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Conceito de Segurança Pública

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SEGURANÇA PÚBLICA 
CONTEMPORÂNEA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alex Erno Breunig 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Parabenizando a você, aluno(a), pela sábia decisão de estudar, iniciamos 
nossa disciplina! 
Esta aula inicial tem por objetivo ambientar o aluno sobre o conceito de 
segurança pública, sua história, seus fundamentos antropológicos, bem como sua 
localização na administração brasileira e sua estrutura organizacional. 
Bons estudos! 
TEMA 1 – CONCEITO DE SEGURANÇA PÚBLICA 
O homem é um ser gregário, como tal, com o passar dos tempos, formou 
grandes comunidades. A presença de grandes quantidades de pessoas em um 
mesmo ambiente fez surgir a área de contato social, essa, quando mal 
administrada, gera atrito com reflexos diretos na segurança pública. 
Conforme já tivemos oportunidade de lecionar Breunig (2018, p. 24) diz que 
“Diferentemente dos demais animais, o homem nasce e vive em sociedade. 
Acredita-se que todo indivíduo que viva em sociedade receba uma carga de 
informações culturais que, durante toda a sua jornada de vida, define sua 
identidade.” Essa convivência e a multiplicidade de culturas, pensamentos e 
atitudes também influenciam nas condições de segurança. 
A dinâmica da vida em sociedade é estudada, dentre outras ciências, pela 
sociologia, filosofia, antropologia. Entre os estudiosos da vida em sociedade, 
destacamos o inglês Tomas Hobbes, que é autor da célebre obra Leviatã, 
publicada em 1651, na qual popularizou a máxima pela qual “o homem é o lobo 
do homem”, em latim homo homini lúpus. 
Diferentemente de Hobbes, o célebre pensador suíço Jean-Jacques 
Rousseau acreditava que o homem nasce bom e a sociedade é que o corrompe, 
conforme insculpido na obra Do contrato social. 
Essas assertivas têm grande importância nos estudos sobre segurança 
pública e devem ser consideradas sempre que estivermos refletindo a respeito 
das origens e motivações de atos de violência ou desrespeito às leis. 
Devemos, ainda, atentar para dois dos acontecimentos da história da 
humanidade com maior impacto em termos de segurança pública, que foram a 
Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX) e o desenvolvimento do capitalismo, 
que, rompendo com o modelo de produção feudal, deu contornos da sociedade 
ocidental atual. 
 
 
3 
Conforme Vieira et al. (2015, p. 126): 
A Revolução Industrial proporcionou grandes transformações em 
todo o mundo, alterou o modo de vida das pessoas, possibilitou a 
mecanização da agricultura, fez crescer as cidades, gerando 
processos de urbanização, e passou a representar a atividade que 
melhor caracteriza o estágio de desenvolvimento social, político, 
econômico, científico e tecnológico alcançado por uma sociedade. 
Destacamos os comentários do capítulo da Constituição Federal de 1988 
que trata da Segurança Pública, de onde se extrai que “a vida em sociedade, por 
sua própria dinâmica, faz surgir em seu meio a figura do delito. Não há 
grupamento social que não sofra os efeitos da criminalidade em maior ou menor 
grau. Tal preocupação sensibilizou o legislador constituinte de 1988, o qual, de 
forma inédita, reservou um capítulo específico sobre a segurança pública” (Melo, 
2021, p. 806). 
Essa contextualização inicial possui importância para nos conduzir a 
raciocinar a respeito do tema, para que, muito além de receber conceituações 
prontas, seja possibilitada a elaboração dos próprios conceitos e conclusões. 
Com esse objetivo devemos perguntar: o que se entende por segurança 
pública? Quando pensamos no tema, quais imagens nos vêm comumente à 
mente? 
1. Policiais realizando policiamento ostensivo? 
2. Viaturas policiais em perseguição; 
3. Locais de crime com pessoas mortas; 
4. Roubos a mão armada; 
5. Pessoas com medo, prisioneiras em suas casas, ruas vazias. 
A respeito de a questão formulada convidar para a reflexão acerca de 
“segurança pública”, em regra, vem à mente imagens de “insegurança” ou de 
quebra da ordem pública. 
De acordo com as lições de Karpinski (2019, p. 10), “Esses pensamentos, 
emoções são criados pela Síndrome da Violência Urbana que já está 
impregnada em nossas mentes e muitas pessoas, inclusive sucumbem 
adoecidas por essa sensação de desamparo frente aos problemas da violência 
urbana”. 
Em uma condição ideal, ao se pensar em segurança pública, espera-se que 
as imagens vindas à mente sejam de situações prazerosas, de boa convivência 
social e de ordem pública. 
 
