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MANUAL CASEIRO - LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO-1

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1 
SUMÁRIO 
 
5. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO ...................................................................................... 3 
5.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 
5.2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO ........................................................................... 3 
5.2.1. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO ......................................................... 4 
5.2.2. RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA .................................................................... 4 
5.3. TEMPO DO CRIME ................................................................................................................... 6 
5.3.1. TEORIA DA ATIVIDADE X PRESCRIÇÃO ....................................................................... 7 
5.4. LEI NOVA INCRIMINADORA/ “NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA” ...................... 7 
5.4.1. NOVATIO LEGIS IN PEJUS OU “LEX GRAVIOR” .......................................................... 8 
5.4.2. Sucessão de Lei mais grave no Crime Continuado e no Crime Permanente ........................ 10 
5.5. ABOLITIO CRIMINIS ............................................................................................................. 11 
5.5.1. REQUISITOS DA ABOLITIO CRIMINIS .......................................................................... 12 
5.5.2. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS ................................................................................. 12 
5.5.3. CONSEQUÊNCIAS DA ABOLITIO CRIMINIS ................................................................ 13 
5.5.4. NATUREZA JURÍDICA DA ABOLITIO CRIMINIS ........................................................ 13 
5.6. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS OU “LEX MITIOR” ....................................................... 14 
5.6.1. COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA ................................. 15 
5.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA ............................................... 17 
5.8. LEI INTERMEDIÁRIA ............................................................................................................ 19 
5.9. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA ............................................................................ 19 
5.9.1. CARACTERÍSTICAS DAS LEIS TEMPORÁRIAS E DAS LEIS EXCEPCIONAIS ....... 21 
6. LEI PENAL NO ESPAÇO .............................................................................................................. 24 
6.1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO ............................................................................ 24 
6.1.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE ............................................................................. 24 
6.1.2. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA ..................................................................... 24 
6.1.3. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA ................................................................ 24 
6.1.4. PRINCÍPIO DA DEFESA (OU REAL) ............................................................................... 25 
6.1.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL .............................................................. 25 
6.1.6. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA 
SUBSTITUIÇÃO OU DA SUBSIDIARIEDADE) ........................................................................ 25 
 
 
 
2 
6.2. LUGAR DO CRIME ................................................................................................................. 29 
6.2.1. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA ..................................................................... 31 
6.3. EXTRATERRITORIALIDADE .............................................................................................. 31 
6.3.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA ...................................................... 31 
6.3.2. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA........................................................... 33 
6.3.2.1. Pena cumprida no estrangeiro ........................................................................................ 35 
6.3.3. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA ............................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
3 
DIREITO PENAL GERAL 
5. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
5.1. INTRODUÇÃO 
Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, EM REGRA, a lei penal vigente ao 
tempo da realização do fato criminoso – tempus regit actum. EXCEPCIONALMENTE, é possível que 
a lei penal se movimente no tempo para beneficiar o réu, a este movimento dá-se o nome de EXTRA-
ATIVIDADE (gênero), da qual derivam DUAS ESPÉCIES: 
I. RETROATIVIDADE: lei penal pode ser aplicada a fatos praticados antes da sua vigência; 
II. ULTRA-ATIVIDADE: aplicação da lei penal mesmo após a sua revogação ou cessação de efeitos. 
 
ESQUEMATIZANDO 
EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL 
ULTRA-ATIVIDADE RETROATIVIDADE 
Lei A (pena de 1 a 4 anos) 
→ REVOGADA pela 
Lei B (pena de 2 a 5 anos) 
 
 
A Lei A (revogada) continua sendo aplicada (fatos de 
sua vigência), pois a Lei B (revogadora) é prejudicial 
ao réu e NÃO SERÁ APLICADA. 
EVITANDO-SE A RETROATIVIDADE 
MALÉFICA 
 
Lei A (pena de 2 a 5 anos) 
→ REVOGADA pela 
Lei B (pena de 1 a 4 anos) 
 
Nesse caso, a Lei B (revogadora) RETROAGE para 
alcançar os fatos passados, pois é mais benéfica do que a 
Lei A (revogada). 
ADMITE-SE A RETROATIVIDADE BENÉFICA 
 
5.2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO 
A REGRA GERAL é a IRRETROATIVIDADE da lei penal, EXCETUADA somente quando a lei 
posterior for mais benéfica (retroatividade). 
 
ESQUEMATIZANDO 
TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR) RETROATIVIDADE 
FATO ATÍPICO FATO TÍPICO IRRETROATIVIDADE 
FATO ATÍPICO AUMENTO A PENA IRRETROATIVIDADE 
FATO ATÍPICO SUPRESSÃO DO CRIME RETROATIVIDADE 
FATO ATÍPICO DIMINUI-SE A PENA RETROATIVIDADE 
FATO ATÍPICO 
CONTEÚDO PENAL MIGRA 
(para outro tipo penal) 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE 
NORMATIVO-TÍPICA 
 
 
 
4 
5.2.1. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO 
Relembrando ao tópico das normas penais em branco, temos QUATRO CORRENTES quanto ao 
assunto de retroatividade das referidas leis. Na hipótese de norma penal em branco, havendo alteração 
de conteúdo, alteram-se as respectivas normas complementares, a discussão é se PARA ESSAS 
ALTERAÇÕES DEVEM INCIDIR AS REGRAS DA RETROATIVIDADE. Vejamos: 
 
ESQUEMATIZANDO 
 
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO 
1ª 
CORRENTE 
A alteração do complemento da N.P.B DEVE SEMPRE RETROAGIR, desde que mais benéfica 
para o réu. 
2ª 
CORRENTE 
A alteração na norma complementadora, MESMO QUE BENÉFICA, É IRRETROATIVA (a 
norma principal não é revogada com a simples alteração de complementos 
3ª 
CORRENTE 
Só tem importância a variação da norma complementar na aplicação retroativa da N.P.B 
quando esta provoca uma REAL MODIFICAÇÃO DA FIGURA ABSTRATA DO DIREITO PENAL, 
e não quando importe mera modificação de circunstância que, na realidade, deixa 
subsistente a norma penal. 
4ª 
CORRENTE 
 
A alteração no complemento na N.P.B HOMOGÊNEA terá efeitos retroativos, SE BENÉFICA. 
 
Quando se tratar de NPB HETEROGÊNEA, a alteração mais benéfica só ocorre quando a 
legislação complementar NÃO SE REVESTE DE EXCEPCIONALIDADE (se excepcional, não 
retroage). 
 
O STF ADOTA A 4ª CORRENTE! 
 
5.2.2. RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA 
 
Trata-se de outro tema bastante discutido na doutrina, na hipótese de a alteração jurisprudencial 
questiona-se a possibilidade de retroagir para alcançar fatos praticados na vigência de entendimento 
diverso. 
Para exemplificar, recentemente a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça cancelou o 
enunciado de Súmula 528, que tratava da competência do juízo federal para julgar crime cometido por 
pessoa que importou droga por via postal. 
 
 
ESQUEMATIZANDO5 
QUESTIONA-SE: DIANTE DA REVOGAÇÃO DA SÚMULA, ESSE ENTENDIMENTO RETROAGE? 
Nesse sentido, prevalece a posição de que a IRRETROATIVIDADE só se refere à LEI, portanto, 
NÃO se estendendo à JURISPRUDÊNCIA. O entendimento é que a CF/88 se refere somente à 
retroatividade da lei, proibindo-a quando maléfica e incentivando-a quando benéfica. O CP também só 
disciplina a retroatividade da lei (não da jurisprudência). Portanto, na hipótese de importação da droga 
via correio cumulada com o conhecimento do destinatário por meio do endereço aposto na 
correspondência, deve-se fixar a competência no Juízo do local de destino da droga, em favor da 
facilitação da fase investigativa, da busca da verdade e da duração razoável do processo. 
CUIDADO! NÃO se pode negar a RETROATIVIDADE da jurisprudência quando dotada de 
EFEITOS VINCULANTES (Súmula vinculante, ADI, ADC e ADPF). 
 
SE HOUVE MUDANÇA NA JURISPRUDÊNCIA, É POSSÍVEL APLICAR ESSE NOVO 
ENTENDIMENTO MESMO QUE O CRIME TENHA OCORRIDO ANTES DA MUDANÇA NA 
JURISPRUDÊNCIA 
 
Vigora no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da irretroatividade da norma mais gravosa. Esse princípio 
não se aplica (não vale) para interpretação jurisprudencial. Esse princípio se aplica apenas para lei penal. Assim, 
MESMO QUE A NOVA INTERPRETAÇÃO SEJA MAIS GRAVOSA, deve ser aplicada para fatos 
anteriores. 
A CF/88 diz, no art. 5º, XL, que "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;". 
A partir da leitura desse art. 5º, XL, é possível extrair dois preceitos: 
- é retroativa a aplicação da norma penal benéfica 
- é irretroativa a norma mais grave ao acusado 
Esses preceitos constitucionais são inaplicáveis para precedentes jurisprudenciais (para decisões do Poder 
Judiciário). 
Assim, o art. 5º, XL, da CF/88 - que trazem esses preceitos - não se aplica para mudanças de entendimento 
jurisprudencial (só valem para mudanças legislativas). 
STF. 1ª Turma. HC 161452 AgR, julgado em 6/3/2020. 
STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1361814/RJ, julgado em 19/05/2020. 
FEVEREIRO 2022 
ANTES DEPOIS 
Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do 
LOCAL DA APREENSÃO da droga remetida do 
exterior pela via postal processar e julgar o crime de 
tráfico internacional. 
Cancelada a Súmula 528, STJ. Assim, a 
competência será do juízo do LOCAL DE DESTINO 
do entorpecente. 
 
