabilidade, é possível 
elencar a participação dos seguintes órgãos: 
• International Accounting Standards Board (IASB); 
• Financial accounting standards board (FASB); 
• The international organization of securities commission (IOSCO); 
• Organization for economic cooperation and development (OECD). 
1.1 International Accounting Standards Board (IASB) 
O IASB é uma organização internacional sem fins lucrativos do setor 
privado que, no âmbito normativo e regulatório, cria, publica, atualiza e dissemina 
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4 
as normas internacionais de contabilidade, sempre buscando a convergência dos 
relatórios financeiros com as normas nacionais de cada país. 
Essa organização, inicialmente criada pelo acordo entre 09 países, no ano 
de 1973, ainda com o nome de IASC (International Accounting Standards 
Committee), comissão esta que foi a primeira tentativa de normalização contábil 
internacional e emitia os pronunciamentos sobre as normas internacionais de 
contabilidade – IAS (Internnational Accounting Standards). 
A partir de abril de 2001, a organização passou a se chamar de IASB – 
International Accounting Standards Board (Quadro Internacional de Normas 
Contábeis) e já contava com a adesão de profissionais de outros países, cujo 
objetivo principal é desenvolver, com base em princípios claramente articulados, 
um conjunto único de normas de contabilidade de alta qualidade, de fácil 
compreensão e execução e aceitos mundialmente. 
Atualmente, a sede do IASB está localizada em Londres e conta com a 
experiência de mais de 140 diferentes entidades profissionais da contabilidade, 
originárias do mundo todo, inclusive do Brasil, por meio do IBRACON – Instituto 
dos auditores independentes do Brasil e do CFC – Conselho Federal de 
Contabilidade. 
Segundo Müller (2019), os principais objetivos do IASB são os seguintes: 
1. Elaborar e publicar, notoriamente, normas contábeis internacionais, que 
deverão ser observadas nos relatórios contábeis; 
2. Promover a aceitação e a adoção pra´ticas de tais normas em escala 
mundial. 
Cabe às organizações profissionais membros do IASB colaborar com o fiel 
cumpriemento das suas normas, zelar para que as publicações respeitem tais 
normativas e observar, junto aos órgãos responsáveis em cada país, para que os 
relatórios contábeis sejam publicados e se ajustem de acordo com as normas 
internacionais. 
O conjunto de normas contábeis e criadas pelo IASB é denominado 
International Financial Reporting Standards – IFRS (ou Normas Internacionais de 
Relatório Financeiro) e cada uma delas trata de assuntos específicos, porém em 
algumas situações é harmonizar a situação adotando-se mais de uma norma. 
Até agora, o IASB publicou 41 Normas Internacionais de Contabilidade, 
sendo que algumas já foram revogadas e as que permanecem em vigor em 2020 
são 32, as quais são constantemente revisadas. 
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5 
No Brasil, as principais entidades que participam da convergência contábil 
por meio de suas normatizações são: o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), 
o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil (Bacen) e o Instituto Brasileiro dos 
Auditores Independentes (Ibracon) 
De acordo com Müller, Scherer e Cordeiro (2019), as normas internacionais 
de contabilidade já criadas e que se encontram em vigor no ano de 2020 são as 
seguintes: 
• IAS 1 – Apresentação das demonstrações contábeis; 
• IAS 2 – Estoques – Inventários; 
• IAS 7 – Demonstração dos fluxos de caixa (das mutações na posição 
financeira); 
• IAS 8 – Práticas contábeis, mudanças de estimativas contábeis e erros; 
• IAS 10 – Contingências e eventos ocorridos após a data do balanço; 
• IAS 11 – Contratos de construção; 
• IAS 12 – Contabilização do Imposto de renda; 
• IAS 16 – Ativo imobilizado; 
• IAS 17 – Arrendamentos; 
• IAS 18– Receitas; 
• IAS 19 – Custos de benefícios de aposentadoria a empregados; 
• IAS 20 – Subvenções governamentais e divulgação da assistência 
governamental; 
• IAS 21 – Efeitos de mudanças em taxas de câmbio estrangeiras; 
• IAS 23 – Custo de empréstimos – capitalização dos encargos financeiros; 
• IAS 24 – Divulgação de partes relacionadas; 
• IAS 26 – Contabilização e demonstração financeira de planos de benefício 
de aposentadoria; 
• IAS 27 – Demonstrações contábeis consolidadas e contabilização de 
investimentos em subsidiárias; 
• IAS 28 – Contabilização de investimentos em associadas – Sociedades 
coligadas; 
• IAS 29 – Demonstrações contábeis em economias hiperinflacionárias; 
• IAS 30 – Divulgações nas demonstrações contábeis de bancos e 
instituições financeiras similares; 
 
 
6 
• IAS 31 – Participação em empreendimentos em conjunto (joint ventures); 
• IAS 32 – Instrumentos financeiros: divulgação e apresentação; 
• IAS 33 – Lucro por ação; 
• IAS 34 – Relatórios financeiros provisórios (intermediários); 
• IAS 36 – Redução no valor recuperável de ativos (descapitalização de 
ativos); 
• IAS 37 – Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes; 
• IAS 38 – Ativos intangíveis; 
• IAS 39 – Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração; 
• IAS 40 – Propriedades para investimento (investimentos em imóveis); 
• IAS 41 – Agricultura; 
• IFRS 1 – Adoção de IFRS pela primeira vez; 
• IFRS 2 – Pagamentos baseados em ações; 
• IFRS 3 – Combinação de negócios; 
• IFRS 4 – Contratos de seguro; 
• IFRS 5 – Ativos não correntes mantidos para venda e operações 
descontinuadas; 
• IFRS 6 – Exploração e avaliação de recursos minerais; 
• IFRS 7 – Instrumentos financeiros: evidenciação; 
• IFRS 8 – Informações por segmento; 
• FRS 9 – Instrumentos financeiros; 
• IFRS 10 – Demonstrações consolidadas; 
• IFRS 11 – Negócios em conjunto; 
• IFRS 12 – Divulgação de participações em outras entidades; 
• IFRS 13 – Mensuração do valor justo; 
• IFRS 15 – Receita de contrato com cliente; 
• IFRS for SMES – Contabilidade para pequenas e médias empresas com 
glossário de termos. 
1.2 Financial Accounting Standards Board (FASB) 
FASB é o conselho de padrões de contabilidade financeira que foi criado 
em 1973, e trata-se de uma instituição sem fins lucrativos com a finalidade de 
unificar os procedimentos contábeis financeiros das empresas privadas e não 
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7 
governamentais. Por se tratar de uma entidade independente seus membros não 
podem estar vinculados ao mercado de ações. 
De acordo com Müller, Scherer e Cordeiro (2019, p. 130): 
A missão do FASB é, basicamente, estabelecer e aperfeiçoar padrões 
(práticas) de contabilidade e divulgação financeira. Deve-se observar 
que o estabelecimento desses padrões é tido como fundamental para o 
correto funcionamento dos mercados de capitais norte-americanos. 
O FASB emite os seguintes documentos: 
a. SFAS (Statement of financial accounting standards) é um pronunciamento 
sobre procedimentos de contabilidade financeira, que estabelece métodos 
e procedimentos para questões contábeis específicas, criando 
oficialmente, princípios de contabilidade geralmente aceitos. (GAAP); 
b. FASIS (Fasba Interpretations – Interpretações do FASB), que modificam ou 
ampliam tratados em pronunciamentos do FASB; 
c. Technical bulletins (boletins técnicos), que orientam sobre problemas 
contábeis e demonstrações financeiras 
1.3 The International Organization of Securities Commission (IOSCO) – 
Organização Mundial das Comissões de Valores Mobiliários 
O IOSCO tem como objetivos incentivar e promover o desenvolvimento e a 
integridade do mercado de capitais por meio da aplicação das normas de 
contabilidade internacionais. Para Niyama (2010), seus objetivos são: 
a. Auxiliar para a promoção de altos padrões de regulamentação de mercado 
de capitais, refletindo um mercado justo, eficiente e sadio; 
b. Fomentar a troca de informações e experiências visando ao 
desenvolvimento do mercado de capitais domésticos; 
c. Estabelecer padrões e efetivo monitoramento de transações internacionais, 
envolvendo títulos; 
d. Fomentar a integridade do mercado por meio de uma rigorosa aplicação de 
padrões regulatórios. 
 