 
4 
Para construir e compreender conceitos acerca do tema segurança pública 
é de grande valia que se promovam essas e outras reflexões, permitindo-se que 
sejam feitas distinções entre o que é segurança pública e sua antítese, 
insegurança. 
Indubitavelmente o assunto é deveras complexo, denso e intrigante, 
devendo ser tratado com muito esmero e cuidado, no fito de se evitar equívocos 
e malversações. 
Na extenuante faina em busca de um adequado conceito de segurança 
pública, que, diferentemente do senso comum, não é um assunto exclusivo das 
polícias, sendo interesse e responsabilidade de todos, obrigatoriamente, estuda-
se os termos “violência” e “crime”. 
Há muitas maneiras de se definir violência, mas segundo a Organização 
Mundial da Saúde (KRUG et al., p. 5), violência pode ser definida como: 
O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, 
contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma 
comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar 
em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento 
ou privação. 
Outro conceito importante para raciocinar sobre segurança pública é o de 
“crime” que, sob o enfoque jurídico, de acordo com as lições de Capez (2015, p. 
112): 
É aquele que busca estabelecer a essência do conceito, isto é, o 
porquê de determinado fato ser considerado criminoso o outro não. 
Sob esse enfoque, crime pode ser definido como todo fato humano 
que, propositadamente ou descuidadamente, lesa ou expõe a 
perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência 
da coletividade e da paz social. 
Assim, segurança pública envolve múltiplas nuanças e interações entre os 
setores públicos e toda a sociedade, sendo um conceito em contínua construção, 
que deve abarcar a busca pela harmoniosa convivência em sociedade, com 
garantia do exercício dos direitos do cidadão, da livre manifestação do 
pensamento e do exercício dos poderes constituídos. 
Um dos conceitos de Segurança Pública mais difundido é fornecido pelas 
doutas lições de Silva (2009, p. 635), das quais se entende que “segurança pública 
é manutenção da ordem pública interna”, sendo que esta é “uma situação de 
pacífica convivência social, isenta de ameaça de violência ou de sublevação que 
tenha produzido ou que supostamente possa produzir, a curto prazo, a prática de 
crimes”. 
 
