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DEFINIÇÃO Apresentação da visão geral dos indicadores utilizados na análise da rentabilidade e da situação econômica de empresas. PROPÓSITO Compreender o processo de análise de demonstrativos financeiros de empresas, especialmente os indicadores da avaliação da situação econômica das corporações, para o subsídio de decisões corporativas e análises de agentes no mercado financeiro. PREPARAÇÃO Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos recursos computacionais com acesso a planilhas eletrônicas (Excel) e calculadora. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever os principais objetivos, as aplicações e os tipos de indicadores utilizados na análise da rentabilidade e situação econômica de empresas MÓDULO 2 Listar os indicadores utilizados para a análise das margens de lucro e giro dos investimentos de empresas, bem como sua aplicação e interpretação MÓDULO 3 Listar os indicadores utilizados para a análise da rentabilidade e do lucro econômico, bem como sua aplicação e interpretação INTRODUÇÃO Diversos agentes atuantes no meio corporativo e no mercado financeiro desejam ter informações financeiras de empresas por diversas razões. Por isso, eles analisam seus demonstrativos contábeis buscando entender sua situação econômico-financeira e embasar as decisões a serem tomadas. Entre os diversos interessados neste tipo de análise, podemos citar os sócios de empresas e investidores no mercado de capitais, os bancos e credores em geral, as agências classificadoras de risco, reguladoras e os próprios gestores das empresas analisadas. A análise de demonstrativos pode envolver dezenas de indicadores e diversos objetivos. Geralmente, esses indicadores são classificados em grupos relacionados justamente ao interesse do ponto que se deseja explorar na análise. Uma forma de categorizá-los consiste na divisão em três grupos: Indicadores de rentabilidade a da situação econômica; Indicadores da situação financeira de curto prazo; Indicadores do risco de inadimplência e endividamento. Este tema discute a utilização dos indicadores de rentabilidade e da situação econômica de empresas. Em termos práticos, isso consiste na averiguação de como a empresa vem remunerando os investidores capitalistas e os fatores que explicam seu desempenho. MÓDULO 1 Descrever os principais objetivos, as aplicações e os tipos de indicadores utilizados na análise da rentabilidade e situação econômica de empresas COMO EFETUAR A ANÁLISE DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DE EMPRESAS Neste módulo, apresentaremos uma visão geral da análise da rentabilidade e da situação econômica de empresas. Além disso, veremos os tipos de indicadores empregados nessa tarefa e como eles podem ser utilizados de forma conjunta. A ANÁLISE DE DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS E SEUS OBJETIVOS Como saber se um negócio está indo bem ou não? Efetuada diariamente por diversos atores no cenário corporativo e no mercado financeiro, esta pergunta é ambígua, já que o desempenho de uma empresa possui diversas dimensões. Mesmo que o interesse esteja restrito ao enfoque financeiro da companhia, podemos fragmentá-lo de formas distintas. Essa fragmentação pode ser ainda mais específica nestes casos: Situação financeira de curto prazo; Risco de inadimplência e endividamento; Rentabilidade e a situação econômica da empresa. Aparentemente similares, essas três dimensões citadas possuem enfoques distintos. A situação financeira de curto prazo se refere à capacidade de as empresas honrarem seus compromissos com terceiros. Ela ainda dimensiona as necessidades de recursos para financiamento de estoques, contas a receber e outros ativos circulantes. Em outras palavras, podemos dizer que essa situação está relacionada à liquidez e ao volume de recursos investidos no capital de giro da companhia. O risco de inadimplência e endividamento está relacionado ao nível de alavancagem financeira da empresa. Ele busca informar se as empresas estão muito ou pouco endividadas e qual é sua probabilidade de calote (risco de inadimplência ou de crédito). Das três dimensões enunciadas anteriormente, provavelmente a que desperta a maior curiosidade é a que diz respeito à rentabilidade e à situação econômica da empresa. Afinal, ela se refere à capacidade de uma organização gerar lucros e remunerar os recursos investidos pelos sócios. Muitos analistas a consideram a mais relevante. Afinal, uma empresa que desfrute de uma boa situação econômica geralmente conta com as melhores condições de reestruturar dívidas e conseguir um financiamento para o capital do capital de giro. Para efetuar a tarefa de analisar a rentabilidade e a situação econômica de uma empresa, geralmente são utilizados três tipos distintos de indicadores: Os índices de retorno; As margens de lucro; O giro dos recursos investidos. OS ÍNDICES DE RETORNO Eles comparam o lucro gerado em determinado período, que é obtido pela inspeção da demonstração de resultado do exercício (DRE), com o investimento efetuado na companhia, o qual, por sua vez, advém da análise do balanço patrimonial (BP). O índice mais utilizado dessa categoria é o retorno sobre o patrimônio líquido, que também conhecido no mercado pela sigla ROE (referente ao termo em inglês return on equity). O ROE consiste na relação entre o lucro líquido da empresa e patrimônio líquido: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Para exemplificar a utilização do ROE, analisaremos o caso de uma empresa hipotética. EXEMPLO Os dois primeiros quadros da Fábrica de Embalagens Ltda. apresentam respectivamente seus dois componentes (ativo e passivo) do BP, enquanto o terceiro contém a demonstração do seu resultado do exercício (DRE). Os dados são relativos aos resultados dos exercícios dos anos 20X1 e 20X2. QUADRO: ATIVO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS ROE = (1)Lucro líquido Patrimônio líquido QUADRO: PASSIVO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS QUADRO: DRE DA FÁBRICA DE EMBALAGENS Tomando os resultados da Fábrica de Embalagens do ano 20X1 apresentados no quadro acima, notamos que o lucro líquido registrado no exercício foi de R$58.518. No mesmo período, de acordo com os resultados apresentados anteriormente (segundo quadro), observamos que o patrimônio líquido registrado pela empresa foi de R$652.395. Utilizando esses dados contábeis, é possível calcular o ROE de 20X1 da Fábrica de Embalagens: QUADRO: CÁLCULO DO ROE DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 ROE = Lucro líquido/patrimônio líquido Lucro líquido da fábrica de embalagens em 20X1 = R$58.518 Patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$652.395 ROE da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/652.395 ROE da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 9,0% Nota-se que o ROE da Fábrica de Embalagens registrado em 20X1 foi de 9,0%. Veremos no módulo 3 que o ROE de uma empresa pode ser analisado de formas distintas, sendo uma delas (e a mais relevante) a comparação com custo do capital próprio. Podemos adiantar que essa comparação consiste na rentabilidade mínima exigida pelos sócios da companhia em função do risco do empreendimento. Isso quer dizer que, caso o ROE da empresa seja igual ou superior ao custo do capital próprio, os recursos investidos pelos sócios serão remunerados adequadamente. Por outro lado, caso o ROE seja inferior ao custo do capital próprio, os recursos dos sócios não vão gerar um retorno adequado. AS MARGENS DE LUCRO Uma segunda categoria de indicadores da situação econômica de uma companhia é o das margens de lucro. Essas margens apontam o quanto (percentualmente) a empresa gerou de lucro comparativamente à receita de determinado exercício contábil. As margens podem ser calculadas em relação aos diversos lucros (bruto, LAJI, LAJIDA e lucro líquido) e têm como denominador a receita líquida de vendas da empresa. Podemos dizer então que a margem líquida consiste na razão entre o lucro líquido e a receita líquida (duas informações presentes na DRE). Essa margem pode ser calculada pelo uso dafórmula 2: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Tomando os resultados da Fábrica de Embalagens do ano 20X1 apontados no terceiro quadro, observamos que o lucro líquido registrado no exercício foi de R$58.518, enquanto a receita líquida do mesmo período alcançou os R$1.307.053. Utilizando