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O teste de genotipagem disponível atualmente no Brasil, na RENAGENO − Ministério da Saúde, determina as mutações no genoma viral pelo sequenciamento de uma porção da região pol do HIV−1, que inclui o gene completo da protease e cerca de dois terços do gene que codifica a transcriptase reversa, principais alvos da TARV. 1.1.1 Mutações de Resistência As mutações associadas a resistências podem ser classificadas em principais ou primárias e acessórias ou secundárias. Mutações principais são capazes por si só de reduzir a suscetibilidade à determinada droga. As acessórias são capazes de reduzir a suscetibilidade viral à droga quando em combinação com a mutação principal ou melhoram a capacidade de replicação do vírus, o fitness viral. No entanto, esta definição pode ser alterada, podendo determinada mutação ser principal para uma droga e acessória para outra (SHAFER, 2002). As mutações de resistência são descritas utilizando um número para indicar o códon mutante com letras antes e depois que indicam os aminoácidos associados respectivamente ao vírus selvagem e mutante, como a mutação M184V da TR. A letra inicial representa o aminoácido da proteína do vírus selvagem (M: metionina), o número representa o códon (184) e a letra final representa o aminoácido mutante (V: valina). (ANEXO A) 1.1.1.1 Mutações de Resistência aos ITRNs A resistência aos ITRNs é mediada por dois mecanismos bioquímicos (Figura 13), a discriminação aumentada pela TR e diminuição da incorporação do ITRN em favor dos nucleosídeos autênticos, provocada por mutações como a M184V, Q151M, L74V e K65R (DEVAL et al., 2002; SHAFER; SCHAPIRO, 2008), e o processo de excisão do análogo incorporado, pela promoção da reação de pirofosforólise, mediada pelo ATP, impulsionada principalmente pelas TAMs, inserções no códon 69 e mutações acessórias (BOYER et al., 2001). ATP A B TR TAMs permitem a ligação do ATP na TR DNA Análogo de nucleosídeo incorporado Cadeia de DNA viral não terminada Mutação Análogo de Nucleosídeo TR RNA Excisão do análogo de nucleosídeo do DNA DNA viral pelo ATP RNA Figura 13- Mecanismos de resistência aos ITRNs. (A) discriminação do análogo de nucleosídeo pela presença de mutações. (B) Excisão do análogo mediada por ATP. Determinam a continuidade da transcrição pela TR (CLAVEL; HANCE, 2004) Mutações relacionadas aos ITRNs incluem M184V, mutações associadas aos análogos de timidina (thymidine analog mutations − TAM), mutações de resistência multi−nucleosídeoe mutações acessórias não−polimórficas (SHAFER, 2002; SHAFER; SCHAPIRO, 2008). Mesmo na presença de mutações de resistência, a atividade das drogas dessa classe não se extingue, permanecendo uma atividade residual (DEEKS et al., 2005). As TAMs são selecionadas pelos análogos da timidina AZT e d4T e possuem duas vias mutacionais. A via mutacional TAM I inclui as mutações M41L, L210W e T215Y e causa níveis elevados de resistência para os análogos da timidina e resistência cruzada para o ABC, ddI e TDF e a via TAM II inclui as mutações D67N, K70R, T215F e K219Q/E, sendo a mutação D67N também encontrada com o tipo I. Conferem susceptibilidade reduzida a todos os ITRNs aprovados e o grau de resistência cruzada é observado dependendo do número e de mutações específicas envolvidas (WHITCOMB et al., 2003). A presença de três ou mais TAMs, inclusive M41L e/ou L210W reduzem a resposta ao Tenofovir (MILLER et al., 2004). Outras substituições no códon 215 conferem maior risco de falha virológica ao AZT e d4T em pacientes virgens de terapia, podendo o mutante T215Y surgir rapidamente a partir de uma das variantes na presença destas drogas (COZZI−LEPRI et al., 2005; SHAFER; SCHAPIRO, 2008). M184V é a mutação de resistência relacionada aos ITRNs mais comum, selecionada rapidamente durante o uso de 3TC, além do ABC e ddI. Provoca alto nível de resistência ao 3TC e FTC, baixo nível de resistência ao ddI e ABC e aumento da susceptibilidade ao AZT, d4T Ligação do ITRNN bloquada ITRNN TR Bolso Hidrofóbico DNA Polimerização Normal do DNA RNA e TDF (WHITCOMB et al., 2003). Quando associada com a mutação K65R ou L74V confere alto nível de resistência ao ABC e ddI (RHEE et al., 2004). A mutação M184V também está associada com fitness viral diminuído, aumento da fidelidade da TR, e hipersensibilização a vários outros ITRNs (PETRELLA; WAINBERG, 2002; TURNER; BRENNER; WAINBERG, 2003). Mutações de resistência multi−nucleosídeo associadas aos ITRNs levam a falência de toda uma classe. Envolve as inserções no códon 69, que geralmente ocorrem na presença de múltiplas TAMs, levando a resistência intermediária ao 3TC e FTC e alto nível de resistência as demais drogas desta classe, e a mutação Q151M, geralmente acompanhada por duas ou mais das mutações A62V, V75I, F77L e F166Y, num complexo que causa alto nível de resistência ao AZT, d4T, ddI e ABC e resistência intermediária ao TDF, 3TC e FTC (IVERSEN et al., 1996; VAN VAERENBERGH et al., 2000; MASQUELIER et al., 2001). 1.1.1.2 Mutações de Resistência aos ITRNNs As mutações responsáveis pela resistência aos ITRNNs localizam−se no bolso hidrofóbico da enzima TR (Figura 14), local de ligação dos inibidores, reduzindo a afinidade aos ITRNNs e evitando sua ligação (SARAFIANOS et al., 2004). Altos níveis de resistência cruzada existem entre os ITRNNs, possibilitando que presença de apenas uma mutação de resistência, como a K103N, leve à resistência completa a toda classe, demonstrando uma barreira genética baixa, além de não exibir atividade residual. As mutações da transcriptase reversa K103N e Y181C são as mutações de resistência aos ITRNNs mais encontradas (SHAFER; SCHAPIRO, 2008). Figura 14- Mecanismo de resistência aos ITRNNs: alterações estruturais dificultam a acessibilidade dos ITRNN à enzima (CLAVEL; HANCE, 2004) As mutações aos ITRNNs podem desaparecer rapidamente na ausência da droga. Em indivíduos experimentados, mesmo sem mutação relacionada aos ITRNNs detectável no teste de genotipagem de rotina, variantes virais minoritárias com mutações de resistência aos ITRNNs podem permanecer e emergir na reintrodução de drogas da mesma classe, levando à falha terapêutica. Os testes de genotipagem convencionais são pouco sensíveis e exigem uma frequência de mutações em 20−30% da população para a detecção (MELLORS et al., 2003). Deste modo, pacientes com falha virológica atual ou prévia (carga viral detectável) durante o uso de esquemas compostos por ITRNNs devem ser considerados como portadores de vírus resistentes a essas drogas (BRASIL, 2008). 1.1.1.3 Mutações de Resistência aos IP A resistência aos IP ocorre devido a mutações que alteram a estrutura dos locais de ligação do substrato na enzima, reduzindo a afinidade da PR pelo inibidor, ou por mutações que alteram a estabilidade do dímero, a cinética de ligação do inibidor ou a conformação do centro ativo, havendo uma vantagem a favor do substrato natural, as poliproteínas virais, na competição pelo sítio ativo da protease (WEBER; FANG; AGNISWAMY, 2008; WEBER; AGNISWAMY, 2009). Entretanto, a estrutura alterada da fenda de ligação, principalmente pelas mutações principais, tem um efeito indireto, diminuindo a capacidade da protease viral se unir ao seu substrato natural e levando à redução do fitness viral, que pode ser revertida com o surgimento de mutações acessórias (CHEN et al., 1995; NIJHUIS et al., 1998). O estabelecimento da resistência aos IPs ocorre de forma gradual e depende do acúmulo de múltiplas mutações principais e acessórias (Figura 15), possuindo alta barreiragenética, e sendo menos associados à falha virológica (SHAFER, 2002). Mais mutações sãoselecionadas durante o uso dos IPs do que por qualquer outra classe de ARV (SHAFER; SCHAPIRO, 2008). Figura 15- Sítios das mutações de resistência no dímero da protease. O dímero da protease está representado nas fitas cor de rosa ligado ao Darunavir (verde). Mutações principais e acessórias são representadas como esferas vermelhas e azuis,respectivamente. As mutações estão distribuídas em ambos os monômeros para aumentar a visibilidade (WEBER; AGNISWAMY, 2009) 1.2 Rede Nacional de Genotipagem do HIV-1 – RENAGENO A detecção da ocorrência de resistência genotípica (mutações do HIV−1) em pacientes em uso de TARV possibilita uma reorientação do tratamento e seleção de uma terapia de resgate. Partindo desta necessidade, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais implantou, a partir do segundo semestre de 2001, a Rede Nacional de Genotipagem − RENAGENO, com o objetivo de estimar, nas diferentes áreas geográficas e subtipos virais circulantes, a prevalência de mutações e sua associação com o estadiamento clínico, exposição prévia aos ARV e aos esquemas terapêuticos em uso no momento da coleta, pelo exame de genotipagem, atuando na orientação da terapia de resgate dos pacientes com falha terapêutica. Atualmente, a rede é composta por 23 laboratórios executores e 1 de resgate (Figura 16) (BRASIL, 2009b). Figura 16- Rede Nacional de Laboratórios de Genotipagem: mapa representando a distribuição dos23 laboratórios da rede (BRASIL, 2009a) 1.2.1 Critérios de inclusão no exame A realização do teste de genotipagem logo após a confirmação da falha virológica orienta a mudança precoce do esquema antirretroviral, reduzindo a chance de acúmulo progressivo de mutações e de ampla resistência antirretroviral. Para a realização do exame de genotipagem em crianças, adolescentes e adultos nos laboratórios da RENAGENO são obedecidos os seguintes critérios: falha virológica confirmada; carga viral com pelo menos 2.000 cópias/ml; uso regular de TARV (há seis meses, para pacientes em geral; há três meses, para gestantes) (BRASIL, 2008). Em todas as crianças e adolescentes é indicada a realização de teste de genotipagem antes do início do tratamento (BRASIL, 2009c). 