 
5 
Essa conceituação está alinhada ao que determina nossa constituição 
Federal de 1988, pela qual segurança pública é, ao mesmo tempo, direito 
fundamental, responsabilidade de todos, função típica de Estado, cláusula pétrea 
e valor supremo da sociedade brasileira. 
Com base nessas determinações constitucionais e tendo por pressuposto 
o respeito aos direitos humanos, é possível ao leitor elaborar seu próprio 
conceito, exercício esse que tem potencial para enriquecer o estudo e fixar 
melhor as ideias-força. 
TEMA 2 – ABORDAGEM HISTÓRICA DA SEGURANÇA PÚBLICA 
Este tema tem por inspiração o adágio popular pelo qual “aqueles que não 
conhecem o passado estão condenados a repetir seus erros”, ou seja, ao utilizar 
dados históricos para analisar o presente e estimar o futuro, é possível aplicar 
na prática os ensinamentos históricos. 
Atentamos para a grande importância dos historiadores, que nos 
possibilitam ter conhecimento a respeito de fatos passados, ajudando-nos, com 
isso, a construir um futuro melhor. Essa importância é correspondente à 
responsabilidade desses profissionais,os quais devem exercer sua atividade 
com o máximo de isenção de ânimo, para que a história contada não seja 
contaminada por preconceitos ou interesses pessoais. 
Nesse contexto, entendemos que se encaixa perfeitamente o 
ensinamento do célebre Miguel de Cervantes, na épica obra O engenheiro 
fidalgo Don Quixote de La Mancha, escrita no ano de 1605, “história, êmula do 
tempo, depósito dos feitos, testemunha do passado, exemplo e conselho do 
presente, e ensino do futuro” (Saavedra, 1955, p. 74). 
Neste tema iremos utilizar intensamente os ensinamentos do professor 
Alessandro José Fernandes (Oliveira, 2017, p. 6), o qual ministrou essa mesma 
matéria neste curso, deixando-nos como lições que “é com a análise, sob uma 
ótica crítica e histórica, que se desenvolvem conceitos importantes e se 
compreende, com mais acuidade, o fenômeno que se pretende estudar 
(segurança pública)”. 
Ainda nas lições de (Oliveira, 2017, p. 6): 
A abordagem histórica, no entanto, não é um desafio tão simples 
quanto parece, e não é simplesmente um estudo de histórias, 
principalmente das grandes personalidades, senão uma 
abordagem/visão do complexo contexto que está no entorno dos 
institutos sociais, de difícil, senão impossível, apreensão total do 
fenômeno a ser estudado. 
 
 
6 
Em outras palavras, é impossível compreender, em sua totalidade, os 
fenômenos históricos, complexos e infinitos, que se combinam na 
dinâmica evolutiva dos institutos em estudo. A história da segurança 
pública não foge à regra, de forma que o máximo que conseguimos 
são fragmentos, esboços de entendimento sobre as inúmeras 
mediações e circunstâncias que interagiram para chegar ao “estágio” 
histórico em que estamos. 
O estudo da história da segurança pública no mundo e especialmente no 
Brasil é de grande valia para compreendermos muitas atitudes da população e 
decisões dos administradores públicos, sendo necessário, ainda, analisar esse 
tema em conjunto com diversos outros pontos, como o contexto político, 
econômico e social em que se enquadram. 
Atentamos para a íntima relação existente entre a análise das condições 
de segurança pública e a estrutura das instituições incumbidas de prover esse 
serviço essencial no Brasil, sendo que essas são diretamente afetadas pelas 
conjunturas políticas e econômicas, que, além de interferir nas condições de vida 
das populações, condicionam as atividades dessas instituições, levando, não 
raras vezes, a extinções e surgimentos de novas corporações. 
Construir uma cronologia que relacione os problemas sociais e 
econômicos de determinado momento histórico, com o surgimento e/ou extinção 
de determinada instituição, tem grande valor para buscar determinar se essa 
sucessão foi benéfica para a sociedade ou se apenas se prestou para aplacar 
os ânimos e alavancar algum interesse secundário. Pretende-se, com isso, 
contribuir para o enriquecimento dos debates acerca de novas sucessões que 
recorrentemente são propostas. 
TEMA 3 – FUNDAMENTOS ANTROPOLÓGICOS DA ATIVIDADE POLICIAL 
A característica gregária do ser humano, que levou à formação de grandes 
comunidades, leva-nos à inexorável conclusão de que o homem é um ser social. 
Essa conclusão é refutada apenas em teorias que acreditam na viabilidade de 
uma vida isolada. 
Fruto dessa formação de comunidades passaram a ser estabelecidas 
regras de convivência e de disciplinamento de comportamentos, no intuito de 
permitir que essa convivência seja a mais pacífica possível, levando a níveis 
desejáveis de segurança pública. 
Sem que sejam estabelecidas regras de convivência — que não 
necessariamente sejam escritas – para disciplinar a convivência humana, fica 
praticamente impossibilitada a própria convivência pacífica. A essas regras de 
convivência chamamos “direito”, sendo amplamente aceita a máxima pela qual 
 
