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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E TECNOLOGIAS Curso de Engenharia Química Disciplina: Mecânica dos Fluidos Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química Prof. Dr. Reinaldo Pisani Jr. Ribeirão Preto 2014 Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 2 1 Introdução 1.1 Importância da Mecânica dos Fluidos para Engenharia Química A técnica de transporte de fluido por escoamento é muito importante no âmbito da Engenharia Química por ser costumeiramente mais econômica. O processamento de líquidos é normalmente mais simples e barato que o de sólidos ou de gases. Consequentemente, os engenheiros químicos tendem a optar por processos em via líquida envolvendo líquidos puros, soluções e suspensões. A Mecânica dos Fluidos é uma área do conhecimento que estuda o comportamento dos fluidos em repouso ou em movimento (escoamento), que correspondem respectivamente à Estática dos Fluidos e à Dinâmica dos Fluidos. A Mecânica dos Fluidos por sua vez faz parte da Mecânica do Contínuo que também envolve o estudo da deformação e tensionamento dos sólidos. Fluido é um estado da matéria que permite deformação contínua quando aplicada uma tensão de cisalhamento (força tangencial distribuída em uma área de aplicação). O Processo Químico é o principal objeto de análise da Engenharia Química, sendo este definido como uma sequência ordenada de transformações físicas (Operações Unitárias) e químicas (Processos Unitários) com o intuito de converter matérias-primas e energia em produtos e emissões, efluentes e resíduos. Cada uma das etapas elementares de transformação constitui uma operação ou um processo unitário. As técnicas de projeto de operações unitárias são baseadas em princípios teóricos ou empíricos de transferência de massa, transferência de calor, transferência de quantidade de movimento, termodinâmica, biotecnologia e cinética química. Desta forma, os processos podem ser estudados de forma simples e unificada. Cada Operação Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 3 Unitária é sempre a mesma operação, independente da natureza química dos componentes envolvidos. Por exemplo, a filtração, separação de uma fase particulada de uma fase fluida pela ação de uma barreira física (meio filtrante), é um caso particular do escoamento em um meio poroso, independentemente se ocorre em uma indústria de alimentos ou em uma petroquímica. No Quadro 1 são listados os principais processos e operações unitários da Engenharia Química. Quadro 1.1 Principais operações e processos unitários da Engenharia Química Operações Unitárias Processos Unitários Transporte de líquidos Combustão Transporte de gases Oxidação Transporte de sólidos Neutralização Transmissão de calor e Trocadores de calor Eletrólise Fragmentação e Moagem Calcinação Agitação e Mistura Desidratação Classificação e Peneiramento Nitração Fluidização Esterificação Extração líquido-líquido Redução Lixiviação Halogenação Sedimentação e Espessamento Sulfonação Filtração Hidrólise Centrifugação Hidrogenação Evaporação Alquilação Secagem Polimerização Destilação Fermentação Cristalização Pirólise Absorção Aromatização Adsorção Isomerização Pervaporação 1.2 Conceitos Fundamentais A Mecânica dos Fluidos é uma área do conhecimento que estuda o comportamento dos fluidos em repouso ou em movimento (escoamento), que correspondem respectivamente à Estática e à Dinâmica dos Fluidos. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 4 Fluidos são substâncias que se deformam continuamente quando submetidas a uma tensão de cisalhamento (força tangencial, com direção e sentido, distribuída em uma área de atuação no fluido, ou seja, por unidade de área). De maneira geral: Fluido → Gases, Líquidos, Vapores e Pastas Nos estudos da Estática e da Dinâmica dos Fluidos, os fluidos são considerados meios contínuos, infinitamente divisíveis de forma a não alterar suas propriedades intensivas (massa específica, temperatura, viscosidade, pressão, etc.), deixa-se de lado que sejam formados por átomos e moléculas. Dessa forma, o equacionamento aplicado poderá envolver os conceitos de derivada e integral. Considere duas placas horizontais e paralelas, conforme indica a Figura 1.1, sendo o espaço entre elas preenchido com um fluido “bem comportado” em repouso. Ft y x Ft y x Ft y x t = 0 t ≈ 0 t >> 0 Ft y x Ft y x Ft y x Ft y x t = 0 t ≈ 0 t >> 0 Figura 1.1 Esquema do escoamento entre placas horizontais no regime permanente Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 5 Repentinamente, a placa superior é movimentada com velocidade constante pela ação de uma força tangencial (Ft). Instantaneamente, a camada de fluido que está em contato direto com esta placa adquire a sua velocidade (não escorregamento na interface sólido – fluido). Esta lâmina de fluido tende a deslizar sobre a lâmina de fluido inferior adjacente, mas o atrito entre elas, devido ao comportamento elástico e viscoso do fluido, imprime movimento a esta segunda camada e assim sucessivamente, até a placa inferior que permanece fixa. Por outro lado, a interação cisalhante entre as camadas de fluido implica na existência de transferência de quantidade de movimento entre as camadas pelo atrito. A tensão de cisalhamento pode ser interpretada como um fluxo de quantidade de movimento devido ao caráter viscoso do fluido. A força tangencial aplicada na área de cada lâmina de fluido é um tensor chamado tensão de cisalhamento () A nomenclatura para os índices da tensão de cisalhamento obedece ao seguinte critério: o primeiro índice é a direção da transferência e o segundo, corresponde a direção do escoamento. No exemplo da Figura 1.1, a tensão de cisalhamento (yx) entre as lâminas do fluido “bem comportado” se relaciona com a velocidade de cada lâmina para a maioria dos líquidos e gases através da relação de Newton (fluido de Newton ou newtoniano): dy dVx yx = (1.1) sendo a viscosidade do fluido (kg/m.s) e dVx/dy a taxa de deformação (1/s), diferença de velocidade entre dois pontos na vertical no caso da Figura 1.1, e é a viscosidade do fluido (kg/m.s). Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 6 No caso em análise, tomando-se como ponto de partida a Equação 1.1 e o sistema de coordenadas da Figura 1.1, o sinal apropriado é negativo, pois a velocidade do fluido na direção x é decrescente com a variável y. Então, a Equação 1.1 ficaria na forma da Equação 1.2: dy dVx yx −= (1.2) A constante de proporcionalidade das equações 1.1 e 1.2 é a viscosidade (viscosidade absoluta, viscosidade dinâmica ou viscosidade de Newton), está relacionada à resistência do fluido ao escoamento (atrito entre as camadas adjacentes de fluido no escoamento laminar) e é proveniente de interações intermoleculares das espécies químicas que compõem o fluido. De maneira geral, a viscosidade dos líquidos diminui com o aumento da temperatura, enquanto que para gases, aumenta com a temperatura. É comum expressar os valores da viscosidade m em kg.m-1.s-1, o mesmo que Pa.s, no Sistema Internacional ou em centpoise (cP, lê-se centpoase, 10-2 g.cm-1.s-1) no Sistema CGS. Os fluidos que não obedecem ao comportamento descrito pela Equação 1.1, na qual a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional com a taxa de deformação, são denominados fluidos não-newtonianos, como por exemplo, creme dental, tinta, suspensão de amido em água, suspensãode argila em água, lamas de perfuração, ketchup, maionese, chocolate, sangue e polímeros amolecidos. A relação entre a tensão de cisalhamento e a taxa de deformação para diferentes condições, como a deformação oscilatória ou o fluxo extensional, que são medidos em diferentes dispositivos denominados reômetros. As propriedades reológicas são estudadas através do uso de equações constitutivas. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 7 Os fluidos não-newtonianos cujas propriedades não são dependentes do tempo são: - Dilatante: a viscosidade aumenta com o aumento da tensão, partindo da origem. - Pseudoplástico: a viscosidade diminui com o aumento da tensão, partindo da origem - Binghamianos: fluidos que requerem a aplicação de uma tensão mínima para que ocorra o escoamento (deformação). Se submetidos a pequenas tensões se comportam como sólidos. Os fluidos cujas propriedades reológicas são dependentes do tempo são: - Reopético: a viscosidade aparente aumenta quando a taxa de deformação aumenta. Por exemplo, o sangue. - Tixotrópicos: a viscosidade aparente diminui com o tempo, após a taxa de deformação ser aumentada. Por exemplo, tintas. A Figura 1.2 contém o comportamento da tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação para fluidos não-newtonianos, cujas propriedades reológicas não apresentam dependência temporal. Tensão mínima Taxa de deformação pseudoplástico com tensão mínima binghamiano pseudoplástico newtoniano dilatante dy dV : Figura 1.2 Diagrama reológico para fluidos não-newtonianos sem dependência temporal Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 8 Um exemplo de um fluido não-newtoniano pode ser feito adicionando-se amido de milho a uma xícara de água. Adicione o amido em porções pequenas e misture devagar. Quando a suspensão estiver próxima da concentração crítica, com a consistência de um creme de leite, a propriedade "dilatante" fica evidenciada. A viscosidade cinemática ( letra grega “ni”) é a relação entre a viscosidade de Newton e a massa específica do fluido () (Equação 1.3): = (1.3) A viscosidade cinemática é expressa em m2.s-1 no SI, ou em centstokes (cSt, equivalente a 10-2 cm2.s-1) no CGS. É importante ressaltar que a tensão de cisalhamento pode ser interpretada como um fluxo de quantidade de movimento causado pelo atrito entre as camadas adjacentes de fluido. Note que na situação apresentada na Figura 1.1 ocorre transferência de quantidade de movimento da região de maior velocidade (próxima à placa superior) para a região de menor velocidade (próxima à placa inferior). O mecanismo é análogo à transferência de calor por condução, na qual o fluxo de calor (q/A) se dá da região de maior temperatura (T) para a de menor temperatura (Equação 1.4). E o mesmo ocorre na transferência de massa (transferência de soluto) por difusão, em que o fluxo de soluto (JA) ocorre da região de maior para a de menor concentração (CA) (Equação 1.5): dy dT k A q −= (1.4) na qual k é a condutividade térmica do material. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 9 dy dC DJ AABA −= (1.5) sendo que DAB é a difusividade mássica do soluto A no meio B. Exercícios Propostos Exercício 1.1 Comente, conceitue e dê exemplos com suas palavras: a) fluido; b) meio contínuo; c) tensão de cisalhamento; d) quantidade de movimento; e) viscosidade; f) fluido newtoniano e não-newtoniano; g) não escorregamento na parede. Exercício 1.2 A viscosidade absoluta do ar atmosférico a 20oC e 1 atm é igual a 1,8.10-5 Pa.s, sendo assim, calcule a viscosidade cinemática do ar nessas condições em m2.s-1 e em cSt. Dados: massa molar média do ar 29 g/mol. Constante universal dos gases igual a 0,082 atm.L.mol-1.K-1. Exercício 1.3 Faça uma pesquisa na rede mundial de computadores para identificar fluidos não-newtonianos que são classificados como: dilatante, pseudoplástico, binghamianos, reopéticos e tixotrópicos. Exercício 14 Explique o que é fluido newtoniano. Inclua na sua resposta os conceitos de fluido, viscosidade e taxa de deformação. 2 Estática dos Fluidos Um fluido em repouso (sem movimento relativo e sem deformação angular) implica na ausência de tensões cisalhantes, No entanto, em repouso, quanto em movimento de corpo rígido (por exemplo, água sendo transportada em um balde), os fluidos são capazes de suportar tensões normais. A tensão normal é resultante da ação de uma força normal (perpendicular) à superfície e distribuída na área do ponto de aplicação. Pode ser positiva ou negativa, respectivamente a favor ou contra o sistema de eixos de referência (normalmente os eixos cartesianos). A Figura 2.1 contém uma força dF sendo aplicada em um ponto de dA. dA dFn dFt dF dA dFn dFt dF Figura 2.1 Esquema de aplicação de uma força dF em um meio contínuo de área dA com suas componentes normal e tangencial Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 11 Note que a força dF pode ser decomposta em uma componente normal (dFn) e em uma componente tangencial (dFt). As tensões normal () e cisalhante () são definidas respectivamente pelas equações 2.1 e 2.2. dA dFn= (2.1) dA dFt= (2.2) Considere um volume de controle de dimensões x, y e z, conforme indica a Figura 2.2. O fluido na condição estática preenche o volume de controle e contempla toda a vizinhança, ou seja, o volume de controle está imerso e preenchido pelo fluido. A condição estática do fluido no interior do volume de controle aliada à 2ª Lei de Newton resulta em (Equação 2.3): 0. == amR (2.3) em que, R é a força resultante que atua no fluido, m é a massa de fluido presente no volume de controle e a é a aceleração da massa de fluido contida no volume de controle. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 12 z z + z x y z x x + x y y + y y z x Fluido z z + z x y z x x + x y y + y y z x z z + z x y z x x + x y y + y y z x Fluido Figura 2.2 Volume de controle infinitesimal fixo no espaço com dimensões x, y e z, com fluido estático nas vizinhanças Nos casos de interesse da Engenharia Química, as forças que exercem influência no fluido são a força proveniente do campo gravitacional (Fg) e a força oriunda da diferença de pressão (Fp) nas faces do volume de controle. Não estão presentes forças de atrito, pois não há solicitação ou tendência ao escoamento, uma vez que o fluido está estático. Sendo assim, a Equação 2.3 pode ser escrita como (Equação 2.4): 0=+= pg FFR (2.4) A Equação 2.4 envolve uma soma vetorial, na qual é prática a decomposição das forças nas três direções, x, y e z para coordenadas cartesianas: 0=+= xpxgx FFR Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 13 0=+= ypygy FFR 0=+= zpzgz FFR O caso geral, em que há aceleração da gravidade nas três direções, corresponde ao não alinhamento de um dos eixos coordenados com a direção vertical, uma vez que a aceleração da gravidade é sempre vertical (direção) e voltada para baixo (sentido). Nesse momento é necessário abstrair que o eixo z na Figura 2.2 esteja na vertical. Nessa figura, o volume de controle está submerso no fluido e pode haver ação da pressão nas seis faces, conforme indica a Figura 2.3. z z + z x y z x x + x y y + y x P xx P + zz P + z P y P yy P + z z + z x y z x x + x yy + y x P xx P + zz P + z P y P yy P + Figura 2.3 Volume de controle infinitesimal com indicação das pressões nas direções x, y e z A força proveniente da ação da gravidade (força peso) na massa de fluido no volume de controle é o produto de sua massa (mf) pela aceleração da gravidade (g), Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 14 enquanto que a força de diferença de pressão atuante no fluido localizado nas faces volume de controle é o produto da pressão na face pela área da face. Ou seja: 0..... =−+= + xxxxfx PzyPzygmR para a direção x. 0..... =−+= + yyyyfy PzxPzxgmR para a direção y. 0..... =−+= + zzzzfz PyxPyxgmR para a direção z. Mas, a massa de fluido no volume de controle é o produto do volume (x.y.z) pela sua massa específica (). Então: 0........ =−+= + xxxxx PzyPzygzyxR para a direção x. 0........ =−+= + yyyyy PzxPzxgzyxR para a direção y. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 15 0........ =−+= + zzzzz PyxPyxgzyxR para a direção z. A definição de derivada parcial de uma função f(x,y,z) é dada por ( ) ( ) ( ) x ff Lim x f xzyxxxzyx x zyx − = + → ,,,, 0 ,, . Então, o próximo passa será dividir as equações por x.y.z e posteriormente multiplicá-las por -1: zyxzyx Pzy zyx Pzy zyx gzyx xxxx = − + + .. 0 .. .. .. .. .. .... para a direção x. zyxzyx Pzx zyx Pzx zyx gzyx yyyy = − + + .. 0 .. .. .. .. .. .... para a direção y. zyxzyx Pyx zyx Pyx zyx gzyx zzzz = − + + .. 0 .. .. .. .. .. .... para a direção z. Logo, multiplicando-se as equações por -1 e simplificando os termos presentes nos numeradores e nos denominadores: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 16 0. = − +− + x PP g xxxx para a direção x. 0. = − +− + y PP g yyy y para a direção y. 0. = − +− + z PP g zzzz para a direção z. A aplicação dos limites de x, y e z tendendo a zero fornece que: 0. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 → → → + → → → → → → = − +− z y x xxx z y x x z y x Lim x PP LimgLim para a direção x. 0. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 → → → + → → → → → → = − +− z y x yyy z y x y z y x Lim y PP LimgLim para a direção y. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 17 0. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 → → → + → → → → → → = − +− z y x zzz z y x z z y x Lim z PP LimgLim para a direção z. Mas, os primeiros termos das equações não são dependentes de x, y e z. Lembre-se também que o limite de uma constante é o próprio valor da constante. E note que os segundos termos são dependentes de x, y ou z: 0. 0 = − +− + → x PP Limg xxx x x para a direção x. 0. 0 = − +− + → y PP Limg yyy y y para a direção y. 0. 