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8 
1.4 Organization for Economic Cooperation and Development (OECD) – 
Organização para Desenvolvimento e Cooperação Econômica 
O OECD (Organização Econômica Intergovernamental) foi fundada em 
1961 com o objetivo de incentivar o progresso econômico e o comércio mundial, 
bem como atuar como mediador para que os países membros possam se 
consultar a respeito de problemas econômicos preocupantes, por exemplo, 
balança de pagamentos (Niyama, 2010). 
As suas publicações, voltadas à harmonização contábil, são feitas por um 
grupo de trabalho e tratam de padrões contábeis, questões econômicas e sociais, 
tais como macroeconômicas, comércio, educação e ciência. 
TEMA 2 – CAUSAS DAS DIVERGÊNCIAS NA CONTABILIDADE ENTRE AS 
NORMAS INTERNACIONAIS E NACIONAIS 
Cada país é influenciado pelos seus valores culturais e pelas suas 
estruturas políticas e econômicas, o que se reflete em todas as áreas da gestão 
dos negócios, inclusive na contabilidade. É nela que os principais agentes 
econômicos, financeiros e fiscais se baseiam para avaliar as informações sobre 
os resultados dos negócios, os riscos para realizar investimentos, a arrecadação 
de tributos e o cumprimento das obrigações legais. 
Porém, a linguagem da contabilidade não é igual para todos os países, uma 
vez que cada um tem suas técnicas e práticas contábeis próprias e segue sua 
legislação interna. Mas com o processo da globalização a contabilidade passou a 
exercer um novo papel que é o de buscar um consenso sobre as informações 
financeiras e a harmonização contábil internacional, cujo processo tem como 
objetivos a compreensão de uma linguagem única e a comparabilidade das 
demonstrações financeiras. 
Apesar das divergências, para Niyama (2010), é possível um agrupamento 
de técnicas e práticas contábeis que permitam compreender melhor as causas 
dessas diferenças internacionais em busca de harmonização. 
Mas quais são as principais causas das divergências internacionais nos 
procedimentos utilizados para preparação e apresentação das demonstrações 
financeiras das empresas (financial reporting)? Vários autores já escreveram 
sobre estas causas e selecionamos a opinião de Niyama (2005), que resumiu as 
várias opiniões da seguinte forma: 
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9 
• Características, natureza e tipo de sistema legal vigente; 
• Forma de captação de recursos pelas empresas, se vinculadas ao mercado 
de capitais ou ao mercado de crédito bancário com fonte governamental; 
• Nível de influência, credibilidade e status (amadurecimento) da profissão 
contábil; 
• Acidentes de percurso, invasões, localização geográfica, herança de ser 
colônia, linguagem etc.; 
• Nível de inflação, que pode ser alta ou baixa 
TEMA 3 – PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO NO BRASIL 
Com a globalização e o ingresso dos países no mercado de negócios 
mundial, surgiu a necessidade de eles adequarem suas normas e técnicas 
contábeis para um sistema padronizado e unificado, possibilitando uma melhor 
compreensão das demonstrações financeiras e a comparabilidade destas entre 
os diversos interessados que prezam por uma boa gestão empresarial. 
Conforme já visto anteriormente nesta aula, a grande dificuldade para uma 
perfeita padronização das informações contábeis reside no fato de que cada país 
adota as suas regras e procedimentos contábeis, de acordo com os movimentos 
sociais, políticos, econômicos e fiscais locais, o que dificulta a transposição das 
contas das empresas de um país para outro, tanto no aspecto da entrada em 
novos mercados quanto para efeitos de consolidação das informações. 
No Brasil, o primeiro passo para aharmonização das normas internas aos 
padrões internacionais de contabilidade ocorreu com a publicação da Lei n. 
11.638/07, que estabeleceu as bases para a padronização dos 
demonstrativos contábeis ao padrão internacional. 
Essa lei trouxe disposições para as sociedades de grande porte relativas à 
elaboração e divulgação de demonstrações financeiras, inclusive na 
harmonização com as normas e padrões contábeis internacionais. 
O termo harmonização contábil é utilizado para denominar o processo de 
conformidade das normas brasileiras às normas internacionais, para tornar a 
contabilidade mais compreensível e útil no processo de tomada de decisões dos 
países signatários das normas, o que não significa que não haverá mais 
diferenças. Portanto, a harmonização busca diminuir as divergências entre as 
práticas contábeis dos países, mas sem ignorar as diferenças existentes entre 
eles. 
 
 
10 
TEMA 4 – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi criado pela Resolução 
CFC n. 1.055/2005, de 7 de outubro de 2005, cujo objetivo está previsto no art. 3º 
da norma: 
Art. 3º O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem por objetivo 
o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre 
procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa 
natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora 
brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de 
produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade 
Brasileira aos padrões internacionais. (Brasil, 2005) 
Segundo Rios e Marion (2020): 
Por meio de pronunciamentos e outras orientações técnicas, cabe ao 
CPC produzir e divulgar princípios, normas e padrões de contabilidade 
que caminhem na mesma direção do padrão internacional, representado 
pelas normas IFRS (International Financial Reporting Standard), 
emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). em suas 
respectivas áreas de atuação, a CVM, o BACEN e demais órgãos e 
agências reguladoras podem adotar, no todo ou em parte, essas 
orientações técnicas. 
Ainda, de acordo com a Resolução n. 1.055/2005, os principais objetivos 
da harmonização das normas contábeis são: 
a. A redução de riscos nos investimentos internacionais (quer os sob a 
forma de empréstimo financeiro quer os sob a forma de participação 
societária), bem como os créditos de natureza comercial, redução de 
riscos essa derivada de um melhor entendimento das demonstrações 
contábeis elaboradas pelos diversos países por parte dos investidores, 
financiadores e fornecedores de crédito; 
b. A maior facilidade de comunicação internacional no mundo dos 
negócios com o uso de uma linguagem contábil bem mais homogênea; 
c. A redução do custo do capital que deriva dessa harmonização, o que 
no caso é de interesse, particularmente, vital para o Brasil. (Brasil, 2005) 
Até o final do ano de 2020, o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 
já emitiu 51 pronunciamentos técnicos, com as orientações e padrões exigíveis 
para o alinhamento da contabilidade do Brasil às normas internacionais de 
relatórios financeiros. 
TEMA 5 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DA HARMONIZAÇÃO DAS 
NORMAS 
Já vimos que a adoção das normas internacionais de contabilidade traz 
para as empresas maior transparência da contabilidade, melhor gestão e poder 
 
 
11 
de decisão, uniformização dos relatórios econômicos e financeiros, além de uma 
realidade econômica mais eficiente. 
Há, entretanto, segundo autores, vantagens e desvantagens na adoção da 
harmonização contábil. Dentre as vantagens, citam-se: 
a. A apresentação de relatórios contábeis em padrões internacionais dá aos 
investidores maior segurança e transparência na avaliação dos riscos do 
investimento, eis que facilita a leitura das informações presentes das 
demonstrações financeiras; 
b. Com a adoção das normas internacionais de contabilidade a empresa 
mostra melhor ampliação e consistência da realidade financeira da 
empresa; 
c. A convergência das normas contábeis aos padrões internacionais melhora 
o processo de comunicação internacional no mundo dos negócios e pode 
gerar um aumento na atração de recursos externos; 
d. A harmonização das normas facilita as negociações internacionais, tanto 
em relação à fixação de preços como na decisão de obtenção de recursos 
econômicos nos mercados financeiros internacionais; 
e. A padronização dos relatórios financeiros reduz os custos de elaboração 
das demonstrações financeiras e de gerenciamento dos sistemas 
contábeis, para aqueles países que buscam financiamentos; 
f. Comparabilidade na avaliação do desempenho e da situação competitiva 
das empresas em nível mundial. 
Como desvantagens na adoção da harmonização contábil, citam-se: 
a. A adoção de um único padrão reduz as opções de escolha de práticas 
contábeis apropriadas de cada país signatário e implica o afastamento de 
práticas contábeis bem fundamentadas; 
b. As práticas contábeis, os estudos e as pesquisas da área são deixadas de 
lado pelos países, o que prejudica às discussões da academia contábil e 
as técnicas utilizadas podem ser esquecidas; 
c. Não se aplicam as normas específicas de cada país, de acordo às suas 
especificidades culturais, legais, políticas, econômicas e financeiras; 
d. Pode ser considerado como um meio de imposição da vontade dos países 
economicamente desenvolvidos sobre aqueles em desenvolvimento. 
 
 
12 
Como visto, entre as vantagens e desvantagens prevalece a ideia principal 
de que a adoção das normas internacionais de contabilidade traz benefícios 
econômicos e financeiros para os negócios, bem como a abertura de novas 
possibilidades de investimentos por grupos estrangeiros, pois as demonstrações 
financeiras harmonizadas dão maior transparência, credibilidade e confiabilidade 
das transações e operações realizadas pela empresa e reduz os riscos para os 
investidores. 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
MÜLLER, A. N.; SCHERER, L. M.; CORDEIRO, C. M. R. Contabilidade 
avançada e Internacional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
NIYAMA, J. K. Contabilidade internacional. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
NIYAMA, J. K.; COSTA, P. S.; AQUINO, D. R. B. A. Principais causas das 
diferenças internacionais no financial reporting: uma pesquisa empírica em 
instituições de ensino superior do Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. ConTexto, 
Porto Alegre, v. 5, n. 8, 2. sem. 2005. 
BRASIL. Conselho Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 1.055/2005 de 7 
de outubro de 2005. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 
out. 2005. 
RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada de acordo com as 
Normas Brasileiras de Contabilidade e as Normas Internacionais (NBC) e 
Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). 2. ed. São Paulo: Atlas, 2020. 
 