1.2.2 Fluxo da RENAGENO O médico responsável pelo paciente com falha virológica, atendendo aos critérios mencionados, preenche a solicitação do exame em formulário padrão. Este pedido é encaminhado para a avaliação de profissionais capacitados pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, os Médicos de Referência em Genotipagem (MRG), grupo composto por mais de trezentos profissionais, entre infectologistas e pediatras. A partir do deferimento da solicitação pelo MRG, realiza−se a coleta da amostra e o envio aos laboratórios da RENAGENO. Após a realização do exame, o resultado do teste de genotipagem é encaminhado ao MRG, que realiza a interpretação clínica do exame e emite sugestões quanto às possíveis condutas terapêuticas. Esse resultado de exame e a sugestão clínica do MRG são enviados aos médicos solicitantes e uma nova terapia é estabelecida (BRASIL, 2001). 2 OBJETIVOS 2.1 Ob¡etivo Geral ▪ Avaliar o perfil de resistência aos ITR e IP em pacientes com infecção pelo HIV, em falha terapêutica, acompanhados em serviços públicos de saúde das regiões de Botucatu, Sorocaba, Bauru, Assis, Marília, Araraquara e São José do Rio Preto. 2.2 Ob¡etivos específicos ▪ Analisar o perfil de mutações do HIV−1 em pacientes submetidos ao exame de Genotipagem, realizado no Laboratório de Biologia Molecular, Hemocentro de Botucatu − UNESP, ponto executor da Rede Nacional de Genotipagem do HIV−1. ▪ Analisar o perfil de suscetibilidade e resistência aos ITR e IP dos pacientes frente aos antirretrovirais utilizados. ▪ Avaliar o impacto da introdução do Teste de Genotipagem como parâmetro laboratorial para auxiliar a escolha da terapêutica de resgate mediante falha do esquema antirretroviral. 3 CASUÍSTICA Pesquisa retrospectiva em que foram analisadas sequências genômicas da região pol do HIV−1 provenientes de todos os pacientes com exame de genotipagem realizados durante os anos de 2008 e 2009 no Laboratório de Rotinas Diagnósticas em Biologia Molecular do Hemocentro de Botucatu − Faculdade de Medicina de Botucatu, UNESP, ponto executor da Rede Nacional de Genotipagem do HIV − RENAGENO. Os critérios de inclusão no estudo dos exames de genotipagem foram a solicitação médica deferida pelo MRG após comprovada falha virológica (pacientes em geral), ou antes do início do tratamento (crianças e adolescentes), e carga viral plasmática do HIV−1 acima de 2.000 cópias de RNA/mL. Os critérios de exclusão compreenderam a ausência de dados referentes aos esquemas ARVs utilizados pelos pacientes, e nos casos em que os pacientes apresentavam mais de um exame de genotipagem realizado no período do estudo, apenas o mais recente foi considerado. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos que apresentavam diferentes níveis de contagem de células T CD4+ e Carga Viral plasmática, sendo provenientes das regiões de Botucatu, Bauru, Marília, Assis e Araraquara, além das regiões de Sorocaba durante o ano de 2008 e de São José do Rio Preto durante o segundo semestre de 2008 e primeiro de 2009. Dois grupos distintos foram formados, tendo como base a idade do paciente no momento do exame; aqueles com idade ≥ 18 anos foram colocados no grupo ”Adulto”, sendo formado por 386 indivíduos, e os demais, incluídos no grupo ”Pediátrico”, formado por 45 pacientes menores de 18 anos de idade, totalizando 431 pacientes. A tabela 1 apresenta a caracterização dos grupos do estudo. Os Apêndices A e B mostram os dados de ARVs e esquemas mais detalhadamente. Tabela 1- Análise descritiva das características demográficas, clínicas, virológicas e imunológicas dos indivíduos incluídos no estudo (n=431) Variáveis Grupos Adulto (n=386) Pediátrico (n=45) média DP mediana média DP mediana Idade (anos) 43,38 9,13 42 10,22 4,38 11 Tempo de diagnóstico (anos) 9,38 4,02 10 8,74 3,67 9 Contagem T CD4+ (céls/mm³) 258,08 204,01 211 446,73 308,78 384 T CD4+ Nadir (céls/mm³) 149,37 136,72 111 267,53 200,19 195 Carga Viral (cópias/mL) 51.746,91 82.333,07 18.593 129.233,71 348.245,39 41.052 Exposição aos ARVs* 6,22 2,59 6 4,81 2,89 5 n % n % Gênero Masculino 222 57,51 23 51,11 Feminino 164 42,49 22 48,89 Região Botucatu 30 7,8 2 4,44 Bauru 61 15,8 7 15,56 Marília 16 4,1 2 4,44 Assis 33 8,5 1 2.22 Araraquara 35 9,1 2 4,44 Sorocaba 38 9,8 1 2.22 São José do Rio Preto 173 44,8 30 66,67 Estágios da doença** Aids Sim 236 62,93 22 53,66 Não 139 37,07 19 46,34 Sintomas Sim 58 15,30 9 20,45 Não 321 84,70 35 79,55 Esquema ARV em uso 2 ITRN + 1 IP 178 46,1 16 35,56 2 ITRN + 1 ITRNN 127 32,9 17 37,78 Outros 81 21,0 8 17,78 DP: desvio padrão; ARVs: antirretrovirais; ITRN: inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleosídeo; ITRNN: inibidor de transcriptase reversa não−análogo de nucleosídeo; IP: inibidor de protease. *Dado referente apenas aos pacientes em uso de ARVs (41 indivíduos) **dado definido segundo critérios clínicos, informação retirada do formulário de solicitação do exame de genotipagem. 4 MÉTODOS 4.1 Processamento das amostras Amostras de sangue total em tubos de ensaio com EDTA foram coletadas nos pontos de coleta da Renageno e enviadas ao Laboratório de Rotinas Diagnósticas em Biologia Molecular segundo protocolo estabelecido no POP (Procedimento Operacional Padrão) do referido laboratório. Depois da centrifugação do tubo primário a 2500 rpm (1000g) por 15 minutos, duas alíquotas de plasma foram separadas em microtubos do tipo eppendorf de 1,5mL DNase/RNase Jree (Axygen Scientific, Union City, California) e armazenadas a −70˚C para posterior processamento. 4.2 Extração de RNA, Amplificação e Sequenciamento O RNA viral foi extraído do plasma utilizando o QIAamp Viral RNA mini kit (Qiagen Inc., CA) segundo especificações do fabricante. A amplificação da região genômica pol do HIV−1 foi realizada por RT−PCR, utilizando o kit comercial Trugene HIY−t Genotyping Kit (Siemens Healthcare Diagnostics, Inc. Tarrytown, NY, USA), utilizando primers específicos para amplificar o gene completo da protease e os primeiros 250 códons da transcriptase reversa como um único amplicon, resultando em um fragmento de 1,3Kb, o qual foi sequenciado em 16 reações, baseadas noprincípio ClIP (YAGER et al., 1999), utilizando quatro módulos de primers, Protease, P2, RTBeggining e RTMiddle (Figura 17). Proteasepermite obter uma sequência bidirecional do gene da protease (do códon 10 a 99) e uma sequência em pelo menos uma direção do códon 1 a 9; P2 permite obter uma sequência bidirecional da região da protease (códons 21 a 99) e uma sequência em pelo menos uma direção do códon 7 a 20. RT Beginning permite obter uma sequência bidirecional da região da transcriptase reversa (códons 41 a 139) e uma sequência em pelo menos uma direção do códon 140 a 142 e códon 40; RT Middle permite obter uma sequência bidirecional da região da transcriptase reversa (códons 148 a 237) e uma sequência em pelo menos uma direção do códon 138 a 147, e do códon 238 a 247. A eletroforese foi conduzida no long Read Tower Sequencers (Siemens Healthcare Diagnostics, Inc. Tarrytown, NY, USA). Todas as reações foram realizadas segundo especificações do fabricante. A aquisição e análise das sequências foi realizada pelo software OpenGene DNA Sequencing System (Siemens Healthcare Diagnostics, Inc. Tarrytown, NY, USA), segundo instruções do fabricante. Figura 17- Sequenciamento do gene da polimerase (pol) do HIV−1 (Trugene HIV−1 Genotyping Kit). A ilustração mostra as etapas do teste, retrotranscrição, amplificação e as posições dos primers no produto, delimitando os fragmentos que serão sequenciados: Protease (laranja) e P2 (preto) − gene da protease; e RT beggining (azul) e RT middle (vermelho) − gene da transcriptase reversa (SIEMENS, 2008) 4.3 Identificação das mutações de resistência As sequências obtidas foram submetidas ao Algoritmo Resistência Genotípica da Universidade de Stanford (HIVdb: de Interpretação de Genotypic Resistance Interpretation Algorithm) (http://hivdb.stanford.edu), versão 6.0.7, que analisa as diferenças nas sequências de aminoácidos de acordo com a declaração do Painel de resistência da International AIDS Society−USA. O relatório resultante deste algoritmo origina dados, analisados pelas regiões do gene pol, PR e TR, sobre mutações principais e acessórias na região da PR, relacionadas aos IP, e mutações de resistência da TR, relacionadas aos ITRNs e ITRNNs. Além disso, os dados relacionados à resistência aos ARVs destas classes são divididos em ”alto nível de resistência”, ”resistência Intermediária”, ”baixo nível de resistência”, ”potencial baixo nível de resistência” e ”suscetível“. Para este trabalho as categorias ”baixo nível de resistência” e ”potencial baixo nível de resistência” foram reunidas em uma nova categoria, a de ”possível resistência”. 