esses dados contábeis, já podemos calcular a margem líquida de 20X1 da Fábrica de Embalagens: QUADRO: CÁLCULO DA MARGEM LÍQUIDA DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 Margem líquida = Lucro líquido/Receita líquida Lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$58.518 Receita líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$1.307.053 Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/1.307.053 Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 4,5% A margem líquida da Fábrica de Embalagens registrada em 20X1 foi de 4,5%. Faremos uma análise mais precisa disso no módulo 2, mas já adiantamos que ela pode ocorrer de formas distintas. Margem líquida = (2) Lucro líquido Receita líquida Uma das formas seria a comparação da margem líquida de uma empresa com a de empresas atuantes no mesmo segmento. Geralmente, toma-se, para isso, a média setorial dentro de um mesmo período. Caso a margem da empresa analisada seja superior à média setorial, haverá um indicativo positivo em relação à eficiência na gestão de seus custos e na geração de lucros; caso contrário, esse indicativo será negativo. GIRO DOS RECURSOS INVESTIDOS Além de margens e retornos, outra categoria de indicadores bastante utilizada na análise do desempenho econômico de empresas é a do giro dos recursos investidos. Esses indicadores analisam a capacidade de as empresas gerarem receitas a partir de recursos investidos em determinado período. Para entendermos o cálculo do giro, devemos ter em mente que: 1 Ele é a razão entre a receita líquida e o montante de recursos registrados no ativo (ativo total ou permanente) ou passivo da empresa (patrimônio líquido ou capital investido, que consiste na soma dos recursos aportados por sócios e credores). 2 Esse cálculo depende do enfoque da análise. Um dos indicadores mais utilizados nessa categoria é o giro do patrimônio líquido (giro do PL), que pode ser calculado por esta fórmula: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Tomando os resultados da Fábrica de Embalagens do ano 20X1 apresentado no terceiro quadro, a receita líquida registrada em 20X1 foi de R$1.307.053. No mesmo período, o patrimônio líquido a empresa foi de R$652.395 (segundo quadro). QUADRO: PASSIVO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS Com esses dados contábeis, é possível calcular o giro do patrimônio líquido de 20X1 da Fábrica de Embalagens: QUADRO: CÁLCULO DO GIRO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 Giro do PL = Receita líquida/Patrimônio líquido Receita líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$1.307.053 Patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens em 20X1 = R$652.395 Giro do PL da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 1.307.053/652.395 Giro do PL da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 2,00 Giro do PL= (3) Receita líquida Patrimônio líquido javascript:void(0) Vemos no quadro acima que o giro do patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens registrado em 20X1 foi de 2,00. Isso significa que, para cada unidade monetária (reais, dólares ou outro tipo de moeda) investida pelos sócios da empresa, foram geradas duas unidades monetárias no ano analisado. COMENTÁRIO Conforme discutiremos no módulo 2, o giro do patrimônio líquido pode ser analisado de formas distintas, sendo uma delas a comparação do giro de um ano com o dos anos anteriores. Essa forma de análise permite verificar se a capacidade de as empresas gerarem receitas a partir dos recursos investidos pelos sócios vem melhorando (giros crescentes) ou piorando (giros decrescentes) ao longo do tempo. A RELAÇÃO ENTRE OS INDICADORES DA SITUAÇÃO ECONÔMICA Comumente, analistas se deparam com situações nas quais os indicadores da situação econômica não evoluem na mesma direção ao longo do tempo. Ou, muitas vezes, eles se apresentam de forma distinta em relação aos parâmetros setoriais (médias dos indicadores do setor). COMENTÁRIO Vamos supor que, em 20X0, a Fábrica de Embalagens tivesse registrado os seguintes valores em seus demonstrativos financeiros: QUADRO: INFORMAÇÕES CONTÁBEIS DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X0 Lucro líquido da Fábrica de Embalagens em 20X0 = R$45.315 Receita líquida da Fábrica de Embalagens em 20X0 = R$745.987 Patrimônio líquido da Fábrica de Embalagens em 20X0 = R$402.403 Com base nas informações deste quadro e nas fórmulas 1,2 e 3, é possível calcular os indicadores da situação econômica da Fábrica de Embalagens do ano de 20X0. Em seguida, basta compará-los com os indicadores 20X1 (de acordo com o que foi apresentado no quadro acima). FÓRMULA 1 javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) FÓRMULA 2 FÓRMULA 3 QUADRO: ANÁLISE COMPARATIVA DOS INDICADORES DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DA FÁBRICA DE EMBALAGENS DOS EXERCÍCIOS DE 20X0 E 20X1 Indicador 20X0 20X1 Análise ROE 11,0% 9,0% Piorou Margem líquida 6,1% 4,5% Piorou Giro do PL 1,81 2,00 Melhorou Podemos observar, pela análise deste quadro, que o giro do patrimônio líquido apresentou, de 20X0 para 20X1, um aumento de eficácia na geração de receitas a partir dos recursos investidos pelos sócios. No entanto, o ROE e a margem líquida tomaram uma direção contrária nos períodos avaliados. Surge então a seguinte questão: Como podemos analisar resultados que parecem ser parcialmente contraditórios? É importante que essa análise se atenha à coerência dos indicadores com os princípios definidos para as finanças empresariais. ROE = (1) Lucro Líquido Patrimônio líquido Margem líquida = (2) Lucro Líquido Receita líquido Giro do PL = (3) Receita Líquida Patrimônio líquido No que tange ao desempenho econômico, o papel das empresas é remunerar de forma condizente os recursos dos investidores. Como frisamos anteriormente, isso pode ser efetuado pela comparação do ROE com o custo de capital próprio. Supondo que o custo do capital exigido pelos sócios da Fábrica de Embalagens fosse de 8% ao ano nos dois períodos analisados, seria possível afirmar que, apesar da piora no ROE de 20X0 para 20X1, a empresa manteve nos dois períodos uma rentabilidade satisfatória para seus investidores. Mesmo relevantes na análise da situação econômica, os demais indicadores podem ser considerados secundários em relação à rentabilidade (indicador principal). Ainda é possível observar que a margem e o giro constituem, na realidade, componentes do retorno. Pode-se atestar isso pela decomposição apresentada nas fórmulas 4 e 5: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Essa decomposição permite entender os fatores que influenciaram a variação do retorno de um período a outro. Ela também é útil para avaliar o efeito da estratégia comercial da empresa e a eficiência do uso dos recursos investidos nela. No caso da Fábrica de Embalagens, é possível observar que a redução da margem de lucro (que pode ter sido ocasionada por uma redução de preços ou piora na eficiência da gestão de custos) implicou a queda da rentabilidade de 20X0 para 20X1, mesmo levando em consideração o aumento do volume das vendas em relação aos recursos aportados pelos sócios. COMENTÁRIO Precisamos ter calma agora. Ainda veremos no módulo 3 que a mesma decomposição efetuada com o ROE, relacionando o retorno ao produto de margem e giro, poderá ser aplicada a outros tipos de indicadores de rentabilidade. ROE= × = (4) Lucro líquido Receita líquida Receita líquida Patrim. líquido Lucro líquido Patrim. líquido ROE = Margem líquida ×Giro do patrimônio líquido (5) TIPOS DE INDICADORES DE RENTABILIDADE E DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DE EMPRESASUm especialista fala sobre os tipos de indicadores da rentabilidade e da situação econômica de empresas, apresentando alguns exemplos para facilitar sua compreensão.. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Listar os indicadores utilizados para a análise das margens de lucro e giro dos investimentos de empresas, bem como sua aplicação e interpretação ANÁLISE DAS MARGENS DE LUCRO E GIRO DOS INVESTIMENTOS Neste módulo, trataremos com maior profundidade os componentes dos índices de retorno: as margens de lucro e o giro dos investimentos. Em seguida, apresentaremos os tipos de margens e a forma de analisá-las (isolada e conjuntamente), buscando, com isso, entender a habilidade das empresas de gerir seus custos e despesas. De maneira similar, apresentaremos as diferentes abordagens de giros que podem variam em função do tipo de investimento considerado em seu cálculo. MARGENS DE LUCRO — TIPOS E ANÁLISE Como vimos no módulo 1, os índices de retorno podem ser considerados os mais relevantes no diagnóstico do desempenho econômico de empresas. Apesar dessa constatação, a vivência nos ambientes corporativos e no mercado financeiro revela outra coisa. Em termos de popularidade, outro grupo de indicadores lidera a preferência dos analistas: o das margens de lucro. RELEMBRANDO Conforme explicado anteriormente, as margens comparam o lucro gerado em determinado período com a receita da empresa. Isso permite uma análise da eficiência na gestão de custos e despesas da companhia. Essa habilidade (informação sobre o gerenciamento de custos e despesas) é fundamental para gerir orçamentos e atingir metas corporativas de curto prazo (um exercício). Esses pontos justificam, em parte, a grande popularidade das margens. Adicionalmente, entende-se que, no curto prazo, a habilidade de gerir investimentos seja reduzida. Muitas vezes, ela está fora da alçada de diversos gestores, limitando-os a atuar nos componentes de resultado (integrantes da DRE), que podem ser medidos pelas margens. Outro ponto que explica o interesse pelas margens de lucro é o uso dela nas projeções de resultados efetuada por analistas (internos e externos). Isso não só simplifica a realização do trabalho a partir da estimativa de resultados de receitas, mas também facilita o entendimento dos “clientes” da projeção. Há diversos tipos de margens. Eles levam geralmente o nome do lucro utilizado para seu cálculo, tendo como denominador a receita líquida de vendas. Na literatura, as principais margens baseadas nos demonstrativos de resultado do exercício societários são estas: bruta, LAJI, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (LAJIDA) e líquida. Dessa forma, a margem bruta é a razão do lucro bruto, enquanto tanto a receita líquida quanto as margens LAJI, LAJIDA e líquida são respectivamente as razões entre o LAJI, o LAJIDA e o lucro líquido e a receita líquida. As fórmulas 6, 7, 8 e 9 apresentam, de forma respectiva, as margens bruta, LAJI, LAJIDA e líquida: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Margem bruta= (6)Lucro bruto Receita líquida Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal À exceção da margem LAJIDA, todas as informações necessárias para o cálculo das margens (grifadas em negrito no quadro abaixo) estão diretamente acessíveis na DRE. Este quadro contém a estrutura típica de uma demonstração de resultado do exercício: QUADRO: ESTRUTURA TÍPICA DE UMA DRE E OS COMPONENTES DAS MARGENS DE LUCRO (EM NEGRITO) Receita bruta (-) Deduções da receita bruta (=) Receita líquida (-) Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (CPV, CMV ou CSV) (=) Lucro bruto (-) Despesas administrativas e comerciais (+) Outras receitas operacionais (=) Lucro antes dos juros e impostos (LAJI) (-) Despesas financeiras (+) Receitas financeiras (=) Lucro antes dos impostos (LAI) (-) Imposto de renda e contribuição social (IR & CS) (=) Lucro líquido COMENTÁRIO Margem LAJI = (7)LAJI Receita líquida Margem LAJIDA = (8)LAJIDA Receita líquida Margem líquida = (9) Lucro líquido Receita líquida Dado o interesse dos analistas no conhecimento do LAJIDA, muitas empresas o informam em seus relatórios financeiros. Caso essa informação não esteja diretamente disponível: É possível obtê-la somando ao LAJI os gastos com depreciação e amortização contidas nos custos dos produtos vendidos (CPV) — no caso das empresas industriais... ... Nos custos dos serviços vendidos (CSV) — no caso das prestadoras de serviço... ... E nas despesas administrativas e comerciais – em todos os tipos de empresa. Cabe observar que o custo das mercadorias vendidas (CMV), que é pertinente às empresas comerciais, não inclui depreciação e amortização. Quando uma organização é puramente comercial, todos os gastos de depreciação e amortização são registrados unicamente na linha de despesas administrativas e comerciais. Outro ponto que merece ser destacado é o seguinte: geralmente, os analistas não demonstram interesse pelo acompanhamento da margem LAI (razão entre o lucro antes dos impostos e a receita líquida). Em geral, são margens baseadas em relatórios societários, como a DRE típica (produzida pela contabilidade), buscando apresentar o lucro apurado em determinado exercício. Mas alguns analistas financeiros internos das empresas utilizam em seus estudos margens de lucro adicionais geradas a partir de relatórios gerenciais. Chamados muitas vezes de margens de contribuição, esses indicadores oferecem quebras do lucro adicionais àquelas apresentadas diretamente na DRE. Isso permite um entendimento ainda mais aprofundado da apuração de custos e despesas por produtos e unidades de negócio, o que serve de suporte para análises gerenciais. ATENÇÃO A definição de quais custos e despesas devem ser considerados na quebra do lucro para a montagem das margens de contribuição varia em cada empresa. Não se pode falar em um padrão único a ser seguido. O estudo das margens de contribuição é geralmente efetuado dentro da área de custos e controles gerenciais. Como isso foge ao escopo da análise padrão de demonstrativos financeiros, tal tópico não será tratado neste tema. Vamos entender isso melhor? Retomemos então o exemplo da Fábrica de Embalagens! Para um melhor entendimento do cálculo e da análise das margens de lucro, aplicaremos as fórmulas 6, 7, 8 e 9 nos dados da DRE da Fábrica de Embalagens apresentada no terceiro quadro. FÓRMULA 6 FÓRMULA 7 Margem bruta = (6)Lucro bruto Receita líquida javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) FÓRMULA 8 FÓRMULA 9 Para uma estimativa do LAJIDA da Fábrica de Embalagens, podemos supor adicionalmente que a depreciação e a amortização da empresa sejam equivalentes a 10% do ativo imobilizado do ano analisado. O quadro a seguir apresenta o cálculo das margens bruta, LAJI, LAJIDA e líquida dos anos de 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens: QUADRO: CÁLCULO DAS MARGENS DE LUCRO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 E 20X2 Margem bruta = Lucro bruto/Receita líquida Margem bruta da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 197.508/1.307.053 = 15,1% Margem bruta da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 146.995/1.430.723 = 10,3% Margem LAJI = LAJI/Receita líquida Margem LAJI da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 140.515/1.307.053 = 10,8% Margem LAJI da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 100.808/1.430.723 = 7,0% Margem LAJIDA = LAJIDA/Receita líquida LAJIDA = LAJI + Depreciação e amortização LAJIDA Fábrica de Embalagens em 20X1 = 140.515 + (10% x 1.137.925) = 254.308 Margem LAJIDA da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 254.308/1.307.053 = 19,5% LAJIDA Fábrica de Embalagens em 20X2 = 100.808 + (10% x 1.337.945) = 234.602 Margem LAJIDA da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 234.602/1.430.723= 16,4% Margem líquida = Lucro líquido/Receita líquida Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/1.307.053 = 4,5% Margem líquida da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 24.965/1.430.723 = 1,7% De posse dos resultados das margens de lucro dos anos 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens, é possível efetuar uma análise da lucratividade da empresa de duas formas distintas. A primeira forma diz respeito a uma análise da evolução temporal das margens, comparando a margem de um ano com a do ano anterior. A segunda maneira se traduz em uma comparação das margens da companhia com as de empresas similares que atuem no mesmo segmento de atuação. Margem LAJI = (7)LAJI Receita líquida Margem LAJIDA = (8)LAJIDA Receita líquida Margem líquida = (9) Lucro líquido Receita líquida O quadro a seguir apresenta um resumo dos resultados das margens da Fábrica de Embalagens (segundo os cálculos efetuados no quadro anterior), acrescentando-lhe as margens médias hipotéticas das empresas concorrentes: QUADRO: MARGENS DE LUCRO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS E MÉDIAS SETORIAIS EM 20X1 E 20X2 Fábrica de Embalagens Média setorial Indicador 20X1 20X2 20X1 20X2 Margem bruta 15,1% 10,3% 14,7% 13,1% Margem LAJI 10,8% 7,0% 11,7% 10,2% Margem LAJIDA 19,5% 16,4% 19,3% 18,5% Margem líquida 4,5% 1,7% 6,8% 5,3% 1 A análise das margens no quadro acima aponta uma piora generalizada nas margens da Fábrica de Embalagens entre os períodos de 20X1 e 20X2. Enquanto a margem bruta apresentou uma queda de 4,8% (em termos absolutos), as margens LAJI, LAJIDA e líquida sofreram perdas na ordem de 3,8%, 3,1% e 2,8%, respectivamente. Como pode ser observado na comparação dos elementos da DRE da Fábrica de Embalagens no terceiro quadro, a queda da margem bruta se deve a um aumento no custo dos produtos vendidos superior ao das receitas líquidas nos períodos analisados. 