 
7 
“onde está a sociedade, aí está o Direito”, ou no verbete latino, “ubi societas, ibi 
jus”. 
No entanto, o mero estabelecimento de regras formais não se afigura 
como útil, se essas não forem amplamente respeitadas, seja de maneira 
espontânea e consciente, seja por meio de imposição estatal, por meio do poder 
de polícia do Estado. 
Atinente ao acatamento das normas impostas, transcrevemos os 
ensinamentos de Oliveira (2017, p. 6): 
É a partir dessa noção básica de direito que a doutrina jurídica costuma 
diferenciar os preceitos primário e secundário da norma. Preceito 
primário é a essência da norma em si, com seu comando imperativo 
no sentido de obrigar, permitir ou proibir um comportamento humano. 
Por sua vez, preceito secundário é a consequência pelo 
descumprimento da norma, normalmente mediante uma sanção/pena. 
Na convergência da necessidade de se fazer cumprir as normas pré-
estabelecidas (direito, lato sensu), e de se atribuir consequências ao 
seu descumprimento, encontra-se a essência (ontologia) da atividade 
policial, máxime na contemporânea estrutura política em que estão 
organizadas as sociedades ocidentais modernas, vale dizer, Estado. 
Com o objetivo de fazer cumprir as normas e determinações, o Estado 
necessita de mecanismos de coerção, sendo que as polícias têm papel 
preponderante nessa missão, sob a perspectiva de que de nada adianta possuir 
competência legal para emanar determinações sem possuir forças para fazer 
cumprir suas determinações. 
Um marco histórico importante para compreender a situação atual da 
segurança pública, das legislações e das atividades policiais foi a revolução 
industrial, que deu os contornos das sociedades capitalistas atuais, sendo 
imprescindível a sua compreensão para bem analisar o contexto atual. 
Esse marco histórico, somado com fundamentos filosóficos e 
sociológicos, fornece-nos subsídios e direção para uma proficiente análise a 
respeito das origens daquilo que entendemos ser segurança pública. 
TEMA 4 – A SEGURANÇA PÚBLICA NA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
BRASILEIRA 
Para bem compreender o posicionamento da segurança pública dentro da 
organização administrativa brasileira, é necessário inicialmente esclarecer que 
nós adotamos a República como forma e o Presidencialismo como sistema de 
governo, ou seja, temos por características a soberania da vontade popular, com 
a escolha de nossos representantes por meio do voto, para o exercício de 
 