4.4 Determinação do subtipo O subtipo viral foi utilizando as sequências em formato fasta (posição 2253 − 3290 no HXB2) pelo REGA HIY−t Subtyping Tool, versão 2.0, (http://www.bioafrica.net/subtypetool), uma ferramenta que utiliza análises filogenéticas para identificar o subtipo de uma sequência específica e analisa a recombinação usando métodos de bootscanning, e pelo programa RIP 3.0 − los Alamos Recombinant Identification Program (http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/RIP/RIP.html), que identifica a recombinação em uma sequência por meio do cálculo de sua similaridade com o alinhamento de sequências de diferentes subtipos do HIV−1. 4.5 Coleta e análise dos dados Dados sócio−demográficos, imunovirológicos, esquemas ARVs em uso atual ou anterior foram extraídos dos Formulários de solicitação de genotipagem A (ANEXO B) e B (ANEXO C). As sequências genômicas foram utilizadas em arquivos de formato Fasta. Alguns dados imunovirológicos foram coletados pelo SISCEL. Foi criado um banco de dados informatizado no programa Excel 2007 composto por 291 variáveis, incluindo as mutações na TR e PR, resistência aos ARVs e dados clínicos. Para a análise, os dados gerados foram exportados para o pacote estatístico SAS for Windows versão 9.2 (SAS Institute Inc., Cary, NC, USA). O teste utilizado para estudar a associação entre as variáveis foi o Quiquadrado de Pearson e nos casos em que as pressuposições do teste não foram satisfeitas, usou−se o teste Exato de Fisher. http://www.bioafrica.net/subtypetool) http://www.bioafrica.net/subtypetool) http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/RIP/RIP.html) http://www.hiv.lanl.gov/content/sequence/RIP/RIP.html) 3 BF 1 ,47% 1,30% 0,52% 0,26% F1 8,81% BD SUBTIPOS HIV-1 C BC B 75,65% 5 RESULTADOS E DI 5.1 Grupo Adulto 5.1.1 Subtipo viral CUSSÃO A subtipagem do H V−1, realizada pelas regiões da PR e TR viral revelou que o subtipo B foi o mais frequente, encontrado em 292/386 (75,65%) das amostras, seguido pelas formas híbridas B e F (BF ou FB) (13,47%) e subtipo F1 (8,81%). As outras formas híbridas (mosaicos) encontrados f ram D/B (1,3%) e B/C (0,26%). O subtipo C foi encontrado em apenas 2/386 (0,52%) amostras (Figura 18). As sequências determinadas como subtipo B representaram 75,65% e as não−B, 24,35% do total. Figura 18- Distribuição dos subtipos e formas híbridas do HIV−1 circulantes nos pacientes do grupo Adulto, atendidos pelo Laboratório de Biologia Molecular do Hemocentro de Botucatu, ponto executor da Rede Nacional de Genotipagem, nos anos de 2008 e 2009 Os resultados correspondem a outros relatos nacionais, que encontraram maior prevalência do subtipo B, com valores muito próximos aos aqui obtidos, como os estudos conduzidos no Rio de Janeiro, com 117 pacientes com falha na terapia, onde 73,5% eram pertencentes ao subtipo B (VARELLA et al., 2008), em São Paulo, com 306 pacientes e 70% de subtipo B (RODRIGUES et al., 2005), e em Minas Gerais com 882 pacientes e 72% de subtipo B (WALERIA−ALEIXO et al., 2008). Outros estudos encontraram prevalência um pouco superior do subtipo B, como os conduzidos no Nordeste por Cavalcanti et al. (2007) em 576 pacientes, com prevalência de 84,4% de subtipo B; em São Paulo por Sucupira et al. (2001) com 791 pacientes e 87% de subtipo B e no Rio de Janeiro por Couto−Fernandez et al. (2005) com 547 pacientes e 91,2% de subtipo B. Estudos realizados em Santos (DE SA−FILHO et al., 2008) encontraram frequência um pouco inferior, com 65% de sequências classificadas como subtipo B. A frequência do subtipo F no presente estudo foi semelhante a encontrada na maioria das regiões do Brasil, oscilando entre 4,8% a 12,2% (SUCUPIRA et al., 2001; COUTO− FERNANDEZ et al., 2005; RODRIGUES et al., 2005; CAVALCANTI et al., 2007; DE SA−FILHO et al., 2008; VARELLA et al., 2008). Em Minas Gerais esta prevalência foi superior, com 22,5% de amostras do subtipo F (WALERIA−ALEIXO et al., 2008). As formas híbridas B e F apresentaram diferentes vias de recombinação entre as regiões PR e TR e são responsáveis por 13,47% dos casos na região estudada, número um pouco inferior ao encontrado em São Paulo, 18% (RODRIGUES et al., 2005) e superior aos encontrados por Waléria−Aleixo et al. (2008), 6,3% e por Couto−Fernandez et al. (2005), 3,3%. A frequência encontrada do subtipo B/D 1,3% é semelhante a outros estudos realizados no Rio de Janeiro (VARELLA et al., 2008), Minas Gerais (WALERIA−ALEIXO et al., 2008) e Região Nordeste (CAVALCANTI et al., 2007), onde este mosaico possui uma baixa frequência entre as sequências analisadas. O subtipo C apresentou frequência similar a maior parte dos estudos brasileiros, que possui grupos com ausência deste subtipo, como os realizados por Varella et al. (2008) e Rodrigues et al. (2008) e grupos com frequências que variam de 0,1% a 1,2% (SUCUPIRA et al., 2001; COUTO−FERNANDEZ et al., 2005; CAVALCANTI et al., 2007; DE SA−FILHO et al., 2008; WALERIA−ALEIXO et al., 2008), com exceção da alta frequência deste subtipo nos estados do Sul do Brasil, podendo chegar a 69% (BRINDEIRO et al., 2003; INOCENCIO et al., 2009). 5.1.2 Mutações de resistência Foi identificada a presença de uma ou mais mutações de resistência em 97,15% (375/386) dos pacientes e, portanto, 2,85% de vírus selvagem, sendo encontradas até 27 mutações de resistência em um mesmo indivíduo (Tabela2). Esta proporção de pacientes sem mutações na PR e TR é similar a outros estudos brasileiros, que detectaram entre 4,9 e 6,8% de vírus selvagem (CAVALCANTI et al., 2007; VARELLA et al., 2008; WALERIA−ALEIXO et al., 2008; TOLEDO et al., 2010). Tabela 2- Frequência do número de mutações de resistência na PR e TR (total e classes) Mutações na PR e TR associadas à Resistência Total de Mutações Protease Principais Acessórias n % n % n % 0 11 2,85 0 182 47,15 135 34,97 1 19 4,92 1 25 6,48 78 20,21 2 21 5,44 2 26 6,74 54 13,99 3 24 6,22 3 35 9,07 60 15,54 4 18 4,66 4 47 12,18 35 9,07 5 23 5,96 5 34 8,81 17 4,40 6 22 5,70 6 27 6,99 5 1,30 7 21 5,44 7 8 2,07 2 0,52 8 21 5,44 8 2 0,52 − − 9 13 3,37 10 17 4,40 Transcriptase Reversa 11 16 4,15 ITRN ITRNN 12 21 5,44 n % n % 13 24 6,22 0 38 9,84 100 25,91 14 22 5,70 1 58 15,03 72 18,65 15 15 3,89 2 37 9,59 94 24,35 16 12 3,11 3 27 6,99 55 14,25 17 15 3,89 4 35 9,07 35 9,07 18 11 2,85 5 43 11,14 21 5,44 19 9 2,33 6 42 10,88 4 1,04 20 12 3,11 7 37 9,59 5 1,30 21 4 1,04 8 29 7,51 − − 22 3 0,78 9 24 6,22 − − 23 2 0,52 10 12 3,11 − − 24 1 0,26 11 3 0,78 − − 25 8 2,07 12 1 0,26 − − 27 1 0,26 PR: Protease; TR: Transcriptase Reversa; ITRN: Inibidor de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não−análogo de Nucleosídeo Mutações de resistência a uma, duas e as três classes de ARVs foram encontradas em 8,55, 39,9 e 48,7% dos pacientes, respectivamente. Estes valores são semelhantes aos dados de exposição às drogas; a exposição a uma droga, apenas ITRN, foi encontrada em dois (0,52%) pacientes, portanto todos os pacientes foram expostos a esta classe; a duas drogas 41, 97%, sendo distribuídos igualmente em ITRN + ITRNN e ITRN + IP, e às três drogas, em 57,51% dos pacientes (Tabela 3). Tabela 3- Frequência da exposição aos antirretrovirais e presença de mutações deresistência por classe de droga Variáveis Exposição aos ARVs Mutações de Resistência n (386) % n (386) % Nenhum 0 - 11 2,85 1 Classe ITRN 2 100,0 11 33,33 ITRNN 0 − 8 24,24 IP 0 − 14 42,42 Total 2 0,52 33 8,55 2 Classes ITRN + ITRNN 81 50,0 85 55,19 ITRN + IP 81 50,0 64 41,56 ITRNN + IP 0 − 5 3,25 Total 162 41,97 154 39,9 3 Classes ITRN + ITRNN + IP 222 57,51 188 48,7 ARVs: Antirretrovirais; ITRN: Inibidor de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não−análogo de Nucleosídeo; IP: Inibidor de protease. As mutações de resistência relacionadas aos ITRNs foram as mais frequentes, atingindo 348 (90,16%) pacientes, seguidas às relacionadas aos ITRNNs, em 286 (74,09%) pacientes. As mutações principais e acessórias da protease ocorreram em 204 (52,85%) e 251 (65,03%) pacientes estudados, respectivamente. A grande proporção de indivíduos com a presença de mutações de resistência no gene da transcriptase reversa, principalmente aquelas relacionadas ao uso dos ITRNs é esperada, devido ao amplo uso destas drogas durante a HAART, as primeiras a serem desenvolvidas e utilizadas durante a infecção pelo HIV−1. 