0 = − +− + → z PP Limg zzz z z para a direção z. O caso geral corresponde à pressão ser dependente (variar) das três direções P(x,y,z). Portanto, aplicando-se a definição derivada parcial: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 18 0. =− xg x P (2.5a) para a direção x. 0. =− yg y P (2.5b) para a direção y. 0. =− zg z P (2.5c) para a direção z. O conjunto de equações 2.5 pode ser representado pelo gradiente de pressão (grad) e pela força peso (Equação 2.6): 0. =− + + g z P y P x P (2.6) 0g.-P grad = (2.6) 0g.-P = (2.6) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 19 A Equação 2.6, assim como o conjunto de equações 2.5, é denominada de Equação Fundamental da Estática. Ela explicita que haverá diferença de pressão em uma dada direção se houver ação do peso do fluido nessa direção. Normalmente, é conveniente alinhar um dos eixos com a vertical (por exemplo, o eixo z), pois assim g = ± gz = 9,8 m/s 2 e gx=gy = 0 (Figura 2.4). z g = 9,8 m/s2 z1 z2 P2 P1 P1> P2 h z g = 9,8 m/s2 z1 z2 P2 P1 P1> P2 z g = 9,8 m/s2 z1 z2 P2 P1 P1> P2 h Figura 2.4 Eixo z alinhado com a vertical e vetor aceleração da gravidade na mesma direção e sentido oposto Nesse caso, a Equação 2.6 se reduz a (Equação 2.7): 0. =− g z P (2.7) Além disso, a derivada parcial de P coincide com sua derivada absoluta, pois: z P dz dz z P dz dy y P dz dx x P dz dP = + + = Porém, 0= = y P x P Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 20 Então: 0. =− g dz dP Mas, gg −= 0. =+ g dz dP Separando-se as variáveis: g dz dP .−= dzgdP ..−= −= 2 1 2 1 .. z z P P dzgdP Nesse momento, é necessário verificar o comportamento do fluido em função da coordenada z e da pressão. Caso o fluido seja incompressível ( = constante) e a aceleração da gravidade também o seja (g = constante, fato bastante razoável em Engenharia Química): −= 2 1 2 1 .. z z P P dzgdP 2 1 2 1 .. z z P P zgP −= ).(.)( 1212 zzgPP −−=− Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 21 Fazendo-se (z2 – z1) = h: hgP ..−= (2.8) Caso o eixo de referência (eixo z estivesse alinhado para baixo), gg += e a equação resultante seria: hgP ..+= (2.9) Portanto, é conveniente representar as equações 2.8 e 2.9 através da Equação 2.10: hgP ..= (2.10) O sinal positivo deve ser utilizado quando P2 > P1 enquanto que o sinal negativo deve ser empregado para P2 < P1. A Equação 2.10 é válida para fluidos estáticos, incompressíveis e para sistemas com g constante em que os pontos de análise estão localizados no mesmo fluido. Caso haja mais de um fluido envolvido, não se pode escolher dois pontos localizados em pontos com diferentes. Exemplo 1: Calcule a pressão manométrica e absoluta (em Pa e psi) no centro da tubulação mostrada em corte (ponto A das Figuras 2.5 e 2.6) se h1 = 40 cm e h2 = 50 cm. a) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 22 A h1 h2 Mercúrio =13.600 kg/m3 Água =997 kg/m3 A h1 h2 Mercúrio =13.600 kg/m3 Água =997 kg/m3 Figura 2.5 Esquema de manômetro de tubo em U do item a b) A h1 h2 Mercúrio =13.600 kg/m3 Água =997 kg/m3 A h1 h2 Mercúrio =13.600 kg/m3 Água =997 kg/m3 Figura 2.6 Esquema de manômetro de tubo em U do item b Exemplo 2: Calcule a diferença de pressão entre os pontos A e B (Figura 2.7). Dados: h1 = 5 pol; h2 = 6 pol; h3 = 12 pol; h4 = 9 pol; h5 = 4 pol; h6 = 6 pol. A h1 h2 Mercúrio Hg =13.600 kg/m 3 Água água = 997 kg/m 3 B h4 h3 h5 h6 Óleo óleo = 919 kg/m 3 Água água = 997 kg/m 3 A h1 h2 Mercúrio Hg =13.600 kg/m 3 Água água = 997 kg/m 3 BB h4 h3 h5 h6 Óleo óleo = 919 kg/m 3 Água água = 997 kg/m 3 Figura 2.7 Manômetro de fluidos múltiplos do Exemplo 2 Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 23 A integração da Equação 2.6, para o caso de eixo z alinhadocom a vertical (conforme a Figura 2.4) e fluido com comportamento de gás ideal isotérmico (temperatura uniforme), fornece que: g dz dP .−= Porém, a massa específica () de gases ideais é obtida pela Equação 2.11: TR MP . . = (2.11) na qual, P é a pressão, M é a massa molar média do gás ou mistura de gases ideais, R é a constante universal dos gases e T é a temperatura absoluta. Então: g TR MP dz dP . . . −= Mas, a separação das variáveis fornece que: dz TR gM P dP . . . −= Integrando-se em relação à coordenada z, entre z1 e z2, com P variando entre P1 e P2 (Figura 2.4): Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 24 −= 2 1 2 1 . . . z z P P dz TR gM P dP Mas, como M , g, R e T são constantes: −= 2 1 2 1 . . . z z P P dz TR gM P dP 2 1 2 1 . . . z z P P z TR gM LnP −= ).( . . 1212 zz TR gM LnPLnP −−=− ).( . . 1221 zz TR gM LnPLnP −=− Portanto, fazendo (z2 – z1) = h (Equação 2.12): TR hgM P P Ln . .. 2 1 = (2.12) Na Equação 2.12, em função das condições estipuladas na Figura 2.4, P1 > P2. Essa equação é válida para gases ideais estáticos presentes em sistemas com temperaturas uniformes, nos quais a aceleração da gravidade (g) pode ser considerada constante em relação à diferença de altitude dos pontos avaliados. Exemplo 3: Sabe-se que a pressão atmosférica ao nível do mar é igual a 760 mmHg. Sendo assim, utilize a Equação 2.12 para estimar a pressão atmosférica em Ribeirão Preto, que está a situada a 518 m acima do nível do mar e possui temperatura Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 25 média anual igual a 25oC. Compare o valor estimado com medidas experimentais que forneceram o valor médio de 712 mmHg. Dados: constante universal dos gases = 0,082 atm.L/mol.K = 8,314 Pa.m3/mol.K. Resp.: 716 mmHg; desvio percentual de 0,6%. Exercícios Propostos Exercício 2.1: Determine a altura total do nível de solução de soda cáustica no tanque de estocagem indicado na Figura 2.8. A massa específica da solução de soda cáustica é de 1005 kg/m3. 1,00 m Pm = 0,4 kgf/cm 2 1,00 m Pm = 0,4 kgf/cm 2 Figura 2.8 Esquema de tanque com manômetro de Bourdon para indicação de nível Exercício 2.2: Determine a pressão manométrica na base do tanque de lavagem da Figura 2.9. O tanque é cilíndrico com diâmetro igual a 2,0 m. As massas específicas da solução ácida de lavagem e do biodiesel são respectivamente 1000 kg/m3 e 900 kg/m3. Pm 2 ,4 0 msolução ácida biodiesel 6785 kg 2,0 m Pm 2 ,4 0 msolução ácida biodiesel 6785 kg 2,0 m 2 ,4 0 msolução ácida biodiesel 6785 kg 2,0 m Figura 2.9 Esquema do tanque de lavagem de biodiesel do Exercício 2 Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 26 Exercício 2.3: Os manômetros de tubo inclinado são úteis para a medida de pressões ou variações de pressão mais moderadas, quando comparados com os manômetros de tubo em U. Considere o manômetro de tubo inclinado (figuras 2.10 e 2.11) para calcular a pressão (manométrica e absoluta) no ponto de interesse (ponto A). O fluido manométrico é água a 25oC ( = 997 kg/m3) e o fluido em escoamento no ponto A (visto em corte) é ar comprimido a 25oC e 2,0 atm. a) 30o A ar 30 cm água 30o A ar 30 cm água Figura 2.10 Esquema de medida de pressão com tubo inclinado do item a b) 3,5 cm 30o A ar 30 cm água3,5 cm 30o A ar 30 cm água Figura 2.11 Esquema de medida de pressão com tubo inclinado do item b Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 27 Exercício 2.4: Calcule a pressão manométrica no ar pressurizado nos sistemas indicados nas figuras 2.12 e 2.13. As massas específicas do óleo e do glicerol a 25oC são respectivamente 919 kg/m3 e 1126 kg/m3. a) 1,60 m = h1 h2 = 0,80 m Ar Óleo tanque 1,60 m = h1 h2 = 0,80 m Ar Óleo tanque Figura 2.12 Tanque fechado com manômetros referente ao item a b) 0,80 m 2 ,0 m Glicerol ar glicerol 0,80 móleo 0,80 m 2 ,0 m Glicerol ar glicerol 0,80 móleo Figura 2.13 Tanque fechado com manômetro referente ao item b Exercício 2.5: Ar comprimido escoa através de um tubo horizontal (Figura 2.14), no qual foi instalado um manômetro de tubo em U com água a 25oC no seu interior (massa específica de 997 kg/m3). Nessas condições, determine: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 28 a) O sentido do escoamento. b) A queda de pressão entre os pontos A e B. 1 ,0 m A B água ar 1 ,0 m A B água ar Figura 2.14 Tubo horizontal com manômetro de tubo em U preenchido com água Exercício 2.6: Água a 25oC (massa específica de 997 kg/m3) escoa através de um tubo horizontal (Figura 2.15), no qual foi instalado um manômetro de tubo em U com mercúrio no seu interior (massa específica de 13600 kg/m3). Nessas condições, determine a queda de pressão entre os pontos A e B. 1 ,0 m A B mercúrio água 1 ,0 m A B mercúrio água Figura 2.15 Tubo horizontal com manômetro de tubo em U preenchido com mercúrio Exercício 2.7: Determine as pressões absolutas nos pontos indicados para os itens a e b. As massas específicas do óleo e da água são respectivamente 900 kg.m-3 e 997 kg.m-3. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 29 Já no item c, determine o valor de h sabendo que a massa específica do mercúrio é de 13600 kg.m-3. Lembre-se hgP ..= . a) Patm local = 750 mmHg. b) Patm local = 750 mmHg. 1,2 m óleo Pm = 0,30 kgf/cm2 P = ? 