 
8 
mandato por período certo, bem como que as funções de chefe de Estado e de 
Governo estão concentradas na mesma pessoa, o Presidente da República. 
Atentamos ainda para a formação da federação brasileira, que é 
considerada “centrífuga”, ou seja, concentra poderes e receitas de maneira muito 
intensa na União, a qual se incumbe de distribuir os recursos públicos entre os 
entes federados. 
É importante, ainda, ressaltar que constitucionalmente a segurança 
pública, liberdade, bem-estar, desenvolvimento e igualdade, são valores 
supremos de nossa sociedade, sendo que o atingimento desses ideais depende 
do desenvolvimento de políticas públicas, que devem ser executadas pelos 
agentes públicos. 
Além da segurança pública, ao Estado brasileiro incumbe exercer 
diversas outras funções, o que é feito por meio de uma rede de agentes públicos, 
distribuídos nos mais diversos cargos, visando realizar o planejamento, 
assessoramento e execução dos serviços públicos. 
Por diversos motivos, essa rede de agentes públicos acabou por crescer 
além do recomendável, o que contribui para a burocratização dos serviços, 
gerando morosidade e prejuízos à população. A compreensão dessas 
particularidades possui importância para o estudo da segurança pública, 
especialmente no que se refere às questões financeiras e administração de 
pessoal. 
No que se refere à segurança pública, esses agentes públicos são 
distribuídos em diversas instituições, direta ou indiretamente envolvidas na 
execução dessa missão, devendo ser atentado para o fato de que todos os 
cidadãos possuem algum grau de responsabilidade nesse campo, sendoobrigação do Estado proporcionar esse serviço público. 
TEMA 5 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E FUNCIONAL DA SEGURANÇA 
PÚBLICA NO BRASIL 
A doutrina tradicional brasileira distribui as atribuições das instituições 
incumbidas da segurança pública de acordo com o conhecido “Poder de Polícia”, 
pelo qual o Estado possui a obrigação de intervir, sempre que útil e necessário, 
na esfera de interesses do cidadão, sempre com o objetivo de defender os 
interesses da coletividade. 
Sobre o conceito de Poder de Polícia, Carvalho (2013, p. 76) nos ensina 
que é “a prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a 
 
 
9 
Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade 
em favor do interesse da coletividade”. 
A compreensão da estrutura organizacional e funcional da segurança 
pública passa também pela compreensão de que ao Estado cabe o monopólio 
do uso legal da força, sendo que essa força será exercida por meio das polícias, 
sempre no objetivo de propiciar adequadas condições de convivência social. 
A distribuição das instituições incumbidas da segurança pública é dividida 
comumente em Polícias Administrativas e Polícias Judiciárias. Em regra, 
entende-se que às Polícias Administrativas cumpre o exercício do poder de 
polícias espraiado nos mais diversos órgãos estatais, dentre os quais as polícias, 
estando vinculadas à prevenção de ilícitos; já às polícias Judiciárias, cumpre 
realizar as investigações criminais, sendo consideradas repressivas. 
Essa distribuição tradicional é contestada atualmente em face da 
observação do texto constitucional, com atenção especial para o art. 144 da 
CRFB. Nesse sentido Oliveira (2017, p. 3), ensina-nos que há uma distribuição 
das “competências” policiais em três grandes campos de atuação: 
Em um primeiro aspecto, a Constituição da República preocupou-se 
com o fenômeno criminal, distribuindo atribuições voltadas à 
prevenção da criminalidade, à sua repressão imediata e, por fim, à 
apuração da infração penal. Assim o fez, por exemplo, ao atribuir às 
Polícias Militares as funções de polícia preventiva (tutela inibitória 
criminal) e ao atribuir às Polícias Civis e à Polícia Federal as funções 
de apuração da infração penal (investigação criminal), bem como, a 
partir das normas processuais penais, obriga que todos os agentes 
policiais atuem em caso de flagrante delito (repressão imediata). A 
esse primeiro espectro de atribuições chamamos de Polícia Criminal. 
Além do aspecto criminal, a Constituição também distribuiu 
competências não vinculadas ao crime em sentido estrito, mas à 
atividade ordinária do poder de Polícia Administrativa (nos moldes 
vistos no item anterior). Assim o fez, por exemplo, ao incumbir às 
Polícias Militares a preservação da ordem pública e aos corpos de 
bombeiros as atividades de defesa civil, típicas atividades do poder de 
Polícia Administrativa, não necessariamente ligados ao fenômeno 
criminal (crime). A esse segundo espectro de atribuições chamamos 
de Polícia Administrativa. 
Por fim, voltadas menos ao interno, mas mais ao exterior, bem como à 
defesa da soberania nacional, a Constituição perfila algumas 
atribuições de caráter político (não no sentido político-ideológico do 
regime militar, mas no sentido tecnicamente político, como entidade de 
defesa da soberania nacional). São nesse sentido, por exemplo, as 
atribuições de controle migratório, ou policiamento aeroportuário, 
marítimo e de fronteiras, exercido pela Polícia Federal. 
Em suma, dentro de um conceito maior de uma Polícia de Segurança 
Pública, temos, a partir das atribuições definidas no texto 
constitucional: a um, órgãos e agentes encarregados do enfrentamento 
da criminalidade (Polícia Criminal), seja prevenindo a ocorrência de 
crimes (Polícia Criminal Inibitória), seja apurando infrações penais 
(Polícia Criminal Investigatória), seja atuando na recente ocorrência de 
um crime (Repressão Imediata); a dois, órgãos policiais encarregados 
de atividades ordinárias do poder de Polícia Administrativa, porém, por 
uma série de decisões políticas, encarregadas a órgãos policiais pela 
sensibilidade social das matérias envolvidas (Polícia Administrativa); a 
 