5.1.2.1 Mutações de resistência aos ITRNs A mutação M184V da TR, relacionada à falha virológica precoce durante a terapia utilizando a Lamivudina (3TC), droga amplamente utilizada no Brasil, foi a mais frequente neste estudo, presente em 314 (81,35%) pacientes, semelhante aos encontrados na 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 81,87% 59,33% 40,67% 38,60% 35,49% 30,05% 27,72% 24,87% 19,43% 17,62% 14,25% 14,25% 6,99% 4,40% 3,11% 2,07% 1,30% 0,78% 0,26% 0,26% literatura brasileira em todo território nacional, na qual esta mutação aparece como a mais frequente, oscilando entre 60,4 e 68,3% (COUTO−FERNANDEZ et al., 2005; RODRIGUES et al., 2005; CAVALCANTI et al., 2007; MEDEIROS et al., 2007; VARELLA et al., 2008; TOLEDO et al., 2010) e 88% (DE SA−FILHO et al., 2008) na população de estudo. Entre os pacientes com esta mutação, 98,41% estavam em uso de 3TC. Esta mutação confere alto nível de resistência fenotípica aos análogos da citidina 3TC e FTC, porém, em um esquema de resgate, estes ARVs ainda geram benefício e devem continuar sendo administrados, pois a M184V pode aumentar a susceptibilidade aos análogos de timidina AZT, d4T e ao TDF (WHITCOMB et al., 2003), e causar uma diminuição da capacidade replicativa do vírus, fitness viral (WEI et al., 2002). A frequência das mutações de resistência relacionadas aos ITRNs é apresentada na figura 19. Figura 19- Frequência das mutações de resistência aos ITRNs O segundo grupo mais frequente foi das mutações associadas aos timidínicos (TAMs) (Tabela 2), com a presença de uma ou mais das mutações M41L, D67N, K70R, L210W, T215Y/F e K219Q/E, detectadas em 67,1% das amostras, estando de acordo com a alta frequência encontrada por Rodrigues et al. (2005), Couto−Fernandez et al. (2005), Varella et al. (2008), Sa−Filho et al. (2008) e Waléria−Aleixo, et al. (2008). Estas mutações são selecionadas pelos análogos da timidina AZT e d4T e podem conferir redução da suscetibilidade a todos os ITRNs e resistência cruzada ao ABC, DDI e TDF (WHITCOMB et al., 2003). Entre os pacientes com a presença de TAMs, 60,23% estavam em uso desta classe de drogas, e 98,46% já haviam sido expostos a análogos de timidina durante a terapia. A análise das vias mutacionais das TAMs, representadas pela via 1 − M41L, L210W e T215Y, e via 2 − D67N, K70R, T215F e K219Q/E, mostrou que 56,37% das sequências que apresentavam TAMs possuíam mutações pertencentes a apenas uma dessas vias mutacionais, sendo estas distribuídas em 49,32% na via TAM 1, e 50,68% na via TAM 2. Os 43,63% restantes possuíam mutações das vias TAM 1 + 2 (Tabela 4) Dentre os representantes que pertenciam as duas vias, 44 (38,94%) amostras eram compostas por TAMs 1 associadas apenas a TAM 2 D67N, padrão comumente encontrado (COZZI−LEPRI et al., 2005). As TAMs K70R e L210W, que raramente ocorrem no mesmo genoma, foram encontradas juntas em 12 (3,11%) amostras, concordando com a literatura (YAHI et al., 2000). Tabela 4- Frequência das mutações TAMs e perfil das vias na população de estudo Mutações TAM vias 1 e 2 Perfil - vias TAM n % n % TAM 1 M41L 157 40,67 TAM 1 72 27,80 L210W 96 24,87 TAM 2 74 28,57 T215Y 149 38,60 TAM 1 + 2 113 43,63 TAM 2 D67N 132 34,20 K70R 110 28,50 T215F 71 18,39 K219Q 59 15,28 K219E 51 13,21 TAM:Mutações associadas aos timidínicos A mutação de multirresistência Q151M da TR foi encontrada em 7 (1,81%) amostras, sempre acompanhada por uma ou mais destas mutações A62V (85,71%), V75I e F77L, ambas com 57,17%, e F116Y (71,53%), como descrito na literatura (SHAFER; SCHAPIRO, 2008). Este complexo causa alto nível de resistência a ZDV, d4T, ddI e ABC e resistência intermediária ao TDF, 3TC e FTC (PRADO et al., 2004). Foi encontrada em uma amostra a inserção no códon 69 da TR, ins69_SG, que geralmente ocorre na presença de múltiplas TAMs, como foi o caso desta variante, que carregava as mutações M41L, L210W e T215F e neste cenário, são associadas com a resistência intermediária ao 3TC e FTC e alto nível de resistência a todos os outros ITRNs (WINTERS et al., 1998; PRADO et al., 2004). A deleção no códon 67 da TR del67, que contribui com a redução da susceptibilidade de cada um dos ITRN, foi encontrada em um paciente que apresentava simultaneamente as TAMs M41L, K70R, L210W, T215Y, K219E, exibindo o perfil TAM 1+2, além das mutações E44D, T69G, L74I e M184V, levando a resistência completa a toda classe dos ITRNs. A mutação K65R da TR, encontrada em 12 (3,11%) pacientes, não ocorreu em combinação com TAMs 1, concordando com a literatura, que estabelece este fato como incomum, devido a um antagonismo bidirecional entre essas mutações, em que K65R interfere com a mediação das TAMs na remoção do análogo incorporado e as TAMs interferem com a mediação da K65R na discriminação dos ITRNs (MCCOLL et al., 2004; PARIKH et al., 2006). As mutações K65R e a L74V não foram encontradas juntas no mesmo genoma viral, este duplomutante teria sua capacidade replicativa reduzida, configurando este evento como raro (SVAROVSKAIA et al., 2007). A combinação da mutação de resistência M184V com as mutações K65R ou L74V confere alto nível de resistência ao ABC e ddI. O perfil M184V + K65R foi encontrado no presente estudo em 8 (2,07%) amostras, representando 66,67% das sequências com a presença da mutação K65R, e todos estavam em uso do esquema contendo 3TC/TDF, perfil frequentemente relatado (SHAFER; SCHAPIRO, 2008). As mutações M184V + L74V ocorreram no mesmo genoma em 15 (3,89%) amostras, reunindo todos os representantes com a mutação L74V, no entanto, os esquemas contendo 3TC em combinação com ABC ou ddI foram pouco frequentes (20%), diferente do encontrado na literatura, estando a maioria em uso de 3TC/TDF (53,33%). As mutações V118I e E44A/D, presentes em 24,87% e 17,62% das amostras, são mutações acessórias que ocorrem geralmente com TAMs 1, reduzindo a suscetibilidade e atividade clínica da maioria dos ITRNs (ROMANO et al., 2002; GIROUARD et al., 2003). Neste estudo, a associação de V118I + TAM 1 ocorreu em 82,29% das amostras contendo V118I (p<0,0001). Todas as amostras com a presença das mutações E44A/D estavam associadas à pelo menos uma TAM 1 (p < 0,0001). 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 45,85% 18,91% 18,39% 12,69% 11,92% 11,66% 11,66% 8,81% 6,99% 6,99% 5,96% 5,18% 4,92% 4,66% 4,66% 1,55% 1,30% 0,26% A presença da mutação M184V foi associada ao uso de ddI (p<0,0001) e 3TC (p<0,0001). A mutação V118I foi associada ao uso de ddI (p=0,0076), d4T (p=0,0093), TDF (p=0,0209) e AZT (p<0,0001). A presença da mutação K65R foi associada ao uso de TDF (p<0,0001); L74I foi associada ao uso de ABC (p=0,0086). Estas mutações são selecionadas durante o uso destas drogas, causando diminuição da suscetibilidade a estas e a outras drogas da mesma classe. 5.1.2.2 Mutações de resistência aos ITRNNs A mutação mais frequente associada aos ITRNNs, individualmente, foi a mutação primária K103N, presente em 162 (41,97%) pacientes, como em outros estudos brasileiros, que encontraram frequências de 26,7% a 62% desta mutação (COUTO−FERNANDEZ et al., 2005; CAVALCANTI et al., 2007; MEDEIROS et al., 2007; DE SA−FILHO et al., 2008; VARELLA et al., 2008). Esta mutação de resistência primária aos ITRNNs é selecionada pelo uso de DLV, NVP e preferencialmente EFV, levando à resistência a estas drogas (RHEE et al., 2006). Entre os pacientes com a presença desta mutação 63,58% estavam em uso de EFV ou NVP, 81,55 e 18,45% respectivamente; no entanto, 97,53% já haviam sido expostos a estas drogas durante a terapia. A frequência das mutações de resistência relacionadas aos ITRNNs está representada na figura 20. Figura 20- Frequência das mutações de resistência aos ITRNNs A mutação K103N foi encontrada em combinação com as mutações secundáriasL100I, em todos (18 amostras) os representantes com esta mutação e K101P em 5 (45,45%) amostras, sendo neste contexto responsáveis por uma acentuada diminuição na suscetibilidade a NVP e EFV, além da combinação K103N com L100I levar a uma diminuição na suscetibilidade a ETR (VINGERHOETS et al., 2005; RHEE et al., 2006). Esta mutação geralmente ocorre em combinação com P225H, encontrada em 45 (93,75%) amostras e K238T em 22 (84,62%) amostras e sinergicamente também reduzem a suscetibilidade a NVP e EFV. A mutação V106A ocorreu em combinação com a mutação secundária F227L em duas (50%) amostras