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SISTEMA DE ENSINO DIREITO FINANCEIRO Precatórios Livro Eletrônico 2 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Sumário Precatórios ..................................................................................................................................................................................4 1. Conceituando o Tema .......................................................................................................................................................4 2. Prazo para Apresentação (§ 5º) ...............................................................................................................................5 3. Rito de Apreciação ............................................................................................................................................................6 4. Possibilidade de Sequestro (§ 6º) ..........................................................................................................................7 5. Crime de Responsabilidade (§ 7º) ..........................................................................................................................7 6. Normas Relevantes sobre Precatórios ..............................................................................................................9 7. Alcance ....................................................................................................................................................................................10 8. Regra Geral dos Precatórios ...................................................................................................................................12 9. Precatório Alimentar (§ 1º)........................................................................................................................................12 10. Superpreferência (§ 2º) ..............................................................................................................................................13 11. Requisições de Pequeno Valor (§ 3) ..................................................................................................................16 12. Complementação ou Suplementação de Precatórios (§ 8º) ...........................................................20 13. Compensação de Precatórios (§ 9º) ................................................................................................................24 14. Oferta de Créditos pelo Credor (§ 11) ..............................................................................................................26 15. Juros de Mora ..................................................................................................................................................................27 16. Correção Monetária.....................................................................................................................................................36 17. Cessão de Precatórios (§§ 13 e 14) ...................................................................................................................38 18. Amortização de Dívidas ............................................................................................................................................39 19. O Art. 78 do ADCT ........................................................................................................................................................40 20. Análise da EC n. 94/2016 ........................................................................................................................................42 20. Análise da EC n. 99/2017 (Atualizado com a EC n. 109/2021) e com a EC n. 113/2021 . 44 22. Outras Alterações Promovidas pela Emenda Constitucional n. 113/2021 ............................52 23. Alterações Promovidas pela Emenda Constitucional n. 114/2021 .............................................55 24. Pagamento de Precatórios do FUNDEF (EC n. 114/2021) .................................................................61 Jurisprudência ........................................................................................................................................................................63 Resumo .......................................................................................................................................................................................75 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Questões de Concurso ......................................................................................................................................................94 Gabarito ....................................................................................................................................................................................107 Gabarito Comentado ........................................................................................................................................................108 Referências .............................................................................................................................................................................137 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche PRECATÓRIOS Nas aulas anteriores falamos detalhadamente sobre as despesas públicas. Hoje vamos falar de uma das espécies de despesas: os precatórios. Devido à incidência cada vez maior desse tema nas provas, reservei uma aula para estudar- mos todos os detalhes separadamente. 1. ConCeituando o tema Vamos iniciar pelo conceito de precatório, que se desmembra em três partes principais. Trata-se de um ato que decorre do reconhecimento judicial de um crédito perante uma pessoa jurídica de direito público; por decisão transitada em julgado. Em outras palavras, haverá uma requisição formal de pagamento por meio da qual o Judi- ciário comunica o Poder Executivo a fim de que seja incluída no orçamento a verba necessária para o pagamento do credor. Nessa última definição podemos perceber claramente que o objetivo é a satisfação do crédito devido pela Fazenda Pública, reconhecido por decisão judicial definitiva. Vale lembrar que a origem dos pagamentos pode ser diversa: despesas empenhadas e li- quidadas; empenhadas e estornadas (empenhos por estimativa); empenhadas e anuladas (por vícios etc.) ou não empenhadas. Vamos conferir o que diz o caput do “famoso” art. 100 da Constituição Federal: Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. Duas observações relevantes: o artigo determina que os pagamentos serão feitos exclu- sivamente na ordem cronológica e que fica vedada a especificação de pessoas ou casos nas dotações orçamentárias. O que isso significa? Imagine que você tem um crédito com a Fazenda Pública, o Executivo incluirá no orçamen- to a verba necessária, mas não haverá designação (individualização)do seu nome ou do seu caso específico no orçamento. E por que o pagamento da Fazenda Pública é feito de modo diverso? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Lembre-se que nossa legislação veda a penhora de bens públicos. Assim, o único meio de cumprimento de decisões condenatórias que envolvam pagamento de dinheiro por parte do Estado serão os precatórios ou RPVs. Além disso, o regime do art. 100 garante a impessoalidade e a isonomia no pagamento dos débitos fazendários. 