 
 
6 
 
5.3. TEMPO DO CRIME 
Quando no tempo um crime se considera praticado? 
No tocante ao tempo do crime, EXISTEM TRÊS TEORIAS que discutem a respeito de qual seria 
o tempo considerado para a pratico do delito. 
Para a teoria da atividade, o crime considera-se praticado no momento da conduta (ação ou 
omissão), ou seja, da atividade. Já para a teoria do resultado, também chamada de teoria do evento, 
considera-se praticado o crime no momento do resultado. Por fim, para a teoria mista, considera-se 
praticado o crime tanto no momento da ação quanto do resultado. 
 
RESUMINDO 
TEORIA DA ATIVIDADE TEORIA DO RESULTADO TEORIA DA UBIQUIDADE 
Considera-se praticado o crime 
no momento da conduta (ação 
ou omissão), pouco importando 
o momento do resultado. 
Reputa praticado o crime no 
momento em que ocorre a 
consumação. É irrelevante a 
ocasião da conduta. 
Para a teoria da ubiquidade, o 
momento do crime tanto é o da 
conduta como também o do 
resultado. 
 
 
O Código Penal adotou a teoria da ATIVIDADE, prevendo em seu artigo 4º que “considera-se 
praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. 
Dessa forma, o tempo do crime, EM REGRA, marca a lei que vai reger o caso concreto 
(TEMPUS REGIT ACTUM). Ocorre que, EXCEPCIONALMENTE, pode-se estar diante de uma 
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia. 
Tício, morador do Rio de Janeiro, começou a namorar Gabriela, uma jovem moradora da cidade de São 
Paulo. Com o passar do tempo e os efeitos da distância, Tício, motivado por ciúmes, resolveu tirar a vida 
de Gabriela. Pôs-se então a planejar a prática do crime em sua casa, no Rio de Janeiro, tendo adquirido 
uma faca, instrumento com o qual planejou executar o crime. No dia em que seguiu para São Paulo para 
encontrar Gabriela, que lhe o esperava na rodoviária, Tício combinou com a jovem uma viagem a passeio 
para o Espírito Santo. Ao ingressarem no ônibus que os levaria de São Paulo para o Espírito Santo, Tício 
afirmou para Gabriela que iria matá-la. Todavia, dada a calma de Tício, a jovem achou que se tratava de 
uma brincadeira. Durante o trajeto, Tício, ofereceu a ela uma bebida contendo substância que causava a 
perda dos sentidos. Após Gabriela beber e dormir, sob efeito da substância, enquanto passavam pela BR-
101, no Rio de Janeiro, Tício passou a desferir golpes com a faca no peito da jovem. Quando chegou ao 
destino, Tício se entregou para polícia, e Gabriela, embora tenha sido socorrida, veio a óbito ao chegar 
ao Hospital. 
O crime descrito no texto foi praticado, de acordo com a lei penal, no momento: 
A. da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Trata-se, portanto, do momento 
em que Tício desferiu os golpes em Gabriela. 
 
 
 
7 
B. em que o agente se prepara para a promoção da conduta criminosa. Ou seja, trata-se do momento em 
que Tício planejou e adquiriu as ferramentas necessárias ao cometimento do crime. 
C. em que a autoridade policial toma conhecimento do crime. Ou seja, quando Tício se entregou para a 
polícia. 
D. em que é alcançada a consumação do crime. Trata-se, portanto, do momento da morte de Gabriela, 
que ocorreu no hospital. 
E. da ação ou omissão, se este for concomitante ao resultado. Não sendo possível determiná-lo, no 
presente caso, em razão da separação temporal entre a conduta e o resultado. 
Gab. A. 
 
 
5.3.1. TEORIA DA ATIVIDADE X PRESCRIÇÃO 
 Já sabemos que quanto ao TEMPO DO CRIME, o Código Penal adota a teoria da atividade. 
Todavia, de acordo com o artigo 111, I do Código Penal o termo inicial da PRESCRIÇÃO DA 
PRETENSÃO PUNITIVA (PPP) começa a correr a partir da DATA EM QUE O CRIME SE 
CONSUMOU, ou seja, foi adotada a teoria do resultado. Vejamos: 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a 
correr: 
I - do dia em que o crime se consumou.. (teoria do resultado!) 
 
ESQUEMATIZANDO 
TEMPO DO CRIME TERMO INICIAL DA PRESCRIÇÃO 
teoria da ATIVIDADE teoria do RESULTADO 
 
5.4. LEI NOVA INCRIMINADORA/ “NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA” 
Novatio LEGIS INCRIMINADORA também conhecida como neocriminalização, conforme 
denomina o STF. Refere-se a lei que cria um crime até então inexiste, conforme dispõe o artigo 1º do 
Código Penal. 
Art. 1º, CP – Não há crime sem lei anterior que o defina.... 
Antes da neocriminalização, a conduta não se enquadrava em nenhuma tipificação formal, nesse 
caso a lei é IRRETROATIVA, por se apresentar prejudicial. 
Exemplo: Lei 12.550/2011 incluiu o tipo penal do art. 311-A (fraudes em certames de interesse 
público). 
RESUMINDO 
ANTES DA “NEOCRIMINALIZAÇÃO” DEPOIS 
 
 
 
8 
A conduta era fato atípico, segundo entendimento 
do STF e STJ. 
A fraude pode caracterizar o art. 311-A, CP. O 
fato passou a ser considerado “típico”. Estamos 
diante de uma neocriminalização (novo crime). 
5.4.1. NOVATIO LEGIS IN PEJUS OU “LEX GRAVIOR” 
Trata-se da lei nova que de qualquer modo prejudica o réu. O ponto comum entre a novatio 
legis incriminadora e a novatio legis in pejus é que só se aplicam para FATOS FUTUROS praticados 
após a sua vigência, mas não podemos confundir os dois institutos. 
 
ESQUEMATIZANDO 
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA NOVATIO LEGIS IN PEJUS 
Refere-se a lei que CRIA UM CRIME até então 
inexiste 
Refere-se a lei nova que PREJUDICA O RÉU de 
qualquer modo. 
 
Dessa forma, como a novatio legis in pejus (lex gravior) é a lei nova que prejudica o réu, logo éIRRETROATIVA, sendo a lei antiga ultra-ativa. Podemos citar, como exemplo, a lei que aumenta o 
quantum da pena, retirou uma atenuante, bem como, lei que alterou o prazo prescricional dos delitos que 
passou a ter uma lapso maior. 
 
EXEMPLO: Causa de aumento em face de estelionato praticado em desfavor de PESSOA 
VULNERÁVEL (inovação legislativa Lei nº 14.155, de 2021). 
 
 
NOVATIO LEGIS IN PEJUS 
ANTES DEPOIS 
O estelionato contra pessoa vulnerável 
configurava a regra geral do caput do art. 171 do 
CP (pena de 1 a 5 anos). 
O estelionato com a causa de aumento do art. 
171, §4º do CP, aplicava-se apenas para o crime 
cometido contra idoso. 
O estelionato contra idoso ou vulnerável 
configura o art. 171, §4º do CP, aplicando a pena 
aumentada de 1/3 (um terço) ao dobro. 
 
Obs.: o §4º não pode retroagir para alcançar os 
fatos pretéritos cometidos contra pessoa 
vulnerável. 
 
 
A causa de aumento em face de estelionato praticado em desfavor de PESSOA IDOSA após a 
inovação legislativa da Lei nº 14.155, de 2021, trata-se de NOVATIO LEGIS IN MELLIUS “LEI 
MITIOR” (lei que de qualquer modo favorece o réu) conforme será explicado nos tópicos subsequentes. 
 