levando a reduções na suscetibilidade a NVP (BALZARINI et al., 1998). A mutação V179F ocorre apenas em combinação com mutações no códon 181, como ocorreu com a única amostra que exibiu esta mutação neste estudo, que carregava a mutação Y181C, sendo responsável por um grande aumento na resistência a ETR (VINGERHOETS et al., 2005). A presença das mutações K103N (p<0,0001), G190S (p=0,0052) e Y188L (p=0,0038) foi associada ao uso de EFV, enquanto a presença de Y181C (p=0,0217) e V106A (p=0,0176) foi associada ao uso de NVP, concordando com a literatura (REUMAN et al., 2010). Estas mutações são selecionadas durante o uso destas drogas, causando diminuição da suscetibilidade a estas e resistência cruzada. O perfil de mutações de resistência a ETR, frente ao uso dos ITRNNs, foi analisado e está descrito na tabela 5. A frequência de cada mutação é apresentada segundo as drogas (EFV e NVP) em uso no momento do teste (último esquema), e tendo como base a exposição prévia a estes ITRNNs em qualquer esquema de TARV prévio à genotipagem. O acúmulo destas mutações leva à diminuição da suscetibilidade a ETR, assim como a presença isolada das mutações 181C/I/V, 101P, 100I e 230L (VINGERHOETS et al., 2005; VINGERHOETS et al., 2010). Estudos tem mostrado que vírus de pacientes com falha virológica após tratamento com NVP são mais propensos a ter mutações de resistência associadas à ETR quando comparado com vírus de pacientes que falharam com EFV, o que ocorre devido a Y181C/I/V, uma mutação principal para ETR, ocorrer mais comumente com NVP do que com EFV, e porque as mutações nesta posição fornecem a base para alto nível de resistência a etravirina (REUMAN et al., 2010). Tabela 5- Mutações de resistência à ETR de acordo com o uso dos ITRNNs no último esquema de TARV e exposição prévia ITRNN - Esquema em uso ITRNN - Exposição Mutação TR EFV (n=116) NVP (n=36) n % n % EFV (n=182) NVP (n=55) EFV + NVP (n=66) n % n % n % V90I 13 11,21 4 11,11 15 8,24 4 7,27 5 7,58 A98G 12 10,34 5 13,89 22 12,09 7 12,73 8 12,12 L100I 7 6,03 1 2,78 14 7,69 1 1,82 3 4,55 K101E 12 10,34 6 16,67 15 8,24 10 18,18 7 10,61 K101H 1 0,86 0 − 2 1,10 3 5,45 2 3,03 K101P 8 6,9 1 2,78 7 3,85 1 1,82 3 4,55 V106I 12 10,34 4 11,11 12 6,59 5 9,09 6 9,09 E138A 7 6,03 1 2,78 10 5,49 1 1,82 4 6,06 V179F 1 0,86 0 − 1 0,55 0 − 0 − Y181C 13 11,21 8 22,22 10 5,49 14 25,45 13 19,70 Y181I 0 - 3 8,33 0 - 3 5,45 0 - G190A 23 19,83 8 22,22 24 13,19 18 32,73 16 24,24 G190S 7 6,03 1 2,78 8 4,40 0 − 2 3,03 M230L 4 3,45 0 − 5 2,75 1 1,82 0 − TR: Transcriptase Reversa; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não−análogo de Nucleosídeo; EFV: Efavirenz; NVP: Nevirapina. A análise das 100 sequências virais com ausência de mutações relacionadas aos ITRNNs mostrou que 52% destes pacientes nunca foram expostos a esta classe, porém 48% já usaram estas drogas em algum momento da terapia, sendo 12% no esquema ARV atual, no momento da genotipagem, e 87,5% apenas em esquemas anteriores. As mutações aos ITRNNs podem desaparecer rapidamente na ausência de medicação, permanecendo nas populações minoritárias e podendo emergir rapidamente quando a droga é reintroduzida, levando à falha terapêutica. O Consenso de Terapia do Ministério da Saúde estabelece que pacientes com falha virológica atual ou prévia (carga viral detectável) durante o uso de esquemas compostos por ITRNN devem ser considerados como portadores de vírus resistentes a essas drogas, ainda que mutações de resistência aos ITRNNs não tenham sido detectadas no teste de genotipagem, não devendo ser mantidas no esquema terapêutico, já que não possuem atividade residual e ainda podem levar ao surgimento de novas mutações e prejudicar uso futuro de novos ITRNNs, como a etravirina (BRASIL, 2008). 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 5.1.2.3 Mutações de resistência aos IP As mutações primárias ou principais associadas aos IP mais frequentes foram I54V e V82A, com 23,32% cada, seguidas pelas mutações M46I e L90M, presentes em 22,28% e 22,02% das amostras, respectivamente (Figura 21) Esta análise na maioria dos estudos nacionais tem como mutação principal mais frequente a L90M, porém, a maioria com frequência semelhante ao nosso estudo, de 19,6% (VARELLA et al., 2008), 24,8% (MEDEIROS et al., 2007), 25,2% (CAVALCANTI et al., 2007) e 29,6% (COUTO−FERNANDEZ et al., 2005) e um estudo com valor superior, 41% (RODRIGUES et al., 2005) de frequência desta mutação. Figura 21 - Frequência das mutações de resistência principais aosIP A mutação I54V, selecionada durante o uso de IDV/r, LPV/r e TPV, contribui para a resistência a cada um dos IPs, exceto o inibidor de protease de segunda geração DRV/r. A mutação V82A, selecionada por IDV/r e LPV/r, reduz a susceptibilidade a estas drogas e, associada a outras mutações, reduz a susceptibilidade ao NFV, ATV/r, SQV/r e FPV/r. A mutação M46I diminui a suscetibilidade ao IDV/r, NFV, FPV/r, LPV/r, e ATV/r quando presente com outras mutações (JOHNSON et al., 2009). A mutação L90M é selecionada durante o uso de NFV, SQV/r, ATV/r, e IDV/r, levando à resistência viral a estas drogas, além de diminuir a atividade de FPV/r e LPV/r (resistência cruzada). D30N provoca alto nível de resistência ao NFV e pode diminuir a suscetibilidade ao ATV/r, sendo muito específica para a PR resistente ao NFV (PATICK et al., 1998). Estas 31,1% 30,3% 29,5% 22,0% 16,3% 9,6% 8,8% 8,3% 8,0% 7,0% 6,5% 6,5% 6,0% 3,6% 3,4% 1,3% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% mutações formam vias distintas de resistência ao NFV, e a existência destas duas mutações no mesmo genoma viral é raramente encontrada, pois leva à diminuição da infecciosidade e capacidade de replicação destas variantes, e quando presentes, mutações adicionais são encontrados, principalmente a N88D, atuando na restauração destes fatores (SUGIURA et al., 2002). O duplo mutante D30N/L90M foi encontrado em apenas oito sequências, correspondentes a 9,41% daquelas que apresentavam a mutação L90M, e a maioria (87,7%) havia sido exposta ao NFV em esquemas de TARV. Em todas as variantes com este perfil, a mutação N88D estava presente, confirmando a necessidade desta mutação compensatória neste duplo mutante. A presença das mutações I50L (p<0,0001) e N88S (p<0,0001) foi associada ao uso de ATV ou ATV/r. A presença das mutações V82A (p=0,0410) e I54V (p=0,0410) foi associada ao uso de IDV ou IDV/r. A presença das mutações V82A (p<0,0001), V82F (p=0,0173), V82T (0,0121), I54V (p<0,0001), M46I (p<0,0001) e M46L (p=0,0031), foi associada ao uso de LPV ou LPV/r. A presença da mutação L90M (0,0447) foi associada ao uso de SQV ou SQV/r. As mutações secundárias ou acessórias da protease mais frequentes (Figura 22) foram nas posições 10 (55,70%), associado à resistência a maioria dos IPs, quando presentes com outras mutações, e 71 (38,86%), sendo A71T/V polimorfismos que ocorrem em 2−3% das pessoas não tratadas, mas que aumentam em pessoas que recebem inibidores de protease, e A71I/L mutações não−polimórficas que ocorrem em vírus com múltiplas mutações de resistência aos IP (RHEE et al., 2003). Figura 22- Frequência das mutações acessórias de resistência aos IP 55,70% 38,86% 12,44%10,62% 9,84% 8,81% 4,66% 3,63% 3,63% 3,11% 2,59% 1,30% 1,30% 1,04% 0,78% 0,26% 0,26% 0,26% 0,26% As mutações G73C/S/T, presentes em 12,44% das amostras, são selecionadas pela maioria dos IPs, e seu efeito sobre SQV/r e NFV, além de possivelmente ATV/r, parece ser maior do que sobre outros IPs. Com a introdução dos novos IPs, várias destas mutações tornaram−se parte dos escores de sensibilidade genotípica, E35G, K43T, Q58E, T74P e N83D (TPV/r) e V11I, T74P e L89V (DRV/r), sendo importantes na evolução da resistência a estas drogas (BAXTER et al., 2006; DE MEYER, S. et al., 2008). Tabela 6- Número de Mutações de resistência ao DRV/r Número de Mutações* Frequência n % 0 266 68,91 1 66 17,10 2 31 8,03 3 13 3,37 4 5 1,30 5 3 0,78 6 2 0,52 ≥3 23 5,96 *As mutações consideradas foram: V11I, V32I, L33F, I47V, I50V, I54L/M, T74P, L76V, I84V e L89V. Segundo os estudos baseados em ensaios clínicos (POWER 1, 2 e 3) relacionados ao uso do DRV/r, onze mutações na PR estão relacionadas a resistência a esta nova droga, V11I, V32I, L33F, I47V, I50V, I54L/M, T74P (no lugar de G73S), L76V, I84V e L89V, sendo o número de mutações de resistência e a magnitude do fold−change fenotípico para o DRV/r altamente preditivo para a resposta, consistindo em diminuição da resposta virológica na presença de 3 ou mais destas mutações (DE MEYER, S et al., 2008; JOHNSON et al., 2009). No presente estudo, 120 (31,09%) amostras apresentavam uma ou mais mutações relacionadas à resistência ao DRV/r, no entanto apenas 5,96% do total de pacientes exibiam três ou mais mutações, refletindo a alta barreira genética relacionada a esta droga, com baixo nível de resistência cruzada, dado que se trata de pacientes multiexperimentados, inclusive com IPs (Tabela 6). Os resultados mostram que as drogas em uso pela maioria dos pacientes ainda possuem potenciais benefícios, principalmente os ITRNs, que mesmo com a diminuição à suscetibilidade ainda mantém uma atividade residual, além das mutações relacionadas a esta classe que levam a reversão da resistência, assim como os IPs que devido a sua grande barreira genética, é a classe que apresenta a menor frequência de mutações. As mutações relacionadas às novas drogas, ETR, DRV e TPV apresentaram baixa frequência, mostrando o grande potencial da introdução destas drogas em esquemas de resgate. 