2. Prazo Para aPresentação (§ 5º) Nos termos do § 5º do art. 100, a solicitação de pagamento deverá ser realizada até 2 de abril de cada ano, sendo que os precatórios recebidos até essa data serão pagos até o final do próximo exercício, com atualização monetária do valor. Esse prazo é fruto da alteração promovida pela EC 114/21. Exemplo: se você tem um crédito com a Fazenda Pública no ano de 2021, poderá receber até o final de 2022 (desde que tenha apresentado até 2 de abril de 2021). Caso a apresentação seja feita após esse período, o pagamento será feito somente em 2023. Veja que com a alteração promovida, o precatório apresentado no dia 3 de abril somente terá o seu valor incluído no orçamento do ano subsequente ao seguinte (portanto, poderá ser pago em 33 meses). Essa polêmica alteração tem sido apontada como uma forma indireta de calote. Confira a previsão constitucional: § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precató- rios judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguin- te, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitu- cional nº 114, de 2021) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 001. (VUNESP/CÂMARA DE MAUÁ – SP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2019/ADAPTADA) é obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários apresentados até 31 de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte. Já vimos que a data de apresentação era até 1 de julho e passou a ser até 2 de abril, após mo- dificação pela EC n. 114/2021 (art.100 § 5º) Errado. 3. rito de aPreCiação O rito dos precatórios ocorre da seguinte forma: • O juiz da execução solicita ao presidente do tribunal o pagamento do crédito decorrente de sentença transitada em julgado. • O Presidente do tribunal requisita o pagamento ao poder Executivo (ofício requisitório). • O Poder Executivo inclui o pagamento no projeto de LOA, desde que requerido até 2 de abril. • O Tribunal fará o pagamento até o final do exercício seguinte. • A liberação das verbas ocorrerá em nome do presidente do Tribunal, que, por sua vez, encaminha os recursos ao juiz da execução. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Para facilitar a compreensão, confira o esquema abaixo: 4. Possibilidade de sequestro (§ 6º) Outra previsão interessante consta do § 6. Trata-se da possibilidade de sequestro caso não seja alocado no orçamento o valor para pagamento do crédito ou ainda no caso de não ser observada a ordem de preferência prevista nos §§ 1º e 2. Veja: § 6º As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o paga- mento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de preterimen- to de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva. 5. Crime de resPonsabilidade (§ 7º) Já no § 7 existe a previsão de crime de responsabilidade caso o Presidente do Tribunal, por ação ou omissão, acabe frustrando ou retardando o pagamento. Vamos conferir? § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de responsabilidade e responderá, também, perante o Conselho Nacional de Justiça. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 62, de 2009). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche • A atuação do Presidente do Tribunal nesse caso é apenas administrativa e não judicial. • É incabível recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de preca- tório (Súmula n. 733/STF); • Antes do pagamento, o Presidente do Tribunal, de ofício ou a requerimento das partes, poderá revisar as contas elaboradas para aferir o valor dos precatórios. (Lei n. 9.494/97, art. 1º-E). (VUNESP/CÂMARA DE ORLÂNDIA – SP/PROCURADOR JURÍDICO/2018/ADAPTADA) Cabe re- curso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios. A Súmula n. 733 do STF dispõe que não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios. Errado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 6. normas relevantes sobre PreCatórios Em destaque seguem outros dispositivos interessantes acerca dos precatórios: CPC Art. 535, § 3º Não impugnada a execução ou rejeitadas as arguições da executada: I – expedir-se-á, por intermédio do presidente do tribunal competente, precatório em favor do exe- quente, observando-se o disposto na Constituição Federal; II – por ordem do juiz, dirigida à autoridade na pessoa de quem o ente público foi citado para o processo, o pagamento de obrigação de pequeno valor será realizado no prazo de 2 (dois) meses contado da entrega da requisição, mediante depósito na agência de banco oficial mais próxima da residência do exequente. Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor em- bargos em 30 (trinta) dias. § 1º Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á preca- tório ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da Constituição Federal. A Lei n. 13.463/2017 prevê o cancelamentoe a restituição aos cofres públicos de todos os precatórios e RPVs que não tenham sido sacados no prazo de até 2 anos. Jurisprudência relevante: • está sujeito ao regime de precatórios para o pagamento de dívidas da Fazenda Pública, mesmo aquelas relativas às pendências acumuladas no período entre a impetração do mandado de segurança e a concessão da ordem. JURISPRUDÊNCIA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL. MANDADO DE SEGU- RANÇA. VALORES DEVIDOS ENTRE A DATA DA IMPETRAÇÃO E A IMPLEMENTAÇÃO DA ORDEM CONCESSIVA. SUBMISSÃO AO REGIME DE PRECATÓRIOS. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. REAFIRMAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. (STF-RE 889173 RG, DJ em 09/05/15). • Não é coberta pela coisa julgada material a disposição da sentença que, por erro, dis- pensa expedição de precatório em execução contra a Fazenda Pública. JURISPRUDÊNCIA […]Fazenda pública. Ação de desapropriação. Decisão. Enunciado decisório. Disposição sobre procedimento ou rito por adotar na execução. Dispensa errônea da expedição de precatório. Ofensa ao art. 100 da Constituição Federal. Alegação em embargos à execu- ção. Correção a qualquer tempo. Admissibilidade. Matéria não coberta pela coisa julgada O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm 10 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche material. Recurso extraordinário conhecido e provido. Não é coberta pela coisa julgada material e, como tal, pode ser corrigida a qualquer tempo, a disposição da sentença que, por erro, dispensando expedição de precatório em execução contra a Fazenda Pública, determina outro procedimento ou rito por adotar no processo executivo.(STF – RE: 470480 CE, DJ em 28/11/06) 7. alCanCe O regime de precatórios abrange os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distritais e municipais (administração direta). Casos específicos: • Autarquias e fundações: o Supremo Tribunal Federal entende que também gozam desse benefício, pois prestam serviços públicos. • Empresas públicas e sociedades de economia mista: o Supremo Tribunal Federal enten- de que estão sujeitas ao regime de precatórios desde que explorem serviços públicos típicos de estado. Por outro lado, não será aplicado às empresas públicas e sociedades controladas pelo Es- tado (dependentes) que possuam finalidade lucrativa ou concorrencial. JURISPRUDÊNCIA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. IMPENHORABILIDADE DE SEUS BENS, RENDAS E SERVIÇOS. RECEP- ÇÃO DO ART. 12 DO DECRETO-LEI n. 509/69. EXECUÇÃO. OBSERVÂNCIA DO REGIME DE PRECATÓRIO. APLICAÇÃO DO ART. 100 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. À empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa jurídica equiparada à Fazenda Pública, é aplicável o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços. Recepção do art. 12 do Decreto-lei n. 509/69 e não incidência da restrição contida no art. 173, § 1º, da Constituição Federal, que submete a empresa pública, a sociedade de eco- nomia mista e outras entidades que explorem atividade econômica ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. 2. Empresa pública que não exerce atividade econômica e presta serviço público da competência da União Federal e por ela mantido. Execução. Observância ao regime de precatório, sob pena de vulneração do disposto no art. 100 da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e provido (STF-RE 220906-9-DF,DJ em 14/11/02). FINANCEIRO. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. PAGAMENTO DE VALORES POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL. INAPLICABILIDADE DO REGIME DE PRECATÓRIO. ART. 100 DA CONSTITUIÇÃO. