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0 1 SUMÁRIO 5. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO ...................................................................................... 3 5.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 5.2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO ........................................................................... 3 5.2.1. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO ......................................................... 4 5.2.2. RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA .................................................................... 4 5.3. TEMPO DO CRIME ................................................................................................................... 6 5.3.1. TEORIA DA ATIVIDADE X PRESCRIÇÃO ....................................................................... 7 5.4. LEI NOVA INCRIMINADORA/ “NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA” ...................... 7 5.4.1. NOVATIO LEGIS IN PEJUS OU “LEX GRAVIOR” .......................................................... 8 5.4.2. Sucessão de Lei mais grave no Crime Continuado e no Crime Permanente ........................ 10 5.5. ABOLITIO CRIMINIS ............................................................................................................. 11 5.5.1. REQUISITOS DA ABOLITIO CRIMINIS .......................................................................... 12 5.5.2. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS ................................................................................. 12 5.5.3. CONSEQUÊNCIAS DA ABOLITIO CRIMINIS ................................................................ 13 5.5.4. NATUREZA JURÍDICA DA ABOLITIO CRIMINIS ........................................................ 13 5.6. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS OU “LEX MITIOR” ....................................................... 14 5.6.1. COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA ................................. 15 5.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA ............................................... 17 5.8. LEI INTERMEDIÁRIA ............................................................................................................ 19 5.9. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA ............................................................................ 19 5.9.1. CARACTERÍSTICAS DAS LEIS TEMPORÁRIAS E DAS LEIS EXCEPCIONAIS ....... 21 6. LEI PENAL NO ESPAÇO .............................................................................................................. 24 6.1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO ............................................................................ 24 6.1.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE ............................................................................. 24 6.1.2. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA ..................................................................... 24 6.1.3. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA ................................................................ 24 6.1.4. PRINCÍPIO DA DEFESA (OU REAL) ............................................................................... 25 6.1.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL .............................................................. 25 6.1.6. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA SUBSTITUIÇÃO OU DA SUBSIDIARIEDADE) ........................................................................ 25 2 6.2. LUGAR DO CRIME ................................................................................................................. 29 6.2.1. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA ..................................................................... 31 6.3. EXTRATERRITORIALIDADE .............................................................................................. 31 6.3.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA ...................................................... 31 6.3.2. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA........................................................... 33 6.3.2.1. Pena cumprida no estrangeiro ........................................................................................ 35 6.3.3. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA ............................................... 36 3 DIREITO PENAL GERAL 5. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 5.1. INTRODUÇÃO Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, EM REGRA, a lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso – tempus regit actum. EXCEPCIONALMENTE, é possível que a lei penal se movimente no tempo para beneficiar o réu, a este movimento dá-se o nome de EXTRA- ATIVIDADE (gênero), da qual derivam DUAS ESPÉCIES: I. RETROATIVIDADE: lei penal pode ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência; II. ULTRA-ATIVIDADE: aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos. ESQUEMATIZANDO EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL ULTRA-ATIVIDADE RETROATIVIDADE Lei A (pena de 1 a 4 anos) → REVOGADA pela Lei B (pena de 2 a 5 anos) A Lei A (revogada) continua sendo aplicada (fatos de sua vigência), pois a Lei B (revogadora) é prejudicial ao réu e NÃO SERÁ APLICADA. EVITANDO-SE A RETROATIVIDADE MALÉFICA Lei A (pena de 2 a 5 anos) → REVOGADA pela Lei B (pena de 1 a 4 anos) Nesse caso, a Lei B (revogadora) RETROAGE para alcançar os fatos passados, pois é mais benéfica do que a Lei A (revogada). ADMITE-SE A RETROATIVIDADE BENÉFICA 5.2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO A REGRA GERAL é a IRRETROATIVIDADE da lei penal, EXCETUADA somente quando a lei posterior for mais benéfica (retroatividade). ESQUEMATIZANDO TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR) RETROATIVIDADE FATO ATÍPICO FATO TÍPICO IRRETROATIVIDADE FATO ATÍPICO AUMENTO A PENA IRRETROATIVIDADE FATO ATÍPICO SUPRESSÃO DO CRIME RETROATIVIDADE FATO ATÍPICO DIMINUI-SE A PENA RETROATIVIDADE FATO ATÍPICO CONTEÚDO PENAL MIGRA (para outro tipo penal) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA 4 5.2.1. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO Relembrando ao tópico das normas penais em branco, temos QUATRO CORRENTES quanto ao assunto de retroatividade das referidas leis. Na hipótese de norma penal em branco, havendo alteração de conteúdo, alteram-se as respectivas normas complementares, a discussão é se PARA ESSAS ALTERAÇÕES DEVEM INCIDIR AS REGRAS DA RETROATIVIDADE. Vejamos: ESQUEMATIZANDO RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO 1ª CORRENTE A alteração do complemento da N.P.B DEVE SEMPRE RETROAGIR, desde que mais benéfica para o réu. 2ª CORRENTE A alteração na norma complementadora, MESMO QUE BENÉFICA, É IRRETROATIVA (a norma principal não é revogada com a simples alteração de complementos 3ª CORRENTE Só tem importância a variação da norma complementar na aplicação retroativa da N.P.B quando esta provoca uma REAL MODIFICAÇÃO DA FIGURA ABSTRATA DO DIREITO PENAL, e não quando importe mera modificação de circunstância que, na realidade, deixa subsistente a norma penal. 4ª CORRENTE A alteração no complemento na N.P.B HOMOGÊNEA terá efeitos retroativos, SE BENÉFICA. Quando se tratar de NPB HETEROGÊNEA, a alteração mais benéfica só ocorre quando a legislação complementar NÃO SE REVESTE DE EXCEPCIONALIDADE (se excepcional, não retroage). O STF ADOTA A 4ª CORRENTE! 