5.1.3 Resistência aos ARVs 5.1.3.1 Resistência geral A resistência total a uma classe de ARVs foi definida pela classificação, para todas as drogas da classe, nas categorias resistência alta e/ou resistência intermediária, que podem impossibilitar a utilização posterior dessas drogas. Portanto, a sensibilidade total a classe é definida pela ausência da classificação nestas categorias para todas as drogas da classe. A classe dos ITRNs apresentou a maior frequência de indivíduos com resistência total (32,28%) às sete drogas analisadas, seguidos pelos ITRNNs, com 27,98% de resistência total às quatro drogas da classe. Os IPs apresentaram o melhor desempenho, com apenas 4,15% dos indivíduos com resistência total às oito drogas da classe, mostrando seu grande potencial de uso na terapia de resgate (Tabela 7). Tabela 7- Suscetibilidade as classes dos ITRNs, ITRNNs e IPs (suscetibilidade e resistência totais) Classes Sensibilidade total Resistência total n (386) % n (386) % ITRN (7) 46 11,92 125 32,38 ITRNN (4) 135 34,97 108 27,98 IP (8) 185 47,93 16 4,15 3 classes 28 7,25 4 1,04 ITRN: Inibidor de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não−análogo de Nucleosídeo; IP: Inibidor de Protease A resistência total às três classes foi baixa, encontrada em 1,04% das amostras, sendo fundamental para estes pacientes a introdução de novas drogas como o Raltegravir e a Enfuvirtida, aliado a drogas que ainda mantêm uma atividade residual, como os ITRNs e IPs. A mediana do número de drogas sem nenhuma atividade antirretroviral (Resistência Alta) foi 100% 80% 60% 40% 20% 0% 3TC FTC AZT D4T ABC DDI TDF Suscetível Possível Resistência Resistência Intermediária Resistência Alta elevada, 6 (P25 = 4, P75 = 9), considerando as 19 drogas em análise (7 ITRNs, 4 ITRNNs e 8 IPs). 5.1.3.2 Resistência aos ITRNs A análise da resistência aos ARV mostrou que os ITRNs (Figura 23) foram os que apresentaram maior nível de resistência, resultado do alto número de mutações de resistência relacionadas a esta classe, principalmente os análogos de citosina 3TC e FTC cada um com 316/386 (81,87%) na categoria resistência alta, exibindo um perfil de resistência idêntico. O FTC, análogo da citidina, ainda não foi aprovado para uso durante a TARV no Brasil, porém já exibe enorme porcentagem de resistência, o que ocorre pela seleção pelo amplo uso do 3TC, pertencente à mesma classe de análogos, principalmente da mutação da transcriptase reversa M184V, que confere alto nível de resistência fenotípica a estas drogas. Figura 23- Perfil de Resistência aos Inibidores de Transcriptase Reversa análogos de Nucleosídeos: Lamivudina (3TC), Emtricitabina (FTC), Zidovidina (AZT), Estavudina (d4T), Abacavir (ABC), Didadosina (ddI), e Tenofovir (TDF) Os análogos de timidina AZT e d4T apresentaram perfis de resistência muito semelhantes, como pode ser observado na figura 23, que ocorre devido a presençade mutações que interferem na suscetibilidade de ambos, como as TAMs, muito frequentes neste estudo. O Tenofovir foi o ITRN que menos apresentou altos níveis de resistência, 7/386 (1,81%), resultado da presença das mutações K65R (71,43%) e/ou e das TAMs 2, principalmente K70R (57,14%) e K219E (42,86%), além da del67 e ins69, cada uma 100% 80% 60% 40% 20% 0% EFV NVP DLV ETR Suscetível Possível Resistência Resistência Intermediária Resistência Alta encontrada em uma sequência viral, e da presença do complexo Q151M em 57,14% das amostras. Entre os que apresentaram alto nível de resistência a esta droga, 85,71% estavam em uso do TDF no último esquema terapêutico. O TDF foi o último ITRN aprovado para uso durante a TARV, em 2002 (FDA, 2010) sendo aprovado no Brasil em 2004 e desde então, amplamente utilizado. A baixa frequência de resistência completa a esta droga, deve ser vista com atenção, devido ao grande número de amostras que apresentam três ou mais TAMs, incluindo M41L ou T210W que reduzem a resposta ao Tenofovir (MILLER et al., 2004), entretanto, foi a droga pertencente à classe dos ITRNs com os melhores níveis de suscetibilidade completa, mostrando seu potencial de uso durante os esquemas de resgate. 5.1.3.3 Resistência aos ITRNNs Os ITRNNs de primeira geração NVP, EFV e DLV apresentaram−se na categoria resistência alta respectivamente em 63,47, 57,77 e 53,89% dos pacientes. A delavirdina (DLV) não está mais disponível no Brasil devido a sua posologia desfavorável, porém mantémaltos níveis de resistência, resultado da baixa barreira genética dessa classe, pois a presença de apenas uma mutação de resistência pode levar à resistência completa a toda classe, havendo altos níveis de resistência cruzada relacionada a estes ARVs (Figura 24). Figura 24- Perfil de Resistência aos Inibidores de Transcriptase Reversa Não−análogos de Nucleosídeos: Efavirenz (EFV), Nevirapina (NVP), Delavirdina (DLV) e Etravirina (ETR) A Etravirina (ETR), aprovada no Brasil em 2009, apresentou os menores índices de resistência alta, apenas 27/386 (6,99%), com 96,29% destes, apresentando a mutação Y181C e, 77,78% a mutação G190A, acompanhadas de outras mutações na TR relacionadas à 100% 80% 60% 40% 20% 0% SQV_r NFV IDV_r ATV_r FPV_r LPV_r TPV_r DRV_r Suscetível Possível Resistência Resistência Intermediária Resistência Alta resistência a ETR. Devido à alta barreira genética deste ITRNN de segunda geração, ele representa uma alternativa fundamental na TARV atual, principalmente em pacientes multiexperimentados. 5.1.3.4 Resistência aos IP A classe dos inibidores de protease (IP) apresentou o menor número de resistência alta, sendo o Nelfinavir (NFV), a droga que mais se apresentou nesta categoria 45,08%, e o Darunavir (DRV) a que menos se apresentou nesta categoria, apenas 2/386 (0,52%). Os resultados mostram a alta barreira genética desta classe, sendo necessário um grande número de mutações para o desenvolvimento de resistência completa (Figura 25). Figura 25- Perfil de Resistência aos Inibidores de Protease: Atazanavir/r (ATV/r), Darunavir/r (DRV/r), Fosamprenavir/r (FPV/r), Indinavir (IDV/r), Lopinavir/r (LPV/r), Nelfinavir (NFV), Saquinavir/r (SQV/r), e Tipranavir/r (TPV/r) ; r: potencializados com Ritonavir O NFV, muito utilizado anteriormente, não está mais disponível no Brasil pela posologia desfavorável e baixa eficácia quando comparado com outros IP. Muitas mutações da PR reduzem a suscetibilidade ao nelfinavir como L23I, D30N, M46I/L, G48V/M, I84V, N88D/S e L90M, o que pode explicar a resistência cruzada presente nesta droga, pois a maior parte delas pode ser selecionada pelos outros IP em uso atualmente, além disso, 35,49% dos pacientes deste estudo utilizaram Nelfinavir em esquemas anteriores, o que pode ter selecionado estas mutações. O LPV/r, SQV/r e FPV/r, drogas empregadas em esquemas de resgate apresentaram valores de resistência completa entre 17−19% e suscetibilidade superior a 50%, devido à maior barreira genética desses IPs, representando ainda alternativas durante a elaboração de um esquema de resgate, permitindo a prorrogação da introdução de novos IPs como o DRV/r ou TPV/, ou drogas pertencentes a outras classes como a Enfuvirtida e Raltegravir, possibilitando a utilização destes ARVs em esquemas futuros. O DRV/r, aprovado no Brasil desde 2007, apresenta potência antiviral elevada mesmo na presença de mutações de resistência aos IPs em uso atualmente (CLOTET et al., 2007). As duas amostras que apresentaram resistência a este ARV carregavam as mutações de resistência V32I, I47V, I50V e I54L associadas a L89V no primeiro, totalizando cinco mutações, e associadas a L33F e T74P no segundo paciente, com total de seis mutações relacionadas à resistência a esta droga, mesmo sem a prévia exposição a este ARV pelos pacientes, que foram, no entanto, expostos a outros IP, como o NFV, SQV, ATV, IDV e LPV. Devido à sua comprovada eficácia como droga de resgate e ao seu alto custo, o DRV é considerado uma droga reservada para casos de multirresistência, devendo ser utilizada apenas nas terapias de resgate (BRASIL, 2008). O último inibidor de PR aprovado no Brasil, em meados de 2009, o Tipranavir, também apresentou uma pequena proporção de alta resistência, apenas 9 (2,33%) pacientes, todos com a presença de pelo menos uma mutação principal de resistência a esta droga, I47V (41,67%), I54V (33,33%), V82L (16,67%), V82T (16,67%), I84V (25%), além das mutações acessórias Q58E (41,67%) e T74P (8,33%). No estudo, nenhum paciente apresentava histórico de uso de TPV, portanto essas mutações foram selecionadas sem a pressão seletiva deste IP. No entanto, devido a sua alta barreira genética e grau de suscetibilidade, este medicamento pode ser introduzido nos esquemas terapêuticos de resgate. 