#VAMOSAPROFUNDAR #LEI 14.155/2021 
 
 
 
9 
A lei retromencionada alterou, entre outros dispositivos, o § 4º do artigo 171 do CP, para incluir como 
hipótese de majorante, além da pessoa idosa — já prevista antes do advento da Lei 14.155/2021 — 
também a vítima vulnerável, por qualquer razão. 
À primeira vista pode parecer estarmos diante de uma NOVATIO LEGIS IN PEJUS — e de fato, 
tal ocorre no que tange à inclusão da majorante para hipóteses de VÍTIMA VULNERÁVEL. 
Contudo, diante de uma análise mais cautelosa da norma, no que tange às situações de VÍTIMAS 
IDOSAS, podemos afirmar que a MODIFICAÇÃO É BENÉFICA aos acusados/condenados. 
Antes do advento da Lei 14.155/2021 — em sendo o caso de estelionato cometido contra pessoa idosa 
— a pena, na terceira fase de sua dosimetria, deveria necessariamente ser dobrada. Ocorre que, desde o 
dia 21/05/2021, data de vigência da nova lei ora comentada, admite-se uma graduação do aumento de 
pena de 1/3 até o dobro para os delitos de estelionato cujo sujeito passivo seja idoso, consoante a 
"relevância do resultado gravoso". 
Destarte, a fração mínima de aumento teve um grande decréscimo com a nova lei, passando a beneficiar 
o condenado, em sentença irrecorrível, ou recorrida apenas pela defesa, configurando-se uma verdadeira 
novatio legis in mellius. 
Com a novíssima lei 14.155/2021, o patamar de aumento na terceira fase da dosimetria da pena, em 
razão de cometimento de crime de estelionato contra vítima idosa, inicia em 1/3 podendo ir até o dobro, 
e não mais a fração fixa já na fração de "dobro" da pena. 
Ademais, para se alcançar o máximo da majorante — dobro — será necessário, por decisão 
fundamentada, a verificação de relevante resultado gravoso, ou seja, ficar provado, em juízo de certeza 
e de forma fundamentada na decisão condenatória, que o resultado gravoso exorbitou daquele inerente 
à espécie. 
A mera indicação da idade da vítima igual ou superior a 60 anos — ou, ainda, vulnerável —, sem que 
tenha havido prova de relevante resultado gravoso, atrai a aplicação do patamar mínimo da causa de 
aumento. 
O entendimento acima ventilado está em perfeita consonância com a jurisprudência do Superior Tribunal 
de Justiça que, em repetidos julgados, deixou pacificado, inclusive em forma de verbete sumular que "o 
aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação 
concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes" 
(Súmula 443). 
Outrossim, também para se tenha uma exasperação acima do mínimo fixado (1/3), será necessária uma 
fundamentação idônea, não se revelando suficiente a simples indicação de que a vítima é idosa. 
Em arremate: 
1) Para os processos em curso, a inexistência de prova de relevante resultado gravoso, e a fundamentação 
idônea na sentença condenatória, atrai a aplicação do patamar mínimo da causa de aumento, qual seja, 
um terço. 
2) Se já houver condenação com recurso, e não havendo fundamentação específica na sentença 
condenatória acerca do "relevante resultado gravoso", deve o tribunal, de ofício, reajustar a dosimetria 
para aplicar o mínimo previsto, de 1/3, especialmente diante da proibição de reformatio in pejus. 
3) Se já houver condenação com trânsito em julgado, e no caso de se não haver fundamentação específica 
na sentença condenatória acerca do "relevante resultado gravoso", competente será o juízo da execução 
 
 
 
10 
para a aplicação da lei mais benéfica, devendo o magistrado reorganizar a dosimetria, desta feita, 
partindo da fração mínima da causa de aumento, 1/3. 
Em conclusão, o legislador deve ter todo o cuidado na alteração de tipos penais, seja no preceito 
primário, seja no preceito secundário. O manejo da norma sem a devida cautela pode operar efeitos 
diversos — e muitas vezes contrários — ao almejado. 
Fonte: 
https://www.conjur.com.br/2021-jun-10/bheron-novatio-legis-in-mellius-estelionato-idoso (texto 
adaptado). 
 
5.4.2. Sucessão de Lei mais grave no Crime Continuado e no Crime Permanente 
Primeiramente, antes de adentrar ao tema especificamente, é necessário entender que o CRIME 
PERMANENTE é aquele cuja consumação se prolonga no tempo, por exemplo, o crime de sequestro 
(art. 148, CP), enquanto a vítima nâo for libertada, o crime continua se consumando. Nesse contexto, 
pode-se dizer que o CRIME CONTINUADO é uma ficção jurídica e que por motivos de política criminal, 
dois ou mais crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições devem ser tratados, para fins 
da pena, como crime único, majorando-se a pena. Nesses casos, de acordo com o entendimento do 
STF, a LEI PENAL MAIS GRAVE aplica-se ao crime. 
 
 
Súmula nº 711 do STF: “a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado 
ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior a cessação da continuidade 
ou da permanência”. 
 
 
Exemplo: Fulano, durante 30 dias praticou inúmeros estelionatos contra pessoas vulneráveis. 
 
 
Ao final da continuidade delitiva já estava em vigor a Lei nº 14.155/2021que alterou o §4º ao art. 
171, logo, por incidência da Súmula nº 711 do STF, será aplicada a Lei nova, ainda que mais grave. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 - PGE-PE - Analista Judiciário . 
 A superveniência de lei penal mais gravosa que a anterior não impede que a nova lei se aplique aos 
crimes continuados ou ao crime permanente, caso o início da vigência da referida lei seja anterior à 
cessação da continuidade ou da permanência. 
171, CP 171, §4º CPCRIME ÚNICO (30 dias) 
21/05/2021 
Lei nº 14.155/2021 
10/05/2021 
Início da consumação 
10/06/2021 
Fim da continuidade delitiva 
 
https://www.conjur.com.br/2021-jun-10/bheron-novatio-legis-in-mellius-estelionato-idoso
 
 
 
11 
o Certo 
o Errado 
Gab. CERTO. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Em concurso para Promotor de Justiça Substituto do Acre (2022), elaborado pela CESPE/CEBRASPE, 
foi apontada como ERRADA a seguinte afirmação: “A lei penal mais grave retroagirá para atingir o 
crime permanente, se a sua vigência for anterior à cessação da permanência, mas esse entendimento não 
se aplicará ao crime continuado, pois se trata de ficção jurídica que incide sobre crimes já consumados.” 
 
5.5. ABOLITIO CRIMINIS 
Conforme Rogério Sanches, trata-se da REVOGAÇÃO DE UM TIPO PENAL pela 
superveniência de LEI DESCRIMINALIZADORA,ou seja, ao tempo da conduta o fato era típico, 
sobreveio lei posterior, SUPRIMINDO A FIGURA CRIMINOSA. Nesse caso, a lei é RETROATIVA, 
nos moldes do art. 2º do Código Penal. Vejamos: 
Art. 2º, caput, do C.P. – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixade considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos 
penais da sentença condenatória. 
 
 Trata-se de desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. 
O princípio da intervenção mínima tem duas faces: a PRIMEIRA que orienta quando e onde 
o direito penal deve intervir (neocriminalização); e a OUTRA, que também orienta quando e onde o 
direito penal deve deixar de intervir (abolitio criminis). Isto porque, a abolitio criminis é fenômeno 
verificado sempre que o legislador, atento às mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), 
resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando do ordenamento jurídico-penal a infração 
que a previa, julgando que o Direito Penal não mais se faz necessário à proteção de determinado bem 
jurídico. 
 
RESUMINDO 
 
ABOLITIO CRIMINIS: 
Revogação de um tipo penal pela superveniência de lei descriminalizadora
Representa a supressão da figura criminosa
 
 
 
12 
 
5.5.1. REQUISITOS DA ABOLITIO CRIMINIS 
A abolitio criminis pressupõe dois requisitos, deve ocorrer a REVOGAÇÃO FORMAL e 
REVOGAÇÃO MATERIAL (conteúdo da norma) do crime. 
O exemplo clássico é o art. 240 do CP que previa o crime de adultério. Esse artigo foi formalmente 
revogado (observando assim o primeiro requisito exigido – revogação formal). Da mesma forma, houve 
a supressão material do fato criminoso (observando o requisito da supressão material). Dessa forma, 
temos que o adultério deixou de ter relevância penal, seja perante o art. 240, seja perante qualquer outro 
tipo penal. 
 
ESQUEMATIZANDO 
ANTES DEPOIS 
Antes do advento da Lei 11.106, o adultério 
era crime, nos moldes do art. 240 do CP. 
Após o advento da Lei 11.106, o adultério passou a 
não ser mais crime, seja perante o art. 240, seja 
perante qualquer outro tipo penal. 
HOUVE A ABOLIÇÃO DA FIGURA 
CRIMINOSA. 
 
 
#VAMOSAPROFUNDAR 
CANDIDATO, E SE UM DOS REQUISITOS NÃO ESTIVER PRESENTE, 
QUAL A CONSEQUÊNCIA JURÍDICA DISSO? 
Por exemplo, atentado violento ao pudor era previsto no CP, art. 214 – 
revogado. No entanto, a conduta passou a configurar o crime de estupro – não 
houve a supressão material do fato criminoso (o fato continua tendo relevância 
penal). 
 
 
Excelência, nessa hipótese, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM “ABOLITIO 
CRIMINIS”, e sim a manifestação do princípio da continuidade normativa 
ou da continuidade típico-normativa – o tipo penal é formalmente revogado, 
mas o crime continua existindo perante outra norma penal. Haverá um mero 
deslocamento geográfico do crime ou transmudação topográfica do tipo penal. 
 
5.5.2. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS 
 
 A abolitio criminis EXTINGUE OS EFEITOS PENAIS! 
 
 
 
13 
Desse modo, contemplamos que apesar da abolitio criminis deixar de considerar determinado 
fato como crime, inclusive alcançando fatos pretéritos objetivamente julgados, têm-se extintos 
apenas os EFEITOS PENAIS das sentenças condenatórias, permanecendo, contudo, os efeitos civis. 
No tocante aos efeitos da condenação, é necessário fazer distinção entre os EFEITOS PENAIS e 
os EFEITOS EXTRAPENAIS da sentença condenatória. Os EFEITOS EXTRAPENAIS não serão 
alcançados pela lei descriminalizadora. Assim, mesmo com a revogação do crime, subsiste, por 
exemplo, a obrigação de indenizar o dano causado. 
Por outro lado, os efeitos penais terão de ser extintos, retirando-se o nome do agente do rol dos 
culpados, não podendo a condenação ser considerada para fins de reincidência ou de antecedentes 
penais. 
 