AULA 2 
CONTABILIDADE INTERNACIONAL 
Profª Ivanes da Glória Mattos 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Estimados alunos! 
Continuando com nosso aprofundamento na Contabilidade Internacional, 
lembramos que o processo de globalização mundial promoveu a necessidade de 
harmonização da contabilidade em todos os países signatários e interessados na 
unificação das demonstrações financeiras. 
Esse processo exige dos profissionais da área conhecimentos das 
particularidades de cada país para gerar demonstrações contábeis e financeiras 
com um mesmo padrão de regras, o que facilita a transparência e entendimento 
das informações nelas contidas. 
A evolução da contabilidade retrata o desenvolvimento econômico dos 
negócios de cada país e estes sofrem a influência de diversos fatores, tais como 
os valores culturais, a estrutura política, econômica e social, que também refletem 
nas técnicas e práticas contábeis. Assim, a evolução dos negócios também está 
vinculada ao nível de desenvolvimento econômico de cada país. 
Os investidores são atraídos por mercados e economias que conhecem e 
têm confiança. Dessaforma, as informações e as demonstrações financeiras 
globais têm maior relevância em detrimento das particularidades nacionais. 
A partir de agora, começaremos a nos envolver com as normas específicas 
de cada um dos itens do patrimônio e dos resultados das empresas e, assim, 
veremos nesta aula: 
• Estrutura conceitual; 
• Ajuste a valor presente; 
• Cálculos do ajuste a valor presente; 
• Valor justo; 
• Estoques. 
TEMA 1 – ESTRUTURA CONCEITUAL 
A Estrutura Conceitual ganhou importância como documentação indicadora 
de conceitos e diretrizes que direcionam a elaboração de demonstrações contábil-
financeiras no ano de 1998, em vários países da Europa, por meio da International 
Accounting Standards Committee (IASC) – Comissão de Normas Internacionais 
de Contabilidade – que emitia os pronunciamentos IAS. O IASB é o organismo 
substituto do IASC. 
 
 
3 
Aqui em nosso país, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) publicou 
a Resolução n. 1.374 de 2011, da Norma Brasileira de Contabilidade Técnica 
Geral (NBC TG) que se tornou o marco regulatório mais importante para a 
regulação da estruturação e divulgação de relatórios contábil-financeiros. Essa 
normativa implantou a Estrutura Conceitual para a elaboração e divulgação de 
Relatório Contábil-Financeiro. 
A Resolução n. 1.374/2011 é dividida em quatro capítulos, porém os de n. 
2 e 4 ainda carecem de revisão e complemento pelo CPC – Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis. De tal forma, nesta aula, iremos tratar apenas dos 
Capítulos 1 e 3. No primeiro capítulo, é tratado sobre o “Objetivo da elaboração e 
divulgação de relatório contábil-financeiro de propósito geral”, e no terceiro 
capítulo, são tratadas as “Características qualitativas da informação contábil-
financeira útil”. 
O objetivo da Resolução “é ter bases sólidas para normas contábeis futuras 
que sejam baseadas em princípios, tenham consistência interna e possam 
convergir para a adoção internacional pelo maior número de países” (Müller; 
Scherer; Cordeiro, 2019). 
O Capitulo 1 da Resolução 1.374/2011 do CPC é dividido em três partes: 
1. Objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral; 
2. Recursos econômicos, reinvindicações e suas mudanças; 
3. Performance financeira refletidas pelo regime de competência e pelos 
fluxos de caixa. 
Já no Capítulo 3, que trata das Características Qualitativas da Informação 
Contábil-Financeira útil, merecem destaque (Müller; Scherer; Cordeiro, 2019): 
• As características qualitativas fundamentais: relevância e representação 
fidedigna; 
• A característica qualitativa de melhora: comparabilidade, verificabilidade, 
tempestividade e compreensibilidade. 
Quanto à Estrutura Conceitual, que está prevista no Capítulo 1, ela dita as 
bases que fundamentam a elaboração das demonstrações contábeis-financeiras 
destinadas aos usuários externos à empresa, como investidores e agências 
reguladoras. O CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis, para promover a 
adequação das demonstrações financeiras às Normas Internacionais de 
Contabilidade (IFRS) emitidas pelo IASB, adota a Estrutura Conceitual para 
 
 
4 
Relatórios Financeiros no desenvolvimento dos seus Pronunciamentos 
Contábeis. 
Segundo a OB1 do Capítulo 1, contida na Resolução, a Estrutura 
Conceitual aborda: 
• O objetivo da elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro; 
• As características qualitativas da informação contábil-financeira útil; 
• A definição, o reconhecimento e a mensuração dos elementos a partir dos 
quais As demonstrações contábeis são elaboradas; e 
• Os conceitos de capital e de manutenção de capital. 
Quanto às finalidades da Estrutura Conceitual, citam-se: 
• Auxiliar o desenvolvimento de novos Pronunciamentos Técnicos, 
Interpretações e Orientações e a revisão dos já existentes, para eles terem 
bases em conceitos sólidos e confiáveis. 
• Auxiliar os responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis a 
desenvolver políticas contábeis consistentes e baseadas nas referidas 
normas, bem como amparar os usuários a entender e interpretar os 
pronunciamentos. 
• Promover a harmonização das normas contábeis e dos procedimentos 
relacionados à apresentação das demonstrações financeiras. 
A Estrutura Conceitual pode ser revisada de tempos em tempos, de acordo 
com as necessidades e experiências na sua utilização, pois ela deve sempre estar 
em busca do cumprimento da sua missão declarada pelas IFRS Fundação e do 
IASB, que é de desenvolver pronunciamentos que tragam clareza na prestação 
de contas e eficácia aos mercados financeiros mundiais. 
1.1 Relatório Contábil Financeiro de Propósito Geral 
A Estrutura Conceitual para Relatórios Financeiros apresenta os objetivos 
e os conceitos para a elaboração dos relatórios financeiros para fins gerais que, 
aliás, não são elaborados apenas para se chegar ao valor da entidade que reporta 
a informação; mas a rigor, fornecem informação para auxiliar investidores, 
credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial (Capítulo 
1, OB7, Resolução 1.374/2011). 
 
 
5 
Quanto aos objetivos dos relatórios contábeis-financeiros de propósito (fim) 
geral, eles estão previstos no Capítulo 1, na OB2 da Resolução 1.374/2011, que 
são: 
• Fornecer informações contábil-financeiras tempestivas acerca da entidade 
que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a 
investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a 
outros credores, quando da tomada decisão ligada ao fornecimento de 
recursos para a entidade. 
• Fornecer, tempestivamente, informações suficientes para a tomada de 
decisões que envolvem comprar, vender ou manter participações em 
instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e oferecer ou 
disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito. 
• Apresentar a performance financeira das empresas que estará refletida 
pelo regime de competência e pelos fluxos de caixa. O regime de 
competência reflete a situação econômica da entidade em dado momento, 
mesmo que os pagamentos e recebimentos à vista resultantes ocorram em 
período diferente. Já o fluxo de caixa indica quais foram as saídas e 
entradas de dinheiro no caixa durante o período e o resultado desse fluxo. 
Ele “permite identificar informações sobre empréstimos e resgates de 
títulos de dívidas, dividendos e outras distribuições para seus investidores, 
além da possibilidade de prever problemas de liquidez e solvência.” (Müller; 
Scherer; Cordeiro, 2019). 
Como se observa na Resolução 1.374/2011, e o próprio nome indica – 
Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro –, a finalidade da Estrutura Conceitual não se restringe a meras 
demonstrações contábeis, mas engloba também as divulgações financeiras como 
um todo. 
Nesse sentido, é possível aos interessados (investidores e credores) 
obterem informações sobre a Posição Patrimonial e Financeira, ou seja, quais são 
os recursos e as obrigações da empresa que indicam a disponibilidade ou a 
ausência de recursos financeiros; e sobre o Desempenho, que indica como está 
sendo feita a administração e a utilização dos recursos financeiros e que refletem 
na eficiência da gestão e na prestação de contas. 
Por meio dos relatórios contábeis e financeiros, é possível aos usuários 
fazer projeções dos fluxos de caixa futuros da empresa (função preditiva) e 
 
 
6 
analisar a atuação dos gestores (função confirmatória), de modo a reduzir as 
incertezas quanto aos resultados do negócio no momento de investir. 
1.2 Características qualitativas da informação contábil-financeira útil 
No Capítulo 3 da Estrutura Conceitual – Resolução 1.374/2011 – estão 
contidas as características qualitativas consideradas mais úteis e que devem estar 
presentes nas Demonstrações Contábeis. Elas distinguem as informações mais 
úteis aos credores e aos investidores para que tomem as decisõesbaseadas nos 
dados contidos nas informações financeiras (QC 1 – Resolução 1.374/2011). 
Nesse sentido, há dois tipos de características que os relatórios devem 
obrigatoriamente apresentar: 
• Fundamentais ou obrigatórias, relacionadas à relevância e à representação 
fidedigna. Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer 
diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. A 
informação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo no 
caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração, ou já 
tiverem tomado ciência de sua existência por outras fontes (QC6). As 
Informações financeiras são capazes de fazer diferença em decisões se 
tiverem valor preditivo, com a projeção de resultados futuros que auxiliem 
na tomada de decisões sobre o futuro da entidade, ou valor confirmatório 
que fornecem feedback sobre (confirmam ou alteram) avaliações 
anteriores, ou ambos (QC7 à QC10). Quanto à informação, para ser 
representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada precisa ter 
três atributos. Ela tem que ser completa, neutra e livre de erro. O objetivo 
é maximizar referidos atributos na extensão que seja possível (QC12). 
1.3 Características qualitativas de melhoria 
As características qualitativas de melhoria completam as informações 
fundamentais e aperfeiçoam a utilidade da informação que é relevante e que é 
representada com fidedignidade. Essas características são divididas em quatro 
itens: 
1. Comparabilidade: as decisões de usuários implicam escolhas entre 
alternativas, como, por exemplo, vender ou manter um investimento, ou 
investir em uma entidade ou noutra. Consequentemente, a informação 
 