5.2.2. RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA Trata-se de outro tema bastante discutido na doutrina, na hipótese de a alteração jurisprudencial questiona-se a possibilidade de retroagir para alcançar fatos praticados na vigência de entendimento diverso. Para exemplificar, recentemente a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça cancelou o enunciado de Súmula 528, que tratava da competência do juízo federal para julgar crime cometido por pessoa que importou droga por via postal. ESQUEMATIZANDO5 QUESTIONA-SE: DIANTE DA REVOGAÇÃO DA SÚMULA, ESSE ENTENDIMENTO RETROAGE? Nesse sentido, prevalece a posição de que a IRRETROATIVIDADE só se refere à LEI, portanto, NÃO se estendendo à JURISPRUDÊNCIA. O entendimento é que a CF/88 se refere somente à retroatividade da lei, proibindo-a quando maléfica e incentivando-a quando benéfica. O CP também só disciplina a retroatividade da lei (não da jurisprudência). Portanto, na hipótese de importação da droga via correio cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do endereço aposto na correspondência, deve-se fixar a competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da facilitação da fase investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo. CUIDADO! NÃO se pode negar a RETROATIVIDADE da jurisprudência quando dotada de EFEITOS VINCULANTES (Súmula vinculante, ADI, ADC e ADPF). SE HOUVE MUDANÇA NA JURISPRUDÊNCIA, É POSSÍVEL APLICAR ESSE NOVO ENTENDIMENTO MESMO QUE O CRIME TENHA OCORRIDO ANTES DA MUDANÇA NA JURISPRUDÊNCIA Vigora no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da irretroatividade da norma mais gravosa. Esse princípio não se aplica (não vale) para interpretação jurisprudencial. Esse princípio se aplica apenas para lei penal. Assim, MESMO QUE A NOVA INTERPRETAÇÃO SEJA MAIS GRAVOSA, deve ser aplicada para fatos anteriores. A CF/88 diz, no art. 5º, XL, que "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;". A partir da leitura desse art. 5º, XL, é possível extrair dois preceitos: - é retroativa a aplicação da norma penal benéfica - é irretroativa a norma mais grave ao acusado Esses preceitos constitucionais são inaplicáveis para precedentes jurisprudenciais (para decisões do Poder Judiciário). Assim, o art. 5º, XL, da CF/88 - que trazem esses preceitos - não se aplica para mudanças de entendimento jurisprudencial (só valem para mudanças legislativas). STF. 1ª Turma. HC 161452 AgR, julgado em 6/3/2020. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1361814/RJ, julgado em 19/05/2020. FEVEREIRO 2022 ANTES DEPOIS Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do LOCAL DA APREENSÃO da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional. Cancelada a Súmula 528, STJ. Assim, a competência será do juízo do LOCAL DE DESTINO do entorpecente. 6 5.3. TEMPO DO CRIME Quando no tempo um crime se considera praticado? No tocante ao tempo do crime, EXISTEM TRÊS TEORIAS que discutem a respeito de qual seria o tempo considerado para a pratico do delito. Para a teoria da atividade, o crime considera-se praticado no momento da conduta (ação ou omissão), ou seja, da atividade. Já para a teoria do resultado, também chamada de teoria do evento, considera-se praticado o crime no momento do resultado. Por fim, para a teoria mista, considera-se praticado o crime tanto no momento da ação quanto do resultado. RESUMINDO TEORIA DA ATIVIDADE TEORIA DO RESULTADO TEORIA DA UBIQUIDADE Considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), pouco importando o momento do resultado. Reputa praticado o crime no momento em que ocorre a consumação. É irrelevante a ocasião da conduta. Para a teoria da ubiquidade, o momento do crime tanto é o da conduta como também o do resultado. O Código Penal adotou a teoria da ATIVIDADE, prevendo em seu artigo 4º que “considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. Dessa forma, o tempo do crime, EM REGRA, marca a lei que vai reger o caso concreto (TEMPUS REGIT ACTUM). Ocorre que, EXCEPCIONALMENTE, pode-se estar diante de uma SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2019 Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia. Tício, morador do Rio de Janeiro, começou a namorar Gabriela, uma jovem moradora da cidade de São Paulo. Com o passar do tempo e os efeitos da distância, Tício, motivado por ciúmes, resolveu tirar a vida de Gabriela. Pôs-se então a planejar a prática do crime em sua casa, no Rio de Janeiro, tendo adquirido uma faca, instrumento com o qual planejou executar o crime. No dia em que seguiu para São Paulo para encontrar Gabriela, que lhe o esperava na rodoviária, Tício combinou com a jovem uma viagem a passeio para o Espírito Santo. Ao ingressarem no ônibus que os levaria de São Paulo para o Espírito Santo, Tício afirmou para Gabriela que iria matá-la. Todavia, dada a calma de Tício, a jovem achou que se tratava de uma brincadeira. Durante o trajeto, Tício, ofereceu a ela uma bebida contendo substância que causava a perda dos sentidos. Após Gabriela beber e dormir, sob efeito da substância, enquanto passavam pela BR- 101, no Rio de Janeiro, Tício passou a desferir golpes com a faca no peito da jovem. Quando chegou ao destino, Tício se entregou para polícia, e Gabriela, embora tenha sido socorrida, veio a óbito ao chegar ao Hospital. O crime descrito no texto foi praticado, de acordo com a lei penal, no momento: A. da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Trata-se, portanto, do momento em que Tício desferiu os golpes em Gabriela. 7 B. em que o agente se prepara para a promoção da conduta criminosa. Ou seja, trata-se do momento em que Tício planejou e adquiriu as ferramentas necessárias ao cometimento do crime. C. em que a autoridade policial toma conhecimento do crime. Ou seja, quando Tício se entregou para a polícia. D. em que é alcançada a consumação do crime. Trata-se, portanto, do momento da morte de Gabriela, que ocorreu no hospital. E. da ação ou omissão, se este for concomitante ao resultado. Não sendo possível determiná-lo, no presente caso, em razão da separação temporal entre a conduta e o resultado. Gab. A. 5.3.1. TEORIA DA ATIVIDADE X PRESCRIÇÃO Já sabemos que quanto ao TEMPO DO CRIME, o Código Penal adota a teoria da atividade. Todavia, de acordo com o artigo 111, I do Código Penal o termo inicial da PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (PPP) começa a correr a partir da DATA EM QUE O CRIME SE CONSUMOU, ou seja, foi adotada a teoria do resultado. Vejamos: Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou.. (teoria do resultado!) ESQUEMATIZANDO TEMPO DO CRIME TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO teoria da ATIVIDADE teoria do RESULTADO 5.4. LEI NOVA INCRIMINADORA/ “NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA” Novatio LEGIS INCRIMINADORA também conhecida como neocriminalização, conforme denomina o STF. Refere-se a lei que cria um crime até então inexiste, conforme dispõe o artigo 1º do Código Penal. Art. 1º, CP – Não há crime sem lei anterior que o defina.... Antes da neocriminalização, a conduta não se enquadrava em nenhuma tipificação formal, nesse caso a lei é IRRETROATIVA, por se apresentar prejudicial. Exemplo: Lei 12.550/2011 incluiu o tipo penal do art. 311-A (fraudes em certames de interesse público). RESUMINDO ANTES DA “NEOCRIMINALIZAÇÃO” DEPOIS 8 A conduta era fato atípico, segundo entendimento do STF e STJ. A fraude pode caracterizar o art. 311-A, CP. O fato passou a ser considerado “típico”. Estamos diante de uma neocriminalização (novo crime). 5.4.1. NOVATIO LEGIS IN PEJUS OU “LEX GRAVIOR” Trata-se da lei nova que de qualquer modo prejudica o réu. O ponto comum entre a novatio legis incriminadora e a novatio legis in pejus é que só se aplicam para FATOS FUTUROS praticados após a sua vigência, mas não podemos confundir os dois institutos. ESQUEMATIZANDO NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA NOVATIO LEGIS IN PEJUS Refere-se a lei que CRIA UM CRIME até então inexiste Refere-se a lei nova que PREJUDICA O RÉU de qualquer modo. Dessa forma, como a novatio legis in pejus (lex gravior) é a lei nova que prejudica o réu, logo éIRRETROATIVA, sendo a lei antiga ultra-ativa. Podemos citar, como exemplo, a lei que aumenta o quantum da pena, retirou uma atenuante, bem como, lei que alterou o prazo prescricional dos delitos que passou a ter uma lapso maior. EXEMPLO: Causa de aumento em face de estelionato praticado em desfavor de PESSOA VULNERÁVEL (inovação legislativa Lei nº 14.155, de 2021). NOVATIO LEGIS IN PEJUS ANTES DEPOIS O estelionato contra pessoa vulnerável configurava a regra geral do caput do art. 171 do CP (pena de 1 a 5 anos). O estelionato com a causa de aumento do art. 171, §4º do CP, aplicava-se apenas para o crime cometido contra idoso. O estelionato contra idoso ou vulnerável configura o art. 171, §4º do CP, aplicando a pena aumentada de 1/3 (um terço) ao dobro. Obs.: o §4º não pode retroagir para alcançar os fatos pretéritos cometidos contra pessoa vulnerável. A causa de aumento em face de estelionato praticado em desfavor de PESSOA IDOSA após a inovação legislativa da Lei nº 14.155, de 2021, trata-se de NOVATIO LEGIS IN MELLIUS “LEI MITIOR” (lei que de qualquer modo favorece o réu) conforme será explicado nos tópicos subsequentes. #VAMOSAPROFUNDAR #LEI 14.155/2021 9 A lei retromencionada alterou, entre outros dispositivos, o § 4º do artigo 171 do CP, para incluir como hipótese de majorante, além da pessoa idosa — já prevista antes do advento da Lei 14.155/2021 — também a vítima vulnerável, por qualquer razão. À primeira vista pode parecer estarmos diante de uma NOVATIO LEGIS IN PEJUS — e de fato, tal ocorre no que tange à inclusão da majorante para hipóteses de VÍTIMA VULNERÁVEL. Contudo, diante de uma análise mais cautelosa da norma, no que tange às situações de VÍTIMAS IDOSAS, podemos afirmar que a MODIFICAÇÃO É BENÉFICA aos acusados/condenados. Antes do advento da Lei 14.155/2021 — em sendo o caso de estelionato cometido contra pessoa idosa — a pena, na terceira fase de sua dosimetria, deveria necessariamente ser dobrada. Ocorre que, desde o dia 21/05/2021, data de vigência da nova lei ora comentada, admite-se uma graduação do aumento de pena de 1/3 até o dobro para os delitos de estelionato cujo sujeito passivo seja idoso, consoante a "relevância do resultado gravoso". Destarte, a fração mínima de aumento teve um grande decréscimo com a nova lei, passando a beneficiar o condenado, em sentença irrecorrível, ou recorrida apenas pela defesa, configurando-se uma verdadeira novatio legis in mellius. Com a novíssima lei 14.155/2021, o patamar de aumento na terceira fase da dosimetria da pena, em razão de cometimento de crime de estelionato contra vítima idosa, inicia em 1/3 podendo ir até o dobro, e não mais a fração fixa já na fração de "dobro" da pena. Ademais, para se alcançar o máximo da majorante — dobro — será necessário, por decisão fundamentada, a verificação de relevante resultado gravoso, ou seja, ficar provado, em juízo de certeza e de forma fundamentada na decisão condenatória, que o resultado gravoso exorbitou daquele inerente à espécie. A mera indicação da idade da vítima igual ou superior a 60 anos — ou, ainda, vulnerável —, sem que tenha havido prova de relevante resultado gravoso, atrai a aplicação do patamar mínimo da causa de aumento. O entendimento acima ventilado está em perfeita consonância com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que, em repetidos julgados, deixou pacificado, inclusive em forma de verbete sumular que "o aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes" (Súmula 443). Outrossim, também para se tenha uma exasperação acima do mínimo fixado (1/3), será necessária uma fundamentação idônea, não se revelando suficiente a simples indicação de que a vítima é idosa. Em arremate: 1) Para os processos em curso, a inexistência de prova de relevante resultado gravoso, e a fundamentação idônea na sentença condenatória, atrai a aplicação do patamar mínimo da causa de aumento, qual seja, um terço. 2) Se já houver condenação com recurso, e não havendo fundamentação específica na sentença condenatória acerca do "relevante resultado gravoso", deve o tribunal, de ofício, reajustar a dosimetria para aplicar o mínimo previsto, de 1/3, especialmente diante da proibição de reformatio in pejus. 3) Se já houver condenação com trânsito em julgado, e no caso de se não haver fundamentação específica na sentença condenatória acerca do "relevante resultado gravoso", competente será o juízo da execução 10 para a aplicação da lei mais benéfica, devendo o magistrado reorganizar a dosimetria, desta feita, partindo da fração mínima da causa de aumento, 1/3. Em conclusão, o legislador deve ter todo o cuidado na alteração de tipos penais, seja no preceito primário, seja no preceito secundário. O manejo da norma sem a devida cautela pode operar efeitos diversos — e muitas vezes contrários — ao almejado. Fonte: https://www.conjur.com.br/2021-jun-10/bheron-novatio-legis-in-mellius-estelionato-idoso (texto adaptado). 5.4.2. Sucessão de Lei mais grave no Crime Continuado e no Crime Permanente Primeiramente, antes de adentrar ao tema especificamente, é necessário entender que o CRIME PERMANENTE é aquele cuja consumação se prolonga no tempo, por exemplo, o crime de sequestro (art. 148, CP), enquanto a vítima nâo for libertada, o crime continua se consumando. Nesse contexto, pode-se dizer que o CRIME CONTINUADO é uma ficção jurídica e que por motivos de política criminal, dois ou mais crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições devem ser tratados, para fins da pena, como crime único, majorando-se a pena. Nesses casos, de acordo com o entendimento do STF, a LEI PENAL MAIS GRAVE aplica-se ao crime. Súmula nº 711 do STF: “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior a cessação da continuidade ou da permanência”. Exemplo: Fulano, durante 30 dias praticou inúmeros estelionatos contra pessoas vulneráveis. Ao final da continuidade delitiva já estava em vigor a Lei nº 14.155/2021que alterou o §4º ao art. 171, logo, por incidência da Súmula nº 711 do STF, será aplicada a Lei nova, ainda que mais grave. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário . A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se aplique aos crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida lei seja anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 171, CP 171, §4º CPCRIME ÚNICO (30 dias) 21/05/2021 Lei nº 14.155/2021 10/05/2021 Início da consumação 10/06/2021 Fim da continuidade delitiva https://www.conjur.com.br/2021-jun-10/bheron-novatio-legis-in-mellius-estelionato-idoso 11 o Certo o Errado Gab. CERTO. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Em concurso para Promotor de Justiça Substituto do Acre (2022), elaborado pela CESPE/CEBRASPE, foi apontada como ERRADA a seguinte afirmação: “A lei penal mais grave retroagirá para atingir o crime permanente, se a sua vigência for anterior à cessação da permanência, mas esse entendimento não se aplicará ao crime continuado, pois se trata de ficção jurídica que incide sobre crimes já consumados.” 5.5. ABOLITIO CRIMINIS Conforme Rogério Sanches, trata-se da REVOGAÇÃO DE UM TIPO PENAL pela superveniência de LEI DESCRIMINALIZADORA,ou seja, ao tempo da conduta o fato era típico, sobreveio lei posterior, SUPRIMINDO A FIGURA CRIMINOSA. Nesse caso, a lei é RETROATIVA, nos moldes do art. 2º do Código Penal. Vejamos: Art. 2º, caput, do C.P. – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixade considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Trata-se de desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. O princípio da intervenção mínima tem duas faces: a PRIMEIRA que orienta quando e onde o direito penal deve intervir (neocriminalização); e a OUTRA, que também orienta quando e onde o direito penal deve deixar de intervir (abolitio criminis). Isto porque, a abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o Direito Penal não mais se faz necessário à proteção de determinado bem jurídico. RESUMINDO ABOLITIO CRIMINIS: Revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora Representa a supressão da figura criminosa 12 5.5.1. REQUISITOS DA ABOLITIO CRIMINIS A abolitio criminis pressupõe dois requisitos, deve ocorrer a REVOGAÇÃO FORMAL e REVOGAÇÃO MATERIAL (conteúdo da norma) do crime. O exemplo clássico é o art. 240 do CP que previa o crime de adultério. Esse artigo foi formalmente revogado (observando assim o primeiro requisito exigido – revogação formal). Da mesma forma, houve a supressão material do fato criminoso (observando o requisito da supressão material). Dessa forma, temos que o adultério deixou de ter relevância penal, seja perante o art. 240, seja perante qualquer outro tipo penal. ESQUEMATIZANDO ANTES DEPOIS Antes do advento da Lei 11.106, o adultério era crime, nos moldes do art. 240 do CP. Após o advento da Lei 11.106, o adultério passou a não ser mais crime, seja perante o art. 240, seja perante qualquer outro tipo penal. HOUVE A ABOLIÇÃO DA FIGURA CRIMINOSA. #VAMOSAPROFUNDAR CANDIDATO, E SE UM DOS REQUISITOS NÃO ESTIVER PRESENTE, QUAL A CONSEQUÊNCIA JURÍDICA DISSO? Por exemplo, atentado violento ao pudor era previsto no CP, art. 214 – revogado. No entanto, a conduta passou a configurar o crime de estupro – não houve a supressão material do fato criminoso (o fato continua tendo relevância penal). Excelência, nessa hipótese, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM “ABOLITIO CRIMINIS”, e sim a manifestação do princípio da continuidade normativa ou da continuidade típico-normativa – o tipo penal é formalmente revogado, mas o crime continua existindo perante outra norma penal. Haverá um mero deslocamento geográfico do crime ou transmudação topográfica do tipo penal. 