2 3 Enquanto as receitas subiram 9,5%, o CPV apresentou um crescimento de 15,7%. Essa redução da margem bruta afetou todos os lucros registrados nas linhas inferiores da DRE, sendo a principal razão da degradação das demais margens de lucro. Analisando os elementos que determinaram a queda da margem LAJI, é possível observar uma peculiaridade. Além do aumento do CPV, outro componente contribuiu para sua deterioração: o crescimento das despesas administrativas e comerciais em 26,8% (superior aos 9,5% relativo às receitas). 4 5 Esses efeitos foram parcialmente atenuados pelo aumento das outras receitas operacionais em aproximadamente 1.800%. Isso fez com que a queda da margem LAJI – e, por consequência, das demais margens – fosse inferior à da margem bruta em 1% (em termos absolutos). A comparação das quedas das margens LAJIDA e LAJI (3,1% contra 4,8% de redução em termos absolutos) aponta que o aumento da depreciação e da amortização (de 1,7% em relação à receita líquida correspondente à diferença da variação das duas margens) diminuiu o impacto da queda da margem LAJIDA. 6 7 Isso isoladamente deveria ser considerado um atenuante da queda das margens se fosse levado em conta que a depreciação e a amortização não são uma saída efetiva de caixa. Ainda assim, a redução da margem LAJIDA de 18,5% para 16,4% aponta uma piora na lucratividade da empresa. Quanto à análise da evolução histórica das margens, observa-se, na DRE da Fábrica de Embalagens, o aumento de 26,7% nas despesas financeiras líquidas. Esse fator — além dos outros fatores elencados anteriormente — contribuiu para a degradação da margem líquida. 8 Dessa forma, podemos afirmar que a queda da lucratividade da empresa (de R$58.518 em 20X1 para R$24.965 em 20X2, equivalente a -57,3%) se deve ao aumento dos custos e das despesas — CPV (aumento de 15,7%), despesas administrativas, comerciais e financeiras (aproximadamente 27%). Podemos inferir isso pelo fato de as despesas terem sido superiores ao aumento das receitas líquidas (de R$1.307.053 em 20X1 para R$1.430.723 em 20X2, equivalente a 9,5%). Elas só foram atenuadas pelo aumento das outras receitas operacionais, que cresceram aproximadamente 18 vezes no período analisado (1.800%). COMENTÁRIO Em casos do tipo, a fim de buscar informações para inferências futuras, sugere-se averiguar a composição das outras receitas operacionais, verificando se elas foram compostas de receitas recorrentes ou ocasionais. Caso se observe a expectativa da não recorrência das outras receitas operacionais para os exercícios futuros, isso poderá ser considerado um fator agravante na análise. Buscando capturar esse efeito, é usual nesses casos efetuar correções tanto no LAJI e LAJIDA — que passariam a ser chamados de LAJI e LAJIDA ajustados — quanto no cálculo das margens decorrentes. Além das outras receitas operacionais, as próprias receitas de vendas, custos e despesas podem ser afetadas por componentes não recorrentes que deveriam ser estornados para o cálculo dos lucros ajustados. EXEMPLO Supondo que, no caso da Fábrica de Embalagens, 90% das outras receitas operacionais de 20X2 fossem consideradas não recorrentes, poderíamos calcular o LAJI e o LAJIDA ajustados (e as margens correspondentes). QUADRO: CÁLCULO DO LAJI, LAJIDA E MARGENS AJUSTADAS DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X2 Outras receitas operacionais em 20X2 = R$27.975 Outras receitas operacionais não recorrentes em 20X2 = R$27.975 x 90% = R$25.178 LAJI em 20X2 = R$100.808 LAJI ajustado em 20X2 = LAJI em 20X2 – Outras rec. oper. não recorrentes em 20X2 LAJI ajustado em 20X2 = R$100.808 – R$25.178 = R$75.630 Margem LAJI ajustada em 20X2 = 75.630/1.430.723 = 5,3% LAJIDA em 20X2 = 234.602 LAJIDA ajustado em 20X2 = LAJIDA em 20X2 – Outras rec. oper. não recor. em 20X2 LAJIDA ajustado em 20X2 = R$234.602 –R$25.178 = R$209.425 Margem LAJIDA da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 209.425/1.430.723 = 14,6% Comparando as margens LAJI e LAJIDA com suas versões baseadas em lucros ajustados, observamos uma queda de aproximadamente 1,7% em termos absolutos. Isso demonstra que a deterioração da lucratividade da Fábrica de Embalagens teria sido ainda pior se não tivessem ocorridos os ganhos ocasionais registrados em 20X2. O quadro a seguir combina as informações integrantes dos dois quadros anteriores: QUADRO: MARGENS DE LUCRO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS E MÉDIAS SETORIAIS EM 20X1 E 20X2, INCLUINDO AS MARGENS LAJI E LAJIDA AJUSTADAS EM 20X2 Fábrica de Embalagens Média setorial Indicador 20X1 20X2 20X1 20X2 Margem bruta 15,1 10,3 14,7 13,1 Margem LAJI 10,8 7,0 11,7 10,2 Margem LAJI Ajustada - 5,3 - - Margem LAJIDA 19,5 16,4 19,3 18,5 Margem LAJI ajustada - 14,6 - - Margem líquida 4,5 1,7 6,8 5,3 Este quadro fornece um grupo de informações mais completas para uma comparação entre as margens da Fábrica de Embalagem e as médias setoriais. Como podemos observar, não foram calculadas as margens LAJI e LAJI ajustadas referentes ao ano de 20X1 dessa fábrica. Isso ocorreu por se entender que o volume das possíveis receitas operacionais não recorrentes poderia ser desprezado face ao pequeno valor percentual das receitas não recorrentes deste ano. Consideremos ainda que as margens ajustadas setoriais não estariam disponíveis para os anos analisados. Tomando inicialmente os dados de 20X1, podemos verificar que as margens bruta, LAJI e LAJIDA são bastante próximas da média setorial (diferença inferior a 1% para cima ou para baixo). Isso é um indicador de que a Fábrica de Embalagens operou com uma estrutura de custos similar à média de seus concorrentes no exercício. A margem líquida apresentou especificamente neste ano uma diferença de 2,3% a menos que a média do setor, gerando indícios de uma estrutura de capital (nível de endividamento em relação ao capital próprio) mais alavancada, ou seja, mais endividada, que a média do segmento. A análise comparativa (Fábrica de Embalagens X média setorial) das margens de 20X1 para 20X2 aponta a deterioração da lucratividade do setor e a queda ainda mais severa da lucratividadeda empresa. Ao contrário do que foi verificado em 20X1, em 20X2, as margens bruta, LAJI, LAJIDA e líquida da fábrica foram significativamente inferiores em relação à média do segmento (-2,8% no caso da margem bruta; -3,2% na margem LAJI; -2,1% na margem LAJIDA; e -3,6% na margem líquida). Ainda que considerássemos a comparação com as margens ajustadas, essa diferença ainda seria superior (-4,9% em relação à margem LAJI ajustada e -3,9% em comparação com a LAJIDA ajustada). Dessa forma, com base nas análises efetuadas, podemos concluir que a Fábrica de Embalagens registrou substancial piora em sua lucratividade na comparação dos exercícios de 20X1 e 20X2. Essa queda se deve aparentemente – e em parte – a situações que afetaram o segmento de atuação (como aponta a queda das margens médias setoriais) e, em maior grau, a questões especificas da própria empresa. Entre esses fatores, podemos assinalar o aumento do CPV e das despesas administrativas e comerciais em níveis substancialmente superiores ao crescimento das receitas de vendas. GIRO DOS INVESTIMENTOS — TIPOS E ANÁLISE Menos populares que os índices de retorno e margens de lucro, os indicadores de giro dos investimentos complementam a análise da situação econômica das empresas. Eles permitem avaliar a eficiência na geração de receitas a partir dos capitais investidos. São diversos os tipos de giro. Eles sempre têm como numerador a receita líquida e como denominador o montante de investimentos que se pretende comparar. Os principais tipos de giro avaliados pelos analistas são os seguintes: Do patrimônio líquido (giro do PL); Do capital investido (giro do CI); Do ativo permanente (giro do AP); Do ativo total (giro do AT). Eles podem ser calculados respectivamente pelas fórmulas 10, 11, 12 e 13: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Sendo