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche CUJA REPERCUSSÃO GERAL FOI RECONHECIDA. Os privilégios da Fazenda Pública são inextensíveis às sociedades de economia mista que executam atividades em regime de concorrência ou que tenham como objetivo distribuir lucros aos seus acionistas. Por- tanto, a empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. – Eletronorte não pode se beneficiar do sistema de pagamento por precatório de dívidas decorrentes de decisões judiciais (art. 100 da Constituição). Recurso extraordinário ao qual se nega provimento (STF- RE599628/DF, DJ em 14/10/11) […]Assim, é aplicável o regime dos precatórios às empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não con- correncial. (STF-ADPF 387-DJ em 23/03/17) Empresa de assistência técnica e extensão do Ceará (EMATERCE) […] Embora constitu- ída sob a forma de empresa pública, a EMATERCE desempenha atividade de Estado, em regime de exclusividade e sem finalidade de lucro, sendo inteiramente dependente do repasse de recursos públicos. Por não explorar atividade econômica em sentido estrito, sujeita-se, a cobrança dos débitos por ela devidos em virtude de condenação judicial, ao regime de precatórios (art. 100 da Constituição da República).(STF-ADPF 437 DJ em 05/10/20) São inconstitucionais os pronunciamentos judiciais que determinam bloqueios e outros atos de constrição sobre bens e valores da Companhia de Saneamento Ambiental do Dis- trito Federal (Caesb) para o pagamento de verbas trabalhistas. (STF/ADPF 890 MC-Ref/ DJ em 26/11/21 Informativo 1039) • Conselhos de fiscalização: o STF entende pela inaplicabilidade do regime de precató- rios. JURISPRUDÊNCIA EXECUÇÃO – CONSELHOS – ÓRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO – DÉBITOS – DECISÃO JUDI- CIAL. A execução de débito de Conselho de Fiscalização não se submete ao sistema de precatório.(STF-RE 938837, DJ em 22/09/17) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=754002528 12 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 8. regra geral dos PreCatórios O art. 100 sofreu inúmeras alterações. Uma delas foi trazida pela EC n. 94/2016 (alteração do § 2º e inclusão de novos parágrafos). Em regra, aplica-se o que já falamos acerca do procedimento para pagamento dos preca- tórios, ou seja, serão encaminhados pelo juiz da execução ao presidente do Tribunal, a quem cabe requisitar referida verba, apresentando um comunicado à Fazenda Pública, obedecendo o prazo para pagamento do § 5. 9. PreCatório alimentar (§ 1º) Trata-se de uma espécie de precatório que será pago com preferência em relação aos demais. Quais débitos são considerados alimentares? O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Confira: § 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aquelesdecorrentes de salários, vencimen- tos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial transita- da em julgado, e serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 62, de 2009). Embora os débitos de natureza alimentícia não precisem aguardar a ordem cronológica de precatório judicial ordinário, há necessidade de expedir precatório (Súmula n 655/STF). Portanto, eles fogem somente à ordem regular de pagamento, mas continuam submetidos ao regime de precatórios. 10. suPerPreferênCia (§ 2º) O § 2º trata de um grupo de preferência, que terá prioridade sobre o § 1º (são os super- preferentes). Vale ressaltar que o § 2º depende do § 1º (existe uma superpreferência dentro dos preferentes). Dessa forma, dentre os precatórios alimentares, serão pagos primeiramente aqueles que pertencerem aos titulares, originários ou por sucessão hereditária que se enquadrem em uma das situações abaixo: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche § 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares, originários ou por sucessão hereditária, te- nham 60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de doença grave, ou pessoas com defici- ência, assim definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apre- sentação do precatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 94, de 2016) Repare que o pagamento preferencial nesse caso será feito somente em relação ao valor do triplo fixado em lei para os RPVs, sendo admitido o fracionamento para esse fim. EXEMPLO O valor das RPVs no âmbito federal é de 60 salários mínimos. João é maior de 60 anos e tem um precatório de natureza alimentícia para ser recebido no valor de 300 salários mínimos. É possível o fracionamento desse valor, a fim de que ele receba 180 salários mínimos (3x o valor da RPV) como superpreferente, nos termos do § 2. O valor que ultrapassar essa determinação será pago na ordem cronológica de apresentação. Ressalto o entendimento do STF de que para fins de aplicação do § 2º considera-se qual- quer tipo de sucessão, não somente a hereditária. Dessa forma, a cessão do crédito não irá alterar a natureza preferencial do crédito. Veja como fica a ordem de preferência entre precatórios comuns, alimentares e super- preferentes: O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche É inconstitucional a expressão na data da expedição do precatório (que constava no § 2º) determinando que aqueles que completam 60 anos ou contraem doença grave, mesmo após a expedição do precatório, serão abrangidos pela preferência (STF-ADI /DF-DJ em 25/09/14) Não contraria o disposto no art. 100, § 2º, da Constituição o pagamento de mais de um preca- tório dentro da sistemática da “superpreferência” estabelecida no referido dispositivo, a um só credor e no mesmo exercício orçamentário[…].(STF- RE 964.577 AgR, DJ em 19/12/17). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=14221174 16 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 11. requisições de Pequeno valor (§ 3) O § 3º do art. 100 busca dar maior agilidade aos pagamentos de pequeno valor (RPVs). Desse modo, as RPVs não se subordinam à regra geral vista anteriormente, já que o pagamen- to ocorrerá logo após o trânsito em julgado da decisão. Veja: § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado Quanto aos valores, o § 4º determina que poderão ser fixados, por leis próprias e que po- derão ser distintos para cada entidade de direito público, observando-se as diferentes capaci- dades econômicas. Entretanto, o § 4º exige que o valor mínimo seja igual ao valor do maior benefício do regi- me geral de previdência social. No caso da União, o art. 17, § 1º da Lei n. 10.259/2002 estabeleceu o valor igual ou inferior a 60 salários mínimos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche No que se refere aos estados e municípios, o art. 87 do ADCT estipula as seguintes regras, enquanto não houver lei própria elaborada pelos entes: Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: (Incluído pela Emenda Constitucional n. 37, de 2002) I – quarenta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional n. 37, de 2002) II – trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucio- nal n. 37, de 2002) Parágrafo único. Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido neste artigo, o pagamento far- -se-á, sempre, por meio de precatório, sendo facultada à parte exequente a renúncia ao crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma previs- ta no § 3º do art. 100. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 37, de 2002) Veja que o parágrafo único permite que o credor renuncie ao valor excedente para se en- quadrar no regime das RPVs. Vamos dar um exemplo aplicando o valor de 40 salários mínimos definido no art. 87,I do ADCT: Obs.: � João tem um crédito de 100 salários mínimos para ser recebido. Ele poderá optar por receber 40 salários mínimos em RPV, mas para isso terá que renunciar ao valor exce- dente (60 salários mínimos). (FAUEL/PREFEITURA DE JANDAIA DO SUL – PR//ASSESSOR JURÍDICO/2019) Conforme a Constituição da República, são considerados de pequeno valor, para fins de submissão ou não ao regime de precatório os débitos que tenham valor igual ou inferior a trinta salários mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. Nos termos do art.87, II do ADCT: Art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: II – trinta salários-mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. Certo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Jurisprudência relevante: • O STF entende que os Estados-membros podem editar leis reduzindo a quantia consi- derada como de pequeno valor, para fins de RPV, prevista no art.87 do ADCT da CF/1988 (STF- ADI n. 4332/RO, DJ em 07/03/18) • Cada ente poderá estabelecer o seu limite de RPV, a ser pago em até 60 dias (STF/708) JURISPRUDÊNCIA Os entes federados são competentes para estabelecer, por meio de leis próprias e segundo a sua capacidade econômica, o valor máximo das respectivas obrigações de pequeno valor, não podendo tal valor ser inferior àquele do maior benefício do regime geral de previdência social (art. 100, §§ 3º e 4º, da Constituição Federal, na redação da Emenda Constitucional 62/2009). […] A aferição da capacidade econômica do ente federado, para fins de delimitação do teto para o pagamento de seus débitos por meio de requisição de pequeno valor, não se esgota na verificação do quantum da receita do Estado, mercê de esta quantia não refletir, por si só, os graus de endividamento e de litigiosidade do ente federado (STF-ADI 5.100, DJ em 14/05/20) A autonomia expressamente reconhecida na Constituição de 1988 e na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal aos estados-membros para dispor sobre obrigações de pequeno valor restringe-se à fixação do valor referencial. Pretender ampliar o sentido da jurisprudência e do que está posto nos §§ 3º e 4º do art. 100 da Constituição, de modo a afirmar a competência legislativa do estado-membro para estabelecer também o prazo para pagamento das RPV, é passo demasiadamente largo. (STF-ADI 5534-DJ em 12/02/21) Tema 28 (Repercussão Geral – RE 1205530 – Min. Marco Aurélio, DJ em 05/06/20): Surge constitucional expedição de precatório ou requisição de pequeno valor para pagamento da parte incontroversa e autônoma do pronunciamento judicial transitada em julgado observada a importância total executada para efeitos de dimensionamento como obriga- ção de pequeno valor. No caso de ações que possuam vários litisconsortes, será observado o valor individual devido a cada um deles e não o valor total da ação, para fins de enquadramento no proce- dimento da RPV (STJ-RESP 1257935-DJ em 18/10/12) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. EXECUÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA PROPOSTA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. PAGAMENTO POR MEIO DE REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR – RPV. INEXISTÊNCIA DO FRACIONAMENTO DE QUE TRATA O § 8º DO ART. 100 DA CONSTITUIÇÃO. REPERCUSSÃO GERAL CONFIGURADA. REAFIRMAÇÃO DA JURIS- PRUDÊNCIA. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=752650396 19 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 1. Não viola o art. 100, § 8º, da Constituição Federal a execução individual de sentença condenatória genérica proferida contra a Fazenda Pública em ação coletiva visando à tutela de direitos individuais Homogêneos (STF- ARE 925754 RG / PR-julgado em 17/12/15) AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA. EXPEDIÇÃO DE PRECATÓRIO SOBRE A PARCELA INCON- TROVERSA. POSSIBILIDADE. IMPROVIMENTO. 1. “1. Em exame embargos de divergência apresentados com o objetivo de impugnar acórdão segundo o qual é possível a expedição de precatório referente à parte incontro- versa da dívida, ainda que a executada seja a Fazenda Pública. 2. A consolidada jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça expressa o enten- dimento de que, segundo o estabelecido no art. 739, § 2º, do CPC, é possível a expedi- ção de precatório sobre a parcela incontroversa da dívida (posto que não embargada), mesmo na hipótese de a União (Fazenda Pública) ocupar o pólo passivo na ação de exe- cução. […] (STJ – AgRg no Ag 1185426 RJ 2009/0083596-8, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 18/05/2010, T1 – PRIMEIRA TURMA, Data de Publi- cação: DJe 04/06/2010) (CESPE/PGE/PERNAMBUCO/PROCURADOR/2018/ADAPTADA) Quando da impugnação par- cial feita pela fazenda pública, deve-se aguardar o trânsito em julgado da discussão acerca da parcela controvertida para iniciar-se a execução da parcela incontroversa. Pois como vimos, o STJ admite a execução da parcela incontroversa antes do trânsito em jul- gado da discussão acerca da parcela controvertida. Errado. E se ocorrer a alteração do teto do RPV após o trânsito em julgado da ação? Nesse caso, o STF entendeu que a lei disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de execução via precatório possui natureza material e processual, sendo inaplicável a situação jurídica constituída em data que a anteceda. Tema 792 (Repercussão Geral – RE 729107 DJ em 08/06/20) Pela decisão, não se aplica o valor reduzido dos RPVs aos processos em que já houve trânsito em julgado, pois isso configuraria retroatividade e violação da segurança jurídica em desfavor dos credores. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 12. ComPlementação ou suPlementação de PreCatórios (§ 8º) Antes de adentrarmos no assunto, vamos entender em que consiste a complementação e a suplementação de precatórios: • Complementação: a dívida não foi inteiramente paga. • Suplementação: houve pagamento integral, mas é necessária a quitação de juros e cor- reção monetária. De acordo com o STF, nos casos de complementação, será expedido um novo precatório a fim de que a Fazenda Pública faça o pagamento, sendo desnecessária nova citação. Pois bem, o § 8veda a expedição de precatórios complementares ou suplementares de va- lor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º (que trata das RPVs). EXEMPLO No âmbito federal o RPV é de 60 salários mínimos. O valor discutido em um determinado caso é de 80 salários mínimos, sendo que o valor incon- troverso é de 40 salários mínimos. Não é possível expedir RPV do valor incontroverso, pois o valor total discutido nos autos é maior que 60 salários mínimos. Conclusão: para fins de expedição de RPV observa-se o total do valor discutido (80) e não somente o valor incontroverso (40). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.brhttps://www.grancursosonline.com.br 21 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP/PROCURADOR/2019/ADAPTADA) É admitido, para fins de pagamento com preferência, o fracionamento do débito, assim como a emissão de precatório complementar ou suplementar, de maneira a resultar em débitos consi- derados como de pequeno valor pela legislação. Pois afirma exatamente o contrário do que está previsto no § 8: É vedada a expedição de precatórios complementares ou suplementares de valor pago, bem como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução para fins de enquadramento de parcela do total ao que dispõe o § 3º deste artigo. Errado. Análise de casos específicos: I – Débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 anos de idade ou mais, se- jam portadores de doença ou com deficiência (§ 2º): Poderão fracionar para que sejam pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor limite já estudado (triplo do definido em lei para RPV’S). Lembre-se que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório alimentar. II – Possibilidade de fracionamento de honorários de natureza alimentar: JURISPRUDÊNCIA Súmula Vinculante n. 47: Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou des- tacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza ali- mentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. ALEGADO FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA DE ESTADO-MEMBRO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR, A QUAL NÃO SE CONFUNDE COM O DÉBITO PRIN- CIPAL. AUSÊNCIA DE CARÁTER ACESSÓRIO. TITULARES DIVERSOS. POSSIBILIDADE DE PAGAMENTO AUTÔNOMO. REQUERIMENTO DESVINCULADO DA EXPEDIÇÃO DO OFÍCIO REQUISITÓRIO PRINCIPAL. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL DE REPARTIÇÃO DE EXECUÇÃO PARA FRAUDAR O PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. RECURSO AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.(STF-RE 564132/RS, DJ em 27/03/18) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche III – Impossibilidade de fracionamento de honorários contratuais: A SV 47 garante o fracionamento de execução contra a Fazenda Pública para pagamento do valor correspondente aos honorários advocatícios de sucumbência, entretanto não asse- gura o direito à expedição de RPV em separado para o pagamento de honorários contratuais. JURISPRUDÊNCIA Agravo regimental no recurso extraordinário. Processual Civil. Honorários advocatícios contratuais. Fracionamento para pagamento por RPV ou precatório. Impossibilidade. Súmula Vinculante n. 47. Inaplicabilidade. Precedentes. 1. A jurisprudência da Corte é firme no sentido de que a Súmula Vinculante n. 47 não alcança os honorários contratuais resultantes do contrato firmado entre advogado e cliente, não abrangendo aquele que não fez parte do acordo. 2. O Supremo Tribunal Federal já assentou a inviabilidade de expedição de RPV ou de precatório para pagamento de honorários contratuais dissociados do principal a ser requisitado, à luz do art. 100, § 8º, da Constituição Federal. 3. Agravo regimental não provido. (STF- RE 1.094.439- DJ em 19/03/18) IV – Impossibilidade de fracionamento de honorários em ação coletiva contra a Fazen- da Pública: Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio ativo facul- tativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o regime do precatório. A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma só, fixada de forma global, pois se trata de um único processo, e, portanto, consiste em título a ser executado de forma una e indivisível. No caso, discutiu-se a possibilidade de execução fracionada contra a Fazenda Pública de honorários advocatícios fixados em ação proposta em regime de litisconsórcio ativo facultati- vo. Com o trânsito em julgado da sentença, foram promovidas tantas execuções quantos eram os litisconsortes. Considerado o valor de cada execução, postulou-se o pagamento por meio de Requisição de Pequeno Valor (RPV). […]No entanto, para o Colegiado, os honorários su- cumbenciais não se confundem com o crédito dos patrocinados. Inexiste, aqui, a pluralidade de autores, de titulares do crédito, ou seja, não há litisconsórcio. A quantia devida a título de honorários advocatícios é uma só, fixada de forma global, e consiste em título a ser executado de forma una e indivisível. O fato de o patrono ter atuado em causa plúrima não torna plúrimo também o seu crédito. A verba advocatícia é única, visto ser calculada sobre o montante total devido, ainda que esse consista na soma de vários créditos unitários. Como se trata de credor e devedor único, não há como parcelar o débito, sob pena de gerar desequilíbrio e frustração do que está determinado no art. 100 (1) da Constituição Federal (CF), prejudicando-se a Fazenda. A verba honorária goza de autonomia em relação ao crédito principal, podendo ser destacada O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula806/false https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula806/false https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 23 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche do montante da execução. Assim, o fracionamento dessa parcela caracteriza, indubitavelmen- te, hipótese vedada pelo art. 100, § 8º (2), da CF. (STF- RE 91926RS- DJ em 07/02/2019) V – Possibilidade de pagamento singularizado dos valores devidos a partes integrantes litis- consórcio facultativo simples: JURISPRUDÊNCIA REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. VEDAÇÃO CONSTITUCIONAL DE FRACIONAMENTO DE EXECUÇÃO PARA FRAUDAR O PAGAMENTO POR PRECATÓRIO. ART. 100, § 8º (ORIGINARIAMENTE § 4º), DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO SIMPLES. CONSIDERAÇÃO INDIVIDUAL DOS LITISCONSORTES: CONSTITUCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Ausência de prequestionamento quanto à alegação de inconstitucionalidade da RESO- LUÇÃO n. 199/2005 do Tribunal de Justiça de São Paulo e quanto ao fracionamento dos honorários advocatícios. Incidência das Súmulas 282 e 356. 2. A execução ou o pagamento singularizado dos valores devidos a partes integrantes de litisconsórcio facultativo simples não contrariam o § 8º (originariamente § 4º) do art. 100 da Constituição da República. A forma de pagamento, por requisição de pequeno valor ou precatório, dependerá dos valores isoladamente considerados. 3. Recurso extraordinário ao qual se nega provimento (STF-RE 568645/SP DJ em 24/09/09) VI – Impossibilidade do fracionamento para pagamento de custas por meio de RPV JURISPRUDÊNCIA É incabível o fracionamento do valor de precatório em execução de sentença contra a Fazenda Pública, com o objetivo de se efetuar o pagamento de custas processuais por meio de requisição de pequeno valor – RPV. A execução das verbas acessórias não seria autônoma, devendo ser apreciada em conjunto com a condenação principal. Assim, a execução das custas processuais não poderia ser feita de modo independente e deveria ocorrerem conjunto com a do precatório que diz respeito ao total do crédito. (STF-RE 544479/RS-DJ em 27/07/07) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 13. ComPensação de PreCatórios (§ 9º) Os §§ 9º e 10 do art. 100 tratavam da possibilidade de compensação de ofício a ser re- alizada pela Fazenda Pública, inclusive com o abatimento de parcelas vincendas de dívidas do credor. Entretanto, o STF suspendeu esses dispositivos por entender que essa compensação au- tomática violaria o princípio da isonomia dando tratamento privilegiado ao credor fazendário. Confira a antiga previsão dos §§ 9º e 10: § 9º No momento da expedição dos precatórios, independentemente de regulamentação, deles de- verá ser abatido, a título de compensação, valor correspondente aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda Pública devedora, in- O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche cluídas parcelas vincendas de parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja suspensa em virtude de contestação administrativa ou judicial.(Incluído pela Emenda Constitucional n. 62, de 2009). (Vide ADI n. 4425) § 10 Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de abatimento, informação sobre os débitos que preencham as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele previstos. (Incluído pela Emenda Constitucional n. 62, de 2009). (Vide ADI n. 4425) Segue o julgado sobre o tema: JURISPRUDÊNCIA DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL n. 62/2009. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE INTERSTÍCIO CONSTITUCIONAL MÍNIMO ENTRE OS DOIS TURNOS DE VOTAÇÃO DE EMENDAS À LEI MAIOR (CF, ART. 60, § 2º). CONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE “SUPERPREFERÊNCIA” A CREDO- RES DE VERBAS ALIMENTÍCIAS QUANDO IDOSOS OU PORTADORES DE DOENÇA GRAVE. RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E À PROPORCIONALIDADE. INVALIDADE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA LIMITAÇÃO DA PREFERÊNCIA A IDOSOS QUE COM- PLETEM 60 (SESSENTA) ANOS ATÉ A EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA (CF, ART. 5º). INCONSTITUCIONALIDADE DA SIS- TEMÁTICA DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS EM PRO- VEITO EXCLUSIVO DA FAZENDA PÚBLICA. EMBARAÇO À EFETIVIDADE DA JURISDIÇÃO (CF, ART. 5º, XXXV), DESRESPEITO À COISA JULGADA MATERIAL (CF, ART. 5º XXXVI), OFENSA À SEPARAÇÃO DOS PODERES (CF, ART. 2º) E ULTRAJE À ISONOMIA ENTRE O ESTADO E O PARTICULAR (CF, ART. 1º, CAPUT, C/C ART. 5º, CAPUT). (STF-ADI n. 4.357/ DF- DJ em 04/08/15) A Emenda Constitucional 113/21 trouxe nova redação para o § 9º. Veja: § 9º Sem que haja interrupção no pagamento do precatório e mediante comunicação da Fazenda Pública ao Tribunal, o valor correspondente aos eventuais débitos inscritos em dívida ativa contra o credor do requisitório e seus substituídos deverá ser depositado à conta do juízo responsável pela ação de cobrança, que decidirá pelo seu destino definitivo. Conclusão: a compensação não pode mais ser realizada de ofício pela Fazenda Pública. Entretanto, a nova redação do §9 permite que o juízo da Fazenda Pública examine a compen- sação de créditos de modo mais abrangente (podendo reconhecer eventuais elementos que possam afetar o montante ou a existência da dívida, como prescrição, decadência, anistia etc) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=4425&processo=4425 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=4425&processo=4425 26 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Essa vedação também se aplica no caso de RPVs. 14. oferta de Créditos Pelo Credor (§ 11) De acordo com o § 11, alterado pela EC 113/21, o credor poderá ofertar créditos líquidos e certos que originalmente lhe são próprios ou adquiridos de terceiros reconhecidos pelo ente federativo ou por decisão judicial transitada em julgado para: • quitação de débitos parcelados ou débitos inscritos em dívida ativa do ente federativo devedor, inclusive em transação resolutiva de litígio, e, subsidiariamente, débitos com a administração autárquica e fundacional do mesmo ente; • compra de imóveis públicos de propriedade do mesmo ente disponibilizados para venda; • pagamento de outorga de delegações de serviços públicos e demais espécies de con- cessão negocial promovidas pelo mesmo ente; • aquisição, inclusive minoritária, de participação societária, disponibilizada para venda, do respectivo ente federativo; ou • compra de direitos, disponibilizados para cessão, do respectivo ente federativo, inclusi- ve, no caso da União, da antecipação de valores a serem recebidos a título do excedente em óleo em contratos de partilha de petróleo. Essa faculdade também poderá ser utilizada em relação a precatórios expedidos contra Esta- dos e Municípios, entretanto, isso dependerá de leis dos respectivos entes. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 15. Juros de mora JURISPRUDÊNCIA TEMA 1.037 (Repercussão Geral – RE 1169289-DJ em 15/06/20): O enunciado da Súmula Vinculante n. 17 não foi afetado pela superveniência da Emenda Constitucional 62/2009, de modo que não incidem juros de mora no período de que trata o § 5º do art. 100 da Constituição. Havendo o inadimplemento pelo ente público devedor, a fluência dos juros inicia-se após o ‘período de graça’. Vale relembrar o disposto no § 5 (citado no julgado acima): § 5º É obrigatória a inclusão no orçamento das entidades de direito público de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado constantes de precató- rios judiciários apresentados até 2 de abril, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguin- te, quando terão seus valores atualizados monetariamente. (Redação dada pela Emenda Constitu- cional n. 114, de 2021) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Qual a origem da discussão contida no tema 1037? Para entender o enunciado do Tema 1037 é importante quevocê tenha conhecimento do histórico que antecedeu a discussão. Bom, havia uma controvérsia acerca do momento de atualização dos valores diante das redações (aparentemente conflitantes), da SV 17 e do § 12 do art. 100 da CF: JURISPRUDÊNCIA Súmula vinculante n. 17: durante o período previsto no parágrafo 1 do art. 100 da Consti- tuição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. Nos termos da súmula, portanto, no período compreendido entre a expedição do precatório e o término do exercício subsequente, a Fazenda Pública não estará em mora. Redação do § 12 (EC n. 62/2009): a atualização de valores de requisitórios, após sua ex- pedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança ficando excluída a incidência de juros compensatórios. Alguns entendiam que ocorreu a revogação tácita da Súmula Vinculante n. 17 e que o § 12 eliminaria a isenção dos juros de mora nela prevista. Como ressaltei no início desse tópico, a questão foi resolvida no julgamento do Tema 1.037 (Repercussão Geral – RE 1adct 289-DJ em 15/06/20). Vale destacar outros questionamentos que surgiram acerca da redação do § 12 (objeto da ADI n. 4.357). • O critério de atualização dos precatórios pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança foi considerado inconstitucional pelo STF. • Restou assentado que os precatórios tributários deveriam seguir os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos. (No caso da União, usamos a taxa Selic) • O Tribunal declarou inconstitucional a expressão independente de sua natureza, tendo em vista que possibilitava que os precatórios de natureza tributária também fossem corrigidos pelo índice da caderneta de poupança, enquanto os juros de mora incidentes sobre os créditos tributários são corrigidos pela SELIC, causando prejuízo ao contribuin- te e ferindo a isonomia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Na modulação de efeitos efetuada pelo STF, foram determinadas regras diferentes a de- pender da data de expedição dos precatórios (tendo como marco inicial a data de conclusão do julgamento da questão de ordem (25.03.2015). Confira: • manter a vigência do regime especial de pagamento de precatórios instituído pela Emen- da Constitucional n. 62/2009 por 5 (cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016. • confere-se eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos seguintes as- pectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do julgamento da presen- te questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber: − fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos da Emenda Constitucional n. 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual: ◦ os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consu- midor Amplo Especial (IPCA-E) ◦ os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fa- zenda Pública corrige seus créditos tributários; e ◦ ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base nos arts. 27 das Leis n. 12.919/2013 e n. 13.080/2015, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche Veja as principais decisões sobre o tema: JURISPRUDÊNCIA DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL n. 62/2009. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE INTERSTÍCIO CONSTITUCIONAL MÍNIMO ENTRE OS DOIS TURNOS DE VOTAÇÃO DE EMENDAS À LEI MAIOR (CF, ART. 60, § 2º). CONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE “SUPERPREFERÊNCIA” A CRE- DORES DE VERBAS ALIMENTÍCIAS QUANDO IDOSOS OU PORTADORES DE DOENÇA GRAVE. RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E À PROPORCIONALIDADE. INVA- LIDADE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA LIMITAÇÃO DA PREFERÊNCIA A IDOSOS QUE COMPLETEM 60 (SESSENTA) ANOS ATÉ A EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO. DISCRIMINA- ÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA (CF, ART. 5º). INCONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS EM PRO- VEITO EXCLUSIVO DA FAZENDA PÚBLICA. […]INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZA- ÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DOS CRÉDITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS, QUANDO ORIUN- DOS DE RELAÇÕES JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CF, ART. 5º, CAPUT). INCONSTITUCIONALIDADE DO REGIME ESPECIAL DE PAGAMENTO. OFENSA À CLÁU- SULA CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE DIREITO (CF, ART. 1º, CAPUT), AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF, ART. 2º), AO POSTULADO DA ISONOMIA (CF, ART. 5º, CAPUT), À GARANTIA DO ACESSO À JUSTIÇA E A EFETIVIDADE DA TUTELA JURISDI- CIONAL (CF, ART. 5º, XXXV) E AO DIREITO ADQUIRIDO E À COISA JULGADA (CF, ART. 5º, XXXVI). PEDIDO JULGADO PROCEDENTE EM PARTE. […] 2. Os precatórios devidos a titulares idosos ou que sejam portadores de doença grave devem submeter-se ao pagamento prioritário, até certo limite, posto metodologia que promove, com razoabilidade, a dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e a proporcio- nalidade (CF, art. 5º, LIV), situando-se dentro da margem de conformação do legislador constituinte para operacionalização da novel preferência subjetiva criada pela Emenda Constitucional n. 62/2009. 