5.5.3. CONSEQUÊNCIAS DA ABOLITIO CRIMINIS 
Conforme preconiza o art. 2º do CP, o abolitio criminis faz cessar a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. Dessa forma, passamos a analisar as consequências de cada um dos efeitos 
cessados pelo advento do abolitio criminis. 
a) FAZ CESSAR A EXECUÇÃO PENAL: Lei abolicionista NÃO respeita a COISA JULGADA. 
 E o art. 5º, XXXVI, da CF/1988? 
A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Trata-se de uma 
garantia do indivíduo em face do Estado, e não do Estado em prejuízo do indivíduo. Assim, 
contemplamos que o Art. 5º não pode servir o Estado contra o indivíduo. 
 
b) FAZ CESSAR OS EFEITOS PENAIS DA CONDENAÇÃO: os EFEITOS EXTRAPENAIS são 
MANTIDOS (arts. 91 e 92, CP). 
ESQUEMATIZANDO 
EFEITO PENAL EFEITO EXTRAPENAL 
REINCIDÊNCIA 
DESAPARECE com a abolitio criminis. 
REPARAÇÃO DO DANO 
MANTIDA mesmo no caso de abolitio criminis. 
 
5.5.4. NATUREZA JURÍDICA DA ABOLITIO CRIMINIS 
Existe na doutrina uma discussão a respeito da natureza jurídica do instituto da abolitio criminis. 
Duas correntes se formaram a respeito do tema. Vejamos: 
 
 
 
14 
1º CORRENTE: dispõe que a abolitio criminis é causa extintiva da tipicidade (Flávio Monteiro de 
Barros). 
2º CORRENTE: a abolitio criminis é causa extintiva da punibilidade. Teoria que foi ADOTADA pelo 
Código Penal, conforme se depreende do art. 107, III, do Código Penal. 
 
5.6. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS OU “LEX MITIOR” 
Trata-se de lei que de qualquer modo FAVORECE O RÉU. 
Ao tempo da conduta o fato era típico, sobreveio leio posterior trazendo a diminuição da pena, 
gerando retroatividade assim, nos moldes preconizados no art. 2º, parágrafo único, do CP. Vejamos: 
Art. 2º, parágrafo único, CP – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer 
o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal 
Se, durante o processo judicial a que José for submetido, for editada nova lei que diminua a pena para o 
crime de receptação, ele não poderá se beneficiar desse fato, pois o direito penal brasileiro norteia-se 
pelo princípio de aplicação da lei vigente à época do fato. 
o Certo 
o Errado 
Gab. ERRADO. 
 
 LEX MITIOR também NÃO RESPEITA COISA JULGADA. 
É o caso de lei posterior, não abolicionista, porém mais benéfica que a vigente à época dos fatos. 
DEVERÁ RETROAGIR para beneficiar o réu. Diferentemente da abolitio criminis, nesta hipótese, o 
fato continua sendo criminoso, porém, tratado DE MANEIRA MAIS BRANDA. 
 
Exemplo: Lei 11.343/2006. 
POSSE DE DROGAS PARA USO PRÓPRIO 
ANTES DEPOIS 
 
Antes do advento da Lei, a POSSE DE DROGAS 
PARA USO PRÓPRIO configurava o art. 16, da 
Lei 6.368/76, era punida com detenção de 6 
meses a 2 anos. 
 
ERA COMINADA PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE 
 
Após o advento da lei, POSSE DE DROGAS 
PARA USO PRÓPRIO passou a configurar o art. 
28 da Lei 11.343/2006, punida com penas não 
privativas de liberdades. 
 
PASSOU A TER PENAS RESTRITIVAS DE 
DIREITOS 
 
 
 
15 
 
5.6.1. COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA 
Depende do MOMENTO em que se encontra a AÇÃO PENAL: 
- Ação penal tramitando em 1º GRAU DE JURISDIÇÃO: juiz do 1º grau de jurisdição. 
- Ação penal tramitando em TRIBUNAL: o Tribunal respectivo. 
- A condenação JÁ TRANSITOU EM JULGADO: será o juiz da execução penal. 
 
CANDIDATO, A LEI PENAL BENÉFICA PODE SER APLICADA DURANTE 
O PERÍODO DE “VACATIO LEGIS”? 
 
Excelência, uma primeira 1ª CORRENTE entende que SIM, é admissível, isso 
porque o tempo de vacatio legis, tem como finalidade principal promover o 
conhecimento da lei promulgada. Não faz sentido de que aqueles que já se 
inteiraram do conteúdo da nova lei, fiquem impedidos de lhe prestar obediência, 
no tocante aos preceitos mais brandos. Corrente adotada por Rogério Greco. 
Por outro lado, uma 2ª CORRENTE defende que NÃO é possível aplicação da 
lei mais benéfica, pois no período de vacatio legis a lei penal não possui eficácia 
jurídica ou social, devendo imperar a lei vigente. Fundamenta-se esta corrente 
no fato de que a lei no período de vacatio legis não passa de mera expectativa de 
lei. CORRENTE PREDOMINANTE, ESTAMPADA EM DETERMINADOS 
JULGADOS DO STJ, VEJAMOS:STJ (...) Não poderia o Tribunal de origem aplicar a minorante do art. 33, §4º da 
Lei de Drogas, uma vez que não estava em vigor quando do julgamento do 
recurso acusatório, que se deu dentro do prazo da vacatio legis. Ordem denegada. 
(HC 100.692/PR). 
 
 COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA (DEPOIS DO TRÂNSITO EM 
JULGADO) 
 
Nesses casos a competência dependerá do conteúdo da lei penal benéfica. Desse modo, podemos 
dizer que a súmula nº 611 do STF é incompleta, já que, se a lei mais benigna implicar juízo de valor, 
competirá ao juízo responsável pelo julgamento da revisão criminal. 
 
 
 
16 
 
 
 
Súmula 611, STF. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao 
juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
 
 CANDIDATO, APRENDA A RESOLVER QUESTÕES DE PROVA! 
PROVA OBJETIVA : Aplicação da Súmula 611, STF → JUIZ DA EXECUÇÃO. 
PROVA ESCRITA: Existe DIVERGÊNCIA DOUTRINÁRIA. Vejamos: 
Para a 1º CORRENTE, entende-se que é competente o JUIZ DA EXECUÇÃO. Já para a 2ª 
CORRENTE, DEPENDE DO CASO CONCRETO, se a aplicação da segunda lei depende meramente de 
cálculo, será o juiz da execução. Já se demandar juízo de valor, exige revisão criminal (art. 621 do CPP) 
para desconstituir o trânsito em julgado e aplicar a lei nova. 
 
ESQUEMATIZANDO 
ESPÉCIE JUÍZO COMPETENTE EXEMPLO 
APLICAÇÃO MATEMÁTICA Juiz da Execução 
Cria-se diminuição de pena 
para o roubo quando o bem 
subtraído não suplanta a 1 
salario mínimo. 
JUÍZO DE VALOR Revisão Criminal 
Cria-se diminuição de pena 
para o roubo quando houver 
“pequeno prejuízo” para 
vítima. 
 
 
CANDIDATO, É POSSÍVEL A COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (PARTE DA 
LEI NOVA E PARTE DA LEI VELHA) PARA FAVORECER O RÉU? 
Excelência, no Ordenamento Jurídico Brasileiro existiu histórico de DUAS 
POSIÇÕES: 
A PRIMEIRA, no sentido da IMPOSSIBILIDADE, ou seja, não se admitir a 
combinação de leis penais, defendida por Nelson Hungria, o magistrado não 
poderia combinar as referidas leis pois isso constituir-se-á em ofensa ao princípio 
da separação dos poderes (magistrado estaria legislando, criando uma terceira 
lei): TEORIA DA PONDERAÇÃO UNITÁRIA OU PONDERAÇÃO GLOBAL – 
 
 
 
17 
o juiz pode aplicar toda lei nova ou toda lei velha, mas parte de uma e parte da 
outra não é possível. 
Noutra banda, uma SEGUNDA posição argumenta que é POSSÍVEL A 
COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS (José Frederico Marques), pois o juiz ao 
combinar duas leis penais não estaria criando uma nova lei, legislando, inovando 
no direito, mas apenas transitando dentro de limites previamente definidos pelo 
legislador: TEORIA DA PONDERAÇÃO DIFERENCIADA. 
→ QUAL A POSIÇÃO ADOTADA NO BRASIL? 
Historicamente, o STF se sempre se posicionou com a CORRENTE QUE NÃO 
ADMITE a combinação de leis penais. 
 
 
Súmula 501, STJ - É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da 
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação 
da Lei nº 6.368/76, sendo VEDADA A COMBINAÇÃO DE LEIS. 
 
Info 727, STF - É VEDADA A INCIDÊNCIA da causa de diminuição do art. 33, §4º, da Lei n.° 
11.343/2006, COMBINADA com as penas previstas na Lei n.° 6.368/76, no tocante a crimes praticados 
durante a vigência dessa norma. 
 