 
7 
acerca da entidade que reporta informação será mais útil caso possa ser 
comparada com informação similar sobre outras entidades e com 
informação similar sobre a mesma entidade para outro período ou para 
outra data. A comparação requer no mínimo dois itens (QC20). 
2. Verificabilidade: ajuda a assegurar aos usuários que a informação 
representa fidedignamente o fenômeno econômico que se propõe 
representar. A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta 
significa verificar um montante ou outra representação por meio de 
observação direta, como, por exemplo, por meio da contagem de caixa. 
Verificação indireta significa checar os dados de entrada do modelo, 
fórmula ou outra técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da 
aplicação da mesma metodologia. Um exemplo é a verificação do valor 
contábil dos estoques por meio da checagem dos dados de entrada 
(quantidades e custos) e por meio do recálculo do saldo final dos estoques 
utilizando a mesma premissa adotada no fluxo do custo (por exemplo, 
utilizando o método PEPS) (QC 26 e 27). 
3. Tempestividade: significa ter informação disponível para tomadores de 
decisão a tempo de poder influenciá-los em suas decisões. Quanto mais 
antiga a informação for, menos útil ela será para o tomador de decisões, 
por isso, os relatórios contábeis devem refletir as situações econômica e 
financeira atuais (QC29). 
4. Compreensibilidade: significa classificar, caracterizar e apresentar a 
informação com clareza e concisão torna-a compreensível. 
1.4 Restrição de custo na elaboração e divulgação de relatório contábeis-
financeiro 
O custo de gerar a informação é uma restrição sempre presente na 
entidade no processo de elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 
O processo de elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro impõe 
custos, sendo importante que ditos custos sejam justificados pelos benefícios 
gerados pela divulgação da informação (QC35). 
 
 
 
8 
1.5 Estrutura Conceitual para a elaboração e apresentação das 
demonstrações contábeis: texto remanescente 
O Capítulo 4 da Estrutura Conceitual em vigor ainda está em processo de 
revisão, mas atualmente está dividido nos seguintes tópicos: 
• Premissa Subjacente – Continuidade: as demonstrações contábeis 
normalmente são elaboradas tendo como premissa que a entidade está em 
atividade (going concern assumption) e irá manter-se em operação por um 
futuro previsível. Desse modo, parte-se do pressuposto de que a entidade 
não tem a intenção, nem tampouco a necessidade, de entrar em processo 
de liquidação ou de reduzir materialmente a escala de suas operações 
(Item 4, Resolução 1.374/2011). 
• Elementos das demonstrações contábeis: as demonstrações contábeis 
retratam os efeitos patrimoniais e financeiros das transações e outros 
eventos, por meio do grupamento dos mesmos em classes amplas de 
acordo com as suas características econômicas. Estes são os elementos 
das demonstrações contábeis, relacionados à mensuração da posição 
patrimonial e financeira no balanço patrimonial e na Demonstração do 
Resultado do Exercício que são os ativos, os passivos e o patrimônio 
líquido, as Receitas e as Despesas, respectivamente (4.2). 
• Reconhecimento dos elementos das demonstrações contábeis: 
reconhecimento é o processo que consiste na incorporação ao balanço 
patrimonial ou à demonstração do resultado de item que se enquadre na 
definição de elemento e que satisfaça os critérios de reconhecimento. 
Envolve a descrição do item, a mensuração do seu montante monetário e 
a sua inclusão no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado. 
Os itens que satisfazem os critérios de reconhecimento devem ser 
reconhecidos no balanço patrimonial ou na demonstração do resultado 
(4.37). 
• Mensuração dos elementos das demonstrações contábeis (4.55). 
Mensurar os elementos significa que, nas demonstrações contábeis, eles 
são quantificados em termos monetários. A base de mensuração é uma 
característica identificada e pode ser realizada pelos seguintes critérios: 
 
 
9 
• Custo histórico – fornece informações monetárias sobre ativos, passivos e 
respectivas receitas e despesas, utilizando informações oriundas do preço 
da transação ou outro evento que deu origem a eles. 
• Custo corrente – Indicam os valores dos elementos do Patrimônio à época 
da elaboração das demonstrações contábeis, independentemente da data 
da aquisição ou pagamento. 
• Valor realizável – Valor de realização ou de liquidação. Os ativos são 
mantidos pelos montantes em caixa ou equivalentes de caixa que poderiam 
ser obtidos pela sua venda em forma ordenada. Os passivos são mantidos 
pelos seus montantes de liquidação. 
• Valor presente – Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado 
dos fluxos futuros de entradas líquidas de caixa que se espera que sejam 
gerados pelo item no curso normal das operações. Os passivos são 
mantidos pelo valor presente, descontado dos fluxos futuros de saídas 
líquidas de caixa que se espera que serão necessários para liquidar o 
passivo no curso normal das operações. 
Com relação ao conceito de Capital e de manutenção do Capital, a 
Estrutura Conceitual traz dois conceitos de capital: (4.57) 
1. Capital financeiro ou monetário – Refere-se aos Ativos Líquidos da 
entidade ou o Patrimônio Líquido de acordo com o conceito de capital 
financeiro. Nesse sentido, tal como o dinheiro investido ou o seu poder de 
compra investido, o capital é sinônimo de ativos líquidos ou patrimônio 
líquido da entidade. 
2. Capital físico – Refere-se à capacidade operacional da entidade e indica o 
lucro a partir da capacidade operacional da entidade. Segundo o conceito 
de capital físico, tal como a capacidade operacional, o capital é considerado 
como a capacidade produtiva da entidade baseada, por exemplo, nas 
unidades de produção diária. 
TEMA 2 – AJUSTE AO VALOR PRESENTE 
A contabilidade, em regra, registra os fatos contábeis de acordo com os 
valores transcritos nos documentos fiscais que deram origem às operações. 
Porém, com o advento da Lei n. 11.638/2007, passou a ser obrigatória a 
necessidade de realizar os ajustes dos itens patrimoniais a valor presente na 
 
 
10escrituração contábil para demonstrar o valor real da operação na data de emissão 
do demonstrativo financeiro. 
Art. 183, VIII - os elementos do ativo decorrentes de operações de 
longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais 
ajustados quando houver efeito relevante. 
Art. 184, III - as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo 
exigível a longo prazo serão ajustados ao seu valor presente, sendo os 
demais ajustados quando houver efeito relevante. (Brasil, 2007) 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis publicou, em 2008, o 
Pronunciamento Técnico CPC n. 12, que trata de Ajuste a Valor Presente, cujo 
documento foi aprovado pela Deliberação CVM 564/2008 e determina que o 
Ajuste ao Valor Presente – AVP deve ser feito em todos os elementos do ativo e 
do passivo de longo prazo e todos os demais elementos patrimoniais de curto 
prazo, caso tais ajustes tenham efeito relevante nas demonstrações levantadas. 
O Pronunciamento faz distinção entre valor presente e valor justo, 
indicando que o valor presente – present value – é utilizado para atualizar o valor 
do dinheiro no tempo, considerando inflação, juros e desvalorização da moeda, 
por exemplo. Já o valor justo – fair value – é o valor pelo qual um ativo pode ser 
negociado ou uma dívida ser quitada pelo seu valor real, por acordo entre as 
partes interessadas. 
TEMA 3 – CÁLCULOS DE AJUSTE A VALOR PRESENTE 
Este ajuste tem como objetivo trazer para o valor atual os direitos e as 
obrigações – Ativo e Passivo – da empresa que serão realizados ou exigidos em 
uma data futura. 
Para se determinar o valor presente de um fluxo de caixa, é necessário o 
conhecimento de três informações: 
1. O valor futuro do item patrimonial (considerando todos os termos e as 
condições contratados); 
2. A data do referido fluxo financeiro (data futura) e 
3. A taxa de desconto aplicável à transação. 
3.1 Exemplos de cálculos e contabilização de ativos 
Vamos analisar um fato calculando e demonstrando sua contabilização do 
Ajuste a Valor Presente de Ativos, que é a venda de mercadorias, com prazo de 
 