3. A expressão “na data de expedição do precatório”, contida no art. 100, § 2º, da CF, com redação dada pela EC n. 62/2009, enquanto baliza temporal para a aplicação da prefe- rência no pagamento de idosos, ultraja a isonomia (CF, art. 5º, caput) entre os cidadãos credores da Fazenda Pública, na medida em que discrimina, sem qualquer fundamento, aqueles que venham a alcançar a idade de sessenta anos não na data da expedição do precatório, mas sim posteriormente, enquanto pendente este e ainda não ocorrido o pagamento. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 4. A compensação dos débitos da Fazenda Pública inscritos em precatórios, previsto nos §§ 9º e 10 do art. 100 da Constituição Federal, incluídos pela EC n. 62/2009, embaraça a efetividade da jurisdição (CF, art. 5º, XXXV), desrespeita a coisa julgada material (CF, art. 5º, XXXVI), vulnera a Separação dos Poderes (CF, art. 2º) e ofende a isonomia entre o Poder Público e o particular (CF, art. 5º, caput), cânone essencial do Estado Democrático de Direito (CF, art. 1º, caput). 5. O direito fundamental de propriedade (CF, art. 5º, XXII) resta violado nas hipóteses em que a atualização monetária dos débitos fazendários inscritos emprecatórios perfaz-se segundo o índice oficial de remuneração da caderneta de poupança, na medida em que este referencial é manifestamente incapaz de preservar o valor real do crédito de que é titular o cidadão. É que a inflação, fenômeno tipicamente econômico-monetário, mostra- -se insuscetível de captação apriorística (ex ante), de modo que o meio escolhido pelo legislador constituinte (remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a promover o fim a que se destina (traduzir a inflação do período). 6. A quantificação dos juros moratórios relativos a débitos fazendários inscritos em pre- catórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança vulnera o princípio constitucional da isonomia (CF, art. 5º, caput) ao incidir sobre débitos estatais de natu- reza tributária, pela discriminação em detrimento da parte processual privada que, salvo expressa determinação em contrário, responde pelos juros da mora tributária à taxa de 1% ao mês em favor do Estado (ex vi do art. 161, § 1º, CTN). Declaração de inconstitucio- nalidade parcial sem redução da expressão “independentemente de sua natureza”, con- tida no art. 100, § 12, da CF, incluído pela EC n. 62/2009, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, sejam aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário. 7. O art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com redação dada pela Lei n. 11.960/2009, ao reproduzir as regras da EC n. 62/2009 quanto à atualização monetária e à fixação de juros morató- rios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios de juridicidade que inquinam o art. 100, § 12, da CF, razão pela qual se revela inconstitucional por arrasta- mento, na mesma extensão dos itens 5 e 6 supra. 8. O regime “especial” de pagamento de precatórios para Estados e Municípios criado pela EC n. 62/2009, ao veicular nova moratória na quitação dos débitos judiciais da Fazenda Pública e ao impor o contingenciamento de recursos para esse fim, viola a cláusula cons- titucional do Estado de Direito (CF, art. 1º, caput), o princípio da Separação de Poderes (CF, art. 2º), o postulado da isonomia (CF, art. 5º), a garantia do acesso à justiça e a efeti- vidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV), o direito adquirido e à coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI). 9. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente em parte. (STF-ADI n. 4.357/DF- DJ em 14/03/13) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche QUESTÃO DE ORDEM. MODULAÇÃO TEMPORAL DOS EFEITOS DE DECISÃO DECLA- RATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE (LEI N. 9.868/1999, ART. 27). POSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE ACOMODAÇÃO OTIMIZADA DE VALORES CONSTITUCIONAIS CON- FLITANTES. PRECEDENTES DO STF. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL n. 62/2009. EXISTÊNCIA DE RAZÕES DE SEGURANÇA JURÍDICA QUE JUSTIFICAM A MANUTENÇÃO TEMPORÁRIA DO REGIME ESPECIAL NOS TERMOS EM QUE DECIDIDO PELO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. A modulação temporal das decisões em controle judicial de constitucionalidade decorre diretamente da Carta de 1988 ao consubstanciar instrumento voltado à acomodação oti- mizada entre o princípio da nulidade das leis inconstitucionais e outros valores constitu- cionais relevantes, notadamente a segurança jurídica e a proteção da confiança legítima, além de encontrar lastro também no plano infraconstitucional (Lei n. 9.868/1999, art. 27). Precedentes do STF: ADI n. 2.240; ADI n. 2.501; ADI n. 2.904; ADI n. 2.907; ADI n. 3.022; ADI n. 3.315; ADI n. 3.316; ADI n. 3.430; ADI n. 3.458; ADI n. 3.489; ADI n. 3.660; ADI n. 3.682; ADI n. 3.689; ADI n. 3.819; ADI n. 4.001; ADI n. 4.009; ADI n. 4.029. 2. In casu, modulam-se os efeitos das decisões declaratórias de inconstitucionalidade proferidas nas ADIs n. 4.357 e 4.425 para manter a vigência do regime especial de paga- mento de precatórios instituído pela Emenda Constitucional n. 62/2009 por 5 (cinco) exercícios financeiros a contar de primeiro de janeiro de 2016. 3. Confere-se eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do julgamento da pre- sente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os precatórios expedidos ou pagos até esta data, a saber: (i) fica mantida a aplicação do índice oficial de remuneração básica da caderneta de pou- pança (TR), nos termos da Emenda Constitucional n. 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (a) os créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (b) os precatórios tributários deverão observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários; e (ii) ficam resguardados os precatórios expedidos, no âmbito da administração pública federal, com base nos arts. 27 das Leis n. 12.919/2013 e n. 13.080/2015, que fixam o IPCA-E como índice de correção monetária. 4. Quanto às formas alternativas de pagamento previstas no regime especial: (i) consideram-se válidas as compensações, os leilões e os pagamentos à vista por ordem crescente de crédito previstos na Emenda Constitucional n. 62/2009, desde que realiza- dos até 25.03.2015, data a partir da qual não será possível a quitação de precatórios por tais modalidades; O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche (ii) fica mantida a possibilidade de realização de acordos diretos, observada a ordem de preferência dos credores e de acordo com lei própria da entidade devedora, com redução máxima de 40% do valor do crédito atualizado. 5. Durante o período fixado no item 2 acima, ficam mantidas (i) a vinculação de percentuais mínimos da receita corrente líquida ao pagamento dos precatórios (art. 97, § 10, do ADCT) e (ii) as sanções para o caso de não liberação tempestiva dos recursos destinados ao paga- mento de precatórios (art. 97, § 10, do ADCT). 