Como proceder em caso de DÚVIDA sobre QUAL A LEI MAIS BENÉFICA? 
O juiz deve aquilatar o caso concreto, podendo consultar o réu. 
 
5.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA 
Nesse caso, migra-se o conteúdo criminoso para outro tipo. 
O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA evidencia-se quando uma norma 
penal é revogada, mas a mesma conduta continua sendo crime no tipo penal revogador (não houve 
supressão material da conduta criminosa), ou seja, a infração penal continua tipificada em outro 
dispositivo, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário. 
 
 
 
18 
Nas lições de Rogério Sanches (Manual de Direito Penal – Parte Geral, 2020, p .142) “O 
princípio da continuidade normativo-típica, por sua vez, significa a manutenção do caráter proibido da 
conduta, porém com o deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal. A intenção do 
legislador, nesse caso, é que a conduta permaneça criminosa”. 
 
 É de suma importância NÃO TROCARMOS os referidos institutos. Vejamos: 
ABOLITIO CRIMINIS 
CONTINUIDADE NORMATIVO-
TÍPICA 
Supressão da figura criminosa (formal e material). Supressão formal do tipo. 
A conduta criminosa não será mais punida (o fato 
deixa de ser punível). 
A conduta criminosa apenas migra para outro tipo 
penal (o fato permanece punível). 
A intenção do legislador é não mais considerar o 
fato criminoso. 
A intenção do legislador é manter o caráter criminoso 
do fato, mas com outra roupagem. 
Tabela extraída do Legislação Bizurada @deltacaveira. 
 
 
Nesse sentido, no princípio da continuidade normativa ou da continuidade típico-normativa 
o tipo penal é formalmente revogado, mas o CRIME CONTINUA EXISTINDO perante outra norma 
penal. Haverá um mero deslocamento geográfico do crime ou transmudação topográfica do tipo penal. 
 
 
ESQUEMATIZANDO 
LEI Nº 12.015/2009 
Exemplo: 
ANTES 
Art. 213 CP: Estupro; 
 
Art. 214 CP: Atentado violento ao pudor; 
 
DEPOIS 
O art. 213 CP: estupro; 
 
O art. 214 foi revogado e 
o conteúdo migrou para o art. 213 do CP. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - 
Delegado de Polícia Federal. 
Em cada item a seguir, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada 
com base na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de execução 
penal, lei penal no tempo, concurso de crimes, crime impossível e arrependimento posterior. 
 
 
 
19 
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, esse tipo penal foi 
formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em outro tipo penal. Nessa situação, 
Manoel responderá pelo crime praticado, pois não ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei. 
o Certo 
o Errado 
Gab. CERTO 
 
5.8. LEI INTERMEDIÁRIA 
Pode ocorrer o surgimento de LEI INTERMEDIÁRIA MAIS BENÉFICA, ou seja, aquela 
VIGENTE DEPOIS da prática do fato, mas REVOGADA ANTES de esgotadas as consequências 
jurídicas da infração penal. Mesmo nesta situação, o princípio da retroatividade da LEI MAIS BENIGNA 
permanecerá VÁLIDO. 
A Lei intermediária mais benéfica terá DUPLO EFEITO, quais sejam, ela é RETROATIVA em 
relação a Lei A, ou seja retroage para alcançar os fatos regentes na Lei A, e ULTRA-ATIVA em relação 
a Lei C, devendo ser esta aplicada, Lei B, em observância ao princípio da retroatividade benéfica. 
Exemplo: Lei 1 cominando pena de reclusão de 6 a 10 anos para o crime. Lei 2 (intermediária) 
cominando para o mesmo crime pena de 2 a 4 anos. Lei 3 prevendo, também para o mesmo crime, pena 
de 8 a 12 anos. Supondo que o crime seja praticado durante a Lei 1, mas a prolação da sentença 
condenatória se dê durante a vigência da Lei 3. Nesse caso, aplica-se a lei intermediária, que é a mais 
favorável. A lei intermediária (ou intermédia) é aquela que deverá ser aplicada porque benéfica ao réu, 
muito embora não fosse a lei vigente ao tempo do fato, tampouco seja a lei vigente no momento do 
julgamento. É possível notar que a lei penal intermediária é dotada de duplo efeito, possuindo a 
retroatividade em relação ao tempo da ação ou omissão e ultra-atividade em relação ao tempo do 
julgamento. 
 
5.9. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA 
Lei TEMPORÁRIA é aquela instituída por um determinado prazo determinado, tem prefixado 
um lapso de duração. Desse modo, o Art. 3º, CP diz que “a lei excepcional ou temporária, embora 
decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que determinaram, aplica-se ao fato 
praticado durante a vigência”.20 
Lei EXCEPCIONAL é aquela editada em função de algum evento transitório, por exemplo, 
guerra, calamidade pública, epidemia, etc. Perdura enquanto persistir o estado de emergência. Exemplo: 
Lei que pune alguém que embaraça a entrada de fiscais do governo em sua casa para prevenir criadouros 
do mosquito aedes aegypti. A lei vai perdurar até cessar o Estado de emergência. 
 
 
As LEIS EXCEPCIONAIS e LEIS TEMPORÁRIAS são leis ULTRA-ATIVAS, ou seja, 
PRODUZEM EFEITOS mesmo após o término de sua vigência. IMPORTANTE saber diferenciar os 
referidos institutos. Vejamos: 
 LEI EXCEPCIONAL: é a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante 
determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, 
calamidades etc. 
 
 LEI TEMPORÁRIA: é aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas 
durante certo período de tempo. 
 
 
ESQUEMATIZANDO 
LEI TEMPORÁRIA LEI EXCEPCIONAL 
Lei penal temporária é aquela que tem um prazo de 
validade, isto é, tem uma vigência predeterminada no tempo. 
Lei penal excepcional é aquela que vigora somente numa 
situação de anormalidade. 
 
Ex.: art. 36 da Lei nº 12.663/12 (copa de 2014). 
Ex.: Lei Y foi aprovada com vigência a partir de 01/12/2017 e 
perdurará até o fim do período de estiagem. 
São “leis intermitentes” dotadas das seguintes características: 
Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei temporária) ou cessada a situação de 
anormalidade (lei excepcional); 
Ultra-atividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que revogadas as leis 
temporária ou excepcional. 
Fonte: Tabela extraída da Legislação Bizurada @deltacaveira10 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
 
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia 
Civil. 
Caio cometeu no dia 01 de janeiro de 2016 um fato criminoso punível com pena privativa de liberdade 
previsto em lei temporária, sendo no dia 05 de dezembro de 2016 condenado a 5 (cinco) anos de reclusão. 
No ano seguinte decorreu o período de sua duração, findando-se a citada lei no dia 31 de dezembro de 
2017. Em relação à aplicação da lei penal indique a opção CORRETA. 
 
A. Caio deve ser preso e cumprir a pena estabelecida de cinco anos, aplicando-se ao fato criminoso a lei 
temporária. 
 
 
 
21 
B. Ninguém pode ser punido por fato que medida provisória posterior deixa de considerar crime. 
C. Deve continuar a execução da pena de Caio até o dia 31 de dezembro de 2017. 
D. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, não se aplica aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
E. Caio deve ser imediatamente solto. 
Gab. A. 
 
 
5.9.1. CARACTERÍSTICAS DAS LEIS TEMPORÁRIAS E DAS LEIS EXCEPCIONAIS 
1 – AUTORREVOGABILIDADE 
São leis autorrevogáveis. Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado 
(temporária) ou cessada a situação de anormalidade (excepcional). 
2 – ULTRA-ATIVIDADE 
Por admitir a ultra-atividade, aplica-se a lei penal a fatos realizados durante a sua vigência, 
ainda que esta tenha sido revogada posteriormente. 
 Trata-se de HIPÓTESE EXCEPCIONAL de ultratividade maléfica. 
A Lei 12.663/2012 – Lei da Copa – é o exemplo clássico na doutrina. Dentre os crimes previstos 
na lei, previa a utilização indevida de símbolos oficiais, ao teor do art. 30. Vejamos: 
Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer 
Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) 
ano ou multa. 
Art. 34. Nos crimes previstos neste Capítulo, somente se procede mediante 
representação da FIFA. 
Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até o dia 31 de 
dezembro de 2014. 
Os fatos praticados durante o período de vigência até dia 31/12/2014 continuam sendo punidos 
pela lei, pois se TRATA DE LEI TEMPORÁRIA, ultra-ativa. 
A doutrina observa que, por serem de curta duração, se NÃO TIVESSE a 
característica da ultra-atividade, as leis PERDERIAM SUA FORÇA INTIMIDATIVA. 
 
A REVOGAÇÃO das leis temporárias e excepcional NÃO implica “ABOLITIO CRIMINIS”. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
 
 
 
22 
Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de 
Polícia. 
“Chamamos de extra-atividade a capacidade que tem a lei penal de se movimentar no tempo regulando 
fatos ocorridos durante sua vigência, mesmo depois de ter sido revogada, ou de retroagir no tempo, a 
fim de regular situações ocorridas anteriormente à sua vigência”. (GRECO, Rogério. Curso de Direito 
Penal: parte geral. vol. 1. 17. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2015, p.159). Segundo esse autor a extra-
atividade é gênero do qual seriam espécies a ultra-atividade e a retroatividade. 
 