1,2 m Pm = 0,30 kgf/cm2 óleo P = ? Figura 2.16 Esquema de instalações de manômetros de Bourdon em tubos horizontais com escoamento de óleo para os itens a e b c) A pressão atmosférica local é desconhecida. 5 ,0 0 m água óleo Hg h 1 ,0 m 5 ,0 0 m Figura 2.17 Tanques de estocagem interligados por um manômetro de tubo em U para resolução do item c Exercício 2.8 Calcule a pressão manométrica na câmara A. Note que a pressão atmosférica local não está disponível. Dados: 1 kgf = 9,8 N 1 m = 100 cm Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 30 1 atm = 760 mmHg = 101,35 kPa Pm = 100 mmHg BA Pm = ? ar ar Pm = 0,10 kgf/cm2 Figura 2.18 Câmaras adjacentes nas quais foram instalados manômetros de Bourdon Exercício 2.9 Calcule a diferença de pressão entre os pontos A e B. Dados: - massa específica da água a 25oC de 997 kg/m3; - massa específica do óleo de 900 kg/m3. 1 ,2 0 m óleoóleo 45º 1,00 m Figura 2.19 Tubo inclinado com escoamento de água com manômetro de tubo em U invertido Exercício 2.10 Determine a pressão manométrica do ar aprisionado no interior do reservatório. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 31 2 ,6 m água 25°C ar 1 ,4 m 1 ,8 m Hg óleo Pm Figura 2.20 Reservatório fechado com manômetro de tubo em U instalado na base e manômetro de Bourdon instalado no topo 3 Dinâmica dos Fluidos O transporte de fluidos por escoamento está presente na quase totalidade dos processos industriais por ser normalmente mais econômico. No entanto, há a preocupação em quantificar adequadamente a quantidade de energia gasta em máquinas geratrizes (bombas, ventiladores e compressores) para que o fluido seja transportado envolvendo condições de vazão, desnível, pressão e perdas por atrito devido á movimentação do fluido. ADinâmica dos Fluidos é uma parte da Mecânica dos Fluidos que estuda o comportamento dos fluidos em escoamento. O escoamento é produto da ação de uma tensão de cisalhamento atuante no fluido. Da mesma maneira que na Estática dos Fluidos, utiliza-se a suposição que o fluido se comporte como um meio contínuo. Na análise do escoamento, defini-se uma região do espaço ocupado pelo fluido como volume de controle, que é um espaço arbitrário através do qual o fluido escoa, cuja fronteira geométrica (real ou imaginária, estática ou móvel) é chamada de superfície de controle. A Figura 3.1 mostra esquemas de volumes e superfícies de controle. volume de controle superfície de controle volume de controle superfície de controle (a) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 33 1 0 m DN = 4 in. Válvula de gaveta 100% aberta Válvula de gaveta 100% aberta Cotovelo 90º de raio curto volume de controle superfície de controle 1 0 m DN = 4 in. Válvula de gaveta 100% aberta Válvula de gaveta 100% aberta Cotovelo 90º de raio curto volume de controle superfície de controle (b) Figura 3.1 Esquemas de volume e superfície de controle: a) escoamento no interior de um tubo e b) transporte de líquido entre dois reservatórios em desnível interligados por um tubo Os princípios básicos úteis para a Dinâmica dos Fluidos são: - Princípio de Conservação da Massa; - Princípio de Conservação da Energia (1ª lei da Termodinâmica); - Segunda Lei da Termodinâmica (nem todo calor pode ser convertido em trabalho); - Segunda Lei de Newton; - Princípio de Conservação de Quantidade de Movimento. Pode-se analisar um sistema aplicando os princípios supracitados (formulação) a partir do enfoque integral (global) e do enfoque diferencial (ponto a ponto). Isto é, aplicar os balanços de massa, energia e quantidade de movimento em volumes de controle macroscópico (finito) e microscópico (infinitesimais), respectivamente. Nos balanços integrais utilizam-se os valores médios representativos de uma propriedade de interesse nas superfícies de controle que representam a entrada e saída de fluido do sistema. Por exemplo, considere o escoamento de um fluido conforme mostra a Figura 3.2: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 34 ub1 nível de referência (datum) Z1 D1 P1 ub2 D2 P2 Z2 ub1 nível de referência (datum) Z1 D1 P1 ub2 D2 P2 Z2 Figura 3.2 Esquema de escoamento de um fluido em uma expansão com indicação de valores médios representativos de algumas propriedades de interesse Note que P1 é a pressão que se adota representativa da seção 1 de diâmetro interno D1, no entanto, existe a coluna de fluido que na realidade implica em uma diferença de pressão estática entre o topo e a base da seção 1. As velocidades médias dos escoamentos nas seções 1 e 2 (ub1 e ub2) são também ilustrativas desse comportamento, pois sabe-se que as velocidades são nulas nas paredes e máximas nos centros das tubulações. Portanto, como será demonstrado posteriormente, adotam-se valores médios representativos das variáveis nas superfícies de controle. O regime de escoamento pode ser classificado quanto à trajetória fluido presente no escoamento. Se o escoamento ocorrer como o deslizamento de lâminas de fluido, sem que ocorra mistura macroscópica das camadas adjacentes de fluido, o escoamento é chamado laminar. No escoamento turbulento, ocorre a formação de turbilhões (redemoinhos) que provocam a mistura macroscópica das porções de fluido e a velocidade do fluido em cada ponto oscila em torno de um valor médio. Ao se medir a velocidade local do fluido Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 35 no interior de um tubo com os dois tipos de escoamento no estado estacionário em função do tempo, o comportamento esperado seria o descrito na Figura 3.3. tempo (min) V el o ci d ad e - u ( m /s ) __ u u’ (média) (oscilação) u = + u’ __ u turbulento laminaru tempo (min) V el o ci d ad e - u ( m /s ) __ u u’ (média) (oscilação) u = + u’ __ u turbulento laminaru Figura 3.3 Velocidade instantânea de uma partícula de fluido em função do tempo no escoamento: a) laminar e b) turbulento O critério utilizado para se determinar o regime de escoamento entre laminar e turbulento é o número adimensional de Reynolds (Re), que representa a relação entre os efeitos de inércia e o efeito viscoso do escoamento do fluido. Para o escoamento de um fluido newtoniano no interior de um tubo Re é definido por (Equação 3.1): bb d uDuD ... Re == (3.1) sendo que D é o diâmetro interno do tubo, ub é a velocidade média do escoamento, é a massa específica do fluido, é a viscosidade do fluido e é a viscosidade cinemática do fluido (/). O limite convencionado para o escoamento em tubos é: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 36 2100 ... Re == bb d uDuD , laminar 2100 ... Re == bb d uDuD , turbulento No escoamento externo de um fluido newtoniano sobre uma placa horizontal (Figura 3.4), o número de Reynolds é definido por (Equação 3.2): xuxu x ... Re == (3.2) sendo que u∞ é a velocidade do fluido não perturbado pela placa e x é a posição sobre a placa a partir da borda de ataque (Figura 3.4). y x u y x u∞ laminar turbulento y x u y x u∞ laminar turbulento Figura 3.4 Escoamento sobre uma das faces de uma placa horizontal com indicação das camadas limites laminar e turbulenta A transição entre as camadas limites laminar para turbulenta normalmente ocorre para: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 37 510.0,5 ... Re == xuxu x , camada limite laminar 510.0,5 ... Re == xuxu x , camada limite turbulenta Na realidade existe uma região de transição entre os escoamentos laminar e turbulento e os limites citados anteriormente podem variar de acordo com a rugosidade da parede e o formato da região de entrada. Nos itens que seguem serão utilizados os princípios que fundamentam a Dinâmica dos Fluidos: conservação da massa, princípio de conservação da energia (1ª lei da Termodinâmica), 2ª lei da Termodinâmica (nem todo calor pode ser convertido em trabalho) e 2ª lei de Newton; aplicados a um elemento macroscópico representativo do sistema (volume de controle - VC). Esse enfoque global é bastante útil, uma vez que permite a resolução de problemas práticos de Engenharia sem, no entanto, conhecer minuciosamente o que acontece com o fluido ponto a ponto no escoamento. 3.1 Balanço Global de Massa Uma das leis (princípios) fundamentais das ciências que encerram a Engenharia é a lei da Conservação da Massa. Esse princípio estabelece que a massa não pode ser criada ou destruída. Então, o balanço material total das correntes envolvidas em um sistema pode ser enunciado na forma da Equação 3.3, ou ainda na Equação 3.4: Taxa de massa que entra no VC Taxa de massa que sai do VC - = Taxa de massa que acumula no VC (3.3) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 38 Note que os termos ligados a reações químicas não devem estar presentes no balanço material total e que esse princípio não é válido na ocorrência de reações nucleares. 