6. Delega-se competência ao Conselho Nacional de Justiça para que considere a apre- sentação de proposta normativa que discipline (i) a utilização compulsória de 50% dos recursos da conta de depósitos judiciais tributá- rios para o pagamento de precatórios e (ii) a possibilidade de compensação de precatórios vencidos, próprios ou de terceiros, com o estoque de créditos inscritos em dívida ativa até 25.03.2015, por opção do credor do precatório. 7. Atribui-se competência ao Conselho Nacional de Justiça para que monitore e supervi- sione o pagamento dos precatórios pelos entes públicos na forma da presente decisão. (STF-ADI n. 4.357/DF- 04/08/15) DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORA- TÓRIOS INCIDENTE SOBRE CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-F DA LEI n. 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI n. 11.960/2009. IMPOSSI- BILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. VIOLAÇÃO AO DIREITO FUNDAMENTAL DE PROPRIEDADE (CRFB, ART. 5º, XXII). INADEQUAÇÃO MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS. INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DE CONDENAÇÕES IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA, QUANDO ORIUNDAS DE RELA- ÇÕES JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA EVIOLAÇÃO À ISONO- MIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CRFB, ART. 5º, CAPUT). RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput), no seu núcleo essencial, revela que o art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, os quais devem observar os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remu- nera seu crédito; nas hipóteses de relação jurídica diversa da tributária, a fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitu- cional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto legal supramencionado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 2. O direito fundamental de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII) repugna o disposto no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, porquanto a atuali- zação monetária das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança não se qualifica como medida adequada a capturar a variação de preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina. 3. A correção monetária tem como escopo preservar o poder aquisitivo da moeda diante da sua desvalorização nominal provocada pela inflação. É que a moeda fiduciária, enquanto instrumento de troca, só tem valor na medida em que capaz de ser transfor- mada em bens e serviços. A inflação, por representar o aumento persistente e generali- zado do nível de preços, distorce, no tempo, a correspondência entre valores real e nomi- nal (cf. MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro, LTC 2010, p. 94; DORNBUSH, R.; FISCHER, S. e STARTZ, R. Macroeconomia. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 2009, p. 10; BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2006, p. 29). 4. A correção monetária e a inflação, posto fenômenos econômicos conexos, exigem, por imperativo de adequação lógica, que os instrumentos destinados a realizar a primeira sejam capazes de capturar a segunda, razão pela qual os índices de correção monetária devem consubstanciar autênticos índices de preços. 5. Recurso extraordinário parcialmente provido (STF- RE 870947- DJ em 20/09/17) O STF decidiu que o entendimento que afastou a caracterização dos juros de mora será aplicado mesmo nas sentenças com trânsito em julgado. Veja: JURISPRUDÊNCIA Esta Corte já assentou que a “condenação ao pagamento de juros moratórios firmada na sentença com trânsito em julgado não impede a incidência da jurisprudência deste STF, que afastou a caracterização da mora no prazo constitucional para pagamento de preca- tórios” (AI 850.091 AgR, rel. min. Cármen Lúcia) (RE 489.521 DJ em 15/09/17). Alterações promovidas pela EC n. 113/2021 O cenário delineado acima sofreu uma importante alteração pela Emenda Constitucional 113/21.Vamos conferir os artigos 3º e 5º: Art. 3º Nas discussões e nas condenações que envolvam a Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, de remuneração do capital e de compensa- ção da mora, inclusive do precatório, haverá a incidência, uma única vez, até o efetivo pagamento, do índice da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), acumulado mensalmente. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche (...) Art. 5º As alterações relativas ao regime de pagamento dos precatórios aplicam-se a todos os requisitórios já expedidos, inclusive no orçamento fiscal e da seguridade social do exercício de 2022. (...) Art. 7º Esta Emenda Constitucional entra em vigor na data de sua publicação. Como podemos interpretar essas disposições? Em primeiro lugar, veja que a Emenda faz menção às ações de qualquer natureza que envolvam a Fazenda Pública,portanto, estão incluídas as ações previdenciárias, cíveis, tribu- tárias etc. Em um segundo momento, a Emenda dispõe que estão abrangidos os processos em cur- so, as condenações não transitadas em julgado, as condenações transitadas em julgado e os precatórios já expedidos. Por fim, ela determina que todas as taxas serão substituídas pela SELIC a partir da data de sua publicação, ou seja, 09/12/21. Em resumo, a partir de 09/12/21 aplica-se a SELIC para tudo! A questão da prova pode abranger período anterior à publicação da Emenda. Nesse caso, os índices a serem utilizados seguem o esquema abaixo, a depender da data: Ações previdenciárias: Ações tributárias: Ações cíveis: Até 03/2006: IGP-DI De 04/2006 a 06/2009: INPC De 07/2009 até a EC 113/21 (09/12/21): IPCA-E (nos casos de BPC e LOAS) e INPC para o restan- te dos benefícios previdenciários. A partir da EC 113/21 (09/12/21): SELIC a SELIC é mantida. Até a EC 113/21 (09/12/21): IPCA- -E para correção e TR para juros. A partir da EC 113/21 (09/12/21): SELIC Por fim, é importante ressaltar que a EC 113/21 (que está sendo chamada de nova emen- da do calote) já deu início a uma série de debates. Nesse sentido, destaco a ADIN 7047/21, por meio da qual o PDT questiona a fixação da SELIC como índice de correção e remunera- ção, alegando que há violação ao direito fundamental à propriedade (já que a taxa não repõe perdas inflacionárias). O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para ALEXANDRE DE OLIVEIRA RODRIGUES - 38616505253, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 138www.grancursosonline.com.br Precatórios DIREITO FINANCEIRO Natalia Riche 16. Correção monetária Em relação à correção monetária, também se aplica o disposto acima, acerca da EC 113/21. Além disso, vale lembrar que o pagamento será realizado, com inclusão de correção mone- tária, devida no período entre a data da elaboração do cálculo da RPV e da sua expedição para pagamento. JURISPRUDÊNCIA CONSTITUCIONAL. FINANCEIRO. REQUISIÇÃO DE PEQUENO VALOR. CORREÇÃO MONE- TÁRIA E JUROS DE MORA. APURAÇÃO ENTRE A DATA DE REALIZAÇÃO DA CONTA DOS VALORES DEVIDOS E A EXPEDIÇÃO DA RPV. RELEVÂNCIA DO LAPSO TEMPORAL. CABI- MENTO. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA QUANTO AO CABIMENTO DA APLICA- ÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. “O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, CONHECENDO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, JULGARÁ A CAUSA, APLICANDO O DIREITO À ESPÉCIE” (Súmula n. 456/STF). Aplicabili- dade ao recurso extraordinário em exame. 2. É devida correção monetária no período compreendido entre a data de elaboração do cálculo da requisição de pequeno valor – RPV e sua expedição para pagamento. Recurso extraordinário conhecido, ao qual se dá parcial provimento, para cassar o acórdão-recor- rido, de modo que o TJ/RS possa dar continuidade ao julgamento para definir qual é o índice de correção monetária aplicável em âmbito estadual. (STF-ARE 638195/RS. DJ em 13/12/13) Tema 450 (Repercussão Geral – ARE 638195 – DJ em 29/05/13): É devida correção monetária noperíodo compreendido entre a data de elaboração do cálculo da requisição de pequeno valor (RPV) e sua expedição para pagamento
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