Leia as afirmativas a seguir e marque a alternativa correta: 
 
A. A garantia penal positivada na Constituição Federal brasileira (1988) promove a retroatividade da lei 
penal mais benéfica quando o condenado, por uma conduta típica, apresenta residência fixa, após 
cometimento do ilícito penal. 
 
B. A lei penal possui ultra-atividade, nos casos em que, mesmo após sua revogação por lei mais gravosa, 
continua sendo válida em relação aos efeitos penais mais brandos da lei que era vigente no momento da 
prática delitiva. 
 
C. A aplicação da irretroatividade em direito penal funciona como garantia legal doius puniendi que 
pretende auferir a punição mais gravosa ao condenado. 
 
D. A ultra-atividade da lei penal funciona como mecanismo de endurecimento da norma penal, ao passo 
que funciona como técnica de resolução de conflito para aplicação de um direito penal punitivo. 
 
E. A figura da ultra-atividade da norma penal realiza o objetivo de garantir a condenação do réu pela 
norma penal vigente na prática da conduta delitiva, com o principal objetivo de promover a segurança 
jurídica em âmbito penal. 
Gab. B. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2022 Banca: MPE-RJ Órgão: MPE-RJ Prova: MPE-RJ - 2022 - MPE-RJ - Promotor de Justiça 
Substituto - Concurso XXXVI 
No que concerne à Lei Penal no tempo, assinale a alternativa correta. 
A. A lei excepcional regula fatos que não se sujeitam ao princípio da retroatividade da lei penal posterior 
mais benéfica. 
B. A retroatividade de lei penal mais benéfica é princípio que não encontra exceção. 
C. A irretroatividade de lei penal mais gravosa é princípio que encontra exceção. 
D. O princípio tempus regit actum é excepcionado para fatos praticados sob vigência de lei temporária. 
E. Os efeitos penais da sentença condenatória se mantêm íntegros em face da abolitio criminis. 
Gab. A. 
 (IN) CONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º CP 
 
Parte da doutrina questiona a constitucionalidade das LEIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS, 
dispostas no Art. 3º, Código Penal. No Ordenamento Jurídico Brasileiro existem DUAS POSIÇÕES 
acerca do tema. 
 
 
 
23 
1ª CORRENTE: dispõe que o art. 3º é de duvidosa constitucionalidade. A CF só admite ultra-
atividade ou retroatividade da lei penal quando benéficas. A extra-atividade deve ser sempre em 
benefício do réu. 
2ª CORRENTE: diz que o referido artigo não viola o princípio da irretroatividade da lei 
prejudicial. Não existe sucessão de leis penais. Não existe tipo versando sobre o mesmo fato sucedendo 
lei anterior. Não existe lei para retroagir. Essa segunda CORRENTE É A QUE PREVALECE! 
 Assim, não obstante a divergência dos renomados autores, predomina o entendimento de que as 
leis temporárias e excepcionais não violam o princípio da irretroatividade da lei prejudicial, sendo 
portanto, constitucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
DIREITO PENAL GERAL 
6. LEI PENAL NO ESPAÇO 
6.1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO 
Sabendo que um fato punível pode, eventualmente, atingiros interesses de dois ou mais Estados 
igualmente soberanos, gerando, nesses casos, um conflito internacional de jurisdição, o estudo da lei 
penal no espaço visa apurar as fronteiras de atuação da lei penal nacional. 
Existem SEIS PRINCÍPIOS aplicáveis na solução desse aparente conflito internacional de 
jurisdição. 
6.1.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE 
Princípio da territorialidade aplica-se a lei penal DO LOCAL DO CRIME. Não importa: 
 
a) nacionalidade do agente; 
b) nacionalidade da vítima; 
c) nacionalidade do bem jurídico tutelado. 
6.1.2. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA 
Principio da nacionalidade ativa aplica-se a lei penal da NACIONALIDADE DO AGENTE. Não 
importa o local do crime, a nacionalidade da vítima ou do bem jurídico tutelado. 
 
6.1.3. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA 
No tocante a este princípio, a doutrina diverge. 
1º CORRENTE: fala que aplica-se a lei da nacionalidade da vítima. 
Não importa a nacionalidade do agente, do bem jurídico ou o local do crime. (Bitencourt). 
É HOJE A CORRENTE QUE PREVALECE. 
2º CORRENTE: menciona que aplica-se a lei da nacionalidade do agente quando ofender um 
concidadão. Não importa o bem jurídico ou o local do crime (Capez). 
 
ESQUEMATIZANDO 
 
1ª CORRENTE 2ª CORRENTE 
Aplica-se a lei da nacionalidade da vítima Aplica-se a lei da nacionalidade do agente, 
quando ofender um cidadão 
 
 
 
25 
Não importa a nacionalidade do agente do bem 
jurídico ou do local do crime. 
Não importa o bem jurídico ou local do crime. 
Bitencourt. Capez. 
 
6.1.4. PRINCÍPIO DA DEFESA (OU REAL) 
 Aplica-se a lei penal da NACIONALIDADE DO BEM jurídico lesado. 
 Não importa o local do crime ou a nacionalidade dos sujeitos (ativo ou passivo). 
 
6.1.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL 
 O agente fica sujeito a lei penal do PAÍS EM QUE O AGENTE FOR ENCONTRADO. Não 
importa o local do crime, a nacionalidade dos sujeitos, ou ainda, do bem jurídico, o que importa é a lei 
penal do país que o autor do crime é capturado. 
 Este princípio – princípio da justiça penal universal – está normalmente presente nos tratados 
internacionais de cooperação e repressão a determinados delitos de alcance transnacional. 
6.1.6. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA 
SUBSTITUIÇÃO OU DA SUBSIDIARIEDADE) 
 A LEI PENAL NACIONAL aplica-se aos crimes cometidos em aeronaves e embarcações 
privadas quando praticados no estrangeiro e aí não sejam julgados (inércia do país estrangeiro). 
Não importa a nacionalidade dos sujeitos, do bem jurídico tutelado ou o local do crime, basta 
que tenha ocorrido no estrangeiro e este nada faça, aplicando-se a lei brasileira a este fato. 
 
Os referidos princípios são utilizados pelo Ordenamento Jurídico brasileiro para 
ALCANÇAR determinados CRIMES COMETIDOS NO ESTRANGEIRO. 
QUAL DESSES PRINCÍPIOS O BRASIL ADOTOU COMO REGRA? 
CUIDADO! O Brasil adotou como REGRA o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE (art. 5º, CP). 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
O Brasil adotou a territorialidade como regra. Os demais princípios são utilizados para alcançar 
determinados crimes cometidos no estrangeiro. Trata-se de TERRITORIALIDADE TEMPERADA. 
 
 
 
26 
 TERRITORIALIDADE RELATIVA OU TEMPERADA 
É possível, por conta de regras internacionais, que o crime cometido no Brasil não sofra as 
consequências da lei brasileira. 
Na territorialidade, o local do crime é o Brasil e aplica-se a lei brasileira. 
Na extraterritorialidade o local do crime é o estrangeiro, porém, mesmo assim será aplicado a lei 
brasileira. 
Na intraterritorialidade, o crime aconteceu no Brasil, mas a lei a ser aplicada será a estrangeira, 
é o exemplo do caso dos detentores de imunidade diplomática. Nesta hipótese, o juiz penal estrangeiro 
é quem vai aplicar a norma vigente naquele Ordenamento. 
 
ESQUEMATIZANDO 
 
TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDADE INTRATERRITORIALIDADE 
LOCAL DO CRIME: Brasil. 
 
LOCAL DO CRIME: Estrangeiro. LOCAL DO CRIME: Brasil. 
LEI APLICÁVEL: Brasileira. LEI APLICÁVEL: Brasileira. LEI APLICÁVEL: Estrangeira. 
Ex. imunidade diplomática. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2022 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2022 - PC-SP - Delegado de Polícia 
A Extraterritorialidade do art. 7º do CP é fenômeno que 
A. considera o crime praticado tanto no local da ação quanto no local do resultado. 
B. estabelece que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
C. autoriza a aplicação da lei penal estrangeira a determinados fatos praticados no território nacional. 
D. considera como território nacional o mar territorial e seu respectivo espaço aéreo. 
E. prescreve a aplicação da lei penal brasileira a determinados fatos cometidos fora do território nacional. 
Gab. E. 
 
 
O que é TERRITÓRIO NACIONAL? É o espaço geográfico + espaço jurídico (por ficção, 
equiparação). 
Art. 5º, § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território 
nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a 
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
 
 
 
27 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-
mar. 
 
 Embarcações e aeronaves de NATUREZA PÚBLICA OU A SERVIÇO DO GOVERNO 
BRASILEIRO, onde quer que se encontrem é EXTENSÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL. 
 