012 =+− dt dM ww (3.4) na qual w2 é a vazão mássica de saída, w1 é a vazão mássica de entrada, M é a massa no interior do volume de controle e t é o tempo. Introduzindo a notação de variação, a Equação 3.4 setransforma em: 0=+ dt dM w (3.5) Exemplo 3.1 da página 29 de Bennett e Myers (1978) Um tanque cilíndrico tem área de seção transversal de 0,372 m2 e está cheio com água até a profundidade de 1,83 m. Uma válvula é aberta no fundo do tanque e a vazão que sai é reduzida a medida que a altura do nível diminui, segundo a equação: hw 44,16= sendo w a vazão mássica de água (kg/min) e h a altura do nível d’água no tanque (m). Deseja-se conhecer qual o tempo necessário para a água atingir a altura de 0,61 m. Caso exista mais de um componente no sistema (componente A), a equação do balanço de massa para a ausência de reações químicas é (equações 3.6 e 3.7): Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 39 Taxa de massa de A que entra no VC Taxa de massa de A que sai do VC - = Taxa de massa de A que acumula no VC (3.6) 0 12 =+− dt dM ww AAA (3.7) na qual wA2 é a vazão mássica de A na saída, wA1 é a vazão mássica de A na entrada, MA é a massa de A no interior do volume de controle. Essa equação expressa em função das frações mássicas das correntes de entrada, saída e no interior do sistema (Equação 3.7): 0 ).( .. 12 12 =+− dt xMd xwxw AAA (3.8) sendo que xA2 é a fração mássica de A na corrente de saída, xA1 é a fração mássica de A na corrente de entrada e xA é a fração mássica de A acumulada no sistema. Utilizando a notação de variação (Equação 3.9): ( ) 0 ).( . =+ dt xMd xw AA (3.9) Exemplo 3.2 da página 31 de Bennett e Myers (1978) Água e sal de cozinha entram em um tanque com agitação mecânica com as vazões de 68,1 kg/h e 13,62 kg/h respectivamente. A solução resultante com a vazão de 54,48 kg/h é retirada do tanque. Sabendo-se que no instante inicial havia 45,40 kg de água no tanque, calcule a fração mássica de saída após 1 h do início da operação. Assuma o modelo de mistura completa no tanque com agitação mecânica. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 40 Exemplo 3.3 da página 54 de Geankoplis (1993) Inicialmente, um tanque contém 500 kg de uma solução 10% em massa de sal. Instantaneamente, uma corrente de vazão mássica de 10 kg/h com 20% em massa de sal entra e outra corrente de 5 kg/h sai do tanque. Ache uma equação que relacione a fração mássica de sal que sai do tanque em função do tempo, considerando o sistema bem homogeneizado por agitação. 3.1.1 Equação Geral para o Balanço Material Imagine um volume do controle fixo no espaço, através do qual existe um escoamento com velocidade → u em cada ponto de elemento de área → dA , cujo ângulo é o ângulo entre o vetor normal → n (perpendicular à superfície em cada ponto e direcionado para fora) e o vetor velocidade (Figura 3.5). dAdA n u dAdA n u Figura 3.5 Volume de controle com indicação dos vetores velocidade e normal, o ângulo a entre eles, aplicados em um elemento de área Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 41 A diferença entre as vazões mássicas que entram e que saem do volume de controle é representada matematicamente por: wdAu A = .cos.. Note que o produto . → u é o fluxo total de massa em cada ponto (vazão mássica por unidade de área, kg.m-2.s-1). A quantidade total de massa acumulada no interior do volume de controle, originada pela diferença entre as vazões mássicas totais de saída e entrada, é: dt dM dV dt d VC = . Combinando-se as duas contribuições, chega-se na Equação 3.10: 0..cos.. =+ VCA dV dt d dAu (3.10) Que é a equação geral do balanço total de massa. Considere o escoamento em um bocal, conforme indicado na Figura 3.6 Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 42 n2 u2 n1 u1 1 2 A1 A2 n2 u2 n1 u1 1 2 A1 A2 Figura 3.6 Bocal com indicação dos vetores velocidade e normal com o ângulo entre eles em cada face Na área de entrada (A1): o1801 = e 1cos 1 −= . Já na área de saída (A2): o02 = e 1cos 2 += . Então: += 21 22221111 .cos...cos...cos.. AAA dAudAudAu ++−= 12 222111 ).1.(.).1.(..cos.. AAA dAudAudAu −= 12 111222 .....cos.. AAA dAudAudAu Pode-se assumir que as massas específicas do fluido (1 e 2) sejam uniformes nas áreas de entrada e saída. Logo: −= 12 111222 .....cos.. AAA dAudAudAu O Teorema da Média do Cálculo Diferencial e Integral fornece que (Equação 3.11) as velocidades médias nas faces de entrada e saída (ub1 e ub2) são obtidas por: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 43 = 1 11 1 1 .. 1 A b dAu A u e = 2 22 2 2 .. 1 A b dAu A u Então: = 1 1111 ... A b dAuAu e = 2 2222 ... A b dAuAu Portanto: 111222 .....cos.. AuAudAu bb A −= No caso do regime ser permanente: 0. == dt dM dV dt d VC Assim, o balanço material total se resume a: 111222 ......cos.. AuAudV dt d dAu bb VCA −=+ Ou seja, a vazão mássica de entrada é igual a vazão mássica de saída: 111222 .... AuAu bb = Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 44 Analogamente ao realizado para o balanço material total, a Equação 3.10 pode ser adaptada para representar o balanço material de um componente para um sistema não reacional (Equação 3.11): 0..cos.. =+ VC A A A dV dt d dAu (3.11) sendo que A é a concentração mássica do componente A na mistura. No caso do sistema ser binário, formado pela mistura das substâncias A e B, e na ausência de reações químicas, a Equação 3.11 fica na forma: 0..cos.. =+ VC A A A dV dt d dAu 0..cos.. =+ VC B A B dV dt d dAu Pode-se então somar as duas equações para chegar na equação do balanço material total: 0...cos...cos.. =+++ VC B VC A A B A A dV dt d dV dt d dAudAu Como a integral da soma é a soma das integrais, assim como para as derivadas: 0).().cos..cos..( =+++ VC BA A BA dV dt d dAuu Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 45 Colocando-se u e cos em evidência: 0).()..(cos. =+++ VC BA A BA dV dt d dAu Portanto, como a concentração mássica total é a soma das concentrações mássicas das partes (A e B), pode-se retornar à Equação 3.10: 0...cos.).()..(cos. =+=+++ VCAVC BA A BA dV dt d dAudV dt d dAu 3.2 Balanço Global de Energia A Primeira Lei da Termodinâmica enuncia o Princípio de Conservação da Energia. Este princípio não é rigorosamente válido em sistemas com reações nucleares, nos quais parte da massa se transforma em energia. É comum a utilização da equação geral do balanço na forma da Equação 3.12 para representar o balanço global de energia, de maneira análoga à representação do Princípio de Conservação da Massa pela Equação 3.10: Taxe de energia que sai do VC Taxe de energia que entra no VC - + Taxe de energia que acumula no VC = Taxe de calor que entra no VC proveniente das vizinhanças - Taxe de trabalho que sai do VC para as vizinhanças Taxe de energia que sai do VC Taxe de energia que entra no VC - + Taxe de energia que acumula no VC = Taxe de calor que entra no VC proveniente das vizinhanças - Taxe de trabalho que sai do VC para as vizinhanças (3.12) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química,UNAERP (2014) 46 A convenção de sinais utilizadas na Equação 3.12 foi baseada no funcionamento das máquinas a vapor: o calor que entra no volume de controle é positivo e o trabalho que sai do volume de controle é positivo (Figura 3.7). q > 0w > 0 q > 0w > 0 Figura 3.7 Esquema de máquina a vapor com a entrada de calor e saída de trabalho A Equação 3.12 é representada matematicamente, introduzindo-se um termo de energia total específica (E) no balanço global de massa (Equação 3.10) de forma a resultar na Equação 3.13: wq−=+ VCA dVE dt d dAEu ....cos.. (3.13) O primeiro termo da Equação 3.13 representa a variação de energia no volume de controle vinculada à entrada e à saída de massa (escoamento) no sistema. O segundo termo, expressa o acúmulo de energia pelo acúmulo de massa no volume de controle. O termo q é a quantidade de calor recebida por unidade de tempo pelo sistema proveniente das vizinhanças. Enquanto que w é o trabalho por unidade de tempo que o sistema realiza sobre as vizinhanças. A energia E de um sistema contendo fluidos em escoamento pode ser subdivida como sendo a soma das energias interna (U), cinética do escoamento (u2/2) e potencial gravitacional (z.g). Não serão aqui abordadas as contribuições devido às ações de campos elétricos e magnéticos (Equação 3.14): Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 47 gz u UE . 