5.5.2. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS A abolitio criminis EXTINGUE OS EFEITOS PENAIS! 13 Desse modo, contemplamos que apesar da abolitio criminis deixar de considerar determinado fato como crime, inclusive alcançando fatos pretéritos objetivamente julgados, têm-se extintos apenas os EFEITOS PENAIS das sentenças condenatórias, permanecendo, contudo, os efeitos civis. No tocante aos efeitos da condenação, é necessário fazer distinção entre os EFEITOS PENAIS e os EFEITOS EXTRAPENAIS da sentença condenatória. Os EFEITOS EXTRAPENAIS não serão alcançados pela lei descriminalizadora. Assim, mesmo com a revogação do crime, subsiste, por exemplo, a obrigação de indenizar o dano causado. Por outro lado, os efeitos penais terão de ser extintos, retirando-se o nome do agente do rol dos culpados, não podendo a condenação ser considerada para fins de reincidência ou de antecedentes penais. 5.5.3. CONSEQUÊNCIAS DA ABOLITIO CRIMINIS Conforme preconiza o art. 2º do CP, o abolitio criminis faz cessar a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Dessa forma, passamos a analisar as consequências de cada um dos efeitos cessados pelo advento do abolitio criminis. a) FAZ CESSAR A EXECUÇÃO PENAL: Lei abolicionista NÃO respeita a COISA JULGADA. E o art. 5º, XXXVI, da CF/1988? A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Trata-se de uma garantia do indivíduo em face do Estado, e não do Estado em prejuízo do indivíduo. Assim, contemplamos que o Art. 5º não pode servir o Estado contra o indivíduo. b) FAZ CESSAR OS EFEITOS PENAIS DA CONDENAÇÃO: os EFEITOS EXTRAPENAIS são MANTIDOS (arts. 91 e 92, CP). ESQUEMATIZANDO EFEITO PENAL EFEITO EXTRAPENAL REINCIDÊNCIA DESAPARECE com a abolitio criminis. REPARAÇÃO DO DANO MANTIDA mesmo no caso de abolitio criminis. 5.5.4. NATUREZA JURÍDICA DA ABOLITIO CRIMINIS Existe na doutrina uma discussão a respeito da natureza jurídica do instituto da abolitio criminis. Duas correntes se formaram a respeito do tema. Vejamos: 14 1º CORRENTE: dispõe que a abolitio criminis é causa extintiva da tipicidade (Flávio Monteiro de Barros). 2º CORRENTE: a abolitio criminis é causa extintiva da punibilidade. Teoria que foi ADOTADA pelo Código Penal, conforme se depreende do art. 107, III, do Código Penal. 5.6. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS OU “LEX MITIOR” Trata-se de lei que de qualquer modo FAVORECE O RÉU. Ao tempo da conduta o fato era típico, sobreveio leio posterior trazendo a diminuição da pena, gerando retroatividade assim, nos moldes preconizados no art. 2º, parágrafo único, do CP. Vejamos: Art. 2º, parágrafo único, CP – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que diminua a pena para o crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato. o Certo o Errado Gab. ERRADO. LEX MITIOR também NÃO RESPEITA COISA JULGADA. É o caso de lei posterior, não abolicionista, porém mais benéfica que a vigente à época dos fatos. DEVERÁ RETROAGIR para beneficiar o réu. Diferentemente da abolitio criminis, nesta hipótese, o fato continua sendo criminoso, porém, tratado DE MANEIRA MAIS BRANDA. Exemplo: Lei 11.343/2006. POSSE DE DROGAS PARA USO PRÓPRIO ANTES DEPOIS Antes do advento da Lei, a POSSE DE DROGAS PARA USO PRÓPRIO configurava o art. 16, da Lei 6.368/76, era punida com detenção de 6 meses a 2 anos. ERA COMINADA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE Após o advento da lei, POSSE DE DROGAS PARA USO PRÓPRIO passou a configurar o art. 28 da Lei 11.343/2006, punida com penas não privativas de liberdades. PASSOU A TER PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 15 5.6.1. COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA Depende do MOMENTO em que se encontra a AÇÃO PENAL: - Ação penal tramitando em 1º GRAU DE JURISDIÇÃO: juiz do 1º grau de jurisdição. - Ação penal tramitando em TRIBUNAL: o Tribunal respectivo. - A condenação JÁ TRANSITOU EM JULGADO: será o juiz da execução penal. CANDIDATO, A LEI PENAL BENÉFICA PODE SER APLICADA DURANTE O PERÍODO DE “VACATIO LEGIS”? Excelência, uma primeira 1ª CORRENTE entende que SIM, é admissível, isso porque o tempo de vacatio legis, tem como finalidade principal promover o conhecimento da lei promulgada. Não faz sentido de que aqueles que já se inteiraram do conteúdo da nova lei, fiquem impedidos de lhe prestar obediência, no tocante aos preceitos mais brandos. Corrente adotada por Rogério Greco. Por outro lado, uma 2ª CORRENTE defende que NÃO é possível aplicação da lei mais benéfica, pois no período de vacatio legis a lei penal não possui eficácia jurídica ou social, devendo imperar a lei vigente. Fundamenta-se esta corrente no fato de que a lei no período de vacatio legis não passa de mera expectativa de lei. CORRENTE PREDOMINANTE, ESTAMPADA EM DETERMINADOS JULGADOS DO STJ, VEJAMOS:STJ (...) Não poderia o Tribunal de origem aplicar a minorante do art. 33, §4º da Lei de Drogas, uma vez que não estava em vigor quando do julgamento do recurso acusatório, que se deu dentro do prazo da vacatio legis. Ordem denegada. (HC 100.692/PR). COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA (DEPOIS DO TRÂNSITO EM JULGADO) Nesses casos a competência dependerá do conteúdo da lei penal benéfica. Desse modo, podemos dizer que a súmula nº 611 do STF é incompleta, já que, se a lei mais benigna implicar juízo de valor, competirá ao juízo responsável pelo julgamento da revisão criminal. 16 Súmula 611, STF. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. CANDIDATO, APRENDA A RESOLVER QUESTÕES DE PROVA! PROVA OBJETIVA : Aplicação da Súmula 611, STF → JUIZ DA EXECUÇÃO. PROVA ESCRITA: Existe DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Vejamos: Para a 1º CORRENTE, entende-se que é competente o JUIZ DA EXECUÇÃO. Já para a 2ª CORRENTE, DEPENDE DO CASO CONCRETO, se a aplicação da segunda lei depende meramente de cálculo, será o juiz da execução. Já se demandar juízo de valor, exige revisão criminal (art. 621 do CPP) para desconstituir o trânsito em julgado e aplicar a lei nova. ESQUEMATIZANDO ESPÉCIE JUÍZO COMPETENTE EXEMPLO APLICAÇÃO MATEMÁTICA Juiz da Execução Cria-se diminuição de pena para o roubo quando o bem subtraído não suplanta a 1 salario mínimo. JUÍZO DE VALOR Revisão Criminal Cria-se diminuição de pena para o roubo quando houver “pequeno prejuízo” para vítima. CANDIDATO, É POSSÍVEL A COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (PARTE DA LEI NOVA E PARTE DA LEI VELHA) PARA FAVORECER O RÉU? Excelência, no Ordenamento Jurídico Brasileiro existiu histórico de DUAS POSIÇÕES: A PRIMEIRA, no sentido da IMPOSSIBILIDADE, ou seja, não se admitir a combinação de leis penais, defendida por Nelson Hungria, o magistrado não poderia combinar as referidas leis pois isso constituir-se-á em ofensa ao princípio da separação dos poderes (magistrado estaria legislando, criando uma terceira lei): TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA OU PONDERAÇÃO GLOBAL – 17 o juiz pode aplicar toda lei nova ou toda lei velha, mas parte de uma e parte da outra não é possível. Noutra banda, uma SEGUNDA posição argumenta que é POSSÍVEL A COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (José Frederico Marques), pois o juiz ao combinar duas leis penais não estaria criando uma nova lei, legislando, inovando no direito, mas apenas transitando dentro de limites previamente definidos pelo legislador: TEORIA DA PONDERAÇÃO DIFERENCIADA. → QUAL A POSIÇÃO ADOTADA NO BRASIL? Historicamente, o STF se sempre se posicionou com a CORRENTE QUE NÃO ADMITE a combinação de leis penais. Súmula 501, STJ - É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei nº 6.368/76, sendo VEDADA A COMBINAÇÃO DE LEIS. Info 727, STF - É VEDADA A INCIDÊNCIA da causa de diminuição do art. 33, §4º, da Lei n.