5.1.4 Evolução imunovirológica A análise da evolução imunovirológica foi realizada a partir da comparação entre o resultado de contagem de Linfócitos T CD4+ e de carga viral plasmática antes (definidor da Falha terapêutica) e 6 (±3) e 12 (±3) meses após o exame de genotipagem (Tabelas 8 e 9). Tabela 8- Frequência dos valores de contagem de carga viral plasmática no momento do exame de genotipagem (Falha terapêutica) e após 6 e 12 meses Quantificação da Carga Viral Categorias* Falha Terapêutica 6 meses PG 12 meses PG n (386) % n (276) % n (304) % <50 0 − 91 32,97 172 56,58 50 - 1.000 0 − 50 18,12 33 10,86 1.001 - 10.000 124 32,12 35 12,68 23 7,57 10.001 - 50.000 150 38,86 51 18,48 35 11,51 50.001 - 100.000 55 14,25 25 9,06 15 4,93 >100.000 57 14,77 24 8,70 26 8,55 Ausência 0 − 110/386 28,50 82/386 21,24 *Categorias de contagem de Carga viral plasmática do HIV-I (cópias/mL); PG: pós genotipagem. Após o exame de genotipagem houve uma queda significativa dos níveis de carga viral, com 51,09% dos pacientes que possuíam resultados após 6 meses, atingindo contagem inferior a 1.000 cópias RNA/mL. Entretanto, a maior supressão da replicação viral foi encontrada após 12 meses, quando 44,72% dos pacientes (com contagem nesse período) alcançaram níveis de carga viral indetectáveis (<50 cópias/mL), atingindo os objetivos da TARV, que mesmo em pacientes com falha após múltiplos esquemas, com a introdução das novas drogas ARVs e importantes resultados nesse grupo, visa a supressão viral completa (carga viral indetectável) (STEIGBIGEL et al., 2008; YAZDANPANAH et al., 2009; THOMPSON et al., 2010). A supressão viral completa está associada à resposta imunológica mais robusta e duradoura e, além de interromper o acúmulo progressivo de mutações, tem impacto na progressão da doença e morte (MURRI et al., 2006; ZACCARELLI et al., 2009). Tabela 9- Frequência dos valores de contagem de Linfócitos T CD4+, Nadir, no momento do exame de genotipagem (Falha terapêutica) e após 6 e 12 meses. Contagem T CD4+ Categorias* Nadir Falha Terapêutica 6 meses PG 12 meses PG n (379) % n (386) % n (271) % n (304) % >500 8 2,11 46 11,92 42 15,50 59 19,41 350-50025 6,60 55 14,25 54 19,93 69 22,70 200-349 78 20,58 100 25,91 76 28,04 83 27,30 50-199 157 41,42 140 36,27 67 24,72 70 23,03 <50 111 29,29 45 11,66 32 11,81 23 7,57 Ausência 7/386 1,81 0 − 115/386 29,79 82/386 21,24 *Categorias de contagem de Linfócitos T CD4+ (células/mm3); PG: pós genotipagem. Um ganho progressivo de Linfócitos T CD4+ após a genotipagem foi observado, sendo mais significativo após 12 meses, quando 42,11% dos pacientes (com contagem nesse período) estavam com os níveis superiores a 350 células/mm3, mostrando uma resposta da função imune, com forte impacto na sobrevida, aparecimento de doenças oportunistas e progressão para aids (MELLORS et al., 1997). Figura 26-Média de contagem de T CD4+ (células/mm3) e carga viral (log10 cópias/mL) no momento do exame de genotipagem (FT− Falha terapêutica) e 6 e 12 meses após o teste A figura 26 apresenta as médias de contagem de T CD4+ e carga viral, mostrando os eventos de diminuição da carga viral e aumento dos valores de T CD4+ concomitantes, após o teste de resistência genotípico e instalação de uma terapia de resgate. Após 12 meses, as respostas virológica (carga viral) e imunológica (T CD4+) concordantes ocorreram na maioria dos pacientes, com 74,09% dos pacientes com diminuição dos níveis de carga viral plasmática (média de perda= 2,16 log10 cópias/mL) também apresentando aumento de células T CD4+ (média de ganho= 158,74 células/mm3). A evolução imunovirológica encontrada neste trabalho, principalmente 12 meses após a genotipagem, mostra os grandes benefícios da terapia de resgate nesses pacientes, que foi otimizada pelo teste de genotipagem, levando a uma supressão completa da replicação viral e preservação da função imunológica, os principais objetivos da TARV. 4,34 343,67 304,94 258,08 3,12 2,67 400 4,5 350 4,0 300 3,5 250 3,0 TCD4+ log10 200 2,5 150 2,0 FT 6 meses 12meses Co nt ag em de TC D4 + (c él ul as /m m 3 ) Ca rg a vi ra l (lo g1 0 có pi as /m L) SUBTIPOS HIV-1 BF 17,78% F1 8,89% BB 73,33% 5.2 Grupo Pediátrico O grupo foi composto por um total de 45 crianças, das quais quatro eram virgens de tratamento, e 41 apresentavam falha na terapia ARV. 5.2.1 Subtipo viral A subtipagem do H V−1, realizada pela região da PR e TR viral revelou que o subtipo B foi o mais frequente, encontrado em 33/45 (73,33%) das amostras, seguido pelas formas híbridas B e F (BF ou FB) (17,78%) e subtipo F1 (8,89%). O subtipo C não foi encontrado neste grupo (Figura 27). As sequências determinadas como subtipo B representaram 73,33% e as não−B representaram 26,67% do total. Figura 27- Distribuição dos subtipos e formas híbridas do HIV−1 circulantes nos pacientes do grupo Pediátrico, atendidos pelo Laboratório de Biologia Molecular do Hemocentro de Botucatu, ponto executor da Rede Nacional de Genotipagem, nos anos de 2008 e 2009 O subtipo B do HIV−1 em estudos brasileiros incluindo crianças apresentou uma frequência de 67,3 a 78,7%, e o subtipo F, uma frequência de 6 a 15,4% (BRINDEIRO et al., 2002; MACHADO et al., 2004; ALMEIDA et al., 2009), similares aos nossos resultados. Os mosaicos B e F (PR e TR), presentes em 17,78% dos pacientes deste estudo, possuem uma frequência de 4,4 a 13,7% nos estudos realizados em crianças, com um expressivo aumento da circulação destes mosaicos (BRINDEIRO et al., 2002; DE OLIVEIRA et al., 2008; ALMEIDA et al., 2009). 5.2.2 Mutações de resistência Nos pacientes com genotipagem utilizada para indicação à terapia, virgens de tratamento (4 pacientes), foram encontradas apenas mutações de resistência acessórias ou secundárias. A ausência de mutações primária neste grupo está de acordo com estudos anteriores, que exibem baixa prevalência de mutações primárias em virgens de tratamento (ALMEIDA et al., 2009). Em um paciente houve ausência total de mutações de resistência; dois pacientes apresentaram a mutação V106I na TR, um polimorfismo comum, que correlacionado com outras mutações que já foi associado com uma diminuição na resposta a ETR , no entanto, não diminui a susceptibilidade aos ITRNNs (VINGERHOETS et al., 2007), e um destes também apresentava a mutação da PR L10V, que ocorre em 5−10% das pessoas não tratadas, e está associada à resistência a maioria dos IPs apenas na presença de outras mutações (RHEE et al., 2003; SHAFER; SCHAPIRO, 2008). A mutação V118I da TR encontrada em um paciente ocorre em aproximadamente 2% das pessoas não tratadas, levando a um baixo nível de resistência ao 3TC e possivelmente a outros ITRNs, quando presente com outras mutações (SHAFER et al., 2007). Foi identificada a presença de uma ou mais mutações de resistência em todos os pacientes deste grupo com falha na terapia (41 pacientes), sendo encontradas até 25 mutações de resistência em um mesmo indivíduo (Tabela 10). As mutações de resistência relacionadas aos ITRNs foram as mais frequentes, atingindo 92,68% dos pacientes, seguidas às relacionadas aos ITRNNs, em 78,05% dos pacientes. As mutações principais e acessórias da protease ocorreram em 43,9 e 58,54% dos pacientes, respectivamente. Tabela 10- Frequência do número de mutações de resistência na PR e TR (total e classes) Mutações na PR e TR associadas à Resistência Total de Mutações Protease Principais Acessórias n % n % n % 0 − − 0 23 56,10% 17 41,46% 1 2 4,88% 1 2 4,88% 11 26,83% 2 3 7,32% 2 1 2,44% 4 9,76% 4 3 7,32% 3 2 4,88% 6 14,63% 5 4 9,76% 4 4 9,76% 0 − 6 5 12,20% 5 4 9,76% 2 4,88% 7 1 2,44% 6 4 9,76% 0 − 8 2 4,88% 7 1 2,44% 1 2,44% 9 1 2,44% 10 2 4,88% 11 4 9,76% Transcriptase Reversa 12 1 2,44% ITRN ITRNN 13 1 2,44% n % n % 15 1 2,44% 0 3 7,32% 9 21,95% 17 1 2,44% 1 4 9,76% 8 19,51% 18 2 4,88% 2 0 − 6 14,63% 19 4 9,76% 3 6 14,63% 7 17,07% 20 2 4,88% 4 5 12,20% 8 19,51% 21 1 2,44% 5 6 14,63% 2 4,88% 25 1 2,44% 6 5 12,20% 0 − 7 4 9,76% 1 2,44% 8 5 12,20% 9 2 4,88% 12 1 2,44% PR: Protease; TR: Transcriptase Reversa; ITRN: Inibidor de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não−análogo de Nucleosídeo Mutações de resistência a uma, duas e as três classes de ARVs foram encontradas em 12,2, 39,02 e 48,78% dos pacientes. Estes valores são semelhantes aos dados de exposição às drogas pelo grupo de pacientes em falha (Tabela 11). Tabela 11- Frequência da exposição aos antirretrovirais e presença de mutações deresistência por classe de droga no grupo de pacientes com falha na terapia Variáveis Exposição aos ARVs Mutações de Resistência n (41) % n (41) % Nenhum 0 - 0 - 1 Classe ITRN 4 100,0 3 60,00% ITRNN 0 − 1 20,00% IP 0 − 1 20,00% Total 4 9,76 5 12,20% 2 Classes ITRN + ITRNN 14 73,68 10 62,50% ITRN + IP 5 26,32 5 31,25% ITRNN + IP 0 − 1 6,25% Total 19 46,34 16 39,02% 3 Classes ITRN + ITRNN + IP 18 43,90% 20 48,78% ARVs: Antirretrovirais; ITRN: Inibidor de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não−análogo de Nucleosídeo; IP: Inibidor de protease. 