capital investido = Patrimônio líquido + Empréstimos e financiamentos Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Sendo ativo permanente = Imobilizado + Investimentos + Intangível Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Pela análise das formulações dos indicadores de giro, nota-se que o investimento utilizado como numerador nas expressões pode ser um componente do passivo ou do ativo. COMPONENTE DO PASSIVO Ele permite a análise dos montantes aportados pelos financiadores da empresa. COMPONENTE DO ATIVO Este componente permite a comparação com os recursos aplicados na operação da empresa. Giro do PL= (10) Receita líquida Patrimônio líquido Giro do CI= (11) Receita líquida Capital investido Giro do AP= (12) Receita líquida Ativo permanente Giro do AT= (13) Receita líquida Ativo total javascript:void(0) javascript:void(0) Cabe ressaltar que o conceito do capital investido utilizado no numerador do giro do CI abrange todos os recursos onerosos que financiam a empresa: Recursos provenientes dos sócios (patrimônio líquido); Credores (empréstimos e financiamentos contidos no passivo circulante e passivo não circulante). No caso do giro do AP, o denominador da fórmula (ativo permanente) corresponde aos elementos do ativo não circulante, à exceção do grupo do realizável a longo prazo. Veremos agora uma estrutura típica de um BP na qual podemos observar (grifados em negrito e sublinhados) os grupos utilizados como denominadores no cálculo do giro dos investimentos: QUADRO: ESTRUTURA TÍPICA DE UM BP E OS COMPONENTES DOS DENOMINADORES DOS INDICADORES DE GIRO DOS INVESTIMENTOS Ativo Passivo Ativo circulante (AC) Passivo circulante (PC) Disponibilidades Clientes Estoques Adiantamento a fornecedores Impostos a recuperar Outros Empréstimos e financiamentos Fornecedores e contas a pagar Salários Impostos Dividendos Outros Ativo não circulante (ANC) Passivo não circulante Realizável a longo prazo Investimentos Empréstimos e financiamentos Outros Ativo Passivo Imobilizado Intangível Ativo total (AT=AC + ANC) Patrimônio líquido Capital social Reserva de lucros Passivo total (PT=PC + PNC + PL) Para termos um melhor entendimento do cálculo e da análise dos indicadores de giro dos investimentos, aplicaremos as fórmulas 10, 11, 12 e 13 nos dados do BP e da DRE da Fábrica de Embalagens apresentados, respectivamente, nos três primeiros quadros deste tema. Este quadro indica o cálculo dos indicadores de giro dos investimentos da Fábrica de Embalagens nos anos de 20X1 e 20X2: QUADRO: CÁLCULO DOS INDICADORES DE GIRO DOS INVESTIMENTOS DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 E 20X2 Giro do PL = Receita líquida/Patrimônio líquido Giro do PL da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 1.307.053/652.395 = 2,00 Giro do PL da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 1.430.723/890.433 = 1,61 Giro do CI = Receita líquida/Capital investido Giro do CI da Fáb. de Embal. 20X1 = 1.307.053/ (652.395 + 518.685 + 590.178) = 0,74 Giro do CI da Fáb. de Embal. 20X2 = 1.430.723/ (890.433 + 646.375 + 931.193) = 0,58 Giro do AP = Receita líquida/Ativo permanente Giro do AP da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 1.307.053/1.137.925 = 1,15 Giro do AP da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 1.430.723/1.337.945 = 1,07 Giro do AT = Receita líquida/Ativo total Giro do AT da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 1.307.053/1.966.115 = 0,66 Giro do AT da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 1.430.723/2.812.680 = 0,51 Observemos que, no cálculo do giro do CI, considerou-se que todo o passivo não circulante da Fábrica de Embalagens seria composto por empréstimos e financiamentos nos dois anos analisados. De forma análoga ao que foi aplicado nas margens de lucro, a análise do giro dos investimentos pode ser realizada de duas formas: FORMA 01 javascript:void(0) Uma delas se dá pela análise da evolução temporal dos indicadores de giro... FORMA 02 ... A outra, pela comparação entre o giro da companhia e os indicadores de empresas similares que atuam no mesmo segmento econômico. O próximo quadro apresenta um resumo dos resultados indicadores de giro da Fábrica de Embalagens (conforme cálculos efetuados no quadro anterior), acrescentando-lhe as médias hipotéticas do giro de empresas concorrentes: QUADRO: INDICADORES DE GIRO DOS INVESTIMENTOS DA FÁBRICA DE EMBALAGENS E MÉDIAS SETORIAIS EM 20X1 E 20X2 Fábrica de Embalagens Média setorial Indicador 20X1 20X2 20X1 20X2 Girodo PL 2,00 1,61 1,58 1,63 Girodo CI 0,74 0,58 0,67 0,76 Girodo AP 1,15 1,07 1,02 1,06 Girodo AT 0,66 0,51 0,60 0,67 A análise dos indicadores de giro deste quadro indica uma piora na capacidade da Fábrica de Embalagens gerar receitas a partir dos recursos investidos entre os períodos de 20X1 e 20X2. Em termos relativos, os indicadores de giro do PL, CI e AT apresentaram quedas próximas a 20% (-19,8% no caso do giro do PL; -21,9% no giro do CI; e -23,5% no giro do AT), enquanto o giro do AP teve uma queda não tão significativa: 7%. Essa redução de eficiência pode ser explicada pelo aumento dos recursos tomados (como é possível visualizar no passivo) e investidos (basta ver o ativo) em taxas superiores ao que se verificou no crescimento das receitas. Além disso, outra análise que pode ser feita é a seguinte: as receitas líquidas da Fábrica de Embalagens cresceram 9,5% de 20X1 para 20X2; o patrimônio líquido, 36,5%; os empréstimos e financiamentos (de curto e longo prazo), 42,4%; o ativo permanente (imobilizado), 17,8%; e o ativo total, 43,1%. A decomposição dos fatores dos indicadores de giro nos permite inferir que a empresa captou recursos com sócios e terceiros. Ela os investiu tanto em ativos imobilizados – buscando provavelmente ampliar sua capacidade produtiva – quanto em componentes do ativo circulante (como pode ser verificado pelo crescimento do disponível, dos clientes e dos estoques). javascript:void(0) No entanto, até o momento dessa análise (20X2), a Fábrica de Embalagens ainda não experimentou a contrapartidano crescimento de suas vendas. Observando as colunas referentes às médias setoriais, é possível constatar que os indicadores de giro médios das empresas concorrentes apresentaram um comportamento distinto. Eles apontam um crescimento médio de 8% em termos relativos (3,5% no giro do PL, 13,4% no giro do CI, 3,9% no giro do AP e 13,1% no giro do AT). Outro ponto que merece ser observado é que, em 20X1, todos os indicadores de giro da Fábrica de Embalagens eram superiores às médias setoriais. Por outro lado, em 20X2, os giros do PL e AP da empresa e do setor apresentaram valores coincidentes (muito próximos). Já os giros do CI e AT setoriais foram significativamente superiores aos da Fábrica de Embalagens. Essa piora relativa nos indicadores da empresa em relação à média dos seus concorrentes corrobora a perda de eficiência antes anunciada. Isso nos permite inferir que, na média, seus competidores investiram proporcionalmente menos ou tiveram mais êxito comercial (vendas) em suas operações. INDICADORES PARA ANÁLISE DAS MARGENS DE LUCRO E GIRO DOS INVESTIMENTOS DE EMPRESAS Descrevemos neste vídeo os diversos tipos de índices de margem e de giro. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Listar os indicadores utilizados para a análise da rentabilidade e do lucro econômico, bem como sua aplicação e interpretação ANÁLISE DOS ÍNDICES DE RETORNO E DO LUCRO ECONÔMICO Neste módulo, realizaremos, de forma mais aprofundada, a análise dos índices de retorno, complementando a discussão apresentada no módulo 1. Em seguida, descreveremos os indicadores adicionais ao ROE e sua decomposição a partir das margens e dos giros apresentados no módulo anterior. Por fim, apresentaremos e discutiremos o cálculo e a utilização do lucro econômico, métrica que revela quanto (em R$) o lucro gerado em determinado período superou os encargos de capital dos recursos investidos na empresa. ÍNDICES DE RETORNO — TIPOS E ANÁLISE Conforme explicamos anteriormente, os índices de retorno comparam o lucro gerado em determinado período com os recursos investidos na companhia. Eles constituem a métrica mais relevante para a análise da situação econômica das empresas. De maneira semelhante ao que foi verificado nas margens e nos giros, o retorno sobre os investimentos pode ser avaliado sob óticas distintas. Três tipos de indicadores são mais utilizados pelos analistas: ROE ROA ROIC ROE Return on equity em inglês ou retorno sobre o patrimônio líquido. ROA Return on asset ou retorno sobre ativos em português. ROIC Return on capital investment ou retorno sobre o capital investido em português. O cálculo desses indicadores pode ser efetuado com as fórmulas 14, 15 e 16: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal ROE = (14) Lucro líquido Patrimônio líquido ROA= (15)LAJI Ativo total ROIC= (16) LAJI x (1 – Alíquota de IR & CS) Capital investido Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: CAPITAL INVESTIDO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO + EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como podemos verificar na fórmula 14, o ROE compara o lucro líquido (lucro destinado aos sócios da empresa) com o patrimônio líquido (montante de recursos investidos pelos sócios). COMENTÁRIO Como padrão, utilizaremos neste material tanto o lucro como o patrimônio líquido referentes ao mesmo período. Porém, na literatura especializada, são propostas alternativas em relação ao período de apuração do denominador da equação. Alguns autores sugerem, por exemplo, o uso de médias trimestrais do patrimônio líquido, buscando, com isso, capturar variações no investimento dos sócios no decorrer de um exercício. A desvantagem dessa abordagem está justamente em sua eventual carência de informações, dificultando o cálculo das médias. De forma geral, no âmbito da análise de demonstrativos financeiros, mais importante que a adoção da “melhor” abordagem é a padronização, buscando, dessa forma, uma comparabilidade. Em termos práticos, o fundamental é que a mesma forma de cálculo deve ser utilizada no decorrer de períodos e empresas distintas. Na fórmula 15, é possível observar que o ROA consiste na razão entre o LAJI e o ativo total. O ROA pode ser entendido como uma medida da eficiência operacional da empresa. Podemos levar em conta que o LAJI não sofre impacto da estrutura de capital da empresa (forma que ela é financiada) por não contemplar as despesas financeiras pertinentes ao período analisado. Conforme verificaremos mais adiante, a comparação entre o ROA e o ROE da própria empresa pode denotar distinções na alavancagem financeira (nível de endividamento) dos negócios analisados. Isso ocorre independentemente do ROE registrado em períodos distintos ou de ser uma empresa com companhias atuantes no mesmo segmento. Alíquota de IR & CS= Despesas com imposto de renda e contribuição social Lucro antes dos impostos A fórmula 16 contém o ROIC, cujo numerador (LAJI x (1 – Alíq. IR & CS)) é chamado, em diversos textos acadêmicos, de NOPAT, sigla da expressão em inglês net operate profit after taxes. Ela poderia ser traduzida como “lucro operacional após impostos”. O NOPAT consiste em uma medida de lucro hipotética. Ele busca apurar o que foi gerado pela operação da empresa deduzido dos impostos que a companhia pagaria sem contemplar os benefícios tributários (redução de impostos) referentes às despesas financeiras. Considerando que o NOPAT não contempla o abatimento das despesas financeiras, podemos entendê-lo como um lucro que incorpora a remuneração tanto dos sócios quanto do capital de terceiros, ainda que sua divisão pelo capital investido (patrimônio líquido mais empréstimos e financiamentos) indique a rentabilidade de todos os recursos onerosos que financiam a empresa. Para haver um melhor entendimento do cálculo e da análise dos índices de retorno, aplicaremos as fórmulas 14, 15 e 16 nos dados apresentados do BP e da DRE da Fábrica de Embalagens. Observemos respectivamente os três primeiros quadros. Notemos agora que o quadro a seguir apresenta o cálculo dos índices de retorno da Fábrica de Embalagens nos anos de 20X1 e 20X2: QUADRO: CÁLCULO DOS ÍNDICES DE RETORNO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 E 20X2 ROE = Lucro líquido/Patrimônio líquido ROE da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 58.518/652.395 = 9,0% ROE da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 24.965/890.433 = 2,8% ROA = LAJI/Ativo total ROA da Fábrica de Embalagens em 20X1 = 140.515/1.966.115 = 7,1% ROA da Fábrica de Embalagens em 20X2 = 100.808/2.812.680= 3,6% ROIC = LAJI x (1 – Alíquota de IR & CS) /Capital investido ROIC = NOPAT/Capital investido ROIC Fábrica Emb. 20X1 = (140.515 x (1–0,34)) / (652.395 + 518.685 + 590.178) = 5,2% ROIC Fábrica Emb. 20X2 = (100.808 x (1 – 0,30)) / (890.433 + 646.375 + 931.193) = 2,9% Os indicadores apresentados apontam uma queda generalizada e substancial da rentabilidade da Fábrica de Embalagens entres os anos 20X1 e 20X2. Além dessa forma de análise, também é possível, da mesma maneira que a feita com as margens e os giros, comparar os índices de retornos com os de empresas similares atuantes no mesmo segmento econômico. Há ainda uma terceira forma de análise. Restrita ao ROE e ao ROIC, ela consiste na comparação dos índices com os custos de capitais correspondentes. No caso do ROE, essa comparação deve ser efetuada com o custo do capital próprio, ou, em inglês, cost of equity (Ke). No caso do ROIC, ela o será com o custo médio ponderado de capital (CMPC), ou, em inglês, weighted average cost of capital (WACC). Para o cálculo Ke, comumente é empregado no mercado o capital asset pricing model (CAPM). VOCÊ SABIA Criado na década de 1960, este modelo associa o retorno exigidopelos sócios das empresas ao nível corrente das taxas básicas de juros na economia e ao prêmio pelo risco do investimento em renda variável (prêmio pelo risco de mercado). Esse prêmio é ponderado pelo índice beta das ações da empresa avaliada. A fórmula 17 se refere à equação do CAPM: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: Kei – custo do capital próprio relativo à empresa i; rf – taxa do ativo livro de risco; Betai – índice do beta das ações da empresa i; [E(rm) – rf] – prêmio pelo risco de mercado. O WACC consiste em uma média ponderada dos custos dos capitais próprio (Ke) e de terceiros (Kd). Ele leva em conta o peso desses recursos na estrutura de capital da empresa. A fórmula 18 se refere à equação do WACC: Kei = rf + Betai x [E(rm) – rf] (17) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Em que: WACCi – custo médio ponderado de capital relativo à empresa i; E – valor da participação acionária; D – valor das dívidas (empréstimos e financiamentos); Kei – custo do capital próprio relativa à empresa i; Kdi – custo das dívidas relativo à empresa i; Alíq. IR & CS – alíquota de imposto de renda e contribuição social. Considerando o enfoque e os objetivos deste tema, não serão discutidos nem detalhados os aspectos teóricos relativos aos modelos apresentados para o cálculo do Ke e do WACC. Tampouco serão demonstrados seus cálculos. SAIBA MAIS Para um melhor entendimento desse assunto, sugerimos a pesquisa de livros e textos relativos ao tópico de finanças corporativas. Buscando analisar o ROE e o ROIC da Fábrica de Embalagens nos anos de 20X1 e 20X2, vamos supor um Ke de 9% e um WACC de 5% em termos reais para os dois períodos analisados. O quadro a seguir compila os índices de retorno da Fábrica de Embalagens, os de retorno médios setoriais dos anos e os custos de capitais correspondentes para os anos de 20X1 e 20X2: QUADRO: ÍNDICES DE RETORNO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS, MÉDIAS SETORIAIS E CUSTOS DE CAPITAIS CORRESPONDENTES EM 20X1 E 20X2 Fábrica de Embalagens Média setorial Custo de capital Indicador 20X1 20X2 20X1 20X2 20X1 e 20X2 ROE 9,0% 2,8% 10,7% 8,6% 8,0% ROA 7,1% 3,6% 7,0% 6,8% - ROIC 5,2% 2,9% 5,17% 5,12% 5,0% WACCi = [(E/(D + E)) x Kei]x [(D/(D + E)) x Kdi x (1 – Alíq. IR & CS)] (18) Fábrica de Embalagens Média setorial Custo de capital Notamos que, em 20X1, tanto o ROE quanto o ROIC da Fábrica de Embalagens apresentavam patamares satisfatórios, sendo levemente superiores ao custo do capital correspondente. Além disso, ambos estavam relativamente próximos às médias setoriais. No ano de 20X2, de forma diversa à do período anterior, o desempenho da empresa demonstrou ser insuficiente em relação a todos os benchmarks (parâmetros de comparação): ROE inferior ao Ke e à média setorial; ROIC inferior ao WACC e à média setorial; e ROA inferior à média setorial. Por fim, cabe observar que as médias setoriais do ROE e do ROIC permaneceram superiores aos custos de capital correspondentes. Isso reforçou o entendimento de que o desempenho da empresa vinha ocorrendo