 
11 
recebimento de 2 meses para o recebimento, pelo valor de R$ 120.000,00, com 
juros inclusos de 8 %. 
Após o cálculo financeiro, foi apurado um valor presente de R$ 102.882,58 
(120.000,00 PV; 8 i; 2 n) Na fórmula M = P/ (1 + i)n , onde: 
P = Principal ou Valor Presente (PV = present value) 
M = Montante ou Valor Futuro (FV = future value). 
i = Taxa 
n = tempo 
Pela transação de venda: 
D – Contas a receber R$ 120.000,00 
C – Receita de venda R$ 120.000,00 
Pelo registro do Ajuste a Valor Presente: 
D – Ajuste a Valor Presente (conta de resultado) R$ 17.117,42 
C – AVP – Juros a Transcorrer (redutora das contas a receber) R$ 17.117,42 
Pela apropriação mensal: 
D – AVP Juros a Transcorrer R$ 8.558,71 
C – Receita Financeira AVP R$ 8.558,71 
3.2 Exemplos de cálculos e contabilização de passivos 
Neste exemplo, analisaremos o cálculo e a Contabilização de Ajuste a Valor 
Presente de Passivos, com a compra de mercadoria com prazo de 2 meses para 
o pagamento, pelo valor de R$ 150.000,00, com juros inclusos de 10 %. 
Após o cálculo financeiro, foi apurado um valor presente de R$ 128.602,75 
(150.000,00 PV; 8 i; 2 n; PV) na fórmula M = P/ (1 + i)n , onde: 
P = Principal ou Valor Presente (PV = present value) 
M = Montante ou Valor Futuro (FV = future value). 
i = Taxa 
n = tempo 
Pela transação de compra: 
D – Estoque R$ 150.000,00 
C – Fornecedores R$ 150.000,00 
 
 
 
12 
Pelo registro do Ajuste a Valor Presente: 
D – AVP Juros a Incorrer (conta redutora de Fornecedores) R$ 21.397,25 
C – Ajuste a Valor Presente (conta de resultado) R$ 21.397,25 
Pela apropriação mensal: 
D – Despesas Financeiras AVP R$ 10.698,63 
C – AVP Juros a Incorrer R$ 10.698,63 
As informações quanto ao ajuste a valor presente devem ser divulgadas 
em notas explicativas para que os usuários das demonstrações contábeis tenham 
total entendimento quanto à mensuração do ajuste de ativos e passivos. Elas 
devem seguir os requisitos conforme consta no NBC TG 12 (CFC, 2008): 
• Descrição pormenorizada do item objeto da mensuração a valor presente, 
natureza de seus fluxos de caixa (contratuais ou não) e, se aplicável, o seu 
valor de entrada cotado a mercado; 
• Premissas utilizadas pela administração, taxa de juros decompostas por 
prêmios incorporados e por fatores de riscos (risk-free, risco de crédito, 
etc.), montantes dos fluxos de caixa estimados ou séries de montantes dos 
fluxos de caixa estimados, horizontes temporal ou esperado, expectativas 
em termos de montante e temporalidade dos fluxos (probabilidades 
associadas); 
• Modelos utilizados para cálculo de riscos e imputs dos modelos; 
• Breve descrição do método de alocação dos descontos e do procedimento 
adotado para acomodar mudanças de premissas da administração; 
• Propósito da mensuração a valor presente, se para reconhecimento inicial 
ou nova medição e motivação da administração para levar a efeito tal 
procedimento; 
• Outras informações consideradas relevantes. O Ajuste a Valor Presente 
viabiliza para a organização vantagens, tais como: correção de julgamento 
referente a eventos passados já registrados; melhor forma de 
reconhecimento de eventos presentes e demonstrações contábeis com 
maior grau de relevância (CFC, 2008b). 
De acordo com Iudícibus et al. (2010), os procedimentos de ajustar ativos 
e passivos a valor presente contribuem para a elaboração de demonstrações 
 
 
13 
contábeis, com maior valor preditivo, contribuindo para o aumento da relevância 
das informações. 
TEMA 4 – VALOR JUSTO 
Um dos principais pilares das normas internacionais de contabilidade, que 
gerou a introdução dos padrões contábeis internacionais no Brasil, foi a 
mensuração do Valor Justo, cujo objetivo maior foi determinar a forma de cálculo 
do Valor Justo e de divulgar as informações. Esse assunto está previsto na NBC 
– TG n. 46 (Normas Brasileiras de Contabilidade – Gerais), Pronunciamento 
Técnico CPC 46. 
O valor justo – fair value – é o valor pelo qual um ativo pode ser negociado 
ou uma dívida ser quitada pelo seu valor real, por acordo entre as partes 
interessadas baseado em valores de mercado, ou, de acordo com o Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis, em seu Pronunciamento Técnico n. 46, Valor Justo 
é: “O preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela 
transferência de um passivo, em uma transação não forçada, entre os envolvidos 
na data da mensuração”. 
4.1 Aplicação do Valor Justo 
A aplicação do Valor Justo ocorre quando as partes contratantes decidem, 
entre si, negociar valores do ativo ou de uma dívida a ser quitada pelo seu valor 
real. A NBC 46 prevê algumas situações em que pode ser utilizada a negociação 
pelo valor justo, tais como: 
• Títulos e Valores Mobiliários; 
• Derivativos; 
• Combinações de negócios; 
• Reavaliação de Ativos; 
• Reconhecimento de receitas; 
• Propriedades para investimentos; 
• Ativos Biológicos. 
 
 
 
14 
4.2 Métodos de mensuração 
O item 7 da NBC-TG 46 especifica que a mensuração do valor justo se 
destina a um ativo ou passivo em particular, de acordo com as características de 
cada um, tais como: a condição e a localização do ativo, e restrições, se houver, 
para a venda ou o uso do ativo. Para a mensuração, utilizam-se o ativo ou passivo 
individuais (exemplo: instrumento financeiro ou ativo não financeiro) e ativo ou 
passivo em grupos (exemplo: unidade geradora de caixa ou um negócio). 
Para o cálculo do valor justo, deve-se levar em consideração o preço que 
seria recebido pela venda de um ativo ou pago pela transferência de um passivo 
em uma transação não forçada no mercado principal na data de mensuração nas 
condições atuais de mercado. 
Para estabelecer o valor justo, utilizam-se três métodos, quais sejam: 
1. Abordagem de Mercado: este método utiliza-sede preços que foram 
observados e outras informações relevantes ao produto, em transações no 
mercado que envolvem ativos ou passivos considerados semelhantes 
(CPC 46, B5). 
2. Abordagem de Receita: também conhecida por Fluxo de Caixa 
Descontado, mediante a uma taxa de desconto, essa técnica traz a valor 
presente montantes futuros (CPC 46, B10). 
3. Abordagem de Custo: é também conhecida por custo de reposição do ativo. 
O CPC 46, B diz: “o custo de reposição geralmente utilizados para ativos e 
passivos tangíveis”. Esse método usa como base o custo de reposição ou 
de substituição. Nos casos de ativos obsoletos, o valor deve ser depreciado 
no seu valor final. 
Além destes, há outros aspectos importantes na CPC 46 e que devem ser 
levados em consideração, tais como: 
• Valor Justo: hierarquia de Divulgação, que trata da forma como a 
divulgação dos resultados deve ser realizada, levando em consideração as 
Técnicas de avaliação utilizadas, as variáveis utilizadas e os dados de 
entrada. 
• Mercado Principal ou Mais Vantajoso, que trata da forma como se faz a 
avaliação de Valor Justo, a qual deve se dar no mercado em que os bens 
do ativo e passivo sejam transacionados. O CPC 46, no parágrafo 17, 
 
 
15 
determina: “A entidade não necessita empreender uma busca exaustiva de 
todos os possíveis mercados para identificar o mercado principal ou, na 
ausência de mercado principal, o mercado mais vantajoso, mas ela deve 
levar em consideração todas as informações que estejam disponíveis”. 
• Participantes do mercado: o CPC 46, parágrafo 42, determina as suas 
necessárias características: “A entidade deve mensurar o Valor Justo de 
um ativo ou passivo utilizando as premissas que os participantes do 
mercado utilizariam ao precificar o ativo ou o passivo, presumindo-se que 
os participantes do mercado ajam em seu melhor interesse econômico”. 
• Quando não houver transações no mercado, a CPC 46 estabeleceu que, 
se na data da mensuração não forem conhecidas transações para o ativo 
ou passivo, o avaliador se utilizará de outras possibilidades, tais como: 
dados históricos, taxa de depreciação, valor do bem novo e valor daquele 
ativo ou passivo no mercado, na data da avaliação. 
• Quanto ao Preço, o CPC 46 especifica que, dentro de um mercado 
previamente determinado, em que o ativo ou passivo é negociado, o valor 
recebido pela venda é o preço a ser usado, e podem incluir-se nesse preço 
os custos de transporte, mas não os custos de transação. 
• Aplicação a ativos não financeiros: neste caso, o CPC 46 determina que: 
“a mensuração do valor justo de um ativo não financeiro leva em 
consideração a capacidade do participante do mercado de gerar benefícios 
econômicos utilizando o ativo em seu melhor uso possível (highest and best 
use) ou vendendo-o a outro participante do mercado que utilizaria o ativo 
em seu melhor uso.” 
• Dificuldade da avaliação de Valor Justo. É difícil para o avaliador, na 
avaliação dos ativos e passivos, trabalhar com a subjetividade de muitos 
critérios ditados pelo CPC 46, tais como o avanço tecnológico e a aceitação 
do mercado. Por isso, o técnico avaliador especialista deve considerar que 
o valor justo reflete um ativo ou um passivo em um dado momento 
específico, mas que poderá sofrer mudanças em um período curto de 
tempo. 
 