5.2.2.1 Mutações de resistência aos ITRNs As mutações T215Y e M184V da TR foram as mais frequentes neste estudo, ambas com 60,98% (Figura 28), semelhante aos encontrados por Almeida e colaboradores (2009), no qual mutações nestes códons aparecem com frequência de 69,6 e 56,5% nas crianças em falha na TARV, respectivamente. Esta grande proporção ocorre, pois estas mutações são selecionadas pelos ARVs mais utilizados na população pediátrica, o AZT e 3TC. Entre os que apresentaram a mutação T215Y, 40% estavam em uso de AZT, porém 96% já haviam sido expostos a esta droga, e todos os pacientes com a presença da mutação M184V estavam em uso de 3TC no momento do exame de genotipagem (p<0,0001). 78,05% 60,98% 58,54% 48,78% 39,02% 39,02% 36,59% 21,95% 21,95% 19,51% 19,51% 12,20% 4,88% 2,44% 2,44% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Figura 28- Frequência das mutações de resistência aos ITRNs As TAMs, mutações selecionadas pelos análogos da timidina AZT e d4T, foram muito frequentes neste grupo, com a presença de uma ou maisdestas mutações detectadas em 85,37% das amostras, semelhante à alta frequência encontrada por Puthanakit et al. (2010). Entre os pacientes com a presença de TAMs, 71,43% estavam em uso de análogos de timidina, e 97,14% já haviam sido expostos durante a terapia. A análise das vias mutacionais das TAMs, mostrou que 54,29% das sequências que apresentavam TAMs possuíam mutações pertencentes a apenas uma dessas vias mutacionais, sendo estas distribuídas em 68,42% na via TAM 1, e 31,58% na via TAM 2. Os 45,71% restantes possuíam mutações das vias TAM 1 + 2 (Tabela 12) Dentre os representantes que pertenciam as duas vias, 56,25% das sequências eram compostas por TAMs 1 associadas apenas a TAM 2 D67N, padrão comumente encontrado (COZZI−LEPRI et al., 2005). As TAMs K70R e L210W, que raramente ocorrem no mesmo genoma, foram encontradas juntas em apenas uma amostra, concordando com a literatura (YAHI et al., 2000). Tabela 12- Frequência das mutações TAMs e perfil das vias na população de estudo Mutações TAM vias 1 e 2 Perfil - vias TAM n (41) % n (35) % TAM 1 M41L 24 58,54% TAM 1 13 37,14% L210W 15 36,59% TAM 2 6 17,14% T215Y TAM 2 25 60,98% TAM 1 + 2 16 45,71% D67N 18 43,90% K70R 9 21,95% T215F 0 0,00% K219Q 6 14,63% K219E 3 7,32% TAM:Mutações associadas aos timidínicos As mutações de multirresistência aos ITRNs, Q151M, inserção no códon 69 da TR, e deleção no códon 67 não foram encontradas neste grupo de pacientes, beneficiando o uso desta classe de drogas. O mesmo ocorreu com a mutação K65R da TR, o que pode ser explicado pela alta frequência de TAMs nesse grupo, pois a presença de ambas na mesma variante pode levar a uma reversão da resistência conferida por estas mutações, através da interferência mútua no mecanismo de resistência causado por elas (MCCOLL et al., 2004; PARIKH et al., 2006). As mutações V118I e E44A/D, são mutações acessórias que ocorrem geralmente com TAMs 1, reduzindo a suscetibilidade e atividade clínica da maioria dos ITRNs (ROMANO et al., 2002; GIROUARD et al., 2003). Neste estudo, a associação de V118I + TAM 1 ocorreu em 87,5% das amostras contendo V118I. Todas as amostras com a presença das mutações E44A/D estavam associadas à pelo menos uma TAM 1. 5.2.2.2 Mutações de resistência aos ITRNNs As mutações mais frequentes associadas aos ITRNNs, foram nos códons 190 e 103, sendo G190A e K103N as principais, encontradas em 24,39% das amostras. As mutações K103 são encontradas em maior frequência na literatura em grupos pediátricos em falha, variando de 35 a 52,5% (DE OLIVEIRA et al., 2008; ALMEIDA et al., 2009; PUTHANAKIT et al., 2010), e as mutações G190 foram encontradas por Puthanakit et al. (2010) com valores muito semelhantes aos nossos, 31% na população de estudo. Estas mutações são 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% selecionadas durante o uso de EFV e NVP, levando a uma diminuição da suscetibilidade a estas drogas. Entre os pacientes com a presença de K103N, 60% estavam em uso de EFV (p=0,0029), e 20% estavam em uso de NVP, além disso, todos haviam sido expostos a estas drogas durante a terapia. Entre os pacientes com a presença de G190A, nenhum estava em uso de EFV, e 50% estava em uso de NVP (p=0,0301); no entanto, 90% já haviam sido expostos a estas drogas durante a terapia. A frequência das mutações de resistência relacionadas aos ITRNNs está representada na figura 29. Figura 29- Frequência das mutações de resistência aos ITRNNs A análise das 9 sequências virais com ausência de mutações relacionadas aos ITRNNs mostrou que 8 (88,89%) destes pacientes nunca foram expostos a esta classe, e apenas um paciente já havia utilizado EFV em esquemas anteriores, não sendo indicada a terapia sequencial com outros ITRNNs de primeira geração, devido a possibilidade da presença de mutações de resistência nas populações minoritárias. 5.2.2.3 Mutações de resistência aos IP As mutações principais associadas aos IP mais frequentes foram I54V e V82A, com 29,27% cada, seguidas pelas mutações M46I e L90M, presentes em 26,83% e 24,39% das amostras, respectivamente, semelhantes a outros estudos nesta faixa etária (DE OLIVEIRA et al., 2008; ALMEIDA et al., 2009). A frequência das mutações principais relacionada a resistência aos IPs pode ser verificada na figura 30. 34,15% 29,27% 21,95% 21,95% 21,95% 12,20% 9,76% 9,76% 9,76% 7,32% 7,32% 7,32% 4,88% 2,44% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 34,15% 31,71% 31,71% 24,39% 14,63% 12,20% 7,32% 7,32% 4,88% 4,88% 4,88% 4,88% 2,44% 2,44% Figura 30- Frequência das mutações de resistência principais aos IP A mutação L90M não foi encontrada na mesma sequência com a mutação D30N, este duplo mutante teria seu fitness diminuído, como discutido anteriormente. As mutações secundárias ou acessórias da protease mais frequentes foram nas posições 10 (56,10%), e 71 (31,71%) (Figura 31). Figura 31- Frequência das mutações de resistência acessórias aos IP 56,10% 31,71% 7,32% 7,32% 4,88% 4,88% 4,88% 4,88% 2,44% 2,44% 2,44% 2,44% 5.2.3 Resistência aos ARVs 5.2.3.1 Resistência geral Os critérios para a classificação com resistência e sensibilidade total a uma classe de drogas foram discutidos no item 5.1.3.1. A classe dos ITRNNs apresentou a maior frequência de indivíduos com resistência total (48,78%) às quatro drogas analisadas, seguidos pelos ITRNs, com 39,02% de resistência total às sete drogas da classe. Os IPs apresentaram o melhor desempenho, com apenas um paciente com resistência total às oito drogas da classe, mostrando seu grande potencial de uso na terapia de resgate (Tabela 13). Tabela 13- Suscetibilidade as classes dos ITRNs, ITRNNs e IPs (suscetibilidade e resistência totais) Classes Sensibilidade total Resistência total n (41) % n (41) % ITRN (7) 5 12,20 16 39,02 ITRNN (4) 9 21,95 20 48,78 IP (8) 23 56,10 1 2,44 3 classes 2 4,88 1 2,44 ITRN: Inibidor de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeo; ITRNN: Inibidor de Transcriptase Reversa Não análogo de Nucleosídeo; IP: Inibidor de Protease A resistência total às três classes foi baixa, encontrada em apenas um paciente, sendo fundamental a introdução de novas drogas como o Raltegravir e a Enfuvirtida, aliado a drogas que ainda mantêm uma atividade residual, como os ITRNs e IPs, principalmente por se tratar de um paciente com 14 anos no momento da genotipagem, o que permite a utilização destes novos ARVs. A mediana do número de drogas sem nenhuma atividade antirretroviral (Resistência Alta) foi de 5 (P25=3, P75=10), considerando as 19 drogas em análise (7 ITRNs, 4 ITRNNs e 8 IPs). 5.2.3.2 Resistência aos ITRNs Os análogos de citosina 3TC e FTC apresentaram os maiores índices de resistência alta (60,98%), exibindo um perfil idêntico, principalmente pela presença da mutação M184V da TR, selecionada rapidamente pelo 3TC, droga amplamente utilizada, que confere alto nível de resistência fenotípica a estas drogas. O perfil de resistência aos ITRNs é apresentado na figura 32. 43 2OBJETIVOS 3CASUÍSTICA 4MÉTODOS 5RESULTADOS E DI CUSSÃO
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