ESQUEMATIZANDO 
EMBARCAÇÕES E AERONAVES SERÁ APLICADA A LEI BRASILEIRA 
Públicas ou a serviço do governo brasileiro → em TERRITÓRIO NACIONAL ou ESTRANGEIRO 
Mercantes ou particulares brasileiras → ALTO-MAR ou NO ESPAÇO AÉREO 
CORRESPONDENTE 
Estrangeiras → APENAS PRIVADAS, em TERRITÓRIO NACIONAL 
 
 Pelo princípio da reciprocidade, aeronaves ou embarcações estrangeiras públicas ou a 
serviço do governo estrangeiro são consideradas extensão do território estrangeiro, logo, não se aplica a 
lei brasileira. 
Art. 5º, § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de 
aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas 
em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em 
porto ou mar territorial do Brasil. 
CONCLUSÕES: 
a) Quando os navios ou aeronaves brasileiro for públicos ou estiverem a serviço do governo brasileiro, 
quer se encontre em território nacional ou estrangeiro, são considerados parte do nosso território. 
b) Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que 
ostentam. 
Obs.: Em alto mar ou em espaço aéreo correspondente nenhum país exerce jurisdição, logo, aplica-se a 
lei do país que ostenta a bandeira. 
 
 
 
28 
c) Quando estrangeiros, em território brasileiro, desde que privados, são considerados parte de nosso 
território. Em sentido contrário, se forem públicos e estiverem a serviço de seu país, em observância ao 
princípio da reciprocidade, aplicar-se-á a lei estrangeira. 
➢ Embaixada é extensão do território que representa? 
NÃO, as embaixadas apesar de invioláveis não são extensão do território que representa, o 
Código Penal não trouxe nenhuma regra específica sobre as embaixadas, motivo pelo qual prevalece 
(STF) que apesar de ser inviolável, não se considera extensão do território que representa. 
- Situações Elucidativas - 
Situação 1: Embarcação brasileira privada naufraga. Sobre os destroços dessa embarcação, holandês 
mata americano. 
R.: Qual lei será aplicada? Os destroços continuam ostentado a condição da bandeira, quando em alto 
mar, logo aplicar-se-á a lei brasileira, por incidência da extensão territorial. 
Situação 2: Embarcação brasileira privada colide com embarcação holandesa privada em alto mar.É 
feita uma jangada com partes brasileira com partes holandesa. Americano mata argentino sobre a 
jangada. 
R.: Qual será a lei a ser aplicada? Aplicar-se-á a lei Americana, princípio da nacionalidade ativa. Na 
dúvida, aplica-se a lei da nacionalidade do agente, pois está será mais conhecida deste. 
Situação 3: Embarcação pública colombiana atracada em porto brasileiro. Crimes dentro da 
embarcação: Lei da Colômbia. 
➢ E se o Marinheiro colombiano comete crime no território nacional? Qual a lei a ser aplicada? 
a) se o marinheiro desceu a serviço do seu país, carrega consigo a bandeira, logo aplica-se a lei do seu 
país, ou seja, a lei colombiana. 
b) se não desembarcou a serviço, aplica-se a lei brasileira. 
Situação 4: Brasileira dirige-se até o navio holandês, o qual se encontra em alto mar, ali pratica o aborto 
e em seguida, retoma ao Brasil. Qual lei se aplica? Aplica-se a lei holandesa, posto que no alto mar 
ninguém exerce jurisdição. Todavia, cumpre destacar que a lei holandesa não tipifica a conduta do 
aborto, logo, a brasileira não será punida pela sua conduta. 
 
 
 
29 
➢ Aplica-se a lei brasileira ao crime cometido a bordo de embarcação privada estrangeira de 
passagem pelo mar territorial brasileiro? 
Situação 5: Navio sai de Portugal com destino ao Uruguai, quando está passando pelo mar territorial 
brasileiro, um holandês mata um chinês. 
Art. 3º É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de 
passagem inocente no mar territorial brasileiro. 
§ 1º A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à paz, 
à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. 
§ 2º A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas apenas 
na medida em que tais procedimentos constituam incidentes comuns de 
navegação ou sejam impostos por motivos de força ou por dificuldade grave, ou 
tenham por fim prestar auxílio a pessoas a navios ou aeronaves em perigo ou em 
dificuldade grave. 
§ 3º Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos 
regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro. 
 
➢ O direito de passagem inocente é só para embarcação ou também abrange aeronaves? 
A doutrina defendida por Luiz Flávio Gomes defende que se aplica, por ausência de causa que 
justifique a não abrangência pelas aeronaves. 
 
6.2. LUGAR DO CRIME 
Quando o crime se considera praticado em nosso território? 
Temos TRÊS TEORIAS discutindo o assunto. 
1 – TEORIA DA ATIVIDADE: o crime considera-se praticado no lugar da conduta. 
2 – TEORIA DO RESULTADO/ DO EVENTO: considera-se praticado o crime no lugar do resultado. 
3 – TEORIA MISTA OU DA UBIQUIDADE: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a 
ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
ESQUEMATIZANDO 
TEORIA DA ATIVIDADE TEORIA DO RESULTADO TEORIA DA UBIQUIDADE 
É o local da conduta criminosa. 
Ex.: Local dos disparos. 
É o local da consumação. 
Ex. Local da morte. 
Tanto o lugar da ação quanto o 
do resultado. 
→ADOTADA!!! 
 
 
 
30 
O BRASIL ADOTOU a TEORIA MISTA OU DA UBIQUIDADE, pois nos moldes do art. 6º do 
Código Penal, considera-se praticado o crime no lugar da ação ou da omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: DPE-DF Prova: CESPE - 2019 - DPE-DF - Defensor Público: 
Em razão da teoria da ubiquidade, considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria ter sido produzido o resultado. 
o Certo 
o Errado 
Gab. CERTO. 
 
 No Brasil se ocorre somente o PLANEJAMENTO E/OU PREPARAÇÃO do crime, o 
fato, EM REGRA, não interessa ao direito brasileiro, SALVO quando a preparação, por si só, 
caracterizar crime (ex. associação criminosa), isto porque não se pune condutas internas. 
 
NÃO se deve confundir os conceitos de CRIME A DISTÂNCIA/ DE ESPAÇO MÁXIMO 
com CRIME DE TRÂNSITO e CRIME PLURILOCAL. Vejamos: 
1) CRIME A DISTÂNCIA: a CONDUTA é praticada em território ESTRANGEIRO e o RESULTADO 
ocorre no BRASIL ou vice-versa. Se a conduta ou o resultado ocorreu no território brasileiro, aplica-se 
a nossa lei (CP, art. 5º). O crime percorre território de DOIS PAÍSES SOBERANOS. 
Conflito internacional de jurisdição: a lei de qual país será aplicada? 
Resolve-se pelo art. 6º, CP – teoria da ubiquidade. Se praticada a conduta ou sobreveio o resultado em 
território brasileiro, aplica-se a lei do Brasil. 
2) CRIME EM TRÂNSITO: o crime percorre o território de MAIS DE DOIS PAÍSES SOBERANOS Por 
exemplo, Brasil, Argentina e Uruguai. 
Conflito internacional de jurisdição: a lei de qual país será aplicada? 
Resolve-se pelo art. 6º, CP – teoria da ubiquidade. 
 
 
 
31 
3) CRIME PLURILOCAL: o crime percorre dois ou mais territórios DO MESMO PAÍS. Exemplo: SP, 
BH e RJ. 
 
6.2.1. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA 
 No conflito interno de competência, qual o juízo aplica a lei? 
Art. 70, CPP (regra): TEORIA DO RESULTADO. 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a 
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de 
execução. 
 
ESQUEMATIZANDO 
CRIMES A DISTÂNCIA OU DE 
ESPAÇO MÁXIMO 
CRIME EM TRÂNSITO CRIME PLURILOCAL 
O crime percorre território de 2 países 
soberanos. Ex.: Brasil e Argentina 
O crime percorre território de + de 
2 países soberanos. 
Ex.: Brasil, Argentina e Uruguai. 
O crime percorre 2 ou + 
territórios de um mesmo país. 
Ex.: SP, BH e RJ. 
Conflito internacional de jurisdição Conflito internacional jurisdição Conflito interno de competência 
Resolve-se pela incidência do ART. 
6º DO CP, teoria da ubiquidade. 
Resolve-se pela incidência do 
ART. 6º DO CP, teoria da 
ubiquidade 
ART. 70 DO CPP, aplica-se a 
teoria do resultado. 
 
6.3. EXTRATERRITORIALIDADE 
Em casos EXCEPCIONAIS, a nossa lei poderá EXTRAPOLAR OS LIMITES DO TERRITÓRIO, 
alcançando crimes cometidos exclusivamente no estrangeiro. 
O artigo 7° dispõe acerca da aplicação da lei brasileira a crimes cometidos em território 
estrangeiro, ao passo que o art. 5° trata da aplicação de lei brasileira a crimes cometidos em território 
brasileiro, já estudado. Ou seja, extrapola o território nacional par aplicar-se a lei brasileira. 
 