2 2 ++= (3.14) Em que E é energia específica total do fluido por unidade de massa ( J/kg no SI); U é a energia interna por unidade de massa do fluido referente à energia de vibração, ligação e rotação das espécies químicas que formam o fluido (J/kg no SI), é dependente da quantidade de matéria e da temperatura; u é a velocidade do fluido em relação às fronteiras do volume de controle para uma dada posição e u2/2 é a energia cinética do fluido devido ao movimento da massa do fluido (J/kg no SI); z é a altura relativa a um plano de referência arbitrário (datum) e o produto de z pela aceleração da gravidade (g) representa a energia potencial devido à exposição da massa do fluido ao campo gravitacional terrestre (J/kg no SI). Na Equação 3.13 pode-se expressar o trabalho realizado pelo sistema sobre as vizinhanças na forma de algumas contribuições: a) ws, trabalho pela existência de um eixo (shaft) que atravessa a superfície do volume de controle, geralmente eixo com movimento rotativo ou alternativo que pode adicionar (como é o caso de máquinas geratrizes, isto é, bombas, compressores, ventiladores e sopradores) ou retirar trabalho do sistema (para máquinas motoras, ou turbinas). b) A dAVPu .cos.... , trabalho ocasionado pelo deslocamento de um volume V ao vencer uma pressão P quando uma massa de fluido escoa da entrada para a saída do sistema. c) As s dAsPu .cos.. , trabalho transferido pela movimentação não cíclica da superfície do volume de controle (expansão ou contração das paredes) a uma velocidade us com Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 48 inclinação e área dAs. Em geral, em Engenharia Química us é nula, pois as paredes são rígidas. Então, o balanço global de energia fica na forma (Equação 3.15): −−−= + As s A VC A dAsPudAVPu t dVE dAEu .cos...cos.... .. .cos... swq (3.15) Uma vez que gz u UE . 2 2 ++= , logo a Equação 3.15 se transforma na Equação 3.16: −−−= +++ As s A VC A dAsPudAVPu t dVE dAgz u Uu .cos...cos.... .. .cos).. 2 .(. 2 swq (3.16) Rearranjando: −−= ++++ As s VC AA dAsPu t dVE dAVPudAgz u Uu .cos.. .. .cos.....cos).. 2 .(. 2 swq Como a integral da soma é a soma das integrais (Equação 3.17): −−= ++++ As s VC A dAsPu t dVE dAgz u VPUu .cos.. .. .cos).. 2 ..(. 2 swq (3.17) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 49 Substituindo na Equação 3.17 a definição de entalpia (H), H = U + P.V, a equação do balanço global de energia fica (Equação 3.18): −−= +++ As s VC A dAsPu t dVE dAgz u Hu .cos.. .. .cos).. 2 .(. 2 swq (3.18) No caso da superfície do volume de controle ser rígida, us é nula (Equação 3.19): swq−= +++ t dVE dAgz u Hu VC A .. .cos).. 2 .(. 2 (3.19) Para processos em regime permanente, a Equação 3.19 se transforma na Equação 3.20: swq−=++ A dAgz u Hu .cos).. 2 .(. 2 (3.20) O uso da Equação 3.20 é pouco prática e por isso, serão utilizados valores médios representativos das propriedades através do Teorema da Média. Nesse sentido, como a integral da soma é a soma das integrais (Equação 3.21): swq−=++ AAA dAgzudA u udAHu .cos.....cos. 2 ..cos... 2 (3.21) Se as correntes de entrada e saída de fluido forem perpendiculares às áreas de entrada (A1) e saída (A2): Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 50 o1801 = e 1cos 1 −= o02 = e 1cos 2 += Então: swq−=++ +++ 2 22222 1 11111 2 22 2 2 2 1 11 2 1 1 2 22222 1 11111 .cos.....cos.....cos. 2 . .cos. 2 ..cos....cos... AAA AAA dAgzudAgzudA u u dA u udAHudAHu swq−=++−++ +−+++− 2 2222 1 1111 2 2 2 2 22 1 1 2 1 11 2 2222 1 1111 ).1.(...).1.(...).1.( 2 . ).1.( 2 .).1.(..).1.(.. AAA AAA dAgzudAgzudA u u dA u udAHudAHu swq−=− +−+− 1 1111 2 2222 1 1 2 1 11 2 2 2 2 22 1 1111 2 2222 ........ . 2 .. 2 ....... AA AAAA dAgzudAgzu dA u udA u udAHudAHu Se as massas específicas nas áreas de entrada e saída de fluido forem uniformes (1 e 2) e se g for constante: swq−=− +−+− 1 1111 2 2222 1 1 2 1 11 2 2 2 2 22 1 1111 2 2222 ........ . 2 ... 2 ........ AA AAAA dAzugdAzug dA u udA u udAHudAHu O Teorema da Média fornece que: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 51 ( ) = 1 111 1 11 ... 1 . A med dAHu A Hu ( ) med A HuAdAHu 111 1 111 .... = ( ) = 2 222 2 22 ... 1 . A med dAHu A Hu ( ) med A HuAdAHu 222 2 222 .... = ( ) = 1 1 3 1 1 3 1 . 2 1 2 A med dA u A u ( ) 2 .. 2 3 1 1 1 1 3 1 med A u AdA u = ( ) = 2 2 3 2 2 3 2 . 2 1 2 A med dA u A u ( ) 2 .. 2 3 2 2 2 2 3 2 med A u AdA u = ( ) = 1 111 1 11 .. 1 . A med dAzu A zu ( ) med A zuAdAzu 111 1 111 .... = ( ) = 2 222 2 22 .. 1 . A med dAzu A zu ( ) med A zuAdAzu 222 2 222 .... = Então: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) swq−=− +−+− medmed medmed medmed zuAgzuAg u A u AHuAHuA 11112222 3 1 11 3 2 2211112222 ........ 2 .. 2 ........ Como o regime é permanente, o escoamento é perpendicular às superfícies de entrada e saída e as massas específicas do fluido são uniformes, o balanço material se resume a: 1111 .. Aubw = 1 1 11. ub w A = 2222 .. Aubw = 2 2 22 . ub w A = Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 52 Logo: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) swq−= −+−+− 1 111 2 222 1 3 11 2 3 22 1 111 2 222 ...... 2. . 2. ..... ub zuwg ub zuwg ub uw ub uw ub Huw ub Huw medmedmedmedmedmed Assumindo que as temperaturas, as pressões e a composições sejam uniformes nas áreas de entrada e saída. E também que se possam representaras posições das regiões de entrada e saída em relação a um plano de referência com base nos pontos médios (z1 e z2, respectivamente). Então: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) swq−= −+−+− 1 111 2 222 1 3 11 2 3 22 1 111 2 222 .... 2. . 2. .... b med b med b med b med b med b med u uzwg u uzwg u uw u uw u uHw u uHw Como ( ) 11 bmed uu = e ( ) 22 bmed uu = : ( ) ( ) swq−=−+−+− 1122 1 3 11 2 3 22 1122 .... 2. . 2. . .. zwgzwg u uw u uw HwHw b med b med Nos termos de variação de energia cinética, há o valor médio de uma função ao cubo, que não coincide com o valor médio ao cubo, ou seja: ( ) ( )3131 ubu med e ( ) ( )3232 ubu med . No entanto, pode-se introduzir um coeficiente de desvio () de maneira que: ( ) ( ) 3 13 1 ub u med = e ( ) ( ) 3 23 2 ub u med = . Nos casos de escoamentos laminares e turbulentos, os valores de são: - Escoamento laminar em tubos 2 1 = Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 53 - Escoamento turbulento em tubos 19,0 = Portanto, introduzindo a notação de variação (), a equação do balanço global de energia fica (Equação 3.22): ( ) ( ) swq−=++ zwg ubw Hw .. .2 . . 2 (3.22) No caso do sistema possuir apenas uma corrente de entrada e uma corrente de saída: 21 www == pois o regime é permanente. Sendo assim, a Equação 3.22 se transforma na Equação 3.23: ( ) ( ) swq−=++ zwg ubw Hw .. .2 . . 2 ( ) swq−=++ zgw ub wHw .. .2 .. 2 Que dividida por w: ( ) ww zg w wub w w H w w swq −=++ .. .2 .. 2 Fazendo Q w = q e s s W w = w : sWQ −=++ zg ub H . .2 2 (3.23) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 54 Muitos dos problemas de Engenharia Química empregam o vapor d’água saturado (vapor condensante) como fonte de calor em sistemas de aquecimento. Nas tabelas 3.1 e 3.2 são mostradas as propriedades da água saturada com valores de entrada em função da temperatura e da pressão respectivamente. Ao utilizar as tabelas 3.1 e 3.12, cabe lembrar que a entalpia de líquido é pouco dependente da pressão, assim a entalpia de água líquida insaturada possui praticamente a mesma entalpia da água líquida na pressão de saturação para a mesma temperatura. No caso do ponto de interesse nas tabelas cair entre duas linhas, pode-se realizar a interpolação linear para obter valores intermediários. Caso o vapor esteja em temperatura superior à temperatura de equilíbrio na pressão estabelecida, o vapor está na condição de superaquecimento (supersaturação). A entalpia de vapor superaquecido (HV), especificadas a pressão (Pv) e a temperatura (tv), pode ser calculada levando-se em consideração as quantidades necessárias para se atingir a condição de equilíbrio (saturação) (Hteb) e para superar a condição de equilíbrio no estado vapor de teb a tv à pressão constante. Ou seja: ).( ebVptebV ttCHH V −+= (3.24) em que Vp C é a capacidade calorífica média à pressão constante do vapor entre as temperaturas tV e teb. O Teorema da Média fornece que: dtC tt C V eb VV p t t p ebV −= )( 1 (3.25) A capacidade calorífica à pressão constante pode ser obtida pela correlação 3.26: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 55 2 2 .. Td T c TbaC Vp +++= (3.26) com T em K e CpV em kJ.kg -1.K-1. Na Figura 3.8 são mostradas as capacidades caloríficas experimentais e calculadas pela correlação para o vapor d’água. O coeficiente de determinação (R2) de 0,993 indica a concordância entre os valores medidos e correlacionados. As constantes de ajuste são: a = 1,630, b = 7,358.10-4, c = 2,415.103 e d = - 7,843.10-8 para intervalo de temperatura absoluta (T) de 175 K< T < 6000 K. Então: +++ − = V eb Vp T TebV dTTd T c Tba TT C ... )( 1 2 2 +++ − = V eb V eb V eb V eb Vp T T T T T T T TebV dTTddT T c dTTbdTa TT C ...... )( 1 2 2 como a, b, c e d são constantes: +++ − = −V eb V eb V eb V eb Vp T T T T T T T TebV dTTddTTcdTTbdTa TT C ....... )( 1 22 ( ) − + − − − +− − = 3 )( . )( 1 . 