 
 
16 
TEMA 5 – ESTOQUES 
A Norma Reguladora que trata desse tema é a IAS 2 (CPC 16) – Avaliação 
e Apresentação de Estoques no Contexto do Sistema de Custo Histórico, que 
estabelece o tratamento contábil para os estoques. 
Essa norma, que criou um padrão internacional de relatório financeiro para 
o tratamento dos estoques, define como os custos de estoque devem ser 
reconhecidos. Ao mesmo tempo, orienta sobre as técnicas de mensuração e as 
fórmulas dos custos, além do reconhecimento das receitas e despesas 
relacionados aos estoques e, ainda, quais são os critérios utilizados para a 
atribuição dos custos aos estoques. 
Nas instituições, independentemente do ramo de negócio, os estoques são 
ativos que elas têm para o desenvolvimento de sua atividade, e cada um deles 
funcionam de acordo com o tipo de empresa, mas em todas elas, a 
movimentação dos produtos e mercadorias reflete significativamente nas 
demonstrações financeiras. 
O estoque nada mais é do que um conjunto de produtos armazenados 
dentro das empresas, sejam eles insumos para o processo de produção, produtos 
em elaboração (em produção) ou produtos finais, prontos para a venda. A gestão 
dos estoques é de fundamental importância, pois ela reflete nos resultados, 
positivos ou negativos, da instituição. Segundo a IAS 2, os estoques são ativos e 
são assim denominados: 
• Mantidos para venda no curso normal dos negócios; 
• Em processo de produção para venda; ou 
• Na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou 
transformados no processo de produção ou na prestação de serviços. 
5.1 Custo dos estoques 
Os estoques, objetos do Pronunciamento IAS 2 (CPC 16), devem ser 
mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor. 
Os itens que compõem o estoque são: 
• Custos de aquisição; 
• Custos de transformação; 
dguimaraes
Realce
dguimaraes
Realce
 
 
17 
• Custos fixos indiretos que devem ser alocados às unidades produzidas 
baseada na capacidade normal de produção. 
Os custos de aquisição são compostos pelo preço de compra, mas 
também dos impostos, de importação (se for o caso), tributos não sujeitos à 
recuperação. Adiciona-se ao custo do produto, todos os desembolsos 
relacionados com a aquisição do produto, como transportes. Já os custos de 
produção envolvem mais situações, pois além do custo de aquisição dos 
insumos, agrega-se o custo com a mão de obra, custos variáveis e custos fixos. 
(IAS 2) 
5.2 Mensuração de custos 
A mensuração pode ser feita por meio de dois métodos, que são o custo-
padrão e o método de varejo. O custo-padrão considera os níveis de materiais, 
suprimentos, mão de obra, enquanto o método de varejo é utilizado quando há 
um grande volume de itens, com giro rápido, com margens similares, o que 
dificulta o uso de outros métodos de custo. (IAS2). 
5.3 Fórmulas de custeio 
Há três métodos de mensurar o valor do estoque e dos custos nas 
empresas. O PEPS – Primeiro que entra, primeiro que sai –, a MPM – Custo Médio 
(Média Ponderável) Ponderável – e o UEPS – Último que entra, primeiro que sai. 
Esse último método não é permitido para fins fiscais e contábeis, mas apenas para 
fins gerenciais, eis que supervaloriza o custo no momento da baixa dos estoques, 
o que pode diminuir o resultado tributável. 
Na maioria dos casos, os estoques devem ser baixados utilizando-se o 
método PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai), mas também é aceita a baixa 
pelo Custo médio ponderado, sendo que a entidade deve usar o mesmo critério 
de custeio para todos os estoques que tenham natureza e uso semelhantes dentro 
da instituição. 
Com a utilização do método da média ponderada móvel, os custos dos 
produtos em estoque são alterados por meio de novas compras realizadas, que 
normalmente acontecem com preços diferentes e, assim, ao final, tem-se o 
estoque valorado a um preço médio. 
 
 
 
18 
5.4 Valor realizável líquido 
É comum nas empresas que possuem um grande número de itens 
perceber-se a necessidade de baixar alguns itens de seu estoque, seja porque 
esses ativos têm pouca rotatividade ou são produtos fora de linha, obsoletos, 
avariados. 
Esses itens devem ser baixados ao seu valor realizável líquido e o ajuste 
para esse valor deve ser feito item por item. O valor realizável líquido é o preço 
de venda estimado no curso normal dos negócios deduzido dos custos estimados 
para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a 
venda (IAS 2). O reconhecimento dos custos de estoque só deve ser realizado no 
momento da venda, ou seja, no mesmo períodoem que a respectiva receita é 
reconhecida. 
As movimentações dos estoques, bem como o reconhecimento das 
receitas e despesas, devem ser divulgadas nas demonstrações financeiras que 
obedeçam às normas internacionais de contabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 28 dez. 2007. 
CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução n. 1.374, de 8 de dezembro 
de 2011. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 dez. 2011. 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento Técnico 
CPC 46 – mensuração do valor justo. Disponível em: < 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/395_CPC_46_rev%2006.pdf>. 
IUDÍCIBUS, S. de. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as 
sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. São Paulo: Editora 
Atlas, 2010. 
MÜLLER, A. N.; SCHERER, L. M.; CORDEIRO, C. M. R. Contabilidade 
Avançada e Internacional. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
 
 
 
AULA 3 
CONTABILIDADE INTERNACIONAL 
Profª Ivanes da Glória Mattos 
2 
INTRODUÇÃO 
Nesta aula vamos analisar sobre o tratamento dado aos Ativos das 
empresas, de acordo com as normas internacionais de contabilidade. A partir de 
agora, começaremos a nos envolver com as normas específicas de cada um dos 
itens do patrimônio e dos resultados das empresas e, assim, veremos: 
1. Ativos biológicos e produtos agrícolas
2. Ativo não circulante mantido para venda e operações descontinuadas
3. Propriedade para investimentos
4. Ativo imobilizado: aspectos conceituais
5. Cálculos de depreciação e exaustão
Vamos, então, seguir com a nossa trajetória! 
Crédito: zmicier kavabata/Shutterstock. 
TEMA 1 – ATIVOS BIOLÓGICOS E PRODUTOS AGRÍCOLAS 
Pelo pronunciamento CPC 29 (IAS 41) foi normatizado o tratamento a ser 
dado pela contabilidade aos ativos biológicos e aos produtos agrícolas sua 
mensuração a valor justo e das avaliações contábeis. Seu contexto mais relevante 
tem por finalidade o reconhecimento contábil dos ativos biológicos e sua 
passagem para produtos agrícolas após a colheita. Segundo a norma, o CPC 29 
aplica-se nos seguintes casos: 
a) ativos biológicos, exceto plantas portadoras;
b) produção agrícola no ponto de colheita e certas subvenções
governamentais.
A planta portadora é uma planta viva que:
i. é utilizada na produção ou no fornecimento de produtos agrícolas;
ii. é cultivada para produzir frutos por mais de um período; e
 
 
3 
iii. tem uma probabilidade remota de ser vendida como produto agrícola, 
exceto para eventual venda como sucata. 
Já na produção agrícola, produção é o produto colhido de ativo biológico 
da entidade; o ativo biológico, por sua vez, é um animal e/ou uma planta, vivos. 
Porém, as regras do CPC 29 não são aplicáveis para: 
a) terras relacionadas com atividades agrícolas; 
b) plantas portadoras relacionadas com a atividade agrícola; 
c) subvenção e assistência governamentais relacionadas às plantas 
portadoras; 
d) ativos intangíveis relacionados com atividades agrícolas. 
São exemplos de atividade agrícola: 
i. aumento de rebanhos; 
ii. silvicultura; 
iii. colheita anual ou constante; 
iv. cultivo de pomares e de plantações; 
v. floricultura; e 
vi. cultura aquática (incluindo criação de peixes). 
1.1 Conceitos 
Ativos biológicos são seres vivos (plantas e animais), que passado seu 
processo de colheita, tornam-se produtos agrícolas, que estão sujeitos, conforme 
as normas, a uma avaliação de valor justo. Estes ativos são transformados, e 
neste momento, quando a vida de um ser vivo chega ao seu final, estes passam 
a ter outra característica contábil. Eles podem ser classificados como: maduros 
(consumíveis e prontos para a colheita) ou imaturos (sustentam colheitas 
regulares e são próprios para a produção), ou ainda, como consumíveis ou de 
produção. São exemplos de ativos biológicos: 
a) carneiro; 
b) plantação de árvores para madeira; 
c) gado de leite; 
d) cana-de-açúcar; 
e) videira; 
f) porcos; 
 