° 11.343/2006, COMBINADA com as penas previstas na Lei n.° 6.368/76, no tocante a crimes praticados durante a vigência dessa norma. Como proceder em caso de DÚVIDA sobre QUAL A LEI MAIS BENÉFICA? O juiz deve aquilatar o caso concreto, podendo consultar o réu. 5.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA Nesse caso, migra-se o conteúdo criminoso para outro tipo. O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA evidencia-se quando uma norma penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador (não houve supressão material da conduta criminosa), ou seja, a infração penal continua tipificada em outro dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário. 18 Nas lições de Rogério Sanches (Manual de Direito Penal – Parte Geral, 2020, p .142) “O princípio da continuidade normativo-típica, por sua vez, significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém com o deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal. A intenção do legislador, nesse caso, é que a conduta permaneça criminosa”. É de suma importância NÃO TROCARMOS os referidos institutos. Vejamos: ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVO- TÍPICA Supressão da figura criminosa (formal e material). Supressão formal do tipo. A conduta criminosa não será mais punida (o fato deixa de ser punível). A conduta criminosa apenas migra para outro tipo penal (o fato permanece punível). A intenção do legislador é não mais considerar o fato criminoso. A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato, mas com outra roupagem. Tabela extraída do Legislação Bizurada @deltacaveira. Nesse sentido, no princípio da continuidade normativa ou da continuidade típico-normativa o tipo penal é formalmente revogado, mas o CRIME CONTINUA EXISTINDO perante outra norma penal. Haverá um mero deslocamento geográfico do crime ou transmudação topográfica do tipo penal. ESQUEMATIZANDO LEI Nº 12.015/2009 Exemplo: ANTES Art. 213 CP: Estupro; Art. 214 CP: Atentado violento ao pudor; DEPOIS O art. 213 CP: estupro; O art. 214 foi revogado e o conteúdo migrou para o art. 213 do CP. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal. Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior. 19 Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei. o Certo o Errado Gab. CERTO 5.8. LEI INTERMEDIÁRIA Pode ocorrer o surgimento de LEI INTERMEDIÁRIA MAIS BENÉFICA, ou seja, aquela VIGENTE DEPOIS da prática do fato, mas REVOGADA ANTES de esgotadas as consequências jurídicas da infração penal. Mesmo nesta situação, o princípio da retroatividade da LEI MAIS BENIGNA permanecerá VÁLIDO. A Lei intermediária mais benéfica terá DUPLO EFEITO, quais sejam, ela é RETROATIVA em relação a Lei A, ou seja retroage para alcançar os fatos regentes na Lei A, e ULTRA-ATIVA em relação a Lei C, devendo ser esta aplicada, Lei B, em observância ao princípio da retroatividade benéfica. Exemplo: Lei 1 cominando pena de reclusão de 6 a 10 anos para o crime. Lei 2 (intermediária) cominando para o mesmo crime pena de 2 a 4 anos. Lei 3 prevendo, também para o mesmo crime, pena de 8 a 12 anos. Supondo que o crime seja praticado durante a Lei 1, mas a prolação da sentença condenatória se dê durante a vigência da Lei 3. Nesse caso, aplica-se a lei intermediária, que é a mais favorável. A lei intermediária (ou intermédia) é aquela que deverá ser aplicada porque benéfica ao réu, muito embora não fosse a lei vigente ao tempo do fato, tampouco seja a lei vigente no momento do julgamento. É possível notar que a lei penal intermediária é dotada de duplo efeito, possuindo a retroatividade em relação ao tempo da ação ou omissão e ultra-atividade em relação ao tempo do julgamento. 5.9. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA Lei TEMPORÁRIA é aquela instituída por um determinado prazo determinado, tem prefixado um lapso de duração. Desse modo, o Art. 3º, CP diz que “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que determinaram, aplica-se ao fato praticado durante a vigência”.20 Lei EXCEPCIONAL é aquela editada em função de algum evento transitório, por exemplo, guerra, calamidade pública, epidemia, etc. Perdura enquanto persistir o estado de emergência. Exemplo: Lei que pune alguém que embaraça a entrada de fiscais do governo em sua casa para prevenir criadouros do mosquito aedes aegypti. A lei vai perdurar até cessar o Estado de emergência. As LEIS EXCEPCIONAIS e LEIS TEMPORÁRIAS são leis ULTRA-ATIVAS, ou seja, PRODUZEM EFEITOS mesmo após o término de sua vigência. IMPORTANTE saber diferenciar os referidos institutos. Vejamos: LEI EXCEPCIONAL: é a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, calamidades etc. LEI TEMPORÁRIA: é aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo. ESQUEMATIZANDO LEI TEMPORÁRIA LEI EXCEPCIONAL Lei penal temporária é aquela que tem um prazo de validade, isto é, tem uma vigência predeterminada no tempo. Lei penal excepcional é aquela que vigora somente numa situação de anormalidade. Ex.: art. 36 da Lei nº 12.663/12 (copa de 2014). Ex.: Lei Y foi aprovada com vigência a partir de 01/12/2017 e perdurará até o fim do período de estiagem. São “leis intermitentes” dotadas das seguintes características: Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional); Ultra-atividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que revogadas as leis temporária ou excepcional. Fonte: Tabela extraída da Legislação Bizurada @deltacaveira10 Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil. Caio cometeu no dia 01 de janeiro de 2016 um fato criminoso punível com pena privativa de liberdade previsto em lei temporária, sendo no dia 05 de dezembro de 2016 condenado a 5 (cinco) anos de reclusão. No ano seguinte decorreu o período de sua duração, findando-se a citada lei no dia 31 de dezembro de 2017. Em relação à aplicação da lei penal indique a opção CORRETA. A. Caio deve ser preso e cumprir a pena estabelecida de cinco anos, aplicando-se ao fato criminoso a lei temporária. 21 B. Ninguém pode ser punido por fato que medida provisória posterior deixa de considerar crime. C. Deve continuar a execução da pena de Caio até o dia 31 de dezembro de 2017. D. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, não se aplica aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. E. Caio deve ser imediatamente solto. Gab. A. 5.9.1. CARACTERÍSTICAS DAS LEIS TEMPORÁRIAS E DAS LEIS EXCEPCIONAIS 1 – AUTORREVOGABILIDADE São leis autorrevogáveis. Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (temporária) ou cessada a situação de anormalidade (excepcional). 2 – ULTRA-ATIVIDADE Por admitir a ultra-atividade, aplica-se a lei penal a fatos realizados durante a sua vigência, ainda que esta tenha sido revogada posteriormente. Trata-se de HIPÓTESE EXCEPCIONAL de ultratividade maléfica. A Lei 12.663/2012 – Lei da Copa – é o exemplo clássico na doutrina. Dentre os crimes previstos na lei, previa a utilização indevida de símbolos oficiais, ao teor do art. 30. Vejamos: Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa. Art. 34. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante representação da FIFA. Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de dezembro de 2014. Os fatos praticados durante o período de vigência até dia 31/12/2014 continuam sendo punidos pela lei, pois se TRATA DE LEI TEMPORÁRIA, ultra-ativa. A doutrina observa que, por serem de curta duração, se NÃO TIVESSE a característica da ultra-atividade, as leis PERDERIAM SUA FORÇA INTIMIDATIVA. A REVOGAÇÃO das leis temporárias e excepcional NÃO implica “ABOLITIO CRIMINIS”. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 22 Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia. “Chamamos de extra-atividade a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. vol. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.159). Segundo esse autor a extra- atividade é gênero do qual seriam espécies a ultra-atividade e a retroatividade. Leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta: A. A garantia penal positivada na Constituição Federal brasileira (1988) promove a retroatividade da lei penal mais benéfica quando o condenado, por uma conduta típica, apresenta residência fixa, após cometimento do ilícito penal. B. A lei penal possui ultra-atividade, nos casos em que, mesmo após sua revogação por lei mais gravosa, continua sendo válida em relação aos efeitos penais mais brandos da lei que era vigente no momento da prática delitiva. C. A aplicação da irretroatividade em direito penal funciona como garantia legal doius puniendi que pretende auferir a punição mais gravosa ao condenado. D. A ultra-atividade da lei penal funciona como mecanismo de endurecimento da norma penal, ao passo que funciona como técnica de resolução de conflito para aplicação de um direito penal punitivo. E. A figura da ultra-atividade da norma penal realiza o objetivo de garantir a condenação do réu pela norma penal vigente na prática da conduta delitiva, com o principal objetivo de promover a segurança jurídica em âmbito penal. Gab. B. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2022 Banca: MPE-RJ Órgão: MPE-RJ Prova: MPE-RJ - 2022 - MPE-RJ - Promotor de Justiça Substituto - Concurso XXXVI No que concerne à Lei Penal no tempo, assinale a alternativa correta. A. A lei excepcional regula fatos que não se sujeitam ao princípio da retroatividade da lei penal posterior mais benéfica. B. A retroatividade de lei penal mais benéfica é princípio que não encontra exceção. C. A irretroatividade de lei penal mais gravosa é princípio que encontra exceção. D. O princípio tempus regit actum é excepcionado para fatos praticados sob vigência de lei temporária. E. Os efeitos penais da sentença condenatória se mantêm íntegros em face da abolitio criminis. Gab. A. (IN) CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º CP Parte da doutrina questiona a constitucionalidade das LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS, dispostas no Art. 3º, Código Penal. No Ordenamento Jurídico Brasileiro existem DUAS POSIÇÕES acerca do tema. 23 1ª CORRENTE: dispõe que o art. 3º é de duvidosa constitucionalidade. A CF só admite ultra- atividade ou retroatividade da lei penal quando benéficas. A extra-atividade deve ser sempre em benefício do réu. 2ª CORRENTE: diz que o referido artigo não viola o princípio da irretroatividade da lei prejudicial. Não existe sucessão de leis penais. Não existe tipo versando sobre o mesmo fato sucedendo lei anterior. Não existe lei para retroagir. Essa segunda CORRENTE É A QUE PREVALECE! Assim, não obstante a divergência dos renomados autores, predomina o entendimento de que as leis temporárias e excepcionais não violam o princípio da irretroatividade da lei prejudicial, sendo portanto, constitucionais. 24 DIREITO PENAL GERAL 6. LEI PENAL NO ESPAÇO 6.1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingiros interesses de dois ou mais Estados igualmente soberanos, gerando, nesses casos, um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei penal no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional. Existem SEIS PRINCÍPIOS aplicáveis na solução desse aparente conflito internacional de jurisdição. 6.1.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE Princípio da territorialidade aplica-se a lei penal DO LOCAL DO CRIME. Não importa: a) nacionalidade do agente; b) nacionalidade da vítima; c) nacionalidade do bem jurídico tutelado. 6.1.2. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA Principio da nacionalidade ativa aplica-se a lei penal da NACIONALIDADE DO AGENTE. Não importa o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico tutelado. 6.1.3. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA No tocante a este princípio, a doutrina diverge. 1º CORRENTE: fala que aplica-se a lei da nacionalidade da vítima. Não importa a nacionalidade do agente, do bem jurídico ou o local do crime. (Bitencourt). É HOJE A CORRENTE QUE PREVALECE. 2º CORRENTE: menciona que aplica-se a lei da nacionalidade do agente quando ofender um concidadão. Não importa o bem jurídico ou o local do crime (Capez). ESQUEMATIZANDO 1ª CORRENTE 2ª CORRENTE Aplica-se a lei da nacionalidade da vítima Aplica-se a lei da nacionalidade do agente, quando ofender um cidadão 25 Não importa a nacionalidade do agente do bem jurídico ou do local do crime. Não importa o bem jurídico ou local do crime. Bitencourt. Capez. 6.1.4. PRINCÍPIO DA DEFESA (OU REAL) Aplica-se a lei penal da NACIONALIDADE DO BEM jurídico lesado. Não importa o local do crime ou a nacionalidade dos sujeitos (ativo ou passivo). 6.1.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL O agente fica sujeito a lei penal do PAÍS EM QUE O AGENTE FOR ENCONTRADO. Não importa o local do crime, a nacionalidade dos sujeitos, ou ainda, do bem jurídico, o que importa é a lei penal do país que o autor do crime é capturado. Este princípio – princípio da justiça penal universal – está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação e repressão a determinados delitos de alcance transnacional. 6.1.6. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA SUBSTITUIÇÃO OU DA SUBSIDIARIEDADE) A LEI PENAL NACIONAL aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações privadas quando praticados no estrangeiro e aí não sejam julgados (inércia do país estrangeiro). Não importa a nacionalidade dos sujeitos, do bem jurídico tutelado ou o local do crime, basta que tenha ocorrido no estrangeiro e este nada faça, aplicando-se a lei brasileira a este fato. Os referidos princípios são utilizados pelo Ordenamento Jurídico brasileiro para ALCANÇAR determinados CRIMES COMETIDOS NO ESTRANGEIRO. QUAL DESSES PRINCÍPIOS O BRASIL ADOTOU COMO REGRA? CUIDADO! O Brasil adotou como REGRA o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (art. 5º, CP). Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. O Brasil adotou a territorialidade como regra. Os demais princípios são utilizados para alcançar determinados crimes cometidos no estrangeiro. Trata-se de TERRITORIALIDADE TEMPERADA. 26 TERRITORIALIDADE RELATIVA OU TEMPERADA É possível, por conta de regras internacionais, que o crime cometido no Brasil não sofra as consequências da lei brasileira. Na territorialidade, o local do crime é o Brasil e aplica-se a lei brasileira. Na extraterritorialidade o local do crime é o estrangeiro, porém, mesmo assim será aplicado a lei brasileira. Na intraterritorialidade, o crime aconteceu no Brasil, mas a lei a ser aplicada será a estrangeira, é o exemplo do caso dos detentores de imunidade diplomática. Nesta hipótese, o juiz penal estrangeiro é quem vai aplicar a norma vigente naquele Ordenamento. ESQUEMATIZANDO TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDADE INTRATERRITORIALIDADE LOCAL DO CRIME: Brasil. LOCAL DO CRIME: Estrangeiro. LOCAL DO CRIME: Brasil. LEI APLICÁVEL: Brasileira. LEI APLICÁVEL: Brasileira. LEI APLICÁVEL: Estrangeira. Ex. imunidade diplomática. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia A Extraterritorialidade do art. 7º do CP é fenômeno que A. considera o crime praticado tanto no local da ação quanto no local do resultado. B. estabelece que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. C. autoriza a aplicação da lei penal estrangeira a determinados fatos praticados no território nacional. D. considera como território nacional o mar territorial e seu respectivo espaço aéreo. E. prescreve a aplicação da lei penal brasileira a determinados fatos cometidos fora do território nacional. Gab. E. O que é TERRITÓRIO NACIONAL? É o espaço geográfico + espaço jurídico (por ficção, equiparação). Art. 5º, § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 27 aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto- mar. Embarcações e aeronaves de NATUREZA PÚBLICA OU A SERVIÇO DO GOVERNO BRASILEIRO, onde quer que se encontrem é EXTENSÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL. ESQUEMATIZANDO EMBARCAÇÕES E AERONAVES SERÁ APLICADA A LEI BRASILEIRA Públicas ou a serviço do governo brasileiro → em TERRITÓRIO NACIONAL ou ESTRANGEIRO Mercantes ou particulares brasileiras → ALTO-MAR ou NO ESPAÇO AÉREO CORRESPONDENTE Estrangeiras → APENAS PRIVADAS, em TERRITÓRIO NACIONAL Pelo princípio da reciprocidade, aeronaves ou embarcações estrangeiras públicas ou a serviço do governo estrangeiro são consideradas extensão do território estrangeiro, logo, não se aplica a lei brasileira. Art. 5º, § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. CONCLUSÕES: a) Quando os navios ou aeronaves brasileiro for públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, quer se encontre em território nacional ou estrangeiro, são considerados parte do nosso território. b) Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam. Obs.: Em alto mar ou em espaço aéreo correspondente nenhum país exerce jurisdição, logo, aplica-se a lei do país que ostenta a bandeira. 