 
10 
três, órgãos a latere das Forças Armadas, com inúmeras atribuições 
voltadas à defesa da soberania nacional (Polícia Política). 
Por fim, entendemos pertinente consignar que as discussões a respeito 
de competências constitucionais são muito acirradas no direito pátrio, não 
apenas no que se refere às Polícias, mas também nos mais diversos setores 
públicos, discussões essas que muitas vezes são dirimidas apenas após longas 
disputas judiciais, sendo importante conhecer as mais diversas opiniões para 
que se possa entender e trabalhar nessa área. 
NA PRÁTICA 
Compreender a conceituação de segurança pública, sua história, 
estrutura e sua localização na administração pátria, afigura-se como 
imprescindível para estudar e trabalhar nessa essencial área, que é de extrema 
importância para a boa convivência em sociedade. 
Adquirir esses conhecimentos possibilita compreender muitas das 
atitudes dos cidadãos cumpridores de seus deveres e dos infratores das leis, 
bem como procurar entender as decisões dos governantes. 
FINALIZANDO 
Compreender que o ser humano é um ser gregário, virtualmente incapaz 
de viver isolado, que a formação de grandes comunidades faz surgir a 
necessidade de estabelecer normas de convivência e que o cumprimento dessas 
normas exige poder de coerção é um ponto de partida muito importante para a 
boa compreensão da segurança pública. 
 
 
 
11 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário Oficial da União. Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso 
em: 3 set. 2021. 
BREUNIG, A. E.; SOUZA, V. Sociologia do crime e da violência. Curitiba: 
InterSaberes, 2018. 
CAPEZ, F. Curso de Direito Penal – Parte Geral. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 
2015. 
CARVALHO FILHO, J. dos S. Manual de direito administrativo. 27. ed. São 
Paulo: Atlas, 2013. 
KARPINSKI, M. T. Introdução à Segurança Pública. Curitiba: IESDE, 2019. 
KRUG E.G. et al. (Eds.). World report on violence and health. Geneva, World 
Health Organization, 2002. Disponível em: 
<https://www.cevs.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/14142032-relatorio-
mundial-sobre-violencia-e-saude.pdf>. Acesso em: 9 set. 2021. 
MELO, A. Z et al. Direito Constitucional. Santana do Parnaíba: Manole, 2021. 
OLIVEIRA, A. J. F. de. Segurança Pública Contemporânea. Aula 1-3. 2017. 
Disponível em: 
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SAAVEDRA, M. C. O engenheiro fidalgo Don Quixote de la Mancha. 
Tradução de Viscondes de Castilho e de Azevedo. São Paulo: Logos, 1955. v. 
1. 
SILVA, J. A. da. Comentário contextual à Constituição. São Paulo: Malheiros, 
2009. 
VIERA, J. D.; GRAÇA, R. F.; RODRIGUES, A. de J.; SILVA, J. A. B. da. Uma 
breve história sobre o surgimento e o desenvolvimento do capitalismo. 
Ciências Humanas e Sociais Unit, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 125-137, mar. 2015.

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