 
4 
g) plantações de algodão e de fumo; 
h) seringueira. 
Um exemplo de fácil entendimento são as árvores que fornecem madeiras; 
ainda na plantação, são ativos biológicos. À medida que são cortadas, tornam-se 
produtos agrícolas, mas ainda poderão se transformar em madeira serrada, 
quando, então, não fará mais parte do reconhecimento do CPC 29. A cana-de-
açúcar é outro exemplo de um ativo biológico que, após transformado 
biologicamente, passa a ser um produto agrícola, e após, açúcar, quando então 
não fará mais parte do reconhecimento do CPC 29. 
De acordo com o CPC 29, produção agrícola é a colheita de ativos biológicos. 
Já a transformação biológica compreende as várias mudanças físicas que ocorrem 
nos ativos em função dos processos que passam, como crescimento, degeneração, 
procriação e produção. Esses processos geram alterações de qualidade e quantidade 
no ativo biológico, o que consequentemente, altera o seu valor justo. Os produtos 
agrícolas são aqueles que servem de alimento às pessoas e podem ser vegetais e 
animais. Valor justo, por sua vez, é o preço que seria recebido pela venda de um ativo 
ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre 
participantes do mercado na data de mensuração. 
1.2 Valoração de ativos biológicos: fatores que influenciam 
Para calcular esses benefícios é utilizado o método do valor justo e custo desse 
ativo, naturalmente sempre considerando a depreciação e riscos de perda. É necessário 
entender particularidades de cada região em que o ativo estiver instalado, já que essas 
variáveis são influências para valores praticados em determinados ativos biológicos, o 
que pode afetar uma decisão. Há vários fatores que podem influenciar a valoração do 
produto, tais como: 
• oferta e demanda; 
• situação climática; 
• possíveis produtos substitutos; 
• tratamentos culturais; 
• economia. 
Para definir o valor justo é necessário análise profunda da estrutura do 
agronegócio no país, pois as características elencadas podem gerar distorções, 
 
 
5 
por exemplo, de região para região. Por exemplo, a condição da terra onde o ativo 
está e o clima. 
1.3 Reconhecimento, mensuração e ganhos e perdas 
A entidade deve reconhecer um ativo biológico ou produto agrícola quando, 
e somente quando (CPC 29, item 10): 
a) controla o ativo como resultado de eventos passados; 
b) for provável que benefícios econômicos futuros associados ao ativo fluirão para 
a entidade; e 
c) o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado confiavelmente. 
A mensuração do ativo biológico deve ser feita pelo valor justo menos a 
despesa de venda no momento do reconhecimento inicial e no final de cada 
período de competência. Já o produto agrícola colhido de ativos biológicos da 
entidade deve ser mensurado ao valor justo, menos a despesa de venda, no 
momento da colheita. 
O ganho ou a perda proveniente da mudança no valor justo menos a 
despesa de venda de ativo biológico reconhecido no momento inicial até o final 
de cada período deve ser incluída no resultado do exercício em que tiver origem. 
Já o ganho ou a perda proveniente do reconhecimento inicial do produto agrícola 
ao valor justo menos a despesa de venda deve ser incluído no resultado do 
período em que ocorrer. 
Quando for possível obter de forma confiável o valor justo, o ativo biológico 
deve ser mensurado ao custo menos qualquer depreciação e perda por 
irrecuperabilidade acumulada. Quando aos ativos biológicos que estão 
fisicamente amarrados à terra, como as árvores, devem ser mensurados 
separadamente da terra em que se encontram. Por outro lado, o CPC 29 informa 
que na avaliação de um ativo biológico, quando o preço de mercado não está 
disponível e as alternativas para mensurá-lo não são confiáveis, o ativo biológico 
seja avaliado ao custo. 
1.4 A Lei n. 11.638/07 e os ativos biológicos 
A Lein 11.638, de 28 de dezembro de 2007, trouxe mudanças na Lei das 
sociedades Anônimas (Lei n. 6.4040/76), revogando, alterando e introduzindo 
alguns dispositivos, mais especificamente sobre assuntos que envolvem a 
 
 
6 
contabilidade. A partir dela, houve integração das demonstrações financeiras das 
companhias nacionais e as internacionais, devendo ambas se adequarem ao 
padrão IFRS (International Financial Reporting Standards). Para a avaliação de 
ativos biológicos, a Lei n. 11.638/2007 exige que os produtores apresentem a 
divulgação contábil correta dos seus ativos biológicos, seguindo o IFRS, e estando 
sujeitos a penalidades caso não a sigam da maneira devida. 
TEMA 2 – ATIVO NÃO CIRCULANTE MANTIDO PARA VENDA E OPERAÇÕES 
DESCONTINUADAS 
Esse tema é tratado pelo Pronunciamento CPC 31 (IFRS 5), que fornece 
subsídios para o reconhecimento e a evidenciação das operações de 
descontinuidade de operações. Uma operação em descontinuidade é qualquer 
operação negocial diversa da área em que a empresa atua regularmente. Já um 
elemento indissociável da operação em descontinuidade é o ativo não circulante 
mantido para venda. A norma informa que a operação descontinuada é o 
componente da entidade que tenha sido alienado ou esteja classificado como 
mantido para venda e: 
a) represente importante linha separada de negócios ou área geográfica de 
operações; 
b) seja parte integrante de um único plano coordenado para vender uma 
importante linha separada de negócios ou área geográfica de operações; 
ou 
c) seja uma controlada adquirida exclusivamente com o objetivo de revenda. 
Operações descontinuadas são bens do ativo não circulante postos à 
venda; logo, as receitas e despesas decorrentes são as operações 
descontinuadas. O Pronunciamento também trata da classificação de ativo não 
circulante como mantido para venda: 
i. A entidade deve classificar um ativo não circulante como mantido para 
venda se o seu valor contábil for recuperado, principalmente, por meio de 
transação de venda em vez do uso contínuo; 
ii. Para que esse seja o caso, o ativo ou o grupo de ativos mantido para venda 
deve estar disponível para venda imediata em suas condições atuais, 
sujeito apenas aos termos que sejam habituais e costumeiros para venda 
 
 
7 
de tais ativos mantidos para venda. Com isso, a sua venda deve ser 
altamente provável; é considerada provável a venda quando: 
a) o nível hierárquico de gestão apropriado esteja comprometido com o plano 
de venda do ativo; 
b) a entidade tenha iniciado um programa firme para localizar um comprador; 
e 
c) o ativo seja colocado para a venda por preço que seja razoável em relação 
ao seu valor justo corrente. 
2.1 Mensuração e apresentação 
Quanto à mensuração e apresentação, a norma (CPC 31) dispõe que os ativos 
que satisfaçam aos critérios de classificação como não circulantes mantidos para venda 
sejam: 
a) mensurados pelo menor: entre o valor contábil e o valor justo menos as 
despesas de venda, e que a depreciação ou a amortização desses ativos 
cesse; 
b) apresentados separadamente no balanço patrimonial e que os resultados das 
operações descontinuadas sejam apresentados separadamente na 
demonstração do resultado. 
O ativo não circulante será considerado para distribuição aos sócios quando a 
entidade está comprometida para distribuir esse ativo (ou grupo de ativos) aos 
proprietários. O critério para essa classificação é que os ativos estejam disponíveis para 
imediata distribuição na sua condição atual e que a distribuição seja altamente provável. 
A forma da sua mensuração será pelo menor valor entre seu valor contábil e seu valor 
justo diminuído das despesas de distribuição. 
O bem mantido no ativo não circulantes para venda não deverá ser 
depreciado (nem amortizado) enquanto estiver classificado como mantido para 
venda ou enquanto fizer parte de grupo de ativos classificado como mantido para 
venda. A entidade deve apresentar e divulgar informação que permita aos 
usuários das demonstrações contábeis avaliarem os efeitos financeiros das 
operações descontinuadas e das baixas de ativos não circulantes mantidos para 
venda (CPC 31). 
 
 
 
8 
TEMA 3 – PROPRIEDADE PARA INVESTIMENTOS 
O tratamento contábil sobre a propriedade para investimento está previsto 
no Pronunciamento Técnico CPC 28, em correlação às Normas Internacionais de 
Contabilidade IAS 40. Segundo a regra do Pronunciamento Contábil do Comitê 
de Pronunciamentos Contábeis (CPC), um bem para investimento é a propriedade 
(terreno ou edifício, ou parte de edifício, ou ambos) mantida pelo proprietário ou 
arrendatário (em arrendamento financeiro) para auferir aluguel ou para 
valorização do capital ou para ambas. Não são consideradas para investimento 
as propriedades: 
a) usadas na produção ou fornecimento de bens/serviços ou para finalidades 
administrativas; 
b) destinadas para venda no curso ordinário do negócio. 
As propriedades para investimento são mantidas para obter rendas e/ou 
para valorização do capital ou para ambas, e por isso são classificadas no 
subgrupo Investimentos, dentro do ativo não circulante. Como essas propriedades 
geram fluxos de caixa independentes dos outros ativos mantidos pela entidade, 
são distintos das demais propriedades ocupadas pelos proprietários que são 
classificadas como ativo imobilizado. 
3.1 Exemplos de propriedade para Investimento 
De acordo com o Pronunciamento CPC 28 (IAS 40) são exemplos de 
propriedades para investimentos: 
a) terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não para 
venda a curto prazo no curso ordinário dos negócios; 
b) terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado (se a 
entidade não tiver determinado que usará o terreno como propriedade 
ocupada pelo proprietário ou para venda a curto prazo no curso ordinário 
ATIVO 
 Circulante 
 Não Circulante 
 Realizável a Longo Prazo 
 Investimentos 
 Imobilizado 
 