2 )( .).( )( 1 3322 ebV ebV ebV ebV ebV TT d TT c TT bTTa TT C Vp (3.27) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 56 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 C p ( k J /k g .K ) T (K) R2 =0,993 Experimental calculado Figura 3.8 Capacidade calorífica à pressão constante para o vapor d’água Exemplo 3.3 Sabe-se que o calor específico da água líquida a 25°C é de 0,9989 cal/g°C. Então utilize a Tabela 3.1 para calcular o desvio percentual entre a entalpia da água líquida insaturada a 25°C e 1 atm com a da saturada na mesma temperatura. Identifique também a pressão na qual a água a 25°C deveria estar para se encontra em equilíbrio termodinâmico. Exemplo 3.4 Utilize a interpolação linear para achar as entalpias da água líquida e vapor a 1,0 kgf/cm2 de pressão manométrica para uma pressão atmosférica local de 712 mmHg. Exemplo 3.5 Água a 85°C, armazenada em um tanque isolado termicamente e à pressão atmosférica, é bombeada em regime permanente pela ação de uma bomba com a vazão de 0,6 m3/min. A bomba fornece ao fluido a potência de 7,5 kW nas condições fixadas. A água passa através de um trocador de calor que retira 1400 kW da água. A água líquida resfriada é então armazenada em um segundo tanque aberto, cujo nível é Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 57 mantido constante e 20 m acima do nível do primeiro, também com nível constante. Calcule a temperatura da água no tanque de descarga. Tabela 3.1 Propriedades da água saturada com entrada em temperatura Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 59 Tabela 3.2 Propriedades da água saturada com entrada em pressão absoluta Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 60 3.3 Balanço Global de Energia Mecânica A equação do balanço global de energia mecânica, também conhecida como equação de Bernoulli modificada, pode ser obtida tomando-se como ponto de partida a equação do balanço global de energia (Equação 3.28): sWQ −=++ zg ub H . .2 2 (3.28) que foi obtida mediante a adoção das seguintes hipóteses: - validade do Princípio de Conservação da Massa, ou seja, ausência de reações nucleares no sistema; - inexistência de campos elétricos e magnéticos interferindo no escoamento; - volume de controle rígido (us = 0); - escoamento perpendicular à superfície do volume de controle nas regiões de entrada e saída de fluido (cos = +1 e cos = -1); - aceleração da gravidade constante; - regime permanente; - validade do Teorema da Média para representar a velocidade, posição em relação a um plano de referência e entalpia das correntes nas regiões de entrada e saída de fluido do sistema. Nas aplicações de Engenharia é útil expressar os termos do balanço global de energia em contribuições de energia mecânica, que estão explicitamente associadas às variáveis velocidade média, posição e pressão das correntes de entrada e saída de fluido do volume de controle. Para isso, serão utilizados o Princípio da Conservação da Energia, a 2ª Lei da Termodinâmica e a definição de entalpia. Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química,UNAERP (2014) 61 Quando uma unidade de massa de fluido passa através do volume de controle (da entrada para saída), o fluido vence uma pressão de oposição (P) e desloca um volume correspondente (V), cujo trabalho realizado é 2 1 . V V dVP (trabalho reversível e positivo, pois sai do sistema). No entanto, a 2ª Lei da Termodinâmica determina que o atrito dissipa uma quantidade de energia na forma de calor (lw), quantidade de energia mecânica irreversivelmente perdida na forma de calor, que no seu estado final entra no fluido. Logo: lwdVPW V V −= 2 1 . (3.29) Por outro lado, o Princípio da Conservação de Energia enuncia que: WQU −= (3.30) Ou seja, substituindo a Equação 3.29 na Equação 3.30, tem-se que: −−= lwdVPQU V V 2 1 . (3.31) lwdVPQU V V +−= 2 1 . (3.32) Mas, as definições de entalpia (H) e de variação de entalpia fornecem que: VPUH .+= (3.33) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 62 ( )VPUH .+= (3.34) A Equação 3.34 expressa na integral do produto fornece que: ++= 2 1 2 1 .. P P V V dPVdVPUH (3.35) A junção das equações 3.32 e 3.35 resulta em: +++−= 2 1 2 1 2 1 ... P P V V V V dPVdVPlwdVPQH ++= 2 1 . P P dPVlwQH (3.36) que substituída na equação do balanço global de energia (Equação 3.28) fornece que: sWQ −=++++ zg ub dPVlwQ P P . .2 . 22 1 0.. .2 2 1 2 =++++ sW P P b dPVlwzg u (3.37) O volume por unidade de massa do fluido (V) que percorreu o volume de controle é o inverso da massa específica (1/). Então: Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 63 0. .2 2 1 2 =++++ sW P P b dPlwzg u (3.38) Note que o termo 2 1 . P P dPV também tem a dimensão de energia por unidade de massa. Ou seja, no SI: kg J kg mN m N kg m dPV P P === . .. 2 32 1 Nesse momento, é preciso verificar o comportamento da massa específica do fluido em relação à diferença de pressão ao longo do sistema. No caso de fluido incompressível ( constante), hipótese realística para líquido com temperatura uniforme e para gases com temperatura constante e velocidade de escoamento bastante inferior à velocidade do som, isto é, para quedas de pressão da ordem de mmH2O a cmH2O. Nesses casos, a Equação 3.38 se transforma em: 0 1 . .2 2 1 2 =++++ sW P P b dPlwzg u (3.39) Então: 0. .2 2 1 2 =++++ sW P Pb P lwzg u Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 64 ( ) 0. .2 12 2 =+ − +++ sW PP lwzg ub 0. .2 2 =++ ++ sWlw P zg ub (3.40) É importante notar que na obtenção da Equação 3.34 não foi prevista à variação de entalpia devido à existência de reação química. Como visto anteriormente, nas aplicações do balanço global de energia, o termo Ws está vinculado à existência de trabalho de eixo proveniente de máquinas geratrizes ou motoras: Bombas, Ventiladores, Sopradores e Compressores Adicionam trabalho aos fluidos Ws < 0 Bombas, Ventiladores, Sopradores e Compressores Adicionam trabalho aos fluidos Ws < 0 Turbinas Retiram trabalho dos fluidos Ws > 0Turbinas Retiram trabalho dos fluidos Ws > 0 A energia que o eixo transfere ao fluido, decorrente de movimentos rotativos ou alternativos, não é totalmente recebida pelo fluido. Defini-se então uma eficiência de troca (), uma vez que há perdas decorrentes da vibração, liberação de som e calor quando o fluido passa através da máquina. Pode-se também separar a perda de energia por atrito (lw) devido ao escoamento através da tubulação (lwf), na bomba (lwp) ou na turbina (lwt). Então: lwplwflw += (3.41) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 65 lwtlwflw += (3.42) Que substituídas na Equação 3.40 fornecem que: 0. .2 2 =+++ ++ sWlwplwf P zg ub (3.41) para bombas. 0. .2 2 =+++ ++ sWlwtlwf P zg ub (3.42) para turbinas. Uma vez que a eficiência deve expressar uma fração entre 0 e 100% e da forma da transferência de energia no interior das máquinas, é definida diferentemente para máquinas geratrizes (p)e motoras (t): s s p W lwpW + == eixo doenergia fluido pelorecebida energia (3.43) e lwtW W s s t + == turbinapela fluido doretirada energia eixo peloabsorvida energia (3.44) Logo: lwpWW ssp +=. (3.45) Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 66 e lwtW W s t s += (3.46) As equações 3.45 e 3.46 respectivamente substituídas nas equações 3.41 e 3.42 fornecem que: 0.. .2 2 =++ ++ sWp b lwf P zg u (3.47) para máquinas geratrizes. 0. .2 2 =++ ++ t b lwf P zg u sW (3.48) para máquinas motoras. As equações 3.47 e 3.48 são as duas principais formas das equações do balanço global de energia mecânica. A utilização das equações 3.47 e 3.48 aplicadas a situações práticas requer a quantificação da perda de carga do fluido ao escoar por trechos retos (perda de carga distribuída), por conexões e acessórios (perda de carga localizada) do sistema contendo tubulações. O fator de atrito (f) é um parâmetro definido para a determinação da perda de carga em dutos e acessórios. Essa relação é estabelecida segundo a equação de Darcy- Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 67 Weisbach, proposta em 1845, também conhecida por fórmula racional ou equação universal: 2 .. 