28 c) Quando estrangeiros, em território brasileiro, desde que privados, são considerados parte de nosso território. Em sentido contrário, se forem públicos e estiverem a serviço de seu país, em observância ao princípio da reciprocidade, aplicar-se-á a lei estrangeira. ➢ Embaixada é extensão do território que representa? NÃO, as embaixadas apesar de invioláveis não são extensão do território que representa, o Código Penal não trouxe nenhuma regra específica sobre as embaixadas, motivo pelo qual prevalece (STF) que apesar de ser inviolável, não se considera extensão do território que representa. - Situações Elucidativas - Situação 1: Embarcação brasileira privada naufraga. Sobre os destroços dessa embarcação, holandês mata americano. R.: Qual lei será aplicada? Os destroços continuam ostentado a condição da bandeira, quando em alto mar, logo aplicar-se-á a lei brasileira, por incidência da extensão territorial. Situação 2: Embarcação brasileira privada colide com embarcação holandesa privada em alto mar.É feita uma jangada com partes brasileira com partes holandesa. Americano mata argentino sobre a jangada. R.: Qual será a lei a ser aplicada? Aplicar-se-á a lei Americana, princípio da nacionalidade ativa. Na dúvida, aplica-se a lei da nacionalidade do agente, pois está será mais conhecida deste. Situação 3: Embarcação pública colombiana atracada em porto brasileiro. Crimes dentro da embarcação: Lei da Colômbia. ➢ E se o Marinheiro colombiano comete crime no território nacional? Qual a lei a ser aplicada? a) se o marinheiro desceu a serviço do seu país, carrega consigo a bandeira, logo aplica-se a lei do seu país, ou seja, a lei colombiana. b) se não desembarcou a serviço, aplica-se a lei brasileira. Situação 4: Brasileira dirige-se até o navio holandês, o qual se encontra em alto mar, ali pratica o aborto e em seguida, retoma ao Brasil. Qual lei se aplica? Aplica-se a lei holandesa, posto que no alto mar ninguém exerce jurisdição. Todavia, cumpre destacar que a lei holandesa não tipifica a conduta do aborto, logo, a brasileira não será punida pela sua conduta. 29 ➢ Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido a bordo de embarcação privada estrangeira de passagem pelo mar territorial brasileiro? Situação 5: Navio sai de Portugal com destino ao Uruguai, quando está passando pelo mar territorial brasileiro, um holandês mata um chinês. Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. § 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. § 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave. § 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. ➢ O direito de passagem inocente é só para embarcação ou também abrange aeronaves? A doutrina defendida por Luiz Flávio Gomes defende que se aplica, por ausência de causa que justifique a não abrangência pelas aeronaves. 6.2. LUGAR DO CRIME Quando o crime se considera praticado em nosso território? Temos TRÊS TEORIAS discutindo o assunto. 1 – TEORIA DA ATIVIDADE: o crime considera-se praticado no lugar da conduta. 2 – TEORIA DO RESULTADO/ DO EVENTO: considera-se praticado o crime no lugar do resultado. 3 – TEORIA MISTA OU DA UBIQUIDADE: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. ESQUEMATIZANDO TEORIA DA ATIVIDADE TEORIA DO RESULTADO TEORIA DA UBIQUIDADE É o local da conduta criminosa. Ex.: Local dos disparos. É o local da consumação. Ex. Local da morte. Tanto o lugar da ação quanto o do resultado. →ADOTADA!!! 30 O BRASIL ADOTOU a TEORIA MISTA OU DA UBIQUIDADE, pois nos moldes do art. 6º do Código Penal, considera-se praticado o crime no lugar da ação ou da omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público: Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria ter sido produzido o resultado. o Certo o Errado Gab. CERTO. No Brasil se ocorre somente o PLANEJAMENTO E/OU PREPARAÇÃO do crime, o fato, EM REGRA, não interessa ao direito brasileiro, SALVO quando a preparação, por si só, caracterizar crime (ex. associação criminosa), isto porque não se pune condutas internas. NÃO se deve confundir os conceitos de CRIME A DISTÂNCIA/ DE ESPAÇO MÁXIMO com CRIME DE TRÂNSITO e CRIME PLURILOCAL. Vejamos: 1) CRIME A DISTÂNCIA: a CONDUTA é praticada em território ESTRANGEIRO e o RESULTADO ocorre no BRASIL ou vice-versa. Se a conduta ou o resultado ocorreu no território brasileiro, aplica-se a nossa lei (CP, art. 5º). O crime percorre território de DOIS PAÍSES SOBERANOS. Conflito internacional de jurisdição: a lei de qual país será aplicada? Resolve-se pelo art. 6º, CP – teoria da ubiquidade. Se praticada a conduta ou sobreveio o resultado em território brasileiro, aplica-se a lei do Brasil. 2) CRIME EM TRÂNSITO: o crime percorre o território de MAIS DE DOIS PAÍSES SOBERANOS Por exemplo, Brasil, Argentina e Uruguai. Conflito internacional de jurisdição: a lei de qual país será aplicada? Resolve-se pelo art. 6º, CP – teoria da ubiquidade. 31 3) CRIME PLURILOCAL: o crime percorre dois ou mais territórios DO MESMO PAÍS. Exemplo: SP, BH e RJ. 6.2.1. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA No conflito interno de competência, qual o juízo aplica a lei? Art. 70, CPP (regra): TEORIA DO RESULTADO. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. ESQUEMATIZANDO CRIMES A DISTÂNCIA OU DE ESPAÇO MÁXIMO CRIME EM TRÂNSITO CRIME PLURILOCAL O crime percorre território de 2 países soberanos. Ex.: Brasil e Argentina O crime percorre território de + de 2 países soberanos. Ex.: Brasil, Argentina e Uruguai. O crime percorre 2 ou + territórios de um mesmo país. Ex.: SP, BH e RJ. Conflito internacional de jurisdição Conflito internacional jurisdição Conflito interno de competência Resolve-se pela incidência do ART. 6º DO CP, teoria da ubiquidade. Resolve-se pela incidência do ART. 6º DO CP, teoria da ubiquidade ART. 70 DO CPP, aplica-se a teoria do resultado. 6.3. EXTRATERRITORIALIDADE Em casos EXCEPCIONAIS, a nossa lei poderá EXTRAPOLAR OS LIMITES DO TERRITÓRIO, alcançando crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro. O artigo 7° dispõe acerca da aplicação da lei brasileira a crimes cometidos em território estrangeiro, ao passo que o art. 5° trata da aplicação de lei brasileira a crimes cometidos em território brasileiro, já estudado. Ou seja, extrapola o território nacional par aplicar-se a lei brasileira. 6.3.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA Aplica-se a lei nacional a determinados crimes cometidos fora do território, INDEPENDENTEMENTE de qualquer condição, ainda que o acusado seja absolvido ou condenado no estrangeiro. São os seguintes crimes (CP, art. 7º, I): a) contra a VIDA OU A LIBERDADE do Presidente da República; [PRINCÍPIO DA DEFESA] b) contra o PATRIMÔNIO OU A FÉ PÚBLICA da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; [PRINCÍPIO DA DEFESA] 32 c) contra a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, por quem está a seu serviço; [PRINCÍPIO DA DEFESA] d) de GENOCÍDIO, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. [PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL]; Nessas QUATRO HIPÓTESES, aplicar-se-á a lei brasileira, mesmo que o agente tenha sido absolvido no estrangeiro, conforme proclama o §1º, art. 7º, do CP. Trata-se da extraterritorialidade incondicionada, não está sujeita a nenhuma condição. A mera prática do crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, independentemente de qualquer outro requisito, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Art. 7º, § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano:2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia. João Carlos, 30 anos, brasileiro, com residência transitória na Argentina, aproveitando-se da aquisição de material descartado por uma indústria gráfica falida, passou a fabricar moeda brasileira em território argentino. Para garantir a diversidade da moeda falsificada, João imprimia notas de 50 e de 100 reais. Ao entrar em território brasileiro João foi revistado por policiais que encontraram as notas falsificadas em meio a sua bagagem. João foi acusado da prática do crime previsto no artigo 289 do Código Penal. De acordo com as teorias que informam a aplicação da lei penal brasileira no espaço, é correto dizer que, nesse caso, cabe a aplicação A. da lei argentina, em atenção à regra da territorialidade, uma vez que o crime fora praticado na Argentina. B. incondicionada da lei brasileira, uma vez que o crime cometido atenta contra a fé pública. C. condicionada da lei brasileira, pelo fato de a conduta ter sido cometida em território argentino. D. condicionada da lei brasileira, já que a conduta integra dois ordenamentos jurídicos. E. da lógica da extraterritorialidade, já que o fato ocorreu em território argentino. Gab. B. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil. Em relação à aplicação da lei penal é CORRETO afirmar que: 33 A. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes cometidos contra a vida ou o patrimônio do Presidente da República; B. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados por brasileiro; mesmo que o fato não seja punível também no país em que foi praticado; C. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; D. para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza privada onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras mercantes, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar; E. é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou em alto-mar. Gab. C. 6.3.2. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA (MAIOR INCIDÊNCIA DE COBRANÇA NOS CERTAMES) Aplica-se a LEI NACIONAL a DETERMINADOS CRIMES cometidos fora do território, desde que haja o CONCURSO DE ALGUMAS CONDIÇÕES (art. 7°, II, e §§ 2° e 3°, do CP). São os crimes: a) que, por TRATADO OU CONVENÇÃO, o Brasil se obrigou a reprimir; [PRINCÍPIO DA JUSTIÇA UNIVERSAL]; b) praticados POR BRASILEIROS; [PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA]; c) pratica dos em AERONAVES OU EMBARCAÇÕES brasileiras, mercante ou de propriedade PRIVADA, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. [PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO]; Nestes crimes, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes CONDIÇÕES: a) entrar o agente no território nacional; Obs.1: entrar não significa permanecer, os conceitos não se confundem. O agente não precisa permanecer no território nacional, basta entrar. Por território nacional, entende-se o espaço geográfico + espaço jurídico. 34 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; Obs.1: O delito praticado deve ser crime em ambos os países, por exemplo, o crime de bigamia deve ser no Brasil e no estrangeiro. c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; Obs.1: O crime praticado deve estar incluso naqueles que o Brasil autoriza a extradição. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. AS CONDIÇÕES SÃO CUMULATIVAS!!! SITUAÇÕES: ➢ BRASILEIRO em Portugal mata dolosamente CIDADÃO PORTUGUÊS. O agente foge e retorna ao território brasileiro antes do fim das investigações. A LEI BRASILEIRA ALCANÇA ESTE FATO? 1º - O agente entrou no nosso território? Sim 2º - O fato é punível também em Portugal? Sim 3º - O crime coincide com aqueles no qual o Brasil autoriza a extradição? Sim 4º - O agente foi absolvido ou cumpriu pena no estrangeiro? Não, presente a condição. 5º - O agente foi perdoado ou está extinto a punibilidade? Não, presente a condição. ISSO SIGNIFICA QUE A LEI BRASILEIRA SERÁ APLICADA A ESTE FATO! ➢ O autor do crime será processado pela justiça estadual ou federal? Ausentes os requisitos do art. 109, da Constituição Federal, o agente será processado e julgado pela Justiça Estadual. ➢ Qual a comarca competente para o processo e julgamento? 35 Art. 88 do CPP – No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. 6.3.2.1. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. É possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e condenado tanto pela lei brasileira como pela lei estrangeira (em especial nos casos de extraterritorialidade incondicionada). O art. 8º do Código Penal, sem evitar o “bis in idem”, atenua a dupla punição. Trata-se de atenuação ao bis in idem. A vedação ao bis in idem é uma regra, a qual admite exceção, sendo assim uma regra relativa. Exemplo: o agente praticou dano contra o patrimônio público brasileiro em Portugal. O agente é condenado a cumprir pena de 1 ano em Portugal e 2 anos no Brasil. ESQUEMATIZANDO PORTUGAL BRASIL - processado; - condenado; - Condenado a pena de 1 ano; - processado; - condenado; - Condenado a pena de 2 anos. O tempo será computado no Brasil, assim, cumprirá só um ano, que é a pena restante do cômputo. Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia. João comete um crime no estrangeiro e lá é condenado a 4 anos de prisão, integralmente cumpridos. Pelo mesmo crime, João é condenado no Brasil à pena de 8 anos de prisão. João A. cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que para essa quantidade de pena não se reconhece o cumprimento no estrangeiro. B. não cumprirá pena alguma no Brasil caso de trate de país com o qual o Brasil tem acordo bilateral para reconhecer cumprimento de pena. C. não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido no país em que o crime foi cometido. D. cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil não reconhece pena cumprida no estrangeiro. E. ainda deverá cumprir 4 anos de prisão no Brasil. 36 Gab. E. 6.3.3. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA O Artigo 7°, § 3° dispõe acerca de mais outra hipótese de extraterritorialidade CONDICIONADA: crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. [PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA]. Nesta situação, além das condições previstas no § 2°, deve-se ainda observar se: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Obs.: Por existirem duas outras condições específicas (alíneas "a" e "b"), essa hipótese é chamada por alguns autores de extraterritorialidade hipercondicionada.5. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 5.1. INTRODUÇÃO 5.2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO 5.2.1. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO 5.2.2. RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA 5.3. TEMPO DO CRIME 5.3.1. TEORIA DA ATIVIDADE X PRESCRIÇÃO 5.4. LEI NOVA INCRIMINADORA/ “NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA” 5.4.1. NOVATIO LEGIS IN PEJUS OU “LEX GRAVIOR” 5.4.2. Sucessão de Lei mais grave no Crime Continuado e no Crime Permanente 5.5. ABOLITIO CRIMINIS 5.5.1. REQUISITOS DA ABOLITIO CRIMINIS 5.5.2. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS 5.5.3. CONSEQUÊNCIAS DA ABOLITIO CRIMINIS 5.5.4. NATUREZA JURÍDICA DA ABOLITIO CRIMINIS 5.6. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS OU “LEX MITIOR” 5.6.1. COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA 5.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA 5.8. LEI INTERMEDIÁRIA 5.9. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA 5.9.1. CARACTERÍSTICAS DAS LEIS TEMPORÁRIAS E DAS LEIS EXCEPCIONAIS 6. LEI PENAL NO ESPAÇO 6.1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO 6.1.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 6.1.2. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA 6.1.3. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA 6.1.4. PRINCÍPIO DA DEFESA (OU REAL) 6.1.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL 6.1.6. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA SUBSTITUIÇÃO OU DA SUBSIDIARIEDADE) 6.2. LUGAR DO CRIME 6.2.1. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA 6.3. EXTRATERRITORIALIDADE 6.3.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA 6.3.2. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 6.3.2.1. Pena cumprida no estrangeiro 6.3.3. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA
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