6.3.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA 
Aplica-se a lei nacional a determinados crimes cometidos fora do território, 
INDEPENDENTEMENTE de qualquer condição, ainda que o acusado seja absolvido ou condenado no 
estrangeiro. São os seguintes crimes (CP, art. 7º, I): 
a) contra a VIDA OU A LIBERDADE do Presidente da República; [PRINCÍPIO DA DEFESA] 
b) contra o PATRIMÔNIO OU A FÉ PÚBLICA da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, 
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo 
Poder Público; [PRINCÍPIO DA DEFESA] 
 
 
 
32 
c) contra a ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, por quem está a seu serviço; [PRINCÍPIO DA DEFESA] 
d) de GENOCÍDIO, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. [PRINCÍPIO DA JUSTIÇA 
UNIVERSAL]; 
 
Nessas QUATRO HIPÓTESES, aplicar-se-á a lei brasileira, mesmo que o agente tenha sido 
absolvido no estrangeiro, conforme proclama o §1º, art. 7º, do CP. 
Trata-se da extraterritorialidade incondicionada, não está sujeita a nenhuma condição. A 
mera prática do crime em território estrangeiro autoriza a incidência da lei penal brasileira, 
independentemente de qualquer outro requisito, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
Art. 7º, § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda 
que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano:2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado 
de Polícia. 
João Carlos, 30 anos, brasileiro, com residência transitória na Argentina, aproveitando-se da aquisição 
de material descartado por uma indústria gráfica falida, passou a fabricar moeda brasileira em território 
argentino. Para garantir a diversidade da moeda falsificada, João imprimia notas de 50 e de 100 reais. 
Ao entrar em território brasileiro João foi revistado por policiais que encontraram as notas falsificadas 
em meio a sua bagagem. João foi acusado da prática do crime previsto no artigo 289 do Código Penal. 
De acordo com as teorias que informam a aplicação da lei penal brasileira no espaço, é correto dizer que, 
nesse caso, cabe a aplicação 
A. da lei argentina, em atenção à regra da territorialidade, uma vez que o crime fora praticado na 
Argentina. 
B. incondicionada da lei brasileira, uma vez que o crime cometido atenta contra a fé pública. 
C. condicionada da lei brasileira, pelo fato de a conduta ter sido cometida em território argentino. 
D. condicionada da lei brasileira, já que a conduta integra dois ordenamentos jurídicos. 
E. da lógica da extraterritorialidade, já que o fato ocorreu em território argentino. 
Gab. B. 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil. 
Em relação à aplicação da lei penal é CORRETO afirmar que: 
 
 
 
33 
A. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes cometidos contra a vida 
ou o patrimônio do Presidente da República; 
B. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes praticados por brasileiro; 
mesmo que o fato não seja punível também no país em que foi praticado; 
C. ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra o patrimônio ou a 
fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, 
sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
D. para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza privada onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as 
embarcações brasileiras mercantes, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou 
em alto-mar; 
E. é aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras 
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou em alto-mar. 
Gab. C. 
6.3.2. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 
 (MAIOR INCIDÊNCIA DE COBRANÇA NOS CERTAMES) 
 
Aplica-se a LEI NACIONAL a DETERMINADOS CRIMES cometidos fora do território, desde 
que haja o CONCURSO DE ALGUMAS CONDIÇÕES (art. 7°, II, e §§ 2° e 3°, do CP). São os crimes: 
a) que, por TRATADO OU CONVENÇÃO, o Brasil se obrigou a reprimir; [PRINCÍPIO DA JUSTIÇA 
UNIVERSAL]; 
b) praticados POR BRASILEIROS; [PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA]; 
c) pratica dos em AERONAVES OU EMBARCAÇÕES brasileiras, mercante ou de propriedade 
PRIVADA, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. [PRINCÍPIO DA 
REPRESENTAÇÃO]; 
 
Nestes crimes, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
CONDIÇÕES: 
a) entrar o agente no território nacional; 
Obs.1: entrar não significa permanecer, os conceitos não se confundem. O agente não precisa 
permanecer no território nacional, basta entrar. 
Por território nacional, entende-se o espaço geográfico + espaço jurídico. 
 
 
 
34 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
Obs.1: O delito praticado deve ser crime em ambos os países, por exemplo, o crime de bigamia deve ser 
no Brasil e no estrangeiro. 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
Obs.1: O crime praticado deve estar incluso naqueles que o Brasil autoriza a extradição. 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 
 
AS CONDIÇÕES SÃO CUMULATIVAS!!! 
 
 SITUAÇÕES: 
 
➢ BRASILEIRO em Portugal mata dolosamente CIDADÃO PORTUGUÊS. O agente foge e retorna ao 
território brasileiro antes do fim das investigações. A LEI BRASILEIRA ALCANÇA ESTE FATO? 
1º - O agente entrou no nosso território? Sim 
2º - O fato é punível também em Portugal? Sim 
3º - O crime coincide com aqueles no qual o Brasil autoriza a extradição? Sim 
4º - O agente foi absolvido ou cumpriu pena no estrangeiro? Não, presente a condição. 
5º - O agente foi perdoado ou está extinto a punibilidade? Não, presente a condição. 
ISSO SIGNIFICA QUE A LEI BRASILEIRA SERÁ APLICADA A ESTE FATO! 
➢ O autor do crime será processado pela justiça estadual ou federal? 
Ausentes os requisitos do art. 109, da Constituição Federal, o agente será processado e julgado pela 
Justiça Estadual. 
 
➢ Qual a comarca competente para o processo e julgamento? 
 
 
 
35 
Art. 88 do CPP – No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo 
da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, 
será competente o juízo da Capital da República. 
 
6.3.2.1. Pena cumprida no estrangeiro 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
 
É possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e condenado tanto pela lei 
brasileira como pela lei estrangeira (em especial nos casos de extraterritorialidade incondicionada). 
O art. 8º do Código Penal, sem evitar o “bis in idem”, atenua a dupla punição. 
Trata-se de atenuação ao bis in idem. A vedação ao bis in idem é uma regra, a qual admite 
exceção, sendo assim uma regra relativa. 
Exemplo: o agente praticou dano contra o patrimônio público brasileiro em Portugal. O agente é 
condenado a cumprir pena de 1 ano em Portugal e 2 anos no Brasil. 
 
ESQUEMATIZANDO 
PORTUGAL BRASIL 
- processado; 
- condenado; 
- Condenado a pena de 1 ano; 
- processado; 
- condenado; 
- Condenado a pena de 2 anos. 
O tempo será computado no Brasil, assim, cumprirá só um ano, que é a pena restante do cômputo. 
 
Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concurso? 
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia. 
João comete um crime no estrangeiro e lá é condenado a 4 anos de prisão, integralmente cumpridos. 
Pelo mesmo crime, João é condenado no Brasil à pena de 8 anos de prisão. João 
A. cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que para essa quantidade de pena não se reconhece o 
cumprimento no estrangeiro. 
B. não cumprirá pena alguma no Brasil caso de trate de país com o qual o Brasil tem acordo bilateral 
para reconhecer cumprimento de pena. 
C. não cumprirá pena alguma no Brasil, uma vez já punido no país em que o crime foi cometido. 
D. cumprirá 8 anos de prisão no Brasil, uma vez que o Brasil não reconhece pena cumprida no 
estrangeiro. 
E. ainda deverá cumprir 4 anos de prisão no Brasil. 
 
 
 
36 
Gab. E. 
6.3.3. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA 
O Artigo 7°, § 3° dispõe acerca de mais outra hipótese de extraterritorialidade 
CONDICIONADA: crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. [PRINCÍPIO DA 
NACIONALIDADE PASSIVA]. 
Nesta situação, além das condições previstas no § 2°, deve-se ainda observar se: a) não foi pedida 
ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
Obs.: Por existirem duas outras condições específicas (alíneas "a" e "b"), essa hipótese é 
chamada por alguns autores de extraterritorialidade hipercondicionada.5. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
	5.1. INTRODUÇÃO
	5.2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
	5.2.1. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO
	5.2.2. RETROATIVIDADE DA JURISPRUDÊNCIA
	5.3. TEMPO DO CRIME
	5.3.1. TEORIA DA ATIVIDADE X PRESCRIÇÃO
	5.4. LEI NOVA INCRIMINADORA/ “NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA”
	5.4.1. NOVATIO LEGIS IN PEJUS OU “LEX GRAVIOR”
	5.4.2. Sucessão de Lei mais grave no Crime Continuado e no Crime Permanente
	5.5. ABOLITIO CRIMINIS
	5.5.1. REQUISITOS DA ABOLITIO CRIMINIS
	5.5.2. EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS
	5.5.3. CONSEQUÊNCIAS DA ABOLITIO CRIMINIS
	5.5.4. NATUREZA JURÍDICA DA ABOLITIO CRIMINIS
	5.6. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS OU “LEX MITIOR”
	5.6.1. COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA
	5.7. PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO TÍPICA
	5.8. LEI INTERMEDIÁRIA
	5.9. LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
	5.9.1. CARACTERÍSTICAS DAS LEIS TEMPORÁRIAS E DAS LEIS EXCEPCIONAIS
	6. LEI PENAL NO ESPAÇO
	6.1. EFICÁCIA DA LEI PENAL NO ESPAÇO
	6.1.1. PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE
	6.1.2. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE ATIVA
	6.1.3. PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE PASSIVA
	6.1.4. PRINCÍPIO DA DEFESA (OU REAL)
	6.1.5. PRINCÍPIO DA JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL
	6.1.6. PRINCÍPIO DA REPRESENTAÇÃO (DO PAVILHÃO, DA BANDEIRA, DA SUBSTITUIÇÃO OU DA SUBSIDIARIEDADE)
	6.2. LUGAR DO CRIME
	6.2.1. CONFLITO INTERNO DE COMPETÊNCIA
	6.3. EXTRATERRITORIALIDADE
	6.3.1. EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA
	6.3.2. EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA
	6.3.2.1. Pena cumprida no estrangeiro
	6.3.3. EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA

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