2V D L flwf T= (3.49) sendo, LT o comprimento total retilíneo da tubulação, incluindo o comprimento equivalente em trecho reto de tubo de cada acessório e conexão presente na tubulação, D o diâmetro interno do tubo e V a velocidade média do escoamento no duto. É possível prever teoricamente a equação do fator de atrito de Darcy para o escoamento laminar (Equação 3.50). Essa demonstração será realizada na disciplina de balanços diferenciais de massa e quantidade de movimento (Fenômenos de Transporte 1). .. .64 Re 64 VD f d == (3.50) sendo que D é o diâmetro interno do tubo, V é a velocidade média do escoamento, é a massa específica do fluido, é a viscosidade do fluido. A Equação 3.50 é válida para o escoamento laminar de fluidos newtonianos (Red < 2100), tanto pata tubo de parede lisa quanto rugosa. A rugosidade do tubo é caracterizada pela altura média das protuberâncias, chamada de rugosidade absoluta ou equivalente (), que é função do tipo de material construtivo e do acabamento dado à peça. A rugosidade relativa é a relação entre a rugosidade absoluta e o diâmetro do tubo (/D). Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 68 O fator de atrito para o escoamento turbulento não é dependente somente do número de Reynolds, mas também da rugosidade da superfície da parede interna do duto. Historicamente, a determinação de f em função da rugosidade () tem sido feita empiricamente e representada na forma de gráficos ou de correlações (explícitas ou implícitas em f). O Diagrama de Moody de 1939 a 1944 foi baseado nos resultados de Nikuradse de 1933, obtidos com escoamento de fluido newtoniano em dutos de seção circular revestidos internamente com grãos de areia, de formaa variar artificialmente a rugosidade da parede interna exposta ao fluido em escoamento. No Diagrama de Moody (Figura 3.9) pode-se obter f no eixo das ordenadas em função do número de Reynolds do escoamento de um fluido newtoniano em tubos (eixo das abscissas) e da rugosidade relativa (/D) (diferentes curvas do gráfico). No escoamento laminar, o efeito da rugosidade é desprezível pela formação de uma camada de estagnação sobre à superfície rugosa de modo que as “lâminas” de fluido deslizam uma sobre as outras no interior de um tubo de diâmetro interno real igual a (D-2.). A rugosidade relativa de tubos pode ser obtida através da Figura 3.10, que relaciona o diâmetro interno do tubo ou nominal de um tubo padronizado 40S (no eixo das abscissas) com o material e com o acabamento de sua confecção nas diversas linhas do gráfico. Foi visto até o momento que a perda de carga em trechos retos da tubulação pode ser calculada através da equação de Darcy e do fator de atrito. No entanto, se a velocidade do escoamento mudar de módulo ou de direção, uma perda de energia adicional deve acontecer (perda de carga localizada). A perda de carga em expansões, contrações, curvas, cotovelos, válvulas, entradas, saídas e demais acessórios pode ser computada na forma de comprimentos Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 69 adicionais de trechos retos do tubo em questão para cada tipo de acidente. Atribui-se assim, a perda de carga a um trecho reto imaginário de comprimento LT de forma que: += LeqLL real retoT (3.51) Uma das maneiras de se determinar os comprimentos equivalentes de cada acessório é através do Ábaco da Crane Co. (Figura 3.11). Deve-se unir o ponto referente ao acessório no eixo da esquerda ao diâmetro interno da tubulação na escala da direita do eixo também à direita através de um segmento de reta. O comprimento equivalente da peça, em pés, é lido no eixo central. No caso da tubulação ser do tipo “Schedule 40” (40S), a escala a ser utilizada é a da esquerda no eixo da direita. No caso do duto não ser de seção circular, pode-se utilizar as mesmas equações descritas, porém substituindo o diâmetro interno do tubo pelo diâmetro hidráulico do duto (Dh). A definição de Dh é: A Dh .4 = (3.52) em que A é a área da seção transversal formada pelo fluido no duto e é o perímetro molhado do duto (soma dos comprimentos da seção transversal da parede do duto). fluido a afluido a a fluido a bfluido a b a fluido b a fluido b Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 70 a aaaa a Dh = +++ = )( .4 2 ).2.2( ..4 ba ba Dh + = ).2( ..4 ba ba Dh + = O número de Reynolds tem de ser então calculado por: .. Re VDh d = (3.53) A velocidade média do escoamento no duto ( )V deve ser calculada com base na área de seção transversal obtida com o diâmetro hidráulico do duto: 2 . .4 h V D q V = (3.54) sendo que Vq é a vazão volumétrica do escoamento. A perda de carga no duto de seção não circular é obtida por: 2 .. 2 V D L flwf h T= (3.55) Figura 3.9 Diagrama de Moody para escoamento de fluido newtoniano em tubos R u g o si d ad e re la ti v a – / D Diâmetro nominal de tubo 40S ou interno (in.) R u g o si d ad e re la ti v a – / D Diâmetro nominal de tubo 40S ou interno (in.) Figura 3.10 Rugosidade relativa em função do diâmetro do tubo Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 73 Figura 3.11 Ábaco da Crane Co. para determinação do comprimento equivalente dos principais acessórios Exercícios Propostos Exercício 3.1: Um tanque de estocagem (sem corrente de saída) tem a capacidade total de armazenamento de 15.352 kg. Inicialmente, existe no interior do tanque 1.537 kg de uma solução 7 % em massa de ácido acético. Repentinamente, são alimentadas ao tanque uma corrente de 2.355 kg.h-1 de água e outra de 1.177,5 kg.h-1 de ácido acético. A agitação mecânica permite assumir que a composição no interior do tanque é igual em qualquer ponto. Nestas condições, determine: a) O tempo de preencher o tanque; b) A equação que relaciona a composição de saída com o tempo de operação; c) A composição para o tempo equivalente a metade do tempo de enchimento e a composição no instante final. Exercício 3.2: Um tanque com agitação mecânica, contendo 3,8 m3 de uma solução de 95% em massa de etanol, opera em regime permanente com um escoamento contínuo de entrada e saída de 0,38 m3.min-1 de álcool 95% em massa (massa específica de 0,804 g.mL-1). O escoamento de álcool é repentinamente interrompido e substituído por um de água com a mesma vazão (massa específica de 997 kg.m-3). Se a massa total de material no tanque permanece constante, qual o tempo necessário para a porcentagem de álcool cair a 50% em massa. Exercício 3.3: Um tanque de volume total igual a 20 m3 possui no seu interior 1000 kg de uma solução de salmoura a 10% em massa. Repentinamente, uma corrente com vazão de 1000 kg.h-1 de água é alimentada ao tanque enquanto que outra de 500 kg.h-1 sai do mesmo tanque. Calcule o tempo necessário para preencher completamente o Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 75 reservatório e obtenha a equação que relacione a composição da salmoura no seu interior em função do tempo. Assuma que a massa específica da salmoura no tanque seja constante e igual a 1100 kg.m-3. Exercício 3.4: Deseja-se preparar uma solução de soda cáustica 25% em massa a partir de uma corrente de NaOH sólida (100%) e uma corrente de água, ambas com vazão de 1750 kg.h-1. No instante inicial, o tanque contém 1.000 kg de solução 5% de soda. O sistema de agitação mecânica permite assumir que a composição no interior do tanque é igual a composição de saída. Nestas condições, determine: a) O tempo necessário para preparar a solução 25% em massa se não houver corrente de saída enquanto se procede a diluição; b) A massa de solução final produzida nas condições do item a; c) O tempo necessário para preparar a solução 25% em massa se houver uma corrente de saída de vazão constante igual a 800 kg.h-1 enquanto se procede a diluição; d) A massa de solução final produzida nas condições do item c. Exercício 3.5: O tanque mostrado na Figura 3.12 armazena água a 25ºC (massa específica de 997 kg.m-3). Repentinamente, a válvula localizada na saída é aberta, sendo que a velocidade média do escoamento d’água se relaciona com a altura do nível no reservatório por: hgub .2 = , na qual g é a aceleração da gravidade (9,8 m.s -2). O tanque tem formato cilíndrico com diâmetro interno de 3,00 m. O diâmetro interno do bocal de descarga é igual a 10,0 cm. Sendo assim pede-se: a) A equação que relaciona a vazão mássica de saída com a altura do reservatório. Não deixe de indicar a unidade da vazão mássica; Reinaldo Pisani Jr – Estática dos Fluidos e Balanços Integrais para Engenharia Química, UNAERP (2014) 76 b) A equação que relaciona a altura do nível d’água com o tempo de esvaziamento; c) O tempo necessário para o nível d’água diminuir de 3,00 m para 1,00 m. h 3,00 m hgub .2 = D2 = 0,100 m Figura 3.12 Esquema representativo do reservatório Exercício 3.6: Um tanque com agitação mecânica contém 10 m3 de uma solução de ácido acético a 20% em massa. Repentinamente, é introduzida uma corrente de solução de ácido acético a 2,0 % em massa com a vazão de 1,0 m3.h-1 a 25oC. Além disso, uma corrente de saída com a vazão de 1000 kg.h-1 a 25oC é estabelecida. Nessas condições, determine: 20 m3 a 20 % W2 = 1000 kg/h XA2
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