em níveis inferiores ao da média de seus concorrentes. DECOMPOSIÇÃO DOS ÍNDICES DE RETORNO Demonstramos no módulo 1 que é possível decompor o ROE nos indicadores de margem líquida e no giro do patrimônio líquido. Isso gera um maior entendimento acerca dos fatores que influenciam a variação na rentabilidade de uma empresa de um período a outro. Demonstramos no módulo 1 que é possível decompor o ROE nos indicadores de margem líquida e no giro do patrimônio líquido. Isso gera um maior entendimento acerca dos fatores que influenciam a variação na rentabilidade de uma empresa de um período a outro. De forma similar, o mesmo tipo de decomposição pode ser efetuado com os demais índices de retorno, o que pode ser verificado nas fórmulas 18, 19 e 20: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Conforme aponta a fórmula 20, a razão entre o NOPAT e a receita líquida é denominada margem NOPAT. ROE = × = Lucro líquido Receita líquida Receita líquida Patrim. líquido Lucro líquido Patrim. líquido ROE = Margem líquida x Giro do patrimônio líquido (18) ROA = × =LAJI Receita líquida Receita líquida Ativo total LAJI Ativo total ROA = Margem LAJI x Giro do ativo total (19) ROIC = × =NOPAT Receita líquida Receita líquida Capital investido NOPAT Capital investido ROIC = Margem NOPAT x Giro do capital investido (20) O quadro a seguir apresenta os índices de retorno, as margens de lucro e o giro dos investimentos da Fábrica de Embalagens nos anos de 20X1 e 20X1: QUADRO: ANÁLISE COMPARATIVA DOS INDICADORES DA SITUAÇÃO ECONÔMICA DA FÁBRICA DE EMBALAGENS DOS EXERCÍCIOS DE 20X1 E 20X2 Indicador 20X0 20X1 Variação relativa ROE 9,0% 2,8% -68,7% Margem líquida 4,5% 1,7% -61,0% Girodo PL 2,00 1,61 -19,8% Indicador 20X0 20X1 Variação relativa ROA 7,1% 3,6% -49,9% Margem LAJI 10,8% 7,0% -34,5% Girodo AT 0,66 0,51 -23,5% Indicador 20X0 20X1 Variação relativa ROIC 5,2% 2,9% -45,4% Margem NOPAT 7,1% 4,9% -30,1% Girodo CI 0,74 0,54 -21,9% A análise deste quadro resume as informações dos indicadores da situação econômica da Fábrica de Embalagens. Além disso, ele nos permite entender o efeito combinado da queda das margens de lucro e do giro dos investimentos, gerando um efeito amplificado nos índices de retorno. Como pode ser observado na última coluna do quadro acima, o efeito da redução das margens de lucro foi, nos três indicadores de retorno analisados, mais impactante que a queda dos indicadores de giro. O LUCRO ECONÔMICO Conforme foi apontado ao longo do texto, os índices de retorno consistem em uma categoria de indicadores mais relevante que as margens de lucro e o giro dos investimentos. Certamente, isso se dá por eles serem justamente uma composição dos outros dois tipos (retorno = margem x giro). Outra razão para isso é que esses índices configuram uma métrica aplicável na verificação do atingimento dos objetivos econômicos das corporações, ou seja, nos permitem analisar se os recursos investidos estão rendendo adequadamente. Outra vantagem dos índices de retorno é que eles possuem benchmarks (referências para comparação) menos subjetivos. Este é o caso dos custos de capital. Como foi verificado nas seções anteriores, é possível afirmar se o ROE e o ROIC gerados pela empresa em determinado período são adequados; para isso, basta verificar se eles superaram respectivamente o Ke e o WACC. Na análise de margens e indicadores de giro, não contamos com dispositivos similares, nos restando avaliar a eficiência da empresa pela comparação com o próprio histórico ou com o desempenho de companhias atuantes no mesmo setor econômico. A despeito das vantagens apontadas para os indicadores de retorno, uma crítica comum é que eles constituem uma métrica relativa (traduzida em termos percentuais). Por isso, eles desconsideram a dimensão do montante de recursos investidos na apresentação dos resultados. EXEMPLO Imaginemos duas organizações atuantes no mesmo segmento. As empresas A e B apresentaram respectivamente um lucro líquido de R$150 e R$1.200 em determinado exercício (20X1). Suponhamos ainda que, no mesmo período, os patrimônios líquidos de A e B fossem respectivamente de R$1.000 e R$10.000. Tendo como base essas informações, qual empresa teria apresentado o melhor desempenho? Um sumário das informações fornecidas e o cálculo do ROE das empresas A e B podem contribuir em nossa análise: QUADRO: INFORMAÇÕES FINANCEIRAS DAS EMPRESAS A E B EM 20X1QUADRO: INFORMAÇÕES FINANCEIRAS DAS EMPRESAS A E B EM 20X1 Dados financeiros Empresa A Empresa B Lucro líquido $150 $1.200 Patrimônio líquido $1.000 $10.000 ROE 15% 12% A análise das informações deste quadrodemonstra a possível dificuldade gerada pela falta de dimensionalidade do ROE no que se refere ao volume de recursos investidos na empresa. No caso em questão, supondo que o Ke de ambas fosse de 13%, seria possível afirmar que o desempenho de A teria sido satisfatório (por superar o Ke)... ... Enquanto o de B teria sido insuficiente (por ser inferior ao Ke). Dessa forma, poderíamos dizer que A teve um desempenho superior a B. Por outro lado, se supuséssemos um Ke de 10% para as duas empresas, tanto A quanto B teriam apresentado resultados aceitáveis. Considerando que a rentabilidade auferida por ambas teria sido superior ao Ke, apontar qual delas teria tido o melhor desempenho não seria uma tarefa tão trivial. Em termos relativos, A gerou um retorno (ROE) 5% superior a seu benchmark (Ke), enquanto B teve um excedente de apenas 2%. No entanto, em termos absolutos (em R$), B apresentou um ganho sete vezes superior a A. 1 Muitos analistas passaram a adotar nos dias de hoje o lucro econômico como um indicador para a análise do desempenho econômico das empresas a fim de dirimir casos como o ilustrado no exemplo do quadro acima e outras situações em que se deseja considerar a dimensão dos investimentos efetuados nos negócios. O lucro econômico consiste no quanto uma empresa gerou de lucro em determinado período acima dos encargos com a estrutura de capital. Ele mensura em moeda ($) o excedente de lucro em relação ao que deveria ser considerado minimamente aceitável pelos investidores da empresa, levando em conta o capital por eles investido. 2 3 Trata-se de um conceito relativamente antigo. Alguns estudiosos acreditam que Hicks o criou na década de 1940. Outros o atribuem a Marshal por conta de um trabalho que, elaborado na década de 1980, só passou a fazer parte do conjunto de métricas utilizadas por analistas e empresas no final da década seguinte. O lucro econômico é o conceito que está por trás do valor econômico adicionado, ou, em inglês, economic value added (EVA). Ele constitui métrica e modelo de gestão registrado pela empresa de consultoria Stern Stewart, que propõe seu uso tanto como base para aferição de resultados em empresas e unidades de negócio dela quanto como parâmetro para remuneração variável. 4 COMENTÁRIO Pretendemos nos ater neste tema ao cálculo e à utilização do lucro econômico no contexto da análise de demonstrativos financeiros. Ou seja, não vamos explorar a possibilidade de seu uso em modelos de gestão ou outras aplicações. O lucro econômico pode ser calculado de formas distintas que variam em função do uso de índices de retorno ou do lucro gerado no período. Neste módulo, discutiremos quatro abordagens para o cálculo do lucro econômico. Elas serão apresentadas nas fórmulas 21, 22, 23 e 24: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Lucro econômico = Lucro líquido – Encargos do capital próprio Lucro econômico = Lucro líquido – (Patrimônio líquido x Ke) (21) Lucro econômico = (ROE – Ke) x Patrimônio líquido (22) Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Como atesta a fórmula 21, o lucro econômico pode ser calculado a partir do lucro e da exigência do lucro minimamente aceitável para os recursos investidos pelos sócios (chamado de encargos do capital próprio). Prestemos atenção ao conjunto de equações apresentados na sequência deste texto; afinal, a fórmula 22 pode ser deduzida pela manipulação dos termos da 21: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Apesar de as duas equações (21 e 22) gerarem valores idênticos, há uma vantagem na fórmula 22. Ela nos permite analisar quanto do lucro econômico é proveniente da diferença do retorno (ROE) e do custo de capital (Ke) e quanto provém do capital investido (patrimônio líquido). Lucro econômico = NOPAT – Encargos do capital investido Lucro econômico = NOPAT – (Capital