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RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS AULA 5 Prof.ª Eimi Suzuki CONVERSA INICIAL Nesta etapa, veremos Métodos de Energia, o que é energia de deformação e como resolver problemas usando esse conceito. Também aprenderemos sobre conservação de energia e como resolver problemas envolvendo impacto em elementos estruturais. TEMA 1 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO Um material armazena energia quando é deformado por uma carga, essa energia é chamada de energia de deformação. Se a barra da Figura 1 se alongar devido à carga axial P que cresce lentamente, podemos obter seu gráfico tensão-deformação (Figura 2). Figura 1 – Barra com alongamento provocado por força axial Fonte: Beer et al., 2015. Figura 2 – Gráfico tensão-deformação, aonde a área abaixo de gráfico é igual ao trabalho realizado pela força P Fonte: Beer et al., 2015. Mas também temos o fato de que a força P está realizando um trabalho, e enquanto isso acontece uma energia, a energia de deformação aumenta. (5.1) Se a deformação for elástica, a energia de deformação é: (5.2) Já para o caso do que realiza o trabalho for um momento, a equação pode ser escrita como: (5.3) (5.4) onde θ é o ângulo de deslocamento rotacional causado pelo momento e dado em radianos. Para que não seja necessário associar a energia com a área e o comprimento do corpo, criou-se a densidade de energia de deformação (u), dividindo a energia de deformação (U) pelo volume (V). (5.5) Vale relembrar que quando temos um gráfico tensão-deformação, a área abaixo do gráfico representa o valor da energia de deformação, que para o gráfico todo, até a ruptura, é chamada de módulo de tenacidade, e se for apenas da parte elástica do gráfico, chama-se módulo de resiliência. (5.6) (5.7) 1.1 EXEMPLO Exemplo 01: (Beer et al., 2015). A barra BC é feita de um aço para o qual a tensão de escoamento é σE = 300MPa e o módulo de elasticidade é E = 200GPa. Sabendo que a energia de deformação de 10J deve ser adquirida pela barra quando lhe for aplicada a força axial P, determine o diâmetro da barra para o qual o coeficiente de segurança com relação à deformação permanente seja 6. Fonte: Beer et al., 2015. Solução: Utilizando o coeficiente de segurança na energia de deformação: Como temos a tensão de escoamento e o módulo de elasticidade, podemos achar o módulo de resiliência, ou seja, a densidade de energia de deformação no ponto do escoamento. Mas sabemos que a densidade de energia de deformação é a energia de deformação dividida pelo volume do corpo. E com a área, podemos achar o diâmetro. TEMA 2 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO ELÁSTICA A energia de deformação, que é o trabalho externo que foi realizado pelas cargas e transformado em trabalho interno, sempre é positivo e pode ser causado pela tensão normal ou ainda pela tensão de cisalhamento. 2.1 TENSÃO NORMAL A tensão normal pode ser relacionada à energia de deformação pela seguinte equação. (5.8) Vamos ver dois casos específicos, carga axial e flexão. Quando uma barra é carregada axialmente e sua seção transversal é uniforme, carregada com forças iguais e opostas P, podemos calcular sua energia de deformação com a equação abaixo. (5.9) Já nos casos de flexão, nos quais σx=My/I a equação pode ser escrita como: (5.10) 2.2 TENSÃO DE CISALHAMENTO Ainda para deformações elásticas, se forem causadas por cisalhamento, podemos usar uma equação semelhante à usada na tensão normal. (5.11) No caso específico de torção, e a seção transversal do corpo for uniforme, carregada com momentos torsores iguais e opostas T, podemos calcular sua energia de deformação com a equação abaixo. (5.12) 2.3 EXEMPLOS Exemplo 01: (Beer et al., 2015). Cada elemento da treliça mostrada é feito de alumínio e tem a seção transversal mostrada. Utilizando E = 72 GPa, determine a energia de deformação da treliça para o carregamento