 
9 
do negócio, o terreno é considerado como mantido para valorização do 
capital); 
c) edifício que seja propriedade da entidade (ou ativo de direito de uso relativo 
a edifício mantido pela entidade) e que seja arrendado sob um ou mais 
arrendamentos operacionais; 
d) edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob um 
ou mais arrendamentos operacionais; 
e) propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura 
utilização como propriedade para investimento. 
3.2 Exemplos de propriedades são consideradas como propriedades para 
investimento pelo pronunciamento 28 
a) propriedade destinada à venda no decurso ordinário das atividades ou em 
vias de construção ou desenvolvimento para tal venda, como propriedade 
adquirida exclusivamente com vista à alienação subsequente no futuro 
próximo ou para desenvolvimento e revenda; 
b) propriedade ocupada pelo proprietário, incluindo (entre outras coisas) 
propriedade mantida para uso futuro como propriedade ocupada pelo 
proprietário, propriedade mantida para desenvolvimento futuro e uso 
subsequente como propriedade ocupada pelo proprietário, propriedade ocupada 
por empregados (paguem ou não aluguéis a taxas de mercado) e propriedade 
ocupada pelo proprietário ao aguardo de alienação; 
c) propriedade que é arrendada a outra entidade sob arrendamento 
financeiro. 
3.3 Reconhecimento 
A propriedade para investimento deve ser reconhecida como ativo quando, 
e apenas quando (CPC 28): 
a) for provável que os benefícios econômicos futuros associados à 
propriedade para investimento fluirão para a entidade; e 
b) o custo da propriedade para investimento possa ser mensurado confiavelmente. 
O Princípio do Reconhecimento contido na IAS 40 determina que se deve 
considerar como custo todos os valores da propriedade para investimento no 
momento em que eles são incorridos, incluindo custos inicialmente incorridos para 
 
 
10 
adquirir uma propriedade para investimento e custosincorridos 
subsequentemente para adicionar a, substituir partes de, ou prestar manutenção 
à propriedade, excluindo, no entanto, os custos de reparos e manutenção diários 
do bem. 
3.4 Valor justo 
Com a implantação do Pronunciamento Contábil (CPC 28), as propriedades 
para investimento podem ser mensuradas por dois métodos distintos e que devem 
ser aplicados à todas as suas propriedades para investimento: método de custo e 
método de valor justo. 
O valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que 
seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre 
participantes do mercado na data de mensuração. No reconhecimento é 
obrigatório que a mensuração desse ativo seja feita pelo método de custo, mas a 
partir da mensuração subsequente, ou seja, após o reconhecimento, esse ativo 
pode ser mensurado tanto pelo método de custo quanto pelo método de valor 
justo. Porém, se for adotado o método de custo a entidade deverá mensurar o 
bem pelo seu valor justo e divulga-lo nas Notas Explicativas. É o que determina o 
item 32 da CPC 28: 
Este Pronunciamento Técnico exige que todas as entidades mensurem o 
valor justo de propriedades para investimento para a finalidade de 
mensuração (se a entidade usar o método do valor justo) ou de divulgação (se 
usar o método do custo). 
Após o reconhecimento inicial, a entidade que escolhe o método do valor 
justo deve mensurar todas as suas propriedades para investimento pelo valor 
justo, exceto em casos excepcionais, quando não for possível determinar tal valor, 
cujo o método para a mensuração do valor justo da propriedade para investimento 
está previsto no Pronunciamento Técnico CPC 46. O ganho ou a perda 
proveniente de alteração no valor justo de propriedade para investimento deve ser 
reconhecido no resultado do período em que ocorra (item 35, CPC 28). 
3.5 Transferência 
As transferências para/ou de propriedades para investimento devem ser 
feitas quando, e apenas quando, houver alteração de uso evidenciada nas 
seguintes situações (item 57, CPC 28): 
 
 
11 
1. início de ocupação pelo proprietário: transferência de propriedade para 
investimento para propriedade ocupada pelo proprietário (imobilizado); 
2. início de desenvolvimento com objetivo de venda: transferência de 
propriedade para investimento para estoque. Aqui a entidade deve 
transferir a propriedade de propriedade para investimento para estoque 
quando, e apenas quando, houver uma alteração no uso, evidenciada pelo 
começo de desenvolvimento com ao objetivo de venda. 
3. fim de ocupação pelo proprietário: transferência de propriedade ocupada 
pelo proprietário para propriedade para investimento. Aqui a entidade 
deverá aplicar o CPC 27 (imobilizado) para propriedade própria e o CPC 
06 (arrendamento) para propriedade mantida por arrendatário como ativo 
de direito de uso até a data da alteração do uso. 
4. começo de arrendamento operacional para outra entidade: para 
transferência de estoques para propriedade para investimento. 
3.6 Contabilização das diferenças contábeis decorrentes da transferência 
De acordo com a regra estabelecida no Pronunciamento 28, até a data em 
que o imóvel ocupado pelo proprietário se torne propriedade para investimento 
escriturada pelo valor justo, a entidade deverá depreciar a propriedade e 
reconhecer quaisquer perdas por redução no valor recuperável (impairment) que 
tenham ocorrido. Mas, após classificação como investimento, (a valor justo) não 
haverá necessidade da continuidade da depreciação. As regras para a 
contabilização das diferenças entre o valor contábil e o seu valor justo, nos casos 
de transferência do imobilizado para o investimento a valor justo, estão 
estabelecidas no pronunciamento CPC 27, quais sejam: 
a) qualquer diminuição resultante no valor contábil da propriedade será 
reconhecida no resultado. Porém, até o ponto em que a quantia esteja 
incluída em reavaliação anteriormente procedida nessa propriedade, a 
diminuição é debitada contra esse excedente de reavaliação; 
b) qualquer aumento resultante no valor contábil até o ponto em que o 
aumento reverta perda anterior por impairment dessa propriedade, o 
aumento será reconhecido no resultado; 
c) qualquer parte remanescente do aumento será creditada diretamente no 
patrimônio líquido, em ajustes de avaliação patrimonial, como parte dos outros 
resultados abrangentes. 
 
 
12 
Já nos casos de transferência do estoque para o investimento a valor 
justo qualquer diferença entre o valor justo da propriedade nessa data e o seu 
valor contábil anterior deve ser reconhecida no resultado. Veja, a seguir, o 
esquema para o tratamento contábil das transferências das propriedades 
contabilizadas no ativo não circulante – investimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*Ajuste de avaliação patrimonial 
Fonte: Mattos, 2021. 
TEMA 4 – ATIVO IMOBILIZADO: ASPECTOS CONCEITUAIS 
O tratamento contábil para ativos imobilizados está previsto no 
pronunciamento contábil CPC 27 (IAS 16), para que os usuários das 
demonstrações contábeis possam diferenciar a informação sobre o investimento 
da entidade em seus ativos imobilizados, bem como suas mutações. As regras 
contidas neste pronunciamento devem ser aplicadas na contabilização de ativos 
imobilizados, exceto quando outro pronunciamento exija ou permita tratamento 
contábil diferente, tais como: CPC 29, 30 e 31). O Pronunciamento CPC 27 traz 
as definições dos componentes do ativo imobilizado, tais como: 
Transferência Diferença Contábil 
Estoque 
Imobilizado 
Propriedade 
para 
Investimento 
Propriedade 
para 
Investimento 
Resultado 
Diminuição 
Aumento 
Resultado 
*AAP (PL) 
ATIVO 
 Circulante 
 Não Circulante 
 Realizável a Longo Prazo 
 Investimentos 
 Imobilizado 
 
 
13 
• Valor contábil é o valor pelo qual um ativo é reconhecido após a dedução 
da depreciação e da perda por redução ao valor recuperável acumuladas; 
• planta portadora é uma planta viva que: é utilizada na produção ou no 
fornecimento de produtos agrícolas; é cultivada para produzir frutos por 
mais de um período; e tem probabilidade remota de ser vendida como 
produto agrícola, exceto para eventual venda como sucata. 
• Custo é o montante de caixa ou equivalente de caixa pago ou o valor justo 
de qualquer outro recurso dado para adquirir um ativo na data da sua 
aquisição ou construção. 
• Valor depreciável é o custo de um ativo ou outro valor que substitua o custo, 
menos o seu valor residual. 
• Depreciação é a alocação sistemática do valor depreciável de um ativo ao 
longo da sua vida útil. 
• Valor específico para a entidade (valor em uso) é o valor presente dos 
fluxos de caixa que a entidade espera: obter com o uso contínuo de um 
ativo e com a alienação ao final da sua vida útil ou incorrer na liquidação 
de um passivo. 
• Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que 
seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada 
entre participantes do mercado na data de mensuração. 
• Perda por redução ao valor recuperável é o valor pelo qual o valor contábil 
de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa excede seu valor 
recuperável. 
• Ativo imobilizado é o item tangível que: é mantido para uso na produção ou 
fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para 
fins administrativos e se espera utilizar por mais de um período. 
• Os ativos imobilizados correspondem aos direitos que tenham por objeto 
bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou 
exercidos com essa finalidade. 
• Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo menos os custos de 
venda de um ativo e seu valor em uso. 
• Valor residual de um ativo é o valor estimado que a entidade obteria com a 
venda do ativo após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo 
já tivesse a idade e a condição esperadas para o fim de sua vida

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