investido x WACC) (23) Lucro econômico = (ROIC – WACC) x Capital investido (24) Sendo: NOPAT = LAJI x (1 – Alíquota de IR & CS) Capital investido = Patrimônio líquido + Empréstimos e financiamentos Lucro econômico = Lucro líquido – (Patrimônio líquido x Ke) (21) Lucro econômico = x Patr. líquido – (Patrimônio líquido x Ke) Lucro líquido Patr. líquido Lucro econômico = ROE x Patr. líquido – (Ke x Patr. líquido) Lucro econômio = (ROE – Ke) x Patrimônio líquido (22) As fórmulas 23 e 24 são respectivamente análogas às anteriores (21 e 22). Elas nos permitem efetuar análises do lucro econômico pela perspectiva de todos os capitais investidos na empresa, incluindo os sócios (patrimônio líquido) e a dívida onerosa (empréstimos e financiamentos). Na fórmula 23, o lucro econômico é calculado a partir do NOPAT e da exigência de lucro minimamente aceitável para os recursos investidos pelos sócios e credores da empresa (chamado de encargos do capital investido). Semelhante ao caso anterior, a fórmula 24 pode ser deduzida pela manipulação dos termos da 23 conforme demonstra este conjunto de equações: Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal Na aplicação das formulações apresentadas, as fórmulas 21 e 22 garantem a determinação do mesmo valor. O mesmo ocorre com as fórmulas 23 e 24. No entanto, não é garantido que, em casos práticos, as abordagens do lucro econômico calculadas tanto pela ótica dos sócios quanto pela do capital investido (sócios e credores) gerem valores idênticos. Tais diferenças podem advir prioritariamente de especificidades referentes ao cálculo do WACC e das despesas financeiras consideradas na apuração do lucro líquido. Apesar disso, espera-se que os valores gerados pelas duas abordagens sejam relativamente próximos. Buscando gerar um entendimento do cálculo e do uso do lucro econômico, aplicaremos as formulações apresentadas em 21, 22, 23 e 24 nos resultados da Fábrica de Embalagens (descritos nos três primeiros quadros deste tema). Lucro econômico = NOPAT – (Capital investido x WACC) (23) Lucro econômico = x Cap. invest. – (WACC x Cap. investido)NOPAT Cap. invest. Lucro econômico = ROIC x Cap. invest. – (WACC X Cap. investido) Lucro econômico = (ROIC – WACC) x Capital investido (24) Este quadro contém o cálculo das quatro abordagens do lucro econômico nos resultados dos anos 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens:Este quadro contém o cálculo das quatro abordagens do lucro econômico nos resultados dos anos 20X1 e 20X2 da Fábrica de Embalagens: QUADRO: CÁLCULO DO LUCRO ECONÔMICO DA FÁBRICA DE EMBALAGENS EM 20X1 E 20X2 Lucro econômico = Lucro líquido – (Patrimônio líquido x Ke) Lucro econômico Fáb. Emb. 20X1= 58.518 – (652.395 x 8,0%) = R$6.326 Lucro econômico Fáb. Emb. 20X2= 24.965 – (890.433 x 5,0%) = –R$46.270 Lucro econômico = (ROE – Ke) x Patrimônio líquido Lucro econômico Fáb. Emb. 20X1= (9,0% – 8,0%) x 652.395 = R$6.326 Lucro econômico Fáb. Emb. 20X2= (2,8% – 8,0%) x 890.433 = –R$46.270 Lucro econômico = NOPAT – (Capital investido x WACC) Lucro econômico Fáb. Emb. 20X1= 92.267 – (1.761.258 x 5%) = R$4.204 Lucro econômico Fáb. Emb. 20X2= 70.569 – (2.469.000 x 5%) = –R$52.881 Lucro econômico = (ROIC – WACC) x Capital investido Lucro econômico Fáb. Emb. 20X1= (5,2% – 5,0%) X 1.761.258 = R$4.204 Lucro econômico Fáb. Emb. 20X2= (2,9% – 5,0%) X 2.469.000 = –R$52.881 Os valores calculados pelas fórmulas 21 e 22 (abordagem do capital próprio) são idênticos e relativamente próximos ao valor calculado pelas fórmulas 23 e 24 (abordagem do capital investido). FÓRMULA 23 Lucro econômico = NOPAT – (Capital investido x WACC) (23) Lucro econômico = x Cap. invest. – (WACC x Cap. investido)NOPATCap. invest. javascript:void(0) javascript:void(0) FÓRMULA 24 1 Nas duas abordagens, podemos observar que o lucro econômico em 20X1 foi positivo, demonstrando que a Fábrica de Embalagens teve um desempenho satisfatório. Isso gerou um excedente de lucro para os sócios de R$4.204 ou R$6.326. Neste ponto, cabe observar que, independentemente da abordagem utilizada (capital próprio ou capital investido), o lucro econômico “pertence” aos sócios da empresa. 2 3 A remuneração dos credores foi incluída (nas despesas financeiras) no cálculo do lucro líquido (na abordagem do capital próprio) e no Kd no cálculo do WACC (na abordagem do capital investido). Dessa forma, não há excedente a ser considerado para as dívidas além das despesas financeiras. De forma diversa à ocorrida em 20X1, em 20X2, os dois cálculos referentes ao lucro econômico apontam uma forte queda: –R$46.270 (abordagem do capital próprio) e –R$52.881 (abordagem do capital investido). 4 5 Tais valores denotam a “destruição de valor” ocorrida no segundo ano analisado e o desapontamento em relação aos objetivos corporativos. Lucro econômico = ROIC x Cap. invest. – (WACC X Cap. investido) Lucro econômico = (ROIC – WACC) x Capital investido (24) Por fim, observamos que a “virada” (de levemente positivo para fortemente negativo) do lucro econômico pode ser explicada pelo fato de os indicadores de retorno (ROE e ROIC) terem caído para patamares inferiores ao do custo do capital correspondente (Ke e WACC, respectivamente). De forma simultânea – e agravando a situação –, a empresa tem experimentado um aumento do capital investido por sócios e credores. 6 INDICADORES DA RENTABILIDADE E LUCRO ECONÔMICO Um especialista apresenta os diversos tipos de índices de retorno, estabelecendo uma comparação com o custo de capital e explicando o que o lucro econômico agrega ao índice de retorno. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer deste tema, discorremos sobre as formulações dos principais indicadores habitualmente utilizados na análise da rentabilidade e da situação econômica das empresas. Inicialmente, abordamos o cálculo dos diversos tipos de margem de lucro e giro dos investimentos. Além disso, listamos as maneiras de analisá-los, seja por comparação histórica ou mediante o emprego de indicadores de outras organizações atuantes no mesmo segmento. Em seguida, apresentamos de forma detalhada as equações dos índices de retorno, o processo de decomposição dos índices (produto da margem e giro) e a forma com que eles podem ser analisados (incluindo a comparação com o custo de capital). Por fim, demonstramos as diferentes abordagens de cálculo, discutindo ainda o uso do lucro econômico como um complemento à análise dos retornos. Nesse processo, também trouxemos para o debate a dimensão do volume de investimentos e geramos um indicador mensurado em moeda corrente ($). Estabelecemos exemplos para todos os tipos de indicadores, utilizando dados financeiros de dois exercícios (20X1 e 20X2) de uma companhia hipotética: a Fábrica de Embalagens. Essa aplicação demonstra a grande serventia da metodologia e seu potencial como suporte para as análises da rentabilidade da situação econômica de empresas que são efetuadas no mercado. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços — um enfoque econômico-financeiro. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BAZZI, S. Análise das demonstrações. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2019. CHEROBIM, A. P. M. S.; LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M. Fundamentos de finanças empresariais: técnicas e práticas essenciais. Rio de Janeiro: LTC, 2018. IUDÍCIBUS, S. de. Análise de balanços. 11. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2017. PEREZ JÚNIOR, J. H. Elaboração e análise das demonstrações financeiras. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. RIBEIRO, O. M. Demonstrações financeiras: mudanças na lei das sociedades por ações: como era e como ficou. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanços fácil. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. SILVA, A. A. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. EXPLORE+ Assista ao vídeo Economic Value Added (EVA) no YouTube. Ele foi elaborado pelo Corporate Finance Institute para aprofundar seus conhecimentos sobre lucro econômico e EVA. Leia este artigo para aprender um pouco mais sobre o custo de capital de empresas: MENEZES, T. T. E. A. Estimativa do custo de capital de empresas brasileiras de capital fechado (sem comparáveis de capital aberto). In: Revista de Administração. v. 37. São Paulo. 2002. CONTEUDISTA Luiz Ozorio CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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