mostrado. Solução: Substituindo os apoios pelas reações. Precisaremos do comprimento (L) das barras: Com isso, achamos os ângulos: Vamos calcular as resultantes axialmente. Agora vamos calcular a energia de deformação. Exemplo 02: (Hibbeler, 2015). Determine a energia de deformação por torção no eixo de aço A-36. O eixo tem raio de 30 mm. (G = 75 GPa). Solução: Vamos começar calculando o momento polar de inércia. Achando os momentos torsores resultantes para cada trecho, contando o ponto A como o mais distante do apoio, e D o ponto do apoio: Agora vamos calcular a energia de deformação. Exemplo 03: (Hibbeler, 2015). Determine a energia de deformação por flexão na viga de aço A-36 decorrente da carga mostrada. Obtenha a resposta usando as coordenadas (a) x1 e x4 e (b) x2 e x3.I = 21(10 6) mm4. E = 200GPa. Fonte: Hibbeler, 2015. Solução: Reações de apoio. Fonte: Hibbeler, 2015. (a) Equações de momento para cada trecho. Fonte: Hibbeler, 2015. Fonte: Hibbeler, 2015. Usando a equação (5.8). (b) Equações de momento para cada trecho. Fonte: Hibbeler, 2015. Fonte: Hibbeler, 2015. Usando a equação (5.8). TEMA 3 – ENERGIA DE DEFORMAÇÃO PARA UM ESTADO GERAL DE TENSÃO Aprendemos sobre como calcular a energia de deformação para quando temos tensão uniaxial, e cisalhamento puro, já quando temos um estado geral de tensão, ou seja, as tensões σx, σy, σz, τxy, τyz e τxz a densidade de energia de deformação pode ser: (5.13) Se apenas as tensões principais atuarem no corpo, e as tensões de cisalhamento se tornando assim nulas, a equação pode ser reescrita como: (5.14) Com base nessa equação, podemos dizer que na teoria da energia de distorção máxima temos o critério de máxima energia de deformação como: (5.15) 3.1 EXEMPLO Exemplo 01: (Beer et al., 2015). O estado de tensão mostrado na figura ocorre em um componente de máquina feito de um tipo de latão para o qual σE = 160 MPa. Usando o critério da máxima energia de distorção, determine se ocorre o escoamento quando (a) σz = +45 MPa e (b) σz = -45 MPa. Fonte: Beer et al., 2015. Solução: Vamos encontrar a tensão média: Para achar o raio usamos o teorema de Pitágoras: Achando as tensões principais: (a) σz = +45 MPa Não ocorre o escoamento. (b) σz = -45 MPa Ocorre o escoamento. TEMA 4 – CONSERVAÇÃO DE ENERGIA Quando temos apenas uma força interna, ou momento interno resultante agindo no elemento estrutural, podemos usar a seguinte lógica. (5.16) Ou seja, o trabalho, ou energia de deformação, interno deve ser igual ao trabalho, ou energia de deformação, externo. Para isso, vamos desconsiderar as perdas por calor e fazer com que a carga seja aplicada lentamente no corpo, desprezando assim a energia cinética também. O trabalho externo que será considerado para o equilíbrio de energias será o mecânico. Se estivermos trabalhando com carga axial, e o força interna resultante na seção for N podemos usar: (5.17) Onde P é carga externa que será aplicada lentamente. y é o deslocamento vertical do ponto (Figura 3); e N é a força interna resultante. Se a carga P provocar um momento na viga: (5.17) Caso a viga esteja carregada com um momento fletor e o momento interno provocar um deslocamento rotacional θ (Figura 3), temos a equação (5.16). (5.18) Figura 3 – Cargas e deslocamentos para vigas em balanço Fonte: Beer et al., 2015. 4.1 EXEMPLOS Exemplo 1: (Hibbeler, 2015). Determine a inclinação na extremidade B da viga de aço A-36. I = 80(106) mm4. E = 200 GPa. Fonte: Hibbeler, 2015. Solução: Reações de apoio. Fonte: Hibbeler, 2015. Fazendo uma seção a uma distância x do ponto A: Fonte: Hibbeler, 2015. Exemplo 02: (Beer et al., 2015). Usando o método do trabalho e da energia, determine a deflexão no ponto D provocada pela força P. Fonte: Beer et al., 2015. Solução: Vamos começar calculando as reações de apoio. Fonte: Beer et al., 2015. Seção entre A e D. Fonte: Beer et al., 2015. Seção entre D e B. Fonte: Beer et al., 2015. O total para a viga será: E como: TEMA 5 – CARGAS DE IMPACTO Estudamos até agora, nesta etapa, casos nos quais a carga era aplicada lentamente,agora vamos ver o que acontece quando há uma carga muito grande em um período de tempo bem pequeno, o chamado impacto (Figura 4). Figura 4 – Impacto em um eixo em balanço Fonte: Beer et al., 2015. As equações que veremos a seguir partem do pressuposto de que nenhuma energia é perdida durante o impacto e que o diagrama tensão-deformação que foi formado quando realizado um teste estático também é correto sob carga de impacto. Com isso, temos que a energia de deformação máxima será: (5.19) Se a barra for uniforme, ou seja, a seção transversal não variar ao longo da barra, podemos escrever a equação (5.17) como: (5.20) Outra maneira de solucionar esse tipo de problema de impacto é resolver como um problema já visto em conteúdos anteriores, como se a carga fosse estática, e multiplicar o deslocamento e a tensão achados com a carga estática pelo fator de impacto n, para achar o deslocamento e a tensão provocadas pelo impacto. A carga estática a ser usada será o peso do corpo m (W) (Figura 4). (5.21) Sendo que h é a distância inicial entre o corpo m e a viga ou eixo e yest é a deformação devido a carga estática, de modo que: (5.22) (5.23) Figura 4 – Peso m será solto a uma altura h da viga Fonte: Hibbeler, 2015. 5.1 EXEMPLOS Exemplo 01: (Beer et al, 2015). O anel D de 35 kg é abandonado de repouso na posição mostrada e é parado por uma placa conectada na extremidade em C da haste vertical ABC. Sabendo que E = 200 GPa para ambas as porções da haste, determine a distância h para que a máxima tensão na haste seja de 250 MPa. Fonte: Beer et al., 2015. Solução: Se queremos que a máxima tensão na haste seja 250 MPa, vamos usar a parte com menor diâmetro. E = 200 GPa. Usando a equação (5,18) para casa trecho da haste. Como temos uma única carga e trabalharemos no regime elástico. Então sabemos que o ponto B teve uma deformação em y de 3,28 mm. Agora usando a fórmula do trabalho para o peso do anel D. Exemplo 02: (Hibbeler, 2015). O saco de cimento pesa 450 N (≈ 45 kg). Determine a altura máxima h da qual ele pode cair a partir do repouso sobre o centro da viga de perfil W 250 x 58 de aço estrutural A-36, de modo que a tensão de flexão máxima resultante do impacto não ultrapasse 210 MPa. E = 200GPa. Fonte: Hibbeler, 2015. Solução: Para uma viga de perfil W250x58, olhamos em uma tabela de propriedades geométricas de perfis estruturais, como a da Figura 5. Figura 5 – Propriedades geométricas de perfis estruturais, para perfis em W Fonte: Hibbeler, 2015. Vamos calcular o deslocamento substituindo a carga de impacto por uma carga estática, e para isso vamos usar os dados desta tabela que foi vista em conteúdo anterior. Figura 6 – Inclinações e deslocamentos de vigas simplesmente apoiadas Fonte: Hibbeler, 2015. O máximo momento ocorre no centro da viga onde: Também sabemos que: Substituindo a tensão estática pela fórmula da flexão: Olhando na figura da Figura 5, pode-se deduzir que c=0,5d, já que na flexão a tensão máxima está no ponto mais distante da linha neutra. Descoberto o fator de impacto vamos descobrir a altura utilizando a equação (5.21). FINALIZANDO Nesta etapa, aprendemos sobre métodos de energia, ou seja, resolvemos problemas que envolvem deflexão usando métodos de energia. Vimos também conservação de energia e carga de impacto. Foram feitos exemplos dos assuntos apresentados, mas, para melhor fixar o conteúdo, faça mais exercícios dos assuntos desta etapa. REFERÊNCIAS BEER, F. P. et al. Mecânica dos Materiais. 7. ed. Porto Alegre: AMGH Editora LTDA, 2015. GERE, J. M.; GOODNO, B. J. Mecânica dos Materiais. 7. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015. _